371
COLETÂNEA DE JURISPRUDÊNCIA DO CARF EM PROCESSOS RELEVANTES JULGADOS EM 2013 Com Comentários dos Procuradores da COCAT/PGFN Brasília Advocacia-Geral da União 2014

Coletânea de JurisprudênCia do Carf em proCessos ...idg.carf.fazenda.gov.br/publicacoes/arquivos-e-imagens-pasta/... · Arnaldo Sampaio de Moraes Godoy Consultor-Geral da União

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  • Coletnea de JurisprudnCia do Carf

    em proCessos relevantes Julgados em 2013

    Com Comentrios dos Procuradores da COCAT/PGFN

    BrasliaAdvocacia-Geral da Unio

    2014

  • SIG - Setor de Indstrias Grficas, Quadra 6, lote 800 Trreo - CEP 70610-460 Braslia/DF Brasil. Telefones (61) 2026-7368 e 2026-7370

    e-mail: [email protected]

    ADVOGADO-GERAL DA UNIOMinistro Lus Incio Lucena Adams

    DIREO GERAL DA AGU Fernando Luiz Albuquerque Faria Substituto do Advogado-Geral da Unio Marcelo de Siqueira Freitas Procurador-Geral Federal Paulo Henrique Kuhn Procurador-Geral da Unio Adriana Queiroz de Carvalho Procuradora-Geral da Fazenda Nacional Arnaldo Sampaio de Moraes Godoy Consultor-Geral da Unio Ademar Passos Veiga Corregedor-Geral da AGU Grace Maria Fernandes Mendona Secretria-Geral de Contencioso

    ESCOLA DA AGU Juliana Sahione Mayrink Neiva Diretora Andr Luiz de Almeida Mendona Vice-Diretor Nlida Maria de Brito Arajo Coordenadora-Geral

    EDITOR RESPONSVELJuliana Sahione Mayrink Neiva

    COORDENADORPaulo Roberto Riscado Junior

    CONSELHO EDITORIALPaulo Roberto Riscado Junior

    Moiss de Sousa Carvalho Pereira

    Diagramao/Capa: Niuza Lima

    Publicaes Eletrnicas da Escola da AGU

    Escola da Advocacia-Geral da UnioMinistro Victor Nunes Leal

    Os conceitos, as informaes, as indicaes de legislaes e as opinies expressas nessa publicao so de responsabilidade exclusiva de seus autores.

    RISCADO JUNIOR, Paulo Roberto; et alPublicaes Eletrnicas da Escola da AGU Coletnea de Jurisprudncia 1 ed. Braslia-DF: Advocacia-Geral da Unio, 2014.

    ISBN: 978-85-63257-15-4Livro eletrnicoDisponvel em: www.agu.gov.br

    1. Direito Pblico. Direito Tributrio. Brasil.CDD 341.3

    CDU 342

    Todos os direitos reservados ao autor. expressamente proibida a reproduo total ou parcial desta obra, por qualquer meio ou processo, sem prvia autorizao do autor (Lei n 9.610, de 19.02.98, DOU 20.02.98)

    2014 - Advocacia-Geral da Unio

  • AUTORES DOS COMENTRIOS

    Paulo Roberto Riscado JuniorMoiss de Sousa Carvalho Pereira

    Bruna Garcia Benevides Indiara Arruda de Almeida Serra

    Luciana Ferreira Gomes Silva Marco Aurlio Zortea Marques Rodrigo de Macedo e Burgos

    Rodrigo Moreira Lopes Jules Michelet Pereira Queiroz e Silva

    Lvia da Silva Queiroz Maria Conclia de Arago Bastos

    Patrcia de Amorim Gomes Macedo Srgio Moacir de Oliveira Espindola

    Ana Paula Ferreira de Almeida Vieira RamalhoLcia Fernandes Martins

    Moara Guilherme de RezendeMiquerlam Chaves Cavalcante

    Leila Barreiro Prado

    MINISTRO DA FAZENDAGuido Mantega

    PROCURADORA-GERAL DA FAZENDA NACIONALAdriana Queiroz de Carvalho

    PROCURADOR-GERAL ADJUNTO DE CONSULTORIA E CONTENCIOSO TRIBUTRIOFabrcio da Soller

    COORDENADOR DO CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO TRIBUTRIO COCATPaulo Roberto Riscado Junior

    EQUIPE COCAT (DEZEMBRO 2014)

    PROCURADORES

    Paulo Roberto Riscado JuniorMoiss de Sousa Carvalho Pereira

    Bruna Garcia Benevides Claudio Xavier Seefelder Filho

    Indiara Arruda de Almeida Serra Luciana Ferreira Gomes Silva

    Marco Aurlio Zortea Marques Raquel Godoy de Miranda Arajo Aguiar

    Rodrigo de Macedo e Burgos Rodrigo Moreira Lopes Frederico Souza Barroso

    Jules Michelet Pereira Queiroz e Silva Lvia da Silva Queiroz

    Maria Conclia de Arago Bastos Patrcia de Amorim Gomes Macedo Srgio Moacir de Oliveira Espindola

    Ana Paula Ferreira de Almeida Vieira Ramalho Aro Bezerra Andrade

    Daniela Figueiredo Oliveira Frana Fbio Jos Freitas Coura

    Flvio Luiz Wenceslau B. dos Santos Francianna Barbosa de Arajo

    Leandro Felipe Bueno Lcia Fernandes Martins

    Maria Emlia Cavalcanti de Arruda Mirza Andreina Portela de S. Sousa

    Moara Guilherme de RezendePatrcia Maia Feitosa

    Paulo Renato Gonzalez Nardelli Miquerlam Chaves Cavalcante

    Leila Barreiros Prado

    APOIO: Alexandre do Nascimento Fleury; Eberval Pereira da Cruz; Ederson Ovdio de Sousa; Geralda Lopes; Maria Jos Sousa Ribeiro; Mrio Monteiro Pereira; Mozar Guido de Mattos; Rogrio Marcos de Souza; Egberto Francisco Santana; Silas Augusto da Paz; Rogria David Quintal; Suellen Carol da Costa Sousa Moreno; Julio Maria do Carmo Neto; Larissa Cristina Atades de Oliveira.

  • SUMRIO

    1 SEO

    CSLL ................................................................................................................................................................11

    1. GIO .........................................................................................................................................................................................11

    2. TRATADOS INTERNACIONAIS ....................................................................................................................................11

    3. JUROS CAPITALIZADOS ..................................................................................................................................................18

    4. AGROINDSTRIA. DEPRECIAO INCENTIVADA ...........................................................................................18

    5. ENTIDADES ABERTAS DE PREVIDNCIA COMPLEMENTAR .....................................................................19

    IRPJ .................................................................................................................................................................20

    1. SOLIDARIEDADE ................................................................................................................................................................20

    2. OMISSO DE RECEITAS. ...............................................................................................................................................23

    3. COMPENSAO ..................................................................................................................................................................30

    4. DISTRIBUIO DISFARADA DE LUCROS ............................................................................................................34

    5. GANHO DE CAPITAL ........................................................................................................................................................35

    6. GANHO DE CAPITAL. VENDA DE BEM REGISTRADO NO ATIVO PERMANENTE POR EMPRESA OPTANTE DE APURAO DO LUCRO PRESUMIDO ........................................................................................44

    7. DEBNTURES ......................................................................................................................................................................48

    8. GIO .........................................................................................................................................................................................50

    9. VERSO DE BENS EM VIRTUDE DE CISO PARCIAL. LUCRO PRESUMIDO. RESERVA DE REAVALIAO ...................................................................................................................................................................103

    10. LUCRO PRESUMIDO E LUCRO ARBITRADO ....................................................................................................109

    11. DIFERIMENTO DE TRIBUTAO INCIDENTE SOBRE O LUCRO .........................................................110

    12. DESMUTUALIZAO ...................................................................................................................................................113

    13. PREOS DE TRANSFERNCIA ................................................................................................................................122

    15. LUCROS NO EXTERIOR ..............................................................................................................................................138

    16. PARTICIPAO NOS LUCROS E RESULTADOS ................................................................................................140

    17. COISA JULGADA .............................................................................................................................................................141

    18. DESPESAS INDEDUTIVEIS .......................................................................................................................................142

    19. PIS/COFINS. IMPORTAO POR CONTA E ORDEM DE TERCEIRO. EMPRESAS FUNDAPEANAS 146

    20. DEDUO DE PERDAS ...............................................................................................................................................147

    21. ADOO DE ALQUOTA INDEVIDA DO IRPJ E FALTA DE RECOLHIMENTO DO ADICIONAL. ALQUOTA DO IMPOSTO E ADICIONAL. LUCRO DECORRENTE DE EXPORTAES INCENTIVADAS. MINERAIS ABUNDANTES .......................................................................................................148

    22. RESSARCIMENTO DE TRIBUTOS EFETUADO PELO PODER PBLICO. PREVISO EM EDITAL DE LEILO. DOAO ......................................................................................................................................................150

    23. AMORTIZAO DE EMPRSTIMO ANTERIOR APROPRIAO DE SEUS ENCARGOS FINANCEIROS ....................................................................................................................................................................151

    24. RATEIO DE DESPESAS ................................................................................................................................................152

    25. IRRF. PAGAMENTO A BENEFICIRIO NO IDENTIFICADO ...................................................................152

    26. INCORPORAO DE RESERVA AO CAPITAL SOCIAL ..................................................................................153

    27. DESMEMBRAMENTO DE COOPERATIVA. TRIBUTAO DE RESERVA DE REAVALIAO. ...154

    28. IMUNIDADE. AUTARQUIA PRESTADORA DE SERVIO PBLICO........................................................154

    29. SOCIEDADE DE PROPSITO ESPECFICO ........................................................................................................154

    30. INCORPORAO S AVESSAS ..................................................................................................................................155

  • 2 SEO

    CONTRIBUIO PREVIDENCIRIA ..................................................................................................158

    1. SUJEIO PASSIVA ..........................................................................................................................................................158

    2. CARACTERIZAO DA RELAO DE EMPREGO ...........................................................................................158

    3. PLR. .........................................................................................................................................................................................168

    4. DESCONSIDERAO DE PERSONALIDADE JURDICA FRAUDE DO CONTRIBUINTE COMPROVADA ...................................................................................................................................................................172

    5. ELEIO DE DOMICLIO TRIBUTRIO ...............................................................................................................173

    6. SALRIO DE CONTRIBUIO GANHOS EVENTUAIS ................................................................................173

    7. PRODUTO RURAL: ATO COOPERATIVO E EXPORTAO POR MEIO DE COOPERATIVA ..........177

    8. LANAMENTO INDEVIDO DE VALORES .............................................................................................................177

