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COLECÇÃO COMPENDIUM Chiado Editora www.chiadoeditora.com

COLECÇÃO compendium - institutoabreuelima.com.br · redescobrindo a todo instante. Março de 2014. José Luiz Mota Menezes. 13 Prefácio dos autores Nós da Arquitetura, assim denominamos

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  • COLECO

    compend i um

    Chiado Editorawww.chiadoeditora.com

  • Um livro vai para alm de um objeto. um encontro entre duas pessoas atravs da palavra escrita. esse encontro entre autores e leitores que a Chiado Editora procura todos os dias, trabalhando cada livro com a dedicao de uma obra nica e derradeira, seguindo a mxima pessoana pe tudo quanto s no mnimo que fazes. Queremos que este livro seja um desafio para si. O nosso desafio merecer que este livro faa parte da sua vida.

    www.chiadoeditora.com

    Portugal | Brasil | Angola | Cabo VerdeAvenida da Liberdade

    N. 166, 1. Andar1250-166 Lisboa

    Portugal

    2014, Fellipe de Andrade Abreu e Lima, Pedro Lus Alves Veloso e Chiado Editora

    E-mail: [email protected]: Ns da Arquitetura

    Editor: Rita CostaComposio grfica: Ricardo Heleno Departamento Grfico

    Capa: Ana CurroImagem de capa: Pedro Veloso

    Reviso: Fellipe de Andrade Abreu e Lima e Pedro Lus Alves Veloso

    Impresso e acabamento: Chiado Print1. edio: Agosto, 2014

    ISBN: 978-989-51-1730-7Depsito Legal n. 376832/14

    Chiado EditorialEspanhaCalle Serrano, 93, 3. planta 28006 MadridPasseig de Grcia, 12, 1. planta08007 Barcelona

    Chiado Publishing U.K | U.S.A | Irlanda Kemp House 152 City Road London EC1CV 2NX

    Chiado diteurFrana | Blgica | Luxemburgo

    Porte de Paris 50 Avenue du President Wilson

    Btiment 112 La Plaine St Denis 93214 Paris

    Chiado Verlag Alemanha

    Kurfrstendamm 21 10719 Berlin

  • Fellipe de AndrAde Abreu e limApedro lus Alves veloso

    Chiado EditoraPortugal | Brasil | Angola | Cabo Verde

    ns dA ArquiteturA

  • A todos os alunos com os quais tive a satisfao de compartilhar as aulas.Ao Professor e Arquiteto Jos Tadeu de Azevedo Maia.Ao Professor e Arquiteto Sylvio Barros Sawaya.Para Lara Yasmim e Rafaella Sofia, minhas filhas, que sempre me encontraro nos meus textos.

    Fellipe de Andrade Abreu e Lima

    Aos meus avs: Leandro, Vera e Conceio.

    Pedro Lus Alves Veloso

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    Prefcio: Quatro temas sobre o pecado do conhecimento

    De um instante de prazer, de uma exploso, princpio de tudo, ele, o ser, percorre um espao e mergulha no paraso. Ao crescer, estabelece a primeira relao com o meio em que vive, o seu paraso, e busca conhecer. Conhecimento que nele constri o dilogo. No um monlogo com o seu existir e, sim, um dilogo com o ao redor. Tendo conscincia de sua dimenso, ele sai do seu paraso. O sentido dessa perda o persegue por toda a existncia. O dilogo com outro meio acende nele a vontade de conhecer outra vez o conhecer que o expulsou daquele paraso em que antes vivia. E novo dilogo tem incio entre aquele ser e o seu novo redor. O pecado do conhecimento se instala. Penso, logo existo ser sua derrota. Melhor seria no penso, e existo em meu paraso perdido, pelo menos na memria dele. E se constri nele o sentido da relao. O dilogo com esse novo paraso, onde ele tem de pensar, vai dar vida sua nova existncia. Ele de princpio se deixa envolver com o que mais lhe parece com aquele interior cheio de prazer.

    A inconstncia e a vontade de conhecer o afastaro daquele espao natural e, diferentemente de tantos outros seres que o cercam, ele quer construir um novo espao, no qual possa reproduzir aquele perdido. Medir. Ele vai materializar o ato no instante em que no somente um espao, um vazio a ser edificado, mas muitos outros para seus semelhantes. A primeira maneira de medir construda com seu prprio corpo. Ser seu andar, sua mo, o polegar e seus braos, abertos em cruz. A medida est nele, como aquela primeira,

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    ns dA ArquiteturA

    na qual a conscincia de ser desperta na dimenso do lugar. Ele construir espaos e, cada vez mais, este se distancia da natureza que o envolve. Cria, nesse instante, outro dilogo entre a razo e a emoo. Uma razo que busca codificar a natureza envolvente em matemtica. Matemtica, princpio da razo criada e no da emoo sentida. E ela rege tudo. O voo dos pssaros que, por natural, se busca incluir no processo do conhecimento. Medir, medir e medir, tudo medida. A razo medida e vista, no luz da emoo, e sim do nmero.

    A construo daquele espao se faz com medidas e a escala se materializa no dilogo da representao com a realidade. De princpio, a medida encontrada nele mesmo, o ser. Depois ela ser referenciada at mesmo em uma relao contida no prprio estojo edificado com paredes, aberturas, colunas e traves. Mas no ser esto presentes, em seu mais recndito lugar, as duas formas o ele e o outro. Ele, na medida das coisas, e o outro, na medida da coisa edificada com ela mesma.

    O primeiro texto, de autor que tem se dedicado medida da razo, discorre sobre o antropomorfismo contido do Re-nascimento, que, de maneira contraditria, se diz inspirar no no experiencial de um Da Vinci e, sim, no platnico da medida de um templo Grego. Um dilogo que esse momento histrico despertou e colocou em evidncia. O texto, por sua natureza, se explica ele mesmo e no por meu intermdio. O autor comete, assim, o pecado do conhecimento. Mas vale a pena!

    No segundo texto, o ser, consciente de sua situao enquanto construtor de estojos de espaos, dialoga com os demais sobre os caminhos dos conceitos dessa construo no seu hoje. Sobre o imaginrio reflete diante do individualismo do ato criador. Ele, mais uma vez, comete o desejo de saber at onde ele se encontra em meio sua atividade e sua

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    ns dA ArquiteturA

    condio, ento definida como de criador daqueles estojos e, como tal, diferenciado. Na oportunidade, joga com Histria e com os referenciais da criao, em tempo de construo da cronologia do ato criador, tendo a conscincia de que ele indivduo e no um ser medido pela coletividade da criao, isto naquele ato da edificao do espao de viver, de seus princpios da razo e emoo e da no natureza, que busca restabelecer a relao com o meio em que viveu e deseja reviver. A liberdade do criar o centro nervoso daquele ato de conceber o no criado e no qual o criador deseja se aproximar daquele momento primeiro, daquele prazer e se descobrir no ato do conhecimento de tudo. Um ato de criao, e ele tem presente, no para ele ou seu prazer, mas para um coletivo perseguido e ignorado tanto. O individual e o coletivo, em um dilogo que no tem aproximao, mas, sim, linhas em paralelo, em um encontro no infinito. Um infinito no construvel na esfera do existir. Um individual no criar, descoberto no Renascimento e parte integrante daquele ser, que a necessidade de explicao do existir faz coletivo.

    No terceiro escrito, o autor procura dialogar com outro pensador. Ele e Vilm Flusser. Entre o seu modo de ver e o de algum que vive em seus pensamentos. Uma srie de consideraes sobre a construo coletiva do conhecimento cientfico. Uma anlise, nas prprias palavras desse autor, das nuances e contradies do pensamento do filsofo a partir de uma reviso temtica, organizando a sua multi-facetada teoria dos jogos em uma simples sequncia de tpicos. E acrescenta, entretanto, esse esforo de reviso e reorganizao no tem por finalidade a reconstituio cronolgica do jogo no pensamento flusseriano, mas a compreenso das possibilidades de ao no mundo contem-porneo, em meio s suas radicais transformaes tcnicas. Isto , interessa-nos estabelecer, nessa leitura, um debate

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    sobre o papel do jogo como uma forma ampliada de dilogo que parece ser cada vez mais possvel e necessria nos dias de hoje e da a justificativa do presente histrico como tempo verbal adotado.

    Embora no tratando da arquitetura e do ato criador, o tema se torna instigante, uma vez que busca no jogo a explicao da existncia e isto tem, indiretamente, relao com o todo do livro.

    Um quarto texto vai alm do refletir do ser com ele mesmo. Ele se utiliza da ciberntica, entendida por meio do estudo da retroalimentao, da comunicao e do controle na teoria da comunicao, que seria a base capaz de lidar com os fenmenos, entre outros, biolgicos, psicolgicos e sociais. Ele, o ser, talvez procure a explicao com o uso das cincias por ele criadas, alm da simples observao de sua natureza. E talvez da possa ele criar uma explicao do existir com os meios das novas cincias que, no final, se encontram, na verdade, no mago dele mesmo. a ciberntica e a arte ciberntica o interesse do autor do texto. Seria uma leitura transversal dos fenmenos a partir de suas interaes e de seus comportamentos, caracterizando-os de modo abstrato como sistemas.

