99
1 CLONAGEM E EXPRESSÃO EM Escherichia coli DA PROTEÍNA MATURA E DA PORÇÃO N-TERMINAL DA TOXINA-1 DA SÍNDROME DO CHOQUE TÓXICO,TSST-1, DE Staphylococcus aureus DE ORIGEM BUBALINA FABIANO COSTA SANTILIANO UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO - UENF CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ SETEMBRO - 2007

CLONAGEM E EXPRESSÃO EM Escherichia coli DO CHOQUE ... · como proteína de fusão com 6 histidinas na extremidade amino terminal His-N-TSST-1 – Proteína correspondente à porção

Embed Size (px)

Citation preview

1

CLONAGEM E EXPRESSÃO EM Escherichia coli DA PROTEÍNA

MATURA E DA PORÇÃO N-TERMINAL DA TOXINA-1 DA SÍNDROME

DO CHOQUE TÓXICO,TSST-1, DE Staphylococcus aureus DE

ORIGEM BUBALINA

FABIANO COSTA SANTILIANO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY

RIBEIRO - UENF

CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ

SETEMBRO - 2007

2

CLONAGEM E EXPRESSÃO EM Escherichia coli DA PROTEÍNA

MATURA E DA PORÇÃO N-TERMINAL DA TOXINA-1 DA SÍNDROME

DO CHOQUE TÓXICO,TSST-1, DE Staphylococcus aureus DE

ORIGEM BUBALINA

FABIANO COSTA SANTILIANO

Tese apresentada ao Centro de Biociências

e Biotecnologia, da Universidade Estadual

do Norte Fluminense Darcy Ribeiro como

parte das exigências para a obtenção do

título de mestre em Biociências e

Biotecnologia – Área de concentração:

Biologia Molecular e Biotecnologia.

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY

RIBEIRO - UENF

CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ

SETEMBRO - 2007

3

CLONAGEM E EXPRESSÃO EM Escherichia coli DA PROTEÍNA

MATURA E DA PORÇÃO N-TERMINAL DA TOXINA-1 DA SÍNDROME

DO CHOQUE TÓXICO,TSST-1, DE Staphylococcus aureus DE

ORIGEM BUBALINA

Fabiano Costa Santiliano

Tese apresentada ao Centro de Biociências

e Biotecnologia, da Universidade Estadual

do Norte Fluminense Darcy Ribeiro como

parte das exigências para a obtenção do

título de mestre em Biociências e

Biotecnologia – Área de concentração:

Biologia Molecular e Biotecnologia.

Aprovada em 28 de setembro de 2007

Comissão examinadora:

___________________________________________________________________________ Profa. Regina Célia de Souza Campos Fernandes (Doutora em Parasitologia) – UFRJ

___________________________________________________________________________

Prof. Olney Vieira da Motta (Doutor em Biociências e Biotecnologia) – UENF ___________________________________________________________________ Prof. Milton Masahiko Kanashiro (Doutor em Biociências e Biotecnologia) – UENF ___________________________________________________________________ Prof. Enrique Medina-Acosta (Doutor em Parasitologia Médica e Molecular) – UENF

(Orientador)

4

Agradecimentos

Primeiro a Deus, pela minha vida e por todas as maravilhas que me concedes

a cada dia.

Ao professor Enrique Medina-Acosta pela grande oportunidade, pela atenção,

dedicação, pelo grande exemplo profissional e humano que representas e pela

amizade. Pessoas como você, deixam um rastro de admiração por onde passam.

Obrigado por Tudo!

Aos Doutores Milton Kanashiro, Regina Célia Fernandes e Olney Vieira da

Motta, pelos ensinamentos e por aceitarem fazer parte da minha banca de defesa de

dissertação. Ao Dr. André Oliveira pela atenção e pelo excelente trabalho durante a

revisão deste trabalho. Obrigado!

Ao professor e amigo Victor Flores, pela amizade, pelos ensinamentos, pelas

conversas, pela preocupação com a minha saúde.

Ao professor Gonçalo e seus alunos por disponibilizarem o termociclador e

em especial à Valéria pelo grande auxílio.

Aos amigos Filipe Brum, Gabriela Gesualdi, Lívia Amaral, Eduardo Leal,

Polyana, Débora Paim, Antônio, Jonilda, Bruno Moussalem, Marcelle Uhl, Heitor,

Giseli, Raul, David, Sílvio, Saulo, Maisena, Leandro Matos (Léo), Franz entre outros,

pelos momentos de alegria, festa, favores, zoeira, fofoca, braseirinho. Em especial,

Cristina, Esther, Anna Rosa, Tadeu, minha aluna Stella e à querida Zila, que além de

compartilharem todos estes momentos foram extremamente importantes, estando

disponíveis em todos os momentos e por me agüentarem cada dia pedindo alguma

coisa. MUITO OBRIGADO MESMO!

À minha família, meus pais, meu irmão que sempre acreditaram, me

apoiaram, estando presentes em todos os momentos da minha vida. À minha avó

querida que infelizmente não vai poder festejar ao meu lado mais esta conquista,

mas que lá do céu continua olhando por mim. Amo Vocês!

E por último, a pessoa mais importante, que preenche a minha vida de amor,

carinho, paz, alegria, felicidade e sabedoria. Bethânia minha linda, saiba que cada

passo dado é pensando em nós dois, nos nossos planos. Tudo o que tenho de mais

importante devo a ti. Obrigado por ter suportado todas as fases pelas quais passei

durante estes 2 anos, principalmente o mau humor e por ter ajudado a superar cada

uma delas. TE AMO PARA TODO O SEMPRE!!!

5

ÍNDICE

ÍNDICE DE FIGURAS...................................................................................................I

LISTA DE ABREVIATURAS.............................. .........................................................III

RESUMO.....................................................................................................................V

ABSTRACT........................................... .....................................................................VI

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................01

1.1. Staphylococcus aureus....................................................................................02

1.2. Resposta Imune...............................................................................................03

1.3. Fatores de Virulência.......................................................................................04

1.3.1. Componentes de Superfície..................................................................05

1.3.1.1. Moléculas de adesão...............................................................05

1.3.1.2. Cápsula....................................................................................05

1.3.1.3. Proteína A................................................................................05

1.3.1.4. Ácido teicóico...........................................................................05

1.3.2. Enzimas.................................................................................................06

1.3.2.1. Coagulase................................................................................06

1.3.2.2. Catalase...................................................................................06

1.3.2.3. Hialuronidase...........................................................................06

1.3.2.4. Lípase......................................................................................06

1.3.2.5. Nuclease..................................................................................06

1.3.2.6. Β-lactamase.............................................................................06

1.3.2.7. Hemolisinas..............................................................................06

1.3.2.8. Leucocidina..............................................................................06

1.3.3. Toxinas..................................................................................................06

1.3.3.1. Toxinas Esfoliativas.................................................................06

1.3.3.2. Enterotoxinas...........................................................................07

6

1.3.3.3. TSST-1.....................................................................................07

1.4. Toxinas Estafilocócicas....................................................................................07

1.5. Enterotoxinas...................................................................................................08

1.6. TSST-1.............................................................................................................11

1.7. Síndrome do Choque Tóxico...........................................................................12

1.8. Superantígenos................................................................................................14

1.9. Patogênese da Síndrome do Choque Tóxico..................................................17

1.10. Estrutura de TSST-1 e produção de vacinas...................................................18

1.11. Mastite.............................................................................................................23

1.12. Métodos de Detecção de Toxinas Estafilocócicas..........................................25

2. JUSTIFICATIVA.................................. ............................................................30

3. OBJETIVOS...................................... ..............................................................32

3.1. Objetivo Geral..................................................................................................33

3.2. Objetivos Específicos.......................................................................................33

4. MATERIAIS E MÉTODOS............................ ...................................................34

Estratégia Metodológica.............................................................................................35

4.1. Material Biológico.............................................................................................37

4.1.1. Cepas de S. aureus e condições de cultivo.....................................................37

4.2. Obtenção e preparo dos fragmentos tst e N-tst...............................................37

4.2.1. Desenho dos iniciadores.................................................................................37

4.2.2. Extração de DNA cromossômico de S. aureus...............................................37

4.2.3. Amplificação das regiões codificantes para TSST-1 e N-TSST-1 pela PCR...38

4.2.4. Purificação dos fragmentos amplificados a partir de géis de agarose............38

4.2.5. Quantificação das amostras de DNA...............................................................38

7

4.3. Clonagem no vetor pGEM-T easy...................................................................39

4.3.1. Preparo de células BL21(DE3) pLysS, DH5-α e M15 (pREP4) competentes.39

4.3.2. Clonagem dos fragmentos tst e N-tst no vetor pGEM-T easy.........................39

4.4. Subclonagens no sistema pQE.......................................................................40

4.4.1. Preparo dos fragmentos tst e N-tst e vetores pQE..........................................40

4.4.2. Ligação dos fragmentos tst e N-tst e transformação.......................................41

4.5. Expressão das proteínas His-TSST-1 e His-N-TSST-1...................................41

4.6. Análise da expressão das proteínas His-TSST-1 e His-N-TSST-1.................43

4.6.1. Preparo das amostras......................................................................................43

4.6.2. Eletroforese......................................................................................................43

4.6.3. western blotting................................................................................................43

4.6.4. Padronização da indução protéica..................................................................44

5. RESULTADOS..................................... ...........................................................45

5.1. Amplificação da região codificadora para TSST-1..........................................46

5.2. Ligação do amplicom ao vetor de clonagem...................................................48

5.3. Análise dos clones positivos para a construção pGEM/tst pela PCR..............48

5.4. Preparo do inserto e do vetor pQE-30 para clonagem....................................50

5.5. Ligação do inserto tst ao vetor pQE-30...........................................................51

5.6. Análise dos clones positivos para a construção pQE-30/tst pela PCR e

digestão......................................................................................................................51

5.7. Expressão da proteína recombinante His-TSST-1..........................................53

5.8. Detecção da proteína His-TSST-1 por western blotting..................................54

5.9. Transformação de E. coli cepas DH5-α e BL21(DE3)pLysS com a construção

pQE-30/tst..................................................................................................................56

5.10. Ligação do amplicom N-tst ao vetor de clonagem...........................................59

8

5.11. Análise dos clones pGEM/N-tst pela PCR e digestão.....................................59

5.12. Ligação do inserto N-tst ao vetor de expressão pQE-30.................................60

5. 13. Análise dos clones pQE-30/N-tst pela PCR e digestão...................................61

5. 14. Expressão da proteína recombinante His-N-TSST-1......................................62

6. DISCUSSÃO....................................................................................................63

7. CONCLUSÕES................................................................................................68

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................... ..........................................70

9

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1. Fatores de virulência expressos por Staphylococcus aureus.....................05 Figura 2: Esquema de ativação de células T por antígenos e superantígenos.........16 Figura 3: Patofisiologia da Síndrome do Choque Tóxico...........................................18 Figura 4: Esquema representativo da estratégia metodológica utilizada...................36 Figura 5: Esquema representativo do vetor de expressão pQE-30 (Qiagem)...........40 Figura 6: Esquema representativo da seqüência da proteína His-TSST-1................42 Figura 7: Esquema representativo da seqüência da proteína His-NH2-TSST-1........42 Figura 8: Extração de DNA cromossômico................................................................46 Figura 9: Condições de amplificação da PCR............................................................47 Figura 10: Amplificação de TSST-1 pela PCR...........................................................47 Figura 11: Confirmação da construção pGEM/tst pela PCR......................................49 Figura 12: Confirmação da construção pGEM/tst por digestão..................................49 Figura 13: Preparo do inserto e vetor pQE-30...........................................................50 Figura 14: Confirmação da construção pQE-30/tst pela PCR....................................52 Figura 15: Confirmação da construção pQE-30/tst por digestão...............................52 Figura 16. Expressão de His-TSST-1.........................................................................53 Figura 17. Imunodetecção de His-TSST-1 utilizando anti-TSST-1............................55 Figura 18: Imunodetecção de His-TSST-1 utilizando anti-His…………………….......55 Figura 19. Confirmação da construção pQE-30/tst em diferentes cepas de E. coli pela PCR....................................................................................................................57 Figura 20. Expressão de His-TSST-1 por diferentes cepas de E. coli.......................58 Figura 21: Imunodetecção de His-TSST-1.................................................................58 Figura 22: Confirmação da construção pGEM/N-tst pela PCR..................................59 Figura 23: Confirmação da construção pGEM/N-tst por digestão..............................60 Figura 24: Confirmação da construção pQE-30/N-tst pela PCR................................61

10

Figura 25: Confirmação da construção pQE-30/N-tst por digestão............................61 Figura 26: Expressão da proteína His-N-TSST-1.......................................................62

11

LISTA DE ABREVIATURAS

APC – Célula Apresentadora de Antígenos

ATP – Adenosina Trifosfato

BHI – Infusão cérebro coração

DAB – 3’3’ Diaminobenzidina tetraidrocloreto

DNA – Ácido Desoxirribonucléico

D. O. – Densidade óptica

EDTA – ácido etilenodiamino tetra-acético

ELISA – Ensaio imunoabsorvente de ligação enzimática

ET-A – Toxina Epidermolítica A

ET-B – Toxina Epidermolítica B

Fc – Fração cristalizável

His -TSST-1 – Proteína TSST-1 expressa em Escherichia coli cepa M15 (pREP4)

como proteína de fusão com 6 histidinas na extremidade amino terminal

His-N -TSST-1 – Proteína correspondente à porção amino-terminal da toxina TSST-1

expressa em E. coli cepa M15 (pREP4) como proteína de fusão com 6 histidinas na

extremidade amino terminal

HIV – Vírus da Imunodeficiência Humana

IFN-γ – Interferon γ

IgG – Imunoglobulina G

IL – Interleucina

IPTG – Isopropil β D-galactosídeo

KDa – Kilo Dalton

LB – Meio Luria-Bertani

LPS – Lipopolissacarídeo

MAb – Anticorpo monoclonal

MHC – Complexo de Histocompatibilidade Principal

Pb – pares de base

PBS – Tampão fosfato salino

PCR – Reação em Cadeia da Polimerase

PEC – Exotoxina pirogênica C

RPLA – Reversed Passive Latex Agglutination

SAg – Superantígeno

12

SCT – Síndrome do Choque Tóxico

SDS – Dodecil sulfato de sódio

SDS-PAGE – Eletroforese em gel de poliacrilamida contendo SDS

SE – Enterotoxina

TCR – Receptor de Células T

TNF-α – Fator de necrose tumoral-α

TSST-1 – Toxina-1 da Síndrome do Choque Tóxico

13

RESUMO

A Toxina-1 da Síndrome do Choque Tóxico (TSST-1) produzida por Staphylococcus

aureus está associada a grande parte dos casos de síndrome de choque tóxico não

menstrual e em todos os casos de síndrome de choque tóxico menstrual, além de

ser produzida por diversos isolados provenientes de animais apresentando mastite.

As metodologias de detecção de TSST-1 são baseadas em procedimentos

imunológicos tais como ELISA, imunodifusão e western blotting, e por utilização da

PCR utilizando seqüências específicas para o gene tst. A produção da proteína

TSST-1 recombinante seria de extrema importância para o desenvolvimento de

métodos rápidos, de baixo custo e eficientes para a detecção da toxina em diversos

quadros clínicos, de importância médica e veterinária, associados à infecção por S.

aureus. Este trabalho teve como objetivo expressar em E. coli a proteína TSST-1

recombinante de S. aureus de origem bubalina e sua porção N-terminal (N-TSST-1)

utilizando o vetor de expressão pQE-30. As regiões codificantes para TSST-1 e N-

TSST-1 foram amplificadas utilizando a técnica da PCR. Os amplicons TSST-1

gerados foram clonados no vetor de clonagem pGEM-T easy, digeridos com

enzimas de restrição e subclonadas no vetor de expressão pQE-30. As construções

recombinantes foram utilizadas para transformar diferentes cepas de E. coli. Dos

processos de clonagem, foram obtidos dois clones, um resultante da construção

pQE-30/tst e outro resultante da construção pQE-30/N-tst. A presença dos

fragmentos gênicos correspondentes a TSST-1 foi confirmada por meio da PCR e

digestão. Ambos os clones apresentaram nível de expressão basal que foi

confirmado por meio de western blotting, utilizando anticorpo policlonal anti-TSST-1

e anticorpo monoclonal anti-hexâmero de histidina.

Palavras chave: Staphylococcus aureus, TSST-1, Síndrome do Choque Tóxico

14

ABSTRACT

Toxic Shock Syndrome Toxin -1 (TSST-1) is associated the great part of the cases of

toxic shock syndrome, beyond being produced by diverse isolates from animals

presenting mastitis. The recombinant protein production of TSST-1 would be of

extreme importance for the development, cheap and efficient methods for the

detection of TSST-1 in several clinical cases associates to the infection for

Staphylococcus aureus. This aim of this work is to produce the recombinant protein

TSST-1 and policlonal antibodies anti-tst for immunobiological applications. Cepas of

Staphylococcus aureus of bubalin origin, TSST-1 producers had been grown in

middle BHI and the chromosomic DNA was extracted by the TELT method. . The

region coder for TSST-1 was amplified through the technique of PCR using specific

starters and cloned in the vector pGEM-T easy. The recombinant obtained

constructions had been digested with enzymes of restriction Kpn I and Hind III for

attainment of amplicon tsst-1 of 700 pb with the compatible extremities for linking

with the expression vector pQE-30. It was obtained one clone proceeding from the

transformation of E. coli with the construction pQE-30/tst. The expression of the

recombinant protein was confirmed by Western blotting.

KEY WORDS: Staphylococcus aureus, TSST-1, Toxic Shock Syndrome

15

1. INTRODUÇÃO

16

1. INTRODUÇÃO

1.1. Staphylococcus aureus

Staphylococcus aureus são bactérias Gram-positivas pertencentes à família

Micrococcaceae, que inclui quatro gêneros: Planococcus, Micrococcus,

Stomatococcus e Staphylococcus. São imóveis, não esporulantes, anaeróbicas

facultativas, que crescem por respiração aeróbica ou por fermentação produzindo

principalmente ácido lático. São coagulase-positivos e são diferenciados do gênero

Streptococcus por serem catalase-positivos. Consistem em células esféricas com

cerca de 1 µm de diâmetro que normalmente se agregam em cachos de uva

formando colônias de coloração amarelo-ouro. Crescem em meios com

concentrações de cloreto de sódio acima de 10%, em temperaturas entre 10°C e

45°C (ótima 30°C-37°C) e valores de pH entre 4,2 e 9,3 (pH ótimo 7,0-7,5). A parede

celular é resistente a lisozima (Issa e Thompson, 2001).

As cepas podem ser classificadas dentro de diferentes biótipos de acordo

com a sua origem humana ou animal, sendo reconhecidos seis biotipos: humana,

humana não hemolítica, aviária, bovina, ovina e não específica baseada em

características bioquímicas (Issa e Thompson, 2001).

Normalmente estão associadas à colonização assintomática da pele,

orofaringe e tratos gastrointestinal e urogenital. No entanto, se as barreiras das

mucosas forem rompidas ou ocorrer deficiência no sistema imunológico do

hospedeiro, estes microrganismos podem causar elevada morbidade e mortalidade

em humanos e outros animais (Bachert et al., 2002), originando desde lesões

superficiais na pele como bolhas, abscessos, acnes e furúnculos até doenças de

maior gravidade como pneumonia, osteomielite, endocardite, miocardite, meningite,

infecções do trato urinário (Archer, 1998).

A transmissão de S. aureus é frequentemente feita através de contato direto

com um indivíduo infectado, embora possa ocorrer também por contato com

aerossóis. Vários fatores que predispõem o hospedeiro a aumentar a

susceptibilidade à infecção por S. aureus têm sido identificados (Issa e Thompson,

2001). Estes incluem: injúria na pele ou membrana das mucosas, função leucocitária

anormal, infecções virais (por exemplo, influenza), anormalidades metabólicas (por

exemplo, diabetes mellitus e uremia), má nutrição e velhice (Bachert et al., 2002).

