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Departamento de Engenharia Mecânica
Climatização e Energias Renováveis Relatório de estágio apresentado para a obtenção do grau de Mestre em
Equipamentos e Sistemas Mecânicos
Autor
Bruno da Cruz Almeida
Orientadores:
João Carlos Antunes Ferreira Mendes Professor Adjunto, ISEC
Pedro António Quinta Ferreira Miraldo Professor Adjunto, ISEC
Orientador na empresa:
Nuno Miguel Augusto Tomás Eng. Electromecânico, Sócio Gerente, Enernatura, Lda
Coimbra, Dezembro, 2011
Agradecimentos
Bruno Almeida I
Agradecimentos
Ao longo de todo o período de estágio, recebi vários apoios que me auxiliaram
nomeadamente nas actividades realizadas, e na elaboração do presente relatório. Por este
motivo, desejo expressar os agradecimentos a todas as pessoas e instituições que
possibilitaram a realização de todas as tarefas que me foram propostas, a integração no
mercado de trabalho, e que contribuíram de forma directa ou indirecta para o meu
crescimento como profissional da área.
Apesar de me sentir muito grato com toda a ajuda recebida, pretendo prestar um
agradecimento especial às seguintes individualidades e entidades:
à empresa Enernatura, pela oportunidade de realização de um estágio que possibilitou
a minha integração no mercado de trabalho. Em particular ao meu orientador na
empresa, o Eng.º Nuno Miguel Augusto Tomás pelo apoio e orientação ao longo do
estágio, e aos colaboradores da empresa que também proporcionaram condições para
o desempenho das tarefas;
aos professores do mestrado e orientadores, João Carlos Antunes Ferreira Mendes e
Pedro António Quinta Ferreira Miraldo, por todo o apoio prestado na elaboração do
presente relatório, por toda a disponibilidade, atenção e apoio durante todo o período
do estágio curricular;
ao Eng.º Francisco Barros, colaborador da empresa, que apesar de não possuir
qualquer papel de orientação, contribuiu de forma significativa para a minha
integração nas actividades propostas e no mercado de trabalho. Por toda a
colaboração, pela forma critica como foram abordadas todas as actividades, e pelo
apoio constante em todos os sentidos no período de estágio;
Por fim, aos meus familiares e amigos por todo o apoio e dedicação ao longo de toda
esta etapa.
Resumo
Bruno Almeida II
Resumo
O presente relatório pretende descrever as actividades realizadas durante o período de estágio
curricular no âmbito do Mestrado em Equipamentos e Sistemas Mecânicos, no seio da
empresa Enernatura, Lda. Pretende-se demonstrar, desta forma, que o conjunto de
experiências e actividades desenvolvidas contribuíram para a aquisição de conhecimentos e
crescimento profissional do autor, dentro das áreas de Aquecimento, Ventilação e Ar
Condicionado (AVAC), de Certificação Energética e de Sistemas Solares Térmicos.
Após o capítulo 1, de introdução, surgem os capítulos 2 e 3 "Certificação Energética" e
"Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado", onde são apresentadas breves noções
relativamente às áreas abrangidas pelas tarefas concretizadas.
O capítulo 4, "Actividades Realizadas", descreve o conjunto de todas as actividades
realizadas. Também aí se discutem as considerações de projecto, as condições de cálculo e a
selecção/especificação de equipamentos relativas a um projecto de AVAC realizado.
No sentido de apurar conclusões sobre o conjunto de experiências obtidas surge o capítulo 5
de conclusões.
Palavras-chave: Certificação Energética; Energia Solar Térmica;
AVAC; Orçamentação.
Abstract
Bruno Almeida III
Abstract
The present report aims to describe the performed activities during the curricular internship
period in the scope of the Master in Mechanical Equipment and Systems at Enernatura, Lda
Company. It is intended to demonstrate that the whole experiences and developed activities
contributed to acquire knowledge and professional growth of the intern within the areas of
Heating, Ventilation and Air Conditioning (HVAC), Energetic Certification and Solar
Thermal Systems. After the first introductorily chapter, came the chapters two and three of
“Energetic Certification” and “Heating, Ventilation and Air Conditioning”, where are
presented brief notions relatively to the areas addressed by the tasks performed.
The chapter four, “Performed Activities”, describes all the performed activities. Still there, are
discussed the project considerations, calculus conditions and the specification/selection of
equipment relative to a HVAC project performed.
In the sense of gathering conclusions about the whole experiences obtained, comes the fifth
chapter of conclusions.
Keywords: Energetic Certification, Solar Thermal Energy,
HVAC, Budgeting.
Índice
Bruno Almeida IV
ÍNDICE
Índice ........................................................................................................................................ iv
Índice de Figuras ...................................................................................................................... v
Índice de Tabelas ..................................................................................................................... vi
Simbologia e Abreviaturas ..................................................................................................... vii
Capítulo 1. Introdução ......................................................................................................... 1
1.1. Âmbito .................................................................................................................................................. 1
1.2. Apresentação da empresa ..................................................................................................................... 1
1.3. Objectivos............................................................................................................................................. 3
Capítulo 2. Certificação Energética .................................................................................... 5
2.1. Introdução............................................................................................................................................. 5
2.2. Categorias dos Edifícios e Regulamentos Aplicáveis........................................................................... 6
2.3. Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios ...................................... 8
Capítulo 3. Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado .............................................. 10
3.1. Introdução........................................................................................................................................... 10
3.2. Tipos de sistemas ............................................................................................................................... 10
3.2.1. Classificação dos sistemas ........................................................................................................ 11
3.2.2. Equipamentos terminais ............................................................................................................ 18
Capítulo 4. Actividades realizadas .................................................................................... 23
4.1. Introdução........................................................................................................................................... 23
4.2. Orçamentação ..................................................................................................................................... 25
4.3. Análise Técnico-Económica entre sistemas de Climatização ............................................................. 28
4.3.1. Estudo comparativo entre caldeiras .......................................................................................... 29
4.4. Levantamentos de informação em edifícios residenciais ................................................................... 41
4.4.1. Orientação do edifício ............................................................................................................... 42
4.4.2. Levantamento Dimensional ...................................................................................................... 42
4.4.3. Sistemas de AQS e Climatização .............................................................................................. 43
4.5. Projecto de AVAC.............................................................................................................................. 45
4.5.1. Projecto para Lar Residencial ................................................................................................... 45
4.6. Concepção e Dimensionamento de Sistemas Solares Térmicos ......................................................... 76
4.6.1. Sistema de águas quentes sanitárias para Lar Residencial ........................................................ 76
Capítulo 5. Conclusões ....................................................................................................... 85
Capítulo 6. Referências bibliográficas .............................................................................. 88
Índice de Figuras
Bruno Almeida V
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 3.1: Diagrama esquemático de uma instalação VAC. HAP4.51/Carrier .................................................... 13
Figura 3.2: Diagrama esquemático de uma instalação de VAC. HAP4.51/Carrier ............................................... 15
Figura 3.3: Conjunto de unidade interior e exterior de Ar Condicionado. Daikin Emura ..................................... 17
Figura 3.4: Diagrama esquemático de sistema VRC. Daikin ................................................................................ 18
Figura 3.5: Emissores em chapa de aço (à esquerda) e de alumínio ( direita). BaxiRoca ..................................... 18
Figura 3.6: Ventiloconvectores. Modelo de chão à esquerda e modelo de tecto à direita. Daikin ........................ 19
Figura 3.7: Diagrama esquemático de instalação de um ventiloconvector. HAP4.51/Carrier ............................... 19
Figura 3.8: Definição de Zona Ocupada segundo a EN13779............................................................................... 21
Figura 3.9: Difusor rotacional e grelha de insuflação ............................................................................................ 22
Figura 4.1: Folha de cálculo para dimensionamento de radiadores ....................................................................... 27
Figura 4.2: Vistas dos alçados principal (à esquerda) e lateral do edifício (à direita) ........................................... 29
Figura 4.3: Vistas de planta do piso 0 (à esquerda) e do piso 1 (à direita) ............................................................ 30
Figura 4.4: Folha de cálculo dos radiadores de alumínio ...................................................................................... 32
Figura 4.5: Desempenho do sistema solar térmico ................................................................................................ 33
Figura 4.6: Esquema de princípio do sistema de aquecimento central e do sistema de AQS ................................ 34
Figura 4.7: Caldeira a Pellets (à esquerda) e Caldeira a Gasóleo (à direita) .......................................................... 36
Figura 4.8: Tempo de retorno do investimento ..................................................................................................... 38
Figura 4.9: Emissões anuais de kg de CO2 para atmosfera.................................................................................... 39
Figura 4.10: Registo fotográfico da envolvente exterior. ...................................................................................... 42
Figura 4.11: Registo fotográfico da medição das envolventes envidraçadas e opacas. ......................................... 43
Figura 4.12: Sistemas de AQS e Climatização ...................................................................................................... 44
