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Data de Criação: 04/11/2020 Criado por: Biblioteca Clipping SCA Os artigos reproduzidos neste clipping de notícias são, tanto no conteúdo quanto na forma, de inteira responsabilidade de seus autores. Não traduzem, por isso mesmo, a opinião legal ou manifestação de integrante da SiqueiraCastro.

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Data de Criação: 04/11/2020

Criado por: Biblioteca

Clipping SCA

Os artigos reproduzidos neste clipping de notícias são, tanto no conteúdo quanto

na forma, de inteira responsabilidade de seus autores. Não traduzem, por isso

mesmo, a opinião legal ou manifestação de integrante da SiqueiraCastro.

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Sumário das

Matérias:

Veto à desoneração deve ser votado hoje no Congresso

Valor ––04 de novembro.............................................01

Novos prefeitos devem buscar PPPs de energia renovável

Valor ––04 de novembro.............................................03

Riscos fiscais desafiam a gestão da dívida mobiliária

Valor ––04 de novembro.............................................05

CVM condena quatro ex-diretores da Petrobras

Valor ––04 de novembro.............................................07

Diretor da Aneel vai ao Cade e MPF contra decisão da agência

Valor ––04 de novembro.............................................09

Movimento falimentar

Valor ––04 de novembro.............................................11

TVZ diverge da Multiplan e obtém liminar sobre aluguel

Valor ––04 de novembro.............................................13

Pesquisa mostra 570 reclamações

Valor ––04 de novembro.............................................16

Justiça e Carf negam créditos de PIS e Cofins sobre representação comercial

Valor ––04 de novembro.............................................18

STF vai reiniciar julgamento sobre taxa de exploração de minérios

Valor ––04 de novembro.............................................21

Margem de Valor Agregado do ICMS/ST

Valor ––04 de novembro.............................................23

Estados endividados querem aval do Congresso para excluir saúde e educação do teto até 2023

Folha ––04 de novembro.............................................26

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Brasil, EUA e Japão costuram acordo para coordenar questões globais na tecnologia

Globo ––04 de novembro.............................................29

Senado aprova autonomia do Banco Central. Entenda as mudanças em cinco pontos

Globo ––04 de novembro.............................................30

Petrobras se posiciona sobre compra da Linx pela Stone ao Cade

OESP ––04 de novembro.............................................33

Com nova resolução, distribuição de reclamações deve ficar mais transparente no STF

Conjur ––04 de novembro.............................................34

ANTT será multada em R$ 100 mil se descumprir liminar favorável a aplicativo

Conjur ––04 de novembro........................................37

STF volta a julgar incidência de ICMS em operações com software

Migalhas ––04 de novembro.......................................38

Direito de arrependimento e produtos perecíveis: O acerto da lei 14.010/20

Migalhas ––04 de novembro.......................................40

Disputa no STF para tributar software deixa contribuinte ‘na linha do fogo’

Jota ––04 de novembro.............................................45

STF mantém lei de SP que regula comercialização de produtos orgânicos

Jota ––04 de novembro.............................................47

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Valor Econômico

Caderno: Primeira Página, quarta-feira 04 de novembro de 2020.

Veto à desoneração deve ser votado hoje no Congresso

Após mais de quatro meses de

negociação, líderes partidários e

governo chegam a acordo para

derrubar decisão de Bolsonaro,

mas Centrão cogita obstruir os

trabalhos

Por Renan Truffi e Vandson

Lima — De Brasília

O presidente do Congresso, Davi

Alcolumbre (DEM-AP), avisou os

líderes do governo que vai manter a

sessão de hoje para deliberação sobre o

veto do presidente Jair Bolsonaro à

desoneração da folha de pagamento,

mesmo que não haja acordo entre os

líderes partidários. Alcolumbre disse

que comparecerá ao Congresso para dar

início aos trabalhos, o que só não

acontecerá se as legendas decidirem

não dar o quórum necessário.

A avaliação de assessores é que

Alcolumbre tem ficado com o ônus do

impasse sobre a desoneração. Por isso,

quer que os líderes do governo

assumam a responsabilidade de uma

eventual falta de acordo. Também será

analisado veto no marco do saneamento

básico que deve dividir Câmara e

Senado.

01

Veto a desoneração deve ser examinado hoje pelo Congresso

Líderes partidários e governo

chegam a acordo para derrubar

decisão de Bolsonaro, mas

Centrão ainda resiste

Por Renan Truffi, Marcelo

Ribeiro, Vandson Lima e Raphael

Di Cunto — De Brasília

Davi Alcolumbre: presidente do Senado

anunciou acordo para derrubar veto — Foto:

Jefferson Rudy/Agência Senado

Após mais de quatro meses de

negociação, líderes partidários e o

governo chegaram a um acordo sobre o

veto da desoneração da folha de

pagamento. O entendimento é que a

decisão do presidente Jair Bolsonaro

deve ser derrubada na sessão do

Congresso prevista para hoje. O

principal empecilho, no entanto, deve

ser o Centrão, grupo que compõe a base

aliada do governo e cogita obstruir os

trabalhos.

O acordo foi feito ontem numa reunião

comandada pelo líder do governo no

Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO),

e anunciado posteriormente pelo

presidente do Congresso, Davi

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Alcolumbre (DEM-AP). “Os líderes

estão reunidos desde as 14h e

construíram um entendimento em

relação à votação dos PLNs e dos vetos”,

declarou. “Teremos, enfim, a sessão do

Congresso Nacional.”

Segundo os congressistas que

participaram da negociação, Gomes deu

aval para que os partidos derrubem o

veto da desoneração. Além disso, a

maioria das bancadas concordou com

esse encaminhamento. “Temos maioria

necessária para derrubar o veto 26

sobre desoneração. Isso salvará

empresas e, principalmente, milhares

de empregos no Brasil”, comemorou o

líder da oposição no Senado, Randolfe

Rodrigues (Rede-AP).

Outro parlamentar engajado no assunto

é o líder do PSL no Senado, Major

Olímpio (SP), que tem organizado

manifestações pela revogação do veto.

“O líder Eduardo Gomes confirmou e,

por acordo, se tiver a sessão, nós vamos

fazer realizar a derrubada do veto.

Assim, nós vamos dar sobrevida para

6,5 milhões de empregos. A decisão dos

líderes é pela derrubada do veto,

inclusive com o aceite do governo, na

pessoa do líder Eduardo Gomes”,

explicou Olímpio.

Apesar do acordo feito por Eduardo

Gomes, a equipe econômica tem se

posicionado contra a derrubada do

veto. Na semana passada, durante

audiência pública no Parlamento, o

ministro da Economia, Paulo Guedes,

se recusou a dar apoio à revogação da

decisão presidencial. “Nós temos que

sustentar isso, nós recomendamos o

veto”, afirmou. “Por responsabilidade

fiscal, não podemos apoiar [a

derrubada].”

02

Neste cenário, Guedes precisará torcer

para que o Centrão leve à frente o plano

de frear a votação. Segundo fontes, o

bloco estaria disposto a manter a

obstrução como forma de atender a um

pedido do Palácio do Planalto, que não

conseguiu encontrar uma solução para

compensar a manutenção do benefício

fiscal para 17 setores.

Além disso, o Centrão teria a

interpretação de que é preciso obstruir

a pauta para enviar um recado de

insatisfação a Davi Alcolumbre. Nos

bastidores, integrantes do grupo

avaliam que ele tem protelado a

instalação da Comissão Mista de

Orçamento (CMO) para tentar

beneficiar os aliados do presidente da

Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Já os partidos de oposição, que também

vêm obstruindo as sessões da Câmara,

ainda não bateram o martelo sobre a

sessão do Congresso. Essas legendas

farão uma reunião para fechar uma

posição. O líder da minoria na Câmara,

José Guimarães (PT-CE), por exemplo,

defende a obstrução apenas se os vetos

presidenciais não forem os primeiros

itens da pauta. “Só aceitamos votar os

PLNs após votarmos os vetos”, disse

Guimarães ao Valor.

https://valor.globo.com/politica/noticia/2

020/11/04/veto-a-desoneracao-deve-ser-

examinado-hoje-pelo-congresso.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Brasil, quarta-feira 04 de novembro de 2020.

Novos prefeitos devem buscar PPPs de energia renovável

Esforços do governo para

incentivar o financiamento de

investimentos privados em

infraestrutura também poderão

dar fôlego às iniciativas

Por Gabriela Ruddy — Do Rio

A baixa nas taxas de juros e as trocas

nas gestões das prefeituras, a partir

do próximo ano, devem incentivar a

busca de parcerias público-privadas

(PPPs) nos segmentos de energia

renovável e eficiência energética. Os

esforços do governo para incentivar o

financiamento de investimentos

privados em infraestrutura também

poderão dar fôlego às iniciativas.

“A despeito da crise, há liquidez no

mundo. Em 2021, muitas prefeituras

devem contratar consultores e

analisar oportunidades. Novos

03

projetos devem ser desenvolvidos no

ano que vem e lançados em 2022”, diz

Guilherme Naves, sócio da

consultoria especializada no

segmento Radar PPP.

Neste ano apenas duas parcerias

público-privadas de energia limpa

foram iniciadas. Semana passada, o

município de Angra dos Reis (RJ)

assinou contrato com Enel X Brasil,

Selt Engenharia e Mobit para

investimentos de R$ 22 milhões na

modernização e gerenciamento do

sistema de iluminação pública por 15

anos. No começo do ano, a prefeitura

de Petrolina (PE) fechou contrato de

26,5 anos por R$ 94,9 milhões com

Enercom, Lira Empreendimentos,

Mobit e UFV Sol para uma usina de

geração fotovoltaica.

A Radar PPP aponta 16 licitações

municipais e estaduais na área de

energia em modelagem, além de

quatro concorrências que devem se

encerrar neste ano. Há ainda cinco

projetos em fase de consulta pública.

O calendário eleitoral costuma

coincidir com a redução dessas

iniciativas. “Anos eleitorais

combinam com a reta final desses

projetos; 2021 é uma oportunidade

para os prefeitos, assim que

assumirem, colocarem de pé projetos

de infraestrutura”, afirma Naves.

Em geral, as prefeituras veem PPPs

como oportunidade para reduzir o

custo da energia paga pelo poder

público e diminuir emissões de

poluentes. “Os projetos dos

municípios pioneiros em renováveis

incentivaram a adoção destas

soluções por outras cidades”, diz a

sócia da consultoria Clean Energy

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Latin America Camila Ramos. Ela

afirma que iniciativas internacionais,

caso do grupo C40 de Grandes

Cidades para Liderança do Clima,

ajudam a ampliar o debate sobre o

tema.

As principais soluções buscadas pelas

prefeituras estão ligadas ao uso de

energia solar e aproveitamento

energético em prédios públicos. A

previsão é que nos próximos anos

também despontem iniciativas de

mobilidade elétrica e melhorias na

iluminação pública, como a

substituição das lâmpadas

fluorescentes pelo LED. “Projetos de

autossuficiência energética de prédios

públicos devem aparecer bastante em

2021”, diz Naves.

O decreto 10.387, que criou

debêntures verdes incentivadas para

investimentos em infraestrutura com

benefícios ambientais e sociais, pode

aumentar a atratividade do setor

privado pelas próximas chamadas.

Além disso, o Projeto de Lei das

Debêntures (PL 2646/2020), em

discussão na Câmara, também tem

potencial para ampliar o interesse

privado pelas parcerias, caso seja

aprovado.

O texto prevê que projetos de

infraestrutura ligados ao

desenvolvimento sustentável possam

excluir da base de cálculo do Imposto

sobre a Renda e da CSLL até 50% da

soma dos juros pagos no exercício. “O

mercado de infraestrutura atrai

bancos, companhias de seguro e

fundos de pensão. São projetos de

longo prazo e que passam por vários

governos, por isso são necessários

incentivos seguros e claros para que

os investidores privados assumam

mais riscos. Há muitos projetos hoje e

04

a lei das debêntures geraria

incentivos importantes”, diz Mauricio

Menezes, sócio do Moreira Menezes,

Martins Advogados.

Apesar do baixo número de contratos

assinados, 2020 ainda é o ano com o

maior volume de novos projetos

lançados desde 2013. Neste ano houve

anúncio de 13 novas iniciativas para

PPPs de energia limpa nos níveis

federal, estadual e municipal, ante

nove em 2019. “Há a consciência mais

consolidada de que governos

precisam se apoiar na iniciativa

privada para realizar investimentos e

tornar o gasto público mais eficiente”,

diz Naves.

https://valor.globo.com/brasil/noticia/2020/

11/04/novos-prefeitos-devem-buscar-ppps-

de-energia-renovavel.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Brasil, quarta-feira 04 de novembro de 2020.

Riscos fiscais desafiam a gestão da dívida mobiliária

Nem o governo nem o Congresso

parecem comprometidos em

tocar as ações que poderiam ter

impacto na administração da

dívida

Os dados da administração da dívida

pública mobiliária mostraram o

tamanho do estrago causado pelas

incertezas do comprometimento do

governo com o ajuste fiscal,

especulações sobre a inflação futura e

pela turbulência no mercado

internacional provocada pela eleição

americana e pelo impacto da segunda

onda da covid-19 nos países

desenvolvidos.

O volume de títulos públicos emitidos

para cobrir os gastos extraordinários

do governo com a pandemia e fazer

frente aos resgates de R$ 74,6 bilhões

foi de R$ 155,3 bilhões em setembro,

o segundo maior da história. Somente

em Letras Financeiras do Tesouro

(LFTs), indexadas à Selic, os resgates

somaram R$ 72,1 bilhões.

O estoque da dívida mobiliária federal

avançou mais 2,6% e atingiu R$ 4,5

trilhões. O volume está dentro da

faixa do Plano Anual de

Financiamento (PAF), que já havia

05

sido ajustado no início da pandemia e

prevê que chegue até R$ 4,9 trilhões.

Mas assustou a estirada forte em

apenas um mês.