17

Pessoas com risco de infecções incluem recém-nascidos, vítimas de traumas,

pacientes queimados e usuários de drogas (Dinges et al., 2000).

Também constituem a principal causa de infecções hospitalares,

contaminações de instrumentos cirúrgicos e infecções associadas a procedimentos

médicos, além de doenças provocadas por contaminação alimentar devido à

liberação de enterotoxinas nos alimentos (Kotb, 1995) e da síndrome do choque

tóxico por liberação de superantígenos na corrente sangüínea (McCormick et al.,

2001).

A ocorrência de S. aureus em humanos e animais é de grande preocupação

médica e veterinária pelo fato de, em muitos casos, a bactéria apresentar resistência

a certos antibióticos. A resistência de S. aureus a antibióticos não é um fenômeno

novo. Por volta de 1940, a maioria dos casos relatados em diversos hospitais era de

cepas resistentes à penicilina (Gould, 2005). Em 1981, 5% dos S. aureus eram

resistentes à meticicilina. Uma década depois este percentual aumentou para 38% e

as estimativas de 2000 são de mais de 50% dos isolados resistentes a meticilina

(Gould, 2005). Diversos são os meios pelos quais as bactérias podem adquirir

resistência, estes podem ocorrer pela aquisição de genes de resistência

extracromossômicos por conjugação e transposição, e através de mutações nos

genes cromossomais, seguido por seleção de cepas resistentes (Hiramatsu et al.,

2001).

1.2. Reposta Imune

A resposta fagocítica de leucócitos polimorfonucleares é a primeira linha de

defesa inata do organismo contra a invasão por S. aureus e é um determinante

crítico na resposta das infecções estafilocócicas (Foster, 2005).

O nível de anticorpos é baixo demais para desenvolver uma resposta

protetora e o hospedeiro não é capaz de responder eficientemente à re-infecção

com uma resposta secundária satisfatória devido à depleção de células B e T

(Foster, 2005).

Quando as barreiras físicas do corpo, representadas pela pele e superfícies

mucosas, são rompidas pelo S. aureus, o microrganismo é confrontado com o

sistema imune do hospedeiro representado pela imunidade inata e adquirida (Foster,

2005).

18

A infecção da pele estimula uma forte resposta inflamatória envolvendo a

migração de neutrófilos e macrófagos para o local da infecção. Estas células são

aptas a internalizar e matar o organismo invasor com a ajuda de anticorpos e

componentes do sistema complemento, presentes no soro do hospedeiro

(Rooijakkers et al., 2005).

As moléculas do complemento agem como quimiocinas para os fagócitos e

promovem a opsonização da bactéria aumentando a eficiência da fagocitose.

Após o estágio inicial, o microrganismo e seus produtos, captados pelos

fagócitos e células apresentadoras de antígenos (APCs), são transportados aos

linfonodos onde as células B são estimuladas a se diferenciar e secretar anticorpos

que neutralizam as toxinas e potencializam o processo fagocítico (Foster, 2005).

Com o decorrer de sua evolução, S. aureus desenvolveu diversos fatores de

virulência que atuam como mecanismos de evasão, garantindo proteção contra a

resposta imune do hospedeiro (Balaban e Rasooly, 2000). Estes mecanismos são

diversificados e incluem a inibição da quimiotaxia dos neutrófilos (Fedtke et al.,

2004); produção de toxinas que atuam na membrana de leucócitos promovendo a

sua lise (Lowy, 1998); síntese de proteína A e microcápsula, que garantem a

resistência à fagocitose (Archer, 1998); e, produtos carotenóides e algumas enzimas

que neutralizam os mecanismos de morte dos fagossomos caso a bactéria seja

internalizada (Iwatsuki et al., 2006).

1.3. Fatores de virulência

Cepas de S. aureus expressam uma variedade de fatores de virulência

(Figura 1) que podem ser agrupados segundo seus mecanismos patogênicos como

proteínas que facilitam sua habilidade de colonizar e persistir no hospedeiro

(Balaban e Rasooly, 2000). Estas proteínas, freqüentemente com propriedades

enzimáticas ou citotóxicas, incluem várias hemolisinas ativas na membrana,

nucleases, proteases, leucocidinas, lípases e colagenases. Coletivamente estas

exoproteínas promovem a adesão bacteriana ou fornecem os nutrientes necessários

ao desenvolvimento bacteriano (Lowy, 1998; Iwatsuki et al., 2006).

19

Figura 1. Fatores de virulência expressos por S. aureus (Adaptado Lowy, 1998).

1.3.1. Componentes de superfície : promovem a colonização dos tecidos do

hospedeiro.

1.3.1.1. Moléculas de adesão: consistem em proteínas de superfície que promovem

a adesão íntima de S. aureus a proteínas presentes nas células endoteliais e

membrana basal do hospedeiro, destacando-se as proteínas ligantes de

fibrinogênio, fibronectina, laminina, colágeno e vitronectina (Lowy, 1998);

1.3.1.2. Cápsula: muitas cepas apresentam uma estrutura denominada

microcápsula formada por polissacarídeos que inibem o processo fagocítico (Archer,

1998).

1.3.1.3. Proteína A: consiste numa proteína de superfície que se liga a moléculas de

IgG através de sua porção Fc, interferindo assim na opsonização e conseqüente

fagocitose da bactéria (Archer, 1998).

1.3.1.4. Ácidos teicóicos: são importantes componentes na parede celular de S.

aureus e atuam na aderência às superfícies mucosas (Fournier e Philpott, 2005).

1.3.2. Enzimas

20

1.3.2.1. Coagulase: é a mais conhecida, em virtude de sua presença caracterizar a

espécie. As cepas de S. aureus possuem duas formas de coagulase: ligada

(também denominada fator de aglutinação – “clumping factor”) e coagulase livre. A

coagulase ligada à parede celular pode converter diretamente fibrinogênio em fibrina

insolúvel e causar o agrupamento das bactérias. A coagulase livre reage com a pró-

trombina formando a estafilotrombina, que por sua vez, catalisa a conversão do

fibrinogênio em fibrina insolúvel. O papel da coagulase na patogenia da doença é

especulativo, mas tanto a coagulase livre quanto a ligada podem recobrir as células

bacterianas com fibrina e torná-las resistentes à fagocitose (Iwatsuki et al., 2006).

1.3.2.2. Catalase: catalisa a conversão do peróxido de hidrogênio em água e

oxigênio. A catalase protege os organismos do peróxido de hidrogênio tóxico que se

acumula durante o metabolismo bacteriano e no interior de células fagocitárias, após

a fagocitose do mesmo.

1.3.2.3. Hialuronidase: hidrolisa o ácido hialurônico, um componente da matriz

intercelular do tecido conjuntivo.

1.3.2.4. Lipase: hidrolisa lipídios, o que é essencial para a sobrevivência dos

estafilococos nas regiões sebáceas do corpo.

1.3.2.5. Nuclease: hidrolisa o DNA livre.

1.3.2.6. β-lactamase: hidrolisa o anel β-lactâmico das penicilinas, também

conhecida como penicilinase.

1.3.2.7. Hemolisinas: são toxinas que causam danos à membrana da célula

eucariótica. Nesta categoria são incluídas as toxinas citolíticas α, β, γ e δ (Iwatsuki et

al., 2006).

1.3.2.8. Leucocidina: exerce um efeito tóxico direto sobre as membranas celulares

dos leucócitos polimorfonucleares humanos causando desgranulação do citoplasma

(Iwatsuki et al., 2006).

1.3.3. Toxinas

1.3.3.1. Toxinas esfoliativas: As esfoliatinas ou toxinas epidermolíticas são

produzidas por determinadas cepas de S. aureus e consistem em duas proteínas,

denominadas ET-A e ET-B. Essas proteínas apresentam atividade proteolítica,

clivando a epiderme, sendo responsáveis pelos sintomas da doença conhecida

como Síndrome da Pele Escaldada (Lina et al., 1997).

21

1.3.3.2. Enterotoxinas: proteínas secretadas por certas cepas de S. aureus e que

atuam como superantígenos, promovendo superativação de células T e excessiva

liberação de citocinas. Estão associadas a episódios de intoxicação alimentar e à

Síndrome do Choque Tóxico (Balaban e Rasooly, 2000).

1.3.3.3. TSST-1: toxina isolada de pacientes com Síndrome do Choque Tóxico

(SCT). Também é um superantígeno e está fortemente associada a casos de

choque tóxico menstrual (McCormick et al., 2001).

1.4. Toxinas Estafilocócicas

Toxinas são comumente substâncias, de origem protéica, produzidas por

alguns microrganismos e que contribuem para sua patogenicidade. São

classificadas em exotoxinas e endotoxinas (Koneman et al., 2001). As exotoxinas

são proteínas ou enzimas produzidas no interior de algumas bactérias Gram-

positivas, decorrentes da multiplicação e metabolismo, dos microrganismos.

Classicamente são agrupadas em três tipos, de acordo com seu modo de ação:

citotoxinas, que destroem as células do hospedeiro ou afetam suas funções;

neurotoxinas, que interferem com a transmissão normal de impulsos nervosos; e

enterotoxinas, que afetam as células que revestem o trato gastrintestinal (Koneman

et al., 2001).

As endotoxinas correspondem à porção externa da parede celular

(lipopolissacarídeos) das bactérias Gram-negativas, que são liberadas após a morte

bacteriana ou mesmo a lise da parede celular (Koneman et al., 2001).

Os estafilococos são conhecidos pela produção de potentes toxinas (Marrack

e Kappler, 1990), que uma vez introduzidas no hospedeiro induzem uma variedade

de conseqüências biológicas (Dinges et al., 2000), atuando em três diferentes vias:

como enterotoxinas, induzindo efeitos eméticos e diarréia em humanos e outros

primatas; como exotoxinas implicadas na síndrome do choque tóxico; e como

superantígenos gerando uma forte estimulação de células T Vβ específicas (Choi et

al., 1991), seguida por anergia e apoptose destas células, resultando em

imunossupressão (Rellahan et al., 1990). Estas podem ter importante função em

diversas patogenias devido à capacidade de estimular tanto células

imunomoduladoras quanto pro inflamatórias efetoras (Kotb, 1998).

22

1.5. Enterotoxinas

As enterotoxinas são proteínas monoméricas de massa molecular variando de

22-30 kDa, não glicosiladas, e de longa vida média, que são secretadas e

acumuladas durante a fase exponencial do crescimento in vivo e in vitro das

diferentes cepas de S. aureus enterotoxigênicas (Balaban e Rasooly, 2000). São

ricas em lisina, ácido aspártico, ácido glutâmico e tirosina (Proft e Fraser, 2003).

Possuem uma ligação dissulfídica em sua conformação que provavelmente estaria

envolvida na atividade emética (Marrack e Kappler, 1990). São altamente estáveis,

resistem a muitas enzimas proteolíticas como pepsina e tripsina explicando sua

atividade no sistema digestivo, e são altamente resistentes ao calor (Le Loir et al.,

2003). Essas proteínas, também conhecidas como toxinas pirogênicas, em

quantidades na ordem de microgramas (3,5 - 150 µg, dependendo da sensibilidade

da espécie e do indivíduo) estão relacionadas a episódios de intoxicações

alimentares (Bunning et al., 1997; Balaban e Rasooly, 2000; Schlievert et al., 2000)

após a ingestão de alimento contaminado, afetando cerca de 1,2 milhões de

pessoas anualmente, resultando numa perda econômica de cerca de 1,5 bilhões de

dólares (Giletto e Fyffe, 1998). Em temperaturas inferiores a 60°C, muitas cepas

produzem enterotoxinas, que uma vez entrando no intestino do hospedeiro, têm a

habilidade de cruzar a parede intestinal e ganhar acesso ao sistema imune (Shupp

et al, 2002). Após 4 h de ingestão, estas toxinas interagem com vários alvos

celulares desencadeando reações biológicas e fisiológicas que conduzem às

manifestações clínicas características da intoxicação: náuseas, dores abdominais,

diarréia e vômito (Balaban e Rasooly, 2000; Dinges et al., 2000). Os sintomas

geralmente desaparecem 24 h após a infecção, porém, óbitos entre neonatos e

idosos não são raros (Medina-Acosta et al., 2005).

S. aureus estão presentes em 30% da população mundial. Este alto

percentual pode ser um fator de prevalência de contaminação em alimentos.

Condições de higiene inadequadas, temperatura ideal e condições impróprias

durante a fabricação, são implicadas como a etiologia primária dos casos de

contaminação alimentar (Le Loir et al., 2003).

As enterotoxinas exibem semelhanças tanto nas suas múltiplas atividades

biológicas quanto nas suas seqüências peptídicas (Balaban e Rasooly, 2000).

Distinguem-se, todavia, umas das outras, pela presença de epítopos específicos.

23

Assim sendo, as diferentes cepas enterotoxigênicas podem expressar toxinas

antigenicamente distintas com atividades biológicas similares.

S. aureus secreta diversas enterotoxinas (SEs) com múltiplos sorotipos (SEA,

SEB, SEC1-3, SED, SEE, SEG, SEH, SEI, SEJ) (Balaban e Rasooly, 2000; Dinges et

al., 2000) os recentemente descobertos SEK, SEL, SEM (Revisado por Medina-

Acosta et al., 2005), SEN, SEO, SEQ, SER e SET (Letertre et al., 2003; Omoe et al.,

2003; Freiras et al., 2004).

A seqüência primária de cada sorotipo já foi determinada e/ou deduzida a

partir tanto de proteínas purificadas quanto dos respectivos genes (Dinges et al.,

2000). O grau de semelhança antigênico é paralelo ao grau de homologia dos

genes. As enterotoxinas se caracterizam ainda pela presença de uma seqüência

peptídica especial, um epítopo altamente conservado, que corresponde à seqüência

sinal utilizada na passagem das enterotoxinas através do epitélio intestinal via

transcitose (Hamad et al., 1997; Shupp et al., 2002).

Apresentam similaridades estruturais, funcionais e na seqüência e são

filogeneticamente relacionadas (Balaban e Rasooly, 2000). Os genes para estas

toxinas são levados por plasmídeos, bacteriófagos, ou por elementos genéticos

heterólogos, conhecidos como ilhas de patogenicidade. Vojtov et al. (2002)

demonstraram que SEB assim como TSST-1 é um regulador global negativo da

transcrição de genes de exoproteínas, e que age via sistema agr. Os genes que

codificam para as SEs possuem diferentes suportes genéticos, muitos dos quais são

elementos genéticos móveis. sea é carregado por uma família de fagos temperados,

seb é cromossômico em alguns isolados e encontrado em plasmídeos em outros,

sec bovino é regulado por genes localizados em ilhas de patogenicidade (Fitzgerald

et al., 2001). O principal sistema regulador que controla a expressão de fatores de

virulência em S. aureus é o agr (gene regulador acessório) que age em combinação

com o sar (regulador acessório estafilocócico), mas nem todos os genes de SEs são

controlados pelo sistema agr (Kuroda et al., 2001).

Embora as toxinas pirogênicas estejam envolvidas em diferentes patologias,

elas exibem semelhanças nas suas atividades biológicas de superantigenicidade e

enterotoxigenicidade (Le Loir et al., 2003). Harris et al. (1993) propuseram que existe

uma relação entre a atividade superantigênica e enterotoxigênica das toxinas, e na

maioria dos casos, a perda da atividade superantigênica resulta na perda de

enterotoxigenicidade. Porém, foi demonstrado que essas duas atividades estão

24

localizadas em domínios separados da molécula. Isso quer dizer que, o fato de a

proteína ser superantigênica não significa que ela seja enterotoxigênica.

A superantigenicidade está relacionada com a capacidade da proteína

estimular inespecificamente a proliferação de células T (Proft e Fraser, 2003),

enquanto que a enterotoxigenicidade e o efeito emético estão relacionados com a

estimulação do sistema nervoso central, após atuação da toxina sobre os receptores

neurais no intestino (Le Loir et al., 2003).

Os efeitos eméticos mais comuns são: náuseas, vômitos, dores abdominais,

prostação e diarréias. Os primeiros acontecem de duas a seis horas após a atuação

da toxina sobre os receptores neurais no intestino. O último ocorre devido ao

aumento do peristaltismo intestinal e perda de líquido pelo organismo (Balaban e

Rasooly, 2000). As regiões dos domínios central e C-terminal das enterotoxinas

parecem ser responsáveis por causarem tais efeitos. A região do domínio B parece

atuar na produção de atividade emética (Dinges et al., 2000). Em SEB como em

outras enterotoxinas, este segmento forma uma ponte dissulfídica aberta, como

TSST-1 não tem resíduos de cisteína, não pode formar pontes dissulfídicas, o que

explicaria a ausência de atividade emética em TSST-1 (Prasad et al., 1993). Dentre

os superantígenos, somente as SEs possuem atividade emética (Dinges et al.,

2000).

Como as duas atividades das SEs estão interligadas ainda é pouco

conhecido. O mecanismo responsável pela resposta emética poderia ser mediado

pelo sistema imune na qual a estimulação de células T está associada à elevada

produção de citocinas (Proft e Fraser, 2003). Os sintomas de contaminação

alimentar podem ser mimetizados pela administração de IL-2 exógena (Johnson et

al.,1992). Acredita-se que a atividade emética possa facilitar a transcitose,

permitindo a sua entrada na corrente sangüínea e interação com as células T

levando à atividade superantigênica (Hamad et al., 1997; Balaban e Rasooly, 2000).

Anticorpos contra uma seqüência peptídica conservada em SEB relacionada

à transcitose inibiriam a passagem de SEB, SEA e TSST-1 pela parede do epitélio, o

que reduziria ou eliminaria o contato da toxina com o sistema imune evitando os

efeitos mais sérios associados aos superantígenos (Shupp et al., 2002).

1.6. TSST-1

25

Na década de 80, dois grupos de pesquisadores independentemente

caracterizaram uma proteína secretada por S. aureus e altamente associada a casos

de síndrome do choque tóxico menstrual. Bergdoll et al. (1981) descreveram uma

toxina denominada enterotoxina F (SEF). Esta possuía pequena massa molecular,

era estável em condições ácidas e apresentava como atividade biológica a

capacidade de causar vômito seguido por injeção intragástrica em macacos.

Schlievert et al. (1981) purificaram de um meio de cultura com cepas de S. aureus

provenientes de pacientes com síndrome do choque tóxico (SCT), uma proteína com

massa molecular de 22 kDa, a qual denominou exotoxina pirogênica C (PEC). Este

material era detectado com base na sua pirogenicidade em coelhos e na habilidade

de aumentar a susceptibilidade, em animais inoculados, ao choque letal causado por

endotoxinas.

As toxinas foram purificadas independentemente e ao serem comparados os

padrões de aminoácidos e a reatividade imunológica cruzada percebeu-se que SEF

e PEC migram como uma única banda protéica em gel bidimensional, têm

aparentemente os mesmos pontos isoelétricos e têm a mesma massa molecular

(Todd, 1988), evidências que demonstraram que as mesmas são idênticas

bioquímica e imunologicamente, se tratando portanto, da mesma proteína, a qual é

atualmente conhecida como TSST-1 (Toxina 1 da Síndrome do Choque Tóxico)

(Bonventre et al., 1983; Cohen et al., 1983).

TSST-1 é uma proteína de cadeia única de 22 kDa, não glicosilada e sem

pontes dissulfídicas. É sintetizada com um peptídeo sinal de 40 aminoácidos na

região amino-terminal que é removido, sendo secretada como uma proteína madura

de 194 aminoácidos (Gampfer et al., 2002). São extremamente resistentes a

proteases, sendo estáveis a temperaturas superiores a 60°C, resistindo a faixas de

pH que variam entre 2.5 a 11. Não apresentam muitas seqüências de homologia

com outros superantígenos (Dinges et al., 2000).

TSST-1 é expressa constitutivamente por certas cepas de S. aureus, e está

associada à doença conhecida como síndrome de choque tóxico.

