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Comentários - darwin.com.br · tema ser o mesmo para todos. O que há de notável em todos os trabalhos é a coesão, a coerência, a ... as autoridades governamentais perceberem

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Comentários: Professor Doutor José Augusto Carvalho

Centro Educacional Charles DarwinColetânia de Redações

Dezembro de 2003

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INTRODUÇÃOA melhor maneira de levar um jovem a redigir bem é fazê-lo redigir.A redação é um dos problemas que enfrenta o professor, seja de que

área for, porque as questões discursivas podem ser exigidas em qualquer disciplina.

Há duas condições para a aprendizagem da redação: ter o que dizer e ter que dizê-lo.

Para ter o que dizer, o estudante precisa ler, estudar, cultivar-se. A cultura de uma pessoa, no sentido não antropológico do termo, não é mais do que a capacidade de multiplicar conotações, o que só a leitura permite.

Ter que dizer algo implica escrever algo, revelar o próprio conhecimento a respeito de algo, numa prática constante. Assim como ninguém aprende a nadar no seco, ninguém aprende a redigir sem enfrentar a folha de papel em branco, sem policiar inicialmente a língua e, depois, numa revisão, descontrair-se, refazer o que foi dito, num trabalho artesanal e lúdico.

Para ajudar o estudante a ter o que dizer, as escolas fornecem uma seleção de textos motivadores sobre cada um dos assuntos a desenvolver numa redação. Mas, como todos os estudantes têm informações idênticas, há o risco de muitos deles se limitarem aos textos motivadores, rastreando-os de perto, sem uma contribuição pessoal, que é parte da cultura de uma pessoa e que só a leitura continuada pode permitir.

Essa foi a principal dificuldade na escolha dos dez primeiros trabalhos que constituem esta antologia. Apesar de tudo, sempre há algumas idéias repetidas, menos por causa dos textos motivadores do que pelo fato de o tema ser o mesmo para todos.

O que há de notável em todos os trabalhos é a coesão, a coerência, a argumentação bem conduzida (embora nem sempre haja conclusão definida ou sugestões de solução para os problemas abordados).

É o que o leitor poderá observar por si próprio.

Etapas do Concurso: 1ª etapa: Classificação dos alunos que alcançaram nota superior a 80% em

alguma Redação no ano.2ª etapa: Correção da prova realizada, em 04 de outubro, pela equipe de profes-

sores do Darwin e seleção das 30 melhores redações.3ª etapa: Reavaliação das 30 redações e seleção das 10 melhores pelo profes-

sor universitário, Dr. José Augusto Carvalho.

Professor Doutor José Augusto Carvalho

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CONHEÇA AQUI OS VENCEDORES:

Autora: Camila Zamgerdome SantosTítulo: Geração contraditóriaUnidade: Vila Velha

Décimo Lugar

Autor: André Negrelli ReisTítulo: O jovem do século XXIUnidade: Jardim da Penha

Nono Lugar

Autora: Ketty Lysie Libardi LiraTítulo: O novo perfil da juventude brasileiraUnidade: Vila Velha

Oitavo Lugar

Autora: Luana Schulz BatistaTítulo: “Primeiro eu, depois o Brasil”Unidade: Jardim da Pennha

Sétimo Lugar

Autor: Fábio Hideki HaranoTítulo: Uma questão de aproveitamentoUnidade: Jardim da Penha

Quinto Lugar

Autora: Isabelle Bussular Arantes Título: A nova geração brasileiraUnidade: Vila Velha

Quarto Lugar

Autor: Roger Bongestab dos SantosTítulo: Juventude: um reflexo do mundoUnidade: Vila Velha

Terceiro Lugar

Autora: Bianca Carvalho CamposTítulo: A influência da mídia na criação de um jovem Unidade: Jardim da Penha

Segundo Lugar

Autora: Letícia Leal Miranda Título: Futuro brilhante ou ruína de um paísUnidade: Jardim da Penha

Primeiro Lugar

Autor: Bernardo Ferreira dos SantosTítulo: Um retrato da juventude brasileiraUnidade: Jardim da Penha

Sexto Lugar

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Futuro brilhante ou ruína de um país?