    9. SALRIO DE CONTRIBUIO: CONCESSO DE STOCK OPTIONS .........................................................178

    IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FSICA IRPF ............................................................183

    1. OPERAO DE INCORPORAO DE AES ......................................................................................................183

    2. GANHO DE CAPITAL. CAPITALIZAO DE LUCROS E RESERVAS .........................................................188

    3. GANHO DE CAPITAL: PREO INDEXADO MOEDA ESTRANGEIRA ..................................................205

    4. ACRSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO: REMESSA DE RECURSOS PARA O EXTERIOR. 205

    IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF ..........................................................209

    1. OPERAES DE MTUO .............................................................................................................................................209

    2. OPERAES DE MTUO REALIZADAS ENTRE PJS .......................................................................................209

    3. GANHO DE CAPITAL: ALIENAES DE AES. OPERAES DENTRO E FORA DA BOLSA. ....210

    4. PAGAMENTO SEM CAUSA OU A BENEFICIRIO NO IDENTIFICADO ...............................................211

    5. PAGAMENTO A CONTRIBUINTE RESIDENTE NO EXTERIOR. ...............................................................211

    IMPOSTO TERRITORIAL RURAL ITR ...........................................................................................213

    1. ISENO CONDICIONADA. OBRIGATORIEDADE DO ADA. ........................................................................213

    3 SEO

    ADUANEIRO ...............................................................................................................................................219

    1. INTERPOSIO FRAUDULENTA. OPERAO DE IMPORTAO: NO-COMPROVAO DA ORIGEM DOS RECURSOS. ............................................................................................................................................219

    2. INTERPOSIO FRAUDULENTA. CARACTERIZAO. .................................................................................220

    3. SUBFATURAMENTO OU SUPERFATURAMENTO. ..........................................................................................225

    4. INFORMAO INEXATA. VINCULAO ENTRE IMPORTADOR E EXPORTADOR. ......................227

    5. FALTA DE LICENA DE IMPORTAO - REPETRO ......................................................................................228

    6. VALOR ADUANEIRO ........................................................................................................................................................233

    7 IMPORTAO DE PARTES E PEAS .......................................................................................................................236

    8. DRAWBACK .........................................................................................................................................................................237

    CIDE ..............................................................................................................................................................239

    1. REMESSAS AO EXTERIOR. ROYALTIES. ..............................................................................................................239

    2. IMPORTAO DE NAFTA (INSUMO. PARA FINS PETROQUMICOS) ISENO. ...............................246

    3. AFRETAMENTO DE PLATAFORMAS DE PETRLEO. SERVIOS DE PRODUO E PROSPECO DE PETRLEO. .................................................................................................................................................................247

  • COFINS .........................................................................................................................................................248

    1. INSUMOS. ............................................................................................................................................................................248

    2. INCIDNCIA SOBRE SUBVENO ESTADUAL. ................................................................................................250

    3. RECEITA PRPRIA. ATIVIDADE DE INTERMEDIAO. PEDGIO. ......................................................250

    4. AGROINDSTRIA. VENDA SEM SUSPENSO. ..................................................................................................251

    5. SETOR ELTRICO. RTE. TRATADO INTERNACIONAL DE ITAIPU. .......................................................252

    6. AES. AQUISIO COMO INVESTIMENTO. ...................................................................................................253

    7. AGROINDSTRIA. CRDITO PRESUMIDO. .......................................................................................................254

    8. INCIDNCIA SOBRE TAXA DE EMBARQUE .......................................................................................................258

    IOF .................................................................................................................................................................259

    1. MTUO, SEM PRAZO, DE RECURSOS FINANCEIROS POR MEIO DE CONTA-CORRENTE. .......259

    2. SALE LEASE BACK. CARACTERIZAO DE MTUO. ...................................................................................260

    3. ISENO EM OPERAES DE CRDITO. ............................................................................................................260

    IPI - IMPOSTO SOBRE PRODUTO INDUSTRIALIZADO ............................................................264

    1. CIGARROS. REGISTRO ESPECIAL. ...........................................................................................................................264

    2. FRAUDE NA IMPORTAO. ........................................................................................................................................264

    3. VALOR TRIBUTVEL MNIMO. ...............................................................................................................................265

    4. CARACTERIZAO DE VENDA DE AR CONDICIONADO. ...........................................................................270

    5. EQUIPARAO A ESTABELECIMENTO INDUSTRIAL. .................................................................................271

    6. PRINCPIO DA AUTONOMIA DOS ESTABELECIMENTOS. .........................................................................271

    IPI-IMPOSTO DE IMPORTAO ........................................................................................................273

    1. AUSNCIA DE PROVA. FIXAO DE ALQUOTA. ...........................................................................................273

    PIS-COFINS .................................................................................................................................................274

    1. BASE DE CLCULO. OPERADORAS DE PLANOS DE SADE. ....................................................................2742. BASE DE CLCULO. DESCONTOS DE CARTER CONTRA-PRESTACIONAL. .....................................2753. TRANSPORTE INTERNACIONAL. ...........................................................................................................................2814. SIMULAO. FRAUDE. .................................................................................................................................................2825. RESPONSABILIDADE SOLIDRIA. .........................................................................................................................2956. INSUMOS. NO-CUMULATIVIDADE. CRDITO PRESUMIDO. .................................................................2977. DIREITO DE CRDITO. ATIVO IMOBILIZADO. TRANSPORTE DUTOVIRIO. .................................3018. RETORNOS SOBRE FINANCIAMENTOS. RENDIMENTOS HOLD BACK. ..............................................3039. INCIDNCIA MONOFSICA. AQUISIO PARA REVENDA. .......................................................................30410. VENDAS COM FIM ESPECFICO DE EXPORTAO. ...................................................................................30411. ALIENAO DE BENS ARRENDADOS. ...............................................................................................................30712. DESMUTUALIZAO. .................................................................................................................................................30813. VENDA DE SEGURO DE GARANTIA ESTENDIDA. ......................................................................................31514. PRESTAO DE SERVIO DE GERENCIAMENTO DE FLUXO DE CAIXA. ......................................31515. REGIME CUMULATIVO. RESTAURAO. ..........................................................................................................31616. RECEITAS DE EXPORTAO. ..................................................................................................................................31717. CONTRATO POR PREO DETERMINADO. ........................................................................................................318

    PIS-PASEP ....................................................................................................................................................322

    1. INCIDENCIA SOBRE SUBVENO ESTADUAL ..................................................................................................322

    2. RESERVA GLOBAL DE REVERSO (RGR). ...........................................................................................................322

    3. VENDA MATERIAL PERMANENTE .......................................................................................................................323

    4. SIMULAO. DESCONSIDERAO DE ATOS E NEGCIOS JURDICOS ...............................................324

  • CMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS

    COFINS .........................................................................................................................................................325

    1. AGNCIAS DE PUBLICIDADE ....................................................................................................................................325

    2. SUBVENO PARA INVESTIMENTO. ALARGAMENTO DA BASE DE CLCULO ..............................327

    3. COFINS. NO CUMULATIVA (NO INCIDNCIA). CRDITO FISCAL DE ICMS ................................328

    CONTRIBUIO PREVIDENCIRIA ..................................................................................................334

    1. REQUISITOS PARA REVISO DE LANAMENTO PREVISTOS NO ART. 149 DO CTN ....................334

    CSLL ..............................................................................................................................................................335

    1. DISPONIBILIZAO DE LUCROS NO EXTERIOR ............................................................................................335

    IMPOSTO DE IMPORTAO - II ..........................................................................................................336

    1. ISENO. PROCESSO PRODUTIVO BSICO ........................................................................................................336

    2. CONCOMITANCIA DE MULTA POR FALTA DE PAGAMENTO COM MULTA POR INFRAO ADMINISTRATIVA ...........................................................................................................................................................339

    IOF .................................................................................................................................................................340

    1. OPERAO DE FACTORING .......................................................................................................................................340

    IPI ...................................................................................................................................................................343

    1. TERCEIRIZAO A EMPRESA ESTABELECIDA NA ZONA FRANCA DE MANAUS. ISENO DE IPI ..................................................................................................................................................................343

    IRPF ...............................................................................................................................................................344

    1. MULTA QUALIFICADA CONDUTA REITERADA. ..............................................................................................344

    2. APRESENTACAO DE PROVAS DEPOIS DA IMPUGNAO. DEPSITOS BANCRIOS ....................344

    IRPJ ...............................................................................................................................................................346

    1. LUCRO PRESUMIDO. CONTRATO DE FRANQUIA ...........................................................................................346

    2. GIO .......................................................................................................................................................................................346

    3. TERMO DE IMPUTAO DE RESPONSABILIDADE COMPETNCIA DO AUDITOR FISCAL .....347

    4. EQUIVALNCIA PATRIMONIAL. INVESTIMENTO NO EXTERIOR. VARIAO CAMBIAL .........347

    5. COMPENSAO DE PREJUZOS ...............................................................................................................................348

    6. MULTA QUALIFICADA ..................................................................................................................................................348

    7. DECADENCIA. FRAUDE ................................................................................................................................................349

    IRPJ/CSLL ...................................................................................................................................................350

    1. SUBVENES PARA INVESTIMENTOS. OPERAES DE MTUO .........................................................350

    2. LUCROS DE CONTROLADA NO EXTERIOR EMPREGO DO VALOR ........................................................351

    3. TRIBUTACAO DE VARIAO CAMBIAL NO RESGATE DE PARTICIPAO EM INVESTIMENTO NO EXTERIOR ...................................................................................................................................................................367

    IRRF ...............................................................................................................................................................368

    1. LIMINAR IMPEDINDO O LANCAMENTO. DECADENCIA ............................................................................368

    2. GANHO DE CAPITAL ......................................................................................................................................................368

    3. JUROS REMETIDOS PESSOA JURDICA DOMICILIADA NO EXTERIOR ..........................................369

  • PIS/PASEP ...................................................................................................................................................370

    1. VENDAS DE SUCATAS. REGIME CUMULATIVO ...............................................................................................370

    PIS/COFINS ................................................................................................................................................371

    1. VALORES RELATIVOS A CRDITO PRESUMIDO; INDENIZAO DE SEGUROS, VARIAO CAMBIAL E HEDGE; REMESSA PARA ZFM ................................................................................................................371

  • APRESENTAO

    Esta uma coletnea de acrdos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) em julgamentos ocorridos durante o ano de 2013. Foram selecionados acrdos em casos considerados relevantes, que para os fins do presente trabalho so aqueles com valor de crdito tributrio elevado e com matria diferenciada. Os acrdos foram agrupados por temas.

