Aspectos Tributarios Nas Operações de Agio Interno

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Artigo sobre aspectos tributários nas operações de agio interno, Legislação, entendimentos fiscais, entendimentos dos nossos tribunais, combinado com planejamento tributário.

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  • O denominado gio interno aquele que surge nas operaes societrias realizadas entre pessoas ligadas.

    Observao: redao da MP 627/2013

    Art. 21. A pessoa jurdica que absorver patrimnio de outra, em virtude de incorporao, fuso ou ciso, na qual detinha participao societria adquirida com gio por rentabilidade futura (goodwill) decorrente da aquisio de participao societria entre partes no dependentes, apurado segundo o disposto no inciso III do caput do art. 20 do Decreto-Lei n 1.598, de 1977, poder excluir para fins de apurao do lucro real dos perodos de apurao subseqentes o saldo do referido gio existente na contabilidade na data do evento, razo de um sessenta avos, no mximo, para cada ms do perodo de apuraoGIO INTERNO

  • O motivo das operaes com gio interno foi o artigo 36 da Lei 10.637/2002Art. 36. No ser computada, na determinao do lucro real e da base de clculo da Contribuio Social sobre o Lucro Lquido da pessoa jurdica, a parcela correspondente diferena entre o valor de integralizao de capital, resultante da incorporao ao patrimnio de outra pessoa jurdica que efetuar a subscrio e integralizao, e o valor dessa participao societria registrado na escriturao contbil desta mesma pessoa jurdica. 1o O valor da diferena apurada ser controlado na parte B do Livro de Apurao do Lucro Real (Lalur) e somente dever ser computado na determinao do lucro real e da base de clculo da Contribuio Social sobre o Lucro Lquido:

    I - na alienao, liquidao ou baixa, a qualquer ttulo, da participao subscrita, proporcionalmente ao montante realizado;II - proporcionalmente ao valor realizado, no perodo de apurao em que a pessoa jurdica para a qual a participao societria tenha sido transferida realizar o valor dessa participao, por alienao, liquidao, conferncia de capital em outra pessoa jurdica, ou baixa a qualquer ttulo. 2o No ser considerada realizao a eventual transferncia da participao societria incorporada ao patrimnio de outra pessoa jurdica, em decorrncia de fuso, ciso ou incorporao, observadas as condies do 1.

  • Alguns casos julgados no CARF:

    ContribuinteAcrdoResultadoBanco GMAC1301001.224Lanamento anuladoGerdau1101-00.708Lanamento anuladoNet SP1402001.229Lanamento mantidoSul Amrica Seguros1302001.145Lanamento anuladoViao Campos Gerais1402001.211Lanamento mantidoNatura1402001.278Lanamento mantido parcialmente (multa)Johnson Automotive1202000.884Lanamento anuladoEMS1. Turma 3. CmaraLanamento anuladoMann Hummel1101000.968Lanamento mantido

  • Caso Gerdau - EmentaProcesso 10680.724392/2010-28 Acrdo 1101-00.708 1. Cmara -1. Turma Ordinria

    ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURDICA IRPJ

    Ano-calendrio: 2005, 2006, 2007, 2008GIO. REQUISITOS DO GIO.

    O art. 20 do Decreto-Lei n 1.598, de 1997, retratado no art. 385 do RIR/1999, estabelece a definio de gio e os requisitos do gio, para fins fiscais. O gio a diferena entre o custo de aquisio do investimento e o valor patrimonial das aes adquiridas. Os requisitos so a aquisio de participao societria e o fundamento econmico do valor de aquisio. Fundamento econmico do gio a razo de ser da mais valia sobre o valor patrimonial. A legislao fiscal prev as formas como este fundamento econmico pode ser expresso (valor de mercado, rentabilidade futura, e outras razes) e como deve ser determinado e documentado.GIO INTERNO. A circunstncia da operao ser praticada por empresas do mesmo grupo econmico no descaracteriza o gio, cujos efeitos fiscais decorrem da legislao fiscal. A distino entre gio surgido em operao entre empresas do grupo (denominado de gio interno) e aquele surgido em operaes entre empresas sem vnculo, no relevante para fins fiscais.

  • Caso Gerdau S/AEmentaGIO INTERNO. INCORPORAO REVERSA. AMORTIZAO.

    Para fins fiscais, o gio decorrente de operaes com empresas do mesmo grupo (dito gio interno), no difere em nada do gio que surge em operaes entre empresas sem vnculo. Ocorrendo a incorporao reversa, o gio poder ser amortizado nos termos previstos nos arts. 7 e 8 da Lei n 9.532, de 1997.

    ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTRIO

    Ano-calendrio: 2005, 2006, 2007, 2008ART. 109 CTN. GIO. GIO INTERNO.

    a legislao tributria que define os efeitos fiscais. As distines de natureza contbil (feitas apenas para fins contbeis) no produzem efeitos fiscais. O fato de no ser considerado adequada a contabilizao de gio, surgido em operao com empresas do mesmo grupo, no afeta o registro do gio para fins fiscais.

    DIREITO TRIBUTRIO. ABUSO DE DIREITO. LANAMENTO.

    No h base no sistema jurdico brasileiro para o Fisco afastar a incidncia legal, sob a alegao de entender estar havendo abuso de direito. O conceito de abuso de direito louvvel e aplicado pela Justia para soluo de alguns litgios. No existe previso do Fisco utilizar tal conceito para efetuar lanamentos de ofcio, ao menos at os dias atuais. O lanamento vinculado a lei, que no pode ser afastada sob alegaes subjetivas de abuso de direito.

  • Caso Gerdau S/AEmentaPLANEJAMENTO TRIBUTRIO. ELISO. EVASO.

    Em direito tributrio no existe o menor problema em a pessoa agir para reduzir sua carga tributria, desde que atue por meios lcitos (eliso). A grande infrao em tributao agir intencionalmente para esconder do credor os fatos tributveis (sonegao).

    ELISO.

    Desde que o contribuinte atue conforme a lei, ele pode fazer seu planejamento tributrio para reduzir sua carga tributria. O fato de sua conduta ser intencional (artificial), no traz qualquer vcio. Estranho seria supor que as pessoas s pudessem buscar economia tributria lcita se agissem de modo casual, ou que o efeito tributrio fosse acidental.

    SEGURANA JURDICA.

    A previsibilidade da tributao um dos seus aspectos fundamentais.

    Julgamento feito pela 1. Turma da 1. Cmara da 1. Seo recurso do contribuinte acolhido por maioria. Ficou vencida a relatora (Edeli Pereira Bessa).

