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7/25/2019 CNSeg - O Brasil Na Proxima Decada - Completo 2015
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u
mrio
Introduo
Pgina 04
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Uma BreveComparaoInternacional:Onde Estamose para OndePodemos Ir?
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A Demografia
EconmicaPgina 20
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7Concluso
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5Cenrio eMetodologiapara a Projeoda Composio
da PopulaoBrasileira porClasses deRenda
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6As Projees
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4OsDividendosDemogrficose o Brasil
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Introduo 1
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Demographics is the single
most important factor that
nobody pays attention to, and
when they do pay attention,
they miss the point!
Demografia o fator singularmais importante que nunca levamos
em considerao e quando ofazemos perdemos o ponto!
Peter Drucker
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ESTE ESTUDO TEM COMO OBJETIVO apresentar um panorama econmico do
Brasil nos prximos dez anos, com a base em 2014, sob a luz das mudanas demo-
grcas que j se encontram em curso no nosso Pas. O grande legado econmico
e social da primeira dcada do sculo XXI foi, indubitavelmente, a incluso social.Estimativas de analistas privados e do governo do conta de que pelo menos
30 milhes de pessoas ascenderam ao que tem sido denominado de nova
classe mdia brasileira na dcada passada. Mas importante questionar o quo
permanentes so essas mudanas. Trata-se de um processo irreversvel? Como
podemos garantir que as famlias que passaram a desfrutar de melhores padres
de consumo no retrocedam e, mais importante, que avancem ainda mais, no
apenas no consumo, mas tambm em outras garantias de uma vida denitiva-
mente melhor?Com a incluso social, a desigualdade de renda caiu muito no
Pas, mas permanece muito alta. preciso avanar ainda mais.
O aumento da renda associado melhoria nos termos de troca do comrcio
internacional, o forte processo de formalizao da mo-de-obra e o maior acesso
ao crdito ampliaram o poder de compra e as possibilidades de consumo dos
brasileiros. Esse processo auspicioso, apoiado num quadro externo ainda favo-
rvel, a despeito da crise de 2008, incitou uma elevao do investimento privado,
o que permitiu que a economia brasileira gozasse de taxas de crescimento rela-
tivamente altas entre 2003 e 2011. Entretanto, acumulam-se evidncias de que
os desequilbrios da economia brasileira e os gargalos estruturais que aigem
o Pas puseram um m a esse ciclo. A inao, o sintoma por excelncia desses
problemas, est mais resistente e disseminada, e o dcit em transaes cor-
rentes voltou a crescer. Enquanto isso, a economia parece estar empacada, evi-
denciando a piora nos termos do trade-offentre crescimento do Produto Interno
Bruto PIB e inao. Caminhamos para o quinto ano de crescimento baixo com
a variao do IPCA mais prxima ao teto da meta (6,5%) do que ao centro (4,5%).
At mesmo os dados relativos ao mercado de trabalho, que permaneceu em
bom estado nos ltimos anos, comeam a apresentar deteriorao na margem.
So muitos os desaos que se impem. Alm da continuidade e da
consolidao do processo de incluso social e reduo da desigualdade de
renda, vericvel na forte queda do coeciente de Gini (Figura 1), preciso
7INTRODUO
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Como podemos garantir que as famlias que
passaram a desfrutar de melhores padres de
consumo no retrocedam e, mais importante,
que avancem ainda mais, no apenas no
consumo, mas tambm em outras garantias
de uma vida definitivamente melhor?
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que haja sinalizao e ao coordenadas contra as ameaas que se colocam
manuteno da estabilidade macroeconmica, impedindo uma retomada
consistente do crescimento e retardando uma melhora do grau de competiti-
vidade da economia brasileira que impulsione a produtividade, resposta cadavez mais inescapvel para os dilemas que se apresentam ao nosso Pas.
Comeamos, na Segunda Seo, com algumas breves comparaes
internacionais que situam onde estamos hoje e onde poderemos estar dentro
de dez anos, baseados em comparaes de renda per capita, varivel chave
ainda que imperfeita quando o assunto bem-estar e desenvolvimento
econmico. Na Terceira Seo, introduzimos a Demograa Econmica e apre-
sentamos um quadro geral da transio demogrca e suas mais relevantes
consequncias. Na Quarta Seo, apresentamos o conceito dos Dividendos
Demogrcos, e mostramos como as mudanas populacionais que ocorrem
no Brasil e em todo mundo podem inuenciar a dinmica econmica nos pr-ximos anos. A Quinta Seo apresenta os pressupostos e as principais variveis
que utilizamos para traar um cenrio para a evoluo da renda sobre o qual
se baseia a projeo da composio da populao brasileira por classes de
renda que apresentamos na Sexta Seo. A Stima e ltima Seo encerra este
estudo com algumas concluses nais e com a exposio de outros fatores
importantes que podem ser considerados em futuras anlises.
0.52
0.53
0.54
0.55
0.56
0.57
0.58
0.59
0.60
0.61
0.62
0.63
0.64
0.65
1981
1982
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2008
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2012
Brasil: Coeficiente de Gini
Fonte: IPEA Data
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Uma Breve ComparaoInternacional:
Onde Estamos e para
Onde Podemos Ir?
2
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O DESENVOLVIMENTO ECONMICO O MAIOR OBJETIVO dos governos
em todo mundo, ao longo de praticamente toda a histria. Trata-se de uma
noo ampla, ligada ao bem-estar das sociedades, e que inclui o crescimento
econmico, ainda que no se esgote nele. Podemos entender o crescimentoeconmico como crescimento de renda per capita, isto , a soma do valor de
tudo que um pas produz em determinado tempo sobre a populao naquele
mesmo perodo ( uma conveno utilizar a populao no meio do perodo
para obter essa razo). A partir de uma anlise histrica, possvel vericar que
o crescimento da renda uma condio necessria, mas seria suciente para
o desenvolvimento econmico? Observa-se que no, pois o desenvolvimento
econmico um conceito multifacetado, para o qual o crescimento da renda per
capita uma medida operacional robusta e signicativa, mas incompleta. Anal,
o desenvolvimento leva em conta tambm a distribuio dos ganhos do cres-
cimento e a transformao desses ganhos em qualidade de vida, medida pela
melhoria nos indicadores de educao e sade das populaes (RAY (1998)).
H, portanto, bons argumentos para que a associao direta entre
desenvolvimento econmico e crescimento da renda seja questionada.
Entretanto, ainda que existam casos extremos, como o do Buto (pequeno
pas asitico plantado no alto do Himalaia que utiliza como medida principal
de seu desempenho a Felicidade Interna Bruta1), o que se verica de maneira
geral uma correlao altssima entre o nvel da renda per capitae diversas
outras variveis associadas ao desenvolvimento socioeconmico, como a
reduo da mortalidade infantil, a expectativa de vida ao nascer, a taxa de
alfabetizao e o consumo de energia per capita.
Quando estamos tratando de comparaes internacionais, h duas medi-
das importantes para a renda per capita. Uma que simplesmente converte
1 Gross National Hapiness (GNH) que, segundo a denio ocial, mede a qualidade de umpas de uma maneira mais holstica [que o PIB] e acredita que o desenvolvimento benco dasociedade humana acontece quando desenvolvimento material e espiritual ocorrem paralela-mente, para que se complementem e reforcem (CBS (2012)).
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A partir de uma
anlise histrica,
possvel verificar que o
crescimento da renda
uma condio necessria,
mas seria suficientepara o desenvolvimento
econmico?
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o PIB real de cada pas em dlares pela taxa de cmbio nominal em cada
perodo; e outra que converte o PIB em dlares pela Paridade do Poder de
Compra PPC (mais conhecido pela sigla em ingls, PPP). A lgica desta
ltima simples: um dlar no tem o mesmo poder de compra em todos os
lugares, pois o custo de vida varia de pas para pas. Resumidamente, o PIB
per capitaem PPC mede a capacidade de consumo dos habitantes de um pas
internamente, enquanto a medida dada pela taxa de cmbio nominal mede
a capacidade de consumo no mercado internacional. O PIB real per capitaconsiste na diviso da renda em determinado ano (convertida em dlares
constantes) pela populao no meio deste mesmo ano. til quando se quer
inferir a importncia relativa de um pas na economia global, por exemplo.
Para o tipo de comparao que faremos aqui, entretanto, o PIB pela PPC
mais recomendado, pois temos como objetivo medir e comparar uma medida
de bem-estar, que est intimamente associado ao poder de compra de uma
populao. A Figura 2mostra a evoluo do PIB per capitabrasileiro pela PPC
desde 1980.
Vemos que o perodo marcado pela mobilidade social, com a ascenso
a classes mais altas de renda, foi tambm marcado por uma evoluo excep-
cionalmente positiva da renda per capita, evidenciado na maior inclinao da
curva entre 2003 e 2008. No entanto, notamos que desde a recuperao da
crise de 2008/09 a inclinao tem diminudo. Diante dessa rpida piora, o que
podemos esperar para a prxima dcada?
