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Novembro/2010 Atos 18.18-28 T. ZAMBELLI COMENTÁRIO POPULAR EM ATOS

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Comentários em Atos 18.18-28, por Thiago Zambelli.

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Novembro/2010

Atos 18.18-28

T. ZAMBELLI COMENTÁRIO POPULAR EM ATOS

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Atos 18.18-28

18 Paulo permaneceu em Corinto por algum tempo. Depois despediu-se dos irmãos e

navegou para a Síria, acompanhado de Priscila e Áqüila. Antes de embarcar, rapou a cabeça

em Cencréia, devido a um voto que havia feito.

Paulo permaneceu em Corinto por um ano e meio, durante sua segunda viagem missionária

(18.11). Despediu-se dos irmãos e partiu para Cencréia, porto no istmo1 de Corinto, junto de

Priscila e Áquila. Em Cencréia, onde também havia uma igreja (Rm 16.1), Paulo rapou a cabeça

devido um voto que fizera. Seu destino final era a Síria, onde estava a igreja de Antioquia,

ponto de partida de suas três primeiras viagens.

Sobre o voto: apesar de ser gramaticalmente possível que tenha sido Áquila quem fez o voto,

o contexto não o permite. A Bíblia nos fala sobre vários votos. Jacó fez um voto (barganha),

Absalão, Jefté, Ana e outros fizeram. Moisés escreveu várias leis relativas a votos. O voto de

1 Terra que liga uma península ao continente.

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nazireu (Nm 6), por exemplo, possivelmente o mais conhecido deles, levava o israelita a se

abster de vários líquidos e alguns alimentos. Impedia-o de estar na presença de cadáveres e o

obrigava a deixar o cabelo crescer, para depois ser raspado e queimado no devido local, na

entrada da Tenda do Encontro (Nm 6.18). Alguns comentaristas como John Gill, Matthew

Henry, João Calvino e até mesmo o escritor de um comentário católico2 creem que Paulo fez o

voto de Nazireu, mas como alguém ciente que era livre da Lei. Por outro lado, em outros

comentários encontramos outro ponto de vista: Vincent’s Word Studies, New People’s

Testament, Robertson Word Pictures, Jamieson, Fausset and Brown Commentary,3 que dizem

ser improvável (ou pouco provável) que fosse o voto de nazireu em função do requerimento

da Lei dele ter de ser feito em Jerusalém. Ademais, alegam que este voto, de rapar a cabeça,

era comum entre os judeus e gentios como sinal de agradecimento por livramentos. 4

Para não deixar minha opinião em branco, faço minhas as palavras do autor de New People’s

Testament:

“O porquê de ele ter feito o voto, por quanto tempo, e o que rapar a cabeça tem a ver com

isso são questões de conjectura. O voto de nazireu requeria o rapar da cabeça em Jerusalém e

o cabelo cortado oferecido no templo. Este não podia ser o voto de nazireu.”

Contra este argumento, todavia, John Stott, favor do ponto de vista que Paulo fez um voto de

nazireu, diz que ele poderia cortar o cabelo e ser depois oferecido em Jerusalém e por isso o

motivo da aparente pressa de Paulo nos vv.20-21.5 Ademais, tanto Stott como alguns outros a

favor deste ponto de vista, dizem que ele fez isso para alcançá-los com o Evangelho (cf. 1Co

9.20). Pessoalmente, não acredito que, à luz do texto de Números 6, este pudesse ser um voto

de Nazireu, como já dito supra. Ainda assim, numa coisa parece que os comentaristas

concordam: Paulo não fez o voto por legalismo.

2 John Gill’s Exposition of the Entire Bible, Matthew Henry’s Commentay on the Whole Bible, Calvin’s

Complete Commentary, A Catholic Commentary on Holy Scripture. Todos livros no software livre E-Sword, versão 9.5.1, 2009. 3 Livros também encontrados no E-Sword.

4 Veja Josephus 1. 2, 15 e Juvenal, Sat., 12, 81.

5 STOTT, John. A Mensagem de Atos, Até os Confins da Terra. ABU, p.338.

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19 Chegaram a Éfeso, onde Paulo deixou Priscila e Áquila. Ele, porém, entrando na sinagoga,

começou a debater com os judeus.

Antes de chegarem a Síria, pararam em Éfeso, que era uma grande cidade comercial, mas não

como fora antes do período do NT. Lá ficava o templo de Artemis (Diana em latim), uma das

sete maravilhas da época. A cidade era multicultural e bastante imoral.