  • Caso Gerdau S/AProcesso 10680.724392/2010-28 Caso GerdauA acusao fiscal pode ser resumida na seguinte afirmao que constou do termo de verificao fiscal:Quadro resumo:

    O contribuinte faz parte de um grupo econmico de pessoas jurdicas que realizou operaes de reorganizao societria (subscrio de capital, incorporao e ciso). A combinao dessas operaes gerou um gio que teve reflexos na apurao do Imposto de Renda e da Contribuio Social do perodo sob fiscalizao. O registro contbil e a amortizao desse gio so indevidos, por se tratar de gio gerado internamente, ou seja, dentro de um grupo de sociedades sob controle comum.. Nesta ao fiscal foram lanados o IRPJ e a CSLL devidos pelo contribuinte, considerando os efeitos do gio indevidamente aproveitado, conforme registrado em seus livros fiscais e contbeis.

  • Caso Gerdau S/AProcesso 10680.724392/2010-28 Caso GerdauMomento 1:Grupo econmico GerdauGerdau S/AGerdau ParticipaesGerdau AominasGerdau Internacional EmpGerdau Aos EspeciaisGerdau Com de AosGerdau Aos LongosGerdau Amrica do Sul

  • Caso Gerdau S/A

    Momento 1: Antes do incio da reorganizao societria

    Processo 10680.724392/2010-28 Caso Gerdau

  • Caso Gerdau S/AProcesso 10680.724392/2010-28 Caso GerdauEstrutura do Grupo Gerdau segundo a Fiscalizao

  • Caso Gerdau S/AProcesso 10680.724392/2010-28 Caso GerdauMomento 2- 22/12/2004 elaborao de Laudo de Avaliao Econmica das participaes societrias daGerdau S/A nas sociedades Gerdau Aominas e Gerdau Internacional

    (R$ mil)

    *Valor da participao indireta da GERDAU INTERNACIONAL nas seguintes empresas; Gerdau Chile InversionesLtda (99,9916%), Gerdau LAISA S/A (99,9900%) e SIPAR Aceros S/A (38,1767%).

    Antes da avaliao, o investimento na Gerdau Aominas estava registrado na contabilidade da Gerdau S/A por R$ 4.479.918.909,94. A diferena entre esse valor contbil e o valor do Laudo de Avaliao Econmica da Gerdau Aominas, de R$ 13.698.283.480,00, gerou, por ocasio do aumento de capital descrito no item seguinte, um gio fundamentado na expectativa de resultado futuroGERDAU AOMINAS 14.972.155 91,4912% 13.698.283 GERDAU INT 6.701.684 94,8871% 6.358.981 Ativos na Amrica do Sul* 1.523.373 94,8871% 1.450.275

  • Caso Gerdau S/A

    Momento 3 29/12/2004 AGE aprova:

    Alterao da denominao da sociedade que deixa de ser Siderrgica Riograndense e passa a ser Gerdau Participaes**Alterao do objeto socialO aumento do capital social da Gerdau Participaes S/A de R$ 422.360,00 para R$15.227.078.630,00 por meio de emisso de aes ordinrias nominativas a serem subscritas e integralizadas pela acionista Gerdau S/A mediante a incorporao das seguintes participaes:

    145.146.117 aes ordinrias e 5.512 aes preferenciais de emisso da sociedade Gerdau Aominas S/A, pelo valor econmico de R$ 13.698.283.480,00; 607.398.462 quotas de emisso da sociedade Gerdau Internacional Empreendimentos Ltda - Grupo Gerdau, pelo valor econmico de R$ 1.528.372.790,00.

    Com a alterao, a Gerdau S/A passou a deter 99,9999% da Gerdau Participaes S/A.

    Processo 10680.724392/2010-28 Caso Gerdau** A fiscalizao alega que esta era uma empresa veculo porque estava inativa e foi reativada exclusivamente para ser veculo do gio

  • Caso Gerdau S/AProcesso 10680.724392/2010-28 Caso Gerdau

  • gio Julgados sobre aproveitamento de gio internoProcesso 10680.724392/2010-28 Caso Gerdau

  • Caso Gerdau S/A

    Momento 4 Contabilizao na Gerdau S/A

    Baixa da totalidade do investimento na Gerdau Aominas e de parte da totalidade do investimento na Gerdau Internacional Empreendimentos;Substituio destes investimentos pelos investimentos na Gerdau ParticipaesResultado = ganho conforme abaixo

    Inv na Gerdau ParticipaesR$ 15.226.656.270,00Baixa do inv. na Gerdau AominasR$ 4.479.918.909,94 (-)Baixa do desgio relativo ao inv. na Gerdau Aominas3 R$ 242.071.898,24Baixa parcial do inv. na Gerdau InternacionalEmpreendimentos R$ 641.491.640,84 (-)Ganho de capital da Gerdau S/AR$ 10.347.317.617,46

    O ganho de R$ 10.347.317.617,46, sendo R$ 9.460.436.468,30 relativos Gerdau Aominas S/A e R$ 886.881.149,16 relativos Gerdau Internacional Empreendimentos

    Processo 10680.724392/2010-28 Caso Gerdau

  • Caso Gerdau S/A

    Momento 5 Contabilizao na Gerdau Participaes S/A

    C - Capital social - Aes Ordinrias (cta 240000) R$ 15.226.656.270,00D - Inv Cta Vlr Patr - Gerdau Aominas S/A (cta 130012) R$ 4.479.918.909,94D - Inv Cta Vlr Patr - Gerdau Intern Empreendim Ltda (cta 130020) R$ 641.491.640,84D - gio - Gerdau Internacional Empreendimentos Ltda (cta 131059) R$ 886.881.149,16D - gio - Gerdau Aominas S/A (cta 131060)R$ 9.218.364.570,06

    Processo 10680.724392/2010-28 Caso Gerdau

  • Caso Gerdau S/A

    Momento 6 28/04/2005 Protocolo de intenes definindo todas as condies da incorporao da Gerdau Participaes pela Gerdau Aominas que seria efetivada em 09/05/2005

    Apresentada Proposta e Justificao da Administrao AGE que seria convocada tanto para a Gerdau Aominas como apara a Gerdau Participaes para o dia 09/05/2005 propondo a aprovao da incorporao da Gerdau Participaes pela Gerdau Aominas com a seguinte justificativa: a aprovao da proposta de incorporao oportunizaria totalidade dos acionistas da Gerdau Aominas participar, em igualdade de condies com o seu controlador, dos negcios siderrgicos desenvolvidos pelo Grupo Gerdau na Amrica do Sul... Destaca ainda que a ferida operao um estgio intermedirio do processo de reorganizao societria pelo qual est passando o Grupo Gerdau o qual busca o alinhamento da estrutura societria estratgia de gesto, para maximizar o desempenho das operaes e melhorar o entendimento e a transparncia das informaes ao mercado sobre cada negcio.

    Processo 10680.724392/2010-28 Caso Gerdau

  • Caso Gerdau S/A

    Momento 7

    Subscrio e integralizao de capital na Gerdau Participaes pelo Banco Ita BBA S/A, 06/05/2005

    AGE aprova aumento de capital social de R$ 15.227.078.630,00 para R$ 15.777.078.630,00 com emisso de 325.062.172 aes ordinrias nominativas, pelo valor patrimonial de 31/03/05 ao preo de 1,69198401836 por aes subscritas e integralizadas pelo Banco Ita BBA S/A.

