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FUNDAÇÃO ESCOLA DE SOCIOLOGIA POLÍTICA DO ESTADO DE SÃO PAULO ESCOLA PÓS-GRADUADA DE CIÊNCIAS SOCIAIS ALAÔR LINEU FERREIRA COBRANÇA PELO USO DA ÁGUA NA BACIA DO RIO PARAÍBA DO SUL, COMO FERRAMENTA DE PLANEJAMENTO E GESTÃO AMBIENTAL SÃO PAULO 2006

Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

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FUNDAÇÃO ESCOLA DE SOCIOLOGIA POLÍTICA DO ESTADO DE SÃO PAULO

ESCOLA PÓS-GRADUADA DE CIÊNCIAS SOCIAIS

ALAÔR LINEU FERREIRA

COBRANÇA PELO USO DA ÁGUA NA BACIA DO RIO PARAÍBA DO SUL, COMO FERRAMENTA DE PLANEJAMENTO E GESTÃO AMBIENTAL

SÃO PAULO2006

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FUNDAÇÃO ESCOLA DE SOCIOLOGIA POLÍTICA DO ESTADO DE SÃO PAULO

ESCOLA PÓS-GRADUADA DE CIÊNCIAS SOCIAIS

ALAÔR LINEU FERREIRA

COBRANÇA PELO USO DA ÁGUA NA BACIA DO RIO PARAÍBA DO SUL, COMO FERRAMENTA DE PLANEJAMENTO E GESTÃO AMBIENTAL

Monografia apresentada como parte dos requisitos para obtenção do Certificado de Especialização pelo Curso de Pós-graduação em Meio Ambiente e Sociedade

ORIENTADOR: ME. Luís Eduardo Gregolin Grisotto

São Paulo2006

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Catalogação na fonte e revisão de citação e referência: Margot Terada CRB 8.4422

F439c Ferreira, Alaôr Lineu Cobrança pelo uso da água na bacia do rio Paraíba do Sul, como

ferramenta de planejamento e gestão ambiental / Alaôr Lineu Ferreira. - - São Paulo : [s.n.], 2006.

xii, 126 f. : il. ; 30 cm

Monografia (Especialização em Meio Ambiente e Sociedade) – Escola Pós-graduada de Ciências Sociais, Fundação Escola de Sociologia e Política do Estado de São Paulo, São Paulo, 2006. Orientador Luís Eduardo Gregolin Grisotto.

1. Água – Legislação – Brasil 2. Água - Tarifa - Uso 3. Meio ambiente – Gestão 4. Meio ambiente – Planejamento 5. Rio Paraíba do Sul – Região Sudeste – Brasil

I. Título.

CDD (21.ed. Esp.) 354.361 693 0815 6 CDU (ed. 99 port.) 628.171.001.24 : 504.06 (815-282.04)

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APROVAÇÃO DO ORIENTADOR

Orientador: ME., Luís Eduardo Gregolin GrisottoCurso: Meio Ambiente e SociedadeAluno: Alaôr Lineu FerreiraTema da Pesquisa: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Rio Paraíba do Sul, como ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

Parecer do Orientador:

_____________________________ _____________________________ Assinatura do Aluno Assinatura do Orientador

__________________________Visto da Coordenação de TCC

São Paulo, de outubro de 2006

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DEDICO ESSE TRABALHO

•In memoriam ao meu irmão Valdir Pedro Ferreira, Cidadão dos Céus, pelos inúmeros ensinamentos passados por meio dos exemplos de sua vida;

•À minha esposa Dalva de Souza Ferreira, sempre ao meu lado, apoiando-me na realização de meus projetos e sonhos, meu eterno reconhecimento, a qual reitero estes versos do poeta nicaraguense Ernesto Gardenal:

“Ao perder a ti, tu e eu perdemosEu porque tu eras o que eu mais amavaE tu, porque eu era o que te amava maisContudo, de nos dois, tu perdeste mais do que eu Porque eu poderei amar outra como amava a tiMas a ti não te amarão como te amava eu”

•A meus filhos Felipe e Aline que são as razões da minha motivação.

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AGRADECIMENTOS

O meu especial agradecimento ao mestre Luís Eduardo Gregolin Grisotto pela orientação recebida nessa monografia e pela contribuição para o aperfeiçoamento dos conhecimentos sobre a cobrança pelo uso da água na Bacia do Paraiba do Sul.

Ao Dr. Rubens Lara que tirou-me da zona de conforto, despertando em mim a motivação para a busca de novos desafios.

A Maria de Fátima Azevedo, Arlete Padilha e Cláudia Maria Sanches Campanelli, que sempre estiveram prontas a prestar apoio, incentivo e contribuições em diversos momentos.

A Ana Paula Silva Campos e Edgar Laborde, pelo apoio prestado e pela disponibilização de informações valiosas que enriqueceram meu trabalho.

Dedico também este trabalho a todos aqueles que acreditam que a ousadia e o erro são caminhos para as grandes realizações.

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Algo só é impossivel até que alguém duvida e acaba provando o contrário.

Albert Einstein

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RESUMO

Este trabalho apresenta uma análise da implantação da “cobrança pelo uso da

água”, na Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul.

Inicia pela descrição geral onde detalha as características climáticas e os recursos

naturais existentes. Faz um relato histórico da evolução socioeconômica desta

região desde o “Brasil Colonial” até os dias atuais.

Estuda os aspectos sanitários e constata a degradação dos recursos hídricos e

ambientais na bacia. Adota como premissa que a base legal e institucional existente

concorre para a elaboração e aplicação de uma estratégia governamental na

cobrança pelo uso da água.

Com relação ao planejamento e a gestão dos recursos hídricos na bacia, aprecia o

quesito da disponibilidade hídrica e os impactos da cobrança. Os estudos realizados

demonstram que a existência de diversos modos de organização social existentes e

coordenados pelo CEIVAP facilita sobremaneira a implantação da cobrança.

Analisa os fundamentos legais e as respectivas atribuições relativas à cobrança

distribuída entre os diversos setores sociais envolvidos na sua implantação, sendo:

Estado, Município e Sociedade Civil, destacando-se entre estes o segmento de

usuário de águas.

Constata que a metodologia proposta para utilização na Bacia foi a mais adequada

para o atual momento tanto do ponto de vista da infra estrutura operacional, técnica

e institucional como da credibilidade junto à sociedade.

Conclui que a Cobrança pelo Uso da Água, estabelecida por meio da Lei Federal

9.433/97 introduz no Sistema Nacional de Águas um valioso instrumento de

planejamento e gestão ambiental.

Page 9: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

ABSTRACT

This work presents an analysis of the implementation process of a "water use taxing

system”, in the Paraiba do Sul watershed (Sao Paulo State – Brazil). It begins with a

brief general description detailing such general data as climate and existing natural

resources. It also presents historical data on this area's socioeconomic evolution,

from the days of "Colonial Brazil" to the current time.

Its sanitary aspects are also considered, concluding that its present condition is one

of degradation and water resource and environmental depletion. It is adopted as a

premise that the existing legal and institutional structure allows for the elaboration

and use of a government strategy for establishing a water use taxing system.

By considering the water resource planning and administration strategies used in this

watershed, this thesis takes into consideration its water availability requirements and

the the taxing system's impacts. These studies demonstrate that the existence of

several social organization instruments, coordinated by CEIVAP greatly facilitates

the implementation of a water use taxing system.

The legal aspects and their respective system attributions, to be distributed among

the several social sectors involved in its implementation process are: State,

Municipality and the Organized Civil society, and – especially among these – the

water usersthemselves.

It is also concluded that the methodology proposed for that watershed was the most

appropriate for the current moment, from the standpoint of the operational, technical

and institutional infrastructures as well as due to its credibility to society.

Finally, it is concluded that the water use taxing system enacted through Federal Law

9.433/97 constitutes, in the form of a National Water System, a valuable instrument

for environmental planning and management.

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LISTA DE FIGURASFigura 1 – Distribuição das Àguas na Terra...................................................... 30

Figura 2 – Divisão Hidrográfica Nacional.......................................................... 31

Figura 3 – Distribuição dos recursos hídricos no Brasil.................................. 34

Figura 4 – População por região no Brasil...................................................... 34

Figura 5 – Disponibilidade hídrica e população por região no Brasil............. 35

Figura 6 – Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos........... 42

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – População dos Municípios da Bacia do Rio Paraíba do Sul (acima de

30.000 Habitantes)............................................................................ 6

Tabela 2 – Disponibilidade Hídrica nas grandes bacias do Brasil..................... 33

Tabela 3 – Usos de água e efeitos sobre a disponibilidade Hídrica.................. 36

Tabela 4 – Leis Sobre Política e Sistema de Gerenciamento de Recursos

Hídricos nos Estados Brasileiros...................................................... 43

Tabela 5 – Valor Arrecadável com a Cobrança pelo Uso da Água em Função do -

PPU e do Domínio............................................................................ 57

Tabela 6 – Balanço da Arrecadação – Por Município ....................................... 58

Tabela 7 – Balanço da Arrecadação – Por Estado............................................ 59

Tabela 8 – Balanço da Arrecadação – Acumulada............................................ 60

Tabela 9 – Balanço da Arrecadação – Por Setor Usuário................................. 61

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LISTA DE ABREVIATURAS

ANA Agência Nacional de Águas

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica

BIRD Banco Interamericano para Reconstrução do Desenvolvimento

CBH Comitê de Bacia Hidrográfica

CBHAT Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê

CEDAE Conselho Estadual de Água e Esgoto

CEIVAP Comitê para Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul

CESP Companhia Energética de São Paulo

CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental de São Paulo

CNRH Conselho Nacional de Recursos Hídricos

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

CSN Companhia Siderúrgica Nacional

DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio

ETA Estação de Tratamento de Água

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

MMA Ministério do Meio Ambiente

MME Ministério das Minas e Energia

MOG Ministério do Orçamento e Gestão

ONU Organização das Nações Unidas

PPG Projeto Preparatório para Gerenciamento dos Recursos Hídricos

PPU Preço Público Unitário

PQA Projeto Qualidade das Águas e Controle de Poluição Hídrica

PRODES Programa Nacional de Despoluição de Bacias Hidrográficas da Agência

Nacional de Águas

RMRJ Região Metropolitana do Rio de Janeiro

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO................................................................................................... 1

2. A BACIA DO RIO PARAÍBA DO SUL................................................................. 3

2.1 – Descrição geral da bacia........................................................................... 4

2.1.1 – Características climáticas.............................................................. 5

2.1.2 – Recursos naturais.......................................................................... 7

2.1.3 – Socioeconômica............................................................................. 7

2.2 – Degradação dos recursos hídricos e aspectos sanitários......................... 9

2.3 – Base institucional...................................................................................... 12

2.4 – Estratégia governamental......................................................................... 14

3. A ÁGUA COMO INSTRUMENTO DE PLANEJAMENTO E GESTÃO.............. 17

3.1 – Disponibilidade hídrica.............................................................................. 29

3.2 – Impactos causados pela cobrança............................................................ 35

4. A COBRANÇA PELO USO DA ÁGUA............................................................... 37

4.1 – Fundamentos legais da cobrança............................................................. 40

4.2 – Atribuições relativas à cobrança............................................................... 42

5. PROPOSTA METODOLÓGICA PARA FASE INICIAL DE COBRANÇA.......... 52

5.1 – Bases para proposta................................................................................ 52

5.2 – Metodologia de cálculo da cobrança proposta......................................... 54

6. CONCLUSÃO.................................................................................................... 61

REFERÊNCIAS.................................................................................................... 63

APÊNDICE............................................................................................................ 65

ANEXOS................................................................................................................ 67

a) Deliberações e resoluções da Agência Nacional de Águas

a1) Resolução nº 327, de 14 de junho de 2004 - Dispõe sobre os procedimentos para a

ratificação dos dados cadastrais e regularização dos usos de recursos hídricos do

setor de mineração na Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul.

a2) Deliberação nº 026, de 19 de janeiro de 2004 – Aprova a compensação de valores

com aqueles correspondentes às parcelas vincendas quando constatado pela ANA o

recebimento de valores a maior ou indevido.

a3) Resolução nº 318, de 26 de agosto de 2003 - Aprova os procedimentos para a

emissão e retificação de boletos de cobrança, arrecadação e controle de pagamento

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pelo direito de uso de Recursos Hídricos, bem como a restituição ou a compensação

de valores pagos a maior ou indevidamente e obrigações pecuniárias deles

decorrentes.

a4) Resolução nº 313, de 22 de agosto de 2003 - Dispõe sobre a aplicação dos recursos

arrecadados com a cobrança pelo uso de Recursos Hídricos na Bacia do Rio

Paraíba do Sul e que serão aplicados de acordo com o Programa de Investimento e

Planos de Recursos Hídricos aprovados pelo CEIVAP.

a5) Resolução nº 210, de 11 de setembro de 2002 - Dispõe sobre os procedimentos

para a regularização dos usos de Recursos Hídricos na Bacia Hidrográfica do Rio

Paraíba do Sul, por meio de cadastramento, outorga e cobrança.

b) Deliberações do Comitê para Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do

Sul

b1) Deliberação CEIVAP nº 060, de 18 de abril de 2006 – Define as prioridades e

orientações para a Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio

Paraíba do Sul promover a contratação das ações previstas no Programa de

Aplicação dos recursos financeiros oriundos da cobrança pelo uso dos recursos

hídricos da Bacia do Rio Paraíba do Sul no exercício de 2006. Resende.

b2) Deliberação CEIVAP nº 061, de 18 de abril de 2006 – Dispõe sobre diretrizes para

aplicação dos recursos oriundos da cobrança pelo uso das águas de domínio do

Estado do Rio de Janeiro na Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul para o

exercício de 2006. Resende.

b3) Deliberação CEIVAP nº 062, de 18 de abril de 2006 – Dispõe sobre diretrizes para

aplicação dos recursos oriundos da cobrança pelo uso das águas de domínio do

Estado do Rio de Janeiro na Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul para o

exercício de 2005. Resende.

b4) Deliberação CEIVAP nº 056, de 16 de fevereiro de 2006 - Dispõe sobre a

manutenção dos mecanismos e valores atuais da cobrança pelo uso das águas na

Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, a vigorar de 01 de abril de 2006 até 31 de

dezembro de 2006. Resende.

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b5) Deliberação CEIVAP nº 051, de 16 de setembro de 2005 - Dispõe sobre a adequação

dos mecanismos e critérios para a regularização de débitos consolidados referentes

à Cobrança pelo Uso de Recursos Hídricos de domínio da União na Bacia do Rio

Paraíba do Sul, definidos na Deliberação nº 41, aos termos da Resolução CNRH nº

50, de 18 de julho de 2005. Guaratinguetá.

b6) Deliberação CEIVAP nº 052, de 16 de setembro de 2005 - Define metodologia e

critérios para a cobrança pelo uso das águas captadas, derivadas e transpostas da

bacia do Rio Paraíba do Sul para a bacia do Rio Guandu e dá outras providências.

Guaratinguetá.

b7) Deliberação CEIVAP nº 055, de 16 de setembro de 2005 – Dispõe sobre o Manual

para Investimentos que orientará a inscrição e habilitação de novas propostas a

serem financiadas com recursos da cobrança no exercício de 2006. Guaratinguetá. – Anexo I – Anexo II

b8) Deliberação CEIVAP nº 050, de 23 de agosto de 2005 – Define as prioridades e

orientações para a Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio

Paraíba do Sul promover a contratação das ações previstas no Programa de

Aplicação dos recursos financeiros oriundos da cobrança pelo uso dos recursos

hídricos da Bacia do Rio Paraíba do Sul no exercício de 2005. Resende.

b9) Deliberação CEIVAP nº 041, de 15 de março de 2005 - Dispõe sobre mecanismos e

critérios para a regularização de débitos consolidados referentes à Cobrança pelo

Uso de Recursos Hídricos de domínio da União na Bacia do Rio Paraíba do Sul.

Resende.

b10) Deliberação CEIVAP nº 043, de 15 de março de 2005 - Dispõe sobre o

cumprimento da Deliberação CEIVAP nº 24/2004 e sobre medidas complementares

para a continuidade da Cobrança pelo Uso de Recursos Hídricos na Bacia do Rio

Paraíba do Sul. Resende.

b11) Deliberação CEIVAP nº 044, de 15 de março de 2005 - Dispõe sobre o Manual para

Investimentos que orientará a inscrição e habilitação de novas propostas de Ações

Estruturais a serem financiadas com recursos da cobrança no exercício de 2005.

São José dos Campos.

Page 16: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

b12) Deliberação CEIVAP nº 038, de 17 de dezembro de 2004 - Dispõe sobre o Manual

para Investimentos que orientará a inscrição e habilitação de novas propostas de

Ações Estruturais a serem financiadas com recursos da cobrança nos exercícios de

2005 e 2006. Muriaé.

b13) Deliberação CEIVAP nº 032, de 23 de novembro de 2004 - Dispõe sobre diretrizes

para aplicação dos recursos oriundos da cobrança pelo uso das águas de domínio

do Estado do Rio de Janeiro na Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul para o

exercício de 2004. Paraibuna.

b14) Deliberação CEIVAP nº 024, de 31 de março de 2004 - Dispõe sobre o

cumprimento da Deliberação CEIVAP no 15/2002 e sobre medidas complementares

para a continuidade da Cobrança pelo Uso de Recursos Hídricos na Bacia do Rio

Paraíba do Sul. Juiz de Fora.

b15) Deliberação CEIVAP nº 025, de 31 de março de 2004 - Prorroga para o exercício de

2004 as prioridades e orientações para a Agência Nacional de Águas promover a

contratação das ações previstas no Programa de Aplicação dos recursos financeiros

oriundos da cobrança pelo uso dos recursos hídricos da Bacia do Rio Paraíba do Sul

estabelecidas pela Deliberação CEIVAP nº 22/2003. Resende - Anexo

b16) Deliberação CEIVAP nº 022, de 14 de agosto de 2003 - Define as prioridades e

orientações para a Agência Nacional de Águas promover a contratação das ações

previstas no Programa de Aplicação dos recursos financeiros oriundos da cobrança

pelo uso dos recursos hídricos da Bacia do Rio Paraíba do Sul no exercício de 2003.

Resende - Anexo

b17) Deliberação CEIVAP nº 020, de 30 de maio de 2003 - Dispõe sobre a

operacionalização da aplicação dos recursos oriundos da cobrança pelo uso da

água na Bacia do Rio Paraíba do Sul. Resende.

b18) Deliberação CEIVAP nº 015, de 04 de novembro de 2002 - Dispõe sobre medidas

complementares para a implantação da Cobrança pelo Uso de Recursos Hídricos na

Bacia do rio Paraíba do Sul a partir de 2002, em atendimento à Deliberação CEIVAP

nº 08/2001. Resende.

b19) Deliberação CEIVAP nº 014, de 20 de junho de 2002 - Aprova a hierarquização de

Page 17: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

empreendimentos de tratamento de esgotos sanitários habilitados na bacia

hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, com vistas à participação no Programa Nacional

de Despoluição de Bacias Hidrográficas da Agência Nacional de Águas –

PRODES/ANA. Juiz de Fora.

b20) Deliberação CEIVAP nº 008, de 06 de dezembro de 2001 - Dispõe sobre a

implantação da Cobrança pelo Uso de Recursos Hídricos na Bacia do Rio Paraíba

do Sul a partir de 2002. Resende. - Anexo I - Anexo II

c) Resoluções Conselho Nacional de Recursos Hídricos

c1) Resolução nº 050, de 18 de julho de 2005 - Aprovar os mecanismos e critérios para

a regularização de débitos consolidados referentes à cobrança pelo uso de

Recursos Hídricos de domínio da União na Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do

Sul.

c2) Resolução nº 038, de 26 de março de 2004 - Delegar competência à Associação Pró

– Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul para o exercício de

funções e atividades inerentes à Agência de Água da Bacia Hidrográfica do Rio

Paraíba do Sul.

c3) Resolução nº 027, de 29 de novembro de 2002 - Dispõe sobre a competência do

Conselho Nacional de Recursos Hídricos para estabelecer os critérios gerais para a

cobrança pelo uso de Recursos Hídricos, bem como deliberar sobre questões que

lhe forem encaminhadas pelos Comitês de Bacia Hidrográfica.

c4) Resolução nº 019, de 14 de março de 2002 - Dispõe sobre a competência do

Conselho Nacional de Recursos Hídricos para a definição dos valores a serem

cobrados pelo uso de Recursos Hídricos de domínio da União na Bacia Hidrográfica

do Rio Paraíba do Sul.

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1 – INTRODUÇÃO

Ao longo dos anos, a humanidade vem se defrontando com vários problemas

globais, no âmbito financeiro, econômico, social, de mercado e ambiental. Diante

desses problemas, as preocupações com o ambiente, em geral, e com a água,

especificamente, têm adquirido importância significativa, em função do aumento da

demanda, resultante do crescimento acelerado da população e aliado, de outro lado,

ao mau uso das águas, imposto pelos padrões de conforto e bem-estar da vida

moderna (REBOUÇAS, 2002).

Dados da Organização das Nações Unidas – ONU dão conta de que mais de 97,5%

da água do planeta é salgada. Os quase 2,5% restantes são de água doce, dos

quais mais de dois terços estão nas geleiras ou neves eternas onde não é viável o

uso de tecnologia disponível para a captação e o transporte para uso das

populações. Sobram 0,93% para manutenção dos seres vivos. Do total da água

disponível para o uso do planeta em geral, 70% destinam-se à irrigação, 20% para a

indústria e só 10% ao consumo humano.

Cerca de 60% da água no planeta se encontra em apenas nove países, enquanto

outros 80 enfrentam escassez. Mesmo o Brasil, detendo uma das maiores reservas

hídricas do mundo e concentrando cerca de 15% da água doce superficial

disponível, há um contra-senso. Assim como a má distribuição de renda, há um

imenso contraste também na distribuição de água.

No Brasil, a região Norte possui 68% da água do País com 7% da população,

enquanto que o Nordeste com 29% da população, amarga 3%, e o Sudeste com

43% da população, conta com 6% da água existente.

Em se tratando de elemento essencial à vida, mesmo existindo em abundância no

Brasil, a água vem sendo degradada progressivamente e de maneira alarmante, e

este processo pode ser irreversível, principalmente nas áreas com maior densidade

populacional, onde há diferentes atividades humanas, maior risco de poluição e de

escassez por sua má utilização (SOUZA; PIRES, 1992; GRANZIERA, 2000;

REBOUÇAS, 2002).

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Segundo Souza e Pires (1992) e Granziera (2000), o modo e a intensidade que a

sociedade humana se apropria dos recursos hídricos, nem sempre contemplam as

leis naturais de preservação, de disponibilidade e de capacidade de assimilação

desses recursos, porque a carga poluidora remanescente de cada uma das

atividades humanas pode superar o poder de assimilação do corpo d’água,

obedecidos seus limites de classe, ocasionando prejuízos evidentes ao meio

ambiente, às condições de vida da população circundante e às atividades

econômicas desenvolvidas.

Se a água não é utilizada com as cautelas necessárias à sua preservação, a sua

qualidade fica comprometida, resultando na diminuição de quantidade de água

disponível.

Diante desse cenário, fica caracterizada a necessidade de se dispor de políticas e

de instrumentos de gestão dos recursos hídricos com o objetivo de planejar e

controlar o uso, de forma que seu uso sustentável resulte em benefícios para a

sociedade atual e a futura, antecipando-se ao grave problema futuro de falta de

água (GRANZIERA, 2000; LANNA, 2002; BOSON, 2005).

Devido à escassez em quantidade e qualidade, no Brasil e em outros países como

França, Inglaterra e Alemanha, a água deixou de ser um bem livre e passou a ter

valor econômico, com a adoção da cobrança pelo uso dos recursos hídricos como

forma de regulação. Na Política Nacional de Recursos Hídricos brasileira, a seu

tempo, a cobrança é um instrumento de gestão do recurso ambiental, com finalidade

regulatória e econômica, conferindo à água valor econômico, o que enseja o seu uso

(GRANZIERA, 2000; LANNA, 2002; ANA, 2005).

A escolha da Bacia do Rio Paraíba do Sul como objeto desta monografia tem por

finalidade precípua contribuir para o esforço que está sendo envidado por vários

setores da sociedade brasileira no sentido de fomentar os gerenciamentos

integrados, participativos e sustentáveis dos recursos hídricos em uma das regiões

mais importantes do país.

Com isso, o objetivo principal deste trabalho é apresentar e comentar os princípios

do instrumento de planejamento e gestão de recursos hídricos denominado

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“cobrança pelo uso da água”, abordando a sua aplicação e viabilidade como

ferramenta de planejamento e gestão ambiental na Bacia do Rio Paraíba do Sul.

Desse objetivo maior, desdobram-se os seguintes objetivos específicos:

a)avaliar a proposta de cálculo para a cobrança a ser implantada na bacia;

b)verificar o aspecto da degradação dos recursos hídricos;

c)analisar o modelo “comitês“ como fórum de decisão para o gerenciamento de

recursos hídricos.

2 - A BACIA DO RIO PARAÍBA DO SUL

A bacia do Rio Paraíba do Sul é dotada de grande parque industrial, estabelecido,

principalmente, ao longo do eixo Rio de Janeiro - São Paulo, no Médio Paraíba, e no

município de Juiz de Fora e seu entorno, no trecho mineiro da bacia do rio

Paraibuna. Essa circunstância representa considerável fonte de poluição hídrica,

apesar dos investimentos já realizados por muitas indústrias no tratamento de seus

efluentes. Apenas um pequeno percentual, cerca de 5%, dos esgotos produzidos

pela população atual, de 5,35 milhões de habitantes, sobretudo no trecho paulista,

recebe algum tipo de tratamento. Isso tem grandes implicações na qualidade das

águas, principalmente levando em conta que os municípios da bacia e quase a

totalidade da região metropolitana do Rio de Janeiro se utilizam, também, dessa

bacia para abastecimento público.

A poluição das águas por efluentes domésticos e industriais, associada a outros

fatores, tais como a ocorrência de acidentes com cargas tóxicas nos trechos de rio

próximos às rodovias, o uso de defensivos agrícolas sem controle, a ocupação das

áreas ribeirinhas sem planejamento adequado e os processos erosivos decorrentes

do uso inadequado do solo, concorrem para degradar a qualidade ambiental da

bacia e as condições de vida da população, sempre sujeita a prejuízos econômicos

e socioambientais. Os impactos implícitos a esse conjunto de fatores tendem a se

agravar ante o crescimento demográfico e a expansão das atividades econômicas,

tornando cada vez mais difícil e de custo mais elevado a implantação da infra-

estrutura necessária à reversão do cenário de degradação na bacia.

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Sendo assim, é dever dos setores da sociedade brasileira envolvidos com essa

região, preocupados com as gerações futuras, participar no planejamento para a

recuperação ambiental dessa bacia, visando não só mudar o quadro de degradação,

mas também funcionar como uma demonstração da implementação da Política

Nacional de Recursos Hídricos e do Sistema Nacional de Gerenciamento de

Recursos Hídricos, com o intuito, a partir dos resultados obtidos, de exemplificar

orientar e induzir ações similares em outras bacias hidrográficas do país.

2.1 - DESCRIÇÃO GERAL DA BACIA

A bacia do rio Paraíba do Sul localiza-se na Região Sudeste do Brasil e ocupa uma

área de cerca de 56.600 km2 que envolve três dos mais desenvolvidos Estados

brasileiros – São Paulo (13.500 km2), Minas Gerais (20.500 km2) e Rio de Janeiro

(22.600 km2). Levando em conta a extensão de cada um deles, a situação

geográfica da bacia e os usos da água, o Rio de Janeiro é onde a bacia adquire

maior importância relativa, tendo em vista que ocupa metade da área de todo o

Estado, situa-se a jusante dos outros dois Estados, recebendo os respectivos

impactos dos usos do solo e da água, e é utilizada para abastecer de água e energia

cerca de 80% de sua própria população.

A população atual nos 180 municípios da bacia, de acordo com a Contagem de

População (IBGE, 1996), está em torno de 5,35 milhões de habitantes, sendo 1,78

milhões em São Paulo (90% urbana), 1,27 milhão em Minas Gerais (83% urbana) e

2,30 milhões no Rio de Janeiro (86% urbana). Nas últimas décadas, verificou-se

relevante migração para áreas urbanas, que crescem de forma desordenada, sem

infra-estrutura adequada.

O Rio Paraíba do Sul nasce na Serra da Bocaina, no Estado de São Paulo, a 1.800

m de altitude, e deságua no oceano Atlântico, no norte fluminense, no município de

São João da Barra. Sua bacia tem forma alongada, de 1.200 km de comprimento,

cerca de três vezes maior que a largura máxima, e distribui-se na direção leste-oeste

entre as Serras do Mar e da Mantiqueira. Situa-se em uma das poucas regiões do

país de relevo muito acidentado, com formações que de colinas a montanhas, que

chegam a mais de 2000m, nos pontos mais elevados, com destaque para o Pico das

Page 23: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

5

Agulhas Negras, ponto culminante na bacia de 2.787 m de altitude, situado no

maciço de Itatiaia.

Das poucas áreas planas existentes, destacam-se as seguintes: o delta do Paraíba,

com uma extensa planície flúvio-marinha, abrangendo parte dos municípios

fluminenses de Campos dos Goytacazes, São João da Barra e São Francisco da

Itabapoana; e, ao longo do rio Paraíba do Sul e de alguns de seus maiores

afluentes, planícies fluviais pouco extensas, destacando-se as bacias sedimentares

de Taubaté (SP) e Resende (RJ).

2.1.1. – CARACTERÍSTICAS CLIMÁTICAS

A região é caracterizada por clima predominantemente tropical, quente e úmido, com

variações determinadas pelas diferenças de altitude e entradas de ventos marinhos.

Os maiores índices pluviométricos verificam-se nas regiões do maciço do Itatiaia e

seus contrafortes, no trecho paulista da Serra do Mar e na Serra dos Órgãos (trecho

fluminense da Serra do Mar), onde a precipitação anual ultrapassa 2.000 mm. Essas

regiões de elevadas altitudes apresentam também as temperaturas mais baixas,

com a média das mínimas chegando a menos de 10ºC. As menores pluviosidades

ocorrem em uma estreita faixa do Médio Paraíba, entre Vassouras e Cantagalo, no

Estado do Rio de Janeiro, e no curso inferior da bacia, regiões norte e noroeste

fluminense, com precipitação anual entre 1.000 mm e 1.250 mm. As mais altas

temperaturas ocorrem na região noroeste do Estado do Rio de Janeiro,

especialmente em Itaocara, na confluência dos rios Pomba e Paraíba do Sul, com

média das máxima entre 32ºC e 34ºC.

Destaca-se na tabela 1 – População, que a distribuição da população nos principais

municípios da bacia, onde se encontra cerca de 80% de toda a população. Nota-se a

expressiva concentração urbana nesses municípios.

Page 24: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

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Tabela 1 - População dos Municípios da Bacia do Rio Paraíba do Sul acima de

30.000 Habitantes

EST. MUNICÍPIO RURAL URBANO TOTAL %RURAL %URBANA

SP São José dos Campos 23.738 462.729 486.467 4,88 95.12MG Juiz de Fora 5.253 419.226 424.479 1,24 98,76RJ Campos dos Goytacazes 13.259 291.947 305.206 4,34 95,66RJ Petrópolis 6.300 263.369 269.669 2,34 97,66RJ Volta Redonda 229 232.058 232.287 0,10 99.90SP Taubaté 9.892 210.338 220.230 4,49 95,51SP Jacareí 9.571 158.180 167.751 5,71 94,29RJ Barra Mansa 4.250 162.495 166.745 2,55 97,45RJ Nova Friburgo 16.781 145.134 161.915 10,36 89,64SP Mogi das Cruzes 19.056 137.288 156.344 12,19 87,81RJ Teresópolis 20.145 104.977 125.122 16,10 83,90SP Pindamonhangaba 7.040 106.897 113.937 6,18 93,82RJ Resende 18.231 84.394 102.625 17,76 82,24SP Guaratinguetá 6.158 92.107 98.265 6,27 93,73MG Muriaé 11.372 76.933 88.305 12,88 87,12RJ Barra do Piraí 4.498 80.893 85.391 5,27 94,73RJ Itaperuna 12.773 69.877 82.650 15,45 84.55SP Lorena 3.555 72.789 76.344 4,66 95,34MG Ubá 15.251 60.778 76.029 20,06 79,94SP Cruzeiro 2.654 69.501 72.155 3,68 96,32SP Caçapava 7.685 60.432 68.117 11,28 88,72RJ Três Rios 4.372 61.851 66.223 6,60 93,40MG Cataguases 3.830 58.154 61.984 6,18 93,82RJ Valença 9.006 52.605 61.611 14,62 85,38MG Leopoldina 6.927 40.042 46.969 14,75 85,25MG Santos Dumont 7.082 38.808 45.890 15,43 84,57SP Santa Isabel 9.717 31.650 41.367 23,49 76,51RJ Piraí 7.225 33.003 40.228 17,96 82,04RJ São Fidélis 11.671 24.863 36.534 31,95 68,05SP Aparecida 444 33.874 34.318 1,29 98,71RJ Santo Antonio de Paula 8.259 25.864 34.123 24,20 75,80RJ Paraíba do Sul 4.356 29.381 33.737 12,91 87,09SP Tremembé 3.970 28.125 32.095 12,37 87,63MG Além Paraíba 3.848 28.211 32.059 12,00 88,00MG Carangola 7.265 24.122 31.387 23,15 76,85MG Visconde do Rio Branco 7.335 23.107 30.442 24,10 75,90

312.998 3.896.002 4.209.000 7,43 92,56Fonte: IBGE, 1996.

