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COMENTÁRIO DO ANTIGO TESTAMENTO GÊNESIS BRUCE K. WALTKE COM CATHI J. FREDRICKS

COMENTÁRIO DO ANTIGO TESTAMENTO GÊNESIS...A posição doutrinária da Igreja Presbiteriana do Brasil é expressa em seus “símbolos de fé”, que apresentam o modo Reformado e

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Page 1: COMENTÁRIO DO ANTIGO TESTAMENTO GÊNESIS...A posição doutrinária da Igreja Presbiteriana do Brasil é expressa em seus “símbolos de fé”, que apresentam o modo Reformado e

COMENTÁRIO DO ANTIGO TESTAMENTO

GÊNESIS

BRUCE K. WALTKECOM CATHI J. FREDRICKS

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A posição doutrinária da Igreja Presbiteriana do Brasil é expressa em seus “símbolos de fé”, que apresentam o modo Reformado e Presbiteriano de compreender a Escritura. São esses símbolos a Con ssão de Fé de West-minster e seus catecismos, o Maior e o Breve. Como Editora o)cial de uma denominação confessional, cuida-mos para que as obras publicadas espelhem sempre essa posição. Existe a possibilidade, porém, de autores, às vezes, mencionarem ou mesmo defenderem aspectos que re+etem a sua própria opinião, sem que o fato de sua publicação por esta Editora represente endosso integral, pela denominação e pela Editora, de todos os pontos de vista apresentados. A posição da denominação sobre pontos especí)cos porventura em debate poderá ser encontrada nos mencionados símbolos de fé.

Rua Miguel Teles Júnior, 394 – CEP 01540-040 – São Paulo – SP Fones 0800-0141963 / (11) 3207-7099 – Fax (11) 3209-1255

www.editoraculturacrista.com.br – [email protected]

Superintendente: Haveraldo Ferreira Vargas Editor: Cláudio Antônio Batista Marra

Comentários do Antigo Testamento - Gênesis © 2010 Editora Cultura Cristã - Originaly published in the U.S.A. under the title (Originalmente publicado nos EUA com o título) Genesis: A Com-mentary © 2001 by Bruce K. Waltke. Grand Rapids, Michigan, USA. Publicado mediante contra-to com Qe Zondervan Corporation L.L.C, uma divisão da HarperCollins Christian Publishing, Inc. Todos os direitos são reservados.

Produção Editorial

Tradução

Markus Hediger

Revisão

Paulo Arantes

Mari Kumagai

Mariana Ferreira de Toledo

Editoração

Felipe Marques

Capa

Magno Paganelli

1ª edição 2010 – 3.000 exemplares2ª edição 2019 – 3.000 exemplares

Conselho Editorial

Antônio Coine

Carlos Henrique Machado

Cláudio Marra (Presidente)

Filipe Fontes

Heber Carlos de Campos Jr

Marcos André Marques

Misael Batista do Nascimento

Tarcízio José de Freitas Carvalho

W235c Waltke, Bruce K.

Comentários do Antigo Testamento - Gênesis / Bruce K. Waltke; tradução Markus Hediger. – São Paulo: Cultura Cristã, 2019.

800 p.

Título original: Genesis: a commentary

ISBN 978-85-7622-865-3

1. Exegese 2. Estudo bíblico 3. Comentário I. Hediger, Markus II. Título

CDU-222.11

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)Sueli Costa CRB-8/5213

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Marjorie Elizabeth Mullan Fredricks eRobert William Fredricks – heróis da fé

eem memória de Louise Daab Waltke –

que, apesar de sua morte, continua a falar por meio da fé.

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SUMÁRIO

Prefácio .......................................................................................................... 9Abreviaturas ................................................................................................. 12Introdução .................................................................................................... 15

Comentário

Prólogo (1.1–2.3) ......................................................................................... 63Excurso: O gênero literário do relato da criação .................................... 86

Livro 1: O relato sobre os céus e a terra (2.4–4.26) ................................ 93Excurso: Genealogias em Gênesis ....................................................... 126

Livro 2: O relato sobre os descendentes de Adão (5.1–6.8) .................. 131

Livro 3: O relato sobre Noé e sua família (6.9–9.29) ............................. 147

Livro 4: O relato sobre Sem, Cam, Jafé e seus descendentes (10.1–11.9) .......................................................................... 197

Ato 1: Tabela das nações (10.1-32) ...................................................... 198 ........................ 214

Livro 5: O relato sobre os descendentes de Sem (11.10-26) .................. 227

Livro 6: O relato sobre os descendentes de Terá (11.27–25.11) ...............237Introdução (11.27-32) ........................................................................... 244Ato 1: Abraão e a Terra Prometida (12.1–15.21) ................................. 247

Cena 1: O chamado de Abraão e a migração de Abraão para a Terra Prometida (12.1-9) ................................................................. 248Cena 2: Libertação do Egito (12.10–13.2) .......................................... 258Cena 3: Separação de Ló da Terra da promessa (13.3-18) .....................267Cena 4: Vitória sobre os reis do leste (14.1-24) ................................... 276Cena 5: Aliança de Deus com Abraão (15.1-21) .................................. 293

