23
CMV e Gravidez Abordagem Profilática/Terapêutica O que há de novo? Trabalho Final do Mestrado Integrado em Medicina Clínica Universitária de Ginecologia e Obstetrícia Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa Autora: Inês Domingos Duarte Portela Orientadora: Dr.ª Mónica Centeno Ano Letivo: 2015/2016

CMV e Gravidez Abordagem Profilática/Terapêutica O que há ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/26732/1/InesDDPortela.pdf · em 2001-2002, Lopo et al4 estimaram a seroprevalência

Embed Size (px)

Citation preview

CMV e Gravidez

Abordagem Profilática/Terapêutica

O que há de novo?

Trabalho Final do Mestrado Integrado em Medicina

Clínica Universitária de Ginecologia e Obstetrícia

Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa

Autora: Inês Domingos Duarte Portela

Orientadora: Dr.ª Mónica Centeno

Ano Letivo: 2015/2016

2

3

Agradecimentos

À Dra. Mónica Centeno, pela disponibilidade, dedicação, simpatia e preciosa orientação durante

a realização do trabalho.

Ao Prof. Doutor Luís Mendes Graça, por aceitar a minha candidatura à realização do Trabalho

Final do Mestrado Integrado em Medicina na área de Obstetrícia e por todo o apoio prestado

ao longo deste processo.

À Clínica Universitária de Ginecologia e Obstetrícia, pela colaboração.

Aos meus amigos, que estando perto ou longe, estiveram sempre presentes.

À minha família, em particular aos meus pais, que há 24 anos me apoiam e motivam

incondicionalmente, expresso o mais profundo agradecimento. Sem eles com certeza não teria

chegado onde cheguei.

4

Índice

Agradecimentos ............................................................................................................................ 3

Resumo .......................................................................................................................................... 5

Abstract ......................................................................................................................................... 6

Lista de abreviaturas ..................................................................................................................... 7

Introdução ..................................................................................................................................... 8

Métodos ........................................................................................................................................ 8

Epidemiologia ................................................................................................................................ 9

Transmissão ................................................................................................................................. 10

Biologia da infeção por CMV ....................................................................................................... 10

Aspetos clínicos ........................................................................................................................... 11

Grávida .................................................................................................................................... 11

Feto e Recém-nascido ............................................................................................................. 11

Rastreio da infeção ...................................................................................................................... 11

Prevenção da infeção materna ................................................................................................... 12

Diagnóstico .................................................................................................................................. 12

Grávida .................................................................................................................................... 12

Feto ......................................................................................................................................... 13

Vigilância e Prognóstico .............................................................................................................. 13

Tratamento/Profilaxia ................................................................................................................. 14

Considerações gerais ............................................................................................................... 14

Imunoglobulina Hiperimune anti-CMV ............................................................................... 14

Valaciclovir .......................................................................................................................... 16

Outros fármacos .................................................................................................................. 17

No recém-nascido ............................................................................................................... 18

Conclusões .................................................................................................................................. 19

Bibliografia .................................................................................................................................. 21

5

Resumo

A infeção congénita por citomegalovírus (CMV) ocorre após a infeção primária,

reinfeção ou reativação do vírus na grávida durante a gravidez e, na maioria dos casos, é

assintomática ou cursa apenas com sintomas inespecíficos. Dos recém-nascidos

congenitamente infetados cerca de 90% são assintomáticos à nascença e entre estes cerca de

10-15% vão desenvolver sintomas a longo prazo, nomeadamente neurossensoriais. Os restantes

10% são sintomáticos manifestando-se a doença habitualmente por surdez neurossensorial ou

alterações visuais, entre outros.

Atualmente, em Portugal, o rastreio sistemático da infeção pelo CMV durante a gravidez

não esta preconizado, uma vez que não existe tratamento nem vacina devidamente testados.

No entanto, este é aconselhado no período pré-concecional e são prestados a todas as grávidas

esclarecimentos sobre algumas medidas de prevenção simples.

Existem três fármacos licenciados para o tratamento da infeção por CMV (ganciclovir,

cidofovir e foscarnet). Todavia, apresentam toxicidade e potencial teratogénico em modelos

animais e portanto não são utilizados durante a gravidez. Atualmente os resultados mais

entusiasmantes são apresentados após a administração de imunoglobulina hiperimune anti-

CMV e de valaciclovir durante a gravidez, tanto com objetivo profilático como terapêutico da

infeção fetal.

São revistos e analisados os recentes desenvolvimentos das opções de tratamento da

infeção bem como os seus aspetos clínicos e diagnósticos.

Palavras-chave: citomegalovírus, infecção materna, infecção congénita,

imunoglobulina hiperimune, valaciclovir, ganciclovir

6

Abstract

Congenital cytomegalovirus infection occurs after a primary infection, reinfection or

reactivation of the virus in the pregnant women during pregnancy and, in the majority of the

cases, is asymptomatic or presents with nonspecific symptoms. Of congenitally infected

newborns about 90% are asymptomatic at birth and about 10-15% will develop long-term

symptoms, namely neurosensorial. The remaining 10% are symptomatic manifesting the disease

frequently by neurosensorial hearing loss or visual impairment, among others.

Currently, in Portugal, the systematic screening of CMV infection during pregnancy is

not recommended since there is no treatment or vaccine properly tested. However it is advised

during preconception and explanation on some simple prevention measures are provided to all

pregnant women.

There are three drugs licensed for the treatment of CMV infection (ganciclovir, foscarnet

and cidofovir). Nevertheless they have toxicity and teratogenic potential in animal models and

are therefore not used during pregnancy. The most encouraging results are now presented after

administration of CMV hyperimmunoglobulin and valacyclovir during pregnancy, with both

prophylactic and therapeutic purposes.

Recent developments in the treatment of this infection as well as its diagnostic and

clinical aspects are reviewed and analyzed.