Skatistas, punks, patricinhas, funkeiros... A diversidade das “tribos” reflete as disparidades sociais, culturais e econômicas da população do Brasil. Contudo traçar um perfil homogêneo da ju-ventude brasileira é possível, desde que haja atenção, no intuito de não desprezar as particularidades de cada região, classe econômica e nível educacional.

Tendo em vista que o jovem do século XXI é fruto de uma cultura de massa, que tem como axioma o consumismo, muitas de suas atitudes serão pautadas pela ganância. Não é raro encontrar adolescentes que pensam que dinheiro é sinônimo de sucesso. Individualistas, freqüentemente reproduzem inúmeros “vícios” da sociedade atual, como a corrupção e a falta de solidariedade.

Vale ressaltar que a ausência de um programa educacional concreto, por parte do governo, contribui para o agravamento dessa situação, na medida em que propiciou o crescimento da influência da mídia sobre os jovens. Culturalmente analfabetos, muitos não possuem o discernimento acerca do que lhes convêm, perdendo-se entre tantas informações. O resultado desse processo, no entanto, ainda pode ser revertido por meio da elevação, a longo prazo, do nível intelectual dos brasileiros.

Em suma, o segmento juvenil, considerado o futuro de uma nação, pode arruiná-la se não for bem orientado. Quando as autoridades governamentais perceberem que a educação gera uma juventude crítica, consciente e politizada, o quadro poderá ser mudado. Resta saber se é do interesse dos poderosos que essas modificações ocorram.

PRIMEIRO LUGAR

Aluna: Letícia Leal MirandaUnidade: Jardim da PenhaCidade: Vitória (ES)Série e Turma: Pré-Vestibular - P3

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Comentário do professor:

A redação de Letícia Leal Miranda associa as disparidades socioculturais e econômicas à diversidade das “tribos” de jovens. Para a Autora, o individualismo e o consumismo fomentados pela mídia unem esses jovens num mesmo perfil homogêneo caracteri-zado pela idéia de que o dinheiro é sinônimo de sucesso.

Como solução, a Autora sugere uma política educacional concreta por parte do Governo, a fim de formar uma juventude crítica, consciente e politizada, o que, possivelmente, não deve ser do interesse dos poderosos.

Da análise crítica dos jovens à análise crítica das autoridades, a Autora revela nas entrelinhas sua descrença num programa edu-cacional concreto, por não acreditar no interesse ou na boa vontade dos “poderosos”.

Mereceu o primeiro lugar.

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A influência da mídia na criação de um jovem

A presença marcante da globalização na vida dos jovens do século XXI proporcionou uma grande transformação na maneira de pensar e de agir diante do aparecimento de novas tecnologias.

Deve-se observar que a maioria dos adolescentes não se be-neficiam das novas oportunidades de interligação cultural, porque, além de o sistema educacional brasileiro estar defasado, principal-mente no setor público, o mercado de trabalho se encontra cada vez mais competitivo, incluindo apenas aqueles que podem pagar pela educação mercadológica. Sabe-se, entretanto, que os meios de co-municação também são responsáveis pelo perfil do jovem moderno, pois criaram indivíduos alienados, que reproduzem o que é dito e não sabem pensar criticamente a respeito da situação da sociedade. Aliás, é justamente a mídia a grande responsável pela massificação da juventude e pela influência no consumismo exacerbado.

Assim, é necessário, para uma melhora política, econômica e social, que o Brasil invista mais nos jovens, dando prioridade ao aperfeiçoamento da infra-estrutura educacional e promovendo uma aliança entre a comunicação e a educação pois, dessa forma, a im-prensa pode funcionar como promotora de programas intelectivos.

Finalmente, enquanto houver o divórcio entre essas duas instâncias, o Brasil não se tornará uma imensa e dinâmica escola, a fim de ensinar e formar uma juventude crítica e politizada, ideal para o século XXI.

