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COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO DESTINADA A INVESTIGAR SUPOSTAS IRREGULARIDADES PRATICADAS PELA AGÊNCIA ESTADUAL DE TURISMO GOIÁS TURISMO, NA AUTORIZAÇÃO DE MÚLTIPLOS ATOS DE INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO PARA A CONTRATAÇÃO DE SHOWS ARTÍSTICOS. Relator: Deputado HUMBERTO AIDAR Presidente: Deputado CLÁUDIO MEIRELLES Vice Presidente: Deputado DIEGO SORGATTO Deputado LÍVIO LUCIANO Deputado MARQUINHO PALMERSTON SUPLENTES: Deputado ÁLVARO GUIMARÃES Deputado LUIS CESAR BUENO Deputado KARLOS CABRAL Deputado WAGNER SIQUEIRA Deputado GUSTAVO SEBBA

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COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO

DESTINADA A INVESTIGAR SUPOSTAS IRREGULARIDADES

PRATICADAS PELA AGÊNCIA ESTADUAL DE TURISMO – GOIÁS

TURISMO, NA AUTORIZAÇÃO DE MÚLTIPLOS ATOS DE

INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO PARA A CONTRATAÇÃO DE

SHOWS ARTÍSTICOS.

Relator: Deputado HUMBERTO AIDAR

Presidente: Deputado CLÁUDIO MEIRELLES

Vice – Presidente: Deputado DIEGO SORGATTO

Deputado LÍVIO LUCIANO

Deputado MARQUINHO PALMERSTON

SUPLENTES:

Deputado ÁLVARO GUIMARÃES

Deputado LUIS CESAR BUENO

Deputado KARLOS CABRAL

Deputado WAGNER SIQUEIRA

Deputado GUSTAVO SEBBA

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................4

2. DA COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO...................................5

2.1. Da criação, composição e instalação ....................................................5

2.2. Das substituições...................................................................................6

2.3. Das prorrogações...................................................................................6

2.4. Do objeto da CPI...................................................................................7

3. DA ORGANIZAÇÃO DOS TRABALHOS......................................................7

4. DAS FORMAS DE INVESTIGAÇÃO..............................................................7

5. DOS TRABALHOS REALIZADOS.................................................................8

5.1. Das reuniões..........................................................................................8

5.2. Dos depoimentos.................................................................................17

6. DOS DOCUMENTOS JUNTADOS E REQUISITADOS...........................111

6.1. Processos referentes às contratações de shows, nos exercícios de 2013

a 2016, indicados por amostragem, e requisitados à Goiás

Turismo.............................................................................................111

6.2. Notas fiscais.....................................................................................111

6.3. Relatório Auditoria Tribunal de Contas do Estado de Goiás n.

002/2017............................................................................................114

7. DA ANÁLISE DOCUMENTAL E TESTEMUNHAL.................................115

7.1. Da prática de sobrepreço e da ausência da justificativa de preço.....118

7.1.1 Da Variação de preços nos contratos do mesmo artista com a Goiás

Turismo............................................................................................124

7.1.2 Sobrepreço nas contratações de artistas comparados com os valores de

mercado.............................................................................................129

7.2. Da Exclusividade produzida..............................................................140

7.3. Inexistência de publicação do ato de inexigibilidade ou publicação

intempestiva......................................................................................151

7.4. Ausência de convênio para pagamento de shows com

contrapartida......................................................................................158

7.5. Da ausência de planejamento – “processos montados”....................160

7.6. Da inobservância da ordem cronológica nos

pagamentos........................................................................................173

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8. DAS CONCLUSÕES.......................................................................................179

9. DAS RECOMENDAÇÕES.............................................................................183

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PROCESSO N. : 2017001612

INTERESSADO : Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito

ASSUNTO : Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI, destinada investigar

supostas irregularidades praticadas pela Agência Estadual de

Turismo – Goiás Turismo, na autorização de múltiplos atos de

inexigibilidade de licitação para a contratação de shows

artísticos.

R E L A T Ó R I O

1. INTRODUÇÃO:

A Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a investigar supostas

irregularidades praticadas pela Agência Estadual de Turismo – Goiás Turismo, na

autorização de múltiplos atos de inexigibilidade de licitação para a contratação de shows

artísticos, foi instaurada devido às graves denúncias acerca desse fato determinado, tais

como: sobrepreço; deficiência na comprovação de exclusividade do empresário dos

artistas contratados; inobservância de prazos e requisitos legais para contratação;

ausência de finalidade pública e eficiência desses gastos; e ausência de planejamento

ordenado.

Segundo consta no requerimento inicial de instauração, essas

irregularidades levaram o Tribunal de Contas do Estado de Goiás – TCE, ao analisar o

Processo n. 201500047000421/321, que trata de uma Representação do Ministério

Público de Contas, a determinar a realização de uma auditoria especial nas contratações

de shows artísticos, realizados pela Goiás Turismo nos exercícios de 2015 e 2016. O

TCE recomendou, ainda, que a agência suspendesse, imediatamente, a realização de

novos shows, e que esta Casa Legislativa também suspendesse as propostas de emendas

parlamentares que autorizem despesas para a contratação de shows artísticos.

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A gravidade desses fatos fez com que esta Casa Legislativa, na

condição de titular do controle externo, adotasse providências eficazes de fiscalização,

visando proteger o interesse público, por meio da criação desta Comissão Parlamentar

de Inquérito.

Diante de todo o exposto, passa-se a discorrer sobre o trabalho

investigativo realizado no decorrer do funcionamento desta CPI.

2. DA PRESENTE COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO:

2.1. Da criação, composição e instalação:

A presente Comissão Parlamentar de Inquérito foi criada com a

finalidade de investigar supostas irregularidades praticadas pela Agência Goiana de

Turismo – Goiás Turismo, na autorização de múltiplos atos de inexigibilidade de

licitação para a contratação de shows artísticos.

Essa Comissão começou a se viabilizar a partir da aprovação do

Requerimento n. 733, subscrito por diversos parlamentares, que trouxe o seu fato

determinado.

Assim, no dia 25 de abril de 2017, por um Ato da Presidência

(Decreto Administrativo n. 2.733, de 25 de abril de 2017), foi criada a presente

Comissão Parlamentar de Inquérito, com o objeto já mencionado, definindo-se que ela

seria “composta multipartidariamente por 05 (cinco) Deputados Titulares e 05 (cinco)

Suplentes”, já designados no próprio Decreto Administrativo, com a seguinte

composição:

TITULARES:

DEPUTADO CLÁUDIO MEIRELLES

DEPUTADO HUMBERTO AIDAR

DEPUTADO LÍVIO LUCIANO

DEPUTADO DIEGO SORGATTO

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DEPUTADO MARQUINHO PALMERSTON

SUPLENTES:

DEPUTADO ÁLVARO GUIMARÃES

DEPUTADO LUIS CÉSAR BUENO

DEPUTADO PAULO CÉSAR

DEPUTADO KARLOS CABRAL

DEPUTADO GUSTAVO SEBBA

Destarte, em 27 de abril de 2017, na Sala das Comissões Deputado

Solon Amaral, às 16:20 horas, aconteceu a primeira reunião da CPI, tendo por objetivo

sua instalação, oportunidade em que também foram eleitos o Presidente, Vice-

Presidente e o Relator, respectivamente, Deputado Cláudio Meirelles, Deputado Diego

Sorgatto e Deputado Humberto Aidar.

2.2. Das substituições:

Houve uma substituição de membro designado no Decreto

Administrativo n. 2.733, de 25 de abril de 2017. O suplente do PMBD, Deputado Paulo

Cézar Martins, foi substituído pelo Deputado Wagner Siqueira.

2.3. Das prorrogações:

O prazo de funcionamento desta Comissão Parlamentar de Inquérito,

fixado, inicialmente, no requerimento de sua criação, em 120 (cento e vinte) dias, foi

prorrogado por mais 60 (sessenta) dias, conforme deliberado na sétima reunião

ordinária, em 9 de agosto de 2017.

Posteriormente, referido prazo foi prorrogado por mais 60 (sessenta)

dias, conforme deliberado na 14ª reunião ordinária da CPI, realizada em 4 de outubro de

2017.

O prazo de funcionamento da CPI foi prorrogado pela última vez, por

mais 60 dias, na 20ª reunião ordinária, realizada em 12 de dezembro de 2017.

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2.4. Do objeto da CPI:

O fato determinado que se pretende investigar refere-se às supostas

irregularidades praticadas pela Agência Estadual de Turismo – Goiás Turismo, na

autorização de múltiplos atos de inexigibilidade de licitação para a contratação de shows

artísticos.

3. DA ORGANIZAÇÃO DOS TRABALHOS:

A primeira reunião da presente Comissão Parlamentar de Inquérito

ocorreu em 27 de abril de 2017, com a instalação dos trabalhos e eleição do Deputado

Cláudio Meirelles para Presidente, do Deputado Diego Sorgatto para Vice-Presidente, e

do Deputado Humberto Aidar para Relator.

Desde então, foram realizadas 25 (vinte e cinco) reuniões, sendo 20

(vinte) ordinárias e 5 (cinco) extraordinárias, objetivando deliberar sobre as solicitações

dos Deputados membros da Comissão, bem como ouvir autoridades e testemunhas para

instruir os trabalhos da CPI.

4. DAS FORMAS DE INVESTIGAÇÃO:

Durante o desenvolvimento de seus trabalhos, a presente Comissão

Parlamentar de Inquérito efetuou investigações por meio de requerimentos enviados a

órgãos públicos estaduais e municipais; da oitiva de autoridades pertencentes ao

governo estadual, de representantes da entidade investigada, representantes das

empresas contratadas para os shows e da análise documental.

Todas as autoridades e demais pessoas ouvidas nesta Comissão estão

elencadas adiante. Para facilitar a consulta, foi elaborada uma síntese de cada

pronunciamento, apresentada, também, em itens posteriores.

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5. DOS TRABALHOS REALIZADOS:

São apresentados, a seguir, os trabalhos realizados por esta Comissão,

incluindo a síntese de todos os pronunciamentos, feitos em reuniões, buscando trazer a

essência do que foi dito e que serviu de subsídio à conclusão dos trabalhos desta

Comissão.

5.1. Das reuniões:

Em seus trabalhos, na busca pelas informações necessárias à

compreensão do fato determinado a que se dispôs investigar, a Comissão realizou 20

(vine) reuniões ordinárias e 5 (cinco) reuniões extraordinárias. A seguir, descrevem-se

as atividades por ela desenvolvidas, durante a realização de seus trabalhos.

27/4/2017: 1ª Reunião da CPI

1) Instalação da Comissão.

2) Eleição do Presidente, Vice-Presidente e do Relator.

3) Solicitação de servidores para composição da CPI.

5.1.1. Das Reuniões Ordinárias:

17/5/2017: 2ª Reunião da CPI:

1) Substituição do suplente do PMDB, deputado Paulo Cézar

Martins, pelo Deputado Wagner Siqueira.

2) Encaminhamento de ofício ao Ministério Público, solicitando

informações sobre a existência de ações ou investigações em

curso envolvendo o objeto dessa CPI, em cinco dias úteis.

3) Encaminhamento de ofício à Goiás Turismo requisitando a

relação da execução orçamentária das contratações de shows

artísticos no período de 2013 a 2016.

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4) Requisição ao TCE acerca do relatório da auditoria concluída,

que analisou documentação referente ao objeto da CPI.

5) Solicitação do Deputado Marlúcio Pereira de uma cópia do

processo de instalação da CPI.

6) Solicitação da análise da documentação pelos técnicos e

procuradores com o objetivo de determinar o período a ser

investigado pela comissão.

7) Solicitação do Deputado Humberto Aidar de convocação do

procurador do Ministério Público de Contas, Fernando Santos

Carneiro, que é autor das denúncias alvos da investigação no

TCE.

8) Encaminhamento de ofício à Procuradoria de Contas do TCE,

solicitando cópia do parecer referente ao processo adotado

que envolve o objeto desta CPI.

31/5/2017: 3ª Reunião da CPI

1) Encaminhamento da MMB Advogados, requerendo a

dilatação de prazo para entrega de documentos, referente ao

ofício 29/17 CPIGOIÁS TURISMO, por 15 dias úteis; pedido

reiterado pelo Presidente da Goiás Turismo por meio de

Ofício 334/GT.

2) Atendimento parcial por parte da Goiás Turismo ao ofício

29/17, no qual encaminha documentos de empenhos

referentes aos exercícios de 2015 e 2016.

3) Aprovação, por unanimidade, da solicitação de documentos à

Secretaria de Planejamento do Estado de Goiás (SEGPLAN).

7/6/2017: 4ª Reunião da CPI

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1) Informação de que o ofício ao Ministério Público, solicitando

documentos para auxiliar os trabalhos da CPI, foi entregue no

dia 25/06/2017.

2) Informação de que o ofício ao TCE, solicitando documentos

para auxiliar os trabalhos da CPI, foi entregue no dia

18/05/2017, com vencimento de prazo em 26/05/2017, e que,

mesmo após diligências da Secretaria da CPI não houve

resposta.

3) Informação sobre o processo n. 2017001788, via do qual se

pede extinção da CPI por ausência de fato determinado. O

referido processo se encontra na Assessoria Técnica da

Presidência da Assembleia Legislativa.

21/6/2017: 5ª Reunião da CPI

1) Deliberação sobre a não necessidade da convocação do

Conselheiro do Tribunal de Contas (TCE), Edson Ferrari,

como também da medida judicial que seria encaminhada ao

órgão auxiliar do legislativo. As questões foram aprovadas.

2) Deliberação sobre um convite a ser feito ao Dr. Fernando

Xavier, que foi aprovado.

2/8/2017: 6ª Reunião da CPI

Deliberação sobre o ofício n. 544/20147-PRS, encaminhado

pelo Presidente da Goiás Turismo, solicitando prazo de 15

dias.

9/8/2017: 7ª Reunião da CPI

1) Aprovação de prorrogação dos trabalhos da CPI por mais 60

dias após o vencimento.

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2) Aprovação de solicitação ao Ministério Público para que

ajuize ação judicial, por crime de desobediência, contra o

presidente da Goiás Turismo, Leandro Garcia, em razão de

não entregar a documentação solicitada pela CPI.

3) Aprovação de procedimento de busca e apreensão da

documentação solicitada e não entregue.

4) Aprovação de requerimento judicial do afastamento do

presidente da Goiás Turismo, Leandro Garcia, enquanto

estiverem sendo feitas as investigações da Comissão, haja

vista que o mesmo estaria obstruindo os trabalhos da CPI.

23/8/2017: 8ª Reunião da CPI

1) Aprovação de requisição de notas fiscais às empresas para

comparar valores dos shows, praticados no mercado, com

valores contratados pela Goiás Turismo, nos exercícios de

2013 a 2016, no prazo de três dias úteis, sob pena de busca e

apreensão.

2) Aprovação de requisição às prefeituras, em suas Secretarias

de Finanças, de cópias das notas fiscais referentes ao

faturamento das empresas envolvidas na investigação da CPI,

nos exercícios de 2013 a 2016.

3) Aprovação de solicitação aos técnicos do TCE para que

verifiquem a veracidade dos autos 201300027000186 e

201300027000432, em razão do extravio dos processos

originais.

4) Aprovação de convocação das seguintes autoridades: Leandro

Garcia, Aparecido Garcia, Ricardo Silva.

5) Aprovação de convite ao Dr. Fernando Carneiro.

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29/8/2017: 9ª Reunião da CPI

Oitiva do Dr. Fernando Carneiro, que apontou irregularidades

e inconsistências nas ações da Goiás Turismo.

30/8/2017: 10ª Reunião da CPI

1) Realização das seguintes oitivas:

Ex-Presidente da Goiás Turismo, Aparecido Sparapani;

Ex-diretor de Desenvolvimento da Agência, Ricardo da Silva.

13/9/2017: 11ª Reunião da CPI

1) Aprovada a oitiva dos representantes de 12 empresas.

2) Aprovada a quebra de sigilo fiscal de diversas empresas do

segmento artístico, referente ao faturamento nos exercícios de

2013 a 2016.

20/9/2017: 12ª Reunião da CPI

1) Aprovação de convite ao representante da Empresa BN

Produções Musicais e Eventos LTDA-ME, para que preste

esclarecimentos à CPI.

2) Realização das seguintes oitivas:

Alessandro Alves Lobo Guerra (Wolf Music LTDA);

Eudes Lucio de Oliveira (Fábrica de Shows Produções e

Eventos LTDA).

21/9/2017: 13ª Reunião da CPI

1) Realização das seguintes oitivas:

Wesley Bruno Vieira (Circuito Show Produções e Eventos

LTDA;

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Igor Ernani Alves Andraschk (ZRT3 Produções e Eventos

LTDA);

Adelson Francisco Maciel (Acar Produções e Publicidade

LTDA);

Arthur Guilherme Fernandes Duarte (Camargo e Cardoso

Eventos Ambiental LTDA).

4/10/2017: 14ª Reunião da CPI

1) Apresentação de matérias:

Sr. Adelson Ferreira Maciel encaminha justificativa de não

poder encaminhar documentações;

Sr. Robson Antônio da Silva solicitou remarcação de oitivas;

Silva Dias Advogados Associados encaminha decisão liminar,

proferida em Mandando de Segurança;

Empresa Camargo Eventos Ambiental LTDA encaminha

resposta de não ter notas fiscais, mas que solicitou à Goiás

Turismo;

Resposta ao ofício 51, da Procuradoria-Geral de Justiça;

Encaminhamento de documentos.

5/10/2017: 15ª Reunião da CPI

1) Realização das seguintes oitivas:

Bianca Soares, representante da BN Produções Musicais e

Eventos LTDA;

Robson Antônio da Silva, representante da Brizza Produções

Culturais

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25/10/2017: 16ª Reunião da CPI

1) Apresentação e aprovação das seguintes matérias:

Denúncia feita pela Prefeitura Municipal de Aragarças-GO, de

irregularidades na construção da rampa náutica, Rio

Aragarças-GO, com a obra licitada pela Agência Goiana de

Turismo;

Requerimento do Deputado Humberto Aidar que solicita

cópias das notas fiscais das Empresas Wolf Music, Acar

Produções, Santa Eventos, Glamour Empreendimentos, MR

Goiás Turismo, concernentes ao seu faturamento nos

exercícios de 2013 a 2016, a serem entregues no prazo de 5

dias úteis.

2) A equipe técnica dos Tribunais de Contas do Estado e dos

Municípios encaminha informações sobre as empresas que

enviaram à CPI as notas fiscais requisitadas.

09/11/2017: 17ª Reunião da CPI

1) Apresentação e aprovação das seguintes matérias:

Solicitação da equipe técnica da CPI das notas taquigráficas e

áudios dos depoimentos prestados à CPI;

Goiás Turismo solicita devolução do Processo n.

201600027000396;

Requerimento do Relator, Deputado Humberto Aidar,

fundamentando a necessidade de requisição de cópias das

Notas Fiscais emitidas pela Empresa Circuito Shows

Produções e Eventos, concernentes a todos os shows

contratados nos exercícios de 2013 a 2016;

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Convocação dos Diretores da Goiás Turismo, José Adriano

Donzelli e Roque Carvalho de Melo Filho, para oitiva.

22/11/2017: 18ª Reunião da CPI

Oitiva do atual Presidente da Goiás Turismo, Leandro Marcel

Garcia Gomes, que relatou como tem sido a sua gestão frente

à Agência Goiana de Turismo, desde a sua posse no ano de

2014.

30/11/2017: 19ª Reunião da CPI

1) Realização das seguintes oitivas:

Oitiva do atual Diretor de Gestão, Planejamento e Finanças da

Goiás Turismo, José Adriano Donzelli;

Oitiva do atual Diretor de Desenvolvimento, pesquisa

Turística e Eventos da Goiás Turismo, Roque Carvalho de

Melo Filho.

12/12/2017: 20ª Reunião da CPI:

1) Deliberação de nova prorrogação do prazo de funcionamento

da CPI, por mais 60 dias, para entrega do Relatório Final.

5.1.2. Das Reuniões Extraordinárias:

3/05/2017: 1ª Reunião Extraordinária da CPI

1) Entrega de documentos e a solicitação de apoio ao Ministério

Público.

4/5/2017: 2ª Reunião Extraordinária da CPI

1) Entrega de documentos e a solicitação de apoio técnico ao

Tribunal de Contas do Estado de Goiás.

10/5/2017: 3ª Reunião Extraordinária da CPI

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1) Entrega de documentos e a solicitação de apoio técnico ao

Tribunal de Contas dos Municípios do Estado de Goiás.

14/6/2017: 4ª Sessão Extraordinária da CPI

1) Deliberação das seguintes matérias:

Planilha com relatório gerado pela SIOFNET de 2013 a 2016

encaminhada pela Goiás Turismo;

Documentos encaminhados pelo Ministério Público do Estado

de Goiás, referentes ao ofício n. 31/17, sobre as investigações

relativas à Goiás Turismo;

Resposta ao Ofício 030-G-CEF do conselheiro do TCE,

Edson Ferrari, relativa ao ofício n. 28/17, em que afirma que

não encaminhará os documentos solicitados pela CPI;

Manejo de medida judicial em face do TCE para que este

entregue os documentos solicitados e a convocação do

conselheiro Edson Ferrari para que participe da própria

reunião da CPI e explique o teor de sua resposta.

14/7/2017: 5ª Sessão Extraordinária da CPI

1) Deliberação das seguintes matérias:

Solicitação à Goiás Turismo do encaminhamento dos

processos físicos dos anos de 2013, 2014, 2015 e 2016, que

foram apontados pela equipe técnica do TCM e TCE, que

auxiliam os trabalhos da CPI;

Solicitação à Goiás Turismo do encaminhamento, em mídia,

da planilha anexa ao ofício n. 368/2017;

Suspensão dos trabalhos parlamentares da CPI durante o

recesso parlamentar.

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5.2. Dos depoimentos:

5.2.1. FERNANDO DOS SANTOS CARNEIRO – Procurador do Ministério

Público de Contas – depoimento prestado em 29/8/2017:

Inicialmente, e em síntese, o PROCURADOR DO MINISTÉRIO

PÚBLICO DE CONTAS, DR. FERNANDO DOS SANTOS CARNEIRO, teceu as

seguintes considerações:

O SR. PROCURADOR FERNANDO CARNEIRO: - (...)

Cabe-me esclarecer que a atuação do Ministério Público de Contas nos

shows realizados já remonta de longa data, não iniciado em face da

Goiás Turismo, mas, sim, em face de outros órgãos ou do Estado. Mas,

com relação à Goiás Turismo, é um trabalho que se iniciou por volta do

ano de 2012, em razão dos vários shows por inexigibilidade de

licitações, patrocinados pela Goiás Turismo, para eventos nos

municípios.

E causava estranheza ver nomes completamente desconhecidos da

população serem contratados por inexigibilidade. Seja por valores

pequenos ou por valores altos. Isso chamou a atenção do Ministério

Público de Contas e, no caso, eu passei a fazer todo um levantamento

essas contratações.

Foi um levantamento extenso, feito durante aproximadamente dois anos,

2012, 2013 e 2014 em que detectamos inúmeras irregularidades sob a

ótica do Ministério Pública de Contas.

Dentre as mais relevantes são a ausência de planejamento. Por que

ausência de planejamento? Porque simplesmente existia um pedido para

a realização de um evento e a Goiás Turismo realizava, patrocinava esse

evento.

Isso não atende à finalidade da Goiás Turismo, tendo em vista que seja

promover o turismo. Isso apenas permite a realização de evento, em que

há um fluxo num curto espaço de tempo de pessoas e logo depois, essa

situação que permite esse fluxo é desfeita.

(...) O investimento é num show no fim de semana e a população se

desloca, um número "Y" de pessoas se deslocam para lá, supostamente

realizam algumas despesas, que supostamente vai gerar algum benefício,

mas logo depois saem do Município e ficam um ano sem aparecer,

porque não tem motivação alguma para irem para aquele local.

Essa ausência de planejamento, no caso do Estado de Goiás, gera um

dispêndio de recursos públicos ineficiente, porque é um recurso que não

tem retorno e não tem sustentabilidade. Um ponto é essa questão do

planejamento.

O segundo ponto são as inexigibilidades de licitação para contratação de

shows pela Goiás Turismo. Nós verificamos que a maioria, muitas das

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contratações feitas pela Goiás Turismo, os shows, se dão por empresas

interpostas. E qual o problema disso? Nós temos vários problemas e o

mais relevante é a violação da lei, porque a lei de licitação dispõe que a

inexigibilidade de licitação tem que ser com empresário exclusivo. A

Goiás Turismo faz a inexigibilidade em boa parte dos casos, com

empresa interposta.

O problema disso é, na melhor das hipóteses, considerando que empresa

interposta seja gerida por “anjos”, o Estado de Goiás "paga a mais",

paga a mais apenas o custo que é maior de ISS. Porque o artista, ou o

empresário exclusivo, tem uma despesa a ser realizada, tem um fato

gerador sobre o qual incide o ISS. Um percentual, um tributo pago para

os Municípios.

E como há a contratação de uma empresa interposta, então há uma

segunda contratação, que também deve incidir ISS sobre o qual,

considerando ser “anjo”, essa empresa interposta haverá o repasse

apenas e tão somente o acréscimo desse imposto sobre o ISS.

Portanto, é uma contratação lesiva ao erário. Mas, mais do que isso, nós

verificamos que não é apenas o sobrepreço do ISS. Nós verificamos. Está

documentado em várias representações o dispêndio de recurso sem

qualquer justificativa para isso.

A título de exemplo, em um dos shows por nós detectado, houve o

pagamento pelo Estado, ou seja, recursos públicos, ou seja, recursos da

população que foi entregue a uma empresa interposta em razão da

contratação por inexigibilidade. Recursos esses da monta de R$ 150 ou

R$ 155 mil reais. Obtivemos a nota fiscal do artista e ele nos entregou

uma nota fiscal de R$ 36.000,00. Ou seja, o artista recebeu R$ 36.000,00

da empresa interposta, mas a empresa interposta recebeu do Estado algo

em torno de R$ 150 ou R$ 155 mil reais. Isto é, mais de quatro vezes o

valor pago ao artista.

Também detectamos shows em que houve a contratação, pelo Estado, de

empresa interposta pelo valor R$ 150.000,00. Só que verificamos em

pesquisas que essa mesma banda ou dupla de artistas, como queiram

nominar, teve o seu empresário, exclusivo, contratado num Estado

vizinho, Estado de Minas Gerais, numa semana anterior para um show

do mesmo porte por R$ 50.000,00. Ou seja, o Estado, há uma semana

atrás, pagou três vezes mais do que o evento realizado no município do

Estado vizinho.

Verificamos também a realização de shows para fiéis. Nós temos um caso

pitoresco, em que um show foi realizado a pedido de uma certa

autoridade, que foi realizado dentro de uma igreja com divulgação tão

somente para os fiéis. Ou seja, de forma que parece ser um show que não

atende ao turismo e muito menos ao interesse público.

E com base nessas investigações, e aí a CPI da Goiás Turismo

eventualmente pode querer estender o objeto de fiscalização, é possível

ter fortes indícios, há fortes indícios de que o Sistema Sepnet do Estado

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de Goiás, o Sistema de Protocolo do Estado de Goiás, é utilizado

indevidamente.

Verificamos que processos são montados em curto espaço de tempo e

isso significa que o Sistema de Protocolo do Estado de Goiás, de alguma

forma, é desvirtuado e utilizado para deixar ali "soldadinhos de reserva".

Números de reserva para que, posteriormente, atendendo a pedidos,

aqueles processos que só existem no mundo virtual sejam utilizados e

devidamente montados, vamos dizer, numa montagem para trás para

justificar aquela despesa.

Essas são, em essência, as grandes descobertas, grandes irregularidades

que o Ministério Público entende ter encontrado nos processos de

contratação da Goiás Turismo.

Nós tentamos várias representações junto ao Tribunal de Contas.

Entendo que o processo não foi relevante naquela Corte de Contas.

Na semana passada houve o julgamento de um pedido, inclusive, não me

recordo o número, mas um processo da Goiás Turismo, para a liberação

de shows, Arraiá do Cerrado, Araguaia, Temporada no Araguaia,

alguma coisa assim. Inclusive, nós levantamos a suspeição do

Conselheiro, tendo em vista, no entendimento do Ministério Público, a

relação íntima com quem pediu essa liberação desses eventos, mas não

fomos atendidos no pleito. E o Tribunal de Contas tem liberado isso daí.

Mas também há uma auditoria no Tribunal de Contas a qual está

tramitando e aguardamos o fim do trâmite, que ela seja julgada, e a

nossa representação seja, enfim, julgada procedente.

Pronto, esses eram os esclarecimentos, eu acho que de forma estrutural,

ampla e abrangente, o Tribunal de Contas e o Ministério Público teriam

a fornecer neste momento.

(...)

Com a oportunidade de proceder aos questionamentos, o DEPUTADO

HUMBERTO AIDAR indagou o depoente se o Tribunal de Contas do Estado tem

ciência da ausência de licitação nos shows contratados pela Goiás Turismo. Nesse

sentido:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - O senhor falou da

inexigibilidade. Quando nós analisamos os processos recentemente, com

os técnicos, nós solicitamos cerca de trezentos processos por

amostragem, até porque são muitos shows desses anos todos e nós não

percebemos, pelo menos no que nós temos em mãos, nenhum show que

foi licitado. Parece-me que isso é corriqueiro na Goiás Turismo. Isso já

se arrasta há anos.

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O Tribunal de Contas do Estado, como órgão fiscalizador, tem essa

consciência? Já sabia que isso estava acontecendo e nunca tomou

nenhuma providência, Doutor Fernando?

O SR. PROCURADOR FERNANDO CARNEIRO: - (...)

Com relação se o Tribunal de Contas sabia, não sei se sabia

previamente, mas a partir da minha representação, com certeza ele

sabia. Em algumas situações pontuais, o Tribunal de Contas teve ciência,

o Ministério Público de Contas fez representações, se não me engano, foi

da SANEAGO, inclusive, um gestor que faleceu respondia por ação de

improbidade administrativa, ou seja, pontualmente o Tribunal sabia, mas

no âmbito geral, o Tribunal já soube desde 2013, inclusive, trouxe um

acórdão da época, indo shows, em que o relator que é um conselheiro

substituto tinha deferido a cautelar para suspender os pagamentos,

porque a licitação, a inexigibilidade era totalmente regular, só que ele

foi voto vencido, ou seja, mas que a Corte tinha ciência e teve

oportunidade.

Agora, o que ela vai fazer daqui pra frente só resta aguardar, os

trabalhos da auditoria, penso eu, estão sendo muito bem feitos, existe

todo um corpo de funcionários qualificados no Tribunal, e penso que o

trabalho será muito bem feito e o Tribunal tem oportunidade de chegar a

conclusões muito interessantes.

Quanto às contratações por inexigibilidade de licitação, lesivas ao

erário, entabulou-se o seguinte questionamento:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - No seu relato o senhor cita

um exemplo que certamente faz parte dessa peça em questão que estamos

falando, de uma empresa interposta que o artista teria recebido, me

parece R$ 30.000,00 (trinta mil reais), e o resto teria ficado com essa

empresa. O senhor seria capaz de lembrar qual empresa, quem foi esse

artista e qual a justificativa no corpo do processo?

O SR. PROCURADOR FERNANDO CARNEIRO: - Eu me lembro do

artista, foi o Padre Fábio de Melo. É fácil relembrar, por ser um padre, e

por ter sido a primeira nota fiscal que tivemos alcance e que o estado fez

o pagamento de R$ 155.000,00 (cento e cinquenta e cinco mil reais) à

empresa interposta. Isso aí houve – se a empresa ficou com o dinheiro

isso eu não tenho alcance porque lá no Tribunal de Contas, por uma

questão constitucional, não temos o poder para quebrar o sigilo. Então,

isso daí é apenas documentação que encaminhamos ao Ministério

Público do Estado para as providências que eles entenderem cabíveis.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Doutor Fernando, o senhor

teria condições de nos fornecer cópia desse processo porque o senhor

fala que não tem possibilidade de quebrar o sigilo e a CPI tem.

O SR. PROCURADOR FERNANDO CARNEIRO: - Sim.

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O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - O senhor poderia nos

remeter esse processo em questão, em particular?

O SR. PROCURADOR FERNANDO CARNEIRO: - Eu poderia

identificar o processo, encaminho a vocês essa identificação. Agora

quem autoriza lá por um regramento legal do Tribunal de Contas é o

Conselheiro Relator, o presidente. A Assembleia como poder de

requisição e com os precedentes do Supremo pode requisitar a

documentação e o Tribunal, certamente, fornecerá à CPI para contribuir

nos trabalhos.

Sobre a contratação por inexigibilidade de licitação por meio de

empresas interpostas, foi assim abordado:

O SR. DEPUTADO WAGNER SIQUEIRA: - (...)

E, quanto à inexigibilidade, eu queria fazer uma pergunta ao senhor.

Quando o senhor fala que a maioria dos artistas contratados tem

empresários exclusivos e que a Goiás Turismo os contratar através de

empresas interpostas, nesses contratos em que há a inexigibilidade, que

causam, inclusive, uma bitributação. A primeira pergunta que tenho para

o senhor é a seguinte: se o empresário é exclusivo, ele pode ter o

interposto?

O SR. PROCURADOR FERNANDO CARNEIRO: - Certamente não.

Para esses efeitos de contratação por inexigibilidade, não pode ser

contratado o empresário ou a empresa interposta. A contratação, nesse

caso, tem que ser feita necessariamente pelo empresário ou

representante exclusivo.

(...)

O SR. DEPUTADO KARLOS CABRAL: - (...) Vossa Excelência tocou

num assunto sobre o qual eu estava lendo aqui, no Artigo 25, sobre essa

figura que o senhor chamou de "empresa interposta" – é isso mesmo?

Então, podemos dizer que se trata de um intermediário ou uma agência,

digamos assim.

O Artigo 25 é claro quando fala que pode haver contratação com

inexigibilidade do profissional do setor artístico, diretamente ou através

de um empresário exclusivo. Essa empresa agenciadora é uma prática do

mercado. Ela não se enquadra então nesse termo de empresário

exclusivo, nós não estamos falando do empresário do artista, mas de uma

empresa que faz – como é a palavra que o Lívio usou aqui – o

agenciamento. Nesses casos, tratava-se de agenciadoras ou de

empresários dos cantores?

O SR. PROCURADOR FERNANDO CARNEIRO: - Não, nos casos

detectados – e alguns nós retiramos porque foram feitos com

empresários exclusivos. Suponhamos que há uma banda e que eu,

Fernando Carneiro, sou seu empresário exclusivo. Ou seja, a

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contratação tem que ser feita com empresário exclusivo, que no caso sou

eu, Fernando Carneiro.

Mas não é isso o que acontece. Contrata-se uma empresa X para que

esta, por sua vez, contrate o empresário Fernando Carneiro. Ou seja, a

empresa X é uma "empresa ponte". Naturalmente, haverá um pedágio

nessa cobrança, todos sabemos, porque existem custos lícitos para essa

contratação.

O SR. DEPUTADO WAGNER SIQUEIRA: - Doutor Fernando, e é

sempre a mesma empresa que faz essa ponte? Ou eram diversas

empresas?

O SR. PROCURADOR FERNANDO CARNEIRO: - Não, são diversas,

mas essas são muito bem determinadas, entre as quais existe uma certa

rotatividade, que acontece, salvo engano, conforme o ano ou o gestor.

Agora, um ponto interessante é aquele quando o Estado de Goiás quer

contratar determinada empresa. Se o senhor me permite, Deputado, vou

chamá-la de Karlos Cabral. E a empresa Karlos Cabral vai contratar a

empresa Fernando Carneiro. E o senhor coincidentemente já havia

contratado comigo – pegamos esse caso – para um show no dia 25 de

dezembro na Praça Cívica. Olha, gente, não precisa ser muito inteligente

para saber que há coisa errada nisso aí. E são justamente nessas

contratações que verificamos uma diferença de preço gigante. Isso está

tudo documentado nos autos.

O SR. DEPUTADO WAGNER SIQUEIRA: - (...)

Se é ilegal a existência de empresa interposta diante do empresário

exclusivo – e que isso gera custos adicionais, inclusive a questão da

bitributação –, podemos afirmar que isso causou um dano ao erário?

O SR. PROCURADOR FERNANDO CARNEIRO: - Vários danos, como

já coloquei. O mais evidente e o que mais chama a atenção de todos é a

questão do preço, mas temos que verificar que mais relevante do que o

preço – porque o custo é sim bem relevante – é a perda da oportunidade,

como o senhor ressaltou na minha fala, o planejamento, o turismo

sustentável.

E quando falo em turismo sustentável não o faço no sentido ecológico

apenas, mas na permanência do turismo, ou seja, o Estado de Goiás está

gastando dinheiro e perdendo oportunidades. E isso é do país.

Nós somos um País que recebe um número muitas vezes menor do que

uma cidade, por exemplo, como Las Vegas, ou seja todo, o país. Goiás

tem um potencial hotelístico, turístico e ecológico gigantesco. Eu entendo

ser inconcebível perder essa oportunidade. E práticas como essa fazem

perder as oportunidades.

O SR. DEPUTADO WAGNER SIQUEIRA: - Doutor Fernando, gostaria

de fazer mais duas perguntas. Durante algumas reuniões da CPI, eu

acho que me lembro de escutar as procuradoras da Casa falarem de

empresários que tinham exclusividade do artista para uma única data,

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por exemplo, sou empresário exclusivo do dia 25 de agosto. Gostaria que

o senhor me explicasse como é isso?

O SR. PROCURADOR FERNANDO CARNEIRO: - Vou colocar o

exemplo que já citei, o show da Praça Cívica no dia 25 de dezembro ou

do dia 31 de dezembro. Esse é o típico do caso "data exclusiva", um

empresário, de empresa interposta, contratou, não se sabe o porquê,

artistas famosos para realizarem um show na Praça Cívica no dia 31

dezembro. Aí vem o Estado de Goiás e contrata o senhor. Por uma

questão de inteligência, se o senhor já contratou e tem a data do show

que será realizado na Praça Cívica deixe-o acontecer, pois não

economizaria dinheiro. Mas, é lógico que não acontece assim, os

interesses são outros, no mínimo seria desperdício de recursos, sendo

muito ingênuo.

(...)

O DEPUTADO HUMBERTO AIDAR questionou ainda acerca da

definição da contratação de determinados artistas, da pesquisa de preços e da

formalização dos processos de inexigibilidade:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - (...)

Mas a primeira pergunta, Dr. Fernando, deu para detectar se os

Prefeitos, os municípios é que solicitam esses determinados artistas, ou

se a Goiás Turismo é que os indica?

Segundo, a Lei nº 8.666 exige justificativa de preços para que haja a

contratação sem a licitação. Foram realizadas as pesquisas de preços,

pelo menos, Dr. Fernando?

O SR. PROCURADOR FERNANDO CARNEIRO: - Com relação à

justificativa de preço, há de se tomar muito cuidado para não se pegar

uma justificativa viciada. O que significa isso?

Olha, órgãos também com o mesmo problema fazem contratações

semelhantes, contratam com sobrepreço e depois se utiliza isso para

justificar aquela contratação. Há de se tomar muito cuidado. Por isso o

próprio TCU entende que na análise de preço você tem que pegar o

universo mais amplo possível de pessoas distintas, pessoas físicas e

jurídicas, públicas e privadas, num universo mais amplo para se

verificar.

Isso é uma situação que você precisa analisar com muito cuidado para

não correr riscos. Qual a outra pergunta que o senhor me fez? Perdão.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Se a escolha desses artistas,

elas se dão...

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O SR. PROCURADOR FERNANDO CARNEIRO: - Ah, sim, perfeito.

Não foi possível detectar. Eu sei que existem pedidos e emendas

parlamentares para as contratações e, muitas vezes, existe um

documento "Assim autorizo" do Governador – o Governador autorizando

determinada despesa. Existe essa situação ou, eventualmente, é mandado

para a Assembleia. Mas não sei dizer se há um pedido do município.