Keywords: cytomegalovirus, maternal infection, congenital infection,

hyperimmuneglobulin, valacyclovir, ganciclovir

7

Lista de abreviaturas

ACOG – American College of Obstetricians and Gynecologists

ADN – Ácido Desoxirribonucleico

CHIP Study Group - Congenital HCMV Infection Prevention

Study Group

CMV – Citomegalovírus

CDC – Centers for Disease Control

EV – Endovenoso

FDA – Food and Drug Administration

GCV – Ganciclovir

GGT – Gamaglutamil Transpeptidase

VIH – Vírus da Imunodeficiência Humana

Ig – Imunoglobulina

IgH-CMV – Imunoglobulina Hiperimune anti-CMV

IMG – Interrupção Médica da Gravidez

LA – Líquido Amniótico

PCR – Polymerase Chain Reaction

RCF – Restrição do Crescimento Fetal

RMN – Ressonância Magnética Nuclear

SNC – Sistema Nervoso Central

Val-GCV - Valganciclovir

8

Introdução

A infeção por CMV é a causa mais comum de infeção congénita em todo o mundo, tanto

em países em desenvolvimento como nos ditos desenvolvidos. Os recém-nascidos sintomáticos

têm uma maior probabilidade de desenvolver sequelas permanentes entre as quais se incluem

surdez neurossensorial e atraso do neurodesenvolvimento. A morbilidade e mortalidade

associadas à elevada prevalência da infeção tornam impreterível a investigação do tratamento

e prevenção da infeção tanto materna como fetal. Nesta revisão são abordados os possíveis

meios profiláticos e terapêuticos bem como os aspetos clínicos e diagnósticos da infeção.

Métodos

A informação para esta revisão foi obtida através de pesquisa no arquivo PubMed

(http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed) para os anos 2000-2015 com as palavras-chave

cytomegalovirus, congenital infection, pregnancy, treatment, prophylaxis, antiviral therapy,

ganciclovir, hyperimmuneglobulin, valacyclovir. Foram incluídos apenas os artigos em língua

portuguesa, inglesa e francesa.

9

Epidemiologia

A infeção por CMV é comum a nível global mas tem elevada variabilidade a nível

geográfico. A seropositividade entre mulheres em idade reprodutiva encontra-se entre os 45%

e >90%1,2 (figura 1), com tendência para ser superior em países em desenvolvimento em relação

a países desenvolvidos.

Aquando do Segundo Inquérito Serológico Nacional3, realizado em Portugal Continental

em 2001-2002, Lopo et al4 estimaram a seroprevalência de anticorpos anti-CMV em indivíduos

portugueses em 77%. Entre as mulheres em idade reprodutiva foi demonstrada uma

percentagem de seropositividade de 75,5% e 81,5% para as faixas etárias entre os 20-29 anos e

30-44 anos, respetivamente.

Após uma revisão Hyde et al5 relataram uma taxa de seroconversão anual de 1-2% entre

mulheres grávidas.

Cannon et al2 concluíram que a seroprevalência em grupos “não-caucasianos” é cerca

de 20-30% superior à de caucasianos. Também entre as pessoas de menor estatuto

socioeconómico a seroprevalência é cerca de 10-30% superior.

Paixão et al6 estimaram em 2009 uma prevalência nacional de 1,05% de infeção

congénita por CMV nos recém-nascidos. Tendo em conta o número de nascimentos em Portugal

em 20147 – 82.787 – esta percentagem traduz-se em cerca de 870 crianças infetadas. A nível

mundial a taxa de infeção congénita varia entre 0,6-5%1.

Figura 1 - Seroprevalência entre mulheres em idade reprodutiva. (Fonte: Cannon M, Schmid D, & Hyde T. Review of cytomegalovirus seroprevalence and demographic characteristics associated with infection. Reviews in Medical Virology 2010; 20: 202-213) Com permissão do Dr. Michael J. Cannon

10

Transmissão

A transmissão do vírus ocorre após o contacto com fluídos corporais de uma pessoa

infetada através da placenta, amamentação, atividade sexual, saliva, transfusões de sangue ou

transplantação de órgãos8-13. Tendo isto em conta, por exemplo, um parceiro seropositivo é um

fator de risco acrescido para seroconversão durante a gravidez uma vez que o CMV se encontra

no sémen.

Segundo Mareri14 a taxa de transmissão fetal no caso de infeção primária da grávida é

de 30-70% e de 0,5-2% caso exista imunidade pré-concecional. As taxas de transmissão variam

também de acordo com o semestre durante o qual ocorre a infeção, sendo de 30-42% no

primeiro trimestre, 38-44% no segundo trimestre e 59-73% no terceiro trimestre (figura 2). Se

ocorrer no período pré-concecional (3–12 semanas antes da conceção) o risco é de 6-9% e no

peri-concecional (até 3 semanas antes da conceção) é de 19-31%15.

Biologia da infeção por CMV

O CMV é um vírus da família Herpesviridae endémico e não sazonal. Após a infeção o

vírus permanece latente no organismo podendo assim ser reactivado1 e, no caso das grávidas,

infetar o feto. Pode também ocorrer reinfeção por estirpes diferentes1,13.

Na infeção primária há um período de incubação de cerca de um mês13 seguido de uma

fase de replicação viral ativa – virémica –, sendo o vírus libertado em diversas secreções. De

seguida desenvolve-se uma resposta imune após a qual se estabelece a latência do vírus

caracterizada por uma baixa taxa de replicação viral1.

Os anticorpos IgM específicos têm um pico 1 a 3 meses após a infeção primária, sendo

detetados até mais de um ano depois. Os anticorpos IgG são produzidos nos primeiros meses,

sendo inicialmente de avidez fraca e, após maturação, de avidez forte16.

1º Trimestre

30-42%

2º Trimestre

38-44%

3º Trimestre

59-73%

Figura 2 - Taxa de transmissão da infecção na gravidez. (Fonte: Adaptado de Mareri A, Lasorella S, Iapadre G, et al. Antiviral Therapy For Congenital Cytomegalovirus Infection: Pharmacokinetics, Efficacy And Side Effects. The Journal of Maternal-Fetal & Neonatal Medicine 2015)

11

Aspetos clínicos

Grávida

O CMV infecta a maioria dos indivíduos sem produzir sintomas17.