A renda per capita pela PPC no Brasil foi de aproximadamente
US$ 11,5 mil em 2013. Podemos observar que diferentes hipteses para o
crescimento potencial da economia nos levariam a lugares distintos em 10
anos, dadas as projees para o crescimento da populao e para a taxa de
cmbio. Com um crescimento de 1%, a renda per capitabrasileira chegaria a
US$ 12,7 mil no incio de 2024, renda equivalente renda per capitada Costa
Rica hoje. Um crescimento de 2% levaria a renda per capitabrasileira a aproxi-
madamente US$ 14 mil, renda equivalente renda per capitado Cazaquisto.
Dois vrgula cinco por cento de crescimento levariam a renda per capitabra-
sileira a US$ 14,7 mil em dez anos, renda equivalente renda per capitada
Bulgria hoje. Com um crescimento de 3%, hiptese bastante otimista (porque
implicaria em um crescimento do PIB potencial ao redor de 4%), a renda per
capitabrasileira chegaria a US$ 15,5 mil em dez anos, equivalente renda per
capitado Mxico hoje. J um crescimento mdio de 3,5% na prxima dcada,
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1995
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2000
2001
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2013
Em US$ correntes baseados na PPC
Fonte: FMI
PIBper capita| Projees2
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US$12,7 mil
US$14 mil
US$14,7 mil
US$15,5 mil
US$16,5 mil
1%
2%
2,5%
3%
3,5%
PIBper capita| Projees
hiptese muito improvvel, faria com que a renda per capitabrasileira che-
gasse perto dos US$ 16,5 mil, valor equivalente renda per capitaatual do
vizinho Uruguai. A Figura 3ilustra esses cenrios.
Podemos concluir do exerccio apresentado nesta seo que, mesmo com
uma hiptese extremamente otimista para evoluo do PIB potencial e da renda
per capita, muito pouco provvel que at 2024 possamos dar algum salto de
crescimento que nos tire denitivamente do que conhecido como armadilha
da renda mdia. Enquanto os pases se beneciam do impulso da urbanizao
e da transio demogrca (que trataremos em detalhes na Prxima Seo), o
potencial de crescimento maior. Da para frente, crescer tarefa mais complexa.
A realidade tem mostrado que mais fcil uma nao deixar um nvel de renda
baixa para o de renda mdia do que sair da renda mdia e ingressar, denitiva-
mente, no grupo dos pases desenvolvidos. Tampouco permanecer nesse grupo
tem sido fcil: pases como Portugal, Grcia e Itlia esto literalmente encolhendo,
demogrca e economicamente. Arriscam fazer o caminho contrrio, de tran-
sio da renda alta para a renda mdia.
Muitos analistas consideram que o crescimento potencial da economia
brasileira reduziu-se signicativamente nos ltimos anos (ver, por exemplo,
BOLLE e SIMES (2013)). Ainda que esse quadro possa ser alterado com
Fonte: FMI. Elaborao Prpria
Projeo em US$ at 2024Crescimento
Em US$ correntes baseados na PPC
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O investimento privado deve ser
promovido, e o governo precisa
tambm investir para melhorar
a infraestrutura do Pas.
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Nossa taxa de poupana interna, que inclui a poupana
privada (famlias e empresas) e pblica, muito baixa,
estando abaixo dos 14%.
uma renovao da agenda de reformas, acreditamos que a probabilidade
de que a estrutura produtiva do Pas melhore signicativamente ou que o
crescimento mundial volte a impulsionar a economia nacional, como fez na
dcada passada, pequena. Assim, nosso cenrio contempla um crescimentopotencial de 2% a 3%, o que nos colocaria na trajetria de crescimento da
renda per capitade 1% a 2% anuais a partir de 2014.
tambm importante dizer que um desempenho melhor do que esse
teria de passar, necessariamente, por um aumento signicativo da taxa de inves-
timento da economia brasileira. O investimento privado deve ser promovido,
e o governo precisa tambm investir para melhorar a infraestrutura do Pas.
Entretanto, a expanso dos investimentos deve acontecer de maneira criteriosa,
baseada em planejamento srio e nanciada de maneira correta2. Nossa taxa de
poupana interna, que inclui a poupana privada (famlias e empresas) e pblica,
muito baixa, estando abaixo dos 14%,como indicado na Figura 4.Num Pas como o nosso, que poupa to pouco, incrementos no investi-
mento teriam de ser nanciados com poupana externa, ou seja, com dcits
maiores nas transaes correntes, o que pode se revelar insustentvel. Mas,
alm de aumentar o volume de investimentos, preciso melhorar a ecincia
do nosso gasto pblico. Anal, de uma perspectiva internacional, o Brasil no
investe pouco em algumas reas fundamentais, como exemplica a Figura 5
para o caso da educao.
Com mais ecincia nos gastos, seria possvel abrir espao no oramento
do governo para aumentar os investimentos sem que as nanas pblicas
sejam ainda mais pressionadas, ou que seja necessrio aumentar a elevada
carga tributria. S assim ser possvel alterar um padro, recorrente na con-
duo da poltica econmica brasileira em todas as administraes recentes,
que o de eleger justamente o investimento como item da despesa pblica a
sofrer quando o governo tem que fazer um ajuste scal mais rigoroso.
2 Em um estudo do Fundo Monetrio Internacional (WARNER (2014)), encontrada pouca evi-dncia associando grandes incrementos de investimento pblico ao crescimento do PIB. Se-gundo o autor, na maioria das vezes, esses ciclos de investimento so nanciados com a emis-so de dvida e embasados em estudos tcnicos pobres, o que mitigaria os possveis efeitosbencos da expanso do investimento.
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Gasto Pblico com Educao
Fonte: Banco Mundial
15.0%
18.1%
10.5%
9.5%
14.3%
11.2%
13.3%
14.6%13.5%
17.5%
19.4%
12.7%
Como % dos gastos totais do governo
MdiaMundial
13.5%
5
Poupana Investimento
Brasil: Relao entre Investimentose Poupana | Interna + Externa
4
Em % do PIB
Fonte: IBGE
Mar/2004
Mar/2005
Mar/2006
Mar/2007
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Mar/2009
Mar/2010
Mar/2011
Mar/2012
Mar/2013
Mar/2014
Jun/2004
Jun/2005
Jun/2006
Jun/2007
Jun/2008
Jun/2009
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Jun/2013
Set/2004
Set/2005
Set/2006
Set/2007
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Dez/2004
Dez/2005
Dez/2006
Dez/2007
Dez/2008
Dez/2009
Dez/2010
Dez/2011
Dez/2012
Dez/2013
13,40 %
14,89 %
14,14 %
15,64 %
17,13 %
18,62 %
20,11 %
16,38 %
17,87 %
19,36 %
20,85 %
%
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A Demografia Econmica 3
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EM TODO O MUNDO,as pessoas vivem cada vez mais e tm cada vez menos
lhos. A populao mundial est envelhecendo, e no h precedentes que nos
possam guiar diante dessa mudana provavelmente denitiva. Estamos,globalmente, entrando em terreno desconhecido. A nica certeza que as
profundas mudanas demogrcas que se desdobraro ao longo deste sculo
tero impacto relevante nas sociedades e nas economias. So mudanas estru-
turais, que alteraro a maneira com que produzimos, consumimos, poupamos
e distribumos a renda gerada. Para analisar melhor essas mudanas, funda-
mental entender melhor o conceito de transio demogrca3.
Iniciada h sculos na Europa Ocidental, a transio demogrca um
dos fatos sociais mais importantes de todos os tempos, e avana em prati-
camente todo o mundo, em diferentes estgios. um fenmeno nico, que
se desenvolve em interao com o processo de desenvolvimento econ-
mico. Suas consequncias so inequvocas. Resumidamente, podemos dizer
que a transio demogrca a passagem de altas para baixas taxas de mor-
talidade e natalidade (respectivamente, nmero de mortes e de nascimentos
a cada mil habitantes de uma regio por ano). Ela comea pela diminuio
das taxas de mortalidade, e s depois de um determinado perodo que
varia de pas a pas se d incio reduo das taxas de natalidade. Durante
a maior parte da histria humana, as taxas de fecundidade (nmero mdio
de lhos por mulher) eram altas para compensar as tambm altas taxas de
mortalidade. Porm, as taxas de mortalidade adulta e infantil comearam a
cair com a melhoria das condies de alimentao, o avano nos conheci-
mentos mdicos e a melhoria nas condies sanitrias. A Figura 6 apresenta
um esquema estilizado desse processo.
3 Tambm chamada de primeira transio demogrca (PTD) para diferenci-la das menos con-sensuais segunda e terceira transies demogrcas (ALVES e CAVENAGHI (2008) fazem umainteressante reexo sobre o desenvolvimento econmico e sua relao com os trs conceitosde transio demogrca).