Ato 2: Abraão e a semente prometida (16.1–22.19) ............................. 304Cena 1: Hagar e Ismael são rejeitados (16.1-16) ................................. 305Cena 2: A aliança de Deus para abençoar as nações por meio da semente de Abraão e Sara (17.1-27) .............................................. 316

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6 GÊ N E S I S

Cena 3: A visitação do Senhor e seus anjos: Abraão como profeta (18.1-33) ...................................................................... 326Cena 4: Julgamento sobre Sodoma e Gomorra (19.1-38) ..................... 335Cena 5: Matriarca e patriarca são libertos da Filístia (20.1-18) ............ 348Cena 6: O nascimento de Isaque e bênçãos na terra (21.1-21) .............. 357Cena 7: Aliança com Abimeleque (21.22-34) ..................................... 367Cena 8: Sacrifício de Isaque e o juramento de Deus (22.1-19) ............. 371

Ato 3: Transição para Isaque (22.20–25.11) ........................................ 384Cena 1: O contexto familiar de Rebeca (22.20-24) .............................. 385Cena 2: A aquisição da caverna de Macpela (23.1-20) ......................... 389Cena 3: A dádiva de Rebeca a Isaque (24.1-67) .................................. 399Cena 4: Isaque, o único herdeiro (25.1-6) ........................................... 413Cena 5: A morte de Abraão (25.7-11) ................................................. 419

Livro 7: O relato sobre os descendentes de Ismael (25.12-18) .............. 423

Livro 8: O relato sobre os descendentes de Isaque (25.19–35.29) ........ 429 ............................. 435

Cena 1: Nascimentos e genealogia (25.19-26) .................................... 437Cena 2: Esaú vende seu direito de primogenitura a Jacó (25.27-34) ..... 444Cena 3: Digressão: Rebeca em palácio estrangeiro, pacto com estrangeiros (26.1-33) ................................................................ 449Cena 4: Jacó rouba a bênção de Esaú (26.34–28.9) ............................. 459

em Padã-Arã (28.10–33.17) ................................................................. 475

................ 477Cena 2: Jacó chega à casa de Labão (Jacó encontra Raquel junto ao poço) (29.1-14a) .................................................................. 491Cena 3: Labão defrauda Jacó: Lia em lugar de Raquel (29.14b-30) ...... 497

...................... 502Cena 5: Jacó defrauda Labão (30.25-43) ............................................ 514Cena 6: Jacó foge de Labão (31.1-55) ................................................ 521Cena 7: Anjos se encontram com Jacó em Maanaim e Peniel: preparação de Jacó para o encontro com Esaú (32.1-32) ..................... 540Cena 8: A reconciliação de Esaú com Jacó a caminho de sua terra (33.1-17) ........................................................................ 557

Ato 3: Transição para Jacó (33.18–35.29) ............................................ 566Cena 1: Digressão: Diná em palácio estrangeiro, pacto com estrangeiros (33.18–34.31) ................................................................ 566

.......................... 580Cena 3: Nascimentos e mortes (35.16-29) .......................................... 588

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SU M Á R I O 7

Livro 9: O relato sobre os descendentes de Esaú (36.1–37.1) ............... 595

Livro 10: O relato sobre os descendentes de Jacó (37.2–50.26) ........... 605Ato 1: Introdução à família disfuncional em Canaã (37.2–38.30) ....... 612

Cena 1: José é rejeitado por seus irmãos e vendido como escravo (37.2-36) .............................................................................. 612Cena 2: Judá peca contra Tamar e gera gêmeos (38.1-30) .................... 623

Ato 2: A ascensão de José ao governo sobre o Egito (39.1–41.57) ...... 636Cena 1: José na casa de Potifar (39.1-20) ........................................... 638Cena 2: José na prisão: intérprete de sonhos (39.21–40.23) ................. 645Cena 3: José no palácio: abaixo apenas do Faraó (41.1-57) ................. 652

Ato 3: A família disfuncional é reconciliada (42.1–46.27) .................. 666Cena 1: Primeira viagem: José disciplina seus irmãos (42.1-38) .......... 669Cena 2: Segunda viagem: José acolhe seus irmãos (43.1-34) ............... 681Cena 3: Os irmãos são testados e reconciliados (44.1–45.15) .............. 689Cena 4: A família reconciliada migra para o Egito (45.16–46.27) ........... 702

Ato 4: A família é abençoada no Egito na expectativa de retornar à Terra Prometida (46.28–50.26) ............................................ 717

Cena 1: A chegada de Israel ao Egito (46.28–47.12) ........................... 723Cena 2: A administração do Egito por José durante a fome (47.13-31) ....728Cena 3: A bênção de Jacó sobre José (48.1-22) ................................... 734

...................... 746Cena 5: Morte de Jacó e sepultamento em Canaã (49.29–50.21) .......... 763Cena 6: Morte de José no Egito e futuro sepultamento em Canaã (50.22-26) ......................................................................... 775

................................................................................................ 781

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PREFÁCIO

Um extenso processo de pesquisa e colaboração levou à produção deste

New

Geneva Study Bible. Somos muito gratos à Foundation for Reformation por permitir que usássemos essas notas como a base inicial para este co-

-cam na análise literária foram desenvolvidas quando, subsequentemente,

Zondervan perceberam que a combinação dessas notas, da análise literá-

enriqueceria a compreensão que as pessoas tinham deste livro de inícios.