Page 25: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

7

2.1.2 – RECURSOS NATURAIS

Quanto aos ecossistemas naturais, a bacia situa-se na área de domínio do bioma

denominado Mata Atlântica, que se estendia, originalmente, por toda a costa

brasileira, do Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul, em uma faixa de largura

média de 300 km, predominando a fisionomia florestal, com ocorrência de

manguezais, restingas e brejos nas planícies litorâneas e enclaves de cerrados nas

planícies sedimentares.

Atualmente, a Mata Atlântica está reduzida a 7% de sua área original no país. Na

bacia do Paraíba do Sul, as florestas ocupam menos de 15% de sua área total e

concentram-se nas regiões mais elevadas e de relevo mais acidentado.

2.1.3 - SOCIOECONOMIA

Deve ser ressaltado que após o descobrimento do Brasil, em 1500, a ocupação das

terras durante os primeiros séculos da colonização européia concentrou-se na

região litorânea, de onde eram enviados para a Europa os produtos extraídos ou

produzidos no país: madeira, cana-de-açúcar, café, algodão, ouro e diamantes,

entre outros.

A Serra do Mar, com seus abruptos contrafortes, constituiu por muito tempo

importante obstáculo à expansão da ocupação e das atividades econômicas. Até

meados do século XVIII, a bacia do Paraíba do Sul era utilizada apenas como

passagem para as regiões de exploração mineral de Minas Gerais. Somente parte

da região do delta do Paraíba, na Baixada Campista, era utilizada para a pecuária.

Na segunda metade do século XVIII, duas culturas passaram a se expandir para o

interior. A cana-de-açúcar, que entrava em decadência na Baixada da Bacia de

Guanabara, passou a dominar a Baixada Campista, onde era incipiente, elevando o

número de engenhos de 55 em 1769, para 400, em 1819. No entanto, a cultura

agrícola que começou com os desmatamentos e com a ocupação extensiva na bacia

foi a cafeicultura, representando o início de um processo de alteração drástica da

paisagem regional. As florestas nativas foram sendo gradativamente destruídas e o

café passou a dominar a paisagem até o início do século XX, quando já entrara em

Page 26: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

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decadência por degradação do solo exaustivamente utilizado em monoculturas

contendo extensas áreas sem cobertura vegetal. Em lugar do café, expandiu-se a

pecuária leiteira, que predomina nos dias de hoje em todas as terras da bacia. A

agricultura, em geral praticada sem considerar a capacidade de suporte para o uso,

é pouco expressiva e representa uma das mais importantes fontes de poluição do

solo e da água pelo uso descontrolado de fertilizantes e agrotóxicos. A cana-de-

açúcar continua sendo a principal cultura na bacia, embora sua produção esteja em

declínio.

No século XX, esgotada a capacidade produtiva das terras por uso intensivo,

inadequado às restrições do ambiente natural, o desenvolvimento na bacia do Rio

Paraíba do Sul foi direcionado para o uso urbano, com o avanço do país na era

industrial, intensificado a partir de meados do século e favorecido na bacia pela

facilidade de acesso a meios de transporte das inúmeras estradas de ferro e de

rodagem oriundas do desenvolvimento do ciclo do café, interligando importantes

núcleos comerciais dos três Estados, como Taubaté (SP), Resende (RJ) e Juiz de

Fora (MG).

A implantação, em 1946, da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta

Redonda (RJ), e a expansão da atividade industrial de São Paulo transformaram o

Vale do Paraíba em um dos principais eixos de comunicação e de desenvolvimento

da Região Sudeste e do próprio país, graças às condições excepcionais que

oferecia, tais como mercado consumidor, fácil escoamento da produção e

suprimento abundante de energia e água, entre outras.

O acelerado desenvolvimento urbano-industrial, tanto na bacia do Rio Paraíba do

Sul como nas regiões metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro, trouxe grande

demanda por energia e água para abastecimento da crescente população que se

estabeleceu no eixo São Paulo – Rio. Implantaram-se alguns aproveitamentos

hidrelétricos na bacia, destacando-se o de Paraibuna-Paraitinga da CESP, situado

na confluência dos formadores do rio Paraíba, os rios Paraitinga e Paraibuna; o de

Santa Branca (Light), no Rio Paraíba do Sul, nos municípios de Santa Branca e

Jacareí; o de Jaguari (CESP), no rio Jaguari, afluente do Paraíba do Sul, no trecho

paulista da bacia, no município de Jacareí; o de Funil de Furnas Centrais Elétricas

Page 27: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

9

S/A (Furnas), situado no Rio Paraíba do Sul, nos municípios de Resende e Itatiaia,

próximo à divisa entre os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro; o de Ilha dos

Pombos (Light), localizado no Rio Paraíba do Sul, nos municípios de Carmo (RJ) e

Volta Grande (MG); e o mais importante e complexo aproveitamento hidrelétrico da

bacia – o Complexo Hidrelétrico de Lajes da Light, responsável pela transposição

das águas do rio Paraíba do Sul para a vertente atlântica da Serra do Mar,

aproveitando uma queda de ordem de 300 m para a geração de energia elétrica e

propiciando o abastecimento de água e energia a cerca de 8 milhões de habitantes,

diversas indústrias e algumas usinas termelétricas localizadas na RMRJ.

O uso agropecuário, embora em crescente decadência, ocupa a maior parte das

terras da bacia. A paisagem atualmente predominante é a das pastagens, em terras

muito degradadas por erosão com freqüentes e sucessivas queimadas, com uma

atividade pecuária de baixa produtividade. Se, no processo de ocupação das terras,

houvesse maior atenção para a conservação do solo, dos mananciais e da

diversidade biológica, a produtividade por área seria muito maior, evitando-se,

assim, o atual cenário de grandes extensões de terras improdutivas, o enorme

desperdício de recursos naturais e a poluição ambiental. A precariedade e

insustentabilidade no modelo monocultura/desmatamento/pecuária extensiva reflete-

se na dimensão dos problemas de infra-estrutura das áreas urbanas, onde vivem

87% da população da bacia. Grande parte dessa população, hoje concentrada em

cidades sem infra-estrutura adequada, origina-se de áreas rurais em decadência

sendo atraída pela oferta de trabalho na Indústria, Comercio e Serviços. Enquanto

isso, a maior parte das terras que poderiam estar produzindo alimentos, madeira e

outros produtos florestais em sistemas social e ambientalmente sustentáveis,

encontraram-se vazias, subutilizadas e em acelerado processo de degradação.

2.2 – DEGRADAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS E ASPECTOS SANITÁRIOS

A ausência de tratamento dos esgotos domésticos na maioria das cidades

representa um dos principais fatores de degradação da qualidade das águas dos

rios da bacia e de riscos à saúde da população. Os índices de coliformes fecais e

fósforo, provenientes dos esgotos, na águas do Paraíba e seus principais afluentes,

são elevados, verificando-se violações nos padrões de classificação do CONAMA

Page 28: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

10

em todas as amostras do monitoramento de qualidade da água da bacia realizado

pela Cooperação Brasil-França e pela da CETESB. Simulações da qualidade da

água, realizadas no diagnóstico do Programa Estadual de Investimentos, no âmbito

do projeto Qualidade das Águas e Controle da Poluição Hídrica (LABHID; COPPE;

UFRJ, 1999), demonstraram que, em alguns trechos dos principais rios da bacia, a

jusante dos maiores núcleos, nem com tratamento terciário dos esgotos seria

possível atingir os padrões CONAMA para coliformes fecais. A deterioração da

qualidade das águas por lançamentos orgânicos, além de prejudicar a biota

aquática, o abastecimento de água das cidades e os usos para irrigação, poderá

comprometer os usos múltiplos esperados para futuros aproveitamentos hidrelétricos

na bacia, principalmente quanto aos elevados teores de fósforo, nutriente

fundamental em processos de eutrofização de reservatórios e lagos.

O desenvolvimento industrial, embora tenha trazido crescimento econômico, em

geral não tem sido acompanhado dos necessários cuidados com a qualidade

ambiental, contribuindo significativamente para a degradação das águas em face do

lançamento de efluentes orgânicos e inorgânicos, muitos extremamente tóxicos e

lesivos à biota aquática, prejudicando o consumo humano de água e alimentos.

Uma parte das 5.200 indústrias cadastradas nos órgãos ambientais do três Estados

vem instalando sistemas de tratamento de efluentes. No entanto, ainda ocorreram

importantes lançamentos de cargas tóxicas nos corpos d‘água, e, mesmo do que já

foi lançado anteriormente, boa parte encontra-se acumulada nos sedimentos de

fundo nos rios e reservatórios, podendo ser assimilada pelos organismos aquáticos,

transferindo-se pela cadeia alimentar, aos peixes e, finalmente, à população que os

consome. O reservatório de Funil, por exemplo, que recebe grande parte da carga

poluente do trecho paulista, apresenta níveis preocupantes de metais pesados nos

sedimentos. Nesse reservatório, outros problemas que merecem destaque são as

elevadas concentrações de fósforo e o acelerado processo de eutrofização, com

proliferação de algas, liberação de toxinas, alterações na distribuição do oxigênio na

água e uma série de alterações físico-químicas (LABHID; COPPE; UFRJ, 1999).

Entre as indústrias, a CSN se destaca pelo seu grande porte e complexidade de

processos, resultando em um “coquetel” de substâncias químicas poluidoras

lançadas diretamente no Rio Paraíba do Sul. Entretanto, é necessário ressaltar que,

Page 29: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

11

em face do Plano de Ajustamento de Conduta, assinado em 27 de janeiro de 2000

entre o Governo do Estado do Rio de Janeiro e a CSN, estão sendo implementadas

aproximadamente 130 ações relacionadas com a melhoria da qualidade do meio

ambiente, num período de três anos, orçadas em cerca de R$ 180 milhões, visando

reduzir totalmente os efluentes tóxicos dessa importante indústria e implantar as

seguintes medidas compensatórias à cidade de Volta Redonda: a duplicação da

Estação de Tratamento de Água de Belmonte (ETA Belmonte), a construção do

aterro sanitário e a doação do terreno para a construção da Estação de Tratamento

de Esgoto do Aterrado.

A erosão, conseqüência dos extensos desmatamentos e do uso rural inadequado,

além de resultar na degradação da capacidade produtiva das terras, contribui para o

assoreamento dos rios, o transporte de sedimentos e poluentes, principalmente os

produtos químicos utilizados na agricultura, e representa, ainda riscos à segurança

das pessoas e prejuízos à áreas urbanas. Em diversas cidades da bacia verificam-

se inúmeras áreas de risco de erosão em encostas ocupadas irregularmente, com

freqüentes ocorrências de deslizamentos e desmoronamentos de terra. Esse

material, carreado para os cursos de água, agrava os fenômenos de inundação,

também verificados em muitas cidades da bacia, causando graves transtornos à

população ribeirinha.

Outro grave problema da bacia, com menor repercussão na qualidade das águas,

mas de grande impacto na saúde da população, diz respeito aos resíduos sólidos. O

lixo urbano, o lixo hospitalar e os resíduos sólidos industriais praticamente não

recebem tratamento e destinação adequados na bacia, à exceção do trecho paulista,

onde o problema vem sendo solucionado pela implantação de aterros para

tratamento e disposição final de resíduos tóxicos. O transporte, pelas chuvas, do lixo

disposto a céu aberto, para os rios e córregos, resulta na poluição e contaminação

das águas. Nas áreas urbanas, o lixo representa mais um obstáculo ao fluxo das

águas, contribuindo para o agravamento dos problemas de inundação.

Diretamente associados à erosão e à degradação da qualidade das águas há ainda

dois importantes aspectos na bacia: as queimadas, praticadas constante e

descontroladamente, e a exploração mineral, voltada para a construção civil e

apresentando graves situações de degradação ambiental, principalmente nas áreas

Page 30: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

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de extração de areia do leito e margens de rios, com destaque para o Vale do

Paraíba, cuja atividade intensa de areeiros se reflete no acelerado processo de

sedimentação do reservatório de Funil.

2.3 - BASE INSTITUCIONAL

As bases do modelo de gestão dos recursos hídricos das bacias de rios federais

foram definidas pela Lei nº 9.433/97, que instituiu a Política Nacional de Recursos

Hídricos e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Esse

Sistema é integrado pelo CNRH, pela ANA, pelos conselhos estaduais de recursos

hídricos, pelos comitês de bacia hidrográfica e pelos órgãos dos poderes públicos

federal, estaduais e municipais, cujas competências se relacionam com os recursos

hídricos, e pelas agências de água.

Dada a importância da bacia do Paraíba do Sul para a economia da região e diante

dos problemas ambientais existentes e potenciais, o Poder Público de alguns

Estados e municípios, juntamente com usuários e a sociedade civil, antecipou-se à

própria Lei nº 9.433/97 e, sem prejuízo da atuação dos órgãos públicos responsáveis

pela outorga bem como os de comando e controle do meio ambiente, criou

instituições visando à defesa de seus interesses relacionados aos recursos hídricos

e, ainda, à recuperação ambiental de bacias de tributários e , mesmo, de estirões do

Rio Paraíba do Sul. Sob a mesma perspectiva, o Governo Federal instituiu o

CEIVAP, por intermédio do Decreto nº 1.842, de 22 de março 1996, do Presidente

da República, mas sua efetiva implantação só ocorreu em 18.12.1997, na cidade de

Resende/RJ.

O CEIVAP tem como atribuições, no âmbito dos recursos hídricos, de acordo com o

decreto de sua criação, buscar a viabilização técnica e econômico-financeira de

programas de investimentos e consolidar políticas de estruturação urbana e regional,

visando o desenvolvimento sustentável da bacia do Rio Paraíba do Sul, além de

promover a articulação interestadual para garantir que as iniciativas regionais de

estudos, projetos, programas e planos de ação complementem e integrem as

diretrizes e prioridades que vierem ser estabelecidas para a bacia e sejam

consoantes com as mesmas. Somam-se a essas atribuições as competências

previstas na Lei nº 9.433/97, a saber:

Page 31: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

13

•promover o debate das questões relacionadas a recursos hídricos e articular a

atuação das entidades intervenientes;

•atribuir, em primeira instância administrativa, os conflitos relacionados aos recursos

hídricos;

•aprovar o Plano de Recursos Hídricos da bacia;

•acompanhar a execução do Plano de Recursos Hídricos da bacia e sugerir as

providências necessárias ao cumprimento de suas metas;

•propor ao Conselho Nacional e aos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos as

acumulações, derivações, captações e lançamentos de pouca expressão, por efeito

de isenção da obrigatoriedade de outorga de direitos de uso de recursos hídricos, de

acordo com os domínios destes;

•estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos e sugerir os

valores a serem cobrados;

•estabelecer critérios e promover o rateio de custos das obras de uso múltiplo, de

interesse comum ou coletivo.

Atualmente, o CEIVAP é composto por 60 membros, sendo 3 representantes do

Governo Federa (1 do MMA, 1 do MME e 1 do Ministério do Orçamento e Gestão

(MOG); os demais 57 membros são representantes dos três Estados que integram

a resolução do CNRH sobre o tema, que prevê a representação de 40% de usuários;

40%, no máximo, de poderes públicos; e 20%, no mínimo, da sociedade civil.

Além do CEIVAP, as instituições já existentes e com efetiva atuação na gestão de

recursos hídricos em regiões da bacia são: os Consórcios Intermunicipais de

Recuperação Ambiental das Bacias dos Rios Muriaé e Pomba, criados,

respectivamente, em 02 de setembro de 1997 e 29 de maio de 1998, abrangendo

municípios dos Estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro; o Comitê das Sub-Bacias

dos Rios Pomba e Muriaé, criado em 05 de junho de 2001; e o Comitê da Bacia

Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul e (CBH-PS), conhecido como Comitê Paulista,

instalado no trecho paulista da bacia desde 25 de novembro de 1994, com base na

Lei nº 7.663/91, que dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos do

Estado de São Paulo.

Page 32: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

14

Cabe ressaltar que recentemente foi criado o consórcio intermunicipal envolvendo os

municípios fluminenses situados no trecho médio do Paraíba do Sul, entre Itatiaia e

Três Rios, por iniciativa do Estado do Rio de Janeiro e do município de Volta

Redonda. Esse consórcio, embora ainda sem planejamento, poderá ser forte aliado

do CEIVAP na gestão dos recursos hídricos desse trecho do Rio Paraíba do Sul.

O CEIVAP vem assegurando a necessária unidade da bacia e, nesse sentido,

mantém permanente diálogo com: os organismos de bacia instituídos; os governos

de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, que têm o domínio das águas dos

afluentes estaduais e das águas subterrâneas; a União, que tem o domínio das

águas do Rio Paraíba do Sul e dos seus afluentes interestaduais; as autoridades

municipais e entidades da sociedade civil, visando a realização das articulações

necessárias para a constituição de outros comitês ou consórcios intermunicipais, etc.

Vale destacar que ao CEIVAP cabe a função de realizar a gestão integrada de toda

a bacia do Rio Paraíba do Sul, buscando sempre o fortalecimento das iniciativas

descentralizadas relacionadas ao gerenciamento dos recursos hídricos, tais como os

comitês e consórcios existentes ou em formação. Nesse sentido, está sempre

presente no CEIVAP o “princípio da subsidiariedade”, significando que tudo o que

puder ser resolvido no nível local o será, respeitando as condições de fronteira em

toda a bacia ou, dito de outra forma, como está expresso no ideário da Agenda 21,

“pensar globalmente e agir localmente”.

2.4 - ESTRATÉGIA GOVERNAMENTAL

A importância da bacia do Rio Paraíba do Sul no contexto nacional e o acelerado

processo de degradação dos recursos hídricos em decorrência da poluição foram

fatores determinantes na criação do CEIVAP, antes mesmo da promulgação da

Política Nacional de Recursos Hídricos. Foi o primeiro passo para a efetiva

implantação de um novo modelo de gestão na bacia, reforçado mediante a

aprovação da Lei nº 9.433/97 e de leis estaduais de recursos hídricos nos Estados

de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

O Governo Federal, com o propósito de acelerar a implementação do novo modelo

de gestão da bacia, financiou, no período de janeiro de 1997 a março de 1999, por

meio de convênios com os Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, a

Page 33: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

15

elaboração de programas estaduais de investimentos para a recuperação ambiental

da bacia. A cada Estado partícipe do convênio foram destinados recursos do Projeto

Qualidade das Águas e Controle da Poluição Hídrica (PQA), financiado pelo Banco

Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento BIRD (Banco Mundial) e

coordenado pela então Secretaria de Política Urbana (SEPURB) do Ministério do

Planejamento e Orçamento (MPO), para a elaboração desse programa, cuja

integração na preparação do Plano de Recursos Hídricos da bacia foi coordenada

pelo CEIVAP.

Cabe registrar que, devido a problemas administrativos ocasionais, o Programa

Estadual de Investimentos de Minas Gerais, não foi elaborado com o PQA, o que

ocorreu dois anos depois, no âmbito do Projeto Preparatório para o Gerenciamento

dos Recursos Hídricos do Paraíba do Sul (PPG), por meio de recursos do Governo

japonês, também viabilizado pelo Banco Mundial.

A inexistência de um programa de investimentos para o trecho mineiro da bacia do

Rio Paraíba do Sul dificultou a estratégia de gestão integrada da totalidade da bacia.

Daí a necessidade de elaborar o Programa de Investimentos para o Estado de

Minas Gerais a fim de possibilitar o trabalho de seleção e hierarquização das ações

nesse trecho da bacia. Para tanto, foi utilizada a mesma metodologia, embora mais

simplificada, adotada no desenvolvimento do PQA. Esse trabalho permitiu maior

uniformização da base de dados dos três Estados, o que concorreu para que

houvesse maior rigor técnico e hierarquização dos investimentos.

No âmbito do PQA, os programas de investimentos foram elaborados com vistas a

identificar e disciplinar um conjunto abrangente de ações físicas, institucionais e de

planejamento que possam reverter, a médio e longo prazos, o cenário de

degradação em toda bacia, recuperando a qualidade de suas águas e aumentando

sua disponibilidade hídrica, além de estar atendendo às exigências da Política

Nacional de Recursos Hídricos, consubstanciada na Lei nº 9.433/97.

Uma avaliação dos fatores relacionados à degradação ambiental e, em particular,

dos recursos hídricos da bacia apontou aspectos que deveriam ser aprofundados na

elaboração dos referidos programas estaduais de investimentos. Foram

selecionados, os componentes esgotamento sanitário, resíduos sólidos, enchentes e

Page 34: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

16

drenagem urbana, controle da erosão, poluição industrial, poluição por fontes

difusas, abastecimento de água e recursos pesqueiros.

A viabilidade de realização das ações de recuperação ambiental da bacia, previstas

nos programas estaduais, está também relacionada à implantação de alguns

instrumentos de gestão, preconizados na Lei nº 9.433/97, principalmente o

desenvolvimento do sistema de outorga e cobrança pelo uso da água na bacia,

capaz de gerar recursos financeiros próprios para o custeio e financiamento dessas

ações que, sem prejuízo dos investimentos dos Estados que compõem a bacia,

deverão ser implementadas ao longo de 20 anos ao custo estimado de R$ 3 bilhões.

Para dar seqüência aos programas estaduais de investimentos na bacia do Rio

Paraíba do Sul, no âmbito do PQA, o Governo do Estado do Rio de Janeiro, a

Secretaria de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente (SRH/MMA) e o

Banco Mundial negociaram a transferência de recursos de ordem de US$ 804 mil de

um grant do Governo japonês para a SRH/MMA. Esses recursos foram viabilizados

pelo Banco Mundial com o objetivo de preparar e especificar as ações estruturais e

não-estruturais de um projeto inicial de gerenciamento de recursos hídricos na bacia

do Rio Paraíba do Sul, constituído por algumas das intervenções previstas nos

programas de investimentos delineados para cada Estado. A implantação dos

projetos e programas resultantes dessa especificação implicam investimentos da

ordem de US$ 40 milhões, a serem financiados pelo Banco Mundial.

A fase de preparação e especificação das ações do Projeto Inicial constituiu o que a

SRH/MMA formalmente denominou de Projeto Preparatório para o Gerenciamento

dos Recursos Hídricos do Paraíba do Sul (PPG), já mencionado, o qual é

acompanhado pelo CEIVAP em todas as etapas.

O Projeto Inicial tem como objetivo central implementar os principais instrumentos e

ferramentas para a gestão dos recursos hídricos e produzir um “efeito

demonstração”, mediante a implantação de algumas ações estruturais, que motive

todos os agentes intervenientes na bacia para o enfrentamento dos problemas

relacionados ao gerenciamento dos recursos hídricos e à recuperação ambiental da

bacia, buscando, dessa forma, o fortalecimento e a consolidação do CEIVAP.

Page 35: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

17

A bacia do Rio Paraíba do Sul representa, portanto, grande desafio para a gestão

dos recursos hídricos, tendo em vista a magnitude e a complexidade dos problemas

sanitário-ambientais que afetam a qualidade das suas águas e do ambiente em

geral. Pode-se afirmar como mais críticos os problemas relativos à poluição

industrial, ao esgotamento sanitário e à erosão na bacia.

3 – A ÁGUA COMO INSTRUMENTO DE PLANEJAMENTO E GESTÃO

O nosso velho Código das Águas, de 1934, já entendia a água como um bem

público, com valor econômico, e já previa a cobrança pelo uso da água. A Lei

Federal nº 6.938/81, que define a Política Nacional do Meio Ambiente, retoma a

questão. No Estado de São Paulo, a Constituição de 1989, na seção sobre Recursos

Hídricos, art. 211, é explicita, definindo que haverá cobrança pelo uso da água. A Lei

Estadual nº 7.663/91, que regulamenta esta seção da Constituição, é ainda mais

detalhada, apresentando os critérios para a cobrança pelo uso da água.

Ao longo de nossa história, o poder público adotou diferentes concepções e

estratégias no tratamento de questão ambiental. A explicação para estas variações

na compreensão e tratamento da questão ambiental pelo Estado deve ser

compreendida muito além de seu significado estritamente ambiental: tem origem e

reflete diretamente os caminhos que o Estado assumiu perante os processos

produtivos e as transformações da organização social, de forma mais ampla,

portanto do que se identifica em uma análise estritamente ambiental.

Os setores econômicos, na medida em que se tornaram preponderantes em cada

período da história socioeconômica do país, estabeleceram relações e processos

interativos com o Estado, com a burocracia gestora, a legislação e as instituições

que se sucederam. A necessidade de adaptação dos instrumentos de ação do

Estado é permanente. Seu ritmo e recorrência são não apenas fundamentalmente

definidos com as necessidades dos setores produtivos, mas também com as

exigências dos movimentos sociais, com as condições e os fluxos de informação,

de capital, etc.

As políticas ambientais no país vêm evoluindo ao longo do tempo: indicam, a cada

período, o papel do Estado na formação social brasileira, sua participação na

Page 36: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

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definição dos processos econômicos e no estabelecimento de padrões de

apropriação e de transformação do meio. A evolução dessas políticas reflete,

igualmente, a evolução da preocupação social com a questão ambiental no Brasil.

A evolução dessas políticas e da legislação por vezes transmite a ilusão de que os

quadros legais e os agentes do meio jurídico são uma força em si, possuem vida

própria e definem a gestão ambiental. Contudo, na área ambiental como nas

demais, a definição da normas jurídicas acompanha, paulatina e seguidamente, as

necessidades e a compreensão que a sociedade tem do problema, a cada período.

Nas políticas ambientais brasileiras, podem-se perceber momentos distintos, com

diferentes estratégias e abordagens básicas. Em todos os momentos, no entanto,

predominam as noções de um Estado patronal e paternal.

No fim da década de 80, ocorreram grandes mudanças nos padrões nacionais da

gestão ambiental, a começar por São Paulo. Estas modificações foram causadas,

em grande parte, por sinais de esgotamento dos recursos naturais necessários à

produção e à reprodução da força de trabalho, bem como pelo alto custo da sua

recuperação. A situação limite a que chegaram as condições urbanas foi o elemento

que induziu a consciência publica a assimilar o problema. Foi também o elemento

indutor de modificações nos padrões de gestão, tanto no âmbito público como no

privado.

Historicamente houve um esgotamento das políticas públicas setoriais e parciais e

sua insuficiência tornou-se evidente. Paralelamente, o processo de democratização

e de relativa estabilização social no período pós governos militares trouxe à

discussão a exigência de novos padrões de relação entre a sociedade e o Estado,

fazendo emergir demandas e questionamento represados.

É neste quadro que a gestão de recursos hídricos acarreta grandes inovações à

política de gestão ambiental, reforçando a possibilidade de deixar de se discutir

simplesmente o controle, o licenciamento e a fiscalização, e de se passar a fazê-lo

como etapas inerentes à gestão ambiental de processos produtivos e de ocupação

do território.

Page 37: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

19

A área ambiental deixou, paulatinamente, desde o final da década de 80, de centrar-

se exclusivamente nos procedimentos meramente reguladores ou normativos, em

que o poder público dita à sociedade regras de conduta. Segmentos da área

ambiental apercebem-se de que estas normas e critérios vêm sendo adotadas, ou

não, em função de processos econômicos e sociais que, na verdade, sempre

escaparam à compreensão e à ação tecnocrática dos agentes públicos envolvidos.

O desenvolvimento de conceitos e de procedimentos para negociação de conflitos

passam a ser instrumentos privilegiados de planejamento ambiental. Estes

procedimentos são estabelecidos de forma a abranger o conjunto dos segmentos

representativos da sociedade, interessados no bem ambiental, sejam como

representante do setor produtivo, ou como cidadão que se articulam para deliberar e

para agir.

Ao mesmo tempo, a gestão ambiental procura reduzir o peso dos instrumentos de

comando e controle, orientando-se paulatinamente para instrumentos econômicos

de mercado e de planejamento estratégico. Esta inclinação possui perfeita sintonia

com as transformações internacionais globalizadas e assumidas pelos gestores

públicos de todos os setores do país.

Desde a conferência Rio 92 (ECO 92), há uma tendência para a adoção de

mecanismos de mercado, desenvolvendo-se então a necessidade de valorar bens e

danos ambientais. Ao mesmo tempo, os interesses de investidores neste campo

passam a tomar forma e vulto. Paralelamente, critérios ambientais passam a ser

também usados como barreiras de proteção a mercados nos trâmites de comércio

internacional. No Protocolo de Kyoto, o conceito de “moedas ambientais” foi

consagrado.

No caso da água, a situação talvez seja ainda mais complexa. A água é passível de

uso privado, seja como insumo para a produção, seja para uso doméstico, sendo

este uso objeto de transação comercial, sempre que escasso. Mas o recurso hídrico

não é passível de apropriação privada. O uso da água é realizado com base em uma

outorga, isto é, uma concessão ou autorização de uso, de um bem que permanece

público e portanto inalienável. A distinção não é retórica e tem implicações diretas na

formulação de políticas.

Page 38: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

20

A gestão de recursos hídricos, com todas as transformações assumidas na

legislação estadual, e posteriormente na federal, vem sendo indutora de

modificações significativas na gestão ambiental. Diversos dos instrumentos de

gestão hídrica continuam obrigando a uma ampliação da discussão ambiental.

A introdução da cobrança pelo uso da água permite, especialmente, a consolidação

de diversos princípios de gestão ambiental que hoje estão consagrados

conceitualmente em todo o mundo, fazendo parte, inclusive, de documentos que

sistematizam as melhores práticas, como a Agenda 21, mas que ainda não estão

devidamente consolidados em nossos cotidianos.

O primeiro de uma série de conceitos complexos que foram adotados na gestão de

recursos hídricos, com fortes reflexos na redefinição dos instrumentos de gestão

ambiental, é o de que a gestão deve ser realizada a partir de processos de

planejamento regional integrado por bacias hidrográficas.

A Lei Estadual de Recursos Hídricos define os critérios e métodos para gestão, as

formas de articulação social, as instituições e seus papéis – e cada Bacia aplicará

estes critérios e métodos com bastante autonomia, visando tornar flexíveis os

instrumentos para a concretização de seus próprios planos e para a consecução de

suas metas.

A Federação brasileira é baseada em três esferas de poder – União, Estados e

Municípios - e mesmo a Constituição Federal de 1989 ocupa-se de forma

insuficiente com a criação de instâncias regionais.

A região, seja uma bacia hidrográfica, um ecossistema, ou outra unidade territorial

socioambiental, é, por excelência, a unidade que deve ser adotada para os

procedimentos de gestão ambiental. Por esta razão, a legislação de recursos

hídricos, regionalizando-se e descentralizando-se, foi elemento fundamental na

indução da transformação da gestão ambiental.

O segundo conceito, caro aos ambientalistas e adotado na gestão hídrica, é o de

que este planejamento deve ser desenvolvido em processos recorrentes, que

congreguem, por meio da participação, os usuários da água e a sociedade civil

organizada, como é o caso dos Comitês.

Page 39: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

21

O terceiro conceito é o de que a gestão deve ter como base a definição de metas de

qualidade, as quais são geradas de forma integrada com a identificação de

estratégias de ação compatíveis com as realidades sociais de cada região.

Um quarto conceito importante para a gestão ambiental, e consagrado nestes

procedimentos, é o de que a definição de políticas e de metas ambientais não pode

ser atribuição exclusiva da área ambiental, mas sim definida e acordada por meio de

interação permanente entre todos os segmentos do Estado, entre gestores e

usuários e entre temas e políticas setoriais.

Com a cobrança pelo uso da água, fica reiterada a forma de gestão integrada, na

medida em que, para definir o valor a ser cobrado, é necessário avaliar todas as

questões que incidam sobre a disponibilidade do recurso hídrico, todos os agentes

sociais, institucionais e políticos envolvidos, assim como a necessária integração

para a aplicação dos recursos advindos da cobrança.

Um último conceito que está presente na definição da Política de Recursos Hídricos

e que tem fortes reflexos na gestão ambiental é que os instrumentos de gestão

ambiental tradicionalmente conhecidos como sendo de comando e controle devem

ser acompanhados e completados por instrumentos indutores financeiros ou

econômicos. É importante destacar que estes vêm ganhando significado,

especialmente na medida em que, com a transformação do papel do Estado, há uma

procura de procedimentos de regulação que se apóiem na própria mecânica do

mercado.

Significativamente, em São Paulo, estes conceitos foram amadurecidos e

sistematizados em um trabalho integrado entre técnicos oriundos das áreas

ambiental e de recursos hídricos, com todas as dificuldades que culturas

institucionais distintas podem enfrentar.

Assim, a elaboração de planos de bacias hidrográficas impõe que as definições de

metas ambientais de qualidade e de quantidade de água sejam o resultados e a

expressão de processos de acordos sociais, e, ainda, que estes incluam prazos e

recursos para a consecução destas metas.

