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Clube de conversação – um estudo sobre a oralidade e internet
no ensino fundamental
Marly Werner1
João Negrão2
Resumo
O presente artigo tem por objetivo o relato de estudo realizado na disciplina de
Língua Inglesa com alunos da 5ª série do Colégio Estadual Protásio de Carvalho, no
município de Curitiba. O projeto de intervenção propôs a realização de um “Clube de
conversação”, onde os alunos além das conversas em salas de aula, realizariam
uma conversa teclada em chat rooms. A metodologia incluiu vídeos sobre o tema da
unidade didática, pesquisas na internet sobre o assunto, confecção de cartazes e
ensaios para apresentação dos pôsteres e filmagem da mesma. O foco principal foi
desenvolver uma melhor comunicação oral junto com a comunicação on-line. O uso
de chat rooms e atividades de oralidade mostraram resultados positivos ao
aprendizado de uma segunda língua.
Palavras chave: PDE, língua inglesa, oralidade, motivação e internet
Abstract
1 Professora da rede pública do estado do Paraná. Lotada no município de Curitiba- Paraná. Graduada em Letras pela Faculdade de Ciências e Letras de Cornélio Procópio-Pr. 2 Professor Orientador
2
The present article has as aim the report of a study realized in the English subject
with students of the 5th series of the Colégio Estadual Protásio de Carvalho in the
city of Curitiba. The proposal of the project was the creation of a “Club of
Conversation,” where besides talking in the classroom, students would chat in a
computer mediated chat. The methodogy included videos about the theme of the
unit, researches on the internet and making of posters and rehersals of the
presentation and filming. The main aim was to develop a better oral communication
besides the on line communication. The use of the chat-rooms together with the oral
activities contributed to positive results in the learning of the English language. 1 - Introdução
Marcuschi (2007,pag.14) ressalta a conversação como sendo a primeira das
formas de linguagem a que os seres humanos estão expostos e provavelmente a
única da qual nunca se abdica pela vida afora. No entanto a mesma ainda não é
suficientemente estudada ou ensinada. Propiciar à oralidade o prestígio da escrita
não é uma tarefa tão simples quanto parece, pois as variáveis são muitas, desde a
resistência dos alunos ao despreparo do professor no aspecto concernente ao
ensino da oralidade. Pode-se obter motivação pelo uso da internet, um elemento
novo, um atrativo adicionado a aula. Assim, o projeto de pesquisa descrito neste
artigo foi a criação de um clube de conversação (chat-rooms) onde os alunos, além
das práticas de oralidade, noções de práticas de conversação tiveram a
oportunidade de interagir através da internet. Desta forma, os alunos tiveram a
oportunidade de aprender nas aulas em forma de diálogo escrito, fazendo uso da
linguagem oral e escrita ao mesmo tempo em que utilizaram os recursos presentes
na informatização. Consequentemente tendo acesso a “informações e experiências
culturais”. (Fonseca, 2000)
O projeto foi destinado a alunos das quintas séries do Ensino fundamental e
teve como objetivo principal a criação de situações de aprendizagem nas quais os
alunos pudessem desenvolver suas habilidades para se tornarem falantes da Língua
Inglesa.
Quatro etapas ocorreram durante a execução do projeto:
3
- levantamento de dados,
- aplicação de material didático produzido a ser testado pelos alunos participantes;
- uso da internet
- concurso de pôsteres.
O presente artigo compreende um relato dos fundamentos metodológicos que
nortearam este estudo, descrição e comentários sobre os resultados obtidos e
algumas considerações sobre as limitações e possíveis melhorias para aplicação em
anos posteriores.
Mesmo ciente da dificuldade que é permitir a todos uma participação efetiva
nas atividades orais, pois o número de alunos em sala de aula é grande e as duas
aulas foram ministradas em um só dia, ocorreram outros problemas como perdas de
aulas, contratempos em decorrência de feriados e dispensas ao longo da aplicação
do projeto ocasionando atrasos na sua finalização. O que se buscou é que os alunos
construíssem um novo sentido diante do material didático apresentado e das
atividades por eles executadas.
O uso da Internet foi um elemento adicionado como complemento ao
aprendizado daquilo que ele (o aluno, a aluna) já havia vivenciado em sala de aula
para uma conversação teclada.
No presente artigo serão feitas considerações a respeito de dois aspectos: os
resultados obtidos com o uso da conversação em sala de aula e conversação
teclada através do uso da Internet; e como a aplicação de algumas técnicas de
oralidade em turmas de quinta série resultaram numa aprendizagem significativa. E
também a demonstração de como os elementos adicionados como tentativa de
motivação encontraram uma resposta significativa.
2 –Desenvolvimento
Quando o MEC publicou os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998) para o
ensino fundamental de língua estrangeira, o ensino da língua estava fundamentado
na abordagem comunicativa. No documento mencionado houve a recomendação de
4
que a prática pedagógica deveria enfatizar a prática da leitura em detrimento de
outras habilidades como a oralidade e escrita. Acreditava-se que no contexto
brasileiro havia poucas oportunidades de um uso efetivo da oralidade por parte dos
alunos. No entanto esta visão, segundo as Diretrizes Curriculares do Paraná (SEED,
Paraná, 2008) apresenta-se excludente, não levando em consideração que a escola
é lugar de transmissão de conhecimento cujo objetivo principal é a formação da
cidadania. O que significa dizer que é tarefa da escola o ensino da oralidade em
Língua Estrangeira para que haja a formação integral para a cidadania e
conseqüente inclusão de todos os aprendentes.