Figura 4.13: Vista de alçado principal do edifício ................................................................................................. 47
Figura 4.14: Vista de planta do piso 0 do edifício ................................................................................................. 47
Figura 4.15: Caracterização das envolventes. Hourly Analysis Program 4.51 (Carrier) ....................................... 51
Figura 4.16: Caracterização dos sistemas. Hourly Analysis Program 4.51 (Carrier) ............................................ 52
Figura 4.17: Caracterização dos equipamentos centralizados. Hourly Analysis Program 4.51 (Carrier) .............. 53
Figura 4.18: Folha de cálculo de diâmetro de tubagens ........................................................................................ 66
Figura 4.19 : Folha de cálculo de diâmetros das condutas de ar ............................................................................ 67
Figura 4.20: Valores máximos admissíveis de velocidade do ar no interior de condutas. Fichas Técnicas Soler &
Palau ...................................................................................................................................................................... 68
Figura 4.21: Vista da Planta da Cobertura com a instalação dos colectores solares .............................................. 78
Índice de Tabelas
Bruno Almeida VI
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1: Classificação dos Edifícios de acordo com a data do pedido de licenciamento ...................................... 6 Tabela 2: Regulamentos aplicáveis às categorias dos edifícios ............................................................................... 7 Tabela 3: Constituição dos pisos da habitação ...................................................................................................... 29 Tabela 4: Temperaturas interiores para os espaços da habitação .......................................................................... 31 Tabela 5: Cargas Térmicas da Habitação .............................................................................................................. 31 Tabela 6: Consumos diários de AQS ..................................................................................................................... 32 Tabela 7: Cálculo da potência da caldeira ............................................................................................................. 34 Tabela 8: Consumos do sistema de aquecimento central. Relatório HAP4.51 (Carrier) ....................................... 35 Tabela 9: Consumos energéticos anuais globais da caldeira ................................................................................. 36 Tabela 10: Consumos e custos energéticos associados à caldeira a pellets ........................................................... 37 Tabela 11: Consumos e custos energéticos associados à caldeira a gasóleo ......................................................... 37 Tabela 12: Análise dos custos de aquisição e consumo das caldeiras ................................................................... 38 Tabela 13: Análise do número de abastecimentos mensais do equipamento......................................................... 40 Tabela 14: Espaços constituintes da área destinada a servir como Lar Residencial e Centro de Actividades
Ocupacionais ......................................................................................................................................................... 46 Tabela 15: Descrição do edifício quanto às áreas e tipologia ................................................................................ 47 Tabela 16: Condições exteriores de projecto ......................................................................................................... 48 Tabela 17: Condições ambiente de referência ....................................................................................................... 48 Tabela 18: Caudais mínimos de ar novo................................................................................................................ 49 Tabela 19: Valores globais de carga térmica do edifício ....................................................................................... 52 Tabela 20: Especificação dos ventiloconvectores ................................................................................................. 62 Tabela 21: Especificações da unidade de tratamento de ar novo da cozinha ......................................................... 70 Tabela 22: Especificações das unidades de tratamento de ar novo das zonas 1, 2 e 3 .......................................... 71 Tabela 23: Especificações das unidades de tratamento de ar ................................................................................ 72 Tabela 24: Especificações dos ventiladores de extracção ..................................................................................... 73 Tabela 25: Especificações do ventilador de extracção para a cozinha .................................................................. 73 Tabela 26: Especificação das características da Bomba 1 ..................................................................................... 74 Tabela 27: Especificação das características da Bomba 2 ..................................................................................... 74 Tabela 28: Especificação das características da Bomba 3 ..................................................................................... 75 Tabela 29: Especificação das características da Bomba 4 ..................................................................................... 75 Tabela 31: Considerações para cálculo das necessidades de consumo de AQS .................................................... 77 Tabela 32:Valores de consumo diário por utilizador (solução alternativa) ........................................................... 77 Tabela 33: Considerações para o cálculo das necessidades de consumo de AQS (solução alternativa)................ 78 Tabela 34: Especificação das características dos colectores solares ...................................................................... 79 Tabela 35: Especificações das características dos depósitos de acumulação ........................................................ 80 Tabela 36: Especificações da caldeira de apoio..................................................................................................... 81 Tabela 37: Especificação das características das bombas do sistema solar térmico .............................................. 82 Tabela 38: Espessuras mínimas de isolamento para tubagens de transporte de fluidos quentes ........................... 83 Tabela 39: Especificações das espessuras de isolamentos ..................................................................................... 84
Simbologia e Abreviaturas
Bruno Almeida VII
SIMBOLOGIA E ABREVIATURAS
Simbologia
Sist. - Sistemas
P- Potência
U - Coeficiente de transmissão térmica superficial
ψ - Coeficiente de transmissão térmica linear
c - Calor Específico
Simbologia e Abreviaturas
Bruno Almeida VIII
Abreviaturas
AQS - Águas Quentes Sanitárias
AVAC - Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado
SCE - Sistema de Certificação Energética
RCCTE - Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios
RSECE - Regulamento dos Sistemas Energéticos e de Climatização nos Edifícios
CE - Certificado Energético
DCR - Declaração de Conformidade Regulamentar
HsC - Habitações Sem Climatização
HcC - Habitações Com Climatização
PESsC - Pequenos Edifícios de Serviços Sem Climatização
PEScC - Pequenos Edifícios de Serviços Com Climatização
GES - Grandes Edifícios de Serviços
QAI - Qualidade do Ar Interior
Nic - Necessidades nominais anuais de energia útil para aquecimento
Nvc - Necessidades nominais anuais de energia útil para arrefecimento
Nac - Necessidades nominais anuais de energia para produção de águas quentes sanitárias
Ntc - Necessidades nominais globais de energia primária
Nt - Valor limite máximo regulamentar para as necessidades anuais globais de energia primária para
climatização e águas quentes.
Rph - Renovações por hora
GD - Graus-dia
PQ - Perito Qualificado
VAC - Volume de Ar Constante
CAV - Constant Air Volume
VAV - Volume de Ar Variável
UTA - Unidade de Tratamento de Ar
UTAN - Unidade de Tratamento de Ar Novo
VRV - Volume de Refrigerante Variável
HAP - Hourly Analysis Program
Introdução
Bruno Almeida 1
Capítulo 1. INTRODUÇÃO
1.1. Âmbito
O Mestrado em Equipamentos e Sistemas Mecânicos, ministrado pelo Instituto Superior de
Engenharia de Coimbra, consiste num curso de especialização com a duração de dois anos
lectivos. O primeiro ano integra dez unidades curriculares leccionadas e o segundo ano
integra uma única unidade curricular que é integralmente destinada à execução de um projecto
ou à realização de um estágio de natureza profissional, com apresentação de um relatório
final.
No âmbito da unidade curricular do segundo ano de Mestrado, mais concretamente, na área de
especialização de Projecto, Instalação e Manutenção de Equipamentos Térmicos, surgiu a
oportunidade de realização de um estágio curricular na empresa Enernatura, Lda.
Tratando-se de uma empresa que tem como mercado, as energias renováveis, certificação
energética de edifícios e a climatização, a Enernatura apresentou-se como sendo uma empresa
dinâmica e bem situada no seu mercado que poderia proporcionar ao aluno actividades que se
enquadrassem perfeitamente na área de especialização do presente mestrado.
Com o devido interesse, o aluno efectuou um primeiro contacto com a empresa. Contacto esse
que numa fase posterior com a concordância do Conselho Técnico-Científico resultou num
acordo entre ambas a instituições.
Desta forma, foi apresentada à empresa, uma proposta de estágio curricular com a duração de
1560 horas.
1.2. Apresentação da empresa
A empresa que acolheu o autor para a realização do estágio, foi fundada em 2008, por quatro
sócios, entre os quais, se encontram actualmente o Eng.º Nuno Miguel Augusto Tomás, e o
Sr. Luís Miguel Duarte Dias.
Tendo numa fase inicial, a infra-estruturas da empresa localizadas num pequeno escritório no
centro de Coimbra, o rápido crescimento obrigou a uma mudança para instalações maiores.
No momento, a empresa Enernatura dispõe de um edifício administrativo localizado na Rua
Alto das Forcadas, Fracção D - 1º Esq, 3020-323, Ponte de Eiras. Além da sede, a empresa
Introdução
Bruno Almeida 2
dispõe igualmente de um armazém localizado na Urbanização da Pedrulha, nomeadamente na
Rua do Cardal, lote 13, 3025-007 Coimbra.
A Enernatura faz parte de um grupo formado duas empresas, no qual se engloba também a
empresa WattMondego. A primeira é uma empresa de instalação de sistemas de energias
renováveis, consultadoria energética, e certificação energética no âmbito do Regulamento das
Características de Comportamento Térmico dos Edifícios (RCCTE). No seu portfólio possui
actualmente inúmeras instalações de sistemas de microprodução com painéis solares
fotovoltaicos, bem como a instalação de inúmeros sistemas de energia solar térmica, tanto a
nível residencial, com a nível de Instituições Particulares de Solidariedade Social.
Realizaram-se ainda algumas instalações de sistemas de climatização, e a execução de muitos
processos de certificação energética para edifícios de habitação.
A segunda, é uma empresa dedicada à área de projectos de grandes edifícios, no qual tem na
vertente de projectos de AVAC, Auditorias Energéticas e Certificação Energética no âmbito
do Regulamento dos Sistemas Energéticos de Climatização em Edifícios (RSECE), a área
com maior experiência. Da sua actividade resultaram, projectos de AVAC para edifícios de
serviços novos e Auditorias Energéticas de edifícios de serviços existentes, e Certificação
Energética de ambos os tipos de edifícios.