Alguns estudos demonstraram que 5% das mulheres com infeção primária

apresentaram sintomas não específicos consistentes com uma síndrome mononucleose-like,

incluindo febre, faringite, adenopatias, fadiga, cefaleias, mialgias e rash18,19. Nigro et al20

descreveram uma prevalência superior destes sintomas em mulheres com infeção primária em

relação a mulheres com infeção secundária.

Além dos sinais e sintomas também podem surgir anomalias laboratoriais não

específicas como linfocitose e elevação das enzimas hepáticas16,20. Revello et al21 concluíram que

seria possível datar a infeção primária em cerca de 95% das mulheres combinando a informação

serológica e anamnésica, sendo este dado importante para avaliar o risco de infeção do feto.

Feto e Recém-nascido

As infeções que ocorrem mais precocemente na gravidez têm maior risco de sequelas

graves para o feto15.

Dos recém-nascidos congenitamente infetados cerca de 10%22 são sintomáticos à

nascença e, dos assintomáticos, cerca de 10-15% vão desenvolver sintomas até aos 5 anos de

idade9.

Nos recém-nascidos sintomáticos as manifestações clínicas clássicas incluem hepatite,

icterícia e hiperbilirubinémia direta, hepatoesplenomegália, petéquias, púrpura com

trombocitopenia, baixo peso, microcefalia, hipotonia, convulsões, surdez neurossensorial uni ou

bilateral, coriorretinite, atrofia ótica ou cegueira central9,23. Alguns sinais menos comuns são a

anemia hemolítica, a miocardite, a colite ou a vasculite dos vasos cerebrais24.

No feto também se podem observar algumas anomalias através de ecografia,

nomeadamente ventriculomegália cerebral, calcificações cerebrais, microcefalia, rins

hiperecogénicos, intestino hiperecogénico, hepatomegalia, ascite, cardiomegalia, hidrópsia

fetal e restrição do crescimento fetal (RCF)25. No entanto as alterações do

neurodesenvolvimento não são detetadas por ecografia, pelo que a ausência de malformações

ecográficas não excluí a infeção fetal.

Rastreio da infeção

O ACOG não recomenda a utilização do rastreio serológico de rotina nas mulheres

grávidas tendo em conta a dificuldade em identificar uma infeção primária e a ausência de um

tratamento aprovado para a prevenção da transmissão materno-fetal (Recomendação de nível

B – Conclusões baseadas em evidência científica limitada ou inconsistente)19.

12

Yinon et al26 em 2010 defenderam que serologias repetidas durante a gravidez só

deveriam ser realizadas se houvesse suspeita clínica de infeção por sintomatologia materna ou

alterações ecográficas sugestivas.

Cahill et al27 realizaram um estudo que avaliou a relação custo-eficácia do rastreio

universal e chegaram à conclusão que só seria benéfico caso a redução da doença neonatal

utilizando a imunoglobulina hiperimune anti-CMV (IgH anti-CMV) (vide Tratamento/Profilaxia)

fosse de pelo menos 47%.

Em 2013, num artigo para a Clinical Virology, Evans28 abordou a questão do rastreio

universal da infeção nas grávidas defendendo que este iria identificar a grande maioria das

situações assintomáticas. Além disto, segundo o autor, o conhecimento do estado serológico

pela grávida influencia os seus comportamentos no que concerne à higiene e que portanto

poderia diminuir a seroconversão.

Em Portugal não se faz atualmente o rastreio sistemático do CMV durante a gravidez.

Está aconselhada a sua pesquisa nas consultas pré-concecionais no sentido de, numa eventual

suspeita clínica ou ecográfica de infeção, se poderem comparar valores e facilitar a conduta

diagnóstica29.

Prevenção da infeção materna

Apesar do rastreio não estar preconizado aconselham-se algumas medidas preventivas

a todas as mulheres29. O CDC30, nos Estados Unidos, recomenda algumas medidas para reduzir

o risco de aquisição da doença, com base em vários estudos e artigos de revisão11,13,31,32, tendo

em conta a simplicidade, efetividade e ausência de efeitos adversos apresentados. Estas

medidas incluem todas as que evitem o contacto com secreções possivelmente infetadas como

não partilhar comida com crianças ou lavar as mãos depois de mudar fraldas.

Diagnóstico

Grávida

A suspeita clínica da infeção pode ser confirmada por testes laboratoriais através da

demonstração da virémia, da identificação de IgM específica ou de um aumento de pelo menos

4 vezes no título de anticorpos IgG26.

Quando se deteta a presença de anticorpos IgM e ausência de anticorpos IgG específicos

(IgM+/IgG-) poderemos estar perante uma infeção primária. Esta situação todavia é rara pois a

elevação de anticorpos IgG é rápida e a IgM, quando detetada, poderá tratar-se de uma IgM

inespecífica. Os anticorpos IgM são produzidos quer na infeção primária quer secundária18.

Anticorpos IgM em níveis elevados e anticorpos IgG de avidez fraca são indicadores de uma

infeção nos últimos três meses16 (figura 3).

13

O gold standard do diagnóstico serológico na infeção materna primária é a deteção de

anticorpos IgM anti-CMV específicos e anticorpos IgG anti-CMV de avidez fraca33.

As reinfeções ou reativações são caracterizadas por um aumento de pelo menos 4 vezes

no título de IgG29.

O isolamento do vírus a partir de urina ou saliva não é, por si só, prova de infeção aguda,

uma vez que a sua excreção pode continuar por anos após a infeção29.

Feto

O compartimento fetal pode ser estudado por métodos não invasivos (ecografia e

Ressonância Magnética Nuclear (RMN)) ou invasivos (amniocentese)33.

A ecografia fetal deve ser o primeiro instrumento a ser utilizado na sequência de uma

suspeita ou confirmação de infeção materna pois pode permitir a identificação de algumas

características da infeção fetal, apesar destas não serem preditivas da severidade da mesma. A

RMN fetal também pode ser utilizada particularmente para a deteção de anomalias do SNC

quando a ecografia detetou alterações33.