Na tentativa de também reduzir as desigualdades sociais, novos estudos e
pesquisas tem orientado as propostas para o ensino da Língua Estrangeira nos dias
atuais. Vivencia-se agora uma fase de transição, com professores transitando entre
a abordagem comunicativa e a nova, qual seja a discursiva, na qual a oralidade é
muito mais do que o uso funcional da língua e seu aspecto comunicativo, é aprender
a expressar idéias em língua estrangeira mesmo que com limitações, e que é
realmente importante que o aluno faça uso da oralidade para ter a sua voz como
cidadão, participante de um mundo em que todos tem o direito de opinar.
A pedagogia crítica é o referencial teórico que sustenta as Diretrizes
curriculares para o ano de 2008 por valorizar a escola como ”espaço social
democrático responsável pela apropriação crítica e histórica do conhecimento como
instrumento de compreensão das relações sociais e para a transformação da
realidade”. (DCE, 2008)
A proposta presente nas Diretrizes está baseada na corrente sociológica e
nas teorias pertencentes ao círculo de Bakhtin que concebem a língua como
discurso. Para Orlandi (1999, p.15) “O discurso é assim palavra em movimento,
prática de linguagem: com o estudo do discurso observa-se o homem falando”.
Para Bakhtin (1981, p.113), ”A palavra é uma espécie de ponte lançada
entre mim e os outros”. O autor afirma ainda que toda enunciação envolve a
presença do eu e do outro, no sentido de que todo discurso se constrói no
processo de interação e em função de um outro. E é neste espaço discursivo
criado na relação entre o eu e o outro que os sujeitos se constituem socialmente.
Daí a língua estrangeira se apresentar como um espaço ideal para o contato com
outras possibilidades de construção de uma mesma realidade.
5
Baseados nesta concepção a língua vai construir significados e não apenas
transmiti-los, pois o sentido maior da linguagem estará no contexto de uso e não
apenas no conhecimento de seu sistema lingüístico.
Conceber a língua como discurso, ser capaz de utilizar a língua inglesa em
situações de comunicação serão fatores que permitirão aos alunos se perceberem
como seres que integram a sociedade e participam de maneira ativa no mundo.
Assim, o ensino da língua vai contemplar as relações com a cultura, sujeito
e identidade. Segundo Kramsch(1998, p.3)...”através de todos os aspectos verbais
e não verbais, a língua personifica realidade cultural.”3
Vygotski, apud Bork(2005, p.12), aponta dois elementos básicos
responsáveis para essa mediação: o “instrumento, que tem a função de regular os
objetos e o “signo”que regula as ações sobre o psiquismo das pessoas. Bork
menciona ainda que Vygotski atribui destaque especial à “linguagem”, pois
segundo ela “é um signo mediador por excelência.”
Para as DCEs (2008), ”(...) na abordagem discursiva a oralidade é muito
mais do que o uso funcional da língua, é aprender a expressar idéias em língua
estrangeira mesmo que com limitações.”
Favorecer o ensino da oralidade é tarefa das mais difíceis devido a muitas
variáveis tais como poucas aulas semanais e muitos alunos em sala de aula, e
ainda a falta de um planejamento adequado, que favoreça a prática das
habilidades orais.
Como diz Bygate (1987, p.3) ”um dos problemas básicos no ensino de uma
língua estrangeira é preparar os aprendizes a usar a língua”.4 Mais adiante ele
complementa que “ao dar aos aprendizes ‘práticas de fala’ e ‘exames orais’ nós
reconhecemos que há uma diferença entre o conhecimento sobre a língua, e
habilidade em usá-la.”5
É necessário, portanto, que o professor tenha sempre clara a importância de
estar acompanhando o aluno nesta difícil empreitada da aquisição de uma
3 * tradução livre da autora (...) “through all its verbal and non-verbal aspects language embodies culture reality.” 4* Tradução livre da autora “One of the basic problems in foreign –language teaching is to prepare learners to use the language 5 Tradução livre da autora ... “By giving learners’speaking practice’ and ‘oral exams’ we recognize that there is a difference between knowledge about a language, and skill in using it.”
6
segunda língua, e esteja ajudando o(a) aluno(a) na aquisição da língua e
habilidade em seu uso.
Segundo Thornbury (2005, p.1) “tão natural e integral é a fala que nós
esquecemos de que nós nos esforçamos para conseguir tal habilidade até que nós
temos de passar pelo mesmo processo outra vez na aquisição de uma língua
estrangeira.”6
No ensino e aprendizagem de uma segunda língua, segundo Thornbury
(2007, p.39) além dos itens como certa quantidade de gramática, vocabulário e
expressões idiomáticas e algum domínio de alguns aspectos da pronúncia, é
importante que os falantes levem em conta fatores contextuais, incluindo contexto
cultural e o contexto da situação em que ele se encontra. Para o mesmo autor, para
transformar a fala em uma habilidade é necessário que três etapas sejam
percorridas : consciência, apropriação e autonomia..
Atividades de aumento de consciência são aquelas que podem ser gravadas
em pen drive autênticas com uma transcrição ou não ou aquelas realizadas na forma
da fala do professor ao vivo.
