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CURSO ON-LINE – PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS 1 www.pontodosconcursos.com.br Comentários da prova de Teoria Política Aplicada com possíveis recursos Olá Pessoal! A prova de Teoria Política Aplicada do concurso de APO foi extremamente difícil. Ela foi completamente diferente da prova de EPPGG do ano passado. Desta vez, eles citaram inúmeros autores e cobrar o posicionamento específico deles. Mas, uma coisa não mudou, continuam copiando textos da internet. Mais uma vez a ESAF pisou na bola e fez uma prova que não avalia conhecimento e privilegia aqueles que leram um texto específico. Estou colocando aqui os comentários da prova, começando com duas questões em que vejo possibilidade de recurso. 44- A problemática do Federalismo e das relações entre esferas de governo tem chamado cada vez mais a atenção dos formuladores de políticas públicas, particularmente no Brasil. De acordo com um autor de destaque, que tem se dedicado ao assunto, Pierson (1995), o Federalismo e suas instituições estimulam diferentes dinâmicas. Apresente, abaixo, o que não é uma característica ou dinâmica associada ao Federalismo. a) O Federalismo gera, nas políticas públicas, uma relação de autonomia e interdependência entre as esferas de governo, o que, por sua vez, estimula uma alta coordenação das políticas, reduzindo a fragmentação e a competição entre as diferentes unidades da Federação e gerando uma harmonização dos interesses regionais e uma tendência centrípeta. b) O Federalismo influencia as preferências políticas, as estratégias, e a ação dos atores sociais. c) O Federalismo e suas instituições estimulam a participação de importantes atores, institucionais, quais sejam, as próprias unidades da federação. d) O Federalismo gera dilemas previsíveis de formulação de políticas associadas com a tomada de decisão compartilhada. e) O Federalismo caracteriza-se pela existência de uma dupla soberania, a qual, por ser uma característica central de Estados federativos, acaba por produzir, por sua vez, diversas consequências para o sistema político e para a produção de políticas públicas como um todo no país.

Comentários Da Prova de Teoria Política Aplicada

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    Comentrios da prova de Teoria Poltica Aplicada com possveis recursos

    Ol Pessoal!

    A prova de Teoria Poltica Aplicada do concurso de APO foi extremamente difcil. Ela foi completamente diferente da prova de EPPGG do ano passado. Desta vez, eles citaram inmeros autores e cobrar o posicionamento especfico deles. Mas, uma coisa no mudou, continuam copiando textos da internet. Mais uma vez a ESAF pisou na bola e fez uma prova que no avalia conhecimento e privilegia aqueles que leram um texto especfico.

    Estou colocando aqui os comentrios da prova, comeando com duas questes em que vejo possibilidade de recurso.

    44- A problemtica do Federalismo e das relaes entre esferas de governo tem chamado cada vez mais a ateno dos formuladores de polticas pblicas, particularmente no Brasil. De acordo com um autor de destaque, que tem se dedicado ao assunto, Pierson (1995), o Federalismo e suas instituies estimulam diferentes dinmicas. Apresente, abaixo, o que no uma caracterstica ou dinmica associada ao Federalismo.

    a) O Federalismo gera, nas polticas pblicas, uma relao de autonomia e interdependncia entre as esferas de governo, o que, por sua vez, estimula uma alta coordenao das polticas, reduzindo a fragmentao e a competio entre as diferentes unidades da Federao e gerando uma harmonizao dos interesses regionais e uma tendncia centrpeta.

    b) O Federalismo influencia as preferncias polticas, as estratgias, e a ao dos atores sociais.

    c) O Federalismo e suas instituies estimulam a participao de importantes atores, institucionais, quais sejam, as prprias unidades da federao.

    d) O Federalismo gera dilemas previsveis de formulao de polticas associadas com a tomada de deciso compartilhada.

    e) O Federalismo caracteriza-se pela existncia de uma dupla soberania, a qual, por ser uma caracterstica central de Estados federativos, acaba por produzir, por sua vez, diversas consequncias para o sistema poltico e para a produo de polticas pblicas como um todo no pas.

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    A alternativa E da questo 44 foi dada como certa no gabarito. No entanto, deve ser considerada errada, uma vez que o federalismo no se caracteriza pela dupla soberania. Segundo Dallari (2007), o primeiro terico a desenvolver o conceito de soberania foi Jean Bodin, em 1576. Segundo o autor:

    Soberania o poder absoluto e perptuo de uma Repblica, palavra que se usa tanto em relao aos particulares quanto em relao aos que manipulam todos os negcios de estado de uma repblica.

    O autor enfatiza duas caractersticas da soberania: absoluta e perptua. Sendo um poder absoluto, a soberania no limitada nem em poder, nem pelo cargo, nem por tempo certo. Nenhuma lei humana, nem as do prprio prncipe, nem as de seus predecessores, podem limitar o poder soberano. Para Bobbio (2007):

    Em sentido lato, o conceito poltico-jurdico de soberania indica o poder de mando de ltima instncia, numa sociedade poltica e, consequentemente, a diferena entre esta e as demais associaes humanas em cuja organizao no se encontra este poder supremo, exclusivo e no derivado.

    Quanto s caractersticas da soberania, praticamente a totalidade dos estudiosos a reconhece como:

    Una; Indivisvel; Inalienvel; Imprescritvel.

    A soberania una porque no pode existir mais de uma autoridade soberana em um mesmo territrio. Se repartida, haveria mais de uma soberania, quando inadmissvel a existncia a coexistncia de poderes iguais na mesma rea de validez das normas jurdicas. Portanto, no pode haver mais de uma soberania em um Estado, mesmo que federativo.

    Segudo Dallari (2007), uma das caractersticas fundamentais do Estado Federal que:

    S o Estado Federal tem soberania. Os Estados que ingressarem na federao perdem sua soberania no momento mesmo do ingresso, preservando, contudo, uma autonomia poltica limitada. Pelo prprio conceito de soberania se verifica ser impossvel a coexistncia de mais de uma soberania no mesmo Estado, no tendo, portanto, qualquer

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    consistncia a pretenso de que as unidades federadas tenham soberania limitada ou parcial.

    Assim, tendo em vista que no possvel a existncia de dupla soberania e que esta no uma caracterstica dos Estados Federais, pede-se a anulao da questo, pois existem duas alternativas incorretas.

    Referncias:

    BOBBIO, Norberto. Dicionrio de Poltica. 13 Ed. Braslia Editora Unb, 2007.

    DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Estado. So Paulo: Saraiva, 2007.

    49- Ao mencionar as caractersticas que se destacam historicamente nos programas sociais de combate pobreza no Brasil, dos anos 30 (Vargas) at a Constituio de 1988, Draibe (2006) acaba por distinguir algumas das peculiaridades estruturais das polticas pblicas brasileiras, na rea social, muitas das quais tambm encontradas historicamente em polticas pblicas de outras reas. Essas caractersticas histricas so: a) Relativa Densidade Institucional, Centralizao (na Unio), Fragmentao, Descontinuidade e Ineficcia. b) Eficincia, Efetividade, Eficcia e Densidade Institucional. c) Clientelismo, Fragmentao, Ineficincia, Falta de Foco e Inexistncia de Densidade Institucional. d) Centralizao, Fragmentao, Descontinuidade e Densidade Institucional. e) Ineficcia, Clientelismo, Fragmentao, Foco e Inexistncia de Densidade Institucional.

    A questo cobrou 49 o posicionamento de Snia Miriam Draibe. Foi dada como certa a letra A, que cita as caractersticas da relativa densidade institucional, centralizao, fragmentao, descontinuidade e eneficcia. Contudo, segundo Draibe (1998):

    Embora sejam tradicionais no pas programas pblicos dirigidos aos grupos carentes da populao, apenas na ltima vintena de anos pode-se identificar, no sistema brasileiro de polticas sociais, uma poltica nacional de assistncia social minimamente dotada de objetivos, recursos e densidade institucional. Expressando tal inflexo, a poltica assistencial passou a referir-se a uma gama bastante ampla e diversificada de programas - universais e contnuos alguns, emergenciais, focalizados e temporrios outros - numa sorte de

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    combinao que inegavelmente ampliou a complexidade, a densidade e mesmo a centralidade desse ramo das polticas sociais.