    Parte desses acrdos objeto de comentrio pelos procuradores da Fazenda Nacional lotados na Coordenao do Contencioso Administrativo Tributrio da PGFN (COCAT/PGFN), que representam da Fazenda Nacional nos litgios em julgamento perante o CARF. Os comentrios visam contextualizar, esclarecer e, quando for o caso, criticar os principais argumentos e interpretaes que fundamentaram as decises do CARF.

    O CARF se notabiliza por representar um rgo de soluo de litgios amplamente legitimado perante a sociedade, uma vez que garante o devido processo legal no mbito do contencioso administrativo Federal. A sua jurisprudncia de qualidade, produzida em muitos anos de anlise e debates, tem orientado a todos que lidam com o direito tributrio.

    parte do trabalho da COCAT/PGFN recolher e classificar a rica jurisprudncia do CARF em diversos litgios tributrios. Espera-se que esta coletnea possa, a partir de agora, ser publicada em periodicidade anual.

    Nossos agradecimentos aos assistentes administrativos da COCAT/PGFN Suellen Carol da Costa Sousa Moreno e Julio Maria do Carmo Neto, que auxiliaram diretamente na elaborao desta coletnea. E um agradecimento especial ao Dr. Arnaldo Sampaio de Moraes Godoy e Dra. Juliana Sahione Mayrink Neiva, pelo apoio para que esse projeto fosse concretizado.

  • 1 SEO

    CSLL

    1) GIO

    PROCESSO N 16682.720819/201166Recurso n VoluntrioAcrdo n 1201000.830 2 Cmara / 1 Turma OrdinriaSesso de 9 de julho de 2013Matria CSLL AMORTIZAO DE GIORecorrente TELEMAR NORTE LESTE S/ARecorrida FAZENDA NACIONALASSUNTO: CONTRIBUIO SOCIAL SOBRE O LUCRO LQUIDO CSLLAnocalendrio: 2007IRPJ E CSLL. BASES DE CLCULO. AJUSTES. DISTINO. No h identidade entre os ajustes ao lucro lquido previstos na legislao do IRPJ e da CSLL para fins da determinao das bases de clculo desses tributos. A identidade estabelecida pelo art. 57 da Lei n 8.981/95 refere-se forma de apurao do IRPJ e da CSLL eleita pelo sujeito passivo, que pode ser com base no lucro lquido trimestral, com base no lucro lquido anual ou com base no lucro presumido.Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em DAR provimento ao recurso.

    PROCESSO N 16682.720314/201282Recurso n De OfcioAcrdo n 1302001.170 3 Cmara / 2 Turma OrdinriaSesso de 11 de setembro de 2013Matria CSLLRecorrente Fazenda NacionalInteressado Valepar S/AASSUNTO: CONTRIBUIO SOCIAL SOBRE O LUCRO LQUIDO CSLLAno-calendrio: 2008DESPESA DE AMORTIZAO DE GIO. NATUREZA JURDICO CONTBIL.Equivoca-se o lanamento que considera a despesa de amortizao do gio como despesa com proviso, pois o gio a parcela do custo de aquisio do investimento (avaliado pelo MEP) que ultrapassa o valor patrimonial das aes, o que no se confunde com provises expectativas de perdas ou de valores a desembolsar.MUDANA DE CRITRIO JURDICO.A instncia julgadora pode determinar que se exclua uma parcela da base tributvel e que se recalcule o tributo devido, ou mesmo determinar que se recalcule a base de clculo considerando uma despesa dedutvel ou uma receita como no tributvel, mas no pode refazer o lanamento a partir de outro critrio jurdico que o altere substancialmente.Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. Os Conselheiros Waldir Rocha, Mrcio Frizzo e Cristiane Costa acompanharam o Relator pelas concluses.

    2) TRATADOS INTERNACIONAIS

    PROCESSO N 13502.720167/201142Recurso n 000.001 VoluntrioAcrdo n 1401001.037 4 Cmara / 1 Turma Ordinria

  • Publicaes Eletrnicas da Escola da AGU12

    Sesso de 10 de setembro de 2013Matria CSLLRecorrente OXITENO NORDESTE S A INDUSTRIA E COMERCIO e Recorrida:FAZENDA NACIONALRecorrida FAZENDA NACIONALASSUNTO: CONTRIBUIO SOCIAL SOBRE O LUCRO LQUIDO CSLLAno-calendrio: 2007, 2008CSLL CONTRIBUIO SOCIAL SOBRE O LUCRO LQUIDO. TRATADOS INTERNACIONAIS SOBRE RENDA E CAPITAL. ESPANHA. USTRIA. APLICAOAnalisando as hipteses de incidncia do Imposto de Renda, da Contribuio Social sobre o Lucro Lquido, possvel identificar que ambas tm, como pressuposto material, a auferio de renda. Apesar, assim, da estruturao diferenciada das espcies tributrias predominante no direito interno, entendo que devam ser conjugados o Imposto de Renda de Pessoas Jurdicas, a Contribuio Social sobre o Lucro Lquido para fins de aplicao dos tratados internacionais, por incidirem sobre uma base que, principalmente se considerada sob a tica internacional, equivale renda da pessoa tributada.Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso.

    PROCESSO N 10980.722855/201113Recurso n VoluntrioAcrdo n 1101000.902 1 Cmara / 1 Turma OrdinriaSesso de 12 de junho de 2013Matria CSLL Jurosda dvida pblica de ttulos emitidos no exteriorRecorrente HSBC BANK BRASIL S/A BANCO MLTIPLORecorrida FAZENDA NACIONALASSUNTO: CONTRIBUIO SOCIAL SOBRE O LUCRO LQUIDO CSLLAno-calendrio: 2008NULIDADE. Alm de no se enquadrar nas causas enumeradas no art. 59 do Decreto n 70.235, de 1972, e no se tratar de caso de inobservncia dos pressupostos legais para lavratura do auto de infrao, incabvel falar em nulidade do lanamento quando no houve transgresso alguma ao devido processo legal.CSLL. CONVENO FIRMADA COM A USTRIA PARA EVITAR A DUPLA TRIBUTAO. APLICABILIDADE. A substancial semelhana entre o IRPJ e a CSLL impe a aplicao do disposto na conveno para evitar a dupla tributao. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.Acordam os membros do colegiado em: 1) por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar de nulidade do lanamento; e 2) por maioria de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso voluntrio, vencida a Relatora Conselheira Edeli Pereira Bessa, acompanhada pela Conselheira Mnica Sionara Schpallir Calijuri, e votando pelas concluses do voto vencedor o Presidente Marcos Aurlio Pereira Valado, nos termos do relatrio e votos que integram o presente julgado. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Nara.

    ANLISE CSLL E TRATADOS INTERNACIONAIS. DRA. LIVIA DA SILVA QUEIROZ

    1. Apresentao da matria posta a julgamento

    O lanamento de Contribuio Social sobre o Lucro Lquido incidiu sobre valores percebidos pela contribuinte a ttulo de juros pagos em remunerao a aplicaes financeiras em ttulos pblicos de Estados estrangeiros, que a contribuinte no inclura no clculo do IRPJ e da CSLL por entender que a aplicao das convenes sobre renda

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    e capital assinadas pelo Brasil com a ustria e com a Espanha afastaria sua incidncia.

    Os acordos para evitar a dupla tributao firmados entre o Brasil e a ustria (Decreto 78.107/76) e entre o Brasil e a Espanha (Decreto 76.975/1976) preveem que os juros da dvida pblica, dos ttulos ou debntures emitidos pelo Governo de um Estado Contratante ou por qualquer agncia (inclusive uma instituio financeira) de propriedade desse Governo, s so tributados nesse Estado (art. 11, item 4, alnea b).

    A autoridade fiscal brasileira, diversamente, entendeu que os tratados aplicam-se exclusivamente aos impostos sobre a renda. No alcanariam, destarte, as contribuies destinadas ao custeio da seguridade social, eis que, no direito brasileiro, possuem natureza jurdica diversa da dos impostos.

    A Primeira Turma da Quarta Cmara da Primeira Seo de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais entendeu, por unanimidade, em dar integral provimento ao recurso voluntrio para desconstituir o lanamento.

    2. Consideraes iniciais. Direito tributrio internacional e os acordos para evitar bitributao.

    Para promover a anlise do aresto, primeiramente, cumpre trazer consideraes acerca dos tratados internacionais para evitar tributao da renda.

    A pretenso tributria de determinado Estado aparece diante do binmio fonte do rendimento - residncia do beneficirio. A fonte do rendimento diz respeito ao territrio onde foi produzido o rendimento, j a residncia se liga pessoa beneficiria.

    A ligao da fonte de produo ou da pessoa beneficiada com o territrio de determinado Estado, os chamados critrios de conexo1, fazem surgir para este Estado a pretenso de exercer sua competncia tributria, com fundamento no princpio da territorialidade no primeiro caso e no princpio da universalidade no segundo.

    Os tratados internacionais para evitar bitributao da renda consistem em acordos bilaterais que tem por escopo coordenar as legislaes dos Estados signatrios, estabelecendo uma repartio de pretenses impositivas/competncias tributrias de cada um por meio da enumerao de uma classificao de rendimentos e um princpio comum, o da no-discriminao2.

    De acordo com a qualificao dos rendimentos, incidem as especficas previses dos tratados, que prescrevem as limitaes que incidiro sobre as competncias tributrias de cada Estado.

    Uma vez que se cuida da coordenao de ordenamentos soberanos, exsurge o problema da harmonia decisria, pois exceto se o prprio tratado definir o conceito de forma autnoma, existe a possibilidade de dissenso entre os Estados contratantes no tocante interpretao dos conceitos empregados nas convenes

    Postas as linhas gerais sobre os tratados bilaterais para evitar a bitributao

    1 Na definio de Alberto Xavier: Elemento de previso normativa que, determinando a localizao de uma situao da ida num certo ordenamento tributrio, tem como efeito tpico determinar o mbito de incidncia das leis desse ordenamento a essa mesma situao Direito Tributrio internacional do Brasil. 6 edio. Rio de Janeiro: Forense, p. 218.

    2 Os tratados para evitar bitributao no fazem parte do fenmeno integrativo. Seu objetivo distribuir competncia entre ordenamentos independentes e soberanos.

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    da renda, passa-se a expor, de forma breve, sobre a intepretao dos tratados.

    3. Interpretao dos tratados internacionais. Interpretao dos conceitos veiculados pelos tratados para evitar bitributao firmados entre Brasil e Espanha e Brasil e ustria.

    Em relao interpretao dos tratados, cumpre, primeiramente, mencionar a Conveno de Viena acerca de Direito dos Tratados, que codificou as normas consuetudinrias do direito internacional sobre a matria. A Conveno de Viena, assinada pelo Brasil, dispe de forma expressa sobre a interpretao dos tratados:

    Prescreve no seu art. 31: Um tratado deve ser interpretado de boa-f e de acordo com o significado ordinrio dados aos termos do tratado no contexto e sob a luz de seu objeto e proposito.

