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O PFL do Paraná: marginalidade e centralidade no sistema político subnacional Emerson Urizzi Cervi e Adriano Nervo Codato Trabalho apresentado no 3º Encontro Nacional da Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP) Ciência Política e Justiça Social Área Temática: Representação e Partidos Políticos Painel 2: Partidos e Eleições nos Estados Coordenadores: Jairo Nicolau (IUPERJ) e Maria D’Alva Kinzo (USP) Universidade Federal Fluminense Niterói - RJ / 28 a 31 de Julho de 2002

Codato, Adriano; CERVI, Emerson Urizzi. O PFL do Paraná: marginalidade e centralidade no sistema político subnacional. In: III Encontro Nacional da Associação Brasileira de Ciência

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Resumo: O objetivo deste trabalho é identificar, na trajetória recente do PFL do Paraná, os elementos políticos e eleitorais que fizeram com que o partido passasse de uma agremiação marginal na política estadual (desde sua constituição até meados dos anos 90) a partido de governo em 1998. Os fatores que levaram o PFL a ultrapassar a condição de simples coadjuvante a uma das principais agremiações políticas do estado entre 1997 e 2000 não são ideológicos. Nesse período, o PFL-PR transformou-se em um partido para o governo, centralizando forças políticas regionais, organizando a base de apoio do governador no legislativo, ao mesmo tempo em que sedimentava a relação do primeiro com o governo federal. A decadência do governo Jaime Lerner e a conjugação de uma série de crises setoriais neste fim de segundo mandato atingem também o PFL. Alguns de seus principais representantes deixaram o partido para filiar-se em outras agremiações, migrando principalmente para o PSDB. Essa não foi a primeira experiência no sistema político brasileiro em que um partido é utilizado como elemento de coesão/base de apoio do governo, sofrendo as conseqüências - positivas ou negativas - das complicações conjunturais. Desde a década de 30, o sistema partidário brasileiro tem servido mais de instrumento em favor da estrutura político-burocrática do Estado que de ligação efetiva entre setores sociais e governos eleitos. Nessa perspectiva, poder-se-ia tematizar o problema dos partidos fracos.

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Page 1: Codato, Adriano; CERVI, Emerson Urizzi. O PFL do Paraná: marginalidade e centralidade no sistema político subnacional. In: III Encontro Nacional da Associação Brasileira de Ciência

O PFL do Paraná: marginalidade e centralidade no sistema político subnacional

Emerson Urizzi Cervi e Adriano Nervo Codato

Trabalho apresentado no 3º Encontro Nacional da Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP)

Ciência Política e Justiça Social

Área Temática: Representação e Partidos Políticos

Painel 2: Partidos e Eleições nos Estados

Coordenadores: Jairo Nicolau (IUPERJ) e Maria D’Alva Kinzo (USP)

Universidade Federal Fluminense

Niterói - RJ / 28 a 31 de Julho de 2002

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O PFL do Paraná: marginalidade e centralidade no sistema político subnacional

Emerson Urizzi Cervi1 e Adriano Nervo Codato2

Resumo:

O objetivo deste trabalho é identificar, na trajetória recente do PFL do Paraná, os elementos políticos e eleitorais que fizeram com que o partido passasse de uma agremiação marginal na política estadual (desde sua constituição até meados dos anos 90) a ―partido de governo‖ em 1998. Os fatores que levaram o PFL a ultrapassar a condição de simples coadjuvante a uma das principais agremiações políticas do estado entre 1997 e 2000 não são ideológicos. Nesse período, o PFL-PR transformou-se em um partido para o governo, centralizando forças políticas regionais, organizando a base de apoio do governador no legislativo, ao mesmo tempo em que sedimentava a relação do primeiro com o governo federal. A decadência do governo Jaime Lerner e a conjugação de uma série de crises setoriais neste fim de segundo mandato atingem também o PFL. Alguns de seus principais representantes deixaram o partido para filiar-se em outras agremiações, migrando principalmente para o PSDB. Essa não foi a primeira experiência no sistema político brasileiro em que um partido é utilizado como elemento de coesão/base de apoio do governo, sofrendo as conseqüências — positivas ou negativas — das complicações conjunturais. Desde a década de 30, o sistema partidário brasileiro tem servido mais de instrumento em favor da estrutura político-burocrática do Estado que de ligação efetiva entre setores sociais e governos eleitos. Nessa perspectiva, poder-se-ia tematizar o problema dos ―partidos fracos‖.

1 Professor de Ciência Política na Faculdade Internacional de Curitiba (FACINTER) e Doutorando em Ciência Política no Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ).

2 Professor de Ciência Política na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Doutorando em Ciências Sociais na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

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I. INTRODUÇÃO: A INSTITUCIONALIZAÇÃO DOS PARTIDOS POLÍTICOS. UMA DISCUSSÃO A PARTIR DA QUESTÃO REGIONAL

Estudos mostram que partidos políticos continuam tendo importância decisiva para a tomada de decisões políticas, embora tenham sofrido transformações significativas ao longo do tempo até mesmo em democracias consolidadas.

Esquematicamente poderíamos separar o alvo de atuação dos partidos políticos em três dimensões: a) junto ao eleitorado: partidos são capazes de simplificar as escolhas dos eleitores, estruturar opções, educar os cidadãos, generalizar símbolos de identificação e lealdade coletivas e mobilizar pessoas para participar da vida política; b) junto à elite política: partidos são organizações que promovem o recrutamento de líderes políticos que buscam cargos governamentais, treinam elites e articulam/agregam interesses políticos; e c) junto aos governos: partidos (ou coalizões de partidos, mais freqüentemente) organizam o governo, garantem maioria nas casas legislativas para a implementação de programas, estruturam o campo político em torno de ―situação‖ e ―oposição‖ (ou dissidência), garantem responsabilidade e estabilidade do governo (Dalton & Wattenberg, 2000, p. 5).

Análises recentes têm mostrado que a importância dos partidos junto ao eleitorado tem diminuído crescentemente. Em sociedades de massa, com forte influência de meios de comunicação como a televisão, os eleitores são mais autônomos na busca de informações a respeito da política e dos candidatos (Popkin). Assim, os partidos perdem força como agentes de organização da disputa eleitoral.

Isso não significa, no entanto, que eles não continuem sendo fortes na arena parlamentar e na arena governamental. São os partidos que organizam bancadas de sustentação e oposição a governantes. Eles ajudam, de muitas maneiras, na discussão, formatação e implementação de políticas. Assim, no processo de ―consolidação democrática‖, há muitas vezes um crescimento da importância dos partidos políticos na arena governamental. (Meneguello, 1998). Tendencialmente eles se tornam pólos de identificação de governos e fontes de decisões políticas (governos partidários).

No Brasil, como se sabe, o debate sobre a importância (ou não) dos partidos políticos é extenso. No que diz respeito às eleições, a literatura nacional segue o consenso mundial de que os meios de comunicação de massa têm substituído os partidos no processo de difusão de informações políticas. Mas esse não é o único indicador para se avaliar a questão da força ou fraqueza dos partidos políticos.

Na arena legislativa há evidências importantes quanto ao perfil e papéis dos partidos. Figueiredo e Limongi (1999) sustentam que há um padrão na atuação das bancadas partidárias no parlamento. Eles constataram que o percentual de votação da bancada com a recomendação do líder do partido é de cerca de 89%, e está nos mesmos patamares dos parlamentos em democracias consolidadas. Com isso, concluem que os resultados das votações no parlamento brasileiro são bastante previsíveis, o que sugere a existência de um elevado grau de coerência partidária no Brasil.

Como, quando e sob que condições pode-se sustentar que um partido é ―forte‖ ou, mais propriamente, ―institucionalizado‖?

O conceito de institucionalização que utilizamos aqui está ligado à contraposição ente ―partido forte‖ e ―partido fraco‖. Um partido institucionalizado deve demonstrar: 1) força eleitoral autônoma como marca de seu enraizamento na sociedade. Essa variável pode ser

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medida seja em função da independência da organização frente a um ―cacique político‖, seja em função do grau de identificação/reconhecimento do eleitorado junto ao partido. Esse traço pode ser evidenciado a partir de séries eleitorais; 2) coesão e disciplina organizacional, medidas seja pela migração (baixa) partidária, seja através do comportamento da bancada no legislativo estadual (apoio ao executivo); e 3) atuação junto ao governo: alta presença nos escalões superiores do governo (ocupação/indicação de posições relevantes no executivo); grande capacidade de definição e/ou influência no processo decisório indicam o grau de enraizamento da agremiação partidária.

