CNSeg - O Brasil Na Proxima Decada - Completo 2015

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    Introduo

    Pgina 04

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    Uma BreveComparaoInternacional:Onde Estamose para OndePodemos Ir?

    Pgina 10

    A Demografia

    EconmicaPgina 20

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    7Concluso

    Pgina 72

    5Cenrio eMetodologiapara a Projeoda Composio

    da PopulaoBrasileira porClasses deRenda

    Pgina 56

    6As Projees

    Pgina 62

    4OsDividendosDemogrficose o Brasil

    Pgina 30

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    Introduo 1

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    Demographics is the single

    most important factor that

    nobody pays attention to, and

    when they do pay attention,

    they miss the point!

    Demografia o fator singularmais importante que nunca levamos

    em considerao e quando ofazemos perdemos o ponto!

    Peter Drucker

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    ESTE ESTUDO TEM COMO OBJETIVO apresentar um panorama econmico do

    Brasil nos prximos dez anos, com a base em 2014, sob a luz das mudanas demo-

    grcas que j se encontram em curso no nosso Pas. O grande legado econmico

    e social da primeira dcada do sculo XXI foi, indubitavelmente, a incluso social.Estimativas de analistas privados e do governo do conta de que pelo menos

    30 milhes de pessoas ascenderam ao que tem sido denominado de nova

    classe mdia brasileira na dcada passada. Mas importante questionar o quo

    permanentes so essas mudanas. Trata-se de um processo irreversvel? Como

    podemos garantir que as famlias que passaram a desfrutar de melhores padres

    de consumo no retrocedam e, mais importante, que avancem ainda mais, no

    apenas no consumo, mas tambm em outras garantias de uma vida denitiva-

    mente melhor?Com a incluso social, a desigualdade de renda caiu muito no

    Pas, mas permanece muito alta. preciso avanar ainda mais.

    O aumento da renda associado melhoria nos termos de troca do comrcio

    internacional, o forte processo de formalizao da mo-de-obra e o maior acesso

    ao crdito ampliaram o poder de compra e as possibilidades de consumo dos

    brasileiros. Esse processo auspicioso, apoiado num quadro externo ainda favo-

    rvel, a despeito da crise de 2008, incitou uma elevao do investimento privado,

    o que permitiu que a economia brasileira gozasse de taxas de crescimento rela-

    tivamente altas entre 2003 e 2011. Entretanto, acumulam-se evidncias de que

    os desequilbrios da economia brasileira e os gargalos estruturais que aigem

    o Pas puseram um m a esse ciclo. A inao, o sintoma por excelncia desses

    problemas, est mais resistente e disseminada, e o dcit em transaes cor-

    rentes voltou a crescer. Enquanto isso, a economia parece estar empacada, evi-

    denciando a piora nos termos do trade-offentre crescimento do Produto Interno

    Bruto PIB e inao. Caminhamos para o quinto ano de crescimento baixo com

    a variao do IPCA mais prxima ao teto da meta (6,5%) do que ao centro (4,5%).

    At mesmo os dados relativos ao mercado de trabalho, que permaneceu em

    bom estado nos ltimos anos, comeam a apresentar deteriorao na margem.

    So muitos os desaos que se impem. Alm da continuidade e da

    consolidao do processo de incluso social e reduo da desigualdade de

    renda, vericvel na forte queda do coeciente de Gini (Figura 1), preciso

    7INTRODUO

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    Como podemos garantir que as famlias que

    passaram a desfrutar de melhores padres de

    consumo no retrocedam e, mais importante,

    que avancem ainda mais, no apenas no

    consumo, mas tambm em outras garantias

    de uma vida definitivamente melhor?

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    que haja sinalizao e ao coordenadas contra as ameaas que se colocam

    manuteno da estabilidade macroeconmica, impedindo uma retomada

    consistente do crescimento e retardando uma melhora do grau de competiti-

    vidade da economia brasileira que impulsione a produtividade, resposta cadavez mais inescapvel para os dilemas que se apresentam ao nosso Pas.

    Comeamos, na Segunda Seo, com algumas breves comparaes

    internacionais que situam onde estamos hoje e onde poderemos estar dentro

    de dez anos, baseados em comparaes de renda per capita, varivel chave

    ainda que imperfeita quando o assunto bem-estar e desenvolvimento

    econmico. Na Terceira Seo, introduzimos a Demograa Econmica e apre-

    sentamos um quadro geral da transio demogrca e suas mais relevantes

    consequncias. Na Quarta Seo, apresentamos o conceito dos Dividendos

    Demogrcos, e mostramos como as mudanas populacionais que ocorrem

    no Brasil e em todo mundo podem inuenciar a dinmica econmica nos pr-ximos anos. A Quinta Seo apresenta os pressupostos e as principais variveis

    que utilizamos para traar um cenrio para a evoluo da renda sobre o qual

    se baseia a projeo da composio da populao brasileira por classes de

    renda que apresentamos na Sexta Seo. A Stima e ltima Seo encerra este

    estudo com algumas concluses nais e com a exposio de outros fatores

    importantes que podem ser considerados em futuras anlises.

    0.52

    0.53

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    1981

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    1983

    1984

    1985

    1986

    1987

    1988

    1989

    1990

    1992

    1993

    1995

    1996

    1997

    1998

    1999

    2001

    2002

    2003

    2004

    2005

    2006

    2007

    2008

    2009

    2011

    2012

    Brasil: Coeficiente de Gini

    Fonte: IPEA Data

    1

    9INTRODUO

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    Uma Breve ComparaoInternacional:

    Onde Estamos e para

    Onde Podemos Ir?

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    O DESENVOLVIMENTO ECONMICO O MAIOR OBJETIVO dos governos

    em todo mundo, ao longo de praticamente toda a histria. Trata-se de uma

    noo ampla, ligada ao bem-estar das sociedades, e que inclui o crescimento

    econmico, ainda que no se esgote nele. Podemos entender o crescimentoeconmico como crescimento de renda per capita, isto , a soma do valor de

    tudo que um pas produz em determinado tempo sobre a populao naquele

    mesmo perodo ( uma conveno utilizar a populao no meio do perodo

    para obter essa razo). A partir de uma anlise histrica, possvel vericar que

    o crescimento da renda uma condio necessria, mas seria suciente para

    o desenvolvimento econmico? Observa-se que no, pois o desenvolvimento

    econmico um conceito multifacetado, para o qual o crescimento da renda per

    capita uma medida operacional robusta e signicativa, mas incompleta. Anal,

    o desenvolvimento leva em conta tambm a distribuio dos ganhos do cres-

    cimento e a transformao desses ganhos em qualidade de vida, medida pela

    melhoria nos indicadores de educao e sade das populaes (RAY (1998)).

    H, portanto, bons argumentos para que a associao direta entre

    desenvolvimento econmico e crescimento da renda seja questionada.

    Entretanto, ainda que existam casos extremos, como o do Buto (pequeno

    pas asitico plantado no alto do Himalaia que utiliza como medida principal

    de seu desempenho a Felicidade Interna Bruta1), o que se verica de maneira

    geral uma correlao altssima entre o nvel da renda per capitae diversas

    outras variveis associadas ao desenvolvimento socioeconmico, como a

    reduo da mortalidade infantil, a expectativa de vida ao nascer, a taxa de

    alfabetizao e o consumo de energia per capita.

    Quando estamos tratando de comparaes internacionais, h duas medi-

    das importantes para a renda per capita. Uma que simplesmente converte

    1 Gross National Hapiness (GNH) que, segundo a denio ocial, mede a qualidade de umpas de uma maneira mais holstica [que o PIB] e acredita que o desenvolvimento benco dasociedade humana acontece quando desenvolvimento material e espiritual ocorrem paralela-mente, para que se complementem e reforcem (CBS (2012)).

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    A partir de uma

    anlise histrica,

    possvel verificar que o

    crescimento da renda

    uma condio necessria,

    mas seria suficientepara o desenvolvimento

    econmico?

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    o PIB real de cada pas em dlares pela taxa de cmbio nominal em cada

    perodo; e outra que converte o PIB em dlares pela Paridade do Poder de

    Compra PPC (mais conhecido pela sigla em ingls, PPP). A lgica desta

    ltima simples: um dlar no tem o mesmo poder de compra em todos os

    lugares, pois o custo de vida varia de pas para pas. Resumidamente, o PIB

    per capitaem PPC mede a capacidade de consumo dos habitantes de um pas

    internamente, enquanto a medida dada pela taxa de cmbio nominal mede

    a capacidade de consumo no mercado internacional. O PIB real per capitaconsiste na diviso da renda em determinado ano (convertida em dlares

    constantes) pela populao no meio deste mesmo ano. til quando se quer

    inferir a importncia relativa de um pas na economia global, por exemplo.

    Para o tipo de comparao que faremos aqui, entretanto, o PIB pela PPC

    mais recomendado, pois temos como objetivo medir e comparar uma medida

    de bem-estar, que est intimamente associado ao poder de compra de uma

    populao. A Figura 2mostra a evoluo do PIB per capitabrasileiro pela PPC

    desde 1980.

    Vemos que o perodo marcado pela mobilidade social, com a ascenso

    a classes mais altas de renda, foi tambm marcado por uma evoluo excep-

    cionalmente positiva da renda per capita, evidenciado na maior inclinao da

    curva entre 2003 e 2008. No entanto, notamos que desde a recuperao da

    crise de 2008/09 a inclinao tem diminudo. Diante dessa rpida piora, o que

    podemos esperar para a prxima dcada?

    A renda per capita pela PPC no Brasil foi de aproximadamente

    US$ 11,5 mil em 2013. Podemos observar que diferentes hipteses para o

    crescimento potencial da economia nos levariam a lugares distintos em 10

    anos, dadas as projees para o crescimento da populao e para a taxa de

    cmbio. Com um crescimento de 1%, a renda per capitabrasileira chegaria a

    US$ 12,7 mil no incio de 2024, renda equivalente renda per capitada Costa

    Rica hoje. Um crescimento de 2% levaria a renda per capitabrasileira a aproxi-

    madamente US$ 14 mil, renda equivalente renda per capitado Cazaquisto.