O grupo de empresas apresentado, tem como missão promover a eficiência energética através
da elaboração de projectos abrangidos pelo RCCTE e RSECE, caracterizados pela escolha de
soluções tecnológicas e construtivas de elevado grau de eficiência. Promover a certificação
energética de edifícios, sugerir e apoiar na implementação de opções de melhoria do seu
desempenho energético. Promover o aproveitamento e a utilização das fontes de energia
renovável disponíveis, contribuindo para a redução da dependência energética externa do país
e fomentando a criação de novas actividades económicas, tal como a microprodução, e
produção de águas quentes por intermédio de fontes renováveis. Participar no alcance da meta
relativa a edifícios neutros em termos de emissões de gases com efeito de estufa e de
utilização de energia, através da introdução de eficiência energética e da integração de
sistemas de energias renováveis em edifícios, contribuindo assim para o desenvolvimento
sustentável da região e do país.
O estágio curricular foi realizado na empresa Enernatura, no entanto, no âmbito das
actividades que surgiram, houve a necessidade de prestar serviços para a WattMondego.
Desta forma, todas as actividades descritas no presente documento relacionadas com a área de
Introdução
Bruno Almeida 3
projecto, e de certificação energética de grandes edifícios de serviços, foram serviços
prestados para a empresa WattMondego.
1.3. Objectivos
O presente estágio curricular teve como objectivo principal aprofundar e consolidar os
conhecimentos académicos em contexto do trabalho, e desta forma dotar o aluno das
ferramentas necessárias para uma melhor integração no mercado de trabalho.
Assim sendo, no seio da empresa Enernatura foi estabelecido um conjunto de objectivos que
se encontram distribuídos pelas várias áreas de actividade da empresa.
As actividades previstas na vertente de certificação energética foram nomeadamente
levantamentos no âmbito de edifícios de habitação. Com esta actividade o objectivo seria a
aquisição de conhecimentos relativamente à vertente energética de edifícios que lhe
permitisse prestar um apoio ao departamento de certificação energética. Não obstante, a
mesma actividade pretendia também possibilitar ao estagiário a aquisição de experiências, que
lhe permitiriam fazer uma análise do panorama da gama residencial tanto de soluções
construtivas, como de equipamentos.
Relativamente à área de AVAC, as actividades planeadas foram nomeadamente, a elaboração
de estudos de viabilidade de instalação de sistemas, estudo de necessidades térmicas dos
edifícios, e colaboração em projectos de execução. O pretendido com as actividades previstas
seria que o aluno adquirisse conhecimento e desenvolvesse competências que lhe permitissem
tanto projectar novas soluções, identificar problemas, e estudar soluções tendo em conta a
respectiva viabilidade económica e fiabilidade dos sistemas.
No âmbito do aquecimento de águas sanitárias, foi previsto um conjunto de actividades entre
as quais se apresentaram levantamentos e estudos de viabilidade dos sistemas. Relativamente
a esta área, os objectivos seriam similares aos apresentados anteriormente para os sistemas de
AVAC.
Por fim, a actividade prevista como sendo a principal actividade do aluno na empresa, foi
efectivamente a orçamentação. Esta actividade teria a intenção de possibilitar ao mesmo, a
capacidade para efectuar estimativas orçamentais para propostas de sistemas efectuadas por
clientes, e em simultâneo, o contacto com fornecedores, com os custos praticados e gamas de
equipamentos existentes no mercado. Com isto, pretendia-se a aquisição de conhecimento e
Introdução
Bruno Almeida 4
experiências que possibilitassem o estudo e comparação de produtos, a nível de custos,
características, fiabilidade, modo de fornecimento, entre outros parâmetros.
Com o estágio curricular no realizado, pretendia-se uma boa integração do autor na empresa,
bem como em todas as actividades propostas durante o período estabelecido.
Certificação Energética
Bruno Almeida 5
Capítulo 2. CERTIFICAÇÃO ENERGÉTICA
2.1. Introdução
O aumento da preocupação a nível mundial, com factores de carácter poluente, levou a que as
comunidades internacionais tivessem a necessidade de analisar os seus contributos a nível de
emissões de gases poluentes para atmosfera. Facto que se encontra directamente relacionado
com áreas como a indústria, transportes, sector residencial, entre outros.
Estima-se que em 2002, o sector residencial e terciário, sector constituído maioritariamente
por edifícios, absorvia mais de 40 % do consumo final de energia da Comunidade Europeia.
Desta forma, verificou-se ser importante reduzir os consumos de energia, e consequentemente
reduzir as emissões de gases poluentes para atmosfera associados a esses consumos.
O consumo energético necessário para obter as condições consideradas adequadas num
edifício e a poluição associada dependem da concepção dos sistemas, dos equipamentos
escolhidos, da utilização do sistema e da sua manutenção. Desta forma, para garantir uma
utilização de energia minimamente aceitável é necessário impor restrições no tipo de
materiais e fluidos que podem ser utilizados. Esta necessidade leva a que seja necessária a
implementação de regulamentos que limitem as soluções possíveis às tecnicamente aceitáveis
e que possibilitem consumos energéticos minimamente aceitáveis.
A publicação da directiva europeia 2002/91/CE, veio estabelecer os requisitos para a
elaboração de um sistema de certificação para estado membro, consoante as condições
climáticas externas e as condições locais, bem como as exigências em matéria de clima
interior e rentabilidade económica.
A legislação nacional encontra-se suportada por três decretos de lei que estabelecem os
requisitos que devem ser verificados relativamente à eficiência energética, qualidade do ar
interior, ensaios de recepção de sistemas após a conclusão da sua construção, manutenção e
monitorização do funcionamento dos sistemas de climatização, inspecções periódicas e
responsabilidade pela condução dos sistemas. O Decreto-lei 79/2006 denominado de
Regulamento dos Sistemas Energéticos e de Climatização dos Edifícios e o Decreto-lei
80/2006 denominado de Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos
Certificação Energética
Bruno Almeida 6
Edifícios constituem a legislação em vigor que enquadra os critérios de conformidade a serem
observados nas inspecções a realizar no âmbito do Decreto-lei 78/2006.
Assim sendo, o Sistema de Certificação Energética (SCE) tem como objectivo assegurar a
aplicação regulamentar em todos os edifícios de habitação e de serviços de acordo com as
exigências e disposições contidas no RCCTE e RSECE, certificar o desempenho energético e
qualidade do ar interior, e identificar medidas de melhoria de desempenho aplicáveis aos
edifícios e respectivos sistemas energéticos.
2.2. Categorias dos Edifícios e Regulamentos Aplicáveis
Uma vez que os consumos variam significativamente consoante o tipo de edifício e sistemas
de climatização, os edifícios abrangidos pelo SCE encontram-se classificados com base na
área útil, função ao qual se destina o edifício, e na potência térmica dos sistemas
implementados ou preconizados.
A partir desta categorização, cada um é associado a um determinado regulamento tendo em
conta a área útil e categorias do edifício, e a data de entrada do pedido de licenciamento ou
autorização de construção.
Na tabela 1, encontram-se classificados os edifícios em novos ou existentes, consoante a data
de entrada do pedido de licenciamento ou pedido de construção, segundo a portaria nº
461/2007, para efeitos de aplicação do SCE."
Tabela 1: Classificação dos Edifícios de acordo com a data do pedido de licenciamento
Tipo Data de entrada do pedido de licenciamento ou autorização de construção
Edifícios Novos
Posterior a 1 de Julho de 2007, GES e Edifícios de Habitação com uma área útil
superior a 1000m2;
Posterior a 1 de Julho de 2008, PES e Edifícios de Habitação com uma área útil
inferior a 1000m2.
Edifícios Existentes
Anterior a 1 de Julho de 2007, GES e e Edifícios de Habitação com uma área
útil superior a 1000m2;
Anterior a 1 de Julho de 2008, PES e Edifícios de Habitação com uma área útil
inferior a 1000m2.
Certificação Energética
Bruno Almeida 7
Na tabela 2, encontra-se a classificação dos edifícios e seu enquadramento relativamente aos
referidos regulamentos.
Tabela 2: Regulamentos aplicáveis às categorias dos edifícios
Tipo Categorias dos Edifícios
Regulamentos Aplicáveis
Edifícios de Habitação
Novos sem Sist. de Climatização - P ≤ 25kW (HsC)
RCCTE
Novos com Sist. de Climatização - P > 25kW (HcC)
RCCTE e RSECE
Existentes sem Sist. de Climatização - P ≤ 25kW (HsC)
RCCTE
Existentes com Sist. de Climatização - P > 25kW (HcC)
RCCTE
Edifícios de Serviços
Pequenos* (PES) Ap < 1000 m2
Novos com P ≤ 25kW (PESsC)
RCCTE
Novos com P > 25kW (PEScC)
RCCTE e RSECE (E e QAI)
Existentes com P ≤ 25kW (PESsC)
RCCTE
Existentes com P > 25kW (PEScC)
RSECE
Grandes* (GES) Ap ≥ 1000 m2
Novos (≤ 3 anos de uso)
RSECE- Energia e QAI
Novos após 1ª AE (>3 anos de uso)
RSECE- Energia e QAI
Existentes
RSECE- Energia e QAI
Equipamentos e Sistemas de Climatização com P ≥ 25 kW
Novos
RSECE
Existentes
RSECE
Edifícios como centros comerciais, hipermercados e piscinas aquecidas cobertas, com uma
área útil superior a 500m2, são igualmente considerados GES, independentemente de dispor
ou não de sistema de climatização.
