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Alterações Renais Precoces em Modelo de Aterosclerose em Coelhos: Análise dos Glicosaminoglicanos e Características Histopatológicas. Ana Helena Airão Santa Rosa Universidade Federal do Rio de Janeiro Maio de 2008

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Alterações Renais Precoces em Modelo de Aterosclerose em

Coelhos: Análise dos Glicosaminoglicanos e Características

Histopatológicas.

Ana Helena Airão Santa Rosa

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Maio de 2008

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Alterações Renais Precoces em Modelo de Aterosclerose em Coelhos: Análise dos Glicosaminoglicanos e Características Histopatológicas.

Ana Helena Airão Santa Rosa

Orientadores: Prof. Dr. Maurilo Leite Júnior

Prof. Dr. Lúcio Ronaldo Cardoso

Profa. Dra. Inah Maria Drummond Pecly

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Clínica Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Medicina, Área de Concentração: Clínica Médica.

Banca Examinadora:

____________________________________________

Prof.Dr. Alvimar Gonçalves Delgado

____________________________________________

Prof. Dr. Jorge Reis Almeida

____________________________________________

Prof. Dr. Eduardo Rocha

Rio de Janeiro

Maio de 2008

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Trabalho Realizado no Laboratório de Tecido Conjuntivo (Hospital

Universitário Clementino Fraga Filho-HUCFF), Laboratório Multidisciplinar de

Pesquisas Professor José Ananias Figueira da Silva (HUCFF) e Laboratório

de Patologia Celular e Histologia (CCS).

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Maio de 2008

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Santa Rosa, Ana Helena Airão

Alterações renais precoces em modelo de aterosclerose em coelhos: análise dos glicosaminoglicanos e características histopatológicas / Ana Helena Airão Santa Rosa – Rio de Janeiro: UFRJ / Faculdade de Medicina, 2008.

xii, 52 f. : il. ; 31 cm

Orientadores: Maurilo Leite Júnior, Lúcio Ronaldo Cardoso e Inah Maria Drummond Pecly

Dissertação (mestrado) -- UFRJ, Faculdade de Medicina, Programa de Pós-graduação em Clínica Médica, 2008.

Referências bibliográficas: f. 47-52

1. Rim - patologia. 2. Aterosclerose – complicações. 3. Hipercolesterolemia - complicações. 4. Hipercolesterolemia – metabolismo. 5. Glicosaminoglicanas - química. 6. Modelos animais de doenças. 7. Coelhos. 8. Clínica médica - Tese. I. Leite Júnior, Maurilo. II. Cardoso, Lúcio Ronaldo. III. Pecly, Inah Maria Drummond. IV. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Medicina, Programa de Pós-graduação em Clínica Médica. V. Título.

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Dedicatória

A Sophia, amada filha, perfume, luz e cor da minha vida.

Ao Walter, amor meu, por todas as qualidades que me impulsionaram até aqui.

A Valdete, mãe e amiga nota dez, que sempre esteve ao meu lado, fosse ele qual fosse.

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Agradecimentos

A Deus, “Criador do céu e da Terra, causa primária de todas as

coisas”, por representar a Esperança, a Força Mágica e a Centelha de Luz

que, de algum modo, me habitam.

Às forças genéticas, espirituais e ambientais resultantes da união

de Carlos Untururá de Almeida Airão e Valdete Airão, meus queridos pais.

Graças a vocês, Eu Sou.

Ao meu marido e companheiro Walter Santa Rosa, pelo seu amor.

A minha filha Sophia pelo imenso carinho no seu olhar, nos seus

gestos, dando-me força e mostrando a simplicidade da vida.

Aos companheiros do laboratório do professor Mourão,

especialmente Inah Pecly e Nelson Miller de M. Filho, pela abnegada

colaboração e inesgotável paciência diante da aluna incauta.

A Cesônia e ao Alison por terem sido fundamentais no preparo das

lâminas, com paciência e persistência sempre.

Aos amigos Mônica Vianna e Victor Augusto Marins Gomes pela

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doação de si mesma.

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À Professora Doutora Ana Tovar pelas solicitude, paciência e

gentileza.

À Professora Doutora Christina Maeda Takyia pelos conhecimentos

histopatológicos, fundamentais para a conclusão deste trabalho, e pelo

exemplo de dedicação.

Aos caríssimos orientadores, Professores Doutores Lúcio Ronaldo

Cardoso, Maurilo Leite Júnior e Inah Pecly pelo crédito e pela força.

Um agradecimento especial ao Professor Lúcio Ronaldo Cardoso

pela confiança, pela força e por me ensinar o “caminho das pedras”. Um pai

não teria feito diferente. Muitíssimo obrigada!

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Sumário

Resumo------------------------------------------------------------------------------------------------ix

Abstract-------------------------------------------------------------------------------------------------x

I-Introdução-------------------------------------------------------------------------------------------1

II-Objetivos-------------------------------------------------------------------------------------------18

III-Materiais e Métodos

1-Protocolo do Estudo----------------------------------------------------------------------------19

2-Análise Histológica------------------------------------------------------------------------------20

2.1-Estudo Morfológico---------------------------------------------------------------------------20

2.2-Dados Histomorfométricos------------------------------------------------------------------21

3-Análise Bioquímica------------------------------------------------------------------------------22

3.1-Extração e Análise Quantitativa dos Glicosaminoglicanos--------------------------22

3.2-Eletroforese em Gel de Agarose-----------------------------------------------------------23

3.3-Cromatografia de Troca Iônica-------------------------------------------------------------23

3.4-Determinação de Hidroxiprolina------------------------------------------------------------24

IV-Análise Estatística------------------------------------------------------------------------------24

V-Resultados

1-Dados Clínicos e Laboratoriais----------------------------------------------------------------25

2-Análise Histológica--------------------------------------------------------------------------------27

3-Análise Bioquímica-------------------------------------------------------------------------------33

VI-Discussão-----------------------------------------------------------------------------------------40

VII-Conclusão----------------------------------------------------------------------------------------46

Referência Bibliográfica---------------------------------------------------------------------------47

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Lista de Figuras

Figura 1-Início da Aterosclerose-------------------------------------------------------------------5

Figura 2-Progressão da Aterosclerose-----------------------------------------------------------6

Figura 3-Complicação Trombótica da Aterosclerose-----------------------------------------7

Figura 4-Principais Unidades Constituintes dos Glicosaminoglicanos

dos Vertebrados---------------------------------------------------------------------------------------12

Figura 5-Aspectos histomorfológicol de animais do grupo controle----------------------28

Figura 6-Aspectos histomorfológicos de animais do grupo hipercolesterolêmico----29

Figura7-Outros aspectos histomorfológicos de animais do grupo hipercolesterolêmico---------------------------------------------------------------------------------30

Figura 8-Aspectos morfológicos de animais do grupo hipercolesterolêmico----------31

Figura 9-Gel de agarose dos glicosaminoglicanos-------------------------------------------34

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Lista de Gráficos

Gráfico 1-Celularidade glomerular de animais dos grupos controle e hipercolesterolêmico---------------------------------------------------------------------------------32

Gráfico 2-Quantificação dos GAGs no rim de coelhos controle e

hipercolesterolêmicos--------------------------------------------------------------------------------33

Gráfico 3-Cromatografia de troca iônica em Mono Q (FPLC) dos GAGs extraídos de

rins de coelhos, mostrando as curvas obtidas do grupo controle e do grupo

submetido à dieta hipercolesterolêmica---------------------------------------------------------37

Gráfico 4- Conteúdo de hidroxiprolina nos rins de coelhos dos grupos normal e

hipercolesterolêmico---------------------------------------------------------------------------------39

Lista deTabelas

Tabela 1- Parâmetros laboratoriais e pesos dos coelhos controle e submetidos à

dieta hipercolesterolêmica, à admissão e após oito semanas----------------------------26

