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8/14/2019 com Am Antes+ +Vera+Lucia+Marinzeck+de+Carvalho http://slidepdf.com/reader/full/com-am-antes-veraluciamarinzeckdecarvalho 1/200 Este Livro foi Digitalizado por Emanuel Noimann dos Santos e Corrigido por Fabiana Martins Em Maio de 2005. O Rochedo dos Amantes espírito Antônio Carlos Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho

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Este Livro foi Digitalizado por Emanuel Noimanndos Santos e Corrigido por Fabiana Martins EmMaio de 2005.

O Rochedo dos Amantesespírito Antônio CarlosVera Lúcia Marinzeck de Carvalho

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Antônio Carlospsicografado por Vera Lúcia Marinzeck deCarvalho

© Copyright - 1997 - 7a Edição3.000 ExemplaresLúmen Editorial Ltda.Rua Conselheiro Ramalho, 946SP 01325-000Fone: 283.2418Editoração Eletrônica e Capa - Ricardo BaddouhFotolito da Capa - Vox Editora Fotolitos -Fototraço Ltda. Impressão - Gráfica Palas Athena80.0 CEsta é uma história verídica. Os personagensganharam nesta narração outros nomes. Também nãoidentifico o local em que ocorreram os fatospara que nãopossam os envolvidos neste drama serem

reconhecidos.Que o Pai Maior nos proteja e abençoe!Antônio Carlos - São Carlos - 1995

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SumárioI- A Aldeia 9II- AVelha Igreja 19

III- O Rochedo dos Amantes 37IV- Festa na Gruta 49V - Buscando Ajuda entre os Encarnados 67VI - Histórias de Amigos 83VII- Conversando com o Bando 91VIII- A Senhora do Solar 103IX- A Prisão 117X - O Passado de Ambrózio 135XI- O Amor 143

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A AldeiaEra uma tarde ensolarada de domingo, quase aocrepúsculo, quando conheci Jair. Estava nosso

personagem sentado numa grande pedra,olhando o mar, fascinado.Atrás dele, uma aldeia como que adormecida.Podia-se com um simples olhar contar aspequenas casas que contornavam uma únicarua, tendo ao centro uma pequena capela. Ascasas de tijolos eram poucas, pintadas de verdeclaro ou branco. Mas a maioria construída combarro e taquara. O comércio consistia em umarmazém-bar e uma oficina de barcos, ondefaziam consertos e construíam pequenasembarcações de pesca.Os moradores ou viviam da pesca ou erampequenos agricultores. De cima da pedra ondeestávamos, viam-se as pequenas plantações de

diversos cereais que eram consumidos pelospróprios moradores, cujas sobras eram levadaspara serem vendidas na cidade vizinha. Estecentro maior ficava a sessenta quilômetros pelaestrada esburacada e poeirenta, mas de barco,pelo mar, ficava bem mais perto. Esta cidadetambém não era grande, mas, em proporção à

aldeia, era o lugar de recurso, onde haviamédico, remédios e mercadorias para seremcompradas ou sonhar em adquirir.10Que lugar encantador! - exclamei maravilhado.A natureza ali se fazia pródiga; o mar de um

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azullindo parecia transparente nos lugares maisrasos, onde se podiam ver os peixinhos a nadar

despreocupadamente. A praia não muitoextensa, de areias claras, com pequenas elindas pedras escuras, quase negras. Quando asondas quebravam formavam espumas brancasque desmanchavam na areia. Em volta daminúscula praia estava o rochedo. Lindaspedras de interessantes formatos. Um paredãonatural onde as águas batiam sem descanso.Alguns coqueiros e poucas árvores se agitavamdando vida àquele lugar que mais parecia umapintura de um artista inspirado.Ali estava com um amigo, Ambrózio, quequebrando meu estupor, me disse sorrindo:- Antônio Carlos, aqui está Jair, a causa principalde nossa presença na aldeia.

Olhei para Jair, menino ainda, doze anos talvez,cabelos curtos, castanhos, olhos profundos,enigmáticos, rasgados, lembrando nossosirmãos orientais. Nariz reto e lábios finosparecendo desconhecer o sorriso. Apresentava-se descalço, calças curtas presas com umcordão e camiseta de mangas curtas.

- Tem nosso amigo quinze anos - Ambróziocompletou a informação.Voltei a olhá-lo, mas agora como médico aexaminá-lo.- Está com anemia, é magro e baixo para suaidade. Tem três focos de infecções pequenas, na

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logo se esconderia deixando a noite reinar.A não ser pelo movimento de um ou outrohabitante que voltava do trabalho para casa e

do balanço das folhas dos coqueiros pelo vento,tudo parecia, naquela pequena vila, sem vida,quieto e triste.Olhei para Ambrózio que meditava sentado aalguns metros do garoto. Silenciosamenteesperei pelas suas explicações. Aindaressoavam em minha mente as palavras de umamigo comum: "Antônio Carlos, gostaria queacompanhasse Ambrózio a uma tarefainteressante. Fez uma pausa e me observou, apalavra interessante tivera o efeito desejado.Com um sorriso franco, continuou este caroamigo: "Ambrózio tem permissão12de ir à Terra em trabalho para ajudar Sara, que

em encarnação anterior foi Nizá. Vocêacompanhará este amigo e o auxiliará a ajudarespíritos queridos em momentos difíceis.Certamente acompanhei com imenso prazer. Eali estávamos. Observei Ambrózio. Muitosimpático, forte, rosto grande, sorriso aberto eolhar profundo.

Era quase noite, a claridade escasseava. Olheipara o menino, sua aura estava suja, carregadade fluidos inferiores que não se concentravamem nenhuma parte do corpo, pois se issoacontecesse ele adoeceria gravemente. Estesfluidos circulavam como uma corrente elétrica

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em volta do seu corpo. Já tinha visto muitasauras assim. E para cada caso um fato diferentecontribuía para que esta energia negativa

estivesse deste modo. Normalmente, algo demuito errado acontecia. Pessoas assim ouestariam fazendo o mal ou colaborando com amaldade. Jair era médium, notei logo que o vi,apesar da pouca idade naquele corpo. Eleestava adaptado a estas vibrações. Ia analisá-lomelhor, mas não deu tempo. Dois barcosapareceram e logo chegaram à praia. Jair numpulo desceu da pedra e correu ao encontro dosdois homens que desceram à praia.- Trouxe? - perguntou Jair em voz baixa a umdos homens que era grande, forte e bemmoreno.- Aqui está. O dinheiro que me deu foi a contarespondeu o barqueiro.

- Está bem, obrigado. Jair pegou uma caixa e agradeceu novamenteao homem. Deu uma rápida olhada no conteúdoda caixa e falou com firmeza:- Você não se arrependerá por me ajudar. Aindavou ganhar muito dinheiro e não esquecerei dosque me ajudaram.

13O barqueiro o olhou de modo esquisito, virou ascostas e continuou com seus afazeres. Jair saiuda praia segurando a caixa como se fosse umtesouro. Mas em vez de ir em direção à aldeia,caminhou rápido em direção a uma grande

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pedra no rochedo, do mesmo lado que estiveramomentos antes.Nós o seguimos. Jair caminhava rápido entre as

pedras, demonstrando conhecer bem o lugar. Orochedo era acidentado, algumas pedrasmaiores se destacavam

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das demais. O menino ia contornando asgrandes e, em frente a uma pedra enorme, ogaroto demonstrou que chegou. Entre duas

pedras, havia uma passagem estreita, porémpermitia com facilidade a passagem de umapessoa adulta. Esta cavidade ficava bemescondida. Jair entrou e entramos atrás. Vimos umdesencarnado que guardava a gruta, ele nãonos viu, era um espírito que servia as trevas.Descemos por uns três metros por um corredorum pouco mais largo que a entrada. A estreitapassagem dava para um salão alto e largo nomeio das pedras. O guarda demonstrando serbom vigia, certificou se Jair não fora seguido. Jair sentou-se num canto e acendeu uma grandevela que estava colocada em um vão da pedra.Uma claridade tênue iluminou a gruta. O local

era bonito, uma gruta natural de pedrasescuras.O menino estava à vontade como se aquelacaverna lhe pertencesse. Abriu a caixa e tiroude dentro dela velas coloridas de formasvariadas de animais e da figura lendária dodemônio. Tirou também garrafas de bebidas

alcoólicas e charutos. Colocou estes objetoscom cuidado em lugares específicos.A vibração da gruta não era boa, não gostei dolocal, mas nada comentei. Ambrózio sóobservava como eu. O ar14

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estava carregado e o cheiro era nauseabundo,uma mistura de mofo, sujeira e carnes podres,embora a gruta estivesse bem varrida e

aparentemente tudo em ordem e no lugar. Ochão de pedra não era reto, declinava ao ladooposto da entrada e nesta parte era bem alto osalão. E ali estava uma mesa pequena servindode altar. Do lado direito da mesa, um objeto deum palmo e meio de altura, coberto por umpano branco, sujo. No meio, um grande cinzeirode vidro, cor cinza, que certamente era usadopara os fumadores de charutos.- Antônio Carlos, - Ambrózio falou depois de umprolongado silêncio. - Observa isto! - mostrandoo lado esquerdo da mesa.Um grande rato comia um talo de galho seco. Jair viu o rato e não se importou. Perto do rato,uma travessa feita de bambu. Ambrózio

aproximou-se do recipiente e observou as folhasque estavam nele. Jair acabou de colocar pelo salão os objetos quetrouxera. Falou alto:"Para amanhã, tudo pronto!"Acendeu um fósforo na vela, depois apagou-acom um sopro e saiu. O vigia desencarnado que

o tempo todo ficou a observá-lo, saiu na frentepara verificar se não havia ninguém pelosarredores. Ao sair da gruta o fósforo de Jairapagou, mas ele não se deu ao trabalho deacender outro. Caminhando rápido na escuridãoda noite, desceu o rochedo e tomou o rumo da

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aldeia. Desencarnados, se estão vagando e nãotêm compreensão da vida desencarnada,sentem o odor que emana do ambiente.

Desencarnados estudiosos, conscientes do seuestado, sentem o odor, se querem. Naquelelocal bonito, mas de baixa vibração, quis sentiro odor para entender melhor osacontecimentos. 15- Vamos sentar aqui um pouco - disse Ambrózio.- Jair certamente irá para sua casa, logo iremoster com ele. Antônio Carlos, você viu aquelasfolhas? São de coca, planta da qual se extrai acocaína.- Bem estranho! - exclamei. - Gostaria que mecontasse o que viemos fazer aqui. Vim com vocêpara ajudarmos Sara e até agora não a vi.- Você a conhecerá dentro de pouco. Apesar deque, sempre ao ajudarmos alguém, esta ajuda

envolve muitas pessoas.

- Certamente, - respondi compreendendo. - Jairdeve estar entre estas outras pessoas. O garotoé um menino raro, poucas vezes vi correntefluídica como a que circula pela sua aura. Se elesouber projetá-la, pode fazer muito mal. É

nosso objetivo impedi-lo - explicouAmbrózio. - Jair é filho de Sara, espírito quequero bem. E este menino a está preocupandomuito. Pediu, com fé, ajuda a Deus.Pessoas com muita negatividade podem pormaldade projetar esta nocividade em outro ser,

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seja humano, animal, e até no vegetal,prejudicando muito. Também podem projetarsem maldade, sem querer, prejudicando

também. Muitos chamam esta energia negativade quebranto, inveja, feitiço mental, etc. Porémnão a pegamos se vibramos no Bem. Oraçõessinceras nos protegem destas energias, comotambém benzeções, bênçãos e passes. Nãodevemos cultivar a negatividade, porquepessoas assim prejudicam primeiro a simesmas. A energia negativa não nasce docosmo. O que faz esta energia ser chamadapositiva ou negativa é a direção ou uso mentalque fazem dela. O espírito já evoluídoespiritualmente, mesmo estando num corpo jovem, não tem instinto agressivo latente. Poresta razão, esta energia negativa no caso dele,num corpo jovem, está latente num espírito

potencialmente possessivo, egoísta e agressivo.Então inconscientemente esta vibração se tornanegativa. 16 e aqui estamos para ajudá-la.- Voltaremos à gruta?- Não, vamos à casa do garoto, amanhã cedovoltaremos a este esconderijo.- É de fato um perfeito esconderijo - falei. - Um

lugar de difícil acesso, a entrada bemescondida.- Um capricho da natureza! É um lindo lugar!exclamou Ambrózio.- Este lugar é conhecido?- Acredito que não. Este rochedo tem fama de

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assombrado e aqui quase todos temem osobrenatural. Alguns sabem que a gruta existe,mas não sabem onde fica e os poucos que

sabem aqui não vêm. Esta furna tem o nome deGruta dos Demônios e este rochedo chama-se oRochedo dos Amantes.- Gostaria de ver melhor este lugar.- Vamos, Antônio Carlos, Jair deve estarchegando em sua casa.Volitamos até a casa dele e chegamos juntos.Ao aproximarmos do menino, ele passou a mãona testa pressentindo algo que para ele eradesagradável.Vendo a aldeia de perto a impressão era amesma. Lugar lindo, mas triste e monótono.Ninguém na rua, só o vento suave moviaalgumas folhas. Muitas estrelas no céucintilavam, mas esta beleza parecia ser

indiferente aos habitantes. Tudo parecia dormir. Jair entrou silencioso em casa, lavou as mãos epegou Quando nos acostumamos ou afinamoscom determinado tipo de fluido, um outro,diferente, pode parecer desagradável. Aalgumas pessoas o fluido negativo prejudica;estas, ao receberem fluidos benéficos, sentem-

se bem. No entanto, Jair se afinava com osfluidos inferiores e o nosso, benéfico, não lheera agradável. 17 um prato de comida queestava em cima do fogão de lenha. Sentou-se ese pôs a alimentar. Na casa de três cômodos,estavam todos os moradores. Ambrózio tratou

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de identificá-los.- O pai de Jair, Jacó, os irmão Aldo e Milton. Estaé Sara, sua mãe.

Sara estava envelhecida precocemente como omarido, pele ressecada pelo sol e pelo excessode trabalho. Os cabelos eram quase todosbrancos, não tinha

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dentes, as mãos eram calejadas e grossas.Estava costurando uma peça de roupa já gasta.Mas tinha traços bonitos e estava preocupada.

- Onde estava, Jair? - indagou a senhora ao filho.- Só pode ser no Rochedo dos Amantes -comentou Aldo. Jair olhou carrancudo para o irmão, o que o fezcalar.- Por aí, mãe, - respondeu Jair.- Meu filho, - falou a senhora - sabe que mepreocupo com você, andando à noite pelorochedo.- Conheço tudo ali muito bem - justificou Jair.Depois, estou protegido.- Ora, protegido por quem? Sempre fala queestá protegido e nunca vi ninguém com você -gracejou rindo Milton, o caçula.Desta vez Jair não achou ruim o comentário.

Olhou para o irmãozinho com carinho,demonstrando ser a única pessoa que de fatoqueria bem. Porém não respondeu à indagaçãoe falou menos sério do que de costume.- Aqui está uma bolinha de gude pra você.- Oba! Obrigado!- Onde a achou, meu filho? - perguntou a mãe.

- Achei-a na praia, - retrucou Jair - ficandocarrancudo novamente. 18 Na praia? - falou amãe. - Bem, se é assim pode ficar com ela. Sefosse por aqui, teria dono. Jair acabou de comer, sentou-se ao lado do pai.Mas logo após veio a ordem de Jacó.

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- Vamos dormir!Obedeceram a ordem de imediato. Logo todosestavam acomodados em seus leitos. Sara

deitou-se e começou a orar. Sua prece sincerafluía por toda casa em vibração de amor. Jairincomodou-se, remexeu inquieto no leito. Tevevontade de pedir para a mãe parar de rezar,mas não ousou, tinha medo e respeito pelospais.Sara como boa mãe se preocupava com osfilhos, com os ausentes e com Jair. Este ainquietava sem saber bem porquê. Talvezporque ele se isolava muito no rochedo malassombrado, também porque dizia sempre queia ser rico e não queria trabalhar com o pai. Jairlhes dizia trabalhar na Casa Verde, apropriedade grande do outro lado do rochedo.Não sabia se era verdade, porém o filho lhe

dava todo mês uma quantia de dinheiro quedizia ser seu salário. Sentia que algo de erradoacontecia com ele. Orava pedindo proteção aDeus.Ambrózio aproximou-se dela, delicadamenteafagou seus cabelos. Cansada do dia exaustivode trabalho, Sara adormeceu.

Saímos da casa e paramos na rua.- Vamos à igreja, convidei meu companheiro.Gostaria de vê-la.IIA Velha IgrejaEra mais uma capela que igreja. Pequena,

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singela, mas pelo tamanho da vila era grande.Construída fazia muito tempo, esperavam talvezque o povoado crescesse. Logo na entrada,

fixada na porta, a informação:"Padre Anderson só vem no primeiro domingode cada mês. Missa às oito horas, logo apósbatizados e casamentos."Entramos. Chão de cerâmica bege claro,paredes brancas e com poucos adornos. Duasfilas de bancos, uma de cada lado, um pequenoconfessionário, dois nichos laterais, um com aimagem de Jesus e o outro com a de NossaSenhora Aparecida. O altar de madeira, tudosimples, coberto com uma toalha branca. Nocentro, a imagem de Santa Bárbara. Umaverdadeira obra de arte, os traços da santa

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eram de grande perfeição, olhar expressivo edoce, sorriso meigo. Media oitenta centímetros.Era obra de um verdadeiro artista inspirado,

porém anônimo. Estava a imagem com ummanto de veludo azul celeste e bordado dedourado.A igreja estava deserta para os encarnados,porém ali permaneciam muitos desencarnados.Oramos em silêncio. Não tenho local para orar.A todos os instantes, em lugares diferentestento estar sempre em estado de oração.Lugares que reúnem principalmente encarnadospara orar, sempre nos convidam, a nósdesencarnados, a orar também. A oraçãosincera envolve aquele que reza de energiabenéfica e muitas vezes de luz. Aconteceuconosco ali, naquele local, que muitosencarnados chamam de casa de Deus. No

entanto, para mim o universo todo é a moradade nosso Pai.Os desencarnados que ali estavam seassustaram. Primeiro viram a luz, depois nostornamos visíveis a eles. Alguns tentaram atéfugir, mas curiosos ficaram observando,enquanto que outros pediam ajuda aos gritos.

- Ajudem-nos, enviados de Deus!- Acudam-nos, bons anjos!Socorre-nos, São José!Quinze desencarnados se aproximaram de nósem súplica.- Calma, por favor! - replicou bondosamente

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Ambrózio. - Não somos santos ou anjos! Nadamais somos que espíritos laboriosos no Bem.Somos como vocês, desencarnados vivendo

sem o corpo físico.Neste instante uma jovem senhora soluçou altoe uma outra já idosa explicou:- É Hortência, por mais que eu lhe diga quemorreu, ela não me acredita. E já faz três anos!Morreu de parto, ela e a criança.- Calma, minha filha! Ambrózio colocou a mãoem sua cabeça, ela parou de chorar e foiacalmando.Hortência estava suja, descalça e despenteada.Era o aspecto de quase todos ali, desorientadose não entendendo muito o que acontecia.- Como morri? - indagou Hortência voltando oolhar triste para Ambrózio. - Sinto-me viva,tenho dores, 21 fome, tenho medo dos

demônios. Ninguém de minha casa me vê, nemmeu marido, que dizia me amar, aquele ingrato!Isto é obra dos demônios do rochedo. Claro queé! Não morri nada!Meu amigo nada respondeu, colocou-ossentados nos bancos. Eles nos olhavam comesperança, mas também temerosos. Alguns

gemiam de dores, sofriam. Tratei logo de ajudá-los, aliviando as doresmaiores. Este grupo de desencarnados estavamuito maltratado. Além dos reflexos dasdoenças corporais que os levaram àdesencarnação, havia em quase todos marcas

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de torturas no corpo perispiritual. Ficaramquietos nos observando. Quando acabamos,Ambrózio veio à frente deles e falou

brandamente.- Meus irmãos, somos todos criados por Deus,temos um único Pai, portanto somos todosirmãos. E como tais, devemos amar e respeitarum ao outro. O amor Dele por nós é infinito egrande é Sua misericórdia. Para aprendermos aamar, Deus nos deixa ajudar um ao outro emSeu nome. É a criatura acudindo a criatura, osmais infelizes Ajudamos. Devemos fazer sempreo Bem da maneira que sabemos, quandodefrontamos com a oportunidade de auxiliar.Muitos trabalhadores desencarnados, nestecaso, usam de medicamentos que trazem dasColônias ou Casas de Socorros. Mas como nãotrouxemos medicamentos, fomos dando passes.

Usamos da nossa vontade de ajudar comconhecimentos e experiências para amenizar asdores mais fortes. Estes desencarnadosnecessitados de auxílio são ainda tão ligados àmatéria, que precisam, quase todos, sertratados como encarnados. Os medicamentosfeitos nas Colônias são próprios ao perispírito,

roupagem que nós, desencarnados, usamosenquanto vivemos no Plano Espiritual da Terra.22 dando os que temporariamente estãoinfelizes. Dando-nos a oportunidade de praticara caridade que nos leva ao caminho dopurificado amor. Quando choramos em

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sofrimento, devemos pensar se não fomosmotivo de outros chorarem. O que fazemos debom ou mau a nós retorna como dores ou

felicidades. Devemos pedir perdão a quemofendemos e a Deus por não ter vivido seusensinamentos. Perdoar todos que serviram deinstrumento para nosso reajuste. Vamos orar aoPai Supremo.Meu companheiro fez uma pequena pausa efechando os olhos suplicou ao Senhor:- Dai-nos, oh Pai, a bênção do recomeço! Dai-nos a coragem para plantar a boa semente e avontade de semear o Bem e o Amor! Dai-nos oentendimento para reconhecer que estamossempre vivos. Somos todos imortais, agoraestamos somente despidos do corpo físico, poisse este acha-se morto, a carne em pó se tornou.É como desencarnados que queremos ter nova

morada. Não queremos ficar mais assimconfusos e temerosos. Ajudai-nos, oh Paiceleste! Socorrei-nos agora nesta hora de dor eangústia. Em Vós confiamos, Pai Amado!Ambrózio calou-se, ergueu os braços para o altosintonizando com os socorristas da Colônia aquem pediu ajuda.

Quase todos ali na velha igreja chorarambaixinho ao escutar a prece sincera e comovida,onde a humildade do meu companheiro a fezcomo se fosse para ele o pedido de auxílio. Eraa oração que aqueles infelizes queriam fazersem contudo conseguir pronunciá-la.

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- Oh, meu Deus! ajoelhou-se uma senhora comas mãos postas e falou entre soluços. - Leva-nospelo menos, Pai, para o Purgatório, pois embora

estando aqui numa igreja, estamos num infernoaterrorizante. 23Muitos deles começaram a orar alto e ospedidos eram os mesmos, de piedade, auxílio eclemência. E o socorro veio. Um aerobus parouna porta da igreja e vários trabalhadoresdedicados desceram vindo até nós. Treze, dos quinze do grupo, choravamagradecidos sentindo o término de seuspadecimentos; foram encaminhados até o nossomeio de transporte. Seriam levados à Colôniaonde se restabeleceriam. Mas dois homens dogrupo que desde a nossa chegada ficaramquietos, observando sem participar, disseramnão querer ir,

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embora tivessem sido medicados e suas doresaliviadas. Um socorrista chamou o orientador daequipe que gentilmente veio até eles e olhando

para um deles indagou:- Não quer ir conosco, amigo?Era um senhor bem moreno que tinha pelocorpo perispiritual muitas queimaduras. Bastouesta demonstração de amizade para que elechorasse como criança.- Tenho medo, senhor. Tenho medo! Fui mau eperverso e agora tenho os demônios a metorturar. Sou escravo deles e se os desobedeçosou torturado. Prefiro obedecê-los. Olhe paramim, não vê as marcas dos meus castigos? Seeles me chamarem, devo ir no rochedo ou nagruta, se não for, saberão que fugi e então irãoatrás de mim. Quando me pegarem sereicastigado. Não quero, não agüento mais o ferro

quente no meu corpo. Sei que morri, mas estouvivo para pagar pelos meus erros. E pelaeternidade terei que sofrer...- Meu filho, - disse este agregado trabalhador,abraçando-o. - Deus, nosso Pai, não castiga seusfilhos. Somos castigados temporariamente pelanossa consciência culpada. Você já pediu

perdão a Deus? Peça, meu amigo! Peça comsinceridade e terá a alegria de ser perdoado.Não tema os demônios, eles são nossos irmãosperdidos no 24 caminho do mal. Eles tambémserão encaminhados ao bem quando pediremperdão e quiserem se modificar.

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- Mas se eles me acharem? Até vocês tãobondosos serão também castigados. Eles nosdizem sempre que são mais fortes que os

próprios anjos.- Não, meu amigo, o mal nunca é mais forte queo bem. Eles foram criados como nós, por Deus,e não foram predestinados ao mal, estão, sim,no caminho errado que escolheram, maschegará um dia em que cansados da vida quelevam procurarão a luz. Não tema por nós, elesnão podem nos fazer mal. As trevas sãodispersadas com a luz. Para onde o levaremos,você não os escutará e nem eles poderão achá-lo. Haverá o abismo do perdão Divino a separá-los.- Se eles nada poderão fazer contra vocês, irei.Que Deus se apiede de mim e me perdoe. Euperdôo a todos!