    Portanto, somente no final do sculo XX que foi observada uma maior densidade institucional nas polticas sociais brasileiras. Assim, como a questo pede as caractersticas das polticas sociais de 1930 a 1988, a letra A estaria tambm errada, j que durante esse perodo a densidade institucional no era uma caracterstica.

    Referncias:

    DRAIBE, Snia Miriam (1998). A construo institucional da poltica brasileira de combate pobreza: perfis, processos e agenda. Caderno de Pesquisa, n.34, Universidade Estadual de Campinas, So Paulo, Ncleo de Estudos de Polticas Pblicas (NEEP). Disponvel em: http://www.nepp.unicamp.br/d.php?f=51

    Agora vou colocar as demais questes, com os textos de onde eles tiraram as questes.

    36- Karl Marx e Max Weber foram, certamente, os pensadores mais originais dos sculos XIX e XX, respectivamente. As contribuies s Cincias Sociais de ambos ainda geram calorosos debates. A partir da concepo desses autores, destaque aquela afirmativa que no corresponde ao pensamento dos mesmos. a) Weber destaca duas acepes de poltica: uma mais geral, entendida como qualquer tipo de liderana em ao, e outra mais restrita, como liderana de um tipo de associao especfica, ou seja, em outras palavras, liderana de Estado. b) O poder poltico , para Marx, a expresso dos antagonismos das classes na sociedade burguesa. c) Para Weber, os poderes, em uma dominao tradicional, so determinados, inter alia, pela existncia de uma esfera arbitrria de graa, aberta a critrios variados, como os de razo de Estado, justia substantiva, consideraes de utilidade, entre outros. d) Em relao ideologia, Marx considerava o indivduo como parte de um todo. O sujeito social , ao mesmo tempo, produtor e produto deste mundo. Marx avalia o homem, portanto, partindo de sua dimenso especulativa e naturalista para chegar anlise da sua existncia e funo enquanto integrante de uma classe social em luta com outras classes. e) O exerccio de autoridade, para Max Weber, em estados tradicionais pode ser definido por um sistema de status, cujos poderes so determinados, em primeiro lugar, por

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    prescries concretas de ordem tradicional e, em segundo lugar, pela autoridade de outras pessoas que esto acima de um status particular em um sistema hierquico estabelecido. Gabarito: D a) http://www.culturabrasil.pro.br/weber.htm Weber distingue no conceito de poltica duas acepes, uma geral e outra restrita. No sentido mais amplo, poltica entendida por ele como qualquer tipo d liderana independente em ao. No sentido restrito, poltica seria liderana d um tipo d associao especfica; em outras palavras, tratar-se-ia da liderana do Estado. Este, por sua vez, defendido por Weber como uma comunidade humana que pretende o monoplio do uso legtimo da fora fsica dentro de determinado territrio". Definidos esses conceitos bsicos, Weber conduzido a desdobrar a natureza dos elementos essenciais qu constituem o Estado assim chega ao conceito d autoridade d legitimidade. Para qu um Estado exista, diz Weber, necessrio qu um conjunto d pessoas (toda a sua populao) obedea autoridade alegada plos detentores do poder no referido Estado. Por outro lado, para qu os dominados obedeam necessrio qu os detentores do poder possuam uma autoridade reconhecida como legtima. b) http://www.espacoacademico.com.br/086/86fernandes.htm O Manifesto apresenta-se na perspectiva de avaliar que o estado, instrumento de dominao de uma classe sobre outra: O poder poltico a expresso oficial dos antagonismos das classes na sociedade burguesa(Marx, 1988, p. 12). Inaugura, portanto uma nova fase nas avaliaes do movimento socialista e no pensamento marxiano: a necessidade de superao da velha sociedade por uma nova. Os trabalhadores precisam assumir o poder poltico, arrancando progressivamente da burguesia o capital, centralizando em suas mos este poder, ou seja, o estado do proletariado reunindo todas as foras de produo e aniquilando os resqucios do modo de produo anterior. c) http://www.culturabrasil.pro.br/weber.htm A autoridade tradicional imposta por procedimentos considerados legtimos porqu sempre teria existido, e aceita em nome de uma tradio reconhecida como vlida. O exerccio da autoridade nos Estados desse tipo definido por um sistema d status, cujos poderes so determinados, em primeiro lugar, por prescries concretas da ordem tradicional , em segundo lugar, pela autoridade d outras pessoas que esto acima d um status particular no sistema hierrquico estabelecido. Os poderes so tambm determinados pela existncia d uma esfera arbitrria de graa, aberta a critrios variados, como os de razo de Estado, justia substantiva, consideraes de utilidade e outros. Ponto importante a inexistncia de separao ntida entre a esfera da autoridade

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    e a competncia privada do indivduo, fora de sua autoridade. Seu status total, na medida em que seus vrios papis esto muito mais integrados do que no caso de um ofcio no Estado racional-legal. d) ERRADA: http://www.espacoacademico.com.br/086/86fernandes.htm A partir da obra a Ideologia Alem, o idealismo de Hegel j havia sofrido intensa crtica e o pensamento marxiano trilhava um novo caminho, no qual o materialismo de Feuerbach seria dissecado, e, uma nova proposio, com relao ao materialismo fincava-se: o materialismo histrico e dialtico. Os autores da Ideologia alem vo compreender este homem, no em sua essncia genrica e sem relaes sociais, mas parte de um todo social e histrico. J para Feuerbach ele desconhecia a possibilidade de interao ativa com o mundo exterior e desta forma ele apresentava-se como um desconhecido no mundo fsico que o rodeava. No entanto Marx e Engels propem uma anlise que compreenda o sujeito como ser ativo e central na mediao entre o mundo fsico e a humanidade. Um todo que envolve o sujeito social enquanto produtor e produto deste mundo. Diferenciado-se de Feuerbach, que o avaliava em dimenso especulativa e naturalista, assim, os autores propem a anlise deste partir da sua existncia. e) http://www.culturabrasil.pro.br/weber.htm A autoridade tradicional imposta por procedimentos considerados legtimos porqu sempre teria existido, e aceita em nome de uma tradio reconhecida como vlida. O exerccio da autoridade nos Estados desse tipo definido por um sistema d status, cujos poderes so determinados, em primeiro lugar, por prescries concretas da ordem tradicional , em segundo lugar, pela autoridade d outras pessoas que esto acima d um status particular no sistema hierrquico estabelecido. Os poderes so tambm determinados pela existncia d uma esfera arbitrria de graa, aberta a critrios variados, como os de razo de Estado, justia substantiva, consideraes d utilidade e outros. Ponto importante a inexistncia de separao ntida entre a esfera da autoridade e a competncia privada do indivduo, fora de sua autoridade. Seu status total, na medida em que seus vrios papis esto muito mais integrados do que no caso de um ofcio no Estado racional-legal. 37. O termo Estado evoluiu muito em sua utilizao desde Maquiavel. Escolha a opo que no est correta. a) Bruno Bauer, criticado por Marx em A Questo Judaica (1844), analisa o Estado sob a tica da emancipao poltica e critica o Estado religioso. Para Bauer, a religio uma

