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Comentários sobre a Lei 12.720/2012 A Lei 12.720/2012 criou novas causas de aumento de pena nos crimes de homicídio e lesão corporal do Código Penal quando a conduta do agente ocorrer em contexto de milícias privadas, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou grupo de extermínio. O § 6º do Art. 121 do Código Penal passou a vigorar com seguinte redação: Art. 121. § 6º. A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. Por sua vez, o § 7º. do Art. 129 do Código Penal passou a ter a seguinte redação: Art. 129 1

Comentários Sobre a Lei 12.720

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Comentrios sobre a Lei 12.720/2012

A Lei 12.720/2012 criou novas causas de aumento de pena nos crimes de homicdio e leso corporal do Cdigo Penal quando a conduta do agente ocorrer em contexto de milcias privadas, sob o pretexto de prestao de servio de segurana, ou grupo de extermnio.

O 6 do Art. 121 do Cdigo Penal passou a vigorar com seguinte redao:

Art. 121.

6. A pena aumentada de 1/3 (um tero) at a metade se o crime for praticado por milcia privada, sob o pretexto de prestao de servio de segurana, ou por grupo de extermnio.

Por sua vez, o 7. do Art. 129 do Cdigo Penal passou a ter a seguinte redao:

Art. 129

7. Aumenta-se a pena de 1/3 (um tero) se ocorrer qualquer das hipteses dos 4o e 6o do art. 121 deste Cdigo.

Como bem coloca o Prof. Rogrio Greco, ao se referir milcia privada est dizendo respeito quela de natureza paramilitar, isto , a uma organizao no estatal, que atua ilegalmente, mediante o emprego da fora, com a utilizao de armas, impondo seu regime de terror em uma determinada localidade.

Ainda segundo o referido autor, para efeitos de definio de milcia privada, as lies do socilogo Igncio Cano, citado no Relatrio Final da Comisso Parlamentar de Inqurito da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (pg. 36), aponta as seguintes peculiaridades:

1. controle de um territrio e da populao que nele habita por parte de um grupo armado irregular;

2. o carter coativo desse controle;

3. o nimo de lucro individual como motivao central;

4. um discurso de legitimao referido proteo dos moradores e instaurao de uma ordem;

5. a participao ativa e reconhecida dos agentes do Estado.

A Lei 12.720/2012 silente no que diz respeito ao nmero mnimo de pessoas exigido para a configurao do grupo de extermnio ou milcia.

Contudo, a doutrina e a jurisprudncia tm se posicionado que o nmero mnimo seja de trs pessoas, como, por exemplo, ocorre com o crime de Rixa (Art. 137 do Cdigo Penal).

Vale ainda salientar que as causas de aumento de pena previstas no 6. do Art. 121 do Cdigo Penal e no 7. do Art. 129 do mesmo diploma no podem retroagir a fatos praticados anteriormente a referida Lei, sob pena de configurar novatio legis in pejus.

Alm disso, a Lei 12.720/2012 criou o crime especfico de formao de milcias ou grupos paramilitares no corpo do Cdigo Penal Brasileiro.

O Art. 288-A do Cdigo Penal possui a seguinte redao:

Constituio de milcia privada

Art. 288-A. Constituir, organizar, integrar, manter ou custear organizao paramilitar, milcia particular, grupo ou esquadro com a finalidade de praticar qualquer dos crimes previstos neste Cdigo:

Pena - recluso, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos.

O bem jurdico tutelado pelo citado tipo penal, similarmente ao crime de quadrilha ou bando, a paz e a segurana pblica.

No que diz respeito ao sujeito ativo, trata-se de crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa. Igualmente existe discusso sobre do nmero mnimo de integrantes a configurarem organizao paramilitar, milcia particular, grupo ou esquadro. Como j dito, prevalece na doutrina e na jurisprudncia o nmero mnimo de trs pessoas.

Quanto ao sujeito passivo, classificado pela doutrina como crime vago, uma vez que tem como sujeito passivo toda a coletividade, tutelando bens jurdicos de natureza difusa ou coletiva.

O crime doloso, inexistindo previso de figura culposa.

Segundo a doutrina, h necessidade de que a associao criminosa seja estvel ou permanente, visando a prtica de crimes, no bastando a mera reunio de um grupo para a prtica isolada de um crime.

Ainda segundo a doutrina, trata-se de crime de ao mltipla, contedo variado ou tipo misto alternativo, sendo dotado de vrios ncleos ou verbos: Constituir, Organizar, Integrar, Manter e custear. Assim, a prtica de quaisquer das condutas(verbos) em um mesmo contexto, no implica em concurso de crimes.

Referncias Bibliogrficas:

CUNHA, Rogrio Sanches. Comentrios Lei 12.720, de 27 de setembro de 2012. Disponvel em , acesso em 15.04.2015.

GRECO, Rogrio. Cdigo Penal Comentado. 6. ed. Niteri: Impetus, 2012.

CUNHA, Rogrio Sanches. Comentrios Lei 12.720, de 27 de setembro de 2012. Disponvel em www.atualidadesdodireito.com.br, acesso em 15.04.2015.

CUNHA, Rogrio Sanches. Comentrios Lei 12.720, de 27 de setembro de 2012. Disponvel em www.atualidadesdodireito.com.br, acesso em 15.04.2015.

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