O que seria interessante é a Assembleia, nesta CPI, fazer – se já não o

fez – é o cruzamento de informações. É porque a minha competência é,

exclusivamente, com relação ao Estado, eu não posso atuar perante os

municípios. Os senhores já têm um leque mais amplo.

(...)

Até porque, mais do que o sobrepreço, pode ter havido duplicidade de

pagamento. É uma das possibilidades, mas, realmente, nunca cheguei a

isso.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - (...) Existe uma Portaria nº

02, datada de 2012, da Goiás Turismo, que estabelece, por exemplo, que

a formalização do processo se dê com antecedência mínima de vinte dias

– no mínimo, vinte dias para que aconteça o evento.

Todavia, esses processos de inexigibilidade – pelo menos os que nós

estamos aqui a analisar junto com os técnicos – são autuados, quando

muito, com antecedência de cinco dias, ou seja, ferindo a própria

Portaria da Goiás Turismo. Têm alguns casos, inclusive, senhores, que

nós verificamos que ocorreu no mesmo dia do evento.

Como o senhor analisa esse fato, Dr. Fernando?

O SR. PROCURADOR FERNANDO CARNEIRO: - Volto a insistir na

questão do Sepnet, muitas vezes eles já utilizam a numeração, e depois,

só saem buscando para fazer a montagem. Aí, ou seja, o que,

aparentemente, pode ter cumprido até a Portaria, na prática pode ter

sido uma burla. Com relação a esse na mesma data, é bem tranquilo. Ou

seja, o artista já estava contratado; a despesa "já estava realizada";

apenas tinha que ter a formalização, e isso é apenas uma formalização.

Porque, certamente, um evento que ocorrerá no sábado – hoje é terça,

vamos colocar o evento que ocorrerá hoje às 18 horas, o artista já está

aqui na cidade, pelo menos, desde a hora do almoço, alguma coisa

assim; ou sua equipe já está, alguma coisa.

É impossível que, tão somente após a assinatura, a empresa, o pessoal e

a banda se desloquem para o local. Isso, certamente, já é combinado. Ou

seja, é um forte indício de irregularidade.

(...)

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O Presidente da CPI, DEPUTADO CLAÚDIO MIRELLES,

finalizou a oitiva, concedendo ao depoente oportunidade para prestar as declarações

finais:

O SR. PROCURADOR FERNANDO CARNEIRO: - (...)

Com relação ao turismo, eu apenas gostaria de encerrar minha fala

retornando ao ponto inicial do planejamento. O Ministério Público

entende que o mau recurso, a má aplicação de recursos públicos é

altamente lesiva para o Estado, um Estado já carente, uma população em

dificuldade. Não há dúvidas em relação a isso.

Mas também entende que a aplicação de recursos pode se dar num

volume até muito maior do que hoje em dia, mas desde que os recursos

sejam bem aplicados e, sobretudo, pensado num retorno à população.

Seja feita através de estudo sério, estudo científico e que demonstrem a

possibilidade do retorno. Em país outros, tais como a Alemanha, tudo é

extremamente quantificado. Tudo é extremamente analisado e

verificada a possibilidade de retorno.

Por isso, hoje, aquele país está em crescimento, num superávit, uma

economia que cresce, mas por quê? Porque enfrenta com seriedade, com

análise técnica e tudo mais. Eu entendo que o turismo, se for bem

trabalhado, o Estado de Goiás pode crescer muito.

Talvez sejam necessários muitos investimentos. Investimentos de uma

ordem muito maior do que hoje. Mas investimentos conscientes,

investimentos com base científica, com base em dados, ou seja,

codificadas as possibilidades e analisados os riscos.

A atuação do Ministério Público, não é nada contra o turismo. É apenas

contra a má aplicação de recursos públicos.

5.2.2. APARECIDO SPARAPANI – Ex-Presidente da Goiás Turismo –

depoimento prestado em 30/8/2017:

Com a oportunidade de se manifestar, o Relator da CPI, DEPUTADO

HUMBERTO AIDAR, teceu os seguintes comentários e questionamento:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Doutor Aparecido, eu tenho

informações – o senhor não é obrigado a concordar, a falar, tem o

direito de ficar calado – de que a presença técnica do senhor,

conhecedor dessa área, acabou por incomodar algumas pessoas que

promovem e patrocinam shows, que o caminho que o senhor estava

levando a Goiás Turismo estava desagradando.

Se formos olhar o que está acontecendo na Goiás Turismo, Doutor

Aparecido, parece que é quase uma terra de muro baixo, as coisas

acontecem sem que haja uma explicação que possa nos convencer.

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Durante a nossa oitiva teremos a oportunidade de perguntar ao senhor

se procede a informação de que no período em que o senhor

resolveu administrar a Goiás Turismo, tecnicamente, como deveria ser,

incomodou algum grupo político, alguns políticos, quer sejam

Parlamentares, secretários? Procede essa informação, Doutor?

O SR. APARECIDO SPARAPANI: - Eu desconheço, Excelência, até

porque a minha vinda para a Goiás Turismo foi para colocar a minha

experiência no turismo a favor do Estado, em benefício do Estado. E

minha vida toda foi pautada sempre na ética, na transparência, na lisura.

Para que eu pudesse entrar na Goiás Turismo e fazer um trabalho, no

turismo, em prol do Estado, eu tinha que seguir essa mesma linha de

conduta que é minha desde que iniciei a trabalhar.

E nós nos pautamos, dentro da Goiás Turismo, em fazer de certa forma

que a gente trabalhasse dentro dessa linha. E buscamos o trabalho

constante nesses três anos. Fizemos muitos eventos, sempre a pedido de

parlamentares, através de suas emendas. Atendemos muitos municípios,

mas sempre pautados naquilo que era legal, dentro das normas do

Ministério do Turismo, dentro das normas do Estado, dentro da mais

profunda transparência em termos documentais, em termos de conduta,

em termos de prazo. Sempre da melhor forma possível.

Então, não acredito que tenha desagradado algum segmento.

Quanto à definição da contratação de determinados artistas, ao

prazo de formalização dos processos de inexigibilidade e à discrepância de preços,

entabularam-se os seguintes questionamentos:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Na época da gestão do

senhor, como se dava a escolha dos artistas para esses shows? Já havia

indicados? Eram prefeitos que solicitavam? E por que, normalmente, na

Goiás Turismo, não se licita?

O SR. APARECIDO SPARAPANI: - Bom, artista não se licita. Porque

não existem dois Leonardos, não existem dois Zezés di Camargo, não

existem dois Sérgios Reis. Cada um é um artista. Não estou comprando

uma frota de carro, em que preciso de um carro 2.0, na cor branca, que

faça tantos quilômetros por litro. É um artista.

Então, o Deputado, através de sua emenda, buscava junto ao município,

ao Prefeito, ao seu eleitorado, qual artista que mais agradava ou cujo

show município mais desejava ter. Era uma escolha entre o Deputado e o

Prefeito ou a sua Bancada ali naquele município. Então, a escolha vinha

já para a Goiás Turismo para que se fizesse a documentação para aquele

artista, a contratação daquele artista.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - O Senhor citou aí alguns

artistas de renome nacional.

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O SR. APARECIDO SPARAPANI: - Sim.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - São artistas

comprovadamente de sucesso. E esses artistas que ninguém conhece,

doutor? Por que fazem tantos shows na Goiás Turismo? De onde é que a

Goiás Turismo tira que precisa lá do João Manoel que ninguém

conhece? E, de repente, esse João Manoel, sem fazer sucesso em local

algum começa a fazer shows. Nós temos alguns aqui contratados oito

vezes. Diogo e Juliano, cento e noventa e três mil. Aí eu pergunto:

tirando esses artistas consagrados, esses outros também são pedidos da

população? Ou eles são empurrados "goela abaixo", Doutor?

O SR. APARECIDO SPARAPANI: - Não. A solicitação sempre partia do

município. Pode ser que o artista seja conhecido regionalmente e ainda

não nacionalmente. Então, o artista vinha sendo solicitado pelo

município. Então o Joãozinho e a Mariazinha – se fizessem sucesso na

região, se era um desejo do município – essa contratação vinha para que

a gente fizesse a documentação em prol da contratação desse artista.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - O senhor é um homem de

turismo. Se eu perguntasse ao senhor, por exemplo, se o senhor se

lembra de Yamandu Costa, Marcação Cerrada, Beat Stone, o senhor já

ouviu falar nesse povo ou não?

O SR. APARECIDO SPARAPANI: - Não.

(...)

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Certo. Mas esses artistas

foram contratados, são contratados lá da Goiás Turismo. A Portaria nº

2/2012, datada de 2012, estabelece, doutor, critérios para a

formalização do apoio a eventos. Seu artigo 3º estabelece que a

formalização da contratação se dê com antecedência mínima de 20 dias

contados da data do evento.

Sendo assim, gostaria que o senhor me explicasse como que se dava e se

deu a maioria das contratações num prazo, às vezes, de cinco dias.

Temos vários processos que solicitamos, temos a peça que nos foi

enviada do TCE, mas pedimos centenas de outros e a formalização de

muitos desses processos, Doutor Sparapani, se dá no dia do show.

Porque isso acontece na Goiás Turismo?

O SR. APARECIDO SPARAPANI: - Bem, a Goiás Turismo prepara toda

a documentação necessária para a contratação do artista, mas não é a

Goiás Turismo que libera o recurso ou determina se pode contratar ou

não aquele show. Dependemos da aprovação da Junta Orçamentária

para que este artista, esse processo seja finalizado. E, muitas vezes,

burocraticamente esse processo acabava atrasando e chegando a

resposta para a gente muitas vezes no dia em que o show já era para

acontecer. Mas, porém, a documentação já estava toda pronta, só

dependente dessa autorização.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Doutor Aparecido, nos ajude

um pouco a entender. Já temos a cópia, inclusive, de um processo onde a

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Goiás Turismo, em uma semana, contrata um artista por 150 mil reais e

uma semana antes este mesmo artista faz o mesmo show cobrando 50 mil

reais. Para cantar em Goiás é mais caro, Doutor Aparecido?

O SR. APARECIDO SPARAPANI: - Qual é este artista, Excelência?

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Temos vários processos

aqui. Posso passar a cópia para o senhor. Temos o Padre Fábio de Melo,

o show custou 150 mil reais, ele teria recebido 37 mil reais, inclusive, o

seu advogado conhece bem esse processo. Por que um determinado show

tem um preço e aqui é outro?

O SR. APARECIDO SPARAPANI: - Especificamente, com relação ao

show do Padre Fábio de Melo, a declaração que o Padre deu é o cachê

dele, não é o cachê da banda, não são as passagens aéreas, não é a

hospedagem, não é todo o contexto do show. O Padre declarou o que pôs

no bolso dele somente.

Com relação a outros artistas, depende muito de quem está

administrando a vida do artista, se é o pai dele, se é a mãe, o irmão, ele

pode colocar valores da forma que quiser, pode atender melhor a um

município. Porém, acredito que junto a este processo temos uma

infinidade de outros comprovantes, de shows em outros lugares, dentro

de um valor que foi colocado dentro do Estado, também. Se ele fez um

show pela metade do preço numa cidade que alguém da família quis

agradar ou empresário quis agradar, foge um pouco da alçada da Goiás

Turismo.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - A Goiás Turismo faz um

apanhado de preço antes de contratar um artista?

O SR. APARECIDO SPARAPANI: - Sim, é uma exigência da nossa

portaria. Inclusive, nos últimos seis meses, ele tem que apresentar

contratos com o reconhecimento de firma da época do show. Não é

posterior, é da época do show e também notas fiscais comprovando que

aquilo que está sendo solicitado é o que vale o show.

Com a oportunidade, o DEPUTADO MARQUINHO PALMERSTON

fez algumas ponderações e, em seguida, questionamentos:

(...) O SR. DEPUTADO MARQUINHO PALMERSTON: - (...)

Eu fiz questão, Doutor Aparecido, de estar presente nesta oitiva, até

mesmo porque eu faço parte da Comissão e entendo um pouco de

turismo. E vejo muitas discussões sobre a Goiás Turismo, falando muito

acerca de show, show, show, shows, e muitas vezes a Goiás Turismo não

é só shows.

A Goiás Turismo tem um papel muito maior do que só fazer shows, e

muitas vezes não só se questiona a própria imprensa, às vezes, se fala de

shows, mas, às vezes, também não se vê o que esses eventos trazem para

o município, para o Estado de benefícios.

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Muitas vezes uma pessoa não pode pagar um show de um Zé Rodolfo, de

um Gusttavo Lima, e, muitas vezes, uma prefeitura faz isso no

aniversário de uma cidade. Eu acho que isso não tem nada de errado.

Acredito que isso é sadio. E a Goiás Turismo faz esse papel, ela tem que

promover o bem-estar da população, promover o turismo nos municípios

do Estado.

E a CPI ela não questiona fazer os shows, não questiona só a realização

dos shows, muitas vezes vem o questionamento de valores. E muitas

pessoas que converso, até da própria Goiás Turismo que já conversei,

eles me falam o seguinte: que da mesma forma que o Deputado

Humberto Aidar está falando de um show, que muitas vezes aqui no

Estado se paga 150, e as vezes em outro Estado se paga 100. O senhor

concorda com a afirmação de que isso é comum acontecer, até mesmo

porque muitas vezes um Israel e Rodolfo faz sucesso aqui em Goiás, o

show dele é mais caro, e muitas vezes lá no Pará e no Ceará ninguém

conhece o show dele, vai ser mais barato. O senhor concorda com esse

tipo de variação de cachês?

O SR. APARECIDO SPARAPANI: - Excelência, o cachê é muito variável.

Nós podemos trazer um artista para cantar em Goiânia que tem um custo

menor, do que se eu levar ele lá para São Luís, ou levá-lo para

Itumbiara, que tem todo um transporte e todo uma logística para fazer

com que esses artistas, banda, tudo, chegue até aquele município lá no

interior. Então, existe essa variação.

Às vezes, o artista está fazendo um show em Uberlândia, para ele vir

para Caldas Novas fazer um show é muito mais barato do que se ele

estiver fazendo um show lá no Nordeste, e no, dia seguinte, ele ter que vir

para Caldas Novas.

O SR. DEPUTADO MARQUINHO PALMERSTON: - Certo.

O SR. APARECIDO SPARAPANI: - Então, o valor do show depende

muito dessa logística também.

O SR. DEPUTADO MARQUINHO PALMERSTON: - E também já se

questionou muito aqui durante a CPI desses últimos dias, nesses últimos

meses, a questão da exclusividade também do artista.

O senhor concorda que, às vezes, um artista tem uma exclusividade com

alguém no Estado de Goiás, um empresário em Goiás, e muitas vezes tem

uma outra pessoa em outro Estado que tem o poder, aquela pessoa que

pode fazer os shows em outros Estados. Nem sempre é o mesmo

contratante que faz shows em todo país.

O SR. APARECIDO SPARAPANI: - Sim. Sem dúvida, Excelência. O País

é muito grande. Com certeza o artista vive de vender show, assim como a

hotelaria vive de vender apartamento. Então, se eu não vender a cama

hoje eu não vendo ela nunca mais. O artista que não faz um show hoje,

amanhã ele não recupera esse dia que ele não fez. Então, ele tem o seu

representante no Sul, outro no Norte, outro no Nordeste, um no Centro-

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Oeste, às vezes, até, dependendo do Estado, dividindo o Estado com dois

representantes. Isso acontece.

O SR. DEPUTADO MARQUINHO PALMERSTON: - Então isso é

comum acontecer?

O SR. APARECIDO SPARAPANI: - Isso é comum acontecer.

O SR. DEPUTADO MARQUINHO PALMERSTON: - Aparecido, eu, que

já conheço o senhor já há muito tempo, sei da capacidade do Senhor de

estar no "trio turístico". Já nos encontramos várias vezes em eventos

fora, inclusive, do Estado de Goiás, o senhor representando a Goiás

Turismo em São Paulo, Rio de Janeiro, enfim, várias cidades, e, com

certeza, sei da capacidade que o senhor tem de tocar a máquina do

turismo. O turismo, hoje, que representa... Praticamente a cada dez

empregos no mundo, um vem do turismo.

Nós estamos falando aqui em quase um bilhão de pessoas que viajam no

mundo inteiro e somente seis milhões de turistas vêm para o Brasil. De

quase mais de um bilhão de pessoas que viajam no mundo, somente seis,

sete milhões vieram para o Brasil no ano passado.

E aqui no Estado de Goiás desses, não só os turistas estrangeiros, mas os

quase setenta milhões de turistas que viajaram no País, a demanda

interna mesmo, que é a maior nossa, que é praticamente 90%, somente

6% vieram para o Centro-Oeste. É um índice muito pequeno ainda que o

Estado representa.

E muitas vezes a gente vê muito se fazer shows, e falar de shows.

Pergunto para o senhor: o senhor acha que a Goiás Turismo tem uma

deficiência, às vezes, de não focar, não somente em eventos... Mas o que

falta na Goiás Turismo para ela incentivar esse turismo aqui no Estado?

Talvez fazer uma mídia em nível nacional, talvez fomentar as vendas

online para os hoteleiros, divulgar mais os destinos...

O senhor acha que a Goiás Turismo tem essa deficiência? Não estou

falando de shows, mas em relação ao objetivo da Goiás Turismo, que é

promover o turismo nas cidades goianas.

O SR. APARECIDO SPARAPANI: - Excelência, a Goiás Turismo, por si

só, não tem nenhuma verba que possa usar para as finalidades de

desenvolvimento do turismo, tanto dentro do Estado, como para fazer

com que Goiás seja conhecido lá fora.

Ela depende de recursos advindos de verbas, advindos de recursos

aprovados para projetos apresentados, assim, de imediato, para que

possa conseguir recursos. Então, o Estado poderia ser muito melhor

divulgado e desenvolvido em termos de turismo se tivesse algum recurso

específico para isso. Então, a Goiás turismo, hoje, ela trabalha com

recursos de emendas, tá? E as emendas, normalmente, elas vêm para

shows.

O SR. DEPUTADO MARQUINHOS PALMERSTON: - (...) Mas o senhor

acha, também, que esse tenha sido um dos motivos que o senhor tenha

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ficado de mãos atadas, de ficar só na Goiás Turismo, gerenciando shows,

ao invés de contribuir com a expertise que o senhor tem – que eu sei que

o senhor é um grande turismólogo, entende de turismo –, talvez o senhor

ficou um pouco desmotivado do fato da Goiás Turismo não dar essa

abertura de não ter orçamento, de não fazer o papel fundamental que é

promover o turismo no nosso Estado?

O SR. APARECIDO SPARAPANI: - Não, desmotivado eu não me julgo,

porque até o último dia eu tentei cumprir com o papel o qual me foi

definido para trabalhar na Goiás Turismo. É claro que eu gostaria de ter

feito muito mais para o Estado, gostaria de ter levado muito mais apoio

aos municípios que querem se desenvolver, que querem crescer com o

turismo, com o destino turístico. Mas, em função disso, não foi possível

fazer aquele trabalho que deveria ter sido feito.

Mas nos meus três anos à frente da Goiás Turismo, tentei fazer o melhor

possível para desenvolver o meu trabalho junto aos municípios.

(...)

O PRESIDENTE da CPI fez algumas considerações e, após,

entabulou questionamentos:

O SR. PRESIDENTE: - (...) Quanto tempo o senhor permaneceu à frente

da Goiás Turismo?

O SR. APARECIDO SPARAPANI: - Três anos, Excelência.

O SR. PRESIDENTE: - (...)

Dentro dessa responsabilidade que é característica, pelo menos o que é

reconhecido publicamente com o nome do senhor... Senhor Sparapani, eu

gostaria que o senhor respondesse o seguinte: o Dr. Fernando Carneiro,

Procurador do Ministério Público de Contas, esteve aqui, exatamente

nesta cadeira que o senhor está, e ele afirmou cabalmente que levou em

conta todas essas variáveis (com relação a logística de show,

característica do show, ocasião do show), e ele afirmou categoricamente

que existem irregularidades praticadas na Goiás Turismo. Não

especificou exatamente o período, mas a pergunta que eu faço para o

senhor é a seguinte: o senhor entende que pode ter havido algum tipo de

irregularidade, mesmo que de forma involuntária, cometida na Goiás

Turismo?

Não estou mencionando somente os três anos que o senhor esteve, mas

pelo histórico que o senhor conhece da Goiás Turismo, mesmo antes do

senhor assumir lá, o senhor acredita que em todos os processos podemos

dizer e até podemos contestar o Procurador de Contas. O senhor seria

capaz de discordar dele e afirmar que todos os processos são regulares

na Goiás Turismo?

O SR. APARECIDO SPARAPANI: - Excelência, o que eu posso dizer, é

que nos três anos que estive a frente da Goiás Turismo, pode pegar

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qualquer processo e pegar o que exige a lei para que nós pudéssemos

montar o processo com relação aos contatos, com relação à nota fiscal,

com relação à representação da empresa, com relação à formalidade

processual, isso eu tenho certeza.

Agora o senhor vai me dizer: a Goiás Turismo mandou alguém da Goiás

Turismo para verificar se o show aconteceu? Não. Nós tínhamos um

acordo com as entidades da cidade, quando nós não tínhamos condição

de mandar um funcionário para lá, então nós pegávamos uma

declaração da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiro, de uma outra

autoridade do Município, para comprovar o número de pessoas que

participou do show, para explicar como foi o show, para filmar,

fotografar e encaminhar para nós, para que nós pudéssemos ter a certeza

de que aquele investimento foi realizado naquele município. Porque a

quantidade de shows era grande e a Goiás Turismo não tem quadro

suficiente para poder acompanhar todos os eventos.

Então com relação à parte documental, eu tenho certeza que está tudo de

acordo.

O SR. PRESIDENTE: - O senhor afirmou a questão da hospedagem, se

pode estar incluída no valor do cachê a hospedagem ou no valor do

contrato. O senhor citou também som e palco, ou o senhor citou a

possibilidade da hospedagem estar também incluída no valor do

contrato?

O SR. APARECIDO SPARAPANI: - Não. Hospedagem e passagem aérea

é toda a logística do show.

O SR. PRESIDENTE: - Tem show contratado incluindo palco e som?

O SR. APARECIDO SPARAPANI: - Não. Um show em Goiânia custa

150 mil e eu preciso de 20 passagens aéreas, eu preciso de hospedagem

para 20 pessoas, eu preciso de transporte de tantos kg de bagagem, eu

preciso de tudo isso.

Essa é a logística do show.

O SR. PRESIDENTE: - E o senhor fazia eventualmente o processo

licitatório para a contratação de som, de palco, de iluminação?

O SR. APARECIDO SPARAPANI: - Não. Som e palco nós não mexíamos.

Isso era a empresa contratada do artista que cuidava dessa parte.

(...)

Sobre o show realizado para um determinado grupo de pessoas,

pertencente a um segmento religioso, entabularam-se os seguintes questionamentos:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Doutor Aparecido, o Doutor

Fernando na audiência passada nos relatou um patrocínio da Goiás

Turismo para um show realizado dentro de uma igreja. O senhor tem

notícia se esse fato ocorreu na época do senhor?

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O SR. APARECIDO SPARAPANI: - Olha, eu acredito que tenha sido na

minha época, mas eu me recordo também que esse show não foi

realizado em outro local em função do município não ter nenhum espaço

que pudesse atender às pessoas.

O show não foi exclusivo para o segmento daquela denominação

religiosa não, foi um show aberto à cidade, pois era a maior área que

tinha para atender esse evento. Eu me recordo que tinha alguma coisa

nesse sentido sim.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - É. A informação que ele nos

deu é que foi um show para a igreja, inclusive não houve uma divulgação

fora dos fiéis.

O SR. APARECIDO SPARAPANI: - Não.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Essa é a informação e ele

nos mandou, inclusive, em um CD esse processo. Foi na época da gestão

do senhor?

O SR. APARECIDO SPARAPANI: - Eu me recordo do fato e eu acredito

que foi, sim, na minha época.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Agora, a Goiás Turismo

pode patrocinar, promover shows em igreja?

O SR. APARECIDO SPARAPANI: - Não, para um determinado segmento

não. Ela pode até usar o espaço, o templo da igreja, enfim, sendo ali um

local aberto ao público.

O DEPUTADO HUMBERO AIDAR perguntou ao depoente sobre os

recursos encaminhados à Goiás Turismo, o elevado número de shows e se os

objetivos da Goiás Turismo se restringem à promoção de shows:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Doutor Aparecido, o único

recurso existente na Goiás Turismo são emendas parlamentares?

O SR. APARECIDO SPARAPANI: - É. Hoje a Goiás Turismo não tem um

recurso próprio para trabalhar. Nós temos, por exemplo, o programa dos

festivais gastronômicos, então, nós fazemos uma planilha, os orçamentos,

e solicitamos a liberação de recursos para aquelas atividades. Vamos

fazer uma divulgação do Estado de Goiás, enfim, na Abav, então, nós

solicitamos o recurso especificamente para participar daquele evento na

Abav.

É assim que a Goiás Turismo funcionava na minha época.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - O senhor acha que o número

de shows é muito grande?

O SR. APARECIDO SPARAPANI: - Sim.

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O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Haveria necessidade de

tantos shows?

O SR. APARECIDO SPARAPANI: - Na realidade, a carência de eventos

no interior, nos municípios, é muito grande. Então, o show não é apenas

um show, o show é justamente essa movimentação de pessoas, é levar

dinheiro para aquele município, é fazer com que as pessoas gastem no

comércio, restaurantes, bares, postos de gasolina, enfim, é fazer com que

o dinheiro gire e que atenda à necessidade daquela população em termos

de lazer, em termos de cultura, em termos de buscar o entretenimento.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Doutor Aparecido, eu falei

na reunião anterior que, desde que foi anunciada a CPI, muitos jovens

artistas nos procuraram dizendo que têm cartas marcadas na Goiás

Turismo, artistas sem expressão que realizam muitos shows. Como é que

esses jovens artistas conseguem fazer parte do quadro de artistas

contratados pela Goiás Turismo?

O SR. APARECIDO SPARAPANI: - Nós tivemos muitos que nos

procuraram para saber justamente como fazer. Eu falava: "Olha, o que

você tem que fazer é procurar o seu Deputado, o prefeito da sua região e

colocar o seu produto à disposição deles, porque a Goiás Turismo não

indica o artista. A Goiás Turismo recebe o pedido do município através

do prefeito, através do presidente da Câmara, do vereador." Então, não é

a Goiás Turismo que escolhe o artista.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - As emendas parlamentares

para a Goiás Turismo são apenas de Deputados Estaduais ou a Goiás

Turismo recebe emendas federais também para a realização de eventos?

O SR. APARECIDO SPARAPANI: - Não. Para efeito de shows é

estadual.

(...)

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Nós demos oportunidade

para o senhor no início, acabou que começamos a pergunta e o senhor

não teve oportunidade de responder. Dirigir a Goiás Turismo para ficar

lá gerenciando shows, o próprio Deputado Marquinho Palmerston que

também é do turismo, entende ser muito pouco. O que o senhor fez lá a

não ser a realização de shows e dos festivais gastronômicos? A Goiás

Turismo faz mais alguma coisa, ou se acabarem os shows pode fechar a

Goiás Turismo que não vai fazer falta aqui em Goiás?

O SR. APARECIDO SPARAPANI: - O objetivo da Goiás Turismo é

justamente trabalhar os destinos turísticos junto com as entidades locais,

buscar melhorar o destino turístico, buscar orientar a hotelaria, o trade

turístico do município para que possa receber bem o turista, procurar

divulgar esse destino turístico não apenas dentro do Estado, mas fora do

Estado, promover pesquisas de diversas áreas junto com alunos da UEG

para que possa saber mais detalhes à respeito do turista: de onde vem,

quantos dias vai ficar e quanto vai gastar? Tentar trazer para o Estado

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eventos importantes, principalmente para a Capital, utilizando o Centro

de Convenções, realizando congressos, feiras e eventos.

Então, esse é um trabalho da Goiás Turismo junto ao trade local e a

cada município. Fazer show era apenas outra vertente da Goiás Turismo,

é claro, dava bastante trabalho, mas não era só isso que a Goiás

Turismo fazia ou faz.

(...)

O SR. DEPUTADO MARQUINHO PALMERSTON: - Doutor Sparapani,

complementando o que o Deputado Humberto Aidar estava comentando

em relação à Goiás Turismo, se não houvesse mais shows, ela acabaria?

Hoje, se o senhor pudesse retornar à Goiás Turismo, o que o senhor

acha que poderia mudar ali dentro?

Tem alguma coisa que o senhor acha que na gestão passada não houve

tempo de ter feito pelo fato de ter saído? Porque o senhor podia estar

fazendo hoje em relação a Goiás Turismo, no contexto geral de

promoção de eventos, até mesmo a questão dos shows, acho que tem que

acabar na Goiás Turismo a realização de shows ou diminui-los.

O senhor faria alguma coisa diferente hoje se voltasse para a

presidência da Goiás Turismo?

O SR. APARECIDO SPARAPANI: - Olha, eu acredito que, se 30% da

verba de show viesse para a Goiás Turismo para trabalhar na

divulgação do turismo, no desenvolvimento dos municípios, na busca de

trazer eventos para o Estado, aí acredito que a Goiás Turismo teria uma

relevância bastante grande. Isso não significa também que não tem

importância o que é feito hoje, tem muita importância, justamente por

essa movimentação que envolve pessoas de recursos e contratação

temporária e tudo mais, que hoje é feito.

E claro, a Goiás Turismo tem muito mais a oferecer em termos de Estado

do que pode estar oferecendo hoje.

(...)

Sem dúvida alguma. Hoje eu teria maior facilidade em trazer um

Congresso Nacional de Medicina para Goiânia se tivesse como

patrocinar a vinda desse evento, simplesmente cedendo o Centro de

Convenções, se tivesse uma verba para bancar o Centro de Convenções

para trazer esse congresso.

Então, são atividades que são próprias do turismo, faz parte do turismo

trazer eventos para os municípios, mas turismo demanda recursos.

(...)

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Para terminar: em tudo o

que acontece, em todos os shows, a palavra final passa pelo crivo do

presidente? Ou há vários diretores, eles tomam as decisões e, por vezes,

as coisas acontecem sem que o presidente coloque lá a sua assinatura

final?

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O SR. APARECIDO SPARAPANI: - Não. O presidente da Goiás Turismo

é responsável por todos os atos da sua equipe. Independente de ficar

sabendo das coisas antes ou depois, ele assumiu o compromisso também

de delegar à sua equipe as responsabilidades de tomar decisões.

5.2.3. RICARDO DA SILVA – Ex-Diretor de Desenvolvimento da Goiás Turismo –

depoimento prestado em 30/8/2017:

Em suas considerações iniciais, em síntese, o ex-diretor de

Desenvolvimento da Goiás Turismo, RICARDO DA SILVA, assim falou:

O SR. RICARDO SILVA: - (...)

Como funciona o turismo? Bom, se você pegar um município turístico...

O que faz um município ser turístico? Primeira coisa, ele tem que ter

uma atratividade.  Você não pode querer comparar o município como –

sem desmerecer também – por exemplo, Bela Vista com Caldas Novas. A

aptidão de Bela Vista é outra. É leite, pecuária. A de Caldas Novas é

turismo. Assim como você não pode querer comparar turisticamente

Araguapaz com Aruanã. Aruanã tem o Rio Araguaia.

Então, a primeira coisa de um município para ser considerado turístico,

ele tem que ter aptidão crítica, por algum motivo ou por atrativo. Aí você

fala assim: "Mas não tem como uma equipe o tornar turístico?" Tem.

Nós temos exemplos no mundo. Por exemplo Las Vegas. Las Vegas não

era nada. Era uma cidade no deserto em que foi feito um

mega investimento e se tornou um destino turístico.

Tem outros exemplos também. Dubai é outro exemplo. Você pode

transformar algum lugar com a construção de um grande parque

aquático, às vezes, enfim. Mas a primeira coisa que você tem para

classificar um município como turístico é essa atratividade, tá?

Então um município, se tiver atratividade, é um município turístico? Está

pronto para o desenvolvimento turístico? Não. Você tem de fazer uma

série de ações para que ele se torne um município qualificado para

receber turistas. Então, dentro dessa ótica, você tem primeiro: o

município tem que ter atividade, qual quer que seja, ou água quente, ou

um rio bonito, ou uma serra, ou esportes radicais, enfim.

Depois, você tem que trabalhar a questão da infraestrutura turística.

Infraestrutura turística não é só pública, é privada também. Você tem

que ter boas rodovias, boa rodoviária, um centro de atendimento ao

turista para receber e dar informações.

Mas você tem que ter também hotéis bons, você tem que ter bons

restaurantes, porque senão o turista vai e fica decepcionado, e não volta.

Para ser mais sucinto um pouco, sem delongar, depois dessa parte em

que você tem infraestrutura turística, você tem que ter uma qualificação

da mão de obra local para receber esses turistas. Então você tem que

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pegar um cara que era pescador profissional e transformá-lo em guia de

pesca esportiva. E, para isso, você tem que qualificá-lo por meio de

cursos. Nós fizemos isso lá no Araguaia inclusive. Você tem que pegar as

pessoas que trabalham como guia na cidade e instruí-las, qualificá-las,

para levarem os turistas aos atrativos, saberem receber. Temos de dar

oportunidade de qualificação mesmo que não diretamente, mas buscando

junto ao SEBRAE cursos de qualificação para garçom, camareira,

copeiro, enfim, tem que qualificar toda mão-de-obra, incluindo até

taxistas.

(...)

Por fim, depois que se tem essa qualificação turística vem a parte de

formatação de produtos. O que é formatar produtos? Vocês estão

cansados de ver em anúncios na internet ou em sites, jornais, lojas, Foz

do Iguaçu, quatro dias, três noites, dez parcelas de 180 reais; Chapada

dos Veadeiros, hotel, tal, tal, isso chama-se formatação de produtos. O

último estágio que vem do desenvolvimento do turismo é a parte de

promoção. Aqui que está o show, o show está em promoção.

Mas, aí se fala, só o show? Não, os Festivais Gastronômicos, a

participação em feiras nacionais, internacionais, a própria propaganda.

Não sei se vocês se lembram dos 500 anos do Brasil, todos os dias na

abertura do "Jornal Nacional" aparecia, "Bahia, o Brasil começa aqui",

estavam fazendo promoção.

O que acontece quando se faz promoção, quando você atropela uma

dessas fases de um município turístico, não se consegue o resultado

esperado. Se você não qualificou, o cara fala mal quando volta. Se você

faz propaganda, darei um exemplo real, se você faz promoção de um

destino turístico como foi feito em Pirenópolis, com a realização da

novela que veio a Sandy, o que aconteceu? Gastamos um dinheiro para

receber a Rede Globo aqui porque teve a aplicação de recursos, com

certeza, para facilitar a vinda da novela para cá. Quem ganhou com isso,

por incrível que pareça, foi Ouro Preto e Parati. Como assim? O cara

chegava lá em São Paulo e falava, quero ir lá para Pirenópolis, a cidade

das cachoeiras, cidade histórica, cheia de cachoeiras, quero ir para lá. A

agência falava, para lá não tenho pacote, tenho cidade histórica com

cachoeira também, você quer ir para Ouro Preto? Eu tenho, cinco dias,

quatro noites, cinco parcelas de 280 reais. Por quê? Por que Pirenópolis

não tinha ainda produto turístico formatado. Entenderam?

Então, assim, já extrapolando além da pergunta, quis falar isso para

entender qual o conceito de tudo isso. Por isso que quando eu disse aqui

que eu era contra a realização dessa quantidade de shows é porque acho

que esse dinheiro teria sido melhor aproveitado se tivesse sido gasto com

essas etapas que estão faltando gastar.

Por exemplo, em Aruanã, a infraestrutura está beleza, estradas boas,

rodoviária bacana, tem bons hotéis, já fizemos a qualificação dos guias,

a transformação deles em guias de pesca esportiva, estão altamente

qualificados, por sinal. Precisa-se fazer ainda um trabalho nos bares e

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restaurantes para depois passarmos para outras etapas, formatar o

produto e colocar na prateleira. Hoje, se o cara chegar numa agência em

São Paulo, Deputado, e falar que quer ir para o Araguaia pescar, vão

falar, boa sorte, pegue um avião, lá você aluga um carro e vai. Então,

falta muito pouco para estarmos na prateleira e comercializar o nosso

produto.

Sobre a definição da contratação de determinados artistas, as

empresas interpostas e a comprovação dos valores de cachê, foram feitas as

seguintes indagações:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Ricardo, na sua época –

você ficou um bom tempo lá –, como é que se dava a escolha dos artistas

que iam fazer shows? Porque a gente percebe quando você busca os

contratos, nós temos aqui centenas deles, tem muitos artistas que não são

conhecidos. E esse discurso de que é conhecido regionalmente não nos

convence, até porque nós também somos da área, conhecemos um pouco

dessa área, como o senhor. Nessa área de música estou há 40 anos.

Como é que se dá a escolha desse pessoal que canta?

(...)

O SR. RICARDO SILVA: - (...)

O que acontece em relação ao reconhecimento público? É impossível

para um órgão como a Goiás Turismo conhecer todos os artistas que

existem. Existe uma regionalidade, principalmente na música sertaneja,

muito grande de artistas. Vocês estão vendo aí Maiara e Maraisa, é isso?

Maiara e Maraisa estão fazendo sucesso hoje. No Tocantins e no Mato

Grosso há 20 anos que elas fazem sucesso lá. E a gente nunca tinha

ouvido falar delas.

Então, existe, sim, essa regionalização de artistas, de reconhecimento em

algumas regiões, e em outras não.

Então, as vezes eu conheço certos artistas que você não conhece, mesmo

a gente morando na mesma cidade, até por gosto musical. Por exemplo,

você citou aqui na oitiva passada, Yamandu Costa. Eu já trouxe

Yamandu Costa cinco vezes. Tanto como Governo, tanto como privado.

Eu sou dono de um Festival de Jazz aqui em Goiânia hoje. Yamandu é o

maior violonista do mundo na atualidade. É o maior do mundo. Garanto

que pouca gente aqui nessa sala conhece. Meu amigo pessoal, inclusive.

Um cara que é respeitado em qualquer lugar do planeta. Faz fila para

vê-lo. E um monte de gente não o conhece. Eu, particularmente, odeio

música sertaneja, detesto. E sou goiano, mas detesto.

Então, eu conheço muito menos do que 90% das pessoas que devem estar

nesta sala, que devem conhecer mais do que eu de música sertaneja, de

quem é quem, de quem está fazendo sucesso, quem não está, né?!

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Agora, no caso da legalidade, no caso de como chegava lá na Goiás

Turismo, eu nunca escolhi um show, e ninguém da Goiás Turismo

escolhia show. Os shows chegavam lá escolhidos.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Quem é que escolhe?

O SR. RICARDO SILVA: - Deputado, eu não posso te afirmar quem é

que escolhe, mas normalmente e teoricamente se a emenda é

Parlamentar e o Deputado chega lá junto com o Prefeito indicando o

show tal, para ser executado, ou foi o Deputado ou foi o Prefeito. Porque

eu não escolhi.

Os meus técnicos, que trabalharam comigo – eu falo meus técnicos,

mesmo que não tenha sido eu que os nomeei, não fui eu que escolhi; você

sabe como funciona, não é assim -, eu posso afirmar que eles também

não escolheram. Talvez pudessem até ter sugerido, se fossem

perguntados, não posso garantir. O meu jurídico – o Fábio era o meu

jurídico na época, trabalhava no jurídico da Goiás Turismo – também

não indicava. Cabia a nós, simplesmente, fazer com que a instrução

processual fosse bem feita a ponto de ter legalidade da contratação.

E, já adentrando em outros assuntos, Deputado Humberto e Presidente,

eu posso afirmar para vocês que, dentro da Goiás Turismo, a gente fez

tudo que podia ser feito – na minha época lá, obviamente – para que os

processos tivessem a legalidade exigida. Então, assim, eu trabalhei muito

com o Fábio em relação a isso porque eu era "obrigado" a assinar o

processo, mesmo eu não concordando, não discordando da legalidade,

mas não concordando da prioridade em se fazer shows em detrimento de

outras ações – eu tinha que apor a minha assinatura lá porque faz parte

da minha diretoria, promoção faz parte da minha diretoria.