Apesar do personalismo como traço importante da política brasileira, podemos presumir que o controle de um governo estadual por determinado partido pode contribuir para sua institucionalização, seja no âmbito eleitoral, seja no âmbito organizacional. Para testar essa hipótese analisaremos a performance eleitoral e a organização interna do PFL do Paraná entre 1986 e 2002. Em 1997, o governador Jaime Lerner filiou-se ao partido, dando um impulso à estrutura do partido estado.

II. O PFL DO PARANÁ: OPOSIÇÃO E GOVERNO

O quadro da política estadual paranaense desde 1982 acompanhou de perto a tendência nacional.

Ao longo dos anos 80, o PMDB converteu-se em partido dominante elegendo, em seqüência, três governadores (José Richa em 1982; Álvaro Dias em 1986 e Roberto Requião em 1990; ver o Quadro 1 do Anexo). A única agremiação que chegou a rivalizar com o PMDB, mas sem nunca ameaçar sua hegemonia, foi o PDT de Jaime Lerner que em 1988 conquistou a prefeitura de Curitiba. O Partido da Frente Liberal (PFL), agremiação que teve um crescimento importante após sua fundação em janeiro de 1985, convertendo-se num dos principais partidos nacionais, participando de todos os governos desde a Aliança Democrática, sempre foi, no Paraná, um partido secundário, praticamente inexistente no cenário político estadual.

Isso se deu porque os principais integrantes do PDS paranaense que romperam com a ala dos malufistas não fundaram o PFL, como aconteceu nos outros estados. Eles se dividiram em grande parte entre o PDT e o PTB. Na época, o então ex-prefeito de Curitiba, Jaime Lerner (ARENA/PDS), que prestava consultoria ao então governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola, optou pelo PDT levando consigo boa parte dos quadros políticos que logo em seguida viriam constituir a principal alternativa partidária aos governos do PMDB.

Em 1985 o PFL coligou-se com o PDT para apoiar o candidato Jaime Lerner nas eleições para a prefeitura de Curitiba. Lerner ficou em segundo lugar. O candidato vitorioso foi Roberto Requião, do PMDB. Nas eleições de 1986 o PFL não apresentou candidato a governador. O partido coligou-se com o PDT, PMB e PJ para apoiar o candidato do PMB, Alencar Furtado, que ficou em segundo lugar sendo derrotado por Álvaro Dias (PMDB). Nesse ano, o partido elegeu uma bancada de cinco deputados federais e oito deputados estaduais. Nas eleições de 1988 o PFL elegeu 36 prefeitos, o que representou 11,35% dos 317 municípios do Paraná, tendo ficado em terceiro lugar. O PMDB, partido do governo, elegeu o maior número de prefeitos: 162, ou 51,1%. Em segundo ficou o PTB, com 65 prefeitos, ou 20,5% das prefeituras (v. Tab. 3). Em Curitiba, o PFL não teve candidato a prefeito e conseguiu eleger apenas três vereadores. No pleito de 1990 o PFL coligou-se ao PDC, ao PSC e ao PRN, que apresentou o candidato José Carlos Martinez. Ao Senado lançou a candidatura de Paulo Pimentel, não eleito. Foram eleitos quatro deputados federais e seis estaduais, o pior desempenho até então. Nas eleições de 1992 o Partido da Frente Liberal elegeu 39 prefeitos,

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ou 10,54% dos 370 municípios, tendo ficado em quinto lugar, confirmando a tendência de queda junto ao eleitorado estadual. Em primeiro lugar ficou novamente o PMDB, com 138 prefeituras (37,29%) (v. Tab. 3). A prefeito de Curitiba, o PFL lançou Luciano Pizzatto, que ficou em terceiro lugar na disputa que consagrou a vitória do candidato do PDT, Rafael Greca; o partido elegeu uma bancada de três vereadores apenas. Em 1994, o PFL novamente não lançou candidato próprio ao governo do estado, nem ao Senado, e apoiou a candidatura de Jaime Lerner, do PDT. O partido melhorou seu desempenho na Câmara Federal (elegeu 6 deputados) e manteve sua bancada na Assembléia Legislativa: seis representantes. Nas eleições de 1996 o PFL elegeu 37 prefeitos, representando 9,2% das 399 prefeituras do Estado, tendo ficado em quinto lugar. Em primeiro ficou o PDT, partido do governador, com 111 prefeitos ou 27,8% (v. Tab. 3). Em Curitiba, o PFL coligou-se com o PDT e outros partidos (PPB/PTB/PSC) em apoio à candidatura de Cássio Taniguchi (PDT), que foi eleito. Na Câmara Municipal o PFL fez uma bancada de quatro vereadores.

Assim, na bancada federal do Paraná, o partido manteve, desde 1986, a média de cinco parlamentares por legislatura sem nunca ter ultrapassado os 15% de votos válidos, como se vê na Tabela 1.

Tabela 1 – Desempenho do PFL na bancada federal do Paraná (1982-1998)

ANO TOTAL VOTOS TOTAL VOTOS PFL % DO TOTAL Nº DE CADEIRAS ÍNDICE DE AVANÇO

1982 2 730 266 0 0 0 0

1986 3 058 914 470 641 15,39 53 0

1990 2 258 126 217 850 9,65 44 2,05

1994 2 287 868 390 319 14,00 65 3,37

1998 4 223 167 881 375 20,87 66 2,44

Como agremiação secundária e de oposição ao governo do Estado até 1994, os representantes do PFL não ocupavam postos importantes na máquina governamental, nem na Assembléia Legislativa. Ocupou entre 8 e 6 cadeiras nas eleições de 1986, 1990 e 1994, com um máximo de 13% dos votos válidos para deputado estadual. Mesmo após 1994, quando o partido apoiou o candidato vitorioso ao governo do Estado, Jaime Lerner (PDT), sua participação continuou sendo secundária. Com apenas seis deputados, foi a segunda menor bancada eleita em 1994 entre os partidos relevantes, empatando com o PTB e ganhando apenas do PT, que elegeu cinco parlamentares.

3 Eleitos: Antonio Ueno, Alceni Guerra, Paulo Pimentel, Dionísio Assis Dal Pra, Jacy Scanagatta.

4 Eleitos: Ivanio Guerra, Iosio Antonio Ueno, Werner Wanderer e Reinhold Stephanes.

5 Eleitos: Reinhold Stephanes, Luciano Pizzatto, Ricardo Barros, Abelardo Lupion, Iosio Antonio Ueno e Werner Wanderer.

6 Eleitos: Rafael Greca, Abelardo Lupion, Affonso Camargo, Luciano Pizzato, Werner Wanderer, Santos Filho.

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Tabela 2 – Desempenho do PFL na bancada estadual do Paraná (1982-1998)

ANO TOTAL VOTOS TOTAL VOTOS PFL % DO TOTAL Nº DE CADEIRAS ÍNDICE DE AVANÇO

1982 2 705 436 0 0 0 0

1986 3 113 887 417 657 13,41 87 0

1990 2 554 742 213 531 8,36 68 -2,72

1994 3 201 212 361 738 11,30 69 2,74

1998 4 433 259 989 060 22,31 1210 4,51

Jaime Lerner ingressou no PFL em 1997, ao final de seu primeiro mandato como governador do estado (1995-1998). Pode-se a partir daí dividir a história do PFL do Paraná em duas fases bastante distintas.

Durante o período 1995-1998, Lerner teve de optar entre manter-se fiel ao PDT de Leonel Brizola, candidato derrotado nas eleições de outubro de 1994 para a presidência da República, ou aproximar-se do governo de Fernando Henrique Cardoso. O governador esforçou-se por protelar a decisão o máximo possível. Aprovada a legislação que dava a governadores, prefeitos e presidente da República o direito de tentar a reeleição, ele desejou transferir-se para o partido do governo federal. Com apoio do então ministro e conselheiro político de Fernando Henrique, Sérgio Motta, o ex-governador Álvaro Dias — candidato derrotado pelo próprio Lerner na eleição de 1994, recém-filiado ao PSDB (ex-PP) — conseguiu barrar interferências federais e evitou, dentro do diretório regional, o ingresso do governador do Estado no PSDB.