Para os edifícios grandes de serviços existentes, o processo de certificação implica uma
auditoria energética e à qualidade do ar interior (QAI).
Certificação Energética
Bruno Almeida 8
2.3. Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios
O RCCTE é o regulamento que estabelece as regras a observar no projecto de todos os
edifícios de habitação e dos edifícios de serviços sem sistemas de climatização.
O método proposto pressupõe uma análise do comportamento do edifício face aos consumos
inerentes à sua utilização, nomeadamente de aquecimento, arrefecimento e de AQS. Factor
esse, que é caracterizado consoante um conjunto de índices e parâmetros, tal como o das
necessidades anuais de energia útil para aquecimento (Nic), o das necessidades nominais
anuais de energia útil para arrefecimento (Nvc), as necessidades nominais anuais de energia
para produção de águas quente sanitárias (Nac), e as necessidades globais de energia primária
(Ntc). A quantificação destes é efectuada com base num conjunto de parâmetros
complementares, entre os quais se enumeram os coeficientes de transmissão térmica
superficiais (U) e lineares (ψ) dos elementos da envolvente, a inércia térmica do edifício ou
fracção autónoma, factor solar dos envidraçados, taxa de renovação do ar e o zoneamento
climático do edifício. Não obstante, para garantir a qualidade do ar interior e conforto térmico,
e produção de água quente sanitária são também utilizados valores de referência. Segundo o
artigo 14.º do RCCTE, o valor de referência de temperatura do ar ambiente interior é de 20ºC
para a estação de aquecimento. Para a estação de arrefecimento os valores de referência para
garantir boas características termo-higrométricas do ar no interior são de 25ºC e uma
humidade relativa de 50%. Relativamente à qualidade do ar interior, o regulamento fixa um
valor mínimo de 0,6 renovações por hora. Por fim, relativamente à produção de AQS, o
consumo de referência é de 40 litros de água quente a 60ºC por habitante e por dia.
Nos certificados abrangidos pelo RCCTE, a classe energética do edifício é obtida a partir da
razão entre as Ntc e o valor limite máximo regulamentar para as necessidades globais de
energia primária para climatização e águas quentes. O Nt difere de edifício para edifício, uma
vez que este parâmetro é calculado com base no factor de forma1e dos graus-dia
2 do edifício.
1 Factor de Forma é o quociente entre o somatório das áreas da envolvente exterior e interior do edifício ou
fracção autónoma com exigências térmicas e o respectivo volume interior correspondente. 2 Graus-dias de aquecimento de base 20ºC, é um número que caracteriza a severidade de um clima durante a
estação de aquecimento e que é igual ao somatório das diferenças positivas registadas entre uma dada
temperatura de base (20°C) e a temperatura do ar exterior durante a estação de aquecimento.
Certificação Energética
Bruno Almeida 9
Figura 2.1: Classificação Energética
Para emitir a DCR de um projeto de edificação ou para se proceder à certificação de um
edifício é necessário efectuar a recolha de informação de todos os parâmetros relacionados
com o edifício.
Nesta fase, o perito qualificado deve recorrer sempre à informação que melhor reflicta a
realidade de construção, equipamentos utilizados e sistemas instalados. No entanto, tal
informação deverá encontrar-se devidamente suportada por evidências recolhidas e
verificadas pelo próprio, tal como catálogos de equipamentos e soluções instaladas, relatórios
fotográficos, projecto de arquitectura, entre outros.
Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado
Bruno Almeida 10
Capítulo 3. AQUECIMENTO, VENTILAÇÃO E AR CONDICIONADO
3.1. Introdução
Com o objectivo de garantir o conforto térmico e QAI no interior dos edifícios, naturalmente
são instalados, embora na sua maioria em GES, sistemas de AVAC. No entanto, com a
entrada em vigor do SCE, a implementação destes sistemas deve obedecer a um conjunto de
requisitos impostos pelo RSECE que visam estabelecer condições mínimas para a obtenção de
um conforto térmico e QAI, com a maior eficiência possível. Assim sendo, deve existir
imediatamente na fase de projecto a preocupação em garantir o cumprimento desses requisitos
e a concepção de um sistema o mais eficiente possível, dentro das possibilidades do projecto.
Deste modo, pode-se facilmente ter uma percepção da influência que os regulamentos
atingem nos projectos de AVAC. De seguida serão apresentados numa perspectiva geral os
principais tipos de sistemas de AVAC.
3.2. Tipos de sistemas
Actualmente, com o aumento progressivo de novas soluções para climatização no mercado,
existem várias formas de caracterizar os sistemas, e por vezes a classificação de um sistema
pode-se tornar uma tarefa algo complexa devido ao conjunto de parâmetros existentes nos
novos sistemas de climatização. No entanto, neste contexto serão apresentados os dois tipos
de classificação que são mais utilizados e que no entender do estagiário parecem ser mais
pertinentes.
Entre os tipos de caracterização dos sistemas de climatização, encontram-se a classificação
tendo em conta a área servida pelos sistemas e tendo em conta o tipo de fluido térmico
existente.
Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado
Bruno Almeida 11
3.2.1. Classificação dos sistemas
Em função da área servida pelos sistemas
Segundo a área servida pelos sistemas de climatização, os sistemas podem ser classificados
por sistemas centralizados ou sistemas individuais.
Entende-se por um sistema centralizado, um sistema que serve a totalidade, ou pelo menos,
uma grande parte do edifício. Neste tipo de sistemas existe um elemento produtor, que se
encontra normalmente instalado numa área técnica do edifício, no qual apenas os técnicos
responsáveis pela manutenção têm acesso, e a climatização dos espaços é assegurada a partir
de um circuito primário que transporta o fluido térmico desde o equipamento até aos espaços
a climatizar.
Por sua vez, um sistema individual é um sistema que serve apenas um espaço do edifício, ou
seja, um sistema no qual o sistema produtor normalmente não se encontra instalado em áreas
técnicas, mas em áreas mais próximas dos espaços a climatizar, onde seja possível a sua
instalação. Os sistemas do tipo Split3, são sistemas que normalmente são considerados do tipo
individual.
Este tipo de classificação torna-se importante no que toca ao cumprimento de requisitos
impostos pelo RSECE. Segundo o artigo 14.º do Capitulo V, "O recurso a unidades
individuais de climatização para aquecimento ou arrefecimento em edifícios de serviços
licenciados posteriormente à data da entrada em vigor do Decreto-Lei nº 118/98, de 7 de
Maio, ou em cada uma das suas fracções autónomas, só é permitido nos espaços que
apresentem cargas térmicas ou condições interiores especiais em relação às que se verificam
na generalidade dos demais espaços da fracção autónoma ou edifício, ou não ultrapassarem 12
kW de potência instalada de ar condicionado por edifício ou fracção autónoma, ou quando
houver dificuldades técnicas ou impedimentos fortes de outra qualquer natureza devidamente
justificados e aceites pela entidade licenciadora."
3 Denomina-se comercialmente por unidades do tipo Split, as unidades individuais de ar condicionado. A
tradução da palavra da Língua Inglesa, Split, significa divisão, pelo que remete para um sistema adequado para
uma divisão.
Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado
Bruno Almeida 12
Em função do fluido térmico
Sistemas "Tudo-Ar"
Nos sistemas do tipo "tudo ar", o ar é acondicionado e filtrado numa unidade de tratamento de
ar, e o mesmo é transportado por intermédio de redes de condutas até aos espaços a
climatizar. A este tipo de instalações estão normalmente associadas condutas de grandes
dimensões, uma vez que o transporte do ar é realizado a baixas velocidades. Pelo que este
aspecto exige alguma compatibilidade por parte da especialidade de Arquitectura que deverá
prever a existência de "courettes", e tectos falsos.
Estes sistemas encontram-se subdivididos por sistemas de conduta simples e sistemas de
dupla conduta. Os sistemas de dupla conduta são sistemas constituídos por duas condutas,
onde uma é responsável pelo transporte do fluido "frio" e a outra responsável pelo fluido
"quente" que posteriormente são misturados numa caixa de mistura para obter as condições
desejadas e os do conduta simples, onde o ar é transportado nas condições desejas por uma
única conduta. No entanto, os sistemas de dupla conduta, devido ao grande volume que
ocupam e elevado custo, não são muito utilizados.
Os sistemas de conduta simples mais utilizados são os sistemas VAC e os VAV.
Relativamente ao primeiro, o caudal de ar insuflado é constante, e a alteração das condições
de insuflação do ar apenas se consegue a partir de uma variação da temperatura. Nestes casos,
o controlo é efectuado directamente sobre a potência das baterias da unidade de tratamento de
ar (UTA), que varia conforme a variação da carga térmica dos espaços. Por sua vez, nos
sistemas de VAV a temperatura de insuflação é constante, variando apenas o caudal de ar de
forma a garantir a remoção das cargas térmicas dos espaços. Nestes casos, o controlo é
efectuado directamente sobre os ventiladores de insuflação.