Tabela 2- Composição dos GAGs sulfatados nos grupos controle e

hipercolesterolêmico---------------------------------------------------------------------------------35

Tabela 3- Composição média das sub-populações de GAGs ao final do estudo,

expressos em ng/mg de tecido seco de rim----------------------------------------------------38

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Abreviações

CS Condroitim sulfato

CPC Cloreto de cetilpiridina

EROS Espécies Reativas de Oxigênio

FPLC “Fast protein liquid chromatography”

GAG Glicosaminoglicano

HE Hematoxilina-eosina

HS Heparam sulfato

HCl Ácido clorídrico

LDL Lipoproteína de baixa densidade

MMP Metaloproteinases

MEC Matriz Extra Celular

NaCl Cloreto de sódio

PCNA “Proliferation cellular nuclear antigen”

PAGE Eletroforese em gel de poliacrilamida

PAS Ácido Periódico de Schiff

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Resumo

A aterosclerose é altamente prevalente na população, mantendo

forte correlação com a hipercolesterolemia. Assim como as artérias, o rim é

um dos órgãos alvo da hipercolesterolemia, com alterações estruturais

características. O objetivo deste estudo foi o de analisar a composição e a

concentração de glicosaminoglicanos no tecido renal, bem como as

alterações glomerulares em um modelo de aterosclerose em coelhos. Para

este propósito foram utilizados 12 coelhos “New Zealand” machos e adultos,

mantidos num regime de oito semanas de dieta padrão (n=6) ou

hipercolesterolêmica (n=6). Foram monitorados o peso de cada animal e os

níveis séricos de colesterol total, triglicerídeos, glicose, uréia e creatinina,

antes e após oito semanas. Após a oitava semana, seis animais de cada

grupo foram sacrificados. Um dos rins foi fixado e enviado para análise

histológica e o outro processado para extração e quantificação dos

glicosaminoglicanos renais. Os achados histológicos descritivos foram

obtidos por microscopia óptica utilizando-se as colorações hematoxilina-

eosina, PAS e Sirius red. A celularidade glomerular foi avaliada por método

histomorfométrico. Os glicosaminoglicanos foram extraídos e o conteúdo de

ácido hexurônico quantificado pelo método de Carbazol. As proporções

relativas dos glicosaminoglicanos sulfatados foram estimadas por análise

densitométrica das bandas metacromáticas em gel de agarose. A

quantificação de glicosaminoglicanos sulfatados e não-sulfatados foi feita

pela cromatografia de troca iônica. Foi avaliado o conteúdo de colágeno pela

dosagem de hidroxiprolina no tecido renal. Esta mensuração utilizou o

método de Stegemann e Stalder modificado. As alterações histológicas no

grupo tratado com dieta hiperlipemiante foram a diminuição do espaço

urinário, discreto alargamento intersticial por infiltrado mononuclear

inflamatório e expansão da cápsula de Bowman. Houve significativa redução

dos GAGs totais no grupo hipercolesterolêmico e o percentual dos

sulfatados foi menor neste grupo. No entanto, a proporção entre as sub-

populações de GAGs sulfatados manteve-se constante. Não houve

diferença entre os dois grupos em relação ao conteúdo total de colágeno

renal.

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Abstract

Atherosclerosis is highly prevalent in general population, with strong

correlation with hypercholesterolemia. As for the arteries, kidney is one of the

target organs of hypercholesterolemia. This study was performed to analyze

composition and concentration of kidney glycosaminoglycans as well as

observed glomerular alterations in a model of atherosclerosis in rabbits. For

this purpose 12 New Zealand male and adult rabbits were kept for eight

weeks on a regimen of regular (n=6) or fat diet (n=6). Body weight was

measured and blood samples were taken for serum cholesterol, triglycerides,

glucose, urea and creatinine before and after eight weeks. After this period,

six animals of each group were sacrificed. One kidney was fixed and sent to

histological analysis and the other processed for glycosaminoglycans

extraction and quantification. Descriptive histological findings were obtained

by optic microscopy using hematoxilin-eosin, PAS and Sirius red. Glomerular

cellularity was evaluated by hystomorphometry. Glycosaminoglycans were

extracted and the amount of hexuronic acid quantified by Carbazol’s method.

Relative proportions of sulfated glycosaminoglycans were estimated by

densitometric analysis of the metachromatic bands in agarose gel.

Quantification of sulfated and unsulfated glycosaminoglycans were done by

exchange ionic chromatography. Colagen amount was evaluated by

measuring hydroxiproline concentration in renal tessue. Histological changes

in fat diet group were reduction in urinary space, slight interstitial

enlargement due to mononuclear infiltration, and expansion of Bowman’s

capsule. Results showed significant reduction of total amount of GAGs in

hypercholesterolemic group and the percentage of sulfated GAGs were

lower in this group. Nevertheless, there was a constant proportion between

the sub-populations of sulfated GAGs. In addition, there was no difference in

kidney content of collagen in both groups.

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I- INTRODUÇÃO

1-Aterosclerose:

Estudos epidemiológicos indicam que a prevalência da

aterosclerose está aumentando em todo o mundo 1. Segundo dados da

Rede Interagencial de Informações para a Saúde (RIPSA), a taxa de

mortalidade específica por doenças isquêmicas do coração foi 55,81% em

2004, nas regiões metropolitanas. Só no sudeste, 65,32% dos óbitos foram

causados por doenças do aparelho circulatório, 58,17% na região sul e

27,18% na região norte, também em 2004.

1.1-Aspectos Gerais:

A doença cardiovascular constitui um dos maiores problemas de

saúde nos países ocidentais. Doença isquêmica do coração, insuficiência

cardíaca congestiva, morte súbita, doença arterial periférica e acidente

vascular cerebral são conseqüências de lesões oclusivas ateroscleróticas de

cujo espectro fisiopatológico representam as alterações mais terminais.

A aterosclerose é uma doença inflamatória crônica das artérias

elásticas e das artérias musculares de médio e grande calibres 2.

Caracteriza-se por formação de placas fibrogordurosas a partir da camada

mais interna da artéria - a camada íntima - localizada imediatamente em

região subendotelial. Elas são o resultado do acúmulo de lipoproteínas de

baixa densidade (LDL) no espaço subendotelial, seguido de diapedese de

leucócitos, macrófagos e formação de “foam cells” (células espumosas),

proliferação de células musculares lisas e produção de tecido conjuntivo,

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figuras 1 e 2. As “foam cells” são resultantes do acúmulo de ésteres de

colesterol no citoplasma dos macrófagos. Seymour Glagov demonstrou que

a artéria pode se remodelar à medida que a placa progride, de modo a

acomodá-la, mantendo a luz arterial mas aumentando seu diâmetro externo

3. Nesta fase de alargamento arterial compensatório, ocorre a remodelação

arterial e, posteriormente, formação de aneurismas. Durante esta

aterogênese, novos vasos se formam na íntima, a maioria proveniente dos

vasa vasorum que se originam da camada adventícia 4. No entanto, podem

ser encontradas no endotélio arterial mínimas lesões resultantes,

freqüentemente, de um distúrbio no padrão do fluxo sangüíneo nos pontos

de dobraduras e em bifurcações próximas da árvore arterial. Tais lesões são

assintomáticas e consideradas fisiológicas. Chamadas estrias gordurosas,

podem involuir espontaneamente ou progredir para as lesões mais

complexas.

O Comitê da Associação Americana do Coração em Lesões

Vasculares estabeleceu uma classificação para as lesões ateroscleróticas

em humanos, correlacionando o tipo de alteração histológica (do tipo I ao

tipo VI) com as síndromes clínicas correspondentes 5. Contudo, tal

classificação não implica linearidade na progressão das placas 6.