Tais atividades são aquelas nas quais os aprendizes notam o que os mesmos
fazem e o que faz uma pessoa mais habilidosa falando a mesma coisa. Adota-se
aqui a seguinte prática: os alunos praticam uma tarefa com a melhor de sua
habilidade, então observa pessoas mais habilidosas praticando, notando o que
querem incorporar em si mesmos e tornam a repetir a mesma tarefa com os
aspectos de melhoria.
Thornbury afirma que os aprendizes podem exercer um melhor controle sobre
sua própria fala através dos processos de apropriação. E que o termo apropriação,
mais do que uma prática controlada ou reestruturação, é usada para o segundo
estágio porque ele captura melhor o senso de que aprender uma habilidade não é
simplesmente um comportamento (como a prática) ou um processo mental (como a
reestruturação), mas sim de uma construção colaborativa. Continua afirmando que
com o tempo e através da interação social, a habilidade que é primeiro regulada por
outros, se torna regulada pelo próprio aprendiz.
6 Tradução livre da autora “(...) so natural and integral is speaking that we forget how we once struggled to achieve this ability – until, that is, we have to learn how to do it all over again in a foreign language.”
7
Dentre as atividades que possam desenvolver tal condição estão as
repetições e cantos ou tarefas de escrita na qual o aprendiz tem mais tempo para
processar, ler um texto alto, uma performance com o professor atuando como uma
espécie de consultor de língua ajudando com expressões, os alunos no início do
aprendizado do inglês, tendo no professor um ajudante para expressar os
sentimentos dos aprendizes e a prática de diálogos memorizados e ensaiados e
finalmente a repetição de uma mesma tarefa com diferentes alunos.
Após atividades de aumento de consciência e apropriação o aprendiz
caminha para a autonomia. Thornbury (pag.90) afirma que em termos socioculturais,
a autonomia é a atuação regulada pelo próprio aprendiz como uma conseqüência de
ganho do controle de habilidades que foram anteriormente reguladas por outros.
Além disso, o ganho de confiança próprio pode ser um poderoso incentivo para
ganho na realização de um grau de autonomia, mesmo que breve, para arriscar-se
mais.
A partir do momento que o aluno vê efetivada a sua oralidade, mesmo com
sacrifícios e limitações, pode-se afirmar que ele se vê mais motivado para prosseguir
no longo caminho que é o aprendizado de uma segunda língua.
Pode-se afirmar, em concordância com Thornbury que:
“A afirmação já foi feita, mas é bom que se repita como conclusão, que o ensino da fala depende se há uma cultura de fala em sala de aula. Os (as) aprendizes não podem falar através de praticas de atividades de leitura e escrita, ou exercícios de vocabulário e gramática. Onde a fala é uma prioridade, as aulas de língua precisam se tornar aulas de conversação”. (Thornbury, p.131)7
2.1 Motivação
7 Tradução livre da autora “ The point has been made, but it is worth repeating by way of a conclusion, that the teaching of speaking depends on there being a classroom culture of speaking. Learners cannot learn to speak simply through doing reading and writing activies, or exercises on vocabulary and grammar. Where speaking is a priority, language classrooms need to become talking classrooms.”
8
Uma das variáveis mais importantes para a realização do ensino e
aprendizagem da língua estrangeira é a motivação. Para Ellis, (1997, p.76) ”(...) a
motivação implica o despertar e manutenção da curiosidade e pode ir e vir como o
resultado de tais fatores como o interesse dos aprendizes e o grau para o qual eles
se sentem pessoalmente envolvidos nas atividades de aprendizagem.”8 O mesmo
autor considera quatro espécies de motivação (instrumental, integrativa, a de
resultado e intrínseca) como sendo complementares, mais do que distintas e
opostas entre si.
Segundo Ellis, a motivação instrumental é aquela em que o aprendiz faz
esforços como passar em um exame, ganhar um emprego melhor ou aspirar por um
lugar em uma universidade. Os aprendizes estão motivados a aprender uma
segunda língua porque ela abre oportunidades educacionais e econômicas. A
integrativa é aquela em que os aprendizes escolhem aprender uma segunda língua
porque elas estão interessadas nas pessoas e culturas representadas pelo público
alvo. A de resultado corresponde a motivação que é a causa da realização da
segunda língua. Entretanto é também possível que esta motivação seja o resultado
do aprendizado. A intrínseca é aquela em que o aprendiz se acha emocionalmente
envolvido participando nas tarefas pedidas sem esperar por nenhuma outra
recompensa. O mesmo autor conclui a motivação como sendo um fenômeno
altamente complexo. Afirma ainda que a motivação pode resultar da aprendizagem
ou causá-la, e que esta é dinâmica em sua natureza; não é algo que o aprendiz tem
ou não, mas algo que varia de um momento a outro dependendo do contexto de
aprendizagem ou tarefa a ser executada.
Brown, (2001. p.72) por sua vez, considera ser um dos problemas mais
complicados a definição e aplicação da construção da motivação na sala de aula.
O autor dá bastante ênfase ao papel da motivação intrínseca no aprendizado de
uma segunda língua.
Ele afirma ainda que o professor deveria lançar mão de uma combinação
entre motivação extrínseca para fins mais imediatos e motivação intrínseca para a
obtenção de bons resultados, capitalizando atitudes de determinação individual e
autonomia dos alunos para um aprendizado mais eficaz.
