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COMENTÁRIO À REGRA DA MILITIA SANCTAE MARIAE - Capítulo de 28 de setembro de 2014- _______________________________________________________________ PRÓLOGO 8 - Uma missão tão sublime, não a podes cumprir sem uma conversão total de todo o teu ser a Deus. Travarás o combate espiritual ao mesmo tempo temporal. Não terás outra ambição que a de servir o teu Rei, Cristo, com fidelidade e docilidade. Não recuarás perante nenhum esforço para atingir este fim; deverás quebrar-te, sufocar o teu orgulho, desprezar a tua vida neste mundo; na escola de Maria, Nossa Senhora, procurarás a humildade, o apagamento voluntário, o abandono total por generosidade de amor, até ao sacrifício. Rejeitarás com horror o espírito do mundo para adquirir uma sabedoria puramente sobrenatural. Reconhecerás em todas as coisas visíveis uma epifania das invisíveis, e trabalharás para dar aos homens teus irmãos o sentido do sagrado. Procederás de tal modo que a natureza, a família, o trabalho, a ciência, a arte, a própria organização política, voltem a ser para todos transparentes em relação ao divino e portadores de graça. _______________________________________________________________________ A Regra da Milita Sanctae Mariae, que livremente decidimos abraçar, intima-nos a libertar o nosso espírito das preocupações terrestres e a mergulhar o nosso olhar no mistério de Deus, combatendo por Cristo e pelo Seu reino, desprezando a vida terrena e procurando na humildade, na penitência, na mortificação, na oração, no exercício das virtudes, no amor, no perdão o alargamento das fronteiras do Reino. No entanto, o nosso dia-a-dia, completamente ocupado, sem tempo para nada, mas ao mesmo tempo com tempo para tudo, é muitas vezes um caminhar em sentido contrário àquilo que a nossa Regra nos incita já que esquecemos o que de mais importante temos e dedicamo-nos a pequenas outras coisas que muitas vezes só nos afastam do verdadeiro caminho da salvação. Há alguns meses atrás, numa cerimónia religiosa sou confrontado com uma linda voz de uma menina de pouco mais de 10 anos que cantava de forma exemplar uma música

Comentário à Regra da Militia Sanctae Mariae, S. Bento da Porta Aberta, 28 de setembro de 2014

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Comentário à Regra da Militia Sanctae Mariae, S. Bento da Porta Aberta (Terras de Bouro), 28 de setembro de 2014

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Page 1: Comentário à Regra da Militia Sanctae Mariae, S. Bento da Porta Aberta, 28 de setembro de 2014

COMENTÁRIO À REGRA

DA

MILITIA SANCTAE MARIAE

- Capítulo de 28 de setembro de 2014-

_______________________________________________________________

PRÓLOGO

8 - Uma missão tão sublime, não a podes cumprir sem uma conversão total de todo o teu ser a Deus. Travarás o combate espiritual ao mesmo tempo temporal. Não terás outra ambição que a de servir o teu Rei, Cristo, com fidelidade e docilidade. Não recuarás perante nenhum esforço para atingir este fim; deverás quebrar-te, sufocar o teu orgulho, desprezar a tua vida neste mundo; na escola de Maria, Nossa Senhora, procurarás a humildade, o apagamento voluntário, o abandono total por generosidade de amor, até ao sacrifício. Rejeitarás com horror o espírito do mundo para adquirir uma sabedoria puramente sobrenatural. Reconhecerás em todas as coisas visíveis uma epifania das invisíveis, e trabalharás para dar aos homens teus irmãos o sentido do sagrado. Procederás de tal modo que a natureza, a família, o trabalho, a ciência, a arte, a própria organização política, voltem a ser para todos transparentes em relação ao divino e portadores de graça.

_______________________________________________________________________

A Regra da Milita Sanctae Mariae, que livremente decidimos abraçar, intima-nos a libertar o nosso espírito das preocupações terrestres e a mergulhar o nosso olhar no mistério de Deus, combatendo por Cristo e pelo Seu reino, desprezando a vida terrena e procurando na humildade, na penitência, na mortificação, na oração, no exercício das virtudes, no amor, no perdão o alargamento das fronteiras do Reino.