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    inimiga da razo e, consequentemente, do progresso, pois impede a formao de um bem comum, pautado na comunidade de homens livres, na igualdade de direitos e no desfrute das liberdades, tornando-se necessria sua abolio. b) A fundamentao do Estado Rousseauniano a vontade de todos, que surge do conflito entre as vontades particulares de todos os cidados. c) Para Marx, no Estado poltico que so declarados os direitos do homem, como liberdade, a propriedade, a igualdade e a segurana. No entanto, essa liberdade concedida como direito do homem no se objetiva nas relaes sociais. Desse modo, a igualdade poltica no tem correspondncia na igualdade social. d) Para Weber, Estado a entidade que possui o monoplio do uso legtimo da ao coercitiva. e) O Estado, para Durkheim, a instituio da disciplina moral que vai orientar a conduta do homem. Gabarito: B a) http://xivciso.kinghost.net/artigos/Artigo_979.pdf Bauer limita sua analise na emancipao poltica e se contenta em fazer criticas ao Estado religioso. Considera a religio uma inimiga da razo e, consequentemente, do progresso, pois impede a formao de um bem comum, pautada na comunidade de homens livres, na igualdade de direitos e no desfrute das liberdades, tornando-se necessrio sua abolio. Nesse contexto, Bauer acredita que suplantando a religio, superando os preceitos teolgicos, o homem alcanaria uma emancipao poltica verdadeira. Ao contrrio dessa posio, Marx afirma que no necessrio que o homem renuncie a sua religio para alcanar a emancipao poltica, pois este pressuposto se faz necessrio em outro tipo de emancipao mais amplo: a emancipao humana. b) ERRADA: http://www.espacoacademico.com.br/022/22and_rousseau.htm 4. A vontade de todos e a vontade geral A fundamentao do Estado rousseauniano a vontade geral, que surge do conflito entre as vontades particulares de todos os cidados. Como existe uma tendncia humana em defender os interesses privados acima da vontade coletiva, a assemblia, enquanto um processo de deciso, o espao da destruio das vontades particulares em proveito do interesse comum. Isto diferente da vontade de todos, que seria apenas a soma dos interesses particulares dos cidados. H, s vezes, diferena entre a vontade de todos e a vontade geral: esta s atende ao interesse comum, enquanto a outra olha o interesse privado, e no seno uma soma das vontades particulares. Porm, tirando estas mesmas vontades, que se destroem entre si, resta como soma dessas diferenas a vontade geral.

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    A vontade geral , portanto, a soma das diferenas das vontades particulares e no o conjunto das prprias vontades privadas. Percebe-se que a existncia de interesses particulares conflituosos entre si a essncia da vontade geral no corpo poltico, o que confere poltica uma condio de arte construtora do interesse comum. c) http://xivciso.kinghost.net/artigos/Artigo_979.pdf Marx, partindo de uma relao entre emancipao poltica e emancipao humana, busca, ao contrrio de Bauer, um apoio para suas explicaes na prpria imperfeio do Estado poltico em geral, no apenas do cristo. O Estado, para ele, pode se desprender da religio sem implicar numa liberdade efetiva para os homens, pois, o Estado moderno suprime a propriedade privada, mas tal supresso pressupe a sua existncia. A priori, no admite nenhuma distino de fortuna, nascimento, de posio social, etc. Mas, na verdade, no suprime as distines, diferenas e desigualdades, porque o Estado poltico s existe na medida em que os pressupe. Para ele, mesmo que os indivduos possam ser espiritualmente e politicamente livres num estado secular, ainda podem estar presos restries materiais sobre sua liberdade pela desigualdade de renda. no Estado poltico que so declarados os direitos do homem, como liberdade, a propriedade, a igualdade e a segurana. No entanto, essa liberdade concedida como direito do homem no se objetiva nas relaes sociais. Desse modo, a igualdade poltica no tem correspondncia na igualdade social. Portanto, a emancipao poltica faz parte do privado, do particular, est fechada, enquanto que a emancipao humana, de acordo com Marx, algo que transcende essa igualdade poltica, consistindo em algo muito distinto da cidadania. A poltica faz parte da esfera do particular, do limitado, sendo o social a dimenso do humano, ou seja, do universal, e apenas a emancipao humano-social, permite que os homens sejam efetivamente livres. Esse tipo de emancipao supe a erradicao da religio e do capital, assim como de suas categorias. Nesse sentido, a emancipao poltica no requer que os judeus renunciem religio, pois no uma emancipao completa, mas limitada a esfera poltica. S a emancipao humana, por ser completa, que pressupe a erradicao de todas essas formas de grilhes sociais. D e E) http://pt.wikipedia.org/wiki/Max_Weber 38. A discusso sobre os temas centrais da Teoria Clssica formaram a base da moderna Cincia Poltica. Assinale a opo correta.

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    a) No mundo antigo, a tica estava inextricavelmente atrelada poltica, pois que o pressuposto diretor desta era aquele que apontava a associao humana em comunidades polticas, como algo teleologicamente natural. A diviso entre esfera pblica e privada, no campo poltico, no estava muito clara, uma vez que a poltica era considerada uma extenso dos assuntos particulares. b) A filosofia poltica clssica, sobretudo interpretada pelo sistema terico platnico, comporta que a finalidade da poltica um preceito oriundo da natureza humana, distinguvel pelo logos, em cumprir a excelncia virtuosa, por meio de opes e escolhas que permitam se alcanar o bem comum, sem se preocupar com a essncia das coisas. c) No Renascimento, o rompimento com o ideal da poltica clssica se d com Spinoza, quando este rechaa a moral crist como fundamento e finalidade da poltica, teorizando a construo de uma moral prpria da natureza passional humana aplicada ao como manter a unidade e logro de um poder externo que preveja e conserve os homens em certa direo, evitando o supremo mal da aglutinao irracional de uns contra outros. d) Bodin justifica que a instabilidade do conviver humano deve ser erradicada por um poder soberano, indivisvel, uno e inalienvel, que tenha o condo de evitar o sumo malus; mas que, sobretudo, seja forte o suficiente de modo a evitar a anarquia para ele, a ameaa de prevalecer as condies objetivas do que denomina Estado de natureza. Bodin denomina tal Estado de Leviat. e) Os contratualistas Hobbes e Rosseau, bem como o precursor da cincia poltica, Karl Marx, tiveram seus pensamentos aplicados na estrutura das convenes modernas e, sobretudo, foram responsveis pelo projeto poltico sob o qual se vive hoje. A concepo de direito natural, no que toca a um cdigo de preceitos dados ao homem pela razo de assim ser, justificam os limites do imprio das legislaes normativas contemporneas, notadamente as Constituies. Gabarito: A http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3719 a) CERTA Na base da convivncia antiga, a poltica era tomada como a arquitetura, a infraestrutura que permitia ao homem praticar atitudes prudentes para o vislumbre da virtude desejada. A tica estava inextricavelmente atrelada poltica, pois que o pressuposto diretor desta era aquele que apontava a associao humana em comunidades polticas, como algo teleologicamente natural. Sob outros termos, numa acepo teortica aristotlica, graas ao atributo do Logoso homem cumpre a finalidade de desenvolver relaes lingsticas, as quais fundamentadas no cumprimento de interesses e desejos recndidos no humano, faz com que eles se solidarizem, a partir da convivncia poltica.