8 Tradução livre da autora ... “ motivation invoves the arousal and maintenance of curiosity and can ebb and flow as a result of such factors as learners’ particular interests and the extent to which they feel personally involved in learning activities.”
9
Harmer, ( 2007, p.21) sustenta que ”(...) entretanto mais do que fazemos a
motivação do estudante, nós podemos somente, no final, encorajá-los através de
palavras e ação, oferecer nosso apoio e orientação. A motivação verdadeira vem de
dentro de cada individuo, de dentro dos próprios alunos.”9
Pode-se acrescentar que, embora ela deva partir do aluno, incentivos pode
ajudar no processo de aprendizagem pois segundo os autores Lightbown e
Spada(2003, p.163),
“A principal maneira que os professores podem influenciar a motivação dos aprendizes é tornando a sala de aula um ambiente que ajude e na qual os alunos sejam estimulados, engajados nas atividades que são apropriadas para suas idades, interesses e contextos culturais e, mais importante, onde os alunos possam experimentar sucesso. Isto, por sua vez, pode contribuir para motivação positiva, conduzindo a um sucesso maior ainda.”10
Zoltan Dornyei,(2009), um estudioso de longa data em motivação no
aprendizado de uma segunda língua, afirma que é mesmo a motivação que provê o
primeiro ímpeto para iniciar uma segunda língua ou língua estrangeira e que será ela
a força motora que dirigirá o longo e frequentemente tedioso processo.
Para Valério,K.M.(2007 p.103) ”(...) a incorporação de atividades orais,
especialmente as de speaking, em sala de aula podem promover a motivação e
facilitar o processo de aprendizagem.” Mais adiante complementa que:
Em contextos onde os alunos estudam uma língua estrangeira por uma determinação curricular, a principal preocupação dos professores deve ser a promoção de motivação. Temos que elaborar atividades que envolvam o aluno e o façam querer participar. Neste sentido, as atividades orais são excelentes promotoras de motivação, pois a constatação de que se está falando uma língua estrangeira, por pouco que seja, dá ao aluno um sentimento de superação, o que alimenta a auto-estima e reverte em motivação. (Valério,K.M., p.108)
Conclui-se portanto que ao aplicar atividades que sejam motivadoras e
que causem uma atitude positiva no aluno, a motivação tende a aumentar, causando 9 Tradução livre da autora … “however much we do to foster and sustain student motivation, we can only, in the end, encourage by word and deed, offering our support and guidance. Real motivation comes from within each individual, from the students themselves.” 10 Tradução livre da autora “ The principal way the teachers can influence learners’ motivation is by making the classroom a supportive environment in which students are stimulated, engaged in activities that are appropriate to their age, interests, and cultural backgrounds, and, most importantly, where students can experience success. This in turn can contribute to positive motivation, leading to still greater success.”
10
Uma reaçção positiva em cadeia.
2.2 – O uso de Chats e o ensino de inglês
Para os anos vindouros o uso da internet será uma realidade, será normal e
fará parte do ensinamento de qualquer disciplina. Desta maneira, acredita-se que
haverá um novo panorama no processo ensino e aprendizagem.
Moran (1999) diz que:
“Ensinar na e com a Internet atinge resultados significativos quando se está integrado em um contexto estrutural de mudança de ensino-aprendizagem, no qual professores e alunos vivenciam formas de comunicação abertas, de participação interpessoal e grupo efetivas. Caso contrário, a Internet será uma tecnologia a mais, que reforçará as formas tradicionais de ensino. A internet sozinha não modifica o processo de ensinar e aprender, mas modifica a atitude básica pessoal e institucional diante da vida, de si mesmo e do outro.”
No projeto o uso da internet foi introduzido como um elemento de motivação
cujo intento seria o de proporcionar um melhor aprendizado da língua inglesa pela
possibilidade de motivação que poderia estar no uso de mais aulas destinadas a
conversação e uso de internet a cada bimestre.
Marcuschi afirma que (2001, p.17):
“Veja-se hoje a questão tão discutida das comunicações escritas ditas ‘síncrona’, ou seja em tempo real pela Internet, produzidas nos famosos bate-papos. Temos aqui um modo de comunicação com características típicas da oralidade e de escrita,constituindo-se, esse gênero comunicativo, como um texto misto situado no entrecruzamento de fala e escrita... Escrever pelo computador no contexto da produção discursiva dos bate-papos síncronos (on-line) é uma nova forma de nos relacionarmos com a escrita, mas não propriamente uma nova forma de escrita”.
O uso da internet, mais precisamente o uso de chat-rooms, permitiram que os
alunos pudessem comunicar-se em tempo real com outras pessoas num espaço
virtual, com trocas de experiências de vida, culturais e lingüísticas.
11
O chat dentro de uma perspectiva educacional tem uma enorme
potencialidade de poder ligar estudantes ao redor do mundo (Dudney, Hockly – 2007
– pag.71). Para os autores, é uma tecnologia que muitos aprendizes estarão
familiarizados e usarão em suas vidas diárias, sendo portanto de grande valor a sua
exploração na sala de aula. Através de seu uso os alunos puderam conversar entre
si ou com o professor para melhorar seu inglês, continuar motivados para falar e
teclar nesta língua.