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Fonte: Elaborao Prpria
A Transio DemogrficaEsquematizada
Tempo
Tempo
CrescimentoPopulacional
Natalidade eMortalidade
Natalidade Mortalidade Crescimento natural
FASE I FASE II FASE III
Transio Demogrca
6
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Devido a esse desencontro temporal entre a queda da mortalidade e
da natalidade, h uma acelerao no crescimento da populao durante certo
perodo, representado pela fase dois do esquema Figura 6. Porm, em algum
momento, a queda das taxas de natalidade se acelera, e o ritmo do cresci-
mento vegetativo da populao se reduz. Em fase mais avanada da transio,
as duas curvas se encontram ou se aproximam, e o crescimento vegetativo se
interrompe ou ca muito reduzido para, em seguida, iniciar-se um perodo de
estabilidade ou suave decrescimento da populao (ALVES (2014)).
Uma das consequncias mais marcantes desse processo a alterao da
estrutura etria da populao, que passa a ter menos crianas, aumentando,em primeiro lugar, o nmero de adultos e, em um perodo posterior, o nmero
de idosos, j que a expectativa de vida tambm aumenta como consequncia
da queda nas taxa de mortalidade. A elevao da expectativa de vida uma
enorme conquista da humanidade, fruto dos progressos econmicos e cient-
cos. Espera-se que tais avanos continuaro por perodo prolongado. cada
vez maior o nmero de centenrios entre ns, e muitos especialistas acreditam
que a expectativa mdia de vida de crianas nascidas em pases com elevado
desenvolvimento humano pode superar os cem anos em algumas dcadas.
A demograa, dependendo de como nos posicionarmos e nos preparamos
para as grandes mudanas que j esto em curso, se apresenta como um
grande desao, ou tambm como uma oportunidade, especialmente nos seg-
mentos de Previdncia Privada e Sade Suplementar.
A demografia, dependendo de como nos
posicionarmos e nos preparamos para as grandes
mudanas que j esto em curso, se apresenta
como um grande desafio, ou tambm como uma
oportunidade, especialmente nos segmentos de
Previdncia Privada e Sade Suplementar.
25A DEMOGRAFIAECONMICA
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Geralmente, a abordagem da demograa nas anlises econmicas se limita
aos impactos do envelhecimento populacional na sustentabilidade dos sistemas
previdencirios, sendo, portanto, natural que sejam esses os primeiros temas a
vir tona. Anal, o sistema de previdncia pblica de diversos pases, inclusivedo Brasil, faz uso das contribuies do pessoal na ativa em determinado perodo
scal para bancar os benefcios dos aposentados no mesmo perodo, numa
estrutura previdenciria conhecida como modelo de repartio simples. Desta
forma, o benefcio recebido est desvinculado do valor capitalizado ao longo do
perodo de contribuio por um determinado contribuinte. A proporo entre
contribuintes e benecirios (tambm chamada de razo de suporte), portanto,
est diretamente relacionada capacidade de nanciamento desses sistemas.
No caso brasileiro, interessante notar que a extenso da cober-
tura dos benefcios, principalmente aps a Constituio de 1988, para pes-
soas com pouca ou nenhuma capacidade contributiva, se deu em momentodemogracamente muito favorvel, em que nmero de adultos potenciais
contribuintes era muito superior ao nmero de idosos (ver BUGARIN e
MAGALHES (2011)). O carter transitrio da elevada razo de suporte que
tornou mais fcil a ampliao da cobertura previdenciria foi sumariamente
ignorado, mas as consequncias j comeam a aparecer.
Os impactos da transio demogrca na economia, entretanto, vo
muito alm da ameaa aos sistemas de previdncia de repartio simples. O
mercado nanceiro, por exemplo, sente alguns dos efeitos das mudanas da
composio etria da populao por meio das diferenas na quantidade e no
tipo de ativos demandados pelas pessoas. Pessoas mais jovens, mesmo aquelas
j em idade ativa4, tendem a gastar a maior parte do que ganham. em idade
mais avanadas, a partir dos 30 ou at dos 40 anos, que os indivduos tendem a
poupar uma poro maior de sua renda, acumulando ativos em um ritmo maior
para aposentadoria e aumentando sua riqueza. A partir dos 65, entretanto, a
tendncia que se poupe menos e que os indivduos comecem a viver do ren -
dimento ou mesmo da venda dos ativos que acumularam ao longo da vida
ativa5. H, por exemplo, diversos estudos que associam o aumento no preo
das aes americanas na dcada de 1990 ao crescimento na proporo de pes-
soas em idade ativa avanada na populao, resultado do amadurecimento da
4 Faixa etria em que, espera-se, um indivduo esteja apto a se dedicar s atividades produtivas. Emestudos demogrcos, geralmente denida como a faixa de idade que vai dos 15 aos 65 anos.Algumas vezes, entretanto, utilizada a faixa de 10 aos 65 anos. H ainda trabalhos que determi-nam o comeo da idade ativa aos 20 anos, tendncia mais recente, porm menos disseminada.
5 Tal comportamento da poupana como proporo da renda ao longo da vida dos indivduos, de certa forma, compatvel com a Teoria do Ciclo da Vida desenvolvida, ainda no comeo dadcada de 1960, pelo economista Franco Modigliani, Nobel de Economia em 1985, segundoa qual a propenso marginal a poupar e o estoque acumulado de riqueza tm seu auge nosanos que antecedem a sada do mercado de trabalho (ver ANDO e MODIGLIANI (1963)).
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gerao dos baby boomers(pessoas nascidas nos anos que se seguiram ao m
da Segunda Guerra Mundial, quando houve forte aumento da natalidade nos
Estados Unidos e na Europa).
Tambm, ao analisarmos os movimentos internacionais de capital,estudos indicam que a dinmica das taxas de juros domsticas e interna -
cionais e o balano global das contas correntes podem sofrer impacto das
mudanas demogrcas globais em curso. Os efeitos da diferena no timing
dessas mudanas entre os pases desenvolvidos e em desenvolvimento tema
de pesquisa antigo, tendo sido modelados por METZLER (1960). Se o enve-
lhecimento populacional nos pases desenvolvidos provocar uma reduo
da poupana agregada para qualquer nvel de taxa de juros nesses pases
enquanto a poupana dos pases emergentes aumentar como resultado do
amadurecimento populacional e aproximao de uma grande massa de traba-
lhadores da idade de aposentadoria, isso certamente teria um impacto sobrea taxa de juros globais. A intensidade e o sentido desse impacto dependeriam
do tamanho relativo entre a reduo da poupana nos pases desenvolvidos e
o aumento da poupana nos pases em desenvolvimento.
De uma maneira geral, os estudos tericos e empricos sobre os impactos
da dinmica demogrca nos mercados nanceiros e o preo de ativos indicam
que eles existem e podem ser signicativos. Entretanto, a direo e a inten-
sidade so de difcil estimao. De qualquer forma, a concluso da maioria
Investimentos em Gastos Associados
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dos estudos que as chances de alguma crise nanceira mais sria e abrupta
ocorrer por razes exclusivamente demogrcas so pequenas.
Nesta anlise, importante observar, quando examinamos os impactos
das mudanas demogrcas sobre o setor de Seguros Gerais, PrevidnciaPrivada e Vida, Sade Suplementar e Capitalizao no Brasil, que alguns dos
efeitos mais importantes se do no apenas sobre o montante que consu-
mido, mas tambm sobre o que mais ou menos consumido. Verica-se que
os padres de consumo tendem a mudar drasticamente com a idade, tanto
pelo efeito da renda, que tende a ser maior nos perodos mais avanados da
idade ativa, quanto pela variao, ao longo da vida, das necessidades e inte-
resses individuais.
Por exemplo, natural que se espere, em qualquer lugar, que a educao
ocupe uma parcela maior dos gastos associados s pessoas mais novas, enquanto
os cuidados com sade e alimentao aumentem nas idades mais avanadas. Parao caso do Brasil, os estudos realizados indicam a existncia de um padro etrio
dos gastos. CARVALHO (2008) mostra, para o caso dos domiclios de arranjo uni -
pessoal (cada vez mais comuns no Pas, como veremos a seguir), que a parcela
da renda gasta com alimentao muda pouco com a idade. Habitao e sade
tendem a ocupar maior parcela do oramento domstico conforme as pessoas
envelhecem, enquanto transporte, vesturio e educao tendem a ter sua partici-
pao nos gastos totais reduzida nas idades mais avanadas.
29A DEMOGRAFIAECONMICA
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Os DividendosDemogrficos e o Brasil 4
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O Ciclo Econmico da Vida
APRESENTAMOS DIVERSOS IMPACTOS que as mudanas causadas pelo
avano da transio demogrca podem causar na economia. Entretanto, o
mais relevante deles se d no que diz respeito relao entre o quanto cada
indivduo produz e consome em cada idade e a estrutura etria da populaocomo um todo. Para entender essa interao, necessrio nos aprofundarmos
na ideia do ciclo econmico de vida.
A hiptese do ciclo econmico da vida parte do pressuposto, bas-
tante razovel, de que os indivduos tm, ao longo da vida, dois perodos de
dependncia econmica, marcados pelo excesso de consumo em relao
renda gerada por este mesmo indivduo com seu trabalho. A Figura 7 exibe o
esquema proposto por esta hiptese.