A saída mais viável naquele momento foi o PFL, o outro partido mais próximo do presidente da República depois do PSDB. Assim, em função de uma contingência política, em setembro de 1997, com fichas abonadas pelo vice-presidente da República, Marco Maciel, os caciques do governo estadual paranaense se transferem para o PFL. Começa assim a segunda fase do partido no Estado, a fase do ―PFL gigante‖.

Em questão semanas, o PFL passou de partido quase inexistente a principal potência política no Estado. Para os pefelistas genuínos, o agigantamento do PFL trouxe benefícios. Afinal de contas, eles apoiavam o governo desde 1994 sem obter grandes compensações em troca. A partir de 1997 o partido se transformou na principal fonte de recrutamento para os cargos do Legislativo e Executivo estaduais.

Com a entrada do grupo de Lerner no partido o PFL ganhou a força de novas lideranças. De um dia para outro deixou de ser um partido secundário numericamente para

7 Eleitos: Ezequias Losso, Lindolfo Junior, David Cherigate, Alexandre Cerranto, Antonio Costenaro Neto, João Batista Arruda, Basílio Zanusso e Werner Wanderer.

8 Eleitos: Antonio Costenaro Neto, João Batista de Arruda, Elio Lino Rusch, Basílio Zanusso, Duílio Genari e Plauto Miró Guimarães Filho

9 Eleitos: Carlos Simões, Nelson Garcia, Reny Borsato, Elio Lino Rusch, Plauto Miró Guimarães Filho e Basílio Zanusso

10 Eleitos: Luis C. Alborghetti, Anibal Khury, Basílio Zanusso, Cleiton Kielse, Edno Guimarães, Élio Rusch, Geraldo Cartário, Hidekazu Takayama, José Durval Amaral, Marcos Isfer, Nelson Garcia, Plauto Miro.

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uma das principais expressões políticas do Estado. Além de ser o partido do governador, ele passou a contar com a maior bancada na Assembléia, ao lado do PTB, por conta da migração dos deputados do PDT. O partido que elegeu a maior bancada da base governista em 1994 foi o PDT, com nove deputados. Após a transferência de Lerner para o PFL a sigla ficou com apenas três parlamentares.

Na Assembléia Legislativa a bancada do PFL sempre apresentou movimentação, mas o período mais intenso de trocas de legendas foi em agosto e setembro de 1997, quando o partido recebeu 13 novos parlamentares em uma bancada eleita de seis deputados. No período de 1995 a 1997 o PFL perdeu apenas um deputado, Carlos Xavier Simões, que passou pelo PSDB e PTB até novembro de 1997. Foram para o PFL os deputados do PDT (partido de Lerner) Luiz Carlos Martins, Luiz Acorsi Motta, Edno Guimarães, Nelson Tureck, Walmor Trentini e Julio Ando (os dois últimos eram suplentes do partido). Da bancada do PTB foram Luiz Carlos Alborguetti, José Alves dos Santos, Aníbal Kury e Eduardo Trevisan. Da bancada do PMDB foram Durval Amaral e Cleiton Crisóstomo. Da bancada do PP, Geraldo Cartário (que antes tinha passado pelo PTB)11.

O partido também ganhou o direito de indicar secretários de Estado e em função da candidatura à reeleição de Jaime Lerner passou a fazer parte da estratégia do governador ampliar a bancada de seu partido na assembléia regional. O PFL passou a contar com a possibilidade de indicar secretários de estado a partir de 1998.

Em 1998 os pefelistas do Paraná foram para a sua primeira campanha majoritária do Estado, com um governador candidato à reeleição e uma das melhores chapas para as eleições proporcionais. O PFL não lançou candidato a senador por opção do partido12. As articulações garantiram a reeleição de Lerner no primeiro turno, com 52,2% dos votos válidos, enquanto Requião ficou com 45,9%. Os outros dos candidatos juntos fizeram 1,8% dos votos válidos.

Além de reeleger o governador, o PFL também fez a maior bancada de deputados estaduais, com 12 eleitos. Na bancada federal não houve o mesmo efeito e o partido elegeu apenas cinco parlamentares para a Câmara dos Deputados, um a menos que em 1994.

Além do avanço eleitoral significativo do partido, o PFL ganhou poder na esfera governamental. Elegeu pela primeira vez o presidente da Assembléia Legislativa do Paraná, Aníbal Khury. Também passou a contar com funções importantes nas principais comissões parlamentares. O partido passou a ocupar importantes funções também em comissões especiais.

11 O período mais intenso de migrações na bancada de deputados federais do PFL do Paraná foi em 1991. Os deputados federais eleitos em 1989 pelo PRN, Max Rosenmann, Luciano Pizzatto e Basílio Vilani trocaram a legenda pelo PFL em agosto de 1991. A justificativa era que o principal representante do governo Collor no Paraná era o então ministro da saúde, Alceni Guerra, do PFL, e não mais o ex-candidato a governador, Luis Carlos Martinez, do PRN. Na legislatura de 1991 a 1995 a bancada eleita de seis deputados recebeu apenas três novas filiações: Carlos Xavier Simões (eleito pelo PMDB passou pelo PL antes de entrar no PFL em dezembro de 1993) e Nelson Garcia, eleito pelo PRN. Nessa legislatura a bancada do PFL perdeu Antonio Costenaro Neto para o PP em janeiro de 1993 e Duílio Genari, filiado ao PP em janeiro de 1994. Na legislatura 1987 a 1991 o partido tinha eleito 8 deputados e não contou com nenhuma filiação. Nesse período, a bancada do PFL apenas perdeu deputados. Ezequias Losso foi para o PL em setembro de 1987, Lindolfo Júnior passou pelo PTB em setembro de 1987, PMDB em julho de 1988 e PL em outubro de 1989. David Cherigate foi para o PRN em julho de 1989.

12 Esse episódio ficou conhecido no Estado como o ―acordo branco‖ entre Jaime Lerner e Álvaro Dias. Ele previa o não lançamento de candidato ao senado pelo PFL, praticamente garantindo a eleição de Dias ao cargo, enquanto, em contrapartida, o PSDB de Álvaro Dias não lançaria candidato ao governo, permitindo uma polarização entre Lerner e Roberto Requião (PMDB), o que ajudaria a evitar um eventual segundo turno.

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O PFL do Paraná conseguiu eleger a maior bancada da Assembléia Legislativa em 1998. Foram 12 cadeiras contra 11 do PTB e oito do PPB. Os três maiores partidos em número de deputados, somando 31 deputados (57,5% do total), fizeram parte da coligação de apoio à reeleição do governador Jaime Lerner13.

A oposição ficou com apenas 26% das vagas depois da eleição, distribuídas da seguinte forma: sete do PMDB, quatro do PT e três do PDT14.

É possível concluir que, do ponto de vista institucional, o PFL é o partido mais forte do Estado e de fundamental importância para a manutenção da governabilidade.

Também no Executivo o partido conta com grande parte das vagas de primeiro escalão.

Com relação aos municípios, é o partido que detém o maior número de prefeitos e de vereadores do Estado na atualidade. Porém, não foi o que elegeu mais prefeitos e vereadores em 1996. Isso significa que houve um processo de transferência partidária maciça para o ―partido do governo‖, em especial até setembro de 1997. Inclusive no âmbito municipal, o PFL do Paraná é o partido da instrumentalização do governo.

Se o PFL do Paraná é uma potência invejável regionalmente, o mesmo não se pode dizer de sua importância na esfera federal. De uma bancada de trinta deputados na Câmara Federal, o PFL do Paraná conseguiu seis vagas, empatado com o PTB, nas eleições de 199815. Em seguida vieram o PSDB e o PPB com cinco deputados eleitos cada um. Depois o PMDB com quatro, o PT com três e o PDT com um.

Na representação estadual do Senado, o PFL é nulo. O Paraná tem um senador do PMDB e dois do PDT. Todos, em níveis diferentes, fazem oposição ao governo do PFL.

A força que o partido demonstrou ter no governo do Estado a partir de 1998 gerou grandes expectativas para as eleições municipais de 2000. Se o PFL tinha crescido na esfera estadual, isso significava potencial mudança no quadro eleitoral dos municípios paranaenses. O que terminou acontecendo, pois o partido passou de 9,2% dos prefeitos eleitos no Estado em 1996 (antes da entrada de Lerner) para 20% dos prefeitos eleitos em 2000, com crescimento real nunca percebido anteriormente, como pode ser visto na Tabela 3.