Cathi, anteriormente professora de inglês, parecia ser uma ajuda perfeita para o projeto, capaz de ajudar não só na redação e edição, mas também nas questões de análise literária e no estudo bíblicos das mulheres.

-nesis com uma estrutura de livros, atos e cenas num esforço de captar a natureza literária do texto e de ajudar seus alunos a compreender a estru-

para aprimorar e expandir a análise literária. Cathi preparou um rascu-nho de esboço do livro. Então, como acontece inevitavelmente quando

necessárias pesquisas adicionais para abranger os detalhes de Gênesis adequadamente. Ele fez extensos acréscimos à análise literária, às notas

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10 GÊ N E S I S

na teologia bíblica].1 -veu a seção sobre poética. O contínuo processo de diálogo e colaboração resultou no comentário em sua forma atual.

Acreditamos e esperamos que a combinação de análise literária, no-

explicaremos na introdução, seguindo o plano do autor de Gênesis, esboçamos o livro de Gênesis como prólogo e dez livros (Tol+dot). No início de cada livro, apresentamos o tema principal e o seu esboço. Numa

dividimos Gênesis também em atos e cenas. Essa nomenclatura é arbi-trária, visto que o autor de Gênesis não trabalhou com as estruturas da dramaturgia moderna. Mesmo assim, acreditamos que as nossas divisões

unidades narrativas. A Análise literária destaca as principais característi-cas literárias de cada ato e cena, e deve fornecer um ponto de partida útil para o leitor. A análise não pretende ser exaustiva nem conclusiva. Em vez disso, tentamos propor um modelo de abordagem literária a Gênesis. Quando os leitores iniciarem sua leitura de Gênesis, esperamos que eles descubram seus ricos tesouros literários, revelando muitas outras estrutu-ras e técnicas possíveis.

-tão baseadas no texto da NIV, exceto onde um texto diferente for indi-cado, e pretendem fornecer um resumo e uma explicação úteis. Palavras e

expandem os temas de Gênesis, estabelecendo conexões com o restante das Escrituras, e fazendo a aplicação à igreja e à vida cristã.

Estamos em dívida com muitas pessoas por seu tempo, conselhos e

1 Looking into the Future:

Evangelical Studies in Eschatology,

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PR E F Á C I O 11

Janet Somes e Kara Wenzel. Queremos agradecer especialmente a Megan

doar seu tempo e talentos. Temos uma enorme dívida de gratidão com

da dialética com a comunidade de leitores – escritores, professores e alu-nos – cujas ideias ele tem absorvido e incorporado ao seu próprio traba-lho. As notas de rodapé dirigem o leitor para algumas dessas fontes, mas a verdade é que são numerosas e entrelaçadas demais para dar o crédito

-

durante o demorado processo de redação e edição.

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ABREVIATURAS

Fontes primáriasb. Ned. Nedarim

b. Tauan. Tauanit

LXX Septuaginta

NIV NJPS Tanakh: The Holy Scriptures: The New JPS Translation according

to the Traditional Jewish Text

NKJV NRSV

SP Samaritan Pentateuch (Pentateuco Samaritano)TM Texto Massorético

Fontes Secundárias

ABD Anchor Bible Dictionary. Org. D. N. Freedman, 6 vols. Nova York:

ANEP The Ancient Near East in Pictures Relating to the Old Testament.

ANET Ancient Near Eastern Texts Relating to the Old Testament. Org. J. a edição. Princeton, N.J.: Princeton Univ. Press, 1969.

ANF Ante-Nicene Fathers

ASORDS American Schools of Oriental Research Dissertation SeriesAUSS Andrews University Seminary Studies

BA Biblical Archaeologist

BAR Biblical Archaeology Review

BASOR Bulletin of the American Schools of Oriental Research

Bib Biblica

BSac Bibliotheca sacra

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AB R E V I AT U R A S 13

BSOAS Bulletin of the School of Oriental and African Studies

BT The Bible Translator

CBQ Catholic Biblical Quarterly

EBD The Eerdmans Bible Dictionary. -ids: Eerdmans, 1987.

EvQ Evangelical Quarterly

ExpTim Expository Times

FOTL Forms of the Old Testament LiteratureGKC Gesenius’ Hebrew Grammar.

2a edição. Oxford: Clarendon, 1910.HALOT The Hebrew and Aramaic Lexicon of the Old Testament, de L.

HTR Harvard Theological Review

IBD The Illustrated Bible Dictionary. Org. J. D. Douglas et al. Wheaton,

IBHS An Introduction to Biblical Hebrew

Syntax. Winona Lake, Ind.: Eisenbrauns, 1990.ICC IDB The Interpreter’s Dictionary of the Bible.

vols. Nashville: Abingdon, 1962.IDBSup Interpreter’s Dictionary of the Bible: Supplementary Volume. Org.