SEGUNDO LUGAR

Aluna: Bianca Carvalho CamposUnidade: Jardim da PenhaCidade: Vitória (ES)Série e Turma: Pré-Vestibular - P2

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Comentário do professor:

Na sua redação Bianca Carvalho Campos responsabiliza a mídia e a globalização pela maneira alienada e sem espírito crítico com que os jovens atualmente agem e pensam, massificados pelo consumismo exacerbado. Como solução para o problema, a Autora sugere que se invista mais no jovem, com prioridade para a educa-ção, o que poderia permitir a promoção de programas culturais na mídia, a fim de formar uma juventude crítica e politizada.

O que a Autora se esqueceu de dizer é como fazer para atrair jovens para “programas intelectivos”. Ou como fazer os pro-dutores de programas ou editores de jornais aderirem à idéia. Os programas que existem são normalmente relegados a horários de pouca audiência: ou muito cedo ou tarde demais. Afinal, é a febre da audiência que estimula a programação televisiva. Sem ouvintes não há anunciantes. Sem leitores de jornais, tampouco.

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TERCEIRO LUGAR

Aluno: Roger Bongestab dos SantosUnidade: Vila VelhaCidade: Vila Velha (ES)Série e Turma: Pré-Vestibular - P1

Juventude: um reflexo do mundo

O perfil da juventude brasileira é um dos principais reflexos da conjuntura do mundo atual, marcado pelo progresso tecnológico, pela globalização, pelo individualismo e pela desvalorização das relações humanas.

O fascinante progresso técnocientífico proporciona aos jo-vens acesso a diversas informações, principalmente por meio do sistema de informática, contribuindo, assim, para o enriquecimento cultural e para a não-alienação dos adolescentes. Infelizmente, esse progresso ainda é restrito a um pequeno segmento da juventude. Ademais, a maioria que tem acesso a elas não sabe analisá-las de forma crítica.

Outro ponto relevante na análise do perfil dos jovens é o fe-nômeno da globalização, que vem derrubando fronteiras econômicas e também uniformizando o pensamento dos adolescentes, ditando qual comportamento seguir, formando, desse modo, cidadãos com personalidade coletiva. Além disso, a globalização, juntamente com o capitalismo, tem difundido a doutrina consumista, que é seguida por muitos jovens.

Apesar de todo o progresso e conforto disponibilizados, a juventude está cada vez mais egocêntrica, preocupando-se mais com a realização financeira, em detrimento das relações humanas.

Conclui-se, portanto, que o perfil dos jovens é fruto do contexto mundial e que a juventude, embora em sintonia com os avanços tecnológicos, não está bem preparada para enfrentar com seriedade o futuro, pois os valores humanos são essenciais para isso.

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Comentário do professor:

Roger Bongestab dos Santos concentrou-se na análise de uma juventude marcada pelo progresso tecnológico, pela globa-lização, pelo individualismo e pela desvalorização das relações humanas. No entanto, o progresso tecnológico é restrito a um pequeno grupo de jovens, o que não impede a formação de uma personalidade coletiva voltada não só para o consumismo em detrimento das relações humanas, mas também para o individu-alismo, em detrimento dos valores humanos.

O Autor, no entanto, não apresenta soluções para tão grande problema, limitando-se a descrevê-lo, deixando nas entrelinhas o lamento pelo despreparo dos jovens para enfrentar o futuro com seriedade.

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QUARTO LUGAR

Aluna: Isabelle Bussular ArantesUnidade: Vila VelhaCidade: Vila Velha (ES)Série e Turma: 3º ano - M3

A nova geração brasileira

Fruto de um mundo cada vez mais tecnológico, a nova geração brasileira é a mais bem informada de todos os tempos. Contando com a modernização crescente desta era, tida com a Ter-ceira Revolução Industrial, os jovens têm maior acesso à cultura, é às informações que moldam suas mentes e que, por conseqüência, se refletem em seus atos.