    Uma viso ciberntica do ato criador que, ao se aproxi-mar da arquitetura, pretende estabelecer um espao para ininterruptas atividades de lazer e aprendizagem, fomen-tando a cooperao dos usurios em prol do engajamento em uma subjetividade livre e criativa. O autor ento trata do que, em determinado tempo, foi o implantar um sistema ciberntico capaz de assimilar os interesses dos usurios e os padres de uso na configurao dos espaos. Um dilogo que ele mesmo, o autor, declara: infelizmente, esse dilogo se restringiu aos diagramas de Pask, uma vez que (o objeto desejado) o Fun Palace nunca foi construdo.

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    Quatro textos e uma soma de ideias, todas elas carrega-das do pecado do conhecimento e explicando, fundamen-talmente, aquele ser inicial e suas dvidas existenciais, se redescobrindo a todo instante.

    Maro de 2014.

    Jos Luiz Mota Menezes

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    Prefcio dos autores

    Ns da Arquitetura, assim denominamos nossa contri-buio s questes que permeiam essa disciplina, que trata da produo e interpretao do espao. Em muitos nveis, o termo ns se mostrou apropriado para conceber o livro que voc tem agora em mos.

    Ns somos arquitetos, professores e pesquisadores, mas nossos temas de interesse parecem, primeira vista, muito distintos. Grosso modo, cada um investe e estuda campos especficos do conhecimento, mas entrelaados entre si. Os interesses compreendem os tratados renascentistas e barro-cos, a investigao da linguagem clssica e a formulao de uma crtica social prtica profissional. Em outro extremo, tambm abarca a teorizao e produo da arquitetura con-tempornea, a questo do gesto humano, a interao, e o uso de processos computacionais na prtica de projeto.

    Mas o que ganhamos com essa aparente amplitude, frente a um mundo dominado pela especializao?

    Convm lembrar que o conhecimento no se desenvolve apenas pela transmisso e aperfeioamento de ideias res-tritas e bem definidas embora essa tambm seja uma condio sine qua non. Sem o fator da diversidade ou sem o que poderamos definir em um sentido amplo como dilogo, no haveria saltos criativos ou mudanas de paradigma, e acabaramos consumidos pela entropia ou pelo dogmatismo. Se, nesse primeiro olhar, o livro pode soar como uma com-pilao de retalhos de pensamentos sobre arquitetura, uma explorao mais atenta logo revela os fios que costuram os territrios de reflexo por ns propostos.

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    ns dA ArquiteturA

    No apresentaremos aqui os diversos temas que unem dois pesquisadores to distintos em uma abordagem comum, pois pressupomos que a busca que fazemos j fala por si. Apenas para fomentar o dilogo com nossos leitores, podemos formular algumas perguntas iniciais que pautam nossos esforos daqui para frente. Qual o papel da individualidade na cultura? Quais as implicaes do indivduo-autor como figura central na produo artstica e arquitetnica? Em meio a esses processos de produo, qual o papel do corpo e da tcnica?

    Entre textos que se ancoram no humanismo de Alberti e outros que abordam a possibilidade de simbiose criativa com as novas tecnologias ou mesmo na criao baseada na cognio distribuda, a resposta no poderia ser unvoca. Ao problematizar a figura do indivduo criador, amarramos um n que nos obrigou a extrapolar temas cotidianos e nos estimulou a desenvolver diversas frentes, lidando com disci-plinas e campos de conhecimento usualmente separados da arquitetura, como a sociologia ou a ciberntica. Nesse sen-tido, frente aos diversos ns que propusemos, poderamos compreender esse livro como uma tessitura cada captulo estabelece conexes em torno de temas comuns, estabele-cendo um espao para a reflexo crtica.

    E, para finalizar essa breve apresentao, um ltimo avi-so: apesar de haver uma insinuao cronolgica entre os ca-ptulos, eles podem ser lidos em qualquer ordem. Com essa configurao esperamos nos afastar brevemente da estrutura linear da escrita, alm de unir leitores de diferentes reas em torno dos ns que apresentamos.

    Aproveitemos esse dilogo.

    Fellipe de Andrade Abreu e Lima e Pedro Lus Alves Veloso

  • SUMRIO

    Prefcio: Quatro temas sobre o pecado do conhecimento....7Prefcio dos autores............................................................13

    A Ideia de Antropometria na Tratadstica do Renascimento Italiano...............................................................................17

    1. A Tratadstica do Renascimento Italiano.....................172. A Ideia de antropometria............................................323. Individualismo e genialidade.....................................404. Concluses.................................................................52Bibliografia..................................................................55

    Os conceitos de imaginrio e individualismo na teoria social da arquitetura.....................................................................67

    1. Introduo: Imaginrio arquitetnico........................672. Uma Compreenso Individualista..............................723. Individualismo na arquitetura...................................874. Imaginrio da arquitetura..........................................925. Concluses: O Individualismo como Genialidade na

    Arquitetura.........................................................................98Bibliografia.................................................................101

    Vilm Flusser e a aposta no jogo......................................1131. O jogo como modo de vida......................................1162. A lngua como jogo...................................................1193. O jogo como conceito.............................................1224. O jogo brasileiro......................................................1265. O jogo ps-histrico.................................................1286. Jogando com a ps-histria.....................................134

  • 7. O xadrez como modelo de jogo complexo...............1378. Notas sobre a teoria dos jogos..................................141Referncias bibliogrficas...........................................144

    A Arte da Conversao......................................................1471. Breve origem da ciberntica....................................1482. Gordon Pask e a construo de uma arte-ciberntica..1513. Cybernetic Serendipity.............................................1574. Esttica informacional e arte permutacional...........1595. Colloquy of mobiles e o desenvolvimento da Teoria da

    conversao...................................................................1646. Um diagrama para a conversao...........................1717. Uma comparao e alguns desdobramentos............174Referncias bibliogrficas...........................................178

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    A Ideia de Antropometria na Tratadstica do Renascimento Italiano

    Fellipe de Andrade Abreu E Lima

    1. A tratadstica do Renascimento italiano

    O desenvolvimento cientfico e artstico do Renascimento marcou toda a Idade Moderna que a sucedeu. Dentre as mais importantes contribuies da teoria da arquitetura esto o uso da perspectiva1 como modelo de desenho espacial e a teorizao do estudo da cidade por Alberti, dando incio cultura de se escrever tratados de arquitetura e urbanismo2. Leon Battista Alberti (1404-1472), considerado o primeiro tratadista do Renascimento italiano, publicou seu tratado de arquitetura, o De Re Aedificatoria, em 1452, fundando um mtodo de abordagem sistemtica e abstrata em que arquitetura e a cidade estavam contidas dentro de um processo de pensamento nico e inseparvel.

    Neste volume escrito por Alberti, a metodologia de projeto3, que abrange o estudo da cidade, faz dele, o primeiro 1 Segundo consagrados autores, o modelo linear de perspectiva foi redes-coberto por Filippo Brunelleschi, em meados de 1413. KEMP, Martin. The Science of Art.New Haven ed Londres: Yale University Press, 1990. cap. 1, p.9-11.2 O termo Urbanismo surge de 1890 em diante entre os especialistas. Town Plannin em ingls, Urbanizacon em espanhol e Urbanisme em fran-cs. A palavra francesa atinge maior aceitao.3 Apesar de este termo ser contemporneo, Alberti inaugurou os concei-tos de lineamenti (lineamenta em Latim), numerus,finitio,collocatio e concinnitas, reforando a ideia do estabelecimento de um mtodo prprio de pensar a arquitetura, ou seja, o primeiro momento em que se aborda a cidade de modo abstrato. Usaremos neste estudo o termo em italiano: Lineamenti.

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    ns dA ArquiteturA

    terico da arquitetura a ressaltar a importncia da relao entre a obra construda e o espao que a encerra. Alberti no via distino entre arquitetura, engenharia ou urbanismo. Todas estas cincias estavam contidas dentro de uma ni-ca: a arquitetura. Ao longo dos dez livros que compem seu tratado, Alberti menciona ideias sobre uma cidade ideal, principalmente no Livro 4, em que esto contidas as maneiras pelas quais devem ser projetadas as cidades: iniciando com a escolha das regies propcias, a descrio das mais adequadas maneiras de constru-las, a forma das suas muralhas, a escolha dos materiais e a disposio dos edifcios, pontes e praas. Contudo, as descries mtricas no foram alvo das atenes de Alberti, salvo em alguns casos nos quais menciona medidas aproximadas a serem respeitadas. Baseando-se em duas premissas, primeiro que a sociedade produto das condies naturais e segundo que forma urbana produto da sociedade, ele conclui que as condies geogrficas influenciam na morfologia da cidade.

    Um dos objetos de estudo do tratado de Alberti um grupo de conceitos intitulado lineamenti. Os lineamenti e a trade numerus, finitio e collocatio so as partes que compem o objeto arquitetnico e os princpios de pro-jeto, respectivamente, que devem reger o pensamento de um arquiteto quando na elaborao de um projeto. O que ele chamou de lineamenti est descrito no Livro 1 como as partes componentes da arquitetura material: regio (local), area (terreno), compartitio (diviso), parties (partes), tectum (coberturas) e apertio (aberturas). Estes seis conceitos so complementares dentro da viso abstrata de Alberti, na medida em que qualquer projeto pode ser construdo a partir da derivao de seus arranjos.