    Dois vrgula cinco por cento de crescimento levariam a renda per capitabra-

    sileira a US$ 14,7 mil em dez anos, renda equivalente renda per capitada

    Bulgria hoje. Com um crescimento de 3%, hiptese bastante otimista (porque

    implicaria em um crescimento do PIB potencial ao redor de 4%), a renda per

    capitabrasileira chegaria a US$ 15,5 mil em dez anos, equivalente renda per

    capitado Mxico hoje. J um crescimento mdio de 3,5% na prxima dcada,

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    1981

    1980

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    1985

    1986

    1987

    1988

    1989

    1990

    1992

    1991

    1993

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    1997

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    2006

    2007

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    2009

    2011

    2010

    2012

    2013

    Em US$ correntes baseados na PPC

    Fonte: FMI

    PIBper capita| Projees2

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    US$12,7 mil

    US$14 mil

    US$14,7 mil

    US$15,5 mil

    US$16,5 mil

    1%

    2%

    2,5%

    3%

    3,5%

    PIBper capita| Projees

    hiptese muito improvvel, faria com que a renda per capitabrasileira che-

    gasse perto dos US$ 16,5 mil, valor equivalente renda per capitaatual do

    vizinho Uruguai. A Figura 3ilustra esses cenrios.

    Podemos concluir do exerccio apresentado nesta seo que, mesmo com

    uma hiptese extremamente otimista para evoluo do PIB potencial e da renda

    per capita, muito pouco provvel que at 2024 possamos dar algum salto de

    crescimento que nos tire denitivamente do que conhecido como armadilha

    da renda mdia. Enquanto os pases se beneciam do impulso da urbanizao

    e da transio demogrca (que trataremos em detalhes na Prxima Seo), o

    potencial de crescimento maior. Da para frente, crescer tarefa mais complexa.

    A realidade tem mostrado que mais fcil uma nao deixar um nvel de renda

    baixa para o de renda mdia do que sair da renda mdia e ingressar, denitiva-

    mente, no grupo dos pases desenvolvidos. Tampouco permanecer nesse grupo

    tem sido fcil: pases como Portugal, Grcia e Itlia esto literalmente encolhendo,

    demogrca e economicamente. Arriscam fazer o caminho contrrio, de tran-

    sio da renda alta para a renda mdia.

    Muitos analistas consideram que o crescimento potencial da economia

    brasileira reduziu-se signicativamente nos ltimos anos (ver, por exemplo,

    BOLLE e SIMES (2013)). Ainda que esse quadro possa ser alterado com

    Fonte: FMI. Elaborao Prpria

    Projeo em US$ at 2024Crescimento

    Em US$ correntes baseados na PPC

    3

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    O investimento privado deve ser

    promovido, e o governo precisa

    tambm investir para melhorar

    a infraestrutura do Pas.

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    Nossa taxa de poupana interna, que inclui a poupana

    privada (famlias e empresas) e pblica, muito baixa,

    estando abaixo dos 14%.

    uma renovao da agenda de reformas, acreditamos que a probabilidade

    de que a estrutura produtiva do Pas melhore signicativamente ou que o

    crescimento mundial volte a impulsionar a economia nacional, como fez na

    dcada passada, pequena. Assim, nosso cenrio contempla um crescimentopotencial de 2% a 3%, o que nos colocaria na trajetria de crescimento da

    renda per capitade 1% a 2% anuais a partir de 2014.

    tambm importante dizer que um desempenho melhor do que esse

    teria de passar, necessariamente, por um aumento signicativo da taxa de inves-

    timento da economia brasileira. O investimento privado deve ser promovido,

    e o governo precisa tambm investir para melhorar a infraestrutura do Pas.

    Entretanto, a expanso dos investimentos deve acontecer de maneira criteriosa,

    baseada em planejamento srio e nanciada de maneira correta2. Nossa taxa de

    poupana interna, que inclui a poupana privada (famlias e empresas) e pblica,

    muito baixa, estando abaixo dos 14%,como indicado na Figura 4.Num Pas como o nosso, que poupa to pouco, incrementos no investi-

    mento teriam de ser nanciados com poupana externa, ou seja, com dcits

    maiores nas transaes correntes, o que pode se revelar insustentvel. Mas,

    alm de aumentar o volume de investimentos, preciso melhorar a ecincia

    do nosso gasto pblico. Anal, de uma perspectiva internacional, o Brasil no

    investe pouco em algumas reas fundamentais, como exemplica a Figura 5

    para o caso da educao.

    Com mais ecincia nos gastos, seria possvel abrir espao no oramento

    do governo para aumentar os investimentos sem que as nanas pblicas

    sejam ainda mais pressionadas, ou que seja necessrio aumentar a elevada

    carga tributria. S assim ser possvel alterar um padro, recorrente na con-

    duo da poltica econmica brasileira em todas as administraes recentes,

    que o de eleger justamente o investimento como item da despesa pblica a

    sofrer quando o governo tem que fazer um ajuste scal mais rigoroso.

    2 Em um estudo do Fundo Monetrio Internacional (WARNER (2014)), encontrada pouca evi-dncia associando grandes incrementos de investimento pblico ao crescimento do PIB. Se-gundo o autor, na maioria das vezes, esses ciclos de investimento so nanciados com a emis-so de dvida e embasados em estudos tcnicos pobres, o que mitigaria os possveis efeitosbencos da expanso do investimento.

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    Gasto Pblico com Educao

    Fonte: Banco Mundial

    15.0%

    18.1%

    10.5%

    9.5%

    14.3%

    11.2%

    13.3%

    14.6%13.5%

    17.5%

    19.4%

    12.7%

    Como % dos gastos totais do governo

    MdiaMundial

    13.5%

    5

    Poupana Investimento

    Brasil: Relao entre Investimentose Poupana | Interna + Externa

    4

    Em % do PIB

    Fonte: IBGE

    Mar/2004

    Mar/2005

    Mar/2006

    Mar/2007

    Mar/2008

    Mar/2009

    Mar/2010

    Mar/2011

    Mar/2012

    Mar/2013

    Mar/2014

    Jun/2004

    Jun/2005

    Jun/2006

    Jun/2007

    Jun/2008

    Jun/2009

    Jun/2010

    Jun/2011

    Jun/2012

    Jun/2013

    Set/2004

    Set/2005

    Set/2006

    Set/2007

    Set/2008

    Set/2009

    Set/2010

    Set/2011

    Set/2012

    Set/2013

    Dez/2004

    Dez/2005

    Dez/2006

    Dez/2007

    Dez/2008

    Dez/2009

    Dez/2010

    Dez/2011

    Dez/2012

    Dez/2013

    13,40 %

    14,89 %

    14,14 %

    15,64 %

    17,13 %

    18,62 %

    20,11 %

    16,38 %

    17,87 %

    19,36 %

    20,85 %

    %

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    A Demografia Econmica 3

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    EM TODO O MUNDO,as pessoas vivem cada vez mais e tm cada vez menos

    lhos. A populao mundial est envelhecendo, e no h precedentes que nos

    possam guiar diante dessa mudana provavelmente denitiva. Estamos,globalmente, entrando em terreno desconhecido. A nica certeza que as

    profundas mudanas demogrcas que se desdobraro ao longo deste sculo

    tero impacto relevante nas sociedades e nas economias. So mudanas estru-

    turais, que alteraro a maneira com que produzimos, consumimos, poupamos

    e distribumos a renda gerada. Para analisar melhor essas mudanas, funda-

    mental entender melhor o conceito de transio demogrca3.

    Iniciada h sculos na Europa Ocidental, a transio demogrca um

    dos fatos sociais mais importantes de todos os tempos, e avana em prati-

    camente todo o mundo, em diferentes estgios. um fenmeno nico, que

    se desenvolve em interao com o processo de desenvolvimento econ-

    mico. Suas consequncias so inequvocas. Resumidamente, podemos dizer

    que a transio demogrca a passagem de altas para baixas taxas de mor-

    talidade e natalidade (respectivamente, nmero de mortes e de nascimentos

    a cada mil habitantes de uma regio por ano). Ela comea pela diminuio

    das taxas de mortalidade, e s depois de um determinado perodo que

    varia de pas a pas se d incio reduo das taxas de natalidade. Durante

    a maior parte da histria humana, as taxas de fecundidade (nmero mdio

    de lhos por mulher) eram altas para compensar as tambm altas taxas de

    mortalidade. Porm, as taxas de mortalidade adulta e infantil comearam a

    cair com a melhoria das condies de alimentao, o avano nos conheci-

    mentos mdicos e a melhoria nas condies sanitrias. A Figura 6 apresenta

    um esquema estilizado desse processo.

    3 Tambm chamada de primeira transio demogrca (PTD) para diferenci-la das menos con-sensuais segunda e terceira transies demogrcas (ALVES e CAVENAGHI (2008) fazem umainteressante reexo sobre o desenvolvimento econmico e sua relao com os trs conceitosde transio demogrca).

    O BRASILNAPRXIMADCADA22

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    Fonte: Elaborao Prpria

    A Transio DemogrficaEsquematizada

    Tempo

    Tempo

    CrescimentoPopulacional

    Natalidade eMortalidade

    Natalidade Mortalidade Crescimento natural

    FASE I FASE II FASE III

    Transio Demogrca

    6

    23A DEMOGRAFIAECONMICA

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    Devido a esse desencontro temporal entre a queda da mortalidade e

    da natalidade, h uma acelerao no crescimento da populao durante certo

    perodo, representado pela fase dois do esquema Figura 6. Porm, em algum

    momento, a queda das taxas de natalidade se acelera, e o ritmo do cresci-

    mento vegetativo da populao se reduz. Em fase mais avanada da transio,

    as duas curvas se encontram ou se aproximam, e o crescimento vegetativo se

    interrompe ou ca muito reduzido para, em seguida, iniciar-se um perodo de

    estabilidade ou suave decrescimento da populao (ALVES (2014)).