Paulo foi até uma sinagoga, onde começou a arguir (dialegomai) com os judeus. Foi em Éfeso

que Priscila e Áquila ficaram.

20 Pedindo eles que ficasse mais tempo, não cedeu.

O texto não revela a razão de Paulo não ter ficado mais. Em Éfeso Paulo teve uma recepção

muito mais agradável que em Corinto, mas ainda assim ele tinha ou quis deixar os judeus que

encontrara por lá.

21 Mas, ao partir, prometeu: "Voltarei, se for da vontade de Deus". Então, embarcando,

partiu de Éfeso.

Mesmo Paulo partindo com certa pressa, ele ainda assim disse que se fosse da vontade de

Deus retornaria. Segundo Robertson, a frase “se for da vontade de Deus” era comum entre

judeus, gregos e romanos. Ela simplesmente indica um reconhecimento que nós estamos à

mercê de Deus (cf.Tg 4.13-15). A história nos mostra que Deus deu a Paulo a oportunidade de

retorno (At 19.1). Paulo então segue sua viagem, deixando Éfeso.

22 Ao chegar a Cesaréia, subiu até a igreja para saudá-la, e depois desceu para Antioquia.

Cesaréia era o porto principal da Palestina. Paulo de lá subiu para Jerusalém com o intuito de

saudá-la (aspazomai), palavra que implica que Paulo expressou seu afeto e consideração.

A NVI, versão utilizada aqui, é a única versão portuguesa que não traz a palavra Jerusalém no

v.22. De fato o texto grego também não a traz. Todavia, a inserção do nome da cidade não

deixa o texto incorreto, pois a expressão “subir e descer” era usada para indicar a ida e saída

de Jerusalém.

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23 Depois de passar algum tempo em Antioquia, Paulo partiu dali e viajou por toda a região

da Galácia e da Frígia, fortalecendo todos os discípulos.

Depois de Paulo ter passado na igreja que o enviou, Antioquia (At 13), possivelmente para

relatar sobre sua segunda viagem missionária e ter suporte para iniciar sua terceira viagem,

revisitou seus discípulos em cidades como Pisídia, Icônio, Listra e Derbe, localizadas na Galácia

e Frígia. Era parte do ministério paulino confirmar os discípulos (episterizo), ou seja, fortalecê-

los.

24 Enquanto isso, um judeu chamado Apolo, natural de Alexandria, chegou a Éfeso. Ele era

homem culto6 e tinha grande conhecimento das Escrituras.

O texto informa algumas características sobre Apolo:

Era judeu, apesar de seu nome ser referência a um deus grego;

Natural de Alexandria, que era uma cidade egípcia, fundada por Alexandre, o

grande, e construída por Dinócrates, o mesmo arquiteto do templo de Diana. O

texto do AT em grego, a versão dos setenta (LXX), foi produzido em Alexandria.

Apolo possivelmente usufruiu do potencial educativo de Alexandria.

Era um homem culto e tinha grande conhecimento das Escrituras. Devemos

entender que Escrituras significava o Antigo Testamento. O texto bíblico afirma

que ele era culto (ou eloquente - logios) e poderoso (dunatos) nas Escrituras. Em

outras palavras, tinha muita habilidade com o Antigo Testamento (um

conhecimento profundo – NTLH).

25 Fora instruído no caminho do Senhor e com grande fervor falava e ensinava com exatidão

acerca de Jesus, embora conhecesse apenas o batismo de João.

Mais características sobre Apolo:

Instruído no caminho do Senhor. Em primeiro lugar faz-se necessário entender que

“Senhor” (kurios) deve ser entendido como Deus. Se você confessar com a sua

boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração que Deus o ressuscitou dentre os

6 Ou eloquente.

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mortos, será salvo (Rm 10.9). Isso não é uma indicação que para a salvação

precisamos identificar Jesus como rei, porém, mais do que isso, como Deus, o que

de fato Ele é!7 Apolo havia sido catequizado (literalmente) no caminho do Senhor,

possivelmente por um mestre ou seus pais. Seu aprendizado ocorreu de acordo

com as Escrituras, ou seja, o Antigo Testamento.

Ele falava e ensinava com grande fervor – isso é uma expressão para dizer que ele

falava e ensinava com entusiasmo. Veja Rm 12.11: Nunca lhes falte o zelo, sejam

fervorosos no espírito, sirvam ao Senhor.

