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Ano XXI | N.º 130 | ABRIL > JUNHO 2016 Jornal dos Combatentes do Ultramar combatente Stress Pós-Traumático de Guerra Constituição da República Portuguesa Artigo 71.º Cidadãos portadores de deficiência 1. Os cidadãos portadores de deficiência física ou mental gozam plenamente dos direitos e estão su- jeitos aos deveres consignados na Constituição, com ressalva do exercício ou do cumprimento daqueles para os quais se encontrem incapacitados. 2. O Estado obriga-se a realizar uma política nacional de prevenção e de tratamento, reabilitação e inte- gração dos cidadãos portadores de deficiência e de apoio às suas famílias, a desenvolver uma pedagogia que sensibilize a sociedade quanto aos deveres de respeito e solidariedade para com eles e a assumir o encargo da efectiva realização dos seus direitos, sem prejuízo dos direitos e deveres dos pais ou tutores. 3. O Estado apoia as organizações de cidadãos portadores de deficiência.

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Ano XXI | N.º 130 | ABRIL > JUNHO 2016

Jornal dos Combatentes do Ultramarcombatente

Stress Pós-Traumáticode Guerra

Constituição da República PortuguesaArtigo 71.º

Cidadãos portadores de deficiência1. Os cidadãos portadores de deficiência física ou mental gozam plenamente dos direitos e estão su-

jeitos aos deveres consignados na Constituição, com ressalva do exercício ou do cumprimento daqueles para os quais se encontrem incapacitados.

2. O Estado obriga-se a realizar uma política nacional de prevenção e de tratamento, reabilitação e inte-gração dos cidadãos portadores de deficiência e de apoio às suas famílias, a desenvolver uma pedagogia que sensibilize a sociedade quanto aos deveres de respeito e solidariedade para com eles e a assumir o encargo da efectiva realização dos seus direitos, sem prejuízo dos direitos e deveres dos pais ou tutores.

3. O Estado apoia as organizações de cidadãos portadores de deficiência.

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FICHA TÉCNICA: A VOZ DO COMBATENTE - Jornal dos Combatentes de Ultramar | ANO XXI | N.º 130 | ABR. / JUN. 2016 | Director: António Ferraz Impressão/Paginação: GRAFIBEIRA - Tipografia e Artes Gráficas, Lda. - Oliveira do Hospital | Tiragem: 5.000 exemplares Associação Nacional dos Combatentes do Ultramar | Rua Conde Ferreira, 47 - Escola Conde Ferreira - Feira - 3460-553 TONDELA - Telf. / Fax 232 822 710 - Tlm. 965 160 670 - www.ancu.pt - E-mail: [email protected] - Reg. Secretaria do Ministério da Justiça, N.º 119.966 - Empresa jornalistica N.º 219.965 - Pessoa colectiva: 501 879 617

E D I T O R I A L

I – FIm dE mandatO

no fim deste ano, os atuais corpos sociais da nossa associação terminam o

seu mandato. a maior parte dos seus elementos vem já de mandatos anteriores.

É preciso que alguém assuma o comando deste barco, não à última da hora,

mas vá preparando a sua candidatura para após as novas eleições o assumir.

Faço um apelo àqueles que têm capacidades para isso e se disponibilizem.

II – STRESS PóS-TRAUmáTICO DE GUERRA

Parece que a legislação atual foi feita para classificar os antigos combatentes

vítimas da doença como deficientes das forças armadas.

a realidade porém, tem-nos ensinado que a classificação tarda e a enorme

maioria dos candidatos à classificação acaba por não apresentar o grau de inca-

pacidade ou não se apura o nexo de causalidade.

São doentes e precisam de tratamento. Enquanto o processo rola a ninguém

foi negado tratamento. não há notícia de recusa. mas quando o veredicto final

chega, reconhecendo a doença mas não atribuindo os tais 30% de incapacidade,

ou não se verificando o nexo de causalidade, o acompanhamento e tratamento

deverão terminar?

E se o psiquiatra acabar por reconhecer outra doença mental, abandona-se o

antigo combatente ou remete-se para o Serviço nacional de Saúde mesmo quan-

do se reconheça alguma relação com a guerra? O assunto é muito sério e é mais

do que tempo para o rever e a respetiva legislação.

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| 3 Abril | Junho 2015

Jornal dos Combatentes do Ultramar | A Voz do Combatente

Dia 9 de ABRIL – Dia do Combatentedesde a nossa fundação

em 1982,e como sempre noticiado no nosso jornal, a nossa associação se fez representar nas Cerimónias da Batalha com os seus as-sociados e dirigentes.

num dia que se diz dia do Combatente, não cum-primos mais que um dever.

temos no entanto, vin-do a notar que cada vez menos associações estão representadas. E as que aparecem são esquecidas. num evento que deveria ter a participação de todas e da responsabilidade de to-das.

Será que a represen-tação dos combatentes é pertença exclusiva de uma entidade ou de duas asso-ciações? Um certo folheto alusivo à Cerimónia dei-xou-nos pensativos!

tivemos ao menos a oportunidade e a honra de em nome da associação dos Combatentes do Ultra-mar de depositar um ramo de flores na tumba do Sol-dado desconhecido e de di-zer pessoalmente nos cum-primentos ao Sr. Presidente da República “Benvindo aos Combatentes”.

Participámos 17 dirigen-tes e associados aos quais se juntou um sócio nosso de Penafiel e sua família e amigos. E mais uma vez o Presidente do nosso núcleo de Cascais esteve presente.

a confraternização, no fim da cerimónia nas ime-diações do mosteiro, de-ram-nos algum conforto e alegria.

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A Voz do Combatente | Jornal dos Combatentes do Ultramar

Os doentes de stress pós-trau-mático de guerra, assim escrevia João Figueira, têm sido, em Por-tugal, uma das franjas vítimas da maior marginalização, que é o es-quecimento. E, no entanto, a do-ença existe por força da memória dos ex-combatentes e porque em tempo de paz houve alguns bravos do pelotão que combateram pelo reconhecimento oficial da doença.

Significa isto que a abordagem desta patologia, a sua aceitação pe-las diversas estruturas, a começar pela militar, e a definição de um plano nacional de despistagem e de apoio aos mais carenciados re-presentam aspetos que têm enfren-tado as maiores dificuldades, tanto no plano da análise e discussão, como na colocação em prática de um amplo programa terapêutico.

trinta e quatro anos após o fim da Guerra Colonial, ainda continu-am por sarar algumas chagas da nossa história recente, em que a atitude dominante tem sido a de es-conder as cicatrizes mais invisíveis dos que vieram marcados de Áfri-ca. mas porque estes são muitos, é impossível continuar a escondê-los por muito mais tempo.