    A distribuio acionria da Gerdau Participaes passou a ser: 96,6% Gerdau S/A 3,39% do banco Ita BBA S/A

    Processo 10680.724392/2010-28 Caso Gerdau

  • Caso Gerdau S/AMomento 8 Incorporao da Gerdau Participaes S/A pela Gerdau Aominas S/A em 09/05/2005

    Consequncia tributria da referida incorporao: A controladora (Gerdau Participaes) que detinha investimento com gio na controlada (Gerdau Aominas) incorporada pela prpria controlada, e o gio absorvido passa a influenciar a apurao do imposto de renda e da contribuio social sobre o lucro, reduzindo os valores devidos desses tributos com base no art. 7 da Lei 9.532/97 artigos 385 e seguintes do RIR/99.De acordo com a fiscalizao: a proviso sobre o gio relativo ao investimento na Gerdau Aominas gera os seguintes efeitos na incorporao:

    a) a Gerdau Aominas recebe como parte do acervo o gio a ser amortizado (R$ 9.218.364.570,06), e a proviso a ser revertida proporcionalmente amortizao (R$ 6.084.120.616,23). A diferena de R$ 3.134.243.953,83 foi contabilizada como reserva de capital;b) a Gerdau Aominas registra na parte B do Lalur o valor de R$ 6.084.120.616,23, a ser excludo medida que houver a reverso contbil da proviso c) A Gerdau Aominas passa a amortizar o gio absorvido da Gerdau Participaes na proporo de 1/120 ao ms, o que ocorre por trs meses.Com a incorporao, a Gerdau Aominas teve seu capital aumentado no montante de R$ 1.224.645.638,74, mediante a emisso de 166.360.030 aes ordinrias atribudas aos acionistas da Gerdau, na proporo de suas participaes no capital desta, e constituio de reserva especial de gio, no montante de R$ 3.134.243.953,83 (valor lquido do gio transferido) As aes de emisso da Gerdau Aominas, de propriedade da Gerdau Participaes, foram canceladas, sem reduo do capital social.

  • Caso Gerdau S/A

    Momento 9 Ciso parcial da Gerdau Aominas S/A

    19/07/2005 Protocolo de intenes entre Gerdau Aominas S/A, Gerdau Aos Especiais S/A, Gerdau Aos Longos S/A, Gerdau Comercial de Aos S/A e Gerdau Amrica do Sul Participaes S/A

    29/07/2005 AGE da Gerdau Aominas S/A deciso pela ciso parcial.

    30/07/2005 Ciso Parcial

    Consequncias tributrias no aceitas pelo fisco:Para fins desta ao fiscal, interessa identificarmos as rubricas relativas ao gio que permaneceu na Gerdau Aominas e foi posteriormente amortizado no perodo objeto desta ao fiscalConforme o Laudo (fl. 115), a parcela remanescente na Gerdau Aominas seria de R$ 3.196.173.314,54 ("perda por incorporao diferida", que representa parcela do gio herdado pela Gerdau Aominas, quando incorporou a Gerdau Participaes) e R$ 2.109.474.387,59 (proviso manuteno integridade contbil, que representa parcela da proviso efetuada na Gerdau Participaes, por ocasio da incorporao desta pela Gerdau Aominas). A reserva de gio remanescente no PL seria de R$ 1.138.936.326,17.

    Processo 10680.724392/2010-28 Caso Gerdau

  • *Caso Banco GMAC gio Interno

  • gio Interno - Caso Banco GMAC Ementa

    Processo n.: 16327.001482/2010-52 Acrdo n 1301-001.224 3 Cmara 1 Turma Ordinria - Seo de 11 de junho 2013- Matria: IRPJ

    Ano- calendrio: 2005, 2006, 2007, 2008, 2009DECADNCIA. NO HOMOLOGAO DAS DECLARAES APRESENTADAS.Verificado que o lanamento tributrio versou nohomologao s declaraes apresentadas, cujas bases de clculo foram impactadas pela despesa considerada indedutvel, verifica-se que a insurgncia fiscal no se d no tocante contabilizao da despesa, mas, quanto sua utilizao.PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE. ERRO OU DEFICNCIA NO ENQUADRAMENTO LEGAL. NO OCORRNCIA.Tendo em vista que a Fiscalizao discriminou detidamente os fatos imputados, permitindo Recorrente exercitar, com plenitude e suficincia, sua defesa tcnica e bem fundamentada, verifica-se a total ausncia de prejuzo ao contribuinte, bem como de pecha capaz de inquinar de nulidade o feito.*

  • gio Interno - Caso Banco GMAC INCORPORAO DE SOCIEDADE. AMORTIZAO DE GIO. ARTIGOS 7 E 8 DA LEI N 9.532/97. PLANEJAMENTO FISCAL INOPONVEL AO FISCO. INOCORRNCIA.A efetivao da reorganizao societria, mediante a utilizao de empresa veculo, no resulta economia de tributos diferente da que seria obtida sem a utilizao da empresa veculo e, por conseguinte, no pode ser qualificada de planejamento fiscal inoponvel ao fisco. O abuso de direito pressupe que o exerccio do direito tenha se dado em prejuzo do direito de terceiros, no podendo ser invocada se a utilizao da empresa veculo, exposta e aprovada pelo rgo regulador, teve por objetivo proteger direitos (os acionistas minoritrios), e no viol-los. No se materializando excesso frente ao direito tributrio, pois o resultado tributrio alcanado seria o mesmo se no houvesse sido utilizada a empresa veculo, nem frente ao direito societrio, pois a utilizao da empresa veculo deu-se, exatamente, para a proteo dos acionistas minoritrios, descabe considerar os atos praticados e glosar as amortizaes do gio. Contribuio Social sobre o Lucro Lquido. LANAMENTO DECORRENTE - Repousando o lanamento da CSLL nos mesmos fatos e mesmo fundamento jurdico do lanamento do IRPJ, as decises quanto a ambos devem ser a mesma.

    *

  • gio Interno - Caso Banco GMAC Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 3 Cmara / 1 Turma Ordinria da Primeira Seo de Julgamento, por maioria de votos, em rejeitar as preliminares de decadncia e nulidade, mas, no mrito, DAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntrio para, reformando a deciso recorrida, reconhecer legtima a dedutibilidade das despesas com amortizao de gio, nos termos do relatrio e voto proferidos pelo relator. Acompanhou pelas concluses o Conselheiro Valmir Sandri. Vencidos os Conselheiros Paulo Jakson da Silva Lucas e Wilson Fernandes Guimares.Plnio Rodrigues LimaPresidenteEdwal Casoni de Paula Fernandes JuniorRelator

    *

  • gio Interno - Caso Banco GMAC *Pano de Fundo das Operaes:

    A reestruturao societria das empresas brasileiras do Grupo General Motors foi motivada pela existncia de um plano de reestruturao societria do Grupo General Motors no mundo.