Tabela 3 – Prefeitos eleitos segundo os partidos políticos – paraná (1988-2000)

eleições/ 1988 (317 1992 (370

variação 1992/1988

1996 (399

variação 1996/1992

2000 (399

variação 2000/1996

13 Os partidos que não fizeram parte da coligação mas que dão apoio ao Executivo são o PSB com dois deputados eleitos, o PSC com uma cadeira e o PSDB com seis, somando mais 16,5% das vagas. Vale ressaltar que um deputado do PSDB sempre se posicionou contrário à maioria da bancada e vota contra o governo.

14 Aqui também há dissidências: dois deputados do PDT começaram o mandato votando com o governo, mas há menos de um ano resolveram romper publicamente com a base aliada e se junta à oposição.

15 Poucos deputados federais do PFL do Paraná se destacam no cenário nacional. Um deles é Abelardo Lupion, uma das principais lideranças ruralistas. Outro é o ex-ministro Rafael Greca de Macedo, que conseguiu ser indicado para o primeiro escalão do governo federal. Aqui vale uma ressalva para deixar registrado que a indicação de Greca como ministro deve-se mais à pressão de Bornhausen do que à pressão do PFL do Paraná. Logo depois da indicação de Greca, Bornhausen justificou sua indicação como sendo necessário um representante do PFL do sul do País no primeiro escalão do governo federal como forma de combater o senso comum de que o PFL é um partido nordestino. Ele preferiu indicar um pefelista paranaense, provavelmente, porque não pretendia disputar o poder político do partido em seu Estado com um Ministro. Além disso, o PFL do Paraná ficou ―devendo‖ essa indicação a Bornhausen. Desde a demissão de Greca, o governador do Paraná não tem um integrante de seu grupo político entre os principais assessores do governo federal.

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partidos municípios) municípios) aumento

(+) diminuição

(-)

municípios) aumento

(+) diminuição

(-)

municípios) aumento

(+) diminuição

(-)

PMDB 162 138 -24 74 -64 73 -1

PTB 65 40 -25 54 14 40 -14

PFL 36 (11,35%) 39 (10,54%) 3 (- 0,81) 37 (9,2%) (-1,34) -2 80 (20,05%) 43 (+ 10,85)

PDT 25 (7,88%) 40 (10,81%) 15 (+2,93) 111 (27,81%) 71 18 (4,51%) -93

(PDS) PPB 13 10 -3 35 28 28 -7

PSDB 0 15 15 73 58 89 16

PT 2 1 -1 6 5 7 1

Outros 20 88 9 64

TOTAL 323 371 48 399 28 399 0 0

Fonte: Dados adptados e recalculados a partir de Doria, 2001, Tab. 1, p. 72 e Tab. 3, p. 96.

É possível perceber um deslocamento no desempenho eleitoral do PFL do Paraná entre a bancada federal e a bancada estadual. Enquanto a bancada federal cresce em 1991 por conta da influência de Alceni Guerra no governo Collor, a bancada estadual perde deputados. Os deputados federais sofrem influência do governo federal para a troca de legendas e não da esfera estadual. Em 1997, com a entrada de Lerner no PFL a bancada estadual cresce, mas não há influência significativa na bancada federal. O que mostra mais uma vez que o PFL do Paraná consegue influenciar os políticos apenas no âmbito paroquial.

Ao contrário da bancada federal, nas eleições para prefeito da capital e para a Câmara de Vereadores de Curitiba o partido tem o mesmo desempenho da Assembléia Legislativa. O partido ganha importância em 1997, com a entrada de Lerner, triplicando a bancada na assembléia, o número de prefeitos eleitos no Estado e o número de vereadores em Curitiba.

Tabela 4 - Desempenho do PFL na bancada municipal de Curitiba (1988-2000)

ANO TOTAL VOTOS PFL ÍNDICE DE AVANÇO

TOTAL VOTOS % DO TOTAL Nº DE

CADEIRAS

1988 49 032 0 672 614 7,95 316

1992 56 869 1,43 747 674 7,6 317

1996 73 978 3,11 819 953 11,88 418

2000 191 603 12,15 927 260 21,13 919

Podemos afirmar que o PFL ganha importância como partido no Paraná apenas após a entrada de Lerner.

16 Eleitos: Marcos Isfer, Fabiano Braga Cortes Junior e Julio Hideo Ando.

17 Eleitos: Marcos Isfer, Josias Lacour e Fabiano Braga Cortes Junior.

18 Eleitos: Bernardino Barreto de Oliveira, Julieta Braga Cortes dos Reis, Dino Almeida e Carlos Bortoletto.

19 Bobato, Julieta Reis, Rui Hara, Aparecido Custódio da Silva, Ede Abib, Alexandre Kuri, Reinhold Stephanes Junior, João Cláudio Derosso e Ailton Araújo

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Contudo, o PFL-PR constituiu-se, a partir de 1997, em um partido para o governo e não num partido de governo.

III. CENTRALIDADE E MARGINALIDADE NA POLÍTICA ESTADUAL

São indicadores da força do partido: a) a coesão da bancada/disciplina partidária; b) a ocupação de cargos de prestígio/influência na Assembléia Legislativa; e c) a ocupação de cargos de prestígio/influência no executivo estadual.

Desde 1997, com a entrada do governador Lerner no PFL, a bancada do partido na Assembléia tem sido sua base de sustentação no governo. Em todas as votações importantes o governo obteve maioria simples de votos em função do apoio principalmente do PFL e do PTB. Duas delas merecem destaque.

Em dezembro de 1998, ao fim da última legislatura, foi votado na Assembléia o projeto de lei que criava o novo sistema de previdência e assistência dos servidores públicos, o ―Paraná Previdência‖. O sistema substituía o extinto IPE (Instituto de Previdência do Estado) e sofreu muitas críticas, principalmente de representantes sindicais das categorias de funcionários públicos20. Apesar de tudo, a base de apoio do governo e principalmente os deputados do PFL votaram a favor da proposta.

Outro projeto polêmico do governo Jaime Lerner foi a proposta formalizada no início de 2001 para a privatização da Companhia Paranaense de Eletricidade (Copel) em outubro do mesmo ano. Desde o início, a iniciativa do executivo estadual recebeu críticas de importantes setores da sociedade21. Apesar da pressão e do inevitável desgaste político, todos os deputados do PFL votaram a favor da privatização. Antes, os 29 deputados governistas ―derrubaram‖ a proposta de iniciativa popular.

Essas duas votações evidenciam o grau de coesão do PFL em torno do executivo estadual, sua disciplina como partido do governo e sua força relativa na Assembléia. Outro indicador do crescimento do PFL em nível estadual está na ocupação de cargos de importância na Assembléia Legislativa a partir de 1997.

20 Pelo IPE, os cerca de 200 mil servidores da ativa e inativa tinham direito a consultas e tratamentos médicos em todas as cidades do Paraná. Com o Paraná Previdência, apenas hospitais credenciados podem realizar tratamentos que serão pagos pelo plano de saúde estadual. A questão é que em 1998, quando o projeto foi aprovado, não se sabia que hospitais prestariam os serviços. Hoje, em 2002, quase quatro anos após a aprovação do novo plano, apenas dez casas hospitalares podem prestar assistência médica aos servidores públicos estaduais. Quando o projeto foi votado os deputados sabiam que seria necessário um período de adaptação e que haveria desgastes públicos em função das reclamações de dirigentes sindicais do Estado. A inexistência de um plano de saúde que substituísse o IPE gerou ameaças de greve dos servidores nos últimos anos. Além dos problemas relativos à assistência médica, o projeto do Paraná Previdência apresentava um problema político ainda maior para seus defensores: quando aprovado, ele não tinha nem previsão orçamentária, nem definia a origem dos recursos para manutenção dos pagamentos das aposentadorias e pensões. A justificativa então aprasentada para instituir a previdência estadual era desonerar o caixa do estado dos gastos com os servidores inativos e, assim, adequar as contas públicas à Lei de Responsabilidade Fiscal que à época estava sendo regulamentada na esfera federal. A insegurança sobre a manutenção dos pagamentos de pensões pela previdência estadual, a médio prazo, fez com que as críticas da oposição ao projeto ganhassem força na sociedade, capitaneadas pelos representantes sindicais das principais categorias profissionais do Estado.