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    ns dA ArquiteturA

    Apesar de classificar as ruas e ter sido influenciado pelo livro de Vitrvio, Alberti no concorda, enfaticamente, com os cardus e decumanus. Segundo ele, havia mais de duas grandes vias principais que cortam uma cidade. O ornamento (elementos decorativos como fontes, obeliscos ou esculturas) e a convenincia (posies estratgicas de defesa, principais ruas em linhas retas e aproveitamento do declive do terreno) so considerados importantes para a sua cidade ideal, at nas grandes vias que ligam cidades, fazem-se necessrios monumentos que as embelezem. A forma circular seria a mais perfeita, apesar dele considerar que devem se adequar s condies do terreno e tambm ideia de Aristteles para as defesas militares, segundo a qual, necessrio que as cidades se unam ao stio, na maioria das vezes, com formas irregulares. Talvez o grande nmero de variveis estabelecido por Alberti seja a prpria resposta pergunta do por que no haver ilustraes no seu tratado, fato que nos faz imaginar que Alberti j previa a impossibilidade de se criar uma Cidade Ideal4.

    Junto a Alberti, no rol de autores que consideravam a arquitetura e cidade como entes a serem pensados juntos, baseados sempre na ideia de corpo humano, esto Antonio di

    4 No primeiro momento, no qual Alberti explicita a ideia de antropometria no seu tratado ele afirma que: Antes de tudo, consideramos que o edifcio um corpo, e, como todos os outros corpos, consiste em desenho e mat-ria: o primeiro elemento neste caso obra do engenho mental , o outro produto da natureza; o primeiro precisa de uma mente racional, para o outro, coloca-se o problema da procura e da escolha justa. ALBERTI. LAr-chitettura. Prlogo. Volume 1. p.14. Traduo Nossa. Texto original: Nam aedificium quidem corpus quoddam esse anima dvertimus, quodlineamen-tis veluti alia corpora constaret et materia, quorum alterum istic ab ingenio produceretur, alterum a natura susciperetur: huic mentem cogotationem-que, huic alteri parationem selectionemque adhibendam; sed ultrorumque per se neutrum satis ad rem valere intelleximus, ni et periti artificis manus, quae lineamentis materiam conformaret, acesserit. ALBERTI.De Re Aedifi-catori.Prlogo.Volume 1.p.15.

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    Pietro Averlino (1400-1465), cognome Filarete, e Francesco Giorgio di Martini (1439-1501), os quais escreveram e ilustraram seus tratados seguindo algumas diretrizes estabelecidas pelo seu antecessor. Estas diretrizes defendiam a aplicao dos conceitos enunciados de numerus, finitio e collocatio, como as bases epistemolgicas do projeto arquitetnico, ou seja, os princpios de projeto. Filarete publicou o Tratato di Architettura5 em 1464 e Francesco Giorgio di Martini escreveu Trattati di Architetura, Igegneria e Arte Militare6 entre 1470-1490.

    Ao contrrio de Alberti, Filarete no se apoia na viso vitruviana de que a cidade deve manifestar a trade utilitas, firmitas e venustas. Seu tratado composto por vinte e cinco livros; sendo que os quatro ltimos no tratam da arquitetura ou da cidade. Dos vinte e um livros, que dissertam sobre arquitetura, pode-se dividir em trs partes. Nos Livros 1 e 2 discutida a teoria da arquitetura em si. Nos Livros 3 a 11 discutida a construo da sua cidade ideal, chamada Sforzinda, dedicada ao Duque Sforza de Milo, financiador de suas obras. Finalmente, do Livro 12 ao 21 so descritos os edifcios que devem fazer parte de sua cidade ideal, bem como uma justa relao entre a cidade e os edifcios, manifestada atravs do uso de um mesmo mdulo para elaborao das colunas, edifcios, praas e demais espaos urbanos.

    O plano das quadras centrais da cidade segue uma malha ortogonal, porm, as ruas principais que se projetam at

    5 FILARETE.Filaretes Treatise on Architecture. New Haven e Londres: Yale University Press, 1965. Trattato di Architettura. A Cura di Anna Finoli e Lilia-na Grassi. Milo: Edizioni il Polifilo, 1972.6 MARTINI, Francesco di Giorgio. Trattati di Architettura, Ingegneria e Arte Militare. A Cura di Corrado Maltese, Trascrizione di Livia Maltese. Milo: Edi-zioni Il Polifilo, 1967.

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    a muralha estrelada seguem um formato heliocntrico, cortando a cidade no ponto central da circunferncia que tangencia as pontas da muralha. No centro desta cidade circular e, tambm, da mais importante praa est o mo-numento principal. A inteno de usar um mesmo mdulo para as praas, ruas, palcios e outros edifcios que compem a cidade de Sforzinda, de acordo com este grupo de tratadistas, uma das maneiras de se relacionar arquitetura e cidade. Esta prtica defendida por Filarete j tinha sido anunciada por Alberti como uma das condies para se atingir a qualidade espacial de uma cidade.

    Segundo Filarete, os edifcios mais importantes da cidade devem estar localizados ao redor das praas e as residncias populares na periferia ou junto muralha. Formando uma circunferncia interna muralha e, tambm, seccionada pelas ruas principais, esto os 16 templos desta cidade. Suas plantas e fachadas tambm devem, segundo Filarete, seguir o mesmo mdulo do plano urbano, para demonstrar uma maior relao entre cidade e arquitetura.

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    Imagens no Tratado de Filarete relacionando o Mdulo com o Edifcio e a cidade7. De acordo com Filarete, desde a coluna que compe um edifcio at o plano urbano de uma cidade deve seguir um mesmo Mdulo, baseado nas relaes mtricas do corpo humano.

    O terceiro tratadista, que seguiu as ideias iniciadas por Alberti, foi Francesco di Giorgio Martini (1439-1501). Seu tratado surge quase meio sculo depois dos seus dois ante-cessores. Martini um arquiteto-engenheiro, especializou--se na construo de fortalezas para os duques de Urbino, Montefeltro e trabalhou na canalizao e construo de pon-tes em vrias cidades italianas. A partir do sculo XVII, o tratado de Martini foi esquecido, tendo em vista que seus estudos abordam sobre tcnicas construtivas da engenharia civil e militar, pertencente ao sculo anterior, tornando-se obsoletas. Seu tratado impe arquitetura o domnio de muitas cincias, da mesma forma como os de Alberti e Fila-rete. Ao longo dos sete livros so aprofundados os estudos da arquitetura em vrios aspectos. O Livro 1 trata dos ma-teriais de construo. No Livro 2 as casas, os palcios e o sistema de abastecimento de gua. No Livro 3 so descritas as formas das cidades e o urbanismo como uma cincia que coordena a relao dos edifcios com o espao urbano. No Livro 4 os templos. No Livro 5 as fortalezas. No Livro 6 os portos em rios e em mar. No Livro 7 as mquinas. Ao

    7 FILARETE. Volume 1, Cap. Ilustraes.

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    contrrio de Alberti, Martini faz uso intenso de ilustraes ao longo destes sete livros. Estreitamente relacionados entre si, textos e imagens apresentam a cidade como um grande corpo humano que deve funcionar harmonicamente: o uso de um mdulo baseado nas propores do corpo humano; as mquinas usadas para mover gua e objetos pesados; solu-es de plantas de casas adaptadas sua contemporaneidade e at as fortalezas com suas variaes morfolgicas.

    Nos Livros 5 e 6, Martini explica a importncia do di-segno para o bom entendimento da arquitetura. Para ele, o desenho a maior ferramenta que os arquitetos possuem para se expressar: Sem o desenho, diz Martini , o ar-quiteto no pode exprimir suficientemente seus conceitos. No h, contudo, em seu tratado, uma nica cidade ideal como a Sforzinda de Filarete. O importante para Martini o estabelecimento e o uso de propores harmnicas prove-nientes das relaes antropomtricas. Esta a maior relao possvel que, segundo ele, pode haver entre o Homem e a cidade.

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    Imagens no Tratado de Giorgio Martini. 1. A cidade como um corpo humano, onde todas as partes devem estar harmonizadas entre si. 2. O mdulo proveniente das relaes mtricas do corpo relacionado com os edifcios e a cidade. 3. As mquinas8.

    Durante o sculo XV, estes trs tratadistas do Renascimento italiano pensaram a arquitetura e a cidade sempre juntas. Cada um dentre estes trs tratadistas contribuiu de forma pessoal para a teoria da arquitetura. O mais importante que cada um deles estabeleceu suas diretrizes para se pensar toda uma cidade, desde uma colunata at uma praa, seguindo um mesmo mdulo, baseando-se em relaes antropomtricas.

    8 MARTINI, Francesco di Giorgio. Imagem 1: Folio 3, Imagem 2: Folio 42 e Imagem 3: Folio 60.

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    Imagens no Tratado de Giorgio Martini. 1. Algumas plantas descritas no seu tratado que seguem o mesmo mdulo. 2. Um, dentre muitos, exemplos de fortaleza9.

