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Combatendo a Fome: Uma Análise do Programa de Aquisição de Alimentos na Cidade de Maringá – PR Sonia de Fatima Bortolatto SETP [email protected] Orientador: Prof. Dr. Francisco Giovanni David Vieira UEM [email protected] Resumo Este trabalho teve como objetivo proceder a uma análise dos resultados do Programa de Aquisição de Alimentos na cidade de Maringá, segundo a perspectiva dos atores nele envolvidos. Tal programa faz parte da Política de Segurança Alimentar e Nutricional do Governo Federal. Para a realização do estudo, foi adotado um procedimento metodológico relacionado a um estudo de caso exploratório e descritivo. Procedeu-se a análise de entrevistas com atores envolvidos, bem como a interpretação das leis e regulamentos que regem o programa. Os principais resultados do estudo indicam que o programa atendeu ao especificado no edital, mas que sua abrangência foi delimitada. Pois fortaleceu a agricultura familiar, porém nem todos os produtores tiveram acesso. Permitiu que os alimentos fossem em quantidade e qualidade suficientes à população, contudo não houve nenhuma forma de registro e controle nutricional do consumo desses alimentos. E bem como verificou-se que a divulgação das informações obtidas são fundamentais para repensar a política de segurança alimentar e nutricional. Palavras-chave: Exclusão Social; Fome; Alimentação; Segurança; Maringá. 1. Introdução As profundas desigualdades na distribuição da riqueza no mundo atingem proporções alarmantes. Calcula-se que 815 milhões de pessoas em todo mundo sejam vítimas de forma crônica ou grave de subnutrição, sendo que os mais atingidos são mulheres e crianças nos chamados países em via de desenvolvimento. Nos países em desenvolvimento atinge 777 milhões de pessoas, 27 milhões nos países em transição e 11 milhões nos países desenvolvidos como informações obtidas pela agência da FAO/ONU (GARUTI, 2008). Pesquisas indicam que a subnutrição crônica, quando não conduz a morte física, implica freqüentemente em uma mutilação grave, denominada de falta de desenvolvimento das células cerebrais nos bebês e cegueira por falta de vitamina A, conforme Andrade, Vicente e

Combatendo a Fome: Uma Análise do Programa de Aquisição ... · A Conferência Mundial de Alimentação ... aquelas que foram publicadas pela Agência da ONU e Banco Mundial:

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Combatendo a Fome:

Uma Análise do Programa de Aquisição de Alimentos na Cidade de Maringá – PR

Sonia de Fatima Bortolatto SETP

[email protected]

Orientador: Prof. Dr. Francisco Giovanni David Vieira UEM

[email protected]

Resumo

Este trabalho teve como objetivo proceder a uma análise dos resultados do Programa de Aquisição de Alimentos na cidade de Maringá, segundo a perspectiva dos atores nele envolvidos. Tal programa faz parte da Política de Segurança Alimentar e Nutricional do Governo Federal. Para a realização do estudo, foi adotado um procedimento metodológico relacionado a um estudo de caso exploratório e descritivo. Procedeu-se a análise de entrevistas com atores envolvidos, bem como a interpretação das leis e regulamentos que regem o programa. Os principais resultados do estudo indicam que o programa atendeu ao especificado no edital, mas que sua abrangência foi delimitada. Pois fortaleceu a agricultura familiar, porém nem todos os produtores tiveram acesso. Permitiu que os alimentos fossem em quantidade e qualidade suficientes à população, contudo não houve nenhuma forma de registro e controle nutricional do consumo desses alimentos. E bem como verificou-se que a divulgação das informações obtidas são fundamentais para repensar a política de segurança alimentar e nutricional.

Palavras-chave: Exclusão Social; Fome; Alimentação; Segurança; Maringá.

1. Introdução

As profundas desigualdades na distribuição da riqueza no mundo atingem proporções

alarmantes. Calcula-se que 815 milhões de pessoas em todo mundo sejam vítimas de forma

crônica ou grave de subnutrição, sendo que os mais atingidos são mulheres e crianças nos

chamados países em via de desenvolvimento. Nos países em desenvolvimento atinge 777

milhões de pessoas, 27 milhões nos países em transição e 11 milhões nos países

desenvolvidos como informações obtidas pela agência da FAO/ONU (GARUTI, 2008).

Pesquisas indicam que a subnutrição crônica, quando não conduz a morte física, implica

freqüentemente em uma mutilação grave, denominada de falta de desenvolvimento das

células cerebrais nos bebês e cegueira por falta de vitamina A, conforme Andrade, Vicente e

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Novo (2008). Todos os anos dezenas de milhões de mães gravemente subnutridas dão a luz a

dezenas de milhões de bebês igualmente ameaçados.

A Conferência Mundial de Alimentação realizada em 1974, na cidade de Roma, estabeleceu

que viver livre da desnutrição e da fome é um direito inalienável de todo o ser humano.

Portanto, o compromisso deliberado nessa Conferência deve ser cumprido para a garantia da

segurança alimentar, que significa o acesso permanente ao alimento suficiente para uma vida

ativa e sadia. A propósito dos termos definidos no compromisso, tem-se o seguinte

desdobramento em termos de compreensão: (i) o acesso ao alimento é uma condição

necessária, mas ainda não é o suficiente; (ii) o acesso ao alimento deve ser permanente,

sempre, não somente em certos momentos; (iii) o acesso deve ser por parte de todos, pois não

basta que os dados estatísticos sejam satisfatórios, é necessário que efetivamente todos

possam ter a segurança do acesso aos alimentos; e (iv) a idéia de que deve existir alimento

para uma vida ativa e sadia, significa que é importante que o alimento seja suficiente tanto em

quantidade como em qualidade.