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    b) Isto posto, a filosofia poltica clssica, sobretudo interpretada pelo sistema terico aristotlico comporta que a finalidade da poltica um preceito oriundo da natureza humana, distinguvel pelo logos, em cumprir a excelncia virtuosa, atravs de opes e escolhas que permitam o bem comum e o individual. A vocao humana zoon politikn; a poltica uma decorrncia espontnea e imanente da espcie humana.

    c) A expresso precursora no renascimento, rompimento com o ideal da poltica clssica, se d com Maquiavel, quando rechaa a moral crist como fundamento e finalidade da poltica, teorizando a construo de uma "moral prpria" da natureza "passional" humana aplicada ao "como"manter a unidade e logro de um "poder externo"que preveja e conserve os homens em certa direo, evitando o supremo mal da aglutinao irracional de uns contra outros; vale frisar que, a preocupao deste terico traar a maneira de exercer um poder, e no, como nos antigos, traar o "como" para a melhor convivncia humana. Em Maquiavel, a virtude como dominar a fortuna (o acaso humano), e no se enfoca em cada homem particular, mas no ardil do soberano em conservar o Estado. O ideal virtuoso se afasta daquele antigo j colocado; ao revs, enfatiza-se na pessoa do soberano em saber mobilizar suas atitudes a exatido da medida que supervenha no campo governamental valendo qualquer meio, at a morte se for para a manuteno do Estado e, mediatamente, ao bem comum. d) Sob o mesmo respaldo, mais tarde, Hobbes justifica que a instabilidade do conviver humano deve ser erradicada, por um poder soberano, indivisvel, uno e inalienvel, que tenha o condo de evitar o sumo malus; mas que sobretudo, seja forte o suficiente de modo a evitar a anarquia para ele, a ameaa de prevalecer as condies objetivas (2)do que denomina Estado de natureza. Sua preocupao no diretamente com o uso do poder e suas peculiaridades como Maquiavel, mas com o temor da escassez do poder, com a proeminncia da insegurana.

    e) Os contratualistas Hobbes e Rosseau, bem como, o precursor da cincia poltica, Maquiavel tiveram seus pensamentos aplicados na estrutura das convenes modernas e sobretudo, foram responsveis pelo projeto poltico sob o qual se vive hoje. A concepo de direito natural, no que toca a um cdigo de preceitos dados ao homem pela razo de assim ser, justificam os limites do imprio das legislaes normativas.

    39- O sculo XX assistiu ao crescimento sem precedente dos aparelhos burocrticos. Assinale a opo que no correta acerca da burocracia na perspectiva weberiana.

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    a) A burocracia o tipo tecnicamente mais puro de poder legal. b) O funcionalismo por turnos, por sorte e por escolha, a administrao parlamentar e por comisses e todas as espcies de corpos colegiais de governo e administrao no podem ser considerados um tipo legal, ainda que a sua competncia se baseie em regras estatutrias e o exerccio do direito governativo correspondente. c) As cpulas mais altas das associaes polticas so ou monarcas (governantes carismticos por herana) ou presidentes eleitos pelo povo (portanto, senhores carismticos plebiscitrios) ou eleitos por uma corporao parlamentar, onde, em seguida, os seus membros ou, melhor, os lderes, mais carismticos ou mais notveis dos seus partidos predominantes, so os senhores efetivos. d) A histria da evoluo do Estado moderno se identifica, em especial, com a histria do funcionalismo moderno e da empresa burocrtica, tal como toda a evoluo do moderno capitalismo avanado se identifica com a crescente burocratizao da empresa econmica. e) Na poca da emergncia do Estado moderno, as corporaes colegiais contriburam de modo muito essencial para o desenvolvimento da forma legal de poder, e a elas deve o seu aparecimento, sobretudo o conceito de autoridade. Gabarito: B Segundo Weber, em Os trs tipos puros de poder legtimo: http://www.lusosofia.net/textos/weber_3_tipos_poder_morao.pdf [a] A burocracia o tipo tecnicamente mais puro de poder legal. Mas nenhum poder s burocrtico, isto , gerido apenas mediante funcionrios contratualmente recrutados e nomeados. Tal no possvel. [c] As cpulas mais altas das associaes polticas so ou monarcas (governantes carismticos por herana, cf. adiante) ou presidentes eleitos pelo povo (portanto, senhores carismticos plebiscitrios, cf. adiante) ou eleitos por uma corporao parlamentar, onde, em seguida, os seus membros ou, melhor, os lderes, mais carismticos ou mais notveis (cf. adiante), dos seus partidos predominantes, so os senhores efectivos. Tambm quase em nenhum lado , de facto, o corpo administrativo puramente burocrtico, mas nas mais variadas formas, em parte os notveis, em parte os representantes de interesses costumam participar na administrao (sobretudo, na chamada auto-administrao). Decisivo , porm, que o trabalho contnuo assente de modo preponderante e crescente nas foras burocrticas. [d] Toda a histria da evoluo do Estado moderno se identifica, em especial, com a histria do funcionalismo moderno e da empresa burocrtica (cf. adiante), tal como toda a evoluo do moderno capitalismo avanado se identifica com a crescente burocratizao da empresa econmica. A participao das formas burocrticas do governo aumenta em toda a parte.

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    [b] A burocracia no o nico tipo de poder legal. O funcionalismo por turnos, por sorte e por escolha, a administrao parlamentar e por comisses e todas as espcies de corpos colegiais de governo e administrao aqui se inscrevem, na suposio de que a sua competncia se baseia em regras estatutrias e o exerccio do direito governativo corresponde ao tipo da administrao legal. [e] Na poca da emergncia do Estado moderno, as corporaes colegiais contriburam de modo muito essencial para o desenvolvimento da forma legal de poder, e a elas deve o seu aparecimento sobretudo o conceito de autoridade. Por outro lado, o funcionalismo por eleio desempenha um grande papel na pr-histria da moderna administrao por funcionrios (e tambm hoje nas democracias). 40- A discusso sobre A Crise do Estado Contemporneo apresenta diferentes perspectivas e explicaes de acordo com o autor que a analisa. Assinale a afirmativa correta. a) Para Gramsci, assim como para Marx, a principal crise do desenvolvimento capitalista que qualquer Estado Contemporneo enfrenta a crise econmica. b) Para Althusser, e at certo ponto Poulantzas, a funo do Estado formao do consenso, e a natureza de classes do Estado estruturada pelas relaes econmicas dentro do Estado. A crise seria, portanto, reflexo da dificuldade na formao do consenso entre as fraes de classes capitalistas. c) A perspectiva de Offe, baseada em grande parte na teoria da burocracia de Weber, sugere que o Estado independente de qualquer controle sistemtico da classe capitalista (direto ou estrutural). O Estado um sujeito poltico no sentido que organiza a acumulao de capital e tambm o local das principais crises do capitalismo avanado. d) Para OConnor, a crise do Estado Contemporneo essencialmente uma crise fiscal do Estado. A crise do Estado Contemporneo tem no profundo desequilbrio fiscal sua expresso econmica mais forte. OConnor relacionou essa crise impossibilidade e incapacidade do Estado Capitalista de atender s demandas das grandes empresas oligopolistas, essencial para se legitimar enquanto Estado universal perante toda a sociedade. e) Para a viso materialista alem, representada por Hegel, as crises de acumulao de capital so derivaes lgicas do desenvolvimento capitalista concorrencial. A crise resultado da tendncia queda na taxa de lucro existente no capitalismo. A funo essencial do Estado, na perspectiva de Hegel, seria neutralizar a crise capitalista. Gabarito: C Livro Estado e Teoria Poltica, de Martin Carnoy