    Ao longo do sculo XVI, a ideia de corporalidade trans-formou-se. Dentre os que rompem com a tradio deste con-ceito citamos Sebastiano Serlio (1475-1554) que publicou o Tratato di Architettura; Giacomo Barozzi da Vignola (1507-1573), que publicou o Li Cinque Ordini Di Architettura; e Andrea Palladio (1508-1580) que publicou seu tratado em 1570, intitulado I Quattro Libri della Architettura. So os mais conhecidos por terem atingido maior repercusso como tericos e como arquitetos. Serlio, Palladio e Vignola, dentre outros, no pensaram mais na Cidade Ideal como um corpo vivo, mas iniciam um intenso estudo sobre tipos arquitetnicos ou frmulas estandardizadas, unificando as ideias antropomtricas com os diversos elementos arquitet-nicos de um edifcio.

    9 Idem. Imagem 1: Folio 18 e Imagem 2: Folio 60.

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    Durante os sculos XV, XVI e XVII, a ateno dos tericos da arquitetura sai da cidade como um ente nico e volta-se para a planta e a volumetria das edificaes. Apesar de seus tratados estarem plenos de imagens, apresentando plantas, fachadas ou mdulos que devem reger os desenhos, no h relao ou meno ao espao exterior ou urbano onde estes edifcios estariam, ou deveriam ser implantados. Obviamente, estes autores continuaram defendendo a ideia de que se deve construir em locais adequados, mas no ultrapassam estas linhas gerais.

    Sebastiano Serlio escreveu, ao todo, nove livros sobre a arquitetura ou construo. Estes livros no foram pensados como um conjunto que compe um tratado, pois foram publicados em tempos e locais diferentes. O ttulo tratado se d ao conjunto de sua obra, que foi escrita entre 1510 e 1540. Serlio no se limitou a divulgar apenas os seus projetos, colocando nos seus livros observaes e imagens de alguns projetos de Bramante, Rafael, Peruzzi e at de obras romanas e medievais consideradas importantes por ele.

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    Imagens retiradas do Tratado de Sebastiano Serlio, onde se observa que so ressaltados apenas os edifcios isolados, sem nenhuma meno ou relao com o espao urbano nem com a ideia de se pensar toda a cidade como um corpo10

    Nos Livros 1 e 2, Serlio trata da perspectiva, da geometria e do desenho, dando muita nfase geometria como ferramenta de desenho do arquiteto. Este fato demonstra a mudana que o caminho da teoria da arquitetura estava percorrendo. A relao com a cidade no estava mais sendo o objetivo dos tratados, que caminhavam cada vez mais para os mtodos de desenhos variados das regras e postulados da matemtica e da geometria. O Livro 3 amplamente ilustrado de obras de arquitetura antigas, compondo-se de mais de 150 pginas de desenho e dando-lhes uma importncia nunca antes tida. Nos Livros 4, 5 e 6, Serlio trata das cinco ordens arquitetnicas

    10 SERLIO, Sebastiano. The Five Books on Architecture. Nova York: Dover Publications, 1986. SERLIO, Sebastiano. On Architecture: Books I-V and VI-VII of Tutte LOpere dArchitettura et prospective. New Haven: Yale Univer-sity Press, 1996.

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    (Toscana, Drica, Jnica, Corntia e Compsita) e da arqui-tetura civil residencial. O Livro 7 trata das vilas, palcios e outros edifcios importantes. O Livro 8 no foi publicado e trata de construes antigas. O ltimo de seus escritos, o Livro 9, denominado Libro Extraordinario e trata dos diversos tipos de janelas, portais e arcos. Os nove livros de Serlio abordam os mtodos de desenho, as regras da perspectiva, os fundamentos matemticos e geomtricos, que devem ser seguidos para a execuo destes desenhos e tambm vrias plantas de tipos arquitetnicos isolados do espao urbano que os encerra. O mdulo continua sendo um importante princpio para construo de colunas, capitis e edifcios, mas no h mais meno relao entre o edifcio e o espao urbano, como faziam os seus trs antecessores.

    Um dos ltimos tratadistas do Renascimento italiano, Giacomo Barozzi da Vignola, publicou o Li Cinque Ordini Di Architettura em 1562, tornando-se um dos mais difundidos manuais desde ento. Sua influncia principal est no fato de ter sido proposto como um lxico sobre medidas para a construo. Originalmente composto por uma srie de 32 pranchas comentadas de maneira sistemtica, as imagens j se sobressaem fortemente ao texto. O conjunto deste tratado pretende canonizar as cinco ordens clssicas em partes separadas: o entrecolnio, os arcos, os pedestais simples, os pedestais particulares e os embasamentos. Apesar de no se limitar, unicamente, s ordens arquitetnicas isoladas do contexto urbano, Vignola estabelece um cnone de propores antropomtricas de fcil aplicabilidade.

    Considerado o ltimo tratadista do Renascimento, An-drea Palladio e seu tratado tiveram tanta repercusso que fizeram surgir um estilo prprio que atravessou fronteiras: o palladianismo. Palladio aprendera a profisso de pedreiro

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    ainda jovem, fato que o fez dedicar o primeiro dos quatro livros do seu tratado aos materiais de construo. Ter de-dicado todo um livro aos materiais de construo enuncia quais eram as novas preocupaes da teoria da arquitetura. A difuso de informaes sobre estes materiais levou os trata-distas a se preocuparem mais com a sua justa aplicao e at com as questes estticas como: cor, textura e durabilidade. Apesar de se ater a questes menos exploradas nos tratados do sculo XV, Palladio absorveu importantes contribuies de seus antecessores. O tratado de Alberti, por exemplo, j era encontrado em lngua italiana e ilustrado desde a sua reedio em 1565. Alm de Alberti e de Vitrvio, Palladio foi influenciado pelos seus contemporneos Serlio, que pu-blicou seu Livro 3 antes da edio dos I quattro libri della arquitettura, em 1570, e Vignola. Palladio foi, com o passar do tempo, tornando-se o mais renomado e requisitado arqui-teto da Itlia. A simetria e o mdulo, importantes na maioria de seus projetos, esto presentes nos inmeros desenhos que compem seu tratado. A maior parte de sua obra foi includa e comentada ao longo do Livro 2. O Livro 3 trata das bas-licas, igrejas, edifcios pblicos e pontes; e o Livro 4 dos templos, incluindo projetos gregos e romanos. As imagens que compem seus quatro livros so desenhadas de uma maneira particular. No h cotas ou diferena nas linhas de planta, fachada ou corte. A inteno de Palladio de descrever os mdulos dos desenhos demonstra aos seus leitores, a va-lorizao dada s relaes proporcionais em uma obra de ar-quitetura. O mdulo e sua respectiva ideia de antropometria esto presentes em todos os tratados que so objetos deste estudo, mesmo tendo cada um deles, caractersticas que os tornam particulares.

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    Imagens do Tratado de Andrea Palladio, onde apenas o edifcio isolado, com suas plantas, fachadas e cortes, observado. No h diferena entre as espessuras das linhas vistas ou cortadas; caracterstica nica de Palladio.11

    11 PALLADIO, Andrea. I Quattro Libri della Architettura. Milo: Ulrico Hole-phi, 2000. (Edio Fac-Simili 1570.)

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    Durante mais de um sculo (1452-1570), entre a publica-o do primeiro e do ltimo tratado do Renascimento italia-no, a dinmica social e econmica transformou o modelo de pensamento arquitetnico. A especializao das profisses, o desenvolvimento das engenharias e artes militares, a reva-lorizao da cultura greco-romana, e consequentemente, do texto vitruviano, fizeram a ateno dos tratadistas se distan-ciar da cidade e focalizar nos tipos arquitetnicos, nos m-todos de desenho e nos materiais de construo, rompendo uma relao de equilbrio entre cidade e arquitetura. A so-fisticao das cincias e mtodos construtivos, surgidos por motivos militares e pela constante difuso de livros, condu-ziu enunciada especializao das profisses.

    Alberti, Martini e Filarete escreveram seus respectivos tratados considerando a arquitetura como ente inseparvel da cidade. J Serlio, Vignola e Palladio desenvolveram tipos arquitetnicos ou entablamentos e entrecolnios, ou seja, edifcios ou partes de edifcios sem relao com o ambiente urbano, dando maior nfase aos materiais e s tcnicas construtivas. Estes seis tratados so os mais significativos para se entender a ideia de antropometrismo, que surgiu antes mesmo da publicao do De Re Aedificatria de Alberti, em 1452, e a paralela fragmentao entre arquitetura e cidade na teoria da arquitetura do Renascimento italiano. Apesar desta mencionada fragmentao, o ideal antropomtrico no desapareceu, apenas deixou de ser abordado nas questes urbanas, especificamente no campo da teoria da arquitetura, sendo enfaticamente aplicado no mbito projetual da arquitetura dos edifcios.

