Dec Carf Agio Limitada

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  • S1-C2T1Fl 1

    ",40". MINISTRIO DA FAZENDA

    , ."seCO:VUtit.. CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS

    sat PRIMEIRA SEO DE JULGAMENTO

    Processo n 13899.002346/2003-88Recurso n 164.528 VoluntrioAcrdo n 1201-00.036 r Cmara / l a Turma OrdinriaSesso de 12 de maio de 2009Matria IRPJRecorrente C.P.M. COMUNICAES, PROCESSAMENTO E MECANISMOS DE

    AUTOMAO LTDARecorrida a Turma/DRJ-Campinas-SP

    Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurdica IRPJ Ano-calendrio:1999Ementa: GIO NA SUBSCRIO DE QUOTAS o gio na aquisio dequotas de capital das sociedades de responsabilidade limitada no devecompor o resultado comercial do exerccio. Como inexiste disposio quedetermine sua adio para fins de determinao da base de clculo doimposto de renda, tambm no deve compor o lucro real.

    JUROS SOBRE CAPITAL PRPRIO. CARACTERIZAO.DEDUTIBILIDADE. Despesas financeiras a ttulo de juros calculados sobreo capital integralizado e outras parcelas do Patrimnio Liquido, e creditadosem favor dos scios, caracterizam-se como remunerao do capital prprio, esubmetem-se aos requisitos legais fixados para sua dedutibilidade.

    Vtstosrrelatados-e-discutidos-os-presentes-autos.

  • Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimentoparcial ao recurso para excluir a exigncia relativa falta de adio do gio, nos termos dorelatrio e votos que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Antonio BezerraNeto (Relator) e Adriana Gomes Rgo que negavam provimento ao recurso, e o ConselheiroCarlos Pel, que dava provimento integral ao recurso. Designado o Conselheiro GuilhermeAdolfo dos Santos Mendes para redigir o voto vencedor

    cutbtiannoi_.ADRIANA GOMES REfrPresidente

    ANTONIO B9ERRA NETO Relator

    () 01\ 4,1

    GUILHkME ADOLFO DOS SANTOS MENDES Redator

    EDITADO EM: 1 8 FEV 2010Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Antonio

    Bezerra Neto, Alexandre Barbosa Jaguaribe, Leonardo de Andrade Couto, Carlos Pel, RegisMagalhes Soares Queiroz, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Antonio Carlos GuidoniFilho, e Adriana Gomes Rego (presidente da turma).

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  • Processo n 13899.002346/2003-88 SI-C2T1Acrdo n. 1201-00.036 Fl. 2

    Relatrio

    Trata-se de recurso voluntrio contra o Acrdo n05-14.389, da 5' Turma daDelegacia da Receita Federal de Julgamento em Campinas-SP.

    Por economia processual, adoto e transcrevo o relatrio constante na decisode primeira instncia:

    "Trata o presente processo do Auto de Infrao relativo aoImposto sobre a Renda da Pessoa Jurdica - IRPJ, lavrado em28/11/2003 e cientificado ao contribuinte na mesma data,formalizando crdito tributrio no valor total de R$22.064.867,06, com os acrscimos legais cabveis at a data dalavratura.

    Constatou-se a falta de adio da reserva de gio na aquisiode quotas no valor de R$ 80.000.000,00, e da despesa de R$20.457.733,28 relativa afio-os sobre capital prprio, em face dodisposto no artigo 249 do RIR/99, bem como por inobservnciado que disciplinado nos artigos 442 e 347 do mesmoRegulamento.

    A exigncia relativa ao IRPJ incidiu sobre a base de clculo deR$ 36.578.915,14, aps reconstituio do lucro real ecompensao de prejuzos anteriores, limitados a 30% do lucrolquido ajustado. Com referncia CSLL, no houvelanamento, dado que as bases negativas de 1998 e 1999 (R$103.625.225,00) superariam o lucro liquido ajustado.Inconformado com a exigncia fiscal, o contribuinte, porintermdio de seus advogados e procuradores, protocolizou aimpugnao de fis. 247/260, em 23/12/2003, juntando osdocumentos de fls. 261/300 e apresentando, em sua defesa, asseguintes razes de fato e de direito:Entende nula a exigncia fundada na glosa da despesa de jurossobre capital prprio, por no ser esta a natureza do valorquestionado pelo Fisco. O valor pago corresponderia parte dopreo de resgate de suas quotas, regulado expressamente pelalegislao societria (Lei n. 6.404, de 15.12.1976, art. 44,pargrafo 1o), e estaria previsto na clusula quinta, alneas "a"e "b", do contrato social que apresenta.

    Assim, porque no comprovada a ocorrncia do fato gerador,invlido o lanamento em face do que dispe o art. 142 do

    Cdigo TributrioSnonatre o art. 10, incisos 111-e IV do - -Decreto n70.235/72.

    Ademais, em respeito aos princpios da estrita legalidade e datipicidade cerrada, inaplicvel seria o art. 347 do RIR/99, que estabelece condies de dedutibilidade apenas quando os pi

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  • pagamentos aos scios ou acionistas so efetuados a titulo deremunerao do capital prprio, o que no ocorreu no presentecaso.