    Uma das consequncias mais marcantes desse processo a alterao da

    estrutura etria da populao, que passa a ter menos crianas, aumentando,em primeiro lugar, o nmero de adultos e, em um perodo posterior, o nmero

    de idosos, j que a expectativa de vida tambm aumenta como consequncia

    da queda nas taxa de mortalidade. A elevao da expectativa de vida uma

    enorme conquista da humanidade, fruto dos progressos econmicos e cient-

    cos. Espera-se que tais avanos continuaro por perodo prolongado. cada

    vez maior o nmero de centenrios entre ns, e muitos especialistas acreditam

    que a expectativa mdia de vida de crianas nascidas em pases com elevado

    desenvolvimento humano pode superar os cem anos em algumas dcadas.

    A demograa, dependendo de como nos posicionarmos e nos preparamos

    para as grandes mudanas que j esto em curso, se apresenta como um

    grande desao, ou tambm como uma oportunidade, especialmente nos seg-

    mentos de Previdncia Privada e Sade Suplementar.

    A demografia, dependendo de como nos

    posicionarmos e nos preparamos para as grandes

    mudanas que j esto em curso, se apresenta

    como um grande desafio, ou tambm como uma

    oportunidade, especialmente nos segmentos de

    Previdncia Privada e Sade Suplementar.

    25A DEMOGRAFIAECONMICA

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    Geralmente, a abordagem da demograa nas anlises econmicas se limita

    aos impactos do envelhecimento populacional na sustentabilidade dos sistemas

    previdencirios, sendo, portanto, natural que sejam esses os primeiros temas a

    vir tona. Anal, o sistema de previdncia pblica de diversos pases, inclusivedo Brasil, faz uso das contribuies do pessoal na ativa em determinado perodo

    scal para bancar os benefcios dos aposentados no mesmo perodo, numa

    estrutura previdenciria conhecida como modelo de repartio simples. Desta

    forma, o benefcio recebido est desvinculado do valor capitalizado ao longo do

    perodo de contribuio por um determinado contribuinte. A proporo entre

    contribuintes e benecirios (tambm chamada de razo de suporte), portanto,

    est diretamente relacionada capacidade de nanciamento desses sistemas.

    No caso brasileiro, interessante notar que a extenso da cober-

    tura dos benefcios, principalmente aps a Constituio de 1988, para pes-

    soas com pouca ou nenhuma capacidade contributiva, se deu em momentodemogracamente muito favorvel, em que nmero de adultos potenciais

    contribuintes era muito superior ao nmero de idosos (ver BUGARIN e

    MAGALHES (2011)). O carter transitrio da elevada razo de suporte que

    tornou mais fcil a ampliao da cobertura previdenciria foi sumariamente

    ignorado, mas as consequncias j comeam a aparecer.

    Os impactos da transio demogrca na economia, entretanto, vo

    muito alm da ameaa aos sistemas de previdncia de repartio simples. O

    mercado nanceiro, por exemplo, sente alguns dos efeitos das mudanas da

    composio etria da populao por meio das diferenas na quantidade e no

    tipo de ativos demandados pelas pessoas. Pessoas mais jovens, mesmo aquelas

    j em idade ativa4, tendem a gastar a maior parte do que ganham. em idade

    mais avanadas, a partir dos 30 ou at dos 40 anos, que os indivduos tendem a

    poupar uma poro maior de sua renda, acumulando ativos em um ritmo maior

    para aposentadoria e aumentando sua riqueza. A partir dos 65, entretanto, a

    tendncia que se poupe menos e que os indivduos comecem a viver do ren -

    dimento ou mesmo da venda dos ativos que acumularam ao longo da vida

    ativa5. H, por exemplo, diversos estudos que associam o aumento no preo

    das aes americanas na dcada de 1990 ao crescimento na proporo de pes-

    soas em idade ativa avanada na populao, resultado do amadurecimento da

    4 Faixa etria em que, espera-se, um indivduo esteja apto a se dedicar s atividades produtivas. Emestudos demogrcos, geralmente denida como a faixa de idade que vai dos 15 aos 65 anos.Algumas vezes, entretanto, utilizada a faixa de 10 aos 65 anos. H ainda trabalhos que determi-nam o comeo da idade ativa aos 20 anos, tendncia mais recente, porm menos disseminada.

    5 Tal comportamento da poupana como proporo da renda ao longo da vida dos indivduos, de certa forma, compatvel com a Teoria do Ciclo da Vida desenvolvida, ainda no comeo dadcada de 1960, pelo economista Franco Modigliani, Nobel de Economia em 1985, segundoa qual a propenso marginal a poupar e o estoque acumulado de riqueza tm seu auge nosanos que antecedem a sada do mercado de trabalho (ver ANDO e MODIGLIANI (1963)).

    O BRASILNAPRXIMADCADA26

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    gerao dos baby boomers(pessoas nascidas nos anos que se seguiram ao m

    da Segunda Guerra Mundial, quando houve forte aumento da natalidade nos

    Estados Unidos e na Europa).

    Tambm, ao analisarmos os movimentos internacionais de capital,estudos indicam que a dinmica das taxas de juros domsticas e interna -

    cionais e o balano global das contas correntes podem sofrer impacto das

    mudanas demogrcas globais em curso. Os efeitos da diferena no timing

    dessas mudanas entre os pases desenvolvidos e em desenvolvimento tema

    de pesquisa antigo, tendo sido modelados por METZLER (1960). Se o enve-

    lhecimento populacional nos pases desenvolvidos provocar uma reduo

    da poupana agregada para qualquer nvel de taxa de juros nesses pases

    enquanto a poupana dos pases emergentes aumentar como resultado do

    amadurecimento populacional e aproximao de uma grande massa de traba-

    lhadores da idade de aposentadoria, isso certamente teria um impacto sobrea taxa de juros globais. A intensidade e o sentido desse impacto dependeriam

    do tamanho relativo entre a reduo da poupana nos pases desenvolvidos e

    o aumento da poupana nos pases em desenvolvimento.

    De uma maneira geral, os estudos tericos e empricos sobre os impactos

    da dinmica demogrca nos mercados nanceiros e o preo de ativos indicam

    que eles existem e podem ser signicativos. Entretanto, a direo e a inten-

    sidade so de difcil estimao. De qualquer forma, a concluso da maioria

    Investimentos em Gastos Associados

    O BRASILNAPRXIMADCADA28

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    dos estudos que as chances de alguma crise nanceira mais sria e abrupta

    ocorrer por razes exclusivamente demogrcas so pequenas.

    Nesta anlise, importante observar, quando examinamos os impactos

    das mudanas demogrcas sobre o setor de Seguros Gerais, PrevidnciaPrivada e Vida, Sade Suplementar e Capitalizao no Brasil, que alguns dos

    efeitos mais importantes se do no apenas sobre o montante que consu-

    mido, mas tambm sobre o que mais ou menos consumido. Verica-se que

    os padres de consumo tendem a mudar drasticamente com a idade, tanto

    pelo efeito da renda, que tende a ser maior nos perodos mais avanados da

    idade ativa, quanto pela variao, ao longo da vida, das necessidades e inte-

    resses individuais.

    Por exemplo, natural que se espere, em qualquer lugar, que a educao

    ocupe uma parcela maior dos gastos associados s pessoas mais novas, enquanto

    os cuidados com sade e alimentao aumentem nas idades mais avanadas. Parao caso do Brasil, os estudos realizados indicam a existncia de um padro etrio

    dos gastos. CARVALHO (2008) mostra, para o caso dos domiclios de arranjo uni -

    pessoal (cada vez mais comuns no Pas, como veremos a seguir), que a parcela

    da renda gasta com alimentao muda pouco com a idade. Habitao e sade

    tendem a ocupar maior parcela do oramento domstico conforme as pessoas

    envelhecem, enquanto transporte, vesturio e educao tendem a ter sua partici-

    pao nos gastos totais reduzida nas idades mais avanadas.

    29A DEMOGRAFIAECONMICA

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    Os DividendosDemogrficos e o Brasil 4

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    O Ciclo Econmico da Vida

    APRESENTAMOS DIVERSOS IMPACTOS que as mudanas causadas pelo

    avano da transio demogrca podem causar na economia. Entretanto, o

    mais relevante deles se d no que diz respeito relao entre o quanto cada

    indivduo produz e consome em cada idade e a estrutura etria da populaocomo um todo. Para entender essa interao, necessrio nos aprofundarmos

    na ideia do ciclo econmico de vida.

    A hiptese do ciclo econmico da vida parte do pressuposto, bas-

    tante razovel, de que os indivduos tm, ao longo da vida, dois perodos de

    dependncia econmica, marcados pelo excesso de consumo em relao

    renda gerada por este mesmo indivduo com seu trabalho. A Figura 7 exibe o

    esquema proposto por esta hiptese.

    O primeiro perodo de dependncia acontece na infncia e na juven-

    tude. Crianas e jovens produzem pouco ou nada, seja por incapacidade ou,

    como prefervel, por estarem se preparando para vida adulta. Mas tambmso consumidores, precisam se alimentar, de moradia, estudar e se vestir. Isso

    signica que esse grupo depende de outro para receber os recursos neces-

    srios a sua sobrevivncia. O segundo perodo de dependncia acontece na

    velhice. comum que, por inmeras razes sendo a debilidade fsica a

    principal delas as pessoas deixem de trabalhar nas idades mais avanadas.