Thornbury (2005,p.68) afirma ainda que a conversa na internet seria uma das
atividades de apropriação com os(as) alunos(as) trocando linhas curtas de texto. É
um meio efetivo de ”conversa em baixa velocidade”. A conversa se desenvolve em
tempo real, mas é suficientemente espaçada pela necessidade de digitar de maneira
que alguma atenção (teoricamente) disponibilizada para focar na melhoria de
qualidade da saída (output) por exemplo incorporação de algumas pré selecionadas
características do discurso. O autor menciona ainda que pesquisadores (Payne e
Whitney) demonstraram que duas horas por semana em um chat room tem um
efeito significativo na proficiência oral, comparados a aprendizes que não tem esta
opção.11
Contudo, para que qualquer projeto que integre o uso da internet ao ensino e
aprendizagem da língua inglesa seja bem-sucedido, isso requer que o profissional
da educação tenha bastante domínio no uso da máquina, e mesmo nos ambientes
de bate papo virtuais, ao mesmo tempo em que conheça uma metodologia que o(a)
permita trabalhar neste meio de informatização. A autora pensa que há um longo
caminho a percorrer na inclusão digital para que possa se sentir mais habilitada para
prosseguir com outros projetos nesta área. Contudo já sente que este foi um início
bastante favorável, sentindo-se mais confiante para a realização de trabalhos com
maior envolvimento tecnológico com novas turmas para os anos a seguir.
11 * Tradução livre da autora ... “ chatting on th internet by exchanging short typed lines of text is an effective way of ‘talking in slow motion’. The talk unfolds in real time, but it is sufficiently slowed down by the need to type so that some attention space is (theoretically) available to focus on improving the quality of the output – by, for example, incorporating some pre-selected discourse features. Researchers, among them Payne and Whytney, have also shown that two hours per week in a chat room has a significant effect on learners’oral proficiency, compared to learners who don’t have this option”.
12
2.3 O GTR
Dentro do Programa PDE, um dos momentos mais importantes é o GTR, pois
nele professores da rede estadual, escolhem os cursos dos quais querem participar
e opinam sobre o projeto, material didático e atividades inseridas no projeto de
intervenção.
Comentários emitidos por colegas de diferentes regiões do estado atuando
em diferentes realidades sócio econômicas foram de valiosa ajuda no
aprimoramento do projeto de intervenção. O curso sobre comunicação oral contou
ainda com a participação de professores de língua inglesa, espanhola e francesa.
Serão transcritos a seguir as opiniões dos professores quanto ao projeto, ao
material didático, quanto às atividades orais do material didático, sobre como manter
motivados os alunos e finalmente uma avaliação geral sobre o curso.
Sobre o projeto, professores opinaram:
” (...) o desenvolvimento da habilidade oral em nossos alunos é um grande desafio a ser enfrentado. Sendo as condições adversas, começando pela competência dos próprios professores. Salas lotadas, alunos desmotivados e falta de material apropriado sendo esta a realidade de todos os professores de língua estrangeira.”(professor GTR 1)
” (...) nos faz refletir quanto aos avanços tecnológicos e repensar sob sobre nossas práticas como educadores, que devem sempre estar em consonância com esses avanços, colocando em prática nossos conhecimentos para utilizá-los a favor do ensino aprendizagem, tornando nossas aulas mais criativas, motivadoras e interessantes aos nossos alunos”.( Professor GTR 2)
” (...) outra coisa que acredito muito é com relação ao uso da tecnologia a nosso favor. Sabemos que temos acesso a ela em todas as escolas do Paraná atualmente. Para tanto, acho que podemos fazer uso dos recursos que temos, e aproximar aquilo que propomos aos nossos alunos e suas respectivas realidades. Sabemos que hoje em dia nossos alunos, por mais carentes que sejam, tem acesso a qualquer novidade tecnológica e se adaptam a ela de maneira muito rápida, tornando no mínimo monótono apenas ouvir o professor falar em sala de aula.” (Professor GTR 3)
O que se notou na fala dos docentes é que realmente há uma nítida
preocupação em levar aos alunos um ensino melhor das LEM visto que as
transformações tecnológicas aí estão e é necessário que os docentes se adequem
aos novos tempos, levando para a sala de aula, um ensino mais dinâmico e
interessante.
13
Após a análise do projeto, foi feita uma solicitação para que os professores
da rede se manifestassem a respeito do material didático. Aos professores não foi
solicitado a testagem, no entanto, alguns se manifestaram como tendo assim feito, o
mesmo tendo acontecido com as professoras de língua espanhola, o que se mostrou
bastante gratificante para a autora.