(...)

Eu nunca vi uma emenda de Deputado para fazer um Centro de

Atendimento ao Turista. Para fazer show tem muitas, entendeu? Eu

nunca vi uma emenda de Deputado para qualificar mão de obra em

município. Eu nunca vi uma emenda de Deputado para formatar produto.

Eu nunca vi uma emenda de Deputado para fazer ação de promoção fora

do Estado, participação em feiras. Eu nunca vi. Cem por cento (100%)

das emendas são para shows.

Então, naquela época, ainda tinha, mas depois, a grande praxe virou de

chegar emenda parlamentar para realização de show. Entendeu? Agora,

eu posso garantir pra vocês que no período em que estive lá, nós fizemos

tudo que era possível para dificultar o máximo possível ter qualquer tipo

de desvio de recurso e de favorecimento.

Dentro da Goiás Turismo eu posso te afirmar isso Deputado. Então, o

que a gente fez. A gente foi apertando o cerco de todas as formas. Eu vou

até ajudar a adiantar o trabalho de vocês.

Quando a gente pediu lá vocês precisam ter a comprovação de valor de

cachê, três notas fiscais, ou três contratos registrados em cartório. Logo

na primeira semana começou a aparecer contrato registrado em cartório

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ontem. Opa vamos mexer na portaria. Três contratos registrados em

cartório, antes da realização do evento, porque se não é muito fácil, você

escreve um contrato, escreve aqui e escreve aqui vou ali no cartório e

registro e pronto. Não. Tinha que ter lá antes do evento.

A gente exigia, em termos de constatação de preço, três notas fiscais no

período de seis meses. Antigamente, era um ano. O Ministério fazia pelo

prazo de um ano e a gente passou para seis meses para dificultar mais

ainda, até porque show muda de preço. Se você for fazer Mayara e

Maraysa hoje custa R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) o show delas.

Se você for fazer daqui um ano, talvez custe R$ 200.000,00 (duzentos mil

reais). Depende. Quando você está no topo é muito alto. Então, é muito

volátil o mercado.

Outra coisa. A gente começou a pedir três notas fiscais correto? Então, o

senhor é empresário de um artista e chega lá e me leva três notas fiscais

de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais). Correto? Ou leva uma de 60, outra

de 80 e uma de 100. Vamos fazer um balizamento médio, um preço médio

e tal.

(...)

Quanto aos recursos orçamentários remetidos à Goiás Turismo,

perguntou-se:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Ricardo, hoje, se acabarem

as emendas para shows, a Goiás Turismo fica sem o que fazer? Não tem

recurso para fazer?

O SR. RICARDO SILVA: - Tem pouco.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Não é que não tenha nada

para fazer, estou dizendo com relação a recursos. Ela dá conta de

sobreviver?

O SR. RICARDO SILVA: - A Goiás Turismo não tem fonte

arrecadadora, ela não arrecada. A Goiás Turismo tinha como única

fonte de receita o aluguel do Centro de Convenções. Essa é uma das

fontes de receita que, mesmo assim, cai na Secretaria da Fazenda, é

vinculado, depois tem de devolver e tal, mas não volta. Volta, não porque

a gente quer, volta porque tem que fazer isso, tem que fazer isso, tem que

fazer isso. Funciona mais ou menos assim.

Hoje, a Goiás Turismo tem muita coisa para fazer. Agora, não tem

recurso orçamentário destinado para isso, certo? Eu, que sou um cara

apaixonado por turismo, sou super apaixonado por turismo, eu trabalho

com turismo, até coloco a título de sugestão, vocês poderiam colocar no

orçamento. Não são vocês que votam o orçamento? Vocês não fazem

emenda ao orçamento do Estado? O orçamento do Estado não tem que

passar por aqui? Vocês não fazem emendas?

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Então, coloca o dinheiro no lugar certo. Engessa ele, põe lá, tem que ter.

Não precisa muito não, não precisa de muito. Põe lá R$ 500.000,00

(quinhentos mil reais) para qualificação por ano; põe R$ 2.000.000,00

(dois milhões de reais) para promoção, nada de show, promoção mesmo,

participação em feira, entendeu? Coloca lá mais R$ 500.000,00

(quinhentos mil reais) para formatação de produto, vocês vão ver que

tem muito serviço para fazer e que vai aparecer o serviço.

(...)

O DEPUTADO MARQUINHO PALMERSTON, com a oportunidade

de realizar as indagações, questionou a respeito da ocorrência de cobrança de

ingressos nos shows e a fiscalização, por parte da Goiás Turismo, da

execução/realização dos eventos:

O SR. DEPUTADO MARQUINHO PALMERSTON: - Doutor Ricardo,

têm algumas documentações na CPI, acredito que até no próprio

Tribunal de Contas do Estado, quando houve aquela investigação inicial

na qual a Goiás Turismo promoveu um show para uma cidade e alguns

shows foram cobrados ingressos. O senhor tem conhecimento disso

quando foi gestor da Goiás Turismo? Isso acontecia?

O SR. RICARDO SILVA: - Dessa forma não. Eu me lembro de um caso,

se não me engano, não sei se foi em Itaberaí, da pessoa fazer um evento e

na hora abrir a portaria, único caso que eu me lembro, desconheço de

cobrar, porque era uma determinação que não tivesse cobrança de

ingresso.

A Goiás Turismo nunca possuiu carro e pessoal suficiente para ir. Para

você ter uma ideia, no carnaval já aconteceu em torno de 140 shows

espalhados pelo Estado de Goiás, nesse especificamente, dos 140, eu

lembro que nós criamos uma força-tarefa e mandamos uma equipe para

cada região, pelo menos por amostra simples, de fazer pelo menos três,

quatro municípios, cada dia em um; uma dia fazia Araguapaz, no outro

dia, era Aruanã e outro dia Mozarlândia; outro fazia Cavalcante, Alto

Paraíso e Teresina; o outro fazia Jataí, Rio Verde e Mineiros, porque

tínhamos medo de ser cobrados por omissão de fiscalização.

Agora, como você faz isso sem carro, sem pessoal, sem dinheiro para

pagar diária, inclusive para viabilizar a realização dos shows e o

atendimento do pleito dos Deputados e dos prefeitos? Exigíamos que a

prefeitura pagasse as despesas de hospedagem e alimentação do pessoal

envolvido porque não tínhamos dinheiro para ir, e colocamos isso como

condição. E as prefeituras topavam e pagavam o hotel e a alimentação

para os nossos servidores irem lá fiscalizar, com medo que a

gente tivesse sido omisso de não ir lá. Nos casos que não era possível, se

tivesse juiz na comarca, a gente pedia uma declaração do Juiz sobre o

que aconteceu, do Chefe do Comando da Polícia, enfim, para nos calçar

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da responsabilidade de fiscalização, porque é impossível fazer

fiscalização se você não tem carro, não tem gasolina e não tem diária.

(...)

Nada mais justo que se pegasse um percentual de todas as emendas e se

revertesse para a manutenção da Goiás Turismo. Aí beleza, aí é bacana,

porque você pode contratar gente, pode ter carro para fiscalizar, porque

aí eu posso te garantir, por exemplo, que em nenhum desses shows teve

cobrança de ingresso, porque eu estive lá.

Agora, como vou afirmar que o cara lá não resolveu cobrar ingresso

depois das onze horas da noite? Não tenho como saber, entendeu? O

Estado é enorme, muitas coisas acontecem.

Como Diretor de Desenvolvimento, vocês não tinham ideia do tanto de

coisas que eu tinha que fazer. Show, para mim, era problema. O

problema não era ter que trabalhar mais, mas largar coisas com maior

prioridade para cuidar de coisas nas quais eu não via tanta necessidade.

Você deixar de ir a Brasília, deixar de captar um recurso para um

projeto grande, para realização de um evento sensacional, porque havia

vários shows acontecendo em Goiânia ou em municípios que não têm

nem aptidão turística. Isso está errado, ué.

Foi abordada, também, a questão da realização de um show,

promovido pela Goiás Turismo, dentro de um templo religioso:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - (...)

Foi na época do senhor que aconteceu - como nos disse o Dr. Fernando -

um show dentro de uma igreja, da Assembleia de Deus.

O SR. RICARDO SILVA: - Sim, foi à época em que estive lá.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - E pode?

O SR. RICARDO SILVA: Depende, depende. Se for um show fechado à

comunidade evangélica, no caso presente a Assembleia de Deus, não

pode, mas se for um show aberto... Eu tenho vários casos de shows

realizados dentro de igrejas. Se você for à Cidade de Goiás, por

exemplo, no FICA, há inúmeras apresentações dentro de igrejas, de

violoncelo, piano ou um coral com tenor. Há vários casos como este.

O que não pode é configurar ligação com a entidade religiosa. Eu

confesso para você, Deputado, que desconheço como foi realmente

realizado lá, mas o que se alega é que foi um evento aberto à

comunidade. Não era uma coisa fechada, não era um culto evangélico de

promoção de credo A ou B. Se foi ou não num local bom de se fazer um

show, não vejo problema.

Como eu disse, por exemplo, esse da cidade de Goiás, se não me engano,

teve um festival gastronômico que nós fizemos também, mas com ampla

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divulgação, com carro de som, tudo e tal. A igreja é um lugar muito bom

para se cantar. Então, fazer um concerto de ópera com um tenor, com

uma solista, com um só violoncelo não é preciso nem colocar

sonorização dentro da igreja. A própria acústica da igreja ajuda na

apresentação. Não sei se foi o caso lá.

(...)

Em relação aos motivos que justificavam a realização dos

eventos promovidos pela Goiás Turismo e ao custo-benefício, foram as elucidações:

O SR. RICARDO SILVA: - Bom, eu, como técnico em turismo, sou

radicalmente contra. Sou a favor de realização de show quando o motivo

justifique a sua realização. Por exemplo, eventos como o Canto da

Primavera, Festivais Gastronômicos, Tempo em Catalão, Rally dos

Sertões, ter atrações musicais é de suma importância para o sucesso do

evento e para que ele tenha a repercussão turística.

Agora, fazer... Gente, tenho todo o respeito pelos municípios, vou citá-los

aleatoriamente, não tenho nada contra nenhum. Mas fazer o aniversário

de Nazário, a padroeira de Brazabrantes, não dá... Quer fazer, vá fazer

na temporada turística em Aruanã, em Luís Alves, vá fazer na Chapada

dos Veadeiros, no período de baixa ocupação, principalmente.

Eu, por exemplo, no Araguaia, o Prefeito Hermano, que é meu amigo,

Prefeito de Aruanã, eu tive embates antológicos com ele, por divergência

de opinião, porque ele quer fazer os shows em julho. Eu falei: no mês de

julho a cidade está cheia, Prefeito. Vamos fazer em janeiro, em março,

em setembro. Vamos acabar com a sazonalidade. Não. Ele quer fazer no

mês de julho, quando está cheia a cidade.

Então, se você direcionar para festivais, para eventos de bons nomes, em

períodos de baixa ocupação, isso seria o ideal. Por exemplo, você vai

fazer show na Chapada dos Veadeiros, por que fazer em julho que está

lotado? Faz um evento bacana em junho ou em agosto, é um período sem

chuva e que a ocupação não é tão alta quanto julho. Acho que se

pensassem melhor em como gastar o dinheiro e como fazer, seria bem

mais produtivo. Da mesma forma, acho que Brazabrantes merece

recursos, mas coloquem emenda para outras coisas, coloquem emenda

que eles precisam mais. Eu garanto que eles precisam de muito mais de

uma carteira escolar, de ambulância, de livros, de uniformes...

Vocês podem pensar assim: mas você defendia em seus relatórios a

realização. Legalmente e financeiramente é interessante para o

município fazer. Ele traz retorno financeiro sim. Ele movimenta a cadeia

produtiva inteira da cidade. Quando se faz um show em Araguapaz a

população de Mozarlândia e de Aruanã se desloca para lá. O pipoqueiro

vende muito, o hotel lota, o bar vende muito mais espetinhos, vende mais

cerveja. Enfim, você mexe com a economia da cidade inteira.

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Agora, é um dia. É muito volátil para uma coisa que você pega cem mil

reais e gasta numa coisa que fica para a cidade o ano inteiro. Por

exemplo, com cem mil reais deve comprar umas trezentas carteiras

novas, de escola. Quantos anos essas carteiras vão ficar lá? Cinco, oito.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - O custo-benefício de show

nessas cidades então é muito pequeno?

O SR. RICARDO SILVA: - Para esse tipo de comemoração eu não

colocaria. Se eu fosse Prefeito, e o dinheiro fosse meu, eu não gastaria

lá. Se eu pudesse escolher, eu gastaria em outro lugar.  Se eu fosse

Prefeito de uma cidade pequena, e o Deputado chegasse para mim e

falasse: “Vamos fazer um show aí, e tal…”, eu falaria: “Não. Vamos

fazer o seguinte, pegue esse dinheiro aí e vamos comprar carteiras.”. Eu

faria.  Agora, os motivos que levam Deputado a colocar e Prefeito a

querer eu não sei. Eu não posso afirmar. Eu seria leviano se eu acusasse.

(...)

5.2.4. ALESSANDRO ALVES LOBO GUERRA – Representante da Wolf Music –

depoimento prestado em 20/9/2017:

Indagado pelo Relator da CPI, DEPUTADO HUMBERTO AIDAR, o

depoente informou que a Wolf Music foi criada em 2011 ou 2012, em sociedade dele e

de seu parceiro César, com quem forma uma dupla – César e Alessandro, que tem 20

anos de carreira, e que eram administrados por outra empresa com a qual rescindiram o

contrato e, após, criaram a Wolf Music. Disse que, a partir de 2012, aproximadamente,

fazem shows por meio da Goiás Turismo. Respondeu, também, ter participação

societária somente com a Wolf Music, que realiza shows pela Goiás Turismo.

Além disso, respondeu que a Wolf Music foi criada, especificamente,

para a dupla César e Alessandro e que não receberam os shows réveillon de Montividiu,

e de Guaraíta, realizados em 2015, pela Goiás Turismo.

O Relator da CPI indagou, ainda, sobre a média do valor por show

da dupla:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Qual era a média do valor

por show da sua dupla, Alessandro? Porque temos notado em alguns

contratos que a mesma dupla ou o mesmo cantor – isso sem contar datas

que, normalmente, os artistas têm um preço majorado, que é caso de

carnaval ou réveillon - mas nos outros meses, uma diferença de preços

muito grande.

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Ontem mesmo, ao olhar e analisar alguns processos, com a diferença de

quinze dias, uma dupla fez um show em São Luís e em outra cidade,

distante uns 100 km, e cobrou cinquenta mil reais a mais. Ou seja, nos

causa estranheza. Mas qual é a média de cachês cobrados pela sua

dupla? Tem essa disparidade? Às vezes, faz lá em Inhumas e o preço é

um; faz em outra cidade e o preço é outro? O senhor poderia nos

explicar como é que se dá?

O SR. ALESSANDRO ALVES LOBO GUERRA:- Claro. Normalmente,

Deputado, a gente que mexe com show business, além da dupla César e

Alessandro, recentemente, eu também trabalho com mais outros artistas,

dos quais eu faço a gestão empresarial deles. Realmente, existe uma

grande disparidade de preços mesmo, ainda mais no momento de crise

que nós estamos passando. Nós temos, muitas vezes, que cumprir meta,

agenda, às vezes a gente está no roteiro e você não vai gastar no

quilômetro rodado, você encaixa datas, você faz um valor diferenciado...

Para a Goiás Turismo a gente normalmente cobra um pouco mais caro

mesmo. Porque, realmente, é um serviço de excelência que você tem que

prestar, eles são muitos exigentes e muito profissionais no sentido de

cobrar o serviço prestado; eles vão lá ver se foi feito o show; eles tiram

fotos; eles comprovam de todas as maneiras que você fez o evento.

E, além de tudo, a gente tem um grande entrave no recebimento. Não se

recebe tão rápido assim. Então, normalmente, se você vende um show de

quarenta mil reais ou cinquenta mil reais, você tem que colocar um

sobrepreço aí justamente porque o prazo de recebimento é mais

comprido; você não recebe no prazo e sua empresa descapitaliza; você

paga o imposto; se você não der conta de pagar o imposto, você tem que

pagar os juros e a multa que o Governo te cobra.

Isso tudo, no final das contas, você tem que fazer conta, porque, senão,

você não fecha as contas.

Sobre a quantidade de shows a partir de 2013, o depoente assim

respondeu:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Só retomando aquela

pergunta: a sua dupla desta empresa fez quantos shows, em média,

nesses anos de 2013 até agora?

O SR. ALESSANDRO ALVES LOBO GUERRA: - Hoje, eu tentei levantar

pela prefeitura, pelas notas fiscais, mas eu não dei conta porque estava

fora do ar e eu fui convocado ontem. Não deu tempo de levantar esses

números. Mas eu acredito que uma média de quinze shows, de doze a

quinze shows. Eu posso estar enganado, mas eu acredito que é por volta

desse número.

O SR. PRESIDENTE: - Esses doze ou quinze shows, seriam por ano?

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O SR. ALESSANDRO ALVES LOBO GUERRA: - Não, durante esses

cinco anos que vocês estão falando. Quatro anos, mais ou menos.

O Deputado GUSTAVO SEBBA perguntou ao depoente se a Wolf

Music chegou a firmar contrato com outras entidades particulares ou públicas,

que não fossem a Goiás Turismo:

O SR. DEPUTADO:- Durante esse período, a Wolf, ela também chegou a

fazer contratos com outras entidades particulares, ou mesmo públicas,

que não fossem a Goiás Turismo, ou não?

O SR. ALESSANDRO ALVES LOBO GUERRA:- Sim, com prefeituras,

contratos com exposições de agropecuária, festas de Interior. A gente, na

verdade, até evitava fechar show com a Goiás Turismo. A gente não

queria fazer show pela Goiás Turismo porque, justamente, tem essa

dificuldade de recebimento, tem um processo mais complicado de

documentação.

Quando você vai fazer um pela Goiás Turismo, você joga numa quinta-

feira ou quarta-feira, porque é uma data que não é "premium", que a

gente fala. E a gente prefere os shows que têm liquidez.

O Deputado Relator perguntou também quem indica a dupla para

fazer shows:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Alessandro, no caso

especifico da sua dupla, quem é que buscou a dupla para fazer esses

shows, a própria Goiás Turismo, são prefeitos que indicam,

Governador?

O SR. ALESSANDRO ALVES LOBO GUERRA: - Normalmente existem

três tipos de contratação: a privada, a prefeitura (município) e a

estadual, e também a quarta, que é a do Ministério do Turismo. É trâmite

normal, toda dupla, todo artista, todo produto, se cadastrar no

Ministério do Turismo. Na Goiás Turismo aqui em Goiás, lá no

Tocantins é outro órgão. A gente cadastra as bandas para que a gente

sirva o nosso produto às entidades públicas, também é um trâmite

normal do escritório. E, normalmente, quem contrata são os

atravessadores que a gente fala. São as pessoas que ganham uma

comissão para tentar vender o seu produto.

Funciona assim: pode ser o dono de um show, pode ser uma pessoa que é

vendedora de shows. Normalmente é um vendedor de show, existem

pessoas que vivem disso. Então, a gente é convidada através de

intermediários, muitas vezes.

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Foi questionado, outrossim, sobre eventual pedido de vantagem

financeira sobre os shows:

O SR. PRESIDENTE: - Até para que possa ilustrar mais a situação, até

para que possa também ajudar os Deputados que vão me suceder, eu

faço a seguinte pergunta: nessa convivência de contratos com a Goiás

Turismo, em alguma época, seja qual época for, o senhor esteve

operando e trabalhando pela Goiás Turismo? Ou seja, fazendo seus

eventos, shows, alguma vez, seja quem for do Governo do Estado ou

mesmo da Assembleia Legislativa. Alguém de dentro da Goiás Turismo

ou mesmo Deputado, ou mesmo auxiliares do Governo fizeram algum

pedido de vantagem financeira vantajosa em cima desses shows?

O SR. ALESSANDRO ALVES LOBO GUERRA: - Não. Muito pelo

contrário. A Goiás Turismo, quando eu prestei serviços para eles lá, eu

achei, até então, muito séria a proposta do pessoal. Pelo menos com a

minha empresa, com a minha dupla, não tive proposta alguma de

Deputado, de Assembleia. De quem mais o senhor falou? Goiás

Turismo?

O Relator da CPI perguntou ainda sobre eventual monopólio da

Goiás Turismo na contratação de shows:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- Alessandro, ontem, como

relator, eu fui procurado por um grupo de cinco pessoas dizendo que

eram cinco empresas que realizam shows. Vieram dizer estarem

satisfeitos com a CPI para dar um breque nos shows da Goiás Turismo.

Eu indaguei: "ora, mas se vocês não são parte interessada, porque estão

a favor de dar um breque nos shows?".

Eu gostaria de perguntar sobre a colocação, Cláudio, que essas

empresas me fizeram ontem. É que, devido ao número exagerado de

shows realizados pela Goiás Turismo, empresas estariam tendo prejuízo

porque não conseguem vender shows a não ser através da Goiás

Turismo. Essas empresas diziam: "olha, isso acaba nos prejudicando

porque nós fazíamos shows diretamente com os prefeitos, com as

cidades, e hoje ou você faz show com a Goiás Turismo ou você está fora

do mercado". Isso procede, Alessandro? O número grande de shows

realizado pela Goiás Turismo?

O SR. ALESSANDRO ALVES LOBO GUERRA: - Como empresário eu

vejo o seguinte: o mercado está um pouco monopolizado mesmo, mas eu

vejo também por causa da crise. As prefeituras não têm dinheiro, os

contratantes, as pessoas antigamente investiam, compravam o seu show

numa garantia, porque a gente faz muito show de garantia. O que é isso,

Deputado? Vamos supor que eu vá fazer um show numa cidade chamada

Pires do Rio. Um contratante local aproveita aquele momento em que a

música está tocando e faz uma garantia de R$ 20.000,00 (vinte mil

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reais). Só que são R$ 20.000,00 (vinte mil reais) de garantia para a

gente, os próximos R$ 20.000,00 (vinte mil reais) são do promoter ou da

pessoa que está realizando o evento, e o que passar divide a bilheteria

50% a 50%, ou depende da negociação, tipo 70%, 30%.

Esse tipo de evento diminuiu muito. As pessoas hoje não estão dando

bilheteria, a crise afetou muito o nosso mercado, atrapalhou

demais. Hoje, a pessoa que ia a um show, deixa para ir a um show só,

que é o da Villa Mix, e naqueles pequenos ela economiza.

Então, as médias e as pequenas bandas foram diretamente prejudicadas,

além de que as certidões negativas das prefeituras normalmente não

saem, então, você não tem como prestar serviço para eles.

E show a gente coloca como supérfluo na cadeia. É lazer e tudo, mas no

meio de uma crise dessas acaba se tornando supérfluo. Assim, acaba

indo para um órgão de maior dinheiro, que seria a Goiás Turismo ou o

Ministério do Turismo. Dessa forma a gente acaba que monopoliza pela

necessidade do clima, não por maldade. Eu não vejo maldade nisso, eu

acho que é por causa da situação do momento.

O Deputado Lívio Luciano perguntou sobre a estrutura dos shows

oferecida pela Goiás Turismo:

O SR. DEPUTADO LÍVIO LUCIANO:- Alessandro, os shows que você

realizou pela Goiás Turismo, a estrutura, o palco, o som e a iluminação

foram sempre realizados pela mesma empresa, o mesmo pessoal ou em

cada evento era um? E que nível de equipamentos de estrutura era

utilizado?

O SR. ALESSANDRO ALVES LOBO GUERRA:- Normalmente, quando

se fazia pela Goiás Turismo, o nível era de excelência, sons muito bons,

estrutura muito boa, assessoria de camarim, assessoria de van, a gente

sempre pedia e era requisitado certinho. Nisso eles trabalham com

qualidade e diferentes, não tem uma monopolização de som, são

diferentes. Pegávamos equipes diferentes de som.

Questionou, outrossim, sobre a demora no pagamento pela Goiás

Turismo:

O SR. DEPUTADO LÍVIO LUCIANO:- Você falou desse plus que seria

comum utilizar em shows da Goiás Turismo, até em função do não

conhecimento, da data de recebimento que poderia demorar. Vocês

definiam um custo do show considerando essas variáveis que você falou:

localização que você está, o show seria no percurso, etc., data, dia da

semana, levando em conta essas variáveis, vocês definiam um percentual

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para colocar sobre esse preço exatamente porque não sabia quando iria

receber, seria mais ou menos isso?

O SR. ALESSANDRO ALVES LOBO GUERRA:- Nós preferimos

trabalhar com coisas que têm mais liquidez, porque precisamos manter a

máquina funcionando, mantendo marketing, mantendo empresa,

mantendo os funcionários, é uma empresa normal.

Fazer show pela Goiás Turismo é uma grande caixa preta, você não

recebe nada, você fica cinco, seis, meses, dois anos. No réveillon de

2015, em Montividiu, foram R$ 60.000,00 (sessenta mil reais), não recebi

até hoje. Se for por na conta é prejuízo. Então, dificulta vender pela

Goiás Turismo, nossa agenda é quando não tem opção, então, vai

sabendo que vai descapitalizar a empresa porque você vai ter que

bancar. Um custo operacional de um show desses, Senhor Deputado,

varia de quinze a trinta mil reais, porque depende de logística, estrutura,

cenário, iluminação, equipe técnica qualificada. Então, se você for

colocar um custo de quinze a trinta mil reais por evento, mais transporte,

a planilha é muito cara, e você tem que embutir aí o valor de marketing

que você gasta, os funcionários que você mantém.

Então, um show de sessenta mil reais, às vezes, pode parecer que é

muito, no final sobram quinze, vinte mil reais para poder colocar na

máquina para tentar sobreviver a empresa.

O Deputado Humberto Aidar perguntou se o depoente tinha

consciência de que muitas empresas que fazem show hoje pela Goiás Turismo, já

recebem na semana seguinte:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- Só complementando o seu

questionamento.

Alessandro, o senhor disse que não recebeu o réveillon de 2015, o senhor

tem consciência de que têm muitas empresas que fazem o show hoje e já

recebem na semana seguinte? Porque o senhor traz uma informação que

nos faz acreditar que a Goiás Turismo escolhe, não sei por qual

influência, a quem pagar, Deputado Lívio Luciano.

Porque isso nos causa certa estranheza: uma dupla faz um show no

Réveillon de 2015 e lá se vão quase dois anos sem ainda ter recebido por

isso. Esse é um questionamento que certamente faremos aqui quando o

presidente aqui estiver.

O SR. ALESSANDRO ALVES LOBO GUERRA: Sim, mas eu também

coloco aqui um pouco de travamento da minha empresa, porque tive um

problema de imposto. Não consegui emitir certidão negativa e, portanto,

não conseguiu-se reempenhar isso.

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Então, assim, não coloco a culpa na Goiás Turismo, porque eu nem sei

se eles fazem isso, porque não posso ser injusto de prejudicá-los porque

a minha empresa também estava travada.

O Relator da CPI perguntou ao depoente sobre a entrega de

documentos para contratar com a Goiás Turismo:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Para se realizar o evento

entendemos que a documentação da empresa tem de ser entregue antes

da formalização do processo. A Goiás Turismo pede, no mínimo, quinze

dias anteriores à realização do show, pois uma portaria existente proíbe,

quinze, vinte dias antes. A pergunta é: em algum show realizado por

vocês, por um motivo ou outro, vocês chegaram a entregar a

documentação após a realização do evento, ou seja, vem aqui faz o show

e depois a gente formaliza para ver como vai pagar?

O SR. ALESSANDRO ALVES LOBO GUERRA: - Não. Nisso eles são

muito exigentes. Normalmente, quinze, vinte dias antes o contrato já é

feito e sai o empenho. Pelo menos com a minha dupla sempre foi antes.

O Presidente da CPI perguntou ao depoente se ele tinha conhecimento

de uma proposta da Goiás Turismo de pagar aqueles que tivessem valores a

receber com 25% de desconto:

O SR. PRESIDENTE: - Antes, gostaria de dizer que chegou uma

informação nesta Presidência de que foi formalizado um documento,

dentro do Governo do Estado, dizendo que aqueles que têm contas a

receber teriam que dar um desconto, parece-me que até de 25%. Parece

que formalizaram esse documento. O senhor tomou conhecimento disso?

O SR. ALESSANDRO ALVES LOBO GUERRA: - Tomei, mas não fiz o

acordo.

O SR. PRESIDENTE: - Sim. E eu pergunto ao senhor: quem levou essa

informação ao senhor, ou seja, quem procurou o senhor para fazer esse

acordo? Foi alguém da Goiás Turismo?

O SR. ALESSANDRO ALVES LOBO GUERRA: - Não sei responder. Meu

funcionário me falou dessa possibilidade. Tenho que perguntar isso para

ele.

O SR. PRESIDENTE: - O senhor achou melhor não dar o desconto?

O SR. ALESSANDRO ALVES LOBO GUERRA: - Se eu der o desconto

levo prejuízo.

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O Presidente perguntou ao depoente sobre anulação de empenho:

O SR. PRESIDENTE:- Só um minutinho. Doutor, responde para

mim, por gentileza, no microfone, para ficar registrado. A pergunta foi...

O técnico está perguntando para o senhor o seguinte: ao anular o

empenho o senhor tomou conhecimento? Foi levado ao conhecimento do

senhor que iria ser anulado o empenho?

O SR. ALESSANDRO ALVES LOBO GUERRA: - Não fui informado.

5.2.5. EUDES LUCIO DE OLIVEIRA – Representante da Fábrica de Shows

Produções e Eventos – depoimento prestado em 20/9/2017:

Sendo questionado pelo Relator da CPI, DEPUTADO HUMBERTO

AIDAR, o depoente respondeu que a empresa Fábrica de Shows Produções e Eventos

atua no mercado de representação artística desde 2011, e que não é sócio de outra

empresa. Respondeu, outrossim, que referida empresa, em 2013 e 2014, contratou com

a Goiás Turismo para a realização dos shows de Erich Lins e Rio Negro e Solimões.

Respondeu, também, que o cachê cobrado por Erich Lins, atualmente, é de 60 mil reais.

Respondeu, ainda, ter contratado um show com Rio Negro e

Solimões, pela Goiás Turismo, com o valor de 128 mil reais. Além disso, informou que

a Fábrica de Shows, além de contratar com a Goiás Turismo, contratou com prefeitura,

sindicato e promoter.

O Deputado Relator perguntou, outrossim, se o depoente cobrava um

preço diferenciado da Goiás Turismo, tendo em vista a dificuldade para receber, e

se ele tinha deixado de receber pela realização de algum show:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- A empresa do senhor quando

é contratada pela Goiás Turismo, normalmente, pela dificuldade em

receber, pelo tempo que transcorre, cobra um preço diferenciado, um

preço mais caro do que um show para um particular, por exemplo?

O SR. EUDES LUCIO DE OLIVEIRA: - Não.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- É o mesmo preço?

O SR. EUDES LUCIO DE OLIVEIRA: - Sim, o mesmo valor.

O SR. EUDES LUCIO DE OLIVEIRA: - Por algum desses shows o

senhor deixou de receber?

O SR. EUDES LUCIO DE OLIVEIRA: - Sim, por um deles.

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O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- De que ano?

O SR. EUDES LUCIO DE OLIVEIRA: - Em 2016.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- Qual era o valor e qual era o

artista?

O SR. EUDES LUCIO DE OLIVEIRA: - Eram sessenta mil, pelo show

de Erich Lins.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- De que mês? De 2016? Tem

um ano então.

O SR. EUDES LUCIO DE OLIVEIRA: - Isso.

Questionou, além disso, se o depoente havia sido chamado pela

Goiás Turismo para fazer algum acordo de tirar 25% para poder receber:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- O senhor foi chamado pela

Goiás Turismo para fazer algum acordo de tirar 25% para poder

receber?

O SR. EUDES LUCIO DE OLIVEIRA: - Sim.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- Quem fez esse chamamento?

O SR. EUDES LUCIO DE OLIVEIRA: - Foram comentários entre

amigos, que ouviram falar da adesão, e a gente foi atrás pra procurar

saber.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- E o senhor topou esse

acordo para receber?

(...)

O SR. EUDES LUCIO DE OLIVEIRA: - Sim, é porque eu recebi por

alguns shows, e não consigo me recordar se algum deles foi pago com

esse desconto.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- O que quero perguntar ao

senhor é o seguinte: eles propuseram ao senhor 25% em algum show que

o senhor ainda não recebeu. Correto?

O SR. EUDES LUCIO DE OLIVEIRA: - Não, dentre os que ainda não

foram pagos, não.

O Deputado Relator perguntou, outrossim, se há diferença de cachê

entre um show pago pela Goiás Turismo ou um show particular:

O SR. PRESIDENTE:- Um show hoje pela Goiás Turismo e um show

particular, que o senhor vai fazer para um sindicato ou para um

promoter, há diferença de cachê?

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O SR. EUDES LUCIO DE OLIVEIRA: - Não.

O SR. PRESIDENTE:- O mesmo preço cobrado da Goiás Turismo é

cobrado...

O SR. EUDES LUCIO DE OLIVEIRA: - É o mesmo preço.

O SR. PRESIDENTE: - Então, se o senhor levar, por exemplo, Erich Lins

para cantar lá, por exemplo, por bilheteria, o preço que o senhor vai

pagar por esse Erich Lins é o mesmo preço cobrado da Goiás Turismo?

O SR. EUDES LUCIO DE OLIVEIRA: - Se for combinado um valor de

cachê, sim, o mesmo valor.

Perguntou, ainda, sobre uma publicação no Diário Oficial em que o

mesmo evento, realizado por intermédio da Fábrica de Show, teve diferença de

preço entre um Município e outro:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Nós verificamos no “Diário

Oficial” que o senhor já fez um show com a banda “Fogo de Saia” em

Goiatuba, em 2014.

O SR. EUDES LUCIO DE OLIVEIRA: - Não me recordo.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - A Fábrica de Show, o senhor

se recorda de qual o cachê que cobrava em 2014?

O SR. EUDES LUCIO DE OLIVEIRA: - Não.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Bem, lá em Goiatuba, o

senhor se recorda se foram cinquenta mil o show?

O SR. EUDES LUCIO DE OLIVEIRA: - Não me recordo.

(...)

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Sim. Nós temos aqui o

mesmo show da Fábrica de Show: vinte e três mil em um município; em

outro, cinquenta mil. Por que há essa diferença tão grande, Eudes?

O SR. EUDES LUCIO DE OLIVEIRA: - Isso vai muito da logística, onde

o artista está, se para ele vir de uma cidade para outra, o transporte,

o cenário, o painel de LED, movie, aumenta muita coisa.

O SR. PRESIDENTE: - Então o senhor está me dizendo o seguinte, que

essa banda “Fogo de Saia” é do Estado da Bahia?

O SR. EUDES LUCIO DE OLIVEIRA: - Ela é da Bahia.

(...)

O SR. PRESIDENTE: - Aqui diz o seguinte, que essa banda “Fogo de

Saia”, da Bahia, cantou no Estado de Sergipe, no Município de Rosário,

e cobrou vinte e três mil reais. Isso ocorreu em 31 de Maio de 2016.

Certo? E, em Goiatuba, dois anos antes - sendo que se presume que vão

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aumentando os valores porque há inflação - foi cantado em Goiatuba por

cinquenta mil reais pela Goiás Turismo. Ou seja, Mais do que o dobro.

Não é? Quer dizer, em Goiatuba foram cinquenta e em Sergipe foram

vinte e três. Em Goiatuba foi em 2014, e agora, em Sergipe - num

período bem mais atual - foram vinte e três, menos da metade. O senhor

pode esclarecer por que isso? Nessa banda “Fogo de Saia” eu nunca

tinha ouvido falar. A não ser que em 2014 ela fazia mais

sucesso do que em 2016.  Não sei.

O SR. EUDES LUCIO DE OLIVEIRA: - É uma banda muito boa. Ainda

mais por aquela região lá, faz muito sucesso.

O SR. PRESIDENTE: - E por que para lá é mais barato daqui para cá?

O SR. EUDES LUCIO DE OLIVEIRA: - É a logística, “né”. É o caso

que eu falei da logística. Lá o transporte deles é menos. Para cá às vezes

tem aérea, tem hotel, que é mais caro, alimentação, então, é uma série de

coisas que só faz acrescentar ao cachê do artista.

O SR. PRESIDENTE: - Mas essa banda é conhecida na Região Nordeste.

Aqui, na Região Centro-Oeste, ela é conhecida para justificar os

cinquenta mil reais?

O SR. EUDES LUCIO DE OLIVEIRA: - Doutor, eu acho que sim. Eu

conheço a banda, é uma banda muito boa, estrutura muito grande, então,

para mim, sim. Por isso foi que fizemos uma parceria para trabalhar com

eles aqui.

O Deputado Lívio Luciano perguntou ao depoente se o seu

faturamento maior, nos últimos anos, pelo menos em tese, era ligado à Goiás

Turismo:

O SR. DEPUTADO LÍVIO LUCIANO: - Mas o seu faturamento maior,

pelo menos em tese, é ligado à Goiás Turismo nos últimos anos?

O SR. EUDES LUCIO DE OLIVEIRA: - Não. Eu trabalho diretamente

com prefeituras, diretamente com sindicatos.

Sobre realização de licitação da estrutura de palco, o mesmo

Deputado perguntou:

O SR. DEPUTADO LÍVIO LUCIANO: - Como é que eles te contratam,

na questão da estrutura de palco, iluminação? Foi feita uma licitação?

O SR. EUDES LUCIO DE OLIVEIRA: - É. As prefeituras fazem uma

licitação.

O SR. DEPUTADO LÍVIO LUCIANO: - Mas no caso da Goiás Turismo,

você é licitado?

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O SR. EUDES LUCIO DE OLIVEIRA: - Não, para a Goiás Turismo eu

só prestei serviço de show.

O SR. DEPUTADO LÍVIO LUCIANO: - Só de show?

O SR. EUDES LUCIO DE OLIVEIRA: - Nunca fiz estrutura para eles.

O SR. DEPUTADO LÍVIO LUCIANO: - E quem fazia estrutura para

eles? Eram os mesmos sempre?

O SR. EUDES LUCIO DE OLIVEIRA: - Não, aí tem outros que fazem.

Eu não tenho conhecimento, exatamente, de quem faz estrutura.

O SR. DEPUTADO LÍVIO LUCIANO: - E você faz show, incluindo

também a estrutura no pacote?

O SR. EUDES LUCIO DE OLIVEIRA: - Faço, se o contratante quiser e

falar: "Eu quero o show e quero a estrutura, palco, som, iluminação e

gerador", a gente faz. Só que aí a contratação do show é feita de um

jeito, e o palco, som e iluminação vai para a parte de licitação.

O SR. DEPUTADO LÍVIO LUCIANO: - Para a Goiás Turismo você já

fez esses trabalhos duplamente?

O SR. EUDES LUCIO DE OLIVEIRA: - Não, nunca fiz estrutura para a

Goiás Turismo.

5.2.6. WESLEY BRUNO VIEIRA – Representante da Circuito Show Produções e

Eventos – depoimento prestado em 21/9/2017:

Sendo questionado pelo Relator da CPI, Deputado Humberto Aidar, o

depoente respondeu que acredita atuar na empresa Circuito Shows, com a Goiás

Turismo, no início de 2013, e que seu contato com a autarquia se dava pelo fato de

trabalhar por vinte anos no meio artístico, e ir sempre às cidades fazer contatos e

amigos. Ainda, muitas prefeituras necessitam de recursos para realizar os eventos e foi

assim que começou o trabalho com a Goiás Turismo, procurando e oferecendo artistas,

trabalhando no interior, com as Secretarias de Turismo dos Municípios, até mesmo com

os sindicatos ou com os prefeitos das cidades que não tinham condições de bancar, dos

seus cofres, os eventos.

Respondeu, ainda, ter exclusividade com a Banda 4, com o cantor

Victor Marinho e com a dupla Edy Britto e Samuel.