21 Dirigentes de entidades que normalmente davam seu apoio ao governo Lerner, como a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP) e a Associação Comercial do Paraná (ACP), manifestaram-se oficialmente contrários à privatização da Copel. Até mesmo a imprensa local, que quase nunca adota posições antigovernistas, posicionou-se contrária à venda da Companhia, através da associação que representa os donos de veículos de comunicação do Paraná. Paralelamente, nos meses que antecederam a votação do projeto que permitia a venda, pelo Estado, da maioria acionária da empresa, partidos de oposição organizaram uma coleta de assinaturas em todas as regiões do Paraná a fim de apresentar um projeto de lei de iniciativa popular que impedia a privatização da empresa.

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Em 1998 o partido elegeu pela primeira vez o presidente da Assembléia Legislativa do Paraná, Aníbal Khury22. O partido passou também a contar com funções importantes nas principais comissões parlamentares. A Comissão Permanente de Constituição e Justiça, por onde passam todos os projetos que tramitam na Assembléia, foi presidida pelo deputado Basílio Zanusso. Além dela, o partido presidiu a Comissão de Agricultura, Indústria e Comércio (deputado Plauto Miró Guimarães) e Comissão de Ecologia e Meio Ambiente (deputado Kiélse Crisóstomo)23.

Na esfera do poder executivo o PFL também ganhou força. Apesar de ter feito parte da coligação que elegeu Lerner em 1994, o partido não tinha conseguido indicar nenhum Secretário de Estado até 1997. Desde a filiação do governador, o PFL passou a contar com cerca de um terço dos secretários estaduais24.

Com base nos dados eleitorais, que indicam um crescimento real do PFL no Paraná a partir das eleições de 1998 e no fortalecimento da participação do partido em postos de decisão no Estado, seria possível pensar que regionalmente o PFL estaria se institucionalizando, a exemplo do que acontece com o PFL em nível nacional.

Porém, uma análise mais detalhada do partido no período posterior ao ingresso do governador Lerner mostra que, ao invés de crescer o partido inflou, e, ao invés de se transformar em partido do governo, tornou-se um partido para o governo.

Até a entrada de Lerner, a bancada do partido na Assembléia possuía seis cadeiras e seus integrantes tinham um perfil político muito definido. Dessa fase do ―PFL original‖, faziam parte do partido, por exemplo, o deputado Basílio Zanusso, um dos fundadores do PFL no estado em 1985. Com o notável crescimento de 1997 surgiu uma nova ala, formada principalmente por migrantes do PDT. A boa relação entre as duas alas não durou muito. Depois da reeleição de Lerner, os pefelistas originais perceberam que os ex-pededistas haviam tomado conta do partido em detrimento dos interesses dos quadros históricos da sigla25.

Além dos problemas internos de organização e relacionamento político, o crescimento do PFL nas eleições municipais foi menor que o de outros partidos na época em que controlavam o governo do Estado.

Quando Lerner estava no PDT, o partido passou de 10,8% das prefeituras em 1992 (antes da eleição de Lerner) para 27,81% em 1996, o que significa um aumento de quase 200%; entre 1996 e 2000 o PFL experimentou um crescimento de pouco mais de 100%.

22 O deputado Khury já tinha sido presidente da Assembléia por duas gestões, mas não estava filiado ao PFL.

23 O partido ocupou importantes funções também em Comissões Especiais. Em 2000 o deputado Plauto Miró Guimarães foi vice-presidente da Comissão Especial de Investigação do Cartel dos Supermercados. Em 2001 Plauto foi novamente Vice-Presidente da Comissão Especial de Investigação da Sanepar (companhia de águas).

24 Esse é um número aproximado em função das repetidas modificações no número de secretarias, com fusões e criação de ―Organizações Sociais‖, que as substituíam.

25 O ponto de maior tensão nessa convivência deu-se em 2000, quando o pefelista original, deputado Abelardo Lupion, resolveu candidatar-se a presidente do diretório estadual com um discurso crítico em relação ao governador Lerner. Representante dos ruralistas, Lupion discordava do fato de existirem, nas ―gavetas‖ do Secretário de Segurança Pública (naquela época Cândido Martins de Oliveira), 57 mandados judiciais de reintegração de posse de propriedades rurais invadidas pelo MST no Estado. Essa candidatura levou a um ―racha‖ interno e o partido do governo quase se dividiu. Foi preciso a indicação do ex-governador João Elísio Ferraz de Campos, um nome de consenso entre os governistas e os genuínos, para impedir dissidências maiores. Lupion retirou sua candidatura e João Elísio foi eleito presidente estadual do PFL. O detalhe é que o ex-governador vive no Rio de Janeiro, onde presidente uma federação nacional de empresas seguradoras.

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Deputados indicam que o fato do governador não ser um ―homem de partido‖ como responsável pelo crescimento relativo do PFL no Estado. Além disso, existe o fato do governo ter sido eleito e reeleito em uma coalizão de partidos e não por uma única sigla. Isso implicaria em dizer que o governo tem que dar espaço para outros partidos, ao contrário do que ocorreu nos anos 80, quando o PMDB foi dominante no cenário eleitoral regional26.

Um elemento que os pefelistas não consideram é que a trajetória do PFL do Paraná pós-Lerner segue a mesma trajetória política que o governador Lerner. Enquanto o governador tinha um bom índice de aceitação, o partido cresceu. A decadência da imagem pública de Lerner levou o partido a uma regressão no cenário político regional. Segundo o ranking dos governadores do Instituto Datafolha, de julho de 2001, Jaime Lerner passou de sétimo para nono colocado nacional. Sua nota média à época era de 5,0 pontos. Cerca de um terço dos entrevistados, 32%, reprovava seu desempenho; para 37% ele era regular e 27% o aprovavam. Desde o início de seu segundo mandato, Lerner apresentou queda de popularidade. Em junho de 1999 era aprovado por 52%, em dezembro do mesmo ano essa taxa caiu para 46%. Em junho de 2000 oscilou para 44%, caindo para 35% em dezembro deste ano e agora chega a 27%, o menor índice desde que assumiu o governo pela primeira vez em 1995 (dados do site Instituto Datafolha). Depois do último levantamento do Datafolha, Lerner sofreu um desgaste ainda maior, durante o segundo semestre de 2001, ao propor a privatização da Companhia Paranaense de Energia Elétrica. De fato, há fortes indicações que o personalismo suplantou a estruturação partidária no caso do PFL do Paraná nos anos 90. Os resultados eleitorais de 2002 deverão confirmar essa hipótese, mostrando um recuo no partido na arena eleitoral27.

A análise dos dados isolados do crescimento eleitoral e da presença institucional do PFL não são suficientes para evidenciar se houve de fato um fortalecimento do partido no Paraná a partir da filiação de Lerner.

Para evitar conclusões pouco fundamentadas, compare-se o desempenho eleitoral do partido com outros partidos de governo em outros períodos; compare-se igualmente a bancada eleita de deputados estaduais do PFL com outras bancadas na legislatura de 1998 a 2002 na Assembléia Estadual e na legislatura de 2000 a 2002 na Câmara Municipal de Curitiba.

A análise do desempenho eleitoral do PFL no interior do Paraná nas eleições municipais de 2000 – as primeiras com a presença do governador no partido – sugerem que se deva relativizar o fortalecimento da sigla no estado no período recente.

Enquanto controlava o governo do Estado, durante os anos 80 e na primeira metade dos 90, o PMDB conseguiu eleger 51% prefeitos dos municípios paranaenses em 1988 e 37% em 1992. Nas eleições municipais de 1996 o partido já tinha deixado o governo do Estado e fez apenas 18,5% de prefeitos, mantendo praticamente o mesmo índice em 2000, com 18,3%. Já o PDT, enquanto esteve na oposição ao governo do Estado, tinha 7,9% de prefeitos eleitos em 1988 e 10,8% em 1992. Já nas eleições municipais de 1996 o partido contava com o apoio do governo Lerner e quase conseguiu triplicar o número de prefeituras, chegando a 27,8% dos

26 Em entrevista aos autores, o deputado Basílio Zanusso declarou que Jaime Lerner não se preocupa com a vida partidária e nem se interessa por estimular reuniões do PFL Entrevista 26 de fevereiro de 2002.