    Esta modificao na estrutura da GM tinha como objetivo segregar as atividades financeiras e as atividades industriais do Grupo GM global.

    O Grupo iniciou a reestruturao dos seus negcios, que j no estavam apresentando os resultados esperados.

    Os objetivos da reestruturao: o segmento industrial da GM (com piores resultados financeiros) seria detido, mundialmente, pela empresa norte americana General Motors Corporation; o segmento financeiro do grupo passaria a ser detido pela empresa General Motors Acceptance Corportaion (GMAC) e no futuro seria vendido a um terceiro (o que ocorreu em 2006).

  • gio Interno - Caso Banco GMAC *Pano de Fundo das Operaes:

    No Brasil, o segmento industrial do Grupo GM era representado pela empresa General Motors do Brasil Ltda (GM do Brasil), controlada pela General Motors Corporation (GM).

    O segmento financeiro do Grupo consistia no Banco General Motors do Brasil S.A, que era controlado pela General Motors do Brasil Ltda.

    Assim, tendo em vista a necessidade da GMAC passar a ser a controladora direta de todo o segmento financeiro do Grupo GM, no Brasil, a participao detida pela GM do Brasil no Banco General Motors do Brasil deveria ser transferida para a General Motors Acceptance Corporation.

    Para atingir tal estrutura, se pensou em efetuar uma reduo de capital da GM do Brasil, entregando as aes que esta detinha no Banco GM do Brasil para a GM US e, posteriormente, a GM US venderia as aes do Banco GM do Brasil para a GMAC, no exterior.Contudo, pelas regras do BACEN a reduo de capital implicaria em cancelamento parcial do RDE-IED da GM US. Aliado desvalorizao do real, como se argumentou no voto, tal cancelamento de registro de investimento estrangeiro implicaria em perda do valor dos investimentos GM US no Brasil.

  • gio Interno - Caso Banco GMAC *Pano de Fundo das Operaes:

    Logo, a alternativa que se optou foi pela compra e venda, no exterior, das quotas da GM do Brasil, pelo seu valor justo de mercado, entre a GM US (vendedora) e a GMAC (adquirente).

    Aps a compra, a GMAC integralizaria estas quotas em uma empresa holding brasileira (Braco), com subsequente reduo de capital desta holding, mediante entrega das aes do Banco GM do Brasil GMAC.

    De acordo com o voto, por razes empresariais e econmicas nos Estados Unidos, a compra pela GMAC das quotas da GM do Brasil deveria ser praticada pelo valor de mercado.

  • gio Interno - Caso Banco GMAC *Estruturao no Exterior: avaliao pelo valor de mercado e aquisio de parte das quotas da GM do Brasil, detidas pela GM US, pela GMAC (vide nota *)Valor de Mercado do Banco GM do Brasil (Laudo encomendado pela GMAC US EY): R$ 975.414.000Venda de Parte da participao da GM do Brasil para a GMAC (US)NOTA: As etapas societrias referentes compra no exterior, bem como aos passos subsequentes extino da Braco no so abordadas em detalhes no Relatorio e no Voto, em que pese a etapa ocorrida no exterior ser fundamental para o desfecho do julgamento.Estrutura antes da vendaEstrutura aps a venda

  • gio Interno - Caso Banco GMAC *Passo # 1: 15/09/2004 - Constituio da empresa Mynchuan Participaes Ltda. (MP)

    Capital Social: R$ 100,00Divididos em 100 quotas de R$ 1,00

  • gio Interno - Caso Banco GMAC *Passo # 2: 19/04/2004 - Alterao dos scios da Mychuan Participaes Ltda. e de sua razo social para Braco Participaes Ltda.K: R$ 100,00Divididos em 100 quotas de R$ 1,00 Estrutura antes da alteraoEstrutura aps a alterao(*) Devido baixa participao do scio pessoa fsica, nos passos seguintes, para fins de simplificao, indicaremos apenas o scio controlador.

  • gio Interno - Caso Banco GMAC *Passo # 3: 23/11/2004 Aumento do Capital Social da Braco Participaes mediante emisso de novas quotas integralizadas pela General Motors Acceptance Corporation (US) com quotas representativas de parte do K da General Motors do Brasil Ltda.Aumento do K da Braco Participaes Ltda. de R$ 100,00 para R$ 957.414.000,00, mediante emisso de novas quotas subscritas pela General Motors Acceptance Corporation e integralizadas mediante a conferncia de 396.561.097 de quotas representativas de parte do K da General Motors do Brasil Ltda., de titularidade da General Motors Acceptance Corporation. IntegralizaoMudana de nome do Banco General Motors S.A. para Banco GMACConsiderando que o capital efetivo do Banco General Motors era de R$ 396.561.097,00 e o valor de integralizao das novas quotas da Braco Participaes era de R$ 957.414.000,00, verificou a Fiscalizao que a diferena de R$ 560.852.903,00 seria justificada pelo valor justo de mercado do Banco Gmac S.A. (antigo Banco General Motors) em dezembro de 2020 dezesseis anos e seis meses depois previsto no relatrio da empresa Ernst & Young (fl. 18).

  • gio Interno - Caso Banco GMAC *Passo # 4: 24/11/2004 Reduo do K da General Motors do Brasil Ltda. mediante a entrega de quotas representativas do Banco GMAC Braco Participaes Ltda. Reduo de KGeneral Motors do Brasil entrega as aes do Banco GMAC Braco

  • gio Interno - Caso Banco GMAC *Passo # 5: 03/12/2004 O Banco GMAC incorpora a Braco Participaes Ltda. gio amortizvel

  • gio Interno Caso Banco GMAC Aduziu que os fatos discutidos no presente processo administrativo devem ser analisados no contexto da segregao mundial das atividades "automotivas" e "financeiras do grupo General Motors, que em um processo de concentrar mundialmente as sociedades financeiras de todo o grupo sob o controle societrio direto da GMAC, o grupo General Motors buscava no s possibilitar que a GMAC aprimorasse a eficincia da gesto de suas operaes financeiras em todo o mundo, mas tambm se preparar para a venda global do controle dessa empresa, que acabou ocorrendo no ano-calendrio 2006.