As causas da fome no mundo são várias, não podem ser reduzidas a uma só, destaca-se entre

as mais relevantes, aquelas que foram publicadas pela Agência da ONU e Banco Mundial:

monocultura: significa que o produto nacional bruto de varios países em muitos casos,

dependem de uma cultura só; sem produções alternativas a economia destes países dependem

muito do preço do produto que é fixado em outros países; diferentes condições de trocas

entre os vários países: os países em desenvolvimento têm uma carência cada vez maior em

produtos manufaturados e alta tecnologia, que eles não têm condições de produzir, tendo que

se sujeitar aos preços fixados aos países que exportam; multinacionais: estas se constituem

em uma rede de poder supranacional, conquistam mercados investindo capitais privados e

deslocando a produção onde os custos de trabalho, energia e matéria prima são mais baixos e

os direitos dos trabalhadores limitados; dívida externa: ela dificulta a possibilidade de os

países menos avançados importarem alimentos de acordo com as suas necessidades, causando

impedimento no desenvolvimento e investimentos em tecnologia para aumento na sua

produção local. Os países aplicam todo lucro obtido com as exportações para pagamento da

dívida, não resolvendo o problema e a dívida continua inalterada e até às vezes aumenta;

conflitos armados: o dinheiro necessário para providenciar alimento, água, educação, saúde e

habitação suficiente para todos durante um ano, corresponde a quanto o mundo inteiro gasta

em menos de um mês na compra de armas, além de causar graves perdas e destruição em seu

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sistema produtivo primário; desigualdade sociais: lutar contra a fome em primeiro lugar

significa lutar contra a fome pela justiça social. As elites que estão nos governos são aquelas

que controlam o acesso aos alimentos, e isso consolida seu próprio poder, tendo como

conseqüência a falta de alimento para a própria pessoa que o produz, como, por exemplo, o

trabalhador rural (ANDRADE, VICENTE e NOVO, 2008, p.1).

Com relação à fome no Brasil, esse que é considerado o 5º país do mundo em extensão

territorial ocupando metade da área do continente sul americano, nos últimos 20 anos

apresenta um enorme crescimento industrial e paralelo a isso houve um crescimento da

pobreza. Atualmente, 1/3 da população é mal nutrida, 9% das crianças morrem antes de

completarem 1 ano de vida, e possui 37% do total de trabalhadores rurais sem terra. Outro

fator que contribui para situação de pobreza e fome é a concentração da produção agrícola e

renda nas mãos de poucas pessoas, que cada vez mais aumentam seu patrimônio e renda e

uma outra parcela da população é cada vez mais excluída dos bens e serviços (IBGE, 2008).

A garantia do direito humano à alimentação com soberania alimentar requer o envolvimento

tanto do Governo como da sociedade civil organizada, em seus diferentes setores ou áreas de

atuação: Saúde, Educação, Agricultura, Assistência Social, Meio Ambiente, Economia

Solidária etc, e em diferentes esferas: produção, comercialização, controle de qualidade,

acesso e consumo de alimentos.

O Estado do Paraná possui uma população de 9,5 milhões de habitantes, dos quais cerca de 1

milhão (10,83%) vivem em estado de miséria. Dados publicados pelo Instituto Paranaense de

Desenvolvimento Econômico e Social – IPARDES apontam que 21% se concentram na região

metropolitana de Curitiba e outra parcela significativa se concentra na região centro oeste do

Estado. Nessa região o índice de pobreza nos municípios chega a 41,44% (IPARDES, 2000).

Apesar de o Paraná ser considerado um dos maiores produtores de grãos do país, constata-se, na

contra mão, que para cada 10 paranaenses 1 está faminto. Essas pessoas sobrevivem com 0,25% de

um salário mínimo e convivem diariamente com a fome, a desnutrição e uma situação de pobreza

em geral (IPARDES, 2000). As estatísticas apontam, ainda, que 60% dessas pessoas que moram

no campo, vivem na miséria. Fazendo um comparativo através do mapa da pobreza editado pelo

IPARDES – Censo 2000 –, observa-se que a região de Maringá é privilegiada, pois não são

detectados níveis de extrema pobreza (IPARDES, 2000).

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Tendo em vista o contexto acima descrito, o objetivo deste artigo é analisar os resultados da

implantação do Programa de Aquisição de Alimentos na cidade de Maringá, Paraná, e qual foi

o benefício para os atores sociais – agricultores e entidades – nele envolvidos. Tal análise é

conduzida por meio de uma breve contextualização da Política Segurança Alimentar e

Nutricional no cenário brasileiro, dando ênfase ao Programa Federal de Combate a Fome.

2. Referencial Teórico

2.1. Programa Fome Zero

O Programa Fome Zero é um programa de combate à fome, que teve sua origem através de

movimento da Sociedade Civil e técnicos especialistas na área de Segurança Alimentar e

Nutricional. O Programa Fome Zero é uma estratégia impulsionada pelo Governo federal para

assegurar o direito humano à alimentação adequada, priorizando as pessoas com dificuldades

de acesso aos alimentos. Tal estratégia se insere na promoção da Segurança Alimentar e

Nutricional e contribui para a erradicação da extrema pobreza e a conquista da cidadania da

população mais vulnerável a fome (MDS, 2005, p.6).

Nesse sentido, o Programa Fome Zero possibilita ações planejadas e articuladas entre todas as

esferas do governo juntamente com a mobilização da sociedade civil, visando as melhores

possibilidades de assegurar o acesso à alimentação, a expansão da produção e o consumo de

alimentos saudáveis, a geração de ocupação de renda, a melhoria na escolarização, nas

condições de saúde, no acesso ao abastecimento de água, tudo sob a ótica da garantia do

direito à alimentação adequada, de promoção da segurança alimentar e nutricional, da

inclusão social e da conquista da cidadania da população mais vulnerável à fome conforme

informações do Ministério de Desenvolvimento Social – MDS (2005).

O Programa é composto de mais de 30 ações e subprogramas que integram 4 eixos

articuladores: Ampliação do Acesso à Alimentação, Fortalecimento da Agricultura

Familiar, Promoção de Processo de Geração de Renda e Articulação Mobilização e

Controle Social (MDS, 2005, p. 7).