K. Crim. Nashville: Abingdon, 1976.IEJ Israel Exploration Journal

ILR Israel Law Review

ITC JAAR Journal of the American Academy of Religion

JAOS Journal of the American Oriental Society

JBL Journal of Biblical Literature

JBR Journal of Bible and Religion

JETS Journal of the Evangelical Theological Society

JJS Journal of Jewish Studies

JNES Journal of Near Eastern Studies

JNSL Journal of Northwest Semitic Languages

JPOS Journal of the Palestine Oriental Society

JQR Jewish Quarterly Review

JSOT Journal for the Study of the Old Testament

JSOTSup JSS Journal of Semitic Studies

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14 GÊ N E S I S

JTS Journal of Theological Studies

NAC NBD New Bible Dictionary. a edição.

NICOT NIDOTTE New International Dictionary of Old Testament Theology and Exege-

sis. Org. W. A. VanGemeren. 5 vols. Grand Rapids: Zondervan, 1997.

OTL OtSt Oudtestamentische Studiën

RB Revue biblique

ResQ Restoration Quarterly

ScrHier TDNT Theological Dictionary of the New Testament. Org. G. Kittel e G.

1964–1976.TDOT Theological Dictionary of the Old Testament.

vols. Grand Rapids: Eerdmans, 1974–.TLOT Theological Lexicon of the Old Testament. Org. E. Jenni, com a as-

Mass.: Hendrickson, 1997.TNBD The New Bible Dictionary.

TWOT Theological Wordbook of the Old Testament. Org. R. L. Harris, G.

TynBul Tyndale Bulletin

UF Ugarit-Forschungen

VT Vetus Testamentum

VTSup Supplements to Vetus Testamentum

WTJ Westminster Theological Journal

ZAW Zeitschrift für die alttestamentliche Wissenschaft

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INTRODUÇÃO

TÍTULO E TEXTO

Em conformidade com a prática do antigo Oriente Próximo de dar nome a um livro conforme suas primeiras palavras, o título hebraico do livro de Gênesis é B+r@av tsua vez, é uma transliteração via Vulgata (Liber Genesis) do título grego, emprestado provavelmente a partir de 2.4, gênese (“origem, fonte, raça,

trata de inícios e origens, do cosmo (1.1–2.3), da humanidade e das na-ções, e de sua alienação de Deus e de uns dos outros (2.4–11.32), e de Israel (12.1–50.26), da nova iniciativa de Deus para salvar o mundo.

volta de 1000 d.C.), que “copiou, acrescentou os pontos vogais e anotou de modo massorético este códice das Escrituras sagradas a partir do ma-

1 Em al-guns poucos casos, damos preferência a outro texto ou versão antiga, por exemplo, a Septuaginta grega (LXX), ante esse mais antigo manuscrito

2

ESTRUTURA E CONTEÚDO

A estrutura Tol+dot básica3

Após a apresentação da criação do cosmo no Prólogo (1.1–2.3), o autor de Gênesis introduz dez novas iniciativas divinas na história da

1 a. Esse códice é o texto diplomático da Biblia Hebraica

Stuttgartensia2 NIDOTTE, 1:51-67.3 Before Abraham Was:

The Unity of Genesis 1-11

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salvação com o título Tol+dot

que estabelecem vínculos entre esses desenvolvimentos:

O relato sobre a linhagem dos céus e da terra 2.4–4.26 Transição (4.25-26)O relato sobre a linhagem de Adão 5.1–6.8 Transição (6.1-8)O relato sobre a linhagem de Noé 6.9–9.29 Transição (9.18-29)

Transição (11.1-9)O relato sobre a linhagem de Sem 11.10-26 Transição (11.26)O relato sobre a linhagem de Terá 11.27–25.11 Transição (23.1–25.11)O relato sobre a linhagem de Ismael 25.12-18 Transição (25.1-11)4

O relato sobre a linhagem de Isaque 25.19–35.29 Transição (35.23-29) O relato sobre a linhagem de Esaú 36.1–37.1 Transição (37.1)O relato sobre a linhagem de Jacó 37.2–50.26

ameaças à existência humana (praga, fome e dilúvio) e uma resolução, intercaladas com referências

da humanidade diante das diversas ameaças à sua existência. No Épico de Atrahasis, o aumento da po--

çadores. No relato bíblico, é o pecado humano que ameaça a existência da humanidade. Deus abençoa a humanidade para que ela se multiplique, mas intervém repetidas vezes para garantir que ela encha a terra de acordo com suas intenções. Por inferência, Deus resolve o problema de uma possível popu-lação excessiva ao espalhar as pessoas por toda a terra. D. Garrett (Rethinking Genesis: Sources and

Authorship of the First Book of the Pentateuch

que Gênesis como um todo apresenta o mesmo padrão temático, que inclui um prólogo (Gn 1–11), uma narrativa triádica que descreve uma ameaça ao herói (Abraão, Jacó e José) e uma conclusão, com tran-

analogias estruturais entre o Épico de Atrahasis e Gênesis 1–11 não convencem em todos os pontos.4

conclusão do livro precedente funcionam como uma transição para os relatos sobre Ismael e Isaque.