O primeiro perodo de dependncia acontece na infncia e na juven-
tude. Crianas e jovens produzem pouco ou nada, seja por incapacidade ou,
como prefervel, por estarem se preparando para vida adulta. Mas tambmso consumidores, precisam se alimentar, de moradia, estudar e se vestir. Isso
signica que esse grupo depende de outro para receber os recursos neces-
srios a sua sobrevivncia. O segundo perodo de dependncia acontece na
velhice. comum que, por inmeras razes sendo a debilidade fsica a
principal delas as pessoas deixem de trabalhar nas idades mais avanadas.
Fonte: Elaborao Prpria
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nConsumo
nRenda de Trabalho
Idade
Consumo e Renda por Pessoa
7
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O Ciclo Econmico da Vida
Fonte: Elaborao Prpria
0 20 40 60 80
nConsumo
nRenda de Trabalho
Idade
Consumo e Renda por Pessoa
Famlia, Estado, MercadoFamlia, Estado, Mercado
Fluxos Intergeracionais
Ao fazerem isso, voltam a ser dependentes, pois precisam de transferncias de
recursos para sua sobrevivncia at o dia em que vierem a falecer.
Fica claro assim que os indivduos que esto em um dos dois perodos
de dependncia precisam receber recursos para se sustentarem. Deve, por-tanto, haver uxos de recursos entre diferentes geraes. A Figura 8 ilustra
esses uxos.
As decises econmicas individuais so fortemente inuenciadas por
esses uxos, e tm efeitos agregados relevantes. Eles devem ir das idades em
que h excedente de renda para aquelas em que existe necessidade, e podem
ser realizadas basicamente por trs agentes: as famlias, o Estado e os mer-
cados. Nas famlias as transferncias acontecem, basicamente, nos domiclios, e
esto relacionados a fatores diversos, como a chea do domiclio, a presena de
um ou dois provedores, a relao entre aposentados e pessoas em idade ativa,
entre outros. O Estado transfere esses recursos de diversas maneiras, por meiodas complexas relaes que mantm com a sociedade, por intermdio dos
impostos cobrados, subsdios concedidos, servios pblicos prestados, benef-
cios pagos e outras formas de transferncias sociais (o impacto das transfern-
cias lquidas entre o governo e a sociedade por grupo etrio sero mais bem
explorados quando tratarmos a seguir dos riscos scais do envelhecimento).
8
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Os mercados fazem estas transferncias via rendimento das aplicaes nan-
ceiras, pagamento de dividendos e, no caso do setor de seguros e previdncia,
por meio dos pagamentos de indenizaes, resgates parciais e totais de
recursos alocados em planos de seguros de pessoas, de previdncia comple-mentar, de sade suplementar e benefcios e resgates ou sorteios de ttulos
de capitalizao, que tem apresentado um crescimento expressivo nos ltimos
anos, acompanhando o desenvolvimento socioeconmico do Pas.
Do ciclo econmico da vida derivamos outro importante conceito: o de
consumidores e produtores efetivos. Como visto na Figura 8, cada idade corres-
ponde a uma determinada capacidade de produo lquida por parte dos indi-
vduos. Aqueles em perodo de dependncia produzem pouco ou nada, so,
em maior parte, consumidores lquidos. O inverso acontece com as pessoas
em idade ativa, o que faz deles produtores lquidos. Em um dado momento,
a estrutura etria da populao combinada ao ciclo econmico de vida dessamesma populao nos dar o nmero de consumidores e produtores efetivos
nessa populao. As equaes6abaixo explicitam essa relao. Denimos C(t)
e P(t) como o valor que reete, respectivamente, o nmero efetivo de consu -
midores e de produtores em uma populao no perodo t.
Nas equaes acima, P(i, t) a populao com a idade i no perodo t. A
funo (i) descreve o consumo individual padro e (i) a funo que descreve a
produo individual padro dessa populao, ambas em funo da idade. A renda
por consumidor efetivo no perodo t, R(t), pode ser expressa pela equao a seguir:
6 A formalizao da relao entre o ciclo econmico da vida e a estrutura etria das populaesteve grande contribuio de trabalhos dos pesquisadores Andrew Mason, da Universidade doHava, e Robert Lee, da Universidade da Califrnia em Berkeley. Alguns exemplos so LEE eMASON (2004)e MASON (2005).
Consumidores(t) = Consumo Individual Padro x Populao(idade, tempo)da
Produtores(t) = Produo Individual Padro x Populao(idade, tempo)da
Renda(t)/Consumidor(t) = Produtores(t)/Consumidores(t) x Renda(t)/Produtores (t)
C (t) = (i) x P (i,t) da
P (t) = (i) x P (i,t) da
R (t) = P (t) x R (t)
C(t) C(t) P(t)
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E o Brasil? Onde se
encontra nesse contexto
de profundas mudanas
demogrficas?
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Note que a renda por consumidor efetivo produto da razo entre pro-
dutores e consumidores efetivos e a renda por produtor efetivo. Uma razo de
suporte que tivesse o nmero de trabalhadores no numerador e a populao
total no denominador seria uma boa aproximao. Esta medida , inclusive, uti-
lizada em diversos estudos economtricos que tm como objetivo mensurar os
impactos da dinmica demogrca na economia7. Entretanto, quando falamos
do impacto das mudanas demogrcas na economia, a noo de consumidores
e produtores efetivos se apresenta como mais adequada, pois trabalhadores
produzem mais ou menos em diferentes etapas de sua idade ativa, assim como
o padro e o montante de recursos que so consumidos varia ao longo dos anos.
dessa interao entre a estrutura etria da populao e o ciclo eco-
nmico da vida que emerge o primeiro dividendo demogrco. Obtendo as
taxas de crescimento das componentes da terceira equao apresentada ante-
riormente, podemos ver que o crescimento da renda por consumidor efetivo ,
aproximadamente, resultado da soma do crescimento da razo entre produtores
e consumidores efetivos com o produto por trabalhador. Ou seja, tendem a ser
mais propcios a incrementos na renda per capita, os momentos em que o cres-
cimento do nmero de produtores efetivos maior do que o crescimento do
nmero de consumidores efetivos.
7 Ver, por exemplo, MENDES (2013).
Quando falamos do impacto das mudanas demogrficas
na economia, a noo de consumidores e produtores efetivos
se apresenta como mais adequada, pois trabalhadores
produzem mais ou menos em diferentes etapas de sua
idade ativa, assim como o padro e o montante de recursos
que so consumidos varia ao longo dos anos.
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Com a queda da
fecundidade, muitas
mulheres que antes se
dedicariam ao trabalho
reprodutivo se juntam
fora de trabalho,
ampliando ainda maisa oferta deste fator de
produo na economia.
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Quando a estrutura etria populacional se altera como efeito do avano
da transio demogrca, a composio da populao por consumidores e pro-
dutores efetivos tambm se altera. A queda nas taxas de fecundidade reduz a
taxa de dependncia8
de crianas e jovens. Concomitantemente, aqueles quenasceram na onda de exploso demogrca resultante da combinao de nata-
lidade ainda alta com mortalidade em queda atingem o auge de sua idade
ativa. Com a queda da fecundidade, muitas mulheres que antes se dedicariam
ao trabalho reprodutivo9se juntam fora de trabalho, ampliando ainda mais a
oferta deste fator de produo na economia. Dessa maneira, o perodo em que
prevalece o primeiro dividendo, chamado de janela de oportunidade pelos
economistas, muito especial. Uma situao nica, pela qual os pases passam
somente uma vez no curso de sua histria. Trata-se, portanto, de uma oportu-
nidade temporria, pois, quando esse grande nmero de trabalhadores chega
velhice, a dependncia volta a subir, j que eles deixam de produzir e passama depender mais de transferncias, no caso brasileiro, especialmente do Estado.
A taxa de dependncia de crianas e idosos , geralmente, uma apro-
ximao satisfatria para a razo entre produtores e consumidores efe-
tivos, ainda que estimativas mais detalhadas e precisas do ciclo econmico
da vida revelem alguns fatos que a simplicao das taxas de dependncia
pode ocultar. Para os EUA, por exemplo, as idades que marcam os perodos
de dependncia foram estimadas como sendo 24 anos para a transio da
dependncia juvenil para a produo lquida e 57 anos para a transio da
produo para a dependncia senil (MASON (2005)).
J o segundo dividendo demogrco se instalaria em uma fase mais
avanada da transio demogrca, e teria carter mais perene que o primeiro
dividendo. Est associado a condies favorveis criadas no ambiente de uma
populao mais envelhecida com alto acmulo de poupana e capital humano.
Como j expusemos na seo anterior, a acumulao de poupana tende a
crescer conforme avana a idade ativa dos indivduos. A poupana acumulada
chega ao auge s vsperas da aposentadoria, geralmente na faixa dos 50 aos 70
anos de idade. Quando a proporo dessas pessoas na populao aumenta, se
elas de fato tiverem poupado como precauo devido maior expectativa de
vida, haver mais capital por trabalhador efetivo, estimulando o investimento, a
produtividade e o crescimento da economia. Assim, esse efeito ser to maior
8 Taxa de dependncia a razo entre dependentes e no dependentes. Pode ser calculadapara crianas e jovens (geralmente menores de 15 anos) e idosos (geralmente acima de 65anos) ou para cada tipo de dependncia separadamente.