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    a) Para Gramsci, porm, a aceitao resulta da "hegemonia" da classe capitalista (o domnio das normas e dos valores dessa classe), e o Estado, como um aparato ideolgico, ajuda a legitimar essa hegemonia e , portanto, parte dela. Na formao de um consenso para o desenvolvimento capitalista, a responsabilidade decisiva dessa funo legitimadora cabe aos intelectuais, tanto dentro quanto fora do Estado. Assim, a principal crise do desenvolvimento capitalista para Gramsci no econmica, mas hegemnica. somente quando o "consenso" subjacente ao desenvolvimento capitalista comea a desmoronar que a sociedade pode se transformar. A poltica revolucionria , portanto, a luta contra a hegemonia, incluindo o desenvolvimento, como parte dessa luta, de uma "contra-hegemonia", baseada nos valores e cultura da classe operria. b) O estruturalismo de Louis Althusser e dos primeiros escritos de Nicos Poulantzas considera que a forma e a funo do Estado capitalista esto determinadas pelas relaes de classe inerentes ao modo de produo capitalista. A funo do Estado ideolgico-repressiva, mas sua natureza de classe "estruturada" pelas relaes econmicas fora do Estado. c) CERTA. O ponto de vista "poltico" de Claus Offe (1) sobre o Estado se baseia amplamente nas teorias da burocracia de Max Weber. Offe argumenta que o Estado capitalista "independente" de qualquer controle sistemtico da classe capitalista, seja direto ou estrutural, mas, a seu ver, a burocracia de Estado representa, de qualquer forma, os interesses dos capitalistas, pois ele depende da acumulao de capital para continuar existindo como Estado. Ao mesmo tempo, porm, o Estado deve ser legtimo. Serve de intermedirio das reivindicaes dos trabalhadores, no contexto da reproduo da acumulao do capital. A poltica e as contradies do desenvolvimento capitalista so fundamentalmente intra-Estado. O Estado um "sujeito" poltico no sentido de que organiza a acumulao do capital e tambm o local das principais crises do capitalismo avanado. A poltica est essencialmente dentro do Estado. d) Contudo, h diferenas significativas nas estratgias polticas sugeridas pelas vrias teorias na perspectiva de classe. A teoria da lgica do capital sugere que o antagonismo de classe persistente na produo mais a competio entre capitais conduziro a uma crise econmica que, necessariamente, envolver o Estado. Na resposta e transmutao de O'Connor da lgica do capital, o Estado cada vez mais levado a compensar a queda dos lucros e deve, simultaneamente, permanecer legtimo, respondendo materialmente s demandas da classe trabalhadora por mais benefcios sociais. O'Connor partilha com Hirsch uma nfase na luta de classes na produo como a ao poltica importante, pois este conflito de classe que acentua a crise econmica e fora o Estado a intervir mais na economia. O'Connor enfatiza, alm disso, a importncia da luta dos trabalhadores no

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    setor estatal, medida em que o Estado se expande mais e mais no seu papel na produo. e) A viso "derivacionista" alem, representada pelo trabalho de Joachim Hirsh, deduz a forma e a funo do Estado do processo de acumulao do capital. Em particular, a tendncia da taxa de lucro a cair exige que a classe capitalista organize um Estado que neutralize essa tendncia atravs de gastos do Estado em infra-estrutura fsica e financeira e em investimento em recursos humanos. Apesar de serem, em parte, resultantes diretas do conflito de classes, as crises de acumulao do capital so mais aspectos "inerentemente lgicos" do desenvolvimento capitalista concorrencial; da poder-se analisar a funo histrica do Estado capitalista nos termos dessa lgica inerente. A poltica na concepo derivacionista tambm reduzida aos esforos da classe capitalista para usar o Estado a fim de neutralizar a crise capitalista. 41- A intermediao de interesses dentro da lei e da tica tem-se constitudo em um desafio s democracias contemporneas. A respeito, assinale a afirmativa correta. a) No padro pluralista, mltiplos grupos de interesse, superpostos e hierarquizados, organizam-se para chamar a ateno dos tomadores de deciso. b) Para Schmitter, o modelo corporativo caracteriza-se por ser um sistema de representao de interesse ou de valores (attitude), um particular tipo de arranjo institucional, de ligao dos interesses organizados da sociedade civil com as estruturas de deciso do Estado. c) Para Offe, a forma e a representao dos interesses organizados so determinadas essencialmente por parmetros econmicos. d) Ao contrrio do Corporativismo, o modelo neocorporativo enquanto arranjo poltico estimula a competio e o conflito entre os grupos, inclusive dentro do mesmo setor, favorecendo a variedade de representao dos diversos grupos de interesses. e) O Clientelismo indica um tipo de relao entre atores polticos que envolve uma troca de benefcios (ou favores) privados, na forma de empregos pblicos, benefcios fiscais, isenes e apoio poltico, sobretudo na forma de voto. Gabarito: B. a) No h hierarquia. O Pluralismo Poltico uma das teorias a respeito da distribuio do poder nas sociedades. Ele entende que havendo a competio entre vrios grupos, centros de poder, que tentam influenciar o governo, provvel que nenhum deles prevalea.

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    b) CERTA: Schmiter afirma que: Corporativismo um sistema de representao de interesses cujas unidades constituintes so organizadas em um nmero limitado de entidades singulares, compulsrias, no competitivas, hierarquicamente ordenadas e funcionalmente diferenciadas, reconhecidas ou licenciadas (quando no criadas) pelo Estado, s quais concedido monoplio de representao dentro de sua respectiva categoria em troca da observncia de certos controles na seleo de seus lderes e na articulao de demandas e suporte. c) Para Offe: A forma e o contedo concretos da representao de interesses organizada sempre um resultado do interesse, mais a oportunidade, mais o status institucional. d) So no competitivos. Segundo Bobbio: No sistema neocorporativista os interesses gerados na sociedade civil so organizados em nmeros limitados de associaes cuja diferena est fundamentalmente nas funes por elas desenvolvidas, no competindo, portanto, entre si. Estas estruturas tm uma estrutura interna centralizada e hierrquica, e pertencer a elas muitas vezes uma obrigao, pelo menos de fato quando no de direito. O aspecto mais caracterstico est na sua relao com a mquina do Estado. o Estado que d a estas associaes o reconhecimento institucional e o monoplio na representao dos interesses do grupo, assim como o Estado que delega a elas um conjunto de funes pblicas. e) Benefcios pblicos. Jos Murilo de Carvalho conceitua clientelismo como:

    Um tipo de relao entre atores polticos que envolve concesso de benefcios pblicos, na forma de empregos, benefcios fiscais, isenes, em troca de apoio poltico, sobretudo na forma de voto.

    42- Uma das maiores obras de anlise da estruturao e formao do Estado no Brasil foi Os Donos do Poder, de Raymundo Faoro. Assinale a opo que no corresponde ao pensamento de Faoro. a) A comunidade poltica conduz, comanda, supervisiona os negcios, como negcios privados seus, na origem, como negcios pblicos depois, em linhas que se demarcam, gradualmente. b) O sdito e a sociedade se compreendem no mbito de um aparelhamento a explorar, a manipular, a tosquiar nos casos extremos. Dessa realidade se projeta, em florescimento natural, a forma de poder, institucionalizada num tipo de domnio: o patrimonialismo, cuja legitimidade assenta no tradicionalismo assim porque sempre foi. c) O patrimonialismo estatal, no Brasil, incentivou o setor especulativo da economia e predominantemente voltado ao lucro como jogo e aventura, ou, na outra face, interessado

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    no desenvolvimento econmico sob o comando poltico; para satisfazer imperativos ditados pelo quadro administrativo, com seu componente civil e militar. d) O brasileiro que se distingue h de ter prestado sua colaborao ao aparelhamento estatal, no na empresa particular, no xito dos negcios, nas contribuies cultura, mas numa tica confuciana do bom servidor, com carreira administrativa e curriculum vitae aprovado de cima para baixo. e) Na peculiaridade histrica brasileira, a camada dirigente atua em nome do interesse pblico, servida dos instrumentos polticos derivados de sua posse do aparelhamento estatal. Ao receber o impacto de novas foras sociais, a categoria estamental as amacia, domestica, embotando-lhes a agressividade transformadora, para incorpor-las a valores prprios, muitas vezes mediante a adoo de uma ideologia diversa, se compatvel com o esquema de domnio. Gabarito: E a) A comunidade poltica conduz, comanda, supervisiona os negcios, como negcios privados seus, na origem, como negcios pblicos depois, em linhas que se demarcam gradualmente. O sdito, a sociedade, se compreendem no mbito de um aparelhamento a explorar, a tosquiar nos casos extremos. A autocracia autoritria pode operar sem que o povo perceba seu carter ditatorial, s emergente nos conflitos e tenses, quando os rgos estatais e a carta constitucional cedem ao real, verdadeiro e atuante centro de poder poltico. Em ltima anlise, a soberania popular no existe, seno como farsa, escamoteao ou engodo. b) A comunidade poltica conduz, comanda, supervisiona os negcios, como negcios privados seus, na origem, como negcios pblicos depois, em linhas que se demarcam gradualmente. O sdito, a sociedade, se compreendem no mbito de um aparelhamento a explorar, a manipular, a tosquiar nos casos extremos. Dessa realidade se projeta, em florescimento natural, a forma de poder, institucionalizada num tipo de domnio: o patrimonialismo, cuja legitimidade assenta no tradicionalismo assim , porque sempre foi. c) Sempre, no curso dos anos sem conta, o patrimonialismo estatal, incentivando o setor especulativo da economia e predominantemente voltado ao lucro como jogo e aventura, ou, na outra face, interessado no desenvolvimento econmico sob o comando poltico, para satisfazer imperativos ditados pelo quadro administrativo, com seu componente civil e militar.