    Fonte: Elaborao Prpria

    0 20 40 60 80

    nConsumo

    nRenda de Trabalho

    Idade

    Consumo e Renda por Pessoa

    7

    O BRASILNAPRXIMADCADA32

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    O Ciclo Econmico da Vida

    Fonte: Elaborao Prpria

    0 20 40 60 80

    nConsumo

    nRenda de Trabalho

    Idade

    Consumo e Renda por Pessoa

    Famlia, Estado, MercadoFamlia, Estado, Mercado

    Fluxos Intergeracionais

    Ao fazerem isso, voltam a ser dependentes, pois precisam de transferncias de

    recursos para sua sobrevivncia at o dia em que vierem a falecer.

    Fica claro assim que os indivduos que esto em um dos dois perodos

    de dependncia precisam receber recursos para se sustentarem. Deve, por-tanto, haver uxos de recursos entre diferentes geraes. A Figura 8 ilustra

    esses uxos.

    As decises econmicas individuais so fortemente inuenciadas por

    esses uxos, e tm efeitos agregados relevantes. Eles devem ir das idades em

    que h excedente de renda para aquelas em que existe necessidade, e podem

    ser realizadas basicamente por trs agentes: as famlias, o Estado e os mer-

    cados. Nas famlias as transferncias acontecem, basicamente, nos domiclios, e

    esto relacionados a fatores diversos, como a chea do domiclio, a presena de

    um ou dois provedores, a relao entre aposentados e pessoas em idade ativa,

    entre outros. O Estado transfere esses recursos de diversas maneiras, por meiodas complexas relaes que mantm com a sociedade, por intermdio dos

    impostos cobrados, subsdios concedidos, servios pblicos prestados, benef-

    cios pagos e outras formas de transferncias sociais (o impacto das transfern-

    cias lquidas entre o governo e a sociedade por grupo etrio sero mais bem

    explorados quando tratarmos a seguir dos riscos scais do envelhecimento).

    8

    OSDIVIDENDOSDEMOGRFICOSEOBRASIL 33

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    Os mercados fazem estas transferncias via rendimento das aplicaes nan-

    ceiras, pagamento de dividendos e, no caso do setor de seguros e previdncia,

    por meio dos pagamentos de indenizaes, resgates parciais e totais de

    recursos alocados em planos de seguros de pessoas, de previdncia comple-mentar, de sade suplementar e benefcios e resgates ou sorteios de ttulos

    de capitalizao, que tem apresentado um crescimento expressivo nos ltimos

    anos, acompanhando o desenvolvimento socioeconmico do Pas.

    Do ciclo econmico da vida derivamos outro importante conceito: o de

    consumidores e produtores efetivos. Como visto na Figura 8, cada idade corres-

    ponde a uma determinada capacidade de produo lquida por parte dos indi-

    vduos. Aqueles em perodo de dependncia produzem pouco ou nada, so,

    em maior parte, consumidores lquidos. O inverso acontece com as pessoas

    em idade ativa, o que faz deles produtores lquidos. Em um dado momento,

    a estrutura etria da populao combinada ao ciclo econmico de vida dessamesma populao nos dar o nmero de consumidores e produtores efetivos

    nessa populao. As equaes6abaixo explicitam essa relao. Denimos C(t)

    e P(t) como o valor que reete, respectivamente, o nmero efetivo de consu -

    midores e de produtores em uma populao no perodo t.

    Nas equaes acima, P(i, t) a populao com a idade i no perodo t. A

    funo (i) descreve o consumo individual padro e (i) a funo que descreve a

    produo individual padro dessa populao, ambas em funo da idade. A renda

    por consumidor efetivo no perodo t, R(t), pode ser expressa pela equao a seguir:

    6 A formalizao da relao entre o ciclo econmico da vida e a estrutura etria das populaesteve grande contribuio de trabalhos dos pesquisadores Andrew Mason, da Universidade doHava, e Robert Lee, da Universidade da Califrnia em Berkeley. Alguns exemplos so LEE eMASON (2004)e MASON (2005).

    Consumidores(t) = Consumo Individual Padro x Populao(idade, tempo)da

    Produtores(t) = Produo Individual Padro x Populao(idade, tempo)da

    Renda(t)/Consumidor(t) = Produtores(t)/Consumidores(t) x Renda(t)/Produtores (t)

    C (t) = (i) x P (i,t) da

    P (t) = (i) x P (i,t) da

    R (t) = P (t) x R (t)

    C(t) C(t) P(t)

    O BRASILNAPRXIMADCADA34

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    E o Brasil? Onde se

    encontra nesse contexto

    de profundas mudanas

    demogrficas?

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    Note que a renda por consumidor efetivo produto da razo entre pro-

    dutores e consumidores efetivos e a renda por produtor efetivo. Uma razo de

    suporte que tivesse o nmero de trabalhadores no numerador e a populao

    total no denominador seria uma boa aproximao. Esta medida , inclusive, uti-

    lizada em diversos estudos economtricos que tm como objetivo mensurar os

    impactos da dinmica demogrca na economia7. Entretanto, quando falamos

    do impacto das mudanas demogrcas na economia, a noo de consumidores

    e produtores efetivos se apresenta como mais adequada, pois trabalhadores

    produzem mais ou menos em diferentes etapas de sua idade ativa, assim como

    o padro e o montante de recursos que so consumidos varia ao longo dos anos.

    dessa interao entre a estrutura etria da populao e o ciclo eco-

    nmico da vida que emerge o primeiro dividendo demogrco. Obtendo as

    taxas de crescimento das componentes da terceira equao apresentada ante-

    riormente, podemos ver que o crescimento da renda por consumidor efetivo ,

    aproximadamente, resultado da soma do crescimento da razo entre produtores

    e consumidores efetivos com o produto por trabalhador. Ou seja, tendem a ser

    mais propcios a incrementos na renda per capita, os momentos em que o cres-

    cimento do nmero de produtores efetivos maior do que o crescimento do

    nmero de consumidores efetivos.

    7 Ver, por exemplo, MENDES (2013).

    Quando falamos do impacto das mudanas demogrficas

    na economia, a noo de consumidores e produtores efetivos

    se apresenta como mais adequada, pois trabalhadores

    produzem mais ou menos em diferentes etapas de sua

    idade ativa, assim como o padro e o montante de recursos

    que so consumidos varia ao longo dos anos.

    O BRASILNAPRXIMADCADA36

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    40/80

    Com a queda da

    fecundidade, muitas

    mulheres que antes se

    dedicariam ao trabalho

    reprodutivo se juntam

    fora de trabalho,

    ampliando ainda maisa oferta deste fator de

    produo na economia.

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    41/80

    Quando a estrutura etria populacional se altera como efeito do avano

    da transio demogrca, a composio da populao por consumidores e pro-

    dutores efetivos tambm se altera. A queda nas taxas de fecundidade reduz a

    taxa de dependncia8

    de crianas e jovens. Concomitantemente, aqueles quenasceram na onda de exploso demogrca resultante da combinao de nata-

    lidade ainda alta com mortalidade em queda atingem o auge de sua idade

    ativa. Com a queda da fecundidade, muitas mulheres que antes se dedicariam

    ao trabalho reprodutivo9se juntam fora de trabalho, ampliando ainda mais a

    oferta deste fator de produo na economia. Dessa maneira, o perodo em que

    prevalece o primeiro dividendo, chamado de janela de oportunidade pelos

    economistas, muito especial. Uma situao nica, pela qual os pases passam

    somente uma vez no curso de sua histria. Trata-se, portanto, de uma oportu-

    nidade temporria, pois, quando esse grande nmero de trabalhadores chega

    velhice, a dependncia volta a subir, j que eles deixam de produzir e passama depender mais de transferncias, no caso brasileiro, especialmente do Estado.

    A taxa de dependncia de crianas e idosos , geralmente, uma apro-

    ximao satisfatria para a razo entre produtores e consumidores efe-

    tivos, ainda que estimativas mais detalhadas e precisas do ciclo econmico

    da vida revelem alguns fatos que a simplicao das taxas de dependncia

    pode ocultar. Para os EUA, por exemplo, as idades que marcam os perodos

    de dependncia foram estimadas como sendo 24 anos para a transio da

    dependncia juvenil para a produo lquida e 57 anos para a transio da

    produo para a dependncia senil (MASON (2005)).

    J o segundo dividendo demogrco se instalaria em uma fase mais

    avanada da transio demogrca, e teria carter mais perene que o primeiro

    dividendo. Est associado a condies favorveis criadas no ambiente de uma

    populao mais envelhecida com alto acmulo de poupana e capital humano.

    Como j expusemos na seo anterior, a acumulao de poupana tende a

    crescer conforme avana a idade ativa dos indivduos. A poupana acumulada

    chega ao auge s vsperas da aposentadoria, geralmente na faixa dos 50 aos 70

    anos de idade. Quando a proporo dessas pessoas na populao aumenta, se

    elas de fato tiverem poupado como precauo devido maior expectativa de

    vida, haver mais capital por trabalhador efetivo, estimulando o investimento, a

    produtividade e o crescimento da economia. Assim, esse efeito ser to maior

    8 Taxa de dependncia a razo entre dependentes e no dependentes. Pode ser calculadapara crianas e jovens (geralmente menores de 15 anos) e idosos (geralmente acima de 65anos) ou para cada tipo de dependncia separadamente.

    9 O trabalho reprodutivo de carter privado e familiar em distino daquele consideradoprodutivo de carter pblico e prossional , relaciona-se aos cuidados com as crianas,idosos e doentes e aos servios domsticos que, apesar de prestados sem que haja remunera-o monetria como contrapartida, tm valor econmico reconhecido.

    OSDIVIDENDOSDEMOGRFICOSEOBRASIL 39

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    42/80

    quanto forem estimulados os indivduos a poupar ao longo da vida, um papel

    onde relevante a atuao do mercado segurador.