    Com referncia ao gio na emisso de quotas, ope-se interpretao dada ao art. 442, inciso Ido RIR/99, por entend-la literal e dissociada das demais normas do ordenamentojurdico. E, avaliando a matria em confronto com o que dispeo art. 43 do Cdigo Tributrio nacional, afirma inexistiracrscimo patrimonial sujeito incidncia do 1RPJ.Diferencia capital e renda, afirmando que o capital ingressadoescapa possibilidade de incluso no conceito doutrinrio derendimento, uma vez que no pode ser tido como provento dequalquer natureza porque acarreta a contrapartida de um deverou encargo da pessoa jurdica perante seus scios. Ecomplementa:

    A anlise atenta da legislao ordinria do imposto de rendaconfirma que no existe qualquer dispositivo que trateespecificamente das subscries de quotas com gio, seja paraefeito de considerar haver "renda" ou "ganho" tributvel, sejapara excluir o imposto. O dispositivo mais prximo o art. 38 doDecreto-lei n. 1598, de 30.12.1977, refletido no art. 422 doRIR/99.

    Argumenta que a tributao incidente sobre o lucro real nadamais que o lucro contbil, ajustado pelas adies, excluses oucompensaes prescritas ou autorizadas pela legislao fiscal,razo pela qual o gio na subscrio de aes somente podesofrer a incidncia do IRPJ se integrar o lucro liquido ou se asua adio for expressamente prevista em lei. Como asimportncias envolvidas na subscrio de aes no devemtransitar por resultado (art. 182, lo da Lei n 6.404/76), e noh determinao expressa para sua adio ao lucro lquido(como ocorre com certas doaes que o art. 443 do RI11199manda tributar), no h incidncia.Ademais, o prprio art. 442 do R1R/99 confiram a no

    (fr'

    tributao. Este dispositivo, ao tratar expressamente do gio deaes, afasta sua -

    tributao quando o valor no puder sercreditado a reserva de capital, hiptese em que ter transitadopor resultado. J com referncia ao gio na subscrio dequotas, dada sua natureza, deve necessariamente ser creditado conta de reserva de capital.

    Assim, a teor do art. 442 do R111199, se o gio for mantido emconta de reserva de capital, ter o tratamento tributrio comocapital contribudo, e no como lucro.

    Na seqncia, o impugnante destaca que a hiptese no deiseno, mas sim de no incidncia. O fato no representa rendaou provento e, por estar assim fora do campo de incidncia, neutro em face do imposto de renda, mesmo que no hajaqualquer norma expressamente dispondo que no incide oimposto. Diversamente, se fosse renda ou provento, integraria olucro liquido e somente seria excludo se houvesse disposio Aexpressa admitindo a excluso. (11

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  • Processo n 13899.002346/2003-88 S1-C2T1Acrdo n. 1201-00.036 E. 3

    0 art. 442 do R1R/99 limita-se a reiterar a determinao da Lein 6.404/76, no sentido de que o gio seja mantido em conta dereserva de capital, determinao, alis, tambm aplicvel ssociedades por quotas, consoante dispe o art. 18 do Decreto n3.708/19. Neste sentido, refora a aplicao daquela Lei ssociedades por quotas, por se tratar, aqui, de disposio geral,circunstncia expressa no art. 67, inciso XI do Decreto-lei n1.598/77.

    Por fim, requer tratamento isonmico em relao ao regimetributrio para o gio de aes, sob pena de ofensa aoordenamento constitucional.

    Protesta provar o alegado por todos os meios de prova emdireito admitidos, especialmente pela juntada de documentos epela realizao de percia tcnica.

    Requer que as intimaes sejam feitas em nome de seusadvogados.

    Em anlise as informaes do Sistema de Acompanhamento dePrejuzos e Lucro Inflacionrio (SAPLI), constataram-sedivergncias entre elas e os resultados da presente ao fiscal,em razo das quais, parte dos prejuzos fiscais e bases negativasutilizados no lanamento permaneciam disponveis no sistemaSAPLL

    Considerando no era possvel sua regularizao nesta DRJ,dado que o sistema acusava que fora excedido o limite de 30%para compensao das bases negativas de CSLL no ano-calendrio 1999, os autos retornaram DRF de origem paratais providncias.

    Conforme fls. 317/329, os registros no sistema SAPLI foramregularizados. Todavia, constatada a necessidade de adequaoda base de clculo da CSLL, representou-se DRF/Osasco, quepassou a jurisdicionar o contribuinte, para que adotasse asprovidncias necessrias. Em conseqncia, formalizou-seexigncia complementar nos autos do processo administrativo n10882.001605/200514, como consta do relatrio de fls.

    3? Vl34,_senuulda_inovase nestes autos."

    A DRJ, por unanimidade de votos, considerou procedente o lanamento,mantendo o crdito tributrio exigido, nos termos da ementa abaixo:

    "Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurdica - IRPJ.