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    2. A Ideia de antropometria

    A nfase dos autores gregos, a exemplo de Aristteles, e romanos, a exemplo de Vitrvio, ressaltam a importncia do estabelecimento de um mdulo (mtron), como uma espcie de responsabilidade social que os artistas tm para com a sociedade. Esta concepo deve-se ao ideal de que estas belas medidas transformam a percepo esttica do homem e conduzem ao engrandecimento do esprito. Como mencionou Aristteles, o estabelecimento de um mdulo (mtron) tem o poder de afetar o nosso carter12. Da mesma forma, Vitrvio reforou esta ideia dizendo que a arquitetura depende da ordem, que em grego se diz , simetria, que em grego se diz , propriedade, economia e ritmo, que em grego se diz 13.

    no Renascimento que se percebe pela primeira vez o florescer desta teoria artstica, que viveu adormecida na Idade Mdia. A pintura dos sculos XIV e XV j demonstra o renascer deste ideal esttico que, ao modo de ver do filsofo alemo Georg Hegel, fruto de um processo dialtico que envolve o devir do saber do homem. Como observou Hegel, as transformaes sociais so, ao mesmo tempo, causa e consequncia das mudanas deste juzo esttico. O processo dialtico do conhecimento dentro do campo da teoria da arquitetura produziu unidade e fragmentao a partir da prpria conscincia social14.

    12 ARISTTELES. Poltica, 1340 a. Madrid: Alianza, 1986. Apud: DAGOSTINO, Mrio Simo. Geometrias Simblicas da Arquitetura. So Paulo: Hucitec, 2006, p.23.13 VITRVIO. Texto Original: Architectura autem constat ex ordinatione, quae graece dicitur, et ex dispositione, hanc autem Graeci vo-citant, et eurythmia et symmetria et decore et distributione, quae graece dicitur. Livro 1, Captulo 2. (Traduo Nossa.)14 HEGEL, Georg W.F. Fenomenologia do Esprito. Petrpolis: Vozes, 2000.

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    difcil compreendermos a transformao de um ideal esttico no seio social. Neste sentido, deve-se considerar que as transformaes sociais emergem gradual e lentamente, fruto de foras sociais complexas, mas atuantes. Assim, para compreenso da transformao deste ideal esttico entre o fim da Idade Mdia e incio do Renascimento devem-se levar em considerao as contribuies da sociologia do conhecimento, a qual procura compreender o pensamento dentro da moldura concreta de uma situao histrico-social. Destarte, podemos adotar a viso de Karl Mannheim quando afirma que:

    No h a menor dvida de que s o indivduo capaz de pensar. No existe esta entidade metafsica denominada esprito grupal, que pensa acima das cabeas dos indivduos, ou cujas ideias estes se limi-tam a produzir. Mas nem por isso se deve concluir que todas as ideias e sentimentos que motivam a conduta de um indivduo tenham exclusivamente nele suas origens e possam ser adequadamente explicadas apenas luz da sua prpria.15

    A base epistemolgica para a compreenso deste novo ideal esttico surge com muita nfase aps a edio do tratado de Alberti, que se inspirando no texto de Vitrvio e sendo um indivduo a pensar isoladamente dentro do seu contexto, defende que mente et animo aliquas aedificationes, cor-pus quaddam veluti alia corpora16, ou seja: mente e corpo formam juntos a beleza da edificao, e o corpo o reflexo desta perfeio. A primeira passagem do tratado de Vitrvio, que se refere analogia com o corpo humano, est no 15 MANNHEIM, Karl. Ideologia e utopia. Porto Alegre: Globo, 1952. p.2.16 ALBERTI. LArchitettura. Traduzione di Giovanni Orlandi. Introduzione e note di Paolo Portoguesi. Milo: Edizioni Il Polifilo. 1989.p.15. Texto original. (Traduo Nossa.)

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    segundo captulo do primeiro livro, quando escreve que: Simetria a concordncia correta entre as partes da obra e a relao entre partes diferentes com o esquema todo da obra. Assim, existe um tipo de simetria no corpo humano entre o brao, o p, o dedo, a mo e outras partes pequenas. Isso deve ser a mesma coisa com um edifcio perfeito.17

    Nestes mesmos termos antropomtricos pode-se entender a harmonia e a beleza (concinnitas) pretendidas por Alberti: entre o tecido urbano e os edifcios que compem sua cidade ideal. A ars aedificandi no pode ser vista, dentro da sua teoria, separada da ars urbs18. Do mesmo modo, importante relembrar a ideia de que a arquitetura precede o desenho, ou seja, de que a verdadeira arquitetura est na mente do arquiteto (perscriptio). H uma viso quase fenomnica dentro desta teoria. Pode-se verificar esta idealizao nos painis de cidades ideais, que incluem o de Urbino.

    17 VITRVIO. Texto original: Item symmetria est ex ipsius operis membris conveniens consensus ex partibusque separatis ad universae figurae spe-ciem ratae partis responsus. Uti in hominis corpore e cubito, pede, palmo, digito ceterisque particulis symmetros est eurythmiae qualitas, sic est in ope-rum perfectionibus. Livro 1, Captulo 2. (Traduo Nossa.)18 Mesmo que tenha sido de forma superficial, a viso de que a cidade muito mais que uma simples construo e aglomerao de pessoas j tinha sido afirmada por Vitrvio no sculo I (Civitas est fabrica et ratiocitanatio) e no sculo VII por Isidoro de Sevilha (Civitas est metaria et ratio).

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    Imagem da Citt Ideale no Painel de Urbino. Composio feita entre 1470 e 1480, segundo os conceitos de Leon Battista Alberti. Na composio percebe-se o Palazzo Rucellai (segundo edifcio esquerda) e fachada de Santa Maria Novella (fundo direita). Galleria Nazionale delle Marche, Urbino.

    Alberti entende que a relao ntima entre as escalas do ambiente construdo, ou a ideia de que cidade e edifcio so um mesmo ente em escalas diferentes, resumida quando ele afirma que Se a cidade, como disseram os filsofos, uma grande casa e a casa no nada mais que uma pequena cidade, por que no dizer que tambm as pequenas partes de uma casa so as mesmas coisas que as pequenas partes de uma cidade? Deste modo, tambm o trio, o jardim ou a sala de jantar ou a entrada so tambm partes menores de uma cidade?19 A ideia de antropometrismo arquitetnico e urbanstico permeia o imaginrio intelectual de Alberti e dos tratadistas que o seguem, cada um deles de um modo especfico. A mtrica de Palamedes20 agrega valor semitico ideia de antropometrismo, da mesma forma como d mar-gem interpretao de uma valorao associada a um de-terminado tempo e espao. A incluso destas duas variveis no processo de compreenso do ideal de antropometrismo arquitetnico e urbanstico ao longo da histria nos remete concepo esttica Hegeliana. Em Vorlesungen ber die s-thetik 21 Hegel demonstra a relao entre matria e esprito, ou seja, entre corporalidade e ideal. A esttica, para Hegel, 19 ALBERTI. LArchitettura. Livro 1, Captulo 9. p. 22. (Traduo Nossa.) 20 Palamedes: Notrio criador da mtrica e de sua constante relao com nmeros. Nos alfabetos grego e hebraico, por exemplo, as letras possuem valores numricos que expressam sua base de valor e importncia. O nome de Deus em hebraico, por exemplo, possui valor numrico 10 e se escreve ().21 HEGEL. G.W.F. Cursos de Esttica. v. II. So Paulo:EDUSP, 2000. O texto Vorlesungen ber die sthetik foi escrito na dcada de 1920 do sculo XVIII. De forma unvoca, o entendimento de krper pensado essencialmen-te como corpo humano toma na filosofia de Hegel o papel fundamental para explicao da relao entre matria e esprito.

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    a porta de entrada para a perfeita compreenso da realidade material, para o real significado e entendimento da arte (a arquitetura est neste campo). Hegel tambm menciona que a arte possui duas dimenses: uma corprea e outra espiri-tual. A primeira est relacionada com telas, tintas, tijolos e qualquer outro material que venha a ser usado pelo artista. A segunda est relacionada com o contedo intrnseco: com o esprito do autor-artista. exatamente na relao entre estes dois momentos em que se encontra a : a percepo harmnica. A beleza perfeita a adequada percepo deste momento.

    Neste momento, a espiritualidade materializada, trans-formando o infinito em finito. fato que esta relao mat-ria-esprito no sempre perfeita, de modo que o artista no percebe sempre o esprito de modo completo, nem conse-gue materializ-lo perfeitamente em sua obra de arte. H, ao longo da histria, exemplos de predomnio de uma sobre a outra e vice-versa. H momentos, ao longo da histria, nos quais a materialidade predomina sobre a espiritualidade e outros onde o esprito reina sobre a matria. Neste percurso, o ser humano busca a si mesmo atravs da arte.

    No perodo grego, segundo o prprio Hegel, j se podia observar o uso da perspectiva22 para demonstrar a capacidade de compreenso do ser humano de si mesmo, ou seja, o reconhecimento de si mesmo enquanto ser pensante. Antes do Renascimento, ao longo da Idade Mdia, o corpo humano foi reduzido s deformidades, demonstrando a imperfeio da apreenso humana de si mesmo. Durante a formao do Renascimento o ser humano tornou-se referncia para si mesmo, inclusive na arte. Esta relao dialtica entre matria

    22 Um dos exemplos mencionados por Hegel o desenho de Exekias, feito em meados de 540 a.C..

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    e esprito atingiu seu equilbrio mximo nos sculos XV e XVI. Para Hegel, a nica forma de se atingir o Divino, ou Deus, atravs da arte perfeita, que surgiu no Renascimento. Hegel defende que: A antropomorfizao da divindade um processo que s pode ser plenamente compreendido atravs do simples, mas definitivo, fato de que o Deus possui ao menos em suas representaes estticas (e elas so de fato a nica e verdadeira fonte de acesso ao Divino) um corpo humano (krpe).23

    Enfim, a arte perfeita, para Hegel, a arte realista, que representa da forma mais similar possvel a realidade e o ser humano. Apenas neste contexto podemos atingir a m-xima compreenso de ns mesmos e, consequentemente da divindade que nos encerra. no Renascimento que podemos perceber a arte com um momento de transformao do esp-rito do homem. onde percebemos que a matria encarada de forma divina, onde surge a verdadeira poesia da arte na materialidade da vida24.