Essa evolução, entretanto, especialmente na área das comuni-cações, não traz, infelizmente, influências necessariamente positivas para a formação dos jovens. A intensa divulgação de um modo de vida altamente consumista, por exemplo, faz com que, de acordo com pesquisas recentes nas principais capitais, 41% da juventude brasileira associem a acumulação de bens materiais com o sucesso.

Apesar do perfil atual do jovem brasileiro que está afetado pela mídia e apesar de determinadas conseqüências negativas da modernização, existem novos e consideráveis aspectos positivos a serem observados: A juventude está cada vez mais consciente dos problemas internos do país e começa não só a desenvolver um es-pírito crítico mas também a emitir opiniões sensatas sobre questões como a violência, a corrupção e a pobreza.

Tendo em vista o resultado de recentes pesquisas, que mostraram um interesse crescente dos jovens tanto pelos estudos quanto pela sociedade e pela política, pode-se perceber uma expectativa positiva para o futuro do país nas mãos de uma con-siderável parcela da população jovem, de boa formação intelectual que futuramente pode vir a superar todos os aspectos negativos naturais da modernização e da globalização desenfreadas com as quais vem sofrendo o Brasil.

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Comentário do professor:

Isabelle Bussular Arantes, embora lamente o consumismo dos jovens e as conseqüências negativas da mídia e da modernização, acredita que a juventude começa a desenvolver um espírito crítico, a emitir opiniões sobre questões relacionadas à violência, à corrup-ção e à pobreza, e a interessar-se pelos estudos e pela política. Se a Autora não analisa o problema do consumismo, do individualismo e da alienação da maioria dos jovens modernos, pelo menos apresenta uma visão otimista e idealista da juventude, que ela acredita ter uma formação intelectual suficiente para superar os aspectos negativos da globalização e da modernização desenfreada.

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QUINTO LUGAR

Aluno: Fábio Hideki HaranoUnidade: Jardim da PenhaCidade: Vitória (ES)Série e Turma: 2º ano - E

Uma questão de aproveitamento

A juventude brasileira da atualidade tem acesso a muitas informações, provenientes de diversas fontes, tais como televi-são, cinema, Internet, escola, livros e revistas. É a geração mais informada de todos os tempos, o que traz à tona uma importante questão: qual é a qualidade de toda essa bobagem cultural que os jovens carregam?

Grande parte das informações dos jovens vem dos meios de comunicação em massa. Tais meios são, muitas vezes utilizados para a imposição de valores e comportamentos, atingindo fortemente a juventude, que muitas vezes é o principal alvo dessa imposição. A mídia passa a mensagem de que é muito bom consumir álcool, vestir roupas de marca e comprar diversos produtos supérfluos. Assim, muitos jovens acabam por dar grande valor ao dinheiro e ao con-sumismo, influenciados pelas informações que obtêm. Esquecem-se da família, do país, das questões políticas, econômicas e sociais. Tais pessoas carregam uma grande gama de conhecimento e cultura, mas é a chamada “cultura inútil”, que os torna simples marionetes dos meios manipuladores.

Há, contudo, uma outra parcela da juventude. Esta, mesmo tendo acesso a muitas informações nocivas, não é manipulada por elas. É a parcela daqueles que, com seu senso crítico, não se deixam levar pelas idéias de consumismo e questionam os fatos apresen-tados pela mídia. Esses são os jovens que melhor aproveitam a sua grande quantidade de conhecimento, podendo trazer grandes contribuições à sociedade.

Portanto pode-se dizer que a juventude brasileira de hoje se divide em dois grupos: os dos bem informados e o dos alienados e

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Comentário do professor:

Fábio Hideki Harano analisa a juventude atual dividindo-a em dois blocos antagônicos: o dos jovens consumistas, “marionetes” dominadas pelas mensagens e informações alienantes e robotizantes da mídia, e o dos jovens que têm senso crítico, que sabem aproveitar as informações que recebem, transformando-as em conhecimento.