No entanto, o nosso dia-a-dia, completamente ocupado, sem tempo para nada, mas ao mesmo tempo com tempo para tudo, é muitas vezes um caminhar em sentido contrário àquilo que a nossa Regra nos incita já que esquecemos o que de mais importante temos e dedicamo-nos a pequenas outras coisas que muitas vezes só nos afastam do verdadeiro caminho da salvação.

Há alguns meses atrás, numa cerimónia religiosa sou confrontado com uma linda voz de uma menina de pouco mais de 10 anos que cantava de forma exemplar uma música

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do Padre Marcelo Rossi que tem como título “Ninguém te ama como Eu”. Sinceramente, a princípio não entendi perfeitamente a letra. Por certo, porque a voz da menina era linda de mais e ofuscava a letra. No entanto, e porque a letra não me saía da cabeça dediquei-me um pouco a ela. A letra dizia assim:

Tenho esperado este momento Tenho esperado que viesses a mim Tenho esperado que me fales Tenho esperado que estivesses assim

Eu sei bem o que tens vivido Sei também que tens chorado Eu sei bem que tens sofrido Pois permaneço ao teu lado

E o refrão diz:

Ninguém te Ama como Eu

Ninguém te Ama como Eu

Olha para a cruz, está é a minha maior prova

Ninguém te Ama como Eu

Ninguém te Ama como Eu

Ninguém te Ama como Eu

Olha para a cruz, foi por ti, porque Te amo

Ninguém te Ama como Eu

Estas palavras são precisamente aquilo que Jesus nos diz todos os dias… todos os dias somos

confrontados com facilidades e com dificuldades… com alegrias e com tristezas… com a luta

entre o bem e o mal… Temos que saber aceitar as coisas boas que nos vão acontecendo como

uma dádiva de Deus, e as coisas más como fruto da nossa própria condição humana, sabendo

que Jesus nos ama… e que o seu amor é incomparável a qualquer outro amor.

A frase do refrão: “Olha para a Cruz, esta é a minha maior prova”, reforçada na segunda

quadra do refrão com o “porque Te amo” pode, deve e tem de servir de farol para a nossa

vida. Se no meio das tribulações, conseguirmos parar por um momento e pensar na prova de

amor que Jesus nos Deus, ao dar a sua vida para nos salvar, com certeza encontraremos força

para continuar na nossa vida terrena a tarefa de expandir o Reino de Deus.

Porém, Jesus está cada vez mais afastado da nossa sociedade. Não porque Ele se tenha

afastado, mas porque nós, CRISTÃOS, com as nossas ações, e muitas mais vezes com a nossa

falta de ação o afastamos. Vivemos enredados no egoísmo, no facilitismo, no consumismo

desenfreado… colocamos Cristo e a sua prova de amor como que na prateleira… é mais fácil…

é mais social! Para muitos, seguir Cristo, viver segundo os seus ensinamentos é uma coisa de

gente atrasada, do passado… antiquada… sem qualquer sentido.

No entanto, e tal como o Papa Francisco nos recordou recentemente, é “justamente da união

íntima com Jesus, do relacionamento de amor com Ele”1 que “surge a força para enfrentar os

acontecimentos dolorosos”2 que conduziram, e continuam a conduzir muitos homens ao

martírio.

1 Catequese do Papa Francisco, Vaticano, 24 de setembro de 2014 2 Idem

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É desta forma que, como Cavaleiros desta cruzada de amor, neste combate sem tréguas pela

expansão do Reino de Deus, temos que procurar no Amor de Cristo a força que nos apoiará

nos momentos de dificuldade, defendendo a paz, o amor e a concórdia, usando a bondade e o

perdão, e assim testemunhando a misericórdia de Deus.

Assim seja.

Filipe Amorim