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    d) O estamento burocrtico desenvolve padres tpicos de conduta ante a mudana interna e no ajustamento ordem internacional. Gravitando em rbita prpria no atrai, para fundir-se, o elemento de baixo, vindo de todas as classes. Em lugar de integrar, comanda; no conduz, mas governa. Incorpora as geraes necessrias ao seu servio, valorizando pedaggica e autoritariamente as reservas para seus quadros, cooptando-os, com a marca de seu cunho tradicional. O brasileiro que se distingue h de ter prestado sua colaborao ao aparelhamento estatal, no na empresa particular, no xito dos negcios, nas contribuies cultura, mas numa tica confuciana do bom servidor, com carreira administrativa e curriculum vitae aprovado de cima para baixo. e) ERRADA: em nome prprio. Na peculiaridade histrica brasileira, todavia, a camada dirigente atua em nome prprio, servida dos instrumentos polticos derivados de sua posse do aparelhamento estatal. Ao receber o impacto de novas foras sociais, a categoria estamental as amacia, domestica, embotando-lhe a agressividade transformadora, para incorpor-las a valores prprios, muitas vezes mediante a adoo de uma ideologia diversa, se compatvel com o esquema de domnio. As respostas s exigncias assumem carter transacional, de compromisso, at que o eventual antagonismo dilua, perdendo a cor prpria e viva, numa mistura de tintas que apaga os tons ardentes. As classes servem ao padro de domnio, sem que orientem a mudana, refreadas ou combatidas, quando o ameaam, estimuladas, se o favorecem. O sistema compatibiliza-se, ao imobilizar as classes, os partidos e as elites, aos grupos de presso, com a tendncia de oficializ-los. 43- Para Srgio Buarque de Holanda, o Brasil possui uma srie de caractersticas em sua formao poltica que o levaram sua afirmao clebre: A democracia no Brasil foi sempre um lamentvel mal-entendido. Todas as afirmaes abaixo esto relacionadas ao pensamento de Srgio Buarque de Holanda, exceto: a) j se disse, numa expresso feliz, que a contribuio brasileira para civilizao ser de cordialidade daremos ao mundo o homem cordial. Ou seja, o homem com boas maneiras, civilidade, que se caracteriza por uma noo ritualista da vida caracterizada pela moderao e racionalidade instrumental, ou seja, de meio e de fins (ser cordial). b) a ideologia impessoal do liberalismo democrtico jamais se naturalizou entre ns. c) curioso notar-se que os movimentos aparentemente reformadores, no Brasil, partiram quase sempre de cima para baixo: foram de inspirao intelectual, se assim se pode dizer, tanto quanto sentimental. d) em geral, nos pases latino-americanos, onde quer que o personalismo e a oligarquia, que o prolongamento do personalismo no espao e no tempo conseguiu abolir as

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    resistncias liberais, assegurou-se, por essa forma, uma estabilidade poltica aparente que, de outro modo, no seria possvel. e) a fermentao liberalista que precedeu a proclamao da independncia constitui obra de minorias exaltadas, sua repercusso foi bem limitada entre o povo, bem mais limitada, sem dvida, do que o querem fazer crer os compndios da histria ptria. Gabarito: A. a) Buarque de Holanda fala o homem cordial, mas a cordialidade aqui no se refere civilidade nem polidez, vem na realidade de cordes, corao. O brasileiro teria dificuldade de desvincular os laos familiares quando se torna um cidado. O homem cordial generoso, mas para confiar em algum precisa conhec-lo primeiro. Gera-se uma intimidade com os demais, o que possibilita chamar qualquer um pelo primeiro nome e usar o sufixo inho para as mais diversas situaes. No h rigor. No existe distino entre o pblico e o privado: todos so amigos em todos os lugares. No Brasil, o Estado acaba sendo apropriado pela famlia, os homens pblicos so formados no crculo domstico, onde laos sentimentais e familiares so transportados para o ambiente do Estado, o homem que tem o corao como intermdio de suas relaes. b) curioso notar-se que os movimentos aparentemente reformadores, no Brasil, partiram quase sempre de cima para baixo: foram de inspirao intelectual, se assim se pode dizer, tanto quanto sentimental. Nossa independncia, as conquistas liberais que fizemos durante o decurso de nossa evoluo poltica vieram quase de surpresa; a grande massa do povo recebeu-as com displicncia, ou hostilidades. c) Na verdade, a ideologia impessoal do liberalismo democrtico jamais se naturalizou entre ns. S assimilamos efetivamente esses princpios at onde coincidiram com a negao pura e simples de uma autoridade incmoda, confirmando nosso instintivo horror s hierarquias e permitindo tratar com familiaridade os governantes. A democracia no Brasil foi sempre um lamentvel mal-entendido. Uma aristocracia rural e semi-feudal importou-a e tratou de acomod-la, onde fosse possvel, aos seus direitos ou privilgios, os mesmos privilgios que tinham sido, no velho mundo, o alvo da luta da burguesia contra os aristocratas. d) A oligarquia o prolongamento do personalismo no espao e no tempo - conseguiu abolir as resistncias liberais, assegurou-se, por essa forma, uma estabilidade poltica aparente, mas que, de outro modo, no seria possvel.

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    e) A fermentao liberalista que precedeu proclamao da independncia constitui obra de minorias exaltadas, sua repercusso foi bem limitada entre o povo, bem mais limitada, sem dvida, do que o querem fazer cr os compndios de histria ptria. 45- A discusso sobre qual o nvel ideal de regulao sobre a produo tem gerado inmeros debates e farta bibliografia sobre o tema entre os economistas e os especialistas na rea. Assinale qual das seguintes afirmativas no corresponde ao pensamento do Prmio Nobel (2001) Joseph Stiglitz, acerca da necessidade de regulao do setor financeiro depois da recente crise financeira global. a) Parte da razo pela qual o sistema financeiro estadunidense entrou em crise foi devido ao fato de a regulao existente ser insuficiente ou inadequada. b) Mercados s funcionam bem quando os ganhos privados esto alinhados com os retornos sociais. c) Devido s peculiaridades do sistema financeiro, a regulamentao deve ser o mais especfica possvel para o bom financiamento dos mercados, pois cada pas possui seu prprio sistema financeiro e a sua legislao nacional deve refletir as caractersticas do seu sistema. d) O sucesso de uma economia de mercado requer no apenas um bom sistema de incentivo, mas boa informao na forma de transparncia e controle social. e) A assimetria informacional e o acaso moral (moral hasard) desempenharam um papel de relevo na recente crise financeira global (2007/2009). Gabarito: C. Stiglitz um crtico do neoliberalismo e defende maior regulamentao. Segundo o autor: Atualmente, existe uma grande disparidade entre os retornos sociais e os retornos privados. Se no forem alinhados, o sistema de mercado nunca poder funcionar bem. O neo-liberalismo foi sempre uma doutrina poltica ao servio de certos interesses e nunca se fundamentou em teorias econmicas. Tal como, sabemos hoje, no fundamentado em experincias histricas. Se aprendermos esta lio, talvez se faa luz ao fundo do tnel. A letra C errada porque a regulamentao deve ser coordenada entre os pases, e no fragmentada. Com a globalizao, preciso uma ao conjunta entre os pases.