    A queda da fecundidade tambm pode proporcionar um aumento do

    investimento em capital humano per capita, tanto na esfera familiar quanto napblica, j que h menos competio pelos recursos destinados educao

    e manuteno da sade. Dessa maneira, o segundo dividendo demogr -

    co est diretamente relacionado ao primeiro, ao transformar os impactos

    momentneos deste em ativos maiores, melhores e mais durveis. Pode ser

    entendido como o crescimento do segundo fator do lado direito da terceira

    equao apresentada anteriormente, o produto por trabalhador (j que o pro-

    duto pode ser descrito com uma funo do capital), isto , tem muito a ver

    com a produtividade.

    Em pouco mais de 50 anos, a mortalidade infantil

    um dos indicadores mais importantes e reveladores das

    condies de vida de uma populao caiu cerca de 90%.

    Infelizmente, os benefcios que podem surgir dos dividendos demogr-

    cos no so automticos. Dependem da fora das instituies e de polticas

    capazes de aproveitar a estrutura etria da populao para impulsionar o cres -

    cimento econmico. fundamental que haja oportunidades no mercado de

    trabalho para uma crescente populao em idade ativa. Mais importante ainda

    que essa populao seja bem formada, e esteja apta a absorver habilidades

    que impulsionem sua produtividade. Outro fator fundamental e que merece

    continuada ateno a importncia da existncia de um mercado nanceiro

    desenvolvido, capaz de captar e alocar com ecincia a poupana desses tra-

    balhadores, o que pode ser estimulado cada vez mais pelo mercado segurador.

    Disso dependero, em grande parte, os benefcios do segundo dividendo demo-

    grco. fundamental tambm que ao aumento da expectativa de vida esteja

    tambm associado um salto na qualidade da vida, de modo que as pessoas no

    apenas vivam mais, mas possam tambm ser produtivas por mais tempo.

    E o Brasil? Onde se encontra nesse contexto de profundas mudanas demo-

    grcas? Em nosso Pas, a primeira etapa da transio demogrca, a transio

    da mortalidade, teve incio aps a Segunda Guerra Mundial. Em pouco mais de

    50 anos, a mortalidade infantil um dos indicadores mais importantes e reve-

    ladores das condies de vida de uma populao caiu cerca de 90%. Cerca

    O BRASILNAPRXIMADCADA40

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    de 20 anos depois, teve incio a transio da fecundidade. Entre ns da dcada

    de 1960 e incio da dcada de 1970, a taxa de fecundidade total10das mulheres

    brasileiras caiu de patamares de mais de seis lhos por mulher para 5,8. Desde

    ento, experimentamos uma queda fortssima at chegarmos aos patamaresabaixo de dois lhos por mulher que vigoram hoje, ainda que persistam acen-

    tuadas discrepncias regionais e socioeconmicas (Figura 9). Vale mencionar

    que a fecundidade no Brasil tem diminudo na ausncia de medidas coercitivas

    do governo, como ocorre, por exemplo, na China, onde a taxa de fecundidade

    caiu para 1,5 lhos por mulher devido a uma legislao inaceitvel em um pas

    democrtico. Ao longo desse perodo, a expectativa de vida ao nascer subiu de

    50 para mais de 70 anos idade.

    10 A taxa de fecundidade total (TFT) representa o nmero esperado de lhos de uma mulher aom de sua idade reprodutiva, se ela estiver sujeita aos padres de fecundidade correntes.

    Fonte: IBGE Censos Demogrficos

    Taxa de Fecundidade Total | TFT

    2

    1

    0

    3

    4

    5

    6

    7

    1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000 2010

    Brasil 1940 a 2010

    1.9

    2.4

    2.9

    4.4

    5.8

    6.36.26.2

    NmeroMdiodeFilhosporMulher(TFT)

    9

    OSDIVIDENDOSDEMOGRFICOSEOBRASIL 41

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    Como ocorre em qualquer regio que passe pela transio, a estrutura

    etria da populao se transforma de maneira marcante ao longo do processo.

    Primeiramente, a base da pirmide etria se expande. o momento em que a

    forte queda da mortalidade infantil faz aumentarem as coortes de crianas ejovens. Com o aumento da expectativa de vida, as coortes de idosos se tornam

    mais amplas. Em algum momento, a queda da fecundidade levar a menor

    natalidade e, consequentemente, reduo nessas coortes. No entanto,

    interessante notar que possvel que a natalidade (nmero absoluto de nasci-

    mentos por mil habitantes) cresa mesmo enquanto cai a fecundidade (nmero

    esperado de lhos por mulher pelos padres correntes de fecundidade).

    Fonte: IBGE

    Pirmide Etria

    Brasil 200490+

    85-89

    80-84

    75-79

    70-74

    65-69

    60-64

    55-59

    50-54

    45-49

    40-44

    35-39

    30-34

    25-29

    20-24

    15-19

    10-14

    5-9

    0-4

    10000 100005000 500050000

    n Homensn Mulheres

    10

    por mil habitantes

    O BRASILNAPRXIMADCADA42

  • 7/25/2019 CNSeg - O Brasil Na Proxima Decada - Completo 2015

    45/80

    Na verdade, comum que, durante algum momento da transio demo-

    grca, as duas variveis movam-se em direes opostas, com as taxas de

    fecundidade em queda competindo com o momento no sentido fsico e

    estatstico do termo da populao para determinar o nmero de nasci-mentos. Durante muitos anos, o aumento do nmero de mulheres em idade

    reprodutiva se sobrepe ao declnio das taxas de fecundidade. No Brasil, o

    nmero de nascimentos cresceu at meados da dcada de 1980, acelerando o

    crescimento populacional, a despeito do fato da taxa de fecundidade ter cado

    consistentemente desde os anos 1960. As Figuras 10, 11 e 12 apresentam as

    tendncias recentes de composio etria e por sexo da populao brasileira.

    Brasil 2014 Brasil 2024

    n Homensn Mulheres

    10000 1000050005000 50000

    n Homensn Mulheres

    11 12

    por mil habitantes

    OSDIVIDENDOSDEMOGRFICOSEOBRASIL 43

  • 7/25/2019 CNSeg - O Brasil Na Proxima Decada - Completo 2015

    46/80

    Taxa de Dependncia Total

    Fonte: IBGE

    Podemos vericar que a estrutura etria atual do Brasil extremamente

    favorvel ao crescimento econmico. A grande maioria da populao se

    encontra em idade ativa, e a taxa de dependncia total cada vez mais baixa

    (Figura 13). A taxa de dependncia de crianas e jovens cada vez menor,enquanto a de idosos ainda no comeou a subir de modo acentuado. No

    entanto, como indica a Figura 14, isso comear a acontecer com mais inten-

    sidade nos prximos dez anos e, em algum momento no incio da prxima

    dcada, a dependncia de idosos sobrepujar a de jovens, o que far a taxa

    de dependncia total voltar a subir. quando a janela de oportunidade do

    primeiro dividendo demogrco comea a se fechar.

    40.00%

    45.00%

    50.00%

    55.00%

    60.00%

    65.00%

    70.00%

    2000

    2002

    2004

    2006

    2008

    2010

    2012

    2014

    2016

    2018

    2020

    2024

    2022

    2026

    2028

    2030

    2032

    2034

    2036

    2038

    2040

    2042

    2044

    2046

    2048

    2050

    2052

    2054

    2056

    2058

    2060

    13

    O BRASILNAPRXIMADCADA44

  • 7/25/2019 CNSeg - O Brasil Na Proxima Decada - Completo 2015

    47/80

    Taxa de Dependncia dos Idosos

    Fonte: IBGE

    0.00%

    5.00%

    10.00%

    15.00%

    20.00%

    25.00%

    30.00%

    35.00%

    40.00%

    45.00%

    50.00%

    2000

    2002

    2004

    2006

    2008

    2010

    2012

    2014

    2016

    2018

    2020

    2024

    2022

    2026

    2028

    2030

    2032

    2034

    2036

    2038

    2040

    2042

    2044

    2046

    2048

    2050

    2052

    2054

    2056

    2058

    2060

    14

  • 7/25/2019 CNSeg - O Brasil Na Proxima Decada - Completo 2015

    48/80

    Norte, Nordeste, Sudeste, Sul

    e Centro-Oeste apresentam

    dinmicas populacionais

    distintas, principalmente no quese refere ao timingdas etapas.

  • 7/25/2019 CNSeg - O Brasil Na Proxima Decada - Completo 2015

    49/80

    importante destacar que muitas vezes a noo agregada esconde tanto

    quanto revela: os fatos demogrcos que apresentamos anteriormente esto

    longe de ser homogneos quando se pensa o Brasil regionalmente. Norte,

    Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste apresentam dinmicas populacionaisdistintas, principalmente no que se refere ao timing das etapas. Enquanto

    algumas regies ainda apresentam altas taxas de fecundidade, outras j se

    encontram abaixo dos nveis de reposio11h dcadas, e tm uma estrutura

    etria cada vez mais parecida com a de pases maduros. H diferentes Brasis

    tambm sob a lente do demgrafo. A Tabela 1 mostra o percentual de cada

    faixa etria na populao total, por grande regio, em 2014 e depois de dez

    anos, pelas projees do IBGE.

    11 Refere-se TFT de 2,1 lhos por mulher. Taxa que, se mantida, garante, sob algumas condi-es bsicas, a reposio das geraes, mantendo a populao estvel.