1.7. Síndrome do Choque Tóxico

A Síndrome do Choque Tóxico (SCT) foi primeiramente descrita por Todd et

al. (1978) ao estudarem um grupo de sete crianças com idades entre 8 e 17 anos

26

que apresentavam febre alta, hiperemia mucosa, confusão mental, dores

abdominais, diarréia e choque com falha múltipla dos órgãos. Descamações na pele

das mãos e plantas dos pés eram observadas durante a convalescência. S. aureus

foram isolados de cinco destas crianças e acreditava-se que uma nova toxina

estafilocócica fosse a responsável pelos sintomas em virtude da ausência de

bacteremia detectável nestes pacientes (Ganem, 1981).

Em 1980, Shrock observou uma síndrome similar em mulheres em período de

menstruação e postulou que seria causado por herpes. No mesmo ano outro

trabalho confirmou a associação de SCT com menstruação, S. aureus, e uso de

tampões de alta absorção. Casos não menstruais de SCT eram reportados antes de

1980 e estavam associados a uma variedade de procedimentos cirúrgicos

(rinoplastia, procedimentos pós-parto) e condições médicas como pneumonia,

influenza e infecção (Issa e Thompson, 2001).

SCT tornou-se um problema de saúde pública em 1979 quando um aumento

dramático no número de casos ocorreu. O pico de incidência foi de janeiro a outubro

de 1980. A maioria dos casos (90-95%) era de mulheres brancas e jovens, 95%

eram associadas com menstruação. 99% das mulheres com SCT menstrual

utilizavam tampões absorventes (Reiss, 2000). TSST-1 foi a primeira toxina

identificada como associada à síndrome e é aceita como a causa de 100% dos

casos de SCT menstrual (McCormick et al., 2001).

Quatros fatores podem estar associados à SCT menstrual: (a) colonização

vaginal com cepas de S. aureus toxigênicas; (b) produção de TSST-1; (c)

penetração através do epitélio de uma concentração suficiente de TSST-1 capaz de

causar doença; e (d) ausência de títulos suficientes de anticorpos neutralizantes

anti-TSST-1.

SCT menstrual é freqüentemente relacionada ao uso de tampões de alta

absorção que criariam as condições apropriadas (Lee Woong et al., 1990) ao

desenvolvimento de S. aureus residentes na vagina e a conseqüente produção de

TSST-1 (Schlievert, 1993). Para que haja produção de toxina em níveis ótimos, é

necessária grande quantidade de proteína, baixo nível de glicose, temperatura entre

37°C e 40°C, pH na faixa de 6.5 a 8.0, O 2 e cátions divalentes. Exceto as duas

últimas, todas as demais condições estão presentes na vagina durante a

menstruação. O tampão atuaria introduzindo O2 no meio anaeróbico da vagina (Ross

e Onderdonk, 2000), além de ligar quantidade suficiente de Mg++ suficiente para

27

alterar a cinética de crescimento intravaginal das cepas produtoras de TSST-1 (Kass

et al., 1987, Dinges et al., 2000).

TSST-1 está associada à totalidade dos casos de choque tóxico menstrual,

provavelmente devido à sua habilidade única de atravessar a parede mucosa

vaginal (Dinges et al., 2000; McCormick et al., 2001). Algumas células epiteliais

apresentam receptores para TSST-1, que poderiam estar envolvidos na endocitose,

transcitose (Shupp et al., 2002) de TSST-1 pelo epitélio vaginal (Peterson et al.,

2005). A presença de S. aureus produtoras de TSST-1 geram uma resposta

inflamatória local como resultado de sua interação com as células epiteliais. Há

produção e secreção de uma grande quantidade de citocinas como TNF-α e IL-1 que

levam ao aumento da permeabilidade na parede mucosa, devido à hipotensão,

facilitando a penetração de TSST-1 (Peterson et al., 2005). Dados in vitro mostram o

influxo de linfócitos através do epitélio durante a infecção com S. aureus o que é

consistente com a ativação de uma resposta imune inata (Davis et al., 2003). A ação

das citocinas aliada aos fatores de virulência secretados por S. aureus ocasionam

mudanças nas características do tecido vaginal, como descamações, perda de

células de superfície e separação do epitélio da lâmina basal o que facilitaria ainda

mais a penetração da toxina (Peterson et al., 2005).

Se TSST-1 tem a capacidade de atravessar o epitélio, ela poderia ser

neutralizada por anticorpos presentes no soro do indivíduo. No entanto, a ausência

ou diminuição drástica nos títulos de anticorpos protetores anti-TSST-1 parece ser

um importante fator de risco para o desenvolvimento da SCT. A maioria das pessoas

tem um nível de anticorpos protetores contra TSST-1, mas aqueles que não

possuem estes anticorpos e são colonizados ou infectados com uma cepa produtora

de toxina podem vir a apresentar os sintomas típicos da doença (Reiss, 2000). Isto

ajudaria a explicar o fato de que a maioria das pessoas expostas a cepas virulentas

não manifestam a doença, além da baixa incidência dos casos de SCT menstrual.

(Parsonnet et al., 2005).

A SCT não-menstrual normalmente está associada com a presença de TSST-

1 (50% dos casos), SEC (3%) e SEB (47%) (Crass e Bergdoll, 1986; Dinges et al.,

2000). Diversas categorias deste tipo de SCT têm sido descritas. Estas incluem SCT

pós-cirúrgica; associada com influenza; síndrome de descamação eritematosa

recalcitrante (SDER), e SCT associada ao uso de barreiras contraceptivas (Dinges et

al., 2000; McCormick et al., 2001).

28

SCT associada ao vírus influenza parece resultar de superinfecção do epitélio

do trato respiratório danificado pelo vírus por S. aureus, sendo altamente fatal em

crianças. SDER é uma doença fatal que acomete pacientes contaminados pelo vírus

HIV. SCT associado ao uso de diafragma tem um mecanismo similar a SCT

associado a tampões. Mais raramente SCT não-menstrual pode estar associada ao

parto, lesões ou infecções na pele, e à presença de corpos estranhos incluindo

dispositivos intrauterinos e pacientes submetidos à rinoplastia, ou infecções nasais

(McCormick et al., 2001). Crianças queimadas também são susceptíveis à doença já

que S. aureus freqüentemente coloniza as áreas queimadas (Khojasteh et al., 2007).

TSST-1 tem sido encontrada nos rins de 18% das crianças que tiveram

síndrome da morte súbita (Moscovis et al., 2004) e cepas produtoras da toxina foram

encontradas em 60-70% dos casos associados à síndrome de Kawasaki (Proft e

Fraser, 2003; Malhotra et al., 2004), uma vasculite multi-sistêmica aguda tipicamente

vista em crianças com menos de 4 anos de idade e que apresenta muitos aspectos

semelhantes a SCT (Earhart et al., 1998). Pode contribuir na patogênese de

doenças autoimunes por ativação de células T específicas contra antígenos

próprios. Estes poderiam quebrar a tolerância ou suprimir os clones de células T

autoreativos e induzir a um estado de autoimunidade (McCormick et al., 2001; Proft

e Fraser, 2003).

Diversos sintomas têm sido associados à contaminação por TSST-1 como

febre, hipotensão, diarréia, falha múltipla dos órgãos, ativação alterada de linfócitos,

imunossupressão e aumento de susceptibilidade do hospedeiro à ação de

endotoxinas (Kotb, 1995). Muitas destas propriedades são atribuídas a uma única

característica, a superantigenicidade.

1.8. Superantígenos

Superantígenos (SAgs) constituem uma família de proteínas microbianas

funcionalmente relacionadas que são produzidas por certas bactérias e vírus

(Marrack e Kappler, 1990). São potentes estimuladores do sistema imune e têm um

papel importante em um número de doenças humanas (Kotb, 1998). Como proteínas

associadas à membrana ou secretadas, os SAgs interagem com células imunes de

uma maneira distinta, transgredindo as regras normais de processamento e

29

apresentação de antígenos ativando um grande número de células a liberarem altos

níveis de citocinas inflamatórias (Marrack e Kappler, 1990).

A habilidade dos SAgs para disparar uma poderosa resposta imune é

atribuída à maneira não convencional pela qual eles interagem com as células do

sistema imune. Na resposta imune celular, o evento primário é o reconhecimento do

antígeno pelo receptor de célula T (TCR) ligado à membrana. Antígenos

convencionais são usualmente internalizados pelas células apresentadoras de

antígeno (APCs) e processados em compartimentos especiais gerando pequenos

peptídeos que são complexados a moléculas do Complexo de Histocompatibilidade

Principal (MHC) de classes I e II expressos na superfície das APCs. Os complexos

peptídeo-MHC são reconhecidos por células T maduras que expressam o receptor

heterodimérico αβ. Cada cadeia α e β tem domínios variáveis e constantes. Cinco

regiões variáveis do receptor Vβ, Dβ, Jβ, Vα e Jα criam o sítio de ligação do

antígeno ao TCR. Este tipo de reconhecimento é um evento chave na definição da

especificidade de reconhecimento de antígenos pelo TCR, de forma que um dado

antígeno pode ser reconhecido por tão pouco quanto 0,01 a 0,1% da população de

células T (Issa e Thompson, 2001). Superantígenos, no entanto, têm a capacidade

de interagir com TCR de maneira não específica, através de interação com a porção

Vβ do TCR (Choi et al., 1991) e ligação cruzada entre este receptor e as moléculas

de MHC de classe II na superfície das APCs (McCormick et al., 2003) (Figura 2),

formando um complexo trimolecular que atua como potente ativador podendo

estimular de 5 a 30% da população de células T (Issa e Thompson, 2001; Baker e

Acharya, 2004).

Nem todas as moléculas de MHC, no entanto, seriam capazes de ligar e

apresentar todos os diferentes tipos de toxinas superantigênicas. TSST-1, por

exemplo, liga-se preferencialmente a moléculas de HLA-DRα1 (Bordignon et al.,

1992), sendo esta ligação favorecida pela presença de determinadas seqüências

presentes nas cadeias α e β da molécula de MHC de classe II (Figura 2) (Braunstein

et al., 1992).

30

Figura 2: Esquema de ativação de células T por antígenos e superantígenos.

(Adaptado de Braunstein et al., 1992)

A ação dos superantígenos induz a produção e liberação de níveis elevados

de IL-12 (Takahashi et al., 1995). Normalmente a IL-12 atua localmente, mas a

produção em excesso faz com que esta atinja a corrente sangüínea, gerando uma

série de sintomas que incluem náusea, vômito, indisposição e febre. A grande

estimulação da proliferação de células T e produção de IL-1 (Parsonnet et al.,

1985a; See et al., 1992) também gera um aumento na produção de IL-10, IFN-γ e

TNF-α, (Takahashi et al., 1995).

Vários fatores podem afetar a resposta dos SAgs e influenciar sua atividade

biológica, como o modo pelo qual eles interagem com moléculas de MHC e se são

capazes de realizar ligação cruzada com estes receptores. Contribuem também a

forma de atuação dos SAgs em diferentes hospedeiros e tecidos. O haplotipo de

MHC II do hospedeiro pode ter um papel principal na regulação da resposta imune e

pode controlar a severidade da resposta inflamatória sistêmica disparada por

patógenos produtores de SAg (Kotb, 1998).

A apresentação seletiva de SAgs por diferentes APCs residindo em diferente

tecidos podem ter importante implicação biológica. A introdução de SAgs dentro de

31

diferentes tecidos ou órgãos pode gerar diferentes efeitos dependendo da APC

residente e do arranjo de ligação dos peptídeos. Por exemplo, o aumento

significativo da associação de TSST-1 em comparação com outras SEs com SCT

menstrual pode estar relacionado aos efeitos seletivos deste SAg sobre o tecido

vaginal (Peterson et al., 2005).

TSST-1 é conhecida por possuir múltiplos efeitos biológicos relacionados à

hipotensão e à sensibilidade capilar que consistem no principal componente da

patofisiologia da SCT (Reiss, 2000). Atua como superantígeno causando hipotensão

e dano capilar por indução de grande quantidade de citocinas. Quando combinada

com endotoxina, produz febre e aumenta a mortalidade em coelhos (Gampfer et al.,

2002). A capacidade de aumentar a letalidade do choque endotóxico pode resultar

de hipersensibilidade ou habilidade de bloquear a clearance de endotoxinas pelo

fígado (Fujikawa et al., 1986), o que pode contribuir para a fraqueza capilar e

promover o aumento da secreção de TNF-α, um potente mediador biológico do

choque (Dinges et al., 2000; Earhart et al., 1998). É capaz de se ligar e penetrar em

células epiteliais, células mononucleares e endotélio dos vasos sangüíneos

humanos provocando a morte, ativação ou hipersensibilidade destas células à

endotoxinas (Dinges et al., 2000).

1.9. Patogênese da Síndrome do Choque Tóxico

A evidência de que muitos pacientes com SCT têm infecção em certos locais

específicos com S. aureus, e que muitos pacientes carregam cepas de S. aureus

produtoras de TSST-1 na cavidade nasal e têm altos níveis de anticorpos para a

toxina sem terem apresentado um histórico de doença sugere que muitas cepas

produtoras de TSST-1 possam crescer in vivo sob condições especiais que podem

expressar seu potencial tóxico (Issa e Thompson, 2001). A causa exata da SCT em

alguns casos individuais pode variar dependendo do estado imunológico do

indivíduo, do organismo, ou condições de crescimento in vivo. Desta forma ausência

ou outros focos infecciosos podem garantir a estas cepas propriedades que

possibilitariam a potencial expressão da toxina (McCormick et al., 2001).

A patogênese de SCT requer exposição de um indivíduo não-imune a cepas

de S. aureus produtoras de TSST-1. Para atingir a produção ótima, muitas destas

cepas cresceriam sob condições que promovem a expressão da toxina (Lee Wong e

32

Bergdoll, 1990; Ross e Onderdonk, 2000). Estas condições são melhor encontradas

em infecções em certos tipos de tecidos ou na vagina durante a menstruação e na

presença de um corpo estranho inserido no canal vaginal como por exemplo um

tampão absorvente ou barreira contraceptiva. Uma situação similar ocorre após uma

cirurgia nasal. Sob estas condições, os organismos produzem uma ou mais toxinas

que são sistemicamente distribuídas, agindo diretamente ou via mediadores

ativados, sobre a integridade capilar (Dinges et al., 2000). Isto resulta em uma lesão

não inflamatória que causa uma gama de sintomas típicos de SCT (Figura 3).

Figura 3: Patofisiologia da Síndrome do Choque Tóxico. Adaptado de Dinges et al.,

2000)

1.10. Estrutura de TSST-1 e produção de vacinas

Estudos da estrutura terciária de TSST-1 em comparação com SEA, SEB e

SEC revelam apenas 20 a 30% de identidade na seqüência primária (Murray et al.,

1996; McCormick et al., 2001). A estrutura de TSST-1 consiste em dois domínios: o

Presentes

Menstruação + corpos estranhos infecção focal, bacteremia

Produção de toxina ativa

Anticorpos pré-existentes

Síndrome do Choque Tóxico

Sem doença

Ausentes

Nasofaringe, vagina

Produção de toxina inativa ou em baixo nível

Desenvolvimento de anticorpos

Sem doença

Exposição à cepa de TSS

Colonização ou infecção

Condições de crescimento favoráveis

Presentes Ausentes

pH neutro CO2

Aeróbico Proteína

33

domínio A compreendendo os resíduos 1 a 17 e 90 a 194, e o domínio B constituído

pelos resíduos 18 a 89. O domínio A é composto por uma região α-hélice central

(resíduos 125 a 140) organizadas junto a cinco folhas β (Papageorgiou et al., 1996).

Acima desta α-hélice central está a α-hélice amino-terminal e nas laterais estão dois

loops no qual TSST-1 se estende até o ápice da α hélice central. O domínio B possui

5 folhas β organizadas dentro de uma estrutura semelhante a um barril

(Papageorgiou et al., 1996).

A análise estrutural da toxina permite identificar regiões específicas da

molécula, como sítios de ligação ao TCR e às moléculas de MHC de classe II além

de regiões associadas aos diferentes efeitos biológicos da toxina como

superantigenicidade, mitogenicidade e letalidade (Dinges et al., 2000).

Mutagênese nos locais críticos de ligação nas moléculas de MHC de classe II

e do receptor TCR consiste num dos esforços centrais no desenvolvimento de novas

estratégias para a produção de vacinas. Diversos trabalhos têm relatado

experimentos deste tipo, descrevendo as atividades biológicas e toxicidade de

TSST-1 através da análise de toxinas recombinantes (Bonventre et al., 1995; Hu et

al., 1998; Papageorgiou et al., 1996; Ulrich et al., 1998; Gampfer et al., 2002; Hu et

al., 2003).

Moléculas mutantes mostram-se menos tóxicas como documentado in vitro

por diminuição em sua capacidade mitogênica e de liberar citocinas além de reduzir

a mortalidade em animais de laboratório (Bonventre et al., 1995; Cullen et al., 1995;

Murray et al., 1996). Modelos murinos mostraram-se altamente resistentes aos

efeitos letais dos superantígenos, tolerando altas doses de toxinas (mais de 4 mg

por animal) ou infusão contínua de 500 µg sem desenvolver os sintomas

característicos de SCT (Hale e Swietnicki, 2006). Coelhos são mais sensíveis a

SAgs e as características da doença são mais semelhantes à doença humana. Co-

administração de LPS aumenta a susceptibilidade a SAgs em até 1000 vezes

(Gampfer et al., 2002).

A maioria dos trabalhos envolve a utilização do mutante H135A que possui

alteração no resíduo de histidina na posição 135 para um resíduo de alanina. Este

mutante retém a habilidade superantigênica (Murray et al., 1996), mas não é letal em

modelos animais. Mutações de ponto nos resíduos 135 e 141 de TSST-1 resultam

em uma diminuição substancial da atividade mitogênica (Blanco et al., 1990).

Quando His-135 era mudada para Ala (H135A), ocorria mais de 90% de redução na

34

atividade mitogênica e a toxina não era letal quando testada em coelhos (Bonventre

et al., 1993), demonstrando que as atividades superantigênicas e toxicidade

estariam situadas em domínios diferentes da molécula (Harris et al., 1993; Wahlsten

e Ramakrishnan, 1998).

Análises destas moléculas mostraram que mutações no resíduo de His 135

afetam negativamente a ligação de TSST-1 ao TCR (Cullen et al., 1995; Drynda et

al., 1995). Análise da estrutura tridimensional do mutante H135A, comparando com

a estrutura de TSST-1 nativa, por meio de cristalografia de raios-X, demonstrou que

esta modificação causa perturbações na região vizinha à hélice α1 por desfazer a

interação entre as hélices. Desta forma o efeito da ligação do TCR ao resíduo H135

poderia ser mediado totalmente ou em parte pela região da hélice α1 (Papageorgiou

et al., 1996).

Bonventre et al. (1993) correlacionaram a atividade in vitro do mutante H135A

e outras toxinas mutantes com sua toxicidade in vivo para coelhos. Esta mutação

além de eliminar o potencial mitogênico da toxina também inibe o potencial letal da

toxina em coelhos. A toxina mutante exibe espectro de emissão de fluorescência

comparável à proteína TSST-1 nativa, é reconhecida normalmente pelo anticorpo

monoclonal MAb 8-5-7 (Bonventre et al., 1988), e competitivamente inibe TSST-1

em ensaio linfoproliferativo sugerindo que a toxina mutante é conformacionalmente

intacta (Bonventre et al., 1993).

Alguns trabalhos têm mostrado que a imunização com TSST-1 mutante

H135A induz alto título de anticorpos e protegem animais contra o desafio letal com

TSST-1 recombinante potencializado por LPS (Bonventre et al., 1995; Stiles et al.,

1995; Gampfer et al., 2002). Há estreita especificidade de anticorpos policlonais

gerados em resposta a imunização com TSST-1 recombinante ou TSST-1 nativa

(Gampfer et al., 2002). Os anticorpos com estas especificidades estão presentes em

altos títulos, possuem atividade neutralizante e são protetores, sugerindo, que esta

região constitui um importante epítopo protetor de TSST-1 (Gampfer et al., 2002).