Além disso, houve aumento das

operações compromissadas, feitas

com títulos públicos da carteira do

Banco Central (BC), por prazos

curtos, o que reflete a rejeição ao

comprometimento por longos

períodos. Essas operações, que

servem para enxugar a liquidez que

espelha o déficit público, são

contabilizadas na dívida bruta e

totalizavam R$ 932 bilhões em

dezembro. Tiveram um crescimento

recorde entre fevereiro e julho,

chegaram a R$ 1,59 trilhão em agosto,

e atingiram R$ 1,7 trilhão em

setembro.

Outro ponto negativo foi o

encurtamento do prazo da dívida

mobiliária. Dado que os compradores

de títulos começaram a exigir juros

mais elevados para os títulos mais

longos, o Tesouro preferiu oferecer

papéis mais curtos para pagar menos,

e geralmente prefixados como Letras

do Tesouro Nacional (LTNs). Como

resultado, vencem em até 12 meses

mais de um quarto da dívida

mobiliária, ou 26,03%, o maior

percentual desde setembro de 2014,

no governo de Dilma Rousseff. O

vencimento só esteve igualmente tão

curto na crise financeira de 2008. No

início do governo de Jair Bolsonaro

era de 19%. Se for considerada apenas

a dívida mobiliária federal interna, o

percentual de vencimentos em 12

meses chega a 26,7% em comparação

com 22% em agosto. O total da dívida

que vence em mais de cinco anos caiu

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de 20,8% para 17,1% de agosto para

setembro.

Já no início de outubro, diante dos

evidentes sinais de deterioração no

mercado, algumas medidas foram

introduzidas, em ação coordenada

entre o Banco Central e o Tesouro. O

BC reduziu a oferta das operações

compromissadas para tentar

aumentar a demanda pelos leilões do

Tesouro que, do seu lado, passou a

reforçar a oferta de papéis mais

curtos prefixados. Ao longo do mês, a

situação se distendeu ligeiramente,

mas segue a queda de braço entre as

autoridades e o mercado em torno das

taxas de remuneração oferecidas.

A favor do Tesouro conta o fato de os

vencimentos previstos para novembro

e dezembro somarem apenas R$ 14

bilhões, nem 10% do total resgatado

em setembro, como salientaram

representantes do Tesouro na

divulgação dos dados na semana

passada. No entanto, sabe-se que o

principal desafio do Tesouro será no

próximo ano, quando terá que fazer

frente a resgates que, até agora,

superam R$ 650 bilhões nos

primeiros quatro meses. O volume

respeitável se acumulou depois que o

Tesouro teve que reduzir o prazo dos

títulos oferecidos para contornar a

resistência dos investidores em

comprar os papéis mais longos, e

pode crescer ainda mais.

A disputa com o mercado se dá

também no âmbito da comunicação.

O Tesouro garante que entrará em

2021 com o caixa necessário para dar

conta dos vencimentos. O secretário

de Política Econômica do Ministério

da Economia, Adolfo Sachsida, disse

na semana passada que, se for

necessário, o governo voltará a fazer

06

transferências de parte do lucro do

Banco Central para capitalizar o

Tesouro em 2021, como fez

recentemente quando injetou R$ 325

bilhões do lucro das reservas

cambiais. Outra possibilidade

levantada foi nova devolução dos

recursos que o Tesouro colocou em

bancos públicos no passado.

Essas medidas ajudam, mas são

paliativas. Por enquanto, a taxa de

juros em patamar histórico de baixa

evita o agravamento da situação. O

problema é que nem o governo nem o

Congresso parecem comprometidos

em tocar as ações que poderiam ter

impacto na administração da dívida

mobiliária, que envolvem a questão

fiscal, ou seja, a reforma fiscal e a

administrativa, além da solução para

o programa Renda Cidadã.

https://valor.globo.com/opiniao/noti

cia/2020/11/04/riscos-fiscais-

desafiam-a-gestao-da-divida-

mobiliaria.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Brasil, quarta-feira 04 de novembro de 2020.

CVM condena quatro ex-diretores da Petrobras

Paulo Roberto Costa e Renato

Duque foram condenados a

ficarem quinze anos sem

assumir cargos de

administrador ou conselheiro

fiscal de companhias abertas

Por André Ramalho — Do Rio

A Comissão de Valores Mobiliários

(CVM) condenou ontem os ex-

diretores da Petrobras Paulo Roberto

Costa e Renato Duque a ficarem

quinze anos sem assumir cargos de

administrador ou conselheiro fiscal

de companhias abertas. A autarquia

concluiu o julgamento de ex-

administradores da empresa por

suposta violação do dever de

diligência nas decisões de

investimento nas refinarias Abreu e

Lima (PE) e Comperj (RJ) nos

governos dos ex-presidentes Luiz

Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

E decidiu absolver todos os demais

acusados por falta de diligência,

incluindo Dilma Rousseff e os ex-

ministros Guido Mantega e Antônio

Palocci, que atuaram como membros

do conselho da estatal.

Duque e Costa foram condenados não

por falta de diligência, mas por terem

07

violado o “dever de lealdade” - ou

seja, por terem votado a favor da

construção das refinarias em troca de

vantagens indevidas. Ex-diretor de

abastecimento, Costa foi punido

ainda com multas no valor total de R$

1 milhão, mais R$ 150 mil por um

terceiro processo que apurou a

responsabilidade de administradores

da estatal pelo descumprimento de

normas contábeis na elaboração dos

balanços de 2010 a 2014.

Nesse processo, além de Costa, o ex-

presidente da petroleira José Sérgio

Gabrielli e o ex-diretor financeiro

Almir Barbassa foram multados em

R$ 150 mil cada por infração a artigos

da Lei das S.A. e à Instrução CVM

480. A autarquia contesta o fato de a

petroleira não ter feito a redução ao

valor recuperável de ativos

(“impairment”) da Abreu e Lima

(rebatizada como Rnest), após a saída

da venezuelana PDVSA do projeto.

Cabe recurso ao Conselho de

Recursos do Sistema Financeiro

Nacional (CRSFN).

Hoje, a expectativa é que a CVM

retome outros dois julgamentos

pendentes e conclua se houve ou não

conduta irregular dos auditores

independentes (PWC e KPMG) nas

demonstrações financeiras de 2010 a

2014 da Petrobras. Não há executivos

da estatal nos casos.

Rnest e Comperj são dois símbolos

dos esquemas de corrupção revelados

na Lava-Jato. No voto do relator

Henrique Machado, da CVM, ele cita

que, na passagem da fase de

planejamento para a fase de execução

da refinaria pernambucana, em 2009,

a empresa reviu a previsão de custo

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do empreendimento de US$ 4,1

bilhões para US$ 13,3 bilhões.

Machado votou a favor da condenação

de 17 ex-diretores e ex-conselheiros,

em multas que somam R$ 10,5

milhões, por falta de diligência na

deliberação sobre o avanço da Rnest.

Os demais diretores da CVM, Gustavo

Gonzalez e Flávia Perlingeiro votaram

pela absolvição dos acusados. No caso

da pauta sobre as obras do Comperj,

foram absolvidos os 22 ex-

conselheiros acusados. As

condenações dos ex-diretores

Barbassa, Guilherme Estrella,

Gabrielli, Nestor Ceveró, Duque e

Maria das Graças Foster, sugeridas

pelo relator, não foram acatadas.

O presidente da Petrobras, Roberto

Castello Branco, costuma se referir ao

Comperj e à Rnest como “cemitérios

da corrupção”. Os desvios nas obras

da refinaria do Rio, por exemplo,

foram a base da primeira condenação

do ex-governador Sérgio Cabral,

preso por recebimento de propina de

R$ 2,7 milhões da Andrade Gutierrez.

O tamanho do desperdício de

dinheiro na construção das duas

refinarias é superlativo: o Comperj,

por exemplo, foi abandonado em 2015

com mais de 80% das obras

executadas e já tendo absorvido

investimentos de mais de US$ 13

bilhões. Dinheiro irrecuperável.

Desde 2014, a Petrobras já

contabilizou “impairments” de R$ 45

bilhões devido às perspectivas de

perdas com os projetos.

Depois de concluir que o Comperj não

é economicamente viável, a Petrobras

pôs uma pá de cal naquele que era,

originalmente, um projeto de um

complexo petroquímico, mas que, ao

08

fim, será algo bem diferente de tudo o

que se planejou na era da bonança:

um polo de gás natural, rebatizado de

GasLub. Já a Rnest está à venda.

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Valor Econômico

Caderno: Empresas, quarta-feira 04 de novembro de 2020.

Diretor da Aneel vai ao Cade e MPF contra decisão da agência

Sandoval de Araújo Feitosa foi

contra acordo firmado com a

ISA Cteep

Por Murillo Camarotto — De

Brasília

Um diretor da Agência Nacional de

Energia Elétrica (Aneel) decidiu

apelar ao Ministério Público Federal

(MPF) e ao Conselho Administrativo

de Defesa Econômica (Cade) contra

uma decisão da autarquia da qual ele

discordou e foi voto vencido.

Sandoval de Araújo Feitosa, que está

na Aneel desde 2018, se posicionou

contrariamente a um acordo firmado

na semana passada entre a agência

reguladora e a ISA Cteep, uma das

principais transmissoras de energia

do país.

Pelo acordo, aprovado pela diretoria

colegiada da Aneel no dia 26, a

empresa aceitou reduzir em 13% a

Receita Anual Permitida (RAP) para a

concessionária Interligação Elétrica

Tibagi, que vai atender os Estados de

São Paulo e do Paraná.

Após vencer, em 2017, o leilão para a

construção de uma linha de

transmissão no interior paulista, a

09

Tibagi decidiu mudar a localização de

uma subestação, estratégia que

possibilitou uma redução importante

nos custos totais do projeto.

Ocorre que a mudança de localização

- justificada por limitações técnicas

relacionadas à proposta original - não

estava prevista no edital da licitação,

ou seja, as outras empresas que

participaram do certame não tiveram

chance de concorrer nas mesmas

condições.

A proposta vencedora representou

deságio de 32,2% em relação ao teto

proposto no edital. A segunda melhor

proposta ofereceu diferença bem

menor, de pouco mais de 5% abaixo.

Um processo administrativo foi

aberto e, após várias idas e vindas e

pedidos de vista, a diretoria da Aneel

aprovou, por maioria, a celebração do

acordo. A concessionária aceitou

reduzir a RAP de R$ 18,3 milhões

para R$ 15,9 milhões, além de uma

penalidade de pouco mais de R$ 6,7

milhões, que será paga em meados do

ano que vem.

Relatora do processo, a diretora Elisa

Barros chegou a considerar a

possibilidade de envio dos autos ao

Cade e ao Ministério Público, mas em

seguida entendeu que o acordo seria a

melhor saída. Em linha, o diretor-

geral, André Pepitone entendeu que

cancelar o leilão seria a forma mais

custosa tanto em aspectos temporais

quanto financeiros, traria insegurança

jurídica e não resolveria o problema.

Em nota, a Aneel informou que

decidiu “não encaminhar questão já

superada para o Cade e MPF, diante

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da adoção no âmbito regulatório de

instrumentos consensuais saneadores

dos descumprimentos das regras

editalícias e contratuais”.

Feitosa decidiu apelar ao Cade e ao

MPF. Em ofícios encaminhados ao

procurador-geral da República,

Augusto Aras, e ao presidente do

Cade, Alexandre Barreto, o diretor da

agência fala em infração à ordem

econômica e até em crime.

Nos documentos, Feitosa lembra que

a Lei de Licitações tipifica como crime

“o ato de frustrar o caráter

competitivo do procedimento

licitatório, a fim de obter vantagem

decorrente da adjudicação do objeto

da licitação”. Em nota, ele negou que

esteja questionando decisões técnicas

da agência, mas reiterou o

entendimento de que as questões

merecem tratamento por parte do

Cade e do MP.

https://valor.globo.com/empresas/notici

a/2020/11/04/diretor-da-aneel-vai-ao-

cade-e-mpf-contra-decisao-da-

agencia.ghtml

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10

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Valor Econômico

Caderno: Empresas, quarta-feira 04 de novembro de 2020.

Movimento falimentar

Processos de Falência Extintos

Requerido: Fortesplastic Indústria de

Embalagens Plásticas Ltda. - CNPJ:

11.421.801/0001-47 - Endereço: Rua

Domiciano Leite de Assis, 143,

Distrito Industrial - Requerente:

Polirex Comércio de Resinas Plásticas

Ltda. - Vara/Comarca: 1a Vara de

Jardinópolis/SP - Observação:

Desistência homologada.

Requerido: Metalúrgica W. A.

Indústria e Comércio Ltda. - CNPJ:

43.607.886/0001-49 - Endereço:

Rodovia Mario Batista, 4351, Bairro

Rio Das Pedras - Requerente:

Garantia Securitizadora S/A -

Vara/Comarca: 2a Vara de Tatuí/SP -

Observação: Desistência homologada.

Requerido: Ricar Lube Comércio de

Peças Eireli ME - CNPJ:

24.637.957/0001-01 - Endereço: Av.

Dr. Peixoto de Castro, 1060, Bairro

Cruz - Requerente: Garantia Banco

Fundo de Investimento em Direitos

Creditórios Multissetorial -

Vara/Comarca: 1a Vara de Lorena/SP

- Observação: Homologado acordo

celebrado entre as partes.

11

Reformas de Sentença de

Falência

Empresa: Fortesplastic Indústria de

Embalagens Plásticas Ltda. - CNPJ:

11.421.801/0001-47 - Endereço: Rua

Domiciano Leite de Assis, 143,

Distrito Industrial - Requerente:

Polirex Comércio de Resinas Plásticas

Ltda. - Vara/Comarca: 1a Vara de

Jardinópolis/SP - Observação:

Revogado o despacho de quebra da

requerida.