    Fonte: IBGE. Elaborao Prpria

    Distribuio Etria da Populao

    Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-oeste

    2014

    0-14 30.4% 26.5% 21.3% 21.1% 23.7%

    15-64 65.2% 66.6% 70.1% 70.0% 70.1%

    65+ 4.4% 6.9% 8.6% 8.9% 6.2%

    2024

    0-14 24.3% 21.4% 17.6% 17.6% 19.5%

    15-64 69.3% 69.4% 69.8% 69.4% 71.3%

    65+ 6.3% 9.2% 12.6% 13.0% 9.1%

    1

    Por regio, segundo grupo etrio (2014 e 2024)

    OSDIVIDENDOSDEMOGRFICOSEOBRASIL 47

  • 7/25/2019 CNSeg - O Brasil Na Proxima Decada - Completo 2015

    50/80

    A Diviso de Populao da ONU dene o incio do primeiro bnus demo-

    grco como sendo o momento em que o percentual de crianas e adoles-

    centes da populao (grupo de 0 a 14 anos) passa a representar menos de

    30% da populao total e termina quando o percentual da populao com 65anos sobe para alm de 15%. Por esta denio, o primeiro bnus demogr-

    co ainda nem teria comeado na regio Norte, e j vigora nas demais regies

    do Pas, especialmente Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Em 2024, todas as regies

    ainda estaro dentro do intervalo denido pela ONU como sendo o do primeiro

    bnus demogrco, mas o Sul e Sudeste j estaro prximos do nal por esta

    denio, com a populao de idosos j bem prxima dos 15%. A Figura 15

    mostra a grande diferena na dinmica dos grupos etrios das regies do Pas

    de 2014 a 2024. Tamanhas discrepncias demandam diferentes posies tanto

    de polticas pblicas por parte dos governos quanto de aes por parte de

    companhias privadas diante seus mercados consumidores.

    Fonte: IBGE. Elaborao Prpria

    Variao no tamanho relativodos grupos etrios - 2014 a 2024

    Por regio, segundo grupo etrio (Em p.p.)

    0.00

    2.00

    4.00

    6.00

    -2.00

    -4.00

    -6.00

    -8.000-14 15-64 65+

    n Norte n Nordeste n Sudeste n Sul n Centro-oeste

    15

    O BRASILNAPRXIMADCADA48

  • 7/25/2019 CNSeg - O Brasil Na Proxima Decada - Completo 2015

    51/80

    Podemos, portanto, esperar muitos efeitos positivos de uma baixa taxa de

    dependncia na economia. Mas com um cenrio to favorvel desenhado pela

    anlise das condies demogrcas da populao brasileira, no deveramos

    estar obtendo resultados melhores em termos de desempenho da economia?

    QUEIROZ e TURRA (2010) estimam grandes contribuies dos divi-

    dendos demogrcos para o crescimento econmico brasileiro nas ltimas

    dcadas. Paradoxalmente, na viso dos autores, isso signica que o Pas tem

    tido pouco sucesso em aproveitar a dinmica demogrca favorvel, pois

    as taxas de crescimento deveriam ser bem maiores. De acordo com LAM e

    MARTELETO (2002), as geraes nascidas aps 1982 foram as primeiras no

    Brasil a experimentar tanto uma reduo no tamanho das famlias (resultante

    da queda da fecundidade) quanto uma diminuio nas coortes das primeiras

    idades (resultante da queda da natalidade), e isso teve importantes impactos

    sobre o acesso dessas crianas escola. Atribui-se a essa dinmica demo-

    grca mais favorvel parte considervel da quase universalizao do ensino

    bsico alcanada no Pas na dcada de 1990, o que certamente trouxe contri-

    buio positiva e permanente para o crescimento econmico. Entretanto, mais

    uma vez, a concluso que no estamos aproveitando plenamente a janela de

    oportunidade demogrca que se apresenta.

    Apesar da ampliao do acesso, ainda patinamos na qualidade da edu-

    cao, fato atestado pelas colocaes medocres do Pas nos diversos exames

    que testam a procincia dos estudantes em diversos pases, como o PISA 12.

    Pelo que indicam os dados mais recentes do Ideb (ndice de Desenvolvimento

    12 Programme for International Student Assessment, programa desenvolvido e coordenado pelaOCDE (Organizao para Cooperao e Desenvolvimento Econmico), que consiste naaplica-o de provas de leitura, matemtica e cincias a estudantes na faixa dos 15 anos de idade.

    Tamanhas discrepncias demandam diferentesposies tanto de polticas pblicas por parte dos

    governos quanto de aes por parte de companhias

    privadas diante seus mercados consumidores.

    OSDIVIDENDOSDEMOGRFICOSEOBRASIL 49

  • 7/25/2019 CNSeg - O Brasil Na Proxima Decada - Completo 2015

    52/80

    da Educao Bsica), tambm estamos sendo incapazes de oferecer mais

    acesso e qualidade no ensino mdio, a despeito da moderao no crescimento

    das coortes de jovens entre 15 e 17 anos, idades apontadas por educadores

    como as adequadas para essa etapa na educao. A baixa qualicao damo de obra e os parcos estmulos poupana no nosso Pas, dentre os quais

    se destaca um sistema de transferncias intergeracionais (tanto no mbito

    do governo quanto nas famlias) que garante renda futura sem poupana

    corrente, tambm colocam em xeque a contribuio do segundo dividendo

    demogrco para o crescimento econmico.

    O Brasil encontra-se em um perodo decisivo, em que nossas escolhas

    sociais em termos de prioridades na educao, na sade e na previdncia

    determinaro se investiremos adequadamente em nossos jovens, se seremos

    capazes de proporcionar uma vida digna e longa aos seus idosos, e se ser

    possvel aliar crescimento econmico oferta de servios de qualidade popu-lao. A maneira com que o Estado vem se relacionando com a sociedade e a

    Fonte: OCDE

    Gastos com Previdncia eEstrutura Demogrfica

    Populao Idosa (+65 anos) como % do total

    08%

    10%

    12%

    14%

    16%

    06%

    04%

    02%

    00%

    GastoPblicocomP

    revidnciaSocial(%

    doPIB)

    05% 07% 05% 11% 13% 15% 17% 19% 21% 23% 25%

    16

    O BRASILNAPRXIMADCADA50

  • 7/25/2019 CNSeg - O Brasil Na Proxima Decada - Completo 2015

    53/80

    economia resultado do modelo estabelecido na Constituio de 1988, num

    contexto demogrco bastante jovem, de forte crescimento populacional, com

    altos ndices de pobreza e gritante discrepncia socioeconmica. Este modelo

    tem sido razoavelmente bem sucedido na reduo da pobreza e da desigual-dade, mas estimula as transferncias de recursos aos idosos em detrimento s

    crianas. fato conhecido que o Brasil gasta um montante de recursos com

    benefcios para os seus idosos muito superior ao que se esperaria da estrutura

    etria de sua populao, como evidencia a Figura 16.

    Ao ingressarmos num contexto demogrco completamente distinto,

    em que a populao envelhecida pesar ainda mais sobre os sistemas pblicos,

    seremos forados a tomar decises difceis, que inuenciaro de forma deni-

    tiva a continuidade do processo de reduo da pobreza e o crescimento eco-

    nmico presente e futuro. O Pas est envelhecendo e de maneira muito rpida.

    Somos cada dia mais um Pas de adultos, e seremos, em algumas dcadas, umPas de idosos que vivem cada vez mais, como exibem as Figuras 17 e 18.

    Fonte: IBGE

    Distribuio Etria daPopulao e Idade Mdia

    Brasil 2004-2060

    n

    0-14n

    15-64n

    65+ Idade Mdia do Brasileiro

    Brasil: Distribuio Etria da Populao (Trs Grandes Grupos)

    2004 2014

    6.0% 7.6% 10.9% 13.4%20.0% 26.8%

    60.2%65.3%69.0%

    69.7%68.7%

    65.8%

    28.2% 23.7%19.4% 17.6% 14.8% 13.0%

    2024 2030 2045 2060

    25.000%

    30.0020%

    35.0040%

    40.0060%

    45.0080%

    90%

    70%

    50%

    30%

    10%

    50.00100%

    IdadeMdia

    %d

    oGrupoEtrionaP

    opulaoTotal

    17

    OSDIVIDENDOSDEMOGRFICOSEOBRASIL 51

  • 7/25/2019 CNSeg - O Brasil Na Proxima Decada - Completo 2015

    54/80

    Expectativa de Vida ao Nascer

    Fonte: IBGE

    Entretanto, mesmo na questo do impacto scal do envelhecimento, as

    discusses e anlises no devem estar restritas aos sistemas previdencirios.

    Assim como existe um ciclo econmico da vida, que abordamos anteriormente,

    tambm existe um padro etrio da relao entre os indivduos e os governos,

    que vai muito alm das contribuies e pagamentos previdencirios. A Figura 19,

    extrada de TURRA (2010), mostra que os idosos so extremamente decitrios

    em sua relao com o governo, especialmente no Brasil.

    69

    71

    73

    75

    77

    79

    81

    83

    85

    2000

    2002

    2004

    2006

    2008

    2010

    2012

    2014

    2016

    2018

    2020

    2024

    2022

    2026

    2028

    2030

    2032

    2034

    2036

    2038

    2040

    2042

    2044

    2046

    2048

    2050

    2052

    2054

    2056

    2058

    2060

    Brasil 2000-2060

    Conclui-se que o padro atual de gastos pblicos por idade no Brasil

    impe srios riscos scais ao Pas, pois nas prximas dcadas encararemos

    a realidade de uma populao de idosos que cresce enormemente e vive

    cada vez mais.

    18

    Ema

    nos

    O BRASILNAPRXIMADCADA52

  • 7/25/2019 CNSeg - O Brasil Na Proxima Decada - Completo 2015

    55/80

    Transferncias Lquidas

    do Governo

    Fonte: Turra, 2010.

    Por grupos etrios

    Ga

    stosdo

    Governo

    Receitas

    do

    Governo

    n Educao Pblica

    n Sade Pblica

    n Seguridade Social (Privada)

    n Seguridade Social (Pblica)

    n Seguro Desemprego

    1200

    2400

    3600

    4800

    0

    0

    1200

    2400

    3600

    4800

    70 +60-6950-5940-4930-3920-2910-190-9

    19

    OSDIVIDENDOSDEMOGRFICOSEOBRASIL 53

  • 7/25/2019 CNSeg - O Brasil Na Proxima Decada - Completo 2015

    56/80

    Uma opo forar uma reduo da razo de dependncia, ampliando a idade

    ativa da populao ao se redenir, periodicamente, o conceito de idoso, adiando a

    aposentadoria conforme a expectativa de vida se amplie. Em muitos pases, mesmo

    sem mudanas signicativas no que diz respeito legislao tributria, a partici-

    pao dos idosos na fora de trabalho crescente, inclusive no Brasil (GASPARINI et.

    al (2007)), o que mostra, de certa maneira, uma antecipao individual e voluntria

    necessidade de ampliar a faixa de idade ativa dos trabalhadores. O processo ser

    to menos doloroso quanto for real a melhoria de qualidade de vida associada maior longevidade, reduzindo a morbidade.