    O art. 31.2, por sua vez, diz que A intepretao do tratado deve comear por sua literalidade.

    O art. 32 da Conveno de Viena trata dos meios complementares de interpretao enquanto o art. 33 trata da interpretao de tratados autenticados em um ou mais idiomas.

    A partir dessas regras gerais, passa-se ao exame das Convenes em destaque.

    No artigo 2 de ambas as Convenes, que versa sobre os Impostos visados, os Estados signatrios indicam quais os tributos so abrangidos pelos acordos. No que se refere aos tributos brasileiros, o pargrafo 3 do artigo 2 do Tratado com a Espanha consigna que o acordo se aplica ao: imposto de renda com excluso das incidncias sobre remessas excedentes e atividades de menor importncia (doravante referido como imposto brasileiro). Redao similar se encontra artigo 2 do tratado Brasil-ustria.

    O pargrafo quarto do artigo 2 da Conveno Brasil-Espanha, e de forma anloga, o pargrafo segundo do artigo 2 da Conveno Brasil-ustria traz norma prospectiva com o objetivo de regular a situao de criao de novos tributos pela legislao interna dos contratantes:

    Esta Conveno tambm ser aplicvel a quaisquer impostos idnticos ou substancialmente semelhantes que forem posteriormente introduzidos, seja em adio aos impostos j existentes, ou em sua substituio. As autoridades competentes dos Estados Contratantes notificar-se-o mutuamente de qualquer modificao que tenha ocorrido em suas respectivas legislaes tributrias, especialmente no que se refere ao Artigo 23, pargrafo 7.

    A questo, ento, a partir da literalidade do que dispem as convenes, determinar se a CSLL pode ser classificada como imposto idntico ou substancialmente semelhante ao Imposto de Renda.

    Importante notar que os acordos para evitar bitributao assinados pelo Brasil, seguem, em linhas gerais, o modelo OCDE, trazendo regras interpretativas prprias.

    O art. 25 pargrafos 3 e 4 do tratado firmado entre Brasil e Espanha, considerando o potencial de dissenso interpretativo entre os pases signatrios, pois, como j mencionado, os tratados bilaterais constituem meio de coordenar ordenamentos soberanos autnomos, sem que haja prvio processo de harmonizao, prev procedimento

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    amigvel para que o Estados dirimam dvidas em relao interpretao e aplicao dos tratados3. Previso similar consta do tratado firmado entre Brasil e ustria.

    Trata-se de procedimento acessvel aos Estados contratantes, no aos residentes desses Estados e deve ser precedido de manifestao da autoridade estatal sobre a intepretao que este determinado Estadocontratante d determinada previso do tratado.

    As Convenes Brasil-ustria e Brasil-Espanha preveem regras de interpretao subsidiria, cuja aplicao antecede o procedimento amigvel previsto no art. 25 do Tratado, destinadas a dirimir lacunas em caso de controvrsia sobre termo que no se encontre definido no mbito do prprio tratado. Eis o que o dispe o artigo, cuja redao idntica para ambas as convenes mencionadas:

    ARTIGO 3

    Definies gerais

    2. Para a aplicao da presente Conveno por um Estado Contratante, qualquer expresso que no se encontre de outro modo definida ter o significado que lhe atribudo pela legislao desse Estado Contratante relativa aos impostos que so objetos da Conveno, a no ser que o contexto imponha interpretao diferente.

    A interpretao deste artigo, corroborado pelos comentrios OCDE no sentido de que o conceito seja determinado a partir da legislao interna do Estado cujo tributo se discute4. Ou seja, aplica-se a legislao do Estado da fonte.

    A partir desta premissa, tem-se que, em sendo o Brasil o Estado da fonte, cabe extrair, a partir da legislao brasileira, o mbito de abrangncia dos tratados, interpretando o pargrafo 4 (ou 2) do Artigo 2 das Convenes sob anlise, para definir se a Contribuio Social sobre o Lucro pode ser classificada como tributo idntico ou substancialmente semelhante ao Imposto de Renda.

    4. Fundamentos do julgado

    De incio, o acrdo se apoia na classificao promovida pela Organizao das Naes Unidas, a partir de estudo realizado pelo System of National Accounts SNA, grupo de estudiosos representantes das organizaes internacionais: OCDE Organizao de Cooperao e Desenvolvimento Econmico, United Nations Statistical Office, Fundo Monetrio Internacional, o Statistical Office da Unio Europeia e o Banco Mundial, para distinguir tributos de contribuies.

    Segundo esta classificao, os tributos so pagamentos no sinalagmticos, compulsrios, em dinheiro ou em espcie, realizados por entidades privadas para entidades governamentais e observa o relator que referida definio aproxima-se do conceito

    3 ARTIGO 25 Procedimento amigvel (...) 3. As autoridades competentes dos Estados Contratantes esforar-se-o por resolver, atravs de acordo amigvel, as dificuldades ou dissipar

    as dvidas que surgirem da interpretao ou da aplicao da presente Conveno. Podero, tambm, consultar-se mutuamente com vistas a eliminar a dupla tributao nos casos no previstos na presente Conveno.

    4. As autoridades competentes dos Estados Contratantes podero comunicar-se diretamente a fim de chegarem a acordo nos termos dos pargrafos anteriores. Se, para facilitar a realizao desse acordo, tornar-se aconselhvel realizar contatos pessoais, tais entendimentos podero ser efetuados no mbito de uma Comisso de representantes das autoridades competentes dos Estados Contratantes.

    4 Raad, van Kees. Materias on international & EC tax law. Vol. 1. 8 ed. International Tax Center, Leiden. 2008

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    adotado pelo direito brasileiro no art. 3 do Cdigo Tributrio Nacional5.

    As contribuies para a seguridade social, conforme a mesma classificao, seriam aquelas destinadas a uma sistema que satisfaz duas condies:

    a) o recebimento de benefcios est condicionado participao no sistema e constituem benefcios sociais e

    b) pelo menos um de trs requisitos so encontrados, a saber: (i) a participao no sistema de seguridade social obrigatrio por lei, segundo termos e condies de emprego de um empregado ou grupo de empregados; (ii) o sistema coletivo de acordo com determinado categoria de trabalho, para trabalhadores ou desempregados, mas restrito aos membros do grupo e; (iii) o empregador realiza um contribuio para o sistema em favor do empregado, podendo o empregado ser chamado ou no a tambm contribuir

    No julgado, se faz a observao de que, ao contrrio da concluso da Organizao, no Brasil, as contribuies ostentam natureza de tributo.

    Em contnuo, prossegue-se com o exame da previso constitucional relativa instituio de contribuies sociais.

    Pondera-se que, de acordo com a redao original do art. 195 da Carta, que contemplava a cobrana de contribuies (i) dos empregadores, incidente sobre folha de salrio, o faturamento e o lucro e (ii) dos empregados, as contribuies, a despeito de serem tributos, enquadram-se no conceito adotado pela ONU.

    Vislumbra-se, contudo, a partir da Emenda Constitucional n. 20-98, que previu a incidncia de contribuio para seguridade social sobre receita, faturamento e lucro, desnaturao do conceito de contribuio.

    Segundo consta do voto, nesse momento, a noo de contribuio para seguridade social distanciou-se da definio da Organizao e tambm das lies da doutrina brasileira. Invoca-se Geraldo Ataliba para reforar a tese de que o legislador vem, de forma atcnica, instituindo contribuies sociais cujas hipteses de incidncia correspondem quelas de impostos.

    Nessa linha, no julgamento, se entendeu que as contribuies institudas no Sistema Tributrio Nacional podem ser classificadas em sinalagmticas e no-sinalagmticas. As primeiras devem ser consideradas espcies tributrias distintas dos tributos.

    As contribuies no-sinalagmticas, dentre elas a CSLL, devem ser consideradas tributao sobre a renda e, portanto, sujeitam-se s previses dos tratados internacionais para evitar bitributao.

    O julgamento no se furta a se manifestar sobre a doutrina brasileira que classifica as contribuies como categoria autnoma em relao aos impostos. Afirma-se, inclusive, que essa diviso permite a coerncia entre o direito tributrio e o direito financeiro.

    Todavia, conclui-se que, para identificar tributao dos rendimentos, no plano mundial, o critrio de referncia deve ser a base de incidncia do tributo e no sua destinao.

    Nessa linha, a partir da definio de renda veiculada pelo art. 43 do CTN o

    5 Art. 3 Tributo toda prestao pecuniria compulsria, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que no constitua sano de ato ilcito, instituda em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

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    produto do capital, do trabalho ou da combinao de ambos, entendeu-se que o lucro lquido que constitui o fato gerador da CSLL significa que o pressuposto material da incidncia a renda, pois resultado da contraposio de receitas e despesas atreladas produo.

    5. Consideraes finais

    Verifica-se que o julgado, embora no tenha mencionado expressamente o artigo 2 pargrafo 2 (ou 4) das Convenes, focou-se em estabelecer os pontos de semelhana relevante entre a Contribuio Social sobre o Lucro Lquido e o Imposto de Renda, para, assim, determinar se as Convenes aplicavam-se Contribuio Social sobre o Lucro.

    Seguindo esta linha, estabeleceu, com base na doutrina e com apoio dos estudos da ONU, que o ponto relevante para determinar a natureza da exao seria a hiptese de incidncia.

    Por conseguinte, dado que a hiptese de incidncia da Contribuio poderia ser subsumida ao conceito veiculado pelo art. 43 do CTN, concluiu que a CSLL deve ser abrangida pelo imposto sobre a renda do qual tratam os acordos para evitar bitributao subscritos pelo Brasil.

    Com este fundamento, reformou-se a deciso da Delegacia Regional de Julgamento, que entendeu que, alm da hiptese de incidncia, para determinar a natureza da exao, deveria ser considerada a destinao constitucional da renda obtida com o tributo.

    Note-se que o entendimento esposado no novo. O prprio julgamento menciona deciso anterior, o Acrdo n. 101.95.802, proferido pela Primeira Cmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, Cons. Rel. Sandra Maria Faroni, julgado em 19/out/06.

    Sobre a questo da abrangncia dos tratados internacionais em relao CSLL, cabe fazer, ainda, algumas ponderaes.

    A questo merece um recorte temporal, preciso verificar se a Conveno que serve de paradigma foi assinada antes ou aps a edio da Lei n. 7.689/88, que instituiu a CSLL.

    Aps a edio da norma, dado que o tributo j era de conhecimento das partes contratantes, h convenes que expressamente fazem incluir a CSLL no mbito do tratado.