Mutações em outras regiões de TSST-1, e produção de moléculas duplo-

mutantes foram descritas por vários grupos de pesquisadores, e também se

mostraram efetivas em alterar as características de superantigenicidade e letalidade

da toxina (Hurley et al., 1995; Earhart et al., 1998; Gampfer et al., 2002).

Mudanças de aminoácidos na posição 31 prejudicam a interação com MHC

de classe II (Hurley et al., 1995; Kum et al., 1996). A detoxificação de TSST-1

35

utilizando formaldeído e a construção de um duplo mutante com modificação de

aminoácidos nas posições 31 e 135 combinam redução na capacidade de ligação a

moléculas de MHC e TCR (Gampfer et al., 2002). Mutações no resíduo H135 afetam

o potencial de ativação de células T por TSST-1 mais do que a mutação no resíduo

G31R. No duplo mutante a atividade superantigênica era ainda menor. A

detoxificação de TSST-1 por formaldeído gera complexos oligoméricos e diméricos

reduzindo a superantigenicidade em 4 vezes, sendo que os epítopos antigênicos da

molécula permanecem, conforme comprovado por reconhecimento por anticorpos

específicos, além disso há diminuição na produção de IL-8 e TNF-α.

O mutante Q139K (Earhart et al., 1998), apresentou redução nas atividades

de superantigenicidade e letalidade. Q139K é incapaz de estimular a produção de

IL-2 em hibridomas de células T murinas e não induz a proliferação de leucócitos do

sangue periférico humano. Outros mutantes, como T128A e I140T têm efeitos

marginais sobre as atividades. I140T tem reduzida habilidade para estimular células

murinas a produzir IL-2 enquanto que a ligação a MHC ou a resposta de leucócitos

não era reduzida sem redução de letalidade (Hurley et al., 1995). Como estes

mutantes não apresentam mudança conformacional substancial, é sugerido que as

duas atividades são moduladas por mudanças na característica da superfície

exposta próximo ao topo do domínio A de TSST-1 (Earhart et al., 1998).

Resíduos de histidina são conhecidos por estar envolvidos em sítios ativos de

diversas proteínas. A modificação de seis resíduos de histidina em SEA resulta em

redução na atividade emética causada pela toxina sem alterar significativamente sua

imunogenicidade (Stelma e Bergdoll, 1982). A modificação de resíduos de histidina

em TSST-1 não gera mudança conformacional da toxina e reduz a mitogenicidade

em 50%, provavelmente por afetar resíduos próximos ao sítio ativo. A modificação

nos resíduos de tirosina gera mudança conformacional da toxina reduzindo a

capacidade mitogênica em até 85% (Kokan-Moore, 1989).

Segundo o trabalho de Wahlsten e Ramakrishnan, (1998), o domínio N-

terminal de TSST-1 não induz proliferação e interfere na atividade estimuladora de

TSST-1 enquanto que o domínio C-terminal não liga MCH de classe II e induz

proliferação. Estes dados são importantes terapeuticamente. Um mutante não

estimulatório com capacidade de se ligar a MHC pode ser utilizado como

antagonista para TSST-1 durante a fase aguda da SCT. Um mutante mitogênico que

não se liga a MHC pode ser artificialmente ancorado sobre células tumorais para

36

especificamente direcionar uma resposta antitumoral com mínima toxicidade contra

as células com MCH de classe II normais.

Os mutantes [Y51A,Y52A], H74A e [Y80A,H82A] não demonstraram nenhuma

alteração nas atividades biológicas de letalidade e superantigenicidade (Prasad et

al., 1993), sugerindo que o topo do domínio B não está envolvido na letalidade e

mitogenicidade (Prasad et al., 1993). Os mutantes Y115A, [H141A,Y144A] reduzem

a superatigenicidade e não se ligam a anticorpos neutralizantes de SAgs. A redução

na ordem de 50% pode ser explicada por uma pequena mudança conformacional. O

terminal carboxil da hélice B e resíduos no topo do domínio A formam uma superfície

que é crítica pra a superantigenicidade. O fato que Y115A exibe ligação alterada a

anticorpos neutralizantes sugere que a superfície de reconhecimento dos anticorpos

está situada no topo do domínio A (Prasad et al., 1993).

Diferenças no domínio C-terminal (T69, Y80, E132, e I140) são responsáveis

pela discrepância na atividade mitogênica. Murray et al. (1994) produziu o mutante

E132A para testar a importância da presença de carga negativa no resíduo 132 para

a mitogenicidade e o mutante E132D para testar a importância da posição da carga

negativa no resíduo 132. E132K e I140T foram feitos para testar a contribuição

destas substituições na ação de TSST-O. Os resultados demonstram claramente

que resíduos na região E132-H141 contribuem para a propriedade da

mitogenicidade. A presença e a posição precisa de cargas negativas no resíduo 132

são importantes para a atividade estimuladora máxima. Resíduos na região N-

terminal (T69 e outros) também podem contribuir (Deresiewicz et al., 1994).

Um pequeno número de mutantes influencia a atividade letal. TSST-O (que

difere de TSST-1 em 7 resíduos de aminoácidos dos 194 totais) em contínua injeção

por longo tempo não leva a SCT em modelos de coelhos nem potencializa o choque

endotóxico (Lee et al., 1992), sendo fracamente mitogênica.

Quando o resíduo de lisina da posição 132 da variante TSST-O, era mudada

para glutamato como ocorria em TSST-1 (Murray et al., 1994), a variante tornava-se

letal, no entanto a atividade superantigênica aumentava em apenas 10% mostrando

que este resíduo seria importante para a letalidade. Análises do mutante Q136A

mostraram que este apresenta um aumento de 60% na atividade superantigênica

como comprovada pela presença de esplenomegalia e não possuía atividade letal.

Estes dados sugerem que outros mecanismos, tais como liberação de citocinas na

ausência de proliferação de células T, aumento de endotoxinas, ou efeitos diretos de

37

TSST-1 sobre as células endoteliais são importantes na letalidade (Murray et al.,

1996). A atividade deste mutante é de especial importância, pois este tem aplicação

prática como agente terapêutico em tratamentos de diversos tumores.

O mutante de histidina 141 apresenta redução substancial na atividade

mitogênica e retém a característica de ligação ao anticorpo. Duplo mutante 141.144

perde virtualmente toda sua atividade mitogênica, o que sugere que a tirosina 144

participa em um local crítico em comum para a atividade mitogênica para linfócitos

murinos e na neutralização pelo anticorpo. Como foi demonstrado que este anticorpo

protege coelhos contra a atividade letal de TSST-1 (Blanco et al., 1990), é provável

que estes resíduos sejam críticos para a atividade de TSST-1 in vivo.

Diversos trabalhos têm relatado o desenvolvimento de vacinas toxóides que

oferecem proteção contra os efeitos imunobiológicos dos superantígenos através de

neutralização por anticorpos (Gampfer et al., 2002; Hu et al., 2003; Chun Cui et al.,

2005). Estes toxóides não são biologicamente tóxicos em modelos animais de SCT,

e não são superantigênicos quando testados em camundongos, esplenócitos de

coelho e células mononucleares do sangue periférico humano (Chun Cui et al.,

2005). Gampfer et al. (2002) demonstrou que vacinação com TSST-1 não

superantigênico induz resposta de anticorpos contra a toxina e protegem contra o

desafio com doses letais de SAg potencializadas por LPS. Os resultados mostram

que a vacina desenvolvida é altamente efetiva em induzir anticorpos específicos,

neutralizar a superantigenicidade, diminuir o crescimento bacteriano nos órgãos,

além de inibir a produção de IFN-γ e proteger os animais contra sepse letal e SCT.

Camundongos multivacinados com uma mistura de toxinas recombinantes

são totalmente protegidos contra um ou múltiplos desafios com toxinas indicando a

não ocorrência de interferência entre as vacinas multivalentes. A imunização com

um SAg induz reação cruzada de anticorpos protetores contra múltiplos SAgs e a

vacina multivalente aumenta o titulo destes anticorpos produzidos (Bavari et al.,

1999).

1.11. Mastite

Considerada uma doença multifatorial de grande importância para a pecuária

de leite, a mastite acarreta sérios prejuízos econômicos decorrentes da diminuição

da secreção láctea, ou da perda total desta capacidade, além de representar

38

importante problema de Saúde Pública (Jones e Wieneke, 1998). O leite proveniente

de fêmeas infectadas apresenta modificação em sua composição, alterando

conseqüentemente suas características organolépticas, físicas, químicas e

microbiológicas (Jones et al., 1984). Sob o ponto de vista econômico, a mastite é a

mais importante enfermidade do gado leiteiro, apresentando alta prevalência em

todo o mundo, acometendo não só os bovinos, como também os caprinos, ovinos e

bubalinos (Sa et al., 2004; Ferreira et al., 2007). Agravando o problema, a

enfermidade se apresenta também sob a forma subclínica, sendo esta mais

prejudicial pela ausência de sinais ou sintomas. As perdas na produção de leite

atribuídas à mastite subclínica alcançam de 10 a 26% do total de produção, de

acordo com grau de intensidade do processo inflamatório, da prevalência da doença,

da patogenicidade do agente infeccioso e do estágio de lactação (Akineden et al.,

2001).

Atualmente S. aureus é considerado o principal organismo patogênico, mais

freqüente isolado especialmente de mastite subclínica contagiosa (Castro et al.,

1992; Contreras et al., 1999). A doença é extremamente difícil de ser controlada

apenas por tratamento. O sucesso no controle é conseguido por prevenção de

novos focos infecciosos (Jones e Wieneke, 1998). A infecção por S. aureus pode se

espalhar para outros animais através das mãos e roupas do ordenhador, aparelhos

utilizados na ordenha ou através de insetos, caracterizando seu aspecto contagioso.

A bactéria ao penetrar no canal da teta produz toxinas que destroem a membrana

das células, gerando inflamação e recrutamento de leucócitos para o foco infeccioso

que podem diretamente danificar os tecidos produtores de leite (Freiras et al., 2004).

O patógeno estabelece microabscessos no interior da glândula, que os protegem do

sistema imune do animal e do tratamento terapêutico (Ferens et al., 1998).

TSST-1 e enterotoxinas freqüentemente têm sido detectadas em diversos

isolados de leite provenientes de gado bovino e bubalino apresentando mastite

(Takeuchi et al., 1998; Akineden et al., 2001), resultando em grandes perdas

econômicas para os produtores além de colocarem os consumidores em alto risco,

através de intoxicações (Balaban e Rasooly, 2000). Dentre estas, têm maior

relevância nos casos de mastite bovina, as linhagens de S. aureus que apresentam

os genes para as toxinas SEC e TSST-1, pois estas são as cepas associadas com

severos casos de mastite clínica ou casos que não respondem à terapia com

antibióticos (Zschöck et al., 2004).

39

SEC produz uma resposta inflamatória de maior intensidade nas glândulas

mamárias do que TSST-1 (Kuroishi et al., 2003), sendo encontrada em maior

concentração na fase de mastite aguda. Nesta fase, o titulo de anticorpos anti-TSST-

1 eram mais altos do que os de anti-SEC. Estes anticorpos neutralizariam a resposta

inflamatória na glândula mamária.

A associação dos genes sec e tst em linhagens de S. aureus isoladas de

casos de mastite também foi observada na Alemanha havendo, segundo alguns

trabalhos, uma variação geográfica de linhagens de S. aureus enterotoxigênicos

(Salasia et al., 2004; Larsen et al., 2002).

Alguns autores relataram que isolados de S. aureus provenientes de

secreções de glândula mamária de animais com mastite produziam

predominantemente SEC e TSST-1 (Takeuchi et al., 1998; Kuroishi et al., 2003).

Na Alemanha há relato de predominância dos genes recentemente descritos

para SEG, SEI e SEJ em isolados de gado com mastite bovina ao lado de SEC,

SED e TSST-1 (Akineden et al., 2001). Na Espanha, o predomínio é de cepas

secretando SEB e TSST-1 juntamente com SEC (Fueyo et al., 2005). Cardoso et al.,

1999 estudando animais com mastite bovina no Brasil relataram a predominância de

SED e TSST-1. Esta variação poderia ser causada por diferenças entre as cepas e

fontes de S. aureus (Kenny et al., 1993). Recentemente no Brasil isolou-se S. aureus

secretor de SEC e TSST-1 em búfalas apresentando mastite subclínica (Ferreira et

al., 2007).

1.12. Métodos de Detecção de Toxinas Estafilocócica s

Métodos convencionais para a detecção de toxinas produzidas por cepas de

S. aureus são baseados em procedimentos imunológicos avaliando a presença das

toxinas no sobrenadante de cultura suspeita de contaminação bacteriana, em

extratos alimentares contaminados ou em pacientes. Estes métodos são sempre

dependentes de quantidades detectáveis de toxinas. Grande parte destas técnicas

envolve a utilização do método de ELISA (Parsonnet et al., 1985b; Rosten et al.,

1987; Fey et al., 1988; Miwa et al., 1994; Hayakawa et al., 2000), além de

imunodifusão (Bonventre et al., 1983; Cohen et al., 1983; Reeves et al., 1984, Kenny

et al., 1993), RPLA (Igarashi et al., 1986; Takeuchi et al., 1998; Kuroishi et al., 2003;

Zschöck et al., 2004), entre outras.

40

O método de ELISA consiste num dos procedimentos mais amplamente

utilizados para a detecção de toxinas de S. aureus, em virtude de ser um método

rápido, sensível e que permite analisar um grande volume de amostras

simultaneamente, além de não ser necessária a utilização de materiais radioativos

como na técnica de radioimunoensaio. Apresenta algumas limitações ao uso como a

necessidade de equipamentos especiais para a visualização dos resultados, é

relativamente caro para a análise de um pequeno número de amostras e alguns de

seus componentes podem reagir inapropriadamente de acordo com a composição

da amostra utilizada.

Parsonnet et al. (1985b) relataram a utilização de um ensaio de ELISA

competitivo de baixo custo, com reprodutibilidade e eficaz na detecção e

quantificação de TSST -1, determinando concentrações de toxina entre 0,03 a 0,5

µg/ml.

No trabalho de Rosten et al. (1987), foi desenvolvido um ensaio sensível e

específico de ELISA não competitivo capaz de detectar concentrações de 0,5 a 16

ng/ml de TSST-1, não havendo detecção cruzada entre outras enterotoxinas como

SEA-SEE. O ensaio foi adaptado para um screening rápido de isolados de S. aureus

produtores de TSST-1 em sobrenadantes de cultura in vitro e para a detecção de

TSST-1 em lavados vaginais de pacientes com SCT.

Outro método baseado em ELISA não competitivo permite a detecção de até

30 pg/ml de TSST-1 no soro de pacientes com STC ou apresentando sintomatologia

relacionada de forma rápida e específica (Miwa et al., 1994).

Toxinas isoladas de pacientes apresentando sintomas de choque tóxico,

também podem ser detectadas por meio de focalização isoelétrica e

radioimunoensaio. Esta metodologia mostrou-se altamente sensível, mas não muito

específica na diferenciação das diferentes toxinas relacionadas à síndrome (Cohen

et al., 1983).

Orden et al. (1992) descreveram uma técnica de imunoblotting combinada

com um sistema de eletroforese semiautomatizada para a detecção de enterotoxinas

em extratos alimentares. Consiste num teste rápido e as proteínas são detectadas

com base na reação com anticorpos específicos e na determinação da massa

molecular evitando-se assim o surgimento de resultados falso-positivos gerados pela

interferência da proteína A e de outras proteínas contaminantes.

41

SEA pode ser detectada em amostras de alimentos utilizando western blotting

(Rasooly e Rasooly, 1998). Este método seria muito vantajoso para este tipo de

amostra. Alimentos aquecidos podem apresentar agregação de proteínas que

devem ser solubilizadas em gel contendo SDS o que desnaturaria o anticorpo,

sendo ineficaz em testes de ELISA onde os anticorpos são aplicados diretamente

sobre a proteína. Reações cruzadas podem ser identificadas, pois é possível

visualizar o tamanho da proteína que é reconhecida pelo anticorpo utilizado. O teste

de ELISA é muito utilizado por ser simples, sensível, rápido e disponível em vários

kits comerciais, mas possui algumas limitações: não reage bem em amostras de

alimentos aquecidos durante o processamento, podendo gerar resultado falso-

negativo; dependendo do tipo de alimento, reações cruzadas podem acontecer

gerando um resultado falso-positivo; e, peróxidos presentes naturalmente em certos

alimentos podem reagir com os cromógenos presentes no ensaio de ELISA (Rasooly

e Rasooly, 1998).

O método de RPLA tem sido utilizado na detecção de toxinas de S. aureus

(Igarashi et al., 1986), mostrando-se como um método simples e sensível para a

detecção de TSST-1. Não é necessário o uso de equipamentos especiais para

visualização dos resultados que são prontamente visíveis através da aglutinação das

partículas de látex sensibilizadas quando na presença do antígeno alvo e utilizam

quantidades mínimas de anticorpo para a sensibilização das partículas. Entretanto,

esta técnica não é indicada quando há necessidade de se processar um grande

número de amostras.

Para detectar a produção de TSST-1 por cepas de S. aureus, partículas de

látex eram sensibilizadas com anticorpos específicos anti-TSST-1 (Igarashi et al.,

1986). A quantidade mínima de TSST-1 detectada era de aproximadamente 1.0

ng/ml. Dos 41 isolados de pacientes com SCT, 23 eram positivos para a produção

de TSST-1, enquanto somente 20 cepas eram positivas por imunodifusão. O método

foi utilizado para examinar cepas isoladas de infecções estafilocócicas, fezes de

indivíduos saudáveis, alimentos contaminados e de alimentos no mercado.

Outra tecnologia empregada foi baseada na modificação de um kit comercial

de RPLA para permitir a detecção de anticorpos anti-TSST-1 em amostras de soro

de pacientes (Khojasteh et al., 2003). TSST-1 pode ser facilmente detectada por

RPLA, mas não há kits disponíveis comercialmente para a detecção de anticorpos

contra esta toxina. O método denominado CAIA (ensaio de inibição de aglutinação

42

competitiva) poderia ser utilizado para identificar indivíduos sem anticorpos

protetores e, portanto com alto risco de desenvolver SCT. O método também

poderia auxiliar num melhor diagnóstico dos estágios iniciais da SCT e prevenir a

confusão do diagnóstico com outras doenças.

Diversos trabalhos têm relatado a utilização da técnica da PCR na detecção

de TSST-1 e outras toxinas estafilocócicas, utilizando seqüências específicas para o

gene codificante (Johnson et al., 1991), ou através de sistemas de PCR multiplex

(Becker et al., 1998; Schmitz et al., 1998; Løvseth et al., 2004). Estes sistemas

permitiriam a detecção rápida e específica de diferentes genes codificadores de

exotoxinas, entre elas TSST-1 produzidas por S. aureus em cultura. Esta técnica

serviria somente para identificar cepas portadoras dos genes para toxina e

independe da expressão e secreção da toxina, onde seriam mais úteis os métodos

imunológicos.

Mehrotra et al. (2000) descreveram um protocolo de diagnóstico baseado em

multiplex PCR capaz de detectar genes para enterotoxinas (SEA-SEE), toxinas

esfoliativas (ET-A e ET-B), TSST-1 e o gene de resistência a meticilina mecA,

extraídos de isolados de S. aureus humanos. O teste detectaria 10 genes de uma só

vez, utilizando apenas duas reações. O uso deste multiplex geraria informações

importantes requeridas para o desenvolvimento de terapia apropriada e controle da

infecção durante as manifestações de S. aureus.

Reações do tipo multiplex são amplamente empregadas para amostras

provenientes de animais infectados por S. aureus. Diversos trabalhos descrevem a

detecção de genes para enterotoxinas e TSST-1 em isolados de bovinos

apresentando mastite (Zschöck et al., 2000; Katsuda et al., 2005; Zschöck et al.,

2005).