    Aumentar a participao das mulheres

    no mercado de trabalho tambm uma

    opo importante, mas para que isso

    ocorra preciso investir em polticas que

    diminuam as diferenas de gnero. No

    Brasil, a tendncia de crescimento da taxa

    de participao das mulheres avanava

    h anos, mas, apesar dos avanos no sen-

    tido de equidade de gnero, se alterou, e

    voltou a cair desde 2005, indicando que

    ainda h bastante a ser feito nessa rea.

    O que se pode fazer?

    1

    2

    54 O BRASILNAPRXIMADCADA

  • 7/25/2019 CNSeg - O Brasil Na Proxima Decada - Completo 2015

    57/80

    Acima de tudo, no devemos permitir que os gastos previdencirios crescentes dicultem ainda

    mais a implantao de polticas pblicas voltadas para investimento em crianas e jovens, de modo a

    formar adultos mais produtivos que tenham capacidade de, no futuro, dar suporte a uma maior pro-

    poro de aposentados em nossa populao. Trata-se da escolha entre um ciclo virtuoso, em vez de

    um vicioso, em que o aumento da proporo de idosos faz diminuir o investimento na formao dos

    jovens, o que levaria menor crescimento econmico e maiores dilemas na alocao dos recursos.

    3

  • 7/25/2019 CNSeg - O Brasil Na Proxima Decada - Completo 2015

    58/80

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    59/80

    Cenrio e Metodologia paraa Projeo da Composio

    da Populao Brasileirapor Classes de Renda

    5

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    60/80

    A DEMOGRAFIA SE APRESENTA como uma grande oportunidade ou um

    estorvo ao desenvolvimento e ao crescimento econmico do Brasil nas pr-

    ximas dcadas. No entanto, os resultados, evidentemente, no dependero

    apenas da dinmica populacional, anal, alm das contribuies da demograa,

    o crescimento na ltima dcada foi marcado tambm por diversos impulsos que

    provavelmente no se manifestaro de forma to intensa nos prximos anos.

    Como armamos na primeira seo deste estudo, mesmo que o quadroatual de quase estagnao seja revertido com uma renovao da agenda de

    reformas e com a retomada de uma poltica econmica mais consistente, acre-

    ditamos que pequena a probabilidade de que a estrutura produtiva do Pas

    melhore signicativamente ou que o crescimento mundial volte a impulsionar

    a economia nacional, como fez na dcada passada. Assim, nosso cenrio con-

    templa um crescimento potencial de 2% a 3%, o que nos coloca na trajetria

    de crescimento da renda per capitade 1% a 2% anuais nos prximos dez anos.

    Mas h um ponto que merece destaque.

    As projees que apresentaremos a seguir tm por base a renda domi-

    ciliar per capitadeclarada nos dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra

    de Domiclios) mais recente, que de 2012. Apesar das limitaes13dessa pes-

    quisa, ela um retrato verossmil do que acontece em tempo real nas famlias,

    da sua adequao para este tipo de anlise.

    Vrios analistas tm discutido a divergncia observada entre o ritmo

    de crescimento da renda medido pelas Contas Nacionais, o PIB per capita,

    e o crescimento da renda familiar medido pela PNAD na ltima dcada. O

    debate ganhou ainda mais fora com a divulgao dos nmeros da PNAD refe-

    13 A PNAD-IBGE subestima a renda dos mais pobres ao no contar as rendas no-monetrias(que, na POF (Pesquisa de Oramentos Familiares do IBGE), que inclui essas rendas, so estima-das em 25% para os mais pobres (NERI, MELO e MONTE, 2012)). Por outro lado, tambm nocapta a renda proveniente de ativos, tampouco as rendas espordicas, que, acredita-se, somais signicativas para os mais ricos, de modo que h subestimao nos extremos, que tendea se anular, do ponto de vista da distribuio da renda.

    O BRASILNAPRXIMADCADA58

  • 7/25/2019 CNSeg - O Brasil Na Proxima Decada - Completo 2015

    61/80

    Fonte: IBGE e BOLLE e SIMES, 2013.

    rentes ao ano de 2012. Com o crescimento nmo do PIB daquele ano, a renda

    nacional per capitacou praticamente estagnada enquanto a renda per capita

    domiciliar da PNAD teve um crescimento real de espantosos 8%, o que entu -

    siasmou muitos analistas, principalmente aqueles ligados ao governo. Porm,

    tamanha divergncia, visvel na Figura 20, deve ser analisada com cautela.

    Rendaper capitano PIB e na PNAD

    2001-2012

    20

    Como cou em 2012:

    2001 - 2012 PIB: 29%; PNAD: 40%

    2003 - 2012 PIB: 28%; PNAD: 49%

    90

    100

    110

    120

    130

    140

    2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012

    PNAD PIB

    2001 - 2011 PIB: 29%; PNAD: 29%

    2003 - 2011 PIB: 28%; PNAD: 38%

    CENRIOEMETODOLOGIAPARAAPROJEODACOMPOSIODAPOPULAOBRASILEIRA 59

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    BOLLE e SIMES (2013) fazem uma anlise detalhada da questo e

    apontam trs principais razes para a divergncia nas sries: i. os deatores

    utilizados para obter as sries reais, j que a grande desvalorizao cambial de

    2002 afetou mais o INPC do que deator do PIB; ii. a recomposio da rendadas famlias aps a crise de 2002/2003; iii. a regra de aumento real do salrio

    mnimo, que tem grande importncia na distribuio dos rendimentos decla-

    rados na PNAD14. Os autores ainda mostram que a comparao entre estes

    dois indicadores de renda , no mnimo, descabida, principalmente quando

    se verica que a renda disponvel bruta das famlias representou, em mdia,

    apenas 65% da renda disponvel bruta total da economia, e h muitos outros

    componentes nas contas nacionais que podem causar divergncia.

    Entretanto, por mais que a comparao entre a renda domiciliar per

    capitada PNAD e o PIB per capitaseja inadequada, evidente que se trata de

    um processo no sustentvel. Se tal divergncia mesmo signicativa e temsido persistente, preocupaes quanto ao descompasso entre o crescimento da

    renda e da capacidade produtiva da economia so bastante justicveis, e em

    algum momento o crescimento das duas sries deve convergir. Por essa razo,

    trabalhamos com a hiptese de convergncia do crescimento da renda fami-

    liar para trajetria de crescimento do PIB per capita, que, acreditamos, estar

    ao redor de 1,5% ao ano ao longo da prxima dcada. Mas esse processo de

    convergncia no deve ocorrer de forma uniforme entre as classes de renda.

    Dividimos a populao em cinco diferentes nveis de renda domiciliar per capita

    (rendimento total do domiclio dividido pelo nmero de moradores). A diviso

    em classes de renda seguiu o critrio proposto pela Secretaria de Assuntos

    Estratgicos da Presidncia da Repblica, como mostra a Figura21.

    A diviso das classes foi feita nos microdados da PNAD de 2012, e refeita

    para os anos de 2019 e 2024 aps aplicarmos a cada renda individual um fator

    de crescimento. Para aplicar esse fator, cada classe foi redividida em duas. Em

    nosso cenrio, a renda das classes de renda mais baixa deve continuar a se

    expandir mais rapidamente do que a das classes mais altas, mesmo que todas,

    ao longo dos prximos dez anos, devam convergir para patamares mais baixos

    do que os alcanados na ltima dcada. As propostas de campanha dos prin-

    cipais candidatos Presidncia da Repblica nas eleies de 2014 atestam que

    a manuteno dos programas de transferncia de renda e da poltica de rea-

    juste do salrio mnimo, mesmo com alteraes, uma das poucas certezas do

    cenrio macroeconmico dos prximos anos, e isso que est por trs de nossa

    hiptese de convergncia diferenciada entre faixas de renda.

    O crescimento absoluto da populao no perodo levado em conside-

    rao, e, para tanto, foram usadas as projees mais recentes do IBGE.

    14 Ver HOFFMANN (2008)

    O BRASILNAPRXIMADCADA60

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    Brasil 2012

    Fonte: Secretaria de Assuntos Estratgicos da Presidncia da Repblica

    Nota: Valores expressosem R$ de 2012.

    500

    0

    1000

    1500

    2000

    2500

    ALTAMDIABAIXA

    1 42 5 73 6 8

    2480

    1019

    641

    441291

    16281

    PontodecorteRendafamiliarpercapita

    (R$/ms)

    Divises de classes

    segundo critrio SAE

    321

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    6As Projees

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    Projeo da Populao Brasileirapor Classes de Renda

    TODOS OS VALORES MONETRIOS NESTA SEOesto expressos em reais

    de setembro de 2012, o ms de referncia da PNAD de 2012. A correo para

    valores de anos anteriores a 2012 foi feita com a variao em 12 meses dainao do INPC do IBGE (ndice Nacional de Preos ao Consumidor). As pro-

    jees so feitas em termos de taxas reais de crescimento, j estando, portanto,

    corrigidas para a inao.

    As projees para a diviso da populao brasileira em classes de renda

    domiciliar per capitaem 2019 (dentro de 5 anos) e 2024 (dentro de 10 anos)

    so apresentadas tanto em milhes de habitantes quanto em percentual da

    populao total, nas Figuras 22 e 23.