Page 40: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

22

O processo de discussão e de definição dos planos de bacia é, em realidade, um

vasto procedimento de acordo social, definido de modo transparente e

institucionalizado, expressando o desejo da população, dos segmentos produtivos e

do poder público sobre o futuro das suas águas e, por decorrência, do seu meio

ambiente. Em cada bacia, ao definir as prioridades de uso da água, os locais de

captação para o abastecimento público, os locais de lançamento de efluentes e de

cargas poluidoras aceitáveis (o enquadramento dos corpos d‘água), o Comitê estará

aplicando parcela significativa da política ambiental regional.

Quando o poder público estabelece e implementa, com a sociedade, os

procedimentos de discussão dos preços a serem fixados para cada usuário da água,

está assumindo uma estratégia política profundamente participativa. Isso porque, na

medida em que se define a incidência de pesos diferenciais para diferentes usuários

de um mesmo Comitê, gera-se responsabilização comum pela definição de metas e

pelos resultados a serem atingidos.

Ao longo deste processo emanam diretrizes para a ação do poder público, tanto na

gestão da quantidade (controle de outorgas) como da qualidade (controle de

lançamentos). Ainda mais importante: reduz-se a margem de discriminação técnica

que é inerente à aplicação da legislação ambiental e que, freqüentemente, resulta

em conflitos e em fortes desentendimentos, uma vez que, por definição, não existe

análise técnica isenta de expressão do desejo e da visão de mundo do seu autor.

O conceito de desenvolvimento sustentado implica numa interação, em uma espiral

de sinergia positiva, entre os sistemas naturais e os socioeconômicos e tem,

portanto, uma dimensão cultural e política importante a ser considerada. A

perspectiva de participação democrática de todos os setores da sociedade nos

processos de planejamento e de gestão de recursos hídricos é aspecto fundamental

para que se alcance um padrão de desenvolvimento sustentável.

O resultado do planejamento são planos, ou seja, propostas de metas a serem

alcançadas considerando um cenário desejável, acompanhadas de uma estratégia

de viabilização. O reconhecimento de que há um valor e um custo na água, assim

como o estabelecimento de um preço pelo seu uso, é parte desta estratégia de

viabilização das metas acordadas.

Page 41: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

23

Haveria perda de competitividade para os produtos brasileiros perante os mercados

internacionais, se esses produtos contabilizarem o custo de água como parte de seu

preço? Engano. A cobrança pelo uso da água passou a ser possível entre nós no

momento em que mudou o paradigma das economias capitalistas. Até há poucos

anos, a competitividade era oferecida pela escala, por vantagens locacionais, pelo

aviltamento do preço da mão-de-obra, pela “frouxidão” da legislação ambiental,

dentre outras.

Com a globalização dos mercados, a difusão de informação, a estabilidade das

economias, o padrão de concorrência tende a mudar. Esta tendência passa a

ocorrer, crescentemente, pela diferenciação do produto. O poder de decisão do pólo

consumidor aumenta fortemente e passa a incorporar claras demandas ecológicas.

Tudo indica que estamos diante de uma mudança que não é marginal e, sim,

estrutural na dinâmica do capitalismo.

Há, portanto, uma lógica que orienta a forma como será estabelecida a cobrança,

entendendo-a como um instrumento de racionalização e de planejamento do uso da

água, minimizando seu impacto potencial sobre as atividades econômicas nas

bacias hidrográficas do Estado. Não se trata de um mero mecanismo de

arrecadação financeira. Neste sentido, a cobrança pelo uso da água é um dos mais

fortes instrumentos para implantação de políticas ambientais, de metas de qualidade

que sejam acordadas regionalmente, e da legislação ambiental.

Esta lógica não pressupõe, certamente, autorização para degradar, na medida em

que as práticas de controle ambiental devem ser, sempre, aprimoradas. A cobrança

pelo lançamento de efluentes tem como parâmetro o lançamento legalmente

autorizado, previsto e compatível com a classe do corpo d‘água em pauta. Todo

lançamento de efluente, cujas características ultrapassem a capacidade de

depuração e as metas de qualidade previstas no plano de bacia, deve ser objeto do

poder de policia do órgão ambiental, conforme previsto legalmente. Não existe

pagamento que autorize o lançamento de efluentes, se estes efluentes levam à

ultrapassagem dos padrões de qualidade previstos.

A Lei Estadual nº 7.663/91, e toda a conceituação que embasou, define a cobrança

pelo uso da água como sendo bem público. A cobrança não se constitui em tarifa,

Page 42: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

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taxa, imposto, contribuição de melhoria ou semelhante. Trata-se de um novo

conceito, que implica em uma retribuição que o usuário faz à sociedade, uma vez

que está utilizando um bem de propriedade comum, a água.

É por isso que deve ser cobrado o uso que se faz pela captação (derivação) de

água, seja ela devolvida ou não ao corpo original. Da mesma forma, deve ser

cobrado o uso que se faz do corpo da água como meio para diluição e afastamento

de efluentes.

Assim sendo, deduz-se que a cobrança não será igual para todos. O preço da

captação de água não é o mesmo em locais distintos de uma mesma bacia, porque

o valor da água é diferente em cada local. Em cada trecho da bacia, prioridades de

uso podem ser definidas, implicando na identificação de usuários com prioridade

para a captação e com valores reduzidos de cobrança. Em cada trecho, os Planos

de Bacia podem definir metas de alocação, ou de disponibilização, de quantidades e

de qualidade de água para a comunidade e para determinadas atividades

produtivas. A água será tão mais cara quanto a captação prevista afastar-se destas

metas.

Portanto, o preço pode variar em locais distintos de uma mesma bacia, ou, em um

mesmo local, entre dois captadores que se proponham a fazer uso diferentes da

mesma água: o plano de bacia terá estabelecido preços que onerem, e assim

desestimulem, os usos da água não compatíveis com as metas de qualidade e de

quantidade pretendidas para aquele local.

Critérios que sempre nortearam as deliberações de concessão de licenças

ambientais, como a disponibilidade de água na região, a regularização da vazão já

atingida por meio de obras, a quantidade de água a ser consumida, o quanto e em

que qualidade será devolvida ao corpo d‘água e, ainda, para que uso se destina a

captação, passam a ser critérios para definição do preço da água.

Nos casos de lançamentos de efluentes, ou seja, de utilização do recurso hídrico

como diluidor ou assimilador de efluentes de sistemas de tratamento de esgotos

domésticos, industriais ou quaisquer outros, a cobrança também passará a

considerar parâmetros semelhantes.

Page 43: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

25

Assim, a definição de preços para o lançamento de efluentes também poderá variar

em cada caso, dependendo da classe do corpo d‘água no local de lançamento. O

critério para ponderação do valor incidente sobre o lançamento vai depender do tipo

de contribuição ou de comprometimento de um determinado lançamento em relação

as metas de qualidade (expressas na classe do corpo d‘água) estabelecidas pelo

Comitê para o local. Mais uma vez, a cobrança pelo uso da água atua de forma

sinérgica com os instrumentos tradicionais das políticas ambientais.

Dessa forma, os valores de cobrança da água serão definidos para cada região e

para cada período, a partir dos Planos de Bacia. Os Comitês ganham um poderoso

instrumento de apoio à implantação dos seus planos, pela ponderação da incidência

e de peso de cada um desses parâmetros de valor da água, cobrando

diferenciadamente conforme a quantidade captada, o uso a que se destina a

captação, a tecnologia utilizada, o local, a época do ano, a disponibilidade da água,

etc.

Determinando valores maiores ou menores àqueles usos considerados mais ou

menos adequados pelo Comitê; os processos produtivos ultrapassados, os locais de

captação não recomendados, as tecnologias hídrico-intensivas preços mais altos, ao

mesmo tempo beneficiando, mediante menor valor de cobrança, os usuários

considerados prioritários, os locais, os procedimentos e os comportamentos que

favorecem a conservação da água, a região adota, como já se disse, a cobrança

como verdadeiro instrumento de planejamento e gestão do uso da água.

É compreensível, nesta ótica, que a legislação preveja que todos os usos, sem

exceções, estejam sujeitos à cobrança, assim como não prefixe preço para nenhum

tipo de uso. O estabelecimento de benefícios é atribuição regional, devendo variar

de acordo com a circunstâncias sociais, econômicas, ambientais, sanitárias e outras

que o Comitê considere.

Desse modo, a cobrança pelo uso da água é, em sua versão mais nobre, um

instrumento de planejamento e gestão ambiental, que permite influenciar

diretamente o perfil da demanda e da oferta de água, assim como a localização das

atividades produtivas, o uso e a ocupação do território, a incidência de infra-estrutura

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e de serviço de saneamento ambiental, etc. É bom lembrar que estas sempre foram

e serão algumas das metas das políticas ambientais.

Aplicam-se a cada usuário da água, portanto, preços maiores ou menores em

função da congruência existente entre o uso que pretende fazer a captação com a

política de água estabelecida pelo Comitê. Igualmente, aplica-se, a cada interessado

em obter uma autorização para lançamento de efluente, um preço compatível com a

capacidade do corpo receptor em diluir e transportar o efluente, conforme a

compatibilidade deste lançamento com os demais usos previstos. A cobrança deverá

acelerar, portanto, a integração dos procedimentos de gestão ambiental com os de

gestão hídrica “stricto sensu”, na medida em que as definições de parâmetros e de

metas para cada trecho exigem que seja considerada a interação entre qualidade e

quantidade.

Não cabe, porém, confundir a cobrança pelo uso da água com o chamado “direito de

poluir”, uma vez que o padrão de emissões estabelecido para um trecho,

determinado pelo enquadramento dos corpos d‘água da bacia correspondente, não

pode ser ultrapassado e nem deve ser colocado em discussão no momento de

definição de preço de água. Mesmo um lançamento de efluentes ou uma captação

adequada aos padrões previstos no enquadramento tem um custo social e ambiental

inerente que, quando não assumido pelo interessado, é repassado ao conjunto da

sociedade.

No entanto, não é nova a noção de que há um custo social subjacente às ações,

geralmente praticadas pelo poder público, que permitem a perenidade da

disponibilização de água superficial ou subterrâneas para os diversos usos. Da

mesma forma, há tempos que este custo é crescente conforme a escassez do

recurso, assim como sabe-se que deveria ser assumido diretamente pelo usuário.

No caso de São Paulo, uma vez que parcela significativa da suas águas superficiais

interessam a dois ou mais Estados, a definição de políticas e de práticas coerentes

para cada bacia hidrográfica sempre foi um desafio para a gestão ambiental. A

gestão das águas que tem como base a bacia hidrográfica não aceita facilmente as

fronteiras administrativas. Na medida em que instituam os Comitês inter-estaduais,

haverá ganhos, permitindo o estabelecimento de práticas conciliadas e coerentes

Page 45: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

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para áreas que, por estarem sob a jurisdição de órgãos ambientais estaduais

distintos, muitas vezes foram objeto de políticas e de práticas incoerentes, ainda que

drenassem para o mesmo corpo d‘água.

A “flexibilização” de normas ambientais, muitas vezes aplicada sob a ótica de

competição por empregos e impostos, perde espaço quando é necessário discutir os

custos sociais e ambientais do uso do solo e da água. Será necessário, assim, o

aprofundamento dos procedimentos de integração que garantam que a cobrança

pelo uso da água não seja utilizada como mecanismo similar aos da chamada

“guerra fiscal”. Mesmo porque, de pouco adiantará para a melhoria das condições

ambientais a implantação da cobrança em uma margem do rio se na outra a

captação e o lançamento não forem objeto da mesma política.

A cobrança passa a ser, portanto, um excelente instrumento de apoio à política

ambiental. Não se pode, com isso, abrir mão dos instrumentos tradicionais; não se

pode deixar de licenciar, fiscalizar e monitorar. Muito pelo contrário, o esforço que

será exigido dos órgãos públicos para que se possa realizar a cobrança será

significativo.

A aplicação do mecanismo de cobrança tem como pressuposto a existência de

bases de dados comuns a todos os segmentos envolvidos, a confiança na

atualização e a integração das informações. Este é um aspecto que deverá levar a

avanços positivos: estimula e obriga a produção de informações atualizadas,

confiáveis e públicas sobre cada Bacia. Só será possível implantar sistemas de

cobrança pelo uso da água na medida em que se disponha de cadastros atualizados

de usuários, tanto na captação de água, como no lançamento de efluentes, de

medições de vazão sistemáticas além de monitoramento integrado e permanente.

Ainda mais: é fundamental o acesso público a estas informações, de forma a se criar

e manter o clima de confiança que é pressuposto da disponibilidade de pagar. Todos

estes itens implicam em aprimoramento das atividades do Estado como um dos

gestores da água, estimulando a democratização da gestão graças à produção e

difusão de informações.

Percebe-se que, do ponto de vista ambiental, ainda antes de se discutir em que item

será aplicado o recurso financeiro advindo da cobrança, é crucial que se discuta e se

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garanta os procedimentos a serem adotados na decisão de como cobrar, quanto e

mesmo de quem inicialmente cobrar. Reside aí a riqueza da aplicação dos princípios

da gestão ambiental, inerente ao conceito de cobrança pelo uso da água.

É evidente que a boa aplicação destes recursos também é importante e não pode

ser descuidada. O recurso proveniente da cobrança será utilizado nos programas,

projetos e ações que o Comitê considere necessários, conforme sejam definidos nos

Planos de Bacia Hidrográfica. Deverão advir daí as ações, projetos e obras

significativos para a garantia da qualidade e da quantidade de água. A adequada

definição destes itens de aplicação dos recursos financeiros estará garantida na

medida em que a própria definição da cobrança seja realizada com base nos

conceitos e questões aqui identificados.

Existem, ainda, duas questões cuja análise, conceitual e política, devem ser

aprofundadas para que se possa identificar e tornar ótima a aplicação da cobrança

pelo uso da água como instrumento de gestão ambiental.

A primeira é o fato de que a cobrança pelo uso da água é um mecanismo de efeito

redistributivo das atividades econômicas, tanto internamente a cada bacia, como

inter-bacias, na medida em que pode induzir ou desestimular, a localização de

atividades e a ocupação do território. Mais uma vez, a cobrança pelo uso da água

ganha a forma de instrumento de política ambiental, apoiando a implementação das

propostas previstas nos zoneamentos e nas normas de uso do solo.

É necessário estar consciente deste potencial e utilizá-lo com o devido cuidado, a

partir de critérios de procedimentos transparentes e socialmente acordados,

amplamente debatidos nos Comitês e pela sociedade como um todo. Neste sentido

é de fundamental importância que o plano de bacia esteja perfeitamente articulado

às políticas regionais e de desenvolvimento, permitindo eficiência na indução da

ocupação desejável do território.

A segunda, é o fato de que um dos usos da água, cuja priorização deverá ser

considerada nos planos de bacia, diz respeito à preservação da vida aquática, a

garantia de biodiversidade, à garantia da produtividade pesqueira e à preservação

de mananciais.

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Cada um destes usos exige, nos trechos de corpos d‘água em que estejam definidos

como prioritários, uma série de restrições, de planos e ações especificas. A cada um

destes usos corresponde, portanto, um valor da água, um custo social para sua

preservação e, também, um ônus social e privado nos casos em que não se consiga

garantir estes usos. Provavelmente nos locais em que estes usos sejam

considerados socialmente prioritários, o preço da água deverá ser indutor de

desestímulo a outros usos, sempre que sejam conflitantes com as condições

necessárias à garantia deste uso prioritário.

A composição de cada Comitê de Bacia, correspondendo idealmente a uma

representação do universo dos interesses presentes na bacia, deverá ser capaz de

fazer presente este tipo de preocupação e de interesse.

De qualquer forma, a escassez que já se faz verificar em diversas regiões impõe a

implantação de medidas de responsabilização coletiva. Sem água, não há vida! De

todas as questões ambientais, esta é a que mais cedo colocou em risco o

desenvolvimento socioeconômico e a qualidade de vida da população.

3.1 - DISPONIBILIDADE HÍDRICA

De acordo com Rebouças (2002), “água refere-se, regra geral, ao elemento natural,

desvinculado de qualquer uso ou utilização. Por sua vez, o termo recurso hídrico é a

consideração da água como bem econômico passível de utilização com tal fim”.

O volume total de água no planeta Terra é estimado em 1,4 x 109 km³, do qual 2,5%

pode ser considerado água doce, sendo que deste percentual, 68,9% estão contidos

nas calotas polares, nos glaciares ou em aqüíferos subterrâneos profundos,

conforme apresenta a Figura 1. Resta um estoque de 11x106 km³ de água doce, que

não pode ser considerado como disponibilidade; são precipitações sobre o planeta,

que podem proporcionar um fluxo de água renovável para atendimento às

demandas humanas e ambientais (LANNA, 2002).

Page 48: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

30

Figura 1 – Distribuição das Águas na Terra

Fonte: REBOUÇAS, 2002.

As precipitações, na maior parte, caem sobre os oceanos, e nem todo o volume que

cai sobre os continentes pode ser utilizado, pois mais da metade chega aos oceanos

antes de captação e um oitavo atinge áreas muito distantes dos seres humanos.

Parte da disponibilidade restante é necessária para suporte do ambiente, não

devendo ser utilizada pelo homem, reduzindo ainda mais a disponibilidade efetiva

(LANNA, 2002).

Diante do apresentado, há a necessidade de se gerir a água de forma a assegurar à

atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de

qualidade adequados aos respectivos usos, a utilização racional e integrada dos

recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, visando ao desenvolvimento

sustentável, e a prevenção e defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem

natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais (LANNA, 2002;

BRASIL , 2005b).

A Política Nacional de Recursos Hídricos, instituída no Brasil por intermédio da Lei

nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997, tem como objetivo maior o uso sustentável dos

recursos hídricos, utilizando-se de instrumentos de planejamento e gestão, dentre os

quais destaca-se a cobrança pelo uso da água e estabelece que a bacia hidrográfica

é a unidade territorial para a implementação da Política e atuação do Sistema de

Page 49: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

31

Gerenciamento de Recursos Hídricos (LANNA, 2002; BRASIL, 2005b; REDE DAS

ÁGUAS, 2005).

Com o objetivo de respeitar as diversidades sociais, econômicas e ambientais do

País, o Conselho Nacional de Recursos Hídricos - CNRH, aprovou em 15 de outubro

de 2003, a Resolução de número 32, que instituiu a Divisão Hidrográfica Nacional,

conforme demonstrada na Figura 2.

Figura 2 – Divisão Hidrográfica Nacional

Fonte: REDE DAS ÁGUAS, 2005.

As dimensões continentais e diversidades das regiões e bacias hidrográficas

brasileiras, em termos físicos, climáticos, hidrológicos, demográficos, políticos,

econômicos, sociais e culturais são consideráveis. Segundo o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE, 2000), o Brasil tem área da ordem de 8.511.000 km² e

população total de aproximadamente 169 milhões de habitantes, correspondendo a

uma densidade demográfica média, porém não uniforme, de cerca de 19 habitantes

por km², com graus de desenvolvimento bastante heterogêneos.

Page 50: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

32

Da mesma forma, a disponibilidade hídrica também não é uniforme, resultando um

balanço entre disponibilidade e demanda de recursos hídricos entre grandes

extremos, intra e inter-regionais, afetado tanto pela escassez hídrica, como pela

degradação dos recursos causada pela poluição de origem doméstica e industrial

(BARTH, 2002; SANTOS, 2002).

Segundo Santos (2002) e Barth (2002), no Brasil, a disponibilidade hídrica apresenta

basicamente três situações e pode ser visualizada na Tabela 1 e nas Figuras 3, 4 e

5:

•Regiões Sul e Sudeste: relativa abundância de recursos hídricos comprometida

pela urbanização crescente e concentração da população nas capitais e grandes

regiões metropolitanas, com conseqüente poluição de origem doméstica

(generalizada) e industrial (bacias mais industrializadas), apresentando áreas de

escassez como a Região Metropolitana de São Paulo. Como exemplo de situação

crítica, pode-se citar a bacia do Alto Tietê, no Estado de São Paulo, que tem

disponibilidade de 171 m³/ano/hab e necessita de reversão de águas de outras

bacias para atingir a disponibilidade de 210 m³/ano/hab;

•Região semi-árida do Nordeste com graves problemas de escassez gerados pelo

clima semi-árido e pela má distribuição das chuvas e agravados por poluição

doméstica, e apresentando ainda poluição industrial em níveis relativamente baixos;

•Região Centro-Oeste e Norte com grande disponibilidade hídrica, baixa poluição

tanto doméstica como industrial, devido a uma ocupação urbana ainda rarefeita, mas

inserida em dois ecossistemas: Pantanal e Amazônia, que demandam estratégias

especiais de proteção.

Cita ainda o mesmo autor que, apesar da relativa abundância em termos médios, a

situação é bastante crítica em algumas bacias, devido aos fatores:

•Má distribuição dos recursos em nível nacional: pode-se citar como exemplo os

estados de Paraíba e Pernambuco com disponibilidade hídrica per capita abaixo do

limite de 1.500 m³/ano/hab (considerado crítico), e em outros abaixo do limite de

2.500 m³/ano/hab, considerado limite mínimo adequado para o desenvolvimento

normal das atividades humanas;

•Comprometimento dos recursos pela poluição hídrica oriunda de efluentes

domésticos, industriais e de origem difusa e/ou agrícola, representando risco

Page 51: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

33

sanitário e tornando-os impróprios para alguns usos mais nobres, como por

exemplo, o consumo humano.

Barth (2002, p. 590) cita que, “segundo padrões internacionais, os cenários de

escassez de água ocorrem quando a disponibilidade hídrica se situa entre 1.000 e

2.000 m³/ano/hab e a escassez real quando esse valor está abaixo de 1.000

m³/ano/hab”.

Tabela 2 – Disponibilidade hídrica nas grandes bacias do Brasil

Fonte: SANTOS, 2002. p. 183.

Page 52: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

34

Figura 3 – Distribuição dos recursos hídricos no BrasilDistribuição dos Recursos Hídricos no Brasil

Sul7%

Sudeste6%

Nordeste3%

Cen tro Oeste16%

Norte68%

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro Oeste

Fonte: REDE DAS ÁGUAS, 2005.

Figura 4 – População por região no BrasilPopulação por Região no Brasil

Centro-O es te 11 63 67 28

7 %Norte

129 00 70 48 %

Nordes te 47 74 17 11

28%

Sude ste 7 24 12 41 1

4 2%

Sul 2 51 07 61 6

15 %

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Fonte: IBGE, 2000.

Page 53: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

35

Figura 5 – Disponibilidade hídrica e população por região no BrasilDisponibilidade Hídrica e População por Região

no Brasil

3 6 7

168

28

42

157

68

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

%

Disponibilidade Hídrica População

Fonte: IBGE, 2000; REDE DAS ÁGUAS, 2005.

3.2 - IMPACTOS CAUSADOS PELA COBRANÇA

A representação dos recursos da cobrança em relação às demandas de

investimento em proteção, recuperação e ampliação da oferta hídrica do país devem

ser avaliados de forma detalhada, no âmbito dos planos de bacia e dos planos

estaduais e nacional de recursos hídricos, para minimizar os impactos econômicos e

políticos causados pela implementação da cobrança.

Quanto a impactos positivos, negativos e sobre a disponibilidade hídrica, a Tabela 3

apresenta relação dos principais usos de um corpo hídrico, com os respectivos

impactos.

Tabela 3 – Usos da água e efeitos sobre a disponibilidade hídrica

USOS EFEITOS SOBRE A DISPONIBILIDADE

HÍDRICA

IMPACTOS

POSITIVOS NEGATIVOSAbastecimentoUrbano e industrial

-Redução da disponibilidade hídrica

-Aumento da conscientização e da pressão por preservação e recuperação da qualidade e da quantidade de água

-Redução das vazões pode ter impactos sobre os ecossistemas

-Impõe restrições aos demais usos com respeito à qualidade e quantidade da água

Page 54: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

36

USOS EFEITOS SOBRE A DISPONIBILIDADE

HÍDRICA

IMPACTOS

POSITIVOS NEGATIVOSDiluição de efluentesurbanos e industriais

-Redução da disponibilidade hídrica

-Poluição da água

-Retorno ao corpo hídrico de parte substancial do volume captado (cerca de 80% para o uso urbano e mais de 90% para o uso industrial)

-Impactos sobre os ecossistemas

-Aumento dos custos de tratamento para o uso urbano e alguns usos industriais

-Riscos ou impossibilidade de uso agrícola e piscicultura

-Deterioração de estruturas hidráulicas

-Doenças de veiculação hídrica

-Riscos associados ou impossibilidade de uso recreacional ou estético

Uso agropecuário(irrigação e dessedentação de animais)

-Redução da disponibilidade hídrica

-Poluição da água

-Aumento da conscientização e da pressão por preservação e recuperação da qualidade e da quantidade de água

-Poluição decorrente da erosão superficial e lavagem dos solos com aumento dos sólidos em suspensão, carga orgânica e nutrientes

Reservação(Geração de energia, abastecimento, uso recreativo)

-Alteração temporal da disponibilidade hídrica

-Poluição ou melhoria da qualidade da água

-Regularização de vazões possibilitando redução dos efeitos de enchentes e secas

-Sedimentação de poluentes com melhoria da qualidade da água em função do tempo de permanência nos reservatórios

-Modificações dos ecossistemas naturais provocadas pelo alagamento de grandes áreas de terra

-Redução do aporte de sólidos e nutrientes para as áreas de jusante e estuarinas, levando a modificações do ecossistema e de transporte de sedimentos na área costeira e estuarina

-Redução das velocidades com aumento do assoreamento do leito dos rios e reservatórios

Navegação -Sem efeito -Aumento da pressão por preservação e recuperação

-Fomento ao turismo

-Impõe limitações de nível mínimo que podem ser conflitivas com outros usos

Piscicultura -Alteração temporal da disponibilidade hídrica

-Poluição da água

-Aumento da pressão por preservação e recuperação

-Fomento ao turismo

-Valorização de áreas marginais ou de influência das atividades turísticas e recreacionais

-Poluição por nutrientes e antibióticos

Page 55: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

37

USOS EFEITOS SOBRE A DISPONIBILIDADE

HÍDRICA

IMPACTOS

POSITIVOS NEGATIVOSMineração -Sem efeito no caso de

mineração nas margens e no leito do corpo hídrico

-Redução da disponibilidade no caso de captação e diluição de efluentes

-Poluição da água superficial e subterrânea

-Rebaixamento de lençol freático, podendo interferir com zonas de alimentação

-Retorno ao corpo hídrico de parte substancial do volume captado

-No leito e margens do corpo hídrico, para retirada de areia, argila e minérios (ouro, pedras preciosas etc.), provoca o aumento dos sólidos em suspensão e também a degradação do próprio leito, acelerando processos de erosão e assoreamento

-Poluição por metais pesados, como mercúrio e arsênico, por exemplo, e substâncias tóxicas

Uso recreacional eestético

-Sem efeito -Aumento da pressão por preservação e recuperação

-Fomento ao turismo

-Valorização de áreas marginais ou de influência das atividades turísticas e recreacionais

-Impõe restrições aos usos consuntivos e qualitativos (nível mínimo, qualidade da água)

-Poluição e degradação de áreas marginais

Preservação deecossistemas

-Sem efeito -Aumento da pressão por preservação e recuperação

-Fomento ao turismo

-Valorização de áreas de influência das atividades turísticas e recreacionais

-Impõe restrições aos usos consuntivos e qualitativos (nível mínimo, qualidade da água), à reservação e eventualmente aos usos recreacionais

Fonte: SANTOS, 2002. p. 52-53.

4 - A COBRANÇA PELO USO DA ÁGUA

A cobrança pelo uso da água insere-se na Política de Recursos Hídricos como

instrumento de planejamento, gestão financeira e de controle, para reconhecer a

água como bem público dotado de valor econômico e dar ao usuário (sociedade)

uma indicação de seu real valor, incentivar sua racionalização e arrecadar recursos

financeiros para o financiamento dos programas e intervenções contemplados nos

planos de recursos hídricos (SÃO PAULO, [1997]; GRANZIERA, 2000; BRASIL,

2005b; VETTORATO, 2005).

Page 56: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

38

Segundo a Secretaria do Meio Ambiente (SÃO PAULO, [1997]), do ponto de vista

legal, a cobrança pelo uso da água não é taxa, tarifa, imposto ou contribuição de

melhoria. É caracterizada como preço público, definido por “pagamento efetuado

pela exploração de um patrimônio público ou pela prestação de um serviço público”,

e implica na retribuição do usuário pela utilização de um bem comum.

Cobrança é definida como o preço a pagar pela contaminação por emissão (fixadas

em função da quantidade e/ou qualidade dos contaminantes emitidos), por serviços

prestados (destinadas a cobrir os custos de tratamento coletivo ou público dos

efluentes), sobre produtos (aplicadas ao preço dos produtos contaminantes em sua

fase de fabricação ou utilização), administrativas (destinadas a cobrir os custos de

gestão, controle e monitoramento) e diferenciação por imposto (consiste na

realidade de cobrança positiva ou negativa sobre os produtos, planejada para

dissuadir a produção ou consumo de bens e serviços que impactam negativamente

o ambiente) (SANTOS, 2002).

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, 2005b), a cobrança é

“essencial para criar condições de equilíbrio entre as disponibilidades e demandas,

promovendo, em conseqüência, a harmonia entre os usuários competidores”.

A cobrança é fundamentada nos princípios do poluidor-pagador e usuário-pagador.

O princípio econômico do poluidor-pagador dita que se todos têm direito a um

ambiente limpo, deve o poluidor pagar pelo dano que provocou. Já, o princípio do

usuário-pagador dita que se deve pagar pela utilização da água, em detrimento dos

demais. O poluidor não deixa de ser usuário, pois se utiliza de água para diluir e

transportar efluentes. A cobrança recai sobre ambos (GRANZIERA, 2000).

No Brasil vigora o princípio do ônus social, que é a antítese do poluidor pagador,

pois toda a comunidade paga pela despoluição dos rios e pela sua preservação,

quando o Poder Público aplica parte de seu orçamento para cumprir determinado

plano.

A cobrança tem como finalidades básicas:

Page 57: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

39

•didática: para que todos reconheçam o valor econômico da água, pelo fato de ser,

além de recurso natural, insumo para produção de bens e desenvolvimento

econômico;

•incentivo à racionalização: pois se pagando, se gasta menos e buscam-se

tecnologias que proporcionem economia, evitando desperdício e incentivando

tratamento e uso adequado;

•financiamento: para recuperação ambiental dos recursos hídricos;

•conscientização: a utilização da água deve ser cobrada por se tratar de recurso

finito fundamental para o suprimento das necessidades básicas da vida;

•conservação e recuperação das bacias hidrográficas: para garantir os seus

múltiplos usos, priorizando o abastecimento humano (SÃO PAULO, [1997];

GRANZIERA, 2000).

De acordo com o artigo 21 da lei nº 9.433/1997, para a fixação dos valores a serem

cobrados pelo uso dos recursos hídricos devem ser observados:

•o volume retirado e seu regime de variação nas derivações, captações e extrações

de água (captado e consumido);

•o volume lançado e seu regime de variação e as características físico-químicas,

biológicas e de toxicidade do afluente nos lançamentos de esgotos e demais

resíduos líquidos ou gasosos (lançamento de efluentes no corpo d’água).

Segundo o artigo 22 da mesma Lei, “os valores arrecadados com a cobrança pelo

uso de recursos hídricos serão aplicados prioritariamente na bacia hidrográfica em

que foram gerados e serão utilizados.

I – no financiamento de estudos, programas, projetos e obras incluídos nos Planos

de Recursos Hídricos;

II – no pagamento de despesas de implantação e custeio administrativo dos órgãos

e entidades integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos

Hídricos.

§ 1º A aplicação nas despesas previstas no inciso II deste artigo é limitada a sete e

meio por cento do total arrecadado.

Page 58: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

40

§ 2º Os valores previstos no caput deste artigo poderão ser aplicados a fundo

perdido em projetos e obras que alterem, de modo considerado benéfico à

coletividade, a qualidade, a quantidade e o regime de vazão de um corpo de água”.

(BRASIL, 2005a; VETTORATO, 2005).

Vettorato (2005) ressalta que o real objeto da cobrança consiste “na cobrança de

valores monetários em função da utilização dos recursos hídricos por quem é

detentor da outorga dos direitos de uso. A cobrança não será efetuada contra o

consumidor da prestação de serviços de tratamento, de abastecimento, de coleta e

esgotamento de dejetos (rede de esgotos), mas daqueles que utilizam os recursos

hídricos por meio de captação direta dos corpos d’água, incluindo em sua atividade

econômica, ou daqueles que os utilizam em sua atividade econômica para,

posteriormente, esgotá-lo diretamente no corpo d’água”, ou seja, serviços de água e

esgoto, indústrias localizadas fora da rede pública de distribuição e coleta, irrigantes

e outros usuários que dependem de outorga.

Os valores da cobrança serão diferentes para cada uso e serão definidos em cada

região, por meio de deliberação dos Comitês de Bacias Hidrográficas, vinculados a

programas previstos nos Planos de Bacias, devidamente aprovados.