O Relator da CPI questionou o depoente se a Goiás Turismo lhe

propôs algum acordo de tirar 25% para receber:

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O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - O senhor foi chamado para

fazer um acordo de tirar 25% para receber, tipo assim, a Goiás Turismo

propôs ao senhor esse acordo?

O SR. WESLEY BRUNO VIEIRA: - Sim, propôs. Alguns eu tive a

necessidade de fazer, porque, veja bem, quando a gente realiza um

determinado evento, existe um custo. Você tem que bancar muitas vezes

isso, porque você sabe que o dinheiro da Goiás não sai nem uma

semana, nem um dia antes, nem um dia depois. Você tem para receber, e

sabe-se lá quando vai receber, mas recebe. Então, o que acontece? Nós

tivemos que, em alguns determinados shows, aderir a esse propósito,

porque eu estava recebendo muita pressão de fornecedores, artistas…

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Dos artistas?

O SR. WESLEY BRUNO VIEIRA: - Isso, artistas. Tem toda uma estrutura

que você faz, porque, quando a gente vai realizar um evento, muitas

vezes, o pessoal fala: “Mas o show do fulano é isso aqui? Cento e

cinquenta mil, duzentos mil.” Mas ninguém vê o que é realmente

o backstage da situação. Porque hoje, para você deslocar um artista,

vamos dizer… Vou dar um exemplo dos meus, de quem eu tenho

representatividade. Hoje você vai deslocar Edy Britto e Samuel para uma

cidade, você tem custo de ônibus, você tem 25 pessoas na equipe, que

trabalham, músicos, equipe técnica, balé, cenário, luz.

Então, assim, você tem que pagar esse custo porque o músico, quem está

trabalhando para você no evento, não está preocupado se o seu dinheiro

vai sair daqui a seis meses ou um ano. Ele prestou serviço e, na segunda-

feira, ele me liga. Ele quer receber.

O Deputado Relator perguntou sobre o que incluía o valor

contratado:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Nesse valor contratado

exclui-se a questão do som, palco…

O SR. WESLEY BRUNO VIEIRA: - É. Não. Estrutura é uma coisa. Palco,

som e luz… Quando a gente fala luz… O “palco, som e luz” vai deixar

uma luz básica disponível para o artista. Entendeu? O artista que chegar

vai usar se ele quiser. Ou ele já traz a dele e complementa. Estrutura é

licitada. Você tem que licitar estrutura. É completamente diferente.

Quando eu falo “estrutura de show” é a estrutura do artista, do show do

artista. O artista… Hoje vemos equipes aí, como Fernando e Sorocaba,

Gustavo Lima, que andam com dois ônibus, carretas, com cinquenta

pessoas trabalhando. São custos.

Essa é a estrutura do show, a estrutura do artista. A estrutura de evento é

uma coisa, estrutura disponível, palco, som, luz, banheiro químico,

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gerador, fechamento, é uma coisa, isso você licita. Agora, por exemplo,

estrutura do show do artista, do espetáculo do artista, é outra.

Hoje em dia, o artista tem seu ego. Ele quer um palco todo cheio de

cenário, de produção. Então, é custo para ele.

O Deputado Relator questionou sobre a diferença de preços:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Hoje se eu quisesse

contratar com você, ainda representa o Edy Britto e Samuel?

O SR. WESLEY BRUNO VIEIRA: - Sim.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Quanto custaria este show

particular?

O SR. WESLEY BRUNO VIEIRA: - Particular, dependeria muito do

evento que você vai fazer. Existe um teto, a pedida base do show do Edy

Britto e Samuel. Só que precisamos ver vários fatores. De repente, você

quer trazê-los para cantar em sua fazenda, em seu aniversário, eu não

posso chegar para você e falar que vou lhe cobrar o mesmo valor que

cobraria em Tocantins, em Minas Gerais, numa exposição agropecuária

que seja. Existe um parâmetro.

Hoje, para a maioria dos artistas, existe um pré-list quando vamos

contratá-los. Nós, artistas, pedimos assim: que evento é? Que tipo de

evento é? Quantas mil pessoas? É particular? É bilheteria? Qual a

distância da cidade? Quantas horas de show? Entenderam? Existe uma

diferenciação. Você preencheu este pré-requisito, aí vamos começar a

falar a questão de valores. Agora, estou falando em questão de você,

particular. Particular, tudo é uma coisa, dependendo…

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Eu estou entendendo a sua

lógica, mas tem um preço mais ou menos aí. Se for meu aniversário ou se

for bilheteria, eu não vou pagar bilheteria, quero é contratar, e se for lá

na Fazenda do Cláudio Meirelles, porque eu não tenho, mas, aqui, por

aqui.

O SR. WESLEY BRUNO VIEIRA: - Hoje o teto base, a pedida do Edy

Britto e Samuel é de noventa mil reais. É claro que é como lhe falei,

existem fatores que nos levarão a um denominador comum. Mas, hoje, a

pedida é esta.

O Presidente da CPI, Deputado Cláudio Meirelles, também

questionou sobre a diferença de preços:

O SR. PRESIDENTE: - Senhor Wesley, o que nos deixa sem entender é

porque em um evento privado os cantores custam menos, o custo é

menor, por exemplo, este cantor aí cobra noventa mil, porque para a

Goiás Turismo é noventa mil, e para uma casa de shows ou mesmo para

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um evento particular, mesmo que seja de praça pública, de forma

fechada, como existem esses promoters que fazem as festas, ele vai por

quase a metade do preço?

O SR. WESLEY: - O que acontece, a pedida do show para sua festa

privada, para a Goiás Turismo ou para qualquer boate vai sair dos

noventa mil. Se vamos fechar nos noventa mil, existem todos os fatores de

que lhe falei. Entendeu? Não é porque o show dele vai valer menos para

você, uma pessoa privada. A pedida será esta.

Agora, existem negociações. Você negocia com o particular que quer

contratá-lo. Você negocia com o promoter. Você, muitas vezes, faz

bilheteria da casa.

Geralmente, quando a gente faz muitos shows em outros Estados, hoje,

atualmente, com a crise pela qual estamos passando, os

promoters propõem: "Vou te dar quarenta mil de garantia e cinquenta,

sessenta, setenta por cento da bilheteria". Entendeu?

Então, o artista, o que ele faz? Ele está parado. A agenda caiu. Ele

acaba topando. Ele vai fornecer, por exemplo, só a garantia do artista. O

artista vai por cinquenta mil reais (R$50.000,00) e cinquenta por cento

(50%) da bilheteria. Cinquenta por cento do artista e cinquenta por

cento do contratante. Então, existe esse fator também.

O Presidente da CPI também perguntou sobre a questão de

negociação de preços:

O SR. PRESIDENTE:- Senhor Wesley, o senhor me disse aqui que no

caso de um promoter que vai fazer a festa existe negociação. A pedida

nesse exemplo é de noventa mil reais. O senhor quer dizer assim também

que na Goiás Turismo não existe esse tipo de negociação, não existe um

interlocutor da Goiás Turismo, um Procurador da Goiás Turismo para

tentar baixar esse preço?

O SR. WESLEY BRUNO VIEIRA:- Olha, existe e muito bem assegurado,

porque você hoje para provar uma notoriedade dentro da Goiás

Turismo, existe uma série de fatores e documentos. Você tem que provar

que o cantor vale aquilo. Então, não é simplesmente chegar e falar: "Ah,

a Goiás Turismo não negociou com você". Não. Ela exige a

documentação, das notas, a maior, para chegar a um preço médio.

Então, o que acontece? Hoje, para você fazer um cadastro notarial na

Goiás, você tem que ir lá fornecer, três, quatro notas com valor

semelhante ao praticado no mercado. Você tem que fornecer três ou

quatro contratos também com valor de comercial de mercado. Você tem

que provar a notoriedade da sua existência, fotos de jornais, programas

de televisão, uma série de fatores e coisas.

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Eu acho que por aí, dentro dessa, como se diz assim, dessa forma que

eles têm de analisar se realmente o artista vale aquilo que está chegando

lá para ser empenhado é porque o artista está trabalhando nesse valor.

Porque, de uns dois anos para cá, a Goiás Turismo, mesmo com todos os

problemas que tem de pagamento, hoje não é qualquer artista que chega

lá e faz show. Se você não tiver com a sua documentação, se a empresa

não tiver documentação, não tiver certidão, se não tiver tudo em dia, o

jurídico não passa, não faz. Essa é a negociação da Goiás Turismo para

com as empresas.

O Deputado Relator perguntou ao depoente sobre o preço contratado

para apresentação dos artistas Marcos Mafra e Vítor Marinho:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- O Marcos Mafra é um artista

que o senhor representa, não é?

O SR. WESLEY BRUNO VIEIRA:- Representei.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- Representou? O senhor sabe

me informar em que ano, por exemplo, o Marcos Mafra começou a fazer

sucesso para ter um cachê de setenta mil reais, contratado junto à Goiás

Turismo? O senhor poderia falar um pouquinho?

O SR. WESLEY BRUNO VIEIRA:- Olha, como hoje eu não tenho

representatividade dele e trabalhei com ele alguns anos… O Marcos

Mafra teve uma ascensão. Ele foi documentando, foi gravando sucessos

com artistas renomados, foi publicando notoriedades em jornais, revistas

e televisão, e chegou ao patamar do preço dele.

Hoje, eu não sei como está a carreira dele, mas na minha época eu posso

dizer isso.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- Na sua época, o senhor

realizou shows do Marcos Mafra a setenta mil reais? O senhor se lembra

desse preço?

O SR. WESLEY BRUNO VIEIRA:- Isso mesmo, recordo.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- O Vitor Marinho, também,

quando o senhor o representou, era um cantor de sucesso? Eu estou

perguntando, porque nós estamos falando aqui não é de mil reais, ainda

mais numa crise. Quando a gente fala em quarenta mil reais

(R$40.000,00), setenta mil reais (R$70.000,00) ou noventa mil reais

(R$90.000,00), são preços consideráveis. Não é qualquer artista que,

hoje, tem um cachê desses.

No caso específico do Vitor Marinho, o senhor o representa ainda?

O SR. WESLEY BRUNO VIEIRA:- Represento ainda.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- Hoje, qual é o cachê do Vitor

Marinho?

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O SR. WESLEY BRUNO VIEIRA:- Hoje, na verdade, o Vitor Marinho

encerrou a carreira dele solo. Hoje, ele virou uma dupla com o Neto,

Vitor e Neto, que a gente vai manter e continuar com a exclusividade.

Inclusive, ele foi o ganhador dos novos talentos da "TV Anhanguera",

não sei se os senhores acompanharam. Ou seja, uma notoriedade

grande, maior ainda, que vai fazer com que, futuramente, ele possa até

chegar a melhores valores.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- Mas hoje gira em torno de

quanto?

O SR. WESLEY BRUNO VIEIRA:- Hoje está em torno de quarenta mil

reais (R$40,000,00) o show do Vitor Marinho. Procede o que o senhor

disse.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- Quarenta mil reais

(R$40.000,00).

O SR. WESLEY BRUNO VIEIRA:- O Vitor Marinho esteve no exterior,

fez turnê nos Estados Unidos, turnê na Europa. Então, são nomes, muitas

vezes, que, para quem está de fora, são nomes desconhecidos. O pessoal

vira e fala assim: "Nossa, mas esse 'fulano' vale isso?", mas não

acompanha a carreira do artista desde o início, o que já fez, por onde

passou. Então, são vários fatores, Deputado, que, chega no final das

contas, vale os quarenta mil (R$40.000,00).

Aí você vai falar: "Mas quarenta mil (R$40.000,00) para um artista?", aí

a gente vai entrar naquele mesmo assunto. O artista tem um custo, o

artista tem isso e aquilo tudo que nós já falamos. Eu tenho locomoção,

ônibus, cenário, músicos… Então, acaba que quando a gente vai pôr na

ponta da caneta, ainda tem a nossa parte de empresário que, dependendo

do show que você vende, você ganha ali 10%, 8%, 5%, o que você

negociou com o artista. Então, assim, quando você vai colocar tudo isso

na ponta da caneta e fazer o líquido do negócio, acaba que sobra pouca

coisa para o artista.

O Deputado Relator perguntou se o depoente já teve de dar algum

agrado para algum agente público:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- Wesley, em uma das suas

respostas, você disse que ao procurar os prefeitos, a grande maioria das

prefeituras não tem recurso para bancar um show e diz: "Olha, procura

alguém aí, procura um Deputado, procura a Goiás Turismo, enfim, a

cidade está aqui à disposição, mas nós não temos condições". Incluindo

Deputado, agente público, funcionários da Goiás Turismo, o senhor já

teve que dar algum agrado para algum agente público?

O SR. WESLEY BRUNO VIEIRA: - Não. Desconheço essa prática. Pelo

menos com a Circuito Shows, graças a Deus, eu nunca ofereci e nunca

fui procurado a respeito.

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O SR. PRESIDENTE: - Senhor Wesley, essa pergunta é muito importante

para nós. Em outras palavras, se algum agente público, seja ele

funcionário público, diretores da Goiás Turismo, do Poder Legislativo,

vereadores, Deputados, executivos, secretários, Governador, alguma vez

chegou ao senhor para pedir qualquer tipo de vantagem?

O SR. WESLEY BRUNO VIEIRA: - Não, nunca.

O SR. PRESIDENTE: - Principalmente financeira?

O SR. WESLEY BRUNO VIEIRA: - Não, nunca tive esse tipo de

indagação para com a Circuito.

Sobre a ordem cronológica de pagamentos por parte da Goiás

Turismo, o assunto foi assim abordado:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- Wesley, você deve ter

conhecimento, e talvez até com a sua empresa mesmo, de que tem um

show que você fez lá em 2016, em janeiro, pelo qual você ainda não

recebeu; faz outro show em julho e, antes que seja pago o de janeiro,

você recebe por este último; uma outra empresa faz um show em

dezembro e já recebeu. Dessa forma, qual é a explicação que a Goiás

Turismo dá a vocês, empresários?

Por exemplo, eles dizem: "Vou pagar esse show agora, mas vamos

deixando em aberto aquele lá do ano passado"? Digo isso, senhor,

porque, no Poder Público, há de se ter uma ordem cronológica de

pagamento. Qual é a justificativa que o financeiro dá a vocês?

O SR. WESLEY BRUNO VIEIRA:- Eu presumo e creio que a ordem

cronológica das minhas pendências foram respeitadas. Agora, se

passaram na minha frente, não sei lhe informar. Mas, como eu sempre

ligava, estava sempre atrás, a ordem cronológica dos meus pagamentos

foram respeitadas. Eu desconheço se alguém passou na frente.

5.2.7. IGOR ERNANI ALVES ANDRASCHK – Representante da ZRT3

Produções e Eventos – depoimento prestado em 21/9/2017:

Com a oportunidade de proceder aos questionamentos, o Relator da

CPI, DEPUTADO HUMBERTO AIDAR, perguntou ao depoente acerca do cachê

cobrado pela dupla Zé Ricardo e Thiago:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Hoje o cachê do Zé Ricardo

e do Thiago gira em torno de cem mil reais com show contratado pela

Goiás Turismo?

O SR. IGOR ERNANI ALVES ANDRASCHKO: - Pela Goiás Turismo

gira em torno de cem mil reais. Na realidade depende, porque os shows

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sertanejos têm um período de abril a setembro, que é um período de alta,

período das pecuárias, onde a procura é maior. Então, nesse período os

shows são comercializados por um valor mais caro. No período de

outubro a fevereiro, que é a época em que chove, em que a gente faz

show praticamente só em casa de show e boate, o valor do show diminui.

O Deputado Relator perguntou sobre o pagamento dos shows pela

Goiás Turismo:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Tem alguns desses, porque,

se a gente perceber aqui, 2013, a dupla fez sete shows; 2014, quatro

shows; 2016, quatro; são dezessete shows. Recebeu todos os shows ou

tem shows que a Goiás Turismo não pagou ainda?

O SR. IGOR ERNANI ALVES ANDRASCHKO: - Pela Zrt3 recebemos

apenas um show. Pela Talismã, eu não sei.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Fizeram quantos?

O SR. IGOR ERNANI ALVES ANDRASCHKO: - Dois em 2013 e quatro

em 2016. Os de 2013 recebemos também. Desculpe-me. E um de 2016.

Então, três shows de 2016 nós ainda não recebemos.

O Deputado Relator também questionou sobre a cobrança a maior

em razão do atraso do pagamento por parte da Goiás Turismo:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - (...)

Partindo dessa premissa, desse ponto de vista, que é quase uma

poupança, é normal cobrar o show com a Goiás Turismo mais caro do

que particular, onde você recebe e, às vezes, até antes de subir ao palco?

Porque o artista quando vai ficando mais conhecido, tem artista que não

sobe no palco se não recebe.

O SR. IGOR ERNANI ALVES ANDRASCHKO: - Sim.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Isso quando não faz parte da

bilheteria e tal. Por conta disso, o show com a Goiás Turismo é mais

caro?

O SR. IGOR ERNANI ALVES ANDRASCHKO: - Não. Creio que depende

do período, igual eu mencionei anteriormente. O período do show faz

com que ele seja mais caro ou mais barato pela procura do mercado.

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O Deputado Relator perguntou, além disso, se a empresa que o

depoente representa foi chamada para um acordo de dar desconto de 25% para poder

receber:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Desses trezentos mil reais

(R$300,000,00) – é uma pergunta que nós estamos fazendo para todos

aqui – a empresa foi chamada para um acordo de dar um desconto de

25% para poder receber?

O SR. IGOR ERNANI ALVES ANDRASCHKO:- Eu ouvi falar disso.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- Vocês firmaram esse acordo

ou não?

O SR. IGOR ERNANI ALVES ANDRASCHKO:- Nesses shows de 2013

que, até então, em 2017 nós não havíamos recebido, eu firmei esse

acordo para receber esses shows de 2013.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- De 2013?

O SR. IGOR ERNANI ALVES ANDRASCHKO:- Sim, 2013.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- Quatro anos sem receber?

O SR. IGOR ERNANI ALVES ANDRASCHKO:- Sim, os 25% de desconto

agilizaram para receber.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- E recebeu?

O SR. IGOR ERNANI ALVES ANDRASCHKO:- Sim.

O Deputado Relator perguntou ao depoente sobre a diferença de

preço pago pela Goiás Turismo e por particular:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- Igor, o que nos chamou

atenção – e, aí, a pergunta que a gente tem insistido em fazer aqui com

as empresas e com os artistas – é, se para a Goiás Turismo, o preço é

muito diferente? Por exemplo, nesse caso aqui, a dupla foi contratada

pela DPA Empreendimentos e Participações, e um cachê de trinta e sete

mil reais (R$37.00,00), isso em 2017. Ela vem fazendo shows desde 2013

com um cachê de cem mil reais (R$100.000,00). Por que essa…

O SR. IGOR ERNANI ALVES ANDRASCHKO:- Os shows de 2013 foram

cinquenta mil reais (R$50.000,00). Outro de cem (R$100.000,00).

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- Mas teve vários.

O SR. IGOR ERNANI ALVES ANDRASCHKO:- Nesse período, a dupla

emplacou hits nacionais e teve um valor agregado.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- Eu não estou contestando

essa informação, eu tenho acompanhado a dupla. Mas vários shows pela

Goiás Turismo, o cachê foi de cem mil reais (R$100.000,00). E no mês de

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junho de 2017, agora, a dupla faz um show de trinta e sete mil reais

(R$37.000,00). É isso que, talvez, tem causado estranheza na

investigação do Tribunal de Contas do Estado. É claro que, se a dupla

quiser fazer show de graça, ela faz. É problema dela.

O SR. IGOR ERNANI ALVES ANDRASCHKO:- Sim. No caso, quando

nós saímos da Talismã, em junho do ano passado, e passamos a

administrar o próprio negócio, nosso valor de mercado caiu muito

porque, antes, nós éramos vendidos pela Talismã, com um escritório de

expressividade nacional. Era muito mais fácil para eles venderem o

nosso produto.

Hoje, nós vendemos “nós mesmos”. Nós não somos de nenhum

escritório, abrimos o nosso próprio escritório, então o nosso valor

baixou muito esse ano. Nós não conseguimos vender pelo preço que a

Talismã vendia anteriormente.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- Qual é o…

O SR. IGOR ERNANI ALVES ANDRASCHKO:- Mas, mesmo assim,

algumas datas, por exemplo, Carnaval e Ano Novo, nós temos shows de

cento e quarenta mil reais (R$140.000,00), cento e trinta e cinco mil

reais (R$135.000,00).

O Presidente da CPI, DEPUTADO CLÁUDIO MEIRELLES, também

abordou a questão do preço cobrado pelos artistas:

O SR. PRESIDENTE: - Igor, boa tarde. Dando continuidade a essa

pergunta do Deputado Humberto, vocês hoje têm uma diferenciação

muito grande na contratação de um show particular do Zé Ricardo e

Thiago em relação a um show público? É sempre da Goiás Turismo?

Existe uma diferença, hoje, se eu for fazer um show do Zé Ricardo e

Thiago em um clube particular aqui em Goiânia: no Country; um show

lá no Jaó. Existe alguma diferença grande hoje pelo fato de ter essa

diferença de recebimento que é maior na Goiás Turismo?

Você citou exemplo de shows de 2013 que vocês não receberam. Quer

dizer, 14, 15, 16 e não sei quando é que você recebeu essa diferença. E

você fazer um show num lugar particular você tem que receber o cachê

até antes do show. Existe uma diferença na empresa dos shows

particulares para os shows feitos pela Goiás Turismo?

O SR. IGOR ERNANI ALVES ANDRASCHKO: -Não. Na verdade, existe

com relação ao deslocamento que você tem que fazer, a distância do

show. Como você comentou, o show em Goiânia é vendido bem mais

barato, porque o meu custo é bem mais barato. A nossa base é aqui.

Então, isso que é levado em consideração.

E outros fatores, como eu disse, o período do ano, o dia da semana, no

sábado é mais caro. E é isso que é levado em consideração.

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O Deputado Relator abordou a questão de eventual favorecimento de

empresas por parte da Goiás Turismo:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Eu só estou com dificuldade

de entender por que, quando a dupla era empresariada pela Talismã, ela

tinha maior facilidade de contratar com a Goiás Turismo. Porque o

Prefeito, por exemplo, lá de Inhumas, não quer saber se é a Talismã, se é

a AMR, se é a Music Show, ele quer lá o Zé Ricardo, a dupla.

Então, o que eu quero entender é que tem determinadas empresas que

têm um favorecimento, por mais que tenham aí um cast maior de artistas

a oferecer, mas me causa estranheza a diminuição do número de shows

realizados pela dupla com a Goiás Turismo quando ela deixa a Talismã.

É isso que eu estou tentando entender.

O SR. IGOR ERNANI ALVES ANDRASCHKO: - Eu não sei lhe

responder ao certo isso. Mas eu acredito que seja facilitado justamente

pelo cast de artistas que essas empresas grandes têm.

O Deputado Relator perguntou, outrossim, sobre a ordem

cronológica dos pagamentos:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Já aconteceu com a sua

empresa, na verdade; as perguntas que nós estamos fazendo aqui, boa

parte nós temos a resposta porque estamos com os documentos. Por

exemplo, o show realizado pela dupla no mês de fevereiro, não recebeu,

junho não recebeu, agosto recebeu. O que eu quero saber é se

já aconteceu com a empresa de vocês de receber um show mais recente

em detrimento de um mais antigo não ter recebido?

O SR. IGOR ERNANI ALVES ANDRASCHKO: - Sim, tanto é que eu não

me lembro das datas, mas acredito que eu recebi o show de 2016

primeiro que o de 2013.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- E qual é a explicação quando

vocês procuram lá?

O SR. IGOR ERNANI ALVES ANDRASCHKO: - Não tem explicação, eu

não sei como é feito.

5.2.8. ADELSON FRANCISCO MACIEL – Representante da Acar Produções e

Publicidade – depoimento prestado em 21/9/2017:

Questionado pelo Relator da CPI, Deputado Humberto Aidar, o

depoente informou que, em torno de 8 a 10 anos, atua no mercado de representações

artísticas e que, há aproximadamente 4 anos, não realiza shows pela Goiás Turismo.

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Informou, outrossim, sobre a quantidade de shows realizados com a Goiás Turismo, por

intermédio da Acar Produções e Publicidades:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Mesmo com dificuldades em

se lembrar, gostaria de saber do senhor quantos shows foram

realizados com a Goiás Turismo, de 2013 a 2014, pela Acar Produções e

Publicidades?

O SR. ADELSON FRANCISCO MACIEL: - Como eu disse

anteriormente, não sou muito bom de números, mas foram de sete a dez

shows.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Foram sete em 2013.

O SR. ADELSON FRANCISCO MACIEL: - Acredito que sim, Deputado.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Em 2014, treze. Totalizando

20 shows.

O SR. ADELSON FRANCISCO MACIEL: - É.

Foi questionado, também, o valor do show cobrado pelo artista

Alessandro Gomes:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Qual o valor do show do

Alessandro nessa época?

O SR. ADELSON FRANCISCO MACIEL: - Havia diferenciações, pois

dependia muito do material usado, do deslocamento, da distância, do

número de participantes, o que se montava em termos de impacto visual.

Os shows não tinham valores iguais.

Dependia da praça, do potencial da praça, de potencial de aceitação.

Não havia uma regra para os valores desses shows.

(...)

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Esses shows giravam em

torno de quarenta e cinco mil reais?

O SR. ADELSON FRANCISCO MACIEL: - Exatamente. Os shows feitos

em cidades de maior número, com o devido respeito às outras cidades,

mas que tinham uma aceitação melhor eram tachados mais ou menos

nesse patamar. Embora tenhamos realizado shows em cidades menores,

em que se usou menor estrutura, menor participação de profissionais,

nesses casos os shows ficavam mais baratos.

(...)

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Nessa época, como foi que

chegou a um cachê de quarenta e cinco mil? Naquela oportunidade, ele

tinha algum sucesso? Música estourada?

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O SR. ADELSON FRANCISCO MACIEL:- Sim. Tinha. Ele era um

artista, assim, em crescimento, em fase de ascensão. É um rapaz jovem.

Um rapaz que realmente trazia uma boa visibilidade. Ele tinha boa

presença de palco. Era um rapaz que, realmente, tinha sim, algum futuro.

Mas, nós – e vou falar um termo aqui que o senhor conhece muito bem,

Deputado – não tínhamos condições de fazer os tradicionais "jabás". O

senhor sabe muito bem do que estou falando.

O Deputado Relator perguntou sobre eventual existência de

proposta, por parte de algum agente público, para facilitar o recebimento ou a

realização de shows:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Por parte da Goiás Turismo,

de algum servidor, de algum agente público, para facilitar o recebimento

ou para facilitar a realização de shows, houve alguma proposta para a

empresa por parte de algum agente público?

O SR. ADELSON FRANCISCO MACIEL: - Deputado, posso afirmar

categoricamente que não. A Goiás Turismo, pelo menos com a minha

empresa, sempre nos tratou num nível de muito respeito, respeito mútuo.

É claro que eu chegava a fazer as minhas cobranças e tal, nunca elevei o

tom, sempre fui tratado com muito respeito pelos funcionários e nenhum

deles aventou a hipótese de extorsão, digamos assim, até porque eu não

consentiria.

O SR. PRESIDENTE: - Esta pergunta do Deputado Humberto Aidar é

muito importante, até mesmo porque é pauta de alguns itens da

investigação que a própria CPI está fazendo em parceria com o Tribunal

de Contas do Estado e com o Tribunal de Contas dos Municípios.

O SR. ADELSON FRANCISCO MACIEL: - Da minha empresa posso

afirmar, categoricamente, que nunca houve este tipo de atitude por parte

de nenhum funcionário da Goiás Turismo.

5.2.9. ARTHUR GUILHERME FERNANDES DUARTE – Representante da

Camargo e Cardoso Eventos Ambiental – depoimento prestado em 21/9/2017:

Questionado pelo Relator da CPI, DEPUTADO HUMBERTO

AIDAR, o depoente informou que a empresa Camargo e Cardoso atuou na contratação

de artista por 3 ou 4 anos. Informou, também, que o artista contratado fez em torno de 8

a 10 shows, entre 2013 e 2016.

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Afirmando o Deputado Relator ter a informação da realização de 17

shows, perguntou se ele tinha recebido pela realização, o que respondeu

afirmativamente, mas que com dificuldade, e que o valor dos shows era de 20 mil reais.

O Presidente da CPI perguntou sobre eventual pedido de vantagem

financeira por parte de algum agente público da Goiás

Turismo:

O SR. PRESIDENTE: - Uma pergunta.

Eu queria saber do senhor o seguinte: em algum momento quando o

senhor trabalhou como intermediário, e, enfim, junto a Goiás Turismo,

alguma vez, algum agente público, funcionário, Diretor da Goiás

Turismo, Parlamentar, secretário, Governador, pediu alguma vantagem

financeira em troca disso?

O SR. ARTHUR GUILHERME FERNANDES DUARTE: - Não. Jamais.

Nunca ocorreu isso, não.

O SR. PRESIDENTE: - Nem na Goiás Turismo?

O SR. ARTHUR GUILHERME FERNANDES DUARTE: - Não.

5.2.10. ROBSON ANTÔNIO DA SILVA – Representante da Brizza Produções

Culturais – depoimento prestado em 21/9/2017:

Questionado pelo Presidente da CPI, DEPUTADO CLÁUDIO

MEIRELLES, o depoente informou ter prestado serviços para a Goiás Turismo, mas

que isso não aconteceu em 2017. Informou, outrossim, ter aderido ao programa de

pagamento pelos shows com 25% de desconto. Informou, também, estar no ramo

artístico desde 1996, ser o dono da Banda Brizza e que trabalho com exclusividade não

é sua prioridade.

O Deputado Luís Cesar Bueno perguntou se o depoente tinha

conhecimento de eventuais shows contratados, recebidos e não realizados:

O SR. DEPUTADO LUIS CESAR BUENO:- (...)

Aí, o Governo Federal, através de ação da Polícia Federal, resolveu

cancelar todo o processo de contratação de shows pelo Ministério do

Turismo. A partir de então, a Goiás Turismo ganhou certa dimensão e

começaram a chegar aqui processos graves, inclusive de shows que não

ocorreram. O senhor tem notícia de shows contratados, recebidos e não

realizados?

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O SR. ROBSON ANTÔNIO DA SILVA: - De maneira alguma. Não tenho.

O Presidente da CPI perguntou ao depoente se existe diferença de

valores quando se canta para a Goiás Turismo e para um particular:

O SR. PRESIDENTE: - Sim. Mas dentro do órgão público? O senhor me

disse que o senhor cantava para as prefeituras e as procurava em datas

especiais, como aniversários da cidade, rodeios, sindicatos rurais. Pois

bem, há uma diferenciação? Porque, por exemplo, quando se canta para

a Goiás Turismo, o valor é um, mas quando se canta, por exemplo, para

um particular, um promoter de festa, que está fazendo uma festa - que,

por vezes, é até cobrada - o valor é outro.

Por que essas festas feitas para o particular custam um preço e as feitas

para o poder público custam outro preço, que chega a ser, às vezes, até o

dobro do valor? Em algum momento isso aconteceu com o senhor? E tem

como explicar isso?

O SR. ROBSON ANTÔNIO DA SILVA: - Eu vou responder por mim. Não

é que para a Goiás Turismo seja mais caro. No meu caso, eu não tenho

tantos shows, eu tenho uma banda. Não tenho um artista de renome

nacional que trabalhe com aparência, com televisão e tudo mais. Então,

não é que para a Goiás Turismo seja mais caro, mas temos a obrigação

de ter que trabalhar, de manter a qualidade, manter aquele elenco que

satisfaz o nosso contratante.

Com isso, acontece essa situação, porque tudo vai depender do tamanho

do evento, da distância, da logística. Como a Banda Brizza não tem

shows diariamente, tenho um sistema - porque todas as bandas têm isso:

quando a banda começa, ela é uma banda de baile, faz formaturas,

casamentos - em que coloco um grupinho, para diminuir o custo, para

que a gente possa manter a qualidade, porque na hora em que aparecer

um show grande, você está apto para fazê-lo com os mesmos músicos.

Então, no meu caso, esse é o tipo de variação que ocorre, porque eu não

posso ficar parado, tenho que manter a minha folha de pagamento,

porque o meu custo é alto.

Não é porque eu trabalho desde os sete anos de idade, eu venho ralando,

consegui comprar um ônibus para chegar aos eventos com uma

aparência, mas não é por isso que eu vou chegar ao evento e não vou

cobrar pelo deslocamento, por exemplo. Eu tenho o custo do quilômetro

rodado com ele. Ele é meu, mas eu tenho que embutir esse valor, porque

quem vai arcar com o pneu sou eu.

Então, existe essa variação, há vários fatores. O tamanho do elenco que

eu vou levar, a distância. Se eu for tocar em Gurupi, fechar um show em

Figueirópolis, é uma benção que cai do céu. Vou fazê-lo mais em conta,

para aproveitar a minha viagem. É assim que funciona.

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O SR. PRESIDENTE: - Por que o preço para o Poder Público é

diferente? Temos como mostrar isso nos autos. A Goiás Turismo é

um órgão público, e temos casos em que o valor cobrado foi três vezes

maior. Um cantor cobrou cinquenta mil reais para fazer seu show em

uma festa particular e para a Goiás Turismo cobrou cento e cinquenta

mil reais.

Em relação à sua empresa, suponhamos que há a mesma logística,

cidades semelhantes, a mesma distância... Sua empresa é de Goiânia?

O SR. ROBSON ANTÔNIO DA SILVA: - Ela é em Inhumas.

O SR. PRESIDENTE: - A cidade está a cem quilômetros de Inhumas,

financiado pela Goiás Turismo e a outra cidade está a cem quilômetros

de sua cidade, num evento particular, o preço é o mesmo?

O SR. ROBSON ANTÔNIO DA SILVA: - O preço é o mesmo. O pedido é

o mesmo. A variação é pouca. O preço da Banda Brizza é um só. Esse

que cobra três vezes mais eu não tenho conhecimento.

Perguntou também se o preço maior pago pela Goiás Turismo não

aconteceria em razão de morosidade no pagamento:

O SR. PRESIDENTE: - O senhor disse que, no final, pouca gente queria

tocar pela Goiás Turismo por causa da morosidade do pagamento. Não

seria esse o motivo de se aumentar o preço para a Goiás Turismo? Por

saber que poderia demorar um ano para receber, pois em uma festa

particular poderia receber no mesmo dia ou no dia seguinte? Essa

morosidade afeta na planilha de preço que a sua banda cobra ou não?

O SR. ROBSON ANTÔNIO DA SILVA: - Não. Porque você adapta a

situação. Sabe que não tem um prazo para receber. Como começou a

demorar muito, eu, como administrador - até os meus processos sou eu

quem monto, não gosto que ninguém monte para mim - fiz o que achei

viável: parei de tocar pela Goiás Turismo. Eu não tinha mais interesse.

Se voltar agora, e a gente souber que irão pagar pelo menos com

noventa a cem dias, talvez a gente volte.

O Presidente da CPI também perguntou sobre eventual pedido de

vantagem financeira para que tivesse acesso aos eventos:

O SR. PRESIDENTE: - Em algum momento, nesses anos de 2013 a

2016... Aqui, acusa que o senhor teve 25, 33 shows. Em algum momento

o senhor recebeu qualquer proposta, pedido de alguma vantagem

financeira de participação de algum servidor da Goiás Turismo, ou

Diretor da Goiás Turismo, ou Presidente da Goiás Turismo, ou

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Deputado, ou prefeito, ou Governador, para que o senhor tivesse acesso

a esses eventos?

O SR. ROBSON ANTÔNIO DA SILVA: - Nunca. Nunca. Nunca tive.

Tanto é que...

O SR. PRESIDENTE: - Nunca ninguém procurou o senhor pedindo

qualquer tipo de vantagem?

O SR. ROBSON ANTÔNIO DA SILVA: -Não. Não. De maneira alguma.

Muito pelo contrário. Eu que sempre pedi orientação para eu fazer da

maneira mais correta, mais prática, para eu poder ter conhecimento

para poder ajudar às pessoas que tinham interesse. Porque o interesse

também era meu. Eu que ia buscar orientação e tal. Sempre tive um bom

acesso, um bom relacionamento lá. Mas ajuda não tinha como, porque...

Não tem como.

O DEPUTADO LUÍS CESAR BUENO perguntou se o depoente

participava de algum processo de seleção de concorrência, na Goiás Turismo, ou se

apenas formalizava a proposta:

O SR. DEPUTADO LUIS CESAR BUENO: - O senhor participava de

algum processo de seleção de concorrência, pregão? Apenas formalizava

a proposta?

O SR. ROBSON ANTÔNIO DA SILVA: - Na Goiás Turismo?

O SR. DEPUTADO LUIS CESAR BUENO: - Sim. Na Goiás Turismo.

O SR. ROBSON ANTÔNIO DA SILVA: - Eu nunca participei de pregão

lá, não.

O Deputado Luís Cesar Bueno também perguntou há quanto tempo o

depoente não firmava contrato com a Goiás Turismo e sobre o prazo para

pagamento:

O SR. DEPUTADO LUIS CESAR BUENO: - Há quantos meses, anos, o

senhor não faz contrato com a Goiás Turismo?

SR. ROBSON ANTÔNIO DA SILVA: - Acho que o último que fiz com a

Banda Brizza foi em junho, festa de junho, São João da Paraúna. Em

junho agora fez um ano, mas não tenho certeza não.

O SR. DEPUTADO LUIS CESAR BUENO: - Quantos dias em média o

senhor leva para receber um show que o senhor faz pela Goiás Turismo?

O SR. ROBSON ANTÔNIO DA SILVA: - Foi como eu disse, no começo, o

que nos incentivou, eu sempre lutei demais, então, quando vemos a

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oportunidade, queremos aprender, quero entrar, trabalhar, e comecei até

pegando dinheiro emprestado para poder trabalhar para o Governo,

porque não aguentava mais ficar passando pela mão dos outros. Eu vou,

eu tenho a minha empresa, tenho a minha banda, vou trabalhar.

No começo dava em torno de 60 dias, fazia um pagamento, com 90 dias

fazia mais um. Agora, ultimamente, em dois anos recebi duas CMDF.

Então, não dá para falar em tempo estimado.

Não sei se só era comigo, mas eu nunca quis andar atrás de ninguém

para receber. Eu comecei a fazer correto, então, eu preferia esperar

chegar a minha vez.

5.2.11. HERICKSON CARDOSO ROSA – 2HC ROSA PROMOÇÕES

ARTÍSTICAS – depoimento prestado em 4/10/2017:

Questionado pelo Relator da CPI, DEPUTADO HUMBERTO

AIDAR, o depoente informou que sua empresa atua somente com a dupla Guilherme e

Santiago, e que começaram a realizar shows com a Goiás Turismo aproximadamente

em 2012 ou 2013.

O Relator da CPI abordou a questão da variação de preços e do

prazo para recebimento:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Guilherme, nas empresas

que estamos ouvindo acaba que as perguntas se repetem, num caso ou

outro, numa questão específica de shows, mas acho que o senhor vai

poder, na sua explanação, clarear bem aqui esta questão.

Quando comparamos com os preços cobrados dos shows em

determinadas situações, não falo no caso específico de vocês, mas,

percebe-se que tem um show que é pago, hipoteticamente, cem mil pela

Goiás Turismo, e quando fazemos busca em shows particulares, o mesmo

show custa 40 mil. A própria Goiás Turismo, às vezes, contrata um show

por 60, daqui a pouco em outra cidade está por cem mil.

Primeiro, para fazer show para o Estado – vocês fazem show no Brasil

todo – normalmente o preço é majorado, até pela dificuldade em

receber? Por exemplo, uma dupla como a de vocês, que é uma dupla de

muito sucesso, tem dificuldade em receber da Goiás Turismo?

O SR. HERICKSON CARDOSO ROSA: - Bastante. Devo ter mais ou

menos dez shows para receber, no momento. Sendo um de 2015 e os

demais de 2016. Mas essa nem é a questão, porque eu estava

comentando com um colega de vocês ali que fazemos show para o Estado

de Goiás pelo amor que temos pelo Estado.