A amniocentese é usada para determinar a infeção congénita por PCR do líquido

amniótico (LA) – atual gold standard – uma vez que tem uma elevada sensibilidade (92-98%) e

especificidade (90-98%) para o CMV16,18. Deve ser realizada depois das 21 semanas (após as

quais o feto tem diurese suficiente) e das 6-9 semanas após a infeção materna (uma vez que se

trata de um vírus de replicação lenta)18,26,33, para diminuir o risco de falsos negativos. A cultura

do LA apresenta uma sensibilidade de 77%34.

A carga viral de CMV no LA não parece estar correlacionada com os desfechos fetais

pensando-se que deverá estar mais relacionada com a idade gestacional18,34.

Vigilância e Prognóstico

Uma vez diagnosticada a infeção fetal a evolução deve ser monitorizada com a

realização de ecografias seriadas com intervalos de 2 a 4 semanas até ao parto. O objetivo será

identificar sinais da infeção e assim tentar inferir sobre o desfecho. A RMN fetal poderá melhorar

IgG + Avidez

FracaInfecção há < 3 meses

ForteInfecção há > 3 meses

Figura 3- Avidez das IgG na determinação do período de infecção. (Fonte: Adaptado de Revello M, & Gerna G. Diagnosis and Management of Human Cytomegalovirus Infection in the Mother, Fetus, and Newborn Infant. Clinical Microbiology Reviews 2002; 15: 680-715)

14

a avaliação prognóstica particularmente se existirem alterações cerebrais, mas este papel deve

ser melhor determinado26.

Um dos maiores desafios do diagnóstico pré-natal da infeção por CMV é a incapacidade

de prever quais os recém-nascidos que serão sintomáticos ou não. Nem o isolamento do CMV

no LA nem as alterações ecográficas identificadas o permitem fazer. Estas poderão dar alguma

indicação tendo em conta a sua gravidade mas a sua ausência não implica ausência de doença.

Benoist et al35 avaliaram o valor prognóstico da virémia fetal, das transaminases e GGT,

da presença de IgM específicos e do número de plaquetas através de cordocentese. Concluíram

que apenas a associação de trombocitopenia e uma anomalia ecográfica estaria relacionada com

um pior prognóstico. A carga viral da grávida não parece influenciar a taxa de transmissão do

vírus36.

Os vírus podem provocar infeção e morte fetal quer por transmissão transplacentária

quer por via ascendente. O CMV é o vírus mais implicado como potencial causa de abortos

espontâneos recorrentes pois apresenta um grande tropismo para a mucosa cervical37.

Atualmente estima-se que a mortalidade dos recém-nascidos congenitamente infetados

no período neonatal seja inferior a 5%23 e cerca de 8% morre até aos 3 meses de vida24.

Tratamento/Profilaxia

Considerações gerais

Para o tratamento da infeção por CMV existem alguns fármacos licenciados38 como o

ganciclovir, o cidofovir e o foscarnet. Estes, em modelos animais, apresentam toxicidade e têm

potencial teratogénico pelo que não são utilizados durante a gravidez. Os estudos analisados39-

46 apresentam os resultados mais promissores para o tratamento e profilaxia da infeção fetal

por CMV nomeadamente com imunoglobulina hiperimune anti-CMV (IgH anti-CMV), valaciclovir

e ganciclovir (GCV).

Imunoglobulina Hiperimune anti-CMV

In vitro foi demonstrado que que o efeito neutralizante das IgGs é obtido pela ligação a

glicoproteínas do envelope viral necessárias para a entrada em células alvo15. As formulações de

imunoglobulinas comercialmente disponíveis são produzidas a partir de dadores com títulos

altos de anticorpos anti-CMV com elevada capacidade neutralizante. Pensa-se ainda que a IgH

anti-CMV terá outros efeitos através da diminuição da resposta inflamatória causada pela

replicação do vírus nos tecidos15. Maidji et al47, demonstraram também num estudo que a nível

placentário a IgH anti-CMV diminuí a replicação viral e que, aquando do parto, estão presentes

neste compartimento anticorpos IgG de avidez mais forte.

A informação atualmente disponível relativamente à utilização de IgH anti-CMV na

gravidez é promissora mas baseia-se em estudos pequenos e com diferentes características

como a via de administração, aleatorização das doentes ou o timing do diagnóstico da infeção.

15

A IgH anti-CMV foi estudada como profilaxia e terapêutica em humanos.

1. Como profilaxia

Alguns estudos39-41 avaliaram o efeito profilático da administração de IgH anti-CMV na

transmissão da infeção primária materna por CMV ao feto. A dose administrada à grávida variou

entre 100-200 U/kg EV, tendo sido ainda administrada num dos estudos uma dose de 500-

800U40 pela veia umbilical, segundo diferentes modos.

Em 2005 Nigro et al39, demonstraram uma redução das taxas de infeção de 40% no

grupo de controlo para 16% no grupo tratado com IgH anti-CMV. No entanto este estudo não

foi aprovado para aleatorização pelos grupos de ética.

Em 2012, Buxmann et al40, num estudo observacional com 38 grávidas e 39 fetos

(Multinominal Group), relataram, após a administração da IgH anti-CMV, uma tendência para a

diminuição da taxa de transmissão materno-fetal da infeção para 20.8% após infeção peri-

concecional ou no primeiro trimestre e 26.6% após infeção no segundo trimestre, em relação às

taxas (usadas como comparação) reportadas por Bodéus, 34.5% e 44.1%, e por Enders, 30.1% e

38.2%, respetivamente.

Em 2014 Revello et al41, num estudo semelhante ao de Nigro39, não demonstraram uma

redução estatisticamente significativa na taxa de transmissão da infeção. No entanto o grupo

concluiu que teria sido necessário incluir um maior número de grávidas no estudo.

2. Como tratamento

Em dois dos estudos já mencionados foi também avaliada a utilização de IgH anti-CMV

com função terapêutica após deteção de CMV no líquido amniótico.

Nigro et al39, administraram às grávidas 200U/kg de peso materno EV e, naquelas em

que se verificou manutenção das alterações nos exames de imagem, doses EV intra-umbilicais

ou intra-amnióticas de 400U/kg de peso fetal. Verificou-se que a taxa de doença sintomática no

grupo tratado era de 3% contra 50% no grupo de controlo.