9 O trabalho reprodutivo de carter privado e familiar em distino daquele consideradoprodutivo de carter pblico e prossional , relaciona-se aos cuidados com as crianas,idosos e doentes e aos servios domsticos que, apesar de prestados sem que haja remunera-o monetria como contrapartida, tm valor econmico reconhecido.
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quanto forem estimulados os indivduos a poupar ao longo da vida, um papel
onde relevante a atuao do mercado segurador.
A queda da fecundidade tambm pode proporcionar um aumento do
investimento em capital humano per capita, tanto na esfera familiar quanto napblica, j que h menos competio pelos recursos destinados educao
e manuteno da sade. Dessa maneira, o segundo dividendo demogr -
co est diretamente relacionado ao primeiro, ao transformar os impactos
momentneos deste em ativos maiores, melhores e mais durveis. Pode ser
entendido como o crescimento do segundo fator do lado direito da terceira
equao apresentada anteriormente, o produto por trabalhador (j que o pro-
duto pode ser descrito com uma funo do capital), isto , tem muito a ver
com a produtividade.
Em pouco mais de 50 anos, a mortalidade infantil
um dos indicadores mais importantes e reveladores das
condies de vida de uma populao caiu cerca de 90%.
Infelizmente, os benefcios que podem surgir dos dividendos demogr-
cos no so automticos. Dependem da fora das instituies e de polticas
capazes de aproveitar a estrutura etria da populao para impulsionar o cres -
cimento econmico. fundamental que haja oportunidades no mercado de
trabalho para uma crescente populao em idade ativa. Mais importante ainda
que essa populao seja bem formada, e esteja apta a absorver habilidades
que impulsionem sua produtividade. Outro fator fundamental e que merece
continuada ateno a importncia da existncia de um mercado nanceiro
desenvolvido, capaz de captar e alocar com ecincia a poupana desses tra-
balhadores, o que pode ser estimulado cada vez mais pelo mercado segurador.
Disso dependero, em grande parte, os benefcios do segundo dividendo demo-
grco. fundamental tambm que ao aumento da expectativa de vida esteja
tambm associado um salto na qualidade da vida, de modo que as pessoas no
apenas vivam mais, mas possam tambm ser produtivas por mais tempo.
E o Brasil? Onde se encontra nesse contexto de profundas mudanas demo-
grcas? Em nosso Pas, a primeira etapa da transio demogrca, a transio
da mortalidade, teve incio aps a Segunda Guerra Mundial. Em pouco mais de
50 anos, a mortalidade infantil um dos indicadores mais importantes e reve-
ladores das condies de vida de uma populao caiu cerca de 90%. Cerca
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de 20 anos depois, teve incio a transio da fecundidade. Entre ns da dcada
de 1960 e incio da dcada de 1970, a taxa de fecundidade total10das mulheres
brasileiras caiu de patamares de mais de seis lhos por mulher para 5,8. Desde
ento, experimentamos uma queda fortssima at chegarmos aos patamaresabaixo de dois lhos por mulher que vigoram hoje, ainda que persistam acen-
tuadas discrepncias regionais e socioeconmicas (Figura 9). Vale mencionar
que a fecundidade no Brasil tem diminudo na ausncia de medidas coercitivas
do governo, como ocorre, por exemplo, na China, onde a taxa de fecundidade
caiu para 1,5 lhos por mulher devido a uma legislao inaceitvel em um pas
democrtico. Ao longo desse perodo, a expectativa de vida ao nascer subiu de
50 para mais de 70 anos idade.
10 A taxa de fecundidade total (TFT) representa o nmero esperado de lhos de uma mulher aom de sua idade reprodutiva, se ela estiver sujeita aos padres de fecundidade correntes.
Fonte: IBGE Censos Demogrficos
Taxa de Fecundidade Total | TFT
2
1
0
3
4
5
6
7
1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000 2010
Brasil 1940 a 2010
1.9
2.4
2.9
4.4
5.8
6.36.26.2
NmeroMdiodeFilhosporMulher(TFT)
9
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Como ocorre em qualquer regio que passe pela transio, a estrutura
etria da populao se transforma de maneira marcante ao longo do processo.
Primeiramente, a base da pirmide etria se expande. o momento em que a
forte queda da mortalidade infantil faz aumentarem as coortes de crianas ejovens. Com o aumento da expectativa de vida, as coortes de idosos se tornam
mais amplas. Em algum momento, a queda da fecundidade levar a menor
natalidade e, consequentemente, reduo nessas coortes. No entanto,
interessante notar que possvel que a natalidade (nmero absoluto de nasci-
mentos por mil habitantes) cresa mesmo enquanto cai a fecundidade (nmero
esperado de lhos por mulher pelos padres correntes de fecundidade).
Fonte: IBGE
Pirmide Etria
Brasil 200490+
85-89
80-84
75-79
70-74
65-69
60-64
55-59
50-54
45-49
40-44
35-39
30-34
25-29
20-24
15-19
10-14
5-9
0-4
10000 100005000 500050000
n Homensn Mulheres
10
por mil habitantes
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Na verdade, comum que, durante algum momento da transio demo-
grca, as duas variveis movam-se em direes opostas, com as taxas de
fecundidade em queda competindo com o momento no sentido fsico e
estatstico do termo da populao para determinar o nmero de nasci-mentos. Durante muitos anos, o aumento do nmero de mulheres em idade
reprodutiva se sobrepe ao declnio das taxas de fecundidade. No Brasil, o
nmero de nascimentos cresceu at meados da dcada de 1980, acelerando o
crescimento populacional, a despeito do fato da taxa de fecundidade ter cado
consistentemente desde os anos 1960. As Figuras 10, 11 e 12 apresentam as
tendncias recentes de composio etria e por sexo da populao brasileira.
Brasil 2014 Brasil 2024
n Homensn Mulheres
10000 1000050005000 50000
n Homensn Mulheres
11 12
por mil habitantes
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Taxa de Dependncia Total
Fonte: IBGE
Podemos vericar que a estrutura etria atual do Brasil extremamente
favorvel ao crescimento econmico. A grande maioria da populao se
encontra em idade ativa, e a taxa de dependncia total cada vez mais baixa
(Figura 13). A taxa de dependncia de crianas e jovens cada vez menor,enquanto a de idosos ainda no comeou a subir de modo acentuado. No
entanto, como indica a Figura 14, isso comear a acontecer com mais inten-
sidade nos prximos dez anos e, em algum momento no incio da prxima
dcada, a dependncia de idosos sobrepujar a de jovens, o que far a taxa
de dependncia total voltar a subir. quando a janela de oportunidade do
primeiro dividendo demogrco comea a se fechar.
40.00%
45.00%
50.00%
55.00%
60.00%
65.00%
70.00%
2000
2002
2004
2006
2008
2010
2012
2014
2016
2018
2020
2024
2022
2026
2028
2030
2032
2034
2036
2038
2040
2042
2044
2046
2048
2050
2052
2054
2056
2058
2060
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Taxa de Dependncia dos Idosos
Fonte: IBGE
0.00%
5.00%
10.00%
15.00%
20.00%
25.00%
30.00%
35.00%
40.00%
45.00%
50.00%
2000
2002
2004
2006
2008
2010
2012
2014
2016
2018
2020
2024
2022
2026
2028
2030
2032
2034
2036
2038
2040
2042
2044
2046
2048
2050
2052
2054
2056
2058
2060
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Norte, Nordeste, Sudeste, Sul
e Centro-Oeste apresentam
dinmicas populacionais
distintas, principalmente no quese refere ao timingdas etapas.
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importante destacar que muitas vezes a noo agregada esconde tanto
quanto revela: os fatos demogrcos que apresentamos anteriormente esto
longe de ser homogneos quando se pensa o Brasil regionalmente. Norte,
Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste apresentam dinmicas populacionaisdistintas, principalmente no que se refere ao timing das etapas. Enquanto
algumas regies ainda apresentam altas taxas de fecundidade, outras j se
encontram abaixo dos nveis de reposio11h dcadas, e tm uma estrutura
etria cada vez mais parecida com a de pases maduros. H diferentes Brasis
tambm sob a lente do demgrafo. A Tabela 1 mostra o percentual de cada
faixa etria na populao total, por grande regio, em 2014 e depois de dez
anos, pelas projees do IBGE.
11 Refere-se TFT de 2,1 lhos por mulher. Taxa que, se mantida, garante, sob algumas condi-es bsicas, a reposio das geraes, mantendo a populao estvel.