4.1 - FUNDAMENTOS LEGAIS DA COBRANÇA

O Código Civil brasileiro, de 1916, classificou como públicos os bens de domínio

nacional pertencentes à União, aos Estados e Municípios, permanecendo todos os

demais particulares, dividindo os bens públicos em:

•bens de uso comum ao povo: mares, rios, estradas, ruas e praças;

•bens de uso especial: edifícios ou terrenos aplicados a serviço ou estabelecimento

federal, estadual ou municipal;

•bens dominiais: constituem o patrimônio da União, dos Estados ou dos Municípios,

como objeto de direito pessoal ou real de cada uma dessas entidades.

Estabeleceu, ainda, que a utilização dos bens públicos de uso comum pode ser

gratuita ou retribuída, conforme as leis da União, dos Estados e dos Municípios a

Page 59: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

41

cuja administração pertencerem, da mesma forma que estabeleceu o Código de

Águas, o decreto-lei nº 24.643, de 10 de julho de 1934.

No Brasil, a Constituição Federal de 1988 estabelece que todas as águas são

públicas. São de domínio da União lagos, rios e quaisquer correntes de água em

terrenos do seu domínio, que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com

outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem

como os terrenos marginais e as praias fluviais e o mar territorial. Sob o domínio dos

Estados estão as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em

depósito, ressalvadas as decorrentes de obras da União.

As águas públicas são consideradas bem inalienável, outorgando-se apenas o

direito ao uso. O que geralmente se cobra é a remuneração dos serviços ligados ao

seu fornecimento, o direito à sua utilização, como a adução, o transporte, a

distribuição ou regularização.

A Lei nº 6938/1981, que trata da Política Nacional de Meio Ambiente, incluiu a

possibilidade de imposição ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar

e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de

recursos ambientais com fins econômicos.

A Lei federal nº 9.433/1997 estabelece que a água é um bem de domínio público e

um recurso natural limitado e dotado de valor econômico, e incorpora os conceitos

de bacia hidrográfica como unidade de planejamento e gestão, da água como bem

econômico passível de ter sua utilização cobrada e a gestão das águas delegada a

comitês e conselhos de recursos hídricos, com a participação, além da União, dos

Estados e dos Municípios, de usuários de recursos hídricos e da sociedade civil.

Combina instrumentos institucionais, jurídico-administrativos, técnicos e econômico-

financeiros (CBHAT, 1998; GRANZIERA, 2000; BARTH, 2002; ANA, 2005; BRASIL,

2005b).

Em 21 de março de 2005, por meio da Resolução nº 48, que estabelece critérios

gerais para a cobrança pelo uso de recursos hídricos nas bacias hidrográficas, o

Page 60: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

42

Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) aprovou a cobrança pela

utilização da água doce de todas as bacias hidrográficas, em todo o Brasil.

Na Figura 6 apresenta-se o organograma de articulação entre a estrutura federal e

as estaduais do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos:

Figura 6 – Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos

4.2 - ATRIBUIÇÕES RELATIVAS À COBRANÇA

A Agência Nacional de Águas – ANA, instituída pela Lei nº 9984/2000, tem como

uma das suas atribuições a competência para implementar a cobrança pelo uso dos

recursos hídricos de domínio da União, em articulação com os Comitês de Bacia

Hidrográfica, além de arrecadar, distribuir e aplicar receitas auferidas pela cobrança.

Na esfera estadual, atualmente a maioria dos Estados brasileiros aprovou suas leis

sobre Política e Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos, as quais incluem

FONTE: BARTH, 2002.

Conselho Nacional de

Recursos Hídricos (CNRH)

Secretaria Executiva

Agências de Água

Comitês de Bacias Hidrográficas

Conselho Estadual de Recursos Hídricos

Agências de Bacias Comitês de Bacias Hidrográficas

Órgão gestor

Representantes de Ministérios e Secretarias da P residência da República com atuação no gerenciamento ou uso dos recursos hídricos (não poderá exceder a metade mais um do total de me mbros); Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos; Usuários de recursos hídricos; Organizações civis de recursos hídricos. P residência do Ministério do MARHAL

Secretário de recursos hídricos do MARHAL

Articulação mediante convênios, inclusive de

delegação de atribuições

Estruturas da bacia hidrográfica, con forme Lei

Federal 9.433, de 08/01/1997

Representantes da União, Estados e do Distrito Federal e dos Municípios (metade do total de membros); dos usuários de água; das entidades civis de recursos hídricos.

Lei Federal

Articulação a ser estabelecida caso a caso

Vinculação a ser estabelecida conforme lei federal e estadual

Estruturas estaduais variável em cada Estado, conforme

as leis respectivas

Representação dos Conselhos Estaduais

no CNRH; Arbitramento de conflitos entre os

Conselhos Estaduais pelo CNRH

Page 61: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

43

a cobrança pelo uso dos recursos hídricos como instrumento de gestão, como pode

ser observado na Tabela 4 (ANA, 2005; BRASIL, 2005b).

Tabela 4 – Leis Sobre Política e Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos

nos Estados Brasileiros.

ESTADOS LEIS SOBRE POLÍTICA E SISTEMA DE GERENCIAMENTO/ REGULAMENTAÇÃO

ALAGOAS•Decreto nº 006, de 23 de janeiro de 2001 - Regulamenta a outorga de direito de uso de recursos hídricos.•Lei nº 6.145 de 13 de janeiro de 2000 – Dispõe sobre as diretrizes básicas para a reforma e organização do Poder Executivo do Estado de Alagoas.•Lei nº 6.126 de 16 de dezembro de 1999 – Cria a Secretaria de Estado de Recursos Hídricos.•Decreto nº 37.784, de 22 de outubro de 1998, publicado em 23 de outubro de 1998 – Regulamenta o Conselho Estadual de Recursos Hídricos.•Lei nº 5.965, de 10 de novembro de 1997, publicada em 11 de novembro de1997 – Dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos. Institui o Sistema Estadual de Gerenciamento Integrado de Recursos Hídricos e dá outras providências.

AMAPÁ•Lei nº 686 de 07 de junho de 2002 - Dispõe sobre a Política de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado e dá outras providências.

AMAZONAS•Lei nº 2.712, de 28 de dezembro de 2.001 - Disciplina a Política Estadual de Recursos Hídricos, estabelece o Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos e dá outras providências.

BAHIA

•Lei nº 8.194, de janeiro de 2002 - Dispõe sobre a criação do Fundo Estadual de Recursos Hídricos da Bahia - FERHBA e a reorganização da Superintendência de Recursos Hídricos - SRH e do Conselho Estadual de Recursos Hídricos – CONERH.•Decreto nº 7.566 de 05 de maio de 1999 - Dispõe sobre a gestão dos recursos hídricos no alto da Bacia do Rio das Fêmeas e dá outras providências.•Lei nº 7.354, de 14 de setembro de 1998 - Cria o Conselho Estadual de Recursos Hídricos.

Page 62: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

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•Decreto nº 6.296 de 21 março de 1997 - Dispõe sobre a outorga de direito de uso de recursos hídricos, infração e penalidades e dá outras providências.•Decreto nº 6.295, de 21 de março de 1997 - Institui o Sistema de Planejamento, Coordenação e Implantação do Projeto de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado da Bahia.•Lei nº 6.855, de 12 de maio de 1995 - Dispõe sobre a Política, o Gerenciamento e o Plano Estadual de Recursos Hídricos. (publicada no DOE em 13 e 14.05.1995).•Decreto nº 4.082 de 27 de março de 1995 - Aprova o regimento interno da SRH.•Lei nº 6.812, de 18 de janeiro de 1995 - Cria a Superintendência de Recursos Hídricos, entidade autárquica vinculada à Secretaria de Recursos Hídricos, Saneamento e Habilitação.

CEARÁ •Decreto nº 26.361, de 27 de agosto de 2001 - Altera dispositivos do Decreto nº 24.264, de 12 de novembro de 1996 e dá outras providências•Decreto nº 25.725, de 03 de janeiro de 2000 - Dispõe sobre a finalidade, a estrutura. organizacional e distribuição dos cargos de assessoramento da Secretaria dos Recursos Hídricos (SRH), e dá outras providências.•Decreto n° 25.461, de 24 de maio de 1999 – Altera alíneas “a” e “b” ao Art. 7º do Decreto nº 24.264, de 12 de novembro de 1996 e dá outras providências.•Decreto nº 25.443, de 28 de abril de 1999 - Altera o prazo máximo de vigência da outorga de direito de uso de recursos hídricos.•Decreto nº 25.391, de 01 de março de 1999 - Cria os Comitês das Sub-bacias Hidrográficas do Baixo e do Médio Jaguaribe e institui seus estatutos.•Decreto nº 24.870, de 01 de abril de 1998 - Altera dispositivos do Decreto nº 24.264, de 12 de novembro de 1996 e dá outras providências. (publicada em 08.04.98)•Decreto nº 24.264, de 12 de novembro de 1996 - Regulamenta o art. 7º, da Lei nº 11.996 de 24 de junho de 1992, na parte referente à cobrança pela utilização dos recursos hídricos e dá outras providências.•Lei nº 12.664, de 30 de dezembro de 1996 - Dispõe sobre o Fundo Estadual dos Recursos Hídricos - FUNORH, altera a Lei nº 12.245, de 30 de dezembro de 1993, e dá outras providências.•Lei nº 12.522, de 15 de dezembro de 1995 - Define como áreas especialmente protegidas as nascentes e olhos d’água e a vegetação natural no seu entorno e dá outras providências.•Decreto nº 23.067, de 11 de fevereiro de 1994 - Regulamenta o art. 4º da Lei nº 11.996, de 24 de julho de 1992, na parte referente à outorga de direito de uso de recursos hídricos, cria o Sistema de Outorga para Uso da Água.•Decreto nº 23.068, de 9 de fevereiro de 1994 – Regulamenta o

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controle técnico das obras de oferta hídrica e dá outras providências.•Decreto n° 23.047, de 03 de fevereiro de 1994 - Regulamenta o Fundo Estadual de Recursos Hídricos - FUNORH, criado pela Lei n° 11.996, de 24 de julho de 1992, alterada pela Lei n° 12.245, de 30.12.93.•Decreto nº 23.039, de 01 de fevereiro de 1994 - Aprova o Regimento Interno do Conselho Estadual de Recursos Hídricos – CONERH.Decreto nº 14.535, de 2 de julho de 1981. Dispõe sobre a preservação e o controle dos recursos hídricos, regulamentando a Lei nº 10.148, de dezembro de 1977.•Decreto nº 22.485, de 20 de abril de 1993 - Aprova o Regulamento da Secretaria dos Recursos Hídricos e dá outras providências.•Lei nº 11.996, de 24 de julho 1992 - Dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos, institui o Sistema Integrado de Gestão de Recursos Hídricos - SIGERH e dá outras providências.•Decreto nº 15.274, de 25 de maio de 1982 - Dispõe sobre as faixas de 1ª e 2ª Categorias de que tratam os arts. 3º e 4º da Lei nº 10.147, de 1º de dezembro de 1977, estabelecidas, especificamente, nas áreas de proteções dos recursos hídricos do Município de Fortaleza.•Decreto nº 14.535, de 2 de junho de 1981 - Dispõe sobre a preservação e o controle dos recursos hídricos, regulamentando a Lei nº 10.148, de dezembro de 1977.

ESPÍRITO SANTO

•Lei nº 5.818, de 30 dezembro de 1998 - Dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos, institui o Sistema Integrado de Gerenciamento e Monitoramento dos Recursos Hídricos, do Estado do Espírito Santo - SIGERH/ES, e dá outras providências•Decreto n.º 4.338-N de 24 de setembro de 1998 – Estabelece normas e diretrizes para Construção e Regularização de Barragens, Represas e Reservatórios no Estado do Espírito Santo.•Decreto nº 2.691-N, de 15 de agosto de 1988 - Aprova o Regulamento da Secretaria de Estado para Assuntos do Meio Ambiente - SEAMA e dá outras providências.•Decreto nº 2.592-N, de 31 de dezembro de 1987 - Instala e define a competência da Secretaria Extraordinária para Assuntos do Meio Ambiente - SEAMA e dá outras providências.

GOIÁS•Lei nº 13.583, de 11 de janeiro de 2000 - Dispõe sobre a conservação e proteção ambiental dos depósitos de água subterrânea no Estado de Goiás.•Portaria nº 130 de 22 de abril de 1999 - Regulamenta o Instrumento da Outorga.•Lei nº 13.456, de 16 de abril de 1999 – Transforma a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos em Secretaria de Meio

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Ambiente, Recursos Hídricos e Habitação.•Lei Nº 13.123, de 16 de julho de 1997 - Dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos e dá outras providências.•Lei nº 13.061 de 09 de maio de 1997 - Altera o referido Plano Estadual.•Lei nº 13.040, de 20 de março de 1997 - Aprova o Plano Estadual de Recursos Hídricos e Minerais para o quadriênio 1995/1998.•Lei nº 13.025, de 13 de janeiro de 1997 - Dispõe sobre a pesca, aqüicultura e proteção da fauna aquática;•Decreto nº 4.468, de 19 de junho de 1995 - Dispõe sobre o Conselho Estadual de Recursos Hídricos - CERH.•Lei nº. 12.603, de 07 abril de 1995 - Institui a Secretaria de Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos, a SEMARH

MARANHÃO•Decreto nº 16.679, de 4 de janeiro de 1999 - Dispõe sobre a organização da Gerência de Qualidade de Vida.•Lei nº 7.052, de 22 de dezembro de 1997 - Dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos, institui o Sistema de Gerenciamento Integrado de Recursos Hídricos e dá outras providências.

MATO GROSSO

•Decreto n.º 3952 de 06 de março de 2002 - Regulamenta o Conselho Estadual de Recursos Hídricos do Estado - CEHIDRO de dá outras providências.•Decreto nº 1.291, de 14 abril de 2000 - Regulamenta o inciso VI do artigo 2º da Lei nº 7.153 de 21.07.99, que altera o § 4º do artigo 1º da Lei nº 7.083 de 23.12.98, que dispõe sobre o licenciamento de poços tubulares no Estado de Mato Grosso, consoante a Lei nº 6.945, de 05.11.97, que dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos, e dá outras providências.•Decreto n.º 2.545, de 14 de setembro de 1998 - modificado pelo Decreto nº 2.548 de 10 de maio de 2001 - Regulamenta o Conselho Estadual de Recursos Hídricos do Estado de Mato Grosso.•Lei Nº 6.945, de 05 de novembro de 1997 - Dispõe sobre a Lei de Política Estadual de Recursos Hídricos, institui o Sistema Estadual de Recursos Hídricos e dá outras providências.•Deliberação COFEHIDRO nº 1/94, de 14 de setembro de 1994 - Aprova o Regimento Interno do Conselho de Orientação do Fundo Estadual de Recursos Hídricos - COFEHIDRO, criado pela Lei nº 7.663, de 30 de dezembro de 1991 e regulamentado pelo Decreto nº 37.300, de 25 de agosto de 1993.•Decreto nº 37.300, de 25 de agosto de 1993 - Regulamenta o COFEHIDRO.•Lei 7663, de 30 de dezembro de 1991 - Cria o Conselho de Orientação do Fundo Estadual de Recursos Hídricos COFEHIDRO.

•Lei n.º 2406, de 29 de janeiro de 2002 - Institui a Política Estadual

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MATO GROSSO DO SUL

de Recursos Hídricos, cria o Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hídricos e dá outras providências.•Decreto nº 10.663, de 24 de janeiro de 2002 - Estabelece regime especial para pesca e navegação no Rio Salobra e no córrego azul, e dá providências.•Decreto nº10.199, de 04 de janeiro de 2001- Dispõe sobre a competência e aprova a estrutura básica de Secretaria de Meio Ambiente, Cultura e Turismo.

MINAS GERAIS

•Decreto nº 41.578, de 8 de março de 2001 - Regulamenta a Lei nº 13.199, de 29 de janeiro de 1999, que dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos.•Lei nº 13771, de 11 de dezembro de 2000 – Dispõe sobre a administração, a proteção e a conservação das águas subterrâneas de domínio do Estado.•Portaria IGAM nº 6 de 25 de maio de 2000 - Acrescenta parágrafo ao art. 12 e altera a redação do art. 13 da Portaria nº 030/93, de 7 de junho de 1993, com nova redação dada pela Portaria nº 010/98, de 30 de dezembro de 1998 e alterada pela Portaria IGAM nº 007/99, de 19 de outubro de 1999, que regulamenta o processo de outorga de direito de uso de águas de domínio do Estado.•Portaria IGAM nº 01 de 4 de abril de 2000 - Dispõe sobre a publicidade dos pedidos de outorga de direito de uso de recursos hídricos.•Portaria IGAM nº 007, de 19 de outubro de 1999 - Altera a redação do § 3º do Art. 8º da Portaria nº 030/93,de 07 de junho de 1993, com nova redação dada pela Portaria nº 010/98, de 30 de dezembro de 1998, que regulamenta o processo de outorga de direito de uso.•Lei nº 13.199, de 29 de janeiro de 1999, publicada em 30 de janeiro de 1999 - Dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos e dá outras providências.•Lei nº 13.194, de 29 de janeiro de 1999, publicada em 30 de janeiro de 1999 - Cria o Fundo de Recuperação, Proteção e Desenvolvimento Sustentável das Bacias Hidrográficas do Estado de Minas Gerais - FHIDRO - e dá outras providências.•Portaria Administrativa nº 010, de 30 de dezembro de 1998 - Altera a redação da Portaria nº 030/93, de 07 de junho de 1993.•Decreto nº 40.057, de 16 de novembro de 1998 - Dispõe sobre a fiscalização e o controle da utilização dos recursos hídricos no Estado pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas - IGAM.•Decreto n.º 40.055, de 16 de novembro de 1998 - Contém o regulamento do Instituto Mineiro de Gestão das Águas - IGAM.•Lei nº 12.584, de 17 de julho de 1997 - Altera a denominação do DRH para IGAM.•Decreto nº 38.782, de 12 de maio de 1997 - Altera o Decreto nº 37.191, de 28 de agosto de 1995, que dispõe sobre o Conselho Estadual de Recursos Hídricos-CERH/MG.

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•Decreto nº 37.191, de 28 de agosto de 1995 - Dispõe sobre o Conselho Estadual de Recursos Hídricos-CERH, e dá outras providências.

PARAÍBA•Lei nº 7.033, de 29 de novembro de 2001 - Cria a Agência de Águas, Irrigação e Saneamento do Estado da Paraíba - AAGISA, e dá outras providências.•Decreto nº 19.256, de 31 de outubro de 1997 - Dá nova redação e revoga dispositivos do Decreto nº 18.823, de 02 de abril de 1997, que regulamenta o Fundo Estadual de Recursos Hídricos, e dá outras providências.•Decreto nº 19.257, de 31 de outubro de 1997 - Dá nova redação a dispositivos do Regimento Interno do Conselho Estadual de Recursos Hídricos, aprovado pelo Decreto nº 18.824, de 02 de abril de 1997, e dá outras providências.•Decreto nº 19.258, de 31 de outubro de 1997 - Regulamenta o Controle Técnico das Obras e Serviços de Oferta Hídrica e dá outras providências.•Decreto nº 19.260, de 31 de outubro de 1997 - Regulamenta a outorga do direito de uso dos recursos hídricos e dá outras providências.•Decreto nº 18.824, de 02 de abril de 1997 - Aprova o Regimento Interno do Conselho Estadual dos Recursos Hídricos – CERH•Lei nº 6.308, de 02 de julho de 1996 - publicado em 03 de julho de 1996 - Institui a Política Estadual de Recursos Hídricos, suas diretrizes e dá outras providências.

PARANÁ•Decreto nº. 5.361, de março de 2002 - Estabelece a cobrança pelo uso das águas.•Decreto nº 4646, de 31 de agosto de 2001 - Dispõe sobre o regime de outorga de direitos de uso de Recursos Hídricos.•Decreto nº 4647, de 31 de agosto de 2001 - Aprova o regulamento do Fundo Estadual de Recursos Hídricos.•Decreto nº 2.317 – de 18 de julho de 2001 - delegação de competências da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos - SEMA à Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental - SUDERHSA .•Decreto nº 2.314, de 18 de julho de 2000 - dispõe sobre o Conselho Estadual de Recursos Hídricos.•Decreto nº 2.315, de 18 de julho de 2000 - Estabelece normas e critérios para a instituição de comitês de bacia hidrográfica•Decreto nº 2.316, de 18 de julho de 2000 - Estabelece normas, critérios e procedimentos relativos à participação de organizações civis de recursos hídricos junto ao Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos.•Lei nº 12.726, de 26 de novembro de 1999 - Lei nº 11.352/96 – criação da Superintendência de Desenvolvimento, Recursos

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Hídricos e Saneamento Ambiental (SUDERHSA)•Lei nº 11.352/96 - Criação da Superintendência de Desenvolvimento, Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental (SUDERHSA)•Portaria nº 05/96 - SUDERHSA - Dispõe sobre o controle de águas subterrâneas profundas para fins de uso e consumo humano.•Portaria nº 06/96 - SUDERHSA - Dispõe sobre critérios para outorga de recursos hídricos superficiais.•Portaria nº 20/96 DA SUDERHSA - Dispõe sobre o uso e a derivação de águas de domínio do Estado do Paraná.

PERNAMBU-CO

•Decreto nº 21.281, de 4 de fevereiro de 1999 – Dispõe sobre a estrutura básica da Secretaria de Recursos Hídricos e dá outras providências.Lei nº 11.426, de 17 de janeiro de 1997 - Dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos e o Plano Estadual de Recursos Hídricos, institui e Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos e dá outras providências.•Decreto nº 20.423, de 26 de março de 1998 - Regulamenta a Lei nº 11.427, de 17 de janeiro de 1997.•Lei nº 11.516, de 30 de dezembro de 1997 - Licenciamento Ambiental de águas de domínio do Estado.•Decreto nº 20.269, de 24 de dezembro de 1997 - Dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos e o Plano Estadual de Recursos Hídricos, institui o Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos.•Lei nº 11.427, de 17 de janeiro de 1997 - Dispõe sobre a conservação e a proteção das águas subterrâneas do Estado de Pernambuco.

PIAUÍ•Lei nº 5.165, de 17 de agosto de 2000 - Dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos, institui o Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos e dá outras providências.

RIO DE JANEIRO

•Decreto n° 30.203, de 13 de dezembro de 2001 - Regulamenta o artigo 27 da Lei 3239 de 2 de agosto de 1999 que autoriza a instituir o FUNDRHI.•Portaria nº 273, de 11 de dezembro de 2000 - Estabelece os procedimentos técnicos e administrativos para a emissão de outorga de direito de uso de recursos hídricos de domínio do Estado do Rio de Janeiro.•Decreto nº 27.208, de 2 de outubro de 2000 - Dispõe sobre o Conselho Estadual de Recursos Hídricos, e dá outras providências.•Lei nº 3.239 de 02 de agosto de 1999 - Institui a Política Estadual de Recursos Hídricos, cria o Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta a Constituição Estadual em seu artigo 261, § 1º, inciso VII, e dá outras providências.•Decreto nº 13.836, de 11 de março de 1998 - Regulamenta o

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RIO GRANDE DO NORTE

Fundo Estadual de Recursos Hídricos - FUNERH, criado pela Lei 6.908 de 01 de julho de 1996, e da outras providências.•Decreto nº 13.283, de 22 de março de 1997 - Regulamenta o inciso III do art. 4º da Lei nº 6.908, de 1º de julho de 1996, que dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos.•Decreto nº 13.284, de 22 de março de 1997 - Regulamenta o Sistema Integrado de Gestão de Recursos Hídricos - SIGERH e dá outras providências. Decreto nº 13.285 de 22 de março de 1997 - Aprova o regulamento da Secretaria de Recursos Hídricos.•Decreto nº 13.285, de 22 de março de 1997 - Aprova o Regulamento da Secretaria de Recursos Hídricos do Estado do Rio Grande do Norte.•Lei nº 6.908, de 1º de julho de 1996 - Dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos, institui o Sistema Integradas de Gestão de Recursos Hídricos – SIGERH e dá outras providências.

RIO GRANDE DO SUL

•Lei n° 11.685, de 8 de novembro de 2001 - Introduz alteração no artigo 7° da Lei n° 10.350, de 30 de dezembro de 1994, que institui o Sistema Estadual de Recursos Hídricos•Lei nº 11.560, de 22 de dezembro de 2000 - Introduz alterações na Lei nº 10.350, de 30 de dezembro de 1994, que instituiu o Sistema Estadual de Recursos Hídricos e na Lei nº 8.850, de 8 de maio de 1989 que criou o Fundo de Investimento em Recursos Hídricos.•Decreto nº 40.505, de 08 de dezembro de 2000 - Altera o Decreto nº 36.055, de 4 de julho de 1995, que trata do Conselho Estadual de Recursos Hídricos.•Lei nº 11.362, de 29 de julho de 1999 - Introduz modificações na Lei nº 10.356, de 10 de janeiro de 1995, dispõe sobre a Secretaria do Meio Ambiente - SEMA e dá outras providências.•Resolução nº 01/97 do Conselho de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul - Estabelece os casos de dispensa de outorga.•Decreto nº 37.034, de 21 de novembro de 1996 - Regulamenta o artigo 18 da Lei nº 10.350, de 30 de dezembro de 1994.•Decreto n.º 37.033, de 21 de novembro de 1996 - Regulamenta a outorga do direito de uso da água no Estado do Rio Grande do Sul, prevista nos artigos 29, 30 e 31 da Lei n.º 10.350, de 30 de dezembro de 1994.•Decreto nº 36.055, de 04 de julho de 1995 - Regulamenta o artigo 7º da Lei nº 10.350, de 30 de dezembro de 1994.•Lei nº 10.350, de 30 de dezembro de 1994 - Institui o Sistema Estadual de Recursos Hídricos, regulamentando o artigo 171 da Constituição do Estado do Rio Grande do Sul.•Decreto 33297, de 12 de setembro de 1989 - Altera o decreto 30132, de 13 de maio de 1981, que organiza o sistema estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul.•Lei nº 8.850, de 08 de maio de 1989 - Cria o Fundo de Investimento em Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul.

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•Lei nº 8.735, de 04 de novembro de 1988 - Estabelece os princípios e normas básicas para a proteção dos recursos hídricos do estado e da outras providencias.•Decreto 32.917, de 25 de julho de 1988 - Atribui ao Conselho de Recursos Hídricos do Estado do Rio Grande do Sul competência para o disciplinamento do uso das águas do domínio do Estado.•Decreto 32.774 de 17 de março de 1988 - Conselho de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul. Comitê de Preservação e Gerenciamento da Bacia do Rio dos Sinos. Sistema Estadual de Recursos Hídricos. Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos.•Decreto nº 32.256, de 30 de maio de 1986 - Altera o Decreto nº 30.132, de 13 de maio de 1981, que organiza o Sistema Estadual de Recursos Hídricos e cria o Conselho de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul.•Decreto nº 81.351, de 17 de fevereiro de 1978 - Promulga o Tratado de Cooperação para o Aproveitamento dos Recursos Naturais e o Desenvolvimento da Bacia da Lagoa Mirim e o Protocolo para o Aproveitamento dos Recursos Hídricos do Trecho Limítrofe do Rio Jaguarão, anexo a esse Tratado.

RONDONIA•Lei Complementar nº 255, de 25 de janeiro de 2002 - Institui a Política Estadual de Recursos Hídricos e o Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos.

SANTA CATARINA

•Lei Nº 10.644, de 07 de janeiro de 1998 - Dá nova redação ao art. 2º da Lei nº 6.739, de 16 de dezembro de 1985, alterado pela Lei nº 8.360, de 26 de setembro de 1991, e nº 10.007, de 18 de dezembro de 1995, que cria o Conselho Estadual de Recursos Hídricos - CERH.•Lei nº 9.748, de 30 de novembro de 1994 - Dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos e dá outras providências.•Lei nº 9.022, de 06 de maio de 1993 - Dispõe sobre o Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos•Lei nº 6.739, de 16 de dezembro de 1985 - Cria o Conselho Estadual de Recursos Hídricos

5 - PROPOSTA METODOLÓGICA PARA A FASE INICIAL DA COBRANÇA

Passe-se é apresentar o quadro atual da cobrança na bacia, consubstanciada na

proposta metodológica para cobrança pelo uso da água, discutida e aprovada,

preliminarmente, na reunião do CEIVAP de 16 de março de 2001, realizada na

cidade de Campos dos Goytacazes (RJ).

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A metodologia de cobrança pelo uso da água para a primeira fase do sistema de

cobrança na bacia do Rio Paraíba do Sul teve caráter transitório, tendo sido

aperfeiçoada na medida em que se consolidem os instrumentos de gestão.

Nessa primeira fase do sistema de cobrança foi adotada, como premissa básica, que

a aceitabilidade por parte dos usuários-pagadores e pelo público em geral é

conseqüência, por um lado, da simplicidade da metodologia de cálculo da cobrança,

que deve ser de fácil compreensão, e, de outro, da fixação de valores mediante um

processo participativo. Além disso, a metodologia foi baseada em parâmetros

facilmente quantificáveis.

5.1- BASES DA PROPOSTA

Estão em discussão no país duas correntes metodológicas – e, por que não dizer,

conceituais – sobre a forma que a cobrança pelo uso da água será efetuada. Uma

delas adota como critério a cobrança de determinado valor sobre a vazão captada, a

vazão consumida e a carga de poluentes lançada no corpo de água, sem levar em

conta o impacto desse uso no sistema básico hídrico. Essa metodologia de cobrança

apresenta como principal vantagem sua relativa simplicidade, sendo necessário,

basicamente, conhecer as vazões captadas e consumidas, assim como as cargas

lançadas, por tipo de poluente e por usuário. Entretanto, a caracterização e a

quantificação dos efluentes constituem tarefa mais complexa na medida em que

impõem o problema da escolha de parâmetros, da sua agregação e do sistema de

ponderação que os hierarquiza. Por outro lado, a maior desvantagem dessa

metodologia é que não utiliza a cobrança como verdadeiro instrumento de gestão,

na medida em que não dá aos usuários indicação clara e direta das deseconomias

causadas a jusante do corpo hídrico.

A outra proposta utiliza basicamente as mesmas informações de caracterização e

quantificação do uso da água (captação, consumo e diluição), mas difere

substancialmente da primeira por levar em conta os impactos do uso sobre o corpo

hídrico. Nesse sentido, a água consumida e os volumes de poluentes diluídos

seriam cobrados com base no impacto causado a outros usuários da bacia, ou seja,

estariam sendo consideradas as deseconomias a jusante. Para tal avaliação, faz-se

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necessário um sistema computacional de apoio à tomada de decisão que contemple,

de forma integrada, a outorga e a cobrança, levando em consideração a capacidade

de diluição do corpo receptor, bem como as vazões ou volumes indisponibilizados

pela ação de um usuário ao captar determinada vazão ou lançar uma quantidade de

poluentes a montante.

A grande vantagem dessa metodologia de cobrança é seu sentido educativo, por

estar diretamente relacionada à forma como as águas são utilizadas, penalizando

mais o usuário que faz mau uso do recurso hídrico. Entretanto, sua operacionalidade

exige maior sofisticação técnica e institucional do que o modelo anterior, como, por

exemplo, um conjunto de informações relacionadas a usuários, manancial de

captação, corpo hídrico de lançamento, características hidrológicas da bacia e base

cartográfica, elementos necessários para subsidiar a definição dos procedimentos

de concessão de outorga e de cálculo do valor da cobrança pelo uso da água.

É importante, no momento, proceder à seleção criteriosa da metodologia de

cobrança que será adotada de forma definitiva na bacia, o que impõe ampla e

exaustiva discussão, envolvendo a ANA, o CNRH, o CEIVAP e os Estados de São

Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, bem como os demais atores vinculados à

gestão da bacia do rio Paraíba do Sul. A Lei nº 9.433/97, com muita propriedade,

instituiu como um dos instrumentos de gestão os planos de recursos hídricos. É no

âmbito desses planos que deverão ser aperfeiçoados, a partir de amplo processo de

participação, os demais instrumentos de gestão, entre eles a cobrança pelo uso da

água.

Com base nessas considerações sobre as possíveis metodologias de cobrança, o

CEIVAP optou pela proposição em caráter transitório do início efetivo da gestão da

bacia. A metodologia escolhida tem como principal virtude sua simplicidade e

capacidade de operacionalização imediata sob as atuais condições políticas e

organizacionais da bacia, atendendo a dois objetivos principais, a saber:

Page 72: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

54

a) assegurar a contrapartida financeira da bacia para o Programa Nacional de

despoluição de Bacias Hidrográficas, também denominado “Programa de Compra de

Esgotos”, concebido pela Agência Nacional de Águas – ANA.

b) possibilitar a implementação, no curto prazo, de ações de gestão e recuperação

ambiental hierarquizadas pelo CEIVAP, previstas no Projeto Inicial (LABHID;

COPPE; UFRJ, 2000).

5.2 - METODOLOGIA DE CÁLCULO DA COBRANÇA PROPOSTA

A concepção dessa metodologia de cálculo da cobrança pelo uso da água buscou

satisfazer algumas condições essenciais à sua implementação, a saber:

•simplificação da base de cálculo, evidenciando o que se está cobrando;

•diminuição do risco de impacto econômico significativo sobre os usuários-

pagadores;

•sinalização da importância da utilização sustentável dos recursos hídricos;

•geração de recursos para implantação da gestão na bacia e início das obras de

saneamento básico.