As placas mais maduras desenvolvem uma capa fibrosa composta

de matriz extracelular (MEC) contendo colágeno e elastina. Sob a capa

fibrosa, uma estrutura lipídica se forma, contendo macrófagos, “debris”

celulares e lipídios extracelulares. Nas lesões avançadas, mediadores pró-

inflamatórios potencializam a apoptose celular. Os macrófagos e outras

células ativadas na lesão secretam proteinases que degradam

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macromoléculas da MEC, degradando a capa fibrosa. Elastase degrada

elastina, necessária para migração das células na lesão, e ocorre

remodelamento arterial.

Há anos, patologistas vêm estudando as mudanças nas paredes

vasculares de seres humanos para compreender a origem e a evolução das

placas. Com base nos conhecimentos adquiridos, foram desenvolvidos

modelos animais que permitiram estudar a patogênese destas lesões. Um

cientista russo chamado Alexander Ignatowski mostrou que era possível

desenvolver aterosclerose experimental em coelhos adicionando leite e

gema de ovo à dieta normal do animal 7. Pouco tempo depois, em 1913, N.

Anitschkov e Chalatov reproduziram o modelo acrescentando colesterol puro

à dieta de coelho 8. A associação entre colesterol e aterosclerose parecia

apontar para a causalidade. No entanto, muitos indivíduos que sofrem de

infarto agudo do miocárdio têm níveis séricos de colesterol de acordo com o

Programa Nacional de Educação do Colesterol, ou até abaixo, preconizado

em 200 mg/dl para o colesterol total e 130 mg/dl para LDL 9. Portanto, se é

verdade que a hipercolesterolemia é fator de risco para o desenvolvimento

de lesões ateroscleróticas, não se pode afirmar que todo indivíduo que cursa

com a doença aterosclerótica é um hipercolesterolêmico. Ainda há

controvérsias a respeito dos mecanismos pelos quais concentrações

elevadas de LDL desencadeiam aterosclerose e suas complicações 10.

Atualmente há evidência suficiente para se afirmar que a

aterosclerose é uma doença inflamatória, na qual mecanismos imunológicos

interagem com fatores metabólicos de risco para iniciar, perpetuar e ativar

lesões na árvore arterial 11. O balanço entre atividade inflamatória e

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antiinflamatória controla a progressão da aterosclerose, processo este

influenciado pelos fatores metabólicos que, por sua vez, contribuem para a

deposição de lipídeos na artéria. De fato, dados clínicos e laboratoriais

sugerem que a infiltração e a retenção de LDL na camada íntima arterial

inicia uma resposta inflamatória na parede daquele vaso 12 13. Além disso, o

tecido adiposo de pacientes com síndrome metabólica e obesidade produz

citocinas inflamatórias, particularmente fator de necrose tumoral e

interleucina-6 14 15. As “adipocinas”- citocinas do tecido adiposo, incluindo

leptina, adiponectina e resistina- também podem influenciar resposta

inflamatória no organismo 14. Finalmente, moléculas geradas pela

peroxidação lipídica na doença aterosclerótica são capazes de induzir

reações protetoras bem como inflamatórias, por exemplo ligando-se a

receptores nucleares que controlam genes inflamatórios 12.

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Figura 1-Início da aterosclerose: Desenho de um corte

longitudinal de uma artéria muscular com a clássica estrutura trilaminar. A

camada íntima arterial é composta por camada única de células endoteliais

sobrepostas à matriz subendotelial, onde residem células musculares lisas

esparsas. Adjacente à íntima, dela separada pela lâmina elástica interna,

encontra-se a túnica média, composta de múltiplas camadas de células

musculares lisas. A adventícia, camada mais externa do vaso, separada da

média pela lâmina elástica externa, não se encontra representada. Quando

o endotélio se torna inflamado, expressa moléculas de adesão que se ligam

a sítios específicos nos leucócitos. Selectinas medeiam a interação dos

leucócitos com o endotélio inflamado e as integrinas promovem firme

adesão. As quimocinas expressas no ateroma promovem um estímulo

quimiotático que favorece a diapedese e a migração dos leucócitos para

dentro da camada íntima, onde se alojam e dividem 16.

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Figura 2-Progressão da aterosclerose: Linfócitos T unem-se

aos macrófagos na íntima durante esta fase. Estas células, bem como as

células da parede dos vasos sangüíneos locais, secretam citocinas e fatores

de crescimento que promovem a migração e a proliferação de células

musculares lisas. As células musculares lisas da camada média expressam

enzimas especializadas que degradam a elastina e o colágeno em resposta

aos estímulos inflamatórios. Esta degradação da matriz extracelular arterial

permite a penetração das células musculares lisas pela lâmina elástica e

matriz colagenosa da placa em crescimento16.

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Figura 3-Complicação Trombótica da Aterosclerose:

Mediadores inflamatórios podem inibir a síntese de colágeno e promover a

expressão de colagenases pelas “foam cells” na íntima. Esta alteração

diminui o conteúdo de colágeno na capa fibrosa, tornando-a frágil, bastante

suscetível à ruptura. Paralelamente, a expressão do fator tissular pró-

coagulante é estimulada pelos linfócitos T e outros tipos celulares presentes

na lesão. Assim, quando se rompe a cápsula fibrosa, como ilustrado acima,

o fator tissular induzido pela sinalização inflamatória desencadeia a

formação do trombo, causador de complicações agudas da aterosclerose.

Clinicamente, este evento pode se traduzir em uma síndrome coronariana

aguda 16.

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1.2- Aterosclerose e o Rim

“Examine me, O Lord, and proue me; try my reines and my heart’’.

Esta frase da Bíblia poderia nos fazer supor que a idéia de relacionar

rins e sistema cardiovascular remonta da era pré-cristã. Na ocasião, no

entanto, os rins, como o coração, eram vistos como sítios da alma ou

consciência 17, tornando pouco provável que a relação entre coração e

insuficiência renal já fosse apreciada.

A elevada proporção de óbitos por doença coronariana em pacientes

submetidos à hemodiálise foi primeiramente mostrada por Lindner e col. em

1974 18 sugerindo, portanto, uma relação entre a patologia renal e a

cardiovascular. Na época, pensava-se que a elevada prevalência dos

clássicos fatores de risco cardiovascular fosse a única explicação para a

referida associação.

Hoje, sabe-se que a aterosclerose está freqüentemente associada à

doença renal 19 ou sua disfunção 20, e que há fatores patogênicos

específicos da doença renal que aceleram a aterogênese, tanto na uremia

quanto em estágios precoces da insuficiência renal 21.

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A principal causa de morbidade e mortalidade nos pacientes com

insuficiência renal crônica em estágio avançado é a doença aterosclerótica.

Os fatores de risco tradicionais para a aterosclerose incluem diabetes,

hipertensão arterial, dislipidemia, obesidade, tabagismo, idade avançada e

história familiar. Dentre estes, a obesidade tem papel de destaque,

porquanto sua crescente prevalência vem expor o indivíduo obeso à co-

morbidades a ela relacionadas.

A obesidade é um fator de risco para perda progressiva de função

renal em nefropatas e em obesos sem outras patologias. Remontam da

década de 1970 estudos epidemiológicos correlacionando positivamente

peso corporal e pressão arterial 22 23. O ganho de peso eleva a pressão

arterial em humanos bem como em animais de experimentação, da mesma

forma que a redução do peso leva a pressão sanguínea a níveis

correspondentemente mais baixos 24-26. A obesidade pode levar à

hipertensão por aumentar a reabsorção tubular de sódio, impedir a

natriurese pressórica, induzir expansão de volume e promover a

compressão dos rins por tecido gorduroso. Além disto, diabetes e alterações

lipídicas são características freqüentes na obesidade, levando à

aterosclerose que representa um dano a mais na função renal.

Paralelamente, a hipercolesterolemia é um fator reconhecido de risco

cardiovascular que, não só acompanha como agrava a doença renal, esteja

ela em estágio precoce ou avançado 27. A maior parte dos lipídios

depositados nas lesões ateroscleróticas é derivada das LDL. Elas penetram

na íntima vascular através do endotélio lesado ou disfuncional. Em modelos

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animais, as alterações no metabolismo lipídico e em suas ações levam à

ativação e infiltração renal por macrófagos, resultando em dano túbulo-

intersticial e injúria celular.