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Além de fazer shows em rodeios, as festas particulares que existem no

Estado, quando é para atender ao Estado, ao Governo do Estado, eu

atendo melhor ainda, pois são pessoas que conheço, assim como você

que conheço há anos. Temos uma história com o Estado de longa data.

Então, amizades novas, como o próprio Marquinhos que conheci, é um

moleque novo, uma nova geração de pessoas que cuida do Estado.

Apesar de eu e o Santiago não morarmos mais no Estado, eu morei 17

anos em São Paulo, o Santiago continua lá e eu, hoje, moro no Rio

Grande do Sul, mas temos o Estado como nossa casa. Minha mãe

continua morando aqui, e tudo que fazemos pelo Estado é pelo amor que

temos. Amamos ser goianos.

Então, essa questão de fazer show para o Estado independe se demora

um ou dois anos, isso é indiferente. É o único lugar onde faço isso,

exatamente pela condição de ser a minha terra, do contrário não teria

nenhuma vantagem, não seria nem bom como negócio demorar tanto

tempo para receber.

Portanto, essa ação particular é muito mais coração que negócio. São os

pedidos dos amigos, das pessoas, do Presidente do sindicato, o

contratante, o próprio Governador do Estado, o prefeito da cidade.

Então, por conta desses anos de carreiras, as pessoas têm um carinho

especial conosco e elas pedem mesmo. E não vemos problema nenhum

nisso, tanto que a gente continua fazendo.

Neste momento exatamente é que a gente deu uma brecada, por conta do

não recebimento, que demorou um pouco mais do que o normal, e que

nunca havia demorado tanto assim. Ainda assim, a gente entende porque

o contexto era de crise nos Estados.

Eu estou morando lá no Rio Grande do Sul e, apesar de ser morador

recente, nunca vi isso acontecer lá. Mas, de repente, até o Rio Grande do

Sul, que sempre foi considerado um Estado equilibrado, está como os

outros, senão pior.

Então, para nós não tem esse problema, porque o problema é que a gente

tem a vontade de fazer show no Estado, a gente quer fazer a nossa

música chegar até aqui, tem as pessoas que gostam, porque somos muito

queridos no Estado.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- Tem diferença entre o preço

cobrado nos shows para a Goiás Turismo e um show particular?

O SR. HERICKSON CARDOSO ROSA: - A diferença no valor dos shows

é majorada pelo vendedor de shows. Dessa forma, eu, muitas vezes, não

fico sabendo sequer por quanto e nem para quem o show foi vendido. Eu

fico sabendo a cidade - que fico sabendo ali num fim de semana. E

quando se trata de um pedido particular, eu digo "Veja lá com o

vendedor um preço". Porque a gente tem essa política de que quem põe o

preço é o vendedor, porque é ele que reúne todos os elementos de

logística, de agenda.

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A gente tem uma reunião anual com o vendedor de show para a gente

estabelecer um preço mínimo. A gente estipula esse valor e, dentro

daquilo ali, ele trabalha, levando em conta fatores como a logística, a

música que está no rádio, as ações de marketing que a gente faz. Então,

isso depende muito, porque esse valor acaba sendo volátil na sua própria

natureza, não só o meu, mas o de vários artistas. Mas, claro, nada que

chegue à diferença do exemplo que você deu.

O Deputado Marquinho Palmerston perguntou ao depoente sobre o

salto que a 2HC teve na Goiás Turismo, em relação ao ano de 2015:

O SR. DEPUTADO MARQUINHO PALMERSTON: - Mas uma coisa que

eu queria te perguntar: você acha que esse salto que a 2HC teve na

Goiás Turismo, em relação a 2015 - pelo que eu tenho aqui, foram três

shows em 2015...

O SR. HERICKSON CARDOSO ROSA: - Sim.

O SR. DEPUTADO MARQUINHO PALMERSTON: - Em 2016, pelo

registro foram dez shows.

O SR. HERICKSON CARDOSO ROSA: - Exato.

O SR. DEPUTADO MARQUINHO PALMERSTON:- O que você acha

que foi o motivo para ter aumentado esses shows de um ano para o

outro? Foi uma questão de música que fez mais sucesso? Foi um ano,

talvez, melhor para a banda, porque teve mais pecuária, mais

aniversários de cidades? Qual o motivo que você acha que teve esse

acréscimo de 2015 para 2016, nesses shows?

O SR. HERICKSON CARDOSO ROSA: - É muito relativo. Por exemplo,

às vezes, por a gente fazer o Brasil inteiro, tem muitas pessoas que

cobram a gente: "Ah, por que você não está aqui nessa cidade? Faz

tempo que você não vem. Por que você não vem?". E tem um, dois ou três

anos que eu não vou. É exatamente por isso, como o Brasil é muito

grande, às vezes eu estou, naquele período da festa, em uma outra

região, porque os pedidos são do Brasil inteiro.

Então, às vezes, em um ano acontece de eu cantar mais em Goiás ou

menos. É muito relativo. A carreira foi a vida inteira assim, um ano

canta mais, outro canta menos, exatamente dessa, vamos dizer assim,

coincidência da agenda do pedido do show, e de ter a data disponível.

Por exemplo, a gente já tem uma questão na nossa carreira, graças a

Deus, que eu já cantei em alguns lugares mais de 12 anos. Então, às

vezes o cara vai comprar o meu show e fala, mas este ano não vai dar

para eu trazer você aqui, Guilherme, porque você já veio 12 vezes na

minha cidade e eu preciso trazer uma novidade.

Então, o que muda, o que está sempre fazendo a frente, no caso da

carreira de um artista, na qual até a quantidade de vezes que eu vou ela

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é rompida e tem que me levar de novo, é o sucesso da música. Quando eu

estou com uma música entre as mais tocadas do Brasil, posso estar com

12 ou 15 vezes que o povo quer que eu vá, independente.

Por isso que muda essa coisa. Ora eu estou em um lugar, e não estou no

ano que vem e volto a estar no outro ano, ou que repete dois anos e fica

mais uns três anos sem ir. Sempre foi assim. Essa curva que faz de uma

cidade ou de um Estado para outro.

Perguntou também sobre eventual cobrança de algum servidor da

Goiás Turismo, do Estado ou da Assembleia para que ele pudesse receber:

O SR. DEPUTADO MARQUINHO PALMERSTON: - E, Guilherme,

durante esse tempo que você está como empresário, muitas vezes essa

demora em receber, alguma vez da própria Goiás Turismo, algum

servidor da Goiás Turismo, alguém do Estado, alguém da Assembleia

cobrou de você alguma coisa para que você pudesse receber? Você já

teve alguma proposta ilícita de algum ente público por estar recebendo

esse show?

O SR. HERICKSON CARDOSO ROSA: - Já ouvi falar. Mas o povo não

chega em mim porque já conhece a minha índole. Comigo não tem. Eu e

o Santiago somos muito corretos. Tanto que isso é da criação da minha

mãe. O que é certo é certo. O que é meu, é meu, o que não é seu, não é

seu.

Então, se eu tenho para receber do Estado e eu fiz o show para o Estado,

é o Estado que tem de me pagar aquilo que tem lá. Se alguém teve que

trazer algum benefício, “Vou ajeitar para você receber mais rápido!”.

Isso nunca chegou para nós, mas eu já ouvi falar de colegas, não lembro

quem, e também nem iria falar o nome aqui, mas que acontece essas

situações. Porque, às vezes, o cara não tem o caixa e vem a oportunidade

de uma vantagem e se faz. Mas conosco não vem exatamente por isso.

As pessoas conhecem a nossa postura no mercado, e eu não vou colocar

23, 24 anos de carreira na mão de uma pessoa que eu nem conheço.

5.2.12. VANILSON DOS ANJOS BUENO – Bueno Produções – depoimento

prestado em 4 de outubro de 2017

Questionado pelo DEPUTADO MARQUINHO PALMERSTON, o

depoente respondeu que está no mercado de shows há 9 anos e a empresa tem 4 anos e

alguns meses, e que já teve um sócio, mas, hoje, a empresa é só dele. Informou,

outrossim, que a Bueno Produções realiza eventos públicos e particulares e que referida

empresa realizou centenas de shows com a Goiás Turismo.

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O Deputado Marquinho Palmerston perguntou sobre a diferença de

preço entre um evento particular e um evento realizado para a Goiás Turismo:

O SR. DEPUTADO MARQUINHO PALMERSTON: - Entendi. Tem um

questionamento que está sendo feito não só ao senhor, mas a todas as

empresas que passaram por esta oitiva. O questionamento é sobre como

o senhor vê, hoje, essa diferença de preço entre um evento particular -

como esse que o senhor citou, o show do Bruno e Marrone no CEL da

OAB - e um evento para a Goiás Turismo?

Há exemplos aqui do Gabriel Gava. Há registros de 19 apresentações

que o senhor fez do Gabriel Gava. Nelas, os cachês variaram de R$ 90

mil a R$ 150 mil. E há informações de shows do Gabriel Gava que

custaram em torno de R$ 60 mil.

Então, como o senhor justifica essa diferença entre um show do Gabriel

Gava, feito numa cidade, num show particular, custando R$ 60 mil e um

show da Goiás Turismo variar de R$ 90.000,00 a R$ 150.000,00, por

exemplo, que é um valor bem maior?

O SR. VANILSON DOS ANJOS BUENO: - Vamos pontuar. Esse show de

R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais), se eu não me engano, é um

show de Carnaval. Carnaval é uma data concorrida. Em toda cidade tem

evento.

Então, geralmente, o artista eleva um pouco o cachê. Essas datas no

valor de R$ 90.000,00 (noventa mil reais) foi quando ele começou a fazer

show no centro-oeste porque ele não era daqui e depois que veio o

sucesso de algumas músicas dele, ele chegou a R$ 130.000,00 (cento e

trinta mil reais) o cachê, que foi o último show realizado pela Goiás

Turismo nesse valor.

Agora, sobre a variação de preço, eu vou dar um exemplo baseado no

evento que eu estou fazendo aqui em Goiânia para vocês terem uma

ideia. O cachê do Bruno e Marrone é, em média, de R$ 280.000,00 a R$

240.000,00, isso varia de acordo com o transporte. Eu paguei no Bruno e

Marrone para o CEL da OAB R$ 750.000,00. Por quê? Porque o evento

agrega o artista. Vai ser um evento voltado à família e advogados.

Então, é um evento em que eu vou vender mais mesa, é um evento em que

eu vou ter uma classe A lá.

No réveillon tem artista que sobe o seu valor em até três vezes mais. Eu

até contratei para Palmas um DJ chamado Alok, não sei se vocês

conhecem. Ele é da AudioMix. A AudioMix pediu R$ 700.000,00

(setecentos mil reais) no DJ, mas a Prefeitura achou inviável pagar R$

700.000,00 (setecentos mil reais) num DJ. Então, o artista não tem um

valor fixo.

Um exemplo é o seguinte: eu vou fazer um show hoje em Porto Velho. Eu

levanto o custo do show e falo para o contratante: "Olha, o meu show é

R$ 200.000,00 ". Isso eu fechei o dia. Após a publicidade chegar lá,

desperta mais um show ou dois. O meu custo maior já foi liquidado

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naquele primeiro contrato. Se uma pessoa quer o meu show lá numa

quinta-feira ou numa quarta, que seja num lugar de nome, ao invés de eu

falar para ele que eu quero os mesmos R$ 200.000,00 (duzentos mil

reais) que eu fui para a primeira apresentação, eu posso tirar R$

50.000,00 (cinquenta mil reais) para ele, eu posso tirar até 50% porque

eu já estou indo para a região dele. É melhor eu ir para a região dele

com um preço melhor do que eu ir tocar em São Paulo e voltar para

Porto Velho no outro dia. Aí sim, o meu transporte fica caro.

O Relator da CPI, DEPUTADO HUMBERTO AIDAR, perguntou ao

depoente sobre o aumento considerável de shows contratados pela Goiás Turismo:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- Senhor Vanilson, nós

percebemos que, em 2013, a empresa do senhor fez três shows, 2014

cinco, 2015 salta para 22 e 2016, 34. A que o senhor atribui esse

aumento considerável de shows contratados pela Goiás Turismo?

O SR. VANILSON DOS ANJOS BUENO: - Também pelos artistas. Acho

que alguém aqui vai conhecer Kleo Dibah e Rafael, que são artistas de

Minas Gerais.

Quando eu os trouxe para cá, eles tinham uma música que fizeram com o

Gustavo Lima, mas não tinham nome. Às vezes se sabia qual era a

música, mas não se sabia quem era o artista. Então, ele chegou e depois

que ele chegou e eu comecei a fazer a divulgação no Estado de Goiás. A

demanda de pedido de shows foi chegando, entendeu?

Assim também foi com o cantor Leo Magalhães, que é do nordeste, e

aqui era pouco conhecido. Depois que eu o trouxe para cá, que começou

a fazer a publicidade, que foi trabalhando e aparecendo porque, na

verdade, antigamente, eu só realizava evento, eu não representava

artista. De quatro anos para cá que eu comecei.

O Deputado Relator perguntou ainda sobre o modo como o depoente

consegue contratar shows pela Goiás Turismo:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- Como é que o Senhor

consegue pegar shows pela Goiás Turismo? O senhor vai até os

prefeitos? À própria Goiás Turismo o contrata para fazer shows? Como

é que se dá esse caminho até a realização do evento?

O SR. VANILSON DOS ANJOS BUENO: - Na verdade, deputado, o elo

entre o começo do contrato é mais pela prefeitura ou o próprio

secretário do município. O secretário ou a prefeitura te comunica: "Olha

a gente tem um recurso do Governo. Você tem interesse de fazer"? E aí a

gente faz.

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Depois, quando você vai finalizar o processo, aí sim aparece a Goiás

Turismo para analisar o processo, para saber se está tudo correto e se

empenha ou se não empenha.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- Então, diferente de outros

que estiveram aqui, o senhor não sai à procura das prefeituras?

Normalmente, é o secretário de cultura que entra em contato com o

senhor?

O SR. VANILSON DOS ANJOS BUENO: - Sim, na verdade, quando é

recurso do Governo, ele é procurado pelo órgão municipal, eles é que

vêm atrás. Eu não tenho como saber onde é que tem o recurso para eu ir

lá procurar ele não.

O Deputado Relator perguntou ainda sobre eventual solicitação de

benefício ou ajuda financeira por parte de algum agente público da Goiás

Turismo:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- Nesses shows todos, nós

sabemos que a grande maioria dos shows da Goiás Turismo é fruto das

emendas parlamentares, inclusive de deputados desta Casa. O senhor

certamente já fez shows com emendas oriundas de emendas

parlamentares dos deputados estaduais. Em algum evento, nós sabemos,

por exemplo, que o senhor fez alguns carnavais. Teve algum agente

público, deputado ou presidente da Goiás Turismo, diretor da Goiás

Turismo, alguém do financeiro que solicitou algum benefício, alguma

ajuda financeira? Por exemplo: “Olha, eu consigo para você, mas tanto

é meu”. Na empresa chegou acontecer alguma vez esse tipo de

transação?

O SR. VANILSON DOS ANJOS BUENO:- Não, deputado. Na verdade, a

Goiás Turismo, o senhor pode perceber, como o senhor tem muito tempo

que é deputado, tínhamos uma grande dificuldade. O Governador até

dava o recurso, só que quando você chegava nos órgãos, antigamente

era a AGEL, a SEAGRO, você não conseguia montar o processo, às

vezes o Governador, o prefeito, ficava em dificuldades, você ficava,

porque você pegava a agenda do artista travava para aquela cidade.

Quando faltava dois, três dias, o órgão explicava que não tinha como

você realizar o evento, pois não tinha orçamento, faltou papel, faltou

cópia.

Então, a Goiás Turismo mostra facilidade. Por quê? Faltando alguns

dias para o evento ela comunica: esse evento não tem como ser

realizado, ou pode ser realizado, está empenhando.

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O depoente foi questionado sobre a existência de shows para

receber da Goiás Turismo, bem como se foi chamado para um acordo de

percentual:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- O senhor ainda tem shows a

receber?

O SR. VANILSON DOS ANJOS BUENO:- Demais.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- Muitos?

O SR. VANILSON DOS ANJOS BUENO:- Tenho bastante.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- O senhor foi chamado para

um acordo de um percentual, se o senhor tirar um percentual x por

cento, para receber?

O SR. VANILSON DOS ANJOS BUENO:- Houve esse acordo em comum

entre o Governo, o jurídico e o escritório.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- O senhor chegou a realizar?

O SR. VANILSON DOS ANJOS BUENO:- Eu cheguei a pleitear, não vou

falar a Goiás Turismo, o Governo em si pela crise financeira. Eu tinha

um show de 2013, e ele estava causando alguns transtornos entre a

própria sociedade dentro do escritório. Eu tive que liquidar isso para

finalizar um assunto, para deixar para atrás.

O Deputado Relator perguntou ainda se o depoente tinha

conhecimento de empresas que possuem maior facilidade para receber. Perguntou

também sobre a cronologia de pagamentos:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- O senhor tem conhecimento

de empresas que tem maior facilidade em receber, porque nos chega a

informação de que tem shows, por exemplo, de 2015, que o cidadão já

recebeu, mas não recebeu o de 2013, 2014. O senhor tem conhecimento?

O SR. VANILSON DOS ANJOS BUENO:- Não tenho.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- O senhor recebeu algum

show adiantado e não deixou nenhum show lá atrás?

O SR. VANILSON DOS ANJOS BUENO:- Não. Na verdade, é o seguinte:

quem ajuda muito o artista é o próprio prefeito. Quando você está

naquele momento realizando o show, você pode pedir para ele: “Depois

você me ajuda no SEFAZ, ver o que eles podem fazer lá”. Às vezes, até a

própria prefeitura pode intervir, já ajudou nessas partes.

Agora, sobre a Goiás Turismo, na verdade, era só uma montadora de

processos, pelo que eu vejo. Sobre papel tudo ok, mas quando você fala

de dinheiro não sai nada.

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O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- Para receber acaba tendo

que pedir um apoio político, uma influência.

O SR. VANILSON DOS ANJOS BUENO:- Na verdade, eu já pedi duas

vezes, quando estou naquele momento, realizando o evento.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- No ato do show?

O SR. VANILSON DOS ANJOS BUENO:- No ato do show.

O Deputado Lívio Luciano perguntou sobre o preço cobrado pela

empresa do depoente por um réveillon de uma prefeitura, da Goiás Turismo e de

um particular:

O SR. DEPUTADO LÍVIO LUCIANO:- Agora, veja bem, você teria

coragem de cobrar o mesmo preço por um réveillon pago por

uma prefeitura, pela Goiás Turismo e por um particular?

O SR. VANILSON DOS ANJOS BUENO:- Eu vou te dar um exemplo real

sobre o que está acontecendo. Eu paguei mais caro no Bruno e Marrone,

para um evento no CEL da OAB, do que para um particular, porque se

fosse para o Governo daqui, seria em média de R$ 600 mil, certo. O

artista já viu um teto para ele. Por que eu paguei R$ 750 mil? Porque ele

sabe que eu vou chegar num faturamento elevado e que vou dar conta de

pagar ele porque ele pensa que, se não fosse réveillon, seria melhor que

ele mesmo realizasse o próprio show.

É por isso que, às vezes, paga-se mais caro num show particular do que

se fosse para um órgão público.

O Deputado Relator perguntou sobre o prazo para o depoente

finalizar um processo de contratação de show na Goiás Turismo:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Em quantos dias o senhor

consegue finalizar um processo na Goiás Turismo para a realização de

um show?

O SR. VANILSON DOS ANJOS BUENO: - Na verdade, na Goiás

Turismo há uma data mínima para se dar entrada no processo. Se você

chegar lá e falar que o show é amanhã, eles falam: simplesmente não tem

como atendê-lo. Eles têm umas portarias.

Sobre uma data específica eu não sei falar para o senhor, mas se leva em

média de dez dias. E a entrada é vinte ou trinta dias antes.

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O DEPUTADO MARQUINHO PALMERSTON perguntou sobre o

acréscimo no número de shows realizados em 2015, com relação a 2014:

O SR DEPUTADO MARQUINHOS PALMERSTON: - Só para finalizar

aqui as minhas dúvidas, Presidente.

Vanilson, neste ano de 2015 aqui, então, em que teve esse acréscimo em

relação a 2014, o Senhor acha que realmente foi a questão da

contratação dos próprios Kleo Dibah e Rafael, que a dupla estava

fazendo mais sucesso, por isso teve essa maioria de shows em 2015?

O SR. VANILSON DOS ANJOS BUENO: - O Senhor quer dizer de 2014

para 2015?

O SR. DEPUTADO MARQUINHO PALMERSTON: - De 2014 para

2015.

O SR. VANILSON DOS ANJOS BUENO: - Então, na realidade, se o

Senhor olhar aí...

O SR. DEPUTADO MARQUINHO PALMERSTON: - Na verdade, em

2014, pelo que está constando aqui para nós, foram vinte e dois. E em

2015, trinta e quatro.

O SR. VANILSON DOS ANJOS BUENO: - Isso. Na verdade é porque

entrou mais um artista no escritório. Você pode olhar que em 2014 não

tinha Kleo Dibah e Rafael. E em 2015 tinha Kleo Dibah e Rafael na

empresa. Então, por isso teve esse aumento.

E também houve alguns shows de Jads e Jadson em 2015. Por isso teve

esse aumento na quantidade de shows.

O Presidente da CPI abordou, também, a questão de variação de

preços:

O SR. PRESIDENTE: - Só para finalizar... Kleo Dibah e Rafael?

O SR. VANILSON DOS ANJOS BUENO: - Kleo Dibah e Rafael.

O SR. PRESIDENTE: - Um show realizado em São Joaquim da Barra,

que foi 40 mil, foi o senhor que fez também, não?

O SR. VANILSON DOS ANJOS BUENO: - Sim.

O SR. PRESIDENTE: - Em Presidente Olegário, Minas Gerais, também?

O SR. VANILSON DOS ANJOS BUENO: - Minas Gerais, correto.

O SR. PRESIDENTE: - Em Capinópolis também foi feito pelo Senhor?

O SR. VANILSON DOS ANJOS BUENO: - Em Capinópolis, se não me

engano, foi pela KD&R, mas é o mesmo escritório.

O SR. PRESIDENTE: - Foi 50 mil.

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O SR. VANILSON DOS ANJOS BUENO: - Isso.

O SR. PRESIDENTE: - Lá também, contratado pela prefeitura?

O SR. VANILSON DOS ANJOS BUENO: - Correto.

O SR. PRESIDENTE: - E Acreúna, em 2016, 40 mil?

O SR. VANILSON DOS ANJOS BUENO: - Em Acreúna, 40 mil... Não. 40

mil reais?

O SR. PRESIDENTE: - É. Foi em 2016.

O SR. VANILSON DOS ANJOS BUENO: - Então, mas quando ele foi

contratado em 40 mil reais, se não me engano, a Goiás Turismo... Ele

era 50 mil. 50 mil ou era 60.

O SR. PRESIDENTE: - Se a gente pegar esses quatro shows aqui dá uma

média de 45 mil.

O SR. VANILSON DOS ANJOS BUENO: - Correto.

O SR. PRESIDENTE: - O valor pago pela Goiás Turismo variou de 70 a

120 mil.

O SR. VANILSON DOS ANJOS BUENO: - Não. Variou de 40 a 120. O

primeiro show em que eu os trouxe aqui foi em Hidrolândia, na feira de

exposição do Paulinho. Foi o primeiro show em que eu os trouxe de

Minas Gerais.

Quando eles vieram para cá, havia uma parceria entre eu, eles e o

Gusttavo Lima. E aí o Gusttavo tocou na feira, e o Prefeito foi...

O SR. PRESIDENTE: - Mas então ele salta de 40 para 120 mil reais?

O SR. VANILSON DOS ANJOS BUENO: - Ele salta de 40 para 70, e de

70 para 120.

O SR. PRESIDENTE: - E por que esse salto?

O SR. VANILSON DOS ANJOS BUENO: - Porque é a crescente do

artista. Deixa eu dar um exemplo para o senhor rapidinho. O Senhor vai

entender. Vamos falar em nomes maiores para o senhor fazer a soma. O

senhor vai entender.

Wesley Safadão, quando ele começou, era 110 mil, 120 mil. Hoje, o

Wesley, o senhor pode até pedir a qualquer pessoa que seja, que

conseguir chegar à agenda dele e solicitar um show hoje, ele não faz um

show hoje por menos que 400 mil reais. Entendeu?

Jorge e Mateus, uma época atrás, eu cheguei a comprar show deles por

250 mil. Hoje, não se compra Jorge e Mateus por menos de 500 mil.

Matheus e Kauan, que são artistas de Goiás mesmo, acho que daqui

perto, de Itapaci, eles começaram com 90 mil. Hoje estão pedindo 300

mil no cachê.

O SR. PRESIDENTE: - O Senhor conseguiu vender algum show de Kleo

Dibah e Rafael, fora da Goiás Turismo, por 120 mil reais?

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O SR. VANILSON DOS ANJOS BUENO: - Vendi até por 190 mil.

O SR. PRESIDENTE: - Particular?

O SR. VANILSON DOS ANJOS BUENO: - Particular. Em Minas Gerais,

Patos de Minas.

O SR. PRESIDENTE: - Patos de Minas?

O SR. VANILSON DOS ANJOS BUENO: - Patos de Minas. Foi onde eles

fizeram uma bilheteria de 620 mil, a maior bilheteria da história deles.

5.2.13. BIANCA SOARES – BN Produções Musicais e Eventos – depoimento

prestado em 5/10/2017:

Questionada pelo Presidente da CPI, DEPUTADO CLÁUDIO

MEIRELLES, a depoente informou ter prestado serviços de eventos pela Goiás Turismo

e que recebeu os valores contratados entre 2013 e 2016. Informou, outrossim, estar

atuando no mercado artístico desde 2011 ou 2012, e que teve acesso à Goiás Turismo

divulgando seu artista nas prefeituras e rádios. Porém, não sabe informar como o

Prefeito conseguia os recursos. Além disso, respondeu que não lhe foi fornecido nome

algum de Deputado estadual.

O Presidente da CPI perguntou ainda sobre eventual procura de

agentes públicos para tirar vantagens financeiras sobre os shows ou sobre as

faturas:

O SR. PRESIDENTE: - Nesse trabalho que a senhora fez, entre 2013 e

2016, algum agente público - seja ele parlamentar, político, secretário,

servidor, Governador do Estado - alguma vez procurou a senhora para

tirar vantagens financeiras em cima de shows ou mesmo em cima de

recebimento das faturas?

A SRA. BIANCA SOARES: - Negativo.

O SR. PRESIDENTE: - Nunca?

A SRA. BIANCA SOARES: - Não.

Sobre a questão de exclusividade com a empresa, a depoente assim

informou:

O SR. PRESIDENTE:- Essa empresa da senhora tem exclusividade de

artistas?

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A SRA. BIANCA SOARES: - Somente do cantor Benjamim Neto, meu

filho. Eu abri a empresa para poder representá-lo. O contrato de

exclusividade fiz somente com ele.

Sobre seu âmbito de contratação, a depoente respondeu:

O SR. PRESIDENTE:- Pertinente ao exercício de 2013 a 2016, a BN

Produções, além de contratar com a Goiás Turismo, também contratou

com outros órgãos ou entidades públicas ou particulares? A senhora fez

contrato com a Goiás Turismo. A pergunta é: a senhora fez contrato com

a Secretaria de Educação, Secretaria de Governo do Estado ou só com a

Goiás Turismo?

A SRA. BIANCA SOARES: - Só com a Goiás Turismo e vendia shows

para particulares, boates, para sindicatos.

O SR. PRESIDENTE:- E para prefeituras?

A SRA. BIANCA SOARES: - Prefeituras também.

A depoente informou também o valor contratado com a Goiás

Turismo e com particulares:

O SR. PRESIDENTE:- Qual era o valor cobrado pela Goiás Turismo?

A SRA. BIANCA SOARES: -Ele é cadastrado por trinta mil reais na

Goiás Turismo.

O SR. PRESIDENTE:- Trinta mil reais.

A SRA. BIANCA SOARES: - Isso.

O SR. PRESIDENTE:- Mas quando a senhora faz um show para uma

boate ou para alguma instituição particular, alguma festa particular, o

valor do seu cantor, do seu filho, gira em torno de quanto?

A SRA. BIANCA SOARES: - Em boate não precisa levar estrutura, "né".

Já tem toda a estrutura. A banda também é reduzida. A gente faz pela

metade do preço. Depende da negociação.

Foi abordada também a questão do prazo de pagamento por parte

da Goiás Turismo:

O SR. PRESIDENTE: - O recebimento foi de imediato? Demorava

quanto tempo, aproximadamente, até a senhora receber?

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A SRA. BIANCA SOARES: - Ah, já demorou um ano, seis meses. Quando

eu fiz o cadastro eles falaram que pagariam em 90 dias. Mas não sai

rápido assim, não. É demorado.

O Presidente da CPI perguntou ainda se, nas contratações realizadas

com a Goiás Turismo, a depoente chegou a entregar documentos, necessários para

a formação do processo, em momento posterior à realização dos shows:

O SR. PRESIDENTE: - Nesse contexto, nas contratações realizadas entre

a Goiás Turismo e a BN Produções, houve a entrega de documentos por

parte dessa empresa, necessária para formação dos processos

subjacentes, em momento posterior à realização dos shows, tendo em

vista as dificuldades citadas?

Em algum momento, mesmo depois de realizado o evento, nesses shows

realizados de 2013 a 2016, a senhora lembra de, mesmo após ter

realizado o evento, se foi cobrado da senhora uma documentação para se

juntar no processo?

Ou seja, se a senhora realizou o evento, a pedido da prefeitura, faltando

documentos nos processos? Se em algum momento chamaram a senhora

para poder juntar alguma documentação?

A SRA. BIANCA SOARES: - Não, eu que cuido de tudo pessoalmente.

Então eu já sabia. Eles dão o checklist para a gente montar o processo,

do que é necessário. No início, eu tive dificuldade. Sempre ia lá para ver

se estava certo. Aí eles falavam: "Não, está faltando isso". Eu

providenciava. Mas, depois, para mim já era praxe. Eu já sabia montar

os processos corretamente.

Sobre eventual proposta da Goiás Turismo para pagar com

desconto, a depoente assim respondeu:

O SR. PRESIDENTE: - Ano passado, para este ano, a senhora recebeu

alguma proposta da Goiás Turismo de dar um desconto para poder

receber alguma coisa para trás?

A SRA. BIANCA SOARES: - Negativo.

O SR. PRESIDENTE: - A Goiás Turismo nunca chamou a senhora

pedindo deságio ou alguma coisa?

A SRA. BIANCA SOARES: - Nunca, jamais. Não.

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O Presidente da CPI também perguntou sobre existência de

diferença entre o valor do show contratado pelo particular e pelo poder público:

O SR. PRESIDENTE: - Existe diferença entre o valor do show

contratado pelo particular e aquele contratado pelo Poder Público? Se

sim, quais os critérios que justificam essa diferença?

A pergunta formulada pela equipe técnica é que tem constatado que,

para o poder público é um valor, como a senhora mesma disse, está

cadastrado no valor de trinta mil na Goiás Turismo.

A SRA. BIANCA SOARES: - Eles exigem um valor.

O SR. PRESIDENTE: - Certo.

A SRA. BIANCA SOARES: - Eles fazem análise e tudo e estipulam o

valor.

O SR. PRESIDENTE: - Quem estipula esse valor, vocês ou é a Goiás

Turismo?

A SRA. BIANCA SOARES: - Não, a gente sugere. Antes, quando foi para

cadastrar, a gente colocou o preço sugestivo.

E bem lembrado que não é que para o Poder Público é um preço e para

o privado outro. Acontece de para o privado ser o mesmo, se for uma

festa do mesmo nível, que você tem que decorar o palco, colocar toda a

estrutura e distância. Nós temos o ônibus, a banda completa.

Agora, se o show é menor, se você não tem que levar uma banda

completa, se você não tem que levar o cenário, aí sim, fica assim mais

barato, independente se é público ou privado.

O SR. PRESIDENTE: - Pois bem, mas eu pergunto: vamos colocar aí

então o show completo. Um show completo feito pela Goiás Turismo, no

município “x”, todo completo, com uma distância de 100 quilômetros, e

uma festa de particular, exemplo, uma festa às vezes paga por particular,

quero dizer que o público vai pagar para entrar. Uma festa particular,

também num município a 100 quilômetros, com uma estrutura de palco,

tudo completa: a senhora pode me afirmar que o mesmo preço dessa

festa pública é também o mesmo das festas particulares, nas mesmas

condições?

A SRA. BIANCA SOARES: - Isso. Mas, lembrando que é cenário. Eu não

trabalho com palco.

O SR. PRESIDENTE: - Isso, cenário. O preço, sendo particular, sabendo

que a senhora vai receber, às vezes adiantado ou mesmo logo em seguida

ao evento, é motivo de diferencial do preço, já que a Goiás Turismo

atrasa tanto? A senhora vai cantar, no particular, num município de 100

km, no valor de trinta mil reais, como a senhora falou, sabendo que vai

receber no mesmo dia ou uma semana depois. E na Goiás Turismo a

senhora me disse que demora muito a receber. Era motivo de, no

particular, ser mais barato por esse motivo, porque recebe?

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A SRA. BIANCA SOARES: - Não. É pela festa mesmo.

O SR. PRESIDENTE: - Então, o cachê do cantor com a estrutura

completa é de trinta mil reais?

A SRA. BIANCA SOARES: - Isso.

O SR. PRESIDENTE: - Com banda completa...

A SRA. BIANCA SOARES: - Mas varia, porque, por exemplo, carnaval e

reveillón os músicos cobram dobrados os cachês. Aí tem os técnicos de

som, técnicos de iluminação... Eu sempre viajo com uma equipe de 18

pessoas, então, nessas datas de carnaval e reveillón paga-se o dobro

para os técnicos e para os músicos. Então, geralmente, em reveillón e

carnaval, a gente sobe o valor do cachê do artista por essa razão.

5.2.14. LEANDRO MACIEL GARCIA GOMES – Presidente da Goiás Turismo –

depoimento prestado em 22 de novembro de 2017

Em seu questionamento, o Relator da CPI, DEPUTADO

HUMBERTO AIDAR, perguntou ao depoente se as atividades da Goiás Turismo se

restringem a shows:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - (...)

Foi dito aqui, Leandro, que a maior parte do Orçamento da Goiás

Turismo é fruto das emendas parlamentares. Eu, nesta pergunta, gostaria

de ter esta confirmação se realmente o maior recurso para tocar a Goiás

Turismo é de emendas parlamentares? Porque, talvez, justifique a

ausência de outras prioridades, pelo menos que tenhamos conhecimento.

A Goiás Turismo, em suas atividades desenvolvidas, a grande maioria

são shows, então, gostaria de conceder um tempo ao senhor, Presidente,

para o senhor nos dizer se procede esta informação de que a Goiás

Turismo, suas atividades, são restritas basicamente aos shows, ou

desmitificar tudo o que foi dito até hoje aqui nesta CPI, Leandro.

O SR. LEANDRO GARCIA: - (...)

Sobre o questionamento, nobre relator, que foi colocado, realmente um

grande volume de emendas parlamentares são destinadas à Goiás

Turismo, as quais acredito serem de suma importância para a realização

de todas as nossas atividades. Tenho certeza de que os parlamentares

são representantes legais da população e que, a partir do momento em

que indicam os recursos para serem investidos, temos imensa satisfação

em trabalhar com muita eficiência para que isso seja feito.

Quanto à questão de o show ser o grande volume - e, nesse ponto, quero

destacar que não são exatamente os shows, mas eventos - há nisso um

pequeno equívoco porque trabalhamos em várias frentes.

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Trabalhamos com a frente de promoções, com a parte de qualificação,

com a parte de infraestrutura e a parte de shows, que é apenas uma das

frentes com que a Goiás Turismo trabalha. Temos aí - e até aproveito e

agradeço a oportunidade de o senhor ter me dado tempo maior para que

eu possa explicar um pouco mais sobre o funcionamento da Goiás

Turismo, até para que Vossas Excelências passem a conhecê-lo melhor.

Ao início de todo ano, um planejamento estratégico, no qual é colocado,

para o Governador do Estado, as missões da Goiás Turismo e a forma

como trabalhará a Goiás Turismo. Começamos o nosso trabalho com

o Plano Goiás Experiências Inesquecíveis - e, se o presidente me

permitir, gostaria que a Lurdinha pudesse colocar esse planejamento

para Vossas Excelências, para que tenham acesso a esse planejamento e

ao relatório do Observatório do Turismo, que mensura esse impacto de

todas as ações da Goiás Turismo.

Trabalhamos com uma estratégia "quatro Ps", que tem foco,

primeiramente, no produto, no planejamento, na promoção e na

pesquisa. Então, dentro desse planejamento, criamos o Plano Goiás

Experiências Inesquecíveis, que se divide em cinco programas

prioritários: o Programa Experiências Culturais, o Programa

Experiências na Natureza, o Programa Experiências Empresariais,

Programa Experiências Criativas e o Programa Experiências

Gastronômicas.

Nesse ponto é que coloco a importância da Goiás Turismo e os dados

que estarei apresentando sobre como alcançamos, em comparação com

outros Estados, um ponto muito importante.

Dentro do Programa Experiências Culturais, trabalhamos o fomento de

diversas atividades, como o Arraiá do Cerrado, que está na sua 6ª

Edição - tive a oportunidade de realizar quatro deles; o Réveillon de

Goiânia, que tem um impacto muito grande para a sociedade; e várias

outras atividades culturais que são abraçadas pelo turismo.

Costumo dizer que a diferença entre cultura e turismo é que a cultura

tem valor e o turismo tem preço. Precisamos fazer com que as pessoas

gastem, movimentem recursos dentro do Estado, através do valor da

cultura, para gerar emprego, gerar renda e distribuir as receitas.

Então, nós temos, dentro do Experiências Gastronômicas, hoje, o maior

circuito gastronômico do País. Quando eu assumi a Goiás Turismo, nós

tínhamos apenas um festival realizado pela Goiás Turismo, que era o

Festival de Pirenópolis. Hoje nós temos 6 eventos realizados, entre

Goiânia, Alto Paraíso, Nova Veneza, São Simão, Caldas Novas, e outras

cidades. E nós conseguimos criar uma uniformidade na marca colocada

para os festivais gastronômicos e obtivemos esse título de maior circuito

gastronômico do Estado.

Lembrando que o principal objetivo do Festival Gastronômico é a

qualificação da mão de obra. Então, nós temos um trabalho muito forte

com o SEBRAE, com o SENAC, para que haja essa qualificação, e, tendo

em vista que a gastronomia, hoje, está entre os três maiores gastos do

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turista - ele gasta com transporte, gasta com hospedagem e gasta com

alimentação -, esse ponto de qualificação da gastronomia é muito

importante.

No Experiências da Natureza, nós tivemos a grata satisfação - inclusive,

se vocês puderem ver no Observatório do Turismo, na página 22.

Quando eu assumi a Goiás Turismo, nós tínhamos 27 mil visitantes - isso

é um exemplo - no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. No ano

de 2016, nós tivemos 63 mil visitantes. Então, nós tivemos um aumento

de 61% nas visitações do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros.

E foi apontado pelo ICMBio - que é o Instituto Chico Mendes - que um

dos principais fatores de elevar essa visitação, realmente, foi o trabalho

incisivo do Governo do Estado através das ações da Goiás Turismo. Nos

Experiências Criativas, nós temos a oportunidade de poder colocar

diversos apoios a novas iniciativas. Nas Experiências Empresariais, nos

colocaram várias missões junto ao trade turístico - e aqui eu aproveito

para agradecer todo o trabalho feito pela Assembleia, pela Comissão de

Turismo da Assembleia, no primeiro mandato do Deputado Simeyzon,

que fez um brilhante trabalho; e o Deputado Virmondes Cruvinel, que

tem sido um grande parceiro nesta Casa, pelo fomento do turismo no

nosso Estado. Nós temos um trabalho com o trade turístico, com a ABIH,

com a ABEOC, com o Convention Bureau, com a ABRASEL, com as

entidades do trade turístico que são abarcadas por esse Experiências

Empresariais.