Erich maria Remarque, nos pa-rágrafos finais de a Oeste nada de novo, fala-nos já sobre o pessimis-mo dos soldados face à sua reinte-gração social: “Somos inúteis a nós próprios. tornar-nos-emos mais ve-lhos; alguns de nós adaptar-se-ão; outros resignar-se-ão e muitos fica-rão absolutamente desamparados; os anos passarão e, finalmente, sucumbiremos.” O cenário era da I Guerra mundial, mas mal imagina-va o escritor e ex-combatente de in-fantaria, cinco vezes ferido e outras tantas reenviado para afrente, que as suas palavras manteriam infeliz-mente, uma atualidade fulminante no final do século, em Portugal.

Calcula-se em 140 mil o núme-ro de portugueses portadores de distúrbios psicológicos crónicos re-sultantes da participação na guerra

colonial, afirma um artigo, publi-cado em 1992, na “Revista de Psi-cologia militar”, da autoria de um grupo de psiquiatras: afonso de albuquerque, antónio Fernandes, Edite Saraiva e Fani Lopes.

Este número obtém-se por ex-trapolação dos números america-nos respeitantes aos ex-combaten-tes no Vietname.

Os autores do artigo afirmam que, para chegar a esta conclusão, tiveram em conta o número total de tropas envolvidas nas duas guerras – 2,8 milhões na Guerra do Vietna-me e 800 mil na Guerra Colonial Portuguesa – e o número de portu-gueses mortos e feridos, respecti-vamente, dez mil e trinta mil.

a revista apresenta um estudo piloto sobre as características ge-rais de uma amostra de 40 casos de desordem de Stress Pós-trau-mático (PtSd). “trata-se de uma população de meia-idade, com uma proporção elevada de reformados, em que a maioria refere sintomas neuróticos infantis, reações agudas ao “stress”, mães hiperprotetoras. Quase todos os doentes afirmam que “eu nunca mais fui o mesmo”, desde que tinham regressado da guerra, o que foi confirmado, sem-pre que possível, por familiares ou amigos”.

Os fatores de “stress”, de acor-do com o mesmo estudo, são, por ordem decrescente: a morte de um camarada, situação de combate, fe-rimentos, sede-fome, assassinato/tortura/violação, morte de mulher/criança, bombardeamento, minas, acidentes, prisão, isolamento, “na-palm”, morte de inimigo e, por fim, treino militar. Embora os primeiros três fatores de “stress” sejam co-muns a todas as guerras, muitos dos outros são mais típicos das guerras de guerrilha, como o caso de assassinato, tortura ou maus tratos a civis, nomeadamente mu-lheres, crianças e velhos.

“a equipa terapêutica ficou mui-tas vezes surpreendida e até per-

turbada pelos frequentes relatos de atrocidade e massacres cometidos por estes homens, de uma exten-são e gravidade muito para além da que os terapeutas previam”, subli-nha o estudo da “Revista de Psico-logia militar”.

afonso de albuquerque, atual-mente reformado da carreira hospi-talar, dedica-se, no seu consultório particular, ao tratamento de algu-mas dezenas de ex-combatentes da guerra colonial que sofrem de “stress” pós-traumático. “Sei que os militares negam que esta doença exista, pelo menos com a dimensão que se lhe dá. mas eu sei do que falo. Há muitos homens afetados por este problema. muitos milha-res. números exatos não pode dar, só por extrapolação dos que foram dados para a guerra do Vietname”.

O psiquiatra considera a experi-ência com estes pacientes “a mais dura” de toda a sua carreira. “Os psiquiatras ou psicólogos que tra-tam destas situações também po-dem ser afetadas pelos traumas dos pacientes, dada a relação de proxi-midade que têm com eles, daí que os programas terapêuticos incluam sempre normas no sentido da pre-servação dos próprios técnicos de saúde. na minha equipa, no Júlio de matos, tive dois psicólogos com de-pressões”, afirma o médico.

teresa Infante, psicóloga clínica, atende o mesmo tipo de pacientes na associação dos deficientes das Forças armadas (adFa), em Lisboa. São ao todo 69 homens, com uma média de idades rondando os 50 anos, na sua grande maioria com a quarta classe e reformados anteci-padamente, quase todos por terem sofrido depressões sucessivas.

“têm vidas difíceis, estão muito isolados, há quem se recuse até a sair de casa, há os violentos, muitos batem na mulher, há os que batem em desconhecidos, os que destro-em a própria casa”, descreve. Geral-mente, “registam-se melhorias no fim do tratamento”, mas “não há re-

O STRESS DE GUERRA

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Jornal dos Combatentes do Ultramar | A Voz do Combatente

Realizou-se no dia 20 de março de 2016, em Resende, o almoço convívio dos ex-militares, da nossa companhia que constituíram o C.ª Caç. 2471 / B. Caç. 2863 “a Baidosa”, para comemorar o 45.º do nosso regresso de moçambique (19/03/71)

Carlos Alberto Silva (Sócio N.º 1501)

Encontro Anual C.ª Caç. 2471 – “A Baidosa”

gras fixas”. “tenho um doente, um homem que cumpriu três comissões na guerra colonial e que continua a chorar o tempo todo que está aqui. Esse não melhorou nada”.

O tratamento, segundo a psi-cóloga, é “tentar ligar o que eles sentem àquilo a que estiveram su-jeitos, ao que tiveram que presen-ciar”. “tenho que saber o que se passou, a história da vida deles, vou colocando pequenas questões, preciso de saber um pouco mais de cada vez, mas é muito doloroso para eles. Há quem chore, quem te-nha ataques de tremores”.

Entre os acontecimentos mais traumáticos para estes pacientes, teresa Infante cita “a morte de ca-maradas, que eles presenciaram”, ou mortes pelas quais se conside-ram culpados”. “tento trabalhar a

consciência deles”, explica a psicó-loga.

afonso de albuquerque refere como um dos sintomas mais fre-quentes do “stress” pós-traumático – os “flashbacks”: “Revivem o passado de forma não processada, as memó-rias traumáticas surgem-lhes como se as coisas estivessem a acontecer agora”. teresa Infante recorda um “único caso” na sua consulta de um homem que sofre de “flashbacks”. “Ele ia a passar no Campo Grande e viu uma mulher a picar folhas no chão do jardim com uma espécie de chuço, um pau com um espigão na ponta. a mulher fê-lo recordar-se do aparelho com que os soldados pro-curavam minas no chão. O que se sabe é que ele começou a gritar e a mandar-se para o chão, arrastando consigo uma senhora de idade que

estava num banco de jardim. Foi essa senhora que acabou por conse-guir acalmá-lo”.