No âmbito do CEIVAP, foi proposto iniciar a cobrança, no que concerne ao principal

problema da bacia, a poluição, pelos setores mais importantes, quais sejam: o setor

de saneamento básico e o industrial. Cabe lembrar que o setor elétrico já é um

usuário-pagador e vem sendo cobrado de forma compulsória desde julho de 2000,

segundo as regras da Lei Federal nº 9984/00. Essa cobrança corresponde apenas à

energia elétrica gerada nas usinas hidrelétricas, conforme disposto na Lei nº

9.984/00, e totaliza, atualmente, cerca de R$ 1,2 milhão ao ano, arrecadado das

usinas hidrelétricas situadas na bacia e no Complexo Hidrelétrico de Lajes, principal

responsável pelas transposições de bacia existentes e pelo uso do potencial

hidrelétrico, conforme disposto legal (BRASIL, 1997, art. 12, IV).

A princípio, somente os usuários que captem água e/ou lancem efluentes em rios de

domínio da União serão objeto de cobrança. A inclusão dos usuários de águas

subterrâneas e de rios estaduais dependerá de regulamentação da legislação dos

Page 73: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

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Estados envolvidos e de uma prévia negociação entre esses, a ANA, o CEIVAP e

outros organismos de bacia do rio Paraíba do Sul.

Nos valores apresentados nas simulações não foram consideradas receitas

decorrentes do uso consuntivo em face das transposições do Complexo Hidrelétrico

de Lajes para a bacia do rio Guandu. Esse tema deverá ser objeto de avaliação por

parte do CEIVAP, visando elaborar uma estratégia de negociações com a ANA, a

ANEEL, a Light, CEDAE e demais usuários beneficiados pelas águas transpostas da

bacia do Paraíba do Sul. Como esta questão, é o cerne desta monografia, mais

adiante serão apresentados alguns aspectos que poderão subsidiar tais

negociações.

O cálculo da cobrança pelo uso da água envolve, no mínimo, duas partes que se

combinam, a saber:

•o conjunto de parâmetros que constituem a base de cálculo, formado a partir de

avaliação técnica; e,

•o valor unitário básico, que é uma expressão econômica do preço relativo

ao(s)parâmetros(s) considerado(s).

Tanto o elemento técnico quanto o econômico da presente proposição são simples e

de fácil compreensão. A cobrança mensal total, expressa em reais por mês

(R$/mês), é obtida mediante a seguinte fórmula:

Cobrança mensal total = Qcap x [Ko + K1 + (1 – K1) x (1 – K2 K3)] x PPU

Onde:

Qcap = volume de água captada durante um mês (m³/mês)

Ko = multiplicador de preço unitário para captação[(inferior a 1,0 (um inteiro) e

definido pelo CEIVAP)].

K1 = coeficiente de consumo para a atividade em questão, ou seja, a relação entre o

volume consumido e o volume captado pelo usuário (ou o índice correspondente à

parte do volume captado que não retorna ao manancial)

Page 74: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

56

K2 = percentual do volume de efluentes tratados em relação ao volume total de

efluentes produzidos (ou o índice de cobertura de tratamento de efluentes

domésticos ou industriais), ou seja, a relação entre a vazão efluente tratada e a

vazão efluente bruta.

K3 = nível de eficiência de redução de demanda bioquímica de oxigênio (DBO) na

estação de tratamento de efluentes

PPU = preço público unitário correspondente à cobrança pela captação e pelo

consumo de água e pela diluição de efluentes para cada m³ de água captada

(R$/m³)

A base técnica da fórmula considera, portanto, tanto o aspecto quantidade

(captação, consumo) quanto o aspecto qualidade (DBO), sem deixar de levar em

conta os esforços daqueles que já buscam o uso da água ou diminuir os níveis de

poluição dos seus efluentes. Nesse último caso, a expressão (1 – K2 K3)

corresponde a um fator de redução do valor da cobrança a ser pago pelo usuário.

De fato, a simplificação acentuada dos aspectos qualitativos, escolhendo somente o

parâmetro DBO, visou, primordialmente, à preocupação de não penalizar

injustamente aqueles que já investem em tratamento de efluentes, domésticos ou

industriais, criando, portanto, um dispositivo de compensação nessa fase transitória.

Apesar de o objetivo principal não ser a quantificação da carga especifica de DBO

ou a medição do seu impacto no corpo receptor, tal escolha foi norteada pelas

seguintes considerações:

•ao escolher somente um parâmetro de poluição, elimina-se a complexidade

inerente à caracterização e quantificação dos efluentes que impõem o problema da

escolha de parâmetros, da sua agregação e do sistema de ponderação que os

hierarquiza;

•o parâmetro DBO é representativo de esgotos domésticos e um dos elementos

mais presentes nos diferentes tipos de efluente industrial;

•o parâmetro DBO é de mensuração usual.

Page 75: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

57

Quanto ao aspecto econômico da fórmula, expresso em PPU, trata-se igualmente de

uma proposta de simplificação, uma vez que engloba a expressão econômica

relativa à captação e ao consumo de água e à redução do parâmetro de poluição

DBO. Sua fixação, para a qual foi efetuada uma série de simulações, deve ser uma

decisão colegiada do CEIVAP.

As informações necessárias ao cálculo da cobrança poderiam basear-se,

principalmente, em questionários a serem enviados aos usuários pagadores, objeto

de cobrança nessa primeira fase. Isso significa que os usuários deverão

proporcionar todos os dados necessários à elaboração da fórmula apresentada

anteriormente, exceto o valor do PPU e da K0, que seriam definidos, de forma

participativa, no CEIVAP.

A partir da metodologia descrita anteriormente foi realizada a simulação dos valores

possíveis de serem arrecadados com a cobrança dos setores de saneamento básico

e industrial, variando o PPU de R$ 0,02/ m³ a R$ 0,05/m³ para maior flexibilidade no

processo de tomada de decisão do comitê, admitindo-se, em todas as simulações,

K0 = 0,50. Os resultados das simulações são apresentados, resumidamente, na

tabela 5:

Tabela 5 – Valor Arrecadável com a Cobrança pelo uso da Água em função do PPU e do Domínio

USUÁRIOVALOR ARRECADÁVEL COM A COBRANÇA PELO USO DA ÁGUA (106 R$/ANO)

PPU = R$0,02/m³ PPU = R$0,03/m³ PPU = R$0,04/m³ PPU = R$0,05/m³Estadual Federal Total Estadual Federal Total Estadual Federal Total Estadual Federal Total

Saneamento Básico 4,53 8,92 13,45 6,80 13,37 20,17 9,06 17,83 26,89 11,33 22,29 33,62

Indústrias 0,21 5,45 5,66 0,31 8,18 8,49 0,42 10,90 11,32 0,52 13,63 14,15

4,74 14,37 19,11 7,11 21,55 28,66 9,48 28,73 38,21 11,85 35,92 47,77

Fonte: ANA, [2006].

Page 76: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

58

Tabela 6 – Balanço da Arrecadação – Por Município

MUNICÍPIOVALORES ARRECADADOS ATÉ JUNHO DE 2006

2003 2004 2005 2006 TOTAL %TOTAL

Além Paraíba MG 2.061,28 2.814,38 2.130,95 1.331,83 8.338,44 0,04%Aparecida SP 73.174,70 101.968,76 107.016,79 74.760,47 356.920,72 1,69%Aperibé RJ 14.977,00 18.757,76 21.120,59 10.615,59 65.470,94 0,31%Arapeí SP 1.755,92 1.658,80 1.056,51 4.471,23 0,02%Areias SP 6.353,25 17.931,15 2.631,60 26.916,00 0,13%Astolfo Dutra MG 8.101,31 3.880,52 6.110,37 1.152,12 19.244,32 0,09%Bananal SP 7.649,95 4.868,00 12.517,95 0,06%Barra do Pirái RJ 93,13 16.011,82 8.663,81 24.768,76 0,12%Barra Mansa RJ 238.173,40 97.884,81 272.078,04 192.632,78 800.769,03 3,79%Belo Horizonte MG 31,20 57,17 33,04 121,41 0,00%C. Paulista e Dist.de Embaú SP 32.006,48 32.006,48 0,15%C.Levy Gasparian RJ - - - 0,00%Caçapava SP 17.101,23 4.260,74 16.999,89 9.573,79 47.935,65 0,23%Cachoeira Paulista 33.904,21 20.367,67 54.271,88 0,26%Cambuci RJ 14.699,96 17.951,07 17.199,43 3.816,62 53.667,08 0,25%Campos dos Goytacazes RJ 210.144,60 530.020,49 428.421,50 275.392,03 1.443.978,62 6,83%Carangola MG 36.731,13 44.077,35 44.077,35 21.973,02 146.858,85 0,69%Cardoso Moreira RJ 12.821,16 16.057,69 15.385,29 9.179,85 53.443,99 0,25%Cataguases MG 54.476,72 65.078,41 63.862,83 33.130,75 216.548,71 1,02%Cruzeiro SP 24.639,58 79.869,57 118.794,47 32.005,19 255.308,81 1,21%Divino MG 5.914,20 7.097,04 7.097,04 3.678,97 23.787,25 0,11%Dona Euzébia MG 2.298,11 2.758,33 2.758,32 1.430,18 9.244,94 0,04%Duque de Caxias RJ 241,92 166,74 408,66 0,00%Ewbanck da Câmara MG 202,97 - 4.212,79 4.415,76 0,02%

Guarani MG 4.011,70 7.187,58 1.610,42 12.809,70 0,06%Guararema SP 11.346,55 1.295,52 12.959,71 7.659,75 33.261,53 0,16%Guaretinguetá SP 197.181,86 289.851,78 227.389,57 127.921,55 842.344,76 3,98%Italva RJ 14.546,00 18.217,97 17.455,20 10.415,86 60.635,03 0,29%Itaocara RJ 43.439,93 54.405,86 52.127,83 27.990,65 177.964,27 0,84%Itaperuna RJ 202.316,79 255.109,53 242.728,21 134.408,07 834.562,60 3,95%Itatiaia RJ 79,08 144,98 79,08 303,14 0,00%Jacareí SP 758.402,17 761.658,45 847.626,60 446.748,28 2.814.435,50 13,31%Juiz de Fora MG 419.570,62 505.300,40 489.870,39 250.107,81 1.664.849,22 7,87%Lajes do Muriaé RJ 13.812,12 17.298,81 16.574,52 8.899,91 56.585,36 0,27%Leopoldina MG 31.749,80 38.099,76 38.099,76 19.750,12 127.699,44 0,60%Levy Gasparian - - 0,00%Lorena SP 12.570,73 572,44 12.757,29 7.875,22 33.775,68 0,16%Monteiro Lobato SP 25,00 30,60 30,00 30,00 115,60 0,00%

Page 77: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

59

Muriaé MG 69.998,37 73.745,63 73.745,63 36.582,66 254.072,29 1,20%Natividade RJ 35.952,93 45.028,81 43.143,41 27.303,87 151.429,02 0,72%Niterói RJ 1.605,26 2.190,73 5.208,17 616,07 9.620,23 0,05%Paraíba do Sul RJ 91.347,19 96.975,78 87.898,62 42.620,39 318.841,98 1,51%Patrocínio do Muriaé MG - - - - 0,00%

Pindamonhangaba SP 347.236,86 263.921,35 263.102,12 155.033,73 1.029.294,06 4,87%Pinheiral RJ 61.371,23 75.522,71 68.202,09 35.007,60 240.103,63 1,14%Piraí RJ 64.355,82 71.605,23 65.926,57 56.348,10 258.235,72 1,22%Pirapetinga MG 32.854,68 30.748,91 19.485,32 83.088,91 0,39%Porciúncula RJ 63.331,84 45.028,81 43.143,41 23.166,23 174.670,29 0,83%Porto Real RJ 30.012,87 46.149,92 32.317,28 8.117,10 116.597,17 0,55%Potim SP 628,55 5.718,49 14.790,67 21.137,71 0,10%Quatis RJ 182,11 21.182,64 15.504,17 36.868,92 0,17%Queluz SP 9.536,96 9.005,15 6.371,06 24.913,17 0,12%Resende RJ 372.245,29 284.280,57 109.767,83 232.764,98 999.058,67 4,72%Rio Claro SP 5.560,01 5.560,01 0,03%Rio de Janeiro RJ 488,28 143.189,97 11.045,86 6.875,01 161.599,12 0,76%Rio Pomba MG 19.785,26 23.603,99 23.604,00 11.631,98 78.625,23 0,37%Roseira SP 373,58 30,66 343,16 326,72 1.074,12 0,01%Santa Rita de Jacutinga MG 37,60 43,80 43,80 141,85 267,05 0,00%

Santo Antônio de Pádua RJ 81.455,03 111.049,82 105.616,92 49.189,47 347.311,24 1,64%

São Fidélis RJ 64.002,40 80.159,06 76.995,80 47.630,61 268.787,87 1,27%São João da Barra RJ 49.789,34 103.001,86 116.186,13 72.425,30 341.402,63 1,61%São José Campos SP 747.254,57 11.546,07 758.800,64 3,59%São José do Barreiro SP 2.121,41 1.137.405,37 447.804,98 240.931,80 1.828.263,56 8,65%

Sapucaia RJ 15.230,57 19.075,34 18.276,59 52.582,50 0,25%Taubaté SP 150.642,44 2.555,85 160.375,22 86.301,70 399.875,21 1,89%Tombos MG 11.908,42 10.770,45 22.678,87 0,11%Três Rios RJ 5.844,68 8.380,55 7.344,90 4.304,69 25.874,82 0,12%Vassouras RJ 63.435,63 79.449,22 76.122,64 42.764,40 261.771,89 1,24%Volta Redonda RJ 1.100.443,68 160.209,88 835.951,23 456.342,69 2.552.947,48 12,07%TOTAL 5.904.038,15 5.851.156,66 5.925.837,82 3.465.078,7021.146.111,34 100%

Fonte: ANA, [2006].

Tabela 7 – Balanço da Arrecadação – Por Estado

ESTADO VALORES ARRECADADOS ATÉ JUNHO DE 20062003 2004 2005 2006 TOTAL %/TOTAL

MINAS GERAIS 670.204,97 804.121,67 801.302,52 417.023,31 2.692.652,47 12,46%RIO DE JANEIRO 2.838.464,09 2.785.548,42 2.823.819,43 1.808.801,68 10.256.633,62 47,46%SÃO PAULO 2.395.369,09 2.726.651,30 2.300.715,90 1.239.253,71 8.661.990,00 40,08%TOTAL 5.904.038,15 6.316.321,39 5.925.837,85 3.465.078,70 1.611.276,09 100,00%

Fonte: ANA, [2006].

Page 78: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

60

Tabela 8 – Balanço da Arrecadação Acumulada

ANO MÊS ARRECADAÇÃOR$

RENDIMENTO R$ (280)

REPASSE R$

SALDO ACUMULADO

R$

2003

MARÇO 639.175,63ABRIL 677.779,66 485.951,00MAIO 615.392,26 69.286,00JUNHO 518.909,59 23.789,00JULHO 502.856,02 35.000,00AGOSTO 616.920,94 1.000.000,00SETEMBRO 667.011,73 1.295.750,00OUTUBRO 444.645,25 630.000,00NOVEMBRO 516.923,12 400.000,00DEZEMBRO 704.423,94 336.033,12 1.000.000,00

TOTAL ARRECADADO

5.904.038,14 336.033,12 4.939.776,00

1.300.295,26

2004

JANEIRO 239.615,26FEVEREIRO 1.065.493,74MARÇO 521.481,65ABRIL 686.015,28MAIO 419.724,60JUNHO 695.362,18JULHO 448.557,09 100.000,00AGOSTO 403.511,93 2.792.640,00SETEMBRO 482.624,19 3.191.435,65OUTUBRO 461.633,58 426.564,35NOVEMBRO 462.315,92 29.694,00DEZEMBRO 429.985,97 461.926,78 55.463,00

TOTAL ARRECADADO 6.316.321,39 461.926,78 6.595.797,00

SALDO ACUMULADO (2003 e 2004)

12.220.359,53 797.959,90 11.535.573,00

1.482.746,43

2005

JANEIRO 561.619,14FEVEREIRO 418.830,21MARÇO 542.626,92ABRIL 457.553,09MAIO 469.618,07JUNHO 517.045,61 1.947.498,00JULHO 747.829,57AGOSTO 500.419,30 1.089.000,00SETEMBRO 485.673,30 2.659.665,00OUTUBRO 406.599,58 -NOVEMBRO 473.292,52 -DEZEMBRO 344.730,54 241.485,72 506.629,73TOTAL

ARRECADADO 5.925.837,85 241.485,72 6.202.792,73

SALDO ACUMULADO (2003 a 2005) 18.146.197,38 1.039.445,62 17.738.365,73

1.447.277,27

Page 79: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

61

2006

JANEIRO 666.599,98FEVEREIRO 314.746,48MARÇO 724.870,03ABRIL 400.401,61MAIO 818.932,10JUNHO 530.551,44JULHO 8.977,06 2.910.000,00AGOSTO -SETEMBRO -OUTUBRO -NOVEMBRO -DEZEMBRO -

TOTAL ARRECADA-DO EM 2006 3.465.078,70 - 2.910.000,00

SALDO ACUMULADO(2003 a 2006)

21.611.276,08 1.039.445,62 20.648.365,73

2.002.355,97

Fonte: ANA, [2006].

Tabela 9 – Balanço da Arrecadação – Por Setor Usuário

SETOR VALORES ARRECADADOS ATÉ JUNHO DE 2006

USUÁRIO 2003 2004 2005 2006 TOTAL %/TOTAL

Saneamento 3.129.788,88 4.113.782,99 4.432.118,70 2.587.983,72 14.263.674,29 66,00%Indústria 2.767.648,70 2.182.688,19 1.467.919,69 858.523,42 7.276.780,00 33,67%Irrigação 3.842,55 2.098,23 3.673,43 834,40 10.448,61 0,05%Des. C. Animal 243,94 133,06 79,24 456,24 0,00%Mineração 368,21 976,96 9.477,51 10.822,68 0,05%Outros Usos 2.758,01 17.139,83 21.016,01 8.180,36 49.094,21 0,23%Total 5.904.038,14 6.316.321,39 5.925.837,85 3.465.078,65 21.611.276,03 100,00%

Fonte: ANA, [2006].

6 – CONCLUSÃO

A implantação da cobrança pelo uso da água, estabelecida por meio da Lei Federal

n.º 9.433/1997, introduziu o sistema como um instrumento de gestão e instrumento

econômico, a ser aplicada tanto para os usos quantitativos quanto para os usos

qualitativos, com o objetivo de ordenar os conflitos derivados dos múltiplos usos e

reduzir as externalidades geradas, maximizando o valor da água como insumo no

sistema produtivo e ambiental e reduzindo a degradação. Com isso, o sistema de

gestão de recursos hídricos tende a obter sustentabilidade econômico financeira e

alavancar recursos para investimento em ações que levem à redução da poluição e

proteção dos recursos hídricos.

Page 80: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

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Para a operacionalização deste instrumento foram criadas agências de bacia para

garantir efetividade e eficiência ao instrumento da cobrança, com a devida atenção

na capacidade de geração de receitas para financiamentos das atividades

necessárias ao alcance dos objetivos do sistema e nos seus custos de operação.

Os valores de cobrança foram fixados com base na valoração dos danos ambientais

decorrentes do uso da água, para cobrir os custos do sistema de gestão, gerar

recursos para financiar parte dos investimentos contemplados nos planos de bacia,

e ressarcir às agências os custos incorridos para tratamento dos efluentes nas

estações sob sua responsabilidade.

A aplicação dos recursos financeiros gerados pela cobrança nos próprios sistemas

de gestão, que diferencia substancialmente a cobrança de um imposto, propicia a

organização do sistema de gestão para fins de planejamento, gerenciamento e

fiscalização dos usos, o que resulta em integração dos usuários, poder público e

parcelas da sociedade civil, permitindo visualização dos problemas que afetam os

recursos hídricos e suas respectivas causas e soluções, passando-se a coibir os

usos não racionais ou mesmo a induzir usos racionais.

Apesar das limitações da cobrança pelo uso da água, deve-se ampliar a

conscientização do setor público e dos setores usuários, no sentido de demonstrar a

dificuldade de arrecadar os recursos necessários à reversão dos problemas hídricos,

que afetam a qualidade da água e a disponibilidade hídrica, e os esforços para

investir recursos financeiros no sistema de gestão de forma efetiva e contributiva

para a melhoria dos recursos hídricos do país, para não incorrer o sistema em

descrédito junto à população e aos demais setores, com o conseqüente

contingenciamento dos recursos financeiros oriundos da cobrança e a distorção dos

seus reais propósitos.

Mesmo com as previsões de um grande crescimento, tanto populacional como

industrial da região, a redução da disponibilidade para níveis abaixo do ideal é muito

improvável. Porém a situação poderá se agravar, caso o governo decida utilizar

parte da água do Rio Paraíba do Sul para abastecer a bacia do Alto Tietê (Grande

São Paulo), que se apresenta em uma situação altamente crítica de escassez de

água.

Page 81: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

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REFERÊNCIAS

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Page 82: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

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APÊNDICE

Curiosidades

Diferença entre água e recursos hídricos? Água é a substância química formada por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio e recursos hídricos é essa mesma água que se encontra nos rios, reservatórios e oceanos e tem um uso associado, agregando valor econômico.

A água não é só uma mera substância química formada por átomos e hidrogênio e oxigênio. Nela surgiu a primeira forma de vida do planeta há milhões de anos; dela o processo evolutivo caminhou até formar nossa espécie e continua a manter toda a diversidade que conhecemos.

¾ da superfície do nosso mundo são cobertos por água, sendo 97% salgada, e apenas 3% doce. Contudo, do percentual total da água doce existente, a maior parte encontra-se sob a forma de gelo nas calotas polares e geleiras, parte é gasosa e parte é líquida – representada pelas fontes subterrâneas e superficiais. Já os rios e lagos, que são nossas principais formas de abastecimentos, correspondem a apenas 0,01% desse percentual, aproximadamente.

Há 2.000 anos, a população mundial correspondia a 3% da população atual, enquanto o volume de água permanece o mesmo.

A partir de 1950 o consumo de água, em todo o mundo triplicou. O consumo médio de água, por habitante, foi ampliado em cerca de 50%. Para cada 1.000 litros de água utilizada pelo homem resultam 10.000 litros de água poluída (ONU 1993).

No Brasil, mais de 90% dos esgotos domésticos e cerca de 70% dos efluentes industriais não tratados são lançados nos corpos d`água.

O homem pode passar até 28 dias sem comer, mas apenas 3 dias sem água.

O gotejamento de uma torneira chega a um desperdício de 46 litros por dia. Isto é, 1.380 litros por mês. Ou seja, mais de um metro cúbico por mês – O que significa uma conta mais alta.

Na terra, tudo é mantido graças à presença desse liquido vital: nossas cidades, nossas industrias, nossas plantações e, mesmo o oxigênio que respiramos, cerca de 70% dele, vem das microscópicas algas habitantes dessa enorme massa formada por rios, lagos e oceanos.

2 0 A 50 litros de água livres de contaminantes são necessários diariamente para garantir a sobrevivência de uma pessoa.

30.000 Pessoas morrem por semana vitimas de diarréias infecciosas, que poderiam ser prevenidas facilmente com água tratada e saneamento básico.

1 tonelada de água é necessária para produzir 1 quilo de trigo; em média 70% da água no mundo é aplicada na agricultura.

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22% da água disponível no mundo é usada no setor industrial; nos paises ricos, o índice cresce para 59%.

88% dos brasileiros acreditam que o País enfrentará problema de abastecimento de água em prazos médio ou longo.

74% da população brasileira concorda com o pagamento de R$ 0,10 ou R$ 0,20 para cada mil litros de água consumida por quem gasta mais ou polui.

50% das áreas alagadas no mundo sumiram desde 1900.

94% das casas nas grandes cidades do planeta possuem água encanada. A África possui a menor taxa: 43%.

Países com menos fontes de água per capita•Kuait – 10 m³•Emirados Árabes Unidos – 58 m³ •Bahamas – 66 m³•Qatar – 94 m³•Maldivas – 103 m³•Libia – 113 m³•Arábia Saudita – 118 m³•Malta – 129 m³•Cingapura – 149 m³•Jordânia – 179 m³

Fonte: WWAp/Unesco

Países com mais fontes de água per capita•Guiana Francesa – 812.121 m³•Islândia – 605.000 m³ •Guiana – 316.689 m³•Suriname – 479.000 m³•Congo – 275.679 m³ •Papua Nova Guiné – 166.563 m³ •Gabão – 133.333 m³ •Ilhas Salomão – 100.000 m³ •Canadá – 94.353 m³ •Nova Zelandia – 86.554 m³

Fonte: WWAp/Unesco

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ANEXOS a) Deliberações e resoluções da Agência Nacional de Águas

a1) RESOLUÇÃO Nº 327, DE 14 DE JUNHO DE 2004

Dispõe sobre os procedimentos para a ratificação dos dados cadastrais e regulari-zação dos usos e recursos hídricos do setor de mineração na Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul.

O DIRETOR-PRESIDENTE DA AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS – ANA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 16, inciso XVII, do Regimento Interno, aprovado pela Resolução nº 9, de 17 de abril de 2001, torna público que a DIRETORIA COLEGIADA, em sua 129ª Reunião Ordinária, realizada em 14 de junho de 2004, com fundamento no art. 4º, caput e incisos I, II, IV e VIII, e no art. 12, incisos I, IV e V, da Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000, na Resolução ANA nº 210, de 11 de setembro de 2002 e considerando o disposto na Deliberação CEIVAP n° 24, de 31 de março de 2004, resolveu:

Art. 1º Promover, em articulação com o Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo – DAEE-SP, com o Instituto Mineiro de Gestão das Águas – IGAM-MG e com a Fundação Superintendência Estadual de Rios e Lagoas – SERLA-RJ, a ra-tificação da Declaração de Uso e Solicitação de Outorga de Direito de Uso de Recursos Hídricos dos usuários do setor de mineração na Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul.

Art. 2º A ratificação a que se refere o art. 1º será realizada mediante preenchimento e encaminhamento à ANA do Formulário de Retificação de Declaração de Uso e Solicita-ção de Outorga de Direito de Uso de Recursos Hídricos do Setor de Mineração, na for-ma do anexo I.§ 1º O Formulário de Ratificação de Declaraçã o de Uso e Solicitação de Outorga de Di-reito de Uso de Recursos Hídricos do Setor de Mineração será disponibilizado na data da publicação desta resolução no formato de planilha eletrônica no site da ANA (www.a-na.gov.br ).§ 2º Os usuários poderão enviar o formulário preenchido em formato digital para o ende-reço eletrônico [email protected], preenchendo no campo “assunto”: “Cadastro do Setor de Mineração– BPS” ou enviá-lo em formato impresso para Cadastro do Setor de Mineração - BPS, Gerência de Cadastro, Superintendência de Outorga e Cobrança, Agência Nacional de Águas, Setor Policial Sul, Área 5, Quadra 3, Bloco L, CEP 70610-200, Brasília, Distrito Federal.§ 3º As informações contidas nos formulários preenchidos serão disponibilizadas para o DAEE/SP, IGAM/MG e SERLA/RJ, visando promover a integração entre a ANA e os ór-gãos gestores de recursos hídricos dos Estados que compõem a bacia hidrográfica do Rio Paraíba do Sul.

Art. 3º Os formulários deverão ser preenchidos por todos os usuários do setor de mine-ração cujo uso de recursos hídricos altere a quantidade, qualidade ou o regime de um corpo de água, conforme dispõe o art. 12 da Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, inde-pendentemente do processo utilizado.§ 1º Os usuários já cadastrados no Sistema de Gestão Integrada da Bacia do Rio Paraí-ba do Sul - GESTIN, até a data de publicação desta Resolução, serão contactados, por meio de ofício, para efetuarem o preenchimento do respectivo Formulário de Ratificação

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de Declaração de Uso e Solicitação de Outorga de Direito de Uso de Recursos Hídricos do Setor de Mineração.§ 2º Os usuários que ainda não estiverem cadastrados no GESTIN na data de publica-ção desta resolução de verão utilizar o Formulário de Ratificação de Declaração de Uso e Solicitação de Outorga de Direito de Uso de Recursos Hídricos do Setor de Mineração (anexo I) para efetuarem o cadastramento dos usos de recursos hídricos na bacia hidro-gráfica do rio Paraíba do Sul de que trata a Resolução ANA nº 210, de 11 de setembro de 2002.

Art. 4º Será concedido prazo até o dia 31 de julho de 2004 para que todos os usuários do setor de mineração encaminhem à ANA os Formulários de Ratificação de Declaração de Uso e Solicitação de Outorga de Direito de Uso de Recursos Hídricos devidamente preenchidos, nos termos do art. 2º, § 2º, desta Resolução.Parágrafo único. Os usuários que preencherem e enviarem à ANA o referido formulário no prazo estipulado receberão o correspondente comprovante de regularização pelo correio.

Art 5º A cobrança pelo uso da água dos usuários do setor de extração de areia em leito de rios federais da Bacia do Rio Paraíba do Sul iniciar-se-á em 1º de agosto de 2004, tendo o primeiro documento de cobrança (boleto) vencimento em 31 de agosto de 2004 e os demais no último dia útil de cada mês subseqüente.§ 1º No exercício de 2004, os usuários estarão sujeitos à cobrança correspondente a cinco meses (agosto a dezembro), e nos anos subseqüentes à cobrança anual integral.§ 2º O fator redutor (desconto) que incide sobre o valor total da cobrança será calculado considerando o mês de entrada do usuário no GESTIN, conforme disposto no art. 3º da Deliberação CEIVAP nº 08, de 6 de dezembro de 2001, aprovada pela Resolução nº 19, de 14 de março de 2002, do Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH.

Art. 6º O não cumprimento ao disposto nesta Resolução sujeitará os infratores às san-ções previstas na Lei nº 9.433, de 1997, ou nas respectivas legislações estaduais de re-cursos hídricos, quando couber.

Art 7º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

JERSON KELMAN

a2) RESOLUÇÃO Nº 026, DE 19 DE JANEIRO DE 2004

O DIRETOR-PRESIDENTE DA AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS – ANA, no uso da atribuição que lhe confere o inciso XVII do art. 16 do Regimento Interno, aprova-do pela Resolução nº 9, de 17 de abril de 2001, torna público que a DIRETORIA CO-LEGIADA, em sua118ª Reunião Ordinária, realizada em 19 de janeiro de 2004, com fundamento nos incisos I, II, VI,VIII e IX do art. 4º da Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000, resolveu:

Art. 1o Os artigos 6º e 7º, inciso I, da Resolução nº 318, de 26 de agosto 2003, pas-sam a vigorar acrescidos dos seguintes parágrafo único e alínea, respectivamente:“Art. 6º ..........................................................................................................................

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Parágrafo único. A compensação de valores com aqueles correspondentes às par-celas vincendas poderá ser feita de ofício quando constatado pela ANA o recebi-mento de valores a maior ou indevido, observando-se o disposto nos itens II e III deste artigo.

Art. 7º ...........................................................................................................................

I - ...................................................................................................................................

i) manifestar-se tecnicamente sobre pleitos em que sejam constatados, de ofício, re-cebimentos de valores a maior ou indevidamente, oriundos da cobrança pelo uso de recursos hídricos.”

Art. 2o Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

JERSON KELMAN

a3) RESOLUÇÃO Nº 318, DE 26 DE AGOSTO DE 2003.

O DIRETOR-PRESIDENTE DA AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS - ANA, no uso da atribuição que lhe confere o inciso XVII do art. 16 do Regimento Interno, aprovado pela Resolução no 9, de 17 de abril de 2001, torna público que a DIRETORIA COLEGIADA, em sua 105ª Reunião Ordinária, realizada em 26 de agosto de 2003, com fundamento nos incisos I, II, VI, VIII e IX do art. 4o da Lei no 9.984, de 17 de julho de 2000, resolveu:

Art. 1º Aprovar os procedimentos para a emissão e retificação de boletos de cobrança, arrecadação e controle de pagamento pelo direito de uso de recursos hídricos, bem como a restituição ou a compensação de valores pagos a maior ou indevidamente e obrigações pecuniárias deles decorrentes.

Art. 2º A cobrança pelo uso de recursos hídricos terá periodicidade anual.§ 1o Os pagamentos poderão ser realizados de uma só vez ou em parcelas, conforme deliberação do respectivo comitê de bacia hidrográfica e conseqüente definição do Con-selho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH.§ 2o A emissão do boleto de cobrança pelo uso de recursos hídricos terá por base asinformações prestadas pelos usuários por meio da “Declaração de Uso de Recursos Hí-dricos”.

Art. 3º Aos débitos em atraso serão acrescidos multa e juros de mora, na data dos seus respectivos pagamentos, observada a legislação pertinente.

Art. 4º Facultar, para fins de pagamento da dívida, a acumulação dos débitos da mesma natureza e de responsabilidade do mesmo usuário.