Então, com isso, Senhores Deputados, eu tenho muita tranquilidade de

dizer do planejamento executado pela Goiás Turismo, pela forma

incisiva que trabalhamos o turismo como forma de geração de emprego e

renda, e nada melhor do que dados para comprovar todas essas ações

que são feitas pelo turismo do Estado.

Eu gostaria de ressaltar que eu trouxe algumas documentações que,

posteriormente, eu estarei copiando as informações e deixando para a

Comissão, para que possam ajudar na questão do relatório final da CPI.

Nós tivemos, recentemente, uma pesquisa feita pelo IBGE, onde aponta o

Estado de Goiás com o maior índice de crescimento perante todos os

outros estados na cadeia produtiva do turismo. A cadeia produtiva do

turismo, ela, inicialmente, é diretamente colocada em torno de 50 itens

da cadeia produtiva que é impactada pelo turismo, e, posteriormente,

indiretamente, muitas outras.

O Ministério do Turismo, inclusive, fala que 3,7% do PIB nacional se

refere ao turismo. Então, só para elucidar o trabalho e onde nós

colocamos essa estratégia de "Quatro Ps": de saber do produto; de ter o

planejamento; de fazer a promoção; e, posteriormente, fazer a pesquisa.

A pesquisa feita pelo IBGE aponta que o Estado de Goiás tem uma média

de crescimento na cadeia produtiva de 7,5% ao ano, acumulado, sendo

que a média nacional está em -4,6%. Nós estamos à frente de Estados

como a Bahia, como o Rio de Janeiro, que passa por uma grande

dificuldade. Nós estamos à frente de vários estados, ocupando hoje o

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primeiro ponto de crescimento dentro da cadeia produtiva do turismo,

dados apontados pelo IBGE.

Então, eu coloco, Senhor Deputado, que a parte de eventos realmente é

um grande suporte para que nós possamos alcançar e capitalizar todas

as ações da Goiás Turismo. Inclusive, nós ficamos até um pouco

ressentidos com a falta de trabalho que se teve neste ano, como apoio a

diversos festivais, a diversas festas de peão em diversas cidades, que

eram apoiados através das emendas dos senhores Parlamentares, porque

se não for o Estado trabalhando, a obrigação do Estado no meu ponto de

vista, é ir aonde a iniciativa privada não dá conta.

Em muitos municípios, todos sabem, passam por grandes dificuldades. E

o apoio de Vossas Excelências, o apoio do Governo do Estado, para a

realização desses festivais, que tem como o principal objetivo o acesso à

cultura a muitas famílias que não tem condições de assistir a um grande

show, quem dera assistir a um grande show com toda a família inclusive.

Então esse acesso à cultura, que é um direito constitucional, ele é

abarcado pelas ações do Governo e de Vossas Excelências.

Ter essa movimentação econômica que acontece dentro de um município

é muito importante. Quando se realiza um show em uma cidade, e Vossas

Excelências são grandes conhecedores disso, o impacto que se gera é

muito grande. Nós temos desde o abastecimento de veículos, salão de

beleza, lojas de roupas, a parte de alimentação, realmente ela impacta de

forma positiva e isso gera emprego.

Um grande ponto que é legal de se ressaltar é que a cidade de Caldas

Novas foi a cidade que mais gerou empregos o ano passado. E a

indústria que tem lá, é a indústria do turismo. Não se faz turismo com

máquina, se faz turismo com gente.

Então, eu uso esse pequeno espaço, agora, para poder elucidar um

pouco o nosso trabalho e dizer da importância desse momento, para que

possamos ter sim os entendimentos necessários para podermos ver os

ritos processuais que são feitos pela nossa Agência, onde nós prezamos

muito por essa qualidade na entrega à comunidade.

O Presidente da CPI, DEPUTADO CLÁUDIO MEIRELLES,

perguntou ao depoente como se deu a contratação de uma dupla que não era

conhecida no Estado:

O SR. PRESIDENTE: - Leandro, em depoimento aqui a CPI, o

representante de uma das empresas, a Bueno Produções, afirmou aqui

que a dupla Kleo Dibah e Rafael não era conhecida no Estado. Não era.

Ante a ausência de um dos principais requisitos para a contratação

direta por inexigibilidade, como se deu a contratação desta dupla por

exemplo?

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O SR. LEANDRO GARCIA: - Olha, senhor Deputado, eu não vou saber

falar exatamente de uma contratação específica.

Mas sobre o Kleo Dibah e Rafael, eu tenho muita tranquilidade de poder

falar sobre o artista porque ele foi um dos poucos artistas que tiveram

essa projeção realmente e essa ascensão no mercado do Estado de Goiás

e no Brasil como um todo. Eles fecharam um contrato com a WorkShow,

que é uma das maiores empresas, juntamente com a AudioMix. Tiveram

uma projeção nacional muito forte e realmente eles fizeram e tiveram

toda sua valorização do seu cachê.

É importante salientar, deputado, que esse é um caso realmente

específico e é muito bom trazê-lo à tona para que se tenha esse

conhecimento de que o artista tenha a possibilidade de hoje estar bem e

amanhã estar ruim.

Hoje tem artista que faz a gravação de uma música e o cachê dele

triplica, quadriplica, somem as datas e posteriormente outros que faziam

muito sucesso tem o seu valor retirado. É importante salientar nesse

ponto, nobre deputado, que nós temos inclusive, alguns acórdãos

realizados pelo Tribunal de Contas, aonde falam exatamente do cachê.

Nós tivemos uma auditoria muito forte, e aproveito essa oportunidade de

ressaltar essa importância.

Nós tivemos uma auditoria do Tribunal de Contas do Estado, foram mais

de sete meses sendo auditados, foram mais de mil processos sendo

analisados pelo Tribunal de Contas, onde não apontaram nenhuma

irregularidade na questão da realização dos shows. Ou seja, show que

foi contratado e que não aconteceu, esse tipo de irregularidade, que eu

acho que seria um absurdo acontecer. Graças a Deus, nós tivemos aí um

pente fino passado em todos os processos e foram apontados alguns

processos com vícios formais e atividades que foram respondidos a sua

hora e com certeza terão apreciação.

Mas, passamos por um ponto similar em 2013 e 2014 pelo Tribunal de

Contas, aonde o Conselheiro Celmar Rech, fez algumas observações

sobre esse ponto do cachê. Então, nós temos aí com certeza um ponto de

valores divergentes muito importante. E ele ressalta exatamente isso

dentro do seu parecer. Que devido a disponibilidade da agenda:

distância, deslocamento, estrutura, momento e uma série de outros

fatores que devem ser observadas no ato de sua contratação.

A Lei de Licitação, a Lei nº. 8.6666, ela preconiza inclusive, a questão da

inexigibilidade para a contratação dos artistas e esse fato é simples. A

inexigibilidade se dá pelo fato de não ser exigido a licitação por um

momento, por uma coisa simples, não tem como se licitar o mesmo

artista com preços diferentes. Porque é um artista só, ele é único.

E dentro do 3º. inciso do artigo, se eu não me engano o 23, ele diz o

seguinte: que tem que ser levado em consideração o momento do artista,

a forma que é apresentada os releases do artista e a comprovação para

que ele possa ter essa ascensão. Eu tenho certeza que todos os pontos

apontados pela dupla Kleo Dibah & Rafael atenderam os pedidos. Foi

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um dos pontos indicados pelo Tribunal de Contas, onde nós chamamos a

empresa do Kleo Dibah & Rafael porque não me cabe defender a

empresa. Eu quero que se tiver alguma coisa errada, que os culpados

paguem.

Então, assim que teve o apontamento pelo Tribunal de Contas, nós

convocamos a empresa do Kleo Dibah & Rafael para que explicasse

novamente à Goiás Turismo a sua ascensão de valor e eles trouxeram

milhares de comprovantes a mais de seu valor, trouxeram as

comprovações da ascensão, dos contratos realizados e nós pudemos

instruir esse processo administrativo que foi aberto contra a empresa,

para elucidar esse caso e eu tenho muita tranquilidade sobre esse ponto

e isso é tangível de acontecer com outros artistas.

O Relator da CPI perguntou ao depoente sobre a diferença de preço

cobrado para a realização de shows em Municípios e pela Goiás Turismo:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Leandro, dentro dessa

auditoria que nós temos em mãos aqui o Israel e Rodolffo, em

Palminópolis realizou o show por R$ 65.0000,00 pela Prefeitura. Em São

Gonçalo do Abaeté, Minas Gerais, por R$ 49.000,00; em Franco, no

Maranhão, por R$ 93.000,00; E aqui pela Goiás Turismo, todas as

cidades, cidades próximas ou mais distantes, o cachê foi o mesmo: R$

150.000,00.

Aqui a auditoria fez um preço médio de R$ 69.000,00, dando uma

diferença de mais de R$ 80.000,00. Isso tratando-se do Israel e Rodolffo.

Do Kleo Dibah e Rafael da mesma forma. Em São Joaquim da Barra, em

São Paulo, eles pesquisaram, R$ 40.000,00; em Presidente Olegário,

Minas, R$ 50.000,00; Capinópolis, aqui no Triângulo Mineiro, R$

50.000,00; Acreúna R$ 40.000,00; e aqui, pela Goiás Turismo, R$

120.000,00 (cento e vinte mil reais). Uma diferença de R$ 75.000,00

(setenta e cinco mil reais) e os preços também de todas as cidades aqui

de R$ 120.000,00. Tem uma cidade de R$ 115.000,00, mas a diferença

variando de R$ 70.000,00 a R$ 75.000,00.

Aí a pergunta, Leandro: as pessoas, de um modo geral, dizem o seguinte:

"Para o Governo, tudo é sempre mais caro, não é só na Goiás Turismo."

A gente vê que uma casa construída pelo Estado tem um preço e você

fazendo aquela mesma casa na inciativa privada é outro preço. Esses

artistas chegam a cobrar o dobro quando o assunto é Estado?

Nós tivemos aqui duplas que foram ouvidas que disseram que tem dois,

três anos que não receberam da Goiás Turismo. Será que o fato da

dificuldade em receber, Presidente, faz com que essas empresas cobrem

essa diferença tão grande em nível de Estado?

O SR. LEANDRO GARCIA: - Ótima pergunta e ótimo questionamento,

Deputado.

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Eu acredito numa série de fatores. Eu seria até leviano se eu apontasse

um ponto só. Nós temos vários pontos que podem ser acolhidos e

pensados.

Primeiramente, eu não tenho conhecimento completo da situação da

contratação dos shows citados por Vossa Excelência, mas de antemão,

eu digo que o fator do cachê é flutuante, vamos dizer assim. Depende do

deslocamento do artista, depende da contratação. Realmente a entidade,

quando é governamental, tem todo um valor que é cobrado em cima de

todas as ações que devem ser feitas.

O que é importante salientar é que na Goiás Turismo nós temos a

obrigação de seguir a lei e a lei nos obriga a pedir três comprovações do

artista para que ele possa comprovar o seu cachê. No caso do Israel e

Rodolffo, é importante salientar que eles não tocaram para eventos

realizados pela Goiás Turismo. Muitas vezes são eventos apoiados, que

são solicitados pelas prefeituras para que tenha esse show e assim foi

feito. Eles solicitaram, a prefeitura solicitou, houve uma emenda

parlamentar e foi colocado para que nós fizéssemos a contratação.

Foram exigidas as comprovações necessárias, onde nós tivemos até uma

mudança na nossa portaria.

(...)

Então, nós fazemos exatamente o que a lei nos pede. Se eles me

apresentam uma comprovação do seu cachê, segue todo o rito processual

onde é colocado dentro da Goiás Turismo. Essa comprovação eu não

tenho até como negar essa contratação.

Um ponto importante é que a lei pede três comprovações, mas nós

aumentamos a nossa portaria para pedir quatro comprovações. Nós

estendemos a questão do contrato de exclusividade com o artista e

criamos um departamento específico, que é uma unidade de fiscalização

e controle, para que se possa olhar minuciosamente cada processo que é

feito. Então, nós temos que realmente analisar ponto a ponto.

Existem muitos artistas, inclusive, deputado, e o senhor é conhecedor,

que vendem um cachê mais barato porque vão para a portaria da festa

poder participar do lucro do evento. Então, ele cobra R$ 50.000,00, mas

a partir do momento em que ele vai para a festa, os primeiros R$

50.000,00 que entram são do festeiro; os segundos R$ 50.000,00 já foi

pago para a banda e daí pra frente se há uma divisão dos lucros, o que

eu acho muito justo para quem trabalha com a parte de comercialização

porque acabam assumindo o risco juntos e tudo mais. Então, nós temos

que entender como são esses processos.

Agora, um dos pontos que eu quero ressaltar. O fato do Israel e Rodolffo,

já foi analisado um fato especifico, inclusive, têm todos esses pontos

apontados por Vossa Excelência, e eu deixarei uma cópia da Martins

Produções, da Cenário Produções, um processo realizado pela

Promotoria de Justiça do Estado de Goiás, onde concluiu-se que não

houve superfaturamento em um show exclusivamente de Patos de Minas,

que houve inclusive o encerramento dessa parceria entre duas empresas.

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Então, é importante nesse ponto colocado pelo próprio Procurador.

Nesse momento não foi. No final ele coloca esse processo de

arquivamento. A promotora Marlene Nunes Freitas Bueno diz: "ao teor

do exposto, ausência de circunstâncias, que sejam providências legais

nos termos do artigo 33, da Resolução 11/14, promove o arquivamento

desse inquérito civil."

O que eu quero com isso? É mostrar que esse fato também foi

questionado pela Goiás Turismo onde já expomos ao Ministério Público

e já houve uma arquivamento de um fato semelhante. Como alguns

outros pontos são embasados, através do Conselheiro Celmar Rech, onde

balizamos muito poder aumentar, inclusive, a fiscalização de toda a

Goiás Turismo.

Nesse ponto, tem que ser analisado ponto a ponto, vendo as

circunstâncias, mas que pode haver essa diferença de valor pela

contratação da iniciativa privada e na iniciativa pública.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- Presidente, o senhor disse a

respeito do Israel e Rodolffo que alguns desses shows foram pelas

prefeituras com as emendas parlamentares. Existe a diferença, por

exemplo, o show que o deputado concede uma emenda para a prefeitura

x, pode acontecer desse mesmo artista ser contratado pela Goiás

Turismo com outro preço? Traduzindo Leandro, se o Deputado chegar lá

com uma emenda de 200 mil reais e disse: “Olha, isso aqui é para o

Israel e Rodolffo, já está acertado tal cidade”. Quais as providências que

a Goiás Turismo toma a respeito do preço, por exemplo?

O SR. LEANDRO GARCIA: - Como eu disse, anteriormente, deputado,

temos que seguir a lei.

Primeiramente, a questão para que a empresa, é bom salientar isso aí, o

ato discricionário da escolha do artista não é da Goiás Turismo. A

solicitação é feita, na sua grande maioria, 100% das vezes, é feito pela

prefeitura. Há indicação do recurso e nós solicitamos a empresa o

orçamento para o show e as comprovações necessárias.

Então, pode haver valores diferentes, como eu disse o cachê é flutuante,

ele pode realmente estar em uma hora ou outra com valores diferentes,

mas, na sua grande maioria, os valores sãos os mesmos devido a

constância dos artistas que tocam para a Goiás Turismo. Então, acho

difícil ter essa discrepância, vamos dizer assim, de uma contratação para

outra, as exigências legais que é o que me cabe, eu não tenho poder de

trazer outras informações ou forçar outras informações de nenhuma

empresa, diferente da Comissão Parlamentar de Inquérito, eu não tenho

essa condição de poder exigir de uma forma outras comprovações.

Então, faço o que a lei me permite, peço as comprovações, a prefeitura

que me solicita show e assim damos sequência no rito processual da

Goiás Turismo.

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O Deputado Relator perguntou ao depoente sobre o prazo para

formalização do processo de contratação:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- Leandro, quando aqui esteve

o Senhor Ricardo Silva, foi Diretor de Desenvolvimento Turístico da

Goiás Turismo. Ele declarou que havia, na Goiás Turismo, uma espécie

de mutirão para formalização dos processos, e a equipe técnica que nos

auxilia do Tribunal de Contas encontrou processo protocolado e

montado no mesmo dia, ou seja, protocolado hoje, e hoje mesmo já saiu

o "autorizo" da Goiás Turismo, indo na contramão de uma portaria da

própria Goiás Turismo, que falava no mínimo de dez, quinze dias. É

comum que isso aconteça, Leandro?

Aliás, lembro-me bem de o Ricardo dizer uma frase. Ele disse: "Olha,

pode ter igual, mas, mais rápido do que a Goiás Turismo, não existe.".

Ele lançou aqui um desafio, como se aquilo fosse vantagem, dizendo:

"Lá, quando chega, a gente já põe para andar". E isso, sobretudo, num

Estado cuja fama é de as coisas empacarem. Enfim, isso é comum,

Leandro?

O SR. LEANDRO GARCIA: - Olha, Deputado, é uma boa oportunidade

de a gente aumentar um pouco o leque da nossa explanação. Hoje, vejo

que estou sendo culpado até mesmo pela minha eficiência, viu, nobre

Deputado? Porque nós, de fato, batemos recordes em cima de recordes

na questão do atendimento e da eficiência.

Como o senhor acabou de dizer, a tendência dos órgãos públicos é a

demora - e aqui aproveito para agradecer a todos os servidores da Goiás

Turismo que se empenharam de forma excepcional até hoje. No começo

da instauração da Comissão Parlamentar de Inquérito muitos ficaram

apreensivos e tive que fazer um trabalho muito consistente junto a todos

os servidores para acalmá-los, dizer-lhes ser este um ato constitucional,

que temos que aproveitar a oportunidade de crescer perante as

dificuldades porque tenho certeza da lisura do trabalho realizado e tudo

mais.

Quanto à questão da celeridade, digamos assim, do trabalho realizado

pela Goiás Turismo, nada me impede que eu seja eficiente, começa por

aí. Então, eu tenho condições de ser eficiente. E a tese é simples

porque já tive a oportunidade de vê-lo falar que a Portaria da Goiás

Turismo pede vinte dias, mas que, se chegar lá, ela faz. Mas é importante

ressaltar, Deputado, que esse é o art. 3º da Portaria nº 02/12, que diz da

antecedência mínima de vinte dias, mas o parágrafo seguinte a este

dispositivo, o parágrafo único, diz o seguinte: "O descumprimento do

prazo indicado no caput deste artigo poderá inviabilizar o apoio por

insuficiência de prazo para a tramitação do procedimento

administrativo". Ou seja, quero corrigir algumas colocações feitas aqui

de que eu estaria descumprindo a minha portaria. Não a descumpri em

hora alguma. O que houve realmente foi uma antecipação. Pedimos com

vinte dias, mas o referido parágrafo único diz que "poderá inviabilizar".

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A gente tenta realmente acelerar, mas, se um Deputado me faz uma

demanda, eu tenho o maior carinho em atendê-lo, porque sei que estarei

atendendo ao anseio do povo. Então, tenho a plena satisfação em poder

realizar esse trabalho, e isso pode ser comprovado por nós até mesmo

pelos horários e dinâmicas de trabalho.

Agora, o ponto mais importante a ser ressaltado acerca da celeridade

dos processos realizados pela Goiás Turismo é muito simples. E é bom

ressaltar que essa Portaria nº 02/12 foi substituída pela Portaria nº

39/16, que foi atualizada em 2016 e a ela foram inseridas mais

justificativas de preço, e aumentamos os prazos dos contratos, para que

ela pudesse abranger e dar mais segurança legal à nossa gestão. Com

isso, aumentamos para quatro as comprovações dos seus cachês e

diminuímos a apresentação para cinco dias, porque, realmente, o prazo

de vinte dias estava sendo inviável, porque ninguém se apresentava com

vinte dias. Dessa forma, diminuímos esse prazo para cinco, mas também

temos o parágrafo único dispondo que ele "poderá inviabilizar", dando

essa segurança para que, caso ocorra, não venhamos a descumprir

nenhuma ação.

Mas quero elucidar esse caso de uma vez por todas, Deputado, trazendo

a seguinte informação: toda portaria figura com essas duas folhas no

final, que são os anexos com todas as documentações necessárias para a

realização dos convênios - no caso de convênio - ou pela contratação por

inexigibilidade das ações colocadas. Então, esse ponto é importante para

esclarecer que não andamos com processo do qual esteja faltando algum

documento. Os processos passam por um check list no qual todas as

documentações devem ser apresentadas primeiro, no qual é feita uma

triagem desses documentos. E isso é fácil de se comprovar, porque, na

Goiás Turismo, não temos eventos parados pela metade: eles são abertos

e encerrados. Eles trazem toda a documentação, nós a checamos e, aí

sim, há esse encaminhamento. Então, quando se chega aos

departamentos não falta documentação ou alguma certidão.

Acredito que não seja sempre assim que aconteça. Em um caso ou outro

pode ser que haja tramitação em um dia. Desde que esteja correto todo o

procedimento, haja empenho de toda a equipe, principalmente o carinho

do Presidente - sou uma pessoa que estou andando pelos setores,

cobrando eficiência - pode ser tramitado. Não me é proibida essa

tramitação.

Acredito que o grande ponto dessa celeridade, dessa expertise - inclusive

aproveito para agradecer o Ricardo Silva, Ricardo Trick - ele foi um

grande Diretor da Goiás Turismo, uma pessoa que deixou um legado

muito grande, um apaixonado pelo Estado, completo conhecedor da

nossa estrutura - pelas palavras, e até pelo desafio, colocado até num

ato, com certeza, de descontração, conduzido aqui na Casa. Mas ele

colocou realmente de uma forma realmente interessante.

Acredito que essa celeridade se deva ao check list colocado e pelo

comprometimento de toda a equipe da Goiás Turismo com a vontade de

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atender à comunidade que tanto aguarda os trabalhos realizados em prol

do turismo do Estado.

O Deputado Relator abordou a questão do cronograma de

pagamentos:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Antes de passar a palavra

para o Deputado Marquinho Palmerston, uma reclamação de

praticamente todas as empresas, dos artistas, é quanto ao recebimento

por parte da Goiás Turismo dos eventos realizados. Foi dito também que

isso não depende da Goiás Turismo, depende do repasse da Secretaria

da Fazenda. Existe a possibilidade da interferência de Deputados na

SEFAZ para: "pago aqui, não pago ali". O show de 2015 recebe e o de

2016 ainda não recebeu. Qual é o cronograma de pagamentos?

O SR. LEANDRO GARCIA: - Eu vejo isso hoje como uma das grandes

dificuldades que encontramos em nossa gestão. Realmente há ausência

de força financeira da Goiás Turismo. É um ponto que temos discutido

muito com o Deputado Virmondes, com a nossa equipe técnica, tentando

fazer com que a Goiás Turismo tenha condições de ter recurso próprio.

Hoje, eu não tenho nenhum recurso próprio.

A cultura tem o Fundo da Cultura, o meio ambiente tem o Fundo do

Meio Ambiente e assim sucessivamente. O turismo não tem nenhum

Fundo. Dependemos 100% do repasse da Secretaria da Fazenda. Há,

logicamente, procedimentos técnicos para a geração da PDF, que é o

desembolso do Estado; a CMDF em que a liquidação após a prestação

de contas; a geração do número, mas há realmente uma liberação pela

Secretaria da Fazenda de todos os recursos colocados.

A pergunta de Vossa Excelência é para saber se há uma gestão de

alguém? Olha, eu acredito que todos correm atrás de suas formas de

recebimento. Inclusive, quando me procuram peço para ir à Secretaria

da Fazenda, porque não tenho esse recurso próprio. Eu gostaria muito,

inclusive, se fosse da minha gestão, de não ter contas a pagar. É

importante ressaltar que assumi a Goiás Turismo com algo em torno de

dezoito milhões em débito e nós hoje estamos com algo em torno de vinte

milhões, ou seja, eu não aumentei esse valor. E é um valor relativamente

pequeno, tendo em vista outros investimentos feitos em outros Estados.

Trouxe um levantamento de um estudo que fizemos. Lançamos no começo

do ano dez medidas para fortalecer o turismo, junto ao Governador.

Tivemos um trabalho muito consistente com toda a equipe, mas temos

aqui um ponto importante de se ressaltar: a Bahia investe cinquenta e

cinco milhões; o Rio Grande do Norte: dez milhões; o Ceará: quarenta

milhões; Minas Gerais: doze milhões e o Rio de Janeiro: vinte e nove

milhões, apenas em promoção, fora todos os outros encargos colocados.

Isso é importante para que a gente possa situar os investimentos feitos.

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Nós, do Estado de Goiás, estamos em primeiro lugar no crescimento.

Quem sou eu para falar que esse crescimento é único da Goiás Turismo.

Imagina? Independente disso, a situação financeira do Estado, a

infraestrutura do Estado, a condição de competitividade, a crise que está

instaurada no país, possibilitaram que esses números crescessem.

Nós temos aí o goiano conhecendo Goiás, deixando de ir para outros

países ou para outros estados, e está conhecendo mais o nosso estado.

Conhecendo o Vale do Araguaia, com suas belezas ímpares, tendo aí nas

águas quentes de Caldas Novas e Rio Quente o maior patrimônio natural

hidrotermal do mundo. Cidades históricas como Pirenópolis, Cidade de

Goiás, que têm um charme todo à parte.

Nós temos aí então, dentro do Estado de Goiás, hoje, um mosaico do

turismo brasileiro que está sendo descoberto pelos goianos. E isto é

importante ressaltar, que o maior fluxo turístico que nós temos dentro do

Estado é o fluxo doméstico - como nós chamamos -, que são os goianos

viajando dentro de Goiás. E, nesse ponto, é importante ressaltar que se o

goiano sai e vai para outros estados, outro país, nós estaremos

mandando dinheiro para fora - o que é pior: além de não gastar, está

gastando fora. Então, eu costumo dizer que o turismo é a arte de vender

felicidade.

E, se as pessoas não se movimentam, elas não gastam, não geram

imposto, e consequentemente não se gera emprego, renda e tudo mais.

Então, nós temos que ter desculpas para que o turista viaje. Então nós

temos que fazer eventos de qualidade, ter atrações voltadas para o

esporte, usar a cultura como forma de ferramenta para que nós

possamos continuar a desenvolver o Estado.

Agora, sobre a gestão financeira, realmente, nós temos esse ponto: eu

não tenho a gestão financeira direta. Acredito sim que todas as pessoas,

como os deputados, os artistas procuram muitas vezes a Secretaria da

Fazenda para haver a liberação. E, toda vez que há uma liberação da

Fazenda, eu sigo essa liberação porque acredito eu que eles têm o

conhecimento da gestão. E o Sistema do Governo, se estivesse errado,

também não haveria de ter essa liberação. Então, realmente a gente tem

essa ingerência, vamos dizer assim, na parte financeira direta sobre isso.

O DEPUTADO MARQUINHO PALMERSTON perguntou ao

depoente sobre a porcentagem, no orçamento da Goiás Turismo, reservada para

eventos:

O SR. DEPUTADO MARQUINHO PALMERSTON:- (...)

Eu quero fazer uma pergunta para você, Presidente. Dentre o orçamento

que o Estado disponibiliza para a Goiás Turismo - não sei o valor em sua

totalidade, você tem um orçamento próprio - quantos por cento você tem

hoje para eventos? Quando falo eventos me refiro a shows e eventos:

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festival gastronômico, shows, pecuárias, aniversários de cidades. O

senhor tem uma porcentagem dessa quantidade? Por exemplo, de 50

milhões, 30 milhões são gastos em shows. O senhor tem uma

porcentagem disso? Nesses anos de 2016, 2017?

O SR. LEANDRO GARCIA: - Acredito que algo em torno de 60% do

orçamento é gasto em realização de eventos.

O SR. DEPUTADO MARQUINHO PALMERSTON:- De eventos. Não em

shows, mas eventos em geral.

O SR. LEANDRO GARCIA: - Não em shows.

O SR. DEPUTADO MARQUINHO PALMERSTON:- É porque os shows

estão dentro dos eventos?

O SR. LEANDRO GARCIA: - Exatamente. Porque, inclusive, nós temos o

Circuito das Cavalhadas, vamos supor, que nós tivemos a grata

satisfação de criar o Circuito das Cavalhadas, o que, para mim, é um dos

maiores patrimônios imateriais da cultura do nosso Estado. As

Cavalhadas que passam por treze cidades. E nós criamos essa unificação

dessa marca, criando esse Circuito. E hoje é um produto que está sendo

colocado nas prateleiras dos consumidores. E isso tem movimentado e

trazido, pessoalmente, um reconhecimento muito disso aí.

Nós temos a Procissão do Fogaréu e tantos outros eventos que não são

shows. Mas, digo algo em torno de 60% do orçamento.

O SR. DEPUTADO MARQUINHO PALMERSTON:- Desses 60% do

orçamento, o Senhor tem algumas datas mais específicas em que se gera

mais demanda? Por exemplo, carnaval, réveillon, férias de julho? Existe

uma... O Senhor tem uma ideia de o que é mais realizado? São mais

datas comemorativas de aniversário? Como funciona isso?

O SR. LEANDRO GARCIA: - Olha, nós temos vários pontos de trabalho.

Mas, logicamente, em pontos específicos, como carnaval... Hoje em dia...

(...)

Temos datas específicas sim. O réveillon é uma data muito onde há um

investimento do Governo, apesar de que nos últimos anos, devido ao

Tribunal de Contas ter colocado algumas barreiras, até em virtude dessa

auditoria que foi realizada, nos últimos anos fizemos exatamente a

liberação que teve...

O SR. DEPUTADO MARQUINHO PALMERSTON:- Estou perguntado

isso porque muito da auditoria que foi feita foram citadas essas datas

específicas.

O SR. LEANDRO GARCIA: - Então, temos, aí, dentro do carnaval uma

data muito grande. Todas as cidades, hoje, trabalham o carnaval. A

parte de réveillon, o aniversário de cidades, as festas de peão, que são já

em datas recorrentes nos municípios.

Mas, vejo bem pulverizado esses valores, não são especificamente em

datas X ou Y, elas são bem pulverizadas, tendo o carnaval como um

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grande catalisador dos investimentos também, diferente dos últimos dois

anos, quando eu assumi nos dois primeiros anos, nos últimos dois anos

realmente houve uma diminuição no investimento e as cidades polos, as

cidades indutoras que falamos, do Turismo, têm uma atenção um pouco

maior.

O Deputado Marquinho Palmerston perguntou sobre a escolha do

artista para realização dos shows:

O SR. DEPUTADO MARQUINHO PALMERSTON:- A maioria desses

eventos que são realizados, o senhor falou há pouco tempo que, quase

que na sua totalidade, quem escolhe o artista é o próprio Prefeito da

cidade. O Deputado concede a emenda, o Governo concede o valor para

a cidade e quem escolhe na maioria das vezes é o gestor do município?

O SR. LEANDRO GARCIA: - Exatamente. A parte documental que nós

temos é isso. O ato discricionário não é da Agência, é junto com o

prefeito.

O SR. DEPUTADO MARQUINHO PALMERSTON: - A Goiás Turismo

não escolhe o show? Não dá preferência para algum artista?

O SR. LEANDRO GARCIA: - Exatamente. Este ato vem da prefeitura

municipal juntamente com a emenda que foi colocada.

O Deputado Marquinho Palmerston perguntou ao depoente se algum

empresário ou artista, órgão público, deputado, já pediu vantagem para pagar os

shows:

O SR. DEPUTADO MARQUINHO PALMERSTON:- Nesses quatro anos

em que está na Goiás Turismo, depois perguntarei isso aos diretores,

nessas cobranças desses eventos, algum empresário ou artista, ente de

órgão público, deputado, já te pediu vantagem para pagar esses shows?

Sentou à mesa e falou: “Pague esse show aqui”. Alguém já te ofereceu

alguma vantagem para que isso fosse pago?

O SR. LEANDRO GARCIA:- Se tivessem me oferecido vocês teriam

ficado sabendo porque não aceito este tipo de conversa comigo, nunca

dei abertura para este tipo de negociata, não aceito essa forma de

gestão. Então, não, nunca teve.

O Deputado Marquinho Palmerston perguntou ao depoente sobre

eventual cobrança de ingressos nos shows patrocinados pela Goiás Turismo:

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O SR. DEPUTADO MARQUINHO PALMERSTON:- Outra pergunta que

quero fazer ao senhor. Foi muito cogitado durante essas investigações da

CPI, essa auditoria, algumas delas falando que a Goiás Turismo,

corrija-me se eu tiver errado, Presidente, fez shows para eventos

fechados.

Sabemos que, a exemplo de pecuária, tem-se um show que é pago e outro

que é aberto, algumas vezes a Goiás Turismo cedeu o show para esse

evento que é aberto, mas alguma vez a Goiás Turismo já patrocinou, deu

algum show para algum evento particular que foi cobrado ingresso?

O SR. LEANDRO GARCIA:- Não, Deputado. Tivemos um caso específico

onde foi detectado a cobrança de ingresso e o prefeito, inclusive tenho os

autos aqui, foi alvo de investigação pelo próprio Ministério Público, mas

não me lembro se foi exatamente esse aqui. Só um minuto, era

interessante para termos essa certeza.

De qualquer forma tem um ato do Ministério Público sobre este ponto

onde o Prefeito pediu o cancelamento de um show. É importante

salientar que temos mais de mil processos que foram analisados, um caso

específico onde houve uma cobrança de ingresso, o prefeito solicitou que

houvesse o cancelamento desse empenho previamente a realização do

show e foi feito o cancelamento.

Então, a resposta é: não houve cobrança, não são feitos shows para a

iniciativa privada. É feito seguindo toda a determinação e com muita

retidão sobre a nossa Portaria, onde tem que ser feito pela entidade sem

fins lucrativos, a grande maioria pela prefeitura. Toda vez que é

realizado com alguma entidade, nós enviamos a essa Casa para que seja

aprovado o termo de convênio com essa entidade. É feita a fiscalização.

E esse ponto é importante porque toda prestação de contas, nobres

Deputados, nós exigimos que haja as comprovações dos entes da cidade,

ou seja, a Câmara Municipal tem que emitir um parecer onde não houve

cobrança e que o show aconteceu. A Polícia Militar tem que colocar um

documento para poder mostrar que não houve cobrança de ingresso e

que aconteceu o evento. E mais outras entidades, como o Corpo de

Bombeiros e tudo o mais.

Tenho certeza, inclusive aproveito para parabenizar o meu advogado,

Dr. Fábio, que foi ele na época que era Gerente da Goiás Turismo, que

implantou essa metodologia de trabalho. E isso deu uma segurança

jurídica muito grande para a Goiás Turismo num ato de não se pagar

show que não aconteceu, e que se houvesse uma cobrança de shows.

Isso, por quê? Porque nós temos um corpo técnico muito pequeno dentro

da Goiás Turismo. Então, imagine o senhor que, dentro de um carnaval,

onde se realiza 40 shows, chegamos lá a fazer até mais processos, como

eu fiscalizaria todos esses shows?

Então, nós fiscalizamos por amostragem alguns shows, mas nós temos

essa segurança jurídica, que na prestação de contas, a exigência desses

documentos pelos representantes locais, como polícia, bombeiro,

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Câmara dos Vereadores dão essa segurança jurídica para o nosso

trabalho.

Então, não há cobrança de ingresso. Teve um caso esporádico que houve

a cobrança e que houve, no meu ponto de vista, um mal entendido, onde

até o próprio prefeito pediu o cancelamento previamente a sua

realização, e foi arquivado inclusive também pelo Ministério Público

esse caso.

O Presidente da CPI voltou a abordar a questão da ordem

cronológica:

O SR. PRESIDENTE: - Senhor Leandro, Presidente da Goiás Turismo, a

gerência de fiscalização do Tribunal de Contas do Estado, em seu

parecer, vem informando que constatou-se, por meio de análise, que

33,15% das contratações de 2015 e 2016, que a data do atesto das notas

fiscais não priorizaram a liquidação e o correspondente pagamento do

contrato, não atendendo para a ordem cronológica.

Evidenciou-se o pagamento de contratos fora da ordem cronológica,

tendo em vista esses demonstrarem data de certificação na nota fiscal

posterior a outros contratos que ainda se encontram na situação a

receber sem qualquer justificativa, afrontando o princípio da

impessoalidade. Essa é a análise da gerência de fiscalização.

O senhor nos disse aqui, em resposta à pergunta do relator Deputado

Humberto Aidar, que o senhor não tem verba própria e que recebe

repasses da Secretaria da Fazenda. Diria até que, como existe o CMDF,

e o CMDF é para cada evento, o senhor recebe, vamos colocar assim, já

carimbado, não decidindo. Mesmo o senhor sendo o Presidente, o senhor

não tem a decisão do pagamento. É isso?

O SR. LEANDRO GARCIA:- Exato.

O SR. PRESIDENTE: - Mas o senhor também recebe uma verba para

que o senhor tenha autonomia de fazer alguns pagamentos ou todo o

dinheiro repassado pela Secretaria da Fazenda é dinheiro, vamos

colocar assim, de forma carimbada? Ou o senhor recebe uma verba

mensal, como se fosse uma mesada mensal, para que o senhor tenha,

também, autonomia para fazer os seus pagamentos?

O SR. LEANDRO GARCIA: - Deputado, nós temos, na criação da

CMDF, um procedimento técnico onde, realmente, passa pela prestação

de contas de diversos shows realizados. Então, muitas das vezes, tem um

show que é realizado hoje e ele demora muito mais para que seja gerada

a CMDF devido à sua prestação de contas. Ela depende da emissão da

nota fiscal, das declarações.

Então a realização, ela não está ligada diretamente com a criação da

CMDF.

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O SR. PRESIDENTE: - Eu estou dizendo em termos de pagamento. Só

pode ser feito depois que gerou a CMDF?

O SR. LEANDRO GARCIA: - Exatamente.

O Presidente da CPI perguntou ao depoente se ele tem autonomia

para realizar os pagamentos de forma técnica ou da forma que achar melhor, ou se

parte ou todo o pagamento vem direcionado da Secretaria da Fazenda:

O SR. PRESIDENTE: - A pergunta para o senhor é – e que seja mais

sucinto: O senhor tem autonomia de fazer os pagamentos de forma

técnica ou da forma que vocês acharem melhor? Ou parte ou todo o

pagamento vem direcionado da Secretaria da Fazenda?

O SR. LEANDRO GARCIA: - O que acontece. Eu já estou há quatro anos

dentro da Goiás Turismo, basicamente. Dentro desses quatro anos, nós

tivemos aí três secretários que passaram pela SEFAZ. Cada Secretário

tem um formato de se trabalhar.

Então tiveram momentos onde eu forcei para que não viesse recurso,

para que a gente pudesse colocar em ordem cronológica, fui até

colocado com dificuldade por diversas pessoas, onde parou de vir

recurso e começaram a vir recursos menores para pagamentos

específicos e eu não tenho como, acho até injusto de não tentar diminuir

esses débitos.

Mas respondendo claramente a Vossa Excelência. Hoje eu não tenho

nenhuma mesada. Se o senhor me pedir para pagar 100 reais, hoje, na

Goiás Turismo, eu não tenho. Eu dependo do repasse da Secretaria da

Fazenda e que, na sua grande maioria, já vem na sua totalidade com

destino certo.

O SR. PRESIDENTE: - (...)

Mas a pergunta – volto a dizer – hoje os repasses que estão sendo feitos,

o senhor tem a liberdade de fazer os pagamentos assim como o senhor

achar que devem ser feitos, de forma técnica, cronológica, ou não? Sim,

ou não.

O SR. LEANDRO GARCIA: - Não.

O SR. PRESIDENTE: - Então, o senhor está me afirmando que todo tipo

de pagamento, ele vem direto da Secretaria da Fazenda. É ela quem

decide quem vai receber?

O SR. LEANDRO GARCIA: - Logicamente que nós temos gastos com

folha de pagamentos e outras...

O SR. PRESIDENTE: - Eu falo para eventos.

O SR. LEANDRO GARCIA: - Para eventos, vem sim diretamente da

Secretaria da Fazenda.

