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8/6/2019 Colaboração: um esforço que recompensa
http://slidepdf.com/reader/full/colaboracao-um-esforco-que-recompensa 1/3
Repensar a Distribuição
Colaboração: um esforço que recompensa
Tulio Bolzoni ([email protected] ), sócio-diretor da GS&MD ± Gouvêade Souza
Muito tem se falado sobre a importância da aproximação dos agentes da
cadeia de abastecimento na perspectiva de otimizar processos, reduzindo
custos e tempos e aumentando a qualidade para, no final, entregar um produto
ou serviço com a maior eficiência possível ao consumidor,que, invariavelmente,
é quem paga a conta de todos os custos acrescidos desde a origem até o
consumo. Ocorre que, também invariavelmente, esse consumidor não faz amenor ideia se seu dinheiro esta sendo empregado para custear processos que
realmente agregam valor ao longo da cadeia ou em que grau está sendo
desperdiçado nas ineficiências entre os elos dessa cadeia.
Obviamente as cadeias de suprimento mais eficientes, sejam
redesdesupermercados, sejam restaurantes, hotéis, hospitais ou mesmo
indústrias, irão permitir custos finais mais competitivos nos seus produtos ou
serviços e, portanto, serão naturalmente eleitas pelos consumidores. Mas nem
sempre essa ³seleção natural´ é efetiva, seja porque os consumidores não têm
tantas opções assim ao seu alcance (mercados menores, falta de tempo nas
grandes cidades), seja porque a ineficiência em determinados mercados é
generalizada o ponto de não permitir distinção no preço ou qualidade final dos
produtos ou serviços oferecidos.
A ineficiência gera custos adicionais, na maior parte do tempo escondidos, pela
incapacidade dos agentes da cadeia trabalhar juntos na melhoria de processos
que irão beneficiar a todos, evitando a necessidade de repassá-los ao
consumidor final.
É muito comum encontrar situações em que o departamento comercial está de
tal maneira desconectado da área de Supply Chain/Logística que acaba por
gerar custos extras no processo de movimentação e armazenagem (cadastro,
geração dos pedidos, transporte, entrega, conferência, tramitação fiscal, etc .),
que poderiam ser facilmente evitados com melhor planejamento e execução.
8/6/2019 Colaboração: um esforço que recompensa
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Vamos a exemplos práticos na indústria de supermercados, que ocorrem todos
os diasna maioria das lojas e Centros de Distribuição do pa ís: uma nova tabela
de preços entra em vigor na indústria e, passados alguns dias, ocorre a
primeira entrega com novos preços. Ao chegar ao destino,o sistema acusa
divergência de preços e a mercadoria é devolvida. Ou seja, a mercadoria foiseparada, carregada num veículo, transportada, descarregada, conferida,
recarregada, transportada, descarregada, conferida e armazenada, e tudo isso
acompanhado da documentação fiscal correspondente (implica em digitação,
registros, estornos, geração de documentos, conciliações, arquivo...). Quanto
custou tudo isso? Ninguém sabe precisar. Quem paga essa conta? Todos
sabem: os clientes!
A depender da cadeia envolvida, os índices de devolução podem chegar a 10%
das entregas. Seja pelo motivo acima descrito, seja por outras razões, comoentregas sem pedido, fora de horário, restrições de trânsito, falta de
agendamento, acondicionamento impróprio da carga, avarias, falta de espaço,
sistemas fora do ar, etc.
E o incrível é perceber que ainda há os que acreditam na existência do ³almoço
grátis´, ou seja, que a culpa é do outro e que, portanto, esses custos extras
serão absorvidos por ele. Já não existe espaço para esse tipo de ingenuidade:
no ³mundo real´, todos esses custos estão embutidos no produto ou serviço. As
indústrias mais organizadas, por sinal,têm uma espécie de contacorrente com
cada cliente, que permite esse³ajuste de contas´ de forma mais justa, sem que
uns paguem pela ineficiência dos outros. O caminhão não descarregou? Põe
na conta!
Esse é apenas um exemplo no qual a colaboração entre os intervenientes nos
processos de abastecimento pode trazer resultados fantásticos, pois não é
concebível que problemas como esses não possam ser evitados com o nível
de tecnologia e as ferramentas de comunicação disponíveis atualmente. Troca
eletrônica de dados para equalização de cadastro, portais de agendamento e o
rastreamento em tempo real permitem saber os diferentes status de um
processo de entrega e, com isso, aumentam o índice de efetividade.
E como nada irá acontecer por obra do acaso, a consequência natural será a
aproximação cada vez maior das equipes envolvidas (indústria, varejo,
transportador, operador logístico, provedor de sistemas) para diagnósticos
8/6/2019 Colaboração: um esforço que recompensa
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dascausas de falhas nos processos e suas soluções. E aqueles que já tiveram
essa experiência certamente já descobriram que com mudanças muito simples
resolvem-se grandes problemas. Como exemplo, compartilhar os itens e
volumes de uma campanha promocional ou do lançamento de um novo produto
e planejar todo o processo em conjunto: desde o cadastro perfeito, previsão dedemanda, fluxo de pedidos, agendamento de entregas e a disponibilidade de
espaço.
Muitas são as oportunidades de colaboração a serem exploradas e que
começaram a ser examinadas e discutidas no Brasil no movimento
ECR(EfficientConsumer Response), cujo nome não poderia ser mais
apropriado, pois, ao colocar a resposta eficiente ao consumidor como objetivo
principal, traduz com exatidão a quem devemos servir e beneficiar.
Por mais que essas iniciativas não sejam novidade (oECRnasceu em 1992),continua a haver espaços enormes para colaboração, que se traduzem em
aumentos de vendas e resultados, por meio da redução do nível de estoque em
toda a cadeia; redução dos custos das operações e administrativos;redução do
³lead time´ de reabastecimento; e mais eficiência em lançamentos e
promoções.
A solução passa muito mais por uma mudança de atitude, de postura.
Começando por, em vez de repetir ano após ano nas previsões orçamentárias
o valor histórico dos custos da ineficiência, decidir por lançar índices
desafiadores e que reflitam processos cada vez mais eficientes, até atingir o
desejado pedido perfeito, com erro zero.