    Destacou ainda que as operaes examinadas nestes autos, executadas fora e dentro do Pas, foram todas motivadas por razes empresariais e econmicas legtimas, que eram anteriores e independentes de seus efeitos tributrios, porquanto o propsito maior almejado pelo grupo General Motors com as operaes examinadas nestes autos era o de transferir a participao detida na Recorrente, da GMB para a GMAC, segregando suas atividades financeiras e automotivas no Brasil em canais de negcios distintos, preparando-se para a possvel venda global do canal de negcios financeiro a terceiros e que foram tambm razes empresariais e econmicas no tributrias, ligadas situao da GM e da GMAC no mercado norte americano, que exigiam que essa transferncia fosse feita nas chamadas condies arm's length, ou seja, a valor justo de mercado, afirmando que a necessidade de preservao de registro de capital estrangeiro junto ao Banco Central do Brasil constitui outra razo empresarial no tributria para a estruturao dessa transferncia com a participao da sociedade Braco Participaes Ltda.*

  • gio Interno Caso Banco GMAC Trechos do Voto Vencedor (comentrios sobre gio interno):

    Ora, pela leitura dos dispositivos acima reproduzidos, resta verificado que de fato no h na legislao de regncia qualquer bice ao gio interno, situao que se referenda pelo fato de o prprio artigo 20 do Decreto-lei n 1.598/1977, que respaldo o artigo 385 do RIR/99, j prever a necessidade, em caso de aquisio de investimento em sociedade coligada ou controlada avaliado pelo valor do patrimnio lquido, o custo de aquisio ser desdobrado entre o valor do patrimnio lquido e a diferena entre o custo de aquisio do investimento e este valor, que resultariam em gio ou desgio, de sorte que a nica questo que pode obstar a dedutibilidade aferir o contedo econmico e o contempl-lo luz do imputado abuso de direito que a Recorrente teria cometido.

    In casu, os fatos ocorridos no foram fingidos nem simulados e tampouco dissimularam outro fato. Todas as circunstncias fticas levantadas no auto de infrao realmente aconteceram na realidade negocial e no tiveram o objetivo de encobrir outros fatos, no sendo legtimo deixar de reconhecer que dever das autoridades fiscais coibir prticas de utilizao do ordenamento jurdico por meio de estratagemas, formadas como negcios simulados, com fraude lei ou com dolo que causem prejuzo ao Errio Pblico. Bem assim, no pode se negar que os contribuintes utilizam formas simuladas para esconder dolosamente fatos geradores.*

  • gio Interno Caso Banco GMAC Trechos do Voto Vencedor (benefcio fiscal do gio):

    Ora, at o advento da Lei n 9.532/97, quando da liquidao do investimento, a dedutibilidade do gio decorria de sua prpria natureza de perda de capital, que afetava o lucro contbil da empresa, reduzindo, por conseguinte, imediatamente, o lucro tributrio, sendo certo que a Lei n 9.532/97, deu um tratamento diverso ao gio reconhecido nos termos do artigo 20 do Decreto-lei n. 1598/77, e o fez apenas para efeito fiscal, tratando o aproveitamento do gio condicionado ao evento absoro do patrimnio e montante ao longo de determinado prazo. Com efeito, o inciso III do artigo 7 da Lei 9532/97, prescreve o seguinte:

    Art. 7 A pessoa jurdica que absorver patrimnio de outra, em virtude de incorporao, fuso ou ciso, na qual detenha participao societria adquirida com gio ou desgio, apurado segundo o disposto no art. 20 do Decreto-Lei n 1.598, de 26 de dezembro de 1977: (...).III poder amortizar o valor do gio cujo fundamento seja o de que trata a alnea "b" do 2 do art. 20 do Decreto-lei n 1.598, de 1977, nos balanos correspondentes apurao de lucro real, levantados posteriormente incorporao, fuso ou ciso, razo de um sessenta avos, no mximo, para cada ms do perodo de apurao*

  • gio Interno Caso Banco GMAC Trechos do Voto Vencedor (benefcio fiscal do gio):Ou seja, tem-se estabelecido no dispositivo uma regra para a utilizao do gio, diferente daquela prevista anteriormente, possibilitando o contribuinte, sob determinada condio (absorver o patrimnio) e por prazo certo, forma de reduzir a base de clculo do IRPJ mensalmente por, ao menos, 60 meses.No presente caso, o auto de infrao e a deciso recorrida suprimiram este benefcio fiscal ao criarem condies inexistentes na prpria legislao tributria, mais precisamente, no inciso II, do artigo 7, da Lei n 9.532/97. Esse dispositivo condicionou a amortizao do gio apenas e to somente absoro do patrimnio da investida pela investidora ou vice-versa (art. 8 da norma legal), absoro esta que s pode ocorrer mediante incorporao, ciso ou fuso, a independer do contedo econmico.

    A despeito destas premissas jurdicas, reveladoras da suficincia para reformar a deciso recorrida, mesmo que se pretenda analisar-se os fatos em busca de um critrio econmico para a operao em questo, se vai verificar o desacerto do aresto impugnado, porquanto os fatos descritos nestes autos, precisam ser examinados sob o enfoque da segregao mundial das atividades automotivas e financeiras do grupo General Motors, mais pontualmente, as operaes efetuadas no ano de 2004 para transferir a totalidade das aes da Recorrente, ento denominada Banco General Motors S.A., da sua controladora poca, a General Motors do Brasil Ltda., para a ento holding financeira mundial do grupo, a General Motors Acceptance Corporation LLC.*

  • gio Interno Caso Banco GMAC Trechos do Voto Vencedor (benefcio fiscal do gio):

    Com efeito, demonstrou a Recorrente existir um propsito, almejado pelo grupo General Motors, consistente em transferir a participao detida na Recorrente, da GMB para a GMAC, segregando suas atividades financeiras e automotivas no Brasil em canais de negcios distintos, justificado, falo do negcio na formatao adotada, pela necessidade de preservao de registro de capital estrangeiro junto ao Banco Central do Brasil, que como tem justificado a contribuinte, constitui outra razo empresarial para a estruturao dessa transferncia com a participao da sociedade Braco Participaes Ltda., sendo que esse aspecto foi, inclusive, objeto de anlise prvia pelo Banco Central do Brasil, demonstra que no prospera o entendimento da deciso recorrida de que a Braco foi mera empresa veculo, criada sem outra finalidade que no a de permitir uma amortizao fiscal de gio, apresentando um histrico com explicaes sobre o processo de segregao da GM e da GMAC.