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IN T R O D U Ç Ã O 17

Transição para o livro de Êxodo (46.2–50.26)

Ao contrário do que esperaríamos, os relatos não tratam essencial-mente acerca do ancestral titular, mas acerca de seus descendentes. Os relatos sobre as linhagens de Terá, Isaque e Jacó, por exemplo, tratam

Israel, respectivamente. Além disso, para que “o relato sobre a linhagem

intercala esse terceiro relato no segundo ao completar 5.32 em 9.18. Ade-mais, o título do primeiro relato é uma criação literária ad hoc. Evidente-mente, o céu e a terra inanimados não podem dar à luz Adão, mas ele não

Tol+dot introduzem dois tipos de literatura: genealogias curtas – lineares (relatos 2 e 5) e seg-mentados (relatos 7 e 95) – e narrativas extensas (relatos 1, 3, 6, 8, 10). O quarto relato, a chamada Tabela das nações, é uma mistura dessas duas formas literárias.

Os padrões alternados e concêntricos dos dez Tol+dot

J. M. Sasson,6 Tol+dot, que dizem respeito à humanidade como um todo, estão organizados em

-rativas Tol+dot, em uma estrutura concêntrica, divididas por dois Tol+dot genealógicos curtos.7 Ele agrupa as cinco primeiras sob o título “História

5 A genealogia segmentada e linear de 36.9-43 é um acréscimo posterior ao Ur-Gênesis. Veja Estrutura, na análise literária do Livro 9.6 U. Cassuto, A Commentary on the Book of Genesis. Part 2: From Noah to Abraham, trad. I. Abrahams

JJS Text and Texture

The Bible World: Essays in Honor of Cyrus H. Gordon, org. G. Rendsburg (Nova York: Ktav, 1980), p. 211-219.7 G. A. Rendsburg, The Redaction of Genesis (Winona Lake, Ind.: Eisenbrauns, 1986). Esse comentário usa os termos estrutura alternada

quiástica concên-

trica

1 Kings

1996], p. xiv).

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18 GÊ N E S I S

-lavras-chave, que conferem coerência às seções.

Seção Extensão Estrutura

História primitiva 1.1–11.26 Alternada

Ciclo de Abraão 11.27–22.24 Concêntrica

Material de ligação 23.1–25.18 Paralelo com 35.23–36.43a

Ciclo de Jacó 25.19–35.22 Concêntrica

Material de ligação 35.23–36.43ª Paralelo com 23.1–25.18

Ciclo de José 37.2–50.26 Concêntrica

Segue um resumo adaptado da análise de Rendsburg dos principais ciclos. A primeira e a terceira narrativas Tol+dot

8

A história primitiva: estrutura alternada

-nado (4.1-16)

Adão até Noé (5.1-32) F. Queda: União proibida (6.1-4)

(6.9–9.19)

8 The Literary Structure of the Old Testament: A Commentary on Genesis-Malachi

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IN T R O D U Ç Ã O 19

Noé até Terá (10.21-32)9

Deus abençoará a humanidade (11.27-32)10

O ciclo de Abraão: padrão concêntricoA. Genealogia de Terá (11.27-32)

(12.1-9)SENHOR a protege no palácio estran-

geiro (12.10-20) D. Ló se estabelece em Sodoma (13.1-18) E. Abraão intervém militarmente por Sodoma e Ló

(14.1-24)

(15.1–16.16)

(17.1–18.15)

(18.16-33)

-geiro (20.1-18)

(21.1–22.19)

O ciclo de Jacó: padrão concêntrico

(26.1-35) C. Jacó tem medo de Esaú e foge (27.1–28.9)

9

10 A introdução ao livro 6 é um janus entre os livros 5 e 6, entre a história primitiva (Gn 1–11) e a his-tória patriarcal (Gn 12–50) (veja a seguir, Análise literária do livro 6).

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D. Mensageiros (28.10-22) E. Chegada em Harã (29.1-30) F. As esposas de Jacó são férteis (29.31–30.24)

(34.1-31)

O ciclo de José: padrão concêntricoA. Introdução: início da história de José (37.2-11)

C. Interlúdio: Judá indicado como líder (38.1-30)11

D. Escravização de José no Egito (39.1-23) E. José, salvador do Egito por meio de desfavor na corte do

Faraó (40.1–41.57) F. Viagens dos irmãos ao Egito (42.1–43.34) G. Irmãos passam pelo teste de amor pelo irmão

(44.1-34)

(45.1-28)

Faraó (46.28–47.12)

Composição e autoriaQuem é o gênio literário por trás dessa obra-prima artística, que,

-tura e o desenvolvimento da trama? Para respondermos a essa pergunta

11 JBL 96 (1977): p. 27-44 (veja também o comentário a seguir sobre Gn 38).

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IN T R O D U Ç Ã O 21

precisamos ampliar a discussão e tratar da autoria e da composição dos -

teuco, que, como todos concordam, foi editado como uma unidade. Ape-sar de existirem bons argumentos em prol de Moisés como autor da forma essencial de Gênesis e do Pentateuco, ele claramente não é o autor do texto extenso que temos em mãos agora. Para entendermos a composição e a autoria do livro é útil considerarmos pelo menos três estágios em seu desenvolvimento.