Art. 5º Considera-se inadimplente o usuário que não pagar, na data do vencimento, o valor estabelecido no boleto bancário.Parágrafo único. Os usuários inadimplentes ficam sujeitos ao registro no Cadastro Infor-mativo dos Créditos Não Quitados de Órgãos e Entidades Federais – CADIN, e o débito à inscrição em Dívida Ativa da União e ao processo de Execução Fiscal, nos termos da legislação em vigor.

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Art. 6º Fica autorizada a compensação ou a restituição dos valores pagos a maior ou in-devidamente, desde que cumpridas as seguintes exigências:I – requerimento do interessado, em formulário próprio, autuado em processo;II – comprovação do ingresso do recurso, cuja compensação ou restituição é objeto do requerimento, em despacho exarado no respectivo processo pelo Superintendente de Administração e Finanças; eIII – avaliação do pleito do requerente mediante Notas Técnicas emitidas pela Superin-tendência de Outorga e Cobrança e pela Superintendência de Administração e Finan-ças.

Art. 7º Cometer às Superintendências de Outorga e Cobrança e de Administração e Fi-nanças, especificamente, as seguintes atribuições adicionais:I – Superintendência de Outorga e Cobrança – SOC:a) analisar e consolidar, na base eletrônica do Cadastro Nacional de Usuários de Re-cursos Hídricos – CNARH, instituído pela Resolução ANA no 317 de 26 de agosto de 2003, dados e informações fornecidos pelos usuários;b) promover gestões, inclusive visitas técnicas aos locais de uso de recursos hídricos, para esclarecer dúvidas sobre dados e informações fornecidos pelos usuários visando à regularização do direito de uso;c) emitir e encaminhar boletos de cobrança e de retificação aos usuários, utilizando-se da base de dados do CNARH;d) receber, analisar e processar as Declarações de Uso de Recursos Hídricos, de Retifi-cação de Uso de Recursos Hídricos e Retificação de Dados de Usuários de Recursos Hídricos , com os reflexos nos valores da cobrança pelo uso de recursos hídricos, bem como emitir Nota Técnica manifestando-se, conclusivamente, sobre o pleito, adotando as medidas administrativas complementares;e) disponibilizar dados e informações referentes aos boletos de cobrança e seus respec-tivos valores à Superintendência de Administração e Finanças;f) prestar informações e esclarecer dúvidas suscitadas pelos usuários acerca de valores estabelecidos como pagamento pelo uso de recursos hídricos;g) manifestar-se tecnicamente sobre pedidos formulados pelos usuários acerca de ajus-tes aos valores cobrados, visando subsidiar a decisão da SAF; eh) instruir processos para a compensação ou restituição de valores pagos a maior ou in-devidamente, nos termos requeridos em formulário próprio.II - Superintendência de Administração e Finanças - SAF:a) processar diariamente a baixa automática e manual de débitos com base nas infor-mações da instituição arrecadadora e disponibilizar à SOC os respectivos relatórios, bem como o relatório semanal dos usuários inadimplentes;b) notificar administrativamente os usuários inadimplentes;c) conciliar os valores arrecadados , informados pela instituição bancária arrecadadora, com os registros no SIAFI;d) preparar, em conjunto com a SOC, a previsão anual da receita com a cobrança pelo uso de recursos hídricos, para instruir proposta orçamentária da ANA;e) retirar do CADIN os registros de usuários que efetivarem o pagamento dos débitos em atraso; ef) decidir e promover a compensação ou a restituição de valores pagos a maior ou inde-vidamente, desde que cumpridas as exigências constantes nesta Resolução.

Art. 8o Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

JERSON KELMAN

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a4) RESOLUÇÃO Nº 313, DE 22 DE AGOSTO DE 2003

O DIRETOR-PRESIDENTE DA AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS - ANA, substituto, no uso da atribuição que lhe confere o art. 16, inciso III, do Regimento Interno, aprovado pela Resolução nº 9, de 17 de abril de 2001, torna público que a DIRETORIA COLEGIA-DA, em sua 104ª Reunião Ordinária, de 19 de agosto de 2003, com fundamento no art. 4º, inciso IX, e no art. 21 da Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000, e

considerando o disposto no art. 5º da Deliberação CEIVAP nº 8, de 6 de dezembro de 2001, com previsão de que os recursos arrecadados com a cobrança pelo uso de recur-sos hídricos na Bacia do Rio Paraíba do Sul serão aplicados de acordo com o Programa de Investimento e Planos de Recursos Hídricos aprovados pelo CEIVAP;

considerando o disposto na Deliberação CEIVAP nº 16, de 4 de novembro de 2002, que aprova o Plano de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Paraíba do Sul, em atendimento à Deliberação CEIVAP nº 08, de 2001, e estabelece em seu art. 2º o Programa de Aplica-ção dos Recursos Financeiros;

considerando o disposto na Deliberação CEIVAP nº 19, de 30 de maio de 2003, que dis-põe sobre a Primeira Revisão do Programa de Investimentos do Plano de Recursos Hí-dricos da Bacia do Paraíba do Sul, em conformidade com o disposto no art. 2º, § 1º, da Deliberação CEIVAP nº 16, de 2002;

considerando o disposto no art. 1º da Resolução CNRH nº 27, de 29 de novembro de 2002, que estabelece os critérios de cobrança pelo uso de recursos hídricos na Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, conforme proposto na Deliberação CEIVAP nº 15, de 4 de novembro de 2002, e aprova a forma de aplicação dos recursos arrecadados com a cobrança, de acordo com o estabelecido na Deliberação CEIVAP nº 08, de 2001;

considerando que a cobrança pelo uso de recursos hídricos na Bacia do Rio Paraíba do Sul iniciou-se em março de 2003;

considerando que até a presente data já foram arrecadados recursos financeiros que permitem a realização de ações definidas no Programa de Investimentos da Bacia, con-forme Deliberação CEIVAP nº 19, de 2003;

considerando o disposto nas Deliberações CEIVAP nos 21 e 22, ambas de 14 de agosto de 2003, que definem as prioridades e orientações para a ANA promover aplicação dos recursos financeiros oriundos da cobrança pelo uso dos recursos hídricos na bacia, no exercício de 2003;

considerando que se encontra em trâmite o processo de qualificação da Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul como Organização Social, nos termos da Lei nº 9.637, de 15 de maio de 1998, o que impede, no momento, a celebração de Contrato de Gestão entre a ANA e a citada Associação; e

considerando que a atribuição da ANA, prevista no art. 4º, inciso IX, da Lei nº 9.984, de 2000, é a de “arrecadar, distribuir e aplicar receitas auferidas por intermédio da cobran-ça pelo uso de recursos hídricos de domínio da União, na forma do disposto no Art. 22 da Lei nº 9.433, de 1997”, resolveu:

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Art. 1º Adotar o disposto nas Deliberações CEIVAP nos 21 e 22, ambas de 14 de agosto de 2003, para fins de aplicação de recursos oriundos da arrecadação da cobrança pelo uso dos recursos hídricos.Parágrafo único. Fica excetuado da aplicação dos recursos a que se refere este artigo o percentual para aplicação nas despesas previstas no art. 22, inciso II, e conforme o §1o , da Lei no 9.433, de 8 de janeiro de 1997.

Art. 2º As solicitações de transferência de recursos , em forma de Proposta Prévia con-forme modelo do Anexo desta Resolução, terão como objeto, exclusivamente, as inter-venções elencadas, em ordem de prioridade, conforme disposto no Anexo da Delibera-ção CEIVAP nº 22, de 2003.

Art. 3º Os percentuais de contrapartidas são aqueles definidos no art. 41, § 1º, inciso I, da Lei nº 10.524, de 25 de julho de 2002, que dispõe sobre as diretrizes para a elabora-ção da Lei Orçamentária de 2003.

Art. 4º As intervenções que forem objeto de Contratos de Repasse, a serem firmados pela Caixa Econômica Federal, com base no Contrato ANA nº 007/2001, observarão as disposições constantes do Decreto nº 1.819, de 16 de fevereiro de 1996.

Art. 5º O desembolso dos recursos dar-se-á de uma só vez ou em parcelas, mediante a apresentação de Plano de Trabalho e observada a legislação vigente.

Art. 6º As unidades organizacionais da ANA adotarão todas as providências requeridas para a operacionalização do disposto nesta Resolução, inclusive a celebração dos ins-trumentos respectivos.

Art. 7º Fica delegada a competência ao Diretor-Presidente para aprovar e assinar os ins-trumentos necessários à execução do disposto nesta Resolução.

Art. 8o A Secretaria-Geral manterá a Diretoria do CEIVAP informada sobre a aplicação de recursos prevista no art. 1º desta Resolução.

Art. 9º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

BENEDITO BRAGA

ANEXOPROPOSTA PRÉVIA

I – PROPONENTE

Nome (Órgão):CNPJ:Endereço: Cidade: UF:CEP: Telefone: Fax:E-mail:Responsável:Cargo:

II – AGENTE EXECUTOR

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Nome (Órgão):CNPJ:Endereço: Cidade: UF:CEP: Telefone: Fax:E-mail:Responsável legal:Cargo:

III – IDENTIFICAÇÃO DA AÇÃO ORÇAMENTÁRIATítulo:Código:

IV – IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO(especificar conforme a classificação constante no anexo da Deliberação CEIVAP nº 19/2003)

V – APRESENTAÇÃO DO PROJETODescrição: (descrição sumária do projeto, incluindo seu título, objetivos, metas, etapasprincipais e o desenvolvimento das atividades e serviços. A proposta deverá en-quadrar-se nadescrição da ação orçamentária, constante na Lei Orçamentária)Localização: (informar localização do projeto e anexar pla nta esquemática de sua situaçãogeográfica)Bacia Hidrográfica: (informar em qual bacia hidrográfica o projeto está inserido)Situação do Comitê: (informar se o Comitê da respectiva bacia hidrográfica está instalado e emplena atuação, sua identificação, legislação de criação e local de atuação)Metas do ProjetoÁrea do Projeto: (ha)População diretamente beneficiada: (hab)População Urbana do Município (censo 2000): (hab)População Rural do Município (censo 2000) (quando for o caso): (hab)Situação do projeto: ( ) não existente( ) em concepção (viabilidade técnica, econômica e ambiental)( ) projeto básico em elaboração( ) projeto básico concluído( ) projeto executivo existente

VI – JUSTIFICATIVA DA PROPOSTAA justificativa da proposta consiste fundamentalmente em informações que propiciem a análisedo seu mérito pela Área Técnica da ANA. Deverá ser estruturada da seguinte forma:1. Caracterização geral: (localização, população, hidrografia, geomorfologia, geolo-gia, clima easpectos econômicos e sociais)2. Identificação dos problemas: (caracterização dos problemas em foco, informando qual aentidade responsável pela prestação dos serviços públicos, vinculada à interven-ção propostae como se dá a operação e manutenção do empreendimento, quando for o caso)3. Empreendimento proposto: (justificar a concepção, custo total estimado e prazo, anexandoplanta esquemática de sua situação, com a localização da área em que ocorrerá oempreendimento)

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4. Impacto gerado: (população a ser beneficiada, resultado previsto, melhoria espe-rada dosindicadores dos serviços e garantia da funcionalidade e sustentabilidade doempreendimento)

VII – COMPOSIÇÃO DOS RECURSOSUnião: R$_____________________________________________________ ( %)Contrapartida (Proponente): R$ ____________________________________________ ( %)Total: R$ _____________________________________________________ (100 %)Local e data: _______________________, _______ de _________________ de 200___.Assinatura do Proponente: __________________________________Nota: encaminhar acompanhado de ofício do responsável legal ou da autoridade competente.

a5) RESOLUÇÃO Nº 210, de 11 de setembro de 2002

Dispõe sobre os procedimentos para a regularização dos usos de recursos hí-dricos na Bacia Hidrográfica do rio Paraíba do Sul, por meio de cadastramento, outorga e cobrança.

O DIRETOR-PRESIDENTE DA AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS – ANA, no uso da atribuição que lhe confere o inciso XVII do art. 16 do Regimento Interno, aprova-do pela Resolução nº 9, de 17 de abril de 2001, torna público que a DIRETORIA CO-LEGIADA, em sua 63ª Reunião Ordinária, realizada em 9 de setembro de 2002, com fundamento nos incisos I, II e IV do art. 4º e nos incisos I, IV e V do art. 12 da Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000, considerando ser fundamento da Política Nacional de Recursos Hídricos a gestão das águas na perspectiva da bacia hidrográfica, e ser sua diretriz geral de ação a ar-ticulação da União com os Estados tendo em vista o gerenciamento dos recursos hí-dricos de interesse comum, na forma dos arts. 1º e 4º da Lei nº 9.433, de 8 de janei-ro de 1997;

considerando que o art. 4º da Lei nº 9.984, de 2000, estabelece que a atuação da ANA obedecerá aos fundamentos, objetivos e diretrizes da Política Nacional de Re-cursos Hídricos e será desenvolvida em articulação com órgãos e entidades públicas e privadas integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídri-cos;

considerando o disposto no art. 18 do Decreto n° 3.692, de 19 de dezembro de 2000, que prevê a fiscalização do uso de recursos hídrico mediante o acompanha-mento, o controle, a apuração de irregularidades e infrações e a eventual determina-ção de retificação das atividades, obras e serviços pelos agentes usuários de recur-sos hídricos de domínio da União;

considerando que o art. 24 do Decreto n° 3.692, de 2000, prevê o estabelecimento de prazos para a regularização dos usos de recursos hídricos de domínio da União, que não sejam amparados por correspondente outorga de direito de uso;

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considerando o disposto na Deliberação do Comitê para Integração da Bacia Hidro-gráfica do Rio Paraíba do Sul – CEIVAP n° 08, de 6 de dezembro de 2001, que dis-põe sobre a implantação da cobrança pelo uso de recursos hídricos, a partir de 2002, na bacia hidrográfica do rio Paraíba doSul;

considerando a necessidade de articulação e de integração de procedimentos entre as autoridades gestoras de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul (Agência Nacional de Águas – ANA, Departamento de Águas e Energia Elétrica – DAEE/SP, Instituto Mineiro de Gestão das Águas – IGAM/MG e Fundação Supe-rintendência Estadual de Rios e Lagoas – SERLA/RJ);

considerando que o CEIVAP e as autoridades gestoras devem implementar o efetivo gerenciamento dos recursos hídricos na bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul,

considerando incumbir à ANA, após discussão e negociação com os Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, a elaboração e publicação de resolução de outorga para regularização dos usos de recursos hídricos na bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul, conforme previsto no item 1 do Componente 1 do Anexo II do Convênio de Integração celebrado entre a ANA e os referidos Estados, resolveu:

Art. 1° A ANA articular-se-á com o DAEE/SP, o IGAM/MG e a SERLA/RJ para a re-gularização dos usos de recursos hídricos na bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul.Parágrafo único. Para os fins desta Resolução:I – a bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul será denominada simplesmente bacia;II – os usos de recursos hídricos na bacia serão designados simplesmente usos;III – os usuários de recursos hídricos da bacia serão denominados simplesmente usuários;IV – nas referências a usos de recursos hídricos compreendem-se incluídas todas as situações definidas nas legislações estaduais de recursos hídricos como interferênci-as; eV – considerar-se-á como vazão de referência a Q7,10 natural ou a vazão mínima de-fluente a jusante de reservatórios, nos trechos sob influência dos barramentos.

Art. 2º A regularização a que se refere o art. 1º iniciar-se-á por meio de convocação aos usuários para a constituição de um cadastro.§ 1º A convocação dar-se-á por meio desta Resolução e de edital específico, a ser publicado na imprensa oficial e em jornais de grande circulação na bacia.§ 2º O cadastro será realizado mediante o preenchimento pelos usuários e oencaminhamento às autoridades gestoras, na forma do art. 3º, do formulário de De-claração de Uso e Solicitação de Outorga de Direito de Uso de Recursos Hídricos, especialmente elaborados para esse fim.§ 3º Todos os usuários da bacia deverão responder à convocação.§ 4º O disposto no parágrafo anterior aplica-se, para fins de atualização cadastral, aos usuários já outorgados ou àqueles que estejam aguardando análise de seus pe-didos junto à respectiva autoridade gestora.§ 5º O usuário que se cadastrar na forma desta Resolução será registrado no Ca-dastro Nacional de Usuário de Água (CNUA), conforme regulamentação específica.

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Art. 3° Os atuais usuários deverão preencher e encaminhar à ANA ou às respectivas autoridades gestoras estaduais o formulário de Declaração de Uso e Solicitação de Outorga de Direito de Uso de Recursos Hídricos.§ 1º O formulário a que se refere o caput estará disponível para preenchimento e de-verá ser entregue para encaminhamento nos seguintes locais:I – nas seguintes páginas eletrônicas (internet): www.ana.gov.br, www.daee.sp.gov.-br, www.igam.mg.gov.br e www.serla.rj.gov.br;II – na sede do CEIVAP;III – nas sedes e nos escritórios das autoridades gestoras estaduais; eIV – na sede da ANA.§ 2º Será concedido o prazo de noventa dias, a partir da publicação desta Resolu-ção, para encaminhar à ANA ou às autoridades gestoras estaduais o formulário devi-damente preenchido.

Art. 4° A regularização a que se refere esta Resolução, para os usuários que atende-rem à convocação e cujas solicitações forem analisados e deferidos, dar-se-á sob a forma de outorga de direito de uso de recursos hídricos, emitida pela respectiva au-toridade gestora conforme a dominialidade do corpo hídrico, para os seguintes usos:I – derivação ou captação de parcela de água existente em um corpo de água para consumo final, inclusive abastecimento público, dessedentação de animais ou insu-mo de processo produtivo;II – extração de água de aqüífero subterrâneo para consumo final ou insumo de pro-cesso produtivo;III – lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gaso-sos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final, res-peitadas as legislações estaduais;IV – aproveitamento dos potenciais hidrelétricos; eV – outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existen-te no corpo de água.§ 1º Para efeito de análise pelas autoridades gestoras serão consideradas as vazões e as cargas atuais apresentadas no formulário a que se refere o art. 3º.§ 2o Um mesmo usuário com vários pontos de derivação, captação ou lançamento num mesmo corpo de água deverá ser analisado com base na somatória de seus usos.§ 3º A outorga de que trata o caput deste artigo fica condicionada ao correto preen-chimento do formulário, ao correto fornecimento de dados adicionais requeridos e à análise técnica segundo critérios da respectiva autoridade gestora.§ 4º Independem de outorga pelo Poder Público, conforme definido em regulamento do CEIVAP ou das autoridades gestoras, os usos a que se refere o § 1 º do art. 12 da Lei nº 9.433, de 1997.§ 5º A outorga de direito de uso de recursos hídricos não dispensa nem substitui a obtenção, pelo outorgado, de certidões, alvarás ou licenças de qualquer natureza, exigidos pela legislação federal, estadual ou municipal.

Art. 5° No caso das derivações ou captações de parcela de água poderão ser outor-gados os volumes utilizados em cada mês e a vazão máxima instantânea.Parágrafo único. Todos os usuários a que se refere este artigo estarão sujeitos a ve-rificação de disponibilidade hídrica considerando-se:

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I – para águas superficiais, o limite da vazão de referência outorgável nos cursos de água da bacia; eII – para águas subterrâneas, as condições hidrogeológicas locais, conforme o plano de recursos hídricos da bacia.

Art. 6° No caso de lançamento de esgotos e demais resíduos líquidos a análise a que se refere o art. 4º tomará por base os volumes de água utilizados em cada mês, a carga declarada e a vazão máxima instantânea.§ 1º Somente será outorgado o lançamento quando obedecidas as condições defini-das na Resolução no 20, de 18 de junho de 1986, do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA e na licença ambiental, quando exigível.§ 2º As autoridades gestoras articular-se-ão com os órgãos ambientais com vistas à adequação dos lançamentos à legislação ambiental, se for o caso dessa exigência.

Art. 7° As autoridades gestoras poderão requerer aos usuários dados adicionais para subsidiar a análise a que se refere o art. 4º.Parágrafo único. A documentação comprobatória das informações declaradas pelos usuários no formulário a que se refere o art. 3º deverá estar disponível para consulta pelas autoridades gestoras.

Art. 8º Serão cobrados os usos de recursos hídricos sujeitos a outorga, na forma dos arts. 20 e 21 da Lei nº 9.433, de 1997, considerando os volumes de derivação, cap-tação e extração de água e de lançamentos de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos.

Art. 9º Finda a regularização a que se refere esta Resolução o usuário será conside-rado:I – legal, se lhe houver sido deferida a outorga de direito de uso de recursos hídricos ou se a sua solicitação ainda estiver sendo analisada pelas autoridades gestoras e ele houver atendido a todos os requerimentos de dados adicionais que lhe foram di-rigidos;II – adimplente, se estiver em dia com o pagamento pelo uso dos recursos hídricos;III – ilegal, se não lhe houver sido deferida a outorga de direito de uso de recursos hídricos ou se ele não houver atendido a qualquer requerimento de dados adicionais que lhe foi dirigido;IV – inadimplente, se não estiver em dia com o pagamento pelo uso dos recursos hí-dricos.

Art. 10. Os usos de recursos hídricos a que se refere o art. 4°, outorgados ou não, estarão sujeitos às ações de fiscalização e às sanções previstas nos arts. 49 e 50 da Lei 9.433, de 1997, na Resolução ANA n° 82, de 24 de abril de 2002, e nas legisla-ções estaduais relativas ao assunto.Parágrafo único. Cabe ao usuário instalar, operar e manter sistemas de medição e controle das vazões captadas ou lançadas, em seus aspectos de quantidade e quali-dade, registrando os dados observados e medidos, na forma prevista no ato de ou-torga de direito de uso de recursos hídricos.

Art. 11. Os cursos de água da bacia sob gestão da União estão relacionados no ban-co de dados HIDROS na homepage da ANA, sendo os demais reconhecidos como sob gestão estadual.

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Parágrafo único. Sendo do interesse das autoridades gestoras estaduais poderão elas diretamente fazer o cadastramento dos usuários dos cursos de água da bacia que, na forma do caput, estejam relacionados como estando sob gestão da União.

Art. 12. A ANA celebrará convênios específicos com as autoridades gestoras estadu-ais para detalhar a implementação desta Resolução, inclusive seu acompanhamento e avaliação.

Art. 13. Para a mobilização e o apoio aos usuários a ANA tornará disponível equipes técnicas durante o período da convocação.

Art. 14. A regularização prevista nesta Resolução aplica-se somente aos usuários existentes na data de sua publicação.

Parágrafo único. Os usuários que se instalarem após a publicação desta Resolução deverão apresentar suas solicitações de outorga de direito de uso de recursos hídri-cos diretamente junto à respectiva autoridade gestora.

Art. 15. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

JERSON KELMAN

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b) DELIBERAÇÕES DO COMITÊ PARA INTEGRAÇÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PARAIBA DO SUL

b1) DELIBERAÇÃO CEIVAP Nº 60, DE 18 DE ABRIL DE 2006

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b2) DELIBERAÇÃO Nº 61, DE 18 DE ABRIL DE 2006

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Page 101: Cobrança pelo Uso da Água na Bacia do Paraíba do Sul, como Ferramenta de Planejamento e Gestão Ambiental

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b3) DELIBERAÇÃO Nº 62, DE 18 DE ABRIL DE 2006

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b4) DELIBERAÇÃO Nº 56, DE 16 DE FEVEREIRO DE 2006

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b5) DELIBERAÇÃO CEIVAP N.º 51/2005, DE 16 DE SETEMBRO DE 2005

“Dispõe sobre a adequação dos mecanismos e critérios para a regularização de débitos consolidados referentes à Cobrança pelo Uso de Recursos Hídricos de domínio da União na Bacia do Rio Paraíba do Sul, definidos na Deliberação nº 41, aos termos da Resolução CNRH n° 50, de 18 de julho de 2005.”

O Comitê para Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul – CEIVAP, criado pelo Decreto nº 1.842, de 22 de março de 1996, do Presidente da República, no uso de suas atribuições, e

Considerando que o artigo 38, inc. VI da Lei nº 9.433, de 1997, estabelece que compete aos Comitês de Bacias Hidrográficas, no âmbito de sua área de atuação, estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos e sugerir os valores a serem cobrados;

Considerando que o CEIVAP, por meio das Deliberações nº 08 de 2001, nº 15, de 2002, nº 24, de 2004, e nº 41, de 2005, estabeleceu os mecanismos para implantação da cobrança pelo uso de recursos hídricos na Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul;

Considerando que o Parágrafo Único da Resolução nº 50, de 18 de julho de 2005, do Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH, que aprovou os mecanismos e critérios para a regularização de débitos consolidados referentes à cobrança pelo uso de recursos hídricos de domínio da União na Bacia Hidrográfica

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do Rio Paraíba do Sul, previstos na Deliberação nº 41 do CEIVAP, de 2005, determina alteração na alíquota de juros moratórios em caso de inadimplência,DELIBERA:

Art. 1º O Art. 1º da Deliberação CEIVAP n° 41, de 15 de março de 2005, passa a vigorar com a seguinte alteração:

“Art. 1° ...............................................................................................................................................................................................................................................

“§ 1º Entende-se por débito consolidado aquele calculado para valores vencidos e não quitados nas respectivas datas de vencimento, acrescido de multa de 2% e juros correspondentes à variação mensal da Taxa do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC.”

.................................................................................................................(NR)”Art. 2º Esta Deliberação deverá ser encaminhada:I - Ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH;II - À Agência Nacional de Águas – ANA para a implementação das medidas

administrativas para o parcelamento de débitos consolidados referentes à cobrança pelo uso de recursos na bacia do rio Paraíba do Sul.

Art. 3° Esta Deliberação entra em vigor na data de sua aprovação.

Guaratinguetá-SP, 16 de setembro de 2005.

MARCO AURÉLIO DE SOUZAPresidente do CEIVAP MARIA APARECIDA BORGES PIMENTEL VARGASSecretária Executiva do CEIVAP

b6) DELIBERAÇÃO CEIVAP N.º 52/2005 DE 16 DE SETEMBRO DE 2005

“Define metodologia e critérios para a cobrança pelo uso das águas captadas, derivadas e transpostas da bacia do rio Paraíba do Sul para a bacia do rio Guandu e dá outras providências”

O Comitê para Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul – CEIVAP, criado pelo Decreto n.º 1842, de 22 de março de 1996, do Presidente da República, no uso de suas atribuições e,

Considerando a importância da transposição das águas captadas no rio Paraíba do Sul para a bacia hidrográfica do rio Guandu na gestão dos usos dos recursos hídricos da bacia do Rio Paraíba do Sul;

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Considerando que as vazões transpostas devem obedecer o limite mínimo de 119 m3/s, estabelecido na Resolução ANA no 211, de 26 de maio de 2003, e o limite máximo de 160 m3/s, definido no Decreto-lei no 7.542, de 11 de maio de 1945;

Considerando que Deliberação CEIVAP n.o 43, de 15 de março de 2005, estabelece prazo de 6 meses, improrrogáveis, para a definição de metodologia e critérios para a cobrança pelo uso das águas captadas, derivadas e transpostas da bacia do rio Paraíba do Sul para a bacia do rio Guandu;

Considerando que a Deliberação n.º 43 do CEIVAP reconhece que os critérios para a cobrança pelo uso das águas captadas e transpostas da bacia do rio Paraíba do Sul para a bacia do rio Guandu devem ser definidos com base na articulação e negociação entre as partes envolvidas, conforme preconizado no inciso VI do art.1º da Lei nº 9.433/97;

Considerando que o CERHI-RJ em sua sessão do dia 29 de março de 2005, por solicitação do CEIVAP, apoiou que o tema fosse tratado por uma Comissão Especial composta por representantes do CEIVAP, do Comitê das bacias hidrográficas dos rios Guandu, Guandu-Mirim e Guarda Guandu – Comitê Guandu, da Agência Nacional de Águas - ANA, da Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul - AGEVAP e da Fundação Superintendência Estadual de Rios e Lagoas do Estado do Rio de Janeiro – SERLA;

Considerando o resultado das negociações realizadas no âmbito da Comissão Especial instituída pelo CERHI-RJ,

DELIBERA:

Art. 1º Fica definido como valor para a cobrança pelo uso das águas captadas e transpostas da bacia do rio Paraíba do Sul para a bacia do rio Guandu aquele correspondente a 15% (quinze por cento) dos recursos arrecadados pela cobrança pelo uso da água bruta na bacia hidrográfica do rio Guandu.

Art.2º Fica reconhecida a Comissão Especial composta por 3 (três) representantes do CEIVAP, 3 (três) representantes do Comitë Guandu, 1 (um) representante da SERLA, 1 (um) representante da ANA e 1(um) da AGEVAP como foro de negociação institucional, para exercer o papel permanente de articulação entre o CEIVAP e o Comitê Guandu, visando a efetivação da arrecadação e os mecanismos para sua aplicação, observado o Plano de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Paraíba do Sul.

Art. 3º Esta Deliberação deverá ser encaminhada:

I – Ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos, para análise e aprovação;II - À ANA e à SERLA, para conhecimento e providências pertinentes;III – Ao Comitê Guandu, para conhecimento e providências cabíveis;

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IV – Aos Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, para conhecimento.

Art. 4º. Esta deliberação entra em vigor a partir de sua aprovação pelo CEIVAP, revogando-se as disposições em contrário.

Guaratinguetá-SP, 16 de Setembro de 2005

MARCO AURÉLIO DE SOUZA Presidente do CEIVAP

MARIA APARECIDA BORGES PIMENTEL VARGASSecretária Executiva do CEIVAP

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b7) DELIBERAÇÃO CEIVAP N.º 55, DE 16 DE SETEMBRO DE 2005

b8) DELIBERAÇÃO CEIVAP N.º 50, DE 23 DE AGOSTO DE 2005

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b9) DELIBERAÇÃO CEIVAP N.º 41, DE 15 DE MARÇO DE 2005

“Dispõe sobre mecanismos e critérios para a regularização de débitos consolidados referentes à Cobrança pelo Uso de Recursos Hídricos de domínio da União na Bacia do Rio Paraíba do Sul”

O Comitê para Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul – CEIVAP, criado pelo Decreto nº 1.842, de 22 de março de 1996, do Presidente da República, no uso de suas atribuições, e

Considerando que o artigo 38, inc. VI da Lei nº 9.433, de 1997, estabelece que compete aos Comitês de Bacias Hidrográficas, no âmbito de sua área de atuação, estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos e sugerir os valores a serem cobrados;

Considerando que o CEIVAP, por meio das Deliberações nº 08 de 2001, nº 15, de 2002 e nº 24, de 2004, estabeleceram os mecanismos para implantação da cobrança pelo uso de recursos hídricos na Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul;

Considerando que a cobrança pelo uso da água é instrumento de gestão a ser aplicado para todos os usos e usuários, exceto os usos insignificantes, e que de acordo com os fundamentos da Lei nº 9.433, de 1997, corroborados pelas Deliberações do CEIVAP, devem prevalecer os princípios da colaboração e da negociação;DELIBERA:

Art. 1º O processo de regularização dos débitos consolidados referentes à cobrança pelo uso de recursos hídricos na Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul observará os mecanismos e critérios estabelecidos nesta Deliberação.

§ 1º Entende-se por débito consolidado aquele calculado para valores vencidos e não quitados nas respectivas datas de vencimento, acrescido de multa de 2% e juros pro rata tempore de 1% ao mês, de acordo com o disposto no Art. 7° da Deliberação CEIVAP nº 15 de 2002.

§ 2º O débito será consolidado para o mês subseqüente à data do recebimento do Requerimento de Parcelamento de Débitos, conforme modelo do Anexo desta Deliberação.

§ 3º No cálculo do débito consolidado, o usuário inadimplente perde o direito ao fator redutor previsto no artigo 3º e incisos da Deliberação CEIVAP nº 8, de 2001.

Art. 2º O usuário será considerado inadimplente decorridos 90 dias do vencimento da parcela não quitada e a Agência Nacional de Águas – ANA encaminhará Notificação Administrativa, informando o débito consolidado.

Parágrafo único - O usuário inadimplente terá, de acordo com o disposto no art. 2º, § 2º da Lei n° 10.522, de 2002, prazo de 75 (setenta e cinco) dias a contar da data do recebimento da Notificação Administrativa, para efetuar os pagamentos ou solicitar a atualização dos débitos e parcelamento de acordo com o disposto nesta Deliberação.

Art. 3º Os débitos consolidados poderão ser pagos em parcela única ou divididos em até 40 (quarenta) parcelas, com vencimento no último dia útil de cada mês, mediante solicitação do usuário inadimplente.

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Parágrafo único - O valor mínimo de cada parcela é de R$ 1.000,00 (hum mil reais).

Art. 4º O valor de cada uma das parcelas será acrescido de juros correspondentes à Taxa do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC, a partir do mês subseqüente ao da consolidação, até o mês do pagamento.

Art. 5º Os débitos consolidados, uma vez parcelados, não serão objeto de futuros re-parcelamentos.

Art. 6º O usuário será considerado adimplente após a quitação da primeira parcela.

Parágrafo único - Para fins de habilitação para o financiamento de projetos com os recursos oriundos da cobrança pelo uso da água, o usuário terá que ter 30% (trinta por cento) de sua dívida paga e não poderá interromper o pagamento das parcelas restantes acordadas.