Fonte: IBGE. Elaborao Prpria
Distribuio Etria da Populao
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-oeste
2014
0-14 30.4% 26.5% 21.3% 21.1% 23.7%
15-64 65.2% 66.6% 70.1% 70.0% 70.1%
65+ 4.4% 6.9% 8.6% 8.9% 6.2%
2024
0-14 24.3% 21.4% 17.6% 17.6% 19.5%
15-64 69.3% 69.4% 69.8% 69.4% 71.3%
65+ 6.3% 9.2% 12.6% 13.0% 9.1%
1
Por regio, segundo grupo etrio (2014 e 2024)
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A Diviso de Populao da ONU dene o incio do primeiro bnus demo-
grco como sendo o momento em que o percentual de crianas e adoles-
centes da populao (grupo de 0 a 14 anos) passa a representar menos de
30% da populao total e termina quando o percentual da populao com 65anos sobe para alm de 15%. Por esta denio, o primeiro bnus demogr-
co ainda nem teria comeado na regio Norte, e j vigora nas demais regies
do Pas, especialmente Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Em 2024, todas as regies
ainda estaro dentro do intervalo denido pela ONU como sendo o do primeiro
bnus demogrco, mas o Sul e Sudeste j estaro prximos do nal por esta
denio, com a populao de idosos j bem prxima dos 15%. A Figura 15
mostra a grande diferena na dinmica dos grupos etrios das regies do Pas
de 2014 a 2024. Tamanhas discrepncias demandam diferentes posies tanto
de polticas pblicas por parte dos governos quanto de aes por parte de
companhias privadas diante seus mercados consumidores.
Fonte: IBGE. Elaborao Prpria
Variao no tamanho relativodos grupos etrios - 2014 a 2024
Por regio, segundo grupo etrio (Em p.p.)
0.00
2.00
4.00
6.00
-2.00
-4.00
-6.00
-8.000-14 15-64 65+
n Norte n Nordeste n Sudeste n Sul n Centro-oeste
15
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Podemos, portanto, esperar muitos efeitos positivos de uma baixa taxa de
dependncia na economia. Mas com um cenrio to favorvel desenhado pela
anlise das condies demogrcas da populao brasileira, no deveramos
estar obtendo resultados melhores em termos de desempenho da economia?
QUEIROZ e TURRA (2010) estimam grandes contribuies dos divi-
dendos demogrcos para o crescimento econmico brasileiro nas ltimas
dcadas. Paradoxalmente, na viso dos autores, isso signica que o Pas tem
tido pouco sucesso em aproveitar a dinmica demogrca favorvel, pois
as taxas de crescimento deveriam ser bem maiores. De acordo com LAM e
MARTELETO (2002), as geraes nascidas aps 1982 foram as primeiras no
Brasil a experimentar tanto uma reduo no tamanho das famlias (resultante
da queda da fecundidade) quanto uma diminuio nas coortes das primeiras
idades (resultante da queda da natalidade), e isso teve importantes impactos
sobre o acesso dessas crianas escola. Atribui-se a essa dinmica demo-
grca mais favorvel parte considervel da quase universalizao do ensino
bsico alcanada no Pas na dcada de 1990, o que certamente trouxe contri-
buio positiva e permanente para o crescimento econmico. Entretanto, mais
uma vez, a concluso que no estamos aproveitando plenamente a janela de
oportunidade demogrca que se apresenta.
Apesar da ampliao do acesso, ainda patinamos na qualidade da edu-
cao, fato atestado pelas colocaes medocres do Pas nos diversos exames
que testam a procincia dos estudantes em diversos pases, como o PISA 12.
Pelo que indicam os dados mais recentes do Ideb (ndice de Desenvolvimento
12 Programme for International Student Assessment, programa desenvolvido e coordenado pelaOCDE (Organizao para Cooperao e Desenvolvimento Econmico), que consiste naaplica-o de provas de leitura, matemtica e cincias a estudantes na faixa dos 15 anos de idade.
Tamanhas discrepncias demandam diferentesposies tanto de polticas pblicas por parte dos
governos quanto de aes por parte de companhias
privadas diante seus mercados consumidores.
OSDIVIDENDOSDEMOGRFICOSEOBRASIL 49
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da Educao Bsica), tambm estamos sendo incapazes de oferecer mais
acesso e qualidade no ensino mdio, a despeito da moderao no crescimento
das coortes de jovens entre 15 e 17 anos, idades apontadas por educadores
como as adequadas para essa etapa na educao. A baixa qualicao damo de obra e os parcos estmulos poupana no nosso Pas, dentre os quais
se destaca um sistema de transferncias intergeracionais (tanto no mbito
do governo quanto nas famlias) que garante renda futura sem poupana
corrente, tambm colocam em xeque a contribuio do segundo dividendo
demogrco para o crescimento econmico.
O Brasil encontra-se em um perodo decisivo, em que nossas escolhas
sociais em termos de prioridades na educao, na sade e na previdncia
determinaro se investiremos adequadamente em nossos jovens, se seremos
capazes de proporcionar uma vida digna e longa aos seus idosos, e se ser
possvel aliar crescimento econmico oferta de servios de qualidade popu-lao. A maneira com que o Estado vem se relacionando com a sociedade e a
Fonte: OCDE
Gastos com Previdncia eEstrutura Demogrfica
Populao Idosa (+65 anos) como % do total
08%
10%
12%
14%
16%
06%
04%
02%
00%
GastoPblicocomP
revidnciaSocial(%
doPIB)
05% 07% 05% 11% 13% 15% 17% 19% 21% 23% 25%
16
O BRASILNAPRXIMADCADA50
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economia resultado do modelo estabelecido na Constituio de 1988, num
contexto demogrco bastante jovem, de forte crescimento populacional, com
altos ndices de pobreza e gritante discrepncia socioeconmica. Este modelo
tem sido razoavelmente bem sucedido na reduo da pobreza e da desigual-dade, mas estimula as transferncias de recursos aos idosos em detrimento s
crianas. fato conhecido que o Brasil gasta um montante de recursos com
benefcios para os seus idosos muito superior ao que se esperaria da estrutura
etria de sua populao, como evidencia a Figura 16.
Ao ingressarmos num contexto demogrco completamente distinto,
em que a populao envelhecida pesar ainda mais sobre os sistemas pblicos,
seremos forados a tomar decises difceis, que inuenciaro de forma deni-
tiva a continuidade do processo de reduo da pobreza e o crescimento eco-
nmico presente e futuro. O Pas est envelhecendo e de maneira muito rpida.
Somos cada dia mais um Pas de adultos, e seremos, em algumas dcadas, umPas de idosos que vivem cada vez mais, como exibem as Figuras 17 e 18.
Fonte: IBGE
Distribuio Etria daPopulao e Idade Mdia
Brasil 2004-2060
n
0-14n
15-64n
65+ Idade Mdia do Brasileiro
Brasil: Distribuio Etria da Populao (Trs Grandes Grupos)
2004 2014
6.0% 7.6% 10.9% 13.4%20.0% 26.8%
60.2%65.3%69.0%
69.7%68.7%
65.8%
28.2% 23.7%19.4% 17.6% 14.8% 13.0%
2024 2030 2045 2060
25.000%
30.0020%
35.0040%
40.0060%
45.0080%
90%
70%
50%
30%
10%
50.00100%
IdadeMdia
%d
oGrupoEtrionaP
opulaoTotal
17
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Expectativa de Vida ao Nascer
Fonte: IBGE
Entretanto, mesmo na questo do impacto scal do envelhecimento, as
discusses e anlises no devem estar restritas aos sistemas previdencirios.
Assim como existe um ciclo econmico da vida, que abordamos anteriormente,
tambm existe um padro etrio da relao entre os indivduos e os governos,
que vai muito alm das contribuies e pagamentos previdencirios. A Figura 19,
extrada de TURRA (2010), mostra que os idosos so extremamente decitrios
em sua relao com o governo, especialmente no Brasil.
69
71
73
75
77
79
81
83
85
2000
2002
2004
2006
2008
2010
2012
2014
2016
2018
2020
2024
2022
2026
2028
2030
2032
2034
2036
2038
2040
2042
2044
2046
2048
2050
2052
2054
2056
2058
2060
Brasil 2000-2060
Conclui-se que o padro atual de gastos pblicos por idade no Brasil
impe srios riscos scais ao Pas, pois nas prximas dcadas encararemos
a realidade de uma populao de idosos que cresce enormemente e vive
cada vez mais.
18
Ema
nos
O BRASILNAPRXIMADCADA52
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Transferncias Lquidas
do Governo
Fonte: Turra, 2010.
Por grupos etrios
Ga
stosdo
Governo
Receitas
do
Governo
n Educao Pblica
n Sade Pblica
n Seguridade Social (Privada)
n Seguridade Social (Pblica)
n Seguro Desemprego
1200
2400
3600
4800
0
0
1200
2400
3600
4800
70 +60-6950-5940-4930-3920-2910-190-9
19
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Uma opo forar uma reduo da razo de dependncia, ampliando a idade
ativa da populao ao se redenir, periodicamente, o conceito de idoso, adiando a
aposentadoria conforme a expectativa de vida se amplie. Em muitos pases, mesmo
sem mudanas signicativas no que diz respeito legislao tributria, a partici-
pao dos idosos na fora de trabalho crescente, inclusive no Brasil (GASPARINI et.
al (2007)), o que mostra, de certa maneira, uma antecipao individual e voluntria
necessidade de ampliar a faixa de idade ativa dos trabalhadores. O processo ser
to menos doloroso quanto for real a melhoria de qualidade de vida associada maior longevidade, reduzindo a morbidade.