Sorriu, como talvez há muito não fazia. Aqueledesencarnado despiu o egoísmo, pensando maisem seus irmãos que nele, pediu perdão,perdoou e a esperança brilhou para ele.Um dos trabalhadores, jovem, simpático eatencioso, que observava com atenção, sorriucontente diante da lição ouvida, aproximou-se

do outro desencarnado que recusou a ir econvidou-o.- Vamos também, amigo?- Não sou amigo de ninguém - respondeuríspido.- Não quero ir.

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- Mas não ouviu o que nosso orientador disse?Nada tem a temer - insistiu o moçoamigavelmente.

- Não quero ir, prefiro ficar aqui.- Mas vai continuar a sofrer - elucidou osocorrista.- Não me amole! - retrucou o desencarnado de25modo brusco. Levantou-se e saiu tomando rumooposto ao do aerobus. O jovem trabalhadorolhou e indagou seu orientador, indignado coma negativa do outro.- Não vamos atrás dele?Não, Gregório, explicou delicadamente oorientador. - Ele recusa nosso auxílio. Chegará ahora do socorro para ele como chegou paraestes. Não seria

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prudente levá-lo à força sem que searrependesse, sem que pedisse perdão por seuserros e perdoasse. Achará este irmão no futuro

a ajuda que lhe é necessária. Mas agoradeixemo-lo, se prefere ficar assim. O sofrimentopara ele não será castigo, como para todos nósnão o é, mas sim um reajuste que nosimpulsiona para o progresso. Vamos, dirigiu oorientador do grupo a todos, partamos semdemora, ainda temos muito trabalho.Ambrózio e eu despedimos carinhosamentedestes abnegados socorristas. O aerobus partiu.Acenamos um adeus. E ali, na porta da igreja,ficamos diante da noite estrelada eencantadora.- Senhores, por favor! - falou, sorrindo contente,Gregório, um dos socorristas. - Estava na igrejavendo a santa. Fiquei impressionado com

aquele homem que se negou a ser socorrido.Como nosso orientador disse que nãopoderíamos ir atrás dele, pensei que ossenhores iriam. Assim meu bondoso orientadorme permitiu aqui ficar e acompanhá-los.Ambrózio e eu nos julgávamos sozinhos eGregório saiu da igreja falando sem parar. Ele

sorriu mostrando os dentes perfeitos. Era umnegro extremamente agradável e bonito.Deveria ter desencarnado aos trinta a trinta ecinco anos. Estendeu-nos a mão e continuou afalar.- Gregório, muito prazer! Respondemos o

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cumprimento sorrindo também. 26 Deduziucerto, iremos atrás daquele senhor afirmouAmbrózio. Mas não o forçaremos, estamos aqui

por outro motivo.- Que bom! - exclamou Gregório e continuou asorrir. - Fiquei deveras intrigado com aquelesujeito. Tenho só dois anos de trabalho e nuncavi nada igual. Desencarnei há três anos. Fui umartista e sou um desenhista. A escultura deSanta Bárbara me chamou atenção. Queroajudá-los! Certamente não sou treinado como ossenhores. Como vocês. Permitem chamá-los devocês? Obrigado! Farei o que me mandarem,sou bem esperto e tenho boa vontade emaprender. A psicologia nos ensina que muitaspessoas são masoquistas e pelo visto depoisque desencarnam continuam as mesmas.Aquele homem estava com tantos sinais de

torturas e...- Ninguém se liberta de seus vícios e defeitossem vencê-los, se não procurar ajuda e cura.Não diferimos muito do que fomos quandoencarnados. O espírito é o mesmo. O encarnadose reveste do corpo carnal e o desencarnado, doperispírito. Não podemos dizer que aquele

senhor é masoquista sem analisá-lo. Deve terele seus motivos para ter recusado auxílio -elucidou Ambrózio.Ambrózio e eu trocamos um olhar e sorrimos.Havíamos encontrado um companheiroexpansivo e eloqüente que certamente falaria

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por nós dois juntos. Ele também sorriuencantado por ter ficado conosco e prosseguiucontente. Espíritos evoluídos usam para

comunicar a telepatia, porém se algum espíritopresente não sabe fazer uso deste processo,usa-se a fala como os encarnados. Às vezes,diálogos entre Ambrózio e eu eram feitos pelatelepatia. Com Gregório conversamos comofazem os encarnados.27 Já sabem aonde ele foi? Vamos volitar? Seivolitar, não se preocupem comigo, seguirei ossenhores, digo, vocês.- Gregório, - falei - temos o prazer de tê-loconosco. - Será sem dúvida de muitautilidade. Volitaremos, sim. Sabemos comcerteza aonde aquele senhor foi.Volitamos até a grande pedra da entrada da

gruta. Chegamos antes do desencarnado querecusou a ajuda, mas logo o vimos andandocomo os encarnados, chegou ofegante ecansado. Ele não sabia volitar, para saber énecessário aprender. Volitar não é privilégio debons, mas sim de quem sabe. Parou perto daentrada

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e assobiou chamando o guarda conhecidonosso. Este assobio foi ouvido pelosdesencarnados. Ruídos, conversas de

desencarnados dificilmente encarnados ouvem,mas isto pode acontecer com os médiunsaudientes e até, às vezes, com qualquerencarnado.Nós três observamos silenciosos, os dois nãonos viram.- Que é Bidô? Aqui sem ser chamado?perguntou o guarda com desprezo e com a vozgrossa e desagradável.Ficamos sabendo o apelido do desencarnadoque tanto intrigou Gregório.- Tenho algo muito importante a contar aochefe. Chame-o para mim.- Você não está blefando? Chamar o chefe à toaé castigo dos grandes. Chamarei Xampay, ele

resolverá. Entre...Entramos também. A caverna estava com aclaridade de uma vela, quase não se via nada.Para os encarnados estaria na completaescuridão. No plano espiritual estava aceso umholofote preso na parede. Para nós três,28 desencarnados com entendimento, o local

estava claro o suficiente para vermos tudo. Treinamos nossa visão perispiritual paraenxergar melhor no escuro.O guarda foi até um crânio que enfeitava olugar. Estava num canto e ele o virou para aesquerda. Esperamos. Bidô estava nervoso e

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impaciente, o guarda sorria de modo estranho.Não demorou muito, cinco minutos, cincodesencarnados chegaram. Gregório acomodou-

se no meio de nós dois, segurou em nossasroupas. Olhei tranqüilamente nosso recenteamigo, pedi calma, não ia ter perigo. Maisaliviado Gregório ensaiou um sorriso, maspermaneceu agarrado a nós. Não deixava de terrazão, os cinco recém-chegados causariamhorror a quem não estivesse acostumado.Xampay era certamente o braço direito dochefe. Com voz arrogante perguntou ao guarda:- Que aconteceu? Por que nos chamou?- Foi ele quem pediu, Xampay, - informou oguarda mostrando Bidô. - Não tenho nada comisto. Disse ter coisas importantes para falar.- Que você quer, idiota? Um simples escravoquer falar comigo! Sabe quem eu sou?

Bidô tremeu todo, mas aventurou-se indo para afrente dele e tratou logo de explicar:- Estava com os outros na igreja, quandochegaram dois forasteiros que engambelaramos outros, e, com a ajuda de um grupo, todosforam levados numa espécie de avião para umatal Colônia.

- Quê?! Mas quem fez isto? - indignado Xampayfalou alto e nervoso.- Não sei, dois estranhos.Fez-se um silêncio horripilante. Xampay eraforte, assustava até seus companheiros. Usavaroupas de couro

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29preto, no tórax, um colete. Tinha váriascorrentes douradas no pescoço. Por mais que

estes desencarnados tentem disfarçar, podemdar calafrios nos que não vibram como eles. Osolhos dele eram avermelhados, seu olharmaldoso, seus modos bruscos e raivosos. Osoutros quatro olharam para Xampay como queprontos a obedecer a qualquer ordem. Estavamvestidos de maneira diversa

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e extravagante, mas estavam sujos e enfeitadosdemais. Sorriam zombeteiros e cínicos comolhares maldosos e ávidos por confusão. A voz

de Xampay soou como trovão.- Por que só agora veio me avisar? Por que nãonos avisou quando entraram na igreja?- Fiquei curioso para ver o que aconteceria. Nãome preocupei com isto, já que podem ir atrásdeles e buscá-los.- Ir atrás deles? Está doido? Como ir até umaColônia? Idiota! Agora certamente já sabem queestamos por aqui.Bidô tremia, quase não conseguia falar, tentouexplicar aflito:- Mas vocês sempre disseram que iriam nosbuscar em qualquer lugar. Tomei cuidado eninguém me seguiu, foram todos embora no talveículo.

- Castiguem-no! - Xampay ordenou colérico.- Não, por piedade! Não fugi e vim avisá-los!Dois deles indiferentes aos seus rogos,pegaram-no eo levaram para trás da mesa que servia de altar.Bidô gritava horrorizado. Gregório deu doispassos largando-nos, mas voltou não sabendo o

que fazer. Ambrózio saiu da gruta, subiu rápidona pedra de entrada e fez um enorme barulho. Todos que estavam na caverna quietaram,olharam um para o outro e saíram apressados.Corremos, Gregório e eu, parar perto de Bidô.Ele estava amarrado,

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3031apavorado olhando para um ferro com pontas

que estava no chão ao lado dele. Neste canto dosalão, havia muitos aparelhos de tortura, cordase correntes de materiais usados pordesencarnados. Encarnados não os vêem. Sãona maioria plasmados por desencarnados maus,feitos com matéria do Mundo Espiritual.- Gregório, - falei - torne-se visível a ele epergunte-lhe se agora ele deseja ir com você.Gregório se fez visível e Bidô assustadosussurrou gemendo:- E o senhor, meu amigo?- Então, mudou de idéia? Sabe agora que o Bemé mais forte? Quer vir comigo?- Sim, pelo amor de Deus, me leve daqui. Eupeço perdão a Deus, perdôo todos. Leve-me

com o senhor, meu amigo.- E agora, Antônio Carlos, que faço? - Gregóriome perguntou baixinho.- Volita com ele até o Posto de Socorro. Gregórioo abraçou, deixando que a cabeça deleapoiasse no seu ombro forte. Amparei os dois evolitamos. Ao sair da gruta, deixei-os e os dois

foram embora. O grupo desencarnado revistoutodos os lugares do rochedo. Ambrózio osvigiava. Comentaram entre si.- Não estou gostando disso!- Irei avisar o chefe.- Deve ter abelhudos por aqui!

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 Tratei logo de fazer barulho. Imitei a voz de Bidôe chamei por socorro.- Socorro! Sou Bidô! Acuda-me, querem me

pegar! Perseguem-me! Socorro!Mas o chefe era esperto. Somente um grupo devinte desencarnados saiu da gruta e se pôs aprocurar o dono da voz. Não achando,enfureceram-se e começaram a gritar.- Onde está?- Apareça, imbecil! Isto não acontece em todasas grutas e cavernas, nesta história ocorreu emuma, mas podia bem ser em qualquer local. )3233Um deles, parecendo chefiar a pequenaexcursão disse a um outro:- Vá e diga ao chefe que não encontramosninguém. Vamos ficar na entrada. Todos

atentos!Aguardei uns minutos. Aí vi Ambrózio volitarcom Gregório, segui-os. Dirigimo-nos a um Postode Socorro localizado no Plano Espiritual dacidade vizinha. Fomos recebidos com carinho.Acomodamo-nos numa sala. Gregório estavaassustado, mas, logo se refez e se pôs a falar.

- Desculpem-me! Trouxe Bidô para este Posto epensei em voltar para despedir de vocês. Voltei,só que no lugar errado. Deveria ter concluídoque vocês sairiam dali. Quando vi a gruta cheiade desencarnados mal intencionados, fiqueicom medo e tentei sair; não consegui, então

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pedi socorro, chamei por vocês. Você, AntônioCarlos, conseguiu me enganar, pensei que Bidôtivesse voltado. Senti gelar quando o chefe

mandou só uns para fora da gruta. Aí sentiAmbrózio perto de mim, segurei forte sua mão.O chefe falava coisas macabras e pulava de umlado a outro. Apavorei tanto que não conseguisair do lugar. Ambrózio me ordenou: "Nãodesfaleça, pense em Jesus!" Concentrei-me naimagem de Jesus e adquiri confiança. Ambrózioprojetou no lado oposto ao que estávamos umaimagem. Todos ali, inclusive o chefe, voltaram aatenção para esta imagem e Ambrózio meamparou, volitamos e saí aliviado daquele lugar.Ambrózio, de quem era aquela imagem?Meu amigo sorriu e bondosamente elucidouGregório.- De ninguém em especial. Usei um velho truque

projetando uma imagem para desviar a atençãodeles e sair com você. Perceberam umapresença estranha na gruta, tentaram localizare você apavorou. É por isto, Gregório,que para trabalhar com desencarnados assim,que seguem temporariamente as trevas, devemser treinados e ter conhecimentos. Porque, meu

amigo, não devemos subestimar as forçasmaldosas e nem temê-las, mas sim aprender alidar com elas. Aprendizes estão sempreacompanhados por um instrutor e só devemenfrentar um grupo assim quando sabem quesão capazes.

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- O chefe me acharia? inquiriu Gregóriopreocupado.- Sim, se você não retornasse à sua auto-

confiança. Porém seu pedido de socorro seriaouvido; se não fôssemos nós, seria outro grupode socorristas a ajudá-lo. E também por cautelaque os desencarnados que trabalham na crostanunca saem sem que outros companheiros daColônia, Posto de Socorro ou Centros Espíritas,saibam onde estão.- Que aventura! Que emocionante! Quero contartudo aos meus amigos! - exclamou Gregóriovoltando a sorrir feliz.- Deverá contar também - disse Ambrózio - queaprendeu uma preciosa lição. - Não se metermais sozinho onde pode ser perigoso.Bateram na porta e um trabalhador entrou comBidô já limpo e medicado, ele falou encabulado:

- Ao saber que estavam aqui, quis agradecer-lhes. Vocês são anjos?- Não - explicou Ambrózio sorrindo. - Somosdesencarnados como você, só que trabalhamosajudando a outros e, se você quiser, logo poderáestar sendo útil também.- Obrigado!

- De nada - respondemos Ambrózio e eu.Gregório observava-nos. Dirigiu-se a Ambrózio.

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34Gostaria de fazer umas perguntas a Bidô.- Se ele quiser responder, tudo bem.

- Claro, - disse Bidô - pergunte o que quiser,moço.- Por que vagava por ali?- Bem, cometi muitos erros quando estavaencarnado. Tinha um pequeno negócio e meachava o dono absoluto de tudo, até dos meusempregados que eu humilhava por saber quenecessitavam do emprego. Não tive religião,não fiz o Bem e desencarnei. Fiquei perturbadono início e vaguei pela minha ex-propriedade.Esta falange pega desencarnados que vagampor toda a redondeza e eu fui pego e me torneiescravo deles. Não pensou em Deus? Em pedirajuda?- Achei que estava no inferno e que seria eterno

meu castigo.- Mas vocês iam à igreja - falou Gregório.- Sim, ali íamos quase todas as noites. Quandohavia culto, saíamos, assim ordenava o chefe dafalange. Era difícil orarmos. Lá conversávamosnos lamentando. Quando a falange precisava denós, eles nos chamavam até a gruta e íamos

correndo. Sofri muito.- Agora pode ir, Bidô, - disse Ambrózio. -Aprenda a orar com fé, seja obediente e seráfeliz.- Já estou feliz pelo socorro e pelo perdão.Deveria imaginar que Deus é bondoso demais

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para não nos castigar eternamente. E acho quenão é Ele que nos castiga, sofri pela minhaconsciência pesada. Obrigado novamente!

Desencarnados que vagam, como Bidô, sãofeitos escravos. O mesmo acontece a outros quepodem até pensar em Deus e pedir ajuda, masnão o fazem com sinceridade, e não estãoarrependidos, a maioria não reconhece seuserros. 35Concluiu certo, Benedito, - completouAmbrózio, chamando-o pelo seu nome. Deusnão nos castiga ou premia, nós é que fazemospor merecer a felicidade ou sofrimento.Bidô saiu, Gregório dirigiu-se a Ambrózio.- Por que vocês aceitaram o agradecimentodele? Quando fazemos o Bem a outro nãofazemos a nós mesmos?- Sim, Gregório, devemos ser gratos. A gratidão

é uma manifestação de Amor. Se nós devemosser gratos, por que não ensinarmos a outros aser? Devemos aceitar agradecimentos, mas nãoexigir. Não ajudamos Bidô? Não exigimos nadadele, se ele agradeceu por educação ou porquesentiu-se realmente grato, devemos aceitar eresponder com delicadeza o agradecimento.

- Que estranho existirem escravosdesencarnados! Por quê? - indagou Gregóriocurioso.E Ambrózio elucidou:- Jesus nos recomendou a prudência, queconstruíssemos nossa casa sobre a rocha, ou

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seja, que cuidássemos, com toda atenção, daparte verdadeira, a espiritual. Mas muitosimprudentes vivem a existência encarnada sem

dar atenção à parte espiritual e, quandodesencarnam, porque todos desencarnam, sevêem em apuros. Vagam pelos lugares ondeviviam encarnados ou pelo Umbral. Algunsdesencarnados infelizes têm consciência dadesencarnação e também possuemconhecimentos. São ávidos de poder e fazemescravos, pegando os desencarnados quevagam, para serem servidos por eles. Tambémhá escravos por outros motivos.- Se eles tivessem pedido ajuda, já teriam sidosocorridos? - indagou nosso jovem amigo.- Só se o pedido tivesse sido sincero e se elesquisessem mudar a forma de viver. Foi por istoque eu orei por eles na igreja.

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O Rochedo dos Amantes- Voltemos ao rochedo, porém não iremos agoraà gruta - frisou Ambrózio.

Pela volitação, em instantes, chegamos norochedo. Tudo estava quieto, algunsdesencarnados guardavam a gruta. Sentamoslonge da entrada. Para os encarnados o rochedoestaria escuro, mas nós víamos tudo. O lugarera realmente lindo.- Aparentemente o chefe do bando não seimportou com a perda de seus escravos - falei. -Só colocou mais guardas na gruta.- Com tantos imprudentes, não é difícilconseguir mais escravos na Crosta - replicouAmbrózio.- Este lugar é muito bonito - considerou Gregório- mas falta alguma coisa, ou algo errado sepassa ou passou aqui. É tão estranho, me dá

uma sensação de inquietude.- Não é para menos, - admiti. - Temos aqui umlocal de trabalho de desencarnados maus. Seusfluidos grosseiros se espalham por toda a regiãocircunvizinha. Existe fama de ser mal-assombrado e tem um nome bem característico:Rochedo dos Amantes. Muitos acontecimentos

devem ter impregnado este lugar e não sãobons.- Muito interessante! - exclamou nosso jovemacompanhante. - Não faz muito tempo, tive umaaula de Psicometria. Estudamos a impressãomarcada num objeto. Pelo nosso estudo vimos o

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dono do objeto e como era seu caráter. Gostariade ver o que se passou nestas pedras.- Vamos ver, ajudo você, - eu disse também

querendo ver se naquele lugar teria acontecidoalgo que nos interessasse - a Psicometria não éum processo fácil e poucos sabem, sejamencarnados ou desencarnados. Quando seaprende, basta concentrar-se num objeto, numlugar, para conhecer a história do objeto ou osacontecimentos que sucederam no local.Concentramos e o passado se revelou. Vimos osacontecimentos registrados naquele lugar tãobonito. Uma tragédia em 1773. Um grupo deescravos fugiu e se escondeu ali. Foram caçadoscom violência entre as pedras, surrados,violentados e assassinados. As pedras tingiram-se de sangue.Gregório franziu o rosto.

- Meu Deus, que horror! Não vejo nenhumdesencarnado desta tragédia aqui, mas ascenas ficaram.- Gregório, - completou Ambrózio - de fatonenhum espírito envolvido neste acontecimentoficou aqui, seguiram sua jornada evolutiva. Tudoque acontece na Terra tem seus principais fatos

gravados no etéreo. Muitos estudiososdesencarnados revêem por estes estudos Jesusquando esteve encarnado. Outros maiscientistas estudam diversas épocas da históriapara entender melhor os fatos.Continuamos, vimos um crime, um homem

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matar um menino e jogá-lo no mar, fugindoapós. Querendo saber algo mais deste crime,vimos que não foi descoberto e o garoto foi tido

como desaparecido. Gregório logo deu suaopinião.O Rochedo dos Amantes39- Se usássemos mais a Psicometria entre osencarnados, evitaríamos muita injustiça, oinocente não pagaria pelo crime de outro emuitos crimes seriam desvendáveis.- Gregório, - elucidou-o Ambrózio calmamentetalvez na Terra venhamos usar mais aPsicometria, mas não para descobrirassassinatos. - Quando a Terra usar mais esteprocesso estará mais evoluída e não deverãoexistir mais assassinatos. Depois, um crimepode ser escondido dos homens, nunca da

pessoa que o cometeu ou de Deus. Se vemosinocente na prisão, devemos perguntar se ele oé também no seu passado, em encarnaçõesanteriores. O inocente a que você se refere nãoserá como este homem que vimos, assassinoufriamente um menino e seu crime não foidescoberto?

Gregório concordou e continuamos. Vimos umcasal que logo nos primeiros anos do nossoséculo namorava no rochedo. Amavam-se muitoe queixavam de ser impossível aquele amor. Opai dela, fazendeiro local, não o queria paragenro, pois ele era um simples pescador. Queria

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casar a filha com um seu amigo rico. Aliestavam, quando viram o pai dela chegandocom muitos empregados armados. Depois de

um demorado beijo, pularam juntos do alto dapedra, despedaçando seus corpos.- Deve ser por isto que este rochedo tem estenome. Que tristeza! - exclamou Gregório. - Umduplo suicídio!Nada mais vimos de interessante, ali quase nãoia ninguém. Demos por terminada nossa sessãode Psicometria. Ambrózio falou:- Devo ir à Colônia, voltarei ao amanhecer.Querem ir comigo?- Não - eu disse. - Notei que o casal quecometeu o suicídio está aqui numa pequenagruta perto do mar. Aproveito para visitá-los.

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40Antônio Carlos- Posso ir com você? - Gregório levantou-se

falando depressa. - Se estão aqui, vou com vocêtentar ajudá-los. Irá lá para isto, não é?Sorri em resposta. Ambrózio volitou e nós doisvolitamos devagar e rente ao chão, descemos orochedo do lado do mar a procura dos dois.Logo os achamos. Alguns metros acima do mar,onde as águas batiam com força, havia umapequena abertura e ali se encontravam os dois jovens imprudentes. Observei-os, estavammachucados mas com todos os membros.Embora com as roupas em farrapo pareciamlimpos. Para os encarnados aquele lugar erasomente uma pequena furna onde não havianada, só no chão um pouco de areia. Mas paranós, havia um banco de madeira e alguns

poucos objetos. Os dois permaneciam sentados juntinhos, calados e pensativos. Recomendei aomeu amigo:- Gregório, vamos nos tornar visíveis econversar com os dois.- Iremos levá-los para um socorro?- Vamos fazer como Ambrózio fez na igreja,

convencê-los a pedir socorro.- Entendido.Bati palmas à entrada, acendi minha lanterna. Olocal estava escuro, enxergávamos porque,como já disse, treinamos para enxergar emlocais sem luz. Exclamei:

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- Ô de casa!Os dois assustados levantaram rápido e nosolharam com medo. Sorrimos tentando ser

simpáticos a eles.- Boa noite! cumprimentei-os. Sou AntônioCarlos e este, Gregório. Somos de Paz! Viemosvisitá-los. Podemos entrar?Os dois se olharam confusos. Ele indagou:- São do bando?

41- Conhecemos os membros do bando. Não sepreocupem, não queremos guerra.- Se é assim, entrem.Com a mão nos convidou a sentar, sentamos eeles acomodaram-se no chão sempre perto umdo outro.- Trazem alguma ordem? - indagou ele.

- Não, vocês fazem muito bem o trabalho quelhes incumbiram.- Fazemos sim, - acrescentou ela. - Já tínhamosolhado tudo antes de vir para cá. E tão difícil viralguém com o corpo de carne aqui e à noite éque não vêm mesmo.- E quando vêm vocês os assustam - falei.

- É ordem - disse ele. - Devemos afastar todasas pessoas daqui, só podemos permitir os quenos foram indicados. Cuidamos só dos vivos decorpo. Quanto aos outros é tarefa dos guardasda gruta de cima. Se algum encarnado vemaqui, jogo pedras e areia neles e minha

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companheira geme e arrasta latas. Dáresultado, todos fogem.- Como conseguem? - indagou Gregório a mim

falando baixo.- No começo, alguns sensitivos podem vê-los edaí a fama do rochedo ser assombrado. Os queaqui vêm são condicionados a ver algosobrenatural, isto faz que abaixem a vibração eentrem em sintonia com a deles. Depois, todosque vêm aqui já vêm com medo e qualquerbarulho assusta. Encarnados com um poucomais de sensibilidade conseguem vê-los ouescutá-los, médiuns os vêem quase quenitidamente. Estes dois conseguem, porestarem tão ligados ainda à matéria, fazerbarulhos materiais que são ouvidos por todos osencarnados. Portanto, assustam mesmo. Sãopara o bando de utilidade já que eles não

querem ninguém por aqui. Assim os deixam empaz e não são tratados como escravos.