Art. 7º O não pagamento de três parcelas consecutivas ou seis parcelas alternadas, o que primeiro ocorrer, relativamente ao parcelamento dos débitos consolidados, resultarão na inclusão do usuário no Cadastro de Inadimplentes – CADIN.

Art. 8º Para regularização de débitos consolidados referentes à cobrança pelo uso de recursos hídricos na Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul até a data de 31 de dezembro de 2004 serão aplicados os mecanismos e critérios definidos nos artigos anteriores, num prazo de 60 (sessenta dias), contatos a partir da data da aprovação desta Deliberação.

Parágrafo Único – No prazo definido no caput deste artigo, a AGEVAP deverá enviar comunicação aos usuários inadimplentes para que regularizem os seus débitos.

Art. 9º Esta Deliberação deverá ser encaminhada:I - Ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos - CNRH para análise e

aprovação desta Deliberação sobre o parcelamento de débitos consolidados referentes à cobrança pelo uso de recursos hídricos e demais providências necessárias à sua implementação na bacia;

II - À Agência Nacional de Águas, após a manifestação do CNRH, para a implementação das medidas administrativas para o parcelamento de débitos consolidados referentes à cobrança pelo uso de recursos na bacia do rio Paraíba do Sul.

Art. 11 Esta Deliberação entra em vigor na data de sua aprovação.Resende, 15 de março de 2005.

ANTÔNIO FRANCISCO EVANGELISTA DE SOUZA JULIANA KOEPPEL

Presidente do CEIVAP Secretária Executiva do CEIVAP

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ANEXO DELIBERAÇÃO 41

Modelo para Requerimento de Parcelamento de Débitos Referente à Cobrança pelo Uso de Recursos Hídricos de domínio da União na Bacia do Rio Paraíba do Sul

Local:Data:

À Agência Nacional de Águas - ANASuperintendência de Outorga e CobrançaSetor Policial Sul – Área 5 – Quadra 3 – Bloco L – Sala 129Brasília, DF – CEP 70.610-200

À atenção do Senhor Superintendente de Outorga e Cobrança,

Prezado Senhor,

O usuário abaixo identificado, reconhecendo os débitos de sua responsabilidade conforme apresentado na Notificação Administrativa da Agência Nacional de Águas – ANA, Nº XXX, de XX /XX /XX (mês, dia, ano), requer o cálculo do respectivo débito total consolidado e seu parcelamento em conformidade com a Deliberação CEIVAP nº 41, de 15 de março de 2005, em XXX parcelas.

Nome do Usuário:CNPJ/CIC/CPF: Nome do Empreendimento:Razão Social:

Atenciosamente,------------------------------------------------(Usuário ou Representante Legal)

b10) DELIBERAÇÃO CEIVAP N.º 43 DE 15 DE MARÇO DE 2005

“Dispõe sobre o cumprimento da Deliberação CEIVAP no24/2004 e sobre medidas complementares para a continuidade da Cobrança pelo Uso de Recursos Hídricos na Bacia do Rio Paraíba do Sul”

O Comitê para Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul – CEIVAP, criado pelo Decreto n.º 1842, de 22 de março de 1996, do Presidente da República, no uso de suas atribuições e,

Considerando que findo o prazo estabelecido pela Deliberação CEIVAP n.o

24, em seu art. 3º, não foi possível definir os critérios para a cobrança pelo uso das

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águas captadas, derivadas e transpostas da bacia do rio Paraíba do Sul para a bacia do rio Guandu, a partir de negociação entre a Agência Nacional de Águas, o Governo do Estado do Rio de Janeiro, o CEIVAP e o Comitê do Guandu;

Considerando que o não cumprimento do disposto no art. 3º da Deliberação CEIVAP n.º 24, deveu-se a mudanças substanciais na direção das principais entidades envolvidas no processo de negociação;

Considerando que o Estado do Rio de Janeiro estabeleceu por meio da Lei n.º 4247/03, art. 11, inciso IV, que o valor a ser aplicado, obrigatoriamente, na bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul, em virtude da transposição das águas da bacia do rio Paraíba do Sul para a bacia do rio Guandu, será de 15% do montante arrecadado com a cobrança pelo uso de água bruta nessa última bacia;

Considerando que os critérios para a cobrança pelo uso das águas captadas e transpostas da bacia do rio Paraíba do Sul para a bacia do rio Guandu devem ser definidos conforme preconizado no art.1º inciso VI, da Lei 9433, com vistas ao fortalecimento do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos;

DELIBERA:Art. 1º Fica prorrogado por 6 (seis) meses, a contar da data de aprovação

desta Deliberação, o prazo para a definição de metodologia e critérios para a cobrança pelo uso das águas captadas, derivadas e transpostas da bacia do rio Paraíba do Sul para a bacia do rio Guandu.

§ 1º O prazo estabelecido no caput é improrrogável.§ 2º A Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio

Paraíba do Sul – AGEVAP, investida das funções e atividades inerentes à Agência de Águas do CEIVAP, ficará encarregada de dar o apoio operacional necessário ao processo de definição da metodologia e critérios estabelecidos no caput,, ouvido o Conselho Estadual de Recursos Hídricos do Estado do Rio de Janeiro, de forma que seja atendido o prazo estabelecido no caput deste artigo.

Art. 2º Até que sejam definidos metodologia e critérios de que trata o art. 1º desta Deliberação, a AGEVAP deverá formular e implementar, em conjunto com o Governo do Estado do Rio de Janeiro, mecanismos administrativos para a imediata efetivação da aplicação dos recursos de que trata o inciso II, art. 11, da referida Lei n.º 4247/03, a que faz jus a bacia do rio Paraíba do Sul devido à transposição de suas águas para a bacia do rio Guandu.

Parágrafo único – O disposto no caput deste artigo tem caráter transitório até que sejam aprovados, pelo CNRH, a metodologia e critérios de trata o art. 1º desta Deliberação, em conformidade com o disposto no inciso VI do art. 38 da Lei n. º 9.433/97.

Art. 3º. Esta deliberação entra em vigor a partir de sua aprovação pelo plenário do CEIVAP, revogando as disposições em contrário.

Resende, 15 de março de 2005.ANTÔNIO FRANCISCO EVANGELISTA DE SOUZA JULIANA KOEPPELPresidente do CEIVAP Secretária Executiva do CEIVAP

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b11) DELIBERAÇÃO CEIVAP N.º 44/2005 DE 15 DE MARÇO DE 2005

“Dispõe sobre o Manual para Investimentos que orientará a inscrição e habilitação de novas propostas de Ações Estruturais a serem financiadas com recursos da cobrança no exercício de 2005 ”

O Comitê para Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul – CEIVAP, criado pelo Decreto nº 1842, de 22 de março de 1996, do Presidente da República, no uso de suas atribuições e,

Considerando que o Contrato de Gestão celebrado entre a ANA e a AGEVAP, tendo o CEIVAP como interveniente (Contrato No 014/ANA/2004), com extrato publicado no Diário Oficial da União de 13 de setembro de 2004, encontra-se em plena execução por seus signatarios;

Considerando que o Programa de Trabalho que constitui o Anexo 1 do Contrato de Gestão, estabelece que será elaborado Manual para Investimento que orientará a aplicação dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso dos recursos hídricos da bacia hiodrográfica do rio Paraíba do Sul;

Considerando que a Deliberação CEIVAP No 38/04, de 17 de dezembro de 2004, aprovou o Manual de Investimentos – Módulo 1, para orientar a inscrição e habilitação de novas Ações Estruturais para os exercícios de 2005 e 2006;

Considerando que o Grupo de Trabalho incumbido de dar continuidade a elaboração do Manual de Investimentos, concluiu em que o documento deveria ser único e abranger tanto as Ações de Gestão e Planejamento como as Ações Estruturais e, nesse sentido, propôs novo Manual de Investimentos com essas características, para substituir o anteriormente aprovado Deliberação CEIVAP No

38;

Considerando que o novo Manual de Investimentos foi submetido à análise das Câmaras Técnicas do CEIVAP, em 04 de março de 2005, que o recomendou para que ele seja utilizado para os novos investimentos com os recursos da cobrança em 2005,

DELIBERA

Art. 1º Fica aprovada o Manual para Investimentos para o exercício de 2005, que orientará a inscrição, habilitação e pré-hierarquização de Ações de Gestão, Ações de Planejamento e Ações Estruturais a serem financiadas com recursos da cobrança pelo uso dos recursos hídricos na bacia do rio Paraíba do Sul, no exercício de 2005, nos termos do Anexo.

Art. 2º Com a utilização do Manual de Investimentos em 2005 será possível testar sua eficácia no processo de inscrição, habilitação e pré-hierarquização de novos projetos, o que permitirá que se proceda eventuais aprimoramentos para o manual que orientará o processo em 2006.

Art. 3º Esta deliberação revoga a Deliberação CEIVAP No 38, de 17 de dezembro de 2004, e entra em vigor a partir da data de sua aprovação.

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São José dos Campos, 15 de março de 2005.

Antônio Francisco Evangelista de Souza Juliana KoeppelPresidente-Interino do CEIVAP Secretário Interino do CEIVAP

b12) DELIBERAÇÃO CEIVAP N.º 38/2004 DE 17 DE DEZEMBRO DE 2004

“Dispõe sobre o Manual para Investimentos que orientará a inscrição e habilitação de novas propostas de Ações Estruturais a serem financiadas com recursos da cobrança nos exercícios de 2005 e 2006”

O Comitê para Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul –

CEIVAP, criado pelo Decreto nº 1842, de 22 de março de 1996, do Presidente da República, no uso de suas atribuições e,

Considerando que o Contrato de Gestão celebrado entre a ANA e a AGEVAP, tendo o CEIVAP como interveniente (Contrato No 014/ANA/2004), com extrato publicado no Diário Oficial da União de 13 de setembro de 2004, encontra-se em plena execução por seus signatarios;

Considerando que o Programa de Trabalho que constitui o Anexo 1 do Contrato de Gestão, estabelece que será elaborado Manual para Investimento que orientará a aplicação dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso dos recursos hídricos da bacia hiodrográfica do rio Paraíba do Sul;

Considerando que as Câmaras Técnicas do CEIVAP, após análise de proposta apresentada apresentada pelo Grupo de Trabalho ad hoc, recomendou a aprovação do Manual de Investimentos – Módulo 1, que orientará a inscrição e habilitação de novas Ações Estruturais para os exercícios de 2005 e 2006.

DELIBERA

Art. 1º Fica aprovada o Manual para Investimentos – Módulo 1, válido para para os exercícios de 2005 e 2006, que orientará a inscrição e habilitação de novas Ações Estruturais a serem financiadas com recursos da cobrança pelo uso dos recursos hídricos na bacia do rio Paraíba do Sul, nos termos do Anexo 1.

Art. 3º Esta deliberação entra em vigor a partir d data de sua aprovação.

Muriaé, 17 de dezembro de 2004.

Eduardo Meohas Juliana KoeppelPresidente do CEIVAP Secretário Interino do

CEIVAP

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b13) DELIBERAÇÃO CEIVAP N.º 032/2004 DE 23 DE NOVEMBRO DE 2004

“Dispõe sobre diretrizes para aplicação dos recursos oriundos da cobrança pelo uso das águas de domínio do Estado do Rio de Janeiro na Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul para o exercício de 2004”

O Comitê para Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul – CEIVAP, criado pelo Decreto nº 1842, de 22 de março de 1996, do Presidente da República, no uso de suas atribuições e,

Considerando que a Resolução 06/2003 do Conselho Estadual de Recursos Hídricos/RJ que instituiu a cobrança pelo uso da água nos rios de domínio do Estado do Rio de Janeiro na Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul;

Considerando o Ofício da Presidência da SERLA, que solicitou ao CEIVAP o encaminhamento de diretrizes para aplicação dos recursos oriundos da cobrança pelo uso da água nos rios de domínio do Estado do Rio de Janeiro, iniciada em janeiro de 2004;

Considerando a informação de que os recursos da cobrança ora depositados no FUNDRHI/RJ, perfazem um montante de cerca de R$ 700.000,00;

Considerando a hierarquização de investimentos constante no Plano de Recursos Hídricos da Bacia do Paraíba do Sul aprovado na Deliberação CEIVAP no 16/2002, de 04 de novembro de 2002.

DELIBERA

Art. 1º Fica aprovada a Proposta de Investimentos Anual para o exercício de 2004 para aplicação dos recursos financeiros oriundos da cobrança pelo uso dos recursos hídricos da bacia do rio Paraíba do Sul de domínio do Estado do Rio de Janeiro, nos termos apresentados na tabela a seguir:

ITEM VALOR 1

AÇÕES DE GESTÃOR$

Apoio a AGEVAP para acompanhamento das ações implementadas com recursos da cobrança estadual na Bacia do Paraíba do Sul

10% do montante líquido disponível para aplicação na bacia do Paraíba do Sul (R$ 63.000,00)

2AÇÕES DE PLANEJAMENTO

Plano diretor de saneamento e/ou projetos básicos de coleta e tratamento de esgotos nos municípios da bacia

267.000,00

3 AÇÕES ESTRUTURAIS

ETE de Campo do Coelho - Município de Nova Friburgo

300.000,00

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Art. 2º Quaisquer alterações nesta proposta orçamentária deverão ser submetidas previamente à aprovação do Plenário do CEIVAP.

Art. 3° As ações não implementadas no exercício de 2004 com os recursos financeiros previstos nesta Proposta Orçamentária poderão ser executadas no exercício subseqüente independentemente de autorização prévia do Plenário do CEIVAP.

Art. 4º Esta Deliberação deverá ser encaminhada: I – ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos do Rio de Janeiro, para

conhecimento da presente proposta; II – à SERLA, para a implementação das medidas administrativas

necessárias; Art. 5º Esta deliberação entra em vigor a partir da data de sua aprovação.

Paraibuna, 23 de novembro de 2004.

Eduardo Meohas Juliana KoeppelPresidente do CEIVAP Secretário Interino do CEIVAP

b14) DELIBERAÇÃO CEIVAP N.º 24 DE 31 DE MARÇO DE 2004

“Dispõe sobre o cumprimento da Deliberação CEIVAP no 15/2002 e sobre medidas complementares para a continuidade da Cobrança pelo Uso de Recursos Hídricos na Bacia do Rio Paraíba do Sul”

O Comitê para Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul – CEIVAP, criado pelo Decreto n.º 1842, de 22 de março de 1996, do Presidente da República, no uso de suas atribuições e,

Considerando que a cobrança pelo uso dos recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul foi implantada nos termos das Deliberações CEIVAP Nos 8/01, de 6 de dezembro de 2001 e 15/02, de 4 de novembro de 2002, e foi efetivamente iniciada em 30 de março de 2003, data de vencimento da primeira fatura emitida pela Agência Nacional de Águas;

Considerando que a Deliberação CEIVAP n.º 15/2002, em seu artigo 6º, estabeleceu prazo de um ano, contado a partir do início efetivo da cobrança, para a definição dos procedimentos de cobrança a serem aplicados aos usos de recursos hídricos em atividades de mineração que alterem o regime dos corpos de água de domínio da União na bacia do rio Paraíba do Sul; dentre os quais destaca os critérios e valores para subsidiar o estabelecimento da cobrança da mineração de areia no leito do rio;

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Considerando que a Deliberação CEIVAP n.o 15, em seu art. 5º, estabeleceu prazo para a definição dos critérios para a cobrança pelo uso das águas captadas, derivadas e transpostas da bacia do rio Paraíba do Sul para a bacia do rio Guandu, a partir de negociação entre a Agência Nacional de Águas, o Governo do Estado do Rio de Janeiro, o CEIVAP e o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Guandu, e que nesse prazo não foi possível a construção de acordo;

Considerando que a MP 165, de 11 de fevereiro de 2004, que dispõe sobre o contrato de gestão entre a Agência Nacional de Águas e as entidades delegatárias das funções de Agência de Água, criou as condições para que a Associação Pró-gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul – AGEVAP possa firmar contrato de gestão com a Agência Nacional de Águas, tendo em vista exercer as funções de competência da Agência de Água da Bacia do Rio Paraíba do Sul;

Considerando que a cobrança pelo uso da água está fundamentada em um acordo social firmado entre os envolvidos na gestão dos recursos hídricos da bacia hidrográfica, e

Considerando, por fim, as propostas elaboradas no âmbito das Câmaras Técnicas do CEIVAP, para atender o acima disposto

DELIBERA:

Art. 1º Ficam aprovadas a metodologia e os critérios para o cálculo da cobrança sobre os usos da água definidos nos artigo 6º da Deliberação CEIVAP no

15/2002, conforme disposto nesta Deliberação.Art. 2º A metodologia e os critérios aplicáveis aos usuários do setor

mineração de areia no leito de rios são os descritos no Anexo II da Deliberação CEIVAP n.º 08/01, observado o seguinte:

I – Para fins de aplicação da fórmula do CEIVAP, que calcula a cobrança mensal total, considera-se:•Qcap = Qareia x R•Qumid = u (%) x Qareia

•K1 = Qumid/Qcap

•a terceira parcela da fórmula, referente à redução de DBO, é considerada igual a zero.

Onde:

•Qcap = volume de água utilizada para veicular a areia extraída, em m3/mês, que re-torna para o rio;•Qareia = volume de areia produzida, em m3/mês,•Qumid = Volume de água consumido (m3/mês)•R = Razão de mistura da polpa dragada (água/areia)•u(%) = Teor de umidade da areia produzida(%)

II – Preço Público Unitário (PPU) no valor de R$ 0,02 (dois centésimos de real) por metro cúbico;

III - Coeficiente k0 igual a 0,4 (quatro décimos);

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IV - os valores de R, Qareia e u% serão informados pelos usuários, no prazo de três meses contados a partir da aprovação desta deliberação e de acordo com os critérios específicos de cadastramento e outorga, a serem definidos pelos órgãos gestores competentes, eV – aplicada a fórmula de cálculo, fica estabelecido que a cobrança dos

usuários do setor de mineração de areia no leito do rio não poderá exceder a 0,5 % (cinco décimos por cento) dos custos de produção, e os usuários que se considerem onerados acima deste limite deverão comprovar junto à ANA seus custos de produção, de modo a ter o valor da cobrança limitado.

Parágrafo único. Outras atividades de mineração que alterem o regime dos corpos de água de domínio da União na bacia do rio Paraíba do Sul, ainda não contempladas por critérios de cobrança pelo CEIVAP, serão objeto de deliberações específicas.

Art. 3º Fica estabelecido que serão mantidos os processos de negociação entre a Agência Nacional de Águas, o Governo do Estado do Rio de Janeiro, o CEIVAP e o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Guandu, com vistas à definição de critérios para a cobrança pelo uso das águas captadas, derivadas e transpostas da bacia do rio Paraíba do Sul para a bacia do rio Guandu.

§1º Cabe à diretoria do CEIVAP promover as iniciativas necessárias para a efetivação da negociação prevista no caput.

§2º No prazo de até um ano, contado a partir da aprovação desta Deliberação, deverá ser apresentado ao CEIVAP, para aprovação, metodologia e critérios resultantes da negociação, conforme determina o caput.

Art. 4o A Agência Nacional de Águas repassará à Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul – AGEVAP, investida das funções e atividades inerentes à Agência de Águas, mediante contrato de gestão, o equivalente a 0,75% (setenta e cinco centésimos por cento) do valor da energia elétrica produzida com a utilização das águas de seu domínio, para aplicação de acordo com o Plano de Recursos Hídricos da bacia.

Art. 5º. – A Associação Pró-Gestão de Águas da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul – AGEVAP fica credenciada pelo CEIVAP a atuar como entidade delegatária das funções de Agência de Água, nos termos da MP 165/04.

Art. 6º Esta Deliberação será encaminhada:I – ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos, para análise e aprovação das

proposições relativas à cobrança pelo uso dos recursos hídricos em atividades de mineração que alterem o regime dos corpos de água de domínio da União, na bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul, e em particular à cobrança da mineração de areia no leito do rio;

II – à Agência Nacional de Águas, para complementar as medidas administrativas necessárias para a cobrança pelo uso de recursos hídricos na bacia do rio Paraíba do Sul;

III– aos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, respectivos conselhos estaduais de recursos hídricos e organismos de bacia, recomendando que, em articulação com a Agência Nacional de Águas, avancem nas medidas necessárias à implementação da cobrança pelo uso de recursos hídricos de domínio

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estadual na bacia do rio Paraíba do Sul, e, sobretudo, promovam a integração e compatibilização das suas legislações, normas e critérios, de modo a estabelecer as condições para que a bacia hidrográfica seja, efetivamente, a unidade de planejamento e gestão dos recursos hídricos.

Art. 7º. Esta deliberação entra em vigor a partir de sua aprovação pelo plenário do CEIVAP, revogando as disposições em contrário.

Juiz de Fora, 31 de março de 2004.

EDUARDO MEOHAS FÍDIAS DE MIRANDAPresidente do CEIVAP Secretário do CEIVAP

b15) DELIBERAÇÃO CEIVAP N.º 25/2004 DE 31 DE MARÇO DE 2004

“Prorroga para o exercício de 2004 as prioridades e orientações para a Agência Nacional de Águas promover a contratação das ações previstas no Programa de Aplicação dos recursos financeiros oriundos da cobrança pelo uso dos recursos hídricos da Bacia do rio Paraíba do Sul estabelecidas pela Deliberação CEIVAP n.º 22/2003”

O Comitê para Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul – CEIVAP, criado pelo Decreto nº 1842, de 22 de março de 1996, do Presidente da República, no uso de suas atribuições e,

Considerando o programa de aplicação dos recursos financeiros oriundos da cobrança pelo uso de recursos hídricos da bacia do rio Paraíba do Sul aprovado pela Deliberação CEIVAP no 19/2003, de 30 de maio de 2003;

Considerando o que dispõe a Deliberação CEIVAP n.º 20, de 30 de maio de 2003, sobre a operacionalização dos recursos oriundos da cobrança pelo uso das água na bacia do rio Paraíba do Sul e que a Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia do Rio Paraíba do Sul ainda não está apta a receber a transferência dos recursos da cobrança através de Contrato de Gestão;

Considerando a previsão de recursos provenientes da cobrança pelo uso de recursos hídricos na bacia do rio Paraíba do Sul nos orçamentos de 2003 e de 2004 da Agência Nacional de Águas - ANA e os montantes informados por esta disponíveis e previstos para aplicação;

Considerando a necessidade de serem definidas as prioridades e demais orientações para que a ANA proceda a imediata aplicação destes recursos na bacia do rio Paraíba do Sul;

DELIBERA:

Art. 1º Fica prorrogada a validade da Deliberação CEIVAP n.º 22, de 14 de agosto de 2003, para fins de aplicação no ano de 2004 dos recursos provenientes

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da cobrança pelo uso da água na bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul nos exercícios de 2003 e 2004.

Art. 2º O art. 1º da Deliberação CEIVAP n.º 22, de 14 de agosto de 2003, passa a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 1º Os recursos arrecadados pela cobrança pelo uso da água na bacia do rio Paraíba do Sul, no exercício de 2004 e o saldo do exercício de 2003, serão aplicados pela ANA, diretamente, ou por intermédio da Caixa Econômica Federal – CEF por meio de contrato de repasse, realizados com as entidades prestadoras de serviços, observando rigorosamente a ordem de prioridades estabelecida na tabela anexa e a legislação federal pertinente.

§ 1º – As entidades prestadoras de serviços e seus respectivos municípios, terão prazo de 15 (quinze) dias corridos, contados a partir da convocação da ANA ou CEF, para apresentarem a documentação/informações exigidas para a realização do instrumento de contratação.

§ 2º - O descumprimento do disposto no parágrafo anterior implicará no deslocamento do convocado para a última posição da lista de prioridades, sendo imediatamente convocado o candidato seguinte na referida lista, e assim sucessivamente.

§ 3º Os usuários referidos no anexo deverão comprovar até o dia 30 de abril de 2004, impreterivelmente, junto à ANA, sua regularidade com o pagamento pelo uso dos recursos hídricos da bacia, sob pena de se tornar inabilitado para firmar os instrumentos necessários ao recebimento dos recursos pleiteados.”

Art.3º O art. 5º da Deliberação CEIVAP n.º 22, de 14 de agosto de 2003, passa a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 5º Os recursos atribuídos para “Implantação de Obras de Esgotamento Sanitário”, serão aplicados de acordo com a prioridade estabelecida no anexo, na seqüência do último empreendimento contratado no ano de 2003, conforme a realização da receita advinda da cobrança pelo uso da água ao longo do ano de 2004 e o saldo do exercício de 2003.”

Art. 4º Esta deliberação entra em vigor a partir da data de sua aprovação.

Resende, 31 de março de 2004.

EDUARDO MEOHAS FÍDIAS MIRANDA Presidente do CEIVAP Secretário do CEIVAP

b16) DELIBERAÇÃO CEIVAP N.º 22/2003 DE 14 DE AGOSTO DE 2003

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“Define as prioridades e orientações para a Agência Nacional de Águas promover a contratação das ações previstas no Programa de Aplicação dos recursos financeiros oriundos da cobrança pelo uso dos recursos hídricos da Bacia do rio Paraíba do Sul no exercício de 2003”

O Comitê para Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul – CEIVAP, criado pelo Decreto nº 1842, de 22 de março de 1996, do Presidente da República, no uso de suas atribuições e,

Considerando o programa de aplicação dos recursos financeiros oriundos da cobrança pelo uso de recursos hídricos da bacia do rio Paraíba do Sul aprovado pela Deliberação CEIVAP no 19/2003, de 30 de maio de 2003;

Considerando o que dispõe a Deliberação CEIVAP n.º 20, de 30 de maio de 2003, sobre a operacionalização dos recursos oriundos da cobrança pelo uso das água na bacia do rio Paraíba do Sul e que a Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia do Rio Paraíba do Sul ainda não está apta a receber a transferência dos recursos da cobrança através de Contrato de Gestão;

Considerando a previsão de recursos provenientes da cobrança pelo uso de recursos hídricos na bacia do rio Paraíba do Sul no orçamento de 2003 da Agência Nacional de Águas - ANA e os montantes informados por esta disponíveis e previstos para aplicação;

Considerando os levantamentos realizados pela ANA, com o acompanhamento do CEIVAP, junto aos potenciais beneficiários executores dos projetos e ações previstas no programa de aplicação de recursos, para verificar o interesse e a capacidade de atender de imediato os requisitos para a sua contratação;

Considerando a necessidade de serem definidas as prioridades e demais orientações para que a ANA proceda a imediata aplicação destes recursos na bacia do rio Paraíba do Sul;

DELIBERA:

Art. 1º Os recursos arrecadados pela cobrança pelo uso da água na bacia do rio Paraíba do Sul, no exercício de 2003, serão aplicados pela ANA, diretamente, ou por intermédio da Caixa Econômica Federal - CEF por meio de contrato de repasse, realizados com as entidades prestadoras de serviços, observando rigorosamente a ordem de prioridades estabelecida na tabela anexa e a legislação federal pertinente.

§ 1º– As entidades prestadoras de serviços e seus respectivos municípios, terão prazo de 10 (dez) dias corridos, contados a partir da convocação da ANA ou CEF, para apresentarem a documentação/informações exigidas para a realização do instrumento de contratação.

§ 2º - O descumprimento do disposto no parágrafo anterior implicará no deslocamento do convocado para a última posição da lista de prioridades, sendo

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imediatamente convocado o candidato seguinte na referida lista, e assim sucessivamente.

§ 3º Os usuários referidos no anexo deverão comprovar até o dia 29 de agosto, impreterivelmente, junto à ANA, sua regularidade com o pagamento pelo uso dos recursos hídricos da bacia, sob pena de se tornar inabilitado para firmar os instrumentos necessários ao recebimento dos recursos pleiteados.

Art. 2º Os recursos atribuídos à prioridade “Ações Emergenciais” serão aplicados, mediante aprovação da Diretoria do CEIVAP, em face da escassez atual e dos baixos níveis de água nos reservatórios da bacia.

§ 1º– As ações emergenciais incluirão campanhas de conscientização e esclarecimentos à sociedade, observadas as orientações das Câmaras Técnicas do CEIVAP.

§ 2º - A diretoria do CEIVAP informará à ANA o executor das ações a que se refere o parágrafo anterior.

Art. 3º Os recursos atribuídos à prioridade “Controle de Erosão” serão aplicados conforme disposto no Anexo à Deliberação CEIVAP No 19/2003, em seus itens 2.2.1, 2.2.2 e 2.2.3.

Art. 4º Os recursos atribuídos à prioridade “Elaboração de Projetos”, serão aplicados na elaboração ou adequação de projetos básicos/executivos, nos Municípios de Barra Mansa, Muriaé, Três Rios e Paraibuna;

Art. 5º Os recursos atribuídos à prioridade “Implantação de Obras de Esgotamento Sanitário”, serão aplicados de acordo com a seqüência de prioridade estabelecida no anexo, conforme a realização da receita advinda da cobrança pelo uso da água ao longo do ano de 2003;

Art. 6º - Nas placas indicativas de obra deverão constar a logomarca CEIVAP e a origem dos recursos

Art. 7º Esta deliberação entra em vigor a partir da data de sua aprovação.

Resende, 14 de agosto de 2003.

Eduardo Meohas Fídias MirandaPresidente do CEIVAP Secretário do CEIVAP

b17) DELIBERAÇÃO CEIVAP N.º 20/2003 DE 30 DE MAIO DE 2003

“Dispõe sobre a operacionalização da aplicação dos recursos oriundos da cobrança pelo uso da água na Bacia do Rio Paraíba do Sul”

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O Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul – CEIVAP, criado pelo Decreto n.º 1842, de 22 de março de 1996, do Presidente da República, no uso de usas atribuições, e

Considerando que a cobrança pelo uso da água na bacia do rio Paraíba do Sul foi efetivamente iniciada em 31 de março de 2003;

Considerando que as Deliberações CEIVAP n.º 8/2001 e 15/2002 estabeleceram condicionantes para o início e a continuidade da cobrança pelo uso da água;

Considerando que a Resolução CNRH n.º 26, de 29 de novembro de 2002, autorizou a Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Paraíba do Sul a desempenhar as funções e atividades inerentes à Agência de Água;

Considerando, no entanto, que a mesma Resolução CNRH determinou que o exercício pela Agência de Água do CEIVAP de competências dependentes de delegação do Poder Público, tais como aplicação dos recursos advindos da cobrança pelo uso da água, dependerá dos procedimentos legais específicos, e como os mesmos não foram realizados até o momento não se cumpriu o determinado pelo art. 1º, Inciso II, da Deliberação CEIVAP n.º 08/2001 e, por conseqüência, impedindo o atendimento do disposto no art. 5°, § 1° da Deliberação CEIVAP n° 15/2002;

Considerando a necessidade de se evitar a suspensão legal do pagamento pelo uso da água em andamento desde março de 2003, uma vez que há descumprimento das condicionantes mencionadas acima;

Considerando por fim, que o CEIVAP não foi, até o momento, informado sobre os valores arrecadados com a cobrança pelo uso da água e a situação de adimplência e inadimplência na bacia do rio Paraíba do Sul. Resolve:

Art. 1º Encaminhar solicitação à Presidente do Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH de realização imediata de uma reunião extraordinária com os seguintes objetivos:

I – Identificar e aplicar os procedimentos administrativos, institucionais e legais cabíveis para a instituição da Agência de Água do CEIVAP, bem como para que a Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Paraíba do Sul possa cumprir suas competências legais definidas na Resolução CNRH nº 26/2002; II – Identificar e aplicar os procedimentos administrativos, institucionais e legais que permitam a aplicação imediata dos recursos oriundos da cobrança pelo uso da água, de forma direta e segura conforme preconizado nas Leis 9.433/1997 e 9984/2000, de acordo com as Deliberações CEIVAP, que evitem os riscos de contingenciamento e a extinção de saldos não utilizados no ano orçamentário. Art. 2º Solicitar à Agência Nacional de Águas – ANA a apresentação ao

CEIVAP de demonstrativos sintéticos e analíticos de receitas e despesas realizadas,

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referentes aos recursos oriundos da cobrança pelo uso da água na bacia do Rio Paraíba do Sul.

Art. 3º Solicitar à ANA que inicie a celebração de atos administrativos que possibilitem a execução do Plano de Aplicação de Recursos aprovados por Deliberação CEIVAP específica, da seguinte forma:

I – Para a implementação das ações de gestão e planejamento deverá ser celebrado, num prazo máximo de dois meses, ato administrativo adequado com a Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Paraíba do Sul; II – Para a implementação das ações estruturais deverão ser celebrados atos administrativos adequado com os respectivos executores. Art. 4º As soluções apontadas no art 3º são consideradas emergenciais,

devendo, portanto ter caráter temporário, enquanto se buscam as soluções definitivas conforme art 1º desta Deliberação.

Art. 5º Esta deliberação entra em vigor a partir de sua aprovação pelo

plenário do CEIVAP.

Resende, 30 de maio de 2003.