2.2. Lei de Segurança Alimentar e Nutricional

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A Lei de Segurança Alimentar e Nutricional (Lei 11.346) sancionada pelo presidente da

república em 15 de setembro de 2006, que dispõe sob a Política de Segurança Alimentar e

Nutricional, representa a consagração de uma concepção abrangente e intersetorial da

Segurança Alimentar e Nutricional, bem como dos dois princípios que a orientam, que são o

direito humano a alimentação e a soberania alimentar conforme o artigo 8 da mesma lei

(CONSEA, 2006, p. 14).

2.3. Programa de Aquisição de Alimentos

Integrante do eixo do Fortalecimento da Agricultura Familiar que integra o Programa Fome

Zero, o Programa de Aquisição de Alimentos foi criado em 2003 para promover e estimular a

Agricultura Familiar, por um lado, e garantir o acesso à uma alimentação barata e de

qualidade à população carente, por outro. O Programa permite ao poder público comprar

diretamente e seguindo uma tabela oficial de preços, produtos alimentícios do pequeno

agricultor em limite de até R$ 2.500,00 por agricultor/ano (PARANA, 2006, p.2).- vide

documento anexo.

Os Estados e Municípios podem participar do programa na modalidade “Compra Direta

Local”. Para isto devem se habilitar no edital de seleção pública do Ministério de

Desenvolvimento Social para assinatura de um projeto. No Estado do Paraná o Projeto é

coordenado pela SETP – Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Promoção Social,

sendo essa secretaria a gestora do programa, que é desenvolvido em parceira com a SEAB-

EMATER e CEASA (MDS, 2005, p.29), o início do projeto no Paraná ocorreu em 2004

(PARANA, 2004, p.1).

3. Metodologia

O estudo que serviu de base para o desenvolvimento deste artigo se caracteriza como

exploratório (VERGARA, 2004), descritivo (GIL, 2002) e de caso (YIN, 2001), e foi

realizado tendo em vista o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) – Compra Direta da

Agricultura Familiar, da cidade de Maringá. Esse Programa foi executado por três anos

consecutivos, em 2005, 2006 e 2007, conforme se observa no Quadro 1.

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Quadro 1 – Demonstrativo físico financeiro da execução do programa Compra Direta no período 2005 a 2007

ANO

Nº Entidade

Proponentes

Nº Entidades Executoras

Nº Pessoas Beneficiadas

Nº Agricultores Beneficiados

Valores Repassados

(R$)

2005 4 95 55.364 69 128.426,90 2006 4 78 45.818 57 100.000,00 2007 4 96 48.748 67 108.906,24

Fonte: Escritório Regional da Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Promoção Social de Maringá, 2009.

A cidade de Maringá se encontra situada na região noroeste do Estado do Paraná, contando

com população estimada em 288.653 mil habitantes, onde 4.675 são habitantes rurais,

conforme se observa no CENSO de 2000, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística – IBGE (IBGE, 2000). Segundo dados da EMATER, Maringá possui uma área de

aproximadamente de 48 mil hectares, sendo que 32 mil hectares são utilizados com

agricultura. Há um total de 1.560 propriedades, em que 1.290 são pequenas. Dentre as

pequenas propriedades, 639 são cultivadas por famílias que sobrevivem exclusivamente do

plantio diversificado de produtos da agricultura familiar, como, por exemplo,

hortifrutigranjeiros (EMATER – INSTITUTO PARANAENSE DE ASSISTÊNCIA

TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL, 2007).

De um modo geral, em termos de produção rural em Maringá, destacam-se a lavoura de soja,

milho, cana-de-açúcar, café, feijão, arroz, algodão e a criação de bovinos, eqüinos, galinhas,

ovinos e suínos, conforme dados do IPARDES-PR (IPARDES – CENSO, 2000). Ao

comparar os dados editados pelo IPARDES no mapa da pobreza, observa-se que a cidade de

Maringá tem o 6º maior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do Estado e o 67º do país.

Isso revela uma situação privilegiada, pois não se detecta níveis de extrema pobreza

(IPARDES – CENSO, 2000).

As informações foram obtidas por meio de entrevistas estruturadas (GIL, 2002) com os

agricultores e entidades sociais beneficiadas pelo referido Programa. Além disso, foram

coletados dados secundários em documentos existentes no Escritório Regional da Secretaria

de Estado do Trabalho, Emprego e Promoção Social de Maringá. A análise das informações

se deu por meio da análise de discurso (VERGARA, 2008). As questões que nortearam a

realização da pesquisa estão apresentadas no Quadro 2.

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Quadro 2 – Questões norteadoras da pesquisa, de acordo com os sujeitos entrevistados

Entidades Proponentes Entidades Executoras Agricultores

Conhecimento sobre o programa Conhecimento sobre o programa Conhecimento sobre o programa Razão para ingressar no programa Participação em reunião de esclarecimento Razão para ingressar no programa Critério de priorização Razão para ingressar no programa Critério de priorização Número de participações no programa Critério de priorização Total recebido de recursos, em Reais

Número de entidades executoras coordenadas Número e freqüência de participações no

programa

Número de entidades atendidas

Número de pessoas atendidas Forma de manutenção da clientela antes do

programa

Constância dos recursos

Volume de repasse Significado da participação no projeto Freqüência de particpação Processo de divisão de alimentos Custo versus benefício da participação no

programa

Procura da parte de entidades após

encerramento do programa Critério de orientação técnica para consumo de

alimentos

Existência de orientação técnica para o consumo

de alimentos

Significado da participação no projeto

Continuidade na compra direta de alimentos do

agricultor

Número de pessoas atendidas Benefícios financeiros gerados pelo

projeto Avaliação geral para o projeto Avaliação geral para o projeto Avaliação geral do projeto Avaliação positiva Sugestão de melhoria para o projeto Avaliação positiva Avaliação negativa Participação em outros programas de alimentos Avaliação negativa

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N

o

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a

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a

s

Sugestão de melhoria para o projeto Continuidade na compra de alimentos do

agricultor após o projeto

Sugestão de melhoria para o projeto

Fonte: Elaboração própria.