Parece que, intuitivamente, o Autor compartilha a lição que Montaigne universalizou em seus Ensaios: “Instruir é formar o jul-gamento”. Essa juventude que sabe julgar é que, segundo o Autor, vai trazer grandes contribuições à sociedade.

Talvez seja um pouco maniqueísta essa posição. Há jovens que se situam à margem desses dois grupos, como, por exemplo, os que não têm acesso à mídia, à educação, à cultura ou à infor-mação, nem mesmo ao mercado de trabalho, e que vivem na rua, consumindo drogas, praticando crimes.

Mas não importa que falte algo. O importante é o recado de otimismo, de confiança nos jovens de hoje.

consumistas. Tal divisão surge justamente em decorrência da baga-gem cultural carregada pelos jovens e, principalmente, da maneira como ela é aproveitada.

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SEXTO LUGAR

Aluno: Bernardo Ferreira dos SantosUnidade: Jardim da PenhaCidade: Vitória (ES)Série e Turma: 2º ano - F

diferente da de dez ou vinte anos atrás. Costumes e atitudes mu-daram; medos, valores e perspectivas são outros.

Comparado aos despojados hippies dos anos setenta, adolescente moderno é fútil e materialista. O ideal de realização da maioria se resume a um bom emprego e a uma situação financeira estável, e não a ideais mais elevados, como paz ou liberdade de expressão.

O grande medo dos jovens de hoje não é uma guerra nuclear, mas, sim, um seqüestro ou uma bala perdida. Assim como toda a população, vivem aterrorizados pela explosão de violência no país.

Uma das conseqüências do medo é o afastamento social: apenas um em cada quinze jovens realiza algum tipo de trabalho voluntário.

Para a maioria das pessoas, porém, o principal problema da juventude atual são as drogas. O acesso a entorpecentes, legais e ilegais, está cada vez mais fácil. Os jovens temem as drogas mas estas oferecem um apelo quase irresistível. Dúvidas existenciais, problemas financeiros e imaturidade psicológica, eis o que os torna tão vulneráveis.

Uma última questão diz respeito ao sexo. Apesar de todo o apelo sexual promovido pela mídia, sexo ainda não é uma questão banal para a maioria dos adolescentes. A idade média da primeira relação caiu apenas um ano comparada à da década de oitenta, e muitos preconceitos e tabus ainda cercam o tema. Os jovens brasileiros não estão imersos num enorme bacanal, como a maioria das pessoas costuma pensar. Não ainda.

A juventude, no Brasil e no mundo, está em constante me-tamorfose. O que os adolescentes de hoje trarão para o planeta só o futuro dirá.

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Comentário do professor:

Um retrato da juventude brasileira

Eles são milhões e milhões. Seu poder, inúmeras vezes demonstrado, cresce a cada dia. Nunca a sociedade os valorizou tanto. Grande parte da programação televisiva e da produção de bens de consumo é voltada para seus gostos e preferências. São os jovens brasileiros.

Hoje, a maneira de pensar e de agir da juventude é bem

Diferentemente dos seus antecessores, nesta antologia, Bernardo Ferreira dos Santos resolveu falar também sobre as duas maiores preocupações dos jovens e, aliás, também de todas as pes-soas de todas as idades: as drogas e a violência urbana. Embora não analise as causas desses problemas (ele apenas sugere problemas financeiros, imaturidade psicológica e dúvidas existenciais como causas primeiras), o Autor utopicamente acredita (e lamenta) que os jovens pensem mais num emprego que lhes dê situação finan-ceira estável do que em ideais elevados como paz ou liberdade de expressão. Naturalmente ao Autor não lhe terá ocorrido a idéia de que a preservação do indivíduo é um instinto mais forte que quais-quer ideais altruístas. Mas, se faltaram soluções, pelo menos ficou a justificativa: ao futuro é que vai caber a palavra final.