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Os dois ficaram nos observando sem entender o

que conversávamos. Gregório sorrindo voltou aeles.- Como se chamam? Vamos ser amigos?Os dois desconfiados olharam-se, masresolveram se apresentar,- Chamo Severino e ela Maria Isabel. Estamosaqui há muito tempo - explicou ele.- Desde que se jogaram das pedras - afirmouGregório.- Como sabem? - indagou Severino. Respondidelicadamente.- Sabe-se de muitas coisas por aqui. Esterochedo chama-se dos Amantes por estemotivo. Mas falemos de vocês. Gostam daqui?- Poderíamos estar em lugares piores -

asseverou Severino.- Que lhe aconteceu? O que os levou a este atoinfeliz? Conte-nos a história de vocês - insisti.- Quase não conversamos com outras pessoas -admitiu Maria Isabel. - É a primeira vez quealguém educado vem nos visitar. Vou falar avocês o que aconteceu conosco. Quando

mocinha conheci Severino, nos apaixonamos epassamos a nos encontrar todos os domingos noalto do rochedo. Sabíamos que nosso amor eraimpossível. Meu pai, fazendeiro local, não iapermitir que nos uníssemos. Uma vez nos virame contaram ao meu pai, ele mandou surrar

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Severino e me arrumou um casamento com umhomem mais velho e rico. Ficamosdesesperados, passei a ser vigiada. Consegui

fugir e vim me encontrar com Severino. Meu paiveio atrás de mim. Se nos pegasse juntos, iamatar Severino, torturando-o, assim meu pai jáhavia ameaçado. E eu não ia conseguir viversem ele. Então decidimos morrer juntos.Ficamos aqui até meu pai chegar perto dorochedo, aí pulamos.43- O que a intolerância faz! - exclamou Gregório.Que preconceito! Um amor tão bonito, porquenão deixar que vivessem juntos. É certo quemuitos pais se preocupam com os filhos paraque não casem com pessoas ruins. Mas comvocês, proibiram só porque Severino era pobre!Certamente muitos sofreram com o gesto

impensado de vocês.Achando que falou demais, Gregório calou-se eMaria Isabel continuou:- Sim, sofreram, minha mãe, os pais deSeverino, mas ninguém como nós. Caímos eficamos lá embaixo vendo nossos corposdespedaçados. Aqui ficamos como se

estivéssemos amarrados, nunca mais saímosdaqui.(8)Achamos este vão nas pedras e ficamos. Depoisveio este bando de bandidos e nos obrigaram aassustar as pessoas. Ficamos juntos, ou melhor,sofremos juntos.

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- Nunca pensaram em viver melhor? - disse-lhes.- Em recomeçar a vida sem tantos sofrimentos?

- Como? - perguntou Severino. - Suicidamos!Suicídio não tem perdão, nem deixam passar ocorpo na igreja para uma bênção.- Acham então que pecaram? - indaguei. -Contra quem pecaram? Contra vocês mesmos?Contra o corpo perfeito que Deus lhes deu paraviver um período encarnado para progredir? Oupecaram contra Deus?- Contra Deus! - responderam os dois.- Não lhes ensinaram que Deus é bondade? Queé Os dois entenderam que erraram e se auto-puniam. Sentindo-se assim como se tivessemsido amarrados no local onde provocaram adesencarnação. Se quisessem realmente, teriamsaído. Ao nos sentirmos culpados ou aceitamos

de outros a punição ou nós mesmos, muitasvezes, nos punimos.

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Pai Amoroso de todos nós! Que nos quer bem e

que sejamos felizes. Não aprendemos que Elenos perdoa sempre, quando pedimos perdãocom arrependimento?- Arrependimento! - comentou Maria Isabel.Penso às vezes se não era preferível terseparado de Severino e casado com aquelevelho. Sofreria, mas por pouco tempo.- Vamos pedir perdão, moçada!Gregório levantou-se e bateu palmas falandoalto e com entusiasmo. Nós o olhamosadmirados pela sua intromissão, ele calou esentou-se de novo. Falei tentando esclarecer ocasal.- Meus amigos, às vezes temos dificuldades navida e não entendemos bem o porquê. Talvez

vocês dois deveriam aceitar a separação paraum aprendizado. Revoltados, cometeram umerro imprudente matando o corpo carnal quelhes servia de roupagem para viver encarnados. Todos erramos, de um modo ou de outro, nósque ainda estamos no rol das encarnações. Tendo novas oportunidades, tentamos reparar

estes erros. O primeiro passo é entender queerramos, depois ter vontade de não errar mais.Pedir perdão e querer ser ajudado.- Nunca mais me suicidarei - disse Maria Isabelconvicta.- Nem eu - admitiu Severino.

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- Então por que não pedem perdão e mudam aforma de viver?- Mas cadê Deus para pedir perdão? - indagou

Maria Isabel.- Maria Isabel, - falei - não vemos Deus, mas Osentimos em todos os lugares e dentro de nósmesmos.- E como sabemos se estamos perdoados? -perguntou Severino.- A paz que sentimos dentro de nós é aresposta.45Calaram-se e ficaram a pensar. Chegaram até acogitar em separar. Gregório levantou-se,ajoelhou na frente dele e explicou:- Vocês não precisam separar-se. Queiram osocorro. Sabem o que é socorro para vocês?Serão levados a um lugar maravilhoso onde não

assustarão ninguém, onde serão tratados combondade, onde aprenderão coisas maravilhosassobre Deus e Jesus e lá ficarão bem.- Existe lugar assim? - espantou-se Maria Isabel.Mas somos suicidas, réprobos.- Mas filhos de Deus! - afirmou Gregórioemocionado.

Os três choraram. Gregório emocionou-se, avontade de ajudá-los era muita. Mas paraajudarmos alguém, devemos seguir regras deonde trabalhamos; regra nenhuma no PlanoEspiritual é taxativa. Para melhor harmonia doslugares de socorro, devem ser levados os

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desencarnados arrependidos e que queremajuda. Centros Espíritas não seguem esta regra,porque nos trabalhos de desobsessão podem

convencer estes desencarnados. Mas, quandose empenha em ajudar, pode-se tentarconvencer como Ambrózio fez na igreja e nósestávamos fazendo. Nem sempre dá resultado.Mas o choro deles sentido e sofridodemonstrava que estavam arrependidos. Choroassim lava a alma, costuma-se dizer. É verdade,Maria Isabel e Severino sentiam-se, pelaprimeira vez após a desencarnação, aliviados eamados.- Vamos pedir perdão, Severino? - indagou MariaIsabel.- Vamos - concordou ele.- Eu falo por vocês! - Gregório propôs alegre.Não precisava, só em dizer vamos pedir perdão,

 jápediram. Foi sincero, de coração. Mas meu jovem -amigo,

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46recordando Ambrózio, falou emocionado:- Deus, nosso Pai, erramos muitas vezes, porque

somos muito imperfeitos em não seguir SeusDivinos ensinamentos. Mas reconhecemos queerramos e queremos que nos perdoe. Nuncamais pensaremos em matar alguém e nemnossos corpos carnais. Queremos Seu amorosoperdão e que nos ajude. Amém!Severino e Maria Isabel encostaram um no outroe, aproveitando que oravam, adormeci-os numpasse.- Vamos levá-los à Colônia e os deixaremos naparte do hospital que abriga suicidas - euconcluí.Pegamos os dois como se fossem duascriancinhas ternas e volitamos. Na Colônia osdeixamos no hospital. Neste local de socorro, as

enfermarias são separadas em alas masculina efeminina. Mas por meu pedido acomodaramSeverino e Maria Isabel num quarto para nãoseparálos. Nós os deixamos medicados, vestidoscom roupas do hospital e dormindo.- Irão dormir muito tempo, disse-nos oorientador do hospital.

Agradecemos e voltamos. Sentamos numa daspedras do rochedo. Logo ia amanhecer eAmbrózio viria nos encontrar. Gregório indagou:- Eles vão dormir muito tempo?- Sim, farão um tratamento pelo sono. Mesmodormindo escutarão músicas suaves e leituras

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evangélicas. Quando acordarem estarãotranqüilos e aptos a aprender melhor.- Eles irão separar-se?

- Na Colônia não, enquanto estiveremdesencarnados estarão juntos. Quandoreencarnarem, não sei. Se nesta última tudoindicava que iam se separar, devem existirmotivos para isto. Espero que os dois entendame se preparemO Rochedo dos Amantes47bem para a próxima encarnação.- Antônio Carlos, será que o bando achará faltados dois?- Não creio. Pelo visto não tinham muitocontato. Só perceberão se algum encarnadoaqui vier e não for assustado.- Que bando, hein? Usar um pobre casal para

ajudá-los.Olhei-o, entendendo que exagerou, Gregóriologo consertou.- Bem, os dois erraram, mas quem não erra?Como desconhecer a verdade faz mal àspessoas. Elas sofrem muito em pensar que irãopenar eternamente no inferno e que não serão

perdoadas.Certamente Gregório tinha razão - pensei. - Nãodevemos errar e pensar em safar pedindoperdão. Pedir perdão com sinceridade noscondiciona a ser ajudado, mas não anula o erro.Só com a reparação, construindo, é que

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consertamos o erro. Mas também não é certopensar que não seremos perdoados e quesofreremos por nossos erros eternamente.

Novas oportunidades teremos, basta aproveitá-las e por nenhum motivo suicidar. Porque aotirar a vida do nosso corpo carnal sóaumentaremos nossos sofrimentos e nãoresolveremos nada. Devemos sempre meditarsobre os erros que cometemos, reconhecendo-os e entendendo porque erramos; fazer opropósito de não errar mais, pedir perdão aDeus e a quem ofendemos. Depois, vamos comAmor reparar nossos erros. Se não tiver comorepará-los no momento, ao fazermos o Bem,estaremos construindo aquilo que destruímos. Edevemos lembrar sempre que somos muitoamados pelo nosso Pai Maior.- Antônio Carlos, que pensamentos bonitos! -

exclamou Gregório.

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48Gregório lera meus pensamentos. Isto não sefaz sem permissão entre companheiros. É como

escutar uma conversa reservada. E tratou logode desculpar-se.- Desculpe-me, amigo. Fiz sem querer. É queestando quieto, acompanhei seus pensamentos.- Está bem, - respondi.- Estou muito feliz por ter ajudado aquele casal.O rochedo ficará sem seus amantes!Sorrimos.IVFesta na Gruta

Logo que o dia clareou, Ambrózio reuniu-se anós e fomos à casa de Jair. Após o desjejumsimples, os pais com o filho Aldo saíram para otrabalho no campo. Milton, o caçula, ficou para

ir à escola, era ele que ajudava no serviço dacasa. Jair também saiu, tomou o rumo dorochedo, passou pela gruta e continuou a andardistraído. Nós o acompanhamos. Os guardasdesencarnados continuavam ali vigiando aentrada da gruta. Depois de uns vinte minutosde caminhada Jair chegou à Casa Verde. Era um

lugar muito bonito, a propriedade tinha umacasa grande e bem construída. Gregório faloususpirando:- Lugar assim tão lindo não deveria ser usadopara o mal!Certamente não foi construída pelos atuais

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moradores. A casa estava construída em cimade um penhasco que dava de frente para o mar,de um lado o rochedo, do outro morros. Havia

uma escada de pedras por onde os proprietáriosdesciam até a pequena praia. A casa erarodeada de muitas árvores, ornamentais,frutíferas e coqueirais, daí o nome, Casa Verde.As árvores iam por quilômetros nos fundos dacasa e desciam para um pequeno vale.

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50A propriedade estava guardada tanto porencarnados armados, eram dois que vigiavam, e

por alguns desencarnados que tínhamos vistono dia anterior na gruta.Gregório observava tudo com atenção eindagou desconfiado a Ambrózio:- Vamos entrar? Não nos notarão?- Gregório, nós vibramos diferentes deles. Elesnão conseguem entrar em nossa sintonia. Paraque entenda, vou usar de um exemplo fácil. Écomo ligar um rádio e localizar pela sintoniauma onda e o que se passa em outras édesconhecido. Nossa vibração, sendo rarefeita,é para eles quase impossível conseguirementrar na nossa faixa mental ou nos ver. Nóstemos a visão ampliada e conseguimos vê-lossem sermos notados. Continuemos com o

exemplo do rádio: eles, desencarnados, comotambém os encarnados que são ignorantes emaus, estão nas ondas longas, nós, na média, eespíritos superiores, nas ondas curtas. Sedesencarnados superiores a nós aqui vierem,conseguem vê-los e a nós, sem que nósconsigamos vê-los. Só os veremos se eles

entrarem na nossa onda vibratória. E para queestes desencarnados que aqui estão nos vejam,devemos entrar em sintonia com eles. O espíritoevoluído consegue sintonizar em todas asondas, o que não acontece com os que estãonas ondas longas. Assim é em todos os planos

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da Terra, quem vibra no Bem o mal nãoconsegue atingi-lo. E os que se afinam com omal não conseguem ver os desencarnados bons,

a não ser que estes queiram. Também quasesempre não conseguem receber benefícios dosbons, porque não aceitam, não querem e nãosintonizam. Por isso que para ajudar, onecessitado precisa pedir, querer auxílio e ficarreceptivo.- Ambrózio, quando Xampay começou adiscorrer palavras e atitudes obscenas, por queele me desequilibrou? 51Senti o impacto de suas vibrações inferiores.Ele ia conseguir me ver?Gregório perguntou querendo entender o que sepassou com ele na gruta, Ambróziocarinhosamente o elucidou.- Você ao sentir medo fez com que ele, espírito

com conhecimentos no mal, o sentisse, semcontudo vê-lo. Ele fez tudo aquilo tentando fazervocê abaixar sua vibração e entrar em sintoniacom a dele. Gregório, para que não sejamosatingidos pelas vibrações inferiores, énecessário estarmos libertos dos atos que aspalavras do autor nos sugestionam a visualizar.

É um pouco difícil compreender isto, mesmoporque, muitos bons que negam estas atitudesque o fizeram ver, mesmo não as cultivando,ainda não se libertaram de tais atos. Alibertação se dá quando pensando ou vendo taiscircunstâncias não somos tocados por elas. Tal

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qual um adulto que na sua infância tenhabrincado, e agora não condena o brinquedo enão é tocado pelo desejo de brincar.

- Vamos mostrar a eles que estamos aqui? - quissaber Gregório.- Não. Estamos aqui para estudar a situação,planejar como melhor ajudar. Por enquanto épreferível que ignorem a nossa presença.Entramos, a casa tinha poucos móveis, só osessenciais. Jair entrou, os guardas ocumprimentaram e lhe disseram que o chefequeria vê-lo.Nós o seguimos. Jair entrou num escritório, ondeestava um homem sentado atrás de umaescrivaninha. Devia ter cinqüenta anos, cabelosgrisalhos, demonstrava ter estudos,diferenciando-se daquela gente simples dopovoado. Recebeu Jair sorridente, com a mão o

mandou sentar. Ali estavam três desencarnadosdo bando, um deles era

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52Xampay, que parecia ser importante no grupoda gruta. Gregório quis esconder atrás de mim,

mas vendo nossa tranqüilidade acalmou-se.Escutamos:- Tudo pronto, Jair?- Sim, Sr. Euclides, tudo.- Continua sem dizer nada do que fazemos, nãoé? Sabe que Xarote foi quem pediu.- Nada digo. Tudo que Xarote diz é lei.- Assim que se fala. Logo começarei a ganhardinheiro e você me ajudando ficará rico. Aquiestá, como combinamos, o recibo do depósitoque fiz em seu nome num banco da capital. Também trouxe muitas coisas que comprei paravocê e família. Diga aos seus pais que épresente de seu patrão e que são coisas usadasde minha família. Entendeu?

- Sim, obrigado.O dono da casa colocou dois sacos grandes echeios em cima da mesa.- Jair, agora tenho que trabalhar. Vá mais cedopara casa e diga a sua mãe que terá que pousaraqui como das outras vezes. A festa desta noitedeverá ser muito bonita. Comprei toda minha

oferenda.- Também mandei comprar a minha. Já coloqueina gruta.- Toma cuidado, Jair, ninguém deverá vê-lo.- Não se preocupe, Sr. Euclides, na aldeia todostêm medo do rochedo.

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- Em todo caso, Laerte irá ao entardecerverificar tudo por lá e passará sustoassombrando se encontrar alguém.

 Jair levantou-se e saiu. Euclides passou a veruns papéis, eram mapas e nomes dedistribuidoras. Fomos ver o que Jair fazianaquela casa. Ele dirigiu-se ao porão, onde53estava um bem montado laboratório em que setransformava a planta coca em cocaína. Láhavia muitos galões de álcool, éter, acetona eoutros produtos químicos. Ali estavam trêsdesencarnados completamente alucinados peladroga. Jair passou a fazer seu trabalho comatenção.Fomos olhar a propriedade. Embaixo dasárvores estava a plantação de coca. Depois devermos tudo, voltamos ao rochedo. Gregório

não nos deixou em silêncio.- Ambrózio, Antônio Carlos, viram só? Estamoslidando com traficantes. Aquele Euclides, ochefe encarnado, parece bem esperto. Umapequena plantação de coca, um laboratório bemmontado neste lugar de difícil acesso, de umlado o mar, do outro, morros e terras

abandonadas, só o povoado de pessoasmedrosas e ignorantes. E, ainda, mão de obrabarata. Naquele terreno na frente pode descerum avião e pelo mar ele pode mandar suamercadoria para centros maiores. Ele tem juntoa si um bando encarnado e outro desencarnado.

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E paga mal, viram? Deu ao garoto objetosbaratos, um pequeno depósito no banco e deveganhar milhões. Que coisa, hein?

 Já acostumados com a eloqüência de Gregório,Ambrózio e eu escutamos quietos. Quandoterminou, Ambrózio o elucidou:- Você está certo. Euclides tem encarnados aoseu serviço e está unido a este bando dedesencarnados. Existe aqui um intercâmbio comas forças do mal. Desencarnados estão atrabalhar para que o tóxico se expanda,querendo aumentar dependentes deste vício noplano físico e espiritual. E os encarnadosenvolvidos no tráfico são os avarentos pordinheiro fácil. Traficantes encarnados estãoquase sempre unidos a desencarnados trevososque os protegem à sua maneira, ou em troca defavores, ou simplesmente para ver o tráfico

crescer. Muitos trabalhadores do Bem

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54têm lutado com muita dedicação tentandoajudar viciados e até mesmo traficantes. É um

trabalho difícil, estes raramente os escutam enem sempre seguem seus conselhos.Ficamos calados meditando. Pensei como otóxico está levando a sofrimentos tantaspessoas. Os principais prejudicados são osviciados, muitos jovens envolvidos, pais quevêem seus sonhos desmoronarem. E muitosquase sempre começam por brincadeira, porcuriosidade, e acabam entrando no mundo docrime, roubo, comprometendo-se cada vez maiscom as forças malignas. Os traficantes serãoresponsabilizados pelos seus erros, que sãograndes e que conseqüentemente os levarão amuito sofrimento. Certamente, só com muitasdores é que se equilibrarão com a Lei do Carma.

Usam para o mal a inteligência e poderão serprivados dela em futura reencarnação, emboraisto não seja regra geral. Porém, os traficantesmuito terão que responder pelo erro enormeque praticam.- Já sei! - exclamou Gregório todo contentequebrando o silêncio. Faremos alguém colocar

fogo nas plantações. Tramaremos e faremos ogrupo brigar entre si e se separar.Ambrózio olhou com carinho para seu discípuloe elucidou:- Não será fácil alguém colocar fogo nasplantações. Todos os encarnados ali estão

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vinculados, seja ao emprego, dinheiro ou aomal. Não podemos envolver pessoas que nãoestão ligadas a eles, estão armados e tirariam a

vida física de quem se intrometesse. Há entreeles uma organização bem montada, eles seafinam e não irão brigar a ponto de sesepararem. E um erro menosprezar as forçastrevosas. E qualquer falha nossa dificultaria otrabalho. Vou à Colônia e relatarei a existênciadeste comércio. Verificarei se as equipes quetrabalham com viciados sabem55deste lugar e se podem nos ajudar orientando-nos. Aqui viemos auxiliar uma mãe aflita arecuperar Jair e defrontamos com outrosnecessitados e com tráfico de drogas.- Recuperar Jair! Parece difícil. O danadinho estábem atolado - considerou Gregório.

- Atolado! Boa definição para a situação deleexclamou Ambrózio. - Diga-me Gregório, o quese faz quando alguém está atolado?- Amarra-o e puxa com força - falou nosso jovemcompanheiro. - Sairá, com certeza, se quem opuxar não esmorecer, mas sairá sujo e talvezmachucado.

- Não será um trabalho fácil. Principalmenteexistindo muitos a segurá-lo na lama. Nossotrabalho será este. Pretende ficar conosco,Gregório? - indagou Ambrózio.- Fico. Mas vou avisando, tenho medo destesdesencarnados e não me mande ter com eles

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sozinho. Combinado? Que faço agora?Gregório nos fazia sorrir, transmitia alegria atodos que o rodeavam. Ambrózio respondeu:

- Irei à Colônia, estarei aqui às dezesseis horas.Fique com Antônio Carlos. Até logo!Ambrózio volitou rápido e Gregório olhou paramim.- Antônio Carlos, é mais seguro não noslocomover daqui. Mas ficar horas sem fazernada é perda de tempo. Que sugere? Voltarmosà igreja para verificar se não tem por lá maisnenhum sofredor?Sorri.- Por que sempre ri de mim? - queixou ele.- Não rio de você, mas para você. Encanta-mecom seu modo de ser e de agir. Será um grandeservidor do Bem com sua alegria contagiante.Gargalhou feliz com seu modo ingênuo,

demonstrava 56 sua grande vontade de ser útil.- Que faremos então? - insistiu Gregório.- Que tal irmos até os familiares de Jair? Depoispercorrer a aldeia. Quem sabe encontraremosalguém capaz de nos ajudar. Uma denúncia àpolícia, para que possa assim descobrir estetráfico.

- Que bela idéia! Por que será que não penseinisto? Os pais de Jair e seu irmão Aldotrabalhavam muito,o trabalho deles era árduo. Sondei-os. Aldo,garoto ainda, tinha verdadeiro horror só empensar no rochedo, já fora assustado e não iria

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lá e nem na Casa Verde. O pai se preocupavamais com o sustento da família, achava. que Jairestava bem e que a mulher se inquietava

demais. Sara sim, estava apreensiva, amavamuito os filhos, queria poder oferecer vidamelhor a eles. Faria qualquer sacrifício portodos, ela iria ao rochedo e na Casa Verde.- Eles não podem nos ajudar - eu disse. - Vamosà aldeia.- Não acha, Antônio Carlos, que Sara poderia?- Gregório, quando buscamos ajuda deencarnados não basta só contar com a boavontade, embora ela seja importante. Estasenhora está física e mentalmente cansada.Falta-lhe até o necessário e ela está muitopreocupada tanto com os filhos ausentes quantocom os três menores que estão com eles. Elairia ao rochedo e o que iria ver lá? Pedras...

Poderia até ver a gruta, seu filho diria que é umlugar para brincar. Entenderia o que se passaali? Certamente que não. E, se for à Casa Verde,irá ver seu filho trabalhando numa plantação.Ela não sabe o que é coca e nem que estaplanta é tóxica. Nem Jair sabe. Ele pensa que ausam na comida e que se faz chá. Sara,

ignorante, pensará também. Iríamos expor estasenhora à toa.

- E, para ajudar é necessário saber...57- Certamente.

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Andamos pela aldeia, estava difícil. Todostemiam as assombrações do rochedo, muitos játinham ido à Casa Verde sem ver nada de

suspeito e não estavam interessados em voltarlá. Só conseguimos atiçar a curiosidade do donodo pequeno armazém que era pessoa comalgum conhecimento. Achei que talvez elepudesse nos ajudar.De tanto Gregório insistir, voltamos à igreja.Estava vazia. Ao ler o aviso na porta, tive umaidéia. Dali a dois dias era o domingo em que opadre viria. Talvez o reverendo pudesse nos serútil. Animados, voltamos ao rochedo eesperamos por Ambrózio. Na hora certa, elechegou, mas não veio sozinho. Estavaacompanhado de outro espírito, uma moça deagradável aspecto. Apresentou-a:- Esta é Cláudia, uma professora, uma cientista

com muitos conhecimentos em plantas tóxicas eseus efeitos. Veio para nos ajudar.- Olá, sou Gregório. Para professora é bem jovem.- Não desencarnei velha. Trabalhando nomomento com jovens, achei melhor parecercom eles - explicou a moça delicadamente.

- Cláudia está a par de tudo - esclareceuAmbrózio, e continuou:- Estivemos na aldeia observando seusmoradores, acho que podemos contar com aajuda do comerciante José que não é tãomedroso e é curioso. Talvez também com a do

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padre que é a pessoa mais instruída que vem aeste lugar. Ele estará na aldeia domingopróximo. O resto das pessoas daqui ou tem

medo em excesso ou é ignorante demais paradescobrir o que está acontecendo aqui. Também devemos ter cuidado, o pessoal daCasa Verde não é de brincadeira, poderiammatar quem bisbilhotasse.- Que acontecerá se alguém desencarnartentando58denunciar esta quadrilha? Será socorrido ou ogrupo de Xampay o pegaria para vingar? -perguntou Gregório preocupado.- Dependerá de muitas coisas. É por isso quedevemos ser cautelosos. Não podemos colocarem perigo a vida física de ninguém desta sofridaaldeia. Gregório, são os nossos atos que nos

levam a sermos socorridos ou não quandodesencarnamos. Uma pessoa com objetivo deajudar os jovens, ou pessoas que se viciam, estáagindo com honestidade e dignidade, porquepoderia querer pertencer ao bando e ganharmuito dinheiro. A intenção que tiver emdenunciar é boa, seria socorrido, pelo menos

não deixaríamos nas mãos do bando. Mas eletem o livre-arbítrio. Sendo bom, ficaria conosco,senão, poderia voltar e vagar pelo seu ex-lar oupelo Umbral, conforme lhe conviesse. Valemospelas nossas obras e a última é muitoimportante.