4. Resultados e Discussão

Essa seção contém a apresentação e discussão dos resultados obtidos com a realização das

entrevistas junto aos diferentes atores sociais envolvidos na pesquisa.

4. Entrevista com os Produtores

Foram entrevistados 6 agricultores, sendo estes proprietários de pequenas propriedades

localizadas na zona rural de Maringá, sobrevivem exclusivamente do rendimento do cultivo

de sua produção. Para as entrevista foram selecionados 1 produtor de Mel, 1 de Morango, 1

de pães e bolachas , 2 de hortaliças e tomates, 1 de banana. Os dados apontam que desde a

implantação do Programa Compra Direta da Agricultura Familiar, no município de Maringá,

nos anos de 2005, 2006 e 2007 os agricultores participaram de todos os editais publicados

pelo Governo do Estado do Paraná através da SETP, gestora do programa, que quando do

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lançamento dos editais promove ampla divulgação dos mesmos por meio de reuniões com

técnicos, agricultores e entidades interessadas na proposta. Entre as atribuições e

responsabilidades da SETP, relacionadas à gestão do programa, encontram-se: liberar os

recursos através de projetos apresentados pelas entidades proponentes, divulgar os editais,

orientar os projetos, supervisionar a aplicação dos recursos financeiros, e emitir relatórios e

pareceres técnicos.

O investimento em equipamentos, a diversificação e o aumento da produção foram aspectos

relevantes e destacados pelos produtores entrevistados, o que, segundo eles, estimulou a

organização através de associações e cooperativas. Outro fato importante apontado diz

respeito à figura do atravessador, que deixou de existir circunstancialmente, fazendo com que,

sem sua ação, os produtos chegassem diretamente ao consumidor e as entidades, criando um

vínculo estreito entre Entidades e Produtores. Observou-se, ademais, a valorização que o

programa teve para os produtos orgânicos. O programa permitia pagar 30% a mais do valor

inicialmente pago aos produtos comuns. Complementarmente, a diversificação da produção

foi outro dado relevante do projeto. A certeza do pagamento garantido dos produtos, e em dia,

a partir da aprovação do projeto, oportunizou as entidades sociais uma alimentação saudável

com qualidade e em quantidade necessária.

Um exemplo de retorno financeiro rápido, e com escoamento da produção, ocorreu com os

produtores de mel, cuja produção estava “estocada” e com a chegada do recurso financeiro e a

permissão do edital para vender produtos não perecíveis em cota única, possibilitou as

entidades adquirirem o produto e, por conseguinte, os produtores de mel aplicarem o dinheiro

na aquisição de equipamentos. O mesmo, contudo, não aconteceu com os demais produtores

que forneciam produtos perecíveis como frutas, verduras e legumes. Esses produtos tinham

que obedecer aos critérios impostos pelo edital, ou seja, era impraticável comprar para estocar

produtos perecíveis.

Em termos específicos, a morosidade na liberação dos recursos financeiros por parte do

Estado às entidades executoras, as constantes mudanças climáticas, a alta de preços na matéria

prima de alguns produtos como, por exemplo, a farinha para a fabricação de bolos, pães e

bolachas, somados a burocracia na tramitação de documentos exigidos pelo edital quando da

necessidade de troca de produtos, foram fatores marcantes para vida dos produtores de

alimentos perecíveis. Alguns deles foram seriamente penalizados com a perda da produção no

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campo, pois os projetos eram elaborados de acordo com o calendário agrícola, que em alguns

casos era incompatível com a época em que os recursos financeiros eram liberados.

A incerteza de novos editais, o ingresso por parte dos produtores em novos projetos, assim

como o teto máximo de R$ 2.500,00, estabelecido por produtor, foi destacado por todos os

agricultores como fator negativo do programa. Segundo os agricultores, o ingresso deles no

programa permitia a participação por um ano. Encerrada aquela cota de produtos alocadas ou

destinadas a um determinado ano, eles tinham que concorrer ao próximo edital. Naturalmente,

o ingresso do produtor em outro projeto dependia da produção para entrega, e sem a certeza

de novos editais eles não tinham como programar uma produção excedente, pois caso não

houvesse edital, o que ocorreu em 2008, corriam o risco de plantar e não ter edital para novas

adesões. Outro fato relatado, e que demonstra desinteresse pelo projeto, refere-se à questão do

valor do teto permitido por produtor/ano. Era estabelecido, em edital, o valor de R$ 2.500,00,

mas os projetos eram elaborados seguindo orientações do Estado, que por sua vez estipulava

os valores máximos permitidos por município. Dessa forma, conforme relata um dos

entrevistados, alguns agricultores nunca chegaram a completar a cota que era permitida,

relativa, no caso, a R$ 2.500,00.

Outro aspecto relevante da entrevista com os produtores se relaciona à descontinuidade do

projeto, tanto por parte do estado, como das próprias entidades. Do Estado porque, desde o

ano de 2007, não lançou novos editais do programa. Paralelo a isso, os agricultores também

mencionaram que em alguns casos toda produção era entregue ao projeto por um ano,

deixando o local costumeiro de entrega “descoberto”. A implicação imediata, decorrente

dessa situação, foi que ao término do projeto e voltado a oferecer seus produtos ao comércio

local, os comerciantes já tinham outros fornecedores entregando os mesmos produtos que

antes eram entregue pelos agricultores participantes do projeto. Em alguns casos houve

prejuízo e perda de produtos na lavoura. Por outro lado, e por parte das entidades

beneficiadas, houve descontinuidade pela falta de interesse em adquirir o produto direto do

produtor, com recursos financeiros próprios. Segundo relato, por ocasião do término do

projeto no município de Maringá, os agricultores propuseram uma parceria com as entidades

beneficiadas com programa, mas foi em vão, pois as entidades alegaram a eles que só foi

possível a compra dos produtos por que os mesmos eram a custo zero para elas, indicando,

para amenizar a situação, que quando da liberação de novos editais entrariam em contato com

os agricultores.