    Ano-calendrio: 1999

    Ementa: GIO NA SUBSCRIO DE QUOTAS. - - - CONTABILJZICrEflADE'RESERVA7 ADIO-AO

    LUCRO. A deliberao do aumento de capital nas sociedadespor quotas no representada em unidades do capital social,razo pela qual imprpria a ocorrncia de gio em taiscircunstncias. O valor recebido a este titulo caracteriza-secorno receita e deve compor o lucro liquido do perodo,

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  • impondo-se aSua adio caso tenha sido contabilizado em contade reserva. JUROS SOBRE CAPITAL PRPRIO.CARACTERIZAO. DEDUTIBIL1DADE. Despesas financeirasa titulo de juros calculados sobre o capital integralizado e outrasparcelas do Patrimnio Liquido, e creditados em favor dosscios, caracterizam-se como remunerao do capital prprio, esubmetem-se aos requisitos legais fixados para suadedutibilidacle."

    resignada com a deciso de primeira instncia, a interessada interpsrecurso voluntrio a este Primeiro Conselho de Contribuinte, repisando os tpicos trazidosanteriormente na impugnao e aduzindo em complemento que:

    Em relao tributao do gio recebido na subscrio de quotas resgatveis"Classe B", o Acrdo recorrido para chegar a tal concluso recaiu em contradio, oraaduzindo que o valor incorporado ao capital social da Recorrente possui, de fato, a natureza degio na emisso de quotas, ora afirmando que referido valor no se trata de gio, na medida emque no se cogita de gio na subscrio do aumento de capital social.

    o relatrio.

    Voto Vencido

    Conselheiro Antonio Bezerra Neto, Relator.

    O recurso preenche os requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomoconhecimento.

    Glosa do gio na emisso de quotas em sociedades limitdasO autuante assim descreve o ncleo dessa autuao:

    "A empresa uma sociedade por quotas de responsabilidadelimitada, em 08 de maro de 1999, atravs da 16" (dcima sexta)alterao do seu contrato social, aumentou seu capital social emR$ 20.000.000,00 (Vinte milhes de Reais), elevando-o de R$20.000.000,00, para R$ 40.000000,00 (Quarenta milhes deReais)imediante a -emisso de 20.000.000- (vinte milhes)- de -cotas resgatveis, classe B, com preo unitrio de emisso novalor de R$ 5,00 (cinco reais) cada uma, sendo (R$ 1,00) umreal destinado ao capital social e R$ 4,00 (quatro reais)correspondentes a GIO na emisso de cotas classe "B". Ovalor total relativo ao GIO, que totaliza a importncia de R$80.0000.000,00 (oitenta milhes) de reais, foi totalmentedestinado a formao de RESERVA DE GIO NA EMISSO DECOTAS, conforme alterao contratual de nmero 16 em08/03/1999.

    Cabe registrar que a reserva de gio foi contabilizada na contanmero 25.20.000000003, sob o ttulo RESERVA DE GIOEMISSO DE COTAS, em 30 de maro de 1999 e consideradapela empresa, isenta para fins de pagamento do imposto derenda, ao arrepio do art. 442, pargrafo primeiro, que isentatais valores somente para as SOCIEDADES ANONIMAS"(Grifei).

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  • Processo n 13899.00234612003-88 Sl-C2T1Acrdo n. 1201-00.036 Fl. 4

    Com referncia essa matria,a recorrente ope-se interpretao dada aoart. 442, inciso Ido RIR799,pelos seguintes motivos:

    - por entend-la literal e dissociada das demais normas do ordenamentojurdico.

    - diferencia capital e renda, afirmando que o capital ingressado escapa possibilidade de incluso no conceito doutrinrio de rendimento, uma vez que no pode sertido como provento de qualquer natureza, porque acarreta a contrapartida de um dever ouencargo da pessoa jurdica perante seus scios.

    - o Acrdo recorrido para chegar a tal concluso recaiu em contradio, oraaduzindo que o valor incorporado ao capital social da Recorrente possui, de fato, a natureza degio na emisso de quotas, ora afirmando que referido valor no se trata de gio, na medida emque no se cogita de gio na subscrio do aumento de capital social.

    - o prprio art. 442 do RIR/99 confirma a no tributao. Este dispositivo, aotratar expressamente do gio de aes, afasta sua tributao quando o valor no puder sercreditado a reserva de capital, hiptese em que ter transitado por resultado. J com refernciaao gio na subscrio de quotas, dada sua natureza, deve necessariamente ser creditado contade reserva de capital

    Eis a legislao correlata:

    Decreto 3.708/19

    "A rt. 18. Sero observadas quanto s sociedades por quotas, deresponsabilidade limitada, no que no for regulado no estatutosocial, e na parte applicavel, as disposies da lei dassociedades anonymas."

    RIR-99

    "Art. 442. No sero computadas na determinao do lucro realas importncias, creditadas a reservas de capital, que ocontribuinte com a forma de companhia receber dossubscritores de valores mobilirios de sua emisso a ttulo de(Decreto-Lei n1.598. de 1977, art. 38):I - gio na emisso de aes por preo superior ao valornominal, ou a parte do preo de emisso de aes sem valornominal destinadas formao de reservas de capital;II - valor da alienao de partes beneficirias e bnus desubscrio;

    III - prmio na emisso de debntures;

    1V-lucro na venri de aoes em tesouraria.

    //7

    7

  • Pargrafo nico. O prejuzo na venda de aes em tesourariano ser dedutivel na determinao do lucro real (Decreto-Lein1.598, de 1977, art. 38, 5 19"1.

