12
Realização: Incentivo: Coco em Cordel

Coco em Cordel: Lourenço Cunha

Embed Size (px)

DESCRIPTION

O projeto “Coco em Cordel : Lourenço Cunha”, propõe o registro dos versos do mestre de coco de roda Lourenço Cunha, único e último mestre de coco de roda da comunidade quilombola povoação de São Lourenço da cidade de Goiana, zona da mata norte de Pernambuco. Habilidoso compositor de versos longos de coco, Mestre Lourenço versa sobre o cotidiano da comunidade quilombola da povoação de São Lourenço, município de Goiana, Pernambuco.

Citation preview

Page 1: Coco em Cordel: Lourenço Cunha

Realização: Incentivo:

Coco em Cordel

Page 2: Coco em Cordel: Lourenço Cunha

O projeto “Coco em Cordel : Lourenço Cunha”, é um registro dos versos de coco de roda de um dos últimos mestres da tradição do coco da comunidade quilombola povoação de São Lourenço de Tejucupapo da cidade de Goiana, zona da mata norte de Pernambuco. Habilidoso compositor de versos longos de coco, Mestre Lourenço versa sobre o cotidiano da comunidade quilombola.

O livretos contém a linguagem falada, é um registro da tradição oral, das inflexões e funcionalidades da língua “dizida”. Esperamos que esse registro seja de grande contribuição aos pesquisadores da cultura popular, que enriqueça o acervo cultural da zona da mata norte de Pernambuco e a continuação dos versos da comunidade negra, remanescentes de quilombos.

Dedicamos este trabalho à Dadá, líder comunitária, pela sua perseverança pelo direitos quilombolas e pelo acolhimento possibilitando revelar o esplêndido artista - obrigado Mestre Lourenço por ser poéticamente imensurável.

APRESENTAÇÃO

O meu sabiá do bico dourado comê qu'ele come é capim alagadoCapim alagado é o comê qu'ele come,baiano é um paço do bico dourado

Xô xô meu sabiá Xô xô meu sabiáXô xô meu sabiá Xô xô meu sabiá

O meu sabiá do bico dourado comê qu'ele come é capim alagadoCapim alagado é o comê qu'ele come,baiano é um paço do bico dourado

Xô xô meu sabiá Xô xô meu sabiáXô xô meu sabiá Xô xô meu sabiá

FICHA TÉCNICAPROJETO COCO EM CORDEL : LOURENÇO CUNHA

Coordenador Roberto Sampaio Uchôa Cavalcanti

Elaborador Philippe Wollney Correia dos Santos

PoesiasMestre Lourenço Cunha

MINISTÉRIO DA CULTURASECRETARIA DE ARTICULAÇÃO INSTITUCIONALDiretoria do Livro, Leitura e Literatura

Premio Mais Cultura de Literatura de Cordel 2010Edição Patativa do Assaré

O meu sabiá do bico dourado comê qu'ele come é capim alagadoCapim alagado é o comê qu'ele come,baiano é um paço do bico dourado

Xô xô meu sabiá Xô xô meu sabiáXô xô meu sabiá Xô xô meu sabiá

O meu sabiá do bico dourado comê qu'ele come é capim alagadoCapim alagado é o comê qu'ele come,baiano é um paço do bico dourado

Xô xô meu sabiá Xô xô meu sabiáXô xô meu sabiá Xô xô meu sabiá

in memorian:Patativa do Assaré -Evoé Poeta

Page 3: Coco em Cordel: Lourenço Cunha

I

O meu sabiá do bico dourado comê qu'ele come é capim alagadoCapim alagado é o comê qu'ele come,baiano é um paço do bico dourado

Xô xô meu sabiá Xô xô meu sabiáXô xô meu sabiá Xô xô meu sabiá

I

O meu sabiá do bico dourado comê qu'ele come é capim alagadoCapim alagado é o comê qu'ele come,baiano é um paço do bico dourado

Xô xô meu sabiá Xô xô meu sabiáXô xô meu sabiá Xô xô meu sabiá

I

O meu sabiá do bico dourado comê qu'ele come é capim alagadoCapim alagado é o comê qu'ele come,baiano é um paço do bico dourado

Xô xô meu sabiá Xô xô meu sabiáXô xô meu sabiá Xô xô meu sabiá

I

O meu sabiá do bico dourado comê qu'ele come é capim alagadoCapim alagado é o comê qu'ele come,baiano é um paço do bico dourado

Xô xô meu sabiá Xô xô meu sabiáXô xô meu sabiá Xô xô meu sabiá

I

O meu sabiá do bico dourado comê qu'ele come é capim alagadoCapim alagado é o comê qu'ele come,baiano é um paço do bico dourado