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4.2. Entidade Proponente

As Entidades Proponentes na concepção do Programa são aquelas Entidades que estão

devidamente legalizadas, que possuem personalidade jurídica própria, ou seja, Organizações

Não Governamentais (ONGs), que assumem a responsabilidade desde a elaboração do

projeto, gerenciamento, pagamento aos produtores, prestação de contas dos recursos

recebidos ao órgão repassador, apresentação de relatórios e da aplicação financeira dos

recursos na aquisição de produtos das entidades executoras sob sua responsabilidade. Podem

ter sob sua coordenação entidades de caráter beneficente e sem fins lucrativos que prestam

atendimento a população carente. Por outro lado, não há critérios definidos no programa

quanto ao limite de entidades executoras para cada proponente, sendo o mesmo determinado

pela própria proponente pela sua capacidade de gestão. A esse respeito, das quatro entidades

proponentes no município de Maringá, uma delas chegou a gerenciar, pelos três anos de

execução do projeto no município, setenta e cinco entidades executoras. Ressalta-se que o

município de Maringá conta com cento e setenta entidades de atendimento à população, das

quais noventa e cinco prestam atendimento à clientela da política social e setenta e cinco da

política educacional.

A Entidade Proponente entrevistada participou como proponente durante o período de 2005 a

2007. Além das setenta e cinco entidades executoras tidas sob sua responsabilidade, conforme

mencionado acima, atendeu 43.965 pessoas com um valor total de R$ 172.019,45. Segundo a

mesma o que a motivou a participar do programa foi a possibilidade de adquirir produtos de

qualidade para suprir as necessidades alimentares e nutricionais de sua clientela durante os

três anos de execução. Salientou, ainda, que o programa oportunizou ao seu público-alvo

condições de oferecer alimentação de qualidade com produtos frescos e altamente nutritivos e

também beneficiou os produtores que aumentaram o escoamento da produção por um preço

justo.

Os alimentos eram entregues pelos produtores uma vez por semana. A entidade proponente

organizava as entregas dos produtos conforme estabelecido no cronograma de entrega de cada

entidade executora. Como ponto negativo destacou a descontinuidade do programa por parte

do estado. Destacou-se, também, que os valores repassados não foram de acordo com o

número de pessoas atendidas. Outros aspectos negativos citados concerniram ao excesso de

burocracia, que dificultava o bom andamento do projeto, a interferência política, e a

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morosidade tanto na liberação dos recursos financeiros quanto no lançamento de editais por

parte do governo do estado.

4.3. Entidade Executora

As Entidades Executoras, na concepção do programa, são aquelas que estão sob a

coordenação das entidades proponentes, têm a responsabilidade de receber os alimentos,

prepará-los e serví-los à sua clientela. Para ingressar no programa, as entidades executoras

tinham que estar de acordo com os critérios estabelecidos pelo mesmo, ou seja, ser entidade

sem fins lucrativos e de atendimento a população carente. Os benefícios de ter uma

alimentação de qualidade, diversificada, preços acessíveis em relação ao mercado e a custo

zero, fizeram com que as entidades ingressassem no projeto. Apenas uma das entidades

executoras, entre as entrevistadas, conta com nutricionista. A outra entrevistada conta com o

apoio de merendeiras da prefeitura municipal e atenderam um total de 550 pessoas nos três

anos de execução do projeto, entre crianças, idosos e famílias.

Na avaliação das entidades executoras, os produtos que recebiam eram de qualidade e

diversificados, e ao mesmo tempo beneficiavam o pequeno produtor, eliminando a figura do

atravessador, permitindo preços mais acessíveis dos produtos do que os encontrados no

mercado. Como o programa fornecia alimentos a custo zero, o recurso anteriormente aplicado

na aquisição de alimentos pôde ser redirecionado para aquisição de equipamentos e material

de consumo, o que proporcionou uma melhoria na qualidade do atendimento do seu público-

alvo. O programa propiciou às entidades uma troca de experiência, caracterizada, entre outras

formas, pela interação com os produtores por meio de reuniões de “troca de receitas

culinárias”. Após termino do projeto não houve continuidade de compra dos produtos direto

do produtor.

A questão da continuidade na compra dos produtos direto do produtor, após o término do

convênio com o governo do estado, foi justificada pela falta de recursos financeiros. Quando

da execução do programa os produtos eram adquiridos a custo zero pela entidade.

Atualmente, essas entidades adquirem os alimentos para prover a alimentação de sua clientela

em mercados e quitandas, tendo como fonte orçamentária os recursos provenientes de

convênios firmados com o Governo Federal, municipal e estadual, doações da comunidade e

verbas parlamentares.

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5. Considerações Finais

Com o objetivo de analisar os resultados da implantação do Programa Compra Direta da

Agricultura Familiar na cidade de Maringá, Paraná, e qual o benefício para os atores nele

envolvidos (agricultores e entidades), é que se desenvolveu este trabalho. Ao passo que se

observa a necessidade de articulação de políticas públicas para o combate à fome.

Na verificação do projeto e o correlacionando com as entrevistas realizadas com o as

entidades proponente, executoras e agricultores, no que tange ao fortalecimento da agricultura

familiar – princípio almejado pelos objetivos do programa – verificou-se que, os produtores

que se enquadravam em uma situação de maior estrutura financeira conseguiam beneficiar-se

do projeto, principalmente por que ao termino de cada projeto/ano tinham condições de

retornar a sua produção, não dependendo de novos editais. No entanto, os que tinham uma

estrutura mais fragilizada, permaneciam na expectativa de novos editais, o que nem sempre

ocorreu, dificultando para eles a decisão de investir em novas produções.

Se afirma, de tal forma que, o Programa Compra Direta da Agricultura Familiar, atendeu aos

objetivos a que se propôs, ou seja, fortaleceu a agricultura familiar, forneceu alimentação

saudável, natural e em quantidade suficiente ao público determinado nos projetos elaborados.