A técnica de hibridização de DNA emprega seqüências específicas de

nucleotídeos para detectar e diferenciar cepas contendo genes para toxinas como

SEA, SEB, SEC e TSST-1 (Neill et al., 1990). Outro método consiste em dois

multiplex PCR-EIA para amplificação e hibridização de genes para enterotoxinas,

TSST-1 e toxinas esfoliativas (Becker et al., 1998).

Alguns destes procedimentos poderiam ser utilizados na identificação de

novos genes associados às enterotoxinas produzidas por S. aureus, através da

detecção simultânea de um grande número de genes, incluindo genes recentemente

descritos (Monday e Bohach, 1999), ou através de um sistema que inclua na mesma

43

reação, primers específicos para cada uma das toxinas e um primer universal, o que

facilitaria o screening de cepas produtoras de toxinas ainda não descritas (Sharma

et al., 2000).

44

2. JUSTIFICATIVA

45

2. JUSTIFICATIVA

A toxina TSST-1 produzida por S. aureus está associada a grande parte dos

casos de síndrome de choque tóxico não-menstrual e em todos os casos de

síndrome de choque tóxico menstrual, além de estar presente em diversos isolados

provenientes de animais apresentando mastite subclínica.

A aplicação de técnicas de biologia molecular tem gerado avanços no

conhecimento da patogenia das doenças provocadas por S. aureus. Genes

codificando fatores de virulência têm sido clonados e seqüenciados e muitas

proteínas recombinantes correspondentes a estes fatores têm sido purificadas. Com

estas proteínas, os sintomas da doença humana podem ser reproduzidos em

modelos animais, levando ao entendimento de seu mecanismo de ação e

direcionando os estudos que visam à criação de estratégias para o desenvolvimento

de métodos de diagnóstico, vacinas e componentes utilizados na terapia da doença.

A produção de proteína TSST-1 recombinante seria de extrema importância

para o desenvolvimento de métodos rápidos, de baixo custo e eficientes para a

detecção da toxina em diversos quadros clínicos associados à infecção por S.

aureus, no controle na indústria de alimentos e bebidas, em casos de infecções

hospitalares e amostras de leite de rebanhos suspeitos de infecção estafilocócica.

46

3. OBJETIVOS

47

3. OBJETIVOS

3.1. Objetivo Geral

Clonagem e expressão da proteína TSST-1 recombinante e da porção amino-

terminal de TSST-1 (N-TSST-1) de Staphylococcus aureus de origem bubalina em E.

coli.

3.2. Objetivos Específicos

a. Amplificação das seqüências codificadoras para TSST-1 e da região N-terminal

de TSST-1 de Staphylococcus aureus por meio da técnica da PCR.

b. Clonagem das seqüências amplificadas em vetor de clonagem pGEM-T easy

c. Subclonagem utilizando o sistema de expressão pQE

d. Expressão das proteínas TSST-1 e N-TSST-1 recombinantes em E. coli

48

4. MATERIAIS E MÉTODOS

49

4. MATERIAIS E MÉTODOS

Estratégia Metodológica

S. aureus de origem bubalina produtoras de TSST-1, foram crescidas em

meio BHI, o cultivo foi centrifugado e o DNA cromossômico extraído pelo método de

TELT (Medina-Acosta e Cross, 1993). A seqüência para TSST-1 e para o domínio

amino-terminal de TSST-1 (N-TSST-1) foram amplificadas por meio da técnica da

PCR e clonadas no vetor de clonagem comercial pGEM-T easy. As construções

recombinantes obtidas, pGEM/tst e pGEM/N-tst foram respectivamente digeridas

com as enzimas de restrição Kpn I e Hind III, e Bam HI e Hind III para obtenção das

seqüências tst e N-tst com as extremidades compatíveis para ligação com o vetor de

expressão pQE-30, simultaneamente preparado para obtenção de suas

extremidades digeridas com as mesmas enzimas. Tanto o vetor como as

seqüências, ambos com as extremidades digeridas, foram purificados e ligados em

condições e concentrações apropriadas. As construções recombinantes pQE-30/tst

e pQE-30/N-tst foram utilizadas para transformar cepas laboratoriais de E. coli. A

validação dos processos de clonagem e transformação ocorreu por análise pela

PCR e digestão com as enzimas de restrição. As cepas de E. coli transformadas

foram preparadas para expressão e posterior purificação das proteínas

recombinante em coluna de Ni-NTA-Agarose (Figura 4).

50

Figura 4: Esquema representativo da estratégia metodológica utilizada.

51

4.1. Material biológico

4.1.1. Cepas de S. aureus e condições de cultivo

Cepas 5-B, 44-B, 48-B, 85-B, 117-B, 118-B, 184-B e 188-B de

Staphylococcus aureus produtoras de TSST-1 de origem bubalina foram obtidas da

bacterioteca do Laboratório de Sanidade Animal do CCTA/UENF e gentilmente

cedidas pelo Prof. Dr. Olney Vieira da Motta. As bactérias foram cultivadas em meio

BHI por 16 h a 37°C sob agitação de 250 rpm.

4.2. Obtenção e preparo dos fragmentos tst e N-tst

4.2.2. Desenho dos iniciadores

Os iniciadores específicos para TSST-1 foram desenhados de acordo com

pesquisa de seqüências disponíveis no banco de seqüências do Genbank (número

de acesso: BA000017) 5’ – CGG GGT ACC CCG ATG AAT AAA AAA TTA CTA ATG

– 3’ e 5’ – CCC AAG CTT GGG TTA ATT AAT TTC TGC TTC TATA – 3’. As regiões

sublinhadas correspondem aos sítios alvos para as enzimas de restrição Kpn I e

Hind III, engenheiradas para facilitar a clonagem direcionada. O produto da

amplificação esperado é de 700 pb de acordo com pesquisa no banco de dados (nº

acesso: BA000017). Para a construção dos iniciadores específicos para a região

amino-terminal de TSST-1 (N-TSST-1) foram utilizadas as seqüências 5’ – CGC

CGC GGA TCC GCG ATG AAT AAA AAA TTA CTA ATG – 3’ e 5’ – CGC CCC AAG

CTT GGG TTA TTC GCT AGT ATG TTG GCT – 3’. As regiões sublinhadas

correspondem aos sítios alvos para as enzimas de restrição Bam HI e Hind III. O

produto de amplificação esperado é de 370 pb.

4.2.3. Extração de DNA cromossômico de S. aureus

S. aureus das cepas 48-B, 118-B e 188-B foram crescidas de acordo com o

descrito no item 4.1.1. O cultivo foi centrifugado e o DNA cromossômico foi extraído

pelo método de TELT (Medina-Acosta e Cross, 1993).

52

Para os experimentos da PCR foi utilizado como molde, o DNA da cepa 48-B,

por se tratar de uma cepa potencialmente produtora da toxina TSST-1, e pela maior

quantidade e qualidade do DNA extraído.

4.2.3. Amplificação das regiões codificantes para TSST-1 e N-TSST-1 pela PCR

Inicialmente foi realizado um teste para determinar a concentração ideal de

MgCl2 a ser utilizada na reação, sendo que, para um volume final de 50 µL de

reação, foram utilizados 10-20 ng de DNA molde, 25 pmol de cada par de iniciador,

mistura de deoxinucleotídeos na concentração final de 0,2 mM (Biotools), 1U da

polimerase (Biotools) diluídos em tampão da própria enzima 1X concentrado, e as

concentrações de 1,5 mM, 2 mM e 2,5 mM de MgCl2. As condições de amplificação

foram 94ºC, 5 min (1 ciclo); 94ºC, 1 min, 42ºC, 1 min, 72ºC, 1 min (30 ciclos); 72ºC,

15 min (1 ciclo), para tst, e 94ºC, 5 min (1 ciclo); 94ºC, 1 min, 57ºC, 1 min, 72ºC, 1

min (30 ciclos); 72ºC, 15 min (1 ciclo), para N-tst.

A condição ótima de amplificação foi padronizada e repetida para todas as

reações posteriores. Um controle negativo foi feito pela substituição do volume do

DNA molde por igual volume de água.

O produto da amplificação foi visualizado através de eletroforese em gel de

agarose 0,8 % corado com brometo de etídeo.

4.2.4. Purificação dos fragmentos amplificados a p artir de géis de agarose

As seqüências amplificadas (tst e N-tst) foram retiradas do gel de agarose

0,8%, tratado com brometo de etídio, com a utilização do Kit de extração de DNA

Concert Rapid Gel Extraction System, (GIBCO BRL, Life Technologies), de acordo

com as instruções fornecidas pelo fabricante.

4.2.5. Quantificação das amostras de DNA

As amostras de DNA a serem quantificadas foram aplicadas em gel de

agarose 0,8% tratado com brometo de etídeo, juntamente com um marcador de

concentração conhecida e, por estimativa da intensidade do sinal gerado, a

concentração do DNA foi estimada.

53

4.3. Clonagem no vetor pGEM-T easy

O sistema de clonagem pGEM-T easy são designados para a clonagem de

produtos obtidos diretamente da PCR. Neste sistema as colônias transformadas com

as construções positivas crescem com coloração branca, enquanto as negativas

crescem com coloração azul. A coloração branca se dá quando o gene para a β-

galactosidase é interrompido pelo inserto que possui a seqüência gênica de

interesse. A β-galactosidase expressa pela colônia negativa cliva o substrato

cromogênico X-gal presente no meio de cultura, tornando-as azuladas.

4.3.1. Preparo de células BL21(DE3) pLysS, DH5- α e M15 (pREP4) competentes

As células foram cultivadas separadamente em erlenmeyers contendo 50 mL

de meio LB até D. O. 600nm= 0,5 - 0,7 e centrifugadas a 4ºC a 2.060 x g durante 5

min; o sobrenadante foi descartado e o sedimento de células dissolvido em 25 mL

de 50 mM CaCl2 gelado, misturado gentilmente, e colocado em gelo durante 20 min.

Essa mistura foi centrifugada a 4ºC a 2.060 x g durante 5 minutos e o sedimento

dissolvido em 3,5 mL de 50 mM CaCl2/15% glicerol. Foram feitas alíquotas de 100

µL, congeladas em nitrogênio líquido e estocadas a 70ºC negativos.

4.3.2. Clonagem dos fragmentos tst e N-tst no vetor pGEM-T easy

O DNA referente aos amplicons purificados foram diretamente ligados,

utilizando 0,1U T4 ligase (Promega), ao vetor de clonagem pGEM-T easy

(Promega). Os produtos da ligação foram utilizados para transformar E. coli cepa

DH5-α (Invitrogen) e os transformantes foram selecionados em meio LB sólido

contendo ampicilina (100 µg/mL), 0,5 mM IPTG e X- gal (80 µg/mL). As colônias

brancas foram selecionadas e crescidas em meio LB líquido por 16h contendo

ampicilina (100 µg/mL). Os DNAs plasmidiais das bactérias foram extraídos pelo

método TENS (Sambrook e Russel, 2001) e utilizados para análise dos clones

positivos por meio da PCR e digestão enzimática e visualização em gel de agarose,

dos fragmentos de 700 pb e 370 pb liberados.

54

4.4. Subclonagens no sistema de expressão pQE

O sistema de expressão pQE (Qiagen) é composto por 3 vetores

denominados pQE-30, pQE-31 e pQE-32, que são utilizados para a expressão e

purificação de proteínas recombinantes fusionadas com 6 histidinas consecutivas

(Figura 5). Os vetores possuem o gene bla que confere resistência ao beta-

lactâmico ampicilina e para corrigir possíveis alterações que podem ocorrer no

quadro de leitura em função da clonagem, pQE-30, pQE-31 e pQE-32,

respectivamente, são sintetisados contendo nenhum, dois e um nucleotídeo

adicional (Figura 5). As proteínas recombinantes são produzidas em E. coli cepa

M15 (pREP4) e purificadas através de cromatografia de afinidade por meio de

colunas contendo agarose ligada a níquel.

Figura 5: Esquema representativo do sistema de expressão pQE (Qiagen)

4.4.1. Preparo dos fragmentos tst e N-tst e vetores pQE

As reações de digestão em maior quantidade dos DNAs plasmideais e

vetores pQE com as enzimas de restrição foram executadas de acordo com as

instruções do fabricante. O DNA do clone pGEM/tst foi digerido com a enzima Kpn I,

seguido de precipitação com acetato de sódio 3 M pH 5.2, e digestão com Hind III. O

DNA correspondente à construção pGEM/N-tst foi primeiramente digerido com Bam

HI e após precipitação, foi digerido com a enzima Hind III. As reações foram

*

55

realizadas para volumes finais de 20 µL, com duração de 2 h, na temperatura de

37°C.

As amostras resultantes da digestão foram aplicadas em gel de agarose 0,8%,

corado com brometo de etídeo e purificadas de acordo com o item 4.2.4.

4.4.2. Ligação dos fragmentos tst e N-tst e transformação

Os amplicons tst e N-tst purificados, de 700 pb e 370 pb, respectivamente,

foram ligados ao vetor de expressão pQE-30 linearizado com as enzimas de

restrição correspondentes a cada amplicon. A ligação foi feita nas proporções 1:1,

1:2 e 1:3 vetor: inserto, utilizando 0,1U de enzima ligase (Promega, EUA) em

tampão próprio 1X concentrado, contendo ATP. O volume da reação foi de 20 µL e a

incubação ocorreu por 16 h a 4°C. E. coli M15 (pREP4) competentes foram

transformadas por choque térmico (3 minutos a 42 ºC, 15 minutos a 0 ºC), com a

construção originada da ligação da região codificante amplificada com o vetor de

expressão (Sambrook e Russel, 2001). O plasmídeo pREP4 contém o gene nptll que

confere resistência ao antibiótico canamicina, e contém o gene lac Iq, que codifica

um repressor da expressão do operador lac, presente no vetor de expressão pQE-

30. Bactérias co-tranformadas com o vetor de expressão recombinante e pREP4

foram selecionadas em meio LB contendo ampicilina (100 µg/mL) e canamicina (25

µg/mL). O DNA plasmideal das colônias obtidas na transformação com as

construções pQE-30/tst e pQE-30/N-tst foram extraídos pelo método TENS

(Sambrook e Russel, 2001) e digerido com as enzimas de restrição correpondentes,

seguido de reação da PCR para a confirmação da clonagem.

4.5. Expressão das proteínas His-TSST-1 e His-N-TS ST-1

Os clones pQE-30/tst e pQE-30/N-tst em M15 (pREP4), confirmados por

digestão e PCR, foram testados para indução das respectivas proteínas

recombinantes. Colônias isoladas foram utilizadas como pré-inóculo, cultivadas em

tubo Falcon contendo 5 mL de meio LB líquido com ampicilina (100 µg/mL) e

canamicina (25 µg/mL), a 37ºC durante 16 h, sob agitação constante de 250 rpm.

Novos inóculos foram feitos a partir desta cultura na diluição 1:20 e crescidos até

D.O.600nm = 0,6. A expressão dos transgenes é induzida pela adição de 1,0 mM de

56

IPTG, indutor sintético que reprime lac Iq. Assim, a expressão de Iac é liberada

permitindo a transcrição dos transgenes inseridos no pQE-30.

As proteínas recombinantes expressas foram denominadas His-TSST-1 e His-

N-TSST-1. A proteína His-TSST-1 consiste de 251 aminoácidos sendo que 234 são

correspondentes à seqüência para TSST-1 e mais 17 aminoácidos extras para

facilitar a purificação em coluna de afinidade, apresentando massa molecular de

aproximadamente 28 KDa (Figura 6). A proteína His-N-TSST-1 é formada por 136

aminoácidos sendo 123 correspondentes à seqüência N-TSST-1 e 13 aminoácidos

extras, tendo aproximadamente 14 KDa (Figura 7).

Figura 6: Esquema representativo da seqüência da proteína His-TSST-1

Figura 7: Esquema representativo da seqüência da proteína His-N-TSST-1

N ATG AGA GGA TCG 6XHis GGA TCC NNN 370pb (N-TSST-1)

13 aminoácidos de fusão

Bam HI

N ATG AGA GGA TCG 6XHis GGT ACC NNN 700pb (TSST-1)

Kpn I

17 aminoácidos de fusão

*

*

57

4.6. Análise da expressão das proteínas His-TSST-1 e His-N-TSST-1

4.6.1. Preparo das amostras

Após 3 h de indução com IPTG, 1 mL de cada cultivo foi retirado e

centrifugado a 12000 rpm por 5 min. Os sobrenadantes foram descartados e os

sedimentos de células ressuspendidos em 50 µL de água e adicionado 50 µL de

tampão de lise desnaturante. Foram aplicados 20 µL de cada amostra em gel

desnaturante de poliacrilamida (SDS-PAGE) a 15% para visualização da proteína

His-TSST-1 de aproximadamente 28 kDa e da proteína His-N-TSST-1 com

aproximadamente 14 kDa. Para a visualização das bandas foi utilizada coloração

com azul de Coomassie.

Foi utilizado o marcador de massa molecular Low Range com massa variando

de 14,4 a 97 KDa.

4.6.2. Eletroforese

A eletroforese em gel de poliacrilamida contendo SDS foi empregada de

acordo com o método descrito por Laemmli (1970), constituído de: gel separador

(15% acrilamida/bisacrilamida) com 1 mm de espessura, gel de concentração (4%

acrilamida/bisacrilamida) e como tampão de corrida Tris-glicina contendo SDS. As

corridas eletroforéticas foram realizadas no sistema descontínuo (MINI PROTEAN II,

BioRad Laboratories), usando uma fonte de tensão BIO RAD POWER PAC 3000.

4.6.3. Western blotting

Para detecção das proteínas His-TSST-1 e His-N-TSST-1 foi utilizada a

técnica de western blotting segundo metodologia descrita (Towbin et al., 1979). As

proteínas recombinantes foram fracionadas por SDS-PAGE (Laemmli, 1970) e

eletrotransferidas para membranas de nitrocelulose de 0,22 µm (Bio-Rad

Laboratories, Richmond, EUA). As membranas foram bloqueadas com 1% de leite

em pó desnatado diluído em tampão TST-20 por 16 h a 4 ºC. Foram utilizados o

anticorpo monoclonal anti-His e o policlonal anti-TSST-1 produzidos em coelho e

diluídos em TST-20 com 0,3 % de leite em pó desnatado, a 1:5000. As membranas

58

foram incubadas com os anticorpos diluídos durante 4 h. Os reagentes para

detecção dos anticorpos imobilizados foram proteína A conjugada a peroxidase

(Amersham Pharmacia Biotech, EUA), na diluição 1:5000 em TST-20 com 0,3% de

leite em pó desnatado. O tempo de incubação foi de 2 h. Entre cada etapa as

membranas foram lavadas 3 vezes com TST-20. As membranas foram reveladas

pela adição de uma solução do cromógeno diaminobenzidina (DAB) (Sigma-Aldrich,

EUA). A reação foi parada por lavagem em água destilada.

4.6.4. Padronização das condições de indução protéi ca

Na tentativa de aumentar o nível de expressão protéica algumas condições

utilizadas durante o processo de indução foram alteradas. O meio de cultivo LB foi

substituído pelo meio TB. A temperatura durante o período de indução foi testada

mantendo-se três diferentes cultivos separadamente em agitadores ajustados com

as temperaturas de 30°C, 37°C e 40°C. Foi testado t ambém a influência da

concentração do indutor IPTG no processo, variando-as de 0,5 mM até 1 mM.

As amostras obtidas foram analisadas em gel de poliacrilamida 15 % corado

com azul de Coomassie.

59

5. RESULTADOS

60

5. RESULTADOS

5. 1. Amplificação da região codificadora para TSST -1

O DNA cromossômico extraído das cepas bubalinas 48-B, 118-B e 188-B de

Staphylococcus aureus produtoras de TSST-1 com o método de TELT (Medina,

1993), foi visualizado em gel de agarose 0,8% corado com brometo de etídeo

(Figura 8). Para amplificação da região codificante para TSST-1 foi selecionado o

DNA proveniente da cepa 48-B. Foram utilizadas três concentrações de MgCl2 para

amplificação. O produto da amplificação foi de aproximadamente 700 pb em todos

os casos, e a condição que resultou numa melhor amplificação foi a de 2,5 mM de

MgCl2 (Figura 9). A reação de amplificação foi realizada em grande quantidade na

concentração de 2,5 mM de MgCl2 sendo o amplicon obtido (Figura 10) utilizado

para clonagem com o vetor pGEM-T easy (Kit Promega).