Buxmann et al40, no mesmo estudo observacional, avaliaram o grupo (Treatment Group)

no qual o CMV tinha sido detetado por PCR do LA antes da administração do fármaco.

Verificaram que dos quatro fetos tratados in útero, três eram assintomáticos ao fim do primeiro

ano de vida enquanto o quarto (que já apresentava alterações ecográficas, nomeadamente

microcefalia e RCF, antes da administração de IgH anti-CMV) era sintomático à nascença.

3. Segurança

As imunoglobulinas são extremamente seguras, tendo sido apenas notificados efeitos

secundários menores e com nenhum caso de transmissão viral a ser relatado nos anos recentes

após a infusão48. São o derivado de sangue mais purificado sofrendo atualmente diversos

processos de manufatura que praticamente excluem a contaminação com vírus ou priões15.

16

Desde há muito são usadas durante a gravidez nomeadamente para tratar incompatibilidades

de grupo sanguíneo.

Em 2014, no CHIP Study Group que incluiu 61 grávidas a receber IgH anti-CMV e 62

grávidas sob placebo, Revello et al41 relataram 6 casos de partos pré-termo e 2 de RCF nos

recém-nascidos não infetados do grupo de tratamento. No entanto, os autores referem não se

poder concluir sobre a relação direta com a administração de IgH anti-CMV.

Também em 2014, num estudo retrospetivo com 358 grávidas, Nigro et al49 avaliaram

especificamente se a administração de IgH anti-CMV durante a gravidez se associava a baixo

peso à nascença. A 164 grávidas foram administradas 1 ou mais doses de IgH anti-CMV. Destas,

a cerca de metade foram administradas 1 a 3 doses para tratamento da infeção fetal e a outra

metade uma dose mensal para prevenção da transmissão fetal. O que se apurou foi que quando

analisada só para a variável “administração de IgH anti-CMV” não havia uma associação com

baixo peso à nascença. Contudo, no grupo da administração profilática, nos recém-nascidos

assintomáticos aos quais a IgH anti-CMV foi administrada mais precocemente e em maior

número de doses verificou-se um peso superior à nascença bem como um aumento da idade

gestacional no parto.

Valaciclovir

Jacquemard et al42 demonstraram a eficácia de valaciclovir num estudo que incluiu 21

mulheres às quais foram administrados 2g do fármaco 4 vezes por dia até ao parto. Todos os

fetos tinham infeção documentada com alterações ecográficas. Observaram que tanto o

compartimento materno como fetal teriam concentrações terapêuticas do fármaco (com uma

boa transferência placentária) com diminuição da carga viral fetal após 1-12 semanas de

tratamento. Verificaram também que não ocorre acumulação de fármaco uma vez que, após

cessar a administração, as suas concentrações diminuíam rapidamente. Entre os 21 fetos

tratados, 10 recém-nascidos (47,6%) continuaram a desenvolver-se normalmente entre os 1 e 5

anos de idade, 2 (9,5%) apresentaram surdez unilateral severa, 1 (4,7%) surdez severa e

microcefalia e 5 (23,8%) trataram-se de interrupções médicas da gravidez (IMG) por alterações

cerebrais. Comparando com 24 fetos não tratados verificou-se que 10 recém-nascidos (41,7%)

continuaram a desenvolver-se normalmente entre os 6 meses e os 4 anos, em 12 (50%) casos

foi realizada IMG por alterações cerebrais moderadas e severas, 1 (4%) apresentava infeção

congénita severa (Doença de Inclusão Citomegálica definida pela associação de restrição de

crescimento, microcefalia, icterícia, hepatoesplenomegália e trombocitopenia) (tabela 1).

17

Desfecho Grupo tratado (n=21) Grupo não tratado (n=24)

Desenvolvimento normal 10 10

IMG 5 12

Surdez unilateral severa 2 -

Surdez severa e microcefalia

1 -

Doença de Inclusão Citomegálica

- 1

Tabela 1 - Desfechos grupo tratado vs. não tratado. (Fonte: Adaptado de Jacquemard F, Yamamoto M, J-M Costa J, et al. Maternal administration of valaciclovir in symptomatic intrauterine cytomegalovirus infection. BJOG 2007; 114: 1113-1121)

No seguimento deste estudo foi realizado outro intitulado “In Utero Treatment of

Cytomegalovirus Congenital Infection with Valacyclovir (CYMEVAL)”43 do qual se conhecem

atualmente resultados preliminares apresentados no abstract publicado na Revista Clinical

Virology. Neste estudo foram administradas 2g de valaciclovir 4 vezes por dia (como no estudo

de Jacquemard42) a todas as mulheres até ao parto. Todos os fetos tinham infeção

documentada. O estudo foi realizados em duas fases tendo sido estabelecido que mais de 70%

dos recém-nascidos teriam de ser assintomáticos no nascimento em ambas as fases para se

demonstrar um efeito do valaciclovir. O que se verificou foi que numa primeira fase 72% dos

recém-nascidos eram assintomáticos (8/11) e numa segunda 79,5% eram assintomáticos

(34/43) (7/43 eram sintomáticos e 2/43 abortaram). Apenas se verificaram efeitos secundários

ligeiros (cefaleias) e não se registraram casos de toxicidade renal nem hepática.

Em 2014, num ensaio clínico realizado em grávidas VIH positivas no Quénia, Roxby et

al44 avaliaram o efeito de valaciclovir numa dose de 500mg duas vezes por dia. Concluíram que

este teria um efeito modesto na eliminação de CMV das secreções cervicais maternas no fim da

gravidez (altura em que são mais abundantes), mas não teve efeitos nos níveis de ADN CMV no

leite materno nem na aquisição infantil de CMV ou na virémia. Das crianças avaliadas no braço

placebo o dobro teriam CMV detetável (6.9%, 4/58) quando comparadas com o braço do

valaciclovir (3.3%, 2/61), mas isto não foi estatisticamente significativo. Além disto não foram

obtidas amostra de sangue das crianças pelo que o número de infetados pode ter sido

subestimado.