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- Bem, se é assim não precisamos preocupar sedesencarnar alguém...- Não, Gregório, a vida encarnada é muito

importante a todos nós. Não devemos exporninguém e não o faremos. Agiremos com omáximo cuidado. Planejando, sempreencontraremos como ajudar com segurança. Jair passou pelo rochedo, fui para sua casa.Estava com os dois sacos nas costas. Ambrózionos convidou:- Vamos à gruta e colocaremos nela aparelhosde transmissão, assim veremos o queacontecerá lá à noite. Ambrózio e eu nãonecessitávamos de aparelhos para ver osacontecimentos na gruta. Poderíamos de longeconcentrar na furna e ver tudo. Mas estavamconosco outros dois que não tinham ainda estacapacidade. Assim usamos deste recurso que

muitos trabalhadores do Bem usam para melhordesempenho de suas tarefas.59- Se não importarem, fico, - falou Gregório.- Mas ficará sozinho - objetei.- Bem, vou... replicou nosso jovem amigo.Os guardas estavam na entrada, entramos sem

que notassem e colocamos três minúsculosaparelhos de transmissão em cantosestratégicos. Saímos, Gregório suspirou aliviado.- Que aventura!- Vamos agora ver Jair - convidou-nos Ambrózio. Jair estava em casa, tomou banho e vestiu uma

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roupa que ganhou.Logo os membros da família chegaram.- Veja, mamãe, - falou o garoto contente - pedi

ao Sr. Euclides que quando tivesse roupasvelhas e brinquedos me desse. Ele me trouxetudo isso da sua casa da capital. Olhe quantascoisas, tem brinquedos para você, Milton.Olhavam encantados, as roupas serviriam paratodos. Havia utensílios de casa, dois cobertorese alguns brinquedos.- Que bom! Jair, você agradeceu o senhor? -indagou o pai.- Agradeci. A senhora gostou, mamãe?- Gostei. Mas não são coisas baratas para seremda família dele? As roupas parecem novas, semuso, e parecem servir a nós como medida, -replicou Sara preocupada.- Não reclame, mulher, - retrucou Jacó. -

Devemos agradecer, tudo tão bonito!- Pai, o senhor Euclides me pediu para dormir lá.Posso?- Claro, claro. Vá logo antes que escureça. Jair pediu a bênção aos pais para sair. Milton oobservou e comentou:- Jair, você está bonito com as roupas novas!

O menino nem respondeu, saiu e tomou o rumodo

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6061rochedo, deixando a família contente com os

presentes. Sara gostou, mas não ficou alegre.Seu coração estava amargurado, achando quealgo estava errado. Ambrózio afagou seuscabelos.- Calma, minha Nizá, calma, Sara! Aqui estoupara ajudá-la. Tudo dará certo!Sentindo os fluidos bondosos de Ambrózio, elaacalmou e foi preparar o jantar.Começara a escurecer. Voltamos ao rochedo,sentamos do outro lado da entrada da gruta.Ambrózio montou sua tela. Este aparelho éparecido com a televisão dos encarnados. Deum material desconhecido do mundo físico, finoe transparente. Temos aparelhos de diversostamanhos, onde se projetam imagens. A tela

que usamos no rochedo era de tamanho médio,cinqüenta centímetros de diâmetro.Começou a movimentação de desencarnados. Otrabalho estava marcado para ter início às vintee duas horas. Tínhamos que esperar e ficamosconversando. Cláudia falou dela.- Trabalho em combate às drogas há trinta anos.

Encarnada trabalhei numa farmácia e tive poroutras encarnações muitos conhecimentos deMedicina. Depois de algum tempo de meudesencarne, estudei Medicina numa Colônia deEstudo. Especializei-me em cuidar dedesencarnados viciados em tóxicos. Sinto em

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ver cada vez mais este vício aumentar de modoalarmante, pedi para fazer parte de um grupoque o combate. Faço parte de uma equipe

grande e trabalho com muita dedicação. Amo oque faço e me alegro com a recuperação decada infeliz viciado. Tentamos também ajudaros que traficam, porque estes cometem umgrave erro e, quando um deles nos atende, éuma grande vitória. As trevas lutam paraaumentar este vício que leva tantos a outroserros e crimes. Nós lutamos para recuperá-los etentamos evitar que muitos entrem nesta rodadolorosa.Olhamos com admiração para este espírito tãolaborioso e que amava o que fazia, dedicando-se com carinho a estes imprudentes que sedestroem nos tóxicos.Um pouquinho antes das vinte e uma horas, a

comitiva encarnada chegou trazendo muitascoisas. Ligamos o aparelho. Jair estava todo devermelho, calça e camisa, os cabelos estavampenteados para trás e lustrosos. Os encarnadosestavam com roupas estranhas, uns de preto,outros com roupas de capuz, outros enfeitadosdemais.

Começaram os preparativos, um encarnadoficou de guarda acompanhado por quatrodesencarnados. Eram doze encarnados e osdesencarnados foram chegando aos bandos.Gregório olhava tudo com os olhos arregalados.Cláudia estava séria. Ambrózio e eu

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acostumados a socorrer desencarnadostrevosos olhávamos com tristeza. De dentro dascaixas, sacolas e pacotes que os encarnados

trouxeram foram tiradas, muitas garrafas debebidas de várias qualidades e pedaços grandesde carnes cruas de vários animais. Foramcolocados em cima de um caixote, tudo emfrente do altar. Várias velas coloridas foramacesas por toda a gruta. Também haviaalgumas frutas e pratos com alimentos. Osdesencarnados olhavam sem mexer em nada.Depois de tudo arrumado, os encarnadosposicionaram-se pelo salão e um deles pegouum tambor em tom baixo começou a tocarcompassadamente.Logo chegou o chefe desencarnado com seusacompanhantes, ou seja, seus guardasparticulares. U desencarnado incorporou em Jair

e os outros incorporaram62nos outros encarnados. Jair recebeu um sódesencarnado, os outros médiuns vários, ouseja, um encarnado recebia um após outro,faziam rodízio. Começaram a comer e a beber.Os pedaços de carne crua foram rapidamente

devorados. Os encarnados comiam, osdesencarnados sugavam as emanações, tantodos alimentos como os fluidos dos encarnados.Os desencarnados faziam dos encarnados alipresentes o que queriam, uns se arrastavampelo chão, outros dançavam alucinantemente.

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Xarote, desencarnado mau, gozador, usava Jaircomo seu médium, denominando-o de cavalo.Incorporar é um termo usado para se referir a

um intercâmbio entre os dois planos, oencarnado e o desencarnado. Desencarnadoseducados e instruídos só aproximam dosencarnados, entram em sintonia de mente amente. E os que usam deste intercâmbio parareceberem uma orientação em CentrosEspíritas, aproximam dos médiuns, sem contudoencostar, embora eu tenha visto, em algunslugares, aproximarem bem. Não é preciso odesencarnado aproximar tanto do médium seeste é estudioso e treinado, basta para ointercâmbio entrar em sintonia. Mas, osdesencarnados como descrevo aqui,aproximavam bem dos encarnados,encostavam, colavam, isto para sentirem mais

as sensações do corpo físico. Xarote fazia de Jairum cavalo, montava em suas costas, fazendo omenino curvar. Ambos estavam de vermelho.Xarote tinha em seu tornozelo uma espora comtrês pontas e de vez enquando dava umaesporada em Jair, machucando seu perispíritoque transmitia ao corpo físico. Eram os três

ferimentos no formato de triângulo que ele tinhana perna.A farra na gruta era total, o senhor da CasaVerde, Euclides, olhava tudo sorrindo. Colocouno altar uma vasilha com o pó branco, eracocaína pura. Em outra vasilha

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63colocou pó e galhos secos e pôs fogo.Deliciaram com o aroma exalado.

Chegaram mais desencarnados e trouxeram oitodesencarnados viciados que desfrutavam dacocaína no altar. Ambrózio explicou a Gregório.- São desencarnados viciados que o grupo usapara vampirizar encarnados. Trocando energiascom imprudentes encarnados, estas entidadesconseguem viciar outras pessoas.É bem triste ver desencarnados viciados, ficamdeformados, com o perispírito corroído, algunsnem parecem ser humanos.- Não conheço nenhum deste bando - comentouCláudia.Logo após se saciarem, estes viciados foramlevados embora.- Vou segui-los, - avisou Cláudia.

- Se me permitir, irei com você, disse. Cláudiaconcordou com a cabeça e Gregório preferiuficar com Ambrózio. Nós os seguimos sem quepercebessem. Volitaram devagar, atravessaramo Umbral e chegaram a uma cidade organizadapor mentes perversas. Paramos um poucoafastados.

- O grupo deve morar aqui - concluiu Cláudiaobservando tudo.- É uma cidade comum do Umbral.- Sim. A droga está se espalhando por todos oslugares com rapidez. Algum tempo atrás,organizavam grupos específicos, hoje, além

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destes grupos, em quase todas as cidades doUmbral há grupos viciados e traficantes. Vamosvoltar.

Em instantes estávamos no rochedo. Ambrózio eGregório assistiam a festa na caverna. Para osencarnados

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64Xarote era o chefe, porém era somente o porta-voz do chefe verdadeiro. Este chefe, espírito de

conhecimento, estava relativamente bemvestido, todo de preto com um cinto largo deouro na cintura, colares de pedras azuis evermelhas. Tinha muitos anéis de váriosformatos e tamanhos. Cabelos negros bempenteados e um bigode fino, olhos verdes eolhar cínico e maldoso. Observava tudocalmamente, gozando com a farra.Euclides aproximou-se de Jair e perguntou aodesencarnado incorporado.- Xarote, gostou das oferendas?Xarote olhou para o chefe, os dois comunicavampor telepatia, ele falava o que o chefe mandava.- O whisky estava meio fraco. Qualidade melhorda próxima vez.

- Sim, sim, - falou Euclides.- Quero outra festa daqui a trinta dias, numasexta-feira. Devem ficar atentos, desencarnadosabelhudos apareceram por aqui. Não esqueçamdos sacrifícios todos os dias às vinte e duashoras. Joguem o que sobrar no mar. Restos sãorestos.

- Xarote, - pediu Euclides - gostaria que meajudasse. - Tenho um comprador que me deveum bom dinheiro, era para pagar há dois dias enão o fez.- Qual o endereço? - indagou Xarote porintermédio de Jair.

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Euclides deu as informações.- Pode deixar, vamos lá e o faremos pagar.- Obrigado!

- Só isto? - perguntou Xarote.- Peço sempre guarda e orientação - disse odono da Casa Verde. - Não nos deixe serdescobertos.- Pode deixar, é do nosso interesse isto aqui.

65Xarote fez Jair comer, beber, fumar e dançar.Olhamos com tristeza os excessos queobrigavam o menino a fazer. Jair era médiumsemi-inconsciente. Quando Xarote resolveudeixar o médium, deixou-o caído no chão. Afesta acabou. Os desencarnados foram embora,deixando só dois guardas e os encarnados todosbêbados. Voltaram à Casa Verde.

Desligamos o transmissor.- Tantos acontecimentos estranhos! - comentouGregório. - Não pensei que existisse intercâmbiomediúnico deste jeito!- Encarnados e desencarnados se afinam eformam grupos. A mediunidade é um dom quese pode usar para o Bem ou para o mal

conforme a vontade de cada um, porque todostemos nosso livre-arbítrio. Estes grupos trocamfavores se enlaçando num emaranhado difícil dedesfazer - lamentou Cláudia suspirando.Realmente, tudo que vimos era estranho etriste.

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vBuscando Ajuda entre os EncarnadosAmbrózio teve que se ausentar. Cláudia reuniu-

se com sua equipe na Colônia a que estavafiliada, isto é, no lugar onde tinha seu cantinho,seu lar e onde, com sua equipe, recebia ordense orientação. Ela não tinha local fixo paratrabalhar, porque trabalhava com encarnadosou desencarnados em vários locais de socorro.Ia também aproveitar o encontro para relatar osacontecimentos que presenciou. Gregórioresolveu ficar no rochedo, porém avisou:- Só entrarei na gruta quando não estiverninguém lá. Vou só observar, não farei nadasozinho.Eu fui ao Posto de Socorro da região e aproveiteias horas em que ia ficar livre para colaborarneste local de auxílio, onde estavam abrigados

muitos necessitados. No horário marcado fui aorochedo. Encontrei os três a minha espera.Cláudia nos deu a notícia.- Minha equipe desconhecia a existência destegrupo e se colocou à disposição para qualquerajuda que necessitássemos.Alegremos. Gregório respondeu à indagação de

Ambrózio sobre o que havia acontecido nagruta.

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68Nem vestígio da festa, ficou só um guarda quedorme tranqüilo na certeza de que ninguém

vem aqui. Jair acordou cedo e limpou a gruta,pegou o resto da festa e jogou no mar. Depoisde tudo em ordem, foi para a Casa Verdedesfigurado e com grande ressaca.- Estas festas prejudicam muito o físico de Jaireu expliquei. - Esta vida agitada poderá levá-loà desencarnação precoce. Ainda bem queXarote não o faz cheirar ou tomar cocaína.- Aqueles que querem tirar proveito dos tóxicossó traficam, não viciam - elucidou Cláudia séria.- Lucram com a droga mas não se tornamescravos dela.- Vamos repartir as tarefas - opinou Ambrózio.Cláudia e eu vamos tirar informações sobreos desencarnados, iremos a sua cidade. Antônio

Carlos e Gregório irão se informar sobreEuclides, verificar se têm família e tudo sobresuas atividades. Também procurar saber sobreos encarnados do grupo, se têm lá alguém quepossa nos ajudar. Procurem visitar novamente ocomerciante e vão até o padre. Vamos nosencontrar aqui às vinte e uma horas. Boa sorte!

Ambrózio partiu com Cláudia. Gregório e eufomos até a Casa Verde. Todos os queestiveram na gruta dormiam. Poucostrabalhadores ali estavam, uns no laboratóriopreparando a erva, outros na limpeza da casa ena cozinha. Jair dormia no porão do laboratório.

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Postos de Socorro, que estudam e têm plenosconhecimentos de como viver sem o corpofísico, deixam de ter os reflexos das

necessidades da carne. Dormir é um dosreflexos. Desencarnados com conhecimentospassam vinte e quatro horas do dia em plenaatividade sem cansar, alimentar ou sentir osdissabores do físico. Gregório, lembro-lhe queconhecimentos não são regalias dos bons, sãodos espíritos laboriosos e estudiosos. Muitosdesencarnados maus sabem e vivem sem estasnecessidades, como o chefe que vimos na grutae que só olhava. Mas os bons fazem questão deensinar os que querem aprender, e osdesencarnados socorridos só não aprendem senão desejarem. Quanto aos desencarnados doUmbral e aos que vagam, são na maioriaociosos e não querem ou não gostam de

aprender, como também nem sempre têmquem os ensine, porque os maus sãonormalmente egoístas e não gostam de passarconhecimentos.

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70Só o fazem esperando tirar proveito.Desencarnados, como os que vemos aqui,

sentem as necessidades do corpo por estaremmuito materializados e por gostarem dosprazeres que o corpo lhe oferece. Ontem nafesta se excederam em tudo, agora dormemdescansando.Entramos no escritório e vimos tudo que nosinteressava, nomes de compradores efornecedores de produtos químicos que usavamno laboratório. Encontramos o endereço deEuclides e vimos um retrato de sua família. Tinha dois filhos, Marcelinho e Cíntia. Ele falavapara a família que trabalhava com compra evenda de mercadorias pelo Nordeste. Euclidescomprava os produtos químicos e pagava bemmais caro, os compradores revendiam a droga,

todos ganhavam muito dinheiro.Quando Gregório e eu entramos no escritório,nos foi fácil ver todos os documentos, mesmo osque estavam trancados no cofre e gavetas. Nãomexemos em nada materialmente. Bastou-nosconcentrar no cofre e ver o que existia lá e lertodos os documentos. Sabemos fazer isto.

Aprende-se em estudo nas Colônias, quando sequer trabalhar em ajuda a encarnados.Desencarnados que não sabem, quando queremdescobrir ficam perto dos encarnados quandoestes vão ver o que lhes interessa. Em casosraros, só com fluidos de encarnados, preferência

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de médiuns, os desencarnados conseguemmexer em gavetas e documentos. Se osdesencarnados são bons, deixam tudo em

ordem, senão podem deixar revirado. Se existealgum desencarnado familiar ou simpático nolugar, este não os deixa mexer. No nosso caso,os desencarnados que ali faziam guarda não nosviram, porém foi para ajudar que vimos tudo edeixamos tudo como encontramos.- Vamos agora - sugeriu - visitar o endereço quefoi citado ontem na festa.71Era uma mansão. Encontramos um homem bemaflito. Xarote com três companheiros aliestavam atormentando o indivíduo para quepagasse o que devia a Euclides. O homemestava nervoso, não dispunha da quantia. Porquinze minutos ficamos ali e o homem acabou

pedindo a quantia emprestada a juros altíssimose saiu para providenciar o pagamento. Osquatro riram gostosamente, foram acompanhá-lo para certificarem-se de que iria realmentepagar Euclides.- Puxa! Xarote deve ter vindo cedo para cá -exclamou Gregório.

- Aqui vieram para fazer que pagasse econseguiram. Infeliz das pessoas que entramnesta roda de tráfico e banditismo.Fomos à casa de Euclides. Morava com a famílianum bairro bom, casa muito bonita e de muitoconforto. Todos dormiam naquela manhã de

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sábado. A esposa, mulher fútil, amante do luxo,dormia despreocupada. Cíntia, mocinha bonita,estava acompanhada por entidades pervertidas.

Com apenas dezesseis anos já se prostituíasimplesmente por volúpia, julgava-se felizachando que se divertia. Os pais nada sabiam.Marcelinho dormia agitado. Bastou vê-lo parasaber que era viciado e já em altas doses.Acordou sentindo-se mal, havia marcas demuitas picadas pelo corpo. Sentou-se na cama,olhou as horas e resmungou em voz alta."Que festa a de ontem! Preciso tomar cuidadosenão mamãe irá perceber e certamente irácontar ao meu pai. Ele fala tanto que é para euficar longe das drogas. Se eles descobrirem quenão vou mais ao colégio e que uso o dinheirodas mensalidades para comprar drogas, irãopegar no meu pé. Maldita cocaína! Já não posso

viver sem ela! Não sei o que faço. Talvez se eucontar ao tio Mário, ele é

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bom e gosta de mim, poderá me ajudar. Ai, vou

vomitar!"- Talvez este tio Mário possa ajudá-lo - opinouGregório. Euclides trafica a droga e se preocupacom os filhos para que não se viciem. Mas elesabe que outros jovens a consomem. Talvezseja a cocaína que ele refina que está matandoseu filho único.- É triste ver jovens assim se destruindo,adoecendo o corpo perfeito, levando àdesencarnação precoce e a tantos sofrimentos.  Também entristeço com airresponsabilidade dos traficantes que tanto malespalham.Ajudei Marcelinho, dei-lhe um passe e fiz quevomitasse um pouco dos miasmas corrosivos

que tinha no organismo.Voltamos à Casa Verde. Agora todos já estavamacordados. Jair tomava uma refeição e após foiembora. Sentia o corpo todo dolorido, estavatriste e cansado. Foi andando devagar.Normalmente os desencarnados, como Xarote,cuidam do seu médium, não por bondade ou

carinho; às vezes podem até sentir amizade,mas o fazem para ter o médium para ointercâmbio ou para desfrutar os prazeres dacarne. Só o prazer interessa a estes espíritos.Xarote sabendo que se Jair viciasse não iria lheservir mais, não deixava que se drogasse, mas

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por ignorância fazia que se excedesse, nãolevando em conta a fraqueza do menino e suaidade.

Em casa, Jair tomou um banho e se deitou. Amãe preocupada ofereceu alimento que elerecusou. Jair ficou no leito quieto, sentia muitocansaço, logo depois dormiu.Fomos à casa do comerciante e fizemos quepensasse na Casa Verde. José pensou, matutouo porquê daquela casa ficar como queescondida e seus moradores serem tãoestranhos. Fizemos que pensasse no padre paraajudá-lo a descobrir. Ele gostou da idéia.Desencarnados sugerem73idéias a encarnados. Estas podem ser más ouboas, conforme a índole do desencarnado. Cabeao encarnado distinguir e aceitar ou não as

idéias sugeridas. Todos nós pensamos, sejamosencarnados ou desencarnados. As idéiassugeridas, como aconteceu com José, ele nempercebeu; achou, como a maioria, que erampensamentos próprios. Mas nem todas as idéiase pensamentos que temos são sugeridos.Ouvimos contentes ele falar à esposa:

- Prepare um bom almoço para amanhã. Vouconvidar o padre para almoçar conosco. Assimconversarei com ele calmamente.A mulher ficou contente, era religiosa e gostavado padre. José se pôs a fazer planos, agora semnossa interferência. Só ficamos ouvindo seus

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pensamentos. Ele ia convidar o padre paraespiar a Casa Verde dos Rochedos.Resolvemos, Gregório e eu, conhecer o Padre

Anderson. Era jovem, boa pessoa, estavaempenhado em ser um bom servo do Senhor.Com ele estava um desencarnado, que em vidafoi também um sacerdote. O desencarnadocumprimentou-nos sorrindo. Explicamos omotivo de nossa visita ao Vicente - assim sechamava. Ali estava para ajudar Padre Andersona auxiliar os encarnados que confiavam nele.- Não é fácil fazer Padre Anderson xeretar - eleargumentou. - Não gosta de se intrometer navida de ninguém. Vou tentar ajudá-los.Como tínhamos feito toda nossa tarefa,voltamos ao Posto de Socorro e ficamostrabalhando até a hora de encontrarmos comAmbrózio. Às vinte e uma hora lá estávamos e

trocamos informações. Gregório falou tudo oque pôde obter de informações e Ambróziocontou o que descobriu.- Os desencarnados deste bando estão filiados à

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cidade no Umbral que Antônio Carlos e Cláudia

viram ontem. Trocam favores com osencarnados. Aqui estão como poderiam estarcom quaisquer outros que vibrem como eles. Jair pertenceu ao grupo quando desencarnado. Todos, encarnados e desencarnados, sãoperturbados, encantados pelo dinheiro fácil oupor prazeres. Todos necessitam de orientaçãoque não querem no momento. Nosso trabalhoserá fazer com que a polícia descubra estaplantação e laboratório. Como também ajudarna recuperação de Jair. Vamos fazer tudo aonosso alcance para que o comerciante José e oPadre Anderson descubram e comuniquem àsautoridades encarnadas.- Posso pedir a algum dos meus companheiros

que trabalham com viciados na cidade ondereside Marcelinho para que tentem ajudá-lo? -perguntou Cláudia.- Isto será muito bom - concordou Ambrózio.Voltamos, agora os quatro, à casa do PadreAnderson. Nós o encontramos assistindotelevisão. Vicente nos recebeu gentilmente.

- Necessitamos muito dele - explicou Ambrózio.E a única pessoa com instrução que pode nosajudar.- Estou tentando fazer com que ele aceite oconvite que o comerciante José fará. Ele reluta,não gosta de andar e nem de se intrometer em

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assunto que não lhe diz respeito - falou Vicente.A atenção de Ambrózio foi para a estante cheiade livros. Depois de observá-la por instantes,

dirigiu-se a Vicente.- Este livro tem ótimas anotações sobre tóxicos.Peça ao Padre Anderson para dar uma olhada.- Padre Anderson já o leu - respondeu Vicente.Ele se interessa pelo assunto, mas como porestes lados não existem viciados, não prestoumuita atenção. Vou tentar.O Rochedo dos Amantes75Vicente, espírito amigo de muitas encarnaçõesde Padre Anderson, fixou nele seu olharbondoso e pediu para ler o livro. Insistiu por dezminutos, até que meio contrariado o padredesligou a televisão e foi à estante pegar umlivro.

- Não, este não! - insistiu Vicente olhando-o.Este! Isto! Agora leia!Vicente conseguiu que Padre Anderson pegasseo livro e folheasse abrindo-o onde nósqueríamos. Somos livres para atender asugestões ou não. Alegramos por ele teratendido. Enquanto Vicente tentava, ficamos

orando para que conseguisse. A parte do livroaberta mostrava desenhos da coca, explicandocomo era a planta. Padre Anderson olhou, leualguns pedaços, depois guardou o livro earrumou-se para deitar. No leito, ele orou eaproveitamos para lhe transmitir fluidos

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autoritário. Um simples cidadão a me dizer oque devo fazer!Vicente o acalmou, levou-o ao corpo e veio ter

logo conosco gentil como sempre. Despedimo-nos dele que prometeu nos ajudar no que lhefosse possível. Nisto, Padre Anderson acordou elevantou para tomar água. Na sala resmungou:"Que sonho estranho, parecia real. Sonhei comum moço que me falou que devo tentar salvaros viciados do inferno. Que coisa!"Sabemos que o inferno não existe como PadreAnderson acreditava, porém Gregório falou comele de acordo com sua crença. E como isto foi oque mais lhe chamou atenção, acordou erecordou esta parte. Encontros assim sempredeixam alguma coisa ao encarnado, como idéiasou vontades.Rimos, Padre Anderson foi novamente deitar.