    Diante disso, ao menos duas inegveis razes empresariais defluem do caso apresentado: (i) a premente necessidade de transferncia do controle acionrio da Recorrente (ii) a preservao do registro de capital estrangeiro perante o Banco Central do Brasil.*

  • *Caso Net SP gio Interno e Fraude

  • gio Interno Caso Net Ementa

    Processo n.: 19515.006076/2009-13 - Seo de 6 de novembro de 2012 - Matria: Auto de Infrao IRPJ

    Ano-calendrio: 2004, 2005, 2006, 2007, 2008FALTA DE MPF ESPECFICO. NULIDADE.Constituindo-se o MPF e, por extenso, o Termo de Incio de Ao Fiscal nele fundamentado em elemento de controle da administrao tributria, disciplinado por ato administrativo, eventual irregularidade formal nele detectada no enseja a nulidade do auto de infrao.NULIDADE DO AUTO DE INFRAO.No ocorre a nulidade do auto de infrao quando forem observadas as disposies do art. 142 do Cdigo Tributrio Nacional e do art. 10 do Decreto n 70.235, de 1972, e no ocorrerem as hipteses previstas no art. 59 do mesmo Decreto.DECISO DE PRIMEIRA INSTNCIA. NULIDADE. INOCORRNCIA.Diante das irregularidades ou infraes apontadas pela fiscalizao, que ensejaram o lanamento de oficio, os julgadores so livres para formar seu convencimento, externada nas razes de decidir. Fundamentos ou razes de decidir construdos nos limites da matria em litgio, perfeitamente identificada na pea fiscal, no se confunde com aperfeioamento ou inovao desta.*

  • gio Interno Caso Net AUDITORIA FISCAL. PERODO DE APURAO ATINGIDO PELA DECADNCIA PARA CONSTITUIO DE CRDITO TRIBUTRIO. VERIFICAO DE FATOS, OPERAES, REGISTROS E ELEMENTOS PATRIMONIAIS COM REPERCUSSO TRIBUTRIA FUTURA. POSSIBILIDADE. LIMITAES. O fisco pode verificar fatos, operaes e documentos, passveis de registros contbeis e fiscais, devidamente escriturados ou no, em perodos de apurao atingidos pela decadncia, em face de comprovada repercusso no futuro, qual seja: na apurao de lucro liquido ou real de perodos no atingidos pela decadncia. Essa possibilidade delimita-se pelos seus prprios fins, pois, os ajustes decorrentes desse procedimento no podem implicar em alteraes nos resultados tributveis daqueles perodos decados, mas sim nos posteriores. Em relao a situaes jurdicas, definitivamente constitudas, o Cdigo Tributrio Nacional estabelece que a contagem do prazo decadencial para constituio das obrigaes tributrias, porventura delas inerentes, somente se inicia aps 5 anos, contados do perodo seguinte ao que o lanamento do correspondente crdito tributrio poderia ter sido efetuado (art. 173 do CTN). AMORTIZAO DO GIO PREMISSAS.As premissas bsicas para amortizao de gio, com fulcro nos art. 7o., inciso III, e 8o. da Lei 9.532 de 1997, so: i) o efetivo pagamento do custo total de aquisio, inclusive o gio ii) a realizao das operaes originais entre partes no ligadas iii) seja demonstrada a lisura naavaliao da empresa adquirida, bem como a expectativa de rentabilidade futura. Nesse contexto no h espao para a dedutibilidade do chamado gio de si mesmo, cuja amortizao vedada para fins fiscais, sendo que no caso em questo essa prtica ocorreu.

    *

  • gio Interno Caso Net A despesa de amortizao do gio gerado internamente deve ser avaliada como desnecessria, portanto indedutvel, luz do art. 299 do RIR/99.INCORPORAO DE EMPRESAS DO MESMO GRUPO. AMORTIZAO DE GIO. RENTABILIDADE FUTURA. NECESSIDADE DE PROPSITO NEGOCIAL. No aceita, para fins fiscais, a amortizao de gio obtido por meio de operaes ocorridas dentro de um mesmo grupo e decorrente de incorporao de pessoa jurdica em cujo patrimnio constava registro de gio com fundamento em expectativa de rentabilidade futura, sem qualquer finalidade negocial ou societria, faltando, inclusive, luz da Teoria da Contabilidade, a necessria independncia entre as partes envolvidas.SALDO DE PREJUZO FISCAL E BASE NEGATIVA DE CSLL ACUMULADOS. LIMITE DE 30 %. Existindo saldo de prejuzo fiscal e de base negativa de CSLL, possvel sua utilizao quando da apurao dos tributos devidos, observado o limite de 30 % imposto pela legislao.

    Preliminares Rejeitadas. Recurso de Oficio e Voluntrio Negados. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofcio. Por maioria de votos, negar provimento ao recurso voluntrio. Tudo nos termos do relatrio e voto que passam a integrar o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Carlos Pel, e Leonardo Henrique Magalhes de Oliveira, que davam provimento parcial ao recurso para acolher a dedutibilidade do gio pago na aquisio da Multicanal. Leonardo de Andrade Couto - PresidenteAntnio Jos Praga de Souza Relator*

  • gio Interno Caso Net*gio # 1 - 1998PL Globopar: R$ 2.470 MM

  • gio Interno Caso Net*1 Passo: Constituio da RJJResponsvel pela distribuio de televiso por assinatura. A distribuio era feita em conjunto com as operadoras, no caso, a Net SP Ltda (Contribuinte) era uma delas, sendo uma de suas subsidirias.

  • gio Interno Caso Net*2 Passo: Aporte da Globopar na RJJ, pelo valor de mercado de R$ 4.454 MMValor de Mercado da Globopar (laudo): R$ 4.454 MMPL Globopar: R$ 2.470 MMgio: R$ 1.984 MM* gio justificado na expectativa de rentabilidade futura das subsidirias da GloboparDo gio total (R$ 1.984 MM), o valor de R$ 1.380 MM foi alocado para a Globocabo, sendo que o seu valor patrimonial era de (R$ 323).

  • gio Interno Caso Net*3 Passo: Incorporao da RJJ pela GloboparValor de Mercado da Globopar (laudo): R$ 4.454 MMPL Globopar: R$ 2.470 MMgio: R$ 1.984 MM* gio justificado na expectativa de rentabilidade futura das subsidirias da Globopar

  • gio Interno Caso Net*4 Passo: Registro do gio na Globopargio, pela incorporao, transferido Globopar:Valor de Mercado da Globopar (laudo): R$ 4.454 MMPL Globopar: R$ 2.470 MMgio: R$ 1.984 MM* gio justificado na expectativa de rentabilidade futura das subsidirias da Globopar

  • gio Interno Caso Net*gio # 2 Aquisio da MulticanalCompra da Multicanal pela GloboparPreo de Compra: R$ 200 milPL da Multicanal: R$ 43 milgio na Operao: R$ 157 mil

  • gio Interno Caso Net*gio # 2 Aquisio da MulticanalCompra da Multicanal pela GloboparPreo de Compra: R$ 200 milPL da Multicanal: R$ 43 milgio na Operao: R$ 157 mil

    gio foi fundamentado na expectativa de rentabilidade futura da Multicanal.