Moisés e Ur-GênesisO Pentateuco atribui grandes partes de seu conteúdo a Moisés. No

Sinai, o Senhor lhe dá o grande código legal dos Dez Mandamentos e o

o Senhor dá instruções adicionais a Moisés, como registrado em Números

e suas últimas palavras (33.1-29).

dados extensivamente em Gênesis 17.9-14, não em Levítico 12.3, o que su-gere que Jesus considerava Moisés como o autor de Gênesis.

Além do mais, atribui-se a Moisés explícita ou implicitamente a autoria -

--

Êxodo como o livro de Moisés (Mc 12.26).-

cam que Moisés escreveu os livros do Pentateuco existentes, mas é mais provável que sejam maneiras convencionais de se referir ao conteúdo do

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Pentateuco, e que objetivem ressaltar sua autoridade, não a autoria dos livros em sua forma existente.

A educação excelente, os dons espirituais excepcionais e o chamado -

teúdo e a forma essenciais de Gênesis e do Pentateuco. Walther Eichrodt, que escreveu uma teologia clássica do Antigo Testamento, argumenta que Moisés deve ser descrito como o fundador da teocracia que traria uma nova ordem mundial.12 Como tal, Moisés necessariamente teria dado a Israel sua história, sentido e destino prévios, e também suas leis. Cada

destinadas a cair sob o domínio de Israel (e.g., cap. 10). Além do mais, a narrativa histórica de Gênesis explica repetida e enfaticamente que o Deus de Israel, o Deus da criação e o Senhor da história, chamou Israel para to-

história passada (e.g., cap. 49).13 Em suma, o fundador de Israel é a pessoa mais provável para transportar seu depósito nacional de tradições antigas

nobre incita a imaginação e encoraja sua audiência a se organizar segundo essa memória.

-

dinastia (por volta de 1400-1300 a.C.), Moisés teve acesso privilegiado aos mitos do Antigo Oriente Próximo que apresentam estreitas conexões com Gênesis 1–11. O Épico de Atrahasis e a história suméria do dilúvio, por exemplo, ambas datam de antes de 1600 a.C., apresentam paralelos muito próximos ao conteúdo temático de Gênesis 1–11.14 A lista dos reis sumérios, semelhante ao padrão em Gênesis 5–11, inclui uma lista de reis antediluvianos com reinados de duração excessivamente longa (cf. Gn 5), seguida por uma menção ao dilúvio (cf. Gn 6-9), e então uma lista de reis pós-diluvianos com reinados muitos mais curtos até cerca de 1980 a.C.

12 W. Eichrodt, Theology of the Old Testament

290-291.13 J. Sailhamer, The Pentateuch as Narrative: A Biblical-Theological Commentary (Grand Rapids: Zondervan, 1992), p. 34-37.14 G. J. Wenham, Genesis 1-15

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(cf. Gn 11.10-27).15 O relato da criação, em Gênesis 1, apresenta paralelos

Enuma Elish.16 A comparação mais próxima que pode ser feita com Gê-nesis 2–3 é com o mito de Adapa. Adapa foi chamado para o céu, onde lhe foram oferecidos o pão e a água da vida. Tendo sido advertido por seu deus pessoal a não aceitar a oferta, ele recusou.17 O relato do dilúvio em Gênesis também encontra notáveis paralelos em mitos do Antigo Oriente Próximo (veja o comentário sobre o livro 3). Esses mitos, contra cujas cosmovisões Gênesis 1–11 realmente trava uma polêmica, eram conheci-dos após a época de Moisés, de modo que os paralelos não estabelecem a autoria de Moisés de Gênesis 1-11,18 mas eles também existiam antes de sua época, e Moisés teve a oportunidade única de conhecê-los e refutá-los.

também lhe teria dado acesso em primeira mão aos códigos legais do Antigo Oriente Próximo. O Livro da Aliança, por exemplo (Êx 20.22–23.19), mostra muita semelhança com o Código de Hamurabi (cerca de

diferenças são grandes demais para apoiar uma teoria de dependência di-reta do código.19 Além do mais, Mendenhall, recorrendo ao trabalho de

formais com os tratados hititas de suserania (1400-1250) na época de Moisés.20

Finalmente, como o maior dos profetas de Israel, Moisés também pos-suía a habilidade de servir-se da onisciência e da onipresença de Deus

--

cia até a corte celestial no tempo em que Deus criou o cosmo (Gn 1), e

15 ANET, p. 265.16 A. Heidel, The Babylonian Genesis: The Story of the Creation, 2a ed. (Chicago: Univ. of Chicago Press, 1963).17 ANET, p. 76-80.18 J. Van Seters (Prologue to History: The Yahwist as Historian in Genesis

19 S. R. Driver, The Book of Exodus -bridge Univ. Press, 1911), p. 418-425.20 G. E. Mendenhall, Lino and Covenant in the Ancient Near East

1955), p. 24-50.