O psiquiatra, que tem compare-cido como perito em muitos julga-mentos por homicídio, pensa que “há muitos casos em que os homici-das sofrem de “flashbacks” e nunca foram tratados”. “tenho a sensação que há milhares de crimes que ti-veram origem neste tipo de pato-logia”.

além dos ”flashbacks”, que, em linguagem médica, se designam por “fenómenos”. ansiedade, de-pressões, problemas nas relações interpessoais, permeabilidade ao alcoolismo e dificuldades de am-bientação, constituem o pelotão dos sintomas da doença que tem na intensidade do Stress, na dura-ção e na proximidade ou exposi-

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A Voz do Combatente | Jornal dos Combatentes do Ultramar

ção ao combate as suas principais causas. mas se o diagnóstico, em termos gerais, está feito, o mesmo não acontece com a triagem dos pa-cientes e das situações existentes. O problema, segundo afonso albu-querque, pioneiro no estudo da do-ença no nosso País, “é que existe, ainda uma falta dessensibilização oficial para a abordagem destas questões, da mesma maneira que a classe médica não está também su-ficientemente atenta para pergun-tar se o seu doente passou por uma experiência traumática”.

no fundo, explica o mesmo psi-quiatra, tem tudo a ver com o fac-to de se estar perante “situações bastantes dolorosas”. Por um lado, frisa, “as pessoas têm muita dificul-dade em falar sobre as situações traumáticas que viveram na guerra porque isso as faz sofrer; por outro lado, os médicos evitam igualmen-te enfrentar tais situações justa-mente porque estas são dolorosas também para eles”.

Uma das dificuldades na abor-dagem do PtSd (post traumatic stress disorder) tem a ver com o seu longo período de “incubação”, isto é, o aparecimento dos seus sin-tomas é em média de 12 anos, pelo que nem sempre é fácil às primei-ras consultas despistar as causas da doença. “as primeiras queixas são regra de ordem psicossomáti-ca”, afirma afonso de albuquerque, sublinhando que “é preciso estar-se atento para este problema, de modo a conseguir ligar esses sinto-mas às perturbações pós-traumáti-cas do stress”.

O longo período de latência da doença, aliado a um processo len-to, mas progressivo, de deteriora-ção da pessoa, constitui, de resto, uma das características mais dra-máticas deste tipo de patologia. “a imagem que nos ocorre é a da bom-ba ao retardador, plantada pela guerra no organismo ena memória destes homens, cuja mecha vai ar-dendo lentamente até que explode anos mais tarde e os deixa parcial ou totalmente inutilizados”, afirma um estudo assinado por afonso de albuquerque e a psicóloga clínica

Fany Lopes, sobre 120 ex-comba-tentes feito no Hospital Júlio de ma-tos, em Lisboa.

Os autores do trabalho admitem que “uma maioria dos doentes só pede ajuda quando atinge uma fase das suas vidas em que as exigên-cias laborais e sociais se acentuam, como costuma acontecer na meia-idade, e a sua incapacidade se tor-na assim mais manifesta”.

além disso, acrescenta monteiro Ferreira, psiquiatra no Hospital da marinha, “é a mulher ou o filho do ex-combatente que vem primeiro à consulta e só depois ele aparece. Há nisto tudo um certo preconcei-to face aos técnicos de saúde men-tal, embora não seja de desprezar a ideia de virilidade inculcada nos antigos soldados e segundo a qual um homem não chora nem tem medo”, sublinha.

Certo, certo, garante afonso de albuquerque, “é que a morte de um camarada, a exposição ao combate e o ferimento de um camarada” re-presentam os principais fatores de stress, que são, de resto, comuns a outras guerras, em que “o assassi-nato, a tortura, violação e destrui-ção de aldeias” estão na segunda linha das causas da doença. Quase todos os ex-militares com quem

falámos juntaram às situações de combate as condições difíceis que enfrentaram no mato, como o iso-lamento, a sede e os acidentes, problemas estes que afonso de al-buquerque também considera que contribuem para o estabelecimento de um quadro de stress de guerra.

durante alguns anos, esta pato-logia foi considerada, por diversos clínicos e deforma pejorativa, como a doença do doutor afonso de al-buquerque.

O ex-diretor do Serviço de Psi-coterapia Comportamental do Hos-pital, até à sua aposentação, afon-so de albuquerque, psiquiatra, foi pioneiro do estudo do stress pós-traumático de Guerra em Portugal.

Sob a sua influência, outros es-pecialistas começaram a interes-sar-se pelo tema, como, entre ou-tros, José adriano Fernandes, Luísa Sales e monteiro Ferreira, psiquia-tras, respectivamente, nos hospi-tais magalhães de Lemos, no Porto, militar de Coimbra, e da marinha, em Lisboa.

ao contrário, porém, do que se-ria de supor, a comunidade médica, neste domínio do saber, esteve lon-ge de aderir às ideias e ao entusias-mo de afonso de albuquerque. no fundo, recusavam o conceito espe-

HISTóRIA DA PRImEIRA REPúBLICA

neste ano em que comemoramos o Centenário do inicio da participação de Portugal da I Guerra mundial, a lei-tura desta obra é de primordial impor-tância para a compreensão do evento e de tudo o que girou à volta dela.

São alguns capítulos dedicados à participação na Guerra mas também as consequências na nossa participa-ção. não obstante as 600 páginas da edição de bolso, a leitura dar-nos-á uma perspetiva muito mais completa do que a impressão que nos deram durante a Escola Primária.

Livros

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Jornal dos Combatentes do Ultramar | A Voz do Combatente

cífico do stress de guerra, por em seu entender existir apenas o de stress traumático.

O Stress pós-traumático de Guerra é, para maria da Graça Perei-ra, do departamento de Psicologia da Universidade do minho, a “doen-ça auto-imune da alma”.

dizia aquela investigadora da U.m. nas Jornadas promovidas pela a.P.V.G., em 28 de abril de 2001, que em Portugal, calcula-se que cerca de 10 por cento dos ex-combatentes que lutaram na guer-ra colonial sofram deste problema que tem por nome “Post traumatic Stress disorder” (PtSd).

a docente, que trabalhou com Veteranos de Guerra do Vietnam afirma que a doença é “quase como que o próprio organismo que se vira contra a pessoa”.

“após um acontecimento, a nos-sa memória integra-o e arruma-o nos seus “arquivos” e, o que acon-tece nesta doença é que não há ar-rumação e essa informação anda a vaguear constantemente sem estar guardada e, qualquer situação se-melhante a faz emergir”, explica, acrescentando que “depois ela ata-ca o próprio indivíduo”.

assim, o PtSd é uma doença mental que tem um determinado tipo de características. maria da Graça Pereira começa por referir

que tem de haver uma exposição a um “stressor” traumático, isto é, algo que ameaça a vida ou a inte-gridade física da pessoa, que neste caso foi a guerra.

no que diz respeito a sintomas, a docente afirma que existem três tipos característicos. O primeiro é o reexperiência do trauma. “O even-to já terminou, mas no presente a pessoa continua a viver a situação”, afirma. Isto pode acontecer através de pensamentos intrusivos, “flash-backs” ou sonhos. O indivíduo revi-vência sistematicamente o que lhe aconteceu.

O segundo tipo de sintomas está relacionado com o evitamento, isto é, “evitar tudo o que seja seme-lhante à situação traumática”. nes-te caso, o doente isola-se, perde o interesse pelas coisas de que gos-tava e não é capaz de ter empatia.

O terceiro é a reativação fisioló-gica que se manifesta com a irrita-bilidade, ira, híper vigilância, ansie-dade, dificuldade de concentração, dificuldade em adormecer ou em permanecer a dormir.