Sendo assim, obesidade e/ou dislipidemia podem gerar transtornos

renais, tanto do ponto de vista funcional quanto estrutural, não diretamente

relacionados ao processo de aterosclerose 27 28. Tais alterações constituem

um espectro que vai desde glomerulomegalia com ou sem

glomeruloesclerose segmentar ou focal, à nefropatia diabética,

nefrocarcinoma e nefrolitíase 29. O primeiro sinal de comprometimento renal

é microalbuminúria ou proteinúria franca, em particular na presença de

hipertensão 29.

Henegar e cols. mostraram mudanças glomerulares no que diz

respeito ao tamanho, tão precocemente quanto sete semanas após dieta

rica em gorduras 30. Estas alterações traduziram-se em expansão da

cápsula de Bowman, proliferação celular, espessamento da membrana

basal tubular e glomerular e aumento da matriz mesangial. Ou seja, a maior

parte destas alterações ocorre na substância geleificada que preenche o

espaço extracelular nos tecidos dos animais multicelulares, mantendo

unidas as células de um tecido e fornecendo uma via porosa para difusão de

nutrientes e de oxigênio para as células individuais. Falamos, portanto, da

substância fundamental ou matriz extracelular.

A matriz extracelular é composta por proteínas fibrosas

interconectadas, tais como colágeno, elastina, fibronectina e laminina, além

de uma rede de heteropolissacarídeos, os glicosaminoglicanos (GAGs).

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11

2-GLICOSAMINOGLICANOS:

2.1 Aspectos Gerais:

O estudo dos GAGs teve início no começo do século XX com a

investigação do condroitim sulfato (CS) de cartilagens e preparações de

heparina. No período de 1930 a 1950, houve grandes avanços no estudo da

estrutura química dos polissacarídeos, especialmente com a descrição das

estruturas do ácido hialurônico (AH), dermatam sulfato (DS) e diferentes

formas isoméricas do CS. Esses polissacarídeos foram chamados

inicialmente de mucopolissacarídeos e, depois, receberam a denominação

de glicosaminoglicanos. Os GAGs são uma família de polímeros lineares

compostos por unidades dissacarídicas repetitivas. Um dos

monossacarídeos que compõem os dissacarídeos é sempre a N-

acetilglucosamina ou N-acetilgalactosamina; o outro, na maioria dos casos,

é um ácido hexurônico, podendo ser ácido D-glucurônico ou ácido L-

idurônico31 ou então uma galactose. Os glicosaminoglicanos diferem entre si

quanto ao grau e posição de sulfatação, assim como quanto ao tipo de

ligação glicosídica. Portanto, de acordo com o tipo de unidade dissacarídica,

os glicosaminoglicanos podem ser divididos em vários grupos 32(figura 4).

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Adaptado de Júnior JEG, 2006. Ref32.

Condroitim sulfato(CS)

Figura 4: Principais unidades constituintes dos glicosaminoglicanos dos vertebrados.

Condroitim sulfato (CS) Dermatam sulfato (DS)

Heparam sulfato (HS) Ácido Hialurônico (AH)

Heparina (HP) Queratam sulfato (QS)

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13

Os GAGs são componentes essenciais da matriz extracelular,

podendo ser encontrados na superfície celular e em grânulos intracelulares.

Com exceção do AH, todos os outros GAGs são sintetizados como

proteoglicanos33. Nestas macromoléculas, as cadeias de

glicosaminoglicanos encontram-se ligadas covalentemente a um esqueleto

protéico. Os proteoglicanos estão presentes em todos os tecidos animais e

são produzidos pela maioria dos tipos celulares.

Os principais GAGs encontrados nos mamíferos são o condroitim

sulfato, o dermatam sulfato, queratam sulfato, heparam sulfato, heparina e

ácido hialurônico. Apresentam diferenças entre si quanto à composição

química, grau de sulfatação e peso molecular.

O CS e o DS apresentam dissacarídeos formados por resíduos de N-

acetilgalactosamina e ácido hexurônico. Por definição, o condroitim sulfato

contém ácido glucurônico como o único ácido hexurônico componente; por

outro lado, qualquer glucosaminoglicano com quantidades detectáveis de

ácido idurônico é considerado DS 34.

A heparina e o HS compartilham a mesma estrutura básica,

composta por resíduos de N-acetilglucosamina e ácido urônico. A distinção

entre eles se dá pelo grau de sulfatação e concentração de resíduos

glucosamina N-sulfatados. Desta forma, a heparina apresenta mais de 80%

dos seus resíduos de glucosamina N-sulfatados e um alto grau de

sulfatação, enquanto o HS possui maior proporção de resíduos de

glucosamina N-sulfatados e menor grau de sulfatação.

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14

O AH é um polissacarídeo tipicamente encontrado em tecido

conjuntivo de vertebrados e é praticamente certo que a maioria das células

destes animais sintetisam ácido hialurônico em algum momento de sua

história natural 31. É o único glicosaminoglicano não-sulfatado, apresentando

maior simplicidade na sua composição estrutural, sendo um polímero

constituído por unidades alternadas de N-acetilglucosamina e ácido

glucurônico 35. A característica que mais o distingüe é sua visco-elasticidade

em estado hidratado, propriedade que varia segundo as circunstâncias. O

hialuronato é um componente fundamental da MEC, sendo o

glicosaminoglicano que mais contribui para suas propriedades estruturais e

funcionais em várias regiões como líquido sinovial, medula renal e partes do

intestino e outros tecidos moles 31.

Finalmente, o queratam sulfato possui uma estrutura dissacarídica

formada por N-acetilglucosamina e D-galactose, ao invés de um ácido

hexurônico.

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2.2 Glicosaminoglicanos e o Rim:

A presença e a distribuição dos diferentes tipos de GAGs nos rins de

variadas espécies animais tem sido motivo de estudo por muitos

investigadores. Em cachorros, Castor e Greene 36 demonstraram que HS

era o GAG de maior concentração no córtex, enquanto que o AH

predominava na medula. Kresse e Grossman 37, por outro lado, relataram

ser o DS o glicosaminoglicano em maior concentração no córtex de

cachorro, rato e porco, enquanto Dicker e Franklin 38 demonstraram apenas

a presença de condroitin sulfato e AH em iguais quantidades no córtex e na

medula de cachorros, porcos e ovelhas. Constantopoulos e Dekaban 39 e

Berenson e Dalferes 40 41 avaliaram a população de GAGs nos rins de

humanos, observando maior concentração de GAGs na medula, sendo o AH

e o HS os principais componentes.

Em rins de coelhos o AH encontra-se na faixa de 93 a 113 µg/g de

tecido renal, 250 µg/g na papila e apenas 4 µg/g na córtex renal 31. Sabe-se

que o AH é o GAG de maior concentração na medula renal 31 predominando

na medula interna 42. No córtex renal, DS e HS preponderam, estando este

em maior quantidade 43.

O heparam encontra-se em maior concentração na membrana basal

glomerular 44 (lâmina basal das células endoteliais). Porém, em disfunções

da barreira de filtração glomerular que caracterizam algumas situações

patológicas, como Diabetes Mellitus e Síndrome nefrótica congênita,

apresenta-se em quantidade reduzida 45. Assim, as alterações de

concentração do heparam na MBG foram implicadas na albuminúria como

Figura 4- Principais Unidades Constituintes dos Glicosaminoglicanos dos

Vrtebrados

Figura 4- Principais Unidades Constituintes dos GAGs de Vertebrados

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um marcador de filtração sangüínea anormal e subseqüente progressão de

doença renal 46. Mas este conceito vem sendo revisto 47-50.