Outros fármacos

Os fármacos antivirais usados no tratamento da infeção por CMV em

imunocomprometidos são inibidores da polimerase – ganciclovir (GCV), cidofovir e foscarnet –

e inibidores da tradução – fomivirsen50.

18

Tendo em conta a toxicidade materna e os potenciais efeitos fetais e neonatais

verificados em modelos animais, ainda não se realizou nenhum ensaio clínico em que fosse

avaliada a sua eficácia no tratamento da infeção CMV in útero45,46,50,51.

Ganciclovir

Apesar das doses normalmente usadas nos testes em animais serem superiores às

usadas em humanos, as grávidas foram sempre excluídas dos estudos. Alguns casos clínicos

isolados foram reportados e demonstraram que, para períodos limitados de utilização na

gravidez, o GCV pode ser seguro para o feto. Este fármaco foi classificado pela FDA como classe

C tendo por base estudos em modelos animais. Em ratinhos verificou-se mais morte fetal,

diminuição do tamanho e peso dos fetos, bem como redução da ossificação de ossos longos. Em

coelhos, verificou-se RCF, aumento das mortes fetais e teratogenicidade incluindo aplasia renal

e pancreática, fenda do palato, anoftalmia e microftalmia.

Pulyianda et al45 reportaram um caso de infeção intrauterina por CMV numa doente que

recebeu um transplante renal. Nesta doente a utilização de GCV após o primeiro trimestre, às

22 semanas de gestação, resultou na eliminação do CMV do LA, o recém-nascido nasceu sem

evidência de infeção por CMV e não se verificou qualquer tipo de teratogenicidade.

Bergin et al46, em 2014, reportaram também um caso de utilização de GCV numa grávida

VIH positiva e sintomática. O fármaco foi administrado depois do primeiro trimestre, quando a

toxicidade farmacológica é superior (a data do início da terapêutica não foi discriminada no

artigo). Durante 7 dias realizou terapêutica EV com 5mg/kg de GCV duas vezes por dia e depois

continuou com valganciclovir (val-GCV), 900mg 2 vezes por dia, até ao parto. Quatro semanas

após início da terapêutica o ADN do CMV materno era indetetável. O recém-nascido era leve

para a idade gestacional mas não apresentava outra sintomatologia nem evidência laboratorial

da infeção.

O val-GCV, um pró-fármaco do GCV, tem uma maior biodisponibilidade e poderá

também ser ponderado como uma opção a estudar na gravidez, sendo já utilizado nos recetores

de transplantes45.

No recém-nascido

No recém-nascido infetado é necessário ter em conta que as sequelas podem ser

imediatas ou tardias. Assim, justifica-se a utilização de antivirais após o nascimento apesar de

nenhum estar aprovado para utilização em crianças. Atualmente, na população infantil, apesar

da informação sobre a farmacocinética e farmacodinâmica destes fármacos ser ainda limitada,

os melhor estudados são o GCV e val-GCV. Mareri et al14 concluíram que o volume de

distribuição, a clearance e a semivida do GCV, normalizados para o peso, são semelhantes aos

dos adultos. O efeito secundário mais comum para o GCV (25-60%) e val-GCV (20%) é a

neutropenia, para o cidofovir é a nefrotoxicidade e para o foscarnet são a nefrotoxicidade e os

desequilíbrios eletrolíticos. O fármaco que demonstrou melhor perfil foi o val-GCV pois pode ser

administrado em períodos mais prolongados com poucos efeitos secundários nas crianças

imunocompetentes de termo14. Tanto o GCV como o val-GCV demonstraram maiores benefícios

quando usados no primeiro mês de vida24. A monitorização dos efeitos secundários durante a

19

administração dos fármacos deve ser realizada com hemograma e contagem de plaquetas pelo

menos semanal durante a administração do GCV e mensal durante a administração de val-GCV.

Também a função renal e hepáticas devem ser monitorizadas.

Kimberlin et al52, num estudo randomizado e controlado, avaliaram a utilização de val-

GCV em crianças com infeção congénita sintomática. Concluíram que 6 meses de terapêutica

oral com val-GCV foi eficaz nas consequências auditivas e neurológicas a longo prazo sem ter

associado um risco excessivo de neutropenia nem a necessidade de manter um acesso venoso

por períodos longos.

O tratamento não está recomendado nos recém-nascidos assintomáticos com rastreio

auditivo normal24.

Conclusões

A infeção por CMV é a infeção congénita mais frequente a nível mundial. Em Portugal a

seroprevalência estimada em 2001-2002 entre as mulheres em idade reprodutiva foi de 75,5%

e 81,5% para as faixas etárias entre os 20-29 e os 30-44 anos, respetivamente. Em 2009 estimou-

se a nível nacional uma prevalência de 1,05% de infeção congénita.

A maioria das infeções por CMV são assintomáticas e, durante a gravidez, pode ocorrer

infeção materna primária, reativação do vírus ou infeção por uma estirpe diferente. Quanto mais

tardia a infeção materna maior é a taxa de transmissão ao feto. Contudo, quanto mais precoce

a infeção maior é a probabilidade de sequelas graves para o feto, nomeadamente surdez

neurossensorial e alterações do neurodesenvolvimento.

Para o diagnóstico de infeção materna primária é necessária a deteção de anticorpos

IgM anti-CMV específicos e anticorpos IgG anti-CMV de avidez fraca e, no caso de reinfeção ou

reativação, de um aumento de pelo menos 4 vezes no título de IgG. No feto o estudo é feito por

métodos invasivos (amniocentese para PCR do LA – gold standard) ou não invasivos (ecografia

e RMN). Quando diagnosticada a infeção fetal o seguimento deve ser realizado com ecografias

seriadas com intervalos entre 2 e 4 semanas até ao parto.

O rastreio sistemático da infeção na grávida não está preconizado tendo em conta a

dificuldade na sua identificação e ausência de tratamento ou profilaxia da transmissão materno-

fetal. No entanto, sugerem-se algumas medidas simples a todas as mulheres para reduzir o risco

de infeção.