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O SR. PRESIDENTE: Então, a decisão não passa pelo senhor?

O SR. LEANDRO GARCIA: - Eu, muitas vezes, deputado, passo e-mails

para a Secretaria da Fazenda das demandas que me chegam.

Então, se Vossa Excelência me procurar e disser que precisa fazer o

pagamento das suas emendas, e como deve fazer, eu passo um e-mail

dizendo que o deputado esteve aqui e que está pedindo para que suas

emendas sejam pagas. E assim eu faço com todas as empresas. Então, em

alguns pontos há esse entendimento e em outros não.

E eu quero só me prolongar, se o senhor me permitir mais um pouco, que

realmente eu não tive ainda o direito de poder me expressar e, por isso,

que hoje eu quero ter condição de poder falar de todos os pontos. E,

inclusive, falei com os diretores, se eles tiverem que ficar aqui o tempo

que for necessário, mas que nós tenhamos esse direito da ampla defesa e

que o senhor entenda um pouquinho a minha vontade de estar

elucidando e trazendo às claras todos esses pontos levantados por Vossa

Excelência.

O Deputado Cláudio Meirelles perguntou ao depoente sobre os

critérios para estabelecer os valores dos shows:

O SR. PRESIDENTE: - (...)

O deputado faz um pedido de R$ 150.000,00, mas qual é o critério para

que o Israel e Rodolffo valha R$ 150.000,00 ou o Leonardo,

suponhamos, valha R$ 200.000,00 ou o Safadão valha R$ 500.000,00?

Quer dizer, qual é o critério que a Goiás Turismo adota para saber esses

valores, já que os técnicos de contas constataram em outros lugares

valores bem menores? Essa é a pergunta.

O SR. LEANDRO GARCIA: - (...)

Quanto à contratação de shows com valores diferentes, volto a

frisar Deputado, só posso fazer o que a lei manda, não posso fazer outra

coisa. Então, se eu exijo as comprovações fiscais e são apresentadas

essas comprovações, não tenho como fazer diferente, eu não poderia

fazer diferente.

Me exigem três, eu peço quatro, exige contrato, exige comprovação, me

trazem todos os documentos. O valor do show é o mesmo valor da

emenda apontada pelo Deputado, eu não tenho como negar a realização.

O prefeito pede a emenda ou o autorizo, a comprovação do cachê eu não

posso me furtar. Volto a frisar que, dependendo da contratação de caso a

caso, e nós temos pontos debatidos pelo Tribunal de Contas do Estado,

pacificados e arquivados pelo tribunal sobre esse assunto. Temos ações

no Ministério Público pacificadas e arquivadas sobre esse assunto.

Cada contratação pode haver uma diferença, ou seja, tentando ser um

pouco mais objetivo, que é difícil, mas vou tentar. Tem shows que o

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contratante entra na bilheteria com o artista, tem shows que o

contratante assume a parte de hospedagem, transporte e traslado. Tem

shows que há toda uma negociação.

No governo, o show vem fechado. É a apresentação do artista, incluso as

despesas dele. Por isso ele realmente é mais caro. Eu acredito que pode

haver até a opção de um particular para fazer show sem nota, eu seria

leviano falar que todos os shows feitos particularmente exige-se nota.

Então, o cara não dá nota, assume prestação de transporte, vai pagar

hospedagem, vai fazer negociação de bilheteria. Então, realmente é um

ponto que a Comissão Parlamentar tem a profundidade de investigação

que eu não tenho. Eu estarei junto com o senhor presidente, se houver

alguma irregularidade sobre empresa, vou ser o primeiro a pedir o

ressarcimento para os cofres públicos.

E, para mim, só cabe a fazer o que a lei permite, que é solicitar as

comprovações, ter o rito processual e atender às demandas que foram

colocadas pelos municípios e apontadas por Vossa Excelências.

5.2.15. JOSÉ ADRIANO DONZELLI – Diretor de Gestão, Planejamento e

Finanças da Goiás Turismo – depoimento prestado em 30 de novembro de 2017:

O Relator da CPI, Deputado Humberto Aidar, perguntou ao depoente

sobre os critérios adotados para estabelecer a política do setor turístico em Goiás:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- (...)

José, como é determinada e quais os critérios adotados para estabelecer

a política do setor turístico aqui em Goiás?

O SR. JOSÉ ADRIANO DONZELLI:- (...)

Na política do setor a gente tenta acompanhar as políticas que são

nacionais. O Ministério do Turismo tem um plano diretor de turismo e

nós fazemos a adaptação, aquilo que há de melhor dentro desse plano a

gente tenta fazer a implantação em Goiás. Além disso, há um corpo

técnico dentro da agência e esse corpo técnico se reúne periodicamente,

um corpo técnico de excelente qualidade, e lá nós planejamos aquilo que,

de alguma forma, ao nosso entender, possa trazer o maior volume de

turistas para o Estado.

É claro que isso também é dinamizado com ações que vão acontecendo

ao longo do ano e reduzido, de alguma forma, com as restrições

orçamentárias que a gente possa ter ao longo do tempo.

Perguntou, ainda, sobre as emendas parlamentares:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- Aqui foi dito por algumas

pessoas ouvidas por esta CPI, e queria que o senhor também pudesse

falar a respeito do orçamento da Goiás Turismo porque, trocando em

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miúdos, o maior montante ou quase a totalidade são oriundos de

emendas parlamentares que, na verdade, o Presidente disse não se

tratam de emendas porque tem que ser emenda ao orçamento. Fala de

emenda porque tem um acordo do governo com a bancada que eu apoio

junto com alguns deputados e se destina uma quantia x. E, aí, chama-se

de emendas. Na verdade não são emendas, mas ficou conhecido como

emenda de deputado.

O recurso da Goiás Turismo realmente são essas emendas para shows?

O SR. JOSÉ ADRIANO DONZELLI: - Na verdade, quando a gente pensa

em shows, o maior volume de recursos realmente vem de emendas. Mas a

Goiás Turismo não é só show. Ela tem uma série de ações que estão

pautadas por esse planejamento que a gente faz. Nós estamos falando em

mais de 50 ações por ano que independem das emendas parlamentares.

Aquilo que é tocante ao show, sim o maior volume delas, eu acho que em

torno de 90%, são oriundos dessas ditas emendas parlamentares. Há que

se fazer aqui só uma correção, deputado, que são emendas que são de

todos os deputados, não só deputados da Base, como o senhor nos

colocou.

Dentro desse escopo de shows a gente coloca o show como um dos

pontos a ser um atrativo turístico, mas não é o principal. O planejamento

nosso contempla várias ações vários circuitos. Circuitos que vão

transformar aquilo que a gente tem de cultural em atrativo de turismo, e

esses muitas vezes independe de... Aliás, normalmente não conta com

nenhuma apoio parlamentar e esses valores são definidos em

planejamento. Logo no início do ano a gente senta, planeja todo nosso

trabalho e ele é corroborado depois em reunião com executivo. Nós

levamos isso ao senhor Governador e ele aí entende aquilo que é factível

e o que não é.

É bom a gente lembrar que um orçamento na verdade fixa as despesas

e estima as receitas. Quando há uma frustração de receitas ele tem que

ser readequado, assim quando há um superávit de receita ele pode ser

readequado. Então essas colocações feitas mostram que a gente sempre

planeja todas as ações da Goiás Turismo.

O Deputado Relator também perguntou acerca sobre a apresentação

da emenda parlamentar na Goiás Turismo e sobre a fixação dos preços:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- O que não ficou bem

claro... O presidente, quando esteve aqui, a informação é que o prefeito

recebe a emenda do parlamentar e já chega com a carta marcada: "Olha

nós queremos tal show e custa tanto”. É assim que funciona?

O SR. JOSÉ ADRIANO DONZELLI: - Esse é um exercício de

adivinhações. Não sabe se o prefeito vai atrás do empresário, ou se o

empresário vai atrás do prefeito oferecer o seu serviço, os seus shows. O

que chega para a Goiás Turismo, normalmente, é uma solicitação do

prefeito ou de quem seja o beneficiário do show, acompanhados também

de uma Emenda.

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O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- Não é nem questão de

adivinhação, não. Eu só quero saber se na hora de determinar o preço

do show, quando o prefeito chega, ou quando o Deputado, ou quem quer

que seja, já chega dizendo o preço do show? É isso? Não é a Goiás

Turismo que determina?

O SR. JOSÉ ADRIANO DONZELLI: - Sim. A Goiás Turismo analisa a

documentação. Se ela cumpre a Portaria; agora, o que veio antes disso,

quem foi o escolhido, porque foi escolhido, o cachê e tal, nós não temos

essa alçada. O que nós determinamos é o seguinte: se o cachê desse

artista que foi indicado está dentro dos parâmetros legais.

O Deputado Relator abordou, também, a questão do atraso e do

cronograma de pagamentos:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- Diretor, os pagamentos que

são realizados a essas empresas, qual a participação? O senhor disse

aqui que trabalha no planejamento. Então, com o pagamento.

Um dos grandes problemas aqui, seu advogado, inclusive, acompanhou

boa parte das oitivas, é a reclamação do não pagamento. Não recebe. E

o pior é que não tem um cronograma; às vezes acontece da minha

empresa fazer um show esse ano agora, e acaba a Goiás Turismo

pagando um show que foi feito depois do meu, e eu não recebi. Isso aqui

ficou claro.

O Presidente disse aqui, que aí também não é com a Goiás Turismo,

porque o Deputado, ou o prefeito, ou o agente político vai até a

Secretaria da Fazenda e consegue pagar aquela determinada emenda,

que eu volto a insistir, não é uma emenda, enfim, mas a Goiás Turismo,

há quem diga que a Goiás Turismo é que faz o pedido, aí tem a gestão

política também dentro da Goiás Turismo. Como é que funciona dentro

da sua participação, do seu conhecimento?

O SR. JOSÉ ADRIANO DONZELLI: - O que acontece, o que eu posso

afirmar é que alguns eventos são pagos antes de outros eventos. Pode

acontecer? Pode, muitas vezes até pela prestação de contas, que é

exigida após evento, porque o fato da pessoa ter gerado a sua CMDF e,

por algum motivo, não apresentar todos os documentos que são

solicitados na prestação de contas, isso faz com que o atraso dele seja...

A preparação do pagamento, que é a parte que me cabe, para deixar ele

pronto para ser pago, é exigido que se prove que tudo que ele contratou

foi entregue. Essa nota tem que ser emitida, tem que ser testada, seus

impostos têm que ser recolhidos e tal. Isso é a minha parte, isso eu faço.

Muitas empresas fazem o serviço e demoram meses para emitir uma nota

fiscal e para mim, no financeiro, enquanto essa nota fiscal não for

emitida, não for atestada, aquele show simplesmente não aconteceu. No

financeiro, eu não estou dizendo de fato, eu estou falando

documentalmente. Se ele não me apresentar todos os documentos, se ele

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não emitir uma nota, eu, até ali, não estou devendo porque a nota que faz

com que eu possa colocá-lo pronto, apto a receber.

Então, pode acontecer de alguém que fez o show a posterior... Eu já vi

pessoas fazerem show num dia e no outro dia tirar a nota fiscal, recolher

os impostos e fazer toda a sua prestação de contas e já vi empresas que

demoraram meses para apresentar a sua documentação para ficar apto a

pagamento. Então, isso pode acontecer.

Uma vez que todos os documentos estão prontos e que ele ficou apto a

receber, essa gestão de financeiro e tal não é também da Goiás Turismo.

O que nós fazemos gestão sobre o pagamento lá, e essa gestão é minha,

eu faço para pagar o telefone, o combustível, o aluguel do carro, todas

as questões que são de custeio. Essa é uma gestão que eu faço. Na

questão de shows, de eventos e tal, essa gestão não é minha.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- Isso. Só reforçando aqui o

que o Presidente disse: nessa questão de shows, ele nos afirmou que não

é a Goiás Turismo que solicita da Fazenda. A Fazenda que determina

para a Goiás Turismo: “Olha, eu estou mandando R$ 1.000.000,00 (um

milhão de reais) para pagar a emenda X, Y, Z”. É assim que funciona,

não é isso?

O SR. JOSÉ ADRIANO DONZELLI: - É assim que funciona. É a CMDF.

Na verdade, ela não fala para mim emenda de fulano...

(...)

O Deputado Relator perguntou também sobre o prazo para

contratação do show artístico:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- José, no campo hipotético,

um prefeito pega um artista desconhecido, resolve pagar R$ 100.000,00

para esse artista. A empresa organiza toda a documentação. Existe a

possibilidade de hoje mesmo ser liberado? A Goiás Turismo não teria um

prazo para verificar se o cachê desse artista é esse mesmo? Não há

necessidade disso?

O SR. JOSÉ ADRIANO DONZELLI:- Isso é feito. A primeira vez em que

um cantor canta na Goiás Turismo o prazo nunca é feito num dia só.

Sempre há um processo, uma pesquisa. Isso é o normal. Uma vez que ele

tem toda a documentação, que tudo já foi verificado uma, duas, dez, vinte

vezes é que é possível que o trâmite seja mais rápido.

Nossa Portaria fala em um prazo de quatro a cinco dias, o que não

impede que seja feito no mesmo dia. A gente pede esse prazo, por

acúmulo, por falta de funcionário ou alguma coisa assim. Mas como eu

disse ao senhor, o nosso pessoal é extremamente treinado e sabe qual

documento é bom ou ruim. A pesquisa feita é repetida.

O Presidente da CPI perguntou ao depoente sobre a autonomia da

Goiás Turismo para efetuar os pagamentos:

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O SR. PRESIDENTE: - Doutor José Adriano, o Presidente esteve aqui e

disse, em outras palavras - pelo menos foi o sentimento que percebi - que

falta autonomia, por parte da Goiás Turismo, que os pagamentos já vêm

carimbados pela Secretaria da Fazenda e que, por conta disso, não tem

como obedecer a uma ordem cronológica. Ou seja, ocorre de um

processo que esteja lá há apenas um mês ser pago antes de um outro que

esteja lá há um ano. Isso em tese, estou dando como exemplo.

O que o senhor, que é da área financeira, tem a dizer a respeito? Quem

determina esse pagamento pela CMDF? Essa escolha passa pra vocês ou

ela já vem de forma carimbada da Secretaria da Fazenda?

O SR. JOSÉ ADRIANO DONZELLI: Nem se a gente quisesse teríamos

como escolher, porque o sistema é que coloca isso para nós, e a

Secretaria da Fazenda libera, via sistema, as CMDF's a serem pagas.

O SR. PRESIDENTE: - Então, a falta de obediência cronológica não

parte da Goiás Turismo, mas sim da fonte pagadora, Sefaz, que é quem

define isso?

O SR. JOSÉ ADRIANO DONZELLI: Já aconteceu, inclusive, de nos

recusarmos a fazer aqueles pagamentos e o dinheiro ser recolhido.

O SR. PRESIDENTE: - Recusaram-se por quê?

O SR. JOSÉ ADRIANO DONZELLI: Porque queríamos que os

pagamentos obedecessem a uma ordem cronológica e isso não foi feito.

Foi logo no começo da gestão do Leandro, no primeiro repasse feito. Ele

disse "Não, isso aqui eu não vou pagar, porque preciso pagar quem está

esperando há mais tempo". Foi no primeiro repasse que foi feito pela

Secretaria da Fazenda. E isso ficou lá por vinte dias, até que a

Secretaria da Fazenda recolheu aquele dinheiro e nos deixou de castigo

por algum tempo, sem repasses.

(...)

Mas a pergunta toda é: o senhor pode confirmar, sim ou não, se quem

determina esses pagamentos, passando por cima da questão cronológica,

é realmente a gestão, o presidente, o gestor, o responsável, o Sr.

Leandro, ou se é a Secretaria quem encaminha, já carimbado, o que tem

que ser pago?

O SR. JOSÉ ADRIANO DONZELLI: Não. Quem encaminha isso já

pronto é a Sefaz. Muitas vezes, a gestão do presidente - como na gestão

minha, por exemplo -, como disse ao senhor, solicita os pagamentos. Eu,

pessoalmente, me empenho para realizar alguns pagamentos, como conta

telefônica, combustível.

5.2.16. ROQUE CARVALHO DE MELO FILHO – Diretor de Desenvolvimento,

Pesquisa Turística e Eventos da Goiás Turismo – depoimento prestado em 30 de

novembro de 2017:

Em suas considerações iniciais, o Diretor de Desenvolvimento,

Pesquisa Turística e Eventos da Goiás Turismo, ROQUE CARVALHO DE MELO

FILHO, assim se manifestou:

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O SR. ROQUE CARVALHO DE MELO FILHO: - Primeiramente, boa

tarde, Deputado Humberto Aidar e Deputado Marquinho

Palmerston. Minha diretoria é responsável pela área de eventos e

shows, porém estou há pouco tempo na Goiás Turismo. Estou lá há

menos de um ano. Efetivamente, comecei em janeiro deste ano.

Quando iniciou a minha gestão a agência já estava proibida pelo

Tribunal de Contas do Estado de realizar shows. Então, o meu foco

maior foi na participação de feiras nacionais e internacionais para

divulgar e promover Goiás como destino turístico tanto no Brasil quanto

lá fora.

O Relator da CPI, Deputado Humberto Aidar, perguntou ao depoente

sobre sua visão acerca da realização de muitos shows e se tem ideia de quantos são

realizados pela Goiás Turismo:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - O senhor entende, não

apenas os Deputados, fala-se na realização de muitos shows, algumas

pessoas entendem que isso é correto, outras não. Qual é visão do Senhor

e se tem ideia de quantos shows são realizados pela Goiás Turismo? A

média nos últimos anos?

O SR. ROQUE CARVALHO DE MELO FILHO: - Não, nas cidades não,

não posso afirmar. Aliás, fazendo uma correção, o cachê do Chitãozinho

e Xororó foi de 500 mil e não de 400 mil como falei. Em relação a

realizar réveillon em outras cidades acho que isso faria com que as

cidades concorressem entre si e isso dispersaria um pouco o número de

turistas. Então, acho que concentrar em Goiânia é uma forma de trazer

maior fluxo de turistas para a Capital.

O Deputado Humberto Aidar perguntou ao depoente se ele teria

alguma sugestão para melhorar a atuação da Goiás Turismo:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Se o Senhor pudesse sugerir,

porque estamos pegando aqui também sugestões dos diretores da Goiás

Turismo, colhendo sugestões aqui de empresários, de artistas, porque a

CPI não quer apenas apontar o que entende que não foi correto, mas

quer, também, sugerir.

Se o Senhor pudesse deixar aqui, se é que o senhor gostaria de deixar,

aqui, alguma sugestão para melhorar a atuação da Goiás Turismo, qual

seria essa sugestão do senhor?

O SR. ROQUE CARVALHO DE MELO FILHO: - Que os recursos

fossem direcionados mais para a infraestrutura turística do que para

shows.

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6. DOS DOCUMENTOS JUNTADOS E REQUISITADOS:

Para realização dos trabalhos da CPI, a análise documental foi de

suma importância. Pode-se dizer que o acervo da mesma foi composto, além da relação

da execução orçamentária das contratações de shows artísticos de 2013 a 2016; da

planilha contendo o relatório geral pelo sistema SIOFnet, pelas seguintes fontes:

6.1. Processos referentes às contratações de shows, nos exercícios de 2013 a 2016,

indicados por amostragem, e requisitados à Goiás Turismo:

Nesta etapa de exame documental, foi definida uma amostragem,

na ordem de 16,30% dos processos pertinentes às contratações de shows, nos exercícios

de 2013 a 2016, adotando-se, para tanto, critérios como: maior valor econômico, maior

incidência de contratações e denúncia. Observe-se detalhamento no quadro abaixo:

Quadro 1 - Processos Goiás Turismo 2013 a 2016

Exercício Total de Contratos Total de Processos

analisados

Percentual da

amostragem

2013 376 111 29,52%

2014 299 100 33,44%

2015 468 35 7,47%

2016 574 34 5,92%

TOTAL GERAL 1.717 280 16,30%

Fonte: Elaboração conforme dados fornecidos pela equipe técnica com base em dados do SIOFNet

e processos, de contratações formalizadas, analisados.

6.2. Notas Fiscais:

A presente CPI deliberou e aprovou a quebra do sigilo fiscal,

devidamente fundamentada, de empresas selecionadas por amostragem (obedecendo a

critérios técnicos), que contrataram com a Goiás Turismo. Nesse sentido, requisitaram-

se dessas empresas notas fiscais, referentes aos exercícios de 2013 a 2016, por elas

emitidas, referentes à contratação de shows artísticos.

De acordo com o Relatório Técnico do Tribunal de Contas do

Estado, foram selecionadas 14 (quatorze) empresas para esse mister.

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Ainda segundo Relatório da equipe técnica, das 14 (quatorze)

empresas às quais as notas fiscais foram requisitadas, somente 8 (oito) as

encaminharam. Vale destacar que, dentre essas, nenhuma respeitou a sequência

numérica dos blocos de notas fiscais, o que, de certa forma, compromete, em parte, a

análise técnica.

Não obstante isso, foi possível dizer se os valores contratados pela

Goiás Turismo estavam em conformidade com os valores de mercado, considerando os

preços praticados com outros entes públicos, e com entidades privadas.

Vale registrar que uma das empresas às quais as notas fiscais foram

requisitadas impetrou mandado de segurança preventivo (processo n. 5354704-

80.2017.8.09.0000), requerendo, liminarmente, a determinação ao Presidente da

Comissão Parlamentar de Inquérito da Goiás Turismo que se abstivesse de proceder a

qualquer ato que visasse buscar e apreender as notas fiscais emitidas pela empresa, no

período compreendido entre 2013 e 2016, até o julgamento do mérito do pedido. Nesse

sentido, foi concedida antecipação dos efeitos da tutela para suspender os efeitos do ato

que determinou referida busca e apreensão.

Além disso, sobreleva consignar que, não obstante as notas fiscais

sejam documentos cobertos pelo sigilo, ora quebrado por deliberação da CPI, o

Supremo Tribunal Federal entende que, havendo justa causa e achando-se configurada a

necessidade de revelar os dados sigilosos, seja no relatório final, seja para efeito das

comunicações ao Ministério Público, ou, ainda, por razões imperiosas ditadas pelo

interesse social, a divulgação do sigilo não configurará ilicitude. Senão, vejamos excerto

da ementa do julgamento do MS n. 23.452-1/RJ, relator Ministro Celso de Mello:

(...)

Havendo justa causa - e achando-se configurada a necessidade de

revelar os dados sigilosos, seja no relatório final dos trabalhos da

Comissão Parlamentar de Inquérito (como razão justificadora da

adoção de medidas a serem implementadas pelo Poder Público), seja

para efeito das comunicações destinadas ao Ministério Público ou a

outros órgãos do Poder Público, para os fins a que se refere o art. 58, §

3º, da Constituição, seja, ainda, por razões imperiosas ditadas pelo

interesse social - a divulgação do segredo, precisamente porque

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legitimada pelos fins que a motivaram, não configurará situação de

ilicitude, muito embora traduza providência revestida de absoluto grau

de excepcionalidade.

(...)1 (destacou-se)

Em outro mandado de segurança, o mesmo Ministro, em decisão

monocrática, indeferiu o pedido de interdição de uso de dados sigilosos pelos

integrantes da CPMI dos Correios. A propósito:

(...)

Indefiro o pedido de reconsideração, eis que o eventual acolhimento do

pleito – objetivando a interdição de uso, pelos integrantes da CPME em

questão, dos dados sigilosos pertinentes à São Paulo Corretora de

valores -, além de tornar inócua a quebra de sigilo (que teria sido

legitimamente determinada pela referida CPMI), importaria em clara (e

indevida) restrição ao poder investigatório desse órgão parlamentar.

(...)2

A doutrina também tem entendido que, para “resguardar direitos

fundamentais das pessoas, a melhor interpretação é no sentido de que possível

divulgação de documentos e informações sigilosas somente poderá ocorrer e, assim

mesmo, com a devida cautela, no relatório final dos trabalhos da CPI”3.

No entanto, por cautela, no presente Relatório, os nomes das

empresas e dos artistas serão mencionados somente quando constantes dos processos de

contratação, de publicação no Diário Oficial, ou no SIOFnet, o que não acontecerá

quando as informações forem encontradas nas notas fiscais. Nesse caso, será atribuído

um nome fictício ao artista e à empresa.

1 STF. Tribunal Pleno. MS n. 23.452-1/RJ. Relator: Ministro Celso de Mello. Julgamento: 16/9/1999.

Publicação: 12/5/2000. 2 STF. MS 25.832 MC/DF, relator Ministro celso de Mello. Julgamento: 14/2/2006. Publicação:

20/2/2006. 3 SANDOVAL. Ovídio Rocha Barros. CPI ao pé da letra. Campinas: Editora Millennium, 2001, p. 134.

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6.3. Relatório de Auditoria do Tribunal de Contas do Estado de Goiás n. 002/2017

Consoante consta do próprio Relatório de Auditoria Especial de

Regularidade, essa foi determinada por meio do Acórdão n. 3784/2016, de 9/11/2016, e

seu objetivo foi verificar a conformidade, regularidade, economicidade e eficiência, ou

seja, a finalidade pública das contratações dos shows realizados pela Agência Estadual

de Turismo – Goiás Turismo, nos exercícios de 2015 e 2016.

Nesse contexto, foram esclarecidos os seguintes pontos:

a) os procedimentos de formalização das contratações dos shows

artísticos atenderam aos preceitos legais aplicáveis?

b) os shows objetos das contratações foram efetivamente realizados?

c) em que medida a execução orçamentária, com enfoque na ordem

cronológica de pagamentos e no controle do equilíbrio das

despesas atendem à legislação e normativos aplicáveis?

d) houve a suspensão de novas contratações de shows artísticos, por

parte da Goiás Turismo, em conformidade com a recomendação

do Acórdão?

Para tanto, ainda segundo o Relatório, foi realizada análise dos

processos pertinentes às contratações de shows, e ainda, inspeção in loco nos

municípios goianos, visando constatar a efetiva realização dos shows artísticos, que foi

confirmada em sua totalidade.

Releva observar a menção, no relatório da auditoria em tela, de terem

sido desenvolvidos trabalhos, desde 2010, no âmbito do Tribunal de Contas do Estado

de Goiás, que apontaram irregularidades na contratação de shows artísticos, versando,

entre outros, sobre avaliação dos aspectos formais e legais na realização de despesas

com contratação dos shows artísticos promovidos pela então Seagro; ausência de

exclusividade da empresa contratada e superfaturamento; irregularidades praticadas pela

Goiás Turismo na autorização de múltiplos atos de inexigibilidade de licitação para

contratação de shows artísticos; contratações diretas de empresas intermediadoras de

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shows. Desse modo, verifica-se não ser de agora a preocupação do Tribunal de Contas

do Estado com essas irregularidades que, pelo que se vê do trabalho de investigação

desta CPI, ainda não foram sanadas. Antes, têm sido reiteradamente praticadas.

7. DA ANÁLISE DOCUMENTAL E TESTEMUNHAL:

A investigação objeto da presente Comissão Parlamentar de Inquérito

foi realizada mediante a análise dos depoimentos prestados e dos documentos a ela

aportados, já elencados no item anterior. Esses documentos, por serem de conteúdo

técnico, foram examinados pelos auditores dos Tribunais de Contas do Estado e dos

Municípios, ensejando a elaboração de um Relatório conclusivo acerca das informações

colhidas.

Nesse mister, ressalte-se terem sido detectadas irregularidades na

contratação de artistas para a realização de shows, por parte da Goiás Turismo.

Importante sublinhar, outrossim, que as conclusões da auditoria

técnica dos Tribunais de Contas dos Estados e dos Municípios, bem como as conclusões

finais dos trabalhos desta Comissão, foram também norteadas pela legislação vigente,

pela doutrina e pela jurisprudência.

Sendo assim, de acordo com o fato determinado, investigado por esta

Comissão Parlamentar de Inquérito, todos os critérios utilizados para a conclusão deste

trabalho serão analisados à luz da conformidade, regularidade, economicidade,

eficiência e finalidade pública das contratações diretas, realizadas pela Agência

Estadual de Turismo – Goiás Turismo, nos exercícios de 2013 a 2016.

Antes de expor a investigação realizada, há de se delimitar as

atribuições da Goiás Turismo, para que se possa chegar à inferência dos problemas a ela

relacionados, envolvendo, principalmente, as contratações diretas por inexigibilidade e a

execução dos referidos contratos.

A Agência Estadual de Turismo foi criada pela Lei n. 13.550, de 11 de

novembro de 1999, é entidade autárquica estadual, dotada de personalidade jurídica de

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direito público interno, com autonomia administrativa, financeira e patrimonial, e

jurisdicionada pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Científico, Tecnológico

e de Agricultura, Pecuária e Irrigação, nos termos do inciso III, art. 8º da Lei n. 18.687,

de 03 de dezembro de 2014, c/c o inciso II do art. 7º da Lei n. 17.257, de 25 de janeiro

de 2011. É regulamentada pelo Decreto Estadual n. 7.424, 11 de agosto de 2011, e suas

competências, genericamente falando, são:

À Goiás Turismo compete ações que visem o fortalecimento e

crescimento do turismo no Estado de Goiás, buscando intensificar sua

contribuição para a geração de renda, ampliação do mercado de

trabalho e valorização do patrimônio cultural, natural e técnico-

científico.

(Extraído do site da Goiás Turismo: http://www.goiasturismo.go.gov.br,

acesso em 07/02/2018)

É dentre as ações da Goiás Turismo que está inserido o objeto de

investigação desta Comissão, visto que referida autarquia, almejando o suposto

fortalecimento e crescimento do turismo goiano, promoveu inúmeros shows nos últimos

anos. Assim, cumpre averiguar se, nas contratações de shows artísticos, realizadas

com inexigibilidade de licitação, nos períodos de 2013, 2014, 2015 e 2016, foi

observada a legislação pertinente.

Sabe-se que, nas contratações, os gestores precisam atender à

finalidade pública, que guarda íntima relação com os princípios da impessoalidade e da

moralidade que, por sua vez, impõem-lhe que só pratique o ato para o seu fim legal que

é, unicamente, aquele que a norma de Direito indica como objetivo do ato. Tudo isso

com planejamento, no intuito principal de manter o equilíbrio econômico e financeiro,

visando não contrariar a Lei Complementar n. 101, 04 de maio de 2000 e a Lei n. 4.320,

de 17 de março de 1964.

Atrelado a isso, espera-se que consiga adimplir suas obrigações, em

tempo razoável, e ainda cumpra, estritamente, a ordem cronológica de pagamento,

sendo o preterimento desta um grande problema na gestão pública, atentando contra o

art. 5º, da Lei n. 8.666, de 21 de junho de 1993, e que pode, inclusive, ter as

consequências penais do art. 92 do mesmo diploma legal.

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Além disso, sabe-se que a contratação direta deve ser vista como uma

exceção à regra geral, insculpida no inciso XXI do art. 37 da Constituição Federal,

segundo o qual as contratações realizadas pela Administração Pública devem se valer de

procedimento licitatório. E, como toda exceção, deve estar estritamente de acordo com

o permissivo legal.

Ocorre que, em regra, a Agência Goiana de Turismo realiza a

contratação de shows por inexigibilidade de licitação, e isso, com fulcro no art. 25, III

da Lei n. 8.666/1993. Nesse caso, cabe à Administração demonstrar que o objeto é o

serviço de um artista profissional, que a contratação será direta ou por empresário

exclusivo e que o contratado é consagrado pela mídia especializada.

Deve-se salientar que, caracterizada a possibilidade de contratação

pelo artigo 25, III, da Lei n. 8.666/1993, ainda será necessário que o processo cumpra as

formalidades do artigo 26 do mesmo diploma legal que, no caso da realização de shows,

exige a publicação da ratificação na imprensa oficial, a razão da escolha do executante e

a devida justificativa de preços.

Resumindo-se, a inexigibilidade de licitação, para se amoldar aos

ditames legais, deve atender a vários pressupostos, isto é, contratação direta ou por

empresário exclusivo, consagração do artista pela crítica especializada ou pela opinião

pública, publicação no Diário Oficial do ato de inexigibilidade, da razão da escolha do

contratado e da justificativa do seu preço.

Além disso, a contratação de shows artísticos precisa se amoldar à

nova visão de administração pública, sendo fundamental atender, também, ao princípio

da transparência de seus atos, previsto expressamente na Lei Complementar n.

101/2000, e disciplinado pela Lei n. 12.597/2011. No âmbito estadual, pela Lei n.

18.025/2013.

No âmbito da Goiás Turismo, a realização de shows foi

regulamentada pela Portaria n. 02, de 17 de janeiro de 2012, aplicada aos eventos

realizados até 25 de julho de 2016. Após essa data e até a atualidade, foi substituída pela

Portaria n. 039 de 26 de julho de 2016.

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Diante disso, foram analisados, detida e imparcialmente, os

documentos aportados a esta Comissão Parlamentar de Inquérito, análise essa

consubstanciada no Relatório oferecido pela equipe técnica do Tribunal de Contas do

Estado. Também foram consideradas as informações constantes dos depoimentos

prestados. Para tanto, foram abordados os seguintes parâmetros: prática de sobrepreço,

incluindo a variação de preço nos contratos do mesmo artista com a própria Goiás

Turismo, bem como o sobrepreço nas contratações de artistas em comparação com os

valores de mercado; a exclusividade produzida; a inexistência de publicação do ato

de inexigibilidade ou publicação intempestiva; ausência de convênio para

pagamento de shows; ausência de justificativa de preços; ausência de planejamento

– “processos montados” e inobservância da ordem cronológica de pagamento. Todos

esses parâmetros passam a ser discutidos a seguir:

7.1. Da prática de sobrepreço e da ausência da justificativa de preço:

No decorrer do processo investigatório foi constatado sobrepreço nas

contratações de diversos shows, em comparação com os valores de mercado.

Nesse contexto, segundo informa o Relatório fornecido pela assessoria

técnica da CPI, nos exercícios de 2013 a 2016, a Goiás Turismo firmou 1.717

contratos para realização de shows artísticos, cujos valores foram verificados por

meio de consulta em Empenhos por Grupo/Natureza de Despesa, no SIOFINet.

Para a constatação dos valores de mercado dos shows artísticos, procedeu-se à:

a) pesquisa em publicações na imprensa oficial, em que o objeto

contratado fosse o mesmo;

b) Verificação das notas fiscais encaminhadas à Comissão.

Da avaliação realizada, e com base no relatório técnico fornecido

pela assessoria técnica da CPI (auditores dos Tribunais de Contas do Estado e dos

Municípios), apuraram-se duas situações:

a) Variação significativa de preços nos contratos do mesmo artista

com a Goiás Turismo;

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b) Sobrepreço nas contratações de artistas em comparação com os

valores de mercado.

Acontece que nenhuma das referidas situações atende à regra

prevista nos arts. 25 e 26, da Lei n. 8.666/1993, e no art. 33, VII, da Lei Estadual n.

17.928, de 27 de dezembro de 2012, referente à justificativa de preço, além da

apresentação de orçamentos ou da consulta aos preços de mercado e, quando for o caso,

com a comparação do preço estimado com os valores já contratados. A propósito, o

dispositivo insculpido na Lei estadual:

Art. 33. O processo de dispensa ou declaração de inexigibilidade será

instruído, no que couber, com os seguintes elementos:

(...)

VII – justificativa do preço, inclusive com apresentação de orçamentos

ou da consulta aos preços de mercado e, quando for o caso, com a

comparação do preço estimado com os valores já contratados;

(...)

Com efeito, o dever de a Administração demonstrar que o preço

ajustado se encontra de acordo com o valor praticado no mercado independe do

procedimento que precede a contratação, se com dispensa ou inexigibilidade de

licitação. Por isso mesmo, cabe-lhe verificar o valor praticado em contratações

similares. Esse procedimento irá assegurar a adequação e a vantajosidade da

contratação. A justificativa de preço exige, destarte, a demonstração de que esse se

encontra adequado aos valores praticados pelo contratado em outros contratos por ele

mantidos. Em outras palavras, a exclusividade não é hábil para distorcer o preço

praticado4.

É certo que a expressão “justificativa do preço” é conceito jurídico

indeterminado e, como tal, confere certa margem de discricionariedade ao

administrador. No entanto, essa discricionariedade deverá sempre estar vinculada ao

4 In Como justificar o preço nas contratações por inexigibilidade de licitação segundo a AGU?

12/10/2015. Disponível em: < https://www.zenite.blog.br/como-justificar-o-preco-nas-contratacoes-por-

inexigibilidade-de-licitacao-segundo-a-agu/>. Acesso em 9/2/2018.

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atendimento do interesse público e aos princípios da Administração Pública,

especialmente os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.

Importante consignar a Orientação Normativa n. 17 da AGU:

A razoabilidade do valor das contratações decorrentes de inexigibilidade

de licitação poderá ser aferida por meio da comparação da proposta

apresentada com os preços praticados pela futura contratada junto a

outros entes públicos e/ou privados, ou outros meios igualmente idôneos.

O Tribunal de Contas do Estado de Goiás já julgou ilegal ato de

inexigibilidade de licitação e o contrato de prestação de serviços firmado entre a

Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento e a empresa Rodeios João Palestino

Ltda, por descumprimento das disposições dos arts. 7º, § 2º, II, 25, III, 26, parágrafo

único, II e III, e 43, IV, da Lei n.º 8.666/93 e suas alterações. Constatou-se a “ausência

de justificativa do preço capaz de evidenciar a compatibilidade com a prática de

mercado, razão de escolha do contratado e a comprovação da notoriedade e

consagração pela mídia especializada e a opinião pública”. Desse julgamento, adveio a

seguinte ementa:

PROCESSO DE FISCALIZAÇÃO. INEXIGIBILIDADE DE

LICITAÇÃO. CONTRATO. CONTRATAÇÃO DE PROFISSIONAL

DO SETOR ARTÍSTICO. JUSTIFICATIVA DO PREÇO. ATO

ILEGAL. 1) Ausência de justificativa do preço capaz de evidenciar a

compatibilidade com a prática de mercado, razão de escolha do

contratado e a comprovação da notoriedade e consagração pela mídia

especializada e a opinião pública. 2) Diante dos indícios de dano ao

erário, determina-se a instauração de Tomada de Contas Especial

visando apurar se houve prejuízo, a identificação dos responsáveis e

recomposição do erário5.

Em seu depoimento à CPI, o Procurador de Contas do Tribunal de

Contas do Estado de Goiás, Fernando Carneiro, afirma a necessidade deste requisito,

vejamos:

(...) Com relação à justificativa de preço, há de se tomar muito cuidado

para não se pegar uma justificativa viciada. O que significa isso?

5 TCE-GO. Processo n. 24703206. Órgão: Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento –

SEAGRO. Relator: Conselheiro Sebastião Tejota. Julgamento em 1/12/2011.

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121

Olha, órgãos também com o mesmo problema fazem contratações

semelhantes, contratam com sobrepreço e depois se utiliza isso para

justificar aquela contratação. Há de se tomar muito cuidado. Por isso o

próprio TCU entende que na análise de preço você tem que pegar o

universo mais amplo possível de pessoas distintas, pessoas físicas e

jurídicas, públicas e privadas, num universo mais amplo para se verificar

(...).