Aumentar a participao das mulheres
no mercado de trabalho tambm uma
opo importante, mas para que isso
ocorra preciso investir em polticas que
diminuam as diferenas de gnero. No
Brasil, a tendncia de crescimento da taxa
de participao das mulheres avanava
h anos, mas, apesar dos avanos no sen-
tido de equidade de gnero, se alterou, e
voltou a cair desde 2005, indicando que
ainda h bastante a ser feito nessa rea.
O que se pode fazer?
1
2
54 O BRASILNAPRXIMADCADA
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Acima de tudo, no devemos permitir que os gastos previdencirios crescentes dicultem ainda
mais a implantao de polticas pblicas voltadas para investimento em crianas e jovens, de modo a
formar adultos mais produtivos que tenham capacidade de, no futuro, dar suporte a uma maior pro-
poro de aposentados em nossa populao. Trata-se da escolha entre um ciclo virtuoso, em vez de
um vicioso, em que o aumento da proporo de idosos faz diminuir o investimento na formao dos
jovens, o que levaria menor crescimento econmico e maiores dilemas na alocao dos recursos.
3
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Cenrio e Metodologia paraa Projeo da Composio
da Populao Brasileirapor Classes de Renda
5
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A DEMOGRAFIA SE APRESENTA como uma grande oportunidade ou um
estorvo ao desenvolvimento e ao crescimento econmico do Brasil nas pr-
ximas dcadas. No entanto, os resultados, evidentemente, no dependero
apenas da dinmica populacional, anal, alm das contribuies da demograa,
o crescimento na ltima dcada foi marcado tambm por diversos impulsos que
provavelmente no se manifestaro de forma to intensa nos prximos anos.
Como armamos na primeira seo deste estudo, mesmo que o quadroatual de quase estagnao seja revertido com uma renovao da agenda de
reformas e com a retomada de uma poltica econmica mais consistente, acre-
ditamos que pequena a probabilidade de que a estrutura produtiva do Pas
melhore signicativamente ou que o crescimento mundial volte a impulsionar
a economia nacional, como fez na dcada passada. Assim, nosso cenrio con-
templa um crescimento potencial de 2% a 3%, o que nos coloca na trajetria
de crescimento da renda per capitade 1% a 2% anuais nos prximos dez anos.
Mas h um ponto que merece destaque.
As projees que apresentaremos a seguir tm por base a renda domi-
ciliar per capitadeclarada nos dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra
de Domiclios) mais recente, que de 2012. Apesar das limitaes13dessa pes-
quisa, ela um retrato verossmil do que acontece em tempo real nas famlias,
da sua adequao para este tipo de anlise.
Vrios analistas tm discutido a divergncia observada entre o ritmo
de crescimento da renda medido pelas Contas Nacionais, o PIB per capita,
e o crescimento da renda familiar medido pela PNAD na ltima dcada. O
debate ganhou ainda mais fora com a divulgao dos nmeros da PNAD refe-
13 A PNAD-IBGE subestima a renda dos mais pobres ao no contar as rendas no-monetrias(que, na POF (Pesquisa de Oramentos Familiares do IBGE), que inclui essas rendas, so estima-das em 25% para os mais pobres (NERI, MELO e MONTE, 2012)). Por outro lado, tambm nocapta a renda proveniente de ativos, tampouco as rendas espordicas, que, acredita-se, somais signicativas para os mais ricos, de modo que h subestimao nos extremos, que tendea se anular, do ponto de vista da distribuio da renda.
O BRASILNAPRXIMADCADA58
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Fonte: IBGE e BOLLE e SIMES, 2013.
rentes ao ano de 2012. Com o crescimento nmo do PIB daquele ano, a renda
nacional per capitacou praticamente estagnada enquanto a renda per capita
domiciliar da PNAD teve um crescimento real de espantosos 8%, o que entu -
siasmou muitos analistas, principalmente aqueles ligados ao governo. Porm,
tamanha divergncia, visvel na Figura 20, deve ser analisada com cautela.
Rendaper capitano PIB e na PNAD
2001-2012
20
Como cou em 2012:
2001 - 2012 PIB: 29%; PNAD: 40%
2003 - 2012 PIB: 28%; PNAD: 49%
90
100
110
120
130
140
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012
PNAD PIB
2001 - 2011 PIB: 29%; PNAD: 29%
2003 - 2011 PIB: 28%; PNAD: 38%
CENRIOEMETODOLOGIAPARAAPROJEODACOMPOSIODAPOPULAOBRASILEIRA 59
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BOLLE e SIMES (2013) fazem uma anlise detalhada da questo e
apontam trs principais razes para a divergncia nas sries: i. os deatores
utilizados para obter as sries reais, j que a grande desvalorizao cambial de
2002 afetou mais o INPC do que deator do PIB; ii. a recomposio da rendadas famlias aps a crise de 2002/2003; iii. a regra de aumento real do salrio
mnimo, que tem grande importncia na distribuio dos rendimentos decla-
rados na PNAD14. Os autores ainda mostram que a comparao entre estes
dois indicadores de renda , no mnimo, descabida, principalmente quando
se verica que a renda disponvel bruta das famlias representou, em mdia,
apenas 65% da renda disponvel bruta total da economia, e h muitos outros
componentes nas contas nacionais que podem causar divergncia.
Entretanto, por mais que a comparao entre a renda domiciliar per
capitada PNAD e o PIB per capitaseja inadequada, evidente que se trata de
um processo no sustentvel. Se tal divergncia mesmo signicativa e temsido persistente, preocupaes quanto ao descompasso entre o crescimento da
renda e da capacidade produtiva da economia so bastante justicveis, e em
algum momento o crescimento das duas sries deve convergir. Por essa razo,
trabalhamos com a hiptese de convergncia do crescimento da renda fami-
liar para trajetria de crescimento do PIB per capita, que, acreditamos, estar
ao redor de 1,5% ao ano ao longo da prxima dcada. Mas esse processo de
convergncia no deve ocorrer de forma uniforme entre as classes de renda.
Dividimos a populao em cinco diferentes nveis de renda domiciliar per capita
(rendimento total do domiclio dividido pelo nmero de moradores). A diviso
em classes de renda seguiu o critrio proposto pela Secretaria de Assuntos
Estratgicos da Presidncia da Repblica, como mostra a Figura21.
A diviso das classes foi feita nos microdados da PNAD de 2012, e refeita
para os anos de 2019 e 2024 aps aplicarmos a cada renda individual um fator
de crescimento. Para aplicar esse fator, cada classe foi redividida em duas. Em
nosso cenrio, a renda das classes de renda mais baixa deve continuar a se
expandir mais rapidamente do que a das classes mais altas, mesmo que todas,
ao longo dos prximos dez anos, devam convergir para patamares mais baixos
do que os alcanados na ltima dcada. As propostas de campanha dos prin-
cipais candidatos Presidncia da Repblica nas eleies de 2014 atestam que
a manuteno dos programas de transferncia de renda e da poltica de rea-
juste do salrio mnimo, mesmo com alteraes, uma das poucas certezas do
cenrio macroeconmico dos prximos anos, e isso que est por trs de nossa
hiptese de convergncia diferenciada entre faixas de renda.
O crescimento absoluto da populao no perodo levado em conside-
rao, e, para tanto, foram usadas as projees mais recentes do IBGE.
14 Ver HOFFMANN (2008)
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Brasil 2012
Fonte: Secretaria de Assuntos Estratgicos da Presidncia da Repblica
Nota: Valores expressosem R$ de 2012.
500
0
1000
1500
2000
2500
ALTAMDIABAIXA
1 42 5 73 6 8
2480
1019
641
441291
16281
PontodecorteRendafamiliarpercapita
(R$/ms)
Divises de classes
segundo critrio SAE
321
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6As Projees
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Projeo da Populao Brasileirapor Classes de Renda
TODOS OS VALORES MONETRIOS NESTA SEOesto expressos em reais
de setembro de 2012, o ms de referncia da PNAD de 2012. A correo para
valores de anos anteriores a 2012 foi feita com a variao em 12 meses dainao do INPC do IBGE (ndice Nacional de Preos ao Consumidor). As pro-
jees so feitas em termos de taxas reais de crescimento, j estando, portanto,
corrigidas para a inao.
As projees para a diviso da populao brasileira em classes de renda
domiciliar per capitaem 2019 (dentro de 5 anos) e 2024 (dentro de 10 anos)
so apresentadas tanto em milhes de habitantes quanto em percentual da
populao total, nas Figuras 22 e 23.