Porém não conseguiu contemplar todos os produtores e nem todas as entidades. Isto, pois, os

recursos já vinham pré-estabelecidos, não eram suficientes para inserir todos, muitas vezes

não respeitavam critérios de porte populacional e níveis de pobreza. Verifica-se, de tal forma,

que não persiste o compromisso político com os programas, não pode-se dizer que por falta de

políticas sociais, mas sim pela forma em como as mesmas são implantadas e implementadas.

Dever-se-iam investir em políticas de ação continuada para que não haja interrupções de

ações que venham a prejudicar a população.

Considerando que a burocracia e a lentidão são fatores que atrapalham o bom andamento das

ações outra posição a se tomar é o de criar mecanismos que permitam acessos mais fáceis às

informações que regem o programa. Deve existir um compromisso consolidado entre a

sociedade civil, Governos Federal, Estadual e Municipal e as ONGs em planejar e divulgar os

projetos sociais. Nesse sentido, o caráter informativo de estudos em torno de tais programas

poderão auxiliar a conscientização da sociedade.

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Em última análise cabe considerar que a falta de registro por parte das entidades executoras e,

muitas vezes, a dificuldade em coleta de dados impediram de se ter informações precisas

acerca dos resultados nutricionais desses alimentos. Verificou-se que esses eram de

qualidades, no entanto não se fez o acompanhamento, por exemplo, da quantidade de

alimentos, ou mesmo o valor calórico ingerido, isto, pois, muitas instituições não detinham de

acompanhamento nutricional. Esta realidade, pode ocasionar outros problemas alimentares

que não a fome, como a situação de insegurança alimentar, como a obesidade e doenças

associadas à má alimentação.

Por fim, não se pretende encerrar as discussões, mas permitir que informações cheguem à

população e que possam ser utilizadas para a divulgação, cumprimento da lei e melhoria de

vida. Os dados neste trabalho contidos auxiliarão no replanejamento do programa por parte

dos governos, com vistas a melhorar a capacidade de atendimento. Deve-se possibilitar que, o

Programa Compra Direta da Agricultura Familiar não se encerre em dois ou três editais, mas

que possa ser um serviço de ação continuada. Que assim, a agricultura familiar possa ser

realmente fortalecida e que mais agricultores possam ser inseridos nos editais, permitir o

escoamento da produção direto ao consumidor e que este não esteja atrelado a editais. Dessa

forma seriam beneficiados tanto produtores, quanto entidades e consumidores. Com isto

acreditamos que após a conclusão deste trabalho, esta pesquisa torne-se publica e que os

dados levantados contribuam na reformulação das Políticas Públicas.

Referências

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ANEXOS

ORIENTAÇÕES COMPRA DIRETA LOCAL DA AGRICULTURA FAMILIAR

Neste documento estão as orientações gerais para a elaboração e conveniamento do Programa de Compra Direta da Agricultura Familiar no Paraná, que tem como órgão gestor do Programa a Secretaria Estadual do Trabalho, Emprego e Promoção Social e parceria com a Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento (EMATER e CEASA) e a Secretaria Estadual da Educação. FINALIDADE: garantir à alimentação para pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade social

e/ou de insegurança alimentar e nutricional; fortalecer a agricultura familiar e a geração de trabalho e renda; e promover o desenvolvimento local por meio do escoamento da produção para consumo no entorno da região produtora.

NATUREZA DA OPERAÇÃO: compra direta local da produção agropecuária de produtores enquadrados no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – Pronaf, visando a doação simultânea para instituições sociais.

ABRANGÊNCIA: todo o território do Estado do Paraná.

GESTÂO: Coordenação Estadual do Programa no Estado tem a participação de representantes da SETP, SEAB (EMATER e CEASA) e da SEED. A SETP é a Secretaria responsável em executar o programa, com o apoio dos demais órgãos de governo no processo de articulação e assessoria das entidades proponentes.

BENEFICIÁRIOS:

5.1. Beneficiários-produtores enquadrados nos grupos A ao D do Pronaf, inclusive agroextrativistas, quilombolas, famílias atingidas por barragens, trabalhadores rurais sem terra, comunidades indígenas.

5.2. Beneficiários consumidores: instituições não governamentais (com CNPJ) que desenvolvam trabalhos publicamente reconhecido de atendimento às populações em situação de risco social (prioritariamente: creches, asilos, hospitais, associações beneficentes, cozinhas comunitárias, bancos de alimentos, APMs das escolas municipais e estaduais, entre outros). Não sendo permitido a distribuição dos alimentos diretamente para famílias (cestas básicas), sob penalidade de interromper o projeto, exceto em condições especiais desde que aprovado pelo órgão gestor do Programa.

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PRODUTOS AMPARADOS: Todo produto proveniente da Agricultura Familiar que possa ser comercializado através da nota do produtor e que tenha cotação pelo Governo do Estado.

LIMITE DE COMPRA: até o valor máximo R$ 2.500,00, por beneficiário-produtor/ano.

DOCUMENTAÇÃO PRÉVIA: deverão ser entregues, junto com a proposta de participação, ao órgão gestor do programa – SETP, os seguintes documentos (tais documento são exclusivos para a entidade proponente):

a) Declaração de Aptidão ao Pronaf - DAP, na forma prevista na Portaria MDA nº 075, de 25/07/03 – esta documentação pode ser solicitada gratuitamente via escritórios municipais da EMATER;

b) Ofício da entidade proponente solicitando análise e firmar convênio com a SETP;

c) Conta bancária específica para o projeto no Banco do Brasil;

d) Estatuto social e ata de posse da atual diretoria da entidade;

e) Plano de Aplicação devidamente preenchida;

f) Demonstração de ausência de recursos próprios suficientes à sua manutenção, por parte da instituição proponente (declaração de uma autoridade);

g) Declaração de utilidade pública (Lei de utilidade pública);

h) Cópia da publicação da lei de utilidade pública (em jornal de circulação);

i) Parecer do Conselho/Comitê Gestor;

j) Certidão negativa de débitos da instituição, expedida pelo Tribunal de Contas do Estado.

k) Certidão negativa do INSS, FGTS, Secretaria da Fazenda Estadual e Tributos Federais;

l) Cópia do Cadastro do CNPJ;

m) Produtos de origem animal: se houver a presença de produtos de origem animal (e derivados), é necessário a certidão de funcionamento da agroindústria ou abatedouro ou certificado da vigilância sanitária (municipal, estadual ou federal) da produção;

n) Produtos agroecológicos/orgânicos: se houver produtos agroecológicos é necessário documentação da certificação da propriedade dos agricultores.