    Alm do tempo histrico do Renascimento, podemos mencionar outros momentos histricos nos quais o ideal an-tropomtrico reinou sobre as concepes arquitenicas e ur-bansticas, mesmo que no de forma generalizada. O sculo XVII recebeu as contribuies de Claude Perrault; o sculo XVIII as ideias de Franois Blondel e de Robert Morris; o sculo XIX as ideias de modulao de Jean-Nicholas-Louis Durant e de tienne-Louis Boulle; e o longo sculo XX viu por vrios momentos o renascer de estilos neoclassicistas,

    23 HEGEL. G.W.F. Ibidem. p.214.24 Neste momento do estudo, abrimos parntesis para o fato de que a uni-dade entre arquitetura e cidade, presente nos tratados do incio do Renasci-mento, a materializao de uma ideologia social, concretizada muito mais pela apreenso que a sociedade tem de si mesma do que pela injustificada criao de uma nova teoria da arquitetura.

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    desde o seu incio, passando pelos governos centralizadores da Alemanha, Itlia e Rssia at as concepes arquitetni-cas e urbansticas de Le Corbusier.

    Nestes contextos de complexidade de apreenso espacial ao longo do tempo, a teoria da arquitetura diferencia-se da prtica num ponto fundamental: a noo de espao. Aps as concepes hegeliana, outra difundida veia de apreenso social foi feita por Immanuel Kant, defendendo que a noo de espao uma ideia, a priori, apreendida em nossa capaci-dade como sendo passvel de medida. A concepo kantiana de que o espao matemtico uma apriorstica, mesmo que podendo apenas ser pensada dentro do prprio espao25, re-fora a ideia de Mannheim de que e a concepo de tempo e espao parte do sistema dialtico do conhecimento, obser-vando que o saber segue aspiraes e variaes ao longo do tempo e do espao.

    O processo de apreenso da realidade pode ser alterado, tanto por indivduos quanto por foras sociais mais comple-xas, levando em conta que no so os homens em geral que pensam, nem mesmo os indivduos isolados, mas os homens dentro de certos grupos que elaboram um estilo peculiar de pensamento, graas a uma srie interminvel de reaes a certas situaes tpicas, caractersticas de sua posio co-mum26. A apreenso e a realidade, a sensibilidade e o enten-dimento, categorias que dominam nossa concepo espacial e temporal, manifestada atravs de uma ideia de antropome-trismo desde Vitrvio at os dias atuais, em algumas pocas com muita fora, em outros momentos sem muita convico.

    25 KANT. Crtica da Razo Pura. In: Os Pensadores. So Paulo: Nova Cultural, 1997. p.41-43. 26 Ibidem. MANNHEIM, Karl. p.3.

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    A viso esttica social baseia-se em princpios matemticos, mesmo que estes sejam guiados por ideias apriorsticas.

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    3. Individualismo e genialidade

    necessrio ressaltarmos que o conceito de liberdade de criao no deve ser confundido com o de gnio, estuda-do pela corrente da fenomenologia ou pelos psiclogos so-ciais. Embora conhecendo a opinio de Massimo Canevacci, segundo a qual a histria do indivduo ainda no foi escri-ta27, constatamos que o tema do individualismo tem explci-ta autonomia no mbito das cincias sociais, como podemos constatar pelo exame da relao bibliogrfica apresentada no final deste trabalho. O vocbulo latino individuum deriva do grego atomom, ambos denominando aquilo que no pode ser dividido; este conceito de originria indivisibilidade e singularidade atravessa todo o pensamento ocidental e che-ga at Leibniz, que, com seu conceito de mnada, fornece a especificidade definitiva ao indivduo da era burguesa28.

    Acerca da insero do conceito de individualismo na

    teorizao sociolgica, cabe destacar inicialmente que a noo de individualismo, na teoria social, designa no a doutrina moral que traz o mesmo nome, mas a propriedade que alguns socilogos reconhecem como caracterstica de certas sociedades e particularmente das sociedades industriais modernas: nessas sociedades, o indivduo considerado uma unidade de referncia fundamental, tanto para si mes-mo como para a sociedade. o indivduo que decide sobre sua profisso, que escolhe seu cnjuge. Sua autonomia maior do que nas sociedades tradicionais29. Na realidade, o gnero de individualismo a que se pode referir o substrato ideolgico dos praticantes da profisso da arquitetura no 27 CANEVACCI, Massimo. Dialtica do indivduo. So Paulo: Brasiliense, 1981. p.41.28 Idem. Dialtica do indivduo. p.8.29 BOUDON, Philippe et BOURRICAUD, Franois. Dicionrio crtico de socio-logia. So Paulo: tica, 1993. p.285.

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    apenas o das sociedades industriais modernas, mas, como desenvolvo no ltimo item, igualmente aquele tipo de indi-vidualismo que caracteriza a emancipao dos artistas no advento da Renascena.

    Em princpio, a anlise sociolgica repele a perspectiva individualista. Louis Dumont expe a principal dificuldade desta anlise: A apercepo sociolgica atua contra a viso individualista do homem. Consequncia imediata: a ideia do indivduo constitui-se num problema para a sociologia.30 Podemos verificar em mile Durkheim referncias ao fenmeno do individualismo, porm sob o nome de egosmo; por egosmo, palavra que no se deve (ou antes, que nem sempre se deve) entender no sentido moral, Durkheim de-signa a importncia da autonomia concedida ao ego, isto , ao indivduo, na escolha de seus atos e crenas.31

    Segundo a concepo durkheimiana, algumas culturas impem aos indivduos normas, regras e valores transcen-dentes; nessas sociedades, o egosmo enfrentar mais obs-tculos que aqueles encontrados nas coletividades que ou-torgam liberdade de escolha ao indivduo, subentendida a submisso deste a normas, regras e valores de contedo mais geral, que no lhe retirem inteiramente a capacidade de operar algumas escolhas. Todavia, o desenvolvimento do egosmo no depende somente de variveis culturais, mas , geralmente, uma funo do grau de integrao dos grupos sociais de que o indivduo faz parte.

    Apesar destas concepes acerca do individualismo, mesmo sob a roupagem de um processo criativo, h o 30 DUMONT, Louis. Homo hierarquicus. O sistema de castas e suas implica-es. So Paulo: EDUSP, 1992. p.56..31 Idem. Dicionrio crtico de sociologia. p.285.

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    envolvimento de um sentido de dominao, uma inclinao para a preponderncia, o triunfo num conflito de vontades. A ideia de que exista um egosmo da criao pode conflitar com certas concepes ideolgicas do fenmeno artstico. neste aspecto que recorremos interpretao de Friedrich Nietzsche e seu bermensch (super-homem). Vontade e poder, vontade de poder: Wille zur Macht. Fora do quadro da coexistncia civil, no plano especfico do imaginrio do artista, a vontade de poder de Nietzsche torna-se a ideologia do criador. Assim, a autossuficincia do artista moderno, instaurada na poca do Renascimento, converte-se, na sua viso, numa forma prpria de herosmo. H um nexo entre os conceitos de individualismo, egosmo-do-criador e vontade-de-poder, como pode ser demonstrado.

    Comecemos pelo ltimo conceito. Dependendo da tica da abordagem, o estudo do fenmeno poder pode ter um cunho sociolgico ou metafsico. Falamos aqui de uma metafsica do poder e de sua incorporao arquitetura. Os contedos metafsicos no so estranhos arquitetura erudita, e esta observao vale para todas as pocas. Mesmo de modo no-intencional, o arquiteto muitas vezes incorpora matria inanimada certos significados que transcendem ao mero registro da pauta programtica. Por outro lado, tambm a sintaxe construtiva se presta, s vezes, ao papel de comunicar significados que escapam ao mbito dos requisitos de racionalidade mecnica. A histria da arquitetura erudita de todas as pocas est repleta de exemplos que ilustram essa percepo. Pode acontecer que, sem que seja inteno do construtor, a forma arquitetnica suscite associaes de imagens e de temas abstratos vinculados filosofia, aos costumes predominantes, hierarquia social e, enfim, estrutura poltica vigente.

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    De acordo com Herbert Read, quando discorrendo sobre as diferenas entre a arquitetura erudita e a arquitetura primitiva, observa que o ponto em que o intelecto deve anim-la e inspir-la a temos a introduo de um fator que j no materialista e cuja influncia imperativa. A arquitetura, para fugir ao primitivo, ao infantil, ao arcaico, deve ser inspirada pelas condies intelectuais, abstratas, espirituais consideraes que modificam as exigncias rigorosas da utilidade32.