(Falava e ensinava) com exatidão (akribos) – exatamente, acuradamente e

diligentemente são sinônimos para esta palavra. A NTLH diz: seu ensinamento a

respeito de Jesus era correto. De fato era correto, entretanto, incompleto, pois...

Ele conhecia apenas o batismo de João – Isso significa que ele conhecia a

mensagem de João Batista: Arrependam-se, pois o Reino de Deus está próximo!

(Mt 3.2; 4.17)

Como era possível Apolo falar com exatidão sobre Jesus e ao mesmo tempo somente conhecer

o batismo de João? Conhecer somente o batismo de João sugere que Apolo reconhecia que o

Messias (Cristo em grego) estava vindo à terra. Sugere também que ele sabia que o Reino de

Deus seria brevemente instaurado. Apolo reconhecia que era necessário se arrepender dos

pecados, pois esta era a mensagem de João Batista. Mas será que ele sabia que o Messias

havia morrido pelos pecados da humanidade? (1Jo 2.2) Será que ele sabia que Jesus havia

ressuscitado? (Rm 4.25) Possivelmente não. Veja o que Paulo diz sobre a importância disso:

Irmãos, quero lembrar-lhes o evangelho que lhes preguei, o qual vocês receberam e no qual

estão firmes. Por meio deste evangelho vocês são salvos, desde que se apeguem firmemente à

palavra que lhes preguei; caso contrário, vocês têm crido em vão. Pois o que primeiramente

lhes transmiti foi o que recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras,

foi sepultado e ressuscitou no terceiro dia, segundo as Escrituras (1Co 15.1-4).E, se Cristo não

ressuscitou, inútil é a fé que vocês têm, e ainda estão em seus pecados (1Co 15.17).

Conhecer o ensino de João não era suficiente para que as pessoas compreendessem a

mensagem do Evangelho, que claramente mostra a graça de Deus alcançando o homem. Ainda

assim, naquilo que Apolo sabia sobre Jesus, ele falava com precisão.

7 Veja o seguinte artigo para mais detalhes: http://todahelohim.blogspot.com/2010/10/jesus-e-

chamado-de-deus-nas-escrituras.html

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O batismo de João, de arrependimento, havia sido propagado além das fronteiras da Judéia (At

19.1-3) e é muito possível que Apolo tivesse sido fruto do ensino joanino.

26 Logo começou a falar corajosamente na sinagoga. Quando Priscila e Áquila o ouviram,

convidaram-no para ir à sua casa e lhe explicaram com mais exatidão o caminho de Deus.

O evangelho de João relata sobre um cego que foi arguido por judeus que investigavam as

curas que Jesus realizava. Mesmo com pouco conhecimento, ele respondeu: Não sei se ele é

pecador ou não. Uma coisa sei: eu era cego e agora vejo! (Jo 9.25) Semelhantemente, Apolo,

com o conhecimento exato, mas limitado sobre Jesus, falava, possivelmente, sobre o caminho

de Deus, assunto que foi mais bem explicado a ele por Priscila e Áquila em sua casa. Ao lermos

Tiago 5.20, entendemos que existem pelo menos dois caminhos; o do homem e o de Deus:

quem converte um pecador do erro do seu caminho (hodos), salvará a vida dessa pessoa e fará

que muitíssimos pecados sejam perdoados.

O texto também ressalta a forma como Apolo falava: “corajosamente” (parrhesiazomai). Ele

era, sem dúvida, conhecedor de seu propósito de vida: Vocês, porém, são geração eleita,

sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que

os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz (1Pe 2.9).8 É muito provável que tal ousadia

(coragem) de Apolo era proveniente da convicção que tinha na esperança divina revelada nas

Escrituras (cf. 2Co 3.12).

É também notório que Áquila e Priscila, conhecedores do Evangelho, não expuseram as

limitações de Apolo enquanto na sinagoga. Foi em sua casa que eles lhe explicaram com mais

exatidão o caminho de Deus. John Gill escreveu: “eles não eram permitidos ensinar em

público, ainda assim, eles podem e devem comunicar privadamente o que eles sabem das

coisas divinas, para o uso de outros.” Sobre o conteúdo da conversa, Adam Clarke resumiu:

“Áquila e Priscila estavam familiarizados com toda a doutrina do Evangelho; a doutrina de

Cristo morrendo por nossos pecados e ressurgindo para nossa justificação. Nisto eles

instruíram Apolo. Esta informação era mais exata do que ele havia antes recebido, por meio do

ministério de João Batista.”