  • gio Interno Caso Net*gio # 2 Globopar transfere Distel as aes da Multicanalgio Globocabo: R$ 1.380 MMgio Multicanal: R$ 157 milgio Total registrado na Globopar: R$ 1.537 MM

  • gio Interno Caso Net*gio # 3 Operao ROMAValor do Aporte na Roma: R$ 831 milValor do PL (equivalncia): R$ 111 milgio na aquisio: R$ 720 mil* gio na parte a que se refere ao investimento na Globocabo

  • gio Interno Caso Net*Passo # 1 em Maio de 2001 a Globopar aporta na Roma parte de sua participao na Distel.Valor do Aporte na Roma: R$ 831 mil

    Valor do PL (equivalncia): (R$ 111 mil)

    gio na aquisio: R$ 720 mil

    * gio na parte a que se refere ao investimento na Globocabo

  • gio Interno Caso Net*Passo # 2 Ciso e incorporao de parte do patrimnio da DistelCiso e Incorporao:gio no valor de R$ 267 mil.Roma adquire 7,10% da Distel, pagando por isso, R$ 357 mil.Valor da Aquisio: R$ 357 milParcela do PL (equivalncia): R$ 15 milgio (rent futura): R$ 342 mil.

  • gio Interno Caso Net*Situao Societria aps gerao dos 3 giosRoma gio 3:gio: R$ 720 milgio: R$ 342 mil.gio: R$ 267 milTotal gio: R$ 1.330.004,00gio 1 Globocabo: R$ 1.380 MMgio 2 Multicanal: R$ 157 mil

  • gio Interno Caso Net*Passo # 1 Roma aporta na Golobotel sua participao na Globocabo. gio: R$ 1.330.004gio 1 Globocabo: R$ 1.380 MMgio 2 Multicanal: R$ 157 mil

  • gio Interno Caso Net*Passo # 2 Globocabo incorpora a Globotel gio: R$ 1.330.004gio 1 Globocabo: R$ 1.380 MMgio 2 Multicanal: R$ 157 mil

  • gio Interno Caso Net*Passo # 2 Globocabo incorpora a Globotel gio: R$ 1.330.004gio 1 Globocabo: R$ 1.380 MMgio 2 Multicanal: R$ 157 mil

  • gio Interno Caso Net*Passo # 3 Globocabo aporta capital na Acnthus, pela transferncia da participao na operadoras. Situao Anterior:PL Negativo: (R$ 330 mil)Valor do Aporte: R$ 1.510.211

  • gio Interno Caso Net*Passo # 3 Globocabo aporta capital na Acnthus, pela transferncia da participao na operadoras. Situao Posterior:A Globocabo registrou uma proviso para manueteno do PL, conforme exigncia da CVM.

    Isso, pois, para no afetar a distribuio de resultados aos acionistas minoritrios com a amortizao do gio, a CVM (IN 349/2001) exige que as empresas regulamentadas registrem a proviso em 66% do gio, que, ao ser baixada, gera uma receita que anula o efeito da amortizao no lucro distribuvel, garantindo a distribuio dos dividendos.Alocao do gio:

  • gio Interno Caso Net*Passo # 4 Acnthus cindida para as Operadoras. UBSP incorporada na Net SP

  • gio Interno Caso Net*Passo # 4 Situao aps o passo 4.gios de cada Operadora

  • gio Interno Caso Net*Passo # 5 Amortizao do gio na NET SPFoi feita uma reviso da recuperabilidade do gio e efetuou-se uma nova proviso. De forma que o gio lquido ficou assim dividido:

    gio inicialmente registrado:

  • gio Interno Caso Net SPRecurso Voluntrio:

    Colacionamos abaixo os tpicos relevantes do Voto em relao ao gio gerado na complexa operao e em relao potencial e alegada decadncia:

    A Recorrente alega que a glosa efetuada pela fiscalizao sobre o gio decorrente de operaes realizadas em 1997, 1998 e 2001 teria sido abarcada pela decadncia, tendo em vista a homologao tcita decorrente do transcurso de 5 anos do seus registros.

    Vejamos:(...) Considerando-se que o IRPJ e a CSLL so tributos sujeitos a lanamento por homologao, o prazo decadencial para o fisco impugnar o lanamento fiscal e/ou contbil efetuado pelo contribuinte de 05 (cinco) anos, contados da ocorrncia do fato gerador, nos termos do que estabelece o art. 150, 4 do CTN.

    No caso, o gio registrado pela Recorrente decorreu de operaes realizadas em 1997, 1998 e 2001, perodos em que foi devidamente contabilizado. Sendo assim, o prazo para o Fisco impugnar os valores lanados pela Recorrente esgotou-se 05 (cinco) anos aps, ou seja, em 2002, 2003 e 2006, respectivamente.*

  • gio Interno Caso Net SP

    Essa matria no nova neste Conselho, tampouco neste Colegiado, tendo sido apreciada no acrdo 140200.802, de minha relatoria, cujos fundamentos aqui se aplicam.

    certo que a decadncia opera no sentido do princpio da segurana jurdica e da estabilidade das relaes jurdicas. Em consequncia, em 2009 o Fisco no mais poderia formalizar lanamento para exigncia de crdito tributrio e impor penalidades quanto a infraes incorridas nos anos-calendrio de 1997 a 2000, ou seja, constituir exigncias tributria. Isso por disposio expressa dos artigos 150 e 173 do CTN conforme acima grifado.

    O prazo de precluso alegado pelo contribuinte que seria de cinco anos, corresponderia ao mesmo prazo decadencial para o lanamento (constituio da obrigao tributria), previsto no CTN.A precluso temporal, em principio, corresponde perda da possibilidade do exerccio de um direito em decorrncia do decurso de um determinado prazo. Portanto, para que seja possvel falar nesse instituto no caso em concreto, caberia ao contribuinte identificar um dever atribudo por lei Fazenda Pblica, o qual seria passvel de extino pelo decurso de prazo. Logo, para se falar em precluso, a lei deveria atribuir Administrao Pblica o dever de glosar o gio amortizvel registrado pela Globo, ou mesmo o registrado pelo Net aps a incorporao, a partir da data dos registros contbeis.*

  • gio Interno Caso Net SP

    Frise-se: o que homologado pelo Fisco a apurao das bases de clculo do IRPJ e da CSLL realizada pelo contribuinte, no o gio registrado, ou qualquer outro elemento patrimonial, ainda que definitivamente constitudo. O prazo decadencial corre em face do fato gerador da obrigao tributria, e no sobre qualquer operao contabilizada. Apenas quando se verifica a ocorrncia do fato gerador da obrigao tributria que surge contra o Fisco o prazo para a homologao dos elementos que do origem aos crditos passveis de constituio.

    A Recorrente enumera os atos societrios que culminaram na deduo dos gios glosados pela fiscalizao.

    O primeiro gio originou-se de operaes iniciadas em julho de 1998. As scias (pessoas fsicas da famlia Marinho) da GLOBOPAR decidiram criar a RJJ Participaes e Servios Ltda, aportando como capital suas participaes naquela (GLOBOPAR), registrando-se o gio de R$ 1.984 milhes, dos quais R$ 1.380 milhes referiam-se aos investimentos na GLOBOCABO.