Atualmente não existem fármacos aprovados para utilização durante a gravidez para o

tratamento ou profilaxia da infeção fetal. Os fármacos antivirais licenciados para o tratamento

da infeção por CMV em imunocomprometidos, nomeadamente o GCV, apresentam toxicidade

materna e potencial teratogénico de acordo com modelos animais. A investigação com a

imunoglobulina hiperimune anti-CMV, valaciclovir e ganciclovir parece promissora mas baseia-

se em estudos pequenos e muito diversos ou em casos clínicos isolados. Para conclusões mais

significativas relativamente à eficácia e segurança destes fármacos serão necessários ensaios

clínicos randomizados com uma amostra superior e com critérios bem definidos em relação à

dose, modo, duração e início de administração dos fármacos para tratamento ou profilaxia da

transmissão materno-fetal da infeção.

20

No recém-nascido os fármacos melhor estudados são o GCV e val-GCV sendo que o

segundo demonstrou um melhor perfil para administração mais prolongada e com poucos

efeitos secundários em recém-nascidos imunocompetentes de termo.

21

Bibliografia

1. Manicklal S, Emery V, Lazzarotto T, et al. The ''Silent'' Global Burden of Congenital

Cytomegalovirus. Clinical Microbiology Review 2013; 26: 86-102.

2. Cannon M, Schmid D, & Hyde T. Review of cytomegalovirus seroprevalence and

demographic characteristics associated with infection. Reviews in Medical Virology

2010; 20: 202-213.

3. Ministério da Saúde. Direcção-Geral da Saúde (Portugal). Lisboa. (2004). Avaliação do

programa nacional de vacinação e melhoria do seu custo-efectividade: 2º inquérito

serológico nacional: Portugal Continental 2001-2002.

4. Lopo S, Vinagre E, Palminha P, et al. Seroprevalence to cytomegalovirus in the

Portuguese population, 2002-2003. Euro Surveillance 2011, 16(25):pii=19896, Available

online: http://www.eurosurveillance.org/ViewArticle.aspx?ArticleId=19896.

5. Hyde T, Schmid D, & Cannon M. Cytomegalovirus seroconversion rates and risk factors:

implications for congenital CMV. Reviews in Medical Virology 2010; 20: 311-326.

6. Paixão P, Almeida S, Gouveia P, et al. Prevalence of human cytomegalovirus congenital

infection in Portuguese newborns. Eurosurveillance 2009; 14.

7. PORDATA. Obtido de

http://www.pordata.pt/ebooks/PT2014v201405161300/index.html#p=48. Acedido a

15 de Dezembro de 2015.

8. Ross S, Suresh B, et al. Congenital Cytomegalovirus Infection: Outcome and Diagnosis.

Seminars in Pediatric Infectious Diseases 2014; 16: 44-49.

9. Zuylen W, Hamilton S, Naing Z, et al. Congenital cytomegalovirus infection: Clinical

presentation, epidemiology, diagnosis and prevention. Obstetric Medicine 2014; 1-7.

10. Bhide A, & Papageorghiou A. Managing primary CMV infection in pregnancy. BJOG 2008;

115: 805-807.

11. Adler S P, & Nigro G. Prevention of Maternal-Fetal Transmission of Cytomegalovirus.

Clinical Infectious Diseases 2013; 57: s189-s192.

12. Buonsenso D, Serranti D, Gargiullo L, et al. Congenital cytomegalovirus infection: current

strategies and future perspectives 2012; 16: 919-935.

13. Johnson J, & Anderson B. Screening, Prevention, and Treatment of Congenital

Cytomegalovirus. Obstetrics & Gynecology Clinics of North America 2014; 41: 593-599.

14. Mareri A, Lasorella S, Iapadre G, et al. Antiviral Therapy For Congenital Cytomegalovirus

Infection: Pharmacokinetics, Efficacy And Side Effects. The Journal of Maternal-Fetal &

Neonatal Medicine 2015.

15. Jückstock J, Rothenburger M, Friese K, et al. Passive Immunization against Congenital

Cytomegalovirus Infection: Current State of Knowledge. Pharmacology 2015; 209-217.

16. Revello M, & Gerna G. Diagnosis and Management of Human Cytomegalovirus Infection

in the Mother, Fetus, and Newborn Infant. Clinical Microbiology Reviews 2002; 15: 680-

715.

17. Griffiths P, & Lumley S. Cytomegalovirus. Current Opinion in Infectious Diseases 2014;

27: 554-559.

18. Naing Z, Scott J, Shand A, et al. Congenital cytomegalovirus infection in pregnancy: a

review of prevalence, clinical features, diagnosis and prevention. Australian and New

Zealand Journal of Obstetrics and Gynaecology 2015; 1-10.

19. The American College of Obstetricians and Gynecologists. Practice Bulletin -

Cytomegalovirus, Parvovirus B19, Varicella Zoster, and Toxoplasmosis in Pregnancy.

2015. Number 151.

22

20. Nigro G, Anceschi M, & Cosmi E. Clinical manifestations and abnormal laboratory

findings in pregnant women with primary cytomegalovirus infection. BJOG: An

International Journal of Obstetrics and Gynaecology 2003; 110: 572-577.

21. Revello MG, Fabbrib E, Furione M, et al. Role of prenatal diagnosis and counseling in the

management of 735 pregnancies complicated by primary human cytomegalovirus

infection: A 20-year experience. Journal of Clinical Virology 2011; 50: 303–307.

22. Cahill AG, Odibo AO, Stamilio DM, et al. Screening and treating for primary

cytomegalovirus infection in pregnancy: where do we stand? A decision-analytic and

economic analysis. American Journal of Obstetrics & Gynecol. 2009; 201:466.e1-7.

23. Boppana SB, Ross SA, & Fowler KB. Congenital Cytomegalovirus Infection: Clinical

Outcome. Clinical Infectious Diseases 2013; 57:S178–81.

24. Harrison G. Current Controversies in Diagnosis, Management, and Prevention of

Congenital Cytomegalovirus: Updates for the Pediatric Practitioner. Pediatric Annals

2015; 44: e115-e125.

25. Picone O, Teissier N, Cordier A et al. Detailed in utero ultrasound description of 30 cases

of congenital cytomegalovirus infection. Prenatal Diagnosis 2014; 34: 1-7.