Uma instalação de VAC, pode ser ainda classificada por sistema com uma só zona ou sistema
com várias zonas. Num sistema de uma só zona, o ar distribuído para os espaços a climatizar
não sofrerá nenhuma alteração de condições até entrar no espaço, pelo que em todos os
espaços será insuflado ar com as mesmas características.
Este tipo de instalações é adequado para edifícios onde não se verifique grande variação de
cargas térmicas, uma vez que não permite o controlo de temperatura individual em cada
divisão.
Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado
Bruno Almeida 13
Uma vez que, normalmente as cargas térmicas num edifício não variam de forma semelhante
durante todo o ano, existe a possibilidade de instalar uma UTA para cada uma das zonas com
condições diferentes. Deste modo, passamos a ter um sistema de VAC com várias zonas.
Apesar de não ser uma solução que permita um controlo individual das condições interiores
em cada divisão, permite um controlo de temperatura em cada um das zonas climatizadas.
Uma instalação deste género poderá apresentar-se como uma solução efectiva para um
edifício com fachadas com orientações opostas, onde seria de esperar a instalação de uma
UTA para a zona que correspondesse a uma orientação e a instalação de outra UTA para a
zona que correspondesse à orientação oposta.
Não obstante, no caso de não existir grandes flutuações de cargas térmicas, a utilização de
baterias de reaquecimento terminal poderá ser uma alternativa viável.
Associados a estes sistemas existe naturalmente um sistema de extracção. Apesar de este tipo
de sistemas ser o mais utilizado, apresenta-se como uma solução com grandes consumos de
ventilação, pelo que começa a surgir a tendência na diminuição de instalações com este tipo
de sistema.
Na figura 3.1, encontra-se representado o diagrama esquemático de um sistema de VAC, com
a opção de baterias de reaquecimento terminal.
Figura 3.1: Diagrama esquemático de uma instalação VAC. HAP4.51/Carrier
Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado
Bruno Almeida 14
Como referido anteriormente, numa instalação de VAV, a temperatura de insuflação é
constante, sendo desta maneira, o caudal de ar o parâmetro que sofre ajustes consoante a
variação da carga térmica. De modo a garantir uma compensação da carga térmica local, o
controlo do caudal é efectuado a partir de registos terminais que em função da temperatura do
espaço regulam o caudal insuflado no espaço. Para evitar variações de pressão indesejáveis é
imperativo que o sistema de extracção siga a modulação do sistema de insuflação. Este tipo de
sistema apresenta a vantagem de obter menores consumos de ventilação relativamente ao
anterior, uma vez que o mesmo tem a capacidade de diminuir o caudal com a diminuição das
cargas térmicas, no entanto, este apresenta algumas limitações quando as cargas térmicas são
muito reduzidas, porque o sistema deve assegurar um caudal mínimo de insuflação.
É importante referir que este tipo de sistema está associado normalmente a instalações com
"tudo ar novo". Uma vez que, para cargas térmicas muitos baixas o sistema de controlo actua
no sentido de diminuir o caudal insuflado, a taxa de ar novo insuflado nos espaços diminui
também. No entanto, o sistema deverá garantir os caudais mínimos de ar novo impostos pelo
RSECE, e muitas vezes para regimes de cargas térmicas muito baixas o sistemas não
conseguem garantir esse caudal. Deste modo, é mais frequente a instalação destes sistemas
recorrendo a unidades de tratamento de ar novo, no entanto, para evitar a perda total de
energia associada ao ar rejeitado, as unidades de tratamento de ar novo (UTAN's) são
normalmente providas de recuperação de calor, ou é instalado exteriormente um recuperador
de calor.
Este sistema tem como principais vantagens um baixo custo de funcionamento relativamente
aos sistemas de VAC, uma vez que os caudais de ar se ajustam à variação de cargas térmicas e
um controlo de temperatura ambiente localizado, mesmo que com limitações. Contudo, essa
maior capacidade de modelação face às solicitações obriga à concepção de um sistema de
maior complexidade, e com maior número de elementos de controlo, o que reporta para
maiores custos iniciais, e maiores custos e rigor de manutenção.
Na figura 3.2, encontra-se representado o diagrama esquemático de um sistema de VAV, com
várias opcionais.
Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado
Bruno Almeida 15
Figura 3.2: Diagrama esquemático de uma instalação de VAC. HAP4.51/Carrier
Sistemas "Tudo-Água"
Nos sistemas do tipo "tudo-água", a energia utilizada para compensar as cargas térmicas é
transportada a partir de água aquecida, no caso do aquecimento, e por água arrefecida no caso
do arrefecimento. Neste caso, a energia é dissipada por equipamentos existentes em cada
local, seleccionados com as potências térmicas de acordo com as cargas térmicas previstas
para cada local a ser climatizado. Os equipamentos terminais podem ser de natureza
convectiva, radiativa, ou mistos.
As concepções mais usuais de transporte de energia são nomeadamente, os sistemas com dois
tubos, e sistemas com quatro tubos. O primeiro sistema permite apenas a circulação de água
quente, ou água arrefecida, pelo que um sistema de climatização com este tipo de sistema de
transporte apenas poderá realizar aquecimento, ou arrefecimento. Por sua vez, o segundo
sistema, permite a circulação de água arrefecida e água aquecida em simultâneo, pelo que
permite ao sistema de climatização associado o aquecimento e arrefecimento em simultâneo.
No local, a climatização é realizada por intermédio de um equipamentos terminais a partir da
circulação de ar que pode ser natural, ou forçada.
Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado
Bruno Almeida 16
Uma das grandes vantagens deste tipo de sistemas é efectivamente a possibilidade de controlo
individual. Para este tipo de situações o equipamento terminal é seleccionado de acordo com a
carga térmica do local, o que possibilita a instalação de um equipamento que possui
características adequadas para espaço em questão, e além dessa característica ainda permite
uma regulação conforme as variações de carga térmica.
Sistemas "Ar-Água"
Em sistemas do tipo "Ar-Água", os dois fluidos são utilizados como fluidos térmicos. Como
exemplo de um sistema deste tipo, pode ser apresentada uma solução de climatização e
ventilação, onde é preconizado um sistema de climatização do tipo "Tudo-Água", e um
sistema de ventilação com tratamento de ar, onde o ar é apenas tratado com o intuito de ser
insuflado a uma temperatura e humidade, denominadas como neutras 4. Não obstante, sendo
ambos sistemas servidos pelo mesmo elemento produtor de calor ou frio. Este sistema, é no
fundo um sistema combinado dos sistemas "tudo-ar" e "tudo-água", mas alimentados pela
mesma fonte de energia. Todavia existem inúmeras concepções possíveis deste tipo de
sistemas.
Sistemas de Expansão Directa
Os sistemas de expansão directa, são sistemas no qual a climatização se efectua a partir da
expansão directa do fluido térmico, que neste tipo de sistemas se trata de fluido frigorigéneo.
Neste tipo de equipamentos a unidade interior absorve ou rejeita calor para o espaço a
climatizar.
Como se trata de um sistema onde existe manipulação de fluido frigorigéneo, isto é, um fluido
tóxico e em grande parte, altamente poluente, as instalações deste tipo devem garantir todas a
condições de segurança e protecção ambiental. A norma EN 378-1 define os requisitos de
segurança e protecção ambiental relativamente a sistemas frigoríficos e bombas de calor.
4 Entende-se como ar com temperatura e humidades neutras, ar que é insuflado em condições de temperatura e
humidade de referência para conforto térmico. A insuflação de ar neste caso não terá o propósito de climatizar
um espaço, mas apenas ventilar sem que para o efeito sejam adicionadas quaisquer cargas térmicas ao local.
Segundo o RCCTE, os valores de referência para o ar ambiente são nomeadamente, 20ºC para a estação de
aquecimento e de 25ºC e 50% de humidade relativa para a estação de arrefecimento.
Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado
Bruno Almeida 17
A este tipo de sistemas estão associados equipamentos como splits, multi-splits, VRV's,
rooftop, entre outros, não obstante, serão apenas abordados os equipamentos mais presentes
no âmbito das tarefas do estagiário.
Em edifícios residenciais, cada vez se verifica ser mais comum a instalação de sistemas
individuais do tipo split ou multi-split. A fiabilidade, eficiência, e baixo custo inicial deste
tipo de sistemas torna estes equipamentos bastante atractivos do ponto de vista do consumidor
a nível residencial. A maioria dos sistemas do tipo split é do tipo reversível, pelo que é um
equipamento que tem a capacidade de funcionar para aquecimento e arrefecimento ambiente.
Os sistemas do tipo split, são sistemas que possuem uma unidade exterior a alimentar apenas
uma única unidade interior. Por sua vez, os sistemas do tipo multi-split, possuem uma
máquina exterior com capacidade de alimentar várias máquinas, apresentando no entanto,
sempre alguma limitação, uma vez que na maior parte dos casos, os sistemas permitem a
ligação a um máximo de cinco máquinas interiores.
Figura 3.3: Conjunto de unidade interior e exterior de Ar Condicionado. Daikin Emura
Em edifícios de serviços, os sistemas de expansão directa mais usuais, são os sistemas de
volume de refrigerante variável, denominados de forma abreviada por sistemas VRV.