    No estranho, portanto, que estudiosos da arquitetura

    procurem discernir, nos edifcios mais representativos de cada ciclo histrico, o contedo temtico abstrato que veiculam ou deveriam veicular , mesmo que este contedo seja uma criao do prprio estudioso. Erwin Panofsky, por exemplo, pretendia que a construo da catedral gtica fosse uma transcrio, sobre a pedra, do sistema escolstico e da doutrina da Summa Theologica, de So Toms de Aquino. Para Panofsky...foi na arquitetura onde o hbito da clarificao logrou seus maiores triunfos. Assim como o princpio da manifestatio regia a alta escolstica, o que se pode chamar princpio da transparncia, regeu a arquitetura do alto gtico33.

    No incio de seu estudo, o autor faz um paralelismo tem-poral entre a arte medieval e a filosofia escolstica; a se-guir, observa que tanto a arquitetura gtica e o pensamento escolstico surgiram numa regio que forma um crculo de cento e cinquenta quilmetros que tem Paris como centro. No segundo captulo do livro, Panofsky estabelece uma 32 READ, Herbert. As origens da forma na arte. Rio de Janeiro: Zahar, 1967. p.105.33 PANOFSKY, Erwin. Arquitetura gtica e escolstica. So Paulo: Martins Fontes, 1991. p.35.

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    conexo entre filosofia e arte que transcende ao simples pa-ralelismo temporal, a saber, uma relao de causa e efeito. Partindo da concepo de que a escolstica teria monopoli-zado a formao intelectual, nosso autor enuncia a tese de que esta circunstncia teria produzido um hbito mental que influenciava o ensino e as letras, e que tinha um alcan-ce abrangente, que atingia, inclusive, os mestres-de-obras medievais, que seriam dotados de significativa formao intelectual. Na realidade, segundo a teoria de Panofsky, os mestres-de-obras medievais eram os precursores da es-colstica. O que Panofsky tem em mente o pensamento consciente dos escolastas, bem como dos mestres-de-obras medievais, que, segundo ele, brota de um mesmo modus essendi. Como Panofsky no exibe evidncias da conexo que alega existir entre arquitetura gtica e escolstica, busca demonstrar tal conexo de uma tertium comparationes. Por meio desta argumentao, nosso autor refere-se preocu-pao como uma caracterstica do pensamento escolstico, isto , explicao (manifestatio) da coerncia dos con-tedos da f e da razo, e defende a ideia segundo a qual tal princpio comparece tambm na arquitetura das catedrais, materializando-se por intermdio de uma lgica visual.

    A metafsica do poder se expressa na arquitetura erudita quando esta reflete certos aspectos da estrutura poltica e social. O papel comunicativo da arquitetura um fenmeno demasiado estudado e permite o estabelecimento de um vnculo temtico com a questo do poder. H uma identidade teleolgica entre a manifestao visvel do poder institudo e determinados contedos temticos da arquitetura hiertica de todos os tempos. A socializao de suas finalidades estabelece um vnculo entre poltica e arquitetura erudita; como observa Thomas Ransom Giles:

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    A manifestaes do fenmeno do poder so incalculveis, mas todas elas assumem carter poltico em funo da socializao da sua finalidade. O poder um instrumento que s encontra sua razo de ser no objetivo ou nos objetivos em funo dos quais a sociedade constituda.34

    Considero que, neste mesmo sentido, Geoffrey Scott afirmou que o ideal do Renascimento foi o poder: uma ampliao da conscincia do poder e um alargamento de seu mbito; e Grcia e Roma se converteram quase por necessidade em sua imagem e smbolo35. Scott pensava na Grcia e em Roma como prottipos de uma expresso mais refinada do poder, que se materializa no conceito de autoridade; por que poucos sistemas arquitetnicos espelham to bem o conceito de autoridade como o Classicismo. J Max Weber ensina-nos que toda dominao se manifesta e funciona em forma de governo36. Mas o conceito de autoridade no exaure a ideia do poder, principalmente quando falamos nas diversas formas de autoridade desptica que se inscrevem no quadro das instituies polticas. No caso do poder desptico, penso que o sistema barroco produziu a arquitetura mais adequada a lhe servir de cenrio. Eugenio DOrs, desenvolvendo a tese segundo a qual ...as formas arquitetnicas de um perodo histrico dado constituem uma nova manifestao poltica do mesmo37, afirmava que as duas grandes criaes do primeiro Renascimento seriam a

    34 GILES, Thomas Ranson. Estado, poder, ideologia. So Paulo: EPU, 1985. p.1.35 SCOTT, Geoffrey. Arquitectura del Humanismo. Barcelona: Barral, 1970. p.159.(Traduo Nossa.)36 WEBER, Max. Economia y sociedad. Buenos Aires: Fondo de Cultura Eco-nmica, 1992. p.701. (Traduo Nossa.)37 DORS, Eugenio. Las ideas y las formas. Madrid: Aguilar, 1966. p.19. (Traduo Nossa.)

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    cpula e a monarquia. A tese atraente, mas no se sustenta sob pilares slidos. Nem o Renascimento inventou a cpula, nem a monarquia foi inventada nesta poca. As cpulas dos sculos XV e XVI cobriam igrejas, no palcios. Nem as intrigantes cpulas das vilas de Palladio cobriam tronos, mas as cadeiras de cidados abonados. No Renascimento, a arquitetura reflete um gnero de busca do poder, aquele aspirado pelo estamento burgus:

    O humanismo representa neste caso uma ideologia que realiza uma funo muito determinada na luta pela emancipao e a conquista do poder pela camada social burguesa em progresso ascendente.38

    O despotismo monrquico, forma por excelncia do poder, um fenmeno que se manifesta na sua plenitude nos sculos XVI e XVII. E a arquitetura palaciana desta poca refletia essa realidade. De fato, como j resumiu David Jacobs, a arquitetura da Renascena e do Barroco transformou-se na arquitetura da autoexaltao; ela foi construda por prncipes, papas, reis e aristocratas para seu prprio conforto39. Principalmente, no sistema barroco a arquitetura marcada pelo sentido teatral e cenogrfico, concebida para servir de palco para uma perptua repre-sentao, que a ostentao do poder. A temtica das relaes entre arquitetura e poder poder do cliente e poder do arquiteto encontra uma ramificao na concepo da arquitetura como cenrio para o exerccio da autoridade, vista como a representao de papis. Isto bem visvel no uso exemplar que a monarquia e a aristocracia francesa dos

    38 VON MARTIN, A. Sociologa del Renacimiento. Mxico: Fondo de Cultura Econmica, 1992. p.46.39 JACOBS, David. Architecture. Nova York: Newsweek Books, 1974. p.130. (Traduo Nossa.)

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    sculos XVII e XVIII fizeram da arquitetura barroca; E. H. Gombrich refere-se a esta disposio da seguinte forma:

    Usar os prestgios da arte para manifestar seu pr-prio poderio no era monoplio da Igreja Romana. Os prncipes soberanos da Europa do sculo XVII esta-vam igualmente desejosos de apregoar seu poder para afirmar sua ascendncia sobre os seus povos. Eles desejam parecer, em sua glria, criatura de espcie superior, elevados por direito divino bem acima do comum dos mortais. Isto se aplica particularmente ao mais poderoso monarca dessa poca, o rei Lus XIV. Magnificncia e pompa real eram para ele a prpria essncia do poder.40

    Neste contexto, no se pode negligenciar o fato de a sociedade e o indivduo genial ou no terem a mesma matria-prima, diferindo apenas no que diz respeito quantidade e combinao, ou seja, as duas coordenadas cultura e sociedade se encontram no mesmo ponto zero: o indivduo. O lugar que ocupa o indivduo, no tipo de mundo que descrevem os antroplogos, , evidentemente, de importncia terica fundamental41. Temos, igualmente, a conhecida concepo de Weber que afirmou que:

    ... se finalmente me tornei socilogo, o motivo principal pr fim a esses exerccios com bases em conceitos coletivos cujo espectro est sempre rondando. Em outras palavras: a sociologia tambm s pode ter origem nas aes de um, de alguns,

    40 GOMBRICH, Eric. Lart et son histoire. Paris: Ren Juliard, 1967. p.156. (Traduo Nossa.)41 NADEL, S.F. Fundamentos de antropologa social. Mxico: Fondo de Cultu-ra Econmica, 1985. p.106. (Traduo Nossa.)

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    ou de numerosos indivduos distintos. por isso que ela obrigada a adotar mtodos estritamente individualistas.42

    Assim, a partir das contribuies de Weber, constitui uma observao interessante aquela feita por Wright, ao referir-se plausibilidade de um individualismo metodolgico marxista, como desenvolvimento da ideia segundo a qual o que vale a pena ser levado a srio no pensamento marxista possa ser reconstrudo segundo o modelo do individualismo metodolgico43.