    Para as convenes posteriores instituio da CSLL, no possvel aplicar a previso do acordo que se refere a tributos idnticos ou substancialmente semelhantes, pois a referida previso objetiva regular o tratamento dos novos tributos criados aps a assinatura do tratado. o que se depreende, de forma inequvoca, de sua literalidade.

    Nessa linha, o protocolo do tratado entre Brasil e Portugal, internalizado por meio do Decreto n. 4.012, de 13 de novembro de 2000 prev em seu art. 2, n. 1, que as normas avenadas compreendem a CSLL. De similar maneira prev o Protocolo do Tratado entre Brasil e Paraguai.

    Por fim, merece destaque o tratado com a Blgica, que, embora promulgado pelo Decreto n 72.542, de 30 de Julho de 1973, recebeu aditivo em 2007, por meio do Decreto n. 6.332 de 31/12/2007, no qual se previu expressamente a abrangncia da CSLL pelo Tratado.

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    3) JUROS CAPITALIZADOS

    PROCESSO N 10983.721353/201064Recurso n de OfcioAcrdo n 1302001.107 3 Cmara / 2 Turma OrdinriaSesso de 11 de junho de 2013Matria Contribuio Social sobre Lucro Lquido CSLLRecorrente FAZENDA NACIONALInteressado TRACTEBEL ENERGIA S. A.ASSUNTO: CONTRIBUIO SOCIAL SOBRE O LUCRO LQUIDO CSLLExerccio: 2005, 2006, 2007CONCESSIONRIOS DE ENERGIA ELTRICA. ISENO DOS JUROS CAPITALIZADOS SOBRE OBRAS EM ANDAMENTO. REVERSO DE PROVISES NO DEDUTVEIS.Os juros capitalizados sob a gide da iseno do Decreto-lei 1.506/76 no podem ser objeto de tributao. Respeito ao ato jurdico perfeito e o direito adquirido. As provises no dedutveis so contabilizadas para determinao lucro real, e devem ser excludas no anocalendrio de sua reverso.Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao recurso de ofcio, nos termos do relatrio e voto proferidos pelo Relator.

    4) AGROINDSTRIA. DEPRECIAO INCENTIVADA

    PROCESSO N 13855.000998/200718Recurso n VoluntrioAcrdo n 1301001.223 3 Cmara / 1 Turma OrdinriaSesso de 11 de junho de 2013Matria CSLL/EXCLUSO BA BASE DE CLCULORecorrente USINA ALTA MOGIANA S/A ACAR E LCOOLRecorrida FAZENDA NACIONALASSUNTO: CONTRIBUIO SOCIAL SOBRE O LUCRO LQUIDO CSLLData do fato gerador: 31/12/2002, 31/12/2003, 31/12/2004, 31/12/2005, 31/12/2006O artigo 22 A da Lei n 8.212/91 claro ao definir que Agroindstrias so produtores rurais que industrializam e comercializam bens de sua propriedade ou de produo prpria e adquirida de terceiros, podendo beneficiar-se integralmente dos incentivos circunscritos atividade rural.O beneficio destina- se a qualquer um que explore atividade rural, e a nica limitao que o bem a ser depreciado seja adquirido para o uso nessa atividade.APLICAO DO ART. 149, 2o., I, DA CONSTITUIO FEDERAL CSLL. CONCOMITNCIA.ARGUMENTOS DE DEFESA.Importa renncia s instncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ao judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lanamento de oficio, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabvel apenas a apreciao, pelo rgo de julgamento administrativo, de matria distinta da constante do processo judicial (smula CARF no.1)Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso voluntrio, nos termos do voto vencedor. Vencidos os Conselheiros Paulo Jakson da Silva Lucas (relator) e Wilson Fernandes Guimares. Designado para redigir o voto vencedor, o Conselheiro Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior.

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    5) ENTIDADES ABERTAS DE PREVIDNCIA COMPLEMENTAR

    PROCESSO N 9740.720010/2010-18Contribuinte : CAPEMI INSTITUTO DE ACAO SOCIAL Tipo do Recurso : RECURSO VOLUNTARIOALBERTO PINTO SOUZA JUNIORN Acrdo : 1302-001.175 Tributo / MatriaDeciso Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria, dar provimento ao recurso voluntrio, vencido o Relator. (assinado digitalmente) ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Presidente e Relator. (assinado digitalmente) MARCIO RODRIGO FRIZZO Relator designado. Participaram da sesso de julgamento os conselheiros: ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR (Presidente), EDUARDO DE ANDRADE, CRISTIANE SILVA COSTA, WALDIR VEIGA ROCHA, MARCIO RODRIGO FRIZZO, GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA.Assunto: Contribuio Social sobre o Lucro Lquido - CSLL Exerccio: 2007, 2008 CSLL. ENTIDADE ABERTA DE PREVIDNCIA PRIVADA SEM FINS LUCRATIVOS. A CSLL tem como fato gerador a existncia de lucro no perodo correspondente, fenmeno que no ocorre no presente feito, uma vez que a recorrente supervit.

    PROCESSO N 19740.000056/2008-94Contribuinte: CAPEMI CX DE PEC PEN MONT BENIFICENTETipo do Recurso : EMBARGOS DE DECLARAORelator(a) : FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTON Acrdo : 1402-001.476Deciso : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por voto de qualidade, dar provimento parcial ao recurso para cancelar a exigncia da multa e dos juros. Vencidos os Conselheiros Carlos Pel, Moiss Giacomelli Nunes da Siva e Paulo Roberto Cortez que davam provimento integralmente ao recurso. Os Conselheiros Moiss Giacomelli Nunes da Silva e Paulo Roberto Cortez faro declarao de voto. LEONARDO DE ANDRADE COUTO - Presidente. FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO - Relator. Participaram da sesso de julgamento os conselheiros: Carlos Pel, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Moiss Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo de Andrade Couto e Paulo Roberto Cortez.Ementa: Assunto: Contribuio Social sobre o Lucro Lquido - CSLL Ano-calendrio: 2003, 2004 ENTIDADE ABERTA DE PREVIDNCIA COMPLEMENTAR SEM FINS LUCRATIVOS. SUJEITO PASSIVO. No havendo norma de iseno no perodo de apurao, incluem-se no campo de incidncia da CSLL as entidades abertas de previdncia complementar sem fins lucrativos. ENTIDADES DE PREVIDNCIA COMPLEMENTAR. INCIDNCIA. EXCLUSES DA BASE DE CLCULO. A base de clculo da CSLL apurada pelas Entidades de Previdncia Privada o resultado positivo (supervit), ajustado na forma da legislao de regncia. A base de clculo da CSLL, nos termos da Lei n 7.689/88, o resultado do exerccio. Assim, a obrigatria harmonia entre a norma constitucional e a indigitada lei impe que se vislumbre o resultado do exerccio como gnero, cujas espcies so o lucro e o supervit. Precedentes do STF (AGRG no RE 612686/SC e Smula 730). NORMAS COMPLEMENTARES. EXCLUSO DE MULTA E JUROS. Constatada que a norma complementar previa, de forma equivocada, regra que beneficiava o contribuinte, impe a exonerao das penalidades e juros de mora constitudos de ofcio, a teor do que dispe o art. 100, pargrafo nico do CTN.

    http://carf.fazenda.gov.br/sincon/public/pages/ConsultarJurisprudencia/listaJurisprudenciaCarf.jsfhttp://carf.fazenda.gov.br/sincon/public/pages/ConsultarJurisprudencia/listaJurisprudenciaCarf.jsf

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    IRPJ

    1) SOLIDARIEDADE

    PROCESSO N 10530.721612/2011-66Recurso n VoluntrioAcrdo n 1101-000.852 la Camara i r Turma OrdinriaSesso de 05/03/2013Matria Auto Infrao IRPJRecorrente MK Eletrodomsticos Ltda.Recorrida la Turma da DRJ em Salvador LIASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCALAno-calendrio: 2007, 2008, 2009.PROVAS. COMPROVAO DOS FATOS ALEGADOS. PROCESSO. ORGANIZAO DOS AUTOS. INDICAO DA LOCALIZAO DE DOCUMENTOS.Compete a fiscalizao comprovar os fatos que afirma. No basta juntar documentos e fazer afirmaes, preciso demonstrar como esses documentos comprovam os fatos afirmados. No razovel juntar dezenas de volumes de documentos sem fazer referencia s pginas que localizam os documentos e sem demonstrar como comprovam a acusao.ORGANIZAO DOS AUTOS. INDICAO DA LOCALIZAO DE DOCUMENTOS.Se o relatrio no identifica o documento referido, e se so juntados milhares de documentos, se o julgador buscar por si os documentos que entende comprovar os fatos alegados pela fiscalizao, corre o risco de estar fazendo uma nova auditoria ou de substituir a fiscalizao na fundamentao do auto de infrao.LANAMENTO. PROVA DOS FATOS.O Fisco tm de comprovar os fatos que afirma ocorridos e que sustentam o lanamento. Sem isso, o lanamento improcedente.ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTRIOAno-calendrio: 2007, 2008, 2009.SUJEITO PASSIVO. CONTRIBUINTE. SOCIEDADE DE FATO. ERRO NA IDENTIFICAO.No possvel ao Fisco considerar a existncia de uma sociedade de fato composta por quatro empresas diferentes e apontar uma delas como contribuinte. Se as empresas parte da sociedade de fato, ela no pode ser o contribuinte.SUJEITO PASSIVO. RESPONSVEL. SOCIEDADE DE FATO. ERRO NA IDENTIFICAO.No possvel ao Fisco considerar a existncia de uma sociedade de fato composta por quatro empresas diferentes e apontar trs delas como responsveis. Se as empresas so partes da sociedade de fato, elas no podem ser os responsveis.SUJEITO PASSIVO. SOCIEDADE DE FATO. LANAMENTO.Para efetuar o lanamento considerando existente uma sociedade de fato, o Fisco deve identificar a sociedade e apontar os scios de fato, conforme consiga comprovar os fatos.SOCIEDADE DE FATO. PROVAS.Para a fiscalizao considerar que quatro empresas so na verdade apenas uma, preciso demonstrar haver confuso de objetivos sociais e de recursos.Portanto, preciso comprovar que as empresas: no tinham vontade prpria; e/ou no tinham um espao fisico especifico, mantido as suas custas; e/ou no possuam maquindrios prprios ou alugados; e/ou no adquiriam seus prprios insumos, matrias-prima, ou mercadorias; e/ou no eram as contratantes de seus empregados; e/ou no efetuavam suas vendas; respondiam por seus contratos, produtos, emprstimos e atos; etc.Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso voluntrio.