2.3-Glicosaminoglicanos, Aterosclerose e Rim

A dislipidemia freqüentemente acompanha e agrava a doença renal

avançada 27, sendo a hipercolesterolemia um fator de risco para

aterosclerose precoce, levando à disfunção renal, inflamação e fibrose,

parcialmente mediadas por aumento do estresse oxidativo 51 52. A

repercussão renal da hiperlipidemia, associada ou não à obesidade,

evidencia-se nas alterações glomerulares com expansão mesangial e

esclerose glomerular 53. O estresse oxidativo contribui para o dano renal

nesta situação aumentando a geração de espécies reativas de oxigênio

(EROS) e as moléculas de LDL oxidadas. Observa-se aumento de LDL-

oxidada circulante em animais hipercolesterolêmicos 54 e aumento da

expressão dos receptores específicos para LDL oxidada 52.

A hipercolesterolemia modula as vias envolvidas no processo de

remodelação tissular, incluindo síntese, deposição e remoção de MEC.

Neste contexto, as metaloproteinases (MMP) de matriz, que têm papel de

preservar o rim danificado, são produzidas em menor quantidade. Como

conseqüência, há uma tendência à fibrose nos rins de animais

hipercolesterolêmicos. Por outro lado, o dano renal pode ser prevenido ou

revertido controlando a dislipidemia e normalizando a dieta 54.

Trabalhos realizados em coelhos fêmea sob dieta rica em gorduras

mostraram aspectos interessantes na composição de glicosaminoglicanos,

com ênfase nas alterações de ácido hialurônico na medula renal 30,

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mostrando maior concentração de AH na medula interna dos coelhos

obesos quando comparados aos coelhos magros.

Rins de porcos submetidos à dieta rica em gorduras por seis

semanas mostraram acúmulo de células inflamatórias CD-3+ e ED-1+, mais

evidentes no córtex. Também aumento de fibrose cortical perivascular e

tubulointersticial, porém não glomeruloesclerose 54.

Este estudo visa investigar as alterações renais precoces em

animais dislipidêmicos, utilizando um modelo de hipercolesterolemia em

coelhos. Nosso objetivo é analisar a composição e a concentração de

glicosaminoglicanos no tecido renal, bem como as alterações glomerulares

observadas após oito semanas de dieta rica em gorduras.

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II-OBJETIVOS:

1-OBJETIVO GERAL:

Avaliar as alterações histológicas e bioquímicas iniciais associadas

ao estado de hipercolesterolemia em coelhos.

2-OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

2.1-Caracterizar histologicamente o rim dos coelhos submetidos à

dieta rica em gordura.

2.2-Caracterizar bioquimicamente a população de glicosaminoglicanos

em tecido renal de coelhos submetidos à dieta hipercolesterolêmica e

normal por oito semanas.

2.2.1-Quantificar o conteúdo total de GAGs.

2.2.2-Quantificar, em cada grupo, o conteúdo de GAGs sulfatados e

não-sulfatados.

2.2.3-Avaliar, em cada grupo, a densidade das populações de

GAGs encontradas.

2.2.4-Comparar o conteúdo de colágeno presente nos rins dos dois

grupos.

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III-MATERIAIS E MÉTODOS

Todos os procedimentos que envolveram a manipulação animal

foram executados em consonância com as normas do Colégio Brasileiro de

Experimentação Animal (1991).

1-PROTOCOLO DO ESTUDO

Doze coelhos da raça New Zeland, machos, brancos, pesando entre

2,5 e 2,9Kg, foram mantidos em gaiolas regulares por oito semanas e

tratados de acordo com o seguinte protocolo: (1) Dieta normal, consistindo

de ração para coelhos (n=6); (2) dieta hipercolesterolêmica (n=6),

consistindo de preparação contendo 2700g de dieta regular para coelho;

150g de óleo de soja; 150g de banha; 25g de colesterol (Vetec Química Fina

Ltda., Duque de Caxias, RJ), ambas oferecidas ad libitum.

Foram monitorados no tempo zero (início da dieta) e após oito

semanas o peso do animal e os níveis séricos de colesterol total,

triglicerídeos, glicose, uréia e creatinina. Por motivos técnicos, o sangue

colhido de um dos animais não pôde ser aproveitado.

Seis animais de cada grupo foram sacrificados ao final das oito

semanas, após anestesia com pentobarbital (200 mg IV) pela veia marginal

da orelha. A cavidade abdominal foi aberta e, após exposição dos rins, estes

foram retirados. Um dos rins foi imerso em acetona (10 v) para análise dos

glicosaminoglicanos e dosagem de hidroxiprolina; o outro foi destinado à

análise histológica.

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2-Análise Histológica

2.1-Estudo Morfológico

O rim foi cortado longitudinalmente em duas metades. Cada uma

delas, após corte transversal, foi imersa em solução fixadora – solução de

Gendre - por seis horas e, em seguida, imersa em formaldeído a 10%

tamponado, por mais 16 horas. Os fragmentos de rim foram desidratados

em soluções crescentes de etanol e clarificados em xilol. Após, foram

embebidos e emblocados em parafina, sendo posteriormente submetidos à

microtomia (6 µm de espessura). As secções de rim foram coradas pela

hematoxilina-eosina (HE), pela técnica do PAS (ácido periódico-reativo de

Schiff) e pelo Sirius red modificado para microscopia confocal 55. A

avaliação morfológica consistiu de um estudo descritivo levando-se em

consideração modificações da arquitetura renal, em particular da estrutura

glomerular (tamanho, celularidade, espessura das alças capilares e

alargamento do eixo mesangial), da presença de glomérulos escleróticos, do

interstício renal (alargamento, presença de inflamação e fibrose) e dos

vasos arteriais e arteriolares (espessamento da parede por proliferação da

camada muscular ou esclerose intimal). As lâminas foram avaliadas por

dois observadores.

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2.2-Dados Histomorfométricos

Para o estudo histomorfométrico foram capturadas imagens dos

cortes histológicos do rim dos animais corados pela HE através de câmara

fotográfica digital Evolution VF (Media Cybernetics, Silver Spring, USA)

acoplada a um microscópio óptico Eclipse E800 (Nikon, Japan) e a um

computador. As quantificações foram feitas nas imagens obtidas (20048 x

1536 pixels) usando o sistema de análise de imagens IMAGE PROPLUS

4.5.1 (Media Cybernetics).

2.2.1-Celularidade Glomerular

As imagens histológicas foram capturadas usando a lente objetiva

com aumento de 40x sendo capturadas imagens aleatórias de campos

contendo glomérulos, num total de 20 campos por animal. Foram contados

todos os núcleos das células existentes no tufo glomerular. O resultado foi

expresso como a média de células/ glomérulo/ animal.

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3-Análise Bioquímica

3.1-Extração e Análise Quantitativa dos Glicosaminoglicanos

Os fragmentos de rim imersos em acetona foram mantidos por 24 h a

4°C. Após este período foram secos em ar ambiente, pesados e hidratados

por 24 h a 4°C em tampão de digestão (acetato de sódio 100 mM, cisteína

5mM, EDTA bissódico 5mM, pH 5,0). Depois deste período foi adicionada

papaína (quantidade) (10% do peso seco do rim) e o material incubado por

mais 24 h a 60° C em banho-maria e em constante movimento. A mistura de

incubação foi centrifugada por 20 min (3.500 rpm em uma centrífuga clínica

modelo LS-II) e o sobrenadante foi precipitado com etanol e mantido a 4°C

por 24 h. Após este período, o material foi novamente centrifugado e o

precipitado dissolvido em uma solução de DNAse 5mg/ml de PBS com Mg

por mais 24h a 37°C. Uma nova centrifugação foi realizada e o

sobrenadante precipitado com cloreto de cetilpiridina (CPC) 10%, mantido

em temperatura ambiente. Após pelo menos 24 h o resultante de todo o

procedimento descrito foi centrifugado mais uma vez e o precipitado lavado

com CPC 0,05%, sendo posteriormente dissolvido com uma solução de

NaCl 2M : etanol absoluto. Após 24 horas, o precipitado foi lavado com

etanol 80% por duas vezes, e em seguida, com etanol absoluto. Os

polissacarídeos obtidos foram, então, secos a vácuo e dissolvidos em água

destilada para posterior dosagem do conteúdo de ácido hexurônico através

da reação de carbazol 56.