27 Em 2002 há novos dados que reforçam a idéia de um fortalecimento bastante relativo do PFL no Paraná. O partido não terá candidato a governador em 2002. Lerner prefere apoiar a candidatura do PSDB. A articulação é para que o PFL indique o vice-governador. O PPB, que também deve fazer parte da coligação, pretende indicar o candidato a senador da chapa. A redução da bancada do partido na Assembléia indica que o PFL terá dificuldades em repetir a votação de 1998, com grandes possibilidades de sair das eleições de outubro com uma redução em sua bancada estadual. Assim, o partido que nos últimos quatro anos vinha apresentando crescimento acentuado no Paraná, entra em 2002 em franca decadência eleitoral.

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prefeitos eleitos. Em 2000, na oposição ao governo Lerner, o PDT alcançou 4,5% das prefeituras. O PFL, por sua vez, teve 11,3% de prefeitos eleitos em 1988, 10,5% em 1992 e 9,2% em 1996, mantendo praticamente os mesmos índices durante todo o período em que esteve na oposição ao governo do Estado. Em 2000, com o apoio do governador Lerner, o partido dobrou o número de prefeituras, com 20,5% dos prefeitos eleitos. Esses números mostram que apesar da presença de Lerner, o PFL não conseguiu fortalecer-se no interior do Estado, pois ficou com apenas 20,5% das prefeituras, enquanto no período dos governos do PMDB o partido chegou a ter 51% dos prefeitos. Até mesmo o PDT, partido do governador nas eleições de 1996, conseguiu melhor desempenho nos municípios (27,8%) do que o PFL em 2000.

As bancadas de representantes do PFL na Assembléia do Paraná e na Câmara Municipal de Curitiba, apesar de terem sido as maiores nas eleições de 1998 e 2000, respectivamente, têm demonstrado muita instabilidade. Para medir a estabilidade da bancada nós criamos o Índice de Permanência Média no Partido. O objetivo desse indicador é calcular o percentual de permanência no partido ao longo do mandato do parlamentar que foi eleito ou se filiou ao PFL após a eleição. O índice é agregado e varia de zero a um. Quanto mais próximo de um, maior o índice de permanência médio dos parlamentares, quanto mais próximo de zero, menor o índice e por conseqüência maior a instabilidade da bancada no parlamento.

Tabela 5 - % de cadeiras por partido e índice de permanência dos políticos no partido na Assembléia Legislativa do Paraná (1998-2002)

partidos

1998* 1999 2000 2001 2002** bancada

média no mandato

% da

bancada/ relação ao total na

legislatura

Índice de

permanência

colocação no

índice de permanência

cadeiras % de

cadeiras por

partido

cadeiras % de

cadeiras por

partido

cadeiras % de

cadeiras por

partido

cadeiras % de

cadeiras por

partido

cadeiras % de

cadeiras por

partido

PFL 12 22,22 9 16,67 9 16,67 9 16,67 9 16,67 9,00 16,67 0,65 5º PPB 8 14,81 7 12,96 4 7,41 6 11,11 6 11,11 5,75 10,65 0,63 6º

PTB 11 20,37 11 20,37 11 20,37 6 11,11 5 9,26 8,25 15,28 0,66 4º

PSDB 6 11,11 7 12,96 6 11,11 8 14,81 8 14,81 7,25 13,43 0,52 10º

PMDB 7 12,96 7 12,96 7 12,96 8 14,81 8 14,81 7,50 13,89 0,93 2º

PDT 3 5,56 3 5,56 2 3,70 6 11,11 6 11,11 4,25 7,87 0,63 6º

PT 4 7,41 4 7,41 4 7,41 4 7,41 4 7,41 4,00 7,41 1,00 1º

PSC 1 1,85 1 1,85 1 1,85 0 0,00 1 1,85 0,75 1,39 0,80 3º

PSB 2 3,70 2 3,70 3 5,56 0 0,00 0 0,00 1,25 2,31 0,35 12º

PL 0 0,00 2 3,70 2 3,70 2 3,70 2 3,70 2,00 3,70 0,40 11º

PSL 0 0,00 1 1,85 4 7,41 3 5,56 3 5,56 2,75 5,09 0,60 8º

PST 0 0,00 0 0,00 1 1,85 0 0,00 0 0,00 0,25 0,46 0,20 13º

PPS 0 0,00 0 0,00 0 0,00 2 3,70 2 3,70 1,00 1,85 0,53 9º

TOTAL 54 100 54 100 54 100,00 54 100,00 54 100,00 54 100,00 0,61

Índice de Fracionalizaçã

o

0,85 0,87 0,88 0,87 0,88 0,87

partidos efetivos

6,67 7,59 8,33 8,33 8,58 8,20

* Resultado das eleições de 4 de outubro de 1998.

** Situação em maio de 2002.

Quadro 1 - Índice de permanência média dos deputados estaduais do PFL no partido na Assembléia Legislativa – PR (1998-2002)

1998 1999 2000 2001 2002 IP

Luis C. Alborghetti Luis C. Alborghetti 0,4

Anibal Khury Anibal Khury 1

Basílio Zanusso Basílio Zanusso Basílio Zanusso Basílio Zanusso Basílio Zanusso 1

Cleiton Kielse Cleiton Kielse Cleiton Kielse Cleiton Kielse Cleiton Kielse 1

Edno Guimarães 0,2

Élio Rusch Élio Rusch Élio Rusch Élio Rusch Élio Rusch 1

Geraldo Cartário 0,2

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Hidekazu Takayama Hidekazu Takayama 0,4

José Durval Amaral José Durval Amaral José Durval Amaral José Durval Amaral José Durval Amaral 1

Marcos Isfer 0,33

Nelson Garcia Nelson Garcia Nelson Garcia Nelson Garcia Nelson Garcia 1

Plauto Miró Plauto Miró Plauto Miró Plauto Miró Plauto Miró 1

Nelson Tureck 0,33

Nelson Justus Nelson Justus Nelson Justus 0,6

Chico Noroeste Chico Noroeste Chico Noroeste 0,6

Braz Palma Braz Palma 0,4

12 9 9 9 9 0,65

Embora o PFL tenha conseguido eleger a maior bancada estadual em 1998, com 12 parlamentares e ter se mantido com nove cadeiras durante os quatro anos da gestão, o que o posicionou como a maior bancada em tamanho efetivo, o Índice de Permanência Médio no PFL ficou em 0,65, sendo o quinto partido em estabilidade parlamentar segundo esse indicador. Ou seja, na média, cada parlamentar eleito ou filiado ao PFL ficou 65% de seu mandato no partido. As siglas com melhores Índices Médios de Permanência foram o PT com 1, o PMDB com 0,93, o PSC com 0,80 e o PTB com 0,66.

O mesmo padrão repete-se na Câmara de Curitiba.

Tabela 6 - % de cadeiras por partido e índice de permanência dos políticos no partido na Câmara dos Vereadores de Curitiba - PR (2000-2002)

partidos

2000* 2001 2002** bancada média no

mandato

% da bancada/

relação ao total na

legislatura

Índice de permanência

colocação no índice de

permanência

cadeiras % de cadeiras por partido

cadeiras % de cadeiras por partido

cadeiras % de cadeiras por partido

PFL 9 25,71 4 11,43 2 5,71 3 8,57 0,56 12º PTB 2 5,71 1 2,86 1 2,86 1 2,86 0,67 7º

PPB 4 11,43 1 2,86 1 2,86 1 2,86 0,40 13º

PMDB 3 8,57 4 11,43 4 11,43 4 11,43 0,92 4º

PT 6 17,14 6 17,14 5 14,29 5,5 15,71 1,00 1º

PSC 3 8,57 5 14,29 4 11,43 4,5 12,86 0,80 6º

PSL 1 2,86 1 2,86 1 2,86 1 2,86 1,00 1º

PDT 2 5,71 1 2,86 1 2,86 1 2,86 0,67 7º

PSB 2 5,71 3 8,57 3 8,57 3 8,57 0,89 5º

PSDB 3 8,57 7 20,00 10 28,57 8,5 24,29 0,60 11º

PL 0 0,00 1 2,86 1 2,86 1 2,86 0,66 9º

PPS 0 0,00 1 2,86 1 2,86 1 2,86 0,66 9º

PCdoB 0 0,00 0 0,00 1 2,86 0,5 1,43 1,00 1º

TOTAL 35 100 35 100 35 100 35 100,00 0,76

Índice de Fracionalização

0,8588 0,8718 0,8555 0,8669

* Resultado das eleições de 1 de outubro de 2000. ** Situação em maio de 2002.