    Como se v a recorrente reitera os argumentos trazidos anteriormente naimpugnao e plenamente rebatidos pela deciso de piso, com exceo de apontar umacontradio na deciso de piso.

    No que concerne a essa suposta contradio no assiste razo recorrente. que a recorrente confunde o conceito de fazer referncia a algo, ou seja, de meramente acessarou apontar um "objeto" (indicao da "natureza de gio" na emisso de quotas), com apretenso de levantar uma verdade afirmar que referido valor no se trata de gio, pois se dem sociedade de quotas limitadas e no de Sociedades Annimas.

    A recorrente, em seu principal argumento, afirma tambm que aqueledispositivo foi interpretado literalmente, sem considerar as demais normas que integram oordenamento jurdico e, em matria tributria, limitam a incidncia do imposto de renda shipteses em que haja acrscimo patrimonial, originrio de renda ou proventos.

    O que a recorrente no percebe que no se cogita de maior oferta, e porconseqncia de gio, na subscrio do aumento de capital social, em sociedade de quotaslimitadas, assim como ocorre nas Sociedades Annimas. E, sendo assim, distintas asocorrncias, descabe a invocao de tratamento isonmico com a Lei das S.A.

    Outrossim, o art. 442 do RIR199 bastante claro quando exclui da tributaoapenas o gio na emisso de aes, de ttulos e valores imobilirios, com a forma decompanhia, ficando de fora dessa excluso, portanto, a subscrio de quotas de sociedadeslimitdas (argumento a contraio sensu)

    Na sociedade de quotas limitadas a subscrio de capital tem seu valorfixado previamente e os scios tm preferncia pelo valor assim definido, concorrendo para elena proporo da sua participao atual, o que toma inconcilivel o aumento de capital com aocorrncia de gio. Este apenas tem lugar quando o aumento de capital deliberado em funodas unidades em que ele se subdivide, o que somente possvel nas sociedades por aes.

    Como muito bem colocou a deciso de piso:

    "Se a sociedade por quotas de responsabilidade limitada optapor atribuir aos recursos integralizaclos por seus scios anatureza de gio, distinto do seu capital social, tem ela umganho, dissociado da obrigao imediata para com o scio comolhe garantiria a integralizaco de capital social. No se tratandoda hiptese cogitada pela lei ao dispensar a adio ao lucro

    LEI N6.404/76;

    "Art. 182. A conta do capital social discriminar o montante subscrito e, por deduo, a parcela ainda norealizada.* 1 0 Sero classificadas como reservas de capital as contas que registrarem:a) a contribuio do subscritor de aes que ultrapassar o valor nominal e a parte do preo de emisso das aessem valor nominal que ultrapassar a importncia destinada formao do capital social, inclusive nos casos deconverso em aes de debntures ou partes beneficirias;b) o produto da alienao de partes beneficirias e bnus de subscrio;c) o prmio recebido na emisso de debntures;d) as doaes e as subvenes para investimento." d/

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  • Processo n 13899.002346/2003-88 S1-C2T1Acrdo n 1201-00.036 Fl. 5

    liquido do perodo, tem-se que o valor recebido, por configurarreceita, deveria ser contabilizado como tal e, caso sejaregistrado em conta patrimonial, deve ser integrado ao lucroliquido, para sujeitar-se tributao. "(sublinhei)

    Cabe salientar, que nada foi esclarecido, nas disposies que integram a 16'Alterao do Contrato Social da autuada, acerca da razo desse diferencial (gio). Conformemuito bem ressaltado pela deciso de piso o referido ingresso da parcela de R$ 80 milhes atitulo de gio no foi em contrapartida direta a qualquer dever para com scio que adisponibifiza. Isto se daria apenas se o valor fosse integralmente subscrito e integralizado comocapital social. Nessas condies, ou seja, a parcela a titulo de "gio' entregue empresa semvinculao direta e imediata ao capital, ela passa a integrar o patrimnio liquido e a ser tituladapor todos os scios, na proporo de sua participao no capital social.

    Em relao aos demais aspectos, a deciso de piso foi brilhante em seu votoao abordar todos eles com extrema mincia e amparando-se em estudos doutrinrios, notrazendo a recorrente qualquer novo argumento que pudesse infirmar as colocaes l postas.Reitero os argumento l postos, chamando ateno principalmente para hiptese semelhante,que muito bem ilustra o caminho acertado desta autuao:

    "Acrescente-se, por fim, que tratando de hiptese semelhante,relativa aquisio, pela sociedade, de quotas liberadas,seguida de revenda com lucro, o Guia 10B de Contabilidade(So Paulo: 108 Informaes Objetivas Publicaes JurdicasLtda, 2002, Parle 28, Tpico 13, p. 12) assim aborda a matria:2. REVENDA DAS QUOTASAs quotas adquiridas pela prpria pessoa jurdica podem vir aser obtidas por um novo scio que seja admitido na empresa, oupelos scios remanescentes, por valor superior ou inferior aoque a empresa pagou.

    2.1. Revenda com lucro

    Casa as quotas sejam revendidas por valor superior ao seu custode aquisio, o lucro apurado deve ser levado a crdito da contado Patrimnio Liquido, no subgrupo das Reservas de Capital.Esta conta poder denominar-se "Lucro na Alienao de Quotas

    Liberadas".