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3.2 -Eletroforese em Gel de Agarose

Alíquotas dos polissacarídeos foram aplicadas em gel de agarose a

0,5% em tampão 1,3 diaminopropano:acetato de sódio 50mM (pH 9,0), que

foi submetido a uma corrida em cuba horizontal a 100 V por 1 h 57. Ao final,

os polissacarídeos foram precipitados com Cetavlon 0,1% e corados com

azul de toluidina 0,1% e ácido acético:etanol:água (0,1:5;5v/v). As

proporções relativas dos glicosaminoglicanos foram estimadas por análise

densitométrica das bandas metacromáticas utilizando um densitômetro (Bio-

Rad, USA).

3.3-Cromatografia de Troca Iônica

As amostras dos glicosaminoglicanos obtidos dos rins foram

aplicadas a uma coluna Mono Q (HR 5/5; Amersham Biosciences, Inc.),

acoplada a um sistema FPLC e equilibrada com tampão Tris HCl (pH 8,0).

Foram eluídas no mesmo tampão, em um gradiente linear de NaCl 0-2,0 M,

com um fluxo de 0,5 ml/min. Frações de 0,5 ml foram coletadas e analisadas

por metacromasia 58 e dosagem de ácido hexurônico.

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3.4-Determinação de Hidroxiprolina

A quantidade de hidroxiprolina no tecido renal foi mensurada pelo

m´todo de Stegemann e Stalder modificado59.

As amostras imersas em acetona, após secagem, foram submetidas

a uma hidrólise ácida e, em seguida, incubadas com cloramina e uma

solução de ácido perclórico e aldeído. Em seguida, as amostras foram lidas

com absorbância 570 nm.

IV-ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os dados são apresentados como Média ± DP ( DPX ), Mediana

seguida do valor mínimo e do valor máximo (MED [Min-Max]) ou

porcentagem,conforme necessário em tabelas e gráficos. Para análise foram

usados os testes t de Student pareado e não pareado (testes paramétricos),

o teste de Mann Whitney e o de Wilcoxon (testes não paramétricos) e teste

X². Um valor de p menor que 0,05 foi considerado estatisticamente

significativo.

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V-RESULTADOS

1-Dados Clínicos e Laboratoriais

A tabela 1 mostra os parâmetros laboratoriais e pesos obtidos à

admissão e após oito semanas de dieta, respectivamente, nos grupos

estudados.

Observa-se que as diferenças encontradas em relação aos valores

de triglicerídeos, glicose, uréia e creatinina não se mostraram de

significância estatística, tanto no tempo zero quantos ao final da oitava

semana (término da avaliação).

O peso dos animais também foi um parâmetro cuja variação não

apresentou significado estatístico ao compararmos o grupo de coelhos

normais com o grupo submetido à dieta hiperlipemiante.

Os únicos dados estatisticamente relevantes encontrados em nossa

avaliação foram os do colesterol plasmático e da glicemia. Não houve

diferença entre os grupos no tempo zero. Após oito semanas, o grupo com

dieta hipercolesterolêmica apresentou significante diferença destes

parâmetros em relação ao tempo zero e, também, ao grupo controle.

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Tabela1-Parâmetros laboratoriais e pesos dos coelhos controle e submetidos à dieta hipercolesterolêmica, à admissão e após oito semanas. Os valores representam média ± desvio padrão.

NS: não significativo. Os valores de p (teste T pareado) referem-se aos valores pré vs pós dieta.

Variáveis Grupos Pré dieta Pós dieta Valor de P

Peso (g)

Controle(n=5)

HC (n=6)

1883 ± 366

2240 ± 392

2493 ± 450

2755 ± 607

NS

NS

Colesterol

(mg/dl)

Controle(n=5)

HC (n=6)

79,2 ± 27,0

84,6 ± 46,6

60,5 ± 24,7

1406,6 ± 1025,2*

NS

0,02

Triglicerídeos

(mg/dl)

Controle(n=5)

HC (n=6)

49 ± 24,3

119,0 ± 122,0

75,5 ± 12,0

524,0 ± 551,0

NS

NS

Glicose (mg/dl)

Normal (n=5)

HC (n=6)

102,0 ± 19,7

106,6 ± 24,3

128,5 ± 21,9

202,8 ± 80,8*

NS

0,03

Uréia (mg/dl)

Normal (n=5)

HC (n=6)

42,0 ± 18,4

30,4 ± 10,6

49,5 ± 12,0

33,8 ± 9,0

NS

NS

Creatinina

(mg/dl)

Normal (n=5)

HC (n=6)

1,0 ± 0,2

0,7 ± 0,4

1,1 ± 0,1

1,2 ± 0,1

NS

NS

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2-Análise Histológica

2.1-Estudo Morfológico (descritivo)

Os rins dos coelhos do grupo controle apresentavam as arquiteturas

cortical e medular preservadas (figura 5/1 e 5/2). Na coloração pelo PAS não

foram observadas nem alterações do eixo mesangial nem das membranas

basais dos capilares glomerulares ou tubulares (dados não mostrados). As

arteríolas existentes apresentavam paredes finas (figura 5/3). A coloração

pelo Sirius red evidenciou colágeno, corado em vermelho, localizado ao

redor dos túbulos e cápsula de Bowman (figura 5/4).

Os rins dos animais tratados com dieta hipercolesterolêmica

exibiram, igualmente, preservação das arquiteturas cortical e medular

(figuras 6/5, 6/7 e figura 7/9), quando comparados aos do grupo controle.

Por vezes, os glomérulos apresentaram alargamento do eixo-mesangial

(figura 6/6) ou aumento do espaço urinário (figura 6/7). Não houve

modificação da celularidade glomerular ou da espessura das alças capilares

(figura 6/5 e 6/8). O interstício se mostrou discretamente alargado por

edema e com leve infiltrado inflamatório mononuclear (macrófagos), de

distribuição multifocal (figura 7/9). Na região peri-hilar notaram-se focos de

infiltrado linfocitário (figura 7/10). Os túbulos se mostraram discretamente

tumefeitos (figura 7/10 e 7/11). O padrão de deposição de colágeno foi

semelhante ao normal, exceto em raras zonas perivasculares (figura 7/12).

As artetríolas se mostraram levemente espessadas em virtude da

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proliferação da camada muscular (figura 6/8 e figura 5/11 e figura 8/13).

Notou-se moderada esclerose intimal em artéria de médio calibre (figura

8/14).

Figura 5. Aspectos histomorfológicos de animais do grupo

controle.1)Aspecto da cortical de animal do grupo controle.

HE. Aumento x 400.2) Aspecto da medular de animal do grupo controle .HE.

Aumento x 200. 3) Veia e artéria de pequeno calibre de animal do grupo

controle. HE. Aumento x 400. 4) Trama de colágeno (seta) na cortical de

animal do grupo controle. Sirius red. Aumento x 400.

1 4

1 2

3 4

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Figura 6. Aspectos histomorfológicos de animais do grupo

hipercolesterolêmico. 5) Aspecto da cortical de animal submetido à dieta

hipercolesterolêmica. HE. Aumento x 400. 6) Discreto aumento do eixo

mesangial em animal do grupo hipercolesterolêmico. PAS. Aumento x 200.

7) Glomérulo isquêmico em rim de animal hipercolesterolêmico. HE.

Aumento x100. 8) Discreto espessamento de arteríola em animal

hipercolesterolêmico. HE. Aumento x 400.