Ao contrário dos sistemas multi-split, estes permitem a ligação a muitas máquinas interiores,
pelo que permitem a climatização centralizada de um grande edifício, por inteiro.
O princípio de funcionamento dos sistemas VRV é semelhante aos sistemas individuais e do
tipo multi-split com a vantagem de poder realizar o aquecimento e o arrefecimento em
simultâneo se necessário. Contudo, para o efeito será necessário adoptar uma configuração de
três tubos, ao invés de dois tubos, que é a configuração adoptada normalmente.
Comparativamente aos sistemas a água, estes sistemas apresentam-se como sistemas de
grande eficiência, fácil instalação, manutenção reduzida, e permitem um controlo individual
da temperatura ambiente. No entanto, não são tão versáteis, no que trata a alterações.
Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado
Bruno Almeida 18
Figura 3.4: Diagrama esquemático de sistema VRC. Daikin
3.2.2. Equipamentos terminais
Unidades Terminais de Água
Actualmente existem imensos tipos de equipamentos terminais no mercado para este tipo de
sistemas, no entanto em edifícios residenciais, os equipamentos mais comuns são os
emissores de alumínio, chapa de aço ou ferro fundido. Comercialmente designados por
radiadores, estes surgem como sendo equipamentos pouco dispendiosos e de fácil instalação e
regulação. A regulação é realizada por intermédio de uma válvula de regulação que pode ser,
ou não, termostática. No entanto o seu funcionamento é restrito ao aquecimento, com
temperaturas da água na ordem dos 80/90 ºC. Este facto limita a sua utilização associada a
fontes térmicas com potências mais altas, e com capacidade de aquecer água a temperaturas
altas, tal como caldeiras. De qualquer modo, é possível associar este tipo de equipamentos a
fontes de calor do tipo bomba de calor de baixa temperatura, associadas a temperaturas da
água na ordem dos 45ºC, mas esses casos implicam equipamentos com dimensões bastante
maiores.
Na figura 3.5, encontram-se representados emissores em chapa de aço, e em alumínio.
Figura 3.5: Emissores em chapa de aço (à esquerda) e de alumínio ( direita). BaxiRoca
Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado
Bruno Almeida 19
Por sua vez em edifícios comerciais ou de serviços, com este tipo de sistemas é mais usual a
utilização de ventiloconvectores. Este tipo de equipamentos apresenta algumas vantagens
relativamente aos anteriores, entre as quais a possibilidade de funcionar em aquecimento e
arrefecimento, cujas temperaturas funcionamento são em modo geral, nomeadamente de 45ºC
para modo de aquecimento, e de 7ºC para modo de arrefecimento.
Figura 3.6: Ventiloconvectores. Modelo de chão à esquerda e modelo de tecto à direita. Daikin
Tal, como os equipamentos anteriores, existem inúmeros formatos e modelos, mas estes estão
divididos basicamente em modelos de chão e modelos de tecto. Naturalmente são
equipamentos um pouco mais dispendiosos, pela maior complexidade, mas apresentam
igualmente uma instalação relativamente simples.
A regulação deste equipamento do lado da água é efectuada normalmente por intermédio de
válvulas de duas ou três vias que são comandadas por intermédio de termóstato ambiente.
Todavia, os ventiloconvectores são providos de comando para controlo do ventilador,
geralmente até três velocidades.
Na figura 3.7, é possível visualizar um esquema de um equipamento terminal do tipo ventilo-
convector, com controlo regulado a partir de termóstato aplicado em parede.
Figura 3.7: Diagrama esquemático de instalação de um ventiloconvector. HAP4.51/Carrier
Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado
Bruno Almeida 20
Além dos equipamentos terminais apresentados anteriormente, nomeadamente, os emissores e
os ventiloconvectores, existem também disponíveis no mercado uma grande quantidade de
soluções para os sistemas de água. Entre outros, surgem equipamentos como
injectoconvectores, vigas arrefecidas, sistemas de pavimento radiante, tecto arrefecido e
paredes radiantes. No entanto, estes não serão descritos em tanto pormenor, uma vez que, no
seio das actividades do estagiário, não se apresentaram equipamentos tão comuns como os
apresentados anteriormente.
Unidades Terminais de ar
À semelhança das unidades terminais de água existem imensos modelos e tipos de unidades
terminais de ar.
Estes equipamentos têm a função de garantir a difusão do ar quando este entra no espaço ao
qual é destinado. Todavia, existe um conjunto de parâmetros que deverão ser controlados para
garantir o conforto dos ocupantes no espaço, entre os quais o nível de ruído, a velocidade do
ar no volume de controlo do espaço e as temperaturas do ar a insuflar.
Além da função que desempenham, estes equipamentos possuem um aspecto visual bastante
atractivo que pode conjugado consoante a arquitectura de cada edifício.
Tendo em conta a preocupação crescente na redução dos consumos energéticos associados
aos sistemas de AVAC, importa preconizar soluções com uma alta eficiência da ventilação. A
eficiência da ventilação define-se como a razão entre o caudal de ar novo que efectivamente
chega à zona ocupada e o caudal de ar novo insuflado no mesmo. Quanto maior for a
eficiência da ventilação, menor será a necessidade de agravar os valores do caudal de ar novo
a insuflar, para garantir os caudais mínimos de ar novo insuflado impostos pelo RSECE, o que
resulta num consumo menor de energia por parte dos ventiladores.
Além da preocupação a nível energético, o regulamento impõe um valor máximo de 0,2m/s
para a velocidade do ar no interior da zona ocupada de um espaço. Segundo a norma
EN13779, a zona ocupada encontra-se definida de acordo com o representado na figura 3.8.
Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado
Bruno Almeida 21
Figura 3.8: Definição de Zona Ocupada segundo a EN13779
Uma boa estratégia de difusão do ar conduz a estratificação e velocidades do ar e adequadas,
pelo que apenas uma correcta selecção de um difusor possibilita a insuflação do caudal de ar
sem qualquer ruído nem velocidades do ar que possam ser incómodos para os ocupantes.
A insuflação do ar tratado no espaço ambiente pode ser feita de acordo com duas estratégias, a
difusão por mistura e a difusão por deslocamento. Na primeira o ar novo é misturado com o ar
existente na sala arrastando desta forma o ar ambiente e todas as partículas em suspensão,
acabando por ser extraído. Esta apresenta a vantagem de garantir uma taxa de poluentes e uma
temperatura homogéneas em todo o espaço. Por sua vez, na segunda o ar novo é insuflado a
nível do pavimento a uma velocidade baixa de modo a não se misturar com o ar ambiente, o
que forma uma zona de ar fresco junto ao solo em todo o espaço. Á medida que o ar vai
aquecendo toda a superfície de ar sobe e arrasta todas as partículas poluentes, acabando estas
por extraídas. Esta estratégia tem a vantagem de manter a zona ocupada constantemente com
baixo teor de poluentes, contudo, o método apenas funciona para regimes de arrefecimento,
uma vez que em regimes de aquecimento o ar teria a tendência de subir directamente para a
zona de extracção. Por outro lado, o segundo método não permite uma boa estratificação da
temperatura no espaço.
A selecção deste tipo de equipamentos é normalmente realizada através de manuais de
selecção disponibilizados pelos fabricantes. Consoante o tipo de utilização e do tipo de espaço
são seleccionados os equipamentos terminais capazes de realizar uma insuflação do ar com a
Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado
Bruno Almeida 22
maior eficiência possível, garantindo os níveis adequados de ruído e velocidade do ar. Na
figura 3.9, encontram-se ilustrados dois tipos de unidades terminais de difusão.
Figura 3.9: Difusor rotacional e grelha de insuflação
Actividades Realizadas
Bruno Almeida 23
Capítulo 4. ACTIVIDADES REALIZADAS
4.1. Introdução
Neste capítulo, é realizada uma descrição das actividades realizadas pelo estagiário, entre as
quais, surgem trabalhos no âmbito de climatização em edifícios de habitação, sistemas de
energia solar térmica, certificação energética de edifícios, AVAC e orçamentação. Como já
foi referido no Capitulo 1, dado ao mercado onde se insere a empresa, houve uma grande
diversidade de tarefas. No entanto, nem todas as tarefas tiveram o mesmo grau de intervenção
nem a mesma regularidade de execução. Desta forma, a divisão e subdivisão de capítulos, e
subcapítulos, respectivamente apresentados, encontra-se relacionada directamente com o
relevo e o peso que as várias actividades tiveram durante o período de estágio curricular.
O período de estágio teve início com actividades de baixa responsabilidade, e portanto, apenas
com carácter introdutório aos procedimentos da empresa. Na altura, encontrava-se em fase de
planeamento a execução de um conjunto de obras de solar térmico para Instituições Privadas
de Solidariedade Social. Tratava-se de obras que resultaram da candidatura ao programa do
governo de energia solar térmica de 2010. Neste âmbito, surgiu assim, a primeira tarefa, que
consistiu na análise de soluções preconizadas para os sistemas, com intuito de verificação,
complemento das listas de material, ou realização de listas de material para execução das
obras. À medida que foram surgindo pedidos para cotação para sistemas de aquecimento
central no âmbito residencial, começaram a surgir tarefas de dimensionamento dos sistemas e
elaboração de medições. Devido ao carácter introdutório da tarefa, a sua orçamentação ficaria
ainda a encargo do orientador de estágio. Contudo, ao fim de um determinado período de
tempo, o mesmo viria a ser progressivamente mais integrado, até que passou a ser incluído de
forma total nesta actividade.