Recuperação Judicial Requerida

Empresa: Comercial de Alimentos

Merck Eireli - CNPJ:

17.746.737/0001-50 - Endereço: Rua

Vigário Godói, 140, Vila Zatt -

Vara/Comarca: 2a Vara de Falências e

Recuperações Judiciais de São

Paulo/SP

Empresa: P&r Alimentos do Brasil

Ltda., Nome Fantasia Produtos da

Mamãe - CNPJ: 19.348.187/0001-47 -

Endereço: Q Csg 10, Lote 03, Galpões

01 e 02, S/nº, Taguatinga -

Vara/Comarca: Vara de Falências e

Recuperações Judiciais do Distrito

Federal, Brasília/DF

Recuperação Judicial Deferida

Empresa: Optitex Indústria e

Comércio de Estojos e Brindes Eireli -

CNPJ: 51.747.038/0001-63 -

Endereço: Rua Shinzaburo Mizutani,

397, Bairro Jardim Marabá Ou Rua

Forte Dos Franceses, 70, Parque

Industrial São Lourenço -

Administrador Judicial: Gatekeeper

Consultoria Empresarial Ltda.,

Representada Pelo Dr. Rodrigo Cahu

Beltrão - Vara/Comarca: 1a Vara de

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Falências e Recuperações Judiciais de

São Paulo/SP

https://valor.globo.com/empresas/notici

a/2020/11/04/551e583d-movimento-

falimentar.ghtml

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Page 16: Clipping SCA...2020/11/04  · Data de Criação: 04/11/2020 Criado por: Biblioteca Clipping SCA Os artigos reproduzidos neste clipping de notícias são, tanto no conteúdo quanto

Valor Econômico

Caderno: Empresas, quarta-feira 04 de novembro de 2020.

TVZ diverge da Multiplan e obtém liminar sobre aluguel

Advogados afirmam que varejo

de moda fatura hoje 35% do

verificado antes da pandemia

Por Adriana Mattos — De São

Paulo

Advogados da TVZ dizem que lojas de

shoppings faturam hoje cerca de 35%

do total registrado antes da pandemia

— Foto: Divulgação

A rede de moda feminina TVZ, da

família Zolko, obteve uma liminar na

Justiça do Rio de Janeiro para

depositar em juízo o pagamento do

aluguel da unidade do Barra

Shopping, empreendimento

controlado pela Multiplan. Pela

medida cautelar concedida, a TVZ

pagará um percentual do faturamento

mensal, e não um valor mínimo fixo

(definido em contrato) para os

13

vencimentos relativos ao período de

setembro a fevereiro de 2021.

Nos contratos de locação entre

lojistas e shoppings, pode ocorrer o

pagamento de um valor mínimo ou do

percentual das vendas mensais, sendo

que prevalece aquele que for maior.

Neste caso, trata-se de tutela de

urgência concedida à GMZ

Confecções, dona da TVZ, mas não há

julgamento do mérito, apenas o

depósito em juízo. Na internet, a TVZ

informa que há 50 lojas da marca no

país.

A liminar foi concedida semana

passada pela juíza Bianca Machado

Nigri, do Tribunal Regional da Barra

da Tijuca. A Multiplan informou

ontem que vai recorrer.

Advogados da TVZ alegam que as

varejistas de moda faturam hoje cerca

de 35% do verificado antes do início

da pandemia. Na semana passada, a

Multiplan publicou resultados

informando que as vendas no Barra

Shopping em setembro estavam em

um patamar de 89,7% do registrado

um ano antes, e na média para todos

os seus shoppings, a taxa estava em

75%.

Há algumas semanas têm surgido

divergências entre os números

divulgados por lojas satélites de moda

e pelos shoppings e suas respectivas

associações setoriais.

Empreendimentos relatam retomada

nas vendas, mas lojistas de vestuário

e calçados afirmam que o ritmo ainda

está muito lento.

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Em comunicado ontem, a Multiplan

afirmou que “mantém medidas de

apoio aos lojistas, com reduções e

isenções desde os primeiros sinais da

pandemia” e que durante o período

em que permaneceu fechado, “o

shopping isentou os lojistas da

totalidade do aluguel mínimo e do

fundo de promoção, e de 50% dos

encargos comuns”.

O grupo observou que segue

comprometido com a recuperação das

atividades dos lojistas e que cumpre

suas obrigações contratuais e respeita

decisões judiciais.

Segundo a juíza do caso, “é bem

verdade que com o advento da

pandemia, fato este extraordinário e

imprevisível, verifica-se a necessidade

de revisão das relações comerciais e

contratuais, tendo em vista o

desequilíbrio financeiro que atingiu,

obviamente, ambas as partes

contratantes, o que já é objeto das

demandas ajuizadas”, escreveu nos

autos. “Em razão disso e pelo mesmo

motivo, não há razão para

indeferimento do pedido”.

A varejista de moda pediu que a

cobrança referente a setembro

correspondesse a 7% do faturamento,

perfazendo cerca de R$ 8,1 mil, nos

termos do contrato de locação,

acrescido do condomínio de cerca de

R$ 9,8 mil, totalizando R$ 17,9 mil. A

data de pagamento solicitada é 27 de

outubro.

A TVZ pede a não aplicação da multa

e correção monetária definida pelo

shopping por conta da prorrogação do

vencimento do boleto, bem como a

aplicação deste parâmetro (7% sobre

o faturamento) até o aluguel de

competência de fevereiro. Nesse

14

período, a rede de moda prevê que

ainda sofrerá os reflexos da

pandemia. A liminar concedida

autoriza o pagamento nas condições

pedidas e impede a cobrança de

multas.

A unidade localizada no Barra

Shopping é uma loja própria dos

sócios da TVZ, e opera no local desde

2009 - a rede existe há quase 30 anos.

Atualmente, após reajustes, o aluguel

mínimo corresponde a R$ 46,7 mil e,

somado ao IPTU, condomínio, fundo

de promoção e demais encargos,

supera os R$ 70 mil, segundo os

autos.

Nos autos, a Multiplan solicitou a

impugnação do pedido sob alegação

de que há ação anteriormente

ajuizada, “ocorrendo a identidade de

demandas”.

A juíza, porém, diverge da Multiplan e

afirma que “conforme se constata, o

pedido é diverso do mencionado pela

ré, eis que se trata de autorização

para depósito em juízo de valor que

entende devido, restando as demais

questões para serem analisadas em

outras demandas”, afirma.

Paralelamente, continua na Justiça,

desde 2019, a ação revisional com

renovatória de aluguel entre as

partes.

O aluguel da loja com vencimento em

outubro, por conta da limitação de

funcionamento, já sofreu desconto de

30%, diz a TVZ.

Há alguns meses, lojistas têm buscado

negociar o pagamento do aluguel

percentual, porque o valor mínimo

estaria correspondendo a um

montante considerável das vendas,

dizem eles. Os shoppings têm

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alegado, porém, que já negociaram

descontos altos e isenções nas

cobranças no início da pandemia, o

que impediu uma judicialização do

tema na época.

Em São Paulo e no Rio,

empreendimentos ouvidos

pelo Valor ainda afirmam que é

válido o definido em contrato de

locação, e que o momento atual não é

considerado de calamidade pública -

não justificando, portanto, uma

análise dos termos dos contratos.

Por meio de advogados, a TVZ afirma

que não há crescimento da economia

neste momento, mas uma lenta

retomada. “As empresas de varejo que

atuam em shopping centers faturam

hoje cerca de 35% do que faturavam

antes do início da pandemia”, disse

Kleber Bissolatti, do escritório

Bissolatti Advogados, que representa

a TVZ e outras empresas de varejo.

https://valor.globo.com/empresas/notici

a/2020/11/04/tvz-diverge-da-multiplan-

e-obtem-liminar-sobre-aluguel.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Finanças, quarta-feira 04 de novembro de 2020.

Pesquisa mostra 570 reclamações

Foram analisadas 33 instituições

financeiras entre 5 de outubro

até o dia último dia 29

Por Fernanda Bompan — De São

Paulo

Levantamento do site ReclameAqui

registrou 570 questionamentos de

pessoas físicas relacionadas ao

cadastramento das chaves no Pix, o

novo sistema de pagamentos

instantâneos que entrará em vigor no

dia 16 deste mês. Foram analisadas 33

instituições financeiras entre 5 de

outubro até o dia último dia 29.

O principal questionamento se refere

a erro no cadastramento, com 182

menções, seguido por cadastro

indevido, com 135. Em terceiro,

aparecem queixas relativas a

cancelamento (114) e, na quarta

posição, a portabilidade da chave

(31).

Quem lidera o ranking é o Mercado

Pago, com 225 questionamentos,

seguido por C6 Bank, com 43. Entre

as grandes instituições, o Bradesco

conta com 40 queixas, seguido por

Nubank (34), Santander (27) e Itaú

(21).

16

O CEO do ReclameAqui, Eduardo

Neves, afirmou que o total de

reclamações é considerado pequeno, o

que demonstra o baixo interesse da

população pelo Pix.

Na avaliação dele, a explicação é que

faltam mais explicações,

principalmente do Banco Central,

sobre o uso, regras e vantagens desse

novo sistema. Neves entende que os

motivos das reclamações sinalizam

que houve “muita pressa” das

instituições em estimular o

cadastramento dessas chaves para

manter o cliente com contas ativas,

levando o cliente pessoa física ao erro

no processo, ou até autorizando sem

saber o que estava fazendo.

Ele lembrou que também houve erro

por parte das instituições, como o

sistema não estava funcionando e

cadastro indevido, conforme

noticiado pelo Valor.

Procurado, o Mercado Pago informou

que, no Reclame Aqui, 100% das

solicitações vêm sendo atendidas e

mais de 80% do total registrado já foi

respondido.

Em nota, o C6 Bank negou que houve

cadastro não solicitado de chave e

ressaltou que o cliente pode pedir o

cadastramento e o descadastramento

das chaves diretamente no app. “O

serviço está funcionando

normalmente.”

O Bradesco esclareceu que não houve

relatos de dificuldades dos usuários,

mas que eventuais problemas serão

resolvidos com orientações. O

Nubank reafirmou que todas as

chaves foram cadastradas com a

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devida autorização dos clientes, e

informou que não comenta

publicamente casos específicos.

Também em nota, o Itaú afirmou que

tem o compromisso com a ética e a

satisfação dos clientes, e todas as

reclamações recebidas são tratadas

com o objetivo de melhoria contínua

dos produtos, serviços e atendimento.

https://valor.globo.com/financas/noticia

/2020/11/04/pesquisa-mostra-570-

reclamacoes.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Legislação e Tributos, quarta-feira 04 de novembro de 2020.

Justiça e Carf negam créditos de PIS e Cofins sobre representação comercial

Decisões são desfavoráves

mesmo após julgamento do STJ

sobre insumos

Por Adriana Aguiar — De São

Paulo

Advogado Pedro Moreira: um dos

poucos precedentes favoráveis levou

em conta a essencialidade da

atividade — Foto: Ana Paula

Paiva/Valor

Contribuintes estão perdendo a

disputa que trata da obtenção de

créditos de PIS e Cofins sobre

despesas com serviço de

representação comercial. Há decisões

desfavoráveis tanto no Conselho

18

Administrativo de Recursos Fiscais

(Carf) quanto no Judiciário - mesmo

após decisão do Superior Tribunal de

Justiça (STJ), de 2018, que ampliou o

conceito de insumos.

Por meio desses representantes, a

indústria consegue divulgar seus

produtos para o comprador. O valor

pago para a prestação desses serviços

é significativo, principalmente para os

setores de alimentos, higiene,

medicamentos e confecções.

O embate, já antigo, tinha reanimado

empresas a entrar na Justiça após

julgamento, em recurso repetitivo, do

STJ (REsp 12 21170). Porém, decisões

recentes de ministros, ao mencionar o

precedente, têm sido contrárias aos

créditos para gastos com

representação comercial.

As empresas alegam nos processos

que a representação comercial é uma

atividade essencial para promover as

vendas e, por isso, deveria ser

considerada como insumo para

obtenção de créditos de PIS e Cofins.

As contribuições sociais incidem em

9,25%.

Para a Receita Federal, porém, os

valores pagos pelas indústrias a título

de comissão sobre vendas não geram

créditos de PIS e Cofins. O

entendimento foi reafirmado na

Solução de Consulta Cosit nº 31, de

março. O texto também menciona o

julgamento do STJ de 2018 e afirma

que não seria o caso de conceder os

créditos por não considerar o serviço

como essencial à produção.

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Ao analisar o recurso de uma

indústria química e farmacêutica, o

ministro Gurgel de Faria decidiu, no

dia 2 de setembro, manteve

entendimento do Tribunal Regional

Federal (TRF) da 5ª Região, com sede

em Recife - que negou os créditos de

PIS e Cofins para os serviços

prestados de representação comercial.

A decisão, segundo ele, não está em

dissonância com o que definiu o STJ

em 2018, uma vez que não ficou

comprovada a sua essencialidade

(REsp 1864682). Neste mesmo

sentido, decidiu o ministro Sérgio

Kukina, em processo que envolve uma

indústria de papel, em decisão

publicada em outubro de 2019 (REsp

1834379).

Apesar do cenário, o advogado Fabio

Calcini, do escritório Brasil, Salomão

e Matthes Advocacia, acredita que

pode haver uma reviravolta no

Supremo Tribunal Federal (STF), que

deverá dar a última palavra sobre o

assunto, no processo, em repercussão

geral, que envolve a Unilever (RE

841.979).

Um dos pontos que será tratado é o

direito aos créditos de PIS e Cofins

sobre despesas com comissões. O

julgamento ainda não foi iniciado. O

relator é o ministro Dias Toffoli.

Calcini deve representar a Associação

Brasileira Produtores de Soluções

Parenterais (Abrasp) no caso que

deve atuar como amicus curiae (parte

interessada) no processo. Para o

advogado, a atividade dos

representantes comerciais deve ser

considerada serviço essencial para as

empresas porque a venda e o

faturamento das companhias estão

atrelados a esse desempenho.