    2.1.1. Exemplo

    2.1.2. Tratamento tributrio

    A legislao do Imposto de Renda estabelece que no socomputadas na determinao do lucro real as importncias _ creditadas arReservas -de Capital-que a-pessoa jurdica em

    forma de companhia (sociedade por aes) receber dossubscritores de valores mobilirios de sua emisso a titulo delucro na venda de aes em tesouraria.

    9

  • Essa norma, consolidada no RIR/99, art. 442, IV, tem comomatriz legal o art. 38 do Decreto-lei n' 1.598/77 e, como seobserva, dirigida especificamente s sociedades por aes.Considerando-se que a legislao tributria que dispe sobreoutorga de iseno deve ser interpretada literalmente (CdigoTributrio Nacional, art. 111, II), parece-nos que no h comoestender o tratamento supracitado s sociedades limitadas.

    Assim, a nosso ver (ressalvada a supervenincia de orientaonormativa do Fisco em outro sentido), e de acordo com osdispositivos do RIR/99 citados, o valor correspondente ao lucroobtido na revenda das quotas liberadas dever ser adicionadoao lucro lquido (no Livro de Apurao do Lucro Real Lalur),para efeito de determinao do lucro real.Reproduzimos a seguir a Deciso n195/99, da 80 Regio Fiscal(So Paulo), publicada no DOU de 29.07.99, que revela oentendimento da administrao tributria sobre a matria,lembrando sempre que a Deciso proferida por determinadaSuperintendncia atende diretamente aos interesses docontribuinte ou dos associados ou filiados da entidaderepresentativa de categoria econmica ou profissional que aformulou."Deciso N195, DE 23 DE JUNHO DE 1999

    Assunto: Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurdica

    Ementa: GIO NA EMISSO DE QUOTAS.Sero computadas na determinao do lucro real asimportncias creditadas a reservas de capital, que o contribuintecom a forma de sociedade por quotas de responsabilidadelimitada receber, dos subscritores de quotas de sua emisso, atitulo de gio, quando emitidas por preo superior ao valornominal.

    Dispositivos Legais: Regulamento aprovado pelo Decreto n`3.000/1999, art. 442.

    Paulo Jakson S. Lucas

    Chefe"(grifei)

    Por ltimo, cabe salientar que o investimento aqui tratada na recorrente, pordisposies contratuais, conforme abaixo, j estariam fadados a serem resgatados:

    o valor total das cotas integralizadas, incluida a parceladestinada a "Reserva de gio na emisso de Cotas", sercorrigido desde a data da efetiva integralizao at a do resgatetotal pela variao do 1GP-M mais juros de 12% ao ano,descontando-se os juros j pagos; d) o resgate das cotas Classe

    correspondentes a cada integralizao, includa a parceladestinada "Reserva de gio na Emisso de Cotas", se dar em02 (duas) parcelas, vencendo-se a primeira, correspondente a40% do valor integralizado, em 24 (vinte e quatro) mesescontados da efetiva integralizao, e a segunda, relativa aos

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    60% restantes, em 36 (trinta e seis) meses contados do mesmoevento.)"

    Fica aqui uma observao importante: a funo precipua do art.182 da Lei n6.404/76 e ratificado pelo art. 442 do R1R199 era fomentar os negcios da empresa, atraindoinvestimentos superiores ao valor da ao, que por sua vez reverteriam em favor de todos osacionistas. Ora, a reserva de capital formada nesse contexto completamente desnaturada, poisj nasce fadada a "morrer" tomando as vestes de um verdadeiro emprstimo disfarado..

    Do Direito Excepto

    H uma certa tendncia construo de exegeses que resultam, as mais dasvezes, de consideraes outras que no a propriamente jurdica, tal como as de naturezameramente econmica.

    preciso evidenciar que no cabe ao intrprete a tarefa de legislar, de modoque o sentido da norma no se pode afastar dos termos em que positivada, pena de, invadindoseara alheia, fugir de sua competncia.

    A interpretao findada em argumentos econmicos serve de auxilio interpretao, mas no pode ser fundamento para negar validade interpretao jurdicaconsagrada aos conceitos tributrios. Ademais, sublinhe-se, que em se tratando de normasjurdicas exceptivas, como o caso, s abrange os antecedentes que especifica, esse oensinamento do nosso mestre Jusfilsofo Pernambucano Lourival Vilanova em sua obra- prima"As Estruturas Lgicas e o Sistema do Direito Positivo", do qual extraimos o seguinte excerto:

    23."A norma jurdica exceptiva s abrange os antecedentes queespecifica, no outros, delineando conjunto-unimembre ouconjunto-multimembre de sujeitos ou aes que caem fora darbita de abrangncia (da extenso em sentido lgico) oumbito-de-validade da norma geral."

    V-se que a boa hermenutica baseada nos profieuos ensinamentos deLourival Vilanova ampara a utilizao do argumento a contrario sensu, perfeitamente vlidoem se tratando de norma exceptiva. E quando um argumento que considerado "quase-lgico"(na viso de Perelman e Tyteca, no Tratado da Argumentao), passa a ser totalmente lgicono mundo do Direito (Lourival Vilanova).