Eduardo Meohas Fídias Miranda Presidente do CEIVAP Secretário do CEIVAP

b18) DELIBERAÇÃO CEIVAP N.º 15/2002 DE 4 DE NOVEMBRO DE 2002

“Dispõe sobre medidas complementares para a Implantação da Cobrança pelo Uso de Recursos Hídricos na Bacia do Rio Paraíba do Sul a partir de 2002, em atendimento à Deliberação CEIVAP nº 08/2001”

O Comitê para Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul – CEIVAP, criado pelo Decreto n.º 1842, de 22 de março de 1996, do Presidente da República, no uso de suas atribuições e,

Considerando que os artigos 1º, 19 e 20 da Lei n.º 9.433, de 08 de janeiro 1997, estabelecem que a água é um recurso dotado de valor econômico, devendo ser cobrados os usos de recursos hídricos sujeitos à outorga, nos termos do art. 12 desta mesma Lei;

Considerando que o art. 21 da Lei n. º 9.433/97 determina que a fixação de valores a serem cobrados levará em conta os volumes de derivações, captações, extrações de água e lançamentos de efluentes;

Considerando que os artigos 12 e 38 da Lei n. º 9433/97 prevêem a definição de usos insignificantes isentos da obrigatoriedade de outorga de direitos de uso de recursos hídricos a partir de proposta do Comitê;

Considerando que o art. 4º da Lei n. º 9.984, de 17 de julho de 2000, estabelece nos seus incisos VI, VIII e IX competência para a Agência Nacional de

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Águas implementar a cobrança com base nos valores propostos pelo CEIVAP e aprovados pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH;

Considerando a Resolução No 19, de 14 de março de 2002, do Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH, que definiu o valor da cobrança pelo uso de recursos hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, conforme sugerido pelo CEIVAP, nos termos e condições previstos na Deliberação CEIVAP n. º 08/2001;

Considerando a necessidade de serem atendidas as exigências estabelecidas pelo parágrafo 1º do art. 1º da Deliberação CEIVAP n. º 08/2001 para se efetivar o início da cobrança pelo uso de recursos hídricos na bacia do rio Paraíba do Sul;

DELIBERA:

Art. 1º Ficam aprovados a metodologia e os critérios para o cálculo da cobrança sobre os demais usos de recursos hídricos, em complemento aos aplicáveis ao setor de abastecimento de água e esgotamento sanitário e ao setor industrial, definidos pela Deliberação n. º 08/01, conforme disposto nesta Deliberação.

Art. 2º A metodologia e os critérios aplicáveis aos usuários do setor agropecuário são os descritos no Anexo II da Deliberação CEIVAP n. º 08/01, observado o seguinte:

I - Preço Público Unitário (PPU) no valor de R$ 0,0005 (cinco décimos de milésimo de real) por metro cúbico;

II - Coeficiente k0 igual a 0,4 (quatro décimos);III – os valores de Qcap e k1 serão informados pelos usuários, sujeitos à

fiscalização prevista na legislação pertinente;IV – o valor da terceira parcela da fórmula, referente à redução de DBO, é

igual a zero, exceto para o caso de suinocultura, quando deverão ser informados pelos usuários os valores de k2 e k3; e

V – aplicada à fórmula de cálculo, fica estabelecido que a cobrança dos usuários do setor agropecuário não poderá exceder a 0,5 % (cinco décimos porcento) dos custos de produção, e os usuários que se considerem onerados acima deste limite deverão comprovar junto à ANA seus custos de produção, de modo a ter o valor da cobrança limitado.

Parágrafo único. A metodologia e os critérios aplicáveis às atividades de aqüicultura são os descritos no Anexo II da Deliberação CEIVAP n. º 08/01, observado o seguinte:

I – Preço Público Unitário (PPU) no valor de R$ 0,0004 (quatro décimos de milésimo de real) por metro cúbico;

II – Coeficiente k0 igual a 0,4 (quatro décimos);III – o valor de Qcap será informado pelos usuários, sujeitos à fiscalização

prevista na legislação pertinente; eIV – os valores de k1, referente ao consumo, e da terceira parcela da fórmula,

referente à redução de DBO, serão iguais a zero.V – aplicada à fórmula de cálculo, fica estabelecido que a cobrança desta

atividade não poderá exceder a 0,5 % (cinco décimos porcento) dos custos de

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produção, e os usuários que se considerem onerados acima deste limite deverão comprovar junto à ANA seus custos de produção, de modo a ter o valor da cobrança limitado.

Art. 3º Os usuários do setor de geração de energia elétrica em pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) pagarão pelo uso de recursos hídricos com base na seguinte fórmula:

C= GH x TAR x POnde:C – é a cobrança mensal total a ser paga por cada PCH, em reais;GH – é o total da energia gerada por uma PCH em um determinado mês,

informado pela concessionária, em MWh;TAR – é o valor da Tarifa Atualizada de Referência definida pela Agência

Nacional de Energia Elétrica com base na Resolução ANEEL n. º 66, de 22 de fevereiro de 2001, ou naquela que a suceder, em R$/MWh;

P – é o percentual definido pelo CEIVAP a título de cobrança sobre a energia gerada.

§ 1º Fica estabelecido o valor de 0,75% (setenta e cinco centésimos porcento) para o percentual P.

§ 2º São consideradas PCHs, para fins de aplicação do previsto no caput, as usinas hidrelétricas a que se referem os artigos 2o e 3o da Resolução ANEEL no 394, de 04 de dezembro de 1998, ou a norma jurídica que lhe suceda, ressalvadas as que se enquadram como usos insignificantes, conforme definido no art. 4º, inciso V.

Art. 4º São considerados usos insignificantes de recursos hídricos de domínio da União na bacia do rio Paraíba do Sul, para fins de outorga e cobrança:

I – as derivações e captações para usos de abastecimento público com vazões de até 1,0 (um) litro por segundo, com seus efluentes correspondentes;

II – as derivações e captações para usos industriais ou na mineração com características industriais, com vazões de até 1,0 (um) litro por segundo, com seus efluentes correspondentes;

III – as derivações e captações para usos agropecuários com vazões de até 1,0 (um) litro por segundo, com seus efluentes correspondentes;

IV – as derivações e captações para usos de aquicultura com vazões de até 1,0 (um) litro por segundo, com seus efluentes correspondentes; e

V – os usos de água para geração de energia elétrica em pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) com potência instalada de até 1 (um) MW (megawatt).Parágrafo único. A caracterização como usos insignificantes na forma do caput não desobriga os respectivos usuários ao atendimento de outras deliberações ou determinações do CEIVAP ou dos órgãos de recursos hídricos competentes, inclusive cadastramento ou solicitação de informação.

Art. 5º A cobrança pelo uso das águas captadas, derivadas e transpostas da bacia do rio Paraíba do Sul para a bacia do rio Guandu terá início no prazo máximo de 1 (um) ano, contado a partir do início efetivo da cobrança, de acordo com critérios

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a serem negociados e aprovados no âmbito da Agência Nacional de Águas, Governo do Estado do Rio de Janeiro, CEIVAP e do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Guandu.

§ 1º Enquanto a cobrança pelo uso da água referida no caput não for definida, a Agência Nacional de Águas repassará à Associação Pró-gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, investida das funções e atividades inerentes à Agência de Águas do CEIVAP, mediante contrato de gestão, o equivalente a 0,75 % (setenta e cinco centésimos porcento) do valor da energia elétrica produzida com a utilização dessas águas, para aplicação de acordo com as diretrizes do CEIVAP.

§ 2º A cobrança pelo uso dos recursos hídricos na bacia do rio Paraíba será interrompida caso o estabelecido no caput ou no parágrafo primeiro não sejam iniciados.

Art. 6º Os usos de recursos hídricos em atividades de mineração que alterem o regime dos corpos de água de domínio da União na bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul deverão ter os procedimentos de cobrança definidos no prazo máximo de 1 (um) ano, contado a partir do início efetivo da cobrança, ressalvado o disposto no § 2º.

§ 1º No prazo definido no caput serão desenvolvidos estudos de critérios e valores para subsidiar o estabelecimento da cobrança da mineração de areia no leito do rio.

§ 2º Os usos de recursos hídricos para atividades de mineração tipificados como industriais estão sujeitos à cobrança na forma da Deliberação CEIVAP n.º 08/01.

§ 3º A cobrança pelo uso dos recursos hídricos na bacia do rio Paraíba será interrompida caso o estabelecido no caput não se inicie dentro do prazo fixado.

Art. 7º Sobre o montante devido por usuário inadimplente incidirão, na forma do § 3º do art. 2º da Deliberação CEIVAP n.º 08/01, juros moratórios de 1% (um por cento) ao mês, calculados cumulativamente “pro-rata tempore”, desde o vencimento do débito até o dia de seu efetivo pagamento, acrescidos de multa de 10 % (dez por cento), aplicada sobre o montante final apurado, ressalvados os encargos específicos previstos na legislação sobre a dívida ativa da União.

Art. 8º Os critérios e os valores estabelecidos por esta Deliberação vigorarão por 3 (três) anos a partir do início efetivo da cobrança.

§ 1º Entende-se como início efetivo da cobrança pelo uso de recursos hídricos na bacia do rio Paraíba do Sul a data de vencimento da primeira fatura emitida com essa finalidade pela Agência Nacional de Águas.

§ 2º Esta Deliberação deverá ser reavaliada, em conjunto com a Deliberação CEIVAP n.º 08/01, no mínimo 6 (seis) meses antes do vencimento do prazo que trata o caput.

Art. 9º Esta Deliberação deverá ser encaminhada:I – ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos, para análise e aprovação

das proposições relativas aos usos considerados insignificantes e demais critérios e valores para a cobrança pelo uso da água na bacia do rio Paraíba do Sul;

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II – à Agência Nacional de Águas, para a implementação das medidas administrativas necessárias para a cobrança pelo uso de recursos hídricos na bacia do rio Paraíba do Sul;

III – aos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, respectivos conselhos estaduais de recursos hídricos e organismos de bacia, recomendando que, em articulação com a Agência Nacional de Águas, avancem nas medidas necessárias à implementação da cobrança pelo uso de recursos hídricos de domínio estadual na bacia do rio Paraíba do Sul, e, sobretudo, promovam a integração e compatibilização das suas legislações, normas e critérios, de modo a estabelecer as condições para que a bacia hidrográfica seja, efetivamente, a unidade de planejamento e gestão dos recursos hídricos.

Art. 10. Esta deliberação entra em vigor a partir de sua aprovação pelo plenário do CEIVAP.Resende, 4 de novembro de 2002.

EDUARDO MEOHAS EDILSON DE PAULA ANDRADEPresidente do CEIVAP Secretário do CEIVAP

b19) DELIBERAÇÃO CEIVAP N.º 14/2002 DE 20 DE JUNHO DE 2002

“Aprova a hierarquização de empreendimentos de tratamento de esgotos sanitários habilitados na bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul, com vistas a participação no Programa Nacional de Despoluição de Bacias Hidrográficas da Agência Nacional de Águas – PRODES/ANA”

O Comitê para Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul – CEIVAP, criado pelo Decreto n.º 1842, de 22 de março de 1996, do Presidente da República, no uso de suas atribuições e,

Considerando que o Programa Nacional de Despoluição de Bacias Hidrográficas, da Agência Nacional de Águas, oferece incentivos aos empreendedores da bacia, para tratamento de esgotos domésticos;

Considerando que um dos graves problemas da bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul é a falta de tratamento de esgotos domésticos;

Considerando que a Deliberação CEIVAP nº 02/2000, estabelece a hierarquia para ações de tratamento de esgoto na bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul;

Considerando ainda a Deliberação CEIVAP nº 13/2002, que aprova a inclusão de novos empreendimentos à Deliberação CEIVAP nº 02/2000 e;

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Considerando que na Agência Nacional de Águas encontram-se 10 (dez) empreendimentos da bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul habilitados a participar do PRODES/2002.

DELIBERA:

Art. 1º Ficam aprovados os seguintes empreendimentos para tratamento de esgoto sanitário na bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul, habilitados pela Agência Nacional de Águas, hierarquizados de acordo com as Deliberações CEIVAP n.º 02/2000 e 13/2002.

ESTADO DE SÃO PAULO

ESTADO DO RIO DE JANEIRO

ESTADO DE MINAS GERAIS

Jacareí – Bandeira Branca

Barra Mansa – Barbará Juiz de Fora – Barbosa Lage

Jacareí – Meia Lua Muriaé – Cirilo/ São Joaquim Taubaté – Bacia Central Taubaté – Quiririm Cachoeira Pta – Vila Carmen Queluz Lorena

Parágrafo Único Fica aprovada a hierarquização dos empreendimentos na bacia do rio Paraíba do Sul conforme quadro anexo a esta Deliberação.

Art. 2º Esta deliberação entra em vigor a partir de sua aprovação pelo plenário do CEIVAP.

Juiz de Fora/MG, 20 de junho de 2002.

EDUARDO MEOHAS EDILSON DE PAULA ANDRADE Presidente do CEIVAP Secretário do CEIVAP

b20) DELIBERAÇÃO CEIVAP N.º 08 DE 6 DE DEZEMBRO DE 2001

“Dispõe sobre a Implantação da Cobrança pelo Uso de Recursos Hídricos na Bacia do Rio Paraíba do Sul a partir de 2002”

O Comitê para Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul – CEIVAP, criado pelo Decreto n.º 1842, de 22 de março de 1996, do Presidente da República, no uso de suas atribuições, e

Considerando que os artigos 1º, 19 e 20 da Lei n.º 9.433, de 1997, estabelecem que a água é um recurso dotado de valor econômico, devendo ser

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cobrados os usos de recursos hídricos sujeitos à outorga, nos termos do art. 12 desta mesma Lei;

Considerando que o art. 21 da Lei n.º 9.433, de 1997, determina que a fixação de valores a serem cobrados levará em conta os volumes de derivações, captações, extração de água e lançamento de efluentes;

Considerando o disposto no art. 4º da Lei n.º 9.984, de 2000, que estabelece nos seus incisos VI, VIII e IX competência para a Agência Nacional de Águas implementar a cobrança, a qual poderá ser delegada à Agência de Água da Bacia que vier a ser instituída, e com base nos valores propostos pelo CEIVAP e aprovados pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH ;

Considerando que na Bacia Hidrográfica do rio Paraíba do Sul, já existe um Programa Inicial de Investimentos aprovado pela Deliberação CEIVAP n.º 02, de 21 de julho de 2000, com hierarquização de ações voltadas à gestão, planejamento e obras de recuperação dos seus recursos hídricos;

Considerando que se prevê que recursos da cobrança pelo uso de recursos hídricos sejam alocados como contrapartida ao Programa Nacional de Despoluição de Bacias Hidrográficas em implantação na bacia do rio Paraíba do Sul, pela Agência Nacional de Águas.

DELIBERA: Art.1º Fica aprovado o início da implementação da cobrança pelo uso de

recursos hídricos na bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul a partir do ano 2002, nos termos do art. 12 da Lei n.º 9.433, de 1997.

§ 1º O início da cobrança se efetivará a partir do atendimento das exigências legais e das medidas preparatórias relacionadas no cronograma em anexo e cumpridas, plenamente, as condições a seguir:

•Aprovação do Plano de Recursos Hídricos da Bacia, formatado com base nos Pro-gramas Estaduais de Investimentos do Projeto Qualidade das Águas e Controle da Poluição Hídrica e no Programa Inicial de Investimentos aprovado pela Deliberação CEIVAP n.o 02/2000;

II- Instituição da Agência de Água da Bacia do Rio Paraíba do Sul, ou entidade com atribuições a ela assemelhada, conforme Deliberação CEIVAP n.º 05/2001;

III - Definição pelo CEIVAP dos usos considerados insignificantes para a bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul;

IV - Conclusão, pela Agência Nacional de Águas e pelos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, do processo de regularização de usos de recursos hídricos na bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul, conforme cronograma em anexo;

V - Definição pelo CEIVAP da metodologia de cobrança para os usos previstos em lei.

§ 2º O usuário que não atender à convocação para regularização do uso de recurso hídrico será considerado usuário ilegal e inadimplente.

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Art. 2º Serão cobrados os usos de recursos hídricos, conforme art. 21 da Lei n.o 9.433, de 1997, de acordo com os volumes de derivação, captação, extração de água e lançamentos de efluentes.

§ 1º Os critérios aplicáveis aos setores industrial e de saneamento (abastecimento de água e esgotamento sanitário) são:

I - Fica estabelecido o Preço Público Unitário (PPU) no valor de R$ 0,02 (dois centavos de real) por metro cúbico, para fins de aplicação da fórmula que integra a metodologia descrita em anexo.

II - Fica estabelecido o valor de 0,4 (quatro décimos) para o coeficiente k0, para fins de aplicação da fórmula que integra a metodologia descrita em anexo;

III - Os valores de Qcap, k1, k2 e k3 referentes à metodologia descrita em anexo serão informados pelos usuários, sujeitos à fiscalização prevista na legislação pertinente;

IV - A metodologia e os valores do Preço Público Unitário e do coeficiente k0, referidos neste parágrafo, vigorarão por 3 (três) anos a partir de início efetivo da cobrança.

§ 2º Os setores usuários, à exceção dos setores industrial e de saneamento (abastecimento de água e esgotamento sanitário), devido às suas peculiaridades de uso dos recursos hídricos, serão contemplados com critérios específicos, a serem definidos com a participação das instituições envolvidas e aprovados pelo plenário do CEIVAP, conforme prazo definido no cronograma anexo a esta Deliberação.

§ 3º Sobre o montante devido por usuário inadimplente incidirão as multas e penalidades cabíveis.

Art. 3º Sobre o valor total da cobrança incidirá fator redutor proporcional ao mês de entrada do usuário no sistema segundo o seguinte critério de escalonamento:

I - 18% (dezoito por cento) para os usuários pagadores no primeiro mês de vigência da cobrança;

II – O fator redutor decrescerá 0,5% (meio por cento) a cada mês subsequente ao primeiro mês de vigência da cobrança;

III – O fator redutor a que fizer jus o usuário permanecerá constante até o final do período de vigência desta Deliberação.

§ 1º Os usuários inadimplentes com o pagamento pelo uso dos recursos hídricos (portadores de outorga que não estão efetuando o pagamento) não terão o direito ao fator redutor, incidindo, sobre o montante devido, multas e penalidades cabíveis.

§ 2º Os usuários inadimplentes a que se refere o parágrafo anterior terão direito ao fator redutor, no percentual à época vigente, quando regularizarem o pagamento devido.

Art. 4º Findo o prazo de 3 (três) anos a partir do início efetivo da cobrança, todos os usuários de recursos hídricos na bacia do rio Paraíba do Sul deverão estar outorgados e efetuando o pagamento previsto, exceto os usos

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considerados insignificantes conforme estabelecido no inciso III, do § 1º, do art. 1º desta Deliberação.

§ 1º Os usuários que não cumprirem ao disposto no caput deste artigo estarão sujeitos às penalidades previstas nos artigos 49 e 50 da Lei n.o 9.433, de 1997.

§ 2º A Agência de Água da Bacia, com o apoio de todas as entidades representadas no CEIVAP, deverá realizar um amplo e contínuo programa de divulgação e sensibilização do processo de implantação da cobrança na bacia.

§ 3º Com uma antecedência mínima de 6 (seis) meses do vencimento do prazo que trata o caput deste artigo, esta Deliberação deverá ser reavaliada e propostas as adequações que se fizerem necessárias.

Art. 5º Os recursos financeiros arrecadados com a cobrança pelo uso dos recursos hídricos na bacia do rio Paraíba do Sul serão aplicados de acordo com o Programa de Investimentos e Plano de Recursos Hídricos aprovados pelo CEIVAP.

Art. 6º Esta Deliberação deverá ser encaminhada:I - Ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos para análise e aprovação

desta cobrança e demais providência necessárias à sua implementação na bacia;II - À Agência Nacional de Águas, para a implementação das medidas

administrativas necessárias para a cobrança pelo uso de recursos hídricos, especialmente aquelas necessárias à regularização das outorgas de direito de uso na bacia do rio Paraíba do Sul;

III - Aos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, e organismos de bacia, recomendando que, junto com a Agência Nacional de Águas, avancem nas medidas necessárias à implementação da cobrança pelo uso de recursos hídricos de domínio estadual na Bacia do rio Paraíba do Sul, e, sobretudo, promovam a integração e compatibilização das suas legislações, normas e critérios, de modo a estabelecer as condições para que a bacia hidrográfica seja, efetivamente, a unidade de planejamento e gestão dos recursos hídricos.

Art. 7º Esta deliberação entra em vigor a partir da data de sua aprovação, ficando revogada a Deliberação CEIVAP n.º 03, de 16 de março de 2001.Resende, 6 de dezembro de 2001.

ANDRÉ CORRÊAPresidente do CEIVAP

EDILSON DE PAULA ANDRADESecretário do CEIVAP

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Deliberação CEIVAP n.º 08/2001 - Anexo II

Fórmula simplificada para a fase inicial de cobrança pelo uso da água bruta na bacia do rio Paraíba do Sul

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COBRANÇA MENSAL TOTAL = QCAP X [ K0 + K1 + (1 – K1) X (1 – K2 K3) ] X PPU

ONDE:

QCAP CORRESPONDE AO VOLUME DE ÁGUA CAPTADA DURANTE UM MÊS (M3/MÊS)

K0 EXPRESSA O MULTIPLICADOR DE PREÇO UNITÁRIO PARA CAPTAÇÃO (INFERIOR A 1,0 (UM) E DEFINIDO PELO CEIVAP). K1 EXPRESSA O COEFICIENTE DE CONSUMO PARA A ATIVIDADE DO USUÁRIO EM QUESTÃO, OU SEJA, A RELAÇÃO ENTRE O VOLUME CONSUMIDO E O VOLUME CAPTADO PELO USUÁRIO (OU O ÍNDICE CORRESPONDENTE À PARTE DO VOLUME CAPTADO QUE NÃO RETORNA AO MANANCIAL).K2 EXPRESSA O PERCENTUAL DO VOLUME DE EFLUENTES TRATADOS EM RELAÇÃO AO VOLUME TOTAL DE EFLUENTES PRODUZIDOS (OU O ÍNDICE DE COBERTURA DE TRATAMENTO DE EFLUENTES DOMÉSTICO OU INDUSTRIAL), OU SEJA, A RELAÇÃO ENTRE A VAZÃO EFLUENTE TRATADA E A VAZÃO EFLUENTE BRUTAK3 EXPRESSA O NÍVEL DE EFICIÊNCIA DE REDUÇÃO DE DBO (DEMANDA BIOQUÍMICA DE OXIGÊNIO) NA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE EFLUENTES.PPU É O PREÇO PÚBLICO UNITÁRIO CORRESPONDENTE À COBRANÇA PELA CAPTAÇÃO, PELO CONSUMO E PELA DILUIÇÃO DE EFLUENTES, PARA CADA M3 DE ÁGUA CAPTADA (R$/M3).OU:C = Qcap x k0 x PPU + Qcap x k1 x PPU + Qcap x (1 - k1) x (1 - k2 k3) x PPU

1ª PARCELA 2ª PARCELA 3ª PARCELA1 a Parcela : cobrança pelo volume de água captada no manancial;2 a Parcela : cobrança pelo consumo (volume captado que não retorna ao corpo hídrico);3 A PARCELA : COBRANÇA PELO DESPEJO DO EFLUENTE NO

CORPO RECEPTOR

c) RESOLUÇÕES DO CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS

c1) RESOLUÇÃO Nº 50, DE 18 DE JULHO DE 2005

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(Publicada no DOU em 09/09/05)

Aprovar os mecanismos e critérios para aregularização de débitos consolidados referentes à cobrança pelo uso de re-cursos hídricos de domínio da União na Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul.

O CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS-CNRH, no uso das compe-tências que lhe são conferidas pelas Leis nos 9.433, de 8 de janeiro de 1997, 9.984, de 17 de julho de 2000, e tendo em vista o disposto em seu Regimento Interno, ane-xo à Portaria no 377, de 19 de setembro de 2003; e

Considerando a competência do Conselho para estabelecer os critérios gerais para a cobrança pelo uso de recursos hídricos, bem como deliberar sobre questões que lhe forem encaminhadas pelos Comitês de Bacia Hidrográfica;

Considerando a competência do Conselho para a definição dos valores a serem co-brados pelo uso de recursos hídricos de domínio da União, e, também, definir, em articulação com os respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica, as prioridades de aplicação dos recursos a que se refere o caput do art. 22 da Lei no 9.433, de 1997;

Considerando a competência do Comitê de Bacia Hidrográfica para estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos e sugerir os valores a serem cobrados, conforme disposto no art. 38, inciso VI, da Lei no 9.433, de 1997;

Considerando a Deliberação no 08, de 6 de dezembro de 2001, do Comitê para Inte-gração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul-CEIVAP, que dispõe sobre a im-plantação da cobrança pelo uso de recursos hídricos, na bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul;

Considerando a Resolução no 19, de 14 de março de 2002, do Conselho, que defi-niu o valor da cobrança pelo uso de recursos hídricos da bacia hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, nos termos e condições previstos na Deliberação no 08, de 2001, do CEIVAP;

Considerando o contido na Deliberação no 15, de 4 de novembro de 2002, do CEI-VAP, que dispõe sobre medidas complementares, em aditamento à Deliberação no 08, de 2001, do CEIVAP, para a implantação da cobrança pelo uso de recursos hí-dricos na bacia hidrográfica do Rio Paraíba do Sul;

Considerando a Resolução no 27, de 29 de novembro de 2002, do Conselho, que definiu os valores e estabeleceu os critérios da cobrança pelo uso de recursos hídri-cos da bacia hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, nos termos e condições previstos na Deliberação no 15, de 2002, do CEIVAP;

Considerando o contido na Deliberação no 41, de 15 de março de 2005, do CEIVAP, que dispõe sobre medidas complementares, em aditamento à Deliberação no 08, de

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2001, do CEIVAP, para a implantação da cobrança pelo uso de recursos hídricos na bacia hidrográfica do Rio Paraíba do Sul;

Considerando, por fim, que a Agência Nacional de Águas, nos termos do art. 4o, in-ciso VI, da Lei no 9.984, de 2000, analisou e emitiu parecer favorável aos mecanis-mos estabelecidos pelo CEIVAP, resolve:

Art. 1o Aprovar os mecanismos e critérios para a regularização de débitos consolida-dos referentes à cobrança pelo uso de recursos hídricos de domínio da União na Ba-cia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, conforme estabelecido pelo Comitê para a Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul-CEIVAP, em especial o par-celamento de cobrança de débitos, nos termos de sua Deliberação no 41, de 15 de março de 2005.

Parágrafo único. O CEIVAP deverá alterar a alíquota de juros moratórios em caso de inadimplência, devendo-se, para esta finalidade, ser aplicada a taxa SELIC (Sistema Especial de Liquidação de Custódia).Art. 2o Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

MARINA SILVA JOÃO BOSCO SENRAPresidente Secretário-Executivo

c2) RESOLUÇÃO Nº 38, DE 26 DE MARÇO DE 2004(publicada no DOU em 20/agosto/2004)

Delegar competência à Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul para o exercício de funções e atividades inerentes à Agência de Água da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul.

O CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS, no uso das competências que lhe são conferidas pelas Leis nos 9.433, de 8 de janeiro de 1997, e 9.984, de 17 de julho de 2000, e tendo em vista o disposto na Lei no 10.881, de 9 de junho de 2004, e

Considerando a Deliberação no 12, de 20 de junho de 2002, do Comitê para Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul-CEIVAP, que aprovou o exercício, pela Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, de funções e atividades inerentes à Agência de Água da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, previstas nos arts. 41 e 44 da Lei no 9.433, de 8 de janeiro de 1997, e

Considerando a Resolução do Conselho Nacional de Recursos Hídricos no 26, de 29 de novembro de 2002, publicada no Diário Oficial da União de 24 de dezembro de 2002, Seção1, página 279, resolve:

Art. 1º Delegar competência à Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, para desempenhar as funções e atividades inerentes à Agência de Água da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, previstas

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nos arts. 41 e 44 da Lei no 9.433, de 8 de janeiro de 1997, pelo prazo de dois anos, podendo ser prorrogado.

Parágrafo único. Para os fins do disposto no caput deste artigo, a Agência Nacional de Águas-ANA, firmará contrato de gestão com a entidade delegatária, nos termos previstos na Lei no 10.881, de 9 de junho de 2004.

Art. 2º A delegação referenciada no caput do art. 1o desta Resolução cessará, automaticamente, com a criação da Agência de Água da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul.

Art. 3º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

MARINA SILVA Presidente do CNRH

JOÃO BOSCO SENRASecretário Executivo

c3) RESOLUÇÃO Nº 27, DE 29 DE NOVEMBRO DE 2002(Publicada no D.O.U de 17 de janeiro de 2003)

O CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS, no uso das competências que lhe são conferidas pela Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, regulamentada pelo Decreto nº 2.612, de 3 de junho de 1998, e tendo em vista o disposto no seu Regimento Interno, aprovado pela Portaria nº 407, de 23 de novembro de 1999, e

Considerando a competência do Conselho para estabelecer os critérios gerais para a cobrança pelo uso de recursos hídricos, bem como deliberar sobre questões que lhe forem encaminhadas pelos Comitês de Bacia Hidrográfica;

Considerando a competência do Conselho para a definição dos valores a serem cobrados pelo uso de recursos hídricos de domínio da União, e, também, definir, em articulação com os respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica, as prioridades de aplicação dos recursos a que se refere o caput do art. 22, da Lei nº 9.433, de 1997;

Considerando a Deliberação nº 08, de 6 de dezembro de 2001, do Comitê para Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul-CEIVAP, que dispõe sobre a implantação da cobrança pelo uso de recursos hídricos, na bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul;

Considerando a Resolução nº 19, de 14 de março de 2002, do Conselho, que definiu o valor da cobrança pelo uso de recursos hídricos da bacia hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, nos termos e condições previstos na Deliberação nº 08, de 2001, do CEIVAP;

Considerando o contido na Deliberação nº 15, de 4 de novembro de 2002, do CEIVAP, que dispõe sobre medidas complementares, em aditamento à

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Deliberação nº 08, de 2001, do CEIVAP, para a implantação da cobrança pelo uso de recursos hídricos na bacia hidrográfica do Rio Paraíba do Sul;

Considerando, por fim, que a Agência Nacional de Águas, nos termos do inciso VI, do art. 4º, da Lei nº 9.984, de 2000, analisou e emitiu parecer favorável aos mecanismos e quantitativos propostos pelo CEIVAP, resolve:

Art. 1º Definir os valores e estabelecer os critérios de cobrança pelo uso de recursos hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, conforme proposto pelo Comitê para a Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, nos termos da Deliberação nº 15, de 04 de novembro de 2002, do CEIVAP, respeitados os prazos estipulados para sua reavaliação e adequação, bem como a forma de aplicação dos recursos arrecadados, estabelecidos pela Deliberação nº 08, de 6 de dezembro de 2001, do CEIVAP, condicionando sua aplicação ao atendimento das determinações do Conselho aprovadas em sua IX Reunião Extraordinária, realizada em 29 de novembro de 2002, constante do encaminhamento conjunto das Câmaras Técnicas de Assuntos Legais e Institucionais e a de Cobrança pelo Uso de Recursos Hídricos.

Art. 2º Isentar da obrigatoriedade de outorga de direito de usos de recursos hídricos na Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, os usos considerados insignificantes, nos termos estabelecidos pela Deliberação nº 15, de 2002, do CEIVAP.

Art. 3º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

JOSÉ CARLOS CARVALHO

RAYMUNDO JOSÉ SANTOS GARRIDO

Presidente do Conselho Secretário Executivo

c4) RESOLUÇÃO Nº 19, DE 14 DE MARÇO DE 2002 (Publicada no D.O.U de 19 de abril de 2002)

O Conselho Nacional de Recursos Hídricos no uso das competências que lhe são conferidas pela Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, regulamentada pelo Decreto nº 2.612, de 3 de junho de 1998, e tendo em vista o disposto no seu Regimento Interno, aprovado pela Portaria nº 407, de 23 de novembro de 1999, alterada pela Portaria nº 65, de 15 de fevereiro de 2002, e

Considerando a competência do Conselho Nacional de Recursos Hídricos para a definição dos valores a serem cobrados pelo uso de recursos hídricos de domínio da União, prevista no inciso VI, do art. 4º, da Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000;

Considerando o contido na Deliberação nº 08, de dezembro de 2001, do Comitê para Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul-CEIVAP, que trata da cobrança pelo uso de recursos hídricos na Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba

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do Sul, a partir de 2002, conforme competência constante do inciso VI, do art. 38, da Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997;

Considerando que a Agência Nacional de Águas-ANA, analisou e emitiu parecer favorável ao valor proposto pelo CEIVAP, nos termos do inciso VI, do art. 4º da Lei nº 9.984, de 17 julho de 2000, resolve:

Art. 1º Definir o valor de cobrança pelo uso de recursos hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, conforme sugerido pelo Comitê para a Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, nos termos e condições previstos na Deliberação/CEIVAP nº 08, de 6 de dezembro de 2001, constante do anexo desta Resolução.

Art. 2º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

JOSÉ CARLOS CARVALHO

RAYMUNDO JOSÉ SANTOS GARRIDO

Presidente do Conselho Secretário Executivo