Uma delas assim se manifestou:
” (...) por se tratar de um tema atual e da aparente eficácia da proposta
encaminhei atividades similares às apresentadas no projeto nas minhas
aulas de LEM-espanhol e obtive um ótimo resultado...” (Professor GTR 4)
Outra opinião bastante significativa foi : “Muito se escuta de alguns professores na hora de realizar qualquer atividade em um tema transversal, como a escassez da água, que em inglês e espanhol não tem como realizar tal trabalho, o que não é verdade e podemos perceber pela realização desse material didático, qualquer assunto é relevante para ser trabalhado em LEM , o que é importante é como o professor vai dar um encaminhamento de sua, quando nós achamos capazes de algo, aí sim, somos realmente capazes, não existem assuntos que podem ou não ser tratados nestas aula, cabe ao professor saber como vai conduzi-lo.” (Professor GTR 5)
A seguir a opinião de uma professora de língua inglesa: “A professora foi muito feliz na proposição de atividades na unidade: How important is it to save water? O método adotado tem a perspectiva de atingir os seus objetivos, pois servem de bom material didático para o ensino da língua inglesa, associado a questão de tamanha relevância que é a de se preservar a água. As atividades propostas, infundem e difundem, conscientizam e sensibilizam os alunos para a questão da preservação da água. Por outro lado, as atividades orais propostas permitem aos alunos fixar algumas idéias e fatos acerca da água ao passo que procuram traduzi-las ao se expressarem, ao ouvirem seus colegas de classe. Esta estratégia além de romper com monotonia enfadonha, com pouquíssima interação entre professor/aluno/aluno tem como força indutora a motivação do aluno ao promover a formulação de idéias, o diálogo. Trata-se de recurso áudio visual muito eficiente. Observa-se que os alunos se esforçam muito em realizar as atividades quando não são meros expectadores, mas atores que fazem parte do cenário e tanto mais quando percebem que sua participação está sendo registrada com uma câmera. Observou-se que as atividades propostas avançam gradualmente sobre o tema da água bem como no vocabulário necessário para que estas possam ser realizadas. Muito embora algumas classes da quinta série ainda tenha dificuldades ao iniciarem as atividades em virtude de seu baixo aproveitamento nas séries iniciais, mas, que com esforço e tempo suficiente o professor consegue ajudar os alunos a realizar as atividades com bom êxito.” (Professor GTR 6)
14
Também foi solicitado que os professores da rede opinassem sobre as
atividades orais colocadas no projeto de intervenção e o resultado do
questionamento foi bastante favorável. Contudo um professor escreveu que as
atividades de produção oral como sendo menos do que deveriam e, após
cuidadosa reflexão, a autora concorda plenamente com tal fato, entretanto vale
ressaltar que o projeto era sobre um curso de conversação onde uma das aulas
semanais seria dedicada a esta prática, com várias unidades diferentes e com vários
momentos destinados a esta prática, no balanço final as atividades orais seriam
bastante numerosas.
A seguir trechos dos depoimentos de alguns(as) professores(as):
A produção didático-pedagógica proposta pela professora,apresenta diversas estratégias para motivar os alunos a desenvolverem a habilidade oral na sala de aula. Partindo de vídeos, leituras e imagens, os alunos vão construindo o conhecimento a respeito de um tema relevante dentro de sua próprias vidas e adquirindo o vocabulário necessário para as apresentações finais. A produção proposta contempla o conhecimento de outras disciplinas como a geografia e a matemática.”...(Professor GTR 7)
Docentes fizeram a adaptação ao espanhol e empregaram as atividade em
suas aulas como é provado a seguir:
” (...) também adaptei as atividades ao espanhol e ainda adeqüei algumas
pois trabalho com ensino médio, mas por se tratar de um tema de interesse
de todos, independente da idade, o resultado foi muito bom...(Professor
GTR 8)
” (...) como sou professora de língua espanhola tive de fazer adaptações
para o espanhol como; textos, vídeos na língua que estávamos estudando.
A idéia de se trabalhar com o tema água foi muito feliz, pois os alunos se
sentiram motivados a produzir textos, desenhos e cartazes, já que é assunto
conhecido por todos independente do idioma.” (Professor GTR 9)
Na fase de testagem da produção didático-pedagógica , os professores(as)
foram indagados(as) a respeito de como manter os(as) alunos(a) motivados(as),
tendo como resposta várias manifestações. Pode-se constatar que para manter a
motivação em alta é necessário que o(a) professor(a) ”(...) busque sempre atividades
15
inovadoras que façam os alunos se sentirem como se estivessem nos primeiros dias
de aula.” (professor GTR 10)
E note-se também o esforço de todos os docentes em levar para sua sala de
aula práticas diferenciadas para o seu cotidiano. Segundo um dos professores a
palavra chave para manter os alunos motivados nas aulas de LEM é ‘inovação.’
Devem-se buscar novas formas de ensinar, utilizando as tecnologias disponíveis. E,
segundo um comentário ”(...) é preciso quebrar a cultura de que a LEM, é algo inútil
na vida da maioria dos alunos.” (professor GTR 11) . E que ”(...) em um mundo
globalizado, dominar outra língua como o inglês e o espanhol é um diferencial que
transforma a vida dos alunos.”(Professor GTR 12) .
Na avaliação final do projeto de implementação teve-se uma posição
bastante favorável dos participantes do GTR. Concluiu-se que o ambiente é muito
propício para a troca de experiências e bastante enriquecedor no sentido de que
muitas conhecimentos são trocados e onde todos tem o direito de se manifestar.
2.4 Metodologia, Procedimentos e Análise dos Dados
O projeto do qual se originou este artigo teve como objetivo a apresentação
de situações de aprendizagem nas quais os alunos da quinta série desenvolveram
suas habilidades para se tornarem falantes da Língua Inglesa. Para tanto eles
conheceram o ambiente virtual como possibilidade de comunicação “oral”, usando as
salas de bate-papo para a prática da conversação em inglês, trocando idéias sobre
temas e situações cotidiana e sobre o tema da unidade didática. E, à medida que
seus conhecimentos sobre a língua foram aumentando eles puderam ir construindo
sua autonomia de iniciantes na língua inglesa.