“a acrescentar a isto, oque é ne-cessário ainda para o PtSd é que estes sintomas tenham uma dura-ção superior a um mês e que cau-sem problemas nas áreas de fun-cionamento social, ocupacional ou outra importante na vida do doen-

te”, salienta maria da Graça Pereira.a docente afirma ainda que não

é só o ex-combatente que sofre, mas também todos os que o ro-deiam e, especialmente, a sua famí-lia. Em muitas situações, refere, o doente vai a uma consulta pressio-nado. a sua revolta leva-o muitas vezes a bater na esposa ou o seu alheamento faz com que na mes-ma casa vivam duas pessoas estra-nhas, sem relacionamento interpes-soal. “agora imagine viver com uma pessoa que não sente a seu lado e que é imprevisível”, diz.

Como intuito de ajudar estes do-entes e suas famílias vai surgir em Braga o Centro Português de trau-matologia, coordenado por maria da Graça Pereira. Esta instituição, liga à Florida State University, vai ter ainda como preocupações a for-mação de profissionais e a informa-ção e investigação, através de con-gressos científicos sobre o PtSd.

a ideia que não há nada a fazer pelas vítimas do Stress pós-traumá-tico de Guerra (PtSd), no entender de João monteiro Ferreira, psiquia-tra, não corresponde à realidade. “Se as pessoas se aproximarem das Instituições e de quem lhes pode valer, encontrarão, certamente, o caminho certo para os seus proble-mas”, afirmou aquele especialista, durante as jornadas médicas pro-movidas pela associação Portugue-sa dos Veteranos de Guerra.

O problema é que a classe psi-quiátrica ainda não está familiari-zada com a doença e, na maioria dos casos, acaba por classificar um PtSd como um doente depressivo vulgar.

divulgar o leque de sintomas fí-sicos e mentais comuns a todos os Veteranos de Guerra portadores de PtSd tem sido uma prioridade da a.P.V.G., nomeadamente através de médicos especialistas.

João monteiro ferreira, por exemplo, fala da irritabilidade e agressividade latentes, insónia, híper-vigilância, intranquilidade constante, dores de cabeça, suo-res, alterações do apetite, tristeza e sensação de perda das capacidades cognitivas.

Pede-se a todos os associados que actualizem as suas

quotas as quais podem ser pagas directamente na sede da

associação, por Ctt ou transferência Bancária para o nIB:

0035 0816 0003863573061- CGD

Por favor identifique-se na transferência colocando o seu número de sócio

ou enviando por Email ou Fax o comprovativo da mesma.

a associação não se responsabiliza por pagamentos que não estejam devidamente identificados.

Q U O T A S

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A Voz do Combatente | Jornal dos Combatentes do Ultramar

“Existem medicamentos que po-dem aliviar o stress, mas nenhum consegue penetrar na massa ence-fálica dos ex-combatentes e tirar-lhes o que lá está, sublinhou o médico. Para isso – diz – é preciso investir na psicoterapia, sobretudo na terapia de grupo. Uma forma de deitar cá para fora as lembranças traumáticas, armazenadas desde o Ultramar.

O pediatra palestiniano nir amir foi outra especialista presente nas jornadas promovidas pela a.P.V.G. a sua intervenção centrou-se nas preocupações a ter com os filhos dos ex-militares, geralmente víti-mas de insucesso escolar, dificul-dades de concentração e sinais de agressividade. Recorrendo sempre ao exemplo israelita – onde garante haver menos vítimas do Stress pós-traumático de Guerra do que entre os antigos combatentes do Vietna-me ou do Kosovo – reconheceu que a presença de psicólogos no seio das forças armadas é fundamental para a diminuição dos efeitos se-cundários.

Referiu ainda a importância que tem o acompanhamento psicológi-co dos ex-militares assim que re-gressam dos combates, bem como das suas famílias.

matérias sobre os quais Portugal leva muitos anos de atraso. todos os esforços que se possam vir a ser

feitos agora já virão tarde. muitos doentes já morreram – alguns por suicídio -, outros atingiram um es-tado tão avançado que só um mila-gre os poderá recuperar.

Carlos Gomes, jornalista do Jor-nal de notícias, dizia assim num trabalho publicado no dia 1 de Julho de 2000 sobre o Stress de Guerra: “Uma terrível reação doentia, ines-perada e inevitável”. “a Perturbação de Stress Pós-traumático de Guer-ra, muitas vezes designada PtSd (sigla da denominação inglesa), é uma reação do organismo humano parecida com o chamado Síndrome do Pânico.

O quadro clínico da PtSd é con-siderado como uma reação ines-perada, inevitável, imprevisível (imediata ou tardia) a um facto ou a uma situação traumática (como é, por exemplo a guerra) e no qual uma pessoa se sente impotente ou em situação ameaçadora.

Este tipo de perturbação pode também ser desencadeada por ou-tras situações vividas, como, por exemplo, desastres naturais, aci-dentes graves, estupro, sequestro ou um exame médico com diagnós-tico inesperado e grave.

O PtSd resulta de acontecimen-tos psicologicamente intensos que, geralmente, estão para além da-queles que são considerados nor-mais na vida do ser humano.

Os sintomas da PtSd são idên-ticos aos do Síndroma do Pânico, acrescidos das seguintes caracte-rísticas:

• Pesadelos e terrores noturnos, relacionados com o facto traumático;

• “Flashback”, um fenómeno que induz a pessoa a ter a sensa-ção de estar a ver ou a viver o facto passado, como se fosse uma cena de filme;

• Estado depressivo crónico, de-senvolvido com o passar do tempo, caracterizado por apatia, irritabili-dade, desinteresse por muitas ati-vidades, diminuição de memória e, às vezes, culpa.

• Eventuais crises de ansiedade, desencadeadas pela simples pre-sença de alguma coisa que possa lembrar a situação traumática;

• Fuga a viver situações que pos-sam recordar o fator traumático;

• Quebra acentuada de rendi-mento de trabalho, assim como tendência para o isolamento social e para a agressividade;

• Eventual tendência para a de-sesperança em projetos de vida, existentes antes da experiência traumática.

Os militares são um grupo de risco em relação ao stress, em par-ticular durante algumas atividades, tais como a instrução e, em espe-cial, no teatro de operações.

Os estudos sugerem que a ori-

PRóXImAS ACTIVIDADES

Jantar – Convívio no 1.º Sábado de cada mêsNo próximo dia 2 de Julho às 20 horas lá estaremos.

Vamos continuar com esta iniciativa. É uma forma de convívio e também de angariar entre nós algumas migalhas para as despesas correntes.

a ementa é sempre frugal, porque €7,50 e para restar alguma coisa como se disse, não se pode exigir muito.

CICLOTURISmO – 3 de JULHOApesar de velhos ainda damos ao pedal.