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    46- A questo do Capital Social e da Participao Social na Esfera Pblica ganhou evidncias no meio acadmico principalmente a partir da publicao do trabalho de Robert Putnam sobre a experincia italiana. Qual a ideia central da sua teoria sobre o funcionamento das instituies democrticas na Itlia? a) Putnam identifica uma alta densidade de associaes na Itlia, e a existncia de relaes sociais de reciprocidade como as principais premissas de uma democracia vital e do engajamento cvico efetivo italiano. Sem democracia, portanto, no h capital social. b) O carter democrtico da sociedade civil italiana determinou o desempenho dos governos locais e de suas instituies. Ou seja, democracias tendem a ter um desempenho superior de suas instituies do que regimes autocrticos. c) A organizao social, sustentada por uma rede de associaes civis e por formas de cooperao baseadas em regras compartilhadas e em confiana recproca, mostrou-se fundamental para um bom desempenho das instituies e da eficincia da sociedade italiana e de sua economia, especialmente da regio norte do pas. d) A correlao entre engajamento cvico e a performance das instituies governamentais e sociais no est comprovada e ainda que exista em alguns pases no pode ser generalizada, variando caso a caso. e) Diferenas na vida cvica, baseadas em histrias poltico-institucionais distintas, no podem ser responsabilizadas pelas diferenas em relao ao desempenho das instituies, dos governos e, como consequncia, do sistema produtivo nas diferentes regies da Itlia. Gabarito: C Capital social, comunidade o e democracia, de Klaus Frey http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/politica/article/viewFile/4958/4317 Neste estudo sobre os fundamentos da democracia italiana, [a] Putnam identifica uma alta densidade de associaes e a existncia de relaes sociais de reciprocidade como as principais premissas de uma democracia vital e de um engajamento cvico efetivo. [b] Estes fatores no apenas garantem o carter democrtico da sociedade civil, mas tambm determinam a performance dos governos locais e de suas instituies. A organizao social, sustentada por uma rede de associaes civis e por formas de cooperao baseadas em regras compartilhadas e em confiana recproca, se mostrou fundamental para um bom desempenho das instituies e da eficincia da sociedade e de sua economia. Em seu estudo sobre a Itlia e em seu mais recente livro sobre a sociedade americana, Putnam coletou um montante significativo de evidncias que parecem confirmar a suposta [d] correlao entre engajamento cvico e a performance das instituies governamentais e sociais. Em analogia aos conceitos de capital fsico e capital humano, para Putnam,

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    "'capital social' se refere a elementos de organizao social como as redes, normas e confiana social que facilitam a coordenao e a cooperao em benefcio recproco" (Putnam, 1995: 67). Contudo, capital social sinnimo da existncia de confiana social, normas de reciprocidade, redes de engajamento cvico e, finalmente, de uma democracia saudvel e vital, sendo a formao do estoque de capital social resultado de um longo processo histrico. Portanto, foram as diferenas na vida cvica, baseadas em histrias poltico-institucionais distintas, que Putnam identificou como responsveis pelas diferenas em relao ao desempenho das instituies, dos governos e, como conseqncia, do sistema produtivo nas diferentes regies da Itlia. a) inverteu, sem capital social no h democracia. b) no o carter democrtico que garante, mas sim a alta densidade de associaes e a existncia de relaes sociais de reciprocidade. c) CERTA d) est sim comprovado. e) podem ser responsabilizadas. 47- Srgio Abranches consagrou o termo Presidencialismo de Coalizo para se referir ao sistema poltico brasileiro em artigo de 1988. Nessa perspectiva, o Poder Executivo se fortalece politicamente com base em grandes coalizes no Parlamento. Para alguns autores, como Fernando Limongi & Argelina Figueiredo, que seguem uma linha mais institucionalista, a Relao de Poderes, no Sistema Poltico, apresenta as caractersticas citadas a seguir, as quais so decisivas para a compreenso do funcionamento do sistema poltico brasileiro. Assinale a opo que corresponde ao pensamento de Fernando Limongi & Argelina Figueiredo. a) O sistema partidrio brasileiro caracteriza-se por ser multipartidrio e fragmentado, com partidos frgeis e incapazes de dar sustentao poltica s propostas do governo. b) H falta de governabilidade no Brasil, com o governo dando mostras de ser incapaz de governar. c) O Parlamento o centro das decises do sistema poltico brasileiro, de onde provm as orientaes e inclusive a origem das polticas pblicas que sero adotados pelo Poder Executivo, que subordinado ao Poder do Parlamento. d) Os Deputados atuam de forma pessoal, reforando o carter Personalista do sistema poltico brasileiro, no seguindo a orientao dos lderes partidrios. e) H um predomnio do Executivo sobre a produo legislativa. O Poder Executivo bem-sucedido na arena legislativa porque conta com o apoio slido de uma coalizo partidria. A disciplina partidria a norma no Parlamento brasileiro.

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    Gabarito: E http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-33002006000300002 Essas informaes, de certa forma, revelam a estrutura dos governos parlamentaristas, as bases sobre as quais seu funcionamento ordinrio repousa: supremacia do Executivo amparada por apoio partidrio consistente. Pois muito bem, e o Brasil? As referncias constantes a problemas de governabilidade, fragilidade do quadro partidrio e o apelo permanente a uma reforma poltica apontariam ou nos fariam supor que o quadro a ser revelado pelo exame de dados similares seria radicalmente diverso. Estaramos diante de problemas de governabilidade se o governo se mostrasse incapaz de governar. Partidos seriam frgeis se incapazes de dar sustentao poltica s propostas do governo. No entanto, o exame dos dados revela quadro radicalmente diverso. O Brasil no to diferente dos pases parlamentaristas. Seno, vejamos. Comecemos pelas taxas de sucesso e dominncia. Elas so elevadas, comparveis s observadas nos pases que analisamos momentos atrs. O sucesso do Executivo para o perodo ps-promulgao da Constituio de 1988 de 70,7%11. Cabe notar que a definio de sucesso adotada exigente, pois pede que a matria seja aprovada ao longo do mandato do presidente que submeteu a medida. As variaes por presidentes so pequenas e independem da sua base de apoio. certo que Fernando Collor, o nico presidente do perodo a formar coalizes minoritrias, teve o pior desempenho nesse quesito entre todos os presidentes, aprovando 65% dos projetos que submeteu. Mas a variao menor que a estabilidade. A taxa de sucesso para Itamar foi um ponto superior de Collor e os demais presidentes ficaram um pouco acima dos 70%. A taxa de dominncia para o mesmo perodo tambm expressiva: 85,6%. Uma vez mais, no h variaes significativas entre os mandatos. Collor e Sarney tm os valores mais baixos, em torno dos 77%. Itamar e Lula esto acima dos 90%, enquanto Fernando Henrique teve taxa similar em seus dois mandatos: 85%. interessante comparar esses dados no apenas com pases parlamentaristas. Compar-los ao perodo democrtico anterior tambm revelador. O contraste no poderia ser mais completo. O sucesso do Executivo no perodo para o qual h dados disponveis (1949-1964) foi um magro 29,5 %. Vargas, o mais bem sucedido presidente do perodo logrou aprovar apenas 45% do que enviou. Quanto s taxas de dominncia, as diferenas soam igualmente palpveis. O Executivo foi responsvel pela apresentao de 39% das leis aprovadas naquele perodo. Uma vez mais, o presidente com a taxa mais alta na primeira experincia democrtica est bem inferior ao presidente que teve piores resultados no perodo atual: a diferena que os separa de 30%. Ou seja, as relaes Executivo-Legislativo mudaram da gua para o vinho. E mudaram por fora das diferenas entre os dois textos constitucionais. Visto pelo ngulo da