    PROCESSO N 16004.000463/201051Recurso n De Ofcio e VoluntrioAcrdo n 1301001.265 3 Cmara / 1 Turma OrdinriaSesso de 07 de agosto de 2013

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    Matria IRPJRecorrentes Fazenda NacionalAlfeu Crizato Mozaquatro e Outros (Responsveis solidrios p/ crdito lanado contra Coperfrigo ATC Ltda.)ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCALAno-calendrio: 2004, 2005, 2006DECADNCIA SCIOS LARANJAS RESPONSABILIDADE SOLIDARIA RESPONSABILIDADE DOS GERENTES ARBITRAMENTO DO LUCRO MULTA QUALIFICADA MULTA AGRAVADA A contagem do prazo decadencial, havendo dolo do contribuinte na prtica das infraes apuradas, regulada pelo art. 173, I, do CTN, de modo que o termo inicial o primeiro dia do exerccio seguinte quele em que o lanamento poderia ter sido realizado.OBRIGAO SOLIDRIA Comprovado a criao de empresa colocada em nome de laranjas, e vazia de patrimnio (ela e os scios de direito), que serviu para movimentar parte do faturamento das empresas ostensivas do grupo sem pagar os tributos devidos, as empresas ostensivas so elas solidariamente obrigadas pelos tributos devidos pela dissimulada, nos termos do art. 124, inciso I, do CTN.RESPONSABILIDADE DE TERCEIROS A criao de empresas sob falsa titularidade constitui infrao lei, e os atos de gerncia das empresas envolvidas (dissimuladas e ostensivas) no sentido de desviar parte do faturamento das ostensivas para a dissimulada constituem, como um todo, infrao lei e ao contrato social ou estatuto, acarretando a responsabilizao nos termos do art. 135 do CTN.Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.ACORDAM os membros da 3 Cmara / 1 Turma Ordinria da PRIMEIRA SEO DE JULGAMENTO, por unanimidade votos: i) NEGAR provimento ao recurso de ofcio; ii) CONHECER do recurso voluntrio de Joo Pereira Fraga, apenas no que se refere tempestividade da impugnao, e NEGANDOLHE provimento; iii) NEGAR provimento aos recursos de CM4 Participaes Ltda., Indstrias Reunidas CMA Ltda., Alfeu Crozato Mozaquatro, Patrcia Buzolin Mozaquatro e Marcelo Buzolin Mozaquatro, confirmando a sujeio passiva solidria dos recorrentes, nos temos do relatrio e voto proferidos pelo relator.

    PROCESSO N 16004.000469/200812Recurso n De Ofcio e VoluntrioAcrdo n 1301001.233 3 Cmara / 1 Turma OrdinriaSesso de 12 de junho de 2013Matria IRPJ/ARBITRAMENTO/RESPONSABILIDADE SOLIDRIARecorrentes COFERFRIGO ATC LTDA.(Responsveis Tributrios: ALFEU CROZATO MOZAQUATRO, JOO PEREIRA FRAGA, MARCELO BUZOLIN MOZAQUATRO, PATRCIA BUZOLIN MOZAQUATRO, INDUSTRIAS REUNIDAS CMA LTDA E CM4 PARTICIPAES LTDA), E FAZENDA NACIONAL FAZENDA NACIONALASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURDICA IRPJData do fato gerador: 31/03/2002, 30/06/2002, 30/09/2002, 31/12/2002Ementa:DECADNCIA. CONTAGEM DO PRAZO DECADENCIAL. TRIBUTO SUJEITO A LANAMENTO POR HOMOLOGAO. INTERPOSTA PESSOA. NOTA FISCAL CALADA. PRESENA DE DOLO, FRAUDE OU SIMULAO. APLICABILIDADE DO ART. 173, I, DO CTN. DECISO DO STJ NO REGIME DO ART. 543C DO CPC. APLICABILIDADE DO ART. 62-A DO RICARF.O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crdito tributrio (lanamento de ofcio) contase do primeiro dia do exerccio seguinte quele em que o lanamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei no prev o pagamento antecipado da exao ou quando, a despeito da previso legal, o mesmo inocorre, sem a constatao de dolo, fraude ou simulao do contribuinte, inexistindo declarao prvia do dbito. Deciso do Superior Tribunal de Justia no REsp n 973.733, no regime do art. 543C do CPC. Aplicabilidade do art. 62 A do Regimento Interno do CARF. No caso concreto, h prova nos autos da conduta dolosa do contribuinte, consubstanciada na prtica conhecida como laranjas e nota calada, foi decisiva para que a contagem do prazo decadencial fosse feita a partir do primeiro dia do exerccio seguinte quele em que o lanamento poderia ter sido efetuado, nos termos do art. 173, I, do CTN.

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    SUJEIO PASSIVA. RESPONSABILIDADE TRIBUTRIA. COMPROVAO DO INTERESSE DE TERCEIRO NOS FATOS QUE GERARAM A EXIGNCIA FISCAL. INTERPOSIO DE TERCEIROS.As pessoas que tenham interesse comum na situao que constitua o fato gerador e aquelas expressamente designadas em lei so solidariamente responsveis pelo crdito tributrio apurado. So pessoalmente responsveis pelos crditos correspondentes a obrigaes tributrias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infrao de lei os mandatrios, prepostos e empregados e os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurdicas de direito privado.Comprovado nos autos que os obrigados efetivamente conduziram os negcios da empresa, acobertados pela interposio de terceiros sem capacidade econmica para garantir as obrigaes da pessoa jurdica, deve ser mantida a sujeio passiva solidria daqueles.ARBITRAMENTO DOS LUCROSImpese o arbitramento do lucro quando a escriturao contbil e f iscal revelarse imprestvel para a apurao do lucro real e para a identif icao da movimentao financeira.LANAMENTO TRIBUTRIO. PROVA INDICIRIA. ATRIBUIO DE RESPONSABILIDADE SOLIDRIA. CABIMENTO.A prova indiciaria meio idneo para referendar uma autuao, desde que ela resulte da soma de indcios convergentes. o caso dos autos onde se desnuda, com todas as luzes, o procedimento fraudulento, consistente na utilizao de interposta pessoa jurdica, sem existncia ftica e sem capacidade operacional, com vistas ao no pagamento dos tributos econtribuies devidos em operaes perpetradas pelas pessoas fsicas at ento ocultas e agora responsabilizadas.MULTA. CARTER CONFISCATRIO.A vedao ao confisco pela Constituio Federal dirigida ao legislador, cabendo autoridade administrativa aplic-la nos moldes da legislao que a instituiu. Esta Corte Administrativa no competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributria. (Smula CARF n 2).MULTA QUALIFICADA. CABIMENTO.Verificada e provada conduta fraudulenta tendente ao no pagamento dos tributos e contribuies cabvel a sua exigncia com a multa qualif icada de 150%.MULTA AGRAVADA NO ARBITRAMENTO. DESCABIMENTO.O agravamento da multa de ofcio em face do no atendimento intimao para apresentao da escriturao ou de esclarecimentos no se aplica nos casos em que a omisso do contribuinte j tem conseqncias especf icas previstas na legislao, no caso o arbitramento dos lucros.AUTO REFLEXO (CSLL/COFINS/PIS)Quanto impugnao de auto de infrao lavrado como ref lexo de fatos apurados para o lanamento do IRPJ, so aplicveis as mesmas razes que deram fundamento deciso acerca da impugnao a este, quando no houver alegao especif ica no tocante ao auto ref lexo.Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.Acordam os Membros deste Colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao Recurso de Ofcio e em DAR provimento parcial aos recursos apresentados por Marcelo Buzolin Mozaquatro, por Patrcia Buzolin Mozaquatro, por CM4 Participaes Ltda, por Alfeu Crozato Mozaquatro, por Industrias Reunidas CMA Ltda, e por Joo Pereira Fraga, exonerando a parte relativa ao agravamento da multa (reduzindo de 225,5% para o patamar de 150%) e, mantendo quanto aos demais itens os termos da deciso de primeira instncia, nos termos do relatrio e voto proferidos pelo relator.

    PROCESSO N: 16561.000004/2008-38Contribuinte:PARMALAT PARTICIPACOES DO BRASILTipo do Recurso :RECURSO DE OFCIO RECURSO VOLUNTARIOData da Sesso: 09/10/2013Relator(a): LEONARDO DE ANDRADE COUTON Acrdo : 1402-001.481Tributo / Matria: IRPJ - AF - lucro real (exceto.omisso receitas pres.legal)Deciso : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofcio e dar provimento parcial ao recurso do coobrigado para cancelar a sujeio passiva solidria e as

    http://carf.fazenda.gov.br/sincon/public/pages/ConsultarJurisprudencia/listaJurisprudenciaCarf.jsf

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    exigncias do PIS e da Cofins.Ementa : Normas Gerais de Direito Tributrio Ano-calendrio: 2002 Ementa: DECADNCIA. TRIBUTOS SUJEITOS A LANAMENTO POR HOMOLOGAO O prazo decadencial qinqenal para o Fisco constituir o crdito tributrio (lanamento de ofcio) conta-se do primeiro dia do exerccio seguinte quele em que o lanamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei no prev o pagamento antecipado da exao ou quando, a despeito da previso legal, o mesmo inocorre, sem a constatao de dolo, fraude ou simulao do contribuinte, inexistindo declarao prvia do dbito (STJ Primeira Seo de Julgamento, Resp 973.733/SC, Relator Ministro Luiz Fux, julgado em 12/08/2009, DJ 18/09/2009). SUJEIO PASSIVA SOLIDRIA. INTERESSE COMUM NO DEMONSTRADO. IMPROCEDNCIA. A caracterizao da solidariedade obrigacional prevista no inciso I, do art. 124, do CTN, prescinde da demonstrao do interesse comum de natureza jurdica, e no apenas econmica, entendendo-se como tal aquele que recaia sobre a realizao do fato que tem a capacidade de gerar a tributao. Assunto: Normas de Administrao Tributria Anocalendrio: 2003 Ementa: MULTA DE OFCIO JUROS DE MORA. Sobre a multa de oficio lanada juntamente com o tributo ou contribuio, no paga no vencimento, incidem juros de mora taxa SELIC, nos termos do art. 61, caput e 3, da Lei n 9.430/96. Assunto: Outros Tributos ou Contribuies Ano- alendrio: 2002 Ementa: PIS. COFINS. APURAO ANUAL. IMPOSSIBILIDADE As contribuies ao PIS e Cofins tm fato gerador mensal devendo ser cancelado o lanamento de ofcio que no obedece s regras de apurao do tributo.

    2) OMISSO DE RECEITAS.