19

“Esses representantes têm

significativa parcela de

responsabilidade na realização das

vendas e comercialização dos bens,

que geram a base de cálculo para o

PIS e a Cofins, que é a receita bruta”,

diz. Ele acrescenta que, apesar de não

ser uma atividade atrelada à

industrialização, é essencial para as

empresas. “Existem empresas com

80% da sua comercialização feita por

representantes comerciais.”

Nos Tribunais Regionais Federais

(TRFs), os julgamentos recentes

também têm sido desfavoráveis às

companhias. Há decisões na 1ª Região

(processo nº 2007.40.00. 005582-9),

com sede em Brasília, e na 3ª Região

(processo nº 5006485-

08.2020.4.03.0000), com sede em

São Paulo, além da 5ª Região. O

mesmo tem ocorrido no Carf

(processo nº 16327.000635/2009-

19).

Há apenas uma sentença favorável

recente, que se tem notícia, na 4ª

Vara de Ribeirão Preto, interior de

São Paulo. Beneficia uma empresa

que fabrica balões de festa e

brinquedos (mandado de segurança

nº 5003978-38.2019.4.03.6102).

Na decisão, o juiz Augusto Martinez

Perez afirma que “há que se entender

a atividade de representante

comercial como inserida no conceito

de insumo quando for vital para que a

empresa possa atingir seu mercado

consumidor, sem a qual não haveria

sequer produção. Afinal, esta

(produção) visa o mercado

consumidor”. E acrescenta: “A

atividade de representante comercial,

quando indispensável para a

atividade da empresa, há que ser

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considerada insumo e essa conclusão

não afronta a decisão do STJ.”

O advogado que assessora a empresa,

Pedro Moreira, do CM Advogados,

afirma esperar que a sentença sirva

de precedente para outros casos, ao

aplicar de forma mais ampla e

acertada o conceito de insumos. “No

nosso caso conseguimos comprovar

que a atividade do representante

comercial é imprescindível”, diz.

Em nota, a Procuradoria-Geral da

Fazenda Nacional (PGFN) informa

que as decisões dos TRFs estão

atreladas à aplicação do conceito de

insumos definido no REsp 1221

170/PR pelo STJ. E destaca no

julgamento do STF (RE 841979/PE),

pelo qual se debate a

constitucionalidade do parágrafo 12

do artigo 195 da Constitucional

Federal (Tema 756 de repercussão

geral), “apesar de se tratar de um

amplo debate sobre a sistemática não

cumulativa do PIS/Cofins, acredita-se

que não impactará no conceito em si

de insumos definido pelo STJ, o qual

decorreu do exame do critério legal”.

https://valor.globo.com/legislacao/notici

a/2020/11/04/justica-e-carf-negam-

creditos-de-pis-e-cofins-sobre-

representacao-comercial.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Legislação e Tributos, quarta-feira 04 de novembro de 2020.

STF vai reiniciar julgamento sobre taxa de exploração de minérios

Tema estava no Plenário Virtual,

com maioria formada contra o

contribuinte

Por Beatriz Olivon — De Brasília

Ministro Luiz Fux: pedido para retirar

tema do Plenário Virtual do STF — Foto:

Divulgação

O Supremo Tribunal Federal (STF)

vai reiniciar o julgamento sobre

cobrança de taxa de exploração de

minérios. O tema estava no Plenário

Virtual, com maioria formada contra

o contribuinte. Porém, a pedido do

ministro Luiz Fux, passará a ser

analisado presencialmente. Não há

previsão de quando a questão será

julgada.

A ação (ADI 4785) foi proposta pela

Confederação Nacional da Indústria

21

(CNI) contra a Lei nº 19.976, de 2011,

editada pelo governo de Minas Gerais.

A norma instituiu a Taxa de Controle,

Monitoramento e Fiscalização das

Atividades de Pesquisa, Lavra,

Exploração e Aproveitamento de

Recursos Minerários (TFRM).

Para a CNI, trata-se de um “imposto

mascarado de taxa”. Ainda segundo a

confederação, os Estados não têm

competência para legislar sobre

recursos minerários, sobre os quais

não possuem titularidade, assim

como não têm poder de polícia capaz

de autorizar a criação de taxa de

fiscalização dessa atividade.

Existem pelo menos mais duas ações

do tipo contra leis semelhantes,

editadas pelos Estados do Pará e

Amapá. Mas elas não foram pautadas.

De forma geral, nos três Estados, o

que gera a cobrança da taxa é o

“poder de polícia”, exercido no

momento da venda ou da

transferência entre estabelecimentos

pertencentes ao titular do minério

extraído.

Originalmente, a lei de Minas Gerais

previa isenção da taxa aos recursos

minerais destinados à

industrialização. Mas norma posterior

alterou este ponto e, no Supremo, os

ministros afastaram esse aspecto do

julgamento.

A Assembleia Legislativa do Estado de

Minas Gerais alega na ação que a

fiscalização da atividade mineradora

exige investimentos. Além disso,

afirma que não há confisco e que a

tributação questionada não

representa sequer 1% da receita bruta

ou 2,5% do lucro do setor.

Page 25: Clipping SCA...2020/11/04  · Data de Criação: 04/11/2020 Criado por: Biblioteca Clipping SCA Os artigos reproduzidos neste clipping de notícias são, tanto no conteúdo quanto

“A maior mineradora do país paga

2,3% de sua receita a título de

tributos aos brasileiros e apresenta

uma lucratividade de 37,9% de seu

faturamento bruto”, diz a assembleia

na ação.

O relator, ministro Edson Fachin,

votou para negar o pedido da CNI -

sem julgar a parte sobre a isenção. Foi

seguido pelos ministros Cármen

Lúcia, Alexandre de Moraes, Ricardo

Lewandowski, Dias Toffoli e Celso de

Mello, que se aposentou e, portanto,

não vai participar do novo

julgamento.

Para o relator, em atuação

subsidiária, é possível ao ente

federativo estadual desempenhar

atividade administrativa, remunerada

mediante taxa. A taxa cobrada por

Minas Gerais, acrescenta em seu voto,

não é desproporcional e, por isso,

seria legítima.

O ministro Marco Aurélio abriu a

divergência, seguido pelos ministros

Luís Roberto Barroso e Gilmar

Mendes. Para Marco Aurélio, o

Estado usurpou da competência da

União ao legislar. “A busca incessante

por receita tem levado a distorções”,

afirma em seu voto. Faltavam as

manifestações da ministra Rosa

Weber e do ministro Luiz Fux, que

pediu o destaque, levando o caso ao

Plenário.

Para o advogado Paulo Honório de

Castro Júnior, do escritório William

Freire Advogados Associados, que

apresentou pareceres no processo,

desde que a taxa foi criada, em 2011,

as empresas têm obtido liminares

contra o recolhimento. Ele lembra

que existe um precedente do STF

sobre o tema, de 2019. Na ocasião, o

22

Plenário desautorizou a cobrança de

taxa de fiscalização de recursos

hídricos no Amapá (ADI 6211).

Prevaleceu o voto do ministro Marco

Aurélio.

https://valor.globo.com/legislacao/noticia/2

020/11/04/stf-vai-reiniciar-julgamento-

sobre-taxa-de-exploracao-de-minerios.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Legislação e Tributos, quarta-feira 04 de novembro de 2020.

Margem de Valor Agregado do ICMS/ST

Os Estados-membros continuam a

aumentar indistintamente os

percentuais de MVA por meio de

decretos estaduais e com efeitos

imediatos

Por Alysson Amorim Yamasaki

A Margem de Valor Agregado (MVA),

prevista na Lei Complementar nº

87/1996 (Lei Kandir), é empregada em

operações interestaduais sujeitas à

substituição tributária no Imposto

sobre Circulação de Mercadorias e

Serviços (ICMS/ST), consistindo em

percentuais aplicados em negócios

mercantis envolvendo a saída de

produtos de estabelecimentos

indústrias ou importadores,

relativamente às operações ou

prestações subsequentes.

Cabe ressaltar que o ICMS/ST foi

instituído sob o argumento de

simplificação da fiscalização de alguns

contribuintes, como os industriais e

importadores, em detrimento aos

demais contribuintes da cadeia

econômica.

Os Estados continuam a aumentar

os percentuais de MVA por meio

de decretos estaduais e com

efeitos imediatos

23

No entanto, assim como demonstrado

quando do julgamento pelo Excelso

Supremo Tribunal Federal (STF) do RE

593.849 (ADIs 2.777 e 2.675), com

repercussão geral, cada vez mais

cristalino que tal sistemática é ineficaz,

complexa e afronta ao princípio da

segurança jurídica.

Esse princípio não pode ser observado

em razão da incerteza e provisoriedade

da cobrança de ICMS/ST quando diante

de base presumida maior do que a

própria operação consolidada, gerando

onerosidade ao comerciante e

acréscimo de preço ao produto vendido

ao consumidor final.

E para agravar, ainda foi criada a MVA,

cujos critérios para sua aplicação foram

expressamente consignados com base

em ampla discussão no âmbito do

Projeto de Lei Complementar nº

190/2012, sendo a justificativa

consubstanciada na falta de

transparência, vigência imediata e uso

indistinto de sua progressividade pelos

Estados-membros.

De modo concreto, foi acrescentada a

seguinte redação à Lei Kandir: A

margem a que se refere a alínea c do

inciso II do caput será estabelecida com

base em preços usualmente praticados

no mercado considerado, obtidos por

levantamento, ainda que por

amostragem ou através de informações

e outros elementos fornecidos por

entidades representativas dos

respectivos setores, adotando-se a

média ponderada dos preços coletados,

devendo os critérios para sua fixação

ser previstos em lei.

Page 27: Clipping SCA...2020/11/04  · Data de Criação: 04/11/2020 Criado por: Biblioteca Clipping SCA Os artigos reproduzidos neste clipping de notícias são, tanto no conteúdo quanto

Contudo, o fato é que os Estados-

membros continuam a aumentar

indistintamente os percentuais de MVA

por meio de decretos estaduais e com

efeitos imediatos. Esse modo de operar

é facilmente vislumbrado quando da

análise apurada dos Regulamentos de

ICMS dos Estados-membros e decretos

estaduais.

No Estado do Paraná a MVA foi

majorada pelo Decreto Estadual nº

804/2015, com previsão expressa de

produção de efeitos no mês posterior ao

da publicação em 20 de março de 2015.

No tocante ao Estado de Santa Catarina

também houve a majoração indistinta e

com efeitos imediatos de seu percentual

sobre autopeças relacionadas ao setor

automotivo do Protocolo de ICMS nº

97/2010, conforme os seguintes dados:

(i) 69,21% (sessenta e nove inteiros

cento e vinte e um décimos por cento)

no período de 01/09/2012 a

31/03/2015 - conforme previsão

Decreto nº 1077/2012; e, um aumento

significativo de (ii) 82,13% (oitenta e

dois inteiros cento e treze décimos por

cento) no período de 01/04/2015 a

30/04/2015 - nos termos do Decreto nº

43/2015.

Nesse contexto, note-se que os Estados-

membros acrescentam indiretamente a

base de cálculo do ICMS por meio do

aumento do percentual da MVA,

utilizando-se do instrumento normativo

equivocado e ainda com efeito surpresa.

Da mesma forma, deixam de justificar

os critérios para as respectivas

majorações nos termos da Lei Kandir. E

isso fica muito cristalino, por exemplo,

da simples análise dos percentuais

discrepantes de aumento de MVA no

Estado de Santa Catarina entre 2012 e

2015.

24

Em outras palavras, quando diante de

aumento de seu percentual por meio de

decreto, sem justificativas e com efeitos

imediatos, dois princípios basilares são

afrontados, especificamente os

princípios da legalidade e da

anterioridade.

Sob tais premissas, os contribuintes

podem ou devem defender-se de autos

de infração lavrados em razão de

diferencial de ICMS/ST, por meio de

defesa administrativa, sendo que,

existindo a manutenção do lançamento

tributário, pode ser ajuizado mandado

de segurança em face do lançamento

tributário, com previsão no artigo 5º,

inciso LXIX, da Carta Magna e artigo 1º

da Lei nº 12.016/2009.

No âmbito do Poder Judiciário, os

contribuintes podem buscar amparo

judicial para minoração da base de

cálculo desse tributo em suas

operações, isso também pela opção do

mandado de segurança, destacando-se

que a documentação comprobatória

pode ser apresentada de plano pelos

registros e planilhas contábeis, com a

demonstração ilegal da progressividade

da MVA - sendo a matéria ventilada de

direito, pois eventuais créditos deverão

ser objeto de restituição/compensação e

apuração perante a esfera

administrativa.

Consigne-se os seguintes julgados

favoráveis aos contribuintes: (i) agravo

de instrumento nº 10145130414132001,

Egrégio Tribunal de Justiça de Minas

Gerais; bem como (ii) o mandado de

segurança nº 1399079-5, objeto de

apreciação pela 1ª Câmara Cível em

Composição Integral do Egrégio

Tribunal de Justiça do Paraná.

Page 28: Clipping SCA...2020/11/04  · Data de Criação: 04/11/2020 Criado por: Biblioteca Clipping SCA Os artigos reproduzidos neste clipping de notícias são, tanto no conteúdo quanto

Em conclusão ao aduzido, a sistemática

utilizada pelos Estados-membros em

relação à majoração do percentual da

MVA, com o cristalino desrespeito aos

princípios da legalidade e

anterioridade, traz como consequência

insegurança jurídica e complexidade

tributária aos contribuintes sujeitos ao

ICMS/ST, devendo esse modo de

operar ser extinto ou revisto e adequado

aos termos da Lei Complementar nº

87/1996.