8 Conheça a história de Frank Jenner, alguém que sabia seu propósito de vida e anunciava a mensagem

da salvação com criatividade e ousadia, apesar da aparente simplicidade: http://www.wordsoflife.co.uk/FrankJenner/FrankJenner.htm

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O texto mostra que Apolo (1) tinha grande conhecimento nas Escrituras, (2) fora instruído no

caminho do Senhor e (3) falava com exatidão a respeito de Jesus. Ainda assim, o texto também

mostra que era possível ele ser mais exato. John Wesley disse: Apolo falava com exatidão

sobre Jesus, mas não com perfeição.

27 Querendo ele ir para a Acaia,9 os irmãos o encorajaram e escreveram aos discípulos que o

recebessem. Ao chegar, ele auxiliou muito os que pela graça haviam crido,

A partida de Apolo foi possivelmente incentivada por Áquila e Priscila, que julgavam que o

treinamento que ele tivera atrairia a atenção de um auditório Coríntio.10 O texto indica, então,

duas possibilidade: ou os irmãos de Éfeso encorajaram a Apolo, ou encorajaram os discípulos a

receberem ele. Ambas são possíveis interpretações. A verdadeira dificuldade interpretativa do

versículo se encontra depois.

Para melhor compreensão do texto, a expressão pela graça deve ser entendida corretamente:

ela se relaciona aos que haviam crido ou à palavra ajuda? Ambas as posições são

gramaticalmente corretas, o que gera uma natural divergência entre expositores. Alguns

creem que a expressão se refere a Apolo: Vincet, citando Meyer, diz que o “propósito do texto

é caracterizar Apolo e seu trabalho e não aqueles que acreditaram.” John Wesley diz que a

graça foi “o dom peculiar que ele tinha recebido; ele era mais capaz de convencer os judeus do

que converter os gentios.” Calvino disse que a graça se referia a Apolo e lhe dava condições de

ajudar aos gentios, apesar de reconhecer como possível a outra opção. Howard Marshall,

comentarista mais atual, reforça que o texto original aceita as duas propostas, mas que é

preferível entender o texto como “mediante o (seu dom) da graça, ajudou os crentes.” Por

outro lado, o comentário de Jamiesson, Fausset e Brown diz que tal posição é contrária a

ordem natural das palavras e por isso também, o texto deve ser entendido como a graça

produzida por Deus naqueles que haviam crido (depositaram fé). Albert Barnes também

parece ser favorável a esta posição, argumentando ser a forma mais natural e óbvia. Matthew

Henry argumenta neste ponto de vista: (1) graça é dom de Deus; (2) aqueles que pela graça

creram ainda precisam de ajuda enquanto na terra; (3) ministros fiéis são capazes de ajudar

aqueles que pela graça creem. É seu trabalho fazer isso. Para Horatio Hackett, a expressão pela

graça deriva do particípio haviam crido, não do verbo auxiliou. O sentido natural, segundo ele,

9 Província romana que, juntamente com a Macedônia, formava a Grécia.

10 WILLIAMS, David J. Atos, Novo Comentário Bíblico Contemporâneo. Ed. Vida, p.358.

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é o que resulta da ordem das palavras. Os autores do Dicionário Internacional de Teologia do

Novo Testamento também entenderam que neste versículo a graça é o “fato que capacita os

homens a crerem.”11 As traduções portuguesas parecem entender que pela graça refere-se

aos que haviam crido:

Chegando lá, ele ajudou muito aqueles que, pela graça de Deus, haviam crido (Nova

Tradução Linguagem de Hoje);

O qual, tendo chegado, aproveitou muito aos que pela graça criam (Corrigida);

Tendo chegado, auxiliou muito aqueles que, mediante a graça, haviam crido

(Atualizada);

Tendo ele chegado, auxiliou muito aqueles que pela graça haviam crido (Tradução

Brasileira).

John Gill falou das duas possibilidades:

“a frase, pela graça, é omitida na Vulgata (versão latina), mas está em todas as cópias gregas e

pode estar conectada tanto com a palavra ‘auxiliou,’ como na versão siríaca: ‘ele auxiliou pela

graça’ – o sentido é que Apolo, através dos dons da graça outorgados sobre ele, ou pela

assistência da graça de Deus, ou ambos, grandemente auxiliou e contribuiu ao benefício dos

crentes naquela parte (...) ou pode estar conectado com a palavra ‘crido,’ como na versão

Arábica e nossa – o significado é que ele grandemente assistiu aqueles que já eram crentes e

os que se tornaram, todavia pela graça de Deus. Pois fé não é natural, nem a produção do livre

arbítrio humano, mas é dom da graça de Deus.”