Este ano o percurso pela ecopista será um pouco mais exigente, por ser ligeiramente a subir.Concentramo-nos na estação do caminho de ferro de tondela e seguiremos até Farminhão.Por volta das 12h30 almoçaremos e no regresso é sempre a descer!Faça a sua inscrição. E vá treinando. tire a ferrugem à sua bicicleta.

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Jornal dos Combatentes do Ultramar | A Voz do Combatente

gem do PtSd seja multifatorial – isto é – para que ele se manifeste é necessário que ocorra um acon-tecimento traumático, embora nem todas as pessoas que tenham vivi-do esse tipo de acontecimento ma-nifestem a doença.

assim, o facto traumático, ape-sar de ser condição necessária, não é suficiente. Os fatores de persona-lidade, genéticos, físicos, psicológi-cos e o modo como cada um lida e desenvolve estratégicas para reagir ao stress traumático, assim como os fatores sociais provavelmente interagem, dando a possibilidade de que o PtSd se desenvolver e manifestar.

a associação Portuguesa dos Veteranos de Guerra é uma associa-ção que tem como finalidade a aju-da aos sócios no combate do Stress traumático ou pós-traumático de guerra, nas vertentes social, médi-ca e medicamentosa.

O principal problema dos ex-combatentes da guerra do Ultramar prende-se com o Stress traumáti-co ou pós-traumático de guerra. Esta doença, do foro psicológico, manifesta-se normalmente entre os primeiros dez e doze anos no pós-teatro de guerra. Pode afetar qual-quer pessoa, mesmo quem nunca esteve “face a face” com o inimigo, é o caso daqueles que tiveram con-tacto com mortos e feridos graves.

na mesma linha de pensamen-to, monteiro Ferreira, psiquiatra que trabalhou no Hospital da ma-rinha, em Lisboa, afirma que os ex-oficiais que fazem parte do quadro permanente do Exército continuam a negar a existência da doença, seja em nome da coerência do trei-no que receberam seja em nome da ideia de que um homem não chora e não é fraco.

Um estudo intitulado “Stress de guerra: a ferida encoberta” feito pelo psiquiatra afonso de albuquer-que quando diretor ao Serviço de Psicoterapia Comportamental, do Hospital Júlio de matos, e pela psicó-loga clínica Fany Lopes, da mesma instituição, sobre 120 ex-combaten-tes, sustenta que “o facto de alguns dos atuais responsáveis do País te-

rem vivido eles próprios a sua PtSd (Post traumatic Stress disorder) em ex-combatentes ou a não admitirem que eles próprios também possam também estar afetados”.

mas pode haver, ainda, outro tipo de explicações para essa re-cusa, como sublinha monteiro Fer-reira, designadamente quando “os países que perderam a guerra têm mau perder, o que leva a que as consequências da derrota também se reflitam nesta matéria”.

E o mesmo psiquiatra interro-ga-se acerca de “quantos dos 30 mil deficientes físicos da guerra colonial não serão também doen-tes com stress pós-traumático de guerra”, uma vez que, frisa, “todos os feridos em combate passaram por uma experiência traumatizan-te, quer pela dor que isso acarre-ta quer pela demora da evacuação, pela espera…”.

a prática, no entanto, indica que é mais fácil proceder a uma abor-dagem teórica do assunto do que operacionalizar critérios comuns de ação. José adriano Fernandes lamenta que “os diversos serviços não estejam devidamente estrutu-rados para lidar com este tipo de casos e que tudo se resuma ao vo-luntarismo de meia dúzia de mé-dicos de Lisboa, Porto e Coimbra, sem que exista, mesmo assim, uma coordenação e uma troca de infor-mação regular e sistemática sobre oque cada um está a fazer neste domínio”.

a cura passa por uma forte des-carga emocional. a recriação da guerra num hospital visa conscien-cializar o ex-combatente que tal experiência não faz parte do seu presente.

durante hora e meia a sala do hospital é transformado no cenário de guerra. Sob a orientação de um psiquiatra, é pedido aos ex-comba-tentes que recordem e dramatizem entre si vivências que os marcaram. distribuem papéis, constroem o argumento, fazem de soldados e oficiais, gritam, saltam, atiram-se ao chão, tentam vencer os bloque-amentos e as situações traumáticas que os atormentam, e choram. a

ideia, explica José adriano Fernan-des, antigo chefe desserviço do Hospital magalhães de Lemos, no Porto, “é provocar uma descarga emocional muito forte nos ex-com-batentes, de modo a poderem reor-ganizar de forma protegida os seus comportamentos”.

a “reconstrução das situações traumáticas e dos sentimentos a elas ligados vai possibilitar aos do-entes desenvolver estratégias que lhes permitam viver com essa me-mória, mas, ao mesmo tempo, que sejam capazes de perceber que tal experiência não faz parte do pre-sente”, acrescenta Luísa Sales, do Hospital militar de Coimbra.

Os dois especialistas dirigem há alguns anos sessões de psico-drama com doentes de stress pós-traumático de guerra, em que um dos objetivos essenciais desta for-ma de terapia, frisa Luísa Sales, “é trazer para a sessão a sensação de sofrimento”. José adriano Fernan-des, que foi enviado pelo Governo a Hong Kong, a fim de prestar apoio psiquiátrico aos portugueses que viajavam no avião da China airways que teve o acidente ao aterrar em Chep Lap Kok, alerta, por seu lado, para ”a dificuldade na abordagem das situações de stress traumático de guerra”, em que normalmente “os doentes contestam tudo e to-dos, têm um grande sentimento de revolta, além de que nem sempre há respostas para dar”.

assume, no entanto, que alivia, através da psicoterapia, sintomas como a ansiedade, as insónias e os pesadelos. Porém, sublinha, “se me perguntarem se tenho um sucesso elevado, sinto alguma dificuldade na resposta. O meu objetivo é dar bem-estar aos doentes, além de que não faz sentido falar de êxito ou percentagem de sucesso nes-tes casos, porque estamos a falar de situações e de pessoas que ca-recem de acompanhamento até morrer”, frisa o mesmo psiquiatra, para quem “é imprescindível, ainda, envolver a família do doente neste processo”.

Augusto de Freitas, psicólogo,

Presidente da Direção da APVG

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A Voz do Combatente | Jornal dos Combatentes do Ultramar

INDÍCE TEmáTICO DA LEGISLAÇÃO SOBRE “STRESS PóSTRAUmATICO DE GUERRA”

a doença foi reconhecida como motivo para classificação de de-ficiente das Forças armadas em 1999.

a Lei 46/99 de 16.06 deu nova redação à Lei 43/76 de 20/01 no artigo 1º nº3 desta última:

«3 – Para efeitos do número an-terior é considerado deficiente das Forças armadas o cidadão portu-guês, que sendo militar ou ex-mi-litar, seja portador de perturbação psicológica crónica resultante da exposição a fatores traumáticos de stress durante a vida militar»

Em 07 de abril de 2000 surgiu o d.L 50/2000 que instituiu a Rede nacional de apoio, dispondo o nº1 do artigo 3º

«Compõem a rede nacional de apoio as instituições e os serviços integrados no Serviço nacional de Saúde e no Sistema de Saúde militar e, em articulação com os serviços públicos, as organizações não-go-vernamentais.»