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SÉTIMO LUGAR

Aluna: Luana Schulz BatistaUnidade: Jardim da PenhaCidade: Vitória (ES)Série e Turma: Pré-Vestibular - P2

individualista.Ao analisar a população juvenil do país e compará-la com

aquela existente há algumas décadas, percebe-se que o jovem da atualidade é mais informado, não apresenta tantas disparidades culturais em diferentes regiões brasileiras e está incluso, de maneira geral, na era tecnológica pela qual o país passa.

A juventude também é consciente dos problemas sociais que o Brasil apresenta: educação de má qualidade, segurança pública ineficiente e corrompida, exclusão social contínua e crescimento do desemprego e do subemprego.

Deve-se evidenciar, todavia, que essa nova geração não sabe utilizar de maneira correta as informações que lhe são fornecidas, ela é alienada da mídia e do consumismo que domina a sociedade, e não procura soluções para os problemas estruturais da nação, que existem há décadas e necessitam de iniciativas da sociedade para serem amenizados.

Assim como os jovens de décadas anteriores, a juventude atual está à margem das decisões que o governo toma e do que acontece nas favelas, nas escolas, nos campos rurais, ou no meio ambiente. Afinal, o grande sonho da maioria desses indivíduos é o alcance de reconhecimento social e de sucesso econômico. E para alcançar essa condição, ou seja, para obter maior poder aquisitivo e potencial de consumo, eles estudam ou tentam de alguma forma se “dar bem na vida”, talvez até por meio de atitudes incorretas, corruptas, ou no mínimo egoístas.

Portanto, infelizmente, o perfil do jovem brasileiro ainda é o de um mero consumidor, que talvez tenha vontade de ver um país melhor, mas não se considera apto para realmente mudá-lo, principalmente porque os seus principais objetivos giram em torno de si, e não em torno do Brasil.

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Comentário do professor:

“Primeiro eu, depois o Brasil”

A juventude brasileira mudou com as transformações que o Brasil vem sofrendo na indústria, na tecnologia, na política e nos meios de comunicação. E, apesar de o perfil do jovem do século XXI mostrar inovações de comportamento de cultura e de conheci-mento, uma característica dele parece não ter passado por grandes modificações: o jovem brasileiro ainda é alienado, não se mostra propenso a mudar a estrutura social do país e se tornou ainda mais

A redação de Luana Schulz Batista é uma crítica à sua ge-ração: embora consciente dos problemas sociais (educação de má qualidade, falta de segurança pública, corrupção, exclusão social, desemprego e subemprego), o jovem de hoje está à margem das decisões do Governo e do que acontece ao seu redor, porque é um mero consumidor que só se preocupa consigo mesmo.

Quase panfletária, a redação de Luana é um grito de alerta: o jovem brasileiro não se considera apto para mudar o país para melhor.

Infelizmente, a Autora não apresenta soluções para esse problema, mas consegue mostrar seu descrédito na geração de que faz parte.

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OITAVO LUGAR

Aluna: Ketty Lysie Libardi LiraUnidade: Vila VelhaCidade: Vila Velha (ES)Série e Turma: Pré-Vestibular - P2

O novo perfil da juventude brasileira

Estímulo ao consumo, pais desinformados, excesso de infor-mações. Esse é o quadro em que se encontram os jovens brasileiros, pois são atraídos pela sociedade moderna, que tenta aliená-los, impondo valores ligados a interesses mercadológicos.

De fato, a juventude está sujeita à influência de publicitários geniais que, por meio de suas propagandas, conseguem estimular o consumo de seus produtos. A maior agravante, entretanto, é o estímulo a bebidas alcoólicas que, além de causarem danos à saúde, desestruturam as relações com os pais, tornando-as conflituosas.

Aliás, a relação familiar já é agravada pela falta de diálogo e pela distância dos pais, que, pensando em dar condições dignas para os filhos, passam o dia dedicando-se ao trabalho. Essa dedi-cação exclusiva (entretanto) gera uma ausência. Isso prejudica o comportamento e os valores dos jovens, os quais acabam sendo influenciados por más amizades, aumentando o risco de usarem drogas e de se tornarem agressivos.