Quadro 2 - Índice de permanência média dos vereadores do PFL no partido na Câmara Municipal de Curitiba – PR (2000-2002)

2000 2001 2002 IP

Ailton Araujo 0,33

Alexandre Curi 0,33

Aparecido Custódio da Silva 1,00

Ede Abib Ede Abib 0,66

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Geraldo Bobato Geraldo Bobato Geraldo Bobato 1,00

João Claudio Derosso João Claudio Derosso 0,07

Julieta Reis Julieta Reis Julieta Reis 1,00

Rui Hara 0,33

Stephanes Junior 0,33

9 4 2 0,56

Na Câmara Municipal de Curitiba a instabilidade da bancada é ainda mais notável. O partido elegeu o maior número de vereadores em 2000 (nove representantes). Hoje, menos de dois anos após o início do mandato, o PFL conta com apenas duas cadeiras. É o 12º em Índice de Permanência Médio de um total de 13 partidos. O indicador do PFL está em 0,56, ganhando apenas do PPB, que tem 0,40%.

Por que os políticos migram? Uma das explicações possíveis é a chamada ―conexão eleitoral‖. Parlamentares trocam de partidos em função de interesses eleitorais futuros, principalmente para garantir maior possibilidade de reeleição (Ranulfo, 2000). Por isso os índices de migração em anos ímpares (quando termina o prazo legal para as filiações de candidatos às eleições seguintes) aumentam em relação aos anos pares. Outra razão que deve ser considerada é a chamada ―conexão presidencial‖ (Amorim & Santos, 2001), que leva em conta a relação entre o Executivo e o Legislativo, incluindo barganha, patronagem e clientelismo dos congressistas como um estímulo à migração partidária. Nesse caso, os beneficiados com os recursos de patronagem tenderiam a migrar para partidos da base do governo, enquanto integrantes desse partido que se sintam desprestigiados pelo Executivo tenderiam a migrar para legendas mais distantes da base de apoio do Executivo.

Essa é uma hipótese bastante rentável. Como esse trabalho trata de partidos nos Estados, substituiremos o termo ―conexão presidencial‖ por ―conexão com o executivo‖.

Políticos buscam uma conexão com o executivo para aumentar suas possibilidades de reeleições, trazer benefício para o eleitorado e esse movimento, embora faça aumentar o partido não o fortalece, ou o ―institucionaliza‖. As dificuldades conjunturais promovem nova leva de migrações, fragilizando a agremiação.

IV. CONCLUSÕES

A história do desempenho eleitoral do PFL no Paraná pode ser dividida em duas fases bem nítidas. Uma antes e outra depois da entrada do governador Jaime Lerner.

Mostramos que mesmo tendo ganho fôlego eleitoral, em função da presença do governador desde 1997, o PFL não conseguiu se institucionalizar no Estado, contrariando o estilo nacional da agremiação.

Pode-se por isso dizer que não houve um fortalecimento do PFL enquanto partido político autônomo no Estado, pois, ao invés de transformar-se no partido do governo, nos últimos quatro anos ele continuou sendo um partido para o governo.

A relativa desimportância do PFL paranaense é tanto mais relevante quando se considera a imagem difundida do PFL no nível nacional: a) disciplinado (há quase unanimidade nas votações); b) coeso ideologicamente (não há clivagens importantes a não ser regionais (facções estaduais), e mesmo elas não estimulam uma fragmentação importante do partido — pense-se

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nesse caso na diferença substancial em relação do PMDB); e c) estável (baixa migração partidária).

No estado, as decisões principais continuaram nas mãos do governador e de sua ―equipe‖ e não do partido. o principal desafio da política estadual, hoje, é a sobrevivência do grupo lernista no poder, sendo o problema-chave encontrar um candidato viável independentemente do PFL.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMORIM Neto, Octavio & SANTOS, Fabiano. 2001. A conexão presidencial: facções pró e antigoverno e disciplina partidária no Brasil. Dados, Rio de Janeiro, vol.44 n. 2.

DALTON, Russel J. & WATTENBERG, Martin P. 2000. Unthinkable Democracy: Political Change in Advanced Industrial democracies. In: _____. (eds.) Parties Without Partisans: Political Change in Advanced Industrial Democracies. New York : Oxford University Press.

DÓRIA, Pedro Ricardo. 2001. Liderança, autoridade e contexto político: o caso de Jaime Lerner no Paraná (1971-2001). Dissertação (Mestrado em Sociologia). Departamento de Ciências Sociais, Universidade Federal do Paraná (UFPR).

FIGUEIREDO, Argelina Cheibub & LIMONGI, Fernando. 1999. Os partidos políticos na Câmara dos Deputados: 1989-94. In: _____. Executivo e legislativo na nova ordem constitucional. Rio de Janeiro : Editora FGV.

MELO, Carlos Ranulfo Felix de. 2000. Partidos e migração partidária na Câmara dos Deputados. Dados, Rio de Janeiro, vol.43 n. 2.

MENEGUELLO, Rachel. 1998. Partidos e governo no Brasil contemporâneo (1985-1997). São Paulo : Paz e Terra.

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Anexos

Quadro 3 - Índice de permanência média dos vereadores no partido na Câmara Municipal de Curitiba – PR (2000-2002)

2000 2001 2002 IP

PFL

Ailton Araujo 0,33

Alexandre Curi 0,33

Aparecido Custódio da Silva 1,00

Ede Abib Ede Abib 0,66

Geraldo Bobato Geraldo Bobato Geraldo Bobato 1,00

João Claudio Derosso João Claudio Derosso 0,07

Julieta Reis Julieta Reis Julieta Reis 1,00

Rui Hara 0,33

Stephanes Junior 0,33

0,56

PTB

Aldemir Manfron Aldemir Manfron Aldemir Manfron 1,00

Jair Cezar 0,33

0,67

PPB

Ângelo Batista Ângelo Batista 0,66

Arlete Caramês 0,33

Ney Leprevost 0,33

Osmar Bertoldi 0,33

Pastor Valdemir 0,33

0,40

PMDB

Alexandre Curi Alexandre Curi 0,66

Celso Torquato Celso Torquato Celso Torquato 1,00

Marcelo Almeida Marcelo Almeida Marcelo Almeida 1,00

Paulo Salamuni Paulo Salamuni Paulo Salamuni 1,00

0,92

PT

Adenival Gomes Adenival Gomes Adenival Gomes 1,00

André Passos André Passos André Passos 1,00

Clair da Flora Martins Clair da Flora Martins Clair da Flora Martins 1,00

Jorge Samek Jorge Samek licenciado 1,00

Natálio Stica Natálio Stica Natálio Stica 1,00

Tadeu Veneri Tadeu Veneri Tadeu Veneri 1,00

1,00

PSC

Ailton Araujo 0,33

Elias Vidal Elias Vidal 0,66

Fábio Camargo Fábio Camargo Fábio Camargo 1,00

Mauro Moraes Mauro Moraes Mauro Moraes 1,00

Paulo Frote Paulo Frote Paulo Frote 1,00

0,80

PSL

Antonio Bueno Antonio Bueno Antonio Bueno 1,00

1,00

PDT

Ângelo Batista 0,33

Jorge Bernardi Jorge Bernardi Jorge Bernardi 1,00

0,67

PSB

Jairo Marcelino Jairo Marcelino Jairo Marcelino 1,00

Page 19: Codato, Adriano; CERVI, Emerson Urizzi. O PFL do Paraná: marginalidade e centralidade no sistema político subnacional. In: III Encontro Nacional da Associação Brasileira de Ciência

19

José Aparecido Alves - Jotapê José Aparecido Alves - Jotapê José Aparecido Alves - Jotapê 1,00