    PROCESSO N 19515.000416/200731Recurso n 999.999 VoluntrioAcrdo n 1401001.050 4 Cmara / 1 Turma OrdinriaSesso de 11 de setembro de 2013Matria IRPJ/ReflexosRecorrente Merrill Lynch Representaes LtdaRecorrida FAZENDA NACIONALASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAO TRIBUTRIAAnocalendrio: 2001, 2002AUSNCIA DE COMPROVAO DA IDENTIFICAO DO SUJEITO PASSIVO NULIDADE ART. 142 DO CTN Se os fatos que originaram o auto de infrao no contm elementos bastantes para a comprovao da identificao do sujeito passivo, e a fiscalizao no realiza diligncias ou produz provas que comprovem que a contribuinte o sujeito passivo da obrigao, resta violado o art. 142 do CTN, devendo ser cancelado o lanamento.PRESUNO SIMPLES PROVA INDICIRIA ILEGITIMIDADE PASSIVA. A prova indiciria meio idneo admitido em Direito, quando a sua formao est apoiada em ma concatenao lgica de fatos, que se constituem em indcios precisos, econmicos e convergentes. O indcio considerado signo de outra coisa somente em trs condies: quando no pode ser explicado de maneira mais econmica (econmico); quando aponta para uma quantidade limitada de causas possveis (preciso) e quando se encaixa com outro indcio (convergncia). O atributo de convergncia que d o verdadeiro tom da intensidade da concluso, isso quer dizer que indcios com baixas intensidades, aparentemente sem importncia, quando convergentes podem produzir tambm uma forte e grave concluso, o que no foi o caso dos autos. No tendo a prova indiciria neste processo o condo de apontar efetivamente a autoria da infrao, subsiste alegao de ilegitimidade passiva, devendo ser cancelada a autuao.Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, EM DAR provimento aos recursos voluntrio e, considerar prejudicado o Recurso de Ofcio por falta de objeto.

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    PROCESSO N 13603.724565/201108Recurso n VoluntrioAcrdo n 1402001.399 4 Cmara / 2 Turma OrdinriaSesso de 09 de julho de 2013Matria IRPJ CSLL RELAO CONTINUADARecorrente GEOSOL GEOLOGIA E SONDAGENS S/ARecorrida FAZENDA NACIONALASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTRIOAno-calendrio: 2007, 2008DECADNCIA. TERMO INICIAL. DATA DAS OPERAES. EFEITOS FISCAIS.O papel Fiscalizao no averiguar a lisura e correio dos registros contbeis. Somente se tais registros operarem alterao na determinao das bases de clculo de determinado tributo que o Fisco poder contestlos, ainda assim no estrito limite de suas consequncias fiscais. Se entre o fato gerador e a cincia do lanamento no houver transcorrido mais de cinco anos, contados nos termos do art. 173, I, do CTN, ou, se for o caso, de acordo com o art. 150, 1 e 4 do mesmo diploma legal, no h que se falar em decadncia.ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURDICA IRPJAno-calendrio: 2007, 2008UTILIZAO DE EMPRESA VECULO. DESLOCAMENTO DA BASE TRIBUTVEL PARA SOCIEDADES QUE SE ENCONTREM EM SITUAO TRIBUTARIAMENTE MAIS FAVORVEL. TRANSFERNCIA DE RECEITAS DE EMPRESA TRIBUTADA PELO LUCRO REAL PARA EMPRESA OPTANTE PELO LUCRO PRESUMIDO. ACUMULAO DE DESPESAS NA PESSOA JURDICA TRIBUTADA PELO LUCRO REAL. IMPOSSIBILIDADE.Quando comprovado por indcios convergentes que se constituiu sociedade com o nico intuito de se transferir a base tributvel para essa nova empresa que se encontra em situao tributariamente mais favorvel, uma vez identificada a verdade dos fatos e o real contribuinte das operaes que geraram as respectivas receitas, cabvel a exigncia dos tributos devidos do efeito sujeito passivo. Nessa situao, no constituem despesa ou custo dedutvel os pagamentos a ttulo de remunerao pela prestao de servios a beneficiria que foi criada pela fonte pagadora para desenvolver atividades que esta mesma realizava ou capaz de realizar, se ficar comprovado que essa beneficiria no possui finalidade econmica ou negocial nem estrutura administrativa prpria, que carece de condies materiais para realizar os servios, ou, ainda, que obtm rendimento desproporcional ou incompatvel com as condies de mercado nas operaes realizadas com a sua controladora.DESPESAS DE ALUGUEL FICTCIAS. BENS LOCADOS DE SOCIEDADE CONTROLADA SEM PROPSITO NEGOCIAL E ECONMICO. LOCAO DE BENS ANTERIORMENTE PERTENCENTES AO LOCATRIO. VALORES INCOMPATVEIS COM AS CONDIES DE MERCADO. IMPOSSIBILIDADE DE DEDUO.Os pagamentos a ttulo de aluguel de bens a pessoa jurdica criada e controlada, direta ou indiretamente, pela locatria no constituem custo ou despesa dedutvel se ficar demonstrado que a beneficiria no possui finalidade econmica ou negocial, nem estrutura administrativa prpria, e que no atua como verdadeira proprietria e administradora dos bens alugados, ou, ainda, que obtm rendimento desproporcional ou incompatvel com ascondies de mercado nas operaes realizadas com a sua controladora.ASSUNTO: CONTRIBUIO SOCIAL SOBRE O LUCRO LQUIDO CSLLAno-calendrio: 2007, 2008LIMITES DA COISA JULGADA. DECLARAO DE INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI N 7.689, DE 1988. APTIDO DA LEI N 8.212, DE 1991, PARA A EXIGNCIA DA CSLL.O trnsito em julgado da deciso que tiver desobrigado o contribuinte do pagamento da CSLL, por considerar inconstitucional a Lei n 7.689, de 1988, no impede que a exao seja exigvel com base em norma legal superveniente que tenha alterado substancialmente os aspectos da hiptese de incidncia. A Lei n 8.212, de 1991, constitui fundamento legal apto para exigir a CSLL de contribuintes que se acham desobrigados, por deciso judicial definitiva, de cumprir a Lei n 7.689, de 1988.UTILIZAO DE EMPRESA VECULO. DESLOCAMENTO DA BASE TRIBUTVEL PARA SOCIEDADES QUE SE ENCONTREM EM SITUAO TRIBUTARIAMENTE MAIS FAVORVEL. TRANSFERNCIA DE RECEITAS DE EMPRESA TRIBUTADA PELO LUCRO REAL PARA

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    EMPRESA OPTANTE PELO LUCRO PRESUMIDO. ACUMULAO DE DESPESAS NA PESSOA JURDICA TRIBUTADA PELO LUCRO REAL. IMPOSSIBILIDADE.Quando comprovado por indcios convergentes que se constituiu sociedade com o nico intuito de se transferir a base tributvel para essa nova empresa que se encontra em situao tributariamente mais favorvel, uma vez identificada a verdade dos fatos e o real contribuinte das operaes que geraram as respectivas receitas, cabvel a exigncia dos tributos devidos do efeito sujeito passivo. Nessa situao, no constituem despesa ou custo dedutvel os pagamentos a ttulo de remunerao pela prestao de servios a beneficiria que foi criada pela fonte pagadora para desenvolver atividades que esta mesma realizava ou capaz de realizar, se ficar comprovado que essa beneficiria no possui finalidade econmica ou negocial nem estrutura administrativa prpria, que carece de condies materiais para realizar os servios, ou, ainda, que obtm rendimento desproporcional ou incompatvel com as condies de mercado nas operaes realizadas com a sua controladora.DESPESAS DE ALUGUEL FICTCIAS. BENS LOCADOS DE SOCIEDADE CONTROLADA SEM PROPSITO NEGOCIAL E ECONMICO. LOCAO DE BENS ANTERIORMENTE PERTENCENTES AO LOCATRIO. VALORES INCOMPATVEIS COM AS CONDIES DE MERCADO. IMPOSSIBILIDADE DE DEDUO.Os pagamentos a ttulo de aluguel de bens a pessoa jurdica criada e controlada, direta ou indiretamente, pela locatria no constituem custo ou despesa dedutvel se ficar demonstrado que a beneficiria no possui finalidade econmica ou negocial, nem estrutura administrativa prpria, e que no atua como verdadeira proprietria e administradora dos bens alugados, ou, ainda, que obtm rendimento desproporcional ou incompatvel com as condies de mercado nas operaes realizadas com a sua controladora.Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, nos termos do relatrio e voto que passam a integrar o presente julgado, rejeitar a arguio de decadncia e a preliminar de nulidade. Por maioria de votos, negar provimento ao recurso. Vencido o Conselheiro Moiss Giacomelli Nunes da Silva que votou por dar provimento parcial ao recurso para cancelar a exigncia da CSLL e far declarao de voto.

    PROCESSO N 16327.000014/200684Recurso n De Ofcio e VoluntrioAcrdo n 1402001.436 4 Cmara / 2 Turma OrdinriaSesso de 10 de setembro de 2013Matria IRPJRecorrente Mauriti Administradora de Ativos Ltda.Recorrida 1 Turma da DRJ/SPOIASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURDICA IRPJAno-calendrio: 1999, 2000, 2001, 2002, 2003PRODUO DE PROVAS. DILIGNCIA. POSSIBILIDADE. JULGAMENTO. O julgador pode determinar a realizao de diligncia para juntada de elementos que entender necessrios para formao de seu convencimento.ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURDICA IRPJ PASSIVO FICTCIO. COMPROVAO. OPERAO DE BLUE CHIP SWAP. EMPRSTIMO COM PESSOA LIGADA. EMPRSTIMO EM MOEDA. COMPRA E VENDA DE TTULO MOBILIRIO. TBILL. ARGENTINE GLOBAL BONDS. O passivo fictcio (contabilizao de obrigaes inexistentes ou manuteno no passivo de obrigaes j pagas) caracteriza presuno legal de omisso de receitas prevista no Decreto-lei n 1.598/1977. Ao fisco basta provar o fato indicirio para que fique autorizado presumir a omisso de receita. Ao contribuinte cabe comprovar a exigibilidade da obrigao escriturada na sua contabilidade. No caso concreto, tento o fisco se desincumbido de apresentar fatos indicirios contundentes e diretamente relacionados infrao imputada ao contribuinte e tendo o contribuinte apresentado diversos documentos demonstrando a legalidade das operaes de emprstimo realizadas com pessoas ligadas, deve ser cancelado o lanamento.LANAMENTOS REFLEXOS. A soluo dada ao litgio principal, relativo ao Imposto de Renda Pessoa Jurdica, aplica-se no que couber aos lanamentos decorrentes, quando no houver fatos ou argumentos novos a ensejar concluso diversa.Recurso voluntrio provido parcialmente. Recurso de ofcio desprovido.