Vale ressaltar, entretanto, que há avanços nos valores individu-ais da juventude, visto que alguns jovens começam a se interessar por trabalhos voluntários, tentam resolver problemas sociais e políticos e preocupam-se com a educação e com o mercado de trabalho. Ademais, muitos têm conseguido aproveitar as informações que o mundo globalizado oferece, aprimorando o seu conhecimento.

Finalmente, vê-se que, apesar da massificação das informa-ções e do bombardeio das propagandas, parte da juventude tem conseguido selecionar aquilo que lhe interessa e, sobretudo, tem-

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Comentário do professor:

Ketty Lysie Libardi Lira, em seu trabalho, também divide a juventude em dois grupos, como fez o seu colega Fábio Hideki Ha-rano, embora de modo diverso: de um lado, os jovens influenciados pela publicidade “genial” que os leva ao consumo de bebidas, à ausência de diálogo com os pais, às más amizades; de outro lado, os jovens que se interessam pelos trabalhos voluntários, pelos proble-mas sociais e políticos e pela educação, e que conseguem aproveitar as informações que recebem do mundo globalizado, aprimorando seu conhecimento. E claro que essa visão maniqueísta da juven-tude é baseada em uma perspectiva impressionista sem respaldo argumentativo, mas serve para ilustrar a crença de sua Autora nos jovens que estão do ‘lado bom” de sua geração...

se preocupado com problemas individuais e sociais, procurando solucioná-los. Isso minimiza o estereótico de que a juventude é alienada, evidenciando um novo perfil.

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NONO LUGAR

Aluno: André Negrelli ReisUnidade: Jardim da PenhaCidade: Vitória (ES)Série e Turma: Pré-Vestibular - P1

culturais, refletindo as grandes mudanças socioeconômicas pelas quais o Brasil passa.

Nas últimas décadas, o país sofreu um grande desenvolvi-mento, tanto industrial quanto tecnológico, que alterou os costumes da sociedade e atingiu, principalmente, a faixa etária jovem, devido a sua maior flexibilidade. Isso é facilmente percebido em pesquisas que revelam mudanças significativas no perfil do jovem, o qual se mostra mais consciente em relação ao seu futuro, quando afirma que o aprendizado é imprescindível na conquista de um emprego. Além disso, outro reflexo da mudança de atitude do jovem brasileiro é o maior interesse em participar de obras ligadas ao social (volunta-riado), fato que demonstra uma mente mais bem informada sobre os problemas socioeconômicas do país.

Todas essas alterações positivas provêm, sem dúvida, da maior liberdade concedida aos jovens pela sociedade, liberdade a qual, todavia, germinou características negativas em seu perfil. Entre essas características, encontra-se a de um jovem mais ligado ao uso de drogas e de bebidas alcoólicas, incentivado pela mídia, por meio de propagandas persuasivas, a ingressar em um fanático mundo capitalista consumista. Não se pode deixar de evidenciar que esse capitalismo, praticado de forma selvagem, induz o jovem a nunca aceitar a derrota, nem que, para isso, utilize métodos ilícitos como a corrupção, alimentando, desde cedo, esse mal que infecta a sociedade.

Percebe-se, portanto, que o governo deve investir em infra-estrutura que absorva as qualidades dessa nova juventude (educação e emprego), mas que, ao mesmo tempo, crie formas de retirar o jovem de vícios como a bebida, a droga e o consumo desenfreado, não permitindo que a base do futuro do país fique alienada do sistema capitalista.

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Comentário do professor:

O jovem do século XXI

Diferentemente do jovem que vivia na época do Período Militar brasileiro, sofrendo retaliações e sendo impedido de pro-mover suas idéias, o jovem, no início do novo século, passa por uma fase mais liberal, com acesso a diversas atividades sociais e

André Negrelli Reis inicia seu trabalho comparando o jovem que viveu sob a ditadura militar com o jovem de hoje que vive com liberdade de expressão. Mas o jovem de hoje convive com proble-mas graves, como as drogas, o consumismo e a corrupção. Nem todos os jovens, no entanto, se deixam levar por esses caminhos, e manifestam interessem em participar de obras sociais ( voluntariado) por terem consciência dos problemas de seu país.