26. Yinon Y, Farine D, & Yudin M. Cytomegalovirus Infection in Pregnancy. Journal of

Obstetrics and Gynaecology Canada 2010; 240: 248-254.

27. Cahill AG, Odibo AO, Stamilio DM, et al. Screening and treating for primary

cytomegalovirus infection in pregnancy: where do we stand? A decision-analytic and

economic analysis. American Journal of Obstetrics & Gynecol. 2009; 201:466.e1-7.

28. Evans C, Brooks A, Anumbac D, & Razaa M. Dilemmas regarding the use of CMV-specific

immunoglobulin in pregnancy. Journal of Clinical Virology 2013; 57: 95-97.

29. Direcção Geral de Saúde. Citomegalovírus. Em: Adolescentes, Saúde Reprodutiva -

Doenças Infecciosas e Gravidez. 11ª ed. Lisboa (Portugal): DGS. 2000; 18-21.

30. Centers for Disease Control and Prevention. Cytomegalovirus and congenital infection—

prevention. Disponível em: http://www.cdc.gov/cmv/prevention.html. Acedido a 12 de

Outubro de 2015.

31. Hamilton S, Zuylen W, Shand A, et al. Prevention of congenital cytomegalovirus

complications by maternal and neonatal treatments: a systematic review. Reviews in

Medical Virology 2014; 24: 420-433.

32. Bale J. Chapter 15 - Congenital cytomegalovirus infection. Em: Handbook of Clinical

Neurology. 3ª ed. A. Tselis, & J. Booss, 2014; Vol. 123: 319-326. Elsevier B.V.

33. Lazzarotto T, Gabrielli L, Guerra B, et al. Diagnosis and prognosis of congenital CMV

infection: A case report and review of the literature. Scandinavian Journal of Clinical &

Laboratory Investigation 2014; 74: 34-40.

34. Adler SP. Screening for Cytomegalovirus during Pregnancy. Infectious Diseases in

Obstetrics and Gynecology. 2011; Vol. 2011. Article ID 942937.

35. Benoist G, Salomon L, Jacquemard F, Daffos F, Ville Y. The prognostic value of ultrasound

abnormalities and biological parameters in blood of fetuses infected with

cytomegalovirus. BJOG 2008;115:823–829.

36. Tavares M, Domingues A, Tavares M, et al. Citomegalovírus - Existe Lugar para o Rastreio

Durante a Gravidez? Acta Médica Portuguesa 2011; 24: 1003-1008.

37. Nigro G, Mazzocco M, Mattia E, et al. Role of the infections in recurrent spontaneous

abortion. The Journal of Maternal-Fetal and Neonatal Medicine 2011; 24: 983-989.

38. Benoist G, Leruez-Ville M, Magny J, et al. Management of Pregnancies with Confirmed

Cytomegalovirus Fetal Infection. Fetal Diagnosis and Therapy 2013; 33: 203-214.

23

39. Nigro G, Adler S, La Torre R, et al. Passive immunization during pregnancy for congenital

cytomegalovirus infection. The New England Journal of Medicine 2005; 353: 1350-1362.

40. Buxmann H, Stackelberg O, Schlößer R, et al. Use of cytomegalovirus

hyperimmunoglobulin for prevention of congenital cytomegalovirus disease: a

retrospective analysis. Journal of Perinatal Medicine 2012; 40: 439-446.

41. Revello M, Lazzarotto T, Guerra B, et al. A Randomized Trial of Hyperimmune Globulin

to Prevent Congenital Cytomegalovirus. The New England Journal of Medicine 2014;

370: 1316-1326.

42. Jacquemard F, Yamamoto M, J-M Costa J, et al. Maternal administration of valaciclovir

in symptomatic intrauterine cytomegalovirus infection. BJOG 2007; 114: 1113-1121.

43. Leruez-Ville M, Ghout I, Magny J, et al. Presentation at ESCV 2015: Oral 13 - In UTERO

treatment of cytomegalovirus congenital infection with valacyclovir (CYMEVAL II)

NCT01651585. Journal of Clinical Virology 2015; 70: S6.

44. Roxby A, Atkinson C, Ásbjõrnsdóttir K, et al. Maternal Valacyclovir and Infant

Cytomegalovirus Acquisition: A Randomized Controlled Trial among HIV-Infected

Women. PLoS ONE 2014; 9(2): e87855.

45. Puliyanda D, Silverman N, Lehman D, et al. Successful use of oral ganciclovir for the

treatment of intrauterine cytomegalovirus infection in a renal allograft recipient.

Transplant Infectious Disease 2005; 7: 71-74.

46. Bergin S, Ferguson W, Corcoran S, et al. Symptomatic primary Cytomegalovirus infection

in a HIV-positive pregnant woman. International Journal of STD & AIDS 2015; 25: 1041-

1043.

47. Maidji E, Nigro G, Tabata T, et al. Antibody Treatment Promotes Compensation for

Human Cytomegalovirus-Induced Pathogenesis and a Hypoxia-Like Condition in

Placentas with Congenital Infection. The American Journal of Pathology 2010; 177:

1298-1310.

48. Lazzarotto T, Guerra B, Gabrielli L, et al. Update on the prevention, diagnosis and

management of cytomegalovirus infection during pregnancy. Clinical Microbiology and

Infection 2011; 17: 1285–1293.

49. Nigro G, Adler S, Capretti I, et al. Primary maternal cytomegalovirus infections during

pregnancy: association of CMV hyperimmune globulin with gestational age at birth and

birth weight. The Journal of Maternal-Fetal & Neonatal Medicine 2014; 28: 168-171.

50. Malm G, & Engman M. Congenital cytomegalovirus infections. Seminars in Fetal &

Neonatal Medicine 2007; 12: 154-159.

51. Adler SP, Nigro G, Pereira L. Treatment of Congenital Cytomegalovirus Infections.

Seminars in Perinatology 2007; 31: 10-18.

52. Kimberlin DW, Jester PM, Sánchez PJ, et al. Valganciclovir for Symptomatic Congenital

Cytomegalovirus Disease. The New England Journal of Medicine 2015; 372: 933-943.