Mario Celso Mario Celso 0,66

0,89

PSDB

Ailton Araujo 0,33

Ede Abib 0,33

Elias Vidal 0,33

Jair Cezar Jair Cezar 0,66

João Claudio Derosso 0,33

Luis Ernesto Luis Ernesto Luis Ernesto 1,00

Ney Leprevost Ney Leprevost 0,66

Osmar Bertoldi Osmar Bertoldi 0,66

Rui Hara Rui Hara 0,66

Sabino Picolo Sabino Picolo Sabino Picolo 1,00

Stephanes Junior Stephanes Junior 0,66

0,60

PL

Pastor Valdemir Pastor Valdemir 0,66

0,66

PPS

Arlete Caramês Arlete Caramês 0,66

0,66

PCdoB

Ricardo Gomyde suplente 1,00

1,00

Page 20: Codato, Adriano; CERVI, Emerson Urizzi. O PFL do Paraná: marginalidade e centralidade no sistema político subnacional. In: III Encontro Nacional da Associação Brasileira de Ciência

20

Quadro 4 - Índice de permanência média dos deputados estaduais no partido na Assembléia Legislativa – PR (1998-2002)

1998 1999 2000 2001 2002 IP

PFL

Alborghetti Alborghetti 0,4

Anibal Khury Anibal Khury 1

Basílio Zanusso Basílio Zanusso Basílio Zanusso Basílio Zanusso Basílio Zanusso 1

Cleiton Kielse Cleiton Kielse Cleiton Kielse Cleiton Kielse Cleiton Kielse 1

Edno Guimarães 0,2

Élio Rusch Élio Rusch Élio Rusch Élio Rusch Élio Rusch 1

Geraldo Cartário 0,2

Hidekazu Takayama Hidekazu Takayama 0,4

José Durval Amaral José Durval Amaral José Durval Amaral José Durval Amaral José Durval Amaral 1

Marcos Isfer 0,33

Nelson Garcia Nelson Garcia Nelson Garcia Nelson Garcia Nelson Garcia 1

Plauto Miró Plauto Miró Plauto Miró Plauto Miró Plauto Miró 1

Nelson Tureck 0,33

Nelson Justus Nelson Justus Nelson Justus 0,6

Chico Noroeste Chico Noroeste Chico Noroeste 0,6

Braz Palma Braz Palma 0,4

0,65

PSDB

Ademar Luiz Traiano Ademar Luiz Traiano

0,4

Algaci Túlio Algaci Túlio 0,4

Augustinho Zucchi Augustinho Zucchi 0,4

Edno Guimarães Edno Guimarães 0,4

Hermas Eurides Brandão Hermas Eurides Brandão 0,4

José Maria Ferreira José Maria Ferreira José Maria Ferreira 0,6

Luiz Fernandes (Litro) Luiz Fernandes (Litro) Luiz Fernandes (Litro) Luiz Fernandes (Litro) Luiz Fernandes (Litro) 1

Neivo Beraldin 0,2

Nelson Tureck Nelson Tureck 0,66 Pastor Edson Praczyk Pastor Edson Praczyk 0,4

Renato Gaúcho Renato Gaúcho Renato Gaúcho 0,6

Ricardo Maia Ricardo Maia 0,4

Serafina Carrilho Serafina Carrilho 0,4

Sérgio Spada Sérgio Spada Sérgio Spada Sérgio Spada Sérgio Spada 1

0,52

PPB

Augustinho Zucchi 0,2

Braz Palma Braz Palma 0,4

Cesar Seleme Cesar Seleme Cesar Seleme Cesar Seleme Cesar Seleme 1

Duílio Genari Duílio Genari Duílio Genari Duílio Genari Duílio Genari 1

Miltinho Pupio Miltinho Pupio 0,4

Moysés Leônidas Moysés Leônidas 0,4

Neivo Beraldin Neivo Beraldin 0,4

Ribas Carli Ribas Carli Ribas Carli Ribas Carli Ribas Carli 1

Tiago Amorim Tiago Amorim 0,5

Tony Garcia Tony Garcia Tony Garcia Tony Garcia Tony Garcia 1

0,63

PTB

Page 21: Codato, Adriano; CERVI, Emerson Urizzi. O PFL do Paraná: marginalidade e centralidade no sistema político subnacional. In: III Encontro Nacional da Associação Brasileira de Ciência

21

Ademar Luiz Traiano Ademar Luiz Traiano Ademar Luiz Traiano 0,6

Alborghetti Alborghetti Alborghetti 0,6

Algaci Túlio Algaci Túlio Algaci Túlio 0,6

Beto Richa Beto Richa Beto Richa 1

Carlos Simões Carlos Simões Carlos Simões Carlos Simões Carlos Simões 1

Cesar Silvestri Cesar Silvestri Cesar Silvestri 0,6

Hermas Eurides Brandão Hermas Eurides Brandão Hermas Eurides Brandão 0,6

Hidekazu Takayama Hidekazu Takayama 0,4

Luiz Accorsi Luiz Accorsi Luiz Accorsi Luiz Accorsi Luiz Accorsi 1

Miltinho Pupio Miltinho Pupio 0,4

Nelson Justus Nelson Justus 0,4

Ricardo Chab Ricardo Chab Ricardo Chab 0,6

Tiago Amorim Tiago Amorim 0,5

Valdir Rossoni Valdir Rossoni Valdir Rossoni Valdir Rossoni Valdir Rossoni 1

0,66

PMDB

Ademir Bier Ademir Bier Ademir Bier Ademir Bier Ademir Bier 1

Antonio Annibelli Antonio Annibelli Antonio Annibelli Antonio Annibelli Antonio Annibelli 1

Caíto Quintana Caíto Quintana Caíto Quintana Caíto Quintana Caíto Quintana 1

Edson Strapasson Edson Strapasson Edson Strapasson Edson Strapasson Edson Strapasson 1

Nereu Moura Nereu Moura Nereu Moura Nereu Moura Nereu Moura 1

Orlando Pessuti Orlando Pessuti Orlando Pessuti Orlando Pessuti Orlando Pessuti 1

Ricardo Chab Ricardo Chab 0,4

Waldyr Pugliesi Waldyr Pugliesi Waldyr Pugliesi Waldyr Pugliesi Waldyr Pugliesi 1

0,93

PDT

Augustinho Zucchi Augustinho Zucchi 0,4

Edgar Bueno Edgar Bueno Edgar Bueno 1

Eli Ghellere Eli Ghellere 1

José Maria Ferreira José Maria Ferreira 0,4

Luiz Carlos Zuk Luiz Carlos Zuk Luiz Carlos Zuk Luiz Carlos Zuk Luiz Carlos Zuk 1

Neivo Beraldin Neivo Beraldin 0,4

Moysés Leônidas Moysés Leônidas 0,4

Renato Gaúcho Renato Gaúcho 0,4

0,63

PT

Ângelo Vanhoni Ângelo Vanhoni Ângelo Vanhoni Ângelo Vanhoni Ângelo Vanhoni 1

Hermes Fonseca Hermes Fonseca Hermes Fonseca Hermes Fonseca Hermes Fonseca 1

Irineu Colombo Irineu Colombo Irineu Colombo Irineu Colombo Irineu Colombo 1

Luciana Rafagnin Luciana Rafagnin 1

Péricles de Holleben Melo Péricles de Holleben Melo Péricles de Holleben Melo 1

1

PSC

Chico Noroeste Chico Noroeste Chico Noroeste 0,6

Pastor Fernando Guimarães 1

0,8

PSB

Antonio Belinati Antonio Belinati 0,4

Hidekazu Takayama 0,2

Page 22: Codato, Adriano; CERVI, Emerson Urizzi. O PFL do Paraná: marginalidade e centralidade no sistema político subnacional. In: III Encontro Nacional da Associação Brasileira de Ciência

22

Moysés Leônidas 0,2

Ricardo Maia Ricardo Maia Ricardo Maia 0,6

0,35

PL

Edno Guimarães 0,2

Geraldo Cartário 0,2

Pastor Edson Praczyk Pastor Edson Praczyk Pastor Edson Praczyk

0,6

Serafina Carrilho Serafina Carrilho Serafina Carrilho 0,6

0,4

PSL

Antonio Belinati Antonio Belinati Antonio Belinati 0,6

Edno Guimarães 0,2

Geraldo Cartário Geraldo Cartário Geraldo Cartário 0,6

Luiz Carlos Martins Luiz Carlos Martins Luiz Carlos Martins Luiz Carlos Martins 1

0,6

PST

Braz Palma 0,2

0,2

PPS

Cesar Silvestri Cesar Silvestri 0,4

Marcos Isfer Marcos Isfer 0,66

0,53