Os dados foram colhidos durante a aplicação do projeto de intervenção com
alunos da quinta série do ensino fundamental. Os mesmos foram gerados a partir
da aplicação do material didático especialmente confeccionado para o projeto PDE.
O mesmo foi aplicado no Colégio Estadual Protásio de Carvalho e sua realização
previa uma aula para exposição de matéria da disciplina e outra para a conversação
sobre o tema estudado, com horas em contraturno para uso da internet na biblioteca
16
da escola, uma vez que a escola não possui um laboratório de informática para os
alunos e mesmo que possuísse, aos alunos é proibido o acesso ao MSN, portanto
somente na biblioteca é que poderia ser acessado o MSN. Na época da
implementação eram apenas três computadores já antigos. Agora dois novos foram
adquiridos. E já para ao ano vindouro, um laboratório de informática especial para os
alunos será instalado. Consequentemente para o futuro as condições serão bem
mais favoráveis para a adoção do projeto aqui analisado.
A proposta de trabalho foi desenvolvida durante o ano letivo de 2009, através
das etapas descritas abaixo:
Fase inicial: teve início com a aplicação de um questionário para
levantamento de dados como o relacionamento com os pais, quais os assuntos que
gostariam de ver contemplados durante o ano, experiência ou não com o
computador e o que faziam em suas horas livres. Foi descoberto que a grande
maioria relaciona-se bem com os pais, que todos já tinham feito uso do computador
na escola municipal passando algumas horas diárias na casa ou mesmo na lan
house usando os mesmos. Dentre os assuntos que gostariam de ver contemplados
nas aulas, foram, pela ordem de interesse: música, internet (o uso durante as aulas),
meio ambiente, água e saúde. Portanto o tema da unidade didática foi de encontro
aos anseios dos(as) alunos(as). Nesta fase houve a verificação do que eles(elas)
trazem como conhecimentos lingüísticos, o ensino de algumas estratégias de
comunicação, atos de fala (funções lingüísticas)e os chunks. E, principalmente, o
ensino do vocabulário necessário para as primeiras comunicações.
A segunda etapa foi a implementação da unidade enviado ao PDE: iniciada
com bilhete aos pais para a conscientização de que os filhos eram participantes do
projeto PDE, foi distribuído aos alunos apostila com a unidade didática. Foram
realizadas as atividades, e foram vistos os vídeos relacionados ao tema água, ciclo,
uso e necessidade de economia. Após, realizaram as tarefas orais pedidas, que
foram num total de quatro atividades: a) Em pares os alunos trocaram idéias a
respeito de suas rotinas diárias com a água, com expressões como I swim, I cook, I
take a shower, I irrigate, I wash clothes, I wash the dishes, I drink. b) Após ver um
chart no seguinte endereço: santhemant.sulekha.com\ ...\defaul\water.jpg, eles
deveriam responder as seguintes perguntas em inglês: 1- How do you understand
this picture? (Como você entende esta figura?) 2 – Which continents are represented
here ? (Que continentes estão representados aqui?) 3 – What is the amount of
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drinkable water in the world? (Qual a quantidade de água bebível que há no mundo?
As respostas foram dadas em inglês mesmo com prévia preparação. c) Nesta
atividade os alunos foram até a frente da sala para reportar para a sala quais as 3
atitudes dentro de casa que eles adotaram a partir daquele momento em diante para
economizar água. d) A quarta atividade foi a apresentação oral de seus pôsteres
com frases em inglês.
Ainda nesta fase foram chamados os primeiros seis alunos para a realização
do chat, aqui foi encontrada a primeira dificuldade, pois, aqueles que já tinham conta
no MSN foram todos bem, mas alguns não “possuíam” essa conta. E para
providenciá-las foram muitas tentativa, pois a necessidade de criação de dois e-
mails para cada aluno acabou tomando muito tempo. Neste primeiro chat os alunos
trocaram informações básicas sobre si mesmos, tais como nomes, lugar onde
moram, em inglês. No segundo trocaram perguntas previamente ensinadas para o
diálogo sobre a importância da economia da água. O terceiro chat foi realizado sobre
a necessidade de atitudes de preservação do meio ambiente e a importância de ser
ecologicamente correto. No último, foi solicitado que opinassem sobre o projeto e a
filmagem que aconteceu no final do ano, com os alunos falando sobre seus
pôsteres.
Manter a motivação dos alunos durante este plano de intervenção não foi
tarefa das mais fáceis já que ela variou significativamente de acordo com as tarefas
que foram aplicadas. A adoção de algumas estratégias, tais como um ambiente de
trabalho agradável e estimulante e um material diferente, com temas atuais, teve o
objetivo de possibilitar a participação dos alunos, opinando, manifestando-se
artisticamente com criação de cartazes e pesquisando na internet.
Para que eles se expressassem melhor, foi permitido que os mesmos
fizessem a discussão em língua materna e usassem algumas das expressões em
inglês que eles haviam conhecido na unidade didática. Pois, embora eles tenham
bastante limitações no quesito vocabulário, são muito honestos para expressar
aquilo que desejam e pensam.
O uso da internet, mais precisamente o uso de chat-rooms, permitiu que os
alunos pudessem comunicar-se em tempo real com outras pessoas num espaço
virtual, com trocas de experiências de vida, culturais e lingüísticas . Quanto a colocar
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os alunos em sala de bate-papo internacional vai ficar para um momento futuro, pois
convocá-los para ir no contraturno já não tem a aceitação do início quando eles tem
toda a garra e vontade de aprender um outro idioma, tendo se tornado um pouco
difícil a participação deles pelas falta aos encontros.