Institui-se também a Junta de Saúde militar, apoios médico, psi-cológico-social e o financiamento da Rede.

O despacho conjunto nº 109/2001 publicado a 05.02.2001, II Série do d.R, previu a constituição duma comissão nacional de acom-panhamento e coordenação da dita Rede e regulou as suas atribuições.

O despacho conjunto nº 363/2001 publicado a 20.04. criou o cartão pessoal do utente da Rede.

O despacho conjunto nº 364/2001 publicado na mesma data criou os modelos I e II destina-dos a servir de suporte à avaliação da eventual patologia do stress pós-traumático.

Pelo despacho conjunto nº 502/2004 publicado a 05/08 o an-terior foi revogado e instituídos no-vos modelos.

Outro despacho conjunto nº 867/2001 publicado a 15.09, re-gulou a celebração de protocolos entre os ministérios da defesa na-cional e da Saúde e as organizações não-governamentais.

Outro despacho conjunto – 60/2004 publicado a 05.02 criou um “grupo de trabalho informal com o objetivo de propor as alte-rações que se afigurem necessárias ao bom e eficaz funcionamento da Rede.

Por outro despacho conjunto nº 145/2005 foi criado outro grupo de trabalho para elaborar o regula-mento para celebração de protoco-los entre os ministérios intervenien-tes e as OnG.

Por fim é útil transcrever o des-pacho nº 11557/2014 publicado na dita II série nº 178/2014:

DEsPacho n.º 11557/2014

O decreto -Lei n.º 43/76, de 20 de janeiro, reconhece o direito à reparação material e moral que assiste aos deficientes das Forças armadas (dFa) e institui medidas e meios que concorram para a plena integração dos cidadãos deste uni-verso na sociedade. através da Lei n.º 46/99, de 16 de junho, o Esta-do português veio permitir a qua-lificação como dFa aos cidadãos portugueses que, sendo militares ou ex-militares, sejam portadores de perturbação psicológica cróni-ca resultante da exposição a fato-res traumáticos de stress durante a vida militar.

• nos termos do n.º 2 do artigo 1.º do decreto-Lei n.º 43/76, de 20 de janeiro, é considerado deficien-te das Forças armadas portuguesas o cidadão que, no cumprimento do serviço militar e na defesa dos

interesses da Pátria, adquiriu uma diminuição na capacidade geral de ganho, quando em resultado de aci-dente ocorrido:

- Em serviço de campanha ou em circunstâncias diretamente relacio-nadas com o serviço de campanha, ou como prisioneiro de guerra;

- na manutenção da ordem pú-blica;

- na prática de ato humanitário ou de dedicação à causa pública; ou

no exercício das suas funções e deveres militares e por motivo do seu desempenho, em condições de que resulte, necessariamente, risco agravado equiparável ao definido nas situações previstas nos itens anteriores; vem a sofrer, mesmo a posteriori, uma diminuição perma-nente, causada por lesão ou doença, adquirida ou agravada, consistindo em perda anatómica ou prejuízo ou perda de qualquer órgão ou função, tendo sido, em consequência, de-clarado, nos termos da legislação em vigor:

- apto para o desempenho de cargos ou funções que dispensem plena validez;

- Incapaz do serviço ativo; ou- Incapaz de todo o serviço mi-

litar.Cumulativamente, o mesmo de-

creto -Lei, na alínea b) do n.º 1 do seu artigo 2.º, fixa em 30% o grau de incapacidade geral de ganho mí-nimo para o efeito da definição de deficiente das Forças armadas.

a instrução dos respetivos pro-cessos tem início no ramo das Forças armadas onde o cidadão prestou serviço militar, com o ob-jetivo de reconstituir a situação em concreto em que o acidente e/ou a doença ocorreu, sendo posterior-mente submetido a um conjunto de exames médicos e a junta médica, de modo a definir a percentagem

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Jornal dos Combatentes do Ultramar | A Voz do Combatente

ACTIVIDADES EfECTUADAS ATé mAIO DE 2016• 1 Assembleia Geral (aprovação de contas do ano de 2015)• 7 Reuniões da Direcção• Reuniões no Exterior: Em Lisboa, uma no mdn e outra com o Chefe cessante da Casa militar e Reunião da

Comissão Executiva para a Homenagem nacional aos Combatentes. Em Caldas da Rainha: no Encontro nacional de associações de Combatentes. E a arganil para participar num Programa de Rádio sobre os Ex-Combatentes e o Stress.

• 2 Reuniões com a Equipa Técnica do Posto médico (Psicólogo e Psiquiatra)• Consultas de Psicologia, Psiquiatria e Apoio Social

EVENTOS PRóPRIOS DA ASSOCIAÇÃO:• Caminhada de 20 sócios na ecopista até Sabugosa – com almoço convívio na Sede• Apresentação de Livro de Aniceto Pires – com a representação da C. m. tondela, Junta de Freguesia, Emis-

sora das Beiras e vários sócios que se deslocaram até à Sede para o evento.• Dia do Combatente – Comemoração na Batalha – deslocaram-se 17 sócios em representação da associação;• Passeio da Primavera a Salamanca – com 53 pessoas que incluiu visita guiada á Cidade Velha.

DESLOCAÇÕES e CONVIVIOS COm OUTRAS ASSOCIAÇÕES:• A Associação fez-se representar em vários Convívios e Homenagens: Penacova; arganil; Encontro de para-

quedistas em tondela; mangualde; Entroncamento; Vila do Conde e Canas de Sta. maria, Castelo de Paiva.

OUTRAS PARTICIPAÇÕES:• A Direcção da Associação fez-se representar com a Bandeira da mesma, em vários funerais de sócios.

de incapacidade e a estabelecer a existência ou não do nexo de cau-salidade com o serviço militar, para efeitos de qualificação como dFa.

Contudo, tem sido reconhecido pela generalidade dos interessados e dos intervenientes nos processos desta natureza, que a tramitação processual é habitualmente dema-siado complexa, ineficiente e moro-sa. Por esta razão, através do des-pacho n.º 205/mdn/2013, de 3 de dezembro, foi determinada a reali-zação de um estudo que permitisse identificar medidas que pudessem contribuir para uma tramitação mais célere e eficaz dos processos de qualificação como dFa.

na sequência do referido estu-do, determinei, através do meu des-pacho, de 11 de março de 2014, a criação de uma junta médica única competente, exclusivamente para proceder à avaliação clínica e ao

estabelecimento do nexo de causa-lidade para efeitos de qualificação como dFa. Esta junta terá a sua missão adstrita à implementação do projeto de redesenho do processo de qualificação como dFa, será res-trita a estes processos e funcionará em ambiente hospitalar, contando com a colaboração do Hospital das Forças armadas.