O Autor sugere que o Governo invista em infra-estrutura que permita educação e emprego e retire os jovens do vício e da droga.

Infelizmente não lhe ocorreu, ao Autor, mostrar como isso poderia ser feito. O que não diminui o valor do seu texto, mas frustra um pouco o leitor.

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DÉCIMO LUGAR

Aluna: Camila Zamgerdome SantosUnidade: Vila VelhaCidade: Vila Velha (ES)Série e Turma: Pré-Vestibular - P2

Geração contraditória

Os grandes avanços teconológicos, a evolução do par-que industrial, a integração dos sistemas de comunicação e a diminuição das disciparidades culturais das regiões estão sendo refletidas na juventude brasileira, e isso tem resultado num novo perfil para o jovem.

Entre os diversos benefícios adquiridos por esta nova geração, destacam-se o maior acesso às informações, dado que as anteriores possuíam um acervo bem restrito, e a liberdade de expressão, já que muitos jovens em outras décadas sofreram repressões vindas da ditadura militar. Também é importante salientar que os medos e as preocupações dos jovens de hoje são diferentes, pois os problemas, na sua maioria, são outros, como o agravamento da violência e o elevado índice do tráfico de drogas.

Além disso, é preciso dizer que há diferenças entre os jovens do século XXI. A maioria dos jovens brasileiros têm sido influen-ciados pela mídia e conduzidos pelo consumismo; outra parcela procura beneficiar a população carente com seus serviços, como entrega de roupas e alimentos. Segundo pesquisas, enquanto 92% dos adolescentes nunca experimentaram drogas ilegais, cerca de 1 entre cada 3 jovens na faixa etária de 16 anos, fuma mais de um cigarro por dia. Em suma o perfil do jovem têm sido contraditório. Além do mais, os pais estão cada vez mais desinformados e omissos em relação às atividades dos jovens.

Logo conclui-se que, apesar de essa ser a geração mais informada da década, a juventude enfrenta problemas seme-lhantes à anterior como a falta de apoio do governo, que em sua maioria é omisso.

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Comentário do professor:

Camila Zamgerdome Santos, como seu colega André Ne-grelli Reis, também se lembrou da geração jovem que viveu sob a ditadura militar, e lembra os medos e preocupações dos jovens de sua geração que convivem com o agravamento da violência e com o crescimento do tráfico de drogas. O que caracteriza o trabalho de Camila Zamgerdome Santos é a denúncia que não se limita à falta de apoio de um Governo sempre omisso. A Autora também denun-cia a omissão dos pais cada vez mais desinformados em relação às atividades dos jovens.

Não há soluções à vista nem uma análise dos problemas abordados. Mas as denúncias valem por um grito de socorro.

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CONCLUSÃO

Como se viu, há um pouco de repetição de idéias nos tra-balhos desses autores. Mas é o preço que se tem de pagar para a aprendizagem eficaz da dissertação. Talvez num futuro não muito distante os alunos não precisem mais de textos motivadores para o desenvolvimento de um tema. Eles saberão o que dizer e saberão como dizê-lo, graças a incentivos como este de ver sua obra em letra de turma (o acento gráfico aí é necessário), multiplicada em muitos exemplares que pais, amigos, colegas, professores e amigos de amigos terão o prazer de ler e de comentar.

Afinal, os textos motivadores escondem as idéias e a cultura do aluno que é obrigado a ater-se a eles, ou que é levado a rastreá-ios. Mas ainda são uma espécie de muleta cultural a fornecer ao aluno o que dizer. Acredito que, pelo nível dos trabalhos que lemos nesta antologia, seus autores não precisarão mais desse tipo de muleta. Quem sabe como dizer também sabe o que dizer.

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