Reconheço que ambas as posições são possíveis e que nenhuma delas é conclusiva. Todavia,

preferencialmente opto pela posição que segue naturalmente as palavras do texto, tendo

Apolo como auxiliador daqueles que já haviam sido alcançados pela graça de Deus. Pois vocês

são salvos pela graça (Ef 2.8). Concordo com Meyer sobre o texto caracterizar Apolo e seu

trabalho, mas depositar este argumento na específica concedida graça de Deus é, na verdade,

caracterizar o trabalho de Deus, visto que é Ele quem dá livremente: isto não vem de vocês, é

dom (doron) de Deus (Ef 2.8; cf. 1Co 12.11). Acredito aperfeiçoar o argumento de Meyer ao

dizer que o texto genuinamente caracteriza Apolo, mas pelo seu incentivo em auxiliar aqueles

que graciosamente foram alcançados.

11

COEHEN, Lothar e BROWN, Colin, Vol.1, p.911.

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O ministério de Apolo foi auxiliar (sumballo), possivelmente fortalecendo-os nas controversas

com os judeus, segundo o contexto.

28 pois refutava vigorosamente os judeus em debate público, provando pelas Escrituras que

Jesus é o Cristo.

O auxílio de Apolo era praticado através de sua habilidade apologética: refutar

(diakatelegchomai) com veemência o ensino judeu. Ele desenvolveu sua capacidade com

Áquila e Priscila e sem temor aos homens, fazia isso de forma pública, possivelmente em

sinagogas e praças. Isso provavelmente levava os judeus à confusão e trazia luz à fé dos

cristãos. O fundamento das argumentações de Apolo era o Antigo Testamento (as Escrituras),

que testemunha sobre o Messias Jesus: são as Escrituras que testemunham a meu respeito (Jo

5.39). Obviamente, todo seu conhecimento adquirido em Alexandria nunca o deixou. Ele agora

unia sua educação extra-bíblica e bíblica para uma grande causa: louvor ao Criador através do

respeito à Sua Palavra.

Bibliografia:

Adam Clarke’s commentary on the Bible. E-sword Version 9.5.1, 2009. CD-ROM.

Albert Barnes’ Notes on the Bible. E-sword Version 9.5.1, 2009. CD-ROM.

Calvins Complete Commentary. E-sword Version 9.5.1, 2009. CD-ROM.

COENEN, Lothar e BROWN Colin. Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento.

Vida Nova, Vol. 1, 2000.

Dicionário da Bíblia Almeida. Bíblia Online 3.0, 2002. CD-ROM.

Easton’s Bible Dicitionary. E-sword Version 9.5.1, 2009. CD-ROM.

HACKETT, Horatio B. A Commentary on the Originals Text of the Acts of the Apostles.

http://www.archive.org/stream/commentaryonacts0401hack#page/218/mode/1up .

Acessado às 12:24hs em 03/11/2010.

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International Standard Bible Encyclopedia. E-sword Version 9.5.1, 2009. CD-ROM.

Jamieson, Fausset and Brown Commentary. E-sword Version 9.5.1, 2009. CD-ROM.

John Gill’s Exposition of the Entire Bible. E-sword Version 9.5.1, 2009. CD-ROM.

John Wesley’s Explanatory Notes. E-sword Version 9.5.1, 2009. CD-ROM.

MARSHALL, I. Howard. Atos, Introdução e Comentário. Série Cultura Bíblica, Editoras Vida Nova

e Mundo Cristão, 1991.

Matthew Henry’s Concise Commentary. E-sword Version 9.5.1, 2009. CD-ROM.

Robertson’s Word Picture. E-sword Version 9.5.1, 2009. CD-ROM.

STOTT, John W.. A Mensagem de Atos, Até os Confins da Terra. Editora ABU, 2003.

The People’s New Testament. E-sword Version 9.5.1, 2009. CD-ROM.

Utley, R. J. D. (2003). Vol. Volume 3B: Luke the Historian: The Book of Acts. Study Guide

Commentary Series (211–219). Marshall, Texas: Bible Lessons International.

Vincent’s Word Studies. E-sword Version 9.5.1, 2009. CD-ROM.

WILLIAMS, David J. Atos, Novo Comentário Bíblico Contemporâneo. Ed. Vida, 1996.