Alysson Amorim Yamasaki é

advogado tributarista e diretor

jurídico da Câmara do Comércio e

Indústria Brasil Japão do Paraná,

especialista em Direito e Processo

Tributário pelo IBET, atualmente

cursando MBA em Gestão Fiscal

pela Universidade de São Paulo

(USP)

Este artigo reflete as opiniões do

autor, e não do jornal Valor

Econômico. O jornal não se

responsabiliza e nem pode ser

responsabilizado pelas

informações acima ou por

prejuízos de qualquer natureza

em decorrência do uso dessas

informações

https://valor.globo.com/legislacao/noticia/

2020/11/04/margem-de-valor-agregado-

do-icms-st.ghtml

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25

Page 29: Clipping SCA...2020/11/04  · Data de Criação: 04/11/2020 Criado por: Biblioteca Clipping SCA Os artigos reproduzidos neste clipping de notícias são, tanto no conteúdo quanto

Caderno: Mercado quarta-feira 04 de novembro de 2020.

Estados endividados querem aval do Congresso para excluir saúde e educação do teto até 2023

Governadores também pressionam por

repasse de R$ 4 bilhões para estados e

municípios

Danielle BrantBernardo Caram

BRASÍLIA

Estados que furaram o teto de

gastos em 2018 e 2019 querem uma

espécie de perdão do governo federal

para esse descumprimento.

Governadores buscam aval do

Congresso para aderir à regra apenas

em 2021, 2022 e 2023, com autorização

para excluir despesas com saúde e

educação desse limite.

O teto de gastos é uma regra que

restringe o crescimento das despesas à

inflação do ano anterior.

Governadores também pressionam para

que o governo repasse R$ 4 bilhões

ainda neste ano para estados e

municípios como parte de um acordo

para repor perdas geradas pela Lei

Kandir, que isentou as exportações de

cobrança do ICMS (Imposto sobre

Circulação de Mercadorias e Serviços).

Tanto a alteração na regra do teto,

quanto o repasse de recursos dependem

de aprovação de projetos pelo

Congresso, que está com pauta de

26

votação restrita por conta do período

eleitoral.

Em 2016, em um momento de crise

financeira nos governos regionais, o

Congresso aprovou uma lei

que promoveu uma renegociação de

dívidas estaduais com a União. Foram

autorizados uma redução temporária do

valor das parcelas e o alongamento do

prazo de quitação.

Como contrapartida a esses benefícios,

20 estados aceitaram adotar o teto de

gastos. O objetivo era barrar do

crescimento das despesas correntes --

aquelas relacionadas ao funcionamento

da máquina pública, como pessoal,

água, energia elétrica e materiais

administrativos.

Presidente da Câmara, Rodrigo Maia

(DEM-RJ), com governadores de vários

estados após reunião - Pedro Ladeira -

03.nov.2020/Folhapress

O teto de gastos para os estados passou

a vigorar, com validade de dois anos,

limitando o avanço das despesas

correntes à variação da inflação. Ocorre

que os gastos de saúde e educação

foram vinculados à variação da receita.

Assim, quando a receita aumenta,

sobem também os gastos com saúde e

com educação. Se a receita subir mais

que a inflação, é preciso cortar outras

despesas para abrir espaço no teto para

avanço do gasto em saúde e educação.

Page 30: Clipping SCA...2020/11/04  · Data de Criação: 04/11/2020 Criado por: Biblioteca Clipping SCA Os artigos reproduzidos neste clipping de notícias são, tanto no conteúdo quanto

A regra para os entes não é a mesma da

aplicada no governo federal. Para a

União, uma emenda constitucional

limitou por dez anos, renováveis por

mais dez, o crescimento das despesas

primárias à variação da inflação.

No caso de saúde e educação, foi fixado

um piso, e seus gastos são corrigidos

pela inflação –e não pela variação da

receita, como ocorre nos estados e

municípios.

Em 2018 e 2019, a regra para os estados

foi descumprida por 11 deles: Acre,

Ceará, Goiás, Mato Grosso, Pará,

Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro,

Rio Grande do Sul, Santa Catarina e

Sergipe.

Se isso ocorresse, conforme a

negociação acertada, o alongamento das

dívidas seria anulado e os estados

seriam obrigados a ressarcir o governo

dos valores que deveriam ter sido pagos

se não tivesse havido acordo.

A cláusula gera forte impacto nas

contas regionais, em momento de crise

fiscal provocada pela pandemia do novo

coronavírus. Isso porque esses estados

terão que voltar a pagar as parcelas

ordinárias, somadas a essa espécie de

multa pelo descumprimento da regra.

Esses valores voltariam a ser pagos em

2020, mas o estado de calamidade

pública e o socorro a estados aprovados

durante a pandemia suspenderam essas

cobranças até dezembro deste ano.

A partir de 1º de janeiro, esses entes

seriam penalizados com retenção do

Fundo de Participação dos Estados.

Pela regra, esses estados deverão

restituir R$ 43,9 bilhões ao governo

federal, segundo relatório do Tesouro

27

Nacional. Os repasses serão parcelados

em 12 meses.

Os entes com os maiores débitos são

Rio Grande do Sul (R$ 24,3 bilhões),

Rio de Janeiro (R$ 13,5 bilhões), Santa

Catarina (R$ 2,5 bilhões) e Goiás (R$ 1

bilhão).

Para evitar ficar sem os recursos,

governadores e representantes dos 11

estados foram nesta terça-feira (3) a

Brasília conversar com os presidentes

da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e

do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-

AP). Eles também estiveram com os

secretários do Tesouro, Bruno Funchal,

e com o secretário especial de Fazenda,

Waldery Rodrigues.

A Maia e Alcolumbre, os governadores e

representantes de estados pressionaram

pela votação do Novo Plano Mansueto,

projeto de lei complementar do

deputado Pedro Paulo (DEM-RJ). A

articulação é para tentar aprovar o texto

até 31 de dezembro. Com isso, o

descumprimento da regra por esses

estados no passado seria regularizado e

o teto valeria por mais três anos,

segundo o secretário da Fazenda do

Mato Grosso, Rogério Gallo.

“No caso do Mato Grosso, seriam R$

600 milhões já a partir de 1º de janeiro.

Para os demais estados são [valores]

bilionários”, afirmou.

Segundo Gallo, a proposta também

busca excluir do teto de gastos apenas a

parcela de gastos em saúde e educação

que exceder a variação da inflação.

“Aquilo que exceder a variação da

inflação e aquilo que tiver aumentado

da receita dos estados não será

considerado para o teto de gastos dos

estados.”

Page 31: Clipping SCA...2020/11/04  · Data de Criação: 04/11/2020 Criado por: Biblioteca Clipping SCA Os artigos reproduzidos neste clipping de notícias são, tanto no conteúdo quanto

Com isso, os governadores

conseguiriam cumprir o piso

constitucional de 12% de gastos em

saúde e de 25% com educação sem

estrangular as outras despesas.

“Você arrecadava acima da inflação,

tinha que gastar, mas não podia pelo

teto de gastos”, explicou Gallo. “Ele

cumpriria a saúde e educação e iria

sacrificar áreas fundamentais, como

assistência social, segurança pública e

outras áreas.”

O secretário afirmou que a exclusão é

importante também no contexto do

pós-pandemia, que gerou represamento

de cirurgias em hospitais e filas.

O objetivo, de acordo com o deputado

Pedro Paulo, é votar o texto na Câmara

em 17 de novembro, logo após o

primeiro turno das eleições municipais.

No Senado, a intenção é que a votação

ocorra no dia 19.

O novo Plano Mansueto deve conter

medidas de reforço da lei de

responsabilidade fiscal. Uma delas é a

unificação da classificação de despesa

de pessoal. Cada poder vai ter que

contabilizar a sua despesa de pessoal de

ativos e inativos, explica Pedro Paulo.

“Você vai acabar com algumas

contabilizações que existem em outros

poderes, de comissionado não estar em

despesa de pessoal”, disse. Os estados

terão dez anos para se ajustar à regra,

segundo o deputado.

A segunda medida é determinar que os

estados tenham caixa para cobrir todas

as despesas contraídas nos dois últimos

anos do governo. Hoje, a regra diz que

isso só precisa acontecer no último ano

de mandato do governante.

28

“A gente está terminando de estudar

isso, nos dois últimos anos do mandato

e, em um momento futuro, todos os

anos”, afirmou. “Isso é talvez uma das

principais medidas para frear esse

endividamento crescente. Porque o cara

fica apertado e começa a dar calote nos

fornecedores para poder pagar folha. E

isso vai acumulando um passivo

enorme.”

Os estados também negociam para

tentar incluir no rol de suspensões até

2023 as dívidas com organismos

multilaterais. “A União bancaria e esse

volume contabilizaria no saldo devedor.

Não é cancelar. Então, esse é um ponto

que imagino que o governo tenha algum

tipo de resistência”, afirmou o

deputado.

O Plano Mansueto original foi

desidratado após a votação do socorro a

estados e municípios para ajudar na

recuperação da arrecadação de

impostos por causa da pandemia do

novo coronavírus.

O texto, que tinha o nome do então

secretário do Tesouro, Mansueto

Almeida, continha um conjunto de

ações de médio e longo prazo para

ajudar na recuperação do equilíbrio

financeiro de estados e municípios que

adotassem medidas de ajuste fiscal.

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2

020/11/estados-endividados-querem-aval-

do-congresso-para-excluir-saude-e-

educacao-do-teto-ate-

2023.shtml?origin=folha

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Page 32: Clipping SCA...2020/11/04  · Data de Criação: 04/11/2020 Criado por: Biblioteca Clipping SCA Os artigos reproduzidos neste clipping de notícias são, tanto no conteúdo quanto

Caderno: Mercado, quarta-feira 04 de novembro de 2020.

Brasil, EUA e Japão costuram acordo para coordenar questões globais na tecnologia

Objetivo é adotar alinhamento comum

e representaria nova ofensiva contra a

China. Texto não traria referência

direta a 5G

Eliane Oliveira

04/11/2020 - 04:30 / Atualizado em

04/11/2020 - 07:13

Fábrica da Alibaba: acordo trilateral

pretende definir regras para tecnologias

disruptivas que marcam a quarta revolução

industrial, como a robótica Foto: Qilai Shen

/ Bloomberg

BRASÍLIA — Brasil, Estados Unidos e

Japão se preparam para lançar uma

espécie de diálogo trilateral, cujo

objetivo é definir posições comuns em

temas ligados à tecnologia, incluindo a

nova frequência 5G de telefonia móvel.

Esta seria mais uma ofensiva contra a

China, que corre o risco de ver a chinesa

Huawei ser banida, por pressão dos

americanos, como fornecedora de

equipamentos após o leilão de 5G que

será realizado em 2021.

29

Uma fonte do governo explicou que os

três países pretendem criar um grupo

similar ao Brics (sigla para Brasil,

Rússia, Índia, China e África do Sul)

para discutir e coordenar questões

globais para a área tecnológica.

Essa fonte explicou que é mais uma

coordenação do que um alinhamento: a

ideia é que brasileiros, americanos e

japoneses trabalhem juntos para

definirem “as regras do jogo em todas

as tecnologias disruptivas (que

provocam uma ruptura com os padrões,

modelos ou tecnologias já estabelecidos

no mercado), que devem marcar a

quarta revolução industrial”.

Condições para competir

O acordo deve ser assinado nos

próximos dias. A avaliação é que o

diálogo trilateral sairá

independentemente das eleições nos

EUA. Tanto o atual presidente daquele

país, Donald Trump, quanto o

democrata Joe Biden, seu adversário,

deverão manter postura semelhante em

relação a Pequim. Porém, a pedido do

Brasil, o texto não terá referências

explícitas ao leilão de 5G.

Os três países já vêm se alinhando

contra Pequim há algum tempo. Duas

semanas atrás, Brasil, EUA e Japão

apresentaram um comunicado

conjunto, conclamando os outros 161

membros da Organização Mundial do

Comércio (OMC) a garantir o princípio

de economia de mercado no organismo,

para assegurar condições equitativas de

competição.

https://oglobo.globo.com/economia/

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Page 33: Clipping SCA...2020/11/04  · Data de Criação: 04/11/2020 Criado por: Biblioteca Clipping SCA Os artigos reproduzidos neste clipping de notícias são, tanto no conteúdo quanto

Caderno: Mercado, quarta-feira 04 de novembro de 2020.

Senado aprova autonomia do Banco Central. Entenda as mudanças em cinco pontos

Diretoria e presidente da autarquia

teriam mandatos fixos e não

coincidentes com o do presidente da

República. Proposta segue agora para

a Câmara

Gabriel Shinohara e Julia

Lindner

Projeto ainda deve ser apreciado pelos

deputados Foto: Jorge William / Agência

O Globo

BRASÍLIA — O Senado Federal

aprovou nesta terça-feira o projeto

que dá autonomia ao Banco Central

(BC). Foram 56 votos a favor e 12

votos contrários.

A proposta segue para avaliação da

Câmara dos Deputados, onde deve ser

apensada a um projeto semelhante

que já está tramitando.

O projeto faz alterações na estrutura

do Banco Central com a intenção de

proteger a diretoria e o presidente da

autarquia de interferências políticas.

30

A partir da sanção do projeto, a

diretoria terá mandatos fixos, e o

órgão deve dispor de autonomia

“técnica, operacional, administrativa

e financeira”. Como ainda precisa

passar por aprovação dos deputados,

o texto pode ser alterado.

Durante a sessão, o líder do governo

no Senado, Fernado Bezerra (MDB-

PE), que articulou o acordo para

votação, elogiou o trabalho do relator,

senador Telmário Mota (Pros-RR), e

de outros senadores. Segundo ele, o

debate já está maduro:

— É o Senado Federal que puxa a

agenda de reformas em primeiro

lugar e ainda vivendo um momento

eleitoral. O Senado Federal manda

um recado claro para toda a sociedade

brasileira de que estará à altura dos

desafios que o momento político está

a nos ensejar.

O presidente do Senado, Davi

Alcolumbre (DEM-AP), ressaltou a

que a autonomia do BC é uma

blindagem contra as disputas

políticas:

— A credibilidade do BC junto aos

agentes econômicos sobe

exponencialmente quando se sabe que

seu compromisso básico é com o

controle da inflação e que ele está

livre das disputas políticas para

atingir tais objetivos.