LIBERAÇÃO DO RECURSO: com a aprovação do projeto, as entregas dos produtos poderão ser iniciadas.

A forma de pagamento e liberação de recursos poderá acontecer de duas formas:

9.1. Convênio e repasse de recursos com as entidades proponentes: Será firmado convênio com a instituição proponente de forma que os recursos serão disponibilizados na conta – conta vinculada – da proponente, sendo que a mesma deverá efetuar a aplicação dos recursos. Desta forma, o controle e prestação de contas deverá ser executado pela instituição proponente,. Nesta Segunda opção, a entidade proponente se responsabiliza em pagar os custos referentes a 2,3% de tributos (INSS), advindos da nota do produtor.

9.2. Cooperação técnica com as entidades proponentes e pagamento diretamente na conta dos agricultores: A produção será paga conforme for sendo entregue, sendo creditado na conta corrente do agricultor, no prazo de até 30 dias a contar da data da entrega da nota e termo de recebimento e aceitabilidade para a SETP. A liberação do recurso somente será possível se acusada a apresentação correta dos seguintes documentos: nota do produtor (devidamente preenchida); termo de recebimento e aceitabilidade - sem a apresentação destes documentos não será efetuado o pagamento.

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VENCIMENTO DO PROJETO: de acordo com o estabelecido no Plano de Aplicação, respeitando o limite de dezembro de 2005.

PRAZO DE ENTREGA DO PRODUTO: de acordo com o estabelecido no Plano de Aplicação, devendo ser realizado o controle por parte de cada instituição beneficiada através do relatório de recebimento e do parecer mensal do órgão de controle social (Conselho Municipal ou Comitê Gestor)

QUANTIDADE A SER ENTREGUE: a pactuada no Plano de Aplicação, podendo ocorrer ajuste nos seguintes casos:

a) da variação da qualidade indicada na classificação do produto; b) da necessidade de substituição de produtos originalmente pactuados por similares. As alterações só poderão ser realizadas após apresentada justificativa das alterações necessárias e aprovação oficial (através de ofício específico e aditivo ao convênio) por parte do gestor do programa.

SUBSTITUIÇÃO DO PRODUTO OU DO PRODUTOR/FORNECEDOR: será permitida a substituição do produtor/fornecedor ou do produto por similar, desde que aceito pelo beneficiário consumidor. Para tanto, o proponente deverá apresentar um Termo Aditivo ao convênio firmado, com a lista de produtos originais e os substitutos e no caso de alteração do produtor, o substituto – e consequentemente a documentação deste. As alterações não poderão ultrapassar os recursos já pactuados inicialmente na Proposta de Participação. Toda e qualquer alteração do projeto deverá ser apreciada e aprovada pelo gestor do programa.

CONTROLE SANITÁRIO E DE QUALIDADE:

Produtos de origem animal: observar as normas de identidade e qualidade do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) ou da Vigilância Sanitária (Municipal, Estadual e Federal), o que couber.

FISCALIZAÇÃO: o Governo do Estado do Paraná poderá fazer a fiscalização de todos os procedimentos constantes nos Planos de Aplicação (beneficiários fornecedores, beneficiários consumidores, fluxo/cronograma de entrega, qualidade/quantidade do produto e outros aspectos considerados relevantes) a qualquer momento. Ficará sob responsabilidade do Comitê e/ou Conselho Municipal acompanhar e fiscalizar (emitir parecer mensal) a compra, distribuição e consumo. Os órgãos de controle social poderão ser, em ordem de prioridade:

Comitê Gestor Municipal – Fome Zero/Leite das Crianças;

Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA);

Conselhos Municipais de Assistência Social.

LOCAL DE ENTREGA DO PRODUTO: de acordo com o previsto no Plano de Aplicação, priorizando a ligação direta entre agricultor e instituição beneficiária.

DESPESAS POR CONTA DO PRODUTOR: despesas de transporte, carga/descarga e embalagem é de responsabilidade dos agricultores.

DESPESAS PARA CONTRIBUIÇÃO PREVIDÊNCIÁRIA/FUNRURAL: com o projeto em funcionamento, as entidades proponentes ficarão responsáveis em recolher, junto a previdência social - INSS, 2,3% do total movimentado pelo projeto. Tal recolhimento é obrigatório e necessário para que a instituição permaneça com as certidões negativas. O recolhimento deverá ser realizado com recursos que não sejam provenientes do convênio com o Governo do Estado.

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CRITÉRIOS PARA A FIXAÇÃO DE PREÇOS DOS PRODUTOS: os preços dos produtos deverão seguir os critérios abaixo (resolução n° 12, 21 de maio de 2004, Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome), no entanto os produtos atestados como agroecológicos ou orgânicos poderão ter acréscimo de preço de até 30% - desde que devidamente certificados:

a) os preços apurados nas licitações pertinentes às compras de alimentos realizadas no âmbito dos Municípios para ações de segurança alimentar e nutricional em suas respectivas jurisdições, desde que em vigor;

a) os preços vigentes nos leilões de compra de produtos similares, realizados pela CONAB, no caso de produtos beneficiados;

c) a média dos preços praticados no mercado atacadista nos últimos 36 meses, corrigidos pelo Índice de Preços recebidos pelos Produtores - IPR, descartados os 5 maiores e os 5 menores preços, em se tratando de produtos com cotação nas CEASA's; e

d) os preços vigentes, apurados em pesquisas de mercado, junto aos atacadistas locais/regionais, realizadas e/ou ratificadas pelas Superintendências Regionais da CONAB - SUREG's.

* O referencial de preços (as tabelas de preços oficiais) está disponível nos escritórios regionais da Secretaria Estadual do Trabalho, Emprego e Promoção Social.