O contexto de urgência, face a processos que demoram, nalguns casos, mais de uma década a con-cluir, justifica o caráter excecional e provisório da junta a criar, mostran-do-se contraproducente aguardar mais tempo pela aprovação e pu-blicação do decreto regulamentar de criação da Junta de Saúde mili-tar, cujo processo legislativo ainda se encontra em curso, e que terá a missão de avaliar a aptidão física e psíquica do pessoal militar para o exercício das respetivas funções e

de todos aqueles que contraíram deficiência / incapacidade no cum-primento do serviço militar.

assim, determino o seguinte:1 – É criada a Junta médica Úni-

ca (JmU/dFa) com a missão de pro-ceder à avaliação clínica, à atribui-ção do grau de incapacidade e ao estabelecimento do nexo de cau-salidade com o serviço militar nos processos com vista à qualificação de deficiente das Forças armadas (dFa).

2 – É criada a Junta de Recurso para os processos de qualificação como dFa (JR/dFa), com a missão de analisar os recursos dos parece-res da JmU/dFa.

3 – a composição, regras e pro-cedimentos a que devem obedecer as juntas agora criadas são objeto de despacho do Chefe do Estado-maior General das Forças armadas.

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PASSEIO DA PRImAVERA – SALAmANCA

ali tão perto de nós, menos longe do que Lisboa. Em boa hora decidimos visitar a cidade velha. À hora combina-da, em frente à casa Liz, a guia espa-nhola, falando corretamente a nossa

língua, estava à nossa espera. atravessámos a rua e estávamos já

na Porta de aníbal. Parece que o Carta-ginês, há cerca de 2300 anos viera até lá e dera o nome á cidade.

Pouco depois seguiram-se as cate-drais, a nova e a velha. O serviço litúrgi-co decorria e não permitiu a sua visita. Ficámos pela explicação dos monumen-tos e das suas fachadas.

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Entretanto, passámos pelas ruas e admirámos as construções universitá-rias que vão dos séculos XV ao XVIII ao mesmo tempo que recebíamos explica-ções de alguns factos históricos e da vida universitária.

ao fim de duas horas, desembocá-mos na Praça maior, maravilhados com a História que a guia nos ensinou e com os testemunhos monumentais.

a Universidade de Salamanca foi fundada em 1243 embora outros di-gam que foi em 1218, por iniciativa de afonso X, o Sábio, avô de d. dinis. É a universidade mais antiga da Península Ibérica e a 4ª ou 5ª de toda a Europa despois das de Bolonha, Oxford, Cam-bridge e Paris. Já no século XVI che-gou a ter matriculados por anos 6500 alunos.

Um passeio simples. Só ficaram li-vres dois ou três lugares num autocar-

ro de 57. Partida à hora marcada, uma sandes mista em Vilar Formoso, um farnel coletivo junto ao Estado Univer-sitário, uma merenda à base de queijo da serra, comprado e comido em Celo-rico, e com acompanhamento á guitar-

ra do nosso amigo Figueiredo Veiga.E sempre o comentário: afinal só as

pedras ficaram para os portugueses, porque os bons terrenos da planura, esses, os leoneses, ficaram com eles.

Domingo, 22 de Maio de 2016.

SALAmANCA, Um POUCO DE HISTóRIAnasceu à volta dum castro que inicial-

mente ocuparia uma superfície de cerca de 2 hectares, durante a 1.ª idade do ferro. O castro expandiu-se e passou a ser cercado por uma grande muralha.

no século III a.C., aníbal Barca, o Ge-neral cartaginês, sitia-a e apodera-se dela.

após a derrota de Cartago, os Romanos conquistam a pouco e pouco a Península Ibérica. Salamanca ocupa uma situação ge-ográfica privilegiada e é servida por uma grande via em calçada romana, a chamada Via da Prata, por onde era escoada a prata explorada no norte da península. a ponte romana é construída nessa altura. a cidade é objeto de uma reorganização urbanística e atingiu a categoria de civitas, ou seja, de capital de uma região.

as invasões bárbaras iniciam um perío-do de decadência, e mesmo a permanência mais demorada dos visigodos não terá tra-zido à cidade algo de muito significativo.

Segue-se a invasão muçulmana em 712 e a cidade passa alternadamente pelas mãos de muçulmanos e cristãos.

O renascimento da cidade surge no séc. XIII pela mão de afonso IX, o sábio, que fun-da a Universidade, que vem a desenvolver

enorme prestígio: é a primeira da Península Ibérica e pelas matérias aí versadas.

no séc. XIV as famílias nobres digla-diam-se entre si, tendo ficado famosos dois bandos: os dos moldanado e os tejada, que praticamente repartiram a cidade entre si.

Salamanca atinge o apogeu no séc. XVI quer pela dimensão demográfica da cida-de quer pelo número de universitários, que chegaram a atingir 6500 por ano.

a cidade reorganizou-se, demarcando-

se claramente os monumentos religiosos e docentes e as casas de atividade de comér-cio e indústria.

Com as invasões francesas, Soult ocu-pou a cidade e aí permaneceu de 1809 a 1812.

O caudilho Franco liderou a rebelião militar contra a República, e entre Outubro de 1936 e novembro de 1937 fez do Palá-cio Episcopal o seu centro de comando e residência.

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OPINIÃOEx.mo. Sr. Diretor do Jornal da Ancu(Jornal dos Combatentes do Ultramar)tondela

Se perguntar a qualquer pessoa se tem medo da morte, a resposta é quase sempre a mesma: “tenho mais medo do sofrimento!”

Permita-me V.ª Ex.ª tocar num assunto que muito poucas vezes ou quase nunca é lembrado no Jornal que dirige.

Claro que, neste caso, estou a falar sobre o sofrimento dos muitos milha-res de deficientes das Forças armadas que, passados mais de cinquenta anos após o início da Guerra do Ultramar, continuam num sofrimento permanen-te, sejam eles invisuais, amputados de

uma ou duas pernas, amputados de um ou dois braços, paraplégicos, te-traplégicos ou de inúmeras lesões que muitos ainda carregam diariamente.

E se os mortos são frequentemente lembrados -o que é justíssimo – (ver pontos 2, 3, 4, 5, das actividades pre-vistos para 2016), os deficientes mili-tares pouco valor têm para a opinião publica, ou para os trabalhos da dire-ção que V.ª Ex.ª dirige.

mas é bom que ninguém se esque-ça, que os deficientes das Forças ar-madas, também foram combatentes, e nesta concelho de tondela há muitas dezenas de militares que se deficien-taram ao serviço da Pátria.

Com os melhores cumprimentos, António Sales Cardoso, Associado n.º 3205

NOTA:

Obrigado pela sua carta que levarei à discussão na reunião da direção. Os deficientes não têm pouco valor para os trabalhos da direção, como diz.

não temos dado mais relevo no nosso jornal à causa deles, pois trata-mos dos ex-combatentes em geral. O seu reparo poderia ter surgido há mais tempo, e talvez por existir a associa-ção dos deficientes das Forças arma-das e o seu jornal O ELO, essa atenção não tenha sido cuidada.