Gregório desculpou-se com Vicente.- Não quis ofendê-lo.- Ora, fez bem, ele lembrou só do que vocêfalou. É realmente obrigação dele e de todos,principalmente dos dirigentes espirituais, livrara humanidade dos vícios.Fomos ao Posto de Socorro, porque só iríamos

dar77continuidade à tarefa no outro dia. Pusemo-noscom prazer a trabalhar entre amigos. Cláudia foiencontrar sua equipe e veio contente com a

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notícia.- A equipe vai ajudar Marcelinho, encontramosseu tio Mário e podemos contar com a ajuda

deste senhor que é muito religioso e bom.Pela manhã reunimos e descemos ao rochedo.Ambrózio explicou:- Vamos procurar neutralizar os guardasdesencarnados para que não vejam o padre e ocomerciante por aqui.O guarda da gruta dormia, ali era fácil ser vigia,ninguém ia ao rochedo. Ambrózio e eu fixamosnele e desejamos que ficasse dormindo porhoras sem acordar. Não posso explicar comdetalhes este processo para não dificultarmoseste trabalho no futuro. É algo parecido comouma hipnose. Com força magnética, mental emoral superior à dele, ordenamos quecontinuasse a dormir pelo tempo que

queríamos, sem acordar. Findo o tempo fixado,ele acordaria normalmente e muitas vezes semperceber o que ocorreu. Com desencarnadosmaus, que tem conhecimentos, este processo émuito difícil e às vezes impossível de se realizar.- Vocês não vão tentar convencer ninguém amudar a forma de viver? - indagou Gregório

curioso. Não vamos tentar orientar este bandode desencarnados?- Na hora certa vamos falar com eles, convidá-los para ficar conosco, largar esta vida de errose conhecer o Amor, - falou Ambrózio.- Aceitarão? - Gregório voltou a perguntar.

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- Eles têm o livre-arbítrio para escolher, poucoscomo eles têm aceitado mudanças, porque estaforma de viver lhes agrada e não querem no

momento se modificar.

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78Não poderíamos forçá-los?- Não vejo necessidade, Gregório, - respondeu

Ambrózio. - As vezes, forçamos algunsdesencarnados, a pedido de encarnados queestão sendo por eles prejudicados. Emtrabalhos, quando defrontamos comdesencarnados trevosos, tentamos sempreconvencê-los a se modificarem para o Bem. Maspara tudo existe o tempo certo. Só quando oespírito tanto encarnado ou desencarnadoestá saturado de prazer ou 'de sofrer é quenormalmente busca outra realidade, averdadeira. Conosco aconteceu assim, com elestambém acontecerá. Creio que só com Xaroteiremos interferir. Ele e Jair estão muito ligados.Mesmo sendo o grupo desfeito, os doiscertamente ficarão juntos, assim sendo, não

poderemos ajudar o filho de Sara. Jair seminterferência de Xarote terá chance de sereabilitar.Gregório chegou perto do guarda adormecido.- Posso observá-lo melhor?Ambrózio concordou e nos aproximamos. Suavibração era muito primitiva, exalava um odor

desagradável. Sua fisionomia era feia, grosseira,lábios grossos e contraídos, as mãos estavamfechadas e a testa franzida. A beleza e a feiúradiferem no Plano Espiritual e no físico. Beleza,para os desencarnados no caminho doprogresso, é ter harmonia, equilíbrio e paz,

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independente dos traços fisionômicos, raça ecor. Não ser bonito é ser desprovido destesatributos.

Bastou fixar em sua mente para desfilar muitasmaldades cometidas por ele. Nãoaprofundamos, no momento não nosinteressavam as ações deste irmão. Quandofazemos isto é para ajuda ou para estudo.Entramos na gruta e Ambrózio virou a caveirachamando por Xampay, como vimos um guardaanteriormente79fazer. Não demorou, Xampay com dezoitodesencarnados chegaram e nós osadormecemos. Assim, evitaríamos que vissemPadre Anderson e o comerciante José nasredondezas. Só um guarda encarnado estava atrabalho na Casa Verde. Aproveitando que

estava com sono, também foi fácil fazê-lodormir.Fomos para perto dos encarnados dos quaisesperávamos ajuda. Padre Anderson aceitoucom prazer o convite para almoçar, com José.Durante o almoço, lembramos José para iniciar oassunto pelo qual estava bem curioso. E ele nos

atendeu. Falou de tudo, da possibilidade daCasa Verde ser esconderijo de bandidos, de terde fato assombrações, ou de ser moradia depessoas boas e caridosas que poderiam ajudar opadre com as obras assistenciais.Padre Anderson reclamou, não gostava de

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andar, teria que celebrar uma missa à noite.Vicente disse-lhe com autoridade.- Vá! Vá!

- Vou, - falou o padre quase sem querer. José levantou-se e quase o arrastou para fora. Tomaram o caminho do rochedo. Da aldeia parair à Casa Verde tinham que passar perto dorochedo. O padre foi reclamando, ora do calor,ora das pedras, mas foi.Chegaram ante as árvores e viram a plantação.Padre Anderson assustou-se e se pôs aexaminar uma folha.- Virgem Maria! Que plantas são estas embaixodestas árvores?- Dizem que são para fazer chá - disse José. - Outempero para gente importante. Estoudesconfiado! Algo estranho deve acontecer poraqui. Que plantação esquisita que tem que ser

cultivada embaixo de árvores, parece mais queas escondem. Será que chá dá tanto dinheiroassim?- Fique quieto - advertiu Padre Anderson. - Isto écoca!

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- Coca de coca-cola?

- Não, coca de cocaína. É uma plantação que fazmuito mal.- Veneno? credo! José se benzeu.- Veneno, - repetiu o padre. - Vamos voltarrápido e esconder. Aqui devem morar bandidosperigosos que certamente não gostam deintrometidos. Você, José, não deve falar aninguém que viemos aqui e nem que vimos aplantação. E você me disse que poderia sermoradia de pessoas boas que ajudariam aigreja.- Mas também falei que poderiam ser bandidos.- Como ia imaginar bandidos por aqui neste fimdo mundo?- Fim não senhor, começo.

- Começo, fim, - replicou o padre. - Você sabeonde termina ou começa o mundo?- Eu não sei. O senhor sabe?- Hum! - resmungou o padre. - Vamos embora,avisarei a polícia da capital, mas só quandochegar em casa. Para seu próprio bem, José,fique calado. Senão eu o excomungo.

- Credo! Virgem! Eu não falo, juro pela VirgemMaria.- Jura mesmo?- Juro!Padre Anderson entendeu que se José falassepoderia ser perigoso, os proprietários daquele

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antigo ginasial, o primeiro grau atualmente.Uma professora intercedeu por mim e aprefeitura me deu uma bolsa de estudo para o

colegial, que na cidade que morava era umcurso pago. Logo que acabei o colegial, arrumeium emprego num escritório de engenharia. Dr.Francisco, o engenheiro, queria um auxiliar quetivesse qualidades mínimas para desenhos eboa vontade de aprender. Fiz o teste, ganhei oemprego e fiquei muito contente. Sempre gosteide desenhar, admirava obras de arte,principalmente quadros e esculturas, ia àsbibliotecas e me encantava com os livros sobreo assunto. Sonhava em poder ser artista, em tercursos de desenho ou estudos para serconstrutor, um engenheiro, como Dr. Francisco.Mas não dispunha de recursos nem financeiros enem de saúde. Com meu ordenado, passei a

ajudar em casa, meus pais já envelheciam. Masera com remédios que gastava quase todo meusalário. Dr. Francisco era boa pessoa, simples einteligente, tinha paciência em me ensinar e euaprendia com incrível rapidez. Tornamo-nosbons amigos. Ele me dava roupas boas que elenão mais usava e minha mãe as reformava.

Passei então a andar bem vestido. Dr. Franciscopermitia que eu lesse seus livros de estudos epesquisas, chegava a me explicar o que nãoentendia. Costumava dizer:"Gregório, você é um engenheiro nato, só faltaestudar." Três anos passaram tranqüilos e foram

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os melhores que tive nesta encarnação. Dr.Francisco ficou viúvo, ele tinha duas filhaspequenas. Foi um período difícil para ele. Ajudei-

o como podia. Estava nessa ocasião com vinte etrês anos e nunca namorara. Saía pouco, osereno me fazia mal e estava sempre tossindo ecom o nariz destilando. Só eu e meu irmãocaçula estávamos solteiros. Meus pais semprecuidaram de mim e eu lhes era grato por isto.85Conheci Vitória quando ela foi ao escritórioconversar com Dr. Francisco. Era professora desua filha mais velha. Achei-a encantadora,educada, atenciosa. Começou a freqüentarmuito o escritório. Senti-me diferente, meentusiasmei e, quando percebi, já a amava. Umdia, depois de muito ensaiar, confessei meuamor. Ela me olhou séria, suspirou e falou

tentando ser o mais delicada possível:"Gregório, você é um bom rapaz e o consideromeu amigo. Mas já há um tempo que Franciscoe eu namoramos. Não percebeu? Planejamosnos casar logo, eu gosto muito dele. É melhoresquecermos essa nossa conversa. Não falarei aninguém sobre isto, nem a Francisco."

Saiu do escritório me deixando sozinho, segureipara não chorar. Sentia-me como um idiota.Achando mesmo que todos enamorados agemcomo idiotas. Talvez, se saísse de casa maisvezes, teria percebido que namoravam, os teriavisto juntos.

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Vitória cumpriu o que prometeu, não falou nadaa ninguém, mas diminuiu suas idas ao escritórioe, quando ia, me cumprimentava gentilmente,

porém não ficava conversando mais comigocomo antigamente. Tudo fiz para esquecê-la, mas não consegui.Resolvi começar a sair para passear, nãoesforcei mais para me alimentar direito e nãoliguei mais para tomar os remédios como antes.Como não era feio, muitas mocinhas seinteressaram por mim, aumentei meu círculo deamigos, mas não namorei ninguém. Por estarsempre como se estivesse gripado ou resfriado,escutava muitos comentários sobre o assunto.Um dia, uma garota me disse:"Gregório, por que você se trata com estemédico já velho? Por que não procura um bomespecialista?"

Comentei no escritório, Dr. Francisco me deutotal apoio, achando que deveria mesmo metratar. Tirei uns

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86dias de folga, fui a uma cidade grande, marqueiuma consulta com um médico de renome, um

especialista dos pulmões. O facultativo muitosimpático me pediu muitos exames em quegastei todas minhas economias, mas recebi odiagnóstico, estava com tuberculose. Nestaépoca era raro sarar desta doença. Senti medo,mas fui animado pelo bondoso médico. Tireilicença do emprego e fui para Campos do Jordãoe fiquei numa pensão por quatro meses. Meuspais, irmãos e até Dr. Francisco me ajudaramnas despesas. Senti-me bem melhor, voltei aoconsultório do especialista e novamente aosexames. A melhora foi aparente. Não querendosacrificar meus familiares, pois todos erampobres (minha mãe para me ajudar estavafazendo doces para vender, resolvi voltar para

minha cidade e continuar o tratamento lámesmo. Não saí mais para passear, só paratrabalhar. Mas como vi que colegas tinhammedo do contágio, pedi para fazer meu trabalhoem casa. Dr. Francisco ficou aliviado, assim,minha mãe buscava e levava para mim a tarefaque fazia antes no escritório. Vitória casou-se

com Francisco, continuei a amá-la. Piorei,sentia-me fraco, magro e abatido. Meses depois,senti-me tão mal, que mamãe me internou nohospital. Dr. Francisco e Vitória sempre iam mevisitar. Uma tarde, ela compareceu sozinha edisse segurando a minha mão:

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"Gregório, desculpe-me se o fiz sofrer, não eraminha intenção, quero-o bem como amigo, masamo muito Francisco."

"Vitória, seja feliz, gosto muito de vocês dois.Desculpe-me você se a perturbei - respondi comdificuldade.Dias depois, desencarnei. Adormeci e acordeinum outro hospital em uma Colônia. Não fizgrandes obras encarnado, passei pela vida namatéria e nada fiz de bom mas sofri compaciência e resignação, não fiz nada de mal,87 por isso mereci ser socorrido. Quis sarar elogo estava bem. Estava cansado de doença,imagine trinta anos doente. Certamente nãosofri à toa. No século passado, fui um grandearquiteto e tinha por ajudante Dr. Francisco queera casado com Vitória. Todos nós tínhamosoutros nomes, mas isso não importa. Que é um

nome? Um título que passa, tivemos muitos eteremos outros tantos. Eu era rico e importante,planejei e construí grandes obras e muitasprisões, sempre bem fechadas e de difíceisfugas. Dr. Francisco sempre me alertava que asprisões eram muito fechadas, com poucaventilação e que os presos ficariam doentes.

Mas eu não ligava para isto, elas eram bemaceitas. Apaixonei-me por Vitória, ela não cedeuao meu interesse, aguardei. Um dia, Dr.Francisco envolveu-se num crime; numa brigade bar, matou um homem. Poderia tê-lodefendido, mas não quis e nem o ajudei. Ele foi

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para uma das prisões que me ajudou aconstruir. Vitória passando muitas dificuldadesacabou sendo minha amante, porém ela nunca

deixou de amar Dr. Francisco. Quando ele saiuda prisão, estava muito doente, comtuberculose. Cansei de Vitória, deixei-a irembora com o Dr. Francisco e os ajudeifinanceiramente, mas ele logo desencarnou.Fiquei doente e sofri ao desencarnar. Apósmuito sofrer, fui socorrido e anos depois nosreencontramos. Os dois me perdoaram ereencarnamos. Na Terra há ainda necessidadesde prisões, mas que sejam planejadas comrespeito humano, que sejam um educandárioonde se trabalhe e estude. O remorso me fezadoecer, quis e senti que deveria ficar doente,porque muitos adoeceram por minhaimprudência, embora não fosse culpado por

alguém ter ido para a prisão. Sei agora quepoderia ter encarnado e ter feito o bem, ajudadopessoas e não precisava adoecer. Mas não mesentia apto, temia errar novamente, porque seique muitos planejam

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trabalhar para o Bem e, encarnados, se perdem

na ilusão da matéria. Sinto agora ter feito o quefiz no passado, mas não tenho mais remorsodestrutivo. Quero me preparar e voltar parareparar meus erros, fazer o Bem. Talvez comoconstrutor, para planejar escolas fabulosas ehospitais espetaculares.Gregório quietou-se e enxugou algumaslágrimas. Percebendo que nós o observávamos,tentou sorrir.- Desculpem-me, sou um tolo, penso que aindalevarei tempo para não me emocionar com osacontecimentos de minha vida.- Não, você não é tolo, - disse Ambrózio gentil.Quando reencarnar, com certeza teremos umgrande construtor que além de escolas,

hospitais, planejará penitenciárias modelo.- Por favor, prisões não...Rimos, olhei para Cláudia e convidei-a a falar.Depois de uma pausa, saiu da meditação enarrou sua bela história.- Venho de erros e mais erros nas minhasreencarnações. As plantas estão na natureza

para serem úteis. Contudo, sempre há abusos.Como a faca, útil para cortar alimentos, muitasvezes servindo para ferir e matar. Plantas quesão remédios balsâmicos, usados para viciarcriaturas levando-as à dependência, à mortefísica e a muitos sofrimentos. Gosto de

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pesquisar, há muitos anos, há milênios venhome dedicando à Medicina e sempre interessadaem ervas. Numa das minhas encarnações,

misturei ervas alucinógenas e testei emprisioneiros com o consentimento do rei. Queriaver os resultados das pesquisas. Vi com terrorseu poder de viciar. Senti muito o que fiz comaqueles pobres prisioneiros. Mas não parei depesquisar em todas as minhas encarnações.Nesta última, quis reencarnar como

89mulher e trabalhei numa farmácia com meumarido. Conhecimentos adquiridos podemadormecer com o esquecimento de encarnado,mas são nossos. Tinha muita facilidade empreparar remédios e maravilhava-me com aservas. Tinha duas filhinhas e vivia bem. Para

não ficar só eu de mulher na farmácia, contrateiuma moça para me ajudar. Ela era interessada eparecia querer aprender. Contente com ointeresse, expliquei a ela muito do que sabia."Aqui está uma mistura bem venenosa, " disseeu a ela. Este remédio pode matar rápido. Testei em ratos e deu certo."

Depois vim a saber que esta droga bem simplesde preparar, fora eu quem descobrira em umadas minhas encarnações passadas. Um dia,após tomar um refresco oferecido por minhaajudante, desencarnei. Só mais tarde, quandosocorrida, vim a saber que fui assassinada.

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Minha ajudante apaixonou-se pelo meu maridoe resolveu me afastar do caminho me matando.Perdoei-a, meu marido não soube e nem

participou do meu assassinato, mas acaboucasando com ela. Preocupei-me com minhasfilhas, mas minha sogra as levou para sua casalogo que desencarnei e ela as criou muito bem.Muitos anos depois, socorri minha ex-ajudante,ela me pediu perdão e eu a perdoei. Logo apósser socorrida, interessei-me pelos assuntos quetanto amo, Medicina e ervas. Plantas tão úteisque em mãos de inconseqüentes tornam-se tãoperigosas e nocivas. Após um treino e muitoestudo, resolvi trabalhar em ajuda dos queabusam delas, das nossas plantas. Este trabalhotem me ajudado muito, educo-me, aprendo epreparo para que ao reencarnar, venha ser umaespecialista a ajudar muitos que ainda estão

presos aos vícios e abusos.Cláudia calou-se pondo fim a sua narrativa.Quietamos por instantes, pensando talvez cadaqual na sua

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90vida. Sempre temos objetivos, planos que nodecorrer dos tempos podem ser mudados. Mas

que bom tê-los! Que felicidade é ver que comesforço, trabalho e perseverança conseguimostornar realidade nossos sonhos. E como é bom,ao termos feito, realizado estes objetivos, nosvermos mais ricos em conhecimentos eexperiências, para fazermos outros planos etentar alcançar outros objetivos. A vida não párae para nossa alegria temos sempreoportunidades de caminhar, fazer, aprender eplanejar...VIIConversando com o BandoVoltamos nossa atenção para José e PadreAnderson. O comerciante ficou preocupado comas recomendações do padre, resolveu não

contar nada a ninguém e esperou osacontecimentos com medo.Padre Anderson foi celebrar missa em outralocalidade e só à noite foi para casa. Em seu lar,pegou a lista telefônica e se pôs a procurar otelefone da delegacia da capital do estado.Nesta época a ligação telefônica não era tão

fácil como atualmente. Tinha que falar com atelefonista e marcar a ligação ou esperar tempopara que fosse completada.Cláudia que já tinha ido pesquisar a delegaciaque ia receber a informação nos trouxe anotícia:

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- Trabalha nesta delegacia Adalberto, umprofissional correto que investiga tóxico pelaregião. Ele deverá estar na delegacia amanhã

após as oito horas.Vicente ficou junto ao Padre Anderson quandoeste pegou o telefone e pediu à telefonista aligação. Com a informação de que levaria horas,Padre Anderson pediu então para que ficassepara o outro dia, após as oito horas. Estavacansado e queria dormir.

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92Enquanto aguardávamos, fomos ver Jair. Esteestava triste, aborrecido, não tinha saído de

casa, não foi à missa com a família; sempredava desculpa e não ia. Estava com vontade deir embora daquele lugar, a aldeia o chateava.Foi quando vimos Xarote se aproximar, os doisforam para o fundo do quintal e, num tronco deuma árvore, Jair pegou uma garrafa de cachaçae bebeu de um só gole uns quatro dedos dolíquido. Depois a escondeu novamente etomaram o rumo da praia. Xarote gostava de Jair, prejudicava-o inconscientemente, porignorância, pensando mesmo que até o ajudava.E a explicação de Ambrózio sobre este assuntonos foi de grande valia.- Todos nós temos que nos esforçar paraaprender. Vivemos sem conhecimentos, porém

sem estes não seremos tão úteis e nemviveremos com aproveitamento que se poderiater. Uma pessoa analfabeta vive, mas se sabeler vive melhor e se tem conhecimentoaproveita mais a oportunidade da encarnação.Em todos os setores, seja doméstico,profissional e social, conhecimentos ajudam

muito. E espiritualmente também. Estudar,conhecer a religião que se pratica traz acompreensão desta e conseqüentemente umareligiosidade maior. Médiuns não fogem à regra.Encontramos médiuns em muitas religiões e,atualmente no Brasil, muitos destes sensitivos

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procuram explicações do que sentem nasdiversas religiões que usam da mediunidade,para intercâmbio entre desencarnados e

encarnados. Infelizmente em tudo que existe háabusos. Mas : muitos por ignorância agem como Jair e Xarote, porque a ignorância existe emmuitos encarnados e desencarnados.

Jair por desconhecer o que é um intercâmbiosério entre os dois planos acha que tudo quelhe acontece é normal e Xarote pensa queprotege o garoto e o prejudica- São culpados? -indagou Gregório a Ambrózio.93- Aquele que não sabe das ordens do Senhor eerrou receberá poucos açoites - disse o Mestre Jesus. Mas receberá porque, Gregório, todos nóstemos a noção do Bem e do Mal. Muitospreferem a porta larga da facilidade, estudar e

aprender pode ser dificultoso a espíritosociosos. Muitos infelizmente estão agindo como Jair e Xarote, fazendo favores um ao outro semquerer analisar se estão certos ou errados ou seeles se prejudicam mutuamente. Jair logo voltou sozinho e foi dormir. Cláudiavisitou Marcelinho, filho de Euclides, e nos

informou o que seus amigos descobriram sobreele.- Marcelinho está em perigo. Viciado, já nãoconsegue ficar sem a droga. Começa a venderobjetos pessoais como também a revender adroga para amigos. Ele a compra de um

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traficante que por sua vez é um vendedor deEuclides. Ele está se destruindo com o tóxicoque seu pai planta e prepara. Localizamos seu

tio Mário; é boa pessoa, professor, casado ecom filhos que são bons adolescentes. Masatravessa um período difícil, ganha pouco e estácom a esposa doente. Achamos que mesmoassim, ele pode ajudar Marcelinho.- Vamos tentar aconselhar Marcelinho, ele nosouvirá se quiser. Vamos também aproveitar queele já está com vontade de pedir ajuda ao tio eincentivá-lo a fazer. Muitos são os viciados emtóxico pelo Brasil e pelo mundo. Há os queincentivam ao vício tanto encarnados edesencarnados, como há também muitos quetêm ajudado na recuperação destes indivíduosnos dois planos, físico e espiritual. Todos quequerem ajuda a encontram. Mas somos livres e

ouvimos a quem queremos, bons ou maus. Nãopodemos forçar ninguém. Nossa ajuda aMarcelinho, como a tantos outros em situaçõessemelhantes, é de aconselhar e indicar ajuda;porém cabe ao indivíduo ajudar a si

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94mesmo, primeiramente querendo, depoispedindo e procurando o auxílio necessário.

Padre Anderson acordou cedo no outro dia evoltou a pesquisar no livro de sua estante."A planta que vi é coca mesmo.Logo depois, às oito horas da manhã a ligaçãoficou pronta e Adalberto por incentivo deCláudia atendeu o telefone. Padre Anderson seidentificou, porém pediu para ficar anônimo.Explicou detalhando ao policial sua descoberta.O policial agradeceu e Padre Anderson suspiroualiviado ao desligar.O policial Adalberto anotou detalhes, pesquisouno mapa e resolveu investigar junto com outrosdois policiais de sua confiança. Iriam à noite naregião, de lancha, e sem serem vistoscomprovariam se era verdadeira a denúncia.

- Não será perigoso esta investigação? - indagouGregório.Ambrózio respondeu amável como sempre.- Creio que não. São homens treinados, vãoarmados e com rádio, e a qualquer perigochamarão por reforço. Sabem do perigo e serãocautelosos.

Enquanto esperávamos o anoitecer, fomos aoPosto de Socorro onde ajudamos seustrabalhadores em suas inúmeras tarefas.Eram vinte horas quando nos dirigimos à gruta.No rochedo, Ambrózio esclareceu Gregório.- Gregório, vamos entrar na gruta e conversar

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com o bando. Vamos nos tornar visíveis a eles.Não temendo e confiando, eles não poderãofazer nada conosco. Convidoo a vir também.

- Irei sim, confio em vocês e sei que o queescutarei será de grande proveito para mim.Gostaria de saber por que muitos do bando têmnomes tão estranhos.95- São apelidos. Não são todos os desencarnados,vivendo por um período na maldade, que agemassim. Achando que os nomes exóticos osfazem mais importantes, adotam apelidos quepodem parecer estranhos ou engraçados, porémdiferentes. Normalmente tiveram na últimaencarnação nomes comuns e como não queremparecer vulgares, inventam apelidos.Entramos na gruta, Ambrózio virou o crâniochamando pelo grupo desencarnado. Vieram

dez deles. Ambrózio falou:- Senhores e senhoras, temos muito queconversar. Por favor, que um de vocês chametodo o grupo.- O chefe não irá gostar da invasão - disse umdeles. - É melhor vocês saírem daqui.- Se invadimos, é melhor você ir chamá-lo.