O Congresso já discute sobre

autonomia do Banco Central há

décadas, mas a tramitação nunca

avançou. Um projeto de 1989, de

autoria do ex-presidente e então

senador Itamar Franco, já previa essa

mudança para a autarquia.

Page 34: Clipping SCA...2020/11/04  · Data de Criação: 04/11/2020 Criado por: Biblioteca Clipping SCA Os artigos reproduzidos neste clipping de notícias são, tanto no conteúdo quanto

Antes da pandemia, o presidente da

Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ),

citava o projeto de autonomia como

um dos prioritários para entrar em

votação, mas a proposta sempre teve

muita resistência dos partidos de

oposição.

Veja as principais mudanças:

Papel do BC

Entre as responsabilidades atuais do

Banco Central, a principal é a

estabilidade de preços, com controle

da inflação. Com o projeto, ela seguirá

sendo o objetivo fundamental da

autarquia, mas será acompanhada por

três objetivos secundários: zelar pela

estabilidade e eficiência do sistema

financeiro, suavizar as flutuações do

nível de atividade econômica e

fomentar o pleno emprego, todas

“sem prejuízo de seu objetivo

fundamental”.

A inclusão do fomento ao pleno

emprego foi feita por uma emenda do

senador Eduardo Braga (MDB-AM) e

causou polêmica porque criaria um

“duplo mandato” ao Banco Central,

ou seja, o órgão teria que perseguir

dois objetivos ao mesmo tempo. No

entanto, o presidente do BC, Roberto

Campos Neto, sinalizou que não teria

problema de, na medida do possível,

tratar também do emprego.

Autonomia

A autonomia do Banco Central é

diferente de independência. Um

Banco Central independente tem

autoridade para definir suas próprias

metas e objetivos, algo que não será o

caso da autoridade monetária

brasileira caso o projeto seja

aprovado na Câmara.

31

O texto estabelece que o BC terá que

perseguir as metas definidas pelo

Conselho Monetário Nacional (CMN),

órgão que atualmente reúne o

ministro da Economia, o secretário

especial de Fazenda e o presidente do

BC. Por exemplo, as metas de inflação

de cada ano são definidas por esse

conselho e perseguidas pelo Banco

Central.

Mandatos

A proposta estabelece mandatos fixos

de quatro anos para o presidente e

para a diretoria do Banco Central e

prevê que o presidente da República

não poderá demiti-los por vontade

própria sem passar por avaliação do

Senado Federal.

Além disso, esses mandatos não serão

coincidentes com o do presidente da

República. O presidente do Banco

Central assume o cargo no terceiro

ano de mandato do presidente da

República. Cada diretor poderá ser

reconduzido ao cargo uma única vez.

O projeto prevê quatro possibilidades

para que algum diretor ou o

presidente do BC seja exonerado do

cargo: no caso do próprio diretor ou o

presidente pedir para sair; de alguma

doença que incapacite o exercício do

cargo; em caso de condenação com

trânsito em julgado ou proferida por

órgão colegiado por improbidade

administrativa ou com pena de

proibição de exercício de cargos

públicos; e, por último, quando

apresentarem “comprovado e

recorrente” desempenho insuficiente.

Nesse último caso, o Conselho

Monetário Nacional (CMN) deve

apresentar uma proposta de

exoneração ao presidente da

Page 35: Clipping SCA...2020/11/04  · Data de Criação: 04/11/2020 Criado por: Biblioteca Clipping SCA Os artigos reproduzidos neste clipping de notícias são, tanto no conteúdo quanto

República, que, por sua vez, deve

enviá-la ao Senado. Se houver

maioria absoluta entre os

parlamentares, o membro da diretoria

ou o presidente do BC poderá ser

exonerado.

O projeto também estabelece que, em

até 90 dias após a publicação da lei, o

governo deverá nomear o presidente e

os oito diretores do BC. Se os

indicados já estiverem nos cargos,

não haverá necessidade de sabatina

pelos senadores.

A primeira composição da diretoria

deverá seguir a seguinte ordem:

presidente e dois diretores com

mandatos até o fim de 2024, dois

diretores até o fim de 2023, outros

dois até 28 de fevereiro de 2023 e os

dois restantes até 31 de dezembro de

2021.

Status de ministro

Atualmente, o BC é subordinado ao

Ministério da Economia e seu

presidente tem status de ministro.

Com o projeto, o Banco Central

passaria a não ter vinculação com

ministérios, e o cargo de ministro será

transformado em de "natureza

especial de presidente do Banco

Central do Brasil”.

Confiança do mercado

O projeto de autonomia tem apoio do

mercado financeiro porque blinda as

autoridades que precisam cuidar da

política monetária de interferências

políticas. Por exemplo, se um

presidente da República quiser

diminuir os juros mesmo que as

condições da economia não sejam

ideais para isso, ele terá menos poder

32

de pressão sobre o Banco Central para

forçar essa redução.

Vários países tem bancos centrais

autônomos ou independentes,

inclusive as principais economias do

mundo, como Estados Unidos e

Inglaterra, e países emergentes, como

o Chile.

Desde o início do governo, o projeto

de autonomia do BC esteve na lista de

prioridades da equipe econômica,

inclusive estava literalmente na lista

de 19 projetos que o ministro da

Economia, Paulo Guedes, apresentou

no início da pandemia como

prioridades para conter os efeitos da

crise que se avizinhava.

No entanto, a votação do projeto

relatado pelo deputado Celso

Maldaner (MDB-SC), ao qual a

proposta do Senado deve ser

apensada na Câmara, estava sendo

adiada mesmo antes de o coronavírus

chegar ao país e perdeu ainda mais

espaço quando o Congresso passou a

atuar em sessões remotas.

https://oglobo.globo.com/economia/sen

ado-aprova-autonomia-do-banco-central-

entenda-as-mudancas-em-cinco-pontos-

2-24726708

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Page 36: Clipping SCA...2020/11/04  · Data de Criação: 04/11/2020 Criado por: Biblioteca Clipping SCA Os artigos reproduzidos neste clipping de notícias são, tanto no conteúdo quanto

Caderno: Mercado quarta-feira 04 de novembro de 2020.

Petrobras se posiciona sobre compra da Linx pela Stone ao Cade

Fernanda Guimarães

04 de novembro de 2020 | 05h00

De maneira inesperada, a Petrobras

também opinou sobre a compra da

Linx pela Stone, junto ao Conselho

Administrativo de Defesa Econômica

(Cade). Ao ser instada pelo órgão

antitruste, a Petrobras buscou

entender a razão do questionamento e

identificou que os contratos firmados

com as empresas haviam sido

assinadas com a BR Distribuidora,

que deixou de ser controlada pela

estatal, após vendas de ações via

oferta em Bolsa.

Colaboração. Mesmo assim, a

Petrobras citou em documento

entregue ao Cade que, para colaborar

com a defesa da concorrência, foi

atrás das considerações de sua ex-

subsidiária integral. O documento

entregue diz que quase todos os

postos BR Mania utilizam a solução

de automação da Linx.

Agora sim. A BR, assim, disse que

pode haver risco em relação à

priorização ou à preferência da Stone

para integração dos sistemas de

gestão da Linx, em detrimento de

outros meios de pagamento ou a

criação de barreiras de entrada de

novas empresas de adquirência

(maquininhas). Apesar disso, afirmou

33

entender que a relação entre os

serviços de soluções de pagamento e

software de gestão empresarial é de

complementariedade. Procuradas,

Linx e Stone não responderam até o

momento.

Contato: [email protected]

https://economia.estadao.com.br/blogs/

coluna-do-broad/petrobras-se-posiciona-

sobre-compra-da-linx-pela-stone-ao-

cade/

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Page 37: Clipping SCA...2020/11/04  · Data de Criação: 04/11/2020 Criado por: Biblioteca Clipping SCA Os artigos reproduzidos neste clipping de notícias são, tanto no conteúdo quanto

Quarta-feira, 04 de novembro de 2020

SERVENTIA EM REFORMA

Com nova resolução, distribuição de reclamações deve ficar mais transparente no STF

Reclamação contra desrespeito a

Súmula Vinculante, como a que

proíbe juiz de esconder autos dos

advogados, deve ser livremente

distribuída. É o que estabelece o

parágrafo primeiro do artigo 70 do

Regimento do Supremo Tribunal

Federal. O ocultamento dos autos não é

novidade, mas tornou-se recorrente

desde que se instaurou

o lavajatismo no país.

"Art. 70. Será distribuída ao Relator do

feito principal a reclamação que tenha

como causa de pedir o

descumprimento de decisão cujos

efeitos sejam restritos às partes.

(Redação dada pela Emenda

Regimental n. 34, de 7 de agosto de

2009)

§ 1º Será objeto de livre distribuição a

reclamação que tenha como causa de

pedir o descumprimento de súmula

vinculante ou de decisão dotada de

efeito erga omnes. (Incluído pela

Emenda Regimental n. 34, de 7 de

agosto de 2009)".

34

Segundo Regimento do STF,

reclamação contra descumprimento de

Súmula Vinculante deve ser distribuída

livremente Fernando Stankuns/Wikimedia Commons

Advogados e professores ouvidos

pela ConJur foram unânimes em dizer

que as regras do Regimento do STF

sobre distribuição de reclamação contra

descumprimento de Súmula

Vinculantes são bastante claras, e que a

edição da resolução deve trazer mais

transparência para esse processo.

Para o advogado Rogério Taffarello,

"esse tema da distribuição de processos

é tão fundamental quanto pouco olhado

com a atenção que merece". "Não sei se

tenho muito a contribuir no tema, para

além de dizer o que já se sabe — até

porque, felizmente, as regras do RISTF

aplicáveis são bastante claras", afirma.

Segundo Taffarello, desde a aprovação

da Emenda Regimental 34/09, está

claro no Regimento Interno do

Supremo que a reclamação que tenha

como objeto o descumprimento de

decisão com efeitos erga omnes ou o

descumprimento de Súmula Vinculante

não se distribui por prevenção, mas

deve ter livre distribuição.

Trata-se de uma regra bastante clara no

RISTF, a qual não dá margem a

interpretação diversa, pois, em matéria

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de reclamação, a distribuição ao relator

do feito principal só ocorre quando o

objeto da reclamação for o

descumprimento de decisão do STF

com efeitos inter partes no processo.

É sempre indesejável, segundo o

advogado, que um processo demore

dias para ser distribuído, sobretudo

quando se trate de matéria criminal. Foi

o que aconteceu, por exemplo, com

a reclamação feita pela defesa de Michel

Temer no STF. Ela chegou à Corte em

26/10, foi protocolizada no dia seguinte

e distribuída apenas em 29/10, por

prevenção.

A Resolução 706/20 da presidência do

tribunal tem um claro intuito de

assegurar maior transparência e

correção na distribuição dos processos

na Corte, no que é muito bem-vinda,

mas é preciso que efetivamente

funcione, avaliou Taffarello. "Os

últimos anos mostraram algumas

possíveis falhas em um sistema de

distribuição que todos acreditávamos

ser seguro; portanto, é necessário, sem

dúvidas, em esforço de

aprimoramento."

Ao se referir à reclamação proposta pela

defesa de Temer, o advogado Alberto

Zacharias Toron afirma que "há algo

de errado num sistema que,

previamente, exclui determinado

ministro da distribuição, mas, ao

mesmo tempo, permite que o processo

vá para ele". "Isso precisa ser objeto de

urgente correção para evitar demora na

prestação jurisdicional. E, como todos

sabemos, essa demora acaba sendo fatal

para o direito da parte", diz.

Para Pedro Serrano, "a distribuição

como regra geral deve ser livre e

aleatória, como consectário da

imparcialidade do juízo". "As exceções

35

são as previstas na legislação, como a

prevenção etc. Qualquer conduta fora

desse padrão é inaceitável face aos

princípios da democracia

constitucional. No STF, não há razão

plausível que justifiquem os desvios

ocorridos, é dever da Presidência

corrigi-los o mais rápido possível",

adverte.

Flávio Yarshell, professor de Direito

Processual Civil da Faculdade de

Direito da USP, diz que a distribuição

de reclamação fundada em

descumprimento de súmula vinculante

deve ser feita de forma livre, diante do

texto expresso e claro do Regimento

Interno do STF.

"Isso é tanto mais claro quando a

medida está fundada no desrespeito à

Súmula 14 da Corte, em que o objeto do

processo é a pretensão de fazer valer o

direito de acesso aos elementos de

prova constantes de procedimento

investigatório. Nesse caso, deve

prevalecer a regra de que a competência

é sempre determinada in status

assertionis, isto é, segundo a asserção

feita pelo requerente — conforme

amplamente reconhecido pela doutrina

e jurisprudência, quando se trata de

fixação de competência", explica.

Ele acrescenta que, quando ainda se

busca saber qual o objeto de uma dada

investigação, não há como fazer

vinculação antecipada com qualquer

outro processo ou investigação, até

mesmo por uma razão de lógica. "Para

se determinar eventual prevenção seria

preciso desconsiderar os termos da

pretensão, que exclusivamente ao

requerente cabe delimitar. Ainda,

eventual prevenção num caso como

esse representaria adiantar juízos sobre

eventual vinculação da investigação que

o requerente quer conhecer com

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eventuais outras vias de persecução; o

que, tudo leva a crer, feriria a garantia

do juiz natural", conclui.

Revista Consultor Jurídico, 4 de

novembro de 2020, 8h18

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36

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Quarta-feira, 04 de novembro de 2020

ANTT será multada em R$ 100 mil se descumprir liminar favorável a aplicativo

ANTT apreendeu ônibus após liminar

favorável a aplicativo de fretamento Bryan Sim/Pexels

A Justiça Federal em São Paulo decidiu

estipular uma multa de R$ 100 mil caso

a Agência Nacional de Transportes

Terrestres volte a impedir viagens

intermediadas pelo Buser no Rio de

Janeiro e em São Paulo. O aplicativo

atua na intermediação de viagens entre

passageiros e empresas de fretamento

de ônibus.