Concluídas as atividades na apostila, os(as) alunos(as) foram convidados a
confeccionarem os cartazes e foram dedicadas várias horas para a filmagem dos
mesmos com a devida permissão dos pais. Foram bastante divertidas e
interessantes as posições dos alunos. Para finalizar o projeto foi realizado um
encontro informal no auditório da escola como forma de agradecimento aos
participantes e entrega de certificados de participação e foi mostrado o resultado do
trabalho durante o ano letivo.
Os(as) alunos(as) assistiram na TV pen drive o vídeo com edição final e todos
tiveram a oportunidade de se ver na tela expressando-se em inglês e se divertiram
quando foi apresentado os erros de gravação. O entusiasmo com a filmagem é
realmente algo digno de comentário pois, se no início eles se mostraram tímidos, no
final confessaram ter gostado e bastante da experiência, tendo sido algo diferente de
tudo o que tinham feito antes.
Após o termino do projeto, um questionário de avaliação final foi aplicado e a
conclusão a que se chegou é que o projeto foi bastante favorável para que os alunos
tivessem a oportunidade de vivenciar uma situação de aprendizagem em que todos
tiveram a chance de se expressar, aprender e se divertir com o contato com uma
nova língua e que o aprendizado desta pode ser bastante proveitoso e enriquecedor.
Para concluir, a opinião de alguns alunos sobre o tema estudado e o uso da
internet, enfim, das aulas de inglês durante o ano.
“(...)achei muito bom para os alunos e fundamental para a aprendizagem e o uso da internet é muito bom para aprender a escrever em inglês.”(aluno 1) “ Eu adorei a aula de internet e achei muito interessante, gostei da filmagem, achei as aulas de inglês foram as melhores de todo ano, a professora foi muito legal.”(aluno 2) “Amiga lembra o trabalho sobre água que a professora de inglês fez com a gente então eu adorei e além do mais é muito importante economizar água, né !!! E a apostila tava um máximo, foi muito legal fazer isso, você não acha!!! Amiga pense nenhuma professora até agora fez isso com a gente de mexer no MSN eu adorei ela é muito legal e espero ter no ano que vem ter uma professora igual a essa!!!(trecho de um depoimento das mensagens trocadas no MSN – aluno 3)
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3 . Conclusão
Pelos resultados obtidos pelo presente projeto acredita-se que a criação de
outros projetos em que o desenvolvimento da oralidade estivesse mais presente,
seria de bastante ajuda aos alunos da já referida escola, pois eles teriam
aumentadas as suas possibilidades de manifestações nesta habilidade.
A mudança para o aumento e melhor atuação no aspecto da oralidade vai
requerer do profissional uma melhor atuação e mais estudos teóricos sobre
atividades ideais para a concretização desta habilidade em sala de aula. A partir do
momento que o educando se percebe como agente de fala, criando para si uma
imagem positiva de um falante de língua estrangeira, ele está concretizando aquilo
que os educadores desta área específica mais anseiam, a concretização do ensino
da comunicação oral.
Outro fator a ser considerado é o uso da internet em sala de aula, o que
possibilitaria um aumento de interesse real dos educandos, visto que a tecnologia
tem um atrativo muito grande para as novas gerações e sua importância é inegável
no contexto educacional nos dias atuais.
Ao professor cabe a investigação, uma pesquisa mais extensa de melhores
maneiras que os alunos possam estar construindo sentidos com o que lhes é
ensinado, possibilitando assim a interação com o meio social e a realidade, pois é
através do texto oral ou escrito que o estudante poderá vivenciar situações reais de
comunicação.
Os três fatores integrados do projeto, motivação, oralidade e uso de internet
foram fundamentais para que os alunos conseguissem chegar a uma produção
satisfatória e quando se viram falando em inglês realmente acharam que podiam
estar se manifestando oralmente com segurança, embora tivessem ocorrido muitos
momentos de preparação antes. Isto ocasionou em suas palavras ”Uau! Eu posso
falar em inglês.” (Aluno 4) . Alguns se entusiasmaram tanto que queriam aumentar
sua participação na filmagem, outros acharam a atividade de fala e filmagem tão
positiva que questionaram se para o outro haveria algum projeto semelhante.
Acredita-se pelas manifestações dos alunos que eles ficaram até mais
entusiasmados com o resultado da filmagem do que com o próprio uso da internet
pois ao se verem falando em inglês, a emoção foi de incredulidade.. Comprova-se
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portanto que ao se verem falando em inglês, eles criam para si uma imagem
bastante positiva e que vai influenciar no futuro o seu aprendizado nesta língua.
O objetivo desta pesquisa era oportunizar situações de aprendizagem em
língua inglesa e a análise dos dados confirma que o objetivo principal e específicos
foram atingidos em quase sua totalidade.
Desta maneira comprova-se que a utilização do chat como recurso
educacional junto com a oralidade são elementos causadores de motivação e que
tais possibilidades mostram-se como uma “ferramenta” muito útil para a
aprendizagem da língua estrangeira. E que uma vez já testada a sua utilização, o
projeto prossiga com melhorias para uso nos anos futuros em novas turmas.
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