Xô xô meu sabiá Xô xô meu sabiáXô xô meu sabiá Xô xô meu sabiá

IO meu sabiá do bico dourado

comê qu'ele come é capim alagado

Capim alagado é o comê qu'ele come,

baiano é um paço do bico dourado

Xô xô meu sabiá Xô xô meu sabiá

Xô xô meu sabiá Xô xô meu sabiá

I O meu sabiá do bico dourado

comê qu'ele come é capim alagado

Capim alagado é o comê qu'ele come,

baiano é um paço do bico dourado

Xô xô meu sabiá Xô xô meu sabiá

Xô xô meu sabiá Xô xô meu sabiá

O meu sabiá do bico dourado comê qu'ele come é capim alagadoCapim alagado é o comê qu'ele come,baiano é um paço do bico dourado

Xô xô meu sabiá Xô xô meu sabiáXô xô meu sabiá Xô xô meu sabiá

É xale É xale É xale É xale é xaladôÉ xale com dois apitosDois apitos, dois amor

Foi coisa qu'eu nunca viQuando eu vi me admireiMas era vinte marteloBater tudo d'uma vez

É xale É xale É xale É xale é xaladôÉ xale com dois apitosDois apitos, dois amor

Há quatro coisa no mundoQue agente morre e num vêMilho cozido aprantáManivá seca nascer

É xale É xale É xale É xale é xaladôÉ xale com dois apitosDois apitos, dois amor

Manivá seca num nasceMilho cozido não prantaQuem num nasceu pra cantarMorre de velho e não canta

Page 4: Coco em Cordel: Lourenço Cunha

II

Foi coisa qu'eu nunca viHoje estou vendo aliA construção de viveiroNa ilha do tarirí

Minha gente vamos vêDe perto vamô olharTem uma ponte de ferroPros automóveis passar

É xale É xale É xale É xale é xaladôÉ xale com dois apitosDois apitos, dois amor

Minina minha minina Carocinho de dedêSe quiser casar comigo Abra a boca e vem dizer

É xale É xale É xale É xale é xaladôÉ xale com dois apitosDois apitos, dois amor

Minha mãe onte me disse Hoje torno a dizerQuem com poico se mistura Farelo vem a comer

Page 5: Coco em Cordel: Lourenço Cunha

XVI

É xale É xale É xale É xale é xaladôÉ xale com dois apitosDois apitos dois amor

Minha gente venham vêCoisa de fazer horrôA navalha deu um corteNa mão do amolador

É xale É xale É xale É xale é xaladôÉ xale com dois apitosDois apitos dois amor

No tempo em que'u te amavaSartava cerca de espinhoHoje eu pago a dinheiroPra não vê seu focinho

III

E na ilha do TariríÉ grande a confusãoOs operários sofrendoCom tanta a demissão

Muitas mulheres já disse:Já tenho o que fazerMarisco e sururuEu vou tirar pra vender

Page 6: Coco em Cordel: Lourenço Cunha

XV

Ô bia coco já disse pra vocêVocê esqueça a Janainase não você vai sofrer

Eu não to acreditandoE não vou acreditarSe não esquecer a JanainaMaria vai me matar

CoisaBicho

d e s i g n

Page 7: Coco em Cordel: Lourenço Cunha

XIV

Fala Manoel Ô fala ManoelEm goiana só se fala Na barquinha de Noel.

A barquinha de Noel Foi feita c'as minhas mãosA madeira foi tirada Da raiz do coração.

IV

Ô bota pra baixo cambubaEsta tua canoinha Pra Paraíba do norteQuero saltar em pontinha

Ei vamô olharEi vamô olharSanta Maria lá foraSaltando fogo do ar

Page 8: Coco em Cordel: Lourenço Cunha

V

Pitiguarí tá cantandoNo olho da Gameleira.

Na Baixa Verde, Rodolfo (Baixa Verde: Tejucupapo)No pilar Zé da Mangueira (Pilar: Itamaracá)

XIII

Foi um dia de sábadoFoi grande o alvoroçoDe Biu de Gida e JonasLá no caminho do porto

Tito estava no meioFicô apavoradoA Severina tremendo,Corriam pra todo lado.

Page 9: Coco em Cordel: Lourenço Cunha

XII

Tava em Catolé Eu vou pra Miramá

Amigo Victô Onde você tá.

VI

A meia-noite encontreiZé de Onório na praia.

Tava baixado mais LídiaPuxando um rabo da raia

Page 10: Coco em Cordel: Lourenço Cunha

VII

Paraíba do norte, João pessoaTerra boa é Abiá.

A usina não compra mais cavaloPor que tem trator pra carregar

XI

E não me caso com viúvaNem moça branca da praia

E a mulhé concerta os peixesCarrega escamas na saia

Page 11: Coco em Cordel: Lourenço Cunha

X

Tejucupapo afamadoPra tirar samba, Marú.

Pra bater bumbo EduardoPra rebater só Dedu

VIII

O mês de junhoÉ um mês de matrimônioVou pedir a Santo Antônio,Num prometi pra faltar

Meu Santo Antônio Casa rico e casa pobreEu vou ver qu'ele descobreC'um quem é que vou casar.

Page 12: Coco em Cordel: Lourenço Cunha

IX

Santo Antônio tem seu malete,São João tem seu carneiro.

São Pedro tem sua chave,Sant'ana tem seu cruzeiro.

CoisaBicho

d e s i g n