Figura 8: Extração de DNA cromossômico. Visualização eletroforética dos

produtos da extração de DNA cromossômico de diferentes cepas de S. aureus

obtidos pelo método de TELT em gel de agarose 0,8%. 1: DNA da cepa 118-B; 2:

DNA da cepa 48-B e 3: DNA da cepa 188-B; M: marcador de massa molecular λ

Hind. Figura negativa do gel corado com brometo de etídeo.

61

Figura 9: Visualização eletroforética dos produtos de amplificação alvo-específica

obtidos pela PCR utilizando diferentes concentrações de magnésio em gel de

agarose 0,8%. 1: controle negativo (água); 2: 2,5 mM de MgCl2; 3: 2 mM de MgCl2;

4: 1,5 mM de MgCl2; M: marcador de massa molecular 100pb. A seta indica a

posição relativa do amplicom com cerca de 700 pb. Figura negativa do gel corado

com brometo de etídeo.

Figura 10: Visualização eletroforética dos produtos de amplificação alvo-específica

obtidos pela PCR utilizando 2,5 mM de MgCl2 em gel de agarose 0,8%. 1-5: produto

da amplificação em grande quantidade de amplicom tst para ligação ao vetor de

clonagem; 6: controle negativo (água); M: marcador de massa molecular 100pb. A

seta indica a posição relativa do amplicom com cerca de 700 pb. Figura negativa do

gel corado com brometo de etídeo.

62

5. 2. Ligação do amplicom ao vetor de clonagem

Foi realizada a ligação do amplicom ao vetor pGEM-T easy. Células DH5-α

competentes foram transformadas com o produto da ligação e plaqueadas em meio

LB sólido contendo ampicilina 100 µg/mL, IPTG 80 µg/ml e X-gal 16 mM para

selecionar as colônias brancas. As colônias selecionadas foram crescidas em 5 mL

de meio LB líquido contendo ampicilina 100 µg/mL por 16 h, sendo o DNA extraído

pelo método de TENS. Do processo de clonagem foram obtidos oito possíveis

clones pGEM/tst.

5. 3. Análise dos clones positivos para a construçã o pGEM/ tst pela PCR

Dos oito possíveis clones pGEM/tst, três mostraram-se positivos para a

seqüência tst após análise pela PCR (Figura 11). Foi realizada uma digestão, com

as enzimas de restrição Kpn I e Hind III, do DNA do clone pGEM/tst1 para liberação

do inserto tst com extremidades coesivas, pronto para ser ligado ao vetor de

expressão pQE-30, previamente digerido com as mesmas enzimas. As amostras

provenientes da digestão foram aplicadas em gel de agarose 0,8% sendo possível

visualizar a banda de 700 pb correspondente ao inserto (Figura 12).

63

Figura 11: Confirmação da construção pGEM/ tst pela PCR. Visualização

eletroforética dos produtos obtidos pela PCR dos clones positivos contendo a

construção pGEM/tst em gel de agarose 0,8% corado corado com brometo de

etídeo. 1: clone pGEM/tst1 ; 2: clone pGEM/tst2; 3: clone pGEM/tst3 ; 4: controle

negativo (água); M: marcador de massa molecular λ Hind. A seta indica a posição

relativa da seqüência tst com cerca de 700 pb.

Figura 12: Confirmação da construção pGEM/ tst1 por digestão. Visualização

eletroforética dos produtos de digestão da construção pGEM/tst1 com as enzimas de

restrição Kpn I e Hind III em gel de agarose 0,8%. 1: pGEM/tst1 não digerido ; 2:

pGEM/tst1 digerido evidenciando o fragmento tst de 700 pb; M: marcador de massa

molecular λ Hind. A seta indica o fragmento tst com cerca de 700 pb.

64

5. 4. Preparo do inserto tst e do vetor pQE-30 para clonagem

O protocolo de digestão do DNA do clone pGEM/tst foi repetido várias vezes

com o intuito de se obter grande quantidade de inserto. Todas as amostras foram

aplicadas em gel de agarose 0,8% de onde as bandas correspondentes foram

purificadas utilizando kit da Qiagem.

O DNA plasmideal de células DH5-α transformadas com o vetor pQE-30 foi

extraído pelo método de TENS e digerido com as enzimas Kpn I e Hind III. Após a

digestão as amostras foram precipitadas utilizando acetato de sódio 3 M pH 5,2 e

etanol. Dois géis de agarose 0,8% foram feitos para a visualização do vetor pQE-30

digerido (Figura 13) e do inserto e vetor linearizado purificado (Figura 13).

Figura 13: Preparo do inserto e do vetor pQE-30. Visualização eletroforética dos

produtos da preparação do inserto tst e do vetor pQE-30 para clonagem, em gel de

agarose 0,8 % corado com brometo de etídeo. A. 1: vetor pQE-30 não digerido ; 2:

pQE-30 linearizado após digestão com Kpn I e Hind III; M: marcador de massa

molecular 1 kb; B. 1-2: inserto tst purificado via kit; 3: vetor pQE-30 linearizado e

precipitado. A seta superior indica o vetor pQE-30 linearizado e purificado; a seta

inferior indica o inserto tst purificado com cerca de 700 pb.

65

5. 5. Ligação do inserto tst ao vetor pQE-30

Após a digestão, o inserto extraído do gel via Kit, e o vetor pQE-30 precipitado

tiveram sua concentração estimada em torno de 10 ng/µL e 50 ng/µL,

respectivamente. As reações de ligação vetor: inserto foram feitas nas proporções:

1:1, 1:2 e 1:3, sendo a concentração do vetor sempre de 50 ng/µL. Foi realizada

uma reação de auto-ligação como controle da clonagem.

E. coli da cepa M15 (pREP4) foram transformadas por choque térmico, com o

produto de cada ligação, plaqueadas em meio LB contendo ampicilina (100 µg/mL) e

canamicina (25 µg /mL) e crescidas por 16 h a 37ºC.

Do processo de transformação foram obtidas 45 colônias transformadas

selecionadas por dupla resistência aos antibióticos ampicilina e canamicina.

5. 6. Análise dos clones positivos para a construçã o pQE-30/ tst pela PCR e

digestão

O DNA dos 45 possíveis clones foi extraído pelo método de TENS, sendo

selecionado um clone positivo para a presença da construção pQE-30/tst. A

validação do clone foi feita pela PCR (Figura 14), e por digestão do DNA com as

enzimas Kpn I e Hind III, seguido por visualização do fragmento tst em gel de

agarose 0,8% (Figura 15).

66

Figura 14: Confirmação da construção pQE-30/ tst pela PCR . Visualização

eletroforética dos produtos de amplificação alvo-específica da seqüência tst obtidos

pela PCR da construção pQE-30/tst em gel de agarose 0,8%. 1: controle positivo da

PCR; 2: clone pQE-30/tst; 3: controle negativo (água). A seta indica a seqüência

amplificada tst com cerca de 700 pb. Figura negativa do gel corado com brometo de

etídeo.

Figura 15: Confirmação da construção pQE-30/ tst por digestão. Visualização

eletroforética dos produtos de digestão da construção pQE-30/tst com as enzimas de

restrição Kpn I e Hind III em gel de agarose 0,8. 1: pQE-30/tst digerido ; 2: pQE-30/tst

não digerido; M: marcador de massa molecular 200 pb. A seta indica o fragmento tst

com cerca de 700 pb. Figura negativa do gel corado com brometo de etídeo.

67

5. 7. Expressão da proteína recombinante His-TSST-1

O clone pQE-30/tst foi crescido em meio LB na presença de ampicilina (100

µg/mL) e canamicina (25 µg/mL), incubado por 16 h a 37ºC e submetido a protocolo

para expressão da proteína recombinante utilizando IPTG. Para a visualização da

indução, amostras de lisado de cultura do clone pQE-30/tst obtidas após 3 h de

indução, utilizando as concentrações de 0,5 e 1 mM de IPTG, foram submetidas a

eletroforese em gel de poliacrilamida 15% corado com azul de Coomassie. Como

observado na figura 16, não foi possível visualizar a indução da proteína

recombinante em gel de poliacrilamida (Figura 16).

Figura 16. Expressão de His-TSST-1. Visualização eletroforética dos produtos da

indução da proteína His-TSST-1 pelo clone pQE-30/tst em gel de poliacrilamida 15

% em condições desnaturantes corado com azul de Coomassie. 1: lisado da cultura

do clone pQE-30/tst não induzida; 2: lisado da cultura do clone pQE-30/tst induzida

com 0,5 mM de IPTG; 3: lisado da cultura do clone pQE-30/tst induzida com 1 mM

de IPTG; 4: SEC recombinante; M: marcador de massa molecular Low Range.

68

5. 8. Detecção da proteína His-TSST-1 por western blotting

Diante da impossibilidade de se visualizar a indução da proteína

recombinante His-TSST-1 em géis de poliacrilamida, optou-se pela detecção da

expressão da proteína recombinante por meio de western blotting. Para a detecção

foram utilizados: anticorpo policlonal anti-TSST-1 e anticorpo monoclonal específico

para o hexâmero de histidina, presente na proteína His-TSST-1. Amostras de

sobrenadantes de culturas de S. aureus e da proteína SEC recombinante (Uhl et al.,

2003) foram utilizadas como controles para o teste.

Após revelação das membranas foi possível visualizar a expressão induzida

da proteína His-TSST-1 com cerca de 30 kDa, conforme comparado com a padrão

de massa molecular da proteína SEC recombinante (Figuras 17 e 18)

69

Figura 17. Imunodetecção de His-TSST-1 utilizando a nti-TSST-1. Visualização

dos produtos da expressão da proteína His-TSST-1 pelo clone contendo a

construção pQE-30/tst por western blotting utilizando anticorpo policlonal anti-TSST-

1. 1: controle positivo sobrenadante de cultura de S. aureus 48-B; 2: controle

negativo SEC recombinante; 3: sobrenadante de cultura do clone pQE-30/tst; 4:

lisado da cultura do clone pQE-30/tst não induzida; 5: lisado da cultura do clone

pQE-30/tst induzida com 1 mM de IPTG. A seta indica a proteína His-TSST-1.

Figura 18: Imunodetecção de His-TSST-1 utilizando a nti-His. Visualização dos

produtos da expressão da proteína His-TSST-1 pelo clone contendo a construção

pQE-30/tst por western blotting utilizando anticorpo monoclonal anti-His. 1: controle

positivo SEC recombinante; 2: sobrenadante de cultura de S. aureus 48-B; 3: lisado

da cultura do clone pQE-30/tst não induzida; 4: lisado da cultura do clone pQE-30/tst

induzida com 1 mM de IPTG. A seta indica a proteína His-TSST-1.

70

5. 9. Transformação de E. coli cepas DH5-α e BL21(DE3)pLysS com a

construção pQE-30/ tst

O DNA do clone pQE-30/tst em E. coli M15 (pREP4) foi extraído pelo método

de TENS e submetido à digestão com as enzimas Kpn I e Hind III afim de liberar o

fragmento tst. Este fragmento foi ligado a um novo vetor pQE-30 previamente

digerido com as mesmas enzimas e cepas de E. coli DH5-α e BL21(DE3)pLysS

foram transformadas com a construção resultante.

As bactérias transformadas foram plaqueadas em meio LB contendo apenas

ampicilina (100 µg/mL), para a cepa DH5-α, que não possui plasmídeo que confira

resistência, e na presença de ampicilina e cloranfenicol (34 µg/mL), para

BL21(DE3)pLysS, que possui o plasmídeo pLysS que lhe confere resistência ao

antibiótico cloranfenicol. O DNA de cada uma das colônias produzidas foi extraído

por TENS e a presença da seqüência tst foi confirmada pela PCR (Figura 19).

Os clones resultantes da transformação das cepas E. coli DH5-α e

BL21(DE3)pLysS foram crescidos em meio LB contendo os antibióticos apropriados

e submetidos a protocolo de indução protéica utilizando 1 mM de IPTG por 3 h a

37°C.

Os lisados das culturas resultantes foram analisados através de SDS-PAGE

não sendo possível visualizar a banda correspondente à proteína recombinante em

nenhuma das amostras induzidas de cada uma das diferentes cepas (Figura 20).

Por meio de western blotting, utilizando anticorpo monoclonal contra o

hexâmero de histina, foi possível detectar a expressão induzida da proteína His-

TSST-1 no lisado das culturas das cepas DH5-α e BL21(DE3)pLysS transformadas.

O lisado da indução do clone pQE-30/tst em M15 (pREP4) foi utilizado como

controle positivo (Figura 21).

71

Figura 19. Confirmação da construção pQE-30/ tst em diferentes cepas de E.

coli pela PCR. Visualização eletroforética dos produtos de amplificação alvo-

específica da seqüência tst obtidos em diferentes cepas de E. coli transformadas

com a construção pQE-30/tst. Gel de agarose 0,8% corado com brometo de etídeo.

1: BL21(DE3)pLysS; 2: DH5-α; 3: M15 (pREP4); 4: controle negativo (água); M:

marcador de massa molecular λ Hind. A seta indica a seqüência tst amplificada com

cerca de 700 pb.

72

Figura 20. Expressão da proteína His-TSST-1 por dif erentes cepas de E. coli.

Visualização dos produtos da indução da proteína His-TSST-1 por diferentes cepas

de E. coli transformadas com a construção pQE-30/tst em gel de poliacrilamida 15 %

em condições desnaturantes corado com azul de Coomassie. 1: lisado da cultura de

E. coli M15 (pREP4) transformada; 2: lisado da cultura de E. coli DH5-α

transformada; 3: lisado da cultura E. coli BL21(DE3)pLysS transformada; 4: SEC

recombinante.

Figura 21: Imunodetecção de His-TSST-1. Visualização dos produtos da

expressão da proteína His-TSST-1 por diferentes cepas de E. coli transformadas

com a construção pQE-30/tst através de western blotting utilizando anticorpo

monoclonal anti-His. 1: lisado da cultura de E. coli M15 (pREP4) transformada; 2:

lisado da cultura de E. coli DH5-α transformada; 3: lisado da cultura E. coli

BL21(DE3)pLysS transformada; 4: controle positivo SEC recombinante. A seta indica

a proteína His-TSST-1.

73

5. 10. Ligação do amplicom N- tst ao vetor de clonagem

O DNA cromossômico da cepa 48-B, extraído pelo método de TELT (Medina,

1993), foi utilizado para amplificação da região codificadora para a porção amino-

terminal de TSST-1 (N-TSST-1). O produto da amplificação foi de 370 pb sendo o

fragmento obtido utilizado para clonagem no vetor pGEM-T easy.

Células DH5-α competentes foram transformadas com o produto da ligação e

plaqueadas em meio LB sólido contendo ampicilina 100 µg/mL, IPTG 80 µg/ml e X-

gal 16 mM para selecionar as colônias brancas. As colônias selecionadas foram

crescidas em 5 mL de meio LB líquido contendo ampicilina 100 µg/mL por 16 h,

sendo o DNA extraído pelo método de TENS. Do processo de clonagem foram

obtidos cinco possíveis clones pGEM/N-tst.

Dos cinco possíveis clones pGEM/N-tst, três mostraram-se positivos para o

inserto N-tst após validação pela PCR (Figura 22). O DNA dos três clones pGEM/N-

tst foi submetido ao protocolo de digestão, com as enzimas de restrição Bam HI e

Hind III, para liberação do inserto, conforme visualizado em gel de agarose 0,8%

(Figura 23).

5. 11. Análise dos clones pGEM/N- tst pela PCR e digestão

Figura 22: Confirmação da construção pGEM/N- tst pela PCR. Visualização

eletroforética dos produtos de amplificação alvo-específica de 370 pb obtidos pela

PCR dos clones pGEM/N-tst. Gel de agarose 0,8% corado com brometo de etídeo.

1: controle negativo (água); 2-6: possíveis clones pGEM/N-tst; 3,5,6: clones

pGEM/N-tst; M: marcador de massa molecular 100 pb. A seta indica a posição

relativa da seqüência N-tst amplificada com 370 pb.

74

Figura 23: Confirmação da construção pGEM/N- tst por digestão. Visualização

eletroforética dos produtos de digestão da construção pGEM/N-tst com as enzimas

de restrição Bam HI e Hind III. Gel de agarose 0,8% corado com brometo de etídeo.

1: clone pGEM/N-tst não digerido ; 2: pGEM/N-tst digerido; M: marcador de massa

molecular 1kb. A seta indica a posição do inserto N-tst de 370 pb.

5. 12. Ligação do inserto N-tst ao vetor de expressão pQE-30

O inserto N-tst obtido após digestão em grande quantidade do clone pGEM/N-

tst1, foi purificado via kit e ligado ao vetor de expressão pQE-30, previamente

digerido com Bam HI e Hind III e precipitado, de acordo com o descrito para o

inserto tst. Células M15 (pREP4) foram transformadas por choque térmico com o

produto da ligação, plaqueadas em meio LB contendo ampicilina e canamicina, e as

colônias positivas para a construção pQE-30/N-tst foram selecionadas por serem

resistentes à presença de ambos os antibióticos.

Foram selecionadas 10 possíveis clones, que tiveram os seus DNAs

extraídos por TENS (dados não mostrados), com os quais foram realizadas uma

PCR e uma digestão para confirmação dos clones. Três clones foram confirmados

por apresentarem o inserto N-tst conforme visualizado em gel de agarose 0,8%

corado com brometo de etídeo após reação da PCR (Figura 24).

A figura 25 confirma a presença do inserto N-tst de 370 pb liberado por ambos

os clones após digestão com Bam HI e Hind III.

75

5. 13. Análise dos clones pQE-30/N- tst pela PCR e digestão

Figura 24: Confirmação da construção pQE-30/N- tst pela PCR. Visualização

eletroforética dos produtos de amplificação alvo-específica de 370 pb obtidos pela

PCR da construção pQE-30/N-tst. Gel de agarose 0,8% corado com brometo de

etídeo. 1-3: clone pQE-30/N-tst; 4: controle negativo (água); M: marcador de massa

molecular 100 pb. A seta indica a posição relativa da seqüência N-tst com 370 pb.

Figura 25: Confirmação da construção pQE-30/N- tst por digestão. Visualização

eletroforética dos produtos de digestão da construção pQE-30/N-tst com as enzimas

de restrição Bam HI e Hind III. Gel de agarose 0,8% corado com brometo de etídeo.

1-3: pQE-30/N-tst digerido; M: marcador de massa molecular 200 pb. A seta indica a

posição do fragmento N-tst com cerca de 370 pb.

76

5.14. Expressão da proteína His- N-TSST-1

Os clones positivos foram cultivados e submetidos a protocolo de indução da

expressão da proteína His-N-TSST-1 seguindo as mesmas condições padronizadas

para a expressão da proteína His-TSST-1. Conforme análise do gel de poliacrilamida

(Figura 26) é possível observar a presença de uma pequena banda protéica na

posição correspondente a 14 KDa, que seria o tamanho esperado da proteína His-N-

TSST-1, provavelmente de vido à maior quantidade de amostra aplicada nesta raia,

já que após outras tentativas de se expressar a proteína para análise, esta banda

não foi observada.

Para a confirmação e detecção da proteína foi realizado um western blotting

utilizando anticorpo monoclonal anti-His, conforme descrito para His-TSST-1. Foi

confirmada a expressão induzida da proteína His-N-TSST-1, sendo mantidos os

baixos níveis de expressão anteriormente descritos. Os demais clones obtidos

também foram testados sendo mantidos os resultados anteriormente observados

(dados não mostrados).

Figura 26: Expressão de His-N-TSST-1. Visualização eletroforéticados produtos da

expressão da proteína His-N-TSST-1 recombinante pelos clones pQE-30/N-tst. SDS-

PAGE 15 % corado com azul de Coomassie. 2 e 4: lisados das culturas dos clones

pQE-30/N-tst não induzidas; 1 e 3: lisados das culturas dos clones pQE-30/N-tst

induzidas com 1 mM de IPTG. A seta indica a posição relativa da proteína His-N-

TSST-1.