Fonte: IBGE. Elaborao Prpria
2012, 2019 e 2024
2012 2019
2024
n Baixa n Mdia B n Mdia A n Alta Mdia n Alta
54.0
69.1
39.6
26.0
10.6
42.4
63.3 56.4
35.8
12.7
35.1
59.0
68.3
38.2
16.7
22
O BRASILNAPRXIMADCADA64
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Projeo da Populao Brasileirapor Classes de Renda % do Total
Fonte: IBGE. Elaborao Prpria
2012, 2019 e 2024
2012 2019
2024
n Baixa n Mdia B n Mdia A n Alta Mdia n Alta
27% 20%
16%
35% 30%
27%
20%
27%
31%
13%17%
18%
5% 6%
8%
23
65ASPROJEES
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Os resultados observados indicam uma oportunidade de manuteno
das taxas de crescimento do setor de Seguros Gerais, Previdncia Privada eVida, Sade Suplementar e Capitalizao, pois, mesmo com um baixo cresci-
mento da renda per capita, a continuidade na transformao da estrutura social
do Pas, e o crescimento da parcela de classe Mdia A e da classe Alta Mdia de
renda na populao brasileira (Tabela 2), tendem a continuar ocorrendo.
Em Pontos Percentuais Em Milhes de Pessoas
Classe 2012 - 2019 2019 - 2024 2012 - 2019 2019 - 2024
Baixa -7.0 -4.0 -11.62 -7.31
Mdia B -4.6 -2.9 -5.73 -4.33
Mdia A 6.9 4.7 16.78 11.89
Alta Mdia 4.0 0.6 9.86 2.33
Alta 0.7 1.6 2.12 3.96
Fonte: IBGE. Elaborao Prpria
Variao Projetadadas Classes de Renda
2012 - 2019 | 2019 - 2024
2
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Nas comparaes internacionais verica-se uma forte correlao entre o
tamanho do setor com o nvel de desenvolvimento econmico e social do Pas.
Anlises comparativas entre diferentes pases indicam que, quanto maior o PIB, mastambm em especial, quanto melhores os indicadores de desenvolvimento social,
como o ndice de Desenvolvimento Humano (IDH) ou a distribuio de renda, medida
pelo Coeciente de Gini, maior o grau de penetrao dos produtos do setor. Ou
seja, os resultados analisados sugerem que a importncia do setor aumenta no
apenas com a estabilidade e o desenvolvimento, mas tambm com o grau de bem-
-estar medido pelo IDH, e, principalmente, com o aumento e distribuio da renda.
Tambm importante observar que como consequncia da continuidade e da
consolidao do crescimento da classe mdia, ser fundamental aumentar a oferta de
mecanismos que permitam que o contingente de novos consumidores tenha acesso a
servios nanceiros mais sosticados de alocao de poupana de longo prazo. Diversos
produtos do setor de Seguros Gerais, Previdncia Privada e Vida, Sade Suplementar e
Capitalizao j contribuem para a maior proteo social dos brasileiros que vm ascen-
dendo socialmente.
No Brasil, na ultima dcada, a ascenso social de uma parcela signicativa
da populao, como indicado anteriormente, proporcionou o acesso ao crdito por
meio das instituies nanceiras e demonstrou a capacidade desses brasileiros de
assumir e manter compromissos. No entanto, so pessoas que, embora enfrentem
riscos mltiplos, no contam com nenhuma proteo do seguro formal e conti-
nuam administrando suas perdas por meio de poupana pessoal, emprstimos de
emergncia e redes de proteo social, ferramentas que so incapazes de propor-
cionar a proteo adequada.
Como mostra a Figura 19 na quarta seo deste estudo, j na faixa dos 50 aos
60 anos de idade os indivduos tendem a ser decitrios em termos de tributao
lquida em sua relao com o governo. Segundo as projees populacionais ociais,
em 2014 as pessoas com mais de 50 anos somam 43,9 milhes, o que representa
22% da populao. Em apenas dez anos, o crescimento desse grupo etrio deve ser
de 35%, chegando aos 60 milhes, ou 27% da populao projetada para 2024. Os
riscos scais do envelhecimento populacional so, assim, evidentes e prximos.
Diversos produtos do setor de Seguros Gerais,
Previdncia Privada e Vida, Sade Suplementar eCapitalizao j contribuem para a maior proteo
social dos brasileiros que vm ascendendo socialmente.
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Fonte: IBGE. Elaborao Prpria
Variao das TFTs,segundo faixa de renda
2000 - 2010
Outras transformaes sociodemogrcas, como a contnua reduo
do tamanho dos domiclios e a queda da fecundidade (reduo do nmero
de lhos por mulher) impactam de maneira profunda as decises econmicas
que, aliadas s mudanas de perl de renda e de idade da populao quetratamos neste estudo, podem ser ainda mais fortes como se pode observar
na Tabela 3. A fecundidade tem cado mais entre as mulheres de baixa renda,
apesar de ainda serem as que apresentam os maiores regimes de fecundi-
dade. Isso sugere que, entre as famlias de renda mais baixa, pode haver uma
propulso da renda familiar adicional devido diminuio do nmero de
lhos por mulher, algo que no plenamente captado nesse tipo de projeo.
Entretanto, h quem acredite que essa taxa pode cair mais, para nveis
abaixo dos 1,5 lhos por mulher. Com taxas to baixas, dcimos na taxa
podem fazer toda diferena quando se fala da reposio geracional da popu-
lao. Assim, h probabilidade no desprezvel de que a populao brasileira
Fonte: IBGE Censos Demogrficos
Taxa de Fecundidade Total - Pelo Rendimento Mensal Domiciliar per capita
2000 2010 Variao
1020 1.17 1.11 -5.1%
Total 2.35 1.90 -19.1%
3
O BRASILNAPRXIMADCADA68
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Nmero Mdio deMoradores por Domiclio
decresa em tamanho absoluto j em algum momento da dcada de 2030,
ainda que, no cenrio mdio das projees do IBGE, isso s deve ocorrer entre
as dcadas de 2040 e 2050.
Ainda possvel destacar que tem cado fortemente tambm o nmerode moradores por domiclio, vide Figura 24. Trata-se de uma varivel pouco
discutida, mas que fundamental na determinao de decises econmicas
das famlias e que merece ser analisada em mais detalhes.
Uma anlise dos dados na POF (Pesquisa de Oramentos Familiares do
IBGE) mostra que quando os patamares estabelecidos no critrio de classe
mdia especialmente a alta so atingidos, determinados bens e servios
passam a ser demandados com mais intensidade. So eles a habitao, higiene
pessoal e limpeza, sade, educao e cultura e os servios nanceiros. Nestes
ltimos certamente se incluem diversos produtos e servios relacionados aos
Seguros Gerais, Previdncia Privada e Vida, Sade Suplementar e Capitalizao.
Fonte: IBGE PNAD
3
3.2
3.1
3.3
3.4
3.5
3.6
3.7
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
24
69ASPROJEES
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7Concluso
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AS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELO SETORde Seguros Gerais, Previdncia
Privada e Vida, Sade Suplementar e Capitalizao apresentam uma forte con-
tribuio para o desenvolvimento socioeconmico de nossa economia. E estaanlise sobre o crescimento, a renda e as mudanas demogrcas que podem
ocorrer no Brasil ao longo da prxima dcada, reforam trs pontos relevantes
sobre o papel do setor.
O primeiro a considervel contribuio do setor para o processo de
modernizao econmica e para a educao nanceira da nova classe mdia,
que, aps aprender a gerenciar o crdito, dever buscar a poupana de longo
prazo. A relevncia do setor adquiriu mais peso, sobretudo, depois que os
benefcios de uma estabilizao da economia brasileira vieram a gerar frutos
de maior organizao econmica e social e o aumento da renda criou uma
demanda por poupana de longo prazo que deve ser atendida.
O segundo o papel crescente do setor como direcionador de uma
parte dos uxos de poupana privada para aplicaes de longo prazo. Alm
de ser um fator complementar ao primeiro ponto, ganha ainda mais impor-
tncia em um perodo em que preciso criar fontes de nanciamento do
investimento, ao mesmo tempo em que os recursos externos sero menores e
o governo continuar com pouco espao scal para prov-lo.
Finalmente, necessrio considerar a funo social do setor, que com-
plementa o Estado em sua funo de prover as obrigaes de seguridade
social, sade e previdncia, permitindo reduzir as presses sobre o oramento
da Unio, cujos gastos, como observado neste estudo, tendem a aumentar
com as mudanas demogrcas que estaro, ao longo dos prximos anos,
cada vez mais evidentes.
Diante desse cenrio, importante destacar que tratamos neste tra-
balho de uma transformao social que produto de duas mudanas estru-
turais distintas, mas que acontecem concomitantemente: a da estrutura etria
da populao e a da distribuio da renda. Os dois efeitos combinados inte-
ragiro nos prximos anos, determinando a demanda e a produo da eco-
nomia brasileira para alm das utuaes conjunturais.
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O texto foi elaborado por Monica Baumgarten de Bolle,
Pedro Henrique Simes e Luiz Roberto Cunha.
Diante desse cenrio, importante
destacar que tratamos neste trabalho de
uma transformao social que produto
de duas mudanas estruturais distintas,
mas que acontecem concomitantemente:
a da estrutura etria da populao e a da
distribuio da renda.
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Projeto grfico
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