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para revelar o que o Todo-Poderoso e outros seres humanos pensaram,

claro também que o verdadeiro herói de Gênesis é o Senhor, e que, se as

Sternberg comenta corretamente: “Se a narrativa tivesse sido escrita ou

se transformaria, com os resultados mais desastrosos, numa criatura da 21

Fontes de Ur-GênesisComo historiador, Moisés deve ter usado fontes. Uma delas é mencio-

s@P#r Tol+dot] da linhagem de 22 Em outro lugar, o

Pentateuco cita o Livro das Guerras (Nm 21.14). Semelhantemente, nar-radores do Antigo Oriente Próximo costumavam usar fontes para compor suas obras.23

Os críticos literários, contudo, se opõem à reivindicação dos autores bíblicos, segundo a qual Moisés teria escrito as porções atribuídas a ele, permitindo, ao mesmo tempo, um núcleo de material mosaico em algumas

em português: “SENHOR

combinação com mudanças em estilo, relatos duplos do mesmo evento e diferenças teológicas, eles alcançaram um consenso amplo durante mais ou menos um século (1880-1980), segundo o qual um redator no período pós-exílico teria reunido quatro documentos originalmente contínuos para

a.C.), D (Deuteronomista, 620 a.C.) e P (Código Sacerdotal, cerca de 500

21 M. Sternberg, The Poetics of Biblical Narrative: Ideological Literature and the Drama of Reading

22 Existem evidências de várias fontes para as genealogias em Gênesis. Em Gênesis 26.34 e 28.9, as es-

23 Gil-

gamesh Epic”, em Empirical Models for Biblical Criticism -Empirical Models,

Empirical Models, p. 149-174.

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PRÓLOGO (1.1–2.3)

TEMA DO PRÓLOGO

O prólogo anuncia que o Deus da comunidade da aliança é também o Criador do universo. Deus é o rei implícito desse universo, que faz provisão, que estabelece ordem e que comissiona regentes. Os sistemas de sustento da vida, como o ar, a água e a terra, fornecem o sustento e o espaço para viver a todos os tipos de seres viventes da criação abundante. Este é o palco no qual o drama da história, sob o governo de Deus, será representado.

Deus interfere de modo criativo no abismo e na escuridão primitivos

Aqueles que se submetem ao governo do Criador recebem a garantia de que sua história não terminará em escuridão e caos trágicos, mas conti-nuará em luz e ordem triunfantes.

Assim como Deus revela o drama da criação em dias sucessivos, de-senvolvendo-o até um clímax, Deus desenvolve também o drama da his-tória por meio de épocas sucessivas, que alcançam um clímax dramático quando todas as criaturas volitivas se curvam diante de Cristo.

A ordem dessa criação servirá como reforço para as revelações pos-teriores de Deus referentes à ordem social da humanidade. Sua lei (os ensinos das Escrituras) está em harmonia com a ordem criada. Assim,

realidade criada.

SUMÁRIO DO PRÓLOGO

Declaração resumida sobre a criação do universo 1.1Estado negativo da terra antes da criação 1.2Criação por meio da palavra de Deus 1.3-31Declaração resumida sobre a criação do universo 2.1Epílogo: Descanso do sábado 2.2-3

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ANÁLISE LITERÁRIA DO PRÓLOGO

O padrão da criação: processo e progresso

Processo da criação

-jada para enfatizar a sublimidade (poder, majestade e sabedoria) do Deus Criador e para colocar os fundamentos para a cosmovisão da comunidade da aliança.

sua presença onipotente e onisciente na criação. O processo da criação segue normalmente um padrão de anúncio, ordem, separação, relato, dar

nome, avaliação e estrutura cronológica.Cada dia começa com um anúncio

detalhes do relato está composto em narrativa, mas é o discurso direto de Deus, embora breve, que conduz e forma o relato. Por isso Hamilton con-

1 O herói da criação é Deus. Cada evento ocorre segundo a vontade expressa de Deus e por meio da agência de sua palavra. O discurso indica que Deus está intimamente vinculado à sua criação.

O anúncio é seguido pela ordem --

quentemente, ela supera o caos e o vazio (cf. 2Co 4.6).Em terceiro lugar, as palavras poderosas de Deus causam separação,

separando o dia e a noite, as águas e a terra, os peixes e as aves. Limites são importantes tanto na ordem criada quanto na ordem social. Quando

ordem, não caos.O relato

expressa de Deus.2 Deus também exibe sua soberania nos três primeiros

1 V. P. Hamilton, The Book of Genesis: Chapters 1–17 2 Isto está em contraste marcante com os relatos de criação do Antigo Oriente Próximo, onde a criação irrompe de batalhas entre deuses. Deus não luta com ninguém para criar este universo ordenado. Ele fala. Suas palavras assumem forma. Para exemplos de mitos do Antigo Oriente Próximo, veja Heidel, Babylonian Genesis.

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PR Ó L O G O (1 .1–2.3) 65

dias dando nomes

indicação de domínio,3 revela Deus como regente supremo. Até mesmo os elementos negativos do estado pré-criação, a escuridão e as águas caóticas, estão sob seu domínio e são mantidos dentro de suas restrições protetoras.

Então, para cada parte do produto do trabalho manual, Deus oferece sua avaliação 4 Tudo, inclusive a escuridão e o

-pletamente benevolente, e bem como todo-poderoso, a humanidade nada tem a temer da criação. A avaliação das criaturas vivas é acompanhada da

pelas aves, Deus abençoa cada criatura com procriatividade.estrutura cronológica.