77

6. DISCUSSÃO

78

6. DISCUSSÃO

TSST-1 produzida por S. aureus está associada a grande parte dos casos de

síndrome de choque tóxico não-menstrual e em todos os casos de síndrome de

choque tóxico menstrual, além de ser produzida por diversos isolados provenientes

de animais apresentando mastite. Esta toxina faz parte de uma família de proteínas

microbianas funcionalmente relacionadas conhecidas como superantígenos, que

atuam através da ativação do sistema imunológico de forma não específica (Dinges

et al., 2000; Phillips, 2002), levando indivíduos acometidos ao quadro de choque

tóxico. O quadro clínico de choque tóxico se caracteriza por febre acima de 38,9ºC,

descamação da pele, hipotensão, e alterações dos sistemas gastrointestinal,

muscular, mucoso, renal, hepático, hematológico e nervoso central (Monday e

Bohach, 1999).

A ativação do sistema imune por superantígenos envolve a ligação não

específica da proteína às moléculas de MHC II nas APCs e os TCRs das células T.

As interações entre essas moléculas resultam na ativação de até 25% dos linfócitos

T (Kappler et al., 1994) e conseqüente excesso na produção de citocinas

proinflamatórias.

A produção de proteínas recombinantes tem se constituído num dos métodos

mais utilizados no diagnóstico e imunoprofilaxia de infecções causadas por S.

aureus. Diversos trabalhos têm demonstrado a produção da toxina TSST-1 através

de mutagênese (Bonventre et al., 1993; Prasad et al., 1993; Gampfer et al., 2002)

que conservaria a porção imunogênica da proteína excluíndo a região responsável

pelas atividades mitogênica e letal.

Este trabalho teve como objetivo expressar a proteína TSST-1 recombinante

e sua porção N-terminal que seria utilizada para a detecção de TSST-1 em amostras

de pacientes e de animais infectados.

A partir dos processos de clonagem foi gerado um clone em E. coli M15

(pREP4) contendo a construção pQE-30/tst conforme confirmado pela PCR e por

digestão com enzimas de restrição que evidenciaram a presença da seqüência com

cerca de 700 pb correspondente a tst.

As análises do produto da indução do gene tst deste clone por meio de

western blotting revelaram a expressão induzida da proteína His-TSST-1. O baixo

nível de expressão contrasta com os resultados obtidos por Gampfer et al. (2002), e

79

pelo nosso grupo de pesquisa, no qual os níveis de expressão de proteínas

recombinantes como Bfpa (Flores, 2001), EspA (Amaral, 2007), e SEC (Uhl, 2003)

utilizando o sistema pQE-30 mostraram-se satisfatórios, sendo possível obtenção

das diferentes proteínas de fusão com alto grau de pureza. Para explicar esta

distorção, algumas hipóteses foram testadas: (a) instabilidade da construção,

podendo resultar na perda do inserto ou até mesmo do plasmídeo; (b) padronização

das condições de indução; (c) incompatibilidade entre a construção gênica e a cepa

de E. coli utilizada; (d) erro no quadro de leitura do gene durante a transcrição da

proteína.

Como os clones foram mantidos na presença de ambos antibióticos e a

construção pQE-30/tst foi re-extraída do clone selecionado, a primeira alternativa

poderia ser descartada. Sendo assim o processo de clonagem foi realizado por mais

três vezes sendo selecionados novos transformantes que foram submetidos ao

protocolo de indução estabelecido, permanecendo os níveis de expressão

anteriormente observados.

Para aumentar o nível de expressão protéica, foi realizada a padronização

das condições de indução através da alteração de algumas variáveis de cultivo

como, meio utilizado, temperatura e concentração de IPTG. Inicialmente o meio LB

utilizado convencionalmente no cultivo, foi substituído por meio TB, que conforme

testes realizados pelo grupo mostrou ser mais eficiente na expressão de proteínas

recombinantes utilizando o sistema pQE-30. Posteriormente a expressão foi

analisada nas temperaturas de 30°C, 37°C e 40°C, se ndo também alteradas as

concentrações de IPTG que variaram de 0,5 mM até 1 mM. No entanto, nenhuma

mudança significativa ocorreu no nível de expressão da proteína His-TSST-1.

Uma hipótese a ser testada seria a possibilidade de incompatibilidade

genética da construção pQE-30/tst com a cepa de E. coli utilizada. Diante disso,

novas construções pQE-30/tst foram geradas e para a transformação foram

utilizadas as cepas E. coli DH5-α e E. coli BL21(DE3)pLysS. Os clones foram

confirmados através da PCR e digestão e a expressão induzida da proteína His-

TSST-1 ocorreu em baixo nível sendo possível detectar a proteína apenas por

western blotting.

Para verificar se o baixo nível de expressão estaria relacionado

intrinsicamente à seqüência gênica utilizada, foram realizadas clonagens utilizando

os vetores pQE-31 e pQE-32 para verificar se ao mudar o padrão de leitura do gene,

80

outras proteínas seriam expressas em níveis mais altos. Esta hipótese também foi

descartada já que nenhuma mudança significativa ocorreu nos níveis de expressão.

Na literatura existem alguns relatos de cepas de Staphylococcus aureus

isoladas de bovinos e bubalinos que apesar de portarem o gene tst, não produzem a

toxina. Inicialmente nossos experimentos de clonagem foram realizados utilizando o

gene tst amplificado do DNA da cepa bubalina denominada 48-B, cedida pelo

Laboratório de Sanidade Animal, LSA/CCTA/UENF. A fim de testar esta

possibilidade extraímos o DNA das cepas de Staphylococcus aureus bubalinas 44-B,

117-B, 118-B, 184-B e 188-B e as seqüências correspondentes ao gene tst e N-tst

foram amplificadas pela PCR. Novas construções foram geradas e para as

transformações foram utilizadas E. coli M15 (pREP4). Deste processo foi gerado um

clone originário do gene amplificado do DNA de cada uma das cepas, exceto para a

cepa 44-B. A análise dos produtos de indução do gene tst dos clones por western

blotting revelaram baixo nível de expressão.

Descartamos também a hipótese de a proteína estar sendo tóxica para as

bactérias utilizadas já que o sistema pQE-30 prevê que a proteína recombinante só

seja expressa na presença do indutor IPTG.

A análise estrutural da toxina TSST-1 permite identificar regiões específicas

da molécula, como sítios de ligação ao TCR e às moléculas de MHC de classe II

além de regiões associadas aos diferentes efeitos biológicos da toxina como

superantigenicidade, mitogenicidade e letalidade (Dinges et al., 2000). O uso da

porção N-terminal de TSST-1 para utilização como reagente de captura e/ou

imunógeno seria mais vantajoso, já que esta região é altamente imunogênica

(Murray et al., 1996; Gampfer et al., 2002) e a proteína recombinante produzida não

apresenta as propriedades mitogênica e letal, características associadas à porção C-

terminal (Drynda et al., 1995).

Para a expressão da porção N-terminal da proteína TSST-1, o clone gerado

portando a construção pQE-30/N-tst em E. coli M15 (pREP4) foi submetido à

condições de indução semelhantes às realizadas com os clones pQE-30/tst. Uma

pequena banda protéica correspondente à proteína His-N-TSST-1 foi visualizada em

gel de acrilamida, não sendo todavia detectada a sua presença em ensaios de

indução realizados posteriormente. A expressão também em nível basal da proteína

foi confirmada através de western blotting conforme ocorrido com o clone pQE-

30/tst.

81

A análise dos resultados mostra que o sistema de expressão utilizando o

vetor pQE-30 não se mostra eficiente para a expressão em escala da toxina TSST-1

e da sua porção N-terminal .

Os baixos níveis de expressão não permitiram a produção da proteína já que

nossa proposta seria a produção da toxina utilizando um sistema fácil e rápido e de

baixo custo que compensasse a sua utilização em kits de diagnóstico e/ou como

imunógenos e imunoprofiláticos.

82

7. CONCLUSÕES

83

7. CONCLUSÕES

As proteínas His-TSST-1 e His-N-TSST-1 foram expressas de forma induzida em

níveis detectáveis apenas por western blotting.

Visando a produção de TSST-1 N-TSST-1 como reagente de captura e/ou

imunógeno, o sistema pQE não é recomendado.

84

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

85

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Acharya, K.R., Passalacqua, E.F., Jones, E.Y., Harlos,K., Stuart, D.I., Brehm, R.D.,

Tranter, H.S. (1994) Structural basis of superantigen action inferred from crystal

structure of toxic-shock syndrome toxin-1. Nature 367:94-97.

Akineden, O., Annemuller, C., Hassan, A.A., Lammler, C., Wolter, W., Zschock, M.

(2001) Toxin genes and other characteristics of Staphylococcus aureus isolates from

milk of cows with mastitis. Clin. Diagn. Lab. Immunol. 8:959-964.

Archer, G.L. (1998) Staphylococus aureus: A well-armed pathogen. Clin. Infect. Dis.

26:1179-1181.

Bachert, C., Gevaert, P., Van Cauwenberge, P. (2002) Staphylococcus aureus

enterotoxins: a key in airway disease? Allergy 57:480-487.

Baker, M.D., Acharya, R.A. (2004) Superantigens: Structure-function relationships.

Int. J. Med. Microbiol. 293:529-537.

Balaban, N., Rasooly, A. (2000) Staphylococcal enterotoxins. Int. J. Food Microbiol.

61:1-10.

Bavari, S., Ulrich, R.G., Leclaire, R.D. (1999) Cross-reactive antibodies prevent the

letal effects of Staphylococcus aureus superantigens. J. Infect. Dis. 180:1365-1369.

Becker, K., Roth, R., Peters, G. (1998) Rapid and specific detection of toxigenic

Staphylococcus aureus: Use of two multiplex PCR enzyme immunoassays for

amplification and hybridization of staphylococcal enterotoxin genes, exfoliative toxin

genes, and toxic shock syndrome toxin 1 gene. J. Clin. Microbiol. 36:2548-2553.

Bergdoll, M.S., Crass, B.A., Reiser, R.F., Robbins, R.N., Davis, J.P. (1981) A new

staphylococcal enterotoxin, enterotoxin F, associated with toxic-shock-syndrome

Staphylococcus aureus isolates. Lancet 1:1017-1021.

86

Blanco, L., Choi, E.M., Connolly, K., Thompson, M.R., Bonventre, P.F. (1990)

Mutants of staphylococcal toxic shock syndrome toxin 1: mitogenicity and recognition

by a neutralizing monoclonal antibody. Infect. Immun. 58:3020-3028.

Bonventre, P.F., Weckbach, L., Staneck, J., Schlievert, P.M., Thompson, M. (1983)

Production of staphylococcal enterotoxin F and pyrogenic exotoxin C by

Staphylococcus aureus isolates from toxic shock syndrome-associated sources.

Infect. Immun. 40:1023-1029.

Bonventre, P.F., Thompson, M.R., Adinolfi, L.E., Gillis, Z.A., Parsonnet, J. (1988)

Neutralization of toxic shock syndrome toxin 1 by monoclonal antibodies in vitro and

in vivo. Infect. Immun. 56:135-141.

Bonventre, P. F., Heeg, H., Cullen, C., Lian, C.J. (1993) Toxicity of recombinant toxic

shock syndrome toxin 1 and mutant toxins produced by Staphylococcus aureus in a

rabbit infection model of toxic shock syndrome. Infect. Immun. 61:793-799.

Bonventre, P.F., Heeg, H., Edwards, C.K., Cullen, C.M. (1995) A mutation at histidine

residue 135 of toxic shock syndrome toxin yields an immunogenic protein with

minimal toxicity. Infect. Immun. 63:509-515.

Bordignon, P.P., Furl, X., Lanzavecchia, A., Karts, R.W. (1992) Identification of HLA-

DRα1 chain residues critical for binding of the toxic shock syndrome toxin

superantigen. J. Exp. Med. 176:1779-1784.

Braunstein, N.S., Weber, D.A., Wang, X., Long, E.O., Karp, D. (1992) Sequences in

both class II major histocompatibility complex α and β chains contribute to the binding

of the superantigen toxic shock syndrome toxin 1. J. Exp. Med. 175:1301-1305.

Bunning, V.K., Lindsay, J.A., Archer, D.L. (1997) Chronic health effects of microbial

foodborne disease. WH. Stat. Q. 50:51-56.

87

Cardoso, H.F.T., Silva, N., Sena, M.J., Carmo, L.S. (1999) Production of enterotoxins

and toxic shock syndrome toxin by Staphylococcus aureus isolated form bovine

mastitis in Brazil. Letters. App. Microbiol. 29:347-349.

Castro M.V., Castro, M.C.E.H., Langenegger, J. (1992) Ocorrência e caracterização

de estafilococos coagulase negativos em leite de cabras no estado do Rio de

Janeiro. Seminars 13:15-17.

Choi, Y., Laferty, J.A., Clements, J.R., Todd, J.K., Gelfand, E.W., Kappler, J.,

Marrack, P., Kotzin, B. L. (1991) Selective expansion of T cells expressing vβ2 in

toxic shock syndrome. J . Exp. Med. 172:981-984.

Chun Cui, J., Liang Hu, D., Chun Lin, Y., Dong Qian, A., Nakane, A. (2005)

Immunization with glutathione S-transferase and mutant toxic shock syndrome toxin

1 fusion protein protects against Staphylococcus aureus infection. Immun . Med.

Microbiol. 45:45-51.

Cohen, M.L., Graves, L.M., Hayes, P.S., Gibson, R.J., Rasheed, J.K., Feeley, J.C.

(1983) Toxic Shock Syndrome: Modification and comparison of methods for detecting

marker proteins in Staphylococcus aureus. J. Clin. Microbiol. 18:372-375.

Coligan, J.E., Kruisbuk, A.M. (Current Protocols in Immunology. Ed. Jonh Wiley and

Sons Cap. 2, unid. 2.1, pág. 2.1.3-2.1.6.

Contreras, A., Paape, M.J., Miller, R.H. (1999) Prevalence of subclinical

intramammary infection caused by Staphylococcus epidermidis in a commercial dairy

goat herd. Small Rumin. Res. 31:203-208.

Crass, B.A., Bergdoll, M.S. (1986) Involvement of staphylococcal enterotoxins in

nonmenstrual toxic shock syndrome. J. Clin. Microbiol. 23:1138-1139.

Cullen, C.M., Blanco, L.R., Bonventre, P.F., Choi, E. (1995) A toxic shock syndrome

toxin 1 mutant that defines a functional site critical for T cell activation. Infect. Immun.

63:2141-2146.

88

Davis, C.C., Kremer, M.J., Schlievert, P.M., Squier, C.A. (2003) Penetration of toxic

shock syndrome toxin-1 across porcine vaginal mucosa ex vivo: permeability

characteristics, toxin distribution, and tissue damage. Am. J. Obstet. Gynecol.

189:1785-1791.

Deresiewicz, R.L., Woo, J., Chan, M., Finberg, R.W., Kasper, D.L. (1994) Mutations

affecting the activity of toxic shock syndrome toxin-1. Biochemistry 33:12844-12851.

Dinges, M.M., Orwin, P.M., Schlievert, P.M. (2000) Exotoxins of Staphylococcus

aureus. Clin. Microbiol. Rev. 13:16-34.

Drynda, A., Konig, B., Bonventre, P.F., Konig, W. (1995) Role of a carboxy-terminal

site of toxic shock syndrome toxin 1 in eliciting immune responses of human

peripheral blood mononuclear cells. Infect. Immun. 63:1095-101.

Earhart, C.A., Mitchell, D.T., Murray, D.L., Pinheiro, D.M., Matsumura, M., Schlievert,

P.M., Ohlendorf, D.H. (1998) Structures of five mutants of toxic shock syndrome

toxin-1 with reduced biological activity. Biochemistry 37:7194-7202.

Fedtke, I., Götz, F., Peschel, A. (2004) Bacterial evasion of innate host defenses –

the Staphylococcus aureus lesson. Int. J. Med. Microbiol. 294:189-194.

Ferens, W.A., Golf, W.L., Davis, W.C., Fox, L., Deobald, C.F., Hamilton, M.J.,

Bohach, G. (1998) Induction of type 2 cytokines by a staphylococcal enterotoxin

superantigen. J. Nat. Toxins 7:193-213.

Ferreira, G.S., Bonna, I.C.F., Carmo, L.S., Petrucci, M.P., Almeida, C.M.C., Vieira-

da-Mota, O. (2007) Development of IgY antibodies against superantigens of

Staphylococcus aureus isolated from milk of buffalo herds in Rio de Janeiro State.

Rev. Univ. Rural 27:598-600.

Fey, H., Pfister, H., Boerlin, P. (1988) A modified ELISA for the detection of toxic

shock syndrome toxin (TSST-1) in staphylococcal isolates. Zentralbl. Bakteriol. Hyg.

267:363-366.

89

Fitzgerald, J.R., Monday, S.R., Foster, T.J., Bohach, G.A., Hartigan, P.J., Meaney,

W.J., Smith, C.J. (2001) Characterization of putative pathogenicity island from bovine

Staphylococcus aureus enconding multiple superantigens. J. Bacteriol. 183:63-70.

Foster, T.J. (2005) Immune evasion by Staphylococci. Nat. Rev. Microbiol. 3:948-

958.

Fournier, B., Philpott, D.J. (2005) Recognition of Staphylococcus aureus by the

innate immune system. Clin. Microbiol. Rev. 18:521-540.

Freiras, M.F.L., Leal Balbino, T.C., Mota, R.A., Stamford, T.L.M. (2004) Exotoxinas

estafilocócicas. Vet. Trop. 7:63-74.

Fueyo, J.M., Mendoza, M.C., Martín, M.C. (2005) Enterotoxins and toxic shock

syndrome toxin in Staphylococcus aureus recovered from human nasal carriers and

manually handled foods: epidemiological and genetic findings. Mic. Infect. 7:187-194.

Fujikawa, H., Igarashi, H., Usami, H., Tanaka, S.,D Tamura, H. (1986) Clearance of

endotoxin from blood of rabbits injected with Staphylococcal toxic shock syndrome

toxin-1. Infect. Immun. 52:134-137.

Gampfer, J., Thonb, V., Gulle, H., Wolf, H.M., Eibl, M.M. (2002) Double mutant and

formaldehyde inactivated TSST-1 as vaccine candidates for TSST-1-induced toxic

shock syndrome. Vaccine 20:1354-1364.

Ganem, D. (1981) Toxic shock syndrome - medical staff conference. West. J. Med.

135:383-388.

Giletto, A., Fyffe, J.G. (1998) A novel ELISA format for the rapid and sensitive

detection of Staphylococcal enterotoxin A. Biosci. Biotech. Biochem. 62:2217-2222.

Gould, I.M. (2005) The clinical significance of methicillin-resistant Staphylococcus

aureus. J. Hosp. Infect. In Press, 1-6.

90

Hale, M.L., Swietnicki, W. (2006) Model systems to study a superantigen-induced

disease: Toxic shock syndrome. Drug Disc. Today: Dis. Models 3:121-126.

Hamad, A.R.A., Marrack, P., Kappler, J.W. (1997) Transcytosis of Staphylococcal

superantigen toxins. J. Exp. Med. 185:1447-1454.

Harris, T.O., Grossman, D., Kappler, J.W., Marrack, P., Rich, R.R., Betley, M.J.

(1993) Lack of complete correlation between emetic and T-cell-stimulatory activities

of staphylococcal enterotoxins. Infect. Immun. 61:3175-3183.

Hayakawa, Y., Akagi, M., Hayashi, M., Shimano, T., Komae, H., Funaki, O., Kaidoh,

T., Takeuchi, S. (2000) Antibody response to toxic shock syndrome toxin-1 of

Staphylococcus aureus in dairy cows. Vet. Microbiol. 72:321-327.