CASOS OMISSOS: os casos omissos ou de natureza específica serão dirimidos pela Coordenação Estadual do Programa.

FLUXOGRAMA:

Convênio:

I. Entrega do Produto à Instituição Beneficiária: emissão da nota do produtor pelo agricultor familiar no ato da entrega.

II. Instituição beneficiária (instituição social): se o produto estiver na quantidade e qualidades acordadas, a instituição beneficiária deverá emitir o termo de recebimento e aceitabilidade, anexando este a nota do produtor.

III. A instituição beneficiária (instituição social) em mãos da nota do produtor e o termo de recebimento e aceitabilidade devidamente preenchidos deverá encaminhar para a Entidade Proponente responsável pelo projeto no município. – se a proposta foi acordada via convênio com a SETP e o recurso financeiro está alocado na conta da instituição proponente. A nota do produtor fica na instituição e deverá servir como prestação de contas ao final do convênio.

Cooperação Técnica:

I. Se o termo acordado foi firmado via cooperação técnica: a entidade responsável (associação) pelo projeto no município deverá receber da instituição beneficiária (instituições sociais) a nota do produtor e o termo de recebimento e aceitabilidade, e deverá encaminhar à SETP.

II. Em mãos da nota do produtor e termo de recebimento e aceitabilidade, a SETP depositará diretamente na conta do agricultor o valor dos produtos entregues. A SETP emitirá a nota de empenho que deverá ser devolvida ao agricultor. Esta nota de empenho (contra nota) serve para a comprovação previdênciária, desta forma é imprescindível que seja acusada o recebimento pelo agricultor – a contra nota deverá fazer o caminho inverso dos documentos.

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CT/SUREG-PR/GEOPE Nº 1.243 Curitiba, 12 de abril de 2005 Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Promoção Social At. André Michelato Em atendimento à sua solicitação referente aos preços apresentados na lista de produtos do Programa de Compra Direta Local da Agricultura Familiar no Estado do Paraná, informamos a seguir os preços a serem praticados para as propostas do programa em questão, conforme quadro abaixo.

Leilão PesquisaCONAB CONAB

01 Abacate Kg 0,60

02 Abacaxi Un 2,00

03 Abóbora Cabotiá Kg 0,60

04 Abóbora Moranga Kg 0,60

05 Abóbora Seca Kg 0,60

06 Abobrinha Kg 1,00

07 Acelga Un 1,00

08 Açúcar mascavo Kg 2,00

09 Agrião Mç(400 gr) 0,70

10 Aipim/Mandioca Kg 0,60

11 Alface Pé 0,50

12 Alho Kg 5,00

13 Almeirão Mç(400 gr) 0,60

14 Amendoim com casca Kg 2,50

15 Amendoim descascado Kg 3,50

16 Arroz beneficiado T1 Kg 0,97

17 Arroz beneficiado T2 Kg 0,84 0,84

18 Arroz em casca Kg 0,60

19 Banana caturra Kg 0,60

20 Banana Maçã Kg 1,00

21 Banana prata Kg 1,00

22 Batata doce Kg 0,75

23 Batata inglesa Kg 0,70

24 Batata salsa Kg 1,20

25 Berinjela Kg 0,80

26 Beterraba Kg 0,85

Item Produto Unidade

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27 Bolacha caseira Kg 5,00

28 Brócolis Mç(400 gr) 1,00

29 Café beneficiado Kg 5,00

30 Canjica Kg 1,20

31 Caqui Kg 1,00

32 Carne de bovina em pé Kg 4,00

33 Carne de porco em pé Kg 3,00

34 Caxi Kg 0,80

35 Cebola Kg 0,80

36 Cenoura Kg 0,75

37 Centeio integral Kg 1,50

38 Chá - Mate Torrado Kg 5,00

39 Chás medicinal Kg 11,00

40 Cheiro verde Mç(400 gr) 0,60

41 Chuchu Kg 0,65

42 Colorau Kg 2,80

43 Couve Mç(400 gr) 0,75

44 Couve flor Un 0,95

45 Cuca Un 2,80

46 Ervilha - Vagem Kg 3,00

47 Espinafre Mç(400 gr) 0,70

48 Farinha de mandioca Kg 2,00

49 Farinha de milho Kg 1,30

50 Farinha de trigo Kg 1,00 1,00

51 Feijão cores Kg 1,50

52 Feijão preto Kg 1,50

53 Filé de Tilápia Kg 9,00

54 Frango caipira vivo Kg 3,80

55 Frango vivo (branco) Kg 2,00

56 Fubá Kg 0,56 0,56

57 Geleia de frutas 340g Vd 3,50

58 Goiaba Kg 1,10

59 Laranja pera Kg 0,70

60 Leite Li 1,00

61 Limão Taiti Kg 0,75

62 Maça Kg 1,20

63 Macarrão caseiro Kg 3,80

64 Mamão Un 1,20

65 Manga Kg 0,90

66 Manteiga Kg 4,50

67 Maracujá Kg 1,45

Massa de tomate Kg 3,00

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Destacamos que os preços ora informados têm validade para as operações até o dia 31 de agosto de 2005.

Atenciosamente, Valmor Luiz Bordin Jorge Argemiro Dias Gerente de Operações Superintendente Regional CSC...

97 Rabanete Mç(400 gr) 1,00

98 Radite Mç(400 gr) 0,60

99 Rapadura Kg 2,80

100 Repolho Kg 0,35

101 Rúcula Mç(400 gr) 0,80

102 Salame colonial Kg 9,00

103 Salsinha Mç(400 gr) 0,80

104 Soja em grãos Kg 0,80

105 Suco de Maracujá Li 4,00

106 Suco Laranja Li 4,00

107 Suco Uva Li 6,00

108 Tomate Kg 1,25

109 Tomate Cereja Kg 1,60

110 Trigo integral Kg 1,00

111 Uva izabel Kg 1,20

112 Vagem Kg 1,50

113 Vinagre de vinho Li 2,50

114 Yogurt caseiro Li 2,50