    Fonte: IBGE. Elaborao Prpria

    2012, 2019 e 2024

    2012 2019

    2024

    n Baixa n Mdia B n Mdia A n Alta Mdia n Alta

    54.0

    69.1

    39.6

    26.0

    10.6

    42.4

    63.3 56.4

    35.8

    12.7

    35.1

    59.0

    68.3

    38.2

    16.7

    22

    O BRASILNAPRXIMADCADA64

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    Projeo da Populao Brasileirapor Classes de Renda % do Total

    Fonte: IBGE. Elaborao Prpria

    2012, 2019 e 2024

    2012 2019

    2024

    n Baixa n Mdia B n Mdia A n Alta Mdia n Alta

    27% 20%

    16%

    35% 30%

    27%

    20%

    27%

    31%

    13%17%

    18%

    5% 6%

    8%

    23

    65ASPROJEES

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    Os resultados observados indicam uma oportunidade de manuteno

    das taxas de crescimento do setor de Seguros Gerais, Previdncia Privada eVida, Sade Suplementar e Capitalizao, pois, mesmo com um baixo cresci-

    mento da renda per capita, a continuidade na transformao da estrutura social

    do Pas, e o crescimento da parcela de classe Mdia A e da classe Alta Mdia de

    renda na populao brasileira (Tabela 2), tendem a continuar ocorrendo.

    Em Pontos Percentuais Em Milhes de Pessoas

    Classe 2012 - 2019 2019 - 2024 2012 - 2019 2019 - 2024

    Baixa -7.0 -4.0 -11.62 -7.31

    Mdia B -4.6 -2.9 -5.73 -4.33

    Mdia A 6.9 4.7 16.78 11.89

    Alta Mdia 4.0 0.6 9.86 2.33

    Alta 0.7 1.6 2.12 3.96

    Fonte: IBGE. Elaborao Prpria

    Variao Projetadadas Classes de Renda

    2012 - 2019 | 2019 - 2024

    2

    O BRASILNAPRXIMADCADA66

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    Nas comparaes internacionais verica-se uma forte correlao entre o

    tamanho do setor com o nvel de desenvolvimento econmico e social do Pas.

    Anlises comparativas entre diferentes pases indicam que, quanto maior o PIB, mastambm em especial, quanto melhores os indicadores de desenvolvimento social,

    como o ndice de Desenvolvimento Humano (IDH) ou a distribuio de renda, medida

    pelo Coeciente de Gini, maior o grau de penetrao dos produtos do setor. Ou

    seja, os resultados analisados sugerem que a importncia do setor aumenta no

    apenas com a estabilidade e o desenvolvimento, mas tambm com o grau de bem-

    -estar medido pelo IDH, e, principalmente, com o aumento e distribuio da renda.

    Tambm importante observar que como consequncia da continuidade e da

    consolidao do crescimento da classe mdia, ser fundamental aumentar a oferta de

    mecanismos que permitam que o contingente de novos consumidores tenha acesso a

    servios nanceiros mais sosticados de alocao de poupana de longo prazo. Diversos

    produtos do setor de Seguros Gerais, Previdncia Privada e Vida, Sade Suplementar e

    Capitalizao j contribuem para a maior proteo social dos brasileiros que vm ascen-

    dendo socialmente.

    No Brasil, na ultima dcada, a ascenso social de uma parcela signicativa

    da populao, como indicado anteriormente, proporcionou o acesso ao crdito por

    meio das instituies nanceiras e demonstrou a capacidade desses brasileiros de

    assumir e manter compromissos. No entanto, so pessoas que, embora enfrentem

    riscos mltiplos, no contam com nenhuma proteo do seguro formal e conti-

    nuam administrando suas perdas por meio de poupana pessoal, emprstimos de

    emergncia e redes de proteo social, ferramentas que so incapazes de propor-

    cionar a proteo adequada.

    Como mostra a Figura 19 na quarta seo deste estudo, j na faixa dos 50 aos

    60 anos de idade os indivduos tendem a ser decitrios em termos de tributao

    lquida em sua relao com o governo. Segundo as projees populacionais ociais,

    em 2014 as pessoas com mais de 50 anos somam 43,9 milhes, o que representa

    22% da populao. Em apenas dez anos, o crescimento desse grupo etrio deve ser

    de 35%, chegando aos 60 milhes, ou 27% da populao projetada para 2024. Os

    riscos scais do envelhecimento populacional so, assim, evidentes e prximos.

    Diversos produtos do setor de Seguros Gerais,

    Previdncia Privada e Vida, Sade Suplementar eCapitalizao j contribuem para a maior proteo

    social dos brasileiros que vm ascendendo socialmente.

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    Fonte: IBGE. Elaborao Prpria

    Variao das TFTs,segundo faixa de renda

    2000 - 2010

    Outras transformaes sociodemogrcas, como a contnua reduo

    do tamanho dos domiclios e a queda da fecundidade (reduo do nmero

    de lhos por mulher) impactam de maneira profunda as decises econmicas

    que, aliadas s mudanas de perl de renda e de idade da populao quetratamos neste estudo, podem ser ainda mais fortes como se pode observar

    na Tabela 3. A fecundidade tem cado mais entre as mulheres de baixa renda,

    apesar de ainda serem as que apresentam os maiores regimes de fecundi-

    dade. Isso sugere que, entre as famlias de renda mais baixa, pode haver uma

    propulso da renda familiar adicional devido diminuio do nmero de

    lhos por mulher, algo que no plenamente captado nesse tipo de projeo.

    Entretanto, h quem acredite que essa taxa pode cair mais, para nveis

    abaixo dos 1,5 lhos por mulher. Com taxas to baixas, dcimos na taxa

    podem fazer toda diferena quando se fala da reposio geracional da popu-

    lao. Assim, h probabilidade no desprezvel de que a populao brasileira

    Fonte: IBGE Censos Demogrficos

    Taxa de Fecundidade Total - Pelo Rendimento Mensal Domiciliar per capita

    2000 2010 Variao

    1020 1.17 1.11 -5.1%

    Total 2.35 1.90 -19.1%

    3

    O BRASILNAPRXIMADCADA68

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    Nmero Mdio deMoradores por Domiclio

    decresa em tamanho absoluto j em algum momento da dcada de 2030,

    ainda que, no cenrio mdio das projees do IBGE, isso s deve ocorrer entre

    as dcadas de 2040 e 2050.

    Ainda possvel destacar que tem cado fortemente tambm o nmerode moradores por domiclio, vide Figura 24. Trata-se de uma varivel pouco

    discutida, mas que fundamental na determinao de decises econmicas

    das famlias e que merece ser analisada em mais detalhes.

    Uma anlise dos dados na POF (Pesquisa de Oramentos Familiares do

    IBGE) mostra que quando os patamares estabelecidos no critrio de classe

    mdia especialmente a alta so atingidos, determinados bens e servios

    passam a ser demandados com mais intensidade. So eles a habitao, higiene

    pessoal e limpeza, sade, educao e cultura e os servios nanceiros. Nestes

    ltimos certamente se incluem diversos produtos e servios relacionados aos

    Seguros Gerais, Previdncia Privada e Vida, Sade Suplementar e Capitalizao.

    Fonte: IBGE PNAD

    3

    3.2

    3.1

    3.3

    3.4

    3.5

    3.6

    3.7

    2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

    24

    69ASPROJEES

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    7Concluso

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    AS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELO SETORde Seguros Gerais, Previdncia

    Privada e Vida, Sade Suplementar e Capitalizao apresentam uma forte con-

    tribuio para o desenvolvimento socioeconmico de nossa economia. E estaanlise sobre o crescimento, a renda e as mudanas demogrcas que podem

    ocorrer no Brasil ao longo da prxima dcada, reforam trs pontos relevantes

    sobre o papel do setor.

    O primeiro a considervel contribuio do setor para o processo de

    modernizao econmica e para a educao nanceira da nova classe mdia,

    que, aps aprender a gerenciar o crdito, dever buscar a poupana de longo

    prazo. A relevncia do setor adquiriu mais peso, sobretudo, depois que os

    benefcios de uma estabilizao da economia brasileira vieram a gerar frutos

    de maior organizao econmica e social e o aumento da renda criou uma

    demanda por poupana de longo prazo que deve ser atendida.

    O segundo o papel crescente do setor como direcionador de uma

    parte dos uxos de poupana privada para aplicaes de longo prazo. Alm

    de ser um fator complementar ao primeiro ponto, ganha ainda mais impor-

    tncia em um perodo em que preciso criar fontes de nanciamento do

    investimento, ao mesmo tempo em que os recursos externos sero menores e

    o governo continuar com pouco espao scal para prov-lo.

    Finalmente, necessrio considerar a funo social do setor, que com-

    plementa o Estado em sua funo de prover as obrigaes de seguridade

    social, sade e previdncia, permitindo reduzir as presses sobre o oramento

    da Unio, cujos gastos, como observado neste estudo, tendem a aumentar

    com as mudanas demogrcas que estaro, ao longo dos prximos anos,

    cada vez mais evidentes.

    Diante desse cenrio, importante destacar que tratamos neste tra-

    balho de uma transformao social que produto de duas mudanas estru-

    turais distintas, mas que acontecem concomitantemente: a da estrutura etria

    da populao e a da distribuio da renda. Os dois efeitos combinados inte-

    ragiro nos prximos anos, determinando a demanda e a produo da eco-

    nomia brasileira para alm das utuaes conjunturais.

    O BRASILNAPRXIMADCADA72

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    O texto foi elaborado por Monica Baumgarten de Bolle,

    Pedro Henrique Simes e Luiz Roberto Cunha.

    Diante desse cenrio, importante

    destacar que tratamos neste trabalho de

    uma transformao social que produto

    de duas mudanas estruturais distintas,

    mas que acontecem concomitantemente:

    a da estrutura etria da populao e a da

    distribuio da renda.

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    Projeto grfico

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