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Figura 7. Outros aspectos histomorfológicos de animais do grupo

hipercolesterolêmico. 9) Aspecto da medular de animal

hipercolesterolêmico. HE Aumento.x400. 10) Infiltrado inflamatório no

interstício renal de animal hipercolesterolêmico.HE. Aumento x 200. 11)

Espessamento da arteríola em animal hipercolesterolêmico. HE. Aumento x

400. 12) Coloração para colágeno evidenciando fibras espessas em eixo

peri-vascular. Sirius red .Aumento x 400.

9 10

11 12

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Figura 8. Aspectos morfológicos vasculares de animais

hipercolesterolêmicos. 13) Arteríola com parede espessada às

custas de proliferação da camada muscular em animal

hipercolesterolêmico. HE. Aumento x 400. 14) Parede de artéria de

médio calibre no hilo renal apresentando esclerose intimal. PAS.

Aumento x 100.

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2.2-Dados Histomorfométricos

2.2.2-Celularidade Glomerular

Não houve diferença estatisticamente significativa em relação à

celularidade glomerular quando comparados o grupo controle e o grupo

hipercolesterolêmico, como se evidencia no gráfico 1.

Gráfico 1: Celularidade glomerular dos rins dos coelhos controle e

hipercolesterolêmicos, representada como mediana, valor mínimo e valor

máximo.

Controle Hipercolesterolemia

0 1 2 3

Célu

las/g

lom

éru

lo

0

20

40

60

80

100

p = 0,73

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33

3-Análise Bioquímica

3.1-Extração e Dosagem de GAG Total:

Após extração e dosagem da população de GAGs dos rins

estudados, observou-se que o conteúdo total de GAG após as oito semanas

de observação foi de 210[143-266] ng/mg de tecido e 744,5[423-1067]

ng/mg de tecido, respectivamente no grupo submetido à dieta

hipercolesterolêmica e no grupo controle. A diferença entre ambos se

mostrou estatisticamente significativa (p=0,016 vs grupo controle).

Gráfico 2: Quantificação dos GAGs no rim de coelhos controle e

hipercolesterolêmicos. Resultados expressos como mediana, valores

máximo e mínimo (ng de ácido hexurônico/ mg peso seco).

GAG Total

Controle Hipercolesterolêmico

0 1 2 3

ng H

ex.

Ac./

mg

te

c.s

eco

0

200

400

600

800

1000

1200

p= 0,016 vs grupo normal.

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34

3.2-Eletroforese em Gel de Agarose/ Análise Densitométrica:

O material de GAGs obtidos dos rins de coelhos foi avaliado quanto

ao peso molecular a partir de corrida em gel de agarose com o objetivo de

confirmar a natureza dos GAGs presentes em nosso material. Assim, foram

feitas eletroforeses de diversas amostras. Inicialmente aplicamos a amostra

submetida a nenhum tratamento enzimático. Em seguida, tratamento com

ácido nitroso, que digere HS, e com condroitinase ABC, que degrada CS e

DS. O experimento confirmou que os GAGs avaliados se tratavam

realmente de HS, CS e HS, como se observa na figura 9.

1) 2)

Figura 9.Gel de agarose dos glicosaminoglicanos. 1)Animais

do grupo controle. 2) Animais do grupo hipercolesterolemia.

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35

A tabela nos mostra que, ao final do estudo, não houve diferença

significativa entre as sub-populações de GAGs sulfatados intra grupos.

Tabela 2: Composição dos GAGs sulfatados ao final do estudo.

Controle

(%)

Hipercolesterolêmico

(%)

Heparan

Sulfato

49,06 ± 3.91¹ 51,6 ± 3,8

CS+ DS 50.3 ± 3.7 48.2 ± 3.4

Valor de p NS NS

¹= Média±Desvio Padrão.

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36

3.3-Cromatografia de Troca Iônica:

Foram aplicados a uma coluna Mono Q um pool de material (GAG

total) obtido de coelhos controle e outro de hipercolesterolêmicos. Os

resultados obtidos, que podem ser observados no gráfico 3, revelam,

basicamente, dois picos de eluição em ambos os grupos.

Notamos que a população de ácido hialurônico (primeiro pico mais

bem observado) eluiu na mesma concentração de sal nos dois grupos. O

segundo pico, no entanto, se dá em concentrações maiores e distintas para

os dois grupos. Esta é a população de GAGs com maior densidade de carga

negativa, portanto GAGs sulfatados. Assim, quando comparamos as duas

curvas, notamos um claro predomínio de GAGs sulfatados.

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37

Gráfico 3: Cromatografia de troca iônica em Mono Q (FPLC) dos

GAGs extraídos de rins de coelhos, mostrando as curvas obtidas do grupo

controle e do grupo submetido à dieta hipercolesterolêmica.

20 40 60 80 100

0,2

0,15

0,1

0,05

0

Abs

525 n

m

Hipercolesterolêmico Controle

Rim coelho – pool

Hipercolesterolêmico e Controle

Conce

ntr

ação

de

NaC

l

(m

ola

r)

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Tabela 3: Composição média das sub-populações de GAGs ao final do

estudo, expressos em ng/mg de tecido seco de rim.

A tabela mostra os valores encontrados de GAGs totais, GAGs

sulfatados e GAGs não sulfatados nos dois grupos estudados. Pode-se

observar que os valores dos GAGs totais estão significativamente

diminuídos no grupo hipercolesterolêmico (p<0,05, teste T), e que o valor

relativo dos GAGs sulfatados se revelou bem menor no grupo que recebeu a

dieta hiperlipêmica (p<0,01, X²).

Controle

Hipercolesterolêmico

sulfatados 670 167,79

não sulfatados 74,5 42,21

total 744,5 210

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39

3.4-Avaliação do Conteúdo de Colágeno pela Quantificação de

Hidroxiprolina:

O conteúdo de colágeno, avaliado pela dosagem de hidroxiprolina em

µg/mg de tecido seco de rim, foi de 1,483±0,59 para o grupo controle e de

1,570±0,42 para o grupo hipercolesterolêmico. Tais resultados, comparados

os dois grupos em estudo, não se mostraram com diferença estatisticamente

significativa, como se verifica no gráfico 4.

Gráfico 4: Conteúdo de hidroxiprolina nos rins de coelhos dos grupos

normal e hipercolesterolêmico.

Hidroxiprolina

Controle Hipercolesterolemia

1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

H

O-P

ro(µ

g)/

Pes

o s

eco(m

g)

Hidroxiprolina

Controle Hipercolesterolemia

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VI-DISCUSSÃO

A íntima relação entre GAG, aterosclerose e rim tem norteado as

pesquisas ao longo dos últimos anos. A aterosclerose é doença inflamatória

crônica que acomete a camada íntima arterial. No homem está associada a

outros estados de perturbação da saúde com os quais estabelece ora uma

relação de causa, ora de efeito. A importância de não somente reconhecer a

existência mas, acima de tudo, conhecer as alterações que esta entidade

clínica provoca na homeostase do organismo, tem implicação na morbidade

e na mortalidade da população. Procuramos investigar, em um modelo de

aterosclerose em coelho, como a hipercolesterolemia modifica a composição

dos GAGs e a histologia do tecido renal, assim interferindo no processo

aterogênico.

Foi observado que, apesar de os nossos animais terem recebido

uma dieta hipercolesterolêmica ad libitum e terem se apresentado com peso

corporal maior do que o inicial ao final das oito semanas, tal variação não

foi significativa. Portanto, embora nossos animais devam ser chamados de

não obesos, contam com os efeitos da dieta à qual foram submetidos, uma

vez que desenvolveram significativa hipercolesterolemia.

Sabe-se que coelhos alimentados com dieta rica em colesterol

desenvolvem rapidamente (três a seis semanas) lesões arteriais que

compartilham características semelhantes às placas de gordura encontradas

nos seres humanos 60. Em nosso estudo, a análise histológica dos rins não

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encontrou modificações grosseiras na estrutura das artérias e arteríolas,

apenas algumas áreas de espessamento arteriolar. Igualmente, as artérias

renais não apresentavam placas ateromatosas no momento do sacrifício do

coelho embora houvesse lesões na aorta dos animais (dados não

apresentados).