Seria bom que os deficientes das Forças armadas do concelho partici-passem mais da vida associativa. Em conjunto poderíamos fazer mais.

o Presidente da Direção,

SEIS IRmÃOS NA GUERRA DO ULTRAmAROs seis filhos homens de acácio

alberto Lamares magro e de adeli-na de Pinho Valente, foram todos mobilizados para combaterem nas três frentes da guerra do Ultramar a qual tinha tido início em angola em 1961, tendo depois alastrado à Guiné em 1963 e logo de seguida a moçambique.

Uma casa recheada de gente jo-vem e activa, ficou no espaço de dois a três anos, vazia e envolvida em mágoa e tristeza, pois somente lá ficou o nosso pai, já viúvo, dado que a nossa mãe, adoeceu, viu partir cinco filhos e apenas regressar um, já não viu partir o sexto, foi muito duro, bastante mesmo.

Em certo período estivemos nas fi-leiras das Forças armadas em simul-tâneo cinco irmãos e, em outro perí-odo quatro em simultâneo em África.

abaixo refiro, por ordem de ida-des, os nomes de todos os seis ir-mãos que combateram nas três fren-tes da guerra colonial:

• fernando Valente magroEx-Capitão miliciano art.ªGuiné – 1970/1972Bat. Eng.ª 447 – Bra-Bissau

• Rogério Valente magroEx-Furriel miliciano at. Inf.ªangola – 1967/1969Comp. Caç. 1719 – LucusseGago Coutinho – dundo

• Dálio Valente magroEx-alferes miliciano Eng.ªmoçambique – 1970/1972Comp. Eng.ª 2686 – marrupa• Carlos Valente magroEx-Cabo Especialista da FaPangola – 1970/1972aB4 Henrique Carvalho – Luso

• álvaro Valente magroEx-1.º Cabo aux. EnfermagemGuiné – 1971/1974Comp. art.ª 3493 – mansambo Bambadinca – HmBIS

• Abilio Valente magroEx-Furriel miliciano amanuenseGuiné – 1973/1974CSJd/QC/CtIG – Bissau

todos nós temos histórias e epi-sódios da guerra gravados para sem-pre nas nossas memórias, mas três de nós, o Fernando, o Carlos e o Álvaro ficaram marcados por não terem con-seguido despedir-se para sempre da nossa querida mãe, que muito sofreu com a partida dos seus filhos para a guerra. Eu, o único que ela viu partir e que teve a alegria de presenciar o seu regresso, fui também eu o portador da informação da partida dos outros quatro irmãos para a guerra e lembro-me muito bem o que ela chorou e me transmitiu que com certeza já não os voltaria a ver mais, e infelizmente as-sim aconteceu.

mãe descansa em paz.Regressámos todos e nós jamais te

esqueceremos.Rogério Magro - Porto, 22 de Abril de 2016

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AS CERImóNIAS DO 10 DE JUNHO

Com o auxílio dos transportes for-necidos pela Câmara municipal e da União de Freguesias de tondela nan-dufe, deslocámo-nos em 9 e 10 últi-mos a Lisboa.

Pela 7.ª vez participámos no desfi-le à frente das Forças armadas, tendo

na véspera, feito o respetivo ensaio geral.

no fim do desfile e dos cumpri-mentos ao Sr. Presidente da Repúbli-ca, dirigimo-nos imediatamente para o monumento nacional, junto ao Forte do Bom Sucesso, onde homenageámos

os nossos camaradas caídos em com-bate.

Pernoitámos, mais uma vez, nas antigas instalações do quartel dos Co-mandos.

Foi uma jornada bem cumprida e também de franco convívio.

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APRESENTAÇÃO DO LIVRO DE ANICETO PIRES — mX-11-26 “DESBRAVANDO AS SILENCIOSAS PICADAS DOS DEmBOS”Como é do conhecimento público, rea-

lizou-se no passado dia 19, tal como havia sido pré anunciado, foi feito a apresenta-ção do mX-11-26 na a.n.C.U. em tonde-la. do qual devo partilhar, o que mais se destacou, numa cerimónia simples, de conteúdo nobre e solene, que fará parte da minha missão, que tem inicio de 1971, levar a mensagem do que a história quer que seja preservado.

- À semelhança das apresentações an-teriores, sobre o meu trabalho de memó-rias, da guerra em África, que reflecte as vivências sofridas, foi celebrado 1 minuto de silêncio, pelos combatentes tombados durante a guerra do Ultramar e, aqueles que foram tombando ao longo do seu tra-jecto de vida. Foi igualmente recordado a efeméride, dia do Pai, assim como as nos-sas mães, que sofreram ao verem partir os seus filhos.

- Podemos constatar que houve cruza-mento e partilha de emoções, com a de-monstração de alguns dos presentes não conseguiram conter ou esconder, assim como escutar e interagir o que cada um trazia na alma.

- Foi agradável sentir, pelo que foi manifestado, tendo sido inédito este mo-delo de apresentação, prendendo a aten-ção dos presentes, tido sido considerado como uma terapia que ajudará a elevar a auto estima dos combatentes, em especial aqueles que carecem de poderem assistir a testemunhos vivos e se reverem. tendo em atenção, os que não conseguem expri-mir o seu sofrimento, que tornam uma ge-ração que marcou para toda a vida.

- Foi gratificante, o momento que se vi-veu e, o que cada um pode manifestar, de contentamento pela mensagem deixado, das vivencias (2 anos) em angola, levado pelo Unimog de guerra: mX-11-26 (desbra-vando as Silenciosas Picadas dos dembos).

de relembrar:- Um combatente, manifestou, que

estão sepultados no cemitério local, dois (2) condutores que morreram afogados no afundamento do batelão São martinho, do

Rio Zambeze, onde morreram por afoga-mento e desaparecidos, 110 militares ope-racionais, em junho de 1969.

- O que tem vindo a destacar, é o efeito de terapia, que tenho vindo a recolher na apresentação deste trabalho, que em abo-no da verdade tem-se distinguido pela ori-ginalidade e, na verdade, os combatentes carecem destes testemunhos de vivencias, que assim a história fica mais enriquecida.

- dado a abertura solene da apresen-tação, pelo Sr. Presidente, antónio Ferraz, seguindo-se os testemunhos, que desde agradeço que faça chegar esta missiva aos Srs. da mesa: Sr. José mendes (presidente da Junta) e Sr. José Coimbra.

O Sr. ten. Coronel, armando Costa (Presidente do núcleo de matosinhos da Liga dos Combatentes), fez a citação, so-bre o autor do trabalho, mX-11-26, pren-

dendo a atenção dos presentes, fazendo com que as emoções se manifestassem.

O combatente Rogério Valente, fez uma intervenção alusivo aos seis (6) ir-mãos, do qual faz parte, despertando de forma sensibilizada os combatentes presentes.

O meu Bem-Haja.anicetopires

Nota: Por lapso, dado ao entusiasmo de cir-cunstância, não foram deixado exemplares, do qual pretendo passar por Tondela para assim concretizar com entrega de um determinado nº.