    Dentro de uma perspectiva individualista, entretanto, po-de-se considerar que a prpria sociedade existe apenas na medida em que evidenciada e compreendida pelos indiv-duos. O que determina o comportamento do indivduo no so tanto influncias sociais que o moldam diretamente e o manipulam como se fosse um fantoche, e sim sua inter-pretao e percepo dessas influncias44. Desenvolvendo esta ideia, constatamos, na pesquisa exploratria antes alu-dida, que o imaginrio da profisso na arquitetura tem um componente essencial: a noo de que essa uma atividade de criao. Procurando sintetizar a manifestao dessa au-toimagem, Eugene Raskin explica que:

    No que diz respeito ao arquiteto, arquitetura acima de tudo um processo criativo. Ele tem uma ideia em sua mente, um efeito, uma emoo, podemos dizer,

    42 Ibidem. WEBER, Max. p.1. (Traduo Nossa.)43 WRIGHT, Erik O., LEVINE, Andrew et SOBER, Elliot. Reconstruindo o mar-xismo: Ensaios sobre a explicao e teoria da histria. Petrpolis: Vozes, 1993. p.190.44 BERRY, David. Ideias centrais em sociologia Uma introduo. Rio de Ja-neiro: Zahar, 1983. p.29.

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    que ele quer expressar em termos de estrutura. Sua inteno de avanar alm da mera utilidade para ex-pressar algo com um maior significado humano arquitetura, para ele, a despeito do xito ou malogro de sua consumao. Para o arquiteto, em sntese, arquitetura um assunto subjetivo, que depende de seu propsito. O elemento propsito, assim sendo, deve encontrar seu lugar em nossa definio de arquitetura.45

    fcil verificar que a profisso do arquiteto, ao implicar a transformao intencional da matria e do ambiente, exige criatividade. E a criatividade uma qualidade valorizada na cultura ocidental moderna. A atividade de criao aqui referida que combina espontaneidade com expresso da personalidade a conceituada na cultura ocidental a partir do sculo XV, como resultado do processo de emancipao do artista: a espontaneidade do indivduo a grande experincia, o conceito de genialidade e o ideal da obra de arte como expresso da personalidade genial, a grande descoberta do Renascimento46. interessante observar que, de modo mais manifesto, o individualismo se integra personalidade do profissional da arquitetura justamente no Renascimento, quando o incipiente capitalismo italiano comea a configurar a cultura da poca, com nfase na cultura artstica. Como sintetiza Elias Cornell, j na poca de Brunelleschi se do feitos que rapidamente transformam hbitos de construo no seu oposto. A arte de construir atribuda a indivduos individualistas47. Podemos identificar, no pensamento 45 RASKIN, Eugene. Architecturally speaking. Nova York: Reinhold, 1954. p.8-9. (Traduo Nossa.)46 HAUSER, Arnold. A arte e a sociedade. Lisboa: Presena, 1984. p.50.47 CORNELL, Elias. A expresso arquitetnica da contradio entre a cidade e o campo no capitalismo pr-industrial. In: Arquitetura e conhecimento. Braslia: Alva, n.3, 1996. p.93.

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    humanista dos sculos XV e XVI, o embrio daquilo que hoje denominamos pensamento moderno, por oposio ao pensamento medieval e arcaico. Efetivamente, Alberti, no prlogo de seu De Re Aedificatoria, texto instaurador da literatura temtica da arquitetura, estabeleceu um sinttico perfil do profissional a que designa como arquiteto:

    Mas antes de prosseguir, entretanto, devo explicar exatamente a quem me refiro como arquiteto: pois no ser um carpinteiro que eu equipararei aos mais capa-citados mestres em outras cincias; o carpinteiro nada mais que um instrumento nas mos do arquiteto. Chamarei de arquiteto aquele que, atravs de acurados e maravilhosos razo e mtodo, capaz, com o pen-samento e a inveno, de conceber e, com execuo, de realizar todas estas obras as quais, por intermdio do movimento de grandes massas, e da conjuno e reunio dos corpos, podem, com a maior beleza, se adaptar ao uso do gnero humano; e, para estar apto a faz-lo, ele dever ter um pleno conhecimento das mais nobres e mais curiosas cincias. Assim deve ser o arquiteto.48

    Seu texto no requer exegese, pois expressa claramente o que nosso autor pretende dizer. Um profissional dotado dos atributos que Alberti visualiza no seu arquiteto seria, na sua capacidade criativa, para todos os efeitos, infalvel, e digno de inveja e mulo para os colegas. E, como enfatiza Alberti, em nada comparvel a pedreiros ou carpinteiros. Como enunciei acima, encontramos tambm no discurso dos humanistas uma primeira ideia do pensamento moderno, a separao entre dois reinos ontolgicos: o mundo natural, objeto de contemplao e transformao pelo homem, e o

    48 ALBERTI, Leon Battista. Texto Original de 1485. p. 3.(Traduo Nossa.)

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    mundo humano, que consiste em um conjunto de liberdades individuais, destinadas a construir, com sua ao, seu pr-prio mundo. Como resume Luis Villoro, essa ideia entranha a ideia do homem como indivduo inamovvel. Um dos rasgos do pensamento moderno ser, desde ento, esse individualismo49.

    49 VILLORO, Luis. El pensamiento moderno. Filosofa del Renacimiento. Mx-ico: Fondo de Cultura Econmica, 1992. p.34. (Traduo Nossa.)

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    4. Concluses

    Para o indivduo que cria a diferena, ou que se v como capaz de faz-lo, ou que espera ser reconhecido como algum apto a faz-lo, marcar sua prpria individualidade, ainda que romanticamente, um recurso de sobrevivncia. Sem exagero, podemos afirmar que na arquitetura, como em outros campos que exigem criatividade, o modelo por excelncia do arquiteto o gnio. O gnio sempre uma individualidade. O uso deste conceito na caracterizao de artistas provm, como nota Erwin Panofsky da revoluo cultural ocorrida nos sculos XV e XVI:

    A teoria da arte do Renascimento, vinculando a produo da Ideia viso da natureza, e situando-a doravante numa regio que, sem ser ainda a da psicologia individualista, j no era a da metafsica, dava o primeiro passo em direo ao reconhecimento daquilo que nos habituamos a chamar de Gnio. Alis, os pensadores do Pr-Renascimento desde o incio havia pressuposto, em face da realidade do objeto de arte, a realidade subjetiva do artista....50

    O conceito de gnio til para fins de explicarmos o carter normativo dos grupos de referncia. A essa circunstncia se aplica, mutatis mutandi, a observao de Merton sobre a abordagem terica do papel do gnio no campo da cincia, enfatizando que:

    Ao conceber o gnio cientfico como um indivduo que representa por si s o equivalente funcional a uma quantidade e uma variedade de talento frequentemente

    50 PANOFSKY, Erwin. Idea: A evoluo do conceito do belo. So Paulo: Mar-tins Fontes, 1994. p.67.

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    menor, a teoria sustenta que o gnio desempenha um papel destacado no avano da cincia e s vezes tambm, pela excessiva autoridade que lhes atribui, trava seu ulterior desenvolvimento.51

    Concluindo o presente estudo, podemos dizer que a incorporao sociedade atravs do individualismo a mesma modalidade de incorporao de que nos fala Agnes Heller:

    Com efeito, a individualidade humana no simples-mente uma singularidade. Todo homem singular, individualmente, e, ao mesmo tempo, ente humano- -genrico. Sua atividade , sempre e simultaneamente, individual-particular e humano-genrica. Em outras palavras: o ente singular humano sempre atua segun-do seus instintos e necessidades, socialmente forma-dos, mas referidos ao seu Eu, e, a partir dessa pers-pectiva, percebe, interroga e d respostas realidade; mas, ao mesmo tempo, atua como membro do gnero humano e seus sentimentos e necessidades possuem carter humano-genrico.52

    O percurso feito pela teoria da arquitetura no Renasci-mento pode ser tomado como referncia e parmetro para uma plena compreenso da relao entre o homem e a so-ciedade na atualidade. As concepes arquitetnicas e urba-nsticas dos tratadistas dos sculos XV em diante sofreram influncia das concepes de tempo e espao desde ento. Os princpios arquitetnicos do Renascimento foram inspi-rados em conceitos que pretendiam darunidade arquitetura

    51 MERTON, Robert King. Sociologa de la ciencia. Madri: Alianza Universi-dad, 1977. p.476. (Traduo Nossa.) 52 HELLER, Agnes. O cotidiano e a histria. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992. p.80.

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    e relacion-la com a cidade e a natureza ao seu redor. Isto s foi possvel graas mudana do juzo esttico, ocorrida ao longo dos sculos XV e XVI. A ideia de tornar o homem o centro do universo refletiu um novo ideal, no qual a unidade entre este e a natureza incorporou tambm a cidade e a ar-quitetura. Neste mesmo grupo de pensadores esto Alberti, Filarete e Giorgio Martini. Nos tratados de Serlio, Palladio e Vignola, no se encontra mais a ideia de a unidade entre ar-quitetura e cidade que havia nos tratados de Alberti, Filarete e Martini, contudo, mantm-se a ideia de antropometrismo arquitetnico e urbanstico. A constante relao entre edif-cio e espao urbano e entre arquitetura e cidade deve fazer parte do entendimento e da apreenso social. A cidade a expresso mxima da capacidade humana. A questo posta neste estudo pretende reacender a ideia de que h uma qua-lidade na arquitetura e na cidade que est alm dos estilos e linguagens arquitetnicas; algo que variam com o tempo e o espao, que a sine qua non da qualidade urbana: a relao arquitetura e cidade, pensada como um corpo nico, indivi-svel e completo.

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