    Da penso que seria ir longe demais outorgar uma iseno s sociedadeslimitadas (apenas ao capital social), que deve ser interpretada literalmente conforme art. 111do CTN, utilizando-se ainda mais de uma analogia que desnatura totalmente a funo exercidapelo gio nas Sociedades annimas se transferido esse instituto para aquele outro tipo desociedade.

    Dessa forma, nada tenho a reparar nesse item da autuao e a referida receita,decorrente do gio recebido na subscrio de quotas e contabilizada em conta de reserva, deveiia seradicionadamoincro-liquidfins-de meidencia do 11(1" .

    Juros sobre Capital Prprio

    Dispe a legislao ora em debate:

    I

  • RIR/99

    "Art. 347. A pessoa jurdica poder deduzir, para efeitos deapurao do lucro real, os juros pagos ou creditadosindividualizadamente a titular, scios ou acionistas, a titulo deremunerao do capital prprio, calculados sobre as contas dopatrimnio lquido e limitados variao, pro rata dia, da TJLP(Lei n9.249, de 1995, art. 9'). O efetivo pagamento ou crdito dos juros fica condicionado existncia de lucros, computados antes da deduo dos juros,ou de lucros acumulados e reservas de lucros, em montante igualou superior ao valor de duas vezes os juros a serem pagos oucreditados (Lei n9.249, de 1995, art. 9 0, 1, e Lei n9.430, de1996, art. 78). 2 Os juros ficaro sujeitos incidncia do imposto na formaprevista no art. 668 (Lei n9.249, de 1995, art. 9, 2). 3 0 0 valor dos juros pagos ou creditados pela pessoa jurdica,a ttulo de remunerao do capital prprio, poder ser imputadoao valor dos dividendos de que trata o art. 202 da Lei n6404,de 1976, sem prejuzo do disposto no 2' (Lei n9.249, de 1995,art. 9, 7'). 4 Para os fins de clculo da remunerao prevista nesteartigo, no ser considerado o valor de reserva de reavaliaode bens ou direitos da pessoa jurdica, exceto se esta foradicionada na determinao da base de clculo do imposto derenda e da contribuio social sobre o lucro liquido (Lei n9.249, de 1995, art. 9, 8)." (grifei)Conforme relatado, como a recorrente apurou prejuzos fiscais e no possua

    Reserva de lucros ou de lucros acumulados em perodos anteriores, a teor do regramento acimaem tese no poderia suportar o pagamento dos juros e como tal os mesmos no seriamdeduflveis. A DIPJ entregue para o ano-calendrio 1998 apontava prejuzos acumulados de R$50.632.103,56 e, em conseqncia, Patrimnio Liquido negativo de R$ 30.361.260,65 (fl. 32).

    Porm, no esse ponto que contesta a recorrente. Seus argumentos passamao largo da discusso em torno_ das condies legais de dedutibilidade dos juros sobre capitalprprio. O que ela discute a natureza dessas despesas. Nega que tenha a natureza de jurossobre capital prprio.

    Argumenta que o valor pago corresponderia parte do preo de resgate desuas quotas, regulado expressamente pela legislao societria (Lei n. 6.404, de 15,12.1926,art. 44, pargrafo 1.), e teria sido previsto contratualmente.

    A previso contratual no pode ser oponvel Fazenda quando a natureza dasdespesas financeiras a titulo de juros calculados sobre o capital integralizado c creditados emfavor dos scios, caracterizam-se como remunerao do capital prprio, no importando se osvalores pagos a titulo de juros est sob a forma contratual de antecipao do preo de resgatedas quotas, apenas porque elas sero deduzidas no momento do resgate, se ele vier a ocorrer. Aforma no pode prevalecer sobre a essncia do negcio. Essa sistemtica longe de corroborarcom a pretenso da recorrente, ao contrrio, ratifica a autuao, pois deixa cristalino que suafuno primordial foi atendida: remunerar o investimento dos scios, incidindo desde o f,momento da integralizao at o resgate das quotas. \1/2(

    12

  • Processo n 13899.002346/2003-88 SI-C2TIAcrdo n. 1201-00.036117

    Para maior clareza, reproduz-se o previsto na clusula quinta, alneas "a" e"h" do contrato social que o impugnante apresenta:

    5 fixar as caractersticas das cotas Classe B ora emitidas, queso as seguintes: a) devero ser integralizadas em urna ou maisparcelas, mediante chamadas da Diretoria da Sociedade com 03(trs) dias teis de antecedncia, no prazo de at 06 (seis) mesesa contar desta data; b) faro jus a juros de 12% ao ano mais avariao do IGP-M, incidentes "pro rata" a partir da data decada integralizao, calculados sobre o valor das cotas includaa importncia destinada "Reserva de gio_ na emisso deCotas", devendo referidos juros serem pagos semestralmente noprazo de at 03 (trs) anos a contar de cada integralizao, comprazo de carncia de 01 (um) ano, vencendo-se o primeiropagamento dos juros ao final deste; c) o valor total das cotasintegralizacias, includa a parcela destinada "Reserva de giona emisso de Cotas", ser corrigido desde a data da efetivaintegralizao at a do resgate total pela variao do 1GP-Mmais juros de 12% ao ano, descontando-se os juros j pagos; cl). o resgate das cotas Classe B correspondentes a cadaintegralizao, includa a parcela destinada "Reserva de giona Emisso de Cotas", se dar em 02 (duas) parcelas, vencendo-se a primeira, correspondente a 40% do valor integralizado, em24 (vinte e quatro) meses contados da efetiva integralizao, e asegunda, relativa aos 60% restantes, em 36 (trinta e seis) mesescontados do mesmo evento; e) na hiptese de no serem