Assim sendo, o dimensionamento e estudo de viabilidade de sistemas de climatização e AQS,
para residências e respectiva orçamentação tornou-se a principal actividade ao longo de todo o
estágio. Este foi o tipo de actividade corrente, que se realizaram todos dias, e chegou a incluir
todas as vertentes da empresa, inclusivamente o orçamento de sistemas solares fotovoltaicos.
Todavia, como não se verificou uma aquisição de conhecimentos substancial relativamente ao
dimensionamento de sistemas de microgeração, estes não se encontram referenciados no
presente documento. No subcapítulo 4.2, encontra-se descrita uma actividade concreta
Actividades Realizadas
Bruno Almeida 24
relacionada com o dimensionamento e estudos de viabilidade económica para pequenos
sistemas de climatização.
Como apoio ao departamento de certificação energética, foram realizadas algumas saídas
pontuais para realizar levantamentos dimensionais e descritivos de edifícios residenciais. Este
conjunto de serviços foi realizado num período que corresponde à primeira metade do período
de estágio, apresentando-se como uma actividade pontual e restrita a esse período de tempo.
No subcapítulo 4.3, é realizada uma descrição da actividade relacionada com a certificação
energética.
Com abertura dos concursos para candidaturas a incentivos do QREN, surgiu uma
oportunidade para as pequenas e médias empresas requalificarem as suas instalações com o
apoio de incentivos provenientes do fundo social europeu. Nesse sentido, a empresa realizou
os diagnósticos energéticos para um conjunto de entidades que procederam à respectiva
candidatura.
No âmbito destes programas, foram realizadas tarefas como a análise da facturação energética
dos edifícios, levantamento dimensional e caracterização das envolventes. Contudo a maioria
das acções realizadas nesta actividade foram igualmente realizadas nas actividades de
projecto, com a excepção da análise de facturação energética, pelo que a aquisição de
conhecimentos relacionadas com esta tarefa não demonstrou acrescentar grande valor
relativamente às restantes actividades já descritas. Por este motivo, a descrição desta
actividade não será realizada no presente documento.
À semelhança do sucedido na actividade de apoio à certificação energética, surgiu na segunda
metade do período de estágio, uma actividade de projecto para grandes edifícios.
Apresentando-se como uma actividade pontual foram prestadas colaborações em vários
processos, e foi elaborado um projecto de AVAC para um edifício destinado a servir como
Lar Residencial. O capítulo 4.4, descreve todas as actividades relacionadas com área de
projecto.
Actividades Realizadas
Bruno Almeida 25
4.2. Orçamentação
A realização de estudos orçamentais, apresenta-se como a actividade realizada pelo aluno, ao
qual foi dedicada mais horas de trabalho.
Como referido no subcapítulo 4.1, inicialmente, a actividade residia na realização de
medições e dimensionamento de sistemas de climatização. Numa fase posterior, o autor foi
sendo gradualmente integrado na actividade de orçamentação.
A orçamentação é uma actividade com elevado grau de importância para todo o tipo de
serviços. Esta permite informar o potencial cliente, do custo de venda de determinado serviço
ou artigo de determinada empresa, indivíduo, ou organização. Deste modo, o cliente obtém
uma informação relativamente ao serviço prestado, e pode consoante as suas pretensões
compará-las com outros potenciais prestadores de serviços ou vendedores de artigos. Um
mercado cada vez mais competitivo, leva a que o papel dos estudos orçamentais tenha cada
vez mais importância.
Existem muitas abordagens possíveis a esta temática, no entanto, no presente documento, será
apresentada uma abordagem adaptada ao mercado e ao tipo de negócio em que se insere a
empresa.
Sendo a empresa Enernatura, uma empresa instaladora, apresenta-se como uma empresa
prestadora de serviços. Assim sendo, fazer uma previsão dos custos de uma obra, o mais
aproximadamente possível do custo real efectivo, reporta vários benefícios, entre os quais, o
aumento da margem de lucro, e uma maior competitividade relativamente aos concorrentes
mais directos, assim como uma maior flexibilidade a nível negocial de propostas realizadas.
A actividade de orçamentação neste caso, pressupõe quantificar todos os custos inerentes à
execução de uma obra, do material, de deslocações, entre outros.
Durante o presente estágio, houve a necessidade de realizar tarefas de nível orçamental, em
vários sistemas, desde pequenos sistemas de climatização, sistemas de aquecimento de águas
sanitárias, sistemas fotovoltaicos, entre outros. Contudo, não faz parte do presente documento
nenhuma informação relativamente à vertente de microgeração, uma vez que, o contacto com
este tipo de sistemas ainda não até ao momento suficiente para possibilitar a aquisição de
conhecimentos no sentido de poder ser realizada uma descrição com sentido crítico por parte
do estagiário.
Actividades Realizadas
Bruno Almeida 26
Nestes casos em particular foram fornecidas listas de material, a partir do qual foram
solicitadas aos fornecedores cotações de material.
As actividades de carácter orçamental tivera iniciaram com a solicitação de propostas para
instalação ou fornecimento de um determinado tipo de sistemas.
Após a entrada de cada processo, foram analisados de forma pormenorizada, e caso não se
verificasse a necessidade de solicitar informação para a realização de uma proposta, os
mesmos passariam a ser classificados consoante o grau de prioridade.
Desta forma, todos os processos foram registados e foram executados conforme a prioridade
estabelecida.
Uma estimativa orçamental de determinado sistema, pressupõe o dimensionamento e a
selecção de equipamentos, tarefas que se encontram descritas posteriormente no presente
documento, nomeadamente no subcapítulo 4.3, e 4.6. Dado ao mercado para o qual se
encontram direccionadas estas actividades, o tempo de resposta pode determinar a
adjudicação de um processo, uma vez que na maior parte dos casos os requerentes solicitam
cotações a várias empresas. Por outro lado, em edifícios em construção é necessário em
alguns casos trabalhar em colaboração com outras especialidades da obra, e
consequentemente compatibilizar os tempos de actuação, pelo que um tempo de resposta
demasiado longo pode ditar a adjudicação de uma proposta a outra empresa.
Assim sendo, consoante o grau de dificuldade que envolvia cada processo, houve uma procura
incessante por responder de uma forma breve e concisa. Para tal, foi necessário agilizar
processos, e criar uma documentação padrão para a realização de orçamentos, como é o
exemplo de folhas de cálculo com todo o material normalmente usado em cada sistema,
devidamente classificado de acordo com a sua função, e de folhas de cálculo rápido para
dimensionamento dos sistemas, conforme o exemplo demonstrado na figura 4.1.
Após o dimensionamento dos sistemas e selecção dos equipamentos a utilizar, são realizadas
as medições e cotação dos materiais e acessórios, incluindo os custos complementares de
transporte.
Ao custo do material, são adicionados os restantes custos relacionados com todo o serviço
prestado, nomeadamente o trabalho de engenharia, o trabalho dos instaladores, trabalhos de
construção civil, transportes, instalação e arranque dos sistemas preconizados, trabalhos
comerciais e por fim a margem comercial da empresa.
Actividades Realizadas
Bruno Almeida 27
Todas as tarefas desenvolvidas neste âmbito implicaram uma pesquisa constante, tanto dos
produtos como das soluções existentes no mercado. Para isso foram realizadas várias reuniões
com fornecedores com o intuito de adquirir informação relativamente aos produtos, ao seu
princípio e regime de funcionamento, e formas de aplicação. Este tipo de informação é
essencial para realizar um bom dimensionamento dos sistemas e disponibilizada normalmente
em catálogos, tabelas de preços, fichas técnicas, manuais, entre outros.
Figura 4.1: Folha de cálculo para dimensionamento de radiadores
A actividade de orçamentação veio deste modo proporcionar contacto directo com
fornecedores que no âmbito da tarefa, permitiu a aquisição de informação relativamente à
vertente económica de todos os processos, assim como preços praticados no mercado tanto
para materiais como para serviços prestados, custos de transporte, modos de fornecimentos e
modos pagamento no acto de encomendas.
Actividades Realizadas
Bruno Almeida 28
4.3. Análise Técnico-Económica entre sistemas de Climatização
A actividade que se segue representa um conjunto de tarefas correntes que surgem de um
modo bastante frequente e em paralelo com a tarefa de orçamentação. Esta consiste no
dimensionamento e na selecção de pequena dimensão, para moradias, ou pequenos edifícios.
Desta forma, e com intuito de acrescentar suporte técnico às propostas realizadas foram
efectuados estudos de viabilidade económica, estudos de comparação entre sistemas, e foram
realizados documentos com especificações dos equipamentos para acompanhar os orçamentos
entregues aos clientes.
Neste tipo de atividades, não é em alguns casos efetuado um dimensionamento rigoroso como
é feito em outras actividades, tal como em projecto, e em obras de maior complexidade.