Porque não iremos sair daqui e vocês nãopoderão nos tirar.Fizeram uma rodinha e cochicharam, concluíramque era melhor chamar todos. Três deles saírame os outros ficaram nos observando.Esta conversa tinha duas finalidades. Como

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Ambrózio já falara a Gregório, iam todos dobando ter oportunidade de mudar a forma deviver, e a conversa seria neste horário para que

todos reunidos não vissem os policiais pelaredondeza. Esperamos por quarenta e cincominutos e aí eles foram chegando. Conhecíamostodos, já os víramos na festa e de guarda pelaredondeza. O chefe louro veio também e ficouquieto no meio deles. Entraram com muitasarmas com as quais pensavam impor respeito.Estávamos Ambrózio, Cláudia, Gregório e eutranqüilos, em pé e quietos. Quando todoschegaram, Ambrózio falou:- Peço-lhes licença por estar aqui entre vocês.- Veio à nossa gruta sem licença, - retrucouXampay.

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96

- Sua? De vocês? - indagou Ambrózio. - O que

realmente nos pertence? Não, meu amigo, usamdeste lugar, mas ele lhes pertence?- Xi, vai nos dizer que pertence a Deus, riuXampay.- E você contesta este fato? - perguntoucalmamente Ambrózio. Se contesta, diga-nos oporquê.- Ora, fale logo por que veio, - falou Xampayraivoso. - Querem droga? Mudou o tom de vozpara irônico.- Podemos repartir, tem para todos.- Não, não queremos tóxico. Viemos paraconversar. Esta organização deve serdesmanchada. Os encarnados devem serdescobertos

O chefe louro deu o primeiro sinal deinsatisfação. Olhou-nos furioso, mas nada falou.Xampay continuou a falar.- Permaneceremos unidos. E vocês não podeminterferir na nossa maneira de viver. Se Deuspermite, por que vocês não?Tudo nos é permitido - continuou Ambrózio mas

nem tudo nos convém. Viemos conversar e nãointerferir. Todos nossos atos a nós pertencem eteremos um dia de sentir as conseqüências boasou más deles. Quem faz o mal, a si o faz. Porque se gabam de serem livres se são escravosde seus vícios e procedem como empregados a

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obedecer chefes?- Claro que somos livres! - repetiram juntosalguns deles.

Particularmente, agimos como narro a estesirmãos no erro, sejam encarnados edesencarnados. Mas, cada caso é um fatodiferente e nem sempre há desencarnadostrabalhadores do Bem envolvidos em tramasassim. 97- Não, meus amigos, - replicou Ambrózio. -Ninguém é livre quando se afunda num mar delama. Ninguém é feliz e livre distanciado do Pai,infelicitando o próximo e vivendo em erros.Vocês sabem que terão a reação de cada açãoerrada. Temos sempre a oportunidade dareparação pelo Amor, mas sabem também quea dor, quando se recusa a oportunidade do Bem,vem para ensinar. Vivem com esta expectativa

e com medo um do outro. O filho que se afastado Pai só pode ser infeliz.Cochicharam, muitos queriam sair, outros, aténos atacar, porém o chefe e seus principaiscolaboradores sabiam que se nós quiséssemoseles não iriam conseguir sair dali; resolveramficar e continuar a conversa. Enquanto

cochichavam, ficamos em silêncio aguardando.Quando aquietaram, Ambrózio falou:- Aqui estamos não para competir forças. Simpara alertá-los que existe outra forma de viver.Somos desencarnados como vocês, somentenos diferenciando por tentar seguir o Bem.

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 Temos o mesmo caminho a percorrer. Nósestamos caminhando para o progresso e vocêspararam. A lei do progresso é para todos. Temos

que ir em frente ou pelo Amor ou pela Dor. Têmpermissão para parar, mas quanto durará estaparada? Nós os convidamos neste momento acaminhar. Estamos aqui oferecendo ajuda parauma mudança de vida, para que sigam comcompreensão e amor. Nossos erros estão emnós e não conseguimos fugir de nossas ações.Pensem sinceramente e analisem. São felizes?Ninguém é venturoso separado do Criador. Sóseguindo o Bem é que teremos a Paz que noslevará a ser feliz. Não estamos interferindo navida de vocês e nem queremos obrigá-los amudar. Mas os convidamos para uma novaforma de viver. Para a mudança ser duradoura énecessário que tenha como nascimento a

compreensão

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98 da alma e a visão das conseqüências daspróprias ações. Aqui viemos a pedido de umapessoa que preocupada com os erros de um

ente querido, porque está ciente dasconseqüências dolorosas que certamentesurgirão destas atitudes, pediu auxílio ao Alto eviemos em nome do Amor impedir que continuea seguir no erro. Mas, como todo Bem não écircunscrito a um indivíduo, queremos queatinja todos vocês, estando aí a razão doconvite que lhes fazemos. Vocês têm aliberdade de ser como são, só que, continuando,serão cada vez mais insatisfeitos e temerãocada vez mais o retorno de suas ações.Queremos que pelo menos agora sejam sincerosconsigo próprios. Vocês têm agido comincoerência e com estupidez. Pensam no futuro?Um dia este futuro será presente. E como será a

vida de vocês? Nós não somos santos, falamoscomo companheiros que também tropeçaramno caminho percorrido. Convidamos não comosuperiores, mas como aqueles que anseiam queoutros tenham a mesma Paz que desfrutam.Fez-se silêncio por alguns segundos. Um deleslevantou a mão e falou alto:

- Posso fazer algumas perguntas?- Sim, pode, - respondeu Ambrózio.- Se formos com vocês seremos obrigados areencarnar?- Todos nós devemos voltar para continuarnossa educação. Mas caberá a você decidir a

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época, será aconselhado a estudar, a trabalharsendo útil, a preparar-se para voltar a usar avestimenta carnal.

- Para onde querem nos levar serei livre? -indagou um outro.- Sim, será livre. Nos Postos de Socorro, nasColônias onde moramos não há escravos -esclareceu Ambrózio com gentileza. - Teráliberdade, mas dentro do

99nosso padrão, temos ordem e disciplina a seremseguidas. Liberdade consiste em não interferirna liberdade de outrem. Levaremos vocês parauma escola, onde farão um estudo básico. Nesteperíodo não poderão sair, após tê-lo concluídopoderão escolher o caminho a seguir. Tereioutro chefe? - indagou uma moça.

- Não temos chefes. Terão instrutores amigosque os tratarão como irmãos, não se temcastigos e nem serão obrigados a nada.- Pelo que sei, para onde nos levarão os queficaram não poderão nos buscar. Mas, quandoencarnarmos, aí poderão se vingar.- Colheremos do que plantamos. Não estarão

isentos destes ataques. Entretanto, o tempopassa, teremos outros afazeres e estes quevocês temem também terão. Depois, podem atéreencarnar em outros países.Ambrózio respondia gentilmente, só umgrupinho perguntava, os outros ficavam quietos.

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A força moral põe respeito, se fossemdesencarnados sem preparo e conhecimento afalar com eles, seria outra a reação, iriam gritar,

vaiar e debochar. Mas sentiam-nos mais fortes eescutavam, embora sorrisos cínicos bailassemnos lábios de muitos. O chefe justificou queficou curioso, por isso nos escutou. Eramcuriosos, mas sentiam, sabiam que escutavamverdades.Como são desencarnados, sem educação, sembons modos e rebeldes, são conduzidos aescolas especiais de recuperação que existemdentro de algumas Colônias, onde ficam sempoder sair, porque ainda, infelizmente, não têmcondições para viver livres pelas Colônias ouCasas de Auxílio nos Planos Espirituais. Após oaprendizado, podem ser moradores desteslugares de ordem e tranqüilidade. Como não

estão doentes, não podem ser conduzidos ahospitais. Estão ativos, querem atividades eestas escolas oferecem um curso especializadoa eles, com muito proveito.

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100A- Lá só rezam? - voltou a inquirir a moça.- Agora não estamos orando e somos habitantes

de Colônias. Rendemos graças ao Criador,porque isto nos faz bem. Temos lazeres,estudamos e trabalhamos.- Senhor, eu sou viciado, agüentarei ficar sem adroga? - quis saber um outro.- Temos tratamentos especiais. Você poderá seinternar em um dos nossos hospitais erecuperar-se. Um dia terá que enfrentar seuvício e, com nossa ajuda, vencerá.Xampay que escutara quieto, resolveuperguntar e o fez irônico.- Quem foi o imbecil que pediu ajuda a vocês?- Que importa isto? Aqui estamos em nome de Jesus, irmãos ajudando outros.O moço que fizera perguntas deu uns passos à

frente e argumentou:- Quando encarnado, fui religioso, e olhe comofiquei desencarnado.Ambrózio o olhou com carinho e respondeu. Avoz do nosso amigo era clara e agradável epronunciava as palavras com tanto carisma quetodos prestavam atenção.

- Religiões são muitas, deveriam todas ser setasno caminho do progresso espiritual dahumanidade. Entretanto muito tem o homemerrado em nome das religiões. Ninguém quesiga com sinceridade os ensinamentos de Jesusse perderá na ilusão. Religiões, amigo, foram e

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são criadas ao sabor da interpretação de algunslíderes que poderiam até caracterizá-las comoseitas e não como religiões. Seus

administradores na maioria não são idôneospara interpretar ou para instruir o espírito daletra. São homens ainda escravos docondicionamento que construíram através dacaminhada da humanidade. Jesus deixou suasparábolas não explicadas. Precisamos estudar,meditar e nos

101esforçar muito para compreender o sentidoEspiritual de cada uma. Como muitos ainda nãotêm a compreensão verdadeira, interpretam àsua maneira, ou ao sabor dos seus desejos econquistas, sejam elas materiais ou espirituais.Você foi religioso, cultivou as exigências rituais

para conquistar direitos espirituais. Você foiavarento espiritual, o verdadeiro discípulo servepor compreensão e não para receber prêmiosdo seu mestre. Por isto convido-o para convivercom algumas pessoas que estão acima deprêmios e castigos e que descobriram aliberdade e o prazer de servir por compreensão,

que é o sinônimo de Amor. Amor não é sinônimode paixão e nem de conquista. Todos quietaram e Ambrózio deu por encerradaa reunião. O chefe louro foi o primeiro a sair efoi seguido por todos, ou quase todos. Alificaram oito dos desencarnados. Todos de

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cabeça baixa e o moço que muito perguntoupediu:- Senhor, queremos que nos leve daqui.

Gregório conseguiu ficar quieto, o tempo todoobservando tudo. Não se conteve após a saídado bando e se dirigiu a Ambrózio.- Por que não forçar todos a mudar de vida?- Forçar todos a mudar de vida seria adestruição do livre-arbítrio. Ninguém seriaculpado de seus erros, como também não sepoderia dizer feliz por ter acertado. Os animaisnão são culpados por terem feito algumasagressões e nem agraciados por terem amor àsua prole ou bando. O homem recebeu de Deusa capacidade de arquivar suas experiências.Está entre dois extremos, o Bem e o Mal.Conhecendo estas duas forças, ele é livre paraseguir o caminho que quer. Jesus nos disse que

o Mal sempre teremos. O Mal há de existir, masai daquele que assim age. Quem é oprejudicado por cometê-lo? Ele vem em prejuízo

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102de quem? De quem o pratica certamente. Equem o pratica? O homem. Portanto Bem e Mal

estão circunscritos a um estado de vida do serhumano. Nós temos a liberdade de construir umou outro para nós mesmos.- Não irão tirar proveito de nada do queouviram?- perguntou novamente Gregório atônito.- Ficará em suas mentes gravado o que sepassou aqui - continuou Ambrózio esclarecendo.- Foi uma semente jogada. Esperemos que estasementinha venha um dia brotar, levando-os aquerer mudar e buscar socorro.- Xarote não ficou - frisou Cláudia.- Por enquanto necessitamos de Xarote perto de Jair. Mais tarde falaremos com ele em particular.Ambrózio reuniu os oito que ficaram, fizemos

um círculo e nosso companheiro orou por eles.- Pai Misericordioso, escutai nossas vozes.Abençoai-nos nesta hora, iluminando nossamente, levando-nos a despertar para o Amor.Fazei que tomemos o caminho certo para quepossamos, Pai, chamar por Vossa ajuda sem nosenvergonharmos. Nossos erros são muitos mas

Vosso Amor é maior. Perdoai-nos, Pai, e dai-nosforças para render ao Vosso Amor Eterno.Uma senhora ficara a chorar sentida, íamostransportá-los para a Escola de Regeneração daColônia onde trabalhávamos no momento,quando ela se ajoelhou na frente de Ambrózio e

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pediu comovida:- Por favor, senhor, me deixe falar. Necessitodizer a vocês algo sobre mim. Preciso! Me deixe

falar, por favor!VIIIA Senhora do SolarAmbrózio pegou na mão da senhora e a fezsentar, todos nós sentamos em círculo. Nossocompanheiro sorriu e lhe falou bondosamente.- Filha, lágrimas sinceras nos lavam. Senecessita tanto assim falar, faça-o, escutaremoscom atenção.Por instantes só se ouvia o choro dela. Aospoucos ela foi se acalmando e se pôs a falar.- Chamo Maria Socorro, sou a senhora do solar,ou melhor, fui por uns tempos. O solar nemmais existe, é agora uma ruína. Fui casada naminha última encarnação com o senhor do solar.

O proprietário de uma casa muito linda numacidadezinha próspera que se desenvolvia comrapidez. Meu marido Alan era um comerciantehábil e seus negócios eram seguros e rentáveis.Vivíamos felizes, eu era bonita e tudo fazia paraagradar meu esposo. Tivemos um casal defilhos. Minha filha tinha oito anos e meu filho ia

fazer seis anos, quando ocorreu uma desgraça.Meu filho foi com Alan verificar uma mercadoriaque havia chegado no porto em um navio eaconteceu um acidente. Uma carga caiu emcima do menino e ele desencarnou na hora.Choramos muito. Culpei meu marido

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inconscientemente

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104pelo desenlace do menino. Acompanhava-os naocasião Lisbela, a babá do garoto. Ela me

pareceu sofrer muito com o ocorrido. A babános contou que o menino saiu de perto dela aprocura do pai e a carga lhe caiu em cima.Fiquei muito triste, mas, como toda dor o temposuaviza, pensamos em ter outros filhos.Engravidei, o parto complicou e desencarnamos,a criança e eu.Fui socorrida, mas não fiquei no local onde fuiabrigada. Achei que era necessária ao lar evoltei. Amava demasiado aquela casa, foiconstruída como queria, decorei-a com carinho.Ali era meu lar e ali ia ficar. Mas logo vi adiferença, já não era mais a senhora. Meuesposo sentiu meu desencarne, porém nãotanto como eu queria que sentisse. Só minha

filhinha sentia sinceramente minha falta. Nemos empregados sentiram meu desencarne,então entendi, eles me achavam grosseira eexigente. Levei um choque quando vi que Alanencontrava com Lisbela, eram amantes. Lisbelaera atraente e interesseira, odiei-a com todas asminhas forças. Ela era viúva e tinha dois filhos

um pouco mais velhos que minha filha quecompletara onze anos. A intenção de Alan eratê-la só como amante, mas acabou apaixonadopor ela e criava seus dois filhos quase como sefossem dele.Revoltei-me. Cheguei à conclusão que os dois,

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no dia do acidente em que meu filhodesencarnou, descuidaram dele para ter umencontro amoroso. Mais tarde, anos depois, vim

a saber que tinha sido isto mesmo. Os doisforam para uma casa perto do porto e deixaramo menino com um empregado. Ele saiu àprocura do pai indo para um local perigoso eaconteceu o acidente. Erraram, mas nãointencionalmente.Quis interferir na relação deles, no entanto mevi impotente. Gritava pela casa:105Odeio-os! Odeio-os!"Um dia, tive duas surpresas. Alan decidiu casarcom Lisbela, que estava grávida. Isto me fezdesesperar. A outra surpresa foi que andandoalucinada pelo solar de repente vi minhafilhinha, ela veio encontrar comigo. Abraçamo-

nos fortemente. Então percebi que o corpo deladormia, ela saiu em perispírito e veio tercomigo. Minha filha Helena até então estavaconformada com a situação, sentia minha falta,mas gostava de Lisbela que a tratava bem,como também se afeiçoara aos dois filhos dela,que eram seus companheiros de estudos e

brincadeiras.Falei a Helena do meu ódio. Contei-lhe do meumodo os acontecimentos."Helena, você não pode permitir o casamentode seu pai com esta assassina. Os dois mataramseu irmão, me traíram. Você tem que odiá-los."

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Helena ficou inquieta, voltou ao corpo e acordouindisposta. Preocupada, fiquei ao seu lado,começando assim um processo de obsessão.

Obsidiei minha filhinha. Perto dela sentia-memelhor, passei a vampirizá-la, a lhe roubarenergias e ela começou a sentir meus fluidosnocivos de ódio e angústia. Helena mudou,pediu ao pai que não se casasse com Lisbela,Alan estranhou o pedido e a repreendeu dizendocoisas grosseiras. Que ia se casar e não iaatender um pedido bobo de menina caprichosa.Alan casou-se e eu com mais ódio passei a ficarmais com Helena. Ela tinha que se vingar delespara mim. Helena mudou, tornou-se triste,angustiada e doente. Alan preocupou-se muitocom a filha como também Lisbela que teve umfilho. O rancor de Helena era conhecido portodos os amigos e parentes que também não

aceitaram muito o segundo casamento de Alancom uma simples empregada doméstica.

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106

Helena queria que o pai se separasse de Lisbela,

se ele não fizesse isto, ela prometeu não falarmais com ele. Alan sofria, gostava de Lisbela etemia perder a filha. Lembrava muito dadesencarnação do filho por quem muito sofreu,como também ao seu modo sofreu com a minhadesencarnação. Não queria separar da esposa esofria por ver a filha naquele estado.Mas acabei por perder o controle sobre Helena.Ela se envolveu tanto com meu ódio que passoua odiar. Planejou uma grande vingança. Nocomeço não entendi bem seus planos, só fiqueisabendo quando tudo estava pronto e não pudeevitar.Nesta ocasião, Lisbela estava grávidanovamente e Helena tinha quase dezesseis

anos. Alan e Lisbela estavam com idéia de casá-la para ver se tudo melhorava. Ela pareceuaceitar a idéia, disse que o pai podia dar umafesta para que conhecesse o pretendente à suamão. Exigiu que a festa fosse organizada por elae na ocasião faria as pazes com o pai emadrasta. Aceitando as exigências, Helena

convidou todas as pessoas importantes dacidade, os parentes e amigos do pai. Contratoumais empregados, organizou tudo para sairperfeito. Alan sentiu-se melhor, achou que osproblemas em relação à filha haviam acabado.Mas Helena preparava outra coisa. No subúrbio

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da cidade morava uma senhora já bem velhaque todos chamavam de doida e bruxa. Ela eradesprezada na cidade. Quando Helena era

pequena, ela e os filhos de Lisbela gostavam deir brincar perto da casa dessa senhora edescobriram que ela fazia um veneno quematava rápido. Um dia, as crianças viram essasenhora dar veneno para um gato e ele morrerem seguida. Minha filha procurou-a e pediu umadose do veneno. Disse que era para dar ao seucavalo que sofria por ter fraturado a perna.Explicou que107queria que o animal morresse tranqüilo como ogato que viu. Por um preço razoável, a senhoralhe deu o veneno. Entendi, então, a intenção daminha filha e desesperei piorando a situação.Helena era querida pelos empregados,

principalmente pelos mais velhos que a viramnascer. Enganou a velha cozinheira, que erauma senhora boa e que gostava muito dela.Ainda sinto gelar por dentro quando lembro oque ela propôs:"Prepare uma travessa bem grande, mandefazer uma que me caiba. Quero ficar dentro dela

linda e maravilhosa. Quando papai abrir atampa eu saio de dentro e o abraço. Mas ésurpresa e você tem que me prometer que nãofalará a ninguém.""Eu prometo! Mas estranho sua surpresa. Nãoirá estragar sua roupa?"

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"Claro que não. Vai ser uma surpresa e tanto!"O dia da festa chegou. Tudo arrumado. Atravessa foi colocada no meio da mesa que era

comprida. Helena exigiu muitas flores e o salãoficou lindo. Como combinado, Alan e Lisbela sódesceriam para a festa quando lhes fosseordenado. Helena vestiu um vestido branco,lindo e bordado. Vendo que tudo estava comoplanejou, mandou que saíssem os empregadosdo salão ficando só com a cozinheira que aajudou a deitar na travessa. Era uma peçabonita com a tampa toda trabalhada. Como foirecomendado, a cozinheira foi dar a ordem paraque avisassem os patrões para descer ao salão.Helena assim que percebeu que a cozinheirasaiu da sala, abriu um pouquinho a tampa etomou o veneno, mas para garantir que iriamorrer de fato e para parecer mais terrível a

cena que preparou, pegou um punhal que erado seu pai e se cortou. Foi cortando-se comoconseguia, pulsos

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108garganta e o peito; eram cortes superficiaismas que sangravam muito. Só parou quando se

sentiu mal e a visão foi enfraquecendo. Deixouo punhal sobre o peito e puxou a tampa ficandoquieta. Fez ainda uma expressão de horror paraparecer mais macabro. Mas nem necessitava, adesencarnação para ela foi um verdadeirohorrorOh, meu Deus! Que terrível foi vê-la assim.Fiquei desesperada ali no salão. Helenadesencarnou logo após, o veneno era eficaz.Seu corpo morreu, mas não seu espírito. Elaficou ali junto ao corpo a sentir o veneno lhecorroer como fogo e os cortes que doíamprofundamente.Alan e Lisbela desceram. O salão ficava na partetérrea, o solar era um sobrado. Ficaram

encantados com os arranjos, com a decoraçãoda festa e com a expectativa de fazer as pazescom Helena. Os convidados chegaram. Juntocom o recado para os pais, desceram para afesta, Helena mandou também dizer que foratrocar de roupa e que desceria logo para osalão. Todos que foram convidados vieram e

ansiavam pelo início da festa. Mas Helenademorava e o pai mandou os empregados atrásdela, não a encontrando. A cozinheirainocentemente mandou dizer a Alan que abrissea travessa grande do centro da mesa, poisHelena ali se escondera para uma surpresa.

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Alan estranhou, pressentiu uma desgraça, aflitoabriu a travessa. Gritos pelo salão. Lá estavaminha filha, minha filhinha morta com muito

sangue pela roupa, com os olhos arregalados deterror. Para mim era pior, não só via seu corpo,como também via seu eu verdadeiro, seuespírito junto ao corpo desfalecido. Tentei tirá-la, desligá-la do seu corpo morto, não consegui.Lisbela desmaiou e Alan sofreu demasiado. Foiuma tristeza. Uma festa macabra.Helena ficou unida ao seu físico, foi enterrada eviu

109seu corpo ser devorado por vermes.Fiquei junto dela, sofria, mas ela sofria muitomais. Depois de muito tempo de grandes dorese agonias, consegui tirá-la do cemitério e a levei

para o solar. Já tinha nascido o outro filho deLisbela. Alan e sua segunda esposa não eramfelizes, estavam tristes e deprimidos. Cuidei deHelena como podia. Ela ficava muito no seuantigo quarto, que após sua desencarnação foifechado. Sofria muito, tinha dores fortes e acena que planejou com tantos detalhes não lhe

saía da mente levando-a ao desespero. Noperíodo que estive perto dela no cemitério,esqueci dos dois, da minha vingança. Ao voltarno solar meu ódio voltou e com mais furor. Eleseram culpados. Lisbela teve mais outro filho,mas os outros dois do seu primeiro casamento

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foram para a guerra e desencarnaram. Foi maisuma perda e sofreram muito.Um dia vieram socorrer Helena. Explicaram-me

que ela se arrependeu e pediu ajuda a NossaSenhora e que eles, trabalhadores do Bem, alevariam para ser auxiliada. Convidaram-mepara ir junto, recusei.No Solar fiquei. Alan desencarnou e logo depoisLisbela. Nós três trocamos injúrias. Eu os acuseie os doisAquele que mata seu corpo acarreta muitasdores. Porém na Espiritualidade não há regrageral. Tudo é analisado com muita justiça.Mesmo obsediada, Helena teve o livre-arbítriopara fazer o que fez. O remorso e oarrependimento fazem com que suicidas sejamsocorridos. Devemos sempre com carinho orarpor pessoas imprudentes que cometeram este

ato, levando-as a se arrependerem e seremsocorridas. E familiares de pessoas quesuicidaram não se devem afligir. Devem pensarnelas com amor, perdoá-las e pedir para elas osocorro necessário. Deus é Pai Amoroso e nosatende sempre. E as pessoas que têm idéiassuicidas que lutem contra elas, porque não vale

a pena cometer este ato. 110Antônio Carlosa mim. Helena veio ao nosso encontro, nosreuniu e falou:"Amo vocês. Errei muito. Sofri. Não se podematar o corpo que Deus nos deu como fiz. Pedi

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perdão, fui perdoada e perdoei. Quero quevocês entendam que erraram, peçam perdãoum ao outro e a Deus e venham comigo,

necessitamos continuar nossa caminhada."Alan e Lisbela concordaram, mas eu não. Acheique não fiz nada de errado e não ia pedirperdão e nem perdoar."Mamãe, disse Helena, desencarnei de modoterrível, sofri muito, a senhora foi testemunhado meu sofrimento. Lembro-a que antes dasenhora voltar ao solar como desencarnada, euera quase feliz, tinha aceitado o casamento domeu pai. Foi sua obsessão que nos levou atantos acontecimentos ruins.""Filha ingrata! - gritei. - Está me jogando na caraa ajuda que me deu? O que fez não passou desua obrigação. Foi tola em suicidar, deveria termatado a impostora. Agora a odeio também!"