    Importante frisar que o fundamento econmico do referido gio seria a rentabilidade futura das subsidirias da GLOBOPAR, quais sejam: GLOBOCABO, GLOBOSAT, TELECINE e NET SAT.*

  • gio Interno Caso Net SPO segundo gio registrado na GLOBOPAR teve origem no dia 05/12/1997, quando, pelo contrato de compra e venda, ela adquiriu as aes da MULTICANAL PARTICIPAES S/A (posteriormente transferidas pela GLOBOPAR DISTEL).

    A diferena entre o patrimnio lquido da investida e o valor de compra de suas aes resultou no gio de R$ 157.153 mil, cujo fundamento econmico tambm teria sido a rentabilidade futura das subsidirias da MULTICANAL.

    O terceiro gio foi registrado na ROMA e foi contabilizado em 3 oportunidades:Primeiramente, quando a GLOBOPAR aportou capital em sua controlada ROMA PARTICIPAES LTDA. com parte dos investimentos que possua na DISTEL, dos quais R$ 720.367 mil corresponderiam ao gio oriundo do aporte na RJJ, na parte a que se refere ao investimento na GLOBOCABO.Noutra oportunidade, a ROMA registrou o gio de R$ 267.169 mil, que decorreu da ciso da DISTEL em julho de 2001. A parcela vertida pela DISTEL correspondia a 34,10% do capital da GLOBOCABO.No dia 30/12/1999, a ROMA adquiriu 7,10% da participao na DISTEL (que detinha participao na GLOBOCABO), o que resultou no registro de gio de R$ 342.467 mil.Com isso, a Recorrente alega que a ROMA contabilizou um gio total de R$ 1.330.004 mil, que por sua vez estaria fundamentado na rentabilidade futura da GLOBOCABO, nos termos do art. 386 do RIR/99.*

  • gio Interno Caso Net SPPor outro lado, o conjunto de operaes travadas por 10 pessoas jurdicas do Grupo Globo, verifica-se que todos os atos foram materializados por interpostas pessoas, ligadas entre si, localizadas em endereos comuns, em curto interregno de tempo, sem qualquer propsito negocial e substrato econmico, cujo escopo foi apenas criar, um montante substancial de gio para reduzir a base de clculo do IRPJ e da CSLL.

    No caso de gio interno, no h que se falar em diluio de custo ao longo despesa de amortizao incorrida. Caso se admita que a despesa de amortizao do gio interno tenha sido incorrida em determinado perodo, estar-se- admitindo ser possvel a realizao de uma receita sem que se tenha desembolsado pela despesa correspondente ou, em ltima instncia, sem o sacrifcio de um ativo ou o surgimento de um passivo. Se se pode admitir que um gio no pago pode trazer benefcios econmicos a uma dada entidade, admitir a sua amortizao acolher a ideia de que esses benefcios (receitas) seriam gerados sem custo, uma impossibilidade contbil. Em vista disso, o encargo de amortizao do gio interno no pode ser visto como incorrido.*

  • gio Interno Caso Net SPH uma segunda razo pela qual se deve considerar a despesa de amortizao de gio interno como desnecessria. Se o gio fundamentado em expectativa de rentabilidade futura o reconhecimento contbil, hoje, no ativo da investidora, dos lucros futuros da investida, a boa tcnica contbil permite duas possibilidades, mutuamente excludentes, para registro desses lucros: (a) ou por equivalncia patrimonial, por meio da qual a investidora traz para o seu ativo os lucros da investida medida que eles ocorram, sem nada pagar por eles ou (b) a investidora paga, numa operao entre partes independentes, pelos lucros futuros da investida e comea a amortiz-los medida que eles ocorrerem.

    Em verdade, para existir, o gio ou desgio deve sempre ter como origem um propsito negocial (aquisio de um investimento) e, assim, um substrato econmico (transao comercial). Somente registros escriturais, por exemplo, no podem ensejar o nascimento dessa figura econmica e contbil.*

  • gio Interno Caso Net SPMostra-se, assim, a necessidade de o gio ou desgio auferido por uma empresa ter como origem um propsito econmico real, assim como um efetivo substrato econmico. A presena concomitante desse dois requisitos imprescindvel ao reconhecimento da existncia dessa figura econmica e contbil. Em outras palavras, aquisio de um investimento por meio de mera escriturao artificial, sem a sua real materializao no mundo econmico, no hbil a gerar gio ou desgio.

    A teoria contbil d respaldo apenas ao gio pago numa negociao entre comprador e vendedor no relacionados entre si. O gio gerado internamente no decorre de uma operao com propsito negocial dai, inclusive, a ausncia de um desembolso que servisse para chancelar uma transao livre da qual emergisse o valor justo de um ativo negociado por partes independentes.

    Em relao aos aportes realizados pela GLOBOPAR (na ROMA em 30/05/2001), pela GLOBOTEL (aportado pela ROMA em 29/06/2001), pela GLOBOCABO (incorporao s avessas da GLOBOTEL em 31/08/2001), pela ACNTHUS (aporte da GLOBOCABO), com a subseqente ciso integral e incorporao dos gios pela RECORRENTE, nota-se que os investimentos que deram origem aos gios no refletiram nenhum gasto efetuado pela adquirente do investimento e nenhum ganho auferido pelas cedente das aes. Mesmo tendo havido no papel a aquisio do investimento que deu origem ao gio, no houve circulao de nenhuma espcie de riqueza que justificasse a sua existncia.*

  • gio Interno Caso Net SPA matria recorrente neste Colegiado e meu posicionamento j conhecido: a amortizao do gio interno, ou gio de si mesmo, no tem amparo na legislao tributria e, principalmente, fere os princpios bsicos da incidncia do IRPJ e CSLL haja vista que se trata de uma despesa artificial que desequilibra a apurao desses tributos, reduzindo indevidamente suas bases de clculo.O litigo similar em premissas e concluses ao manifestado por este colegiado quando do julgamento que resultou no Acrdo n. 140200.802.Nos termos do voto condutor do aludido acrdo, aprovado unanimidade por esta colenda Turma, prevaleceu o entendimento de que a amortizao do gio, pago com fundamento em previso de rentabilidade futura, com fulcro no artigo 7., inciso III, da Lei n. 9.532 de 1997, deve atender, inicialmente a trs premissas bsicas, como forma de comprovao da realizao do propsito negocial da operao, quais sejam:

    o efetivo pagamento do custo total de aquisio, inclusive o gioa realizao das operaes originais entre partes no ligadasseja demonstrada a lisura na avaliao da empresa adquirida, bem como a expectativa de rentabilidade futura.

    A meu ver, no presente caso nenhuma dessas trs premissas bsicas foram cumpridas, razo pela qual no restou demonstrado o propsito negocial da operao.*

  • gio Interno

    Duas correntes distintas de entendimento

    Posio CSRF julgamento GERDAU*

  • OBRIGADA!!!!

    [email protected]*

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