Devido à baixa complexidade, e dimensão dos sistemas, já existem muitos sistemas
normalizados, que muitas vezes são inclusivamente fornecidos pelos fornecedores. Pelo que,
muitas vezes, o tempo dispendido para realizar um dimensionamento completo em toda
amplitude da obra, acarreta custos, que podem colocar em risco a competitividade das
propostas realizadas. Assim sendo, em certos casos, algumas decisões foram tomadas tendo
por base a experiência adquirida com o dimensionamento realizado noutros processos e
também pela experiência transmitida pelos instaladores com participação activa nas obras.
Devido ao facto de se tratar de obras com uma dimensão bastante menor é possível ter um
acompanhamento mais próximo do cliente final, e proceder a alterações pontuais de modo a ir
ao encontro da total satisfação do mesmo.
Embora este tipo de actividade tenha estado relacionada, na sua grande maioria, com edifícios
existentes de habitação, também foram preconizadas algumas soluções para edifícios novos.
Para este tipo de edifícios, além do levantamento de informação das envolventes e dos
equipamentos, foram solicitados outros documentos, nomeadamente, a declaração de
conformidade regulamentar (DCR) e projeto de comportamento térmico. Estes documentos
assumem uma grande importância, uma vez que especificam ou não, um tipo de sistema de
climatização. Pelo que existe a necessidade de preconizar um sistema de climatização que
contribua de forma superior, ou igual, para a classe energética prevista para o edifício. Assim
sendo, não existe uma liberdade total para preconizar uma solução, uma vez que o RCCTE
impõe que seja preconizado um sistema de climatização que prejudique a classe energética
Actividades Realizadas
Bruno Almeida 29
prevista para edifício. O não cumprimento desse requisito impossibilita o cliente de receber a
licença de habitação.
4.3.1. Estudo comparativo entre caldeiras
No capítulo que se segue, é apresentada uma actividade que surgiu no âmbito do tema
referido, onde foi solicitada uma proposta para a instalação de um sistema de aquecimento
central e de aquecimento de águas sanitárias. Foi também pedido que a proposta fosse
acompanhada de um estudo comparativo entre uma solução com uma caldeira a gasóleo e
outra solução com uma caldeira a pellets.
Descrição do Edifício
A primeira tarefa consistiu no dimensionamento dos sistemas de climatização e do sistema
solar térmico. Desta forma, foi realizado o levantamento das envolventes do edifício.
O edifício que se segue, encontra-se localizado numa zona rural no concelho de Coimbra e é
constituído por três pisos, que se desenvolvem segundo o demonstrado na tabela 3.
Tabela 3: Constituição dos pisos da habitação
Designação dos pisos Designação dos espaços
Cave Garagem
Piso 0 Hall de Entrada, Instalações Sanitárias, Cozinha e Sala Comum
Piso 1 Circulação, Instalações Sanitárias e Quartos
Nas figuras 4.2 e 4.3 encontram-se ilustradas as vistas dos alçados e das plantas da moradia.
Figura 4.2: Vistas dos alçados principal (à esquerda) e lateral do edifício (à direita)
Actividades Realizadas
Bruno Almeida 30
Figura 4.3: Vistas de planta do piso 0 (à esquerda) e do piso 1 (à direita)
Cálculo das necessidades térmicas
Para realizar o cálculo das cargas térmicas do edifício foi utilizado o software Hourly
Analysis Program 4.51 da Carrier (HAP 4.51).
Para o efeito, tal como referido no ponto anterior, foi efectuado o levantamento de todas as
envolventes assim como calculados os coeficientes de transmissão térmica. Uma vez que,
para o presente edifício, não foram disponibilizadas todas as informações relativamente à
envolvente, foram adoptados os valores padrão dos coeficientes, das envolventes
envidraçadas e opacas, referidos no livro de Coeficientes de Transmissão Térmica de
Elementos da Envolvente dos Edifícios - ITE 50, do Laboratório Nacional de Engenharia
Civil (LNEC). No entanto, foram respeitados os valores de coeficientes máximos previstos
pelo RCCTE. Além do cálculo dos coeficientes de transmissão foram especificadas as
temperaturas interiores para cada espaço. Tendo em conta os diferentes tipos de utilização,
foram definidas temperaturas interiores para três tipos de espaço. Na tabela 4, encontram-se
especificadas as temperaturas interiores para os diversos tipos de espaço a climatizar.
Actividades Realizadas
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Tabela 4: Temperaturas interiores para os espaços da habitação
Designação Temperatura Interior (ºC)
Quartos e Salas 20
Instalações Sanitárias 24
Circulações 18
Os valores obtidos no cálculo das cargas térmicas são os apresentados na tabela 5.
Tabela 5: Cargas Térmicas da Habitação
Ref. Designação dos espaços Área (m2) Potência Aquecimento (W)
RCH.02 Hall de Entrada 10,4 1000,0
RCH.03 I.S. 6,3 900,0
RCH.04 Cozinha 23,7 1600,0
RCH.05 Sala Comum 31,8 1800,0
P1.08 Circulação 7,0 700,0
P1.09 I.S. 5,6 800,0
P1.10 Quarto 13,3 1000,0
P1.11 Quarto 15,3 1300,0
P1.12 Quarto Privativo 14,3 1300,0
P1.14 I.S. Privativa 4,9 500,0
Concepção do sistema de aquecimento central e de AQS
Sistema de aquecimento
Após o cálculo das cargas térmicas, foram dimensionados os radiadores de alumínio, cálculo
que foi efectuado por intermédio do catálogo do fabricante. Nesta fase a escolha dos
elementos de radiadores, teve em conta vários critérios, entre os quais, o aspecto visual, as
dimensões e a emissão calorífica. Desta forma, foram seleccionados os modelos e foi
calculado o número de elementos e o modelo de toalheiros necessários para suprir a carga
térmica de cada espaço. Na figura 4.4, encontra-se ilustrada a selecção dos radiadores e
toalheiros.
Actividades Realizadas
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Figura 4.4: Folha de cálculo dos radiadores de alumínio
Sistema de AQS
O dimensionamento do sistema de aquecimento de águas para uso sanitário, foi realizado
tendo por base a ocupação do edifício e os consumos indicados no artigo 14º do capítulo V do
RCCTE. Na tabela 6, encontram-se especificados os consumos diários previstos para o
edifício.
Tabela 6: Consumos diários de AQS
Nº de Pessoas 4
Consumo diário unitário de água a 60ºC 40 Litros
Consumo diário de água a 60ºC 160 Litros
Consoante os consumos diários calculados, foi preconizado para acumulação de águas
sanitárias um depósito com o volume de 200 litros. Por sua vez, para realizar o aquecimento
do volume de água previsto, foi idealizada a instalação de dois colectores solares com uma
área de aproximadamente 2 m2, perfazendo uma área total de 4 m
2.
Após a selecção dos equipamentos foi realizada uma simulação, por intermédio do software
Solterm 5.0, com a finalidade de verificar o desempenho do sistema solar térmico, conforme
se pode verificar na figura 4.5.
Te(ºC) 80
Modelo Dubal W (€) Ts(ºC) 60
Dubal 70 130,0 16,0 Ta(ºC) 20
Tm (ºC) 70
Modelo PT W (€) ΔTágua (ºC) 20
PT D-800-H1350mm 1057,9 125,0 ΔTrad-ar (ºC) 49
Modelo PT W (€)
PT B-500-H1350mm 696,9 98,0
Ref. m2
W W/m2
W/Elem. Nº Elem. Pot. Instalada (W)
RCH.02 10,4 1000,0 96,2 130 8 1040
RCH.03 6,3 900,0 144,0 1058 1 1058
RCH.04 23,7 1600,0 67,5 130 13 1691
RCH.05 31,8 1800,0 56,6 130 14 1821
P1.08 7,0 700,0 100,0 130 6 780
P1.09 5,6 800,0 142,9 1058 1 1058
P1.10 13,3 1000,0 75,5 130 8 1040
P1.11 15,3 1300,0 85,0 130 10 1300
P1.12 14,3 1300,0 91,2 130 10 1300
P1.14 4,9 500,0 102,0 697 1 697
132,5 10900,0 82,3 72 11786Total
HALL DE ENTRADA
I.S. PRIVATIVA
QUARTO PRIVATIVO
QUARTO
QUARTO
CIRCULAÇÃO
Radiadores de Elementos
Toalheiro 1 (x)
Toalheiro 2 (xx)
Tabela Resumo
Designação - Espaço
I.S.
Dimensionamento Radiadores
SALA COMUM
COZINHA
I.S.
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Figura 4.5: Desempenho do sistema solar térmico
Com a simulação do desempenho do sistema solar térmico foi possível verificar que com o
sistema preconizado se obteve uma fracção solar de 69,5%, pelo que indica que o sistema
solar consegue satisfazer quase 70% das necessidades globais do sistema ao longo de todo
ano.
Após o dimensionamento de ambos os sistemas foi possível realizar o esquema de princípio
de todo o sistema. Na figura 4.6, encontra-se a representação do esquema de princípio da
presente instalação, um sistema de aquecimento central por intermédio de radiadores com
uma caldeira e um sistema solar de aquecimento de águas sanitárias com o apoio de uma
caldeira.
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Figura 4.6: Esquema de princ