Os três foram embora. Fui vagar pelo Umbral.Mas não os esqueci, fiquei a vigiar sereencarnariam. Alan e Lisbela voltaram àmatéria e me pus a vigiá-los. Corretos e bonsseguiram a infância e adolescência, tendooutros nomes, naturalmente. Mocinho ainda eleengravidou uma namoradinha e Helena ia

reencarnar. Revoltei-me, percebi os planos dela.O casamento ou a união de seus pais não iadurar, não se amavam e nada tinham emcomum. Quando separassem, ela ficaria com opai que mais tarde conheceria Lisbela e esta acriaria como se fosse sua mãe. Gritei tanto para

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Lisbela, sentiram a perda e choraram. Helenasentiu-se então querida e fortalecida para voltardaí a algum tempo, e desta vez dará certo com

certeza.Helena promoveu um encontro comigo, comAlan e Lisbela. Os dois desligados, enquantoseus corpos carnais dormiam. Lisbela me disse:"Maria Socorro me dói vê-la assim tão sofrida.Esqueçamos tanto sofrimento, venha tambémrecomeçar. Venha ser minha filha."Fiquei quieta neste encontro. Saí e os deixei.Voltei ao Umbral. Tenho andado neste tempotodo de um lugar a outro no Umbral. Faz unsdois anos que estou com este bando, massempre a atenção voltada para os três. Tenhoandado cansada, sinto que oram por mim, ostrês, principalmente Helena. Como tambémtenho pensado que fui eu a culpada de minha

filha ter sofrido tanto. Hoje, aqui nestagruta, escutando-o me comovi. Quero mudar,quero socorro! Mas fui, sou tão má! Como serperdoada?Maria Socorro calou-se, encolheu-se toda.Estávamos quietos a escutá-la. Ambróziolevantou-se, aproximou-se dela e a abraçou.

Maria Socorro aconchegou-se nos seus braçoscomo uma criança necessitada de carinho eamor. Nosso companheiro falou a ela.- Minha filha, somos todos perdoados quandopedimos perdão com sinceridade. Quem nãoerrou? Ninguém a condenará. Lembro-a da

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passagem do Evangelho quando levaram umamulher pecadora a Jesus e ninguém estavaisento de pecados para apedrejá-la. Jesus a

perdoou e recomendou que não voltasse apecar. Somos sempre perdoados quandoperdoamos, somos sempre ajudados quandoqueremos acertar. Venha conosco, muito iráaprender. Você odiou muito, perdeu tempoenvolvida em rancor e sofreu. Venha aprender aamar, a conhecer este sentimento mais forteque o ódio que traz inúmeras alegrias e a Pazsonhada.Maria Socorro soluçou, tentou sorrir e dissecomovida:- Obrigada!Nós os levamos à Colônia. A história da senhorado solar me emocionou. Ah, como se perdetempo odiando. Como fazemos mal a nós

mesmos, quando nos deixamos dominar poreste sentimento. Como tudo fica mais fácilquando aprendemos a perdoar e a Amar. MasAmar de forma certa, sem egoísmo, querendo obem total do ser amado. Maria Socorro amou afilha, mas seu ódio foi mais forte. De maneiraincorreta amou Helena. Exigiu que vingasse por

ela. A garota não suportou o conflito. Mesmovendo o sofrimento da filha, Maria Socorro nãocompreendeu seu erro, culpou outros, porquesempre é mais fácil culpar os outros isentando-se dos próprios erros. Realmente tudo que MariaSocorro narrou aconteceu, ela não nos mentiu.

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113Como também os envolvidos nesta trama não

tinham religião a não ser socialmente, nãotinham o hábito sincero de orar, piorando toda asituação. Se fossem religiosos sinceros, pessoascaridosas e bondosas certamente nada dissoteria acontecido. Odiar é muito triste, infelicitaprimeiro a quem odeia e o ódio gera muitossofrimentos, mas acaba por cansar. Quando seaprende a Amar, mas de maneira certa e feliz ese pode fazer a felicidade de muitos.Depois fomos ver como foi a excursão deAdalberto. Na delegacia preparava umadiligência ao amanhecer. Iriam muitos policiais.A intenção deles era prender todos osenvolvidos. Passamos sem ser notados na CasaVerde. O bando lá estava atento sem desconfiar

de nada, não viram os policiais. Aguardavam osacontecimentos ou alguma novidade.Fomos ver Jair. Ambrózio nos propôs:- Necessitamos fazer com que Jair não váamanhã à Casa Verde. Se estiver lá, será preso.Como menor não irá para a prisão, mas talvezpara uma instituição de menores que poderá

prejudicá-lo ainda mais, porque no momento eleteria que aprender certo a lidar com suamediunidade.- Ele sendo pobre pode lhe ocorrer fatosdesagradáveis - comentou Gregório. Para osencarnados que têm dinheiro, ficar na prisão é

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mais fácil.Concordamos, infelizmente, com nossocompanheiro. Jair, pobre e sem instrução, corria

o risco de ser preso, se o encontrassem na casa.Ambrózio colocou um remédio numa canecacom água que estava ao lado da cama de Jair.Era um remédio que limparia seu aparelhodigestivo desintoxicando-o, mas isto lheprovocaria uma razoável dor de barriga.Ambrózio lhe deu um passe. Jair mexeu inquietono leito, logo acordou e tomou a água toda dacaneca.

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 Jair também melhorou, mas Sara preocupadacom a saúde do filho recomendou:- Jair, você nunca faltou ao trabalho, mas hoje

não deve ir. Fique em casa descansando.Xarote também concordou. Todos da famíliasaíram e Jair voltou a dormir.Agora teríamos que aguardar osacontecimentos. Ficamos, Gregório e eu, norochedo, enquanto Ambrózio e Cláudia forampara a Casa Verde, íamos esperar a polícia

115chegar. Sentamos numa das pedras do rochedoe Gregório me perguntou:- Antônio Carlos, se analisarmos, quase todos osencarnados necessitam de ajuda, por que vocêe Ambrózio estão aqui ajudando Jair?- Muitos encarnados e inúmeros desencarnados

estão necessitando de ajuda realmente.Estamos aqui tentando resolver este problema,mas não há como solucionar todas asdificuldades do ser humano, em decorrência dolivre-arbítrio. Atendemos ou tentamos ajudarquando é feito um pedido sincero, quandosolicitam o Bem, ou seja, quando quem faz o

pedido está apto a receber a ajuda. Sara, mãede Jair, intercedeu pelo filho. Seu pedido aflito,feito com amor, foi justo. Ambrózio, amigo deSara, veio então ajudá-la e vim junto paraauxiliá-lo. Quando um pedido sincero é feito aoAlto, em nome de qualquer ser, é analisado e,

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se for aprovado, os trabalhadores do Bem vêmpara o auxílio. Neste caso, Ambrózio veio. Jesusnos recomendou que granjeássemos amigos.

Quando cultivamos o carinho sincero de amigos,os teremos sempre prontos a nos ajudar. Poralguma circunstância, Ambrózio e Sara jácaminharam juntos. E pelo vínculo de afeto,aquele que caminha adiante se preocupa etrabalha em prol daquele que estacionou. DeusPai socorre sempre seus filhos pelos seuspróprios filhos. Vamos tentar libertar Jair destedomínio ruim e ajudá-lo a se melhorar.- Como Jair veio ter com o pessoal da CasaVerde?- Euclides se estabeleceu aqui, Jair foi atraídopelo seus afins, foi a procura de emprego. Ogrupo se encontrou, encarnados edesencarnados. Euclides já participava na

capital de um trabalho mediúnico parecido como que vimos na gruta. Ele logo notou amediunidade de Jair e o convidou para ir àgruta; o menino foi e gostou.116

- Por que a afinidade de Jair com espíritos

trevosos?- Nós recebemos, encarnados, a herança racial eindividual da humanidade. Muitos milênioscaminhamos na Terra. E o que temos cultivado?Guerras, ódios, posses, luxúrias e demais vícios.Isto está latente em nossos genes.

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 Transmitimos aos nossos filhos esta herançahereditária. Não tendo cultivado nada de bomespiritualmente, afinamos com atitudes e

circunstâncias primárias.- Isto tudo aconteceu porque ele fazia parte dogrupo quando desencarnado?- Não tem tanta importância assim ele terpertencido ao bando. Se pegarmos uma gota deágua de um rio e outra de outro rio, ambas sãoágua. Não é taxativo que o indivíduo sejanecessariamente bom por ter vivido compessoas boas e ser mau por ter vivido commaus. O que importa é ele no presente cultivarou o bem ou o mal, conforme sua escolha.- Se não fosse nossa interferência, ele poderiafazer muito mal no futuro? - ainda quis saberGregório. - E mesmo agora, com nossa ajuda,ele poderá fazer?

- Poderia e pode, pois por uma circunstância danatureza sua energia vital é abundante. E adireção dos seus pensamentos é quetransformará sua energia em benéfica oumaléfica. Se ele lutar para renovar seus atos,ele propiciará o Bem. Mas, se um dia qualquerele for agredido nos seus interesse íntimos e a

sua compreensão no Bem não for profunda, suarevolta ou ira poderão ser profundamentedestrutivas. Daí o dito: O crente está a umpasso da descrença. O que é realmente bom éincapaz de tornar-se mau.Calamo-nos. Amanhecia e ver o nascer do sol de

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cima das pedras era um espetáculodeslumbrante. Vimos movimentação na CasaVerde. Fomos para lá.

IXA PrisãoA polícia chegou de lancha e cercou toda apropriedade. Após, entraram na casa. Euclides,quando percebeu, ficou nervoso e tentou fugir,mas não teve tempo. Vendo-se cercadodesesperou. Tentou ainda queimar algunsdocumentos comprometedores, mas a políciaagiu rápido. Deulhe voz de prisão e ele foialgemado. Todos os que estavam na casa foramalgemados e revistados, até os empregadosdomésticos, fato que preocupou Gregório queargumentou:cozinheira, lavadeira e pobres ignorantes quetrabalham nas plantações e no laboratório.

- A justiça dos homens muitas vezes não écorreta. Vamos aguardar os acontecimentos.Certamente ficarão presos até ser provado queeles não têm culpa. Mas Gregório, será que elesnão sabiam mesmo que aqui se fazia algoerrado? É estranho plantar ervas para chá,escondido; e depois este processo para torná-la

pasta, nos porões, vendo que na casa esteproduto não é consumido. Acho que todosdesconfiavam, mas as vantagens eram

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muitas. A corda arrebenta do lado mais fraco.

Esta propriedade está no nome de Euclides, ele,sim, se comprometeu, foi pego de surpresa.Quanto aos outros espero que seja provado queeram simples empregados e que sejam soltos,como também espero que a lição sejaaprendida: de não trabalhar com muitasvantagens, de que devem desconfiar detrabalhos fáceis e também de serem maisprecavidos no futuro.O laboratório foi descoberto como também osdocumentos com os nomes de fornecedores,vendedores e até de alguns consumidores. Porrádio foram passados nomes e endereços paraque fossem imediatamente presos. Tudo que estava no laboratório foi levado para o

pátio. Os presos foram obrigados pelos soldadosa arrancar os pés de coca e levar para o pátio.Os soldados também ajudaram. Um monteenorme se formou e com acetona, éter e álcooldo laboratório, puseram fogo. Todos os presos e soldados foram para aslanchas e partiram para a capital. Deixaram a

casa em total confusão.A notícia chegou à aldeia, todos pela regiãoficaram sabendo. Os pais de Jair vieram aflitosdo trabalho para casa. O menino ao saber danotícia chorou de medo. Xarote estava na CasaVerde quando a polícia chegou. Correu para

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mudar de vida. Mas esta mudança sóacontecerá se ele quiser realmente. Por isto,Gregório, vamos levá-lo para uma doutrinação.

Xarote não tem respeitado a liberdade dosoutros, um dia chega que terá a sua liberdadedesrespeitada. Isto ocorre com todos que porum período invadem a privacidade de outros.Para todos abusos há um basta. Xarote serálevado para a escola. Lá tenho a certeza de quequererá mudar sua forma de viver. Se depois deficar lá o tempo estabelecido, e ele ainda quiservoltar à antiga forma de viver, voltará. Masduvido. Vendo a Colônia, convivendo compessoas boas vai se transformar, porque é istoque tem acontecido. O estudo nas Escolas deRegeneração tem dado resultado excelente.Muitas Colônias do Brasil e de toda a Terra têmestas escolas. Aderindo a esta forma de educar

e instruir estes irmãos desequilibrados, muitasoutras escolas estão para serem inauguradas.- Se ele não regenerar e voltar para perto de Jair?- perguntou Gregório curioso.- Os dois irão ficar um bom tempo separados emuitas coisas mudarão. Aí, caberá a Jair aceitá-

lo ou não,

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continuei a elucidá-lo.Os trabalhadores do Centro Espírita nosreceberam com alegria. Xarote foi colocado numleito onde ficaria dormindo. Seria acordadohoras antes da reunião para receber orientação.Depois voltamos para perto de Jair.Na aldeia só se comentava a prisão realizada.Os pais de Jair estavam preocupados e elechorava de medo já sentindo a falta docompanheiro desencarnado. Quandoacostumados com a presença um do outro, sejaencarnado ou desencarnado, ao se afastar,sentem falta. Principalmente se são afins. Tenhovisto em caso de obsessões, até mesmo poródio, sentirem quando são afastados.

- Não vejo nenhum componente do bando poraqui, onde estão? - indagou Gregório. - Logo quea polícia chegou foram embora.- São amigos nas horas de lazer, quando tudoestá bem. Eles devem estar frustrados por nãoterem podido prever a diligência policial. Forampara sua cidade no Umbral. Devem estar

planejando se aliarem a outros.- Com Euclides preso, estes encarnados já nãoservem para eles - explicou Cláudia - quedurante os últimos acontecimentos haviaprestado atenção nas atitudes do bando.- Será que denunciarão Jair? - perguntou de

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novo Gregório agora preocupado.- Não creio - respondeu Ambrózio - senão já oteriam feito. Jair era para Euclides só um

moleque médium de pouca importância. Vou meausentar, esperem-me aqui. Volto logo.Ambrózio se afastou por vinte minutos e voltouacompanhado por um sorridente senhor que nosapresentou:- Este é Marindo, trabalhador do Posto deSocorro da região. É antigo componente dobando de Xarote. Cansado da forma que vivia,há um bom tempo, pediu abrigo no Posto.Recuperado passou a ser um trabalhadorexemplar. Aceitou ficar por uns tempos com Jair,substituindo Xarote.Depois dos cumprimentos, Marindo com muitasimplicidade aproximou-se de Jair e lhe pediucalma. Jair aceitou de imediato o novo

companheiro. Sentindo-se protegido, aquietou-se.Ambrózio voltou-se para Sara, colocou a mãoem sua testa lhe transmitindo calma. Quandoum desencarnado quer comunicar algo aoencarnado, quase sempre é por pensamento.Podemos também lhe falar, pronunciar palavras

e expressar o pensamento. Fixamos o quequeremos dizer, transmitimos, e o encarnado orecebe, às vezes de maneira clara, outras,incompleta ou então só conseguimos dar umaidéia vaga. E continuou:- Sara, você não tem, em alguma outra cidade,

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algum parente a quem poderia pedir abrigopara o garoto? Jair necessita sair daqui, passarum tempo longe da aldeia. Com os irmãos não,

com outros familiares, com pessoas boas.Sara escutou Ambrózio, ficou alguns minutos apensar, depois falou entusiasmada ao marido.- Jacó, vamos mandar Jair para a casa deConceição, minha prima? Nós duas fomoscriadas juntas. Há dois anos ela mandou seufilho Ricardo passar uns tempos aqui em casa.Você resmungou que era mais um paraalimentar mas deu certo, Ricardo largou a moçaatrevida e casou com outra que é muito boa.Podemos mandar Jair passar uns tempos lá,escreveremos para ela explicando tudo. Eledeve ir já, hoje ainda. Saindo daqui à tardinhavocês estarão na cidade vizinha de madrugadapara ele pegar o tren de manhãzinha. À tarde

ele estará com a Conceição. Para todos aqui daaldeia, diremos que ele está com os irmãos.

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122E sou eu que tenho que ir com ele a pé até aestação de trem - resmungou Jacó.

- Você sim! Eu não queria Jair trabalhando lá naCasa Verde, você é que achava certo. Ficavapreocupada e você me chamava de boba. E olhaaí quem é bobo! Bem, não vamos brigar. Jairpode ser preso e você também. Quando nãolevam a criança, levam o pai. Está certo queninguém sabia que lá plantavam veneno tóxico. Jair não sabia.- Droga, mulher, era droga que plantavam.- Dá no mesmo! Então, você vai? - indagou Sara.- Vamos, arrume tudo sem dar motivos dedesconfiança. Vou ficar dois dias na cidade, vouaproveitar para ver o que os outros estãofazendo. Não quero mais nenhum filho meuenvolvido com bandidos.

 Jacó saiu e Sara foi arrumar uma pequena malapara Jair. Ditou uma carta para sua prima. Aldoescreveu. Nela ela pedia para Conceição ficarcom o filho por uns tempos. Jair, triste e envergonhado, chorou ao beijar amãe ao se despedir. Sara prometeu que logoque o perigo passasse escreveria chamando-o

de volta.Assim, foram andando pai e filho pela estreitaestrada em passos cadenciados. Marindo foi junto já nutrindo por Jair um carinho especial.- Marindo e Jair serão bons amigos! - exclamouGregório.

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passou pelo pensamento se seus filhos irãosofrer. Não está preocupado com seusempregados que são inocentes. Nem com os

 jovens, com as pessoas que fazem uso dadroga. Quantos males sua ação tem acarretado.Quantos suicídios, quantos crimes e quantaslágrimas seu ato errado provocou.- É verdade! - concordou Gregório. - Então ébem feito que esteja preso!- Não, também não é assim! - continuei.Desencarnados como do bando, prometemmuito, mais do que podem fazer. Como nemtudo lhes é permitido e como não podem com aintervenção dos bons, isto está sempreocorrendo. Também acontece que quando oencarnado ou os desencarnados não lhes sãomais úteis, os abandonam. 124Euclides sabia que agia errado traficando a

cocaína. Que estava contra a lei e que podia serpreso. Teremos que dar conta um dia dosnossos atos errados, seja à sociedade, à nossaconsciência e às leis Divinas. Apiedemo-nosdele, porque ele age errado e não tem aindaconsciência dos seus erros. Procurou dinheirofácil fazendo muitos infelizes. Planta a má

semente e terá que colher da sua plantação. Tenho muita pena dos que erram e saboreiam oerro, quase sempre a Dor vem chamá-los àrealidade Espiritual. Pessoas como Euclidesficam estacionadas no caminho e, pior, fazemmuitas pararem. Quando somos causa do outros

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- Seu cão imundo! Então é verdade? Contaram-me que era você o chefão e ao ser presodelatou todos. Mentiroso! Falava para nós que

trabalhava muito. Malandro! Covarde!Gritava e chorava, os companheiros de celaquietaram e ficaram olhando para ele.- Não é verdade - defendeu-se Euclides. Nãodedurei ninguém. Prenderam-me de surpresa!- Marcelinho, ele não está mentindo - disse umdos jovens que foi preso com ele. - Ouvi no rádioque foi isto mesmo. Prenderam-no de surpresa eacharam documentos que comprometeramoutros.Marcelinho calou-se. Euclides então percebeu oque acontecia.- Marcelinho, que faz aqui? Por que está preso aestes...- Viciados, pai, - falou Marcelinho voltando a

chorar. - Sou um viciado! Fui preso comprandodroga.Confusão na delegacia. Pais chegando aflitos,advogados, quase todos falando ao mesmotempo. Alguns jovens passando mal, falta dadroga, fraqueza, muitas pessoas juntas numespaço pequeno. Marcelinho vomitou, passou

mal, amigos na cela o ajudaram, como tambémos trabalhadores desencarnados. Quandomelhorou, olhou para o pai que o observavaaflito.- Pai, olhe bem para mim, veja seu filhoalucinado! Vou morrer, já não vivo sem a

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maldita droga! Sem a cocaína! Veja o que fez demim! Criminoso! Só você deveria estar presoaqui!

Euclides não respondeu, mas os dizeres do filhoficaram em sua mente. Tentou acalmar-se echamou seu 126

advogado. Deu entrevistas tentando inocentar-se.- Será que Euclides irá sair logo da prisão?Mesmo tendo o flagrante? - manifestou Gregórioindignado.O advogado era esperto e estava conduzindo oinquérito, tentando provar que Euclides erainocente. Que tudo foi uma trama paraprejudicá-lo.- A justiça dos homens é muito falha. Poucostraficantes ficam presos neste país - comentou

Ambrózio.Aos poucos os jovens foram soltos, Euclidesficou preso. Mário, o tio de Marcelinho, veiobuscá-lo. Nós o acompanhamos. Foi um choquepara a orgulhosa senhora ver seu filho naqueleestado e saber da prisão do marido.Mário era boa pessoa, sério e honesto. Logo

tomou a iniciativa de ajudar a família. Telefonoupara um hospital, conversou com umaassistente social e marcou a internação do seusobrinho logo para a manhã seguinte. Elemesmo ia levar Marcelinho para a clínica. Ogaroto concordou e agradeceu ao tio, sentia que

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evangélicas,

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128cabisbaixo e pensativo. Ao ver aquela reuniãodiferente teve respeito pelos trabalhadores e

prestou atenção em tudo. Depois viu aincorporação dos desencarnados que sofriam,que tinham lesões profundas em seusperispíritos e que foram recuperados. Elesreceberam orientações que lhes deram paz ealegrias. Xarote gostou, olhava tudo admirado,mas não se sentia disposto a mudar de vida.Gostava de farras, bebidas e bagunças. Chegoua sua vez de receber orientação. Chegou pertode um médium e houve o intercâmbio com odirigente encarnado. Conversar comdesencarnados incorporados é mais fácil. Ele,acostumado a incorporar para desfrutarprazeres do corpo físico, ali poderia sentir outrassensações, como dores e medo. Se a reunião de

desobsessão reúne pessoas sérias e estudiosas,o resultado é muito bom. O desencarnadoincorporado pode ser obrigado a recordar seupassado, a ver seus erros, a recordar suadesencarnação. Às vezes ao recordar certaspartes de sua vida, como sua desencarnação,sente como se ela estivesse acontecendo

novamente. Se não estiver incorporado, elepode se livrar disto. Incorporados, elesconversam melhor com encarnados que fazemmais parte do seu dia a dia, do que com osdesencarnados bons que quase não conseguemver. Quando levamos Xarote para o Centro

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Espírita, tiramos todas suas armas, suasesporas, porém continuou com sua roupaextravagante. Logo que chegou perto do

médium que lhe era estranho, não lhe foipermitido aproximar muito. O médiumexperiente, educado e estudioso, não iaobedecer como Jair o fazia. Quis gritar, mas omédium não falou alto, não levantou, não saiudo lugar e não fez suas vontades. Sentiu-sedominado, não conseguiu sair de perto domédium, isto ele só faria quando lhe fosseordenado. O doutrinador encarnado lhe dirigiu apalavra. Educado e pacientemente inquiriu-o,Xarote

129sentiu medo. Recebia os fluidos dos encarnados,como também dos desencarnados que ali

trabalhavam. Esta energia o incomodava,parecia que o queimava. Teve medo também dafirmeza do outro. Encarnado firme na fé, de boamoral, impõe respeito em desencarnados comoXarote, mais que os desencarnados bons. Semsaber como, começou a ver seu passado.Centros Espíritas que usam deste método,

utilizam uma tela fina que transmite imagens depensamentos de alguém. Ela é utilizadatambém quando se quer mostrar Colônias,lugares lindos a desencarnados que estão sendoorientados. Quando isto acontece, umtrabalhador da Casa recorda o que viu e as

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imagens passam na tela. Neste caso, Xarote foiinduzido a lembrar seus erros, seu passado, e osacontecimentos por ele vivido formavam

imagens que passavam na tela. Ele achava quenão estava pensando em nada. É que esteaparelho capta o que está gravado dentro denós, fatos que julgamos, às vezes, que só nósconhecemos. Outros induzidos a recordar,pensam mesmo, mas também vêem as imagensna tela; não as conseguem fazer parar, sótermina quando os trabalhadoresdesencarnados julgarem necessário. Ver na telaacontecimentos vividos produz bons resultados.Mas pode acontecer que os desencarnados nemliguem. São os insensíveis, os endurecidos. MasXarote incomodou-se, chorou, algo que há muitonão fazia. E choro sempre faz bem, é sinal deemoção, Muitas vezes nos revoltamos com

certos acontecimentos, mas ao recordar opassado vemos que são reação de nossas açõese que não existem motivos para revoltas. Xarotese julgava injustiçado e entendeu que não haviapor que julgar assim. Envergonhou-se de seuserros. O doutrinador o convidou a mudar aforma de viver, a conhecer outras moradas. Ele

aceitou e pediu perdão a Deus. Foi retirado deperto do

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130médium e no final do trabalho seria levado paraa Escola de Regeneração onde receberia

instrução e ensinamentos que necessitava. Também seria convidado a mudar de roupa.Alguns, nos primeiros dias, até que podem nãoaceitar mudar de vestuário, mas acabammudando. Na Escola de Regeneração háuniforme, mas não é obrigatório. Os que usamtêm orgulho em vesti-lo. No final do curso, todosestão felizes com seus uniformes. Gregório meindagou baixinho:- Por que foi recomendado a ele para quepedisse perdão a Deus?- Disse bem, foi sugerido, foi recomendado,primeiro porque sempre que erramos e pedimosperdão com sinceridade recebemos Paz comoresposta. Segundo, este é um ato de entrega ao