No último dia 28, a empresa

obteve liminar para que às

Coordenações de Fiscalização das

Unidades do Rio de Janeiro e São Paulo

se abstenham de qualquer medida que

impeça o fretamento de veículos por

meio da plataforma.

A decisão de estipular a multa de R$

100 mil foi provocada por apreensão

realizada pela ANTT no último sábado

37

(1º/11) em um ônibus da empresa

Spazzini Turismo, que atende por meio

da Buser. A apreensão foi realizada um

dia depois de uma outra decisão,

também da Justiça Federal em SP, que

havia determinado que a agência não

poderia impedir o serviço.

O descumprimento da decisão foi

reportado ao Juízo no plantão de

feriado, Marcia Hoffmann do Amaral e

Silva Turri, que determinou a liberação

do veículo e fixou a multa de R$ 100 mil

para cada nova apreensão realizada.

"A decisão foi proferida de forma

preventiva, para impedir apreensões

que vinham sendo irregularmente

realizadas. Os fretadores são, em

extensa maioria, pequenos empresários

que foram duramente afetados pelos

efeitos econômicos da pandemia. Além

disso, vêm enfrentando inúmeras

dificuldades nos últimos tempos em

razão de atos arbitrários do Poder

Público e que, aparentemente, têm por

finalidade garantir uma reserva de

mercado para poucos participantes",

explica o advogado da Spazzini

Turismo, Felipe Rodrigues, do

escritório Desio Senra Advogados.

Clique aqui para ler a decisão

sobre a Spazzini Turismo

5021649-46.2020.4.03.6100

Revista Consultor Jurídico, 4 de

novembro de 2020, 9h33

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Quarta-feira, 04 de novembro de 2020

STF volta a julgar incidência de ICMS em operações com software

O julgamento começou semana

passada com a leitura do relatório e

sustentações orais.

Nesta quarta-feira, 4, o plenário do STF

retoma o julgamento de duas ações que

questionam a incidência do ICMS sobre

as operações com programas de

computador. A sessão da semana

passada contou com a leitura do

relatório e as sustentações orais.

(Imagem: Burst)

ICMS - Software

Em uma das ações, a CNI -

Confederação Nacional das Indústrias

contesta o parágrafo 6º do artigo 25 da

lei 7.098/98, do Estado do Mato

Grosso, que estabeleceu diferença

tributária no crédito de ICMS. Para a

Confederação, o dispositivo contraria a

Constituição Federal, pois gerou

"cumulatividade do imposto nas

aquisições interestaduais", sobretudo

38

em razão de já estarem arroladas no

âmbito de incidência do ISS.

Já na outra ação, a CNS - Confederação

Nacional de Serviços pede a declaração

de inconstitucionalidade do decreto

46.877/15, de Minas Gerais. A

legislação questionada, diz a CNS, fez

com que empresas prestadoras de

serviços de processamento de dados e

serviços de informática, como as

filiadas aos sindicatos e federações

vinculadas à autora, passassem a ser

submetidas ao recolhimento do ICMS

sobre as operações com programas de

computador.

Sustentação orais

Pela CNS, o advogado Ricardo Godoi

defendeu que a legislação é clara no

sentido de que o licenciamento de

softwares deve ser tributado pelo ISS.

Para que fosse possível a incidência do

ICMS nas operações em questão,

segundo o advogado, haveria

necessidade de se alterar a LC 116/03,

que trata do ISS, como a LC 87/96, que

trata do ICMS.

Como amigo da Corte, a Brasscom -

Associação Brasileira de Empresas de

Tecnologia da Informação, pelo

advogado Enzo Megozzi explica que

qualquer que seja a modalidade da

comercialização da licença de software,

não há transferência de titularidade -

requisito previsto para que se dispare a

incidência do imposto estadual. Assim,

entende que a incidência do ICMS

retirará dos cofres municipais valor

expressivo recolhido pelo setor.

O advogado Saul Tourinho, pela amiga

da Corte ABES - Associação Brasileira

das Empresas de Software, procedeu à

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explicação das diferenças entre

hardware e software: enquanto o

primeiro é um bem, devendo incidir o

ICMS; o segundo é serviço, devendo

incidir o ISS: "hardware é do Estado e o

que é software é do município", disse.

Pela Abrasf - Associação Brasileira das

Secretarias de Finanças das Capitais, o

advogado Ricardo Silva afirmou que "os

softwares nunca foram hardwares", ou

seja, bens físicos. O causídico explicou

que no mundo todo, software é

considerado serviço e questionou: "Será

que só no Brasil vamos inventar algo

diferente para isso?".

Finalizando as sustentações orais, o

vice-PGR Humberto Jacques entende

que se adquire "software", pois não é o

meio que se está a adquirir, mas o

produto software. Para o representante

do parquet, o fato da "mercadoria

incorpórea", o software, fazer algo no

computador, não a transforma em

serviço, nem lhe retira a natureza de

bem, ou seja, deve incidir o ICMS.

• Processos: ADIns 1.945 e 5.659

Por: Redação do Migalhas

https://migalhas.uol.com.br/quentes/335835/stf-volta-a-julgar-

incidencia-de-icms-em-operacoes-com-software

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39

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Quarta-feira, 04 de novembro de 2020

Direito de arrependimento e produtos perecíveis: O acerto da lei 14.010/20

Carolina Nardy Gabriel

Apesar de parecer algo simples essa

"limitação temporária" ao direito de

arrependimento com relação a

produtos perecíveis ou consumo

imediato de medicamentos, o

dispositivo merece reflexão mais

aprofundada.

(Imagem: Arte Migalhas)

A instabilidade econômica e social

acarretada pelo covid-19 ensejou a

promulgação da lei 14.010/20, que

instituiu normas de caráter transitório e

emergencial para a regulação de

relações jurídicas de Direito Privado, de

modo a promover adequações

condizentes com a excepcional situação

vivenciada.

Especificamente no âmbito do Direito

do Consumidor, art. 8º da lei 14.010/20

tangencia ponto importante quanto ao

exercício do direito de arrependimento,

declarando sua "suspensão", até

30/10/20, nos casos de entrega

40

domiciliar de produtos perecíveis ou de

consumo imediato e de medicamentos.1

Apesar de parecer algo simples essa

"limitação temporária" ao direito de

arrependimento com relação a produtos

perecíveis ou consumo imediato de

medicamentos, o dispositivo merece

reflexão mais aprofundada.

O Código de Defesa do Consumidor (lei

8.078/90) completou 30 anos e,

durante todo esse período, apesar de se

tratar de fato cuja constatação é

praticamente instintiva, a

inaplicabilidade do direito de

arrependimento a produtos perecíveis

nunca foi consignada expressamente

em lei.

Veja-se que o artigo 49 do CDC dispõe

genericamente sobre o direito de

arrependimento: "o consumidor pode

desistir do contrato, no prazo de 7 dias

a contar de sua assinatura ou do ato de

recebimento do produto ou serviço,

sempre que a contratação de

fornecimento de produtos e serviços

ocorrer fora do estabelecimento

comercial, especialmente por telefone

ou a domicílio."

Essa redação legal talvez fosse

condizente com a realidade da época de

sua elaboração, mas é certo que, desde

então, o surgimento de novos produtos

e serviços, bem como meios de

comunicação, trouxe tamanho

dinamismo à sociedade que impõe a

atualização daquele texto, se não por

meio de alteração legislativa, ao menos

pela sua interpretação adequada.

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Nesse sentido, Eros Roberto Grau

explica, com maestria, que "se todo

texto pretende ser compreendido em

cada momento e em cada situação

concreta de uma maneira nova e

distinta, a interpretação (...) há de ser

concebida como atividade que adapta

o direito às necessidades presentes e

futuras da vida social (= atualiza-lo),

na acepção mais ampla dessa

expressão. Os textos de direito não

veiculam enunciados semânticos

cristalizados, congelados no tempo."

De fato, querer aplicar, nos dias de hoje,

a letra fria da lei elaborada há três

décadas, é condenar a sociedade à

estagnação, a viver eternamente sob os

parâmetros jurídicos de uma realidade

há muito ultrapassada. Portanto, não se

pode fechar os olhos ao descolamento

da realidade em relação à norma. A

construção e atualização constantes do

direito são absolutamente necessárias,

em processo dinâmico de contínua

adaptação dos textos normativos aos

fatos.

A realidade enfrentada pré-pandemia já

contrastava com a vivida quando da

promulgação da lei 8.078/90. O

desenvolvimento e a expansão do e-

commerce e de aplicativos de entrega

de refeições transformaram

profundamente a rotina dos

consumidores, que utilizam com

frequência e estão familiarizados com

os serviços oferecidos naquelas

plataformas.

Na Europa, a diretiva 97/7/CE, do

Parlamento Europeu e do Conselho, há

tempos proíbe o exercício do

denominado "direito de rescisão" no

contratos de fornecimento de bens que,

pela sua natureza, não possam ser

reenviados ou sejam suscetíveis de se

deteriorarem ou perecerem

41

rapidamente (art. 6º, 3, terceiro

travessão).

Posteriormente, a Diretiva 2011/83/UE,

do Parlamento Europeu e do Conselho,

manteve a previsão em comento e, em

seu art. 16, alínea "d", consigna que, no

tocante ao "fornecimento de bens

suscetíveis de se deteriorarem ou de

ficarem rapidamente fora de prazo", os

Estados-Membros não conferem o

"direito de retratação" relativo a

contratos celebrados à distância e fora

do estabelecimento comercial.

Neste sentido, autores rechaçam o

exercício do direito de arrependimento

em relação a bens perecíveis, como

Orlando Celso da Silva Neto, segundo o

qual "existem contratos firmados a

distância que não poderão ser objeto

de arrependimento, tais como aqueles

versando sobre bens perecíveis ou de

bens/serviços de consumo imediato

(que se extinguem pelo uso)"2.

Acertadamente, a lei 14.010/20

reconheceu que o consumidor não pode

exercer o direito de arrependimento

com relação a produtos perecíveis e, por

meio de tal limitação, impede o abuso

de direito.

Veja-se que há fundamento por trás dos

dispositivos e da vedação ao direito de

arrependimento especificamente

quanto a produtos perecíveis. Para nós,

o dispositivo não inova, mas apenas

explicita e torna inquestionável a norma

que já se havia de extrair da

interpretação sistemática do Direito do

Consumidor.

O Código de Defesa do Consumidor

impõe que haja equilíbrio nas relações

de consumo, com base na boa fé,

conforme preconiza o art. 4º, III:

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III - harmonização dos interesses dos

participantes das relações de consumo

e compatibilização da proteção do

consumidor com a necessidade de

desenvolvimento econômico e

tecnológico, de modo a viabilizar os

princípios nos quais se funda a ordem

econômica (art. 170, da Constituição

Federal), sempre com base na boa-fé e

equilíbrio nas relações entre

consumidores e fornecedores

Compreendendo a essência do

dispositivo, Sergio Cavalieri Filho

afirma que "a proteção do consumidor

deve ser na exata medida do necessário

para compatibilizar o desenvolvimento

econômico e tecnológico do qual

necessita toda a sociedade e equilibrar

as relações entre consumidores e

fornecedores"3.

A harmonia nas relações de consumo

deve ser preservada, de modo que o

reconhecimento da vulnerabilidade do

consumidor, com sua consequente

proteção, não pode implicar tratamento

hostil ao fornecedor. Como bem explica

Felipe Peixoto Braga Netto, "o essencial

é o correto equilíbrio da balança."4

Humberto Theodoro Júnior reforça

esse aspecto ao afirmar que "essa tutela

legal não se destina a criar privilégios

que façam inverter, em favor do

consumidor, o desequilíbrio inicial da

relação jurídica. O que o CDC procura

assegurar é a harmonia e o equilíbrio

entre as duas posições contratuais (art.

4º, caput, e inc. III)"5.

Sob este viés, cumpre destacar que a

regra genérica estabelecida pelo art. 49

do CDC parte do pressuposto de que o

exercício do direito de arrependimento

não acarreta prejuízo injusto a

nenhuma das partes (consumidor e

fornecedor), na medida em que, após a

42

devolução do produto, o fornecedor

poderia aproveitá-lo, revendê-lo etc. É o

que ocorre, por exemplo, quando um

consumidor exerce o direito de

arrependimento em relação a um bem

durável, como um livro, um

computador, ou uma peça de roupa. O

prejuízo do fornecedor certamente é

reduzido, pois o valor comercial do bem

é preservado.

Contudo, ao se considerar a aquisição

de alimentos via delivery,

inegavelmente o vendedor sofreria

dano, pois além da devolução do valor

pago pelo consumidor, assumiria o

prejuízo equivalente ao custo integral

de produção, na medida em que os

alimentos não mais podem ser

aproveitados e comercializados. Impõe-

se ao fornecedor risco desproporcional

inaceitável.

Nota-se, portanto, que o direito de

arrependimento encontra limites e deve

ser norteado, como todos os demais

atos, pelo princípio da boa-fé objetiva,

regra de conduta que exige das partes

comportamentos conforme parâmetros

de honestidade e de lealdade a fim de

estabelecer equilíbrio das relações.

Trata-se de princípio que visa a garantir

relações sociais e comerciais saudáveis,

sem abusos ou danos ilegítimos. No

mais, a boa-fé objetiva é exigível dos

dois polos de qualquer relação jurídica.

A lei 14.010/20, apesar de promulgada

com o objetivo de regular período

atípico, acertou ao reconhecer a

inaplicabilidade do direito de

arrependimento quanto a produtos

perecíveis, na medida em que é

inadmissível franquear ao consumidor,

que realizou compra de alimento para

consumo imediato, a possibilidade de

arrependimento em até 7 (sete) dias

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após a compra, em prejuízo ao

fornecedor.