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    Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofcio e rejeitar a argio de precluso das provas produzidas em diligncia. Por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntrio, vencido o Conselheiro Leonardo de Andrade Couto que dava provimento parcial para excluir da exigncia apenas os valores referentes aos contratos de mtuo. Os Conselheiros Frederico Augusto Gomes de Alencar, que apresentar declarao de voto, e Fernando Brasil de Oliveira Pinto votaram pelas concluses.

    PROCESSO N 11080.722264/201071Recurso n VoluntrioAcrdo n 1301001.356 3 Cmara / 1 Turma OrdinriaSesso de 04 de dezembro de 2013Matria IRPJ Omisso de ReceitasRecorrente LOJAS RENNER SOCIEDADE ANNIMARecorrida FAZENDA NACIONALASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURDICA IRPJAno-calendrio: 2006, 2007, 2008SIMULAO. DESCARACTERIZAO.A utilizao de uma empresa componente do grupo (Subsidiria integral) para a organizao de negcios e a vlida implementao da estrutura anloga s dos correspondentes bancrios (Resoluo BACEN no 3.110/2003 e 3.954/2011), mesmo que essa no possua estrutura prpria, no se mostra suficiente para presumir a ocorrncia de fraude. O reconhecimento da existncia de objetivo negocial no est atrelado existncia de empregados, escritrios ou demais elementos materiais, mas sim, de sua efetiva presena e atuao nos negcios considerados, o que efetivamente restou validamente comprovado nos autos.A caracterizao de simulao, na presente vertente, sem a necessria configurao das hipteses prprias do art. 167 do Cdigo Civil, somente seria possvel com a aplicao das disposies do pargrafo nico do Art. 116 do CTN, o que, atualmente por falta de especfica regulamentao, no pode ser promovido pelos agentes da fiscalizao fazendria.Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.Acordam os membros do colegiado, Por maioria de votos, dado provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Wilson Fernandes Guimares e Paulo Jakson da Silva Lucas. Fez sustentao oral a advogada Mary Elbe Queiroz, OAB/PE n 25.620

    PROCESSO N 15521.000156/200925Recurso n 03.122.013 VoluntrioAcrdo n 1202001.067 2 Cmara / 2 Turma OrdinriaSesso de 3 de dezembro de 2013Matria omisso de receitasRecorrente BRASDRIL SOCIEDADE DE PERFURAES LTDARecorrida FAZENDA NACIONALASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURDICA IRPJExerccio: 2005, 2006OMISSO DE RECEITAS. REEMBOLSO DE DESPESAS. CARACTERIZAO. Em razo de sua inoponibilidade ao Fisco, desconsidera-se a existncia formal de dois contratos distintos (de afretamento e de prestao de servios), uma vez caracterizada a falta de propsito negocial naquela forma de contratao, em virtude de diversos elementos fticos que demonstram a realizao de uma nica prestao de servio.A atuao de empresas do mesmo grupo econmico na prestao de servios a terceiros de forma conjugada e informal, com confuso de bens materiais e humanos, descaracteriza a veracidade do contedo do contrato, impondo a tributao dos valores indevidamente classificados como reembolso de despesas.OMISSO DE RECEITAS. AUMENTO DE CAPITAL. NO CARACTERIZAO. Uma vez no se sustentando a acusao de simulao fraudulenta que ensejou a qualificao da multa, os documentos apresentados pela Recorrente como justificadores do aumento de capital e reembolso de despesas, no podem ser meramente desconsiderados em sua validade jurdica, a fim de se buscar uma caracterizao de suposta receitas omitidas decorrentes de prestao de servios efetuados no Brasil, ainda que provenientes

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    de recursos ingressados atravs de remessas recebidas do exterior, regularmente efetuadas atravs do Banco Central. Assim, de se aceitar como plenamente vlidos os documentos que ensejaram o aumento de capital e o reembolso de despesas.PIS E COFINS. AUMENTO DE CAPITAL. AFASTADA SUPOSTA OMISSO DE RECEITAS A ESSA REMESSA.Uma vez vlida a operao de aumento de capital, por sustentada em documentao hbil e idnea, a justificar tal procedimento, no se pode considerar, a esse ttulo, omisso de receita, que reflete, assim, nas bases de clculos do PIS e da COFINS, que deve ser expurgada desses valores, por inexistir tal configurao de receita omitida.MULTA QUALIFICADA. SIMULAO. CONDUTA DOLOSA. NO COMPROVAO. A contratao de prestao de servios em condies econmico financeiras desiguais, por si s, no configura simulao, por ausncia de comprovao da conduta dolosa.DECADNCIA. INCIO DA CONTAGEM. DATA DO FATO GERADOR. A contagem do prazo decadencial dos tributos lanados por homologao obedece regra do art. 150, 4, do CTN, iniciando-se a contagem da data do fato gerador, quando no comprovada a ocorrncia de dolo, fraude ou simulao, nos termos da jurisprudncia firmada em recurso repetitivo do STJ.Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade da autuao e, por maioria de votos, em reconhecer a ocorrncia da decadncia do IRPJ e da CSLL at o terceiro trimestre de 2004 e do PIS e da Cofins at novembro de 2004, vencido o Conselheiro Plnio Rodrigues Lima. No mrito, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso para excluir da tributao do IRPJ e da CSLL a omisso de receitas originada do aumento de capital, vencidos os Conselheiros Viviane Vidal Wagner (relatora) e Plnio Rodrigues Lima, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso quanto omisso de receitas originada do reembolso de despesas, vencidos os Conselheiros Nereida de Miranda Finamore Horta, Geraldo Valentim Neto e Orlando Jos Gonalves Bueno, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso para excluir da tributao do PIS e da Cofins as omisses de receita originadas do aumento de capital e do reembolso de despesas, vencidos os Conselheiros Viviane Vidal Wagner (relatora) e Plnio Rodrigues Lima e, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso quanto reduo da multa de ofcio para o percentual de 75%, vencido o Conselheiro Plnio Rodrigues Lima. Por maioria de votos, em afastar a apreciao ex officio da incidncia dos juros de mora sobre a multa de oficio, vencido o Conselheiro Plnio Rodrigues Lima, que entendeu arguda pela Recorrente a no incidncia dos juros de mora sobre a multa de oficio. Designado para redigir o voto vencedor das matrias em que restou vencida a relatora, o Conselheiro Orlando Jos Gonalves Bueno.

    PROCESSO N 10384.720265/201002Recurso n VoluntrioAcrdo n 1102000.868 1 Cmara / 2 Turma OrdinriaSesso de 8 de maio de 2013Matria IRPJ Omisso de Receitas Subveno para InvestimentoRecorrente FERRONORTE INDUSTRIAL LTDA.Recorrida FAZENDA NACIONALASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURDICA IRPJExerccio: 2007, 2008IRPJ. SUBVENO PARA INVESTIMENTO. No desnatura a subveno para investimento apenas o fato de no haver contemporaneidade entre os investimentos realizados pelo beneficirio segundo projeto tcnico aprovado perante o rgo estadual e a fruio do benefcio fiscal. Se de um lado razovel que se exija certa proporcionalidade entre os investimentos (a serem) realizados pelas empresas beneficirias e os valores de subveno recebidos, j que tais benefcios sugerem certa contraprestao do agente privado, no menos razovel afirmar que no possvel exigir contemporaneidade entre estes (subveno e investimentos). Tal assertiva intuitiva em relao aos benefcios que envolvem ICMS, pois estes so frudos em boa parte quando a unidade industrial est em pleno funcionamento (mediante a venda dos produtos industrializados) e, portanto, j realizou boa parte (seno todos) os investimentos prometidos ao ente pblico. Ao invs de cotejar dados econmicos relativos aos anos calendrios autuados que pouco dizem no contexto em que foram concedidos os benefcios, incumbiria Fiscalizao demonstrar, alternativamente, (i) que o benefcio fiscal foi utilizado sem a indispensvel autorizao formal do Estado ou (ii) que os investimentos

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    prometidos ao ente estatal no foram realizados pelo contribuinte beneficirio ou (iii) que o benefcio fiscal concedido bastante desproporcional aos investimentos comprometidos com o Estado, descaracterizando sua natureza originria, conforme exame do projeto submetido apreciao do Poder Pblico local.Recurso voluntrio provido.Vistos, relatados e discutidos os presentes autosAcordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar parcial provimento ao recurso voluntrio para cancelar a exigncia consubstanciada no item 2 dos lanamentos (impostos, taxas e contribuies no dedutveis), vencidos os conselheiros Jos Evande Carvalho Arajo e Ricardo Marozzi Gregorio. O conselheiro Jos Evande Carvalho Arajo apresentou declarao de voto. Antonio Carlos Guidoni Filho Relator. Participaram da sesso de julgamento os conselheiros Joo Otavio Oppermann Thom, Jose Evande Carvalho Arajo, Francisco Alexandre dos Santos Linhares, Ricardo Marozzi Gregrio, Marcos Vinicius Barros Ottoni, Antonio Carlos Guidoni Filho

    PROCESSO N 19515.720251/201101Recurso n VoluntrioAcrdo n 1101000.909 1 Cmara / 1 Turma OrdinriaSesso de 09 de julho de 2013Matria IRPJ e Reflexos Omisso de Receitas ImobiliriasRecorrente RESULT CORPORATE PLAZA S/ARecorrida FAZENDA NACIONALASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURDICA IRPJAno-calendrio: 2007, 2008OPERAO IMOBILIRIA. PAGAMENTOS CONTABILIZADOS COMO RESERVAS PARA AUMENTO DE CAPITAL. OMISSO DE RECEITAS DE VENDA DE UNIDADES IMOBILIRIAS. Os aportes de recursos contabilizados como reserva para aumento de capital, o qual ao final no se efetiva, devem ser classificados como receitas da atividade da pessoa jurdica que entrega queles acionistas unidades imobilirias resultantes do empreendimento especfico por ela realizado.MULTA QUALIFICADA. INCOMPATIBILIDADE DA MOTIVAO COM O PROCEDIMENTO FISCAL. Afasta-se a qualificao da penalidade se os motivos expostos no so congruentes com os elementos reunidos durante o procedimento fiscal.Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso, nos termos do relatrio e voto que integram o presente julgado.

    PROCESSO N 14041.001367/200753Recurso n VoluntrioAcrdo n 1202001.016 2 Cmara / 2 Turma OrdinriaSesso de 8 de agosto de 2013Matria AUTO DE INFRAORecorrente FENAE CORRETORA DE SEGUROS E ADMINISTRAO DE BENS SARecorrida FAZENDA NACIONALASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURDICA IRPJAno-calendrio: 2003, 2004, 2005, 2006NULIDADE DO ACRDO RECORRIDO. PRETERIO DO DIREITO DE DEFESA. NO OCORRNCIA.O indeferimento de diligncia/percia pelo rgo julgador de primeira instncia, devidamente justificado, no caracteriza preterio do direit