Bem. E o início da mudança, é como dizer quenão quer mais o mal e que está disposto a fazertudo para merecer a ajuda oferecida.- Pensei que haveria mais dificuldades paraconvencer Xarote - comentou Gregório.- Xarote - respondi - era um desencarnado mau,mas não escondia de ninguém que o era. Era

autêntico, era o que era, e não queriaaparentar ser diferente. Desencarnados assimnão são difíceis de serem convencidos a mudar,sempre se acha algo na sua vida que oscomove. Difícil são os hipócritas. Tanto que nosdisse Jesus: "Ai de vós, escribas e fariseus

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hipócritas."(14) O chefe do bando, o louro, éhipócrita; muda conforme a conveniência, nãoama nada, é insensível, difícil de lhe tocar o

coração. É por isto que aconselhamos aosespíritas cautela contra a hipocrisia. Não deixemque ela se instale dentro de vocês, esforcem,mudem para melhor com sinceridade e(l4) Mateus 23:25 (NR)O Rochedo dos Amantes131não finjam ser o que não são. Desconfiem doshipócritas encarnados e desencarnados.Aparentando o que não são, muitos malespodem fazer.A reunião terminou com grande proveito.Gregório, encantado com o que viu e ouviu,comentou:- Como nosso passado explica o presente! E

como podemos planejar nosso futuro comnossas ações atuais! Vocês viram como Jair eXarote estavam unidos? Ele foi seu pai naencarnação passada. Que alívio ver Xarotedisposto a melhorar. Que lição proveitosapodemos tirar de orientações assim. Aprendiuma bela lição. Antes de pensar em fazer uma

simples desfeita a alguém, pensarei -se estapessoa não pode ter sido alguém que me foicaro no passado.Sorrimos. Os encarnados conversavam trocandoidéias, mas foram saindo. Logo todos foramembora. Os desencarnados que receberam

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auxílio foram levados ou para Postos de Socorroou Colônias. Ficamos conversando por algumtempo. Conversar com amigos é sempre

agradável e ao trocar informações aprendemos.Gregório me inquiriu novamente querendoaprender.- Antônio Carlos, por este trabalho junto a Jair, videsencarnados que estão agindo errado, nomal, atingindo encarnados. Aqui, neste trabalho,também vi encarnados pedirem que os livremdestas influências. O que realmente devemosfazer para não sermos atingidos por estasentidades maldosas?- Nem sempre basta pedir ou ordenar que seretirem ou afastem, é preciso mudar em cadaum o que existe de negativo. Devemos tentarmudar nossa vibração. Como já lhe foi dito, omal vibra em ondas longas, o homem bom e

virtuoso em ondas médias, o cidadão do cosmo,os santos, ou os espíritos superiores, em ondascurtas. Eis um

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exemplo fácil de como não ser atingido pelos

maus. Assim como o rádio, a nossa mente sórecebe dentro da onda que ela emite. Sevibrarmos fora do alcance deles, não seremosatingidos. Quando formos atingidos por umaperseguição, devemos sair da faixa mental domal. Quando aprendemos a vibrar no amor ecompreensão, a viver no Bem, como cristãos,não seremos atingidos por eles. Muitosencarnados aqui vieram de fato para tentar selivrar de obsessores. Mas estas influênciaspodem servir para melhorar as pessoas. Tantoque aqui vieram em busca de auxílio. E a ajudamaior que receberão é o que se pode aprendernos Centros Espíritas. Como também, Gregório,de maneira geral o obsessor, o desencarnado

maldoso, é visto como agressor e tudo se fazpara o agredido, neste caso o encarnado, nãoser atingido. Ambos têm que se melhorar. Énecessário que o agredido se torne bom e faça ooutro tornar-se também. Para isto devemos nostransformar, do homem violento, avarento,luxurioso e egoísta numa pessoa melhor. Esta

transformação não vem de fora para dentro, elanasce como resolução anterior queposteriormente vai se transformando emcompreensão e, então, nos leva a amarverdadeiramente a todos como irmãos. O Amoranula o ódio, se amarmos, nada de mal nos

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atingirá. Devemos aprender a conviver com osmaldosos sem nos deixar contagiar econtaminar por eles. E o Amor que nos

transforma, e os transformará também.- Almejo trabalhar num Centro Espírita,encanteime com os trabalhos desta noite. Logoque possível vou pedir para estagiar comoaprendiz em um. falou Gregório sorrindo, alegrecomo sempre.Era hora de partir, Ambrózio nos pediu parairmos ao rochedo. Assim que chegamos, dirigiu-se a nós com carinho:

133- Amigos, quero lhes agradecer a ajuda. Sem oauxílio de vocês certamente não teria osresultados desejados.- De nada, de nada, - respondeu apressado

Gregório demonstrando ter assimilado a lição.Mesmo entre colegas, o agradecimento deve sersempre de modo simples e sincero. Ambrózionos agradecia de coração. Embora num trabalhode equipe, um deve ser grato ao outro e a Deus,porque aprendemos muito em cada tarefaexecutada. Depois de um curto silêncio,

Gregório perguntou a Ambrózio.- Ambrózio, você veio ajudar Jair por causa deSara. O que o liga a ela? Já viveram juntos emoutras encarnações?Ambrózio sorriu entendendo a curiosidade deGregório, nos olhou, viu em mim e em Cláudia o

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interesse em saber dos acontecimentos que osunia.- Está bem, acho que vocês devem saber. Se

tiverem paciência em me escutar...- Claro, - disse Gregório sentado numa pedra.Estou aprendendo a ser paciente, podecomeçar. Escuto você!Rimos.

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desencarnação desta senhora que não era

exigente com os servos e muito alegre.Mas logo tudo voltou ao normal e o lord casou-se novamente com Nizá. Ela era estrangeira e olord a conheceu numa feira e apaixonou-se porela. Era muito mais nova que ele e ficamossabendo que ela casou contra sua vontade,obrigada pelo pai. Nizá era muito bonita,morena de grandes olhos verdes. Seuscostumes eram diferentes, no começo eraquieta, observava muito, não era de muito falar.Pressenti que Nizá era como uma serpente quedava botes mortais. Os enteados não gostaram,mas a pedido do pai tudo fizeram para viveremem harmonia. Nizá começou a bajular Mary,tratava todos bem na presença do marido.

Longe dele, ela ignorava os enteados, mastambém não os aborrecia. Mas com os servosera exigente, agressiva, nós tremíamos diantedos seus gritos nervosos.Vaidosa e ciente de sua beleza, sabia conquistara quem queria. As festas voltaram a acontecer etodos aceitaram a nova senhora. Era assim que

se sentia, a nova e absoluta senhora do castelo.Marc foi fazer uma viagem para completar seusestudos e treinar para ser um cavalheiro.Apaixonei-me por Mary e ela pareciacorresponder. Sabíamos que era impossívelaquele amor, mas mesmo assim a amava. Mary

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Passaram dois anos, fiquei no castelo comoservo particular de Marc. Continuei a amarMary, já mãe de dois filhos. James crescia forte

e alegre, parecia desconfiar da relação do irmãocom a madrasta, mas nada falava. Marcrecusava a casar-se e quase não saía docastelo, estava completamente preso aoencanto de Nizá. Esta começou a cansar dele. Tinha outros amantes. O marido nada sabia,talvez desconfiasse, mas também era fascinadopela esposa.Um dia, o lord saiu para caçar e Marc entrou nosaposentos da madrasta. Fiquei de guarda nocorredor. Ouvi-os discutir, depois quietaram.Pressenti que fizeram as pazes. Foi então que vio marido subir as escadas; voltavaantecipadamente e estava furioso. Querendoavisar Marc, abri a porta e entrei no quarto.

"Marc, seu pai está voltando e parece nervoso",falei alto.Ele deu um pulo e instintivamente saltou poruma janela ganhando a sacada e por ela foi terno jardim, desaparecendo rapidamente. Mas eufiquei ali olhando Marc e,

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quando dei por mim, estava de frente ao lord

que me olhava furioso. Foi então que vi Nizá noleito seminua.É você?! Trai-me com um servo!" gritou raivoso."Não senhor, respondi aflito. Juro! Nada fiz deerrado!"Lord foi até Nizá e lhe deu uns sonoros tapas norosto. Depois apertou-a pelo pescoço."Com quem me trai? Com quem?" continuou agritar enlouquecido.Nizá para se livrar disse:"Foi ele que me obrigou a traí-lo! Dizia que iamatálo se não o recebesse aqui no meu quarto.Perdoe-me! Amo só você!"O marido a largou e virou-se para mim.Você! Um simples servo! Quando contaram que

Nizá me traía, não pensei que fosse com umsimples empregado. Miserável! Traidor! Nasceunas minhas terras! É amigo dos meus filhos!Morre!"Atônito vi a faca em sua mão e após entrar nomeu abdome. Empregados entraram no quarto,seguraram o lord, me levaram para os fundos

do castelo. Meus pais vieram me ver, estavamaflitos. Eles sabiam que eu era inocente, todosno castelo sabiam. Fizeram o primeiro curativo eo lord mandou me prender. A prisão era nosporões do castelo. Deixaram-me numa celapequena e fechada. Tinha água à vontade, mas

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recebia pouca comida e meu ferimentoinfeccionou. Meus pais e amigos foram proibidosde me ver. Comecei a delirar com febre alta.

Desencarnei após vinte e um dias, ali sozinho ecom muito sofrimento. Meus pais enterraram-me, eles sentiram muito, como todos no castelo.Eu era querido.Ao me sentir liberto, não me revoltei com ainjustiça, perdoei a todos, fui socorrido. Adaptei-me rápido à nova vida de desencarnado. Vim asaber de minhas

139encarnaçoes anteriores, resgatei nestaencarnaçao meus erros, esgotei meu carmanegativo. Dali para frente me cabia crescerespiritualmente, adquirir conhecimentos emelhorar para progredir.

Quando desencarnei, os empregadosrevoltaram-se, reuniram-se e disseram ao lord averdade, ou uma parte dela. Disseram a ele queNizá o traía com muitos, com quase todos osamigos dele e que aquele dia eu estava noquarto para evitar uma tragédia, que era outroque estava com ela. Não disseram que era o

filho dele para evitar males maiores. Marc eraquerido e para todos ele era vítima da senhora.O lord escutou quieto, sentiu pela injustiça quecometeu. Mandou Nizá de volta à sua casapaterna. Marc sabia que eu era inocente, nadafez para me ajudar, nem me visitar na prisão ele

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foi. Mas arrependeu-se, muitas vezes ele mepediu perdão e eu o perdoei de coração. Elepassou a ser triste, permaneceu no castelo e

começou a embriagarse. Tentei equilibrá-lo,sem muito resultado. Ele ficou doente edesencarnou moço. Meses depois, seu paitambém desencarnou. Os dois se entenderam,mas odiavam Nizá, tanto que foram procurá-lapara se vingarem. Falei com eles e acabeiconvencendo-os a perdoá-la. Resolveramesquecê-la e foram socorridos, levados parauma Colônia onde trabalharam e estudaram.Hoje estão reencarnados na Europa e seesforçam para melhorarem.No castelo ficou James que casou e foi feliz. Hojequero Mary como irmã, ela também estáencarnada, casada com aquele que foi seumarido no passado, ela é feliz.

Nizá continuou sua vida de erros e traições. Aoseu lado estavam sempre desencarnados afins emuitos que a odiavam. Desencarnou e sofreumuito. Pedi para ajudá-la. Com permissão, fuimuitas vezes falar com ela, convenci-a

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conseguir ser honesta, trabalhadeira e leal,demonstrará, então, que superou seus vícios. Senão conseguir é porque não os venceu e terá

novamente que repetir a lição até provar a simesma que aprendeu.Ambrózio fez uma pausa e Gregório faloucontente.- Entendi! Se uma pessoa não pode fazer umacoisa no momento, não se pode dizer que não ofaria, se pudesse. Um espírito que tem o víciode roubar encarna sem as mãos; nesta, nãoroubará, não porque venceu seu vício, mas pornão ter condições para fazê-lo. Se na outravoltar perfeito e141não roubar, aí sim, pode dizer que venceu seuvício.- É isto mesmo! E que vitória alcançamos

quando vencemos nossos defeitos! - exclamouAmbrózio.- E muito bonito a ajuda que tem prestado aeste espírito. Espero que Sara vença seusdefeitos - disse Cláudia. - Mas agora devo ir,meu trabalho me espera.Cláudia e Gregório despediram-se. Nós nos

abraçamos comovidos. Volitaram. Ficamos,Ambrózio e eu, no rochedo, após fomos ver Jair.Este chegou faminto à cidade, pediuinformações e achou o endereço. Envergonhadobateu na porta. Uma mulher agradável atendeu.A casa era humilde, mas muito limpa.

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- Sou Jair, filho de sua prima Sara, - disse elebaixo.- Oi, entra! Como está? - Conceição respondeu

observando-o. Jair entrou e lhe entregou a carta. Conceiçãoleu-a e sorriu.- Você pode ficar, Jair. Meu marido e eu estamossozinhos demais depois que todos os filhoscasaram. Vou arrumar seu banho e algo paravocê comer. Jair suspirou aliviado, estava mesmo cansado ecom fome.- Jair ficará bem, Conceição e o marido são boaspessoas - comentou Ambrózio e recomendou aMarindo: Amigo, esforce para encaminhá-lo aoBem. Entre em contato comigo se necessitar dealguma coisa.Ambrózio e eu fomos despedir de Sara. Ela

lavava a louça, lágrimas escorriam pelo rostocansado.- Nizá, Sara, - disse Ambrózio suavemente. Vocênão perdeu seu filho, vai recuperá-lo. Logo eleestará de volta. Seus filhos estão bem. Continuefirme! Ame Sara, aprenda a amar de formacerta,, sem interesse. Ame estes seres que

agora estão com você. Não desanime!-

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Uma vez amigos, sempre amigos. Estamoscontinuamente em contato, assim sei deles.Gregório veio tempos depois trabalhar num

Centro Espírita e está felicíssimo com seutrabalho. Tem tentado e conseguido, porquequem tenta com vontade consegue ser umótimo trabalhador na seara Espírita.Cláudia continua sua tarefa junto aosimprudentes que se perderam no vício dostóxicos. Seu amor é grande e seu trabalho juntoà sua equipe tem obtido excelentes resultados.Ambrózio continua a ensinar em salas de aulasnuma Colônia de Estudo. Não só ensinandocomo também ajudando a todos, seus alunosmuito o amam.Xarote se adaptou na Escola de Regeneração,fez o curso com muito proveito. Planejareencarnar logo que possível, está firme no

propósito de melhorar, de crescerespiritualmente.Mas o tempo passou, passa sempre nosmodificando, mudando as circunstâncias emque somos envolvidos. Querendo saber o queaconteceu com os personagens destesacontecimentos narrados, fui visitá-los.

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Marcelinho ainda lutava contra o vício. Teve

muitas internações, entretanto continuava aconsumir cocaína. Estava mais fortefisicamente. Quando o vi, ia todo esperançosoparticipar de um grupo de apoio. Queriarealmente se ver livre da droga. Cíntia e a mãeviviam brigando. Moravam num apartamentosimples, as duas trabalhavam para sesustentarem. Mas como a senhora prometeu,tentava agora dar atenção e apoio aos filhos. Teve alguns bons resultados, embora comdificuldades elas entenderam que se amavam.O que dificultava era que não tinham religião.Faz muita falta à família uma religião seguida deforma sincera e com fé. Se fossem religiosos,primeiro não teriam passado pelo que

passaram, porque assim não teriam se afastadode Deus e do bom caminho. E no momento emque passassem por muitos problemas, iriamresolvê-los com mais facilidade e eles seriamamenizados com a ajuda da oração sincera e doapoio de companheiros de fé. Harmonizamosmuito quando oramos e conduzimos melhor

nossas dificuldades.Euclides saiu logo da prisão e no julgamento foiconsiderado inocente. Porém o que vem fácil vaifácil também. O dinheiro ganho, que era muito,foi gasto com advogados e subornos. Moravasozinho num quarto simples de hotel, no

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subúrbio da mesma cidade em que a famíliaresidia. Porém quase não os via. Ele continuavaa traficar, agora com mais cuidado. Orei por ele,

minha oração o incomodou. Sentindo-meindesejável, fiquei pouco ao seu lado. Desejei decoração que voltasse ao bom caminho, aotrabalho honrado e honesto.Fui ver Jair. Encontrei-o no trabalho diário dalavoura de feijão com o pai e os irmãos. Aldo lhedisse uma gracinha e Jair sorriu alegre. Eleestava feliz e em paz com todos. Já não eraagressivo, agora era amigo dos irmãos.

145 Também estava forte, cresceu e do ferimentoda perna, só três pequenas cicatrizes. Todosestavam bem. Sara também estava tranqüila,embora cansada e com o corpo dolorido do

trabalho pesado. Ao olhar a família seus olhosbrilhavam de carinho. O amor crescia no seuespírito. Alegrei-me.Marindo, o desencarnado que ficou para ajudar Jair, veio encontrar comigo todo contente.- Antônio Carlos, que bom vê-lo por aqui!- Como está, Marindo? Como vai Jair?

- Jair e eu estamos nos entendendo às milmaravilhas. Somos amigos e estamostrabalhando para o Bem. Vou lhe contar o queaconteceu. Conceição e o marido cuidaramdireito de Jair. Levaram-no ao médico e umtratamento correto o fez ficar forte e sadio. Isto

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também porque largou de cometer os excessosque Xarote o obrigava a fazer. Um dos filhos deConceição é Umbandista, logo que viu Jair,

entendeu que ele era médium e o levou paravisitar seu núcleo. Fomos, ele e eu, muito bemtratados. Expliquei aos trabalhadoresdesencarnados de lá tudo o que aconteceu eeles nos ajudaram. Os encarnados conversarambastante com Jair, instruindo-o sobre suamediunidade, como também deram eemprestaram bons livros a ele sobre o assunto. Jair se interessou e passou a freqüentar o local.Aprendemos de modo correto a entrar emintercâmbio. Oito meses que Jair ficou comConceição foram de enorme proveito para nósdois.Quando Jair voltou, Conceição veio junto eexplicou a Sara e Jacó o que ocorria com ele.

Entenderam, como também procuraram umlugar onde Jair poderia trabalhar com suamediunidade. Na cidade vizinha, achamos umgrupo Umbandista que trabalha com seriedadepara o Bem. Fomos e já enturmamos. Jair vai àssextas-feiras, à noite, de quinze em quinze dias.Ele está ótimo e nós dois estamos trabalhando

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direitinho. Estamos contentes, aprendemosmuito. As vezes, toda a família vai conosco. Elesgostam. Como também Jair tem ido à missa,agora ele ora e esqueceu o passado.- Fico contente, Marindo, por você e por ele. QueDeus os proteja! - falei alegre.Despedi-me e antes de voltar aos meus afazeresfui rever o rochedo. No Plano Espiritual hálugares lindos, mas na Terra, no plano físico,também existem locais com incríveis belezas.Encantos estes que é só reparar e desfrutar.Nosso planeta é formoso e em muitos lugares anatureza é pródiga em maravilhas.Sentei numa pedra no alto do rochedo e me pusa contemplar maravilhado o local. A aldeia

mudou muito neste tempo. Os turistasdescobriram as belezas deste recanto. E isto fezmuito bem aos moradores que tiveram maisopções de empregos e meio de ganhar dinheirotrabalhando para as pessoas que ali vinhampara descansar e desfrutar dos encantos dolugar. A aldeia já não parecia tão pobre. A

antiga propriedade, a Casa Verde, agora era umhotel pitoresco. O rochedo também estavasendo chamado por outro nome. Parecia quetodos ali queriam recomeçar sem lembrar opassado, preferindo todos não comentar sobreos fatos desagradáveis que ali se passaram.

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Sem o grupo desencarnado que freqüentava agruta, ali agora era gostoso, os fluidos do lugar,benéficos e repousantes.

Algumas pessoas passeavam pela praia.Observei um casal de namorados queexcursionava pelo rochedo. Descobriram afenda na rocha que serviu de abrigo por anos aocasal de imprudentes suicidas. Pareciam seamar. Amor... Meditei sobre este sentimento tãocomentado.O Amor real é algo que a maioria na Terra nãoconhece.

147Como é difícil dissertar sobre este sentimento,sentir e cultivar o Amor Verdadeiro. Porquemuito se tem falado sobre ele e designadooutros sentimentos como se fosse amor. Ou

então é confundido com algumas situações,como se fosse conseqüência de suamanifestação. O Amor é uma afeição profunda.O Amor Verdadeiro não pode, não deve seregoísta. É caridoso, quer o bem do ser amadoestando perto ou longe. Não se baseia namentira, mas na verdade. Não é estéril, dá

doces frutos. Não deve ser ocioso, e simlaborioso, no bem de nós mesmos e de todos.Devemos amar a nós mesmos. Se não amarmosa nós mesmos, como amar nosso próximo? Senão nos amarmos por achar que temos muitosdefeitos e somos desagradáveis, que mudemos,

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tornando-nos melhores para que outros passema nos amar e admirar. Quando nos queremosbem, podemos também querer a outros. Mas

que este Amor não nos afunde no egoísmo evaidade e sim no altruísmo. Ele deve serbenévolo.Para que o Amor cresça em nós, o ódio e rancornão devem ser alimentados, antes devem serextintos, para que a plantinha meiga e frágil doAmor fortaleça e irradie em nós, de dentro parafora, toda sua beleza.O Amor entre duas pessoas não deve serconfundido com paixão. Paixão é um sentimentoarrasador que passa logo, deixando sempreestragos. O Amor não deve ser só manifestaçãofísica, deve ser uma união onde a felicidade e obem estar do outro é mais importante que anossa própria. Amor... Sentimento forte que

une, laça as pessoas, mantendo-as unidasmesmo quando distantes. O Amor carinhofortalece o espírito perpetuando uniões. E esteafeto sincero deve ser estendido à prole, aospais, aos parentes e amigos. Aumentando ocírculo, até que

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amemos a todos como o Pai nos ama.

O Pai ensinou-nos a amar como Jesus nos amou.Quando nós na Terra aprendermos a amar,seremos muito mais felizes, porque o Amoranula nossos erros, leva-nos ao progresso e,conseqüentemente, à felicidade.Devemos exercitar para amar tudo, nossastarefas, nossas lições, nossos afetos edesafetos, nossas dificuldades e alegrias. Emtudo o que vamos fazer devemos primeiro amar,colocar o sentimento do Amor em tudo. A tarefanos será mais suave e mais agradável, osresultados surgirão num trabalho bem feito.Nossa caminhada será mais amena se amarmosos companheiros de jornada. Se amarmos ocaminho, surgirão flores para enfeitá-lo.

Ser grato já é sinal de que estamos aprendendoa amar. Sejamos gratos a tudo, a todos e ao Pai.Cultivemos a gratidão sincera, sem nunca exigi-la para nós. Lembrar os benefícios recebidos éum dever, porém devemos esquecer semcobrança os benefícios que julgamos ter feito.Ao receber agradecimentos, devemos aceitar

sem afetação, amando a quem prestamos favor.Se amarmos a todos, tudo nos será mais fácil,porque só teremos amigos, seremos recíprocosao carinho de outros.Se eu amar, farei o Amor expandir, levandooutros a amar. Quando o Amor Verdadeiro for

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mais cultivado, a Terra, então, será uma moradafraterna e todos seremos beneficiados, porque oAmor real é alegria e felicidade.

A tarde estava muito bonita, as poucas nuvensno céu formavam figuras pitorescas quecobriam por instantes o sol. As ondas batiamnas pedras do rochedo formando espumasclaras e o som que produziam neste

149encontro era harmonioso. A natureza gera umaindescritível música.O casal de namorados subiu o rochedo.Passaram por mim com os semblantescansados, mas felizes. Deles escutei:- Eu te amo!- Eu também te amo!

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Leia também, da mesma médium:Escravo Bernardinoespírito Antônio Carlos

"Escravo Bernardino", romance mediúnicopsicografado pela médium Vera Lúcia Marinzeckde Carvalho, retrata um período de dor esofrimento da História do Brasil, contada pelospróprios personagens que viveram, na carne, aforça da opressão e da dominação dos senhoresde engenho.Na espiritualidade, porém, as conseqüênciasdas experiências vividas na Terra ganham seuverdadeiro contorno, sem distinção de raça, corou esfera social. A vida ganha amplitude maior.O esclarecimento e o perdão avançam com aeducação espiritual.Por toda essa emoção, "Escravo Bernardino" éum livro repleto de ensinamentos edificantes.

Uma lição de bondade, amor e humildade.Rosana, a Terceira Vítima Fatalespírito Antônio CarlosRosana e Rafael são dois personagens vítimasda violência em uma pequena cidade dointerior. Medo, angústia, assassinato e morte.Porém, a dor dos crimes inesperados é

substituída pelo despertar de uma nova vidaalémtúmulo. "Rosana, a Terceira Vítima Fatal" éum romance repleto de momentos de suspense,tensão e ternura. Ao lado do clima denso datrama que encadeia a estória, ergue-separalelamente uma ponte de luz através da qual

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todo o enredo será compreendido dentro dospostulados básicos do Espiritismo.