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    produo legislativa, o mais bem sucedido presidente do perodo anterior no sequer uma plida imagem dos presidentes atuais. Estamos diante de caractersticas que decorrem da estrutura institucional adotada e no das qualidades pessoais deste ou daquele lder. Para resumir: o que o Executivo submete ao Legislativo , em geral, aprovado. E, por definio, as matrias s podem ser aprovadas se contam com o apoio da maioria. Para evitar mal entendidos, cabe notar que a afirmao se estende s Medidas Provisrias. Estas necessitam ser aprovadas pelo Congresso para que se tornem leis. Para os autores, h sim governabilidade no Brasil e os partidos do sim sustentao poltica. O parlamento no o centro das decises, o executivo. Os lderes tm muito poder, no personalista. 48- Muito embora a Constituio de 1988 adote em seus princpios a descentralizao de algumas polticas pblicas, tais como sade e educao, a realidade, no entanto, demonstrou a dificuldade de colocar tal princpio em prtica. Com efeito, o processo de participao institucionalizada por meio de Conselhos apresenta problemas, que exigem da sociedade muita criatividade para enfrent-los. Entre tais problemas, podem ser citados todos os mencionados abaixo, exceto: a) A atuao dos Conselhos, sem base na mobilizao social, com a nica preocupao de ocupar espaos, pode levar reproduo de prticas clientelistas e burocrticas. b) A idealizao do papel dos Conselhos pode criar expectativas exageradas e conduzir a maiores frustraes sobre o seu verdadeiro papel. c) A problemtica a ser enfrentada pelos Conselhos e pela sociedade civil organizada por demais complexa e requer maior qualificao para a participao dos Conselheiros nas diversas Polticas Pblicas, notadamente aquelas na rea social. d) Independente de como ocorreu a formao dos Conselhos e o processo de discusso das suas competncias, seu papel, sua composio, plano de ao e forma de escolha dos representantes da sociedade, os Conselhos tendem a espelhar a diversidade social, e os Conselheiros a agir com bastante autonomia frente s Instituies que os selecionaram. e) A capacidade dos Conselhos Populares de alterar a destinao dos recursos pblicos destinados s polticas sociais relativamente limitada, uma vez que a maior parte das Polticas Pblicas tende a ser decidida no centro do sistema, ou seja, pela Unio e no pelos Estados e Municpios, que possuem um papel mais voltado para a execuo do que para a formulao de novas polticas. Gabarito: D

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    http://empreende.org.br/pdf/Democracia%20e%20Participa%C3%A7%C3%A3o/Movimentos%20Sociais%20e%20Conselhos.pdf a) Os conselhos podem constituir-se em mecanismos de fortalecimento da sociedade civil e controle social do Estado, mantendo-se a autonomia de ambas as esferas, que tm suas lgicas prprias. Mas a atuao indiscriminada em conselhos, sem ancoragem na mobilizao social, com a nica preocupao de ocupar espaos, pode levar reproduo de prticas clientelistas e burocrticas. b) A idealizao do papel dos conselhos pode criar expectativas exageradas e conduzir a maiores frustraes. Os recursos pblicos destinados s polticas sociais so cada vez mais reduzidos. Impe-se, pois, aos conselhos, nos diversos nveis, a tarefa crucial de discutir o oramento pblico, no apenas o fundo especfico do setor, mas as prioridades na distribuio dos recursos. c) A problemtica a ser enfrentada pelos conselhos e pela sociedade organizada por demais complexa e requer maior qualificao da participao, alm da priorizao de certos espaos que ofeream maiores potencialidades de transformao das relaes sociedade / Estado. d) ERRADA: essa era a nica alternativa que apontava coisas boas. No h esta grande diversidade nem a autonomia. e) no encontrei o texto de onde tiraram, mas certa, uma vez que os conselhos ainda no possuem grande poder de participao nas decises referentes destinao de recursos. 50- A relao entre representante e representado uma das mais complexas da democracia contempornea. Ainda assim, existem poucos estudos no Brasil que procuram explicar como se d a referida relao e o que leva o eleitor a votar em um determinado candidato. Jairo Nicolau, em seu trabalho Como Controlar o Representante? Consideraes sobre as Eleies para a Cmara dos Deputados no Brasil (2002), discute o tema. Suas principais concluses so todas as abaixo, exceto: a) no Brasil, o sucesso de um candidato s eleies para a Cmara dos Deputados depende, entre outros fatores, da atuao do seu partido (que necessita ultrapassar o quociente eleitoral), do desempenho de outros partidos (caso haja coligao) e do nmero de votos que ele recebeu. b) os eleitores acompanham o trabalho do deputado no qual votaram e, na eleio seguinte, usam o voto para recompens-lo ou puni-lo. Os eleitores dispem, portanto, de

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    memria em quem votaram e punem com regularidade os deputados que no atuaram altura de seu mandato, impedindo, na maior parte dos casos, que eles voltem para a Cmara dos Deputados para cumprir um novo mandato parlamentar. c) a combinao de lista aberta com a possibilidade de os partidos coligarem-se reduz a previsibilidade dos resultados eleitorais: partidos coligados podem eleger candidatos mesmo sem atingir o quociente eleitoral, candidatos podem aumentar sua votao e no se reeleger, enquanto outros podem obter um nmero de votos menor e mesmo assim garantir sua reeleio. d) a eleio para deputado federal seria, sobretudo, na viso de Nicolau (2002), uma disputa entre parlamentares que se destacaram no mandato (voto retrospectivo) e lideranas que ocupam outros postos polticos ou no e querem entrar para a Cmara dos Deputados (voto prospectivo). e) em razo do singular sistema eleitoral utilizado nas eleies para a Cmara dos Deputados no Brasil (lista proporcional aberta), a imprevisibilidade dos resultados muito acentuada. Gabarito: B http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0011-52582002000200002 a) No Brasil, o sucesso de um candidato s eleies para a Cmara dos Deputados depende, entre outros fatores, da atuao do seu partido (que necessita ultrapassar o quociente eleitoral), do desempenho de outros partidos (caso haja coligao) e do nmero de votos que ele recebeu. b) possvel resumir alguns temas explorados, agrupando os eleitores em quatro tipos. O primeiro composto pelos eleitores partidrios: votam no partido e destacam o desempenho da sua bancada; o sistema eleitoral, com nfase no candidato, e a possibilidade da troca de legenda durante a legislatura dificultam o voto partidrio para o Legislativo. O contingente desses eleitores reduzido. O segundo grupo inclui os eleitores que conseguem eleger o deputado no qual votaram, acompanham o trabalho deste e, na eleio seguinte, usam o voto para recompens-lo ou puni-lo. O reduzido nmero de eleitores que conseguem eleger seu candidato (35,5%, em mdia, nas quatro eleies do atual perodo democrtico) e a falta de memria, aliados ao fato de que alguns deputados no se recandidatam, sugerem que este grupo tambm limitado. Um terceiro grupo, ainda que no tenha memria de seu voto na eleio anterior, avalia retrospectivamente um deputado que se destacou por sua atividade durante o mandato e vota nele. Um ltimo grupo, pouco afeito a acompanhar a atividade do Legislativo, ficaria mais propenso a votar em nomes novos (polticos sem mandato e lideranas civis).

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    c) A combinao de lista aberta com a possibilidade de os partidos coligarem-se reduz a previsibilidade dos resultados eleitorais: partidos coligados podem eleger candidatos mesmo sem atingir o quociente eleitoral, candidatos podem aumentar sua votao e no se reeleger, enquanto outros podem obter um nmero de votos menor e mesmo assim garantir sua reeleio. d) Portanto, a eleio para deputado federal seria, sobretudo, uma disputa entre parlamentares que se destacaram no mandato (voto retrospectivo) e lideranas que ocupam outros postos polticos ou no e querem entrar para a Cmara dos Deputados (voto prospectivo). e) Em razo do singular sistema eleitoral utilizado nas eleies para a Cmara dos Deputados no Brasil, a imprevisibilidade dos resultados muito acentuada. Alm da sua performance individual (boa votao), que depende de uma srie de fatores (competio na base eleitoral, recursos gastos na campanha, recursos alocados para o reduto eleitoral, no caso de ser parlamentar), o poltico necessita para assegurar sua eleio: que o partido (ou coligao) ao qual ele pertence atinja o quociente necessrio e que outros candidatos de seu partido (ou coligao) no tenham mais votos do que ele.