Os GAGs subendoteliais são sabidamente responsáveis pela

retenção de LDL na camada íntima arterial , sendo este um passo

fundamental no estágio inicial da aterosclerose 13. Além disto, a quantidade

e a composição dos GAGs podem sofrer alterações à medida em que as

lesões ateroscleróticas se desenvolvem 61. Em 2007, Tovar e cols. 62

demonstraram que coelhos alimentados com dieta hiperlipemiante por 8

semanas surpreendentemente apresentavam menor interação das

moléculas de LDL com os GAGs extraídos de suas aortas. Embora o

conteúdo e a composição destas moléculas não tenha se mostrado diferente

entre o grupo hipercolesterolêmico e o normal, foi observada a ocorrência de

cadeias de GAGs de tamanho reduzido, o que poderia explicar a menor

interação 62. A literatura nos mostra que a distribuição renal dos GAGs tem

sido estudada ao longo de décadas, sobretudo em modelos experimentais.

Já é consenso que o ácido hialurônico predomina na medula renal 63,

sobretudo na medula interna 42, e que o heparan sulfato está presente em

maior quantidade na membrana basal glomerular 44 64-68. Em nosso trabalho,

verificamos redução significativa no conteúdo total de GAGs extraídos dos

rins dos coelhos do grupo hipercolesterolêmico. Esta redução foi às custas

dos GAGs sulfatados, como se pode ver pela observação do gráfico 3. Note-

se que os GAGs sulfatados experimentaram redução uniforme nos dois

grupos, ou seja, não houve predomínio entre as subpopulações (HS e CS e

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DS), como se verifica na tabela 2. Em trabalho com ratos diabéticos,

Karasawa encontrou aumento transitório no CS na MBG enquanto o HS

diminuiu em 10 meses de diabetes. Por outro lado, estudos utilizando

técnicas bioquímicas para quantificar o conteúdo de GAGs de rins humanos

obtidos em necrópsia demonstraram que a MBG de pacientes diabéticos

continha menos GAG que a dos rins dos não-diabéticos 69. Como os nossos

coelhos hipercolesterolêmicos desenvolveram elevação significativa da

glicemia, podendo ser classificados como diabéticos, poderiam estar

exibindo alterações bioquímicas compatíveis com esta condição. Mas seria

a redução de GAGs sulfatados na MBG, associada ao estado de

hiperglicemia, suficiente para explicar uma redução tão intensa nos GAGs

totais? Achamos que não. Sem dúvida, as alterações matabólicas impostas

pela dieta hiperlipêmica foram responsáveis ou por uma redução na síntese

de GAGs sulfatados ou por sua maior destruição. Um aspecto interessante

de ser estudado é como se comporta a biodisponibilidade das enzimas

envolvidas na biossíntese dos GAGs arteriais nos coelhos alimentados com

dieta hipercolesterolêmica. Por outro lado, enzimas relacionadas com o

processo de degradação das glicosaminoglicanas, como a hialuronidase,

podem apresentar atividade exacerbada nos rins dos animais

hiperlipêmicos, uma vez que eles possuem menor quantidade de GAGs. As

alterações ateroscleróticas, por sua vez, não nos parecem capazes de

justificar a redução maciça no conteúdo total dos glicosaminoglicanos nem

tampouco a desproporção entre os GAGs sulfatados e não sulfatados pois,

como já mencionado, não se verificaram alterações arteriolares que

pudessem corroborar este achado nem houve esclerose e fibrose

glomerulares significativas.

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43

Em doenças como Diabetes Mellitus ou em situações de

hipercolesterolemia está estabelecida a presença de albuminúria, com

trabalhos demonstrando redução de heparan sulfato na matriz intersticial e

na membrana basal glomerular 45 70 nestas situações. Esta redução na

concentração de heparan sulfato na membrana basal foi associada à

fisiopatologia da albuminúria do Diabetes Mellitus e de outras

glomerulopatias caracterizadas por proteinúria como, por exemplo, a

Síndrome Nefrótica Congênita 45 70 71, na medida em que atuam nas

propriedades de seletividade por carga da parede capilar glomerular. Mais

recentemente, no entanto, dados têm demonstrado que as alterações no

heparam sulfato, tanto em sua estrutura como em sua quantidade, podem

não ser um fator na gênese da proteinúria 48 49. Tal fato pode ser importante

mas não foi estudado por nós, já que desenvolvemos um modelo

primariamnete de hipercolesterolemia, tentando correlacionar com a

histologia, não avaliando proteinúria e nem a excreção urinária dos GAGs.

Modelos animais têm demonstrado claramente a relação causal

entre dislipidemia e injúria glomerular que podem levar à

glomeruloesclerose72-75. Henegar demonstrou que a principal característica

glomerular de cães obesos submetidos a 7-9 semanas de dieta

hiperlipemiante foi um aumento marcante no espaço de Bowman 30. Da

mesma forma, encontramos em nosso trabalho aumento do tamanho

glomerular (mais às custas da expansão da cápsula de Bowman que do

aumento celular glomerular, como visto no gráfico 1). Já no trabalho de

Henagar foi observado um aumento na proliferação das células

glomerulares por método de imuno-histoquímica para detecção de antígeno

nuclear de proliferação celular (PCNA), aumento de matriz mesangial,

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espessamento da membrana basal glomerular e expressão aumentada do

fator β transformador do crescimento (TGF-β) 30. Em nosso trabalho, não

observamos diferença estatisticamente significativa entre o número de

células glomerulares nos grupos estudados mas observamos discreto

alargamento do interstício renal por edema e infiltrado mononuclear leve

(macrófagos), além de túbulos discretamente tumefeitos. Estas alterações

guardam semelhanças entre si mas não se podem comparar nossos

resultados com o trabalho mencionado anteriormente pela diferença das

técnicas empregadas.

Assim, a partir de um modelo de aterosclerose em coelho, pudemos

observar evidente associação entre hipercolesterolemia e a intensa redução

dos GAGs totais do tecido renal. Este achado bioquímico ocorreu em curto

espaço de tempo, em paralelo à discretas alterações histológicas. A

hiperglicemia, por sua vez, embora ausente em outros modelos animais de

hipercolesterolemia que, igualmente, apresentaram as mesmas alterações

histológicas aqui descritas, merece ser considerada. Desta forma, não

podemos afirmar que não tenha havido participação dessa altaração

metabólica para os achados bioquímicos. Afinal, embora o modelo tenha

sido primariamente de aterosclerose com o desenvolvimento subseqüente

de hipercolesterolemia, o achado de hiperglicemia significativa associado

indica que nosso modelo se assemelha a um de síndrome metabólica.

Finalmente, o achado de que a hipercolesterolemia promove menor

interação entre GAG de aorta e LDL colesterol, associado à conclusão de

que o meio hipercolesterolêmico reduz os GAGs presentes no rim, apontam

para a necessidade de verificar a interação de GAG renal e LDL. Será que

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as cadeias de GAG renal estão diminuídas em tamanho? Será que a sua

capacidade de ligação com LDL está reduzida? Será que o tempo de

exposição à dieta hiperlipêmica alteraria o estado dessa interação? E, ainda,

uma intervenção dietética reverteria esta interação? São questões a serem

respondidas com base em achados de trabalhos subseqüentes.

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VII- CONCLUSÃO

Este estudo avaliou as alterações renais precoces em coelhos

submetidos à dieta hiperlipemiante por oito semanas, tendo observado no

grupo de estudo uma redução acentuada no conteúdo total de

glocosaminoglicanos, principalmente à custa dos sulfatados. As alterações

histológicas induzidas pela dieta foram discretas e caracterizaram-se por

diminuição do espaço urinário, discreto alargamento intersticial por infiltrado

mononuclear inflamatório e expansão da cápsula de Bowman, sem

anormalidades do conteúdo renal de colágeno.

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