    .

    resgatadas, total ou parcialmente, na forma prevista acima, noprazo mximo de at 03 (trs) anos contados de cadaintegralizao, as cotas Classe B sero automaticamenteconvertidas em cotas Classe A, na proporo de unia cotaClasse A para cada cota Classe B convertida, aplicando-se-lhestodos os direitos conferidos atualmente s referidas cotasClasse ALI) no tero direito de voto enquanto existirem sob aforma de cotas Classe B; tero prioridade no recebimento dedividendos, os quais sero descontados dos juros a que fazemjus;

    Ocorre que, embora a determinao da despesa contabilizada pelocontribuinte decorra de disposio contratual expressa, o fato que a natureza do pagamento

    --amesina darilte e previstoti--- 7-3-47do R11U99, cuja dfidulibilidade est limitada ao valorcalculado segundo a variao da TJLP e condicionada existncia de lucro no perodo ou delucros acumulados/reservas de lucros.

    Neste diapaso, deve ser mantida a glosa de despesas financeiras, por secaracterizarem, apesar da roupagem dada, corno sendo juros sobre o capital prprio.

    Por todo o exposto, nego provimento ao recurso.

    (f-_ 222Antonio Be erra Neto Relator.

    13

  • Processo n13899.002346/2003-88 S1-C2T1Acrdo n. 1201-00.036 E. 8

    Voto Vencedor

    Conselheiro Guilherme Adolfo dos Santos Mendes

    Antes de nos debruannos sobre o tema da tributao do gio, merecemdestaque os seguintes dispositivos do Regulamento do Imposto de Renda:

    Art. 247. Lucro real o lucro lquido do perodo de apuraoajustado pelas adies, excluses ou compensaes prescritas ouautorizadas por este Decreto (Decreto-Lei n1.598, de 1977, art.6). I A determinao do lucro real ser precedida da apuraodo lucro lquido de cada perodo de apurao com observnciadas disposies das leis comerciais (Lei n8.981, de 1995, art.37, 1).

    Podemos claramente perceber que no h na lei do imposto de renda umaestipulao, por assim dizer, completa do lucro real. A principio, a base de clculo do impostode renda o prprio lucro comercial, isto , o resultado positivo da atividade das empresas emconformidade com a legislao comercial.

    Nada obstante, em razo das diferenas entre o regime jurdico de direitoprivado e o regime de direito pblico tributrio, a lei fiscal pode estabelecer diversidade detratamento em relao aos mais variegados fatos passveis de integrar um e outro lucro.

    Nesse caso, porm, a lei fiscal no exaustiva. Ela se limita a prescrever oque possuir tratamento diferente do regido pelo direito comercial.

    O lucro apurado segundo as regras comerciais apresenta propsito diversodaquele estipulado como base de clculo do imposto sobre a renda. No primeiro caso, o lucrotem a finalidade de aferir a parcela do resultado da empresa a que tem direito seus scios; no

    segundo a de dimensionar-o-fato jurdice-tributrio-de-a-emprLa auferir-renda novam-razodisso, por exemplo, os dividendos recebidos de outras pessoas jurdicas devem compor o lucrocomercial, mas no o lucro real. Como a definio da base de clculo do imposto de rendaparte da definio do lucro comercial, os dividendos devem ento ser tratados como umaexcluso pela legislao tributria.

    Desse modo, para a correta compreenso do regime jurdico a que estosubmetidos os diversos fatos econmicos praticados pelas empresas, o percurso deinterpretao deve principiar pela sua disciplina para depois ser verificado se h

    - tratamento-diverso pela lei tnbutana. -

    Se um fato deve compor o lucro comercial e a lei do imposto de renda nadasobre ele prescreve, ento dever tambm compor a base de clculo desta exao. De igual

    is

  • turno, se no deve compor o lucro comercial e a lei do imposto de renda tambm for silente, amesma sorte ter, isto , no dever compor o lucro real.

    Fixadas essas premissas, devemos perquirir qual o tratamento comercial dogio na aquisio de quotas de capital das sociedades limitadas.

    Na poca dos fatos, estas sociedades eram regidas pelo Decreto n3.708/1919, o qual no estabelecia qualquer disciplina sobre o referido fato. Nada obstante, seuart. 18 assim ditava.

    Art. 18 - Sero observadas quanto s sociedades por quotas, deresponsabilidade limitada, no que no for regulado no estatutosocial, e na parte aplicvel, as disposies da lei das sociedadesannimas.

    , em razo disso, ntido o carter suplementar da lei dassociedades annimas para o estabelecimento do regime jurdicodas sociedades limitadas.

    Pois bem, em dois de seus dispositivos, a Lei n 6.404/76estabelece que o gio na subscrio de capital deve ter otratamento de reserva de capital. Abaixo os transcrevo:

    Art. 13. [...]