Para além da violação da boa-fé,

estender o direito de arrependimento,

indiscriminadamente, aos gêneros

alimentícios e perecíveis, configuraria

abuso de direito, nos termos do art. 187

do Código Civil: "também comete ato

ilícito o titular de um direito que, ao

exercê-lo, excede manifestamente os

limites impostos pelo seu fim

econômico ou social, pela boa-fé ou

pelos bons costumes".

Assim, a hipotética aplicação do art. 49

do CDC aos produtos perecíveis

adquiridos para consumo imediato

escapa à lógica, ultrapassa a barreira da

justa conduta, é desproporcional e

flerta com o abuso de direito, violando

os limites da boa-fé e ignorando os

princípios do CDC. Admitir tal

pretensão levaria a distorções e a

prejuízos aos fornecedores, causando

desequilíbrio e ruína a toda a cadeia de

consumo.

A delimitação temporal da suspensão

do exercício do direito de

arrependimento quanto a produtos

perecíveis ou de consumo imediato

imposta pela lei 14.010/20 traz

indagação pertinente: o direito do

consumidor deve ser visto como um

conjunto de normas unilaterais, tendo

como único objetivo a proteção do

consumidor, mesmo que acarretando

abusos e excessos, ou deve ser

interpretado como um conjunto de

normas que estabelecem determinadas

premissas e prezam pela harmonia das

relações de consumo, evitando excessos

tanto em relação aos consumidores

quanto aos fornecedores? Nesse

quadro, a ponderação, o equilíbrio e a

harmonia social e econômica nos

parecem valores irrenunciáveis.

43

Pondera-se que, enquanto na Europa as

exceções ao direito de arrependimento

foram há muito tempo delineadas, no

Brasil, apenas diante de situação de

pandemia, foi editada lei que expressou,

corretamente, a inaplicabilidade do

direito de arrependimento com relação

a produtos perecíveis.

Conforme já pontuado, à época da

consolidação do Código de Defesa do

Consumidor, o cenário fático era

completamente diferente do

estabelecido no período pré-pandemia e

já impunha interpretação do artigo 49

do CDC em consonância com as

dinâmicas sociais e o uso frequente de

aplicativos de delivery pelos

consumidores.

Diante dessa situação, defende-se que o

aprimoramento consignado na lei

14.010/20, fruto de situação

emergencial, não pode se perder, tendo

em vista a necessidade de adequação da

legislação à realidade experimentada,

que em muito difere da enfrentada

quando da edição da lei 8.078/90.

_________

1 "Até 30 de outubro de 2020, fica

suspensa a aplicação do art. 49 do

Código de Defesa do Consumidor na

hipótese de entrega domiciliar

(delivery) de produtos perecíveis ou de

consumo imediato e de medicamentos."

2 SILVA NETO, Orlando Celso

da. Comentários ao Código de Defesa

do Consumidor. Rio de Janeiro:

Forense, 2013, p. 619.

3 CAVALIERI FILHO,

Sergio. Programa de direito do

consumidor, Atlas, 2008, p. 20.

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4 BRAGA NETTO, Felipe

Peixoto. Manual de direito do

consumidor, 2. ed., Podivm, p. 58-59.

5 THEODORO JÚNIOR, Humberto. O

contrato imobiliário e a legislação

tutelar do consumo, Forense, 2003, p.

36.

_________

*Carolina Nardy Gabriel é bacharel

pela Faculdade de Direito do Largo de

São Francisco - USP. Advogada no

escritório Edgard Leite Advogados

Associados.

https://migalhas.uol.com.br/depeso/335747/direito-de-

arrependimento-e-produtos-pereciveis--o-acerto-da-lei-14-010-20

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Quarta-feira, 04 de novembro de 2020

Disputa no STF para tributar software deixa contribuinte ‘na linha do fogo’

Para Ricardo Godoi, assessor jurídico

da CNS, eventual decisão a favor dos

estados deixa o serviço mais caro

• ALEXANDRE LEORATTI

BRASÍLIA

Ricardo Godoi, assessor jurídico da

Confederação Nacional de Serviços

(CNS)

Após 20 anos de espera o Supremo

Tribunal Federal (STF) julgará o

modelo de tributação incidente sobre

o licenciamento de software. Nesta

quarta-feira (4/11), os ministros da

Corte vão debater se um software é

uma mercadoria ou um serviço. A

decisão pode mudar a forma de

tributação. O ICMS é um tributo

estadual incidente sobre mercadorias,

enquanto o ISS é recolhido pelos

municípios e incide sobre serviços. O

45

tema será debatido em conjunto das

ADI’s1945 e 5659. Os dois processos

são de relatoria da ministra Cármen

Lúcia.

Em entrevista ao JOTA, o assessor

jurídico da Confederação Nacional de

Serviços, Ricardo Godoi, que atua

diretamente no caso, afirma que uma

decisão da Corte a favor da incidência

do ICMS sobre o licenciamento de

software causaria o aumento do custo

tributário para empresas de

Tecnologia da Informação (TI) e,

consequentemente, o aumento do

preço dos software oferecidos no

mercado para clientes.

Para Godoi, o processo no STF

representa uma briga “nada saudável

entre dois entes da Federação com os

contribuintes no meio da linha de

fogo”. Por um lado, a Lei

Complementar 116/2003 estabelece a

incidência do ISS, tributo cobrado

pelos municípios sobre o

licenciamento de softwares. Uma

decisão do STF a favor dos estados,

ou seja, pela incidência do ICMS

alteraria esse modelo.

“Corre-se o risco de o STF decidir

pela incidência do ICMS sobre o

licenciamento de software, e com isso

as consequências seriam dramáticas

também para os municípios, que

arrecadam o ISS sobre esses

serviços”, afirma Godoi.

A ADI 1945 foi proposta pelo MDB

para contestar a constitucionalidade

da Lei 7.098/1998, do estado do Mato

Grosso. Já a ADI 5958, proposta pela

Associação Brasileira das Empresas

de Tecnologia da Informação e

Comunicação (Brasscom) questiona o

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Convênio nº 106/2017, do Conselho

Nacional da Fazenda Nacional

(Confaz). O dispositivo autoriza os

estados a cobrarem ICMS nas

operações com bens e mercadorias

digitais e comercializadas por

transferência eletrônica.

Sobre a possibilidade de alguma das

propostas de reforma tributária

melhorar a segurança jurídica para a

tributação de softwares, Ricardo

Godoi afirma que não acredita que

uma tributação única sobre o setor

seja a principal solução dos embates

no Judiciário.

Para ele, a definitiva incidência do

tributo municipal (ISS) já traria

“enorme benefício para a sociedade e

para as empresas”.

Leia a íntegra da entrevista ao JOTA:

Qual a importância da ADI 1945

e 5659 e quais são as possíveis

consequências de uma decisão

do STF sobre o tema?

A importância é enorme, não só do

julgamento da ADI 1945, mas também

a ADI 5659, que está sendo julgada

em conjunto. Isso porque o STF não

analisa a questão de licenciamento de

software e tributação desde o final da

década de 90, ou seja, há mais de 20

anos.

Caso a análise seja feita sob a ótica

daquela época, corre-se o risco de o

STF decidir pela incidência do ICMS

sobre o licenciamento de software, e

com isso as consequências seriam

dramáticas para os municípios, que

arrecadam o ISS sobre esses serviços

desde a Lei Complementar 116/03,

para as empresas de TI, que estão

absolutamente adaptadas com o ISS

46

há quase 20 anos, e até mesmo para o

cliente final, que sofrerá na pele o

aumento do preço do software com o

repasse do aumento do custo

tributário decorrente do recolhimento

de ICMS pelas empresas de TI.

A tributação de softwares é um

dos temas mais discutidos

dentro da área tributária. Por

que, na sua visão, existe tanta

discussão sobre o modelo de

tributação mais adequado?

Acho que em resumo seriam três os

principais motivos: o fato de que os

órgãos tributantes estão sempre à

caça de receitas; o licenciamento de

software, como tudo referente à

tecnologia, apresenta uma velocidade

de mudança dos parâmetros

concretos tão célere que a toda hora a

doutrina e a jurisprudência precisam

redefinir conceitos jurídicos que se

adaptem a nova realidade. Por último,

a demora do Judiciário em pacificar

determinadas discussões tributárias

com a temática do licenciamento de

software, permitindo que elas se

perpetuem ao longo dos anos.

Como o senhor analisa a

possibilidade de vitória dos

contribuintes no caso nesta

quarta-feira (4/11)? Há chances

de vitórias?

A possibilidade de vitória da

Confederação Nacional de Serviços

(CNS) na ADI 5659 e na ADI 1945 me

parece bastante grande, já que como

disse anteriormente, o legislador já

optou há muito tempo pela tributação

do ISS sobre o licenciamento de

software por meio da Lei

Complementar 116/2003.

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Uma decisão diferente desta, além de

romper com o status quo, que existe

há 17 anos, instauraria um verdadeiro

caos para empresas e municípios. De

qualquer forma, é uma ação judicial e

evidentemente está sujeita à decisão

soberana dos ministros do STF, para

um lado ou para outro. Mas acredito

sim em uma vitória dos contribuintes

pelo recolhimento do ISS, ainda que

de forma não unânime.

Essa é uma ação antiga no STF,

entrou na Corte em 1999. A

tecnologia não mudou de forma

drástica com o passar do tempo?

Esse adiamento da discussão

pode prejudicar, ou já

prejudicou, o julgamento do

processo?

Como dito anteriormente, as

mudanças foram enormes. O ICMS

incidia apenas sobre o meio físico,

como o disquete e CD ROM, jamais

sobre o valor da licença de software.

Tanto é que depois da Lei

Complementar 116/03, que definiu a

incidência do ISS e a extinção do

meio físico, os estados deixaram de

cobrar o ICMS justamente porque não

havia mercadoria a ser tributada sem

o meio físico, já que no licenciamento

do software não há transferência de

titularidade, que é uma exigência

legal e jurisprudencial para incidência

do ICMS.

A demora em se decidir o tema

evidentemente sempre prejudica a

todos. Existe a insegurança de alterar

completamente, por exemplo, o que já

vem sendo feito há quase 20 anos. Da

mesma forma, conceitos antigos do

STF já não se aplicam mais como, por

exemplo, software por encomenda e

software de prateleira. É em meio a

essa indecisão da jurisprudência que

47

os estados voltaram a cobrar ICMS,

desta vez sobre o próprio

licenciamento, ou seja, sem

mercadoria, sem transferência de

titularidade, criando essa briga nada

saudável entre dois entes da

Federação com os contribuintes no

meio da linha de fogo.

Alguma das propostas de

reforma tributária resolveria o

problema da tributação de

softwares?

Fala-se muito em tributação digital,

mas me parece ser uma forma

‘enganosa’ de se resgatar a tributação

sobre movimentação financeira,

antiga CPMF, que se tornou a sigla

que não pode ser dita.

Ou seja, não acredito em uma

tributação única para o setor de

softwares. Talvez um aprimoramento

da tributação federal e a definitiva

incidência do tributo municipal (ISS)

já trariam enorme benefício para a

sociedade e para as empresas.

ALEXANDRE LEORATTI –

Repórter em Brasília. Faz parte da

equipe de Tributário, com foco na

cobertura do Carf, PGFN e Receita

Federal. Antes de atuar em Brasília,

foi repórter do JOTA em São Paulo.

Email: [email protected]

fo

https://www.jota.info/tributos-e-

empresas/tributario/softwares-contribuinte-stf-04112020

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Quarta-feira, 04 de novembro de 2020

STF mantém lei de SP que regula comercialização de produtos orgânicos

Para Gilmar Mendes, relator, a norma

estadual está ‘em consonância’ com o

CDC

• LUIZ ORLANDO CARNEIRO

BRASÍLIA

Crédito: Unsplash

O plenário virtual do Supremo

Tribunal Federal (STF), na sessão

virtual encerrada nesta terça-feira

(3/11), rejeitou, por unanimidade,

ação direta de inconstitucionalidade

na qual a Associação Brasileira de

Supermercados (Abras) questionava

lei estadual de São Paulo que – ao

tratar da exposição dos produtos

orgânicos nos estabelecimentos

comerciais – teria feito “acréscimos”

ao que já estaria previsto no Código

de Defesa do Consumidor (Lei

Federal 8.078/1990).

48

Todos os ministros seguiram o

voto do relator Gilmar Mendes, para

quem “o único acréscimo de

fato feito pelos legisladores paulistas

foi a ampliação de obrigação já

contida na norma federal”. Ou seja,

“enquanto esta se refere à segregação

dos produtos orgânicos de difícil

identificação, a lei do Estado de São

Paulo impõe a exposição em espaços

exclusivos a todos os produtos

orgânicos”. Assim, a norma estadual

está “em consonância” com o CDC.

A ADI 5.166 fora ajuizada em outubro

de 2014, sob a principal alegação de

que a matéria extrapolava

competência legislativa estadual.

Tendo em vista que a Constituição

Federal prevê competência privativa

da União para legislar sobre Direito

Comercial. Para a Abras, “a

disposição dos produtos nas gôndolas

configura atividade essencial à

própria natureza do negócio,

enquadrando-se na seara do direito

comercial”.

Em sentido contrário, Gilmar Mendes

elogiou a determinação de que os

produtos orgânicos sejam expostos

em espaços exclusivos, identificados

em cada área ou seção do

estabelecimento comercial, de modo a

segregar os produtos orgânicos dos

demais. E assim concluiu o seu voto:

“Não há de se falar em violação à livre

iniciativa, mas de cumprimento do

dever de informar o consumidor,

princípio igualmente essencial para a

garantia da ordem econômica. Ante o

exposto, julgo improcedente a

presente ação direta de

inconstitucionalidade”.

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LUIZ ORLANDO CARNEIRO –

Repórter e colunista.

https://www.jota.info/stf/do-supremo/stf-mantem-lei-de-sp-

que-regula-comercializacao-de-produtos-organicos-

04112020

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