Hiramatsu, K., Cui, L., Kuroda, M., Ito, T. (2001) The emergence and evolution of

methicillin-resistant Staphylococcus aureus. Trends Microbiol. 9:486-493.

Hu, W.G., Zhu, X.H., Wu, Y.Z., Jia, Z.C. (1998) Localization of a T-cell epitope of

superantigen toxic shock syndrome toxin 1 to residues 125 to 158. Infect. Immun.

66:4971-4975.

Hu, D., Omoe, K., Sasaki, S., Sashinami, H., Sakuraba, H., Yokomizo, Y.,

Shinagawa, K., Nakane, A. (2003) Vaccination with nontoxic mutant toxic shock

syndrome toxin 1 protects against Staphylococcus aureus infection. J. Infect. Dis.

188:743-52.

Hurley, J.M., Shimonkevitz, R., Hanagan, A., Enney, K., Boen, E., Malmstrom, S.

(1995) Identification of class II major histocompatibility complex and T cell receptor

binding sites in the superantigen toxic shock syndrome toxin 1. J. Exp. Med.

181:2229-2235.

Igarashi, H., Fujikawa, H., Shingaki, M., Bergdoll, M.S. (1986) Latex agglutination

test for staphylococcal toxic shock syndrome toxin 1. J. Clin. Microbiol. 23:509-512.

91

Issa, N.C., Thompson, R.L. (2001) Staphylococcal toxic shock syndrome. Postgrad.

Med. 110(4):55-62.

Iwatsuki, K., Yamasaki, O., Morizane, S., Oono, T. (2006) Staphylococcal cutaneous

infections: Invasion, evasion and aggression. J. Dermat. Sci. 42:203-214.

Johnson, W.M., Tyler, S.D., Ewan, E.P., Ashton, E.F., Pollard, D.R., Rozee, K.R.

(1991) Detection of genes for enterotoxins, exfoliative toxins, and toxic shock

syndrome toxin 1 in Staphylococcus aureus by the polymerase chain reaction. J.

Clin. Microbiol. 29:426-430.

Johnson, H.M., Russel, J.K., Pontzer, C.H. (1992) Superantigens in human disease.

Sci. Am. 226:92-101.

Jones, G.M., Pearson, R.E., Clabaugh, G.A., Heald, C.W. (1984) Relationships

between somatic cell counts and milk production. J. Dairy Sci. 67:1823.

Jones, T.O., Wieneke, A.A. (1998) Staphylococcal toxic shock syndrome. Vet. Rec.

25:435-436.

Kappler, R., White, J., Kozono, K., Clements, J., Marrack, P. (1994) Binding of a

soluble alpha beta T-cell receptor to superantigen/major histocompatibility complex

ligands. Proc. Natl. Acad. Sci. 91:8462-8466.

Kass, E.H., Parsonnet, J., Mills, J.T. (1987) Role of magnesium ions in the

pathogenesis of toxic shock syndrome. Trans. Assoc. Am. Physiol. 100:158-163.

Katsuda, K., Hata, E., Kobayashi, H., Kohmoto, M., Kawashima, K., Tsunemitsu, H.,

Eguchi, M. (2005) Molecular typing of Staphylococcus aureus isolated from bovine

mastitic milk on the basis of toxin genes and coagulase gene polymorphisms. Vet.

Microbiol. 105:301-305.

92

Kenny, K., Reiser, R.F., Bastida-Corcucra, F.D., Norcross, N.L. (1993) Production of

enterotoxins and toxic shock syndrome toxin by bovine mammary isolates of

Staphylococcus aureus. J. Clin. Microbiol. 31:706-707.

Khojasteh, V.J., Rogan, M.T., Edwards-Jones, V., Foster, H.A. (203) Detection of

antibodies to Staphylococcus aureus toxic shock syndrome toxin-1 using a

competitive agglutination inhibition assay. Letters App. Microbiol. 36:372-376.

Khojasteh, V.J., Edwards-Jones, V., Childs, C., Foster, H.A. (2007) Prevalence of

toxin producing strains of Staphylococcus aureus in a pediatric burns unit. Burns In

Press, 1-7.

Kokan-Moore, N.P., Bergdoll, M.S. (1989) Effect of chemical modification of histidine

and tyrosine residues in toxic shock syndrome toxin 1 on the serologic and mitogenic

activities of the toxin. Infect. Immun. 57:1901-1905.

Koneman, F.W., Allen, S.D., Janda, S.P.C. (2001) Cocos Gram-Positivos: Parte I:

Estafilococos e Microrganismos Relacionados, pp.551-588. Diagnóstico

Microbiológico. 5º Edição. Rio de Janeiro: Medsi, 2001.

Kotb, M. (1995) Bacterial pyrogenic exotoxins as superantigens. Clin. Microbiol. Rev.

8:411-426.

Kotb, M. (1998) Superantigens of Gram-positive bacteria: structure–function

analyses and their implications for biological activity. Curr. Opin. Microbiol. 1:56-65.

Kum, W.W., Wood, J.A., Chow, A.W. (1996) A mutation at glycine residue 31 of toxic

shock syndrome toxin-1 defines a functional site critical for major histocompatibility

complex class II binding and superantigenic activity. J. Infect. Dis. 174:1261-1270.

Kuroda, M., Ohta, T. (2001) Genome sequencing of meticlin-resistant

Staphylococcus aureus. Lancet 357:1225-1240.

93

Kuroishi, T., Komine, K., Kai, K., Itagaki, M., Kobayashi, J., Ohta, M., Kamata, S.,

Kumagai, K. (2003) Concentrations and specific antibodies to staphylococcal

enterotoxin-C and toxic shock syndrome toxin-1 in bovine mammary gland

secretions, and inflammatory response to the intramammary inoculation of these

toxins. J. Vet. Med. Sci. 65(8):899-906.

Laemmli, U.K. (1970) Cleavage of structural proteins during the assembly of the

head of bacteriophage T4. Nature 227:680-685.

Larsen, H.D., Aarestrup, F.M., Jensen, N.E. (2002) Geographical variation in the

presence of genes encoding superantigenic exotoxins and β-hemolysin among

Staphylococcus aureus isolated from bovine mastitis in Europe and USA. Vet.

Microbiol. 85:61-67.

Lee, P.K., Kreiswirth, B.N., Deringer, J.R., Projan, S.J., Eisner, W., Smith, B.L. (1992)

Nucletide sequences and biologic properties of toxic shock syndrome toxin 1 from

ovine and bovine associated Staphylococcus aureus. J. Infect. Dis. 165:1056-1063.

Le Loir, Y., Baron, F., Gautier, M. (2003) Staphylococcus aureus and food poisoning.

Genet. Mol. Res. 2:63-76.

Lee Wong, A.C., Bergdoll, M.S. (1990) Effect of environmental conditions on

production of toxic shock syndrome toxin 1 by Staphylococcus aureus. Infect. Immun.

58:1026-1029.

Letertre, C., Perelle, S., Dilasser, F., Fach, P. (2003) Identification of a new putative

enterotoxin SEU encoded by the egc cluster of Staphylococcus aureus. J. Appl.

Microbiol. 95:38-43.

Lina, G., Gillet, Y., Vandenesch, F., Jones, M., Floret, D., Etienne, J. (1997) Toxin

involvement in staphylococcal scalded skin syndrome. Clin. Infect. Dis. 25:1369-

1373.

94

Løvseth, A., Loncarevic, S., Berdal, K.G. (2004) Modified Multiplex PCR Method for

Detection of Pyrogenic Exotoxin Genes in Staphylococcal Isolates J. Clin. Microbiol.

42:3869-3872.

Lowy, M.D. (1998) Staphylococcus aureus infections. New Engl. J. Med. 339:520-

532.

Malhotra, M.G., Jackson, A.V., Thomas, W., Zabriskieb, J.B. (2004) Antibodies to

highly conserved peptide sequence of staphylococcal and streptococcal

superantigens in Kawasaki disease. Exp. Mol. Pathol. 76:117-121.

Marrack, P., Kappler, J. (1990) The staphylococcal enterotoxins and their relatives.

Science 248:705-711.

McCormick, J.K., Yarwood, J.M., Schlievert, P.M. (2001) Toxic shock syndrome and

bacterial superantigens: an update. Ann. Rev. Microbiol. 55:77-104.

McCormick, J.K., Tripp, T.J., Llera, A.S., Sundberg, E.J., Dinges, M.M., Mariuzza,

R.A., Schlievert, P.M. (2003) Functional analysis of the TCR binding domain of toxic

shock syndrome toxin-1 predicts further diversity in MHC class II/superantigen/TCR

ternary complexes. J. Immunol. 171:1385-1392.

Medina-Acosta, E., Cross, G.A.M. (1993) Rapid isolation of DNA from tripanosomatid

protozoa using a simple ‘mini-prep’ procedure. Mol. Biochem. Parasitol. 59:327-330.

Medina-Acosta, E., Fernandes, R.C.S.C., Ribeiro, P.D. (2005) Novas estratégias de

tratamento das estafilococcias. Rev. Bras. Med. 62:27-31.

Mehotra, M., Wang, G., Johnson, W.M. (2000) Multiplex PCR for detection of genes

for Staphylococcus aureus enterotoxins, exfoliative toxins, toxic methicillin resistance.

J. Clin. Microbiol. 38:1032-1035.

Miwa, K., Fukuyama, M., Kunitomo, T., Igarashi, H. (1994) Rapid assay for detection

of toxic shock syndrome toxin 1 from human sera. J. Clin. Microbiol. 32:539-542.

95

Monday, R.S., Bohach, G.A. (1999) Use of multiplex PCR to detect classical and

newly described pyrogenic toxin genes in staphylococcal isolates. J. Clin. Microbiol.

37(10):3411–3414.

Moscovis, S.M., Gordon, A.E., Hall, S.T., Gleeson, M., Scott, R.J., Roberts-

Thomsom, J., Weir, D.M., Busuttil, A., Blackwell, C.C. (2004) Interleukin 1-β

responses to bacterial toxins and sudden infant death syndrome. Immun. Med.

Microbiol. 42:139-145.

Murray, D.L., Prasad, G.E., Earhart, C.A., Leonard, B.A.B., Kreiswirth, B.N., Novick,

R.P., Ohlendorf, D. H., Schlievert, P.M. (1994) Immunobiological and biochemical

properties of mutants of toxic shock syndrome toxin 1. J. Immunol. 152:87-95.

Murray, D.L., Earhart, C.A., Mitchell, D.T., Ohlendorf, D.H., Novick, R.P., Schlievert,

P.M. (1996) Localization of biologically important regions on toxic shock syndrome

toxin 1. Infect. Immun. 64:371-374.

Omoe, K., Ishikawa, M., Shimoda, Y., Hu, D.L., Ueda, S., Shinagawa, K. (2002)

Detection of seg, seh, and sei genes in Staphylococcus aureus isolates and

determination of the enterotoxin productivities of S. aureus isolates harboring seg,

she, or sei genes. J. Clin. Microbiol. 40:857-862.

Omoe, K., Hu, D.L., Takahashi-Omoe, H., Nakane, A., Shinagawa, K. (2003)

Identification and characterization of a new staphylococcal enterotoxin-related

putative toxin encoded by two kinds of plasmids. Infect. Immun. 71:6088-6094.

Orden, J.A., Goyache, J., Hernández, J., Doménech, A., Suárez, G., Gómez-Lucía,

E. (1992) Applicability of an immunoblot technique combined wit a semiautomated

electrophoresis system for detection of staphylococcal enterotoxins in food extracts.

Appl. Env. Microbiol. 58:4083-4085.

Papageorgiou, A.C., Brehm, R.D., Leonidas, D.D., Tranter, H.S., Acharya, K.R.

(1996) The Refined Crystal Structure of Toxic Shock Syndrome Toxin-1 at 2.07 Å

Resolution. J. Mol. Biol. 260:553-569.

96

Parsonnet, J., Hickman, R.K., Eardley, D.O., Pier, G.B. (1985a) Induction of humam

interleukin-1 by toxic-shock-syndrome toxin-1. J. Infect. Dis. 151:514-522.

Parsonnet, J., Mills, J.T., Gillis, Z.A., Pier, G.B. (1985b) Competitive, Enzyme-Linked

Immunosorbent Assay for Toxic Shock Syndrome Toxin 1. J. Clin. Microbiol. 22:26-

31.

Parsonnet, J., Gillis, Z.A. (1988) Productin of tumor necrosis factor by human

monocytes in response to toxic-shock-syndrome toxin-1. J. Infect. Dis. 158:1026-

1033.

Parsonnet, J., Hansmann, M.A., Delaney, M.L., Modern, P.A., Dubois, A.M., Alter,

W.W., Wissemann, K.W., Wild, J.E., Jones, M.B., Seymour, J.L., Onderdonk, A.B.

(2005) Prevalence of toxic shock syndrome toxin-1 producing Staphylococcus aureus

and the presence of antibodies to this superantigen in menstruating women. J. Clin.

Microbiol. 43:4628-4634.

Peterson, M.L., Ault, K., Kremer, M.J., Klingelhutz, A.J., Davis, C.C., Squier, C.A.,

Schlievert, P.M. (2005) The innate immune system is activated by stimulation of

vaginal epithelial cells with Staphylococcus aureus and toxic shock syndrome toxin 1.

Infect. Immun. 73:2164-2174.

Prasad, G.S., Earhart, C.A., Murray, D.L., Novick, R.P., Schlievert, P.M., Ohlendorf,

D.H. (1993) Structure of toxic shock syndrome toxin 1. Biochemistry 32:13761-

13766.

Proft, T., Fraser, J.D. (2003) Bacterial Superantigens. Clin. Exp. Immunol. 133:299-

306.

Rasooly, A., Rasooly, R.S. (1998) Detection and analysis of staphylococcal

enterotoxin A in food by western immunoblotting. Int. J. Food. Microbiol. 41:205-212.

Reiss, M.A. (2000) Toxic Shock Syndrome. Infect. Dis. Upd. 7: 85-90.

97

Rellahan, B.L., Jones, L.A., Kruisbeek, A.M., Fry, A.M., Matis, L.A. (1990) In vivo

induction of anergy in peripheral V beta 8+ T cells by staphylococcal enterotoxin B. J.

Exp. Med. 172:1091-1100.

Rooijakkers, S.H.M., Kessel, K.P.M., Strijp, J.A.G. (2005) Staphylococcal innate

immune evasion. Trends Microbiol. In Press.

Ross, R.A., Onderdonk, A.B. (2000) Production of toxic shock syndrome toxin 1 by

Staphylococcus aureus requires both oxygen and carbon dioxide. Infect. Immun.

68:5205-5209.

Rosten, P.A., Bartlett, K.H., Chow, A.W. (1987) Detection and quantitation of toxic

shock syndrome toxin 1 in vitro and in vivo by noncompetitive enzyme-linked

Immunosorbent Assay. J. Clin. Microbiol. 25:327-332.

Sá, M.E.P., Cunha, M.L.R.S., Elias, A.O., Langoni, H. (2004) Importance of

Staphylococcus aureus in bovine subclinical mastitis: presence of enterotoxins,

shock syndrome toxin and relationship with somatic cell count. Braz. J. Vet. Res.

Animal Sci. 41:320-326.

Salasia, S.I.O., Khusnan, Z., Lämmler, C. (2004) Comparative studies on pheno- and

genotypic properties of Staphylococcus aureus isolated from bovine subclinical

mastitis in central Java in Indonesia and Hesse en Germany. J. Vet. Sci. 5:103-109.

Sambrook e Russel. (2001) Molecular Cloning: A Laboratory Manual. 3. ed. New

York: Cold Spring Harbor, (1), 115p.

Schlievert, P.M., Shands, K.N., Dan, B.B., Schmid, G.P., Nishimura, R.D. (1981)

Identification and characterization of an exotoxin from Staphylococcus aureus

associated with toxic-shock syndrome. J. Infect. Dis. 143:509-516.

Schlievert, P.M. (1993) Role of superantigens in human disease. J. Infect. Dis.

167:997-1002.

98

Schlievert, P.M., Jablonski, L.M., Roggiani, M., Sadler, I., Callantine, S., Mitchell,

D.T., Ohlendorf, D.H., Bohach, G.A. (2000) Pyrogenic toxin superantigen site

specificity in toxic shock syndrome and food poisoning in animals. Infect. Immun.

68:3630-3634.

Schmitz, F.J., Steiert, M., Hofmann, B., Verhoef, J., Hadding, U., Heinz, H.P., Kohrer,

K. (1998) Development of a multiplex-PCR for direct detection of the genes for

enterotoxin B and C, and toxic shock syndrome toxin-1 in Staphylococcus aureus

isolates. J. Med. Microbiol. 47:335-340.

See, R.H., Chow, A.W. (1992) Staphylococcal Toxic Shock Syndrome Toxin 1-

induced tumor necrosis factor alpha and interleukin-l secretion by human peripheral

blood monocytes and t lymphocytes is differentially suppressed by protein kinase

inhibitors. Infect. Immun. 60:3456-3459.

Sharma, N.K., Rees, C.E., Dodd, C.E. (2000) Development of a singlereaction

multiplex PCR toxin typing assay for Staphylococcus aureus strains. Appl. Environ.

Microbiol. 66:1347-1353.

Shupp, J.W., Jett, M., Pontzer, C.H. (2002) Identification of a transcytosis epitope on

staphylococcal enterotoxins. Infect. Immun. 70:2178-2186.

Stiles, B.G., Krakauer, T., Bonventre, P.F. (1995) Biological activity of toxic shock

syndrome toxin 1 and a site-directed mutant, H135A, in a lipopolysaccharide-

potentiated mouse lethality model. Infect. Immun. 63:1229-1234.

Stelma, G.N., Bergdoll, M.S. (1982) Inactivation of staphylococcal enterotoxin A by

chemical modification. Biochem. Biophys. 105:121-126.

Takahashi, I., Nakagawa, I., Xu, L., Hamada, S. (1995) IL-12 rescues galactosamine-

loaded mice from lethal shock triggered by Staphylococcal enterotoxin. Biochem.

Biophy. Res. Comm. 217(1):74-80.

99

Takeuchi, S., Ishiguro, K., Ikegami, M., Kaidosh, T., Hayakawa, Y. (1998) Production

of toxic shock syndrome toxin by Staphylococcus aureus isolated from mastitic cow’s

milk and farm bulk milk. Vet. Microbiol. 59:251-258.

Todd, J.K. (1988) Toxic Shock Syndrome. Clin. Microbiol. Rev. 1:432-446.

Towbin, H., Staehelin, T., Gordon, J. (1979) Electrophoretic transfer of proteins from

polyacrylamide gels to nitrocellulose sheets: Procedure and some applications. Proc.

Natl. Acad. Sci. 76:4350-4354.

Ulrich, R.G., Olson, M.A., Bavari. S. (1998) Development of engineered vaccines

effective against structurally related bacterial superantigens. Vaccine 16:1857-1864.

Vojtov, N., Ross, H.F., Novick, R.P. (2002) Global repression of exotoxin synthesis

by staphylococcal superantigens. Proc. Natl. Acad. Sci. 99:10102-10107.

Wahlsten, J.L., Ramakrishnan, S. (1998) Separation of function between the

domains of toxic shock syndrome toxin-1. J. Immunol. 160:854-859.

Zschöck, M., Botzler, D., Blöcher, S., Sommerhäuser, J., Hamann, H.P. (2000)

Detection of genes for enterotoxins (ent) and toxic shock syndrome toxin-1 (tst) in

mammary isolates of Staphylococcus aureus by polymerase-chain-reaction. Int. Dairy

J. 10:569-574.

Zschöck, M., Ribe, K., Sommerhäuser, J. (2004) Occurrence and clonal relatedness

of sec/tst-gene positive Staphylococcus aureus isolates of quartermilk samples of

cows suffering from mastitis. Let. App. Microbiol. 38:493-498.

Zschöck, M., Kloppert, B., Wolter, W., Hamann, H.P., Lämmler, C. (2005) Pattern of

enterotoxin genes seg, she, sei and sej positive Staphylococcus aureus isolated from

bovine mastitis. Vet. Microbiol. In Press.