Deus não cria no tempo, mas com o tempo. A semana se torna a unidade básica do tempo: seis dias de trabalho e um dia de descanso.5 O emprego cuidadoso de números em todo o relato atesta a estrutura lógica e a mode-lagem adequada da criação de Deus.6

Progresso da criação

Utilizando a estrutura do processo criativo, o narrador constrói a his-tória com detalhes e movimentos crescentes. Com um crescendo, o nar-rador dedica mais tempo e espaço a cada dia até o ápice climático da criação, quando o movimento cessa e Deus descansa.

O relato da criação é dividido em duas tríades, que contrastam com o estado informe ou sem forma (T)hW) e vazio ou não ocupado (B)hW) da terra quando a história começa.

3

na criação por meio da palavra em Gn 1.3-5, e dar nome como apropriação em Gn 2.18-25 (Genesis,

4 Esse padrão de avaliação é levemente alterado no segundo e terceiro dia. Veja as Anotações exegéticas a seguir.5 -ção do Criador.6 O uso estruturado e a repetição de números são prontamente evidentes. Os números-chaves são três

B*r`a]), sete (i.e., sete relatos, sete avaliações, sete empre-u`s>

u`s> em todas as suas formas).

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T)hW)

B)hW)7

Dia Dia

1 - Luz (1.3-5) 4 - Luzes (1.14-19)

2 - Firmamento (1.6-8)CéuMares

5 - Habitantes (1.20-23)AvesPeixes

3 - Terra seca (1.9-10)Vegetação (1.11-13)

6 - Animais terrestres (1.24-25)Seres humanos (1.26-31)

7

O movimento e o desenvolvimento de cada tríade revelam uma pro-gressão dentro da criação. A primeira tríade separa o caos informe em três esferas estáticas. Na segunda tríade, as esferas que hospedam e pro-tegem vida são preenchidas com as formas que se movem do sol, da lua e das criaturas vivas. Os habitantes da segunda tríade governam as esferas correspondentes: o sol e a lua governam a escuridão,8 enquanto a huma-nidade governa a terra.9

Cada tríade se desenvolve do céu em direção à terra e termina com a

segunda, a terra produz animais. O número de atos criadores também aumenta dentro de cada tríade: de um único ato criador (dias 1 e 4) para um ato criador com dois aspectos (dias 2 e 5) para dois atos criadores separados (dias 3 e 6).

A ação no relato da criação também aumenta gradativamente.10 Dentro da primeira tríade, existe um simples movimento de luz para escuridão, de

tríade, ocorre uma erupção de energia cinética. O sol e a lua descrevem

terrestres caminham pela terra. O padrão de movimento na segunda tríade ocorre de modo progressivo. As luzes seguem um padrão estruturado e

7 Gênesis, p. 4.8 O governo da lua e do sol é poético (Sl 136.7-9), determinando a quantia de luz e escuridão. Eles evocam sentimentos de grandeza e pavor entre aqueles que experimentam seus raios.9 Apesar de não ser dito expressamente, existe um certo sentido poético em que os peixes dominam o mar e as aves dominam o ar.10 L’Homme 21.1 (1981): p. 11-13.

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previsível. Os animais se movimentam com níveis limitados de liberdade, restritos por seus padrões instintivos de migração e habitação. Os seres humanos têm a maior liberdade, limitada apenas pela própria terra.

--

brio no mundo de Deus.

ANOTAÇÕES EXEGÉTICAS AO PRÓLOGO

Declaração resumida (1.1)11

1. No princípio. A ousada reivindicação no versículo 1, que encapsula toda a narrativa, convida o leitor para entrar na história. Sua reivindicação e seu convite é que, no princípio, Deus completou perfeitamente todo esse

-ção, não a algo anterior aos seis dias,12 nem a uma parte do primeiro dia. Embora alguns tenham argumentado que 1.1 funciona meramente como o primeiro evento da criação, não como um resumo de todo o relato, a gra-mática torna essa interpretação improvável.13

Deus a+l)h m]. Em hebraico, a forma está no plural para indicar a majestade de Deus.14 Esse nome de Deus apresenta seu relacionamento transcendente com a criação. Ele é a expressão quintessencial de um ser celestial. Deus, diferentemente dos seres humanos, é sem início, geração, oposição ou limitação de poder.

Criou B*r*a]. Esse verbo télico se refere ao ato acabado da criação.15 Embora muitos verbos indiquem a atividade de Deus de trazer a criação à existência,16 B*r*a se distingue por ser usado exclusivamente para Deus.

11

BSac 12 Este é um princípio relativo. Como o versículo 2 parece dar a entender, existiam um tempo e espaço pré-Gênesis.13 Aqueles que defendem essa opinião acreditam que 1.2 esclarece 1.1, ou seja, Deus cria a terra como uma massa informe. Martinho Lutero, defendendo essa opinião, disse: “Céu e terra são as massas cruas

Luther’s Works, Vol. 1, Lectures on Genesis Chapters 1-5, org. (A Com-

mentary on Genesis, 14 IBHS §7.4.3b).15

B*r*a,iniciou o processo da criação do cosmos.

16 Veja, por exemplo, ush Pul yxr:wn

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