    2 A contribuio do subscritor que ultrapassar o valornominal constituir reserva de capital (artigo 182,

    Art. 182. J.

    1 Sero classificadas como reservas de capital as contas queregistrarem.

    a) a contribuio do subscritor de aes que ultrapassar o valornominal e a parte do preo de emisso das aes sem valornominal que ultrapassar a importncia destinada a formao docapital social, inclusive nos casos de converso em aes dedebntures ou partes beneficirias;

    Esses dispositivos so suficientes, no meu entender, para afirmar que tais7J valores no devem transitar por contas de resultado e, com isso, no devem compor o lucro

    comercial. Refora ainda mais esse meu entendimento ao verificarmos que a Lei das SAdisciplina minuciosamente os itens que devem compor a apurao do resultado do exercciosem qualquer meno ao gio.

    Desse modo, o gio na aquisio de quotas de capital das sociedades deresponsabilidade limitada devem ter o mesmo tratamento, ou seja, no devem compor oresultado comercial do exerccio.

    Assim, para integrarem o lucro real seria necessrio que a lei do imposto derenda expressamente estipulasse uma adio. No entanto, no h qualquer dispositivo nessesentido.

    Nesse passo, contudo, cabe-nos explicar a razo e a correta interpretao dosseguintes dispositivos do reg,ulamento do imposto de renda:

    16

  • Processo n 13899.00234612003-88 SI-C2T1Acrdo n. 1201-00.036 Fl. 9

    Art. 492. No sero computadas na determinao do lucro realas importncias, creditadas a reservas de capital, que ocontribuinte com a forma de companhia receber dos subscritoresde valores mobilirios de sua emisso a titulo de (Decreto-Lei n1.598, de 1977, art. 38):1- gio na emisso de aes por preo superior ao valornominal, ou a parte do preo de emisso de aes sem valornominal destinadas formao de reservas de capital;II - valor da alienao de partes beneficirias e bnus desubscrio;

    III - prmio na emisso de debntures;

    IV - lucro na venda de aes em tesouraria.

    Pargrafo nico. O prejuzo na venda de aes em tesourariano ser dedutivel na determinao do lucro real (Decreto-Lein1598, de 1977, art. 38, 1).

    Afinal, se por meio da regra geral de apurao do lucro real, que estipulacomo ponto de partida o lucro comercial, combinada com as disposies da Lei das SociedadesAnnimas, j seria possvel afirmar que o gio na emisso de aes por tais sociedades nodeve compor o lucro real, qual finalidade cumpriria a referida estipulao da lei do imposto derenda? Seria ela intil, ento?

    As leis no exercem apenas funes de inovar a ordem jurdica. Para aquelesque ainda se apegam s antigas lies de hermenutica baseadas na codificao napolenica, alei no teria palavras inteis e, assim, todos seus termos deveriam ser interpretados comodirigidos a modificar o ordenamento at ento em vigor.

    Evidentemente, tais lies h muito j foram superadas. Apesar de osdiplomas legais servirem tipicamente para criar, extinguir e modificar direitos e deveres, noficam restritos a tais funes. prtica legiferante costumeira a reiterao de prescries janteriormente previstas com a finalidade de garantir maior organicidade matria disciplinadaou de evitar eventuais dvidas que poderiam pairar em razo da interpretao intertextual.

    Os dispositivos do DL no 1.598/77 (reproduzidos no Regulamento do ImpostodeRenda)relativos ao gio na emisTafle aoes por sociedades anontmas nao

    inovam, apesar de deixarem mais clara, a disciplina tributria a que se submetem estes valores.

    Concluir em sentido oposto sob o fundamento de que a lei sempre exercefuno inovadora da ordem jurdica no compreender as mltiplas funes que esto disposio do discurso do legislador.

    Pior concluir que, se a lei autoriza a excluso num caso (sociedadesannimas), ento probe nos demais (dentre os quais,as_praticados_eLssocieiladesderesponsabilidade limitada), pois iu'iplica eXigir tributo com base em "sentidos implcitos".

    Por fora do ditame da estrita legalidade tributria, tributo deve sempre serestabelecido por dico legal expressa em relao a todos os critrios compositivos da regra deincidncia tributria, dentre os quais, a base de clculo.

    17

  • Por todo o exposto, dou provimento ao recurso voluntrio na parte relativa tributao sobre o gio. No mais, sigo o voto condutor.

    (#7&t.t)

    Guilhe 'te/Adolfo dos Santos Mendes

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  • Processo n 13899.002346/2003-88 SI-C2T1Acrdo n. 1201-00.036 Fl. 10

    1 TERMO DE INTIMAO

    Intime-se um dos Procuradores da Fazenda Nacional, credenciado junto aeste Conselho, da deciso consubstanciada no acrdo supra, nos termos do art. 81, 3, doanexo II, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria Ministerial n 256, de 22 dejunho de 2009.

    Brasilia 1 p FV 2010

    7t-Lii---.T ROBERTO FRANACincia

    Data: / /

    Nome:Procurador(a) da Fazenda Nacional

    , Encaminhamento da PFN:

    [ ] apenas com cincia;[ I com Recurso Especial;[ I com Embargos de Declarao;

    [J .

    :

    19