Conforme dados constantes do relatório fornecido pelos auditores

do Tribunal de Contas do Estado de Goiás, verificou-se que, dos 280 processos

analisados, referentes aos exercícios de 2013 a 2016, 105 não continham a justificativa

de preço, o que representa 37% dos processos analisados. Senão, vejamos:

Quadro 2 – Ausência de justificativa de preço

Processo Empresa Artista Município Data do

evento

201300027000061 Vip Prom. e Eventos Companhia do Calypso Cidade de Goiás 09/02/2013

201300027000064 Vip Prom. e Eventos Banda Prod. Even. Bom Jardim de Goiás 08/02/2013

201300027000170 Marka 3 Prod. Artísticas Israel e Rodolffo Padre Bernardo 08/05/2013

201300027000173 Eduardo Melo Prod. Eduardo Melo Buriti Alegre 30/03/2013

201300027000179 Santa Eventos Marcos Mafra Morrinhos 28/03/2013

201300027000187 Wolf Music Cesar e Alessandro Abadia de Goiás 31/03/2013

201300027000236 Eduardo Melo Prod. Eduardo Melo Vila Boa 26/04/2013

201300027000288 Santa Eventos Marcos Mafra Aparecida de Goiânia 12/05/2013

201300027000294 Santa Eventos Gabriel Gava Aparecida de Goiânia 08/05/2013

201300027000303 Smith Prod. Art. Rio Negro e Solimões Rio Quente 11/05/2013

201300027000350 Glamour Entret. e Even. Gian e Giovane Niquelândia 25/05/2013

201300027000367 Santa Eventos Marcos Mafra Senador Canedo 31/05/2013

201300027000372 Glamour Entret. e Even. Gian e Giovane São Luiz do Norte 31/05/2013

201300027000378 Wolf Music Cesar e Alessandro Senador Canedo 01/06/2013

201300027000383 Glamour Entret. e Even. Gian e Giovane Santa Fé de Goiás 02/06/2013

201300027000404 Wolf Music César e Alessandro Pontalina 22/06/2013

201300027000410 Marka 3 Prod. Artísticas Israel e Rodolffo Pontalina 19/06/2013

201300027000417 C e J Prod. e Eventos Carlos e Jader Santa Helena 11/06/2013

201300027000432 Glamour Entret. e Even. Gian e Giovane Mundo Novo 16/06/2013

201300027000439 Santa Eventos Diogo e Djuliano Campos Belos 21/06/2013

201300027000468 Art Brasil Prod. Art. Marcos e Fernando Corumbá 07/07/2013

201300027000472 Glamour Entret. e Even. Gian e Giovane Corumbá 06/07/2013

201300027000474 Santa Eventos Marcos Mafra Buritinópolis 29/06/2013

201300027000492 Santa Eventos Marcos Mafra Bonfinópolis 28/06/2013

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201300027000497 Art Brasil Prod. Art. Marcos e Fernando Cocalzinho 30/06/2013

201300027000514 Brizza Prod. Cult. Banda Brizza São Miguel do Araguaia 03/07/2013

201300027000523 Wolf Music Cesar e Alessandro Quirinópolis 06/07/2013

201300027000538 Marka 3 Prod. Artísticas Israel e Rodolffo Quirinópolis 14/07/2013

201300027000574 Art Brasil Prod. Art. Marcos e Fernando Nova Crixás 20/07/2013

201300027000578 Art Brasil Prod. Art. Marcos e Fernando Cristalina 18/07/2013

201300027000584 Santa Eventos Marcos Mafra Posse 18/07/2013

201300027000590 C e J Prod. e Eventos Carlos e Jader Itapuranga 21/07/2013

201300027000606 Santa Eventos Marcos Mafra Britânia 25/07/2013

201300027000607 EJL Produções Nechivile Aragarças 27/07/2013

201300027000609 C e J Prod. e Eventos Carlos e Jader Cidade de Goiás 27/07/2013

201300027000611 Wolf Music Cesar e Alessandro Itapuranga 24/07/2013

201300027000626 Marka 3 Prod. Artísticas Israel e Rodolffo Bom Jesus 31/07/2013

201300027000630 Wolf Music Cesar e Alessandro Palmeiras 01/08/2013

201300027000649 Marka 3 Prod. Artísticas Israel e Rodolffo Palmeiras 04/08/2013

201300027000655 Art Brasil Prod. Art. Marcos e Fernando Morro Agudo 10/08/2013

201300027000672 Santa Eventos Marcos Mafra Itapaci 11/08/2013

201300027000681 Emerson de Souza Silva Rio Negro e Solimões Indiara 15/08/2013

201300027000694 Santa Eventos Diogo e Djuliano Porangatu 25/08/2013

201300027000748 Marka 3 Prod. Artísticas Israel e Rodolffo Damolândia 13/09/2013

201300027000830 EJL Produções Nechivile Cavalcante 09/11/2013

201400027000010 C e J Prod. e Eventos Carlos e Jader Iporá 26/01/2014

201400027000053 Fábrica de Shows Banda Tá Fervendo Caldas Novas 03/03/2014

201400027000080 Circuito Show Prod. e Ev. Banda Batuke 10 Mara Rosa 01 e

02/03/2014

201400027000088 Circuito Show Prod. e Ev. Marcos Mafra Aragarças 02/03/2014

201400027000095 Circuito Show Prod. e Ev. Banda Saca Na Geral Iporá 02/03/2014

201400027000122 Star Loc. de Serv. Gerais Nechivile Goiatuba 02/03/2014

201400027000130 Star Loc. de Serv. Gerais Nechivile Chapadão Do Céu 01/03/2014

201400027000143 Circuito Show Prod. e Ev. Saca na Geral Morrinhos 03/03/2014

201400027000310 2HC Rosa Prom. Artísticas Guilherme e Santiago Aparecida De Goiânia 11/05/2014

201400027000311 Marka 3 Prod. Artísticas Israel e Rodolffo Ap. Goiânia 11/05/2014

201400027000318 Marka 3 Prod. Artísticas Israel e Rodolffo Minaçu 13/05/2014

201400027000328 Fábrica de Shows Vitor Hugo e Adriel Cezarina 18/05/2014

201400027000411 Circuito Show Prod. e Ev. Marcos Mafra Valparaiso 14/06/2014

201400027000424 F3G Prom. e Eventos Fred e Gustavo Bela Vista 07/06/2014

201400027000476 Martins Produções Rei Do Gado e Fazendeiro Carmo Do Rio Verde 13/06/2014

201400027000499 Marka 3 Prod. Artísticas Israel e Rodolffo Goiânia 30/06/2014

201400027000548 Canto Livre Prod. Art. Roberta Miranda São Miguel Do Araguaia 29/06/2014

201400027000554 Marka 3 Prod. Artísticas Israel e Rodolffo Colcazinho 29/06/2014

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201400027000557 Contract Show Prod. Art. João Neto e Frederico São João De Planaltina 02/07/2014

201400027000574 Contract Show Prod. Art. João Neto e Frederico São Miguel Do Araguaia 03/07/2014

201400027000582 Star Loc. de Serv. Gerais Nechivile Araçu 03/07/2014

201400027000671 Wolf Music César e Alessandro Goiânia 31/12/2014

201500027000403 Talismã Adm. Shows Zé Felipe Americano do Brasil 03/09/2015

201500027000303 Padoo Prod. e Eventos Racyne e Rafael Ipiranga 17/07/2015

201500027000554 Martins Produções Rei do Gado e Fazendeiro Pontalina 30/10/2015

201500027000051 Martins Produções Israel e Rodolffo Inhumas 19/03/2015

201500027000087 Martins Produções Israel e Rodolffo Campinorte 30/04/2015

201500027000710 Promove Prom. Eventos Banda Mark Silvânia 31/12/2015

201500027000466 Padoo Prod. e Eventos Racyne e Rafael Uruaçu 22/09/2015

201500027000308 WM Shows Gino e Geno Campinaçu 16/07/2015

201500027000707 BN Prod. Musicais e Ev. Benjamim Neto Santa Rita Araguaia 30/12/2015

201500027000517 BN Prod. Musicais e Ev. Benjamim Neto Pontalina 09/10/2015

201500027000671 JCA Publ. Mark. Eventos Cintia e Lucas Leopoldo de Bulhões 31/12/2015

201500027000673 Promove Prom. Eventos Banda Mark Itaberaí 30/12/2015

201500027000302 Padoo Prod. e Eventos Racyne e Rafael Nova Crixás 18/07/2015

201500027000521 JCA Publ. Mark. Eventos Cintia e Lucas Cromínia 09/10/2015

201500027000110 Bueno Produções Gabriel Gava Aparecida de Goiânia 10/05/2015

201500027000115 Padoo Prod. e Eventos Racyne e Rafael Rio Quente 09/05/2015

201500027000585 Martins Produções Rei do Gado e Fazendeiro Jussara 14/11/2015

201600027000056 Circuito Show Prod. e Ev. Edy Brito e Samuel Iporá 05/02/2016

201600027000463 Circuito Show Prod. e Ev. Victor Marinho Senador Canedo 05/06/2016

201600027000398 Circuito Show Prod. e Ev. Victor Marinho Goiás 26/05/2016

201600027000058 Circuito Show Prod. e Ev. ku4too Iporá 06/02/2016

201600027000063 Circuito Show Prod. e Ev. ku4too Buriti Alegre 08/02/2016

201600027000067 Circuito Show Prod. e Ev. Victor Marinho São Miguel do Araguaia 08/02/2016

201600027000103 Promove Prom. e Ev. Banda Mark São Miguel do Araguaia 09/02/2015

201600027000311 Valéria Barros Prod. Art. Valéria Barros Cezarina 11/05/2016

201600027000432 Israel e Rodolffo

Produções Artísticas Israel e Rodolffo Bonfinópolis 31/05/2016

201600027000609 MCosta Prod. e Eventos Dáblio e Phelipi Sta. Terezinha de Goiás 25/06/2016

201600027000608 Talismã Adm. de Shows Zé Ricardo e Thiago Itaberaí 25/06/2016

201600027000046 Mafra Produções Marcos Mafra Caldas Novas 08/02/2016

201600027000257 Martins Produções Rei do Gado e Fazendeiro Nazário 30/04/2016

201600027000065 BN Prod. Musicais e Ev Benjamim Neto Campos Verdes 08/02/2016

201600027000395 BN Prod. Musicais e Ev Benjamim Neto Amaralina 21/05/2016

201600027000401 MCosta Prod. e Eventos Dáblio e Phelipi Guarinus 28/05/2016

201600027000253 MCosta Prod. e Eventos Dáblio e Phelipi Inaciolândia 28/04/2016

201600027000256 MCosta Prod. e Eventos Dáblio e Phelipi Terezópolis 30/04/2016

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201600027000427 MCosta Prod. e Eventos Dáblio e Phelipi Faina 02/06/2016

Fonte: Elaboração conforme dados fornecidos pela equipe técnica com base em dados do SIOFINet e processos, de

contratações formalizadas, analisados.

Além da ausência dessa demonstração de preço, constatou-se que,

em grande parte dos processos, a justificativa foi demonstrada de forma restrita, por

meio da juntada de notas fiscais de contratações com a própria Goiás Turismo, o que

não atende ao que determina o inciso III, do art. 26 da Lei n. 8.666/93, acarretando

prejuízo aos cofres públicos do Estado. Observe-se a tabela a seguir:

Quadro 3 – Ausência do quesito justificativa de preço

Exercício Total de processos

analisados

Inexistência de

justificativa de preço Porcentagem

2013 111 46 41,44%

2014 100 23 23%

2015 35 17 48,57%

2016 34 19 55,88%

TOTAL 280 105 37,5%

Fonte: Elaboração conforme dados fornecidos pela equipe técnica com base em dados do SIOFINet e

processos, de contratações formalizadas, analisados.

Adiante, passa-se a analisar as duas situações previstas, à luz dos

documentos aportados à CPI:

7.1.1 Da variação de preços nos contratos do mesmo artista com a própria Goiás

Turismo:

Durante análise processual, constatou-se que a Goiás Turismo firmou

contratos para realização de shows com o mesmo artista, contendo diferença

significativa de preços. Em certos casos essa diferença é tão expressiva que não se

justifica simplesmente pela distância de deslocamento, pela disponibilidade de agenda e

pela diferença de eventos.

Além disso, verificou-se que, no momento de realizar a pesquisa de

preços, a Goiás Turismo levou em consideração aqueles por ela mesma contratados.

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Citem-se artistas que contrataram com a Goiás Turismo com variação

significativa de preços, lembrando que, como as informações seguintes constam das

notas fiscais, será adotado um nome fictício para a empresa e para o artista:

Dupla A

Partindo da análise das notas fiscais encaminhadas pela Empresa 1,

em 2014, verifica-se que a Dupla A realizou 5 (cinco) shows, com apoio exclusivo da

Goiás Turismo, sendo que 3 (três) dos contratos foram firmados com o valor global de

R$ 170.000,00 (cento e setenta mil reais); já os demais, um com o valor global de R$

150.000,00 (cento e cinquenta mil reais) e outro com o valor global de R$ 290.000,00

(duzentos e noventa mil reais).

Para o exercício de 2014, a Goiás Turismo contratou com a Empresa

1, com média de preço de R$ 165.000,00 (cento e sessenta e cinco mil reais). Não

incluindo nesta conta o show realizado em uma data especial, com valor de R$

290.000,00 (duzentos e noventa mil reais).

Já em 2016, verifica-se, nas notas fiscais encaminhadas pela Empresa

1, terem sido realizados 8 (oito) shows, com apoio exclusivo da Goiás Turismo, tendo o

cachê da Dupla A sido firmado, em 3 (três) dos shows contratados, com o valor global

de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais); em 4 (quatro) deles com o valor global

de R$ 170.000,00 (cento setenta mil reais); o outro, com valor global de R$ 100.000,00

(cem mil reais). A média de preços dos contratos com a Goiás Turismo para o exercício

de 2016 foi de R$ 153.750,00 (cento e cinquenta e três mil e setecentos e cinquenta

reais).

Isto demonstra que, levando em consideração a média dos valores dos

contratos para os exercícios de 2014 e 2016, há uma pequena variação de valores entre

os períodos, o que é admissível levando-se em conta a variação de mercado. Todavia,

analisando-se o valor do show realizado no em data especial, é nítida a discrepância

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com a média dos valores dos demais shows dos exercícios em análise, conforme

observa-se no quadro abaixo:

Quadro 4 – Shows realizados pela Dupla A nos exercícios de 2014 e 2016

Processo Objeto Município Data do

evento

Valor do

Empenho

- - - 03/03/2014 R$ 170.000,00

- - - 11/05/2014 R$ 170.000,00

- - - 11/05/2014 R$ 170.000,00

- - - 25/07/2014 R$ 150.000,00

- - - 31/12/2014 R$ 290.000,00

- - - 09/11/2015 R$ 150.000,00

- - - 15/11/2017 R$ 170.000,00

- - - 27/11/2015 R$ 150.000,00

- - - 05/05/2016 R$ 170.000,00

- - - 23/06/2016 R$ 170.000,00

- - - 21/07/2016 R$ 100.000,00

- - - 19/08/2016 R$ 150.000,00

- - - 01/09/2016 R$ 170.000,00

Fonte: Elaboração conforme dados fornecidos pela equipe técnica com base nas notas fiscais

fornecidas pelas empresas e, consequente, inserção dos dados coincidentes do SIOFINet e

processos, de contratações formalizadas, analisados.

Comparando dois shows realizados com datas do evento próximas e

no mesmo exercício, observa-se que, em pouco mais de cinco meses, o cachê da dupla

subiu 93,33%, e esse aumento exorbitante de valor não se justifica apenas pelo mês em

que o evento foi realizado.

Ademais, comparando-se o valor do show realizado no réveillon com

a média dos demais shows dos exercícios 2014 e 2016, observa-se um aumento de

75,75%, em relação à média para o exercício de 2014, e de 88,61%, em relação à média

para o exercício de 2016.

Costuma-se justificar a variação de preço dos shows pela ocasião em

que são realizados, isto é, tendo como parâmetro o evento para o qual o artista foi

contratado. Assim, shows realizados em datas como carnaval ou réveillon tendem a ser

mais caros devido à grande demanda.

No entanto, analisando-se os processos de contratações, selecionados por

amostragem, constata-se que foram realizados shows da Dupla A no réveillon e no

carnaval, em 2014. Comparando estas duas datas, de um mesmo exercício, e que são

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127

de grande demanda, verifica-se que a Goiás Turismo pagou R$ 120.000,00 (cento e

vinte mil reais) a mais pelo show do réveillon da Praça Cívica, realizado apenas

cerca de nove meses após o carnaval de Caldas Novas.

As informações desses dois eventos foram fornecidas pela equipe técnica com base

em dados do SIOFNet e processos, de contratações formalizadas, analisados. Por

isso, a especificação do local e data:

Quadro 5 – Processos de contratações formalizadas dos shows realizados pela Dupla A no

exercício de 2014

Processo Objeto Município Data do

evento

Valor do

Empenho

201400027000040 Carnaval de Caldas Novas Caldas Novas 03/03/2014 R$ 170.000,00

201400027000673 Réveillon 2014 da Praça

Cívica de Goiânia Goiânia 31/12/2014 R$ 290.000,00

Fonte: Elaboração conforme dados fornecidos pela equipe técnica com base em dados do SIOFINet e

processos, de contratações formalizadas, analisados.

É certo que o artista não está obrigado a cobrar o mesmo valor em

todas as apresentações, mas à Goiás Turismo, como ente da Administração Pública e

que, portanto, depende do orçamento público, caberia observar os princípios da

razoabilidade e da economicidade em suas contratações. Certamente, com uma variação

de 70,58% nos valores avençados, esses princípios não foram observados.

Além disso, o aumento exorbitante no valor do contrato não pode ter

como único respaldo o período festivo em que o show foi realizado. Agrega-se a isto

que a variação excessiva nos valores contratados afronta o princípio da economicidade.

Banda Nechivile

Partindo da análise por amostragem dos processos de contratações

formalizadas, no ano de 2014, a banda Nechivile realizou 3 (três) shows, com apoio

exclusivo da Goiás Turismo, por meio de contratações realizadas com a empresa Star

Locações de Serviços Gerais. Dentre os processos de contratação que foram analisados,

2 (dois) deles foram contratados com o valor global de R$ 60.000,00 (sessenta mil

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128

reais); o outro, com o valor global de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais). Observa-se,

com isso, que o cachê da banda sofreu uma variação de 50% em um curto espaço de

tempo. A tabela abaixo esclarece o exposto:

Quadro 6 – Processos de contratações formalizadas dos shows realizados pela banda

Nechivile no exercício de 2014

Processo Objeto Município Data do

evento

Valor do

Empenho

201400027000130 Carnaval de 2014 na cidade

de Chapadão do Céu

Chapadão do

Céu 01/03/2014 R$ 40.000,00

201400027000122 Carnaval de 2014 na cidade

de Goiatuba Goiatuba 02/03/2014 R$ 60.000,00

201400027000582 5º Rodeio Show em Araçú Araçu 03/07/2014 R$ 60.000,00

Fonte: Elaboração conforme dados fornecidos pela equipe técnica com base em dados do SIOFINet e

processos de contratações formalizados.

Também nesse caso, a divergência de preços evidenciada não se

justifica em virtude de shows realizados em ocasiões diferentes, de disponibilidade de

agenda e de distância de deslocamento. A propósito, comparando os contratos relativos

aos shows realizados em Chapadão do Céu e em Goiatuba, verifica-se terem sido ambos

realizados na mesma ocasião (Carnaval), mês e ano, inclusive em dias consecutivos.

Portanto, a ocasião da realização dos eventos não se mostra como justificativa hábil para

a variação de preço.

Também não se justifica, nos preditos shows, a variação de preço pela

distância de deslocamento. Nesse sentido, observa-se que o Município de Chapadão do

Céu/GO está localizado a 687 quilômetros de Brasília/DF6, onde está sediada a empresa

exclusiva da banda - Star Locação de Serviços Gerais Ltda., que firmou os contratos

com a Goiás Turismo. Já o Município de Goiatuba/GO está localizado a 379

quilômetros de Brasília/DF¹. Nota-se que a distância até Chapadão do Céu/GO é bem

maior e o valor do contrato para este Município foi significativamente menor.

6Cálculo de distância entre cidades verificado através do site: http://www.entrecidadesdistancia.com.br/calcular-

distancia/calcular-distancia.jsp, acesso em 08/02/2018.

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129

Dupla B

A empresa 2 apresentou as notas fiscais referentes ao ano de 2016,

ocasião em que representava apenas a dupla B. Foram vendidos um total de 03 (três)

shows para a Goiás Turismo, nos valores de R$ 60.000,00; outro, de R$ 80.000,00

(oitenta mil reais); e o terceiro, no valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais).

Houve uma diferença significativa nos valores dos shows da mesma

dupla B. Do primeiro para o terceiro, uma variação de R$ 40.000,00 (quarenta mil

reais). A empresa também teve quase que a totalidade de seus shows vendidos para o

poder público, sendo apenas 01 (um) show foi para a iniciativa privada.

Ante o exposto, verifica-se que a Goiás Turismo firmou contrato

com o mesmo artista, para a realização de eventos idênticos, com diferença de

cachê bastante significativa e, no entanto, não foram apresentadas razões que

justificassem tamanha diferença.

7.1.2 Do sobrepreço nas contratações de artistas em comparação com os valores de

mercado:

A regularidade da relação contratual estabelecida entre a

Administração e o particular se respalda na equivalência entre o encargo por esse

suportado, e a remuneração paga por aquela. Uma das situações que vulneram essa

equivalência é o chamado sobrepreço, ou seja, “uma incompatibilidade dos valores

descritos na proposta com os preços usualmente praticados no mercado para o mesmo

objeto7”.

Para evitar o sobrepreço, é que se exige a justificativa de preço, já

abordada alhures, bem como a pesquisa de preço, que “tem o condão de verificar quais

parâmetros de preços estão sendo cobrados pelo mercado no âmbito público e/ou

7 BORGES, Gabriela Lira. Sobrepreço em obras públicas: metodologia a ser adotada segundo o

TCU. 17/3/2014. Disponível em: <http://www.zenite.blog.br/sobrepreco-em-obras-publicas-metodologia-

a-ser-adotada-segundo-o-tcu/>. Acesso em 9/2/2018.

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130

privado, de forma a cumprir as exigências do art. 26 da Lei nº 8.666/1993”8, ou seja,

vale repetir, o procedimento de inexigibilidade deve, obrigatoriamente, ser instruído

com elementos documentais que justifiquem o valor contratado. A inexistência de uma

pesquisa de preços eficiente impossibilita a seleção da proposta mais vantajosa e gera

prejuízos aos cofres públicos.

Devido à grande quantidade de artistas que firmaram contratos com a

Goiás Turismo nos anos de 2013, 2014, 2015 e 2016, não foi possível realizar pesquisa

de preços para aferição de valor de mercado de todos. Assim, para verificar se houve

sobrepreço nas contratações, primeiramente, foram identificados os artistas que

formalizaram maior número de contratos com a Goiás Turismo, bem como aqueles que

receberam cachê elevado. Em seguida, realizou-se pesquisa de contratações com o

mesmo objeto, em publicações na imprensa oficial.

O valor de mercado foi estabelecido utilizando-se a média dos valores

encontrados nas pesquisas de preço. Diante das informações coligidas pela CPI,

constatou-se que a Goiás Turismo firmou contratos para realização de shows por preço

superior ao praticado no âmbito da Administração.

Apresenta-se, a seguir, um quadro comparativo entre os valores dos

cachês dos artistas que contrataram com a Goiás Turismo e com outros entes da

Federação:

Quadro 7 – Comparação do valor da contratação realizada pela Goiás Turismo e por outros Entes Federativos

Processo Ano Empresa Município Artistas Valor da

contratação Sobrepreço

Inexigibilidade n.

004/17 2017

Dayane dias de

Oliveira e Cia

Capinópolis/

MG Jads e Jadson

R$ 100.000,00

R$ 95.000,00

201600027000615 2016 Bueno Produções Americano do

Brasil/GO R$ 195.000,00

Inexigibilidade n.

005/16 2016

Rio Negro e

Solimões S/S Guaíra/SP Rio Negro e

Solimões

R$ 106.500,00 R$ 21.500,00

201400027000573 2014 Fábrica de Shows Trindade/GO R$ 128.000,00

Inexigibilidade n.

006/015 2015

2HC Rosa

Promoções Campestre/MG

Guilherme e

Santiago

R$ 85.000,00

R$ 85.000,00

e

8 COSTA, Karina Amorim Sampaio. Da nova sistemática de pesquisa de preços na administração pública

federal. Comentários à IN nº 05/2014 – SLTI/MPOG. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862,

Teresina, ano 19, n. 4040, 24 jul. 2014. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/30436>. Acesso em:

13 fev. 2018.

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131

201400027000310 2014 Artísticas Aparecida de

Goiânia/GO R$ 170.000,00

R$ 205.000,00

201400027000673 2014 Goiânia/GO R$ 290.000,00

201600027000878 2016 Caldas

Novas/GO R$ 170.000,00

Inexigibilidade n.

007/2017 2017 S4 Produções

Artísticas

Campestre/MG João Bosco

e Vinícius

R$ 100.000,00 R$ 30.000,00

201600027000396 2016 Piracanjuba R$ 130.000,00

Inexigibilidade n.

009/17 2017

Contract Show

Produções

Artísticas

Lajinha/MG

Gino e

Geno;

Wanessa

Camargo;

João Neto e

Frederico

R$ 185.000,00

Obs.:

Corresponde ao

valor total

cobrado pelas

duplas e solo.

Três artistas

contratados por

quase o mesmo

preço de um

pela Goiás

Turismo 201400027000295 2014

Padre

Bernado/GO João Neto e

Frederico

R$ 150.000,00

201400027000557 2014 São João da

Planaltina/GO R$ 150.000,00

Fonte: Elaboração conforme dados fornecidos pela equipe técnica com base em dados do SIOFNet, processos, com

contratações formalizadas, analisados e do Diário Oficial (Disponível em: https://e-diariooficial.com/diario-oficial-do-estado-

doe/, acesso em 2017).

Observa-se, pelas comparações pautadas no quadro acima, e pela

análise das notas fiscais das empresas que tiveram a quebra do sigilo fiscal

determinada, e ainda, por meio da pesquisa dos preços praticados por outros entes

públicos, em site oficial (e-diariooficial.com), que a Goiás Turismo, nos exercícios

de 2013 a 2016, contratou shows de artistas com sobrepreço. Referida Autarquia

pagou cachês com valores acima do preço de mercado, até mesmo quando

confrontados com o preço praticado por outros entes da Federação, o que

acarretou notório prejuízo aos cofres públicos do Estado.

Esta também foi a conclusão do Procurador do Ministério Público de

Contas, Fernando Carneiro, em seu depoimento a esta Comissão:

(...) A título de exemplo, em um dos shows por nós detectado, houve o

pagamento pelo Estado, ou seja, recursos públicos, ou seja, recursos da

população que foi entregue a uma empresa interposta em razão da

contratação por inexigibilidade. Recursos esses da monta de R$ 150 ou

R$ 155 mil reais. Obtivemos a nota fiscal do artista e ele nos entregou

uma nota fiscal de R$ 36.000,00. Ou seja, o artista recebeu R$ 36.000,00

da empresa interposta, mas a empresa interposta recebeu do Estado algo

em torno de R$ 150 ou R$ 155 mil reais. Isto é, mais de quatro vezes o

valor pago ao artista.

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132

Também detectamos shows em que houve a contratação, pelo Estado, de

empresa interposta pelo valor R$ 150.000,00. Só que verificamos em

pesquisas que essa mesma banda ou dupla de artistas, como queiram

nominar, teve o seu empresário, exclusivo, contratado num Estado

vizinho, Estado de Minas Gerais, numa semana anterior para um show

do mesmo porte por R$ 50.000,00. Ou seja, o Estado, há uma semana

atrás, pagou três vezes mais do que o evento realizado no município do

Estado vizinho.

Verificamos também a realização de shows para fiéis. Nós temos um caso

pitoresco, em que um show foi realizado a pedido de uma certa

autoridade, que foi realizado dentro de uma igreja com divulgação tão

somente para os fiéis. Ou seja, de forma que parece ser um show que não

atende ao turismo e muito menos ao interesse público.”

Ademais, atendo-se apenas às notas fiscais, é visível que os valores

contratados com outros entes públicos e com a iniciativa privada, são sempre bem

menores que os contratados pela Goiás Turismo. Apresentam-se, a seguir, algumas

empresas, com nomes fictícios, que receberam da Goiás Turismo preço superior ao

praticado no mercado:

Empresa 3

A Empresa 3, no exercício de 2013, vendeu um total de 28 (vinte e

oito) shows, dos quais somente dois não foram contratados com entes públicos. Nesse

período, a empresa agenciou o Artista C e a Dupla D, contratando com a Goiás Turismo

um total de 12 shows, sendo:

1 (um) show do artista C, contratado pelo valor de R$

180.000,00 (cento e oitenta mil reais); e,

11 (onze) shows da dupla D, contratados pelo valor de R$

150.000,00 (cento e cinquenta mil reais) cada um.

Ademais, no exercício de 2013, a Entidade 4 contratou 2 (dois) shows

da dupla D, pelos valores de R$ 61.800,00 (sessenta e um mil e oitocentos reais) e de

R$ 81.400,00 (oitenta e um mil e quatrocentos reais), conforme notas fiscais aportadas à

CPI.

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Há, ainda, contratos dos mesmos artistas, formalizados com outros

entes da Federação. Por exemplo:

Prefeitura Municipal A, pelo valor de R$ 40.000,00 (quarenta

mil reais), conforme nota fiscal aportada à CPI;

Prefeitura Municipal B, pelo valor de R$ 60.000,00 (sessenta

mil reais), conforme nota fiscal aportada à CPI; e,

Prefeitura Municipal C, pelo valor de R$ 50.000,00 (cinquenta

mil reais), conforme nota fiscal aportada à CPI.

No exercício de 2014, foram 9 (nove) shows contratados pela Goiás

Turismo, também realizados pela Dupla D, com uma média de R$ 150.000,00 (cento e

cinquenta mil reais) cada um. Vale salientar que, além das ocorrências listadas acima,

constatou-se uma duplicidade de pagamento de um show, realizado pela mesma dupla,

em um Município do Estado de Goiás, no dia 02/05/2014, conforme notas fiscais

aportadas à CPI. Nesse sentido, uma das notas fiscais foi emitida para a Goiás Turismo,

no valor de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais); a outra, de mesmo valor, para a

Prefeitura do referido Município goiano.

Quadro 8 – Shows realizados pela Empresa 3 nos exercícios de 2013 a 2015

Artista Contratante Público

ou privado

Data do

evento

Valor do

empenho

Dupla D Prefeitura Municipal Público - R$ 100.000,00

Dupla D Goiás Turismo Público - R$ 150.000,00

Dupla D Goiás Turismo Público - R$ 150.000,00

Dupla D Goiás Turismo Público - R$ 150.000,00

Artista C Prefeitura Municipal Público - R$ 90.000,00

Dupla D Goiás Turismo Público - R$ 150.000,00

Dupla D Prefeitura Municipal Público - R$ 43.577,73

Dupla D Goiás Turismo Público - R$ 150.000,00

(substituída)

Dupla D Prefeitura Municipal Público - R$ 125.000,00

Dupla D Goiás Turismo Público - R$ 150.000,00

Artista C Entidade Privado - R$ 61.800,00

Dupla D Entidade Privado - R$ 81.400,00

Dupla D Prefeitura Municipal Público - R$ 95.000,00

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134

Dupla D Goiás Turismo Público - R$ 150.000,00

Artista C Prefeitura Municipal Público - R$ 40.000,00

Dupla D Prefeitura Municipal Público - R$ 70.000,00

Dupla D Prefeitura Municipal Público - R$ 101.400,00

Dupla D Prefeitura Municipal Público - R$ 87.450,00

Dupla D Prefeitura Municipal Público - R$ 49.900,00

(50%)

Dupla D Goiás Turismo Público - R$ 150.000,00

Dupla D Prefeitura Municipal Público - R$ 50.000,00

Dupla D Goiás Turismo Público - R$ 150.000,00

Artista C Goiás Turismo Público - R$ 180.000,00

Artista C Órgão estadual Público - R$ 140.000,00

Dupla D Prefeitura Municipal Público - R$ 60.000,00

Artista C Prefeitura Municipal Público - R$ 49.900,00

(50%)

Dupla D Goiás Turismo Público - R$ 150.000,00

Dupla D Goiás Turismo Público - R$ 150.000,00

Total do exercício 2013 28

Artista C Prefeitura Municipal Público - R$ 140.000,00

Dupla D Prefeitura Municipal Público - R$ 43.000,00

Artista C Prefeitura Municipal Público - R$ 40.000,00

Dupla D Órgão municipal Público - R$ 330.000,00

(3 shows)

Dupla D Prefeitura Municipal Público - R$ 75.000,00

Dupla D Goiás Turismo Público - R$ 150.000,00

Dupla D Prefeitura Municipal Público - R$ 81.000,00

Dupla D Prefeitura Municipal Público - R$ 94.000,00

Dupla D Secretaria Público - R$ 150.000,00

Dupla D Goiás Turismo Público - R$ 150.000,00

Dupla D Prefeitura Municipal Público - R$ 67.000,00

Dupla D Goiás Turismo Público - R$ 150.000,00

Dupla D Prefeitura Municipal Público - R$ 150.000,00

Dupla D Goiás Turismo Público - R$ 75.000,00

(50%)

Dupla D Goiás Turismo Público - R$ 150.000,00

Dupla D Goiás Turismo Público - R$ 150.000,00

(substituída)

Dupla D Goiás Turismo Público - R$ 150.000,00

Dupla D Goiás Turismo Público - R$ 75.000,00

Dupla D Prefeitura Municipal Público - R$ 80.000,00

Dupla D Prefeitura Municipal Público - R$ 60.000,00

Dupla D Goiás Turismo Público - R$ 150.000,00

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135

Dupla D Prefeitura Municipal Público - R$ 32.500,00

(1ª parte)

Dupla D Prefeitura Municipal Público - R$ 104.000,00

Dupla D Prefeitura Municipal Público - R$ 32.500,00

(2ª parte)

Dupla D Goiás Turismo Público - R$ 150.000,00*

Dupla D Prefeitura Municipal Público - R$ 150.000,00*

Dupla D Prefeitura Municipal Público - R$ 72.000,00

(substituída)

Dupla D Prefeitura Municipal Público - R$ 72.000,00

Dupla D Prefeitura Municipal Público - R$ 65.000,00

Dupla D Prefeitura Municipal Público - R$ 45.600,00

Total exercício 2014 29

Dupla D Prefeitura Municipal Público - R$ 55.000,00

Dupla D Prefeitura Municipal Público - R$ 79.000,00

Dupla D Entidade Privado - R$ 150.000,00

Total exercício 2015 3

* Duplicidade de pagamento de show da Dupla D, sendo uma nota fiscal emitida

para a Goiás Turismo, no valor de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais) e

outra, de mesmo valor, para a Prefeitura Municipal.

Fonte: Elaboração conforme dados fornecidos pela equipe técnica com base nas

notas fiscais fornecidas pelas empresas e, consequente, inserção dos dados

coincidentes do SIOFINet e processos, de contratações formalizadas, analisados.

Fonte: Elaboração conforme dados fornecidos pela equipe técnica com base nas notas

fiscais fornecidas pelas empresas.

Verifica-se que, quando realizada a média de preços dos shows

contratados por outros entes públicos e pela iniciativa privada, o valor difere daquele

contratado pela Goiás Turismo. A média de preços dos shows da dupla D é de R$

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136

94.644,44 (noventa e quatro mil, seiscentos e quarenta e quatro reais e quarenta e quatro

centavos), enquanto a Goiás Turismo contrata pelo valor de R$ 150.000,00 (cento e

cinquenta mil reais). Uma diferença de quase 40% a mais, pagos com dinheiro público.

Empresa 4

A Empresa 4 representou apenas a Dupla E que, durante quatro anos,

contratou com a Goiás Turismo. No exercício de 2013, de acordo com as notas fiscais

fornecidas pela empresa, foram vendidos 16 (dezesseis) shows, sendo 14 (quatorze)

deles contratados com a Goiás Turismo, totalizando um volume de recurso de R$

842.000,00 (oitocentos e quarenta e dois mil reais), a um custo médio, por show, de R$

60.142,86 (sessenta mil e cento e quarenta e dois reais e oitenta e seis centavos). Os

outros dois shows, do exercício de 2013, foram vendidos para duas Prefeituras do

interior goiano, ambas no valor de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais).

No exercício de 2014, o valor global contratado com a Goiás Turismo

caiu quase pela metade. Foram R$ 519.000,00 (quinhentos e dezenove mil reais), em 9

(nove) shows, a um custo médio de R$ 57.666,67 (cinquenta e sete mil, seiscentos e

sessenta e seis reais e sessenta e sete centavos). Nos anos de 2015 e 2016, foram

vendidos apenas 2 (dois) shows para a Goiás Turismo, ambos no valor de R$ 60.000,00

(sessenta mil reais).

Da análise das notas fiscais, constata-se que apenas 3 (três) shows não

foram contratados com a Goiás Turismo, o que gera indícios de que a empresa fora

criada para contratar somente com a referida autarquia.

Quadro 9 – Notas fiscais dos shows realizados pela Empresa 4 nos exercícios de

2013 a 2016

Artista Contratante Público ou

privado

Data do

evento

Valor do

empenho

Dupla E Goiás Turismo Público - R$ 60.000,00

Dupla E Goiás Turismo Público - R$ 70.000,00

(Réveillon)

Dupla E Goiás Turismo Público - R$ 60.000,00

Dupla E Goiás Turismo Público - R$ 60.000,00

Dupla E Goiás Turismo Público - R$ 60.000,00

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137

Dupla E Goiás Turismo Público - R$ 60.000,00

Dupla E Goiás Turismo Público - R$ 60.000,00

Dupla E Goiás Turismo Público - R$ 60.000,00

Dupla E Prefeitura Municipal Público - R$ 60.000,00

Dupla E Goiás Turismo Público - R$ 60.000,00

Dupla E Goiás Turismo Público - R$ 52.000,00

Dupla E Goiás Turismo Público - R$ 60.000,00

Dupla E Goiás Turismo Público - R$ 60.000,00

Dupla E Goiás Turismo Público - R$ 60.000,00

Dupla E Goiás Turismo Público - R$ 60.000,00

Dupla E Prefeitura Municipal Público - R$ 60.000,00

Exercício de 2013 16

Dupla E Goiás Turismo Público - R$ 60.000,00

Dupla E Goiás Turismo Público - R$ 60.000,00

Dupla E Goiás Turismo Público - R$ 30.000,00

(1ª parcela)

Dupla E Goiás Turismo Público - R$ 30.000,00

Dupla E Goiás Turismo Público - R$ 30.000,00

(2ª parcela)

Dupla E Goiás Turismo Público - R$ 60.000,00

Dupla E Goiás Turismo Público - R$ 14.750,00

(1ª parcela)

Dupla E Goiás Turismo Público - R$ 60.000,00

Dupla E Goiás Turismo Público - R$ 60.000,00

Dupla E Goiás Turismo Público - R$ 14.750,00

(2ª parcela)

Dupla E Goiás Turismo Público - R$ 14.750,00

(3ª parcela)

Dupla E Goiás Turismo Público - R$ 14.750,00

(4ª parcela)

Dupla E Goiás Turismo Público - R$ 70.000,00

Exercício de 2014 9

Dupla E Goiás Turismo Público - R$ 60.000,00

Exercício de 2015 1

Dupla E Empresa 8 Privado - R$ 60.000,00

Dupla E Goiás Turismo Público - R$ 60.000,00

Exercício de 2016 2

Fonte: Elaboração conforme dados fornecidos pela equipe técnica com base nas

notas fiscais fornecidas pelas empresas e, consequente, inserção dos dados

coincidentes do SIOFINet e processos, de contratações formalizadas, analisados.

Page 138: COMISSÃO PARLAMENTAR DE · valores contratados pela Goiás Turismo, nos exercícios de 2013 a 2016, no prazo de três dias úteis, sob pena de busca e apreensão

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Fonte: Elaboração conforme dados fornecidos pela equipe técnica com base nas notas

fiscais fornecidas pelas empresas.

Empresa 5

A empresa 5, de propriedade da dupla F, enviou notas fiscais dos anos

de 2013 e 2016. Nesses dois anos, a empresa vendeu um total de 42 shows, sendo que,

em 2013, foram vendidos à Goiás Turismo 07 (sete) shows, pelo valor médio de R$

92.857,14 (noventa e dois mil reais quinhentos e cinquenta e sete reais e quatorze

centavos).

No mesmo período os valores médios dos shows vendidos a outros

entes públicos foram de R$ 56.141,67 (cinquenta e seis mil, cento e quarenta e um reais

e sessenta e sete centavos). Uma diferença de R$ 36,715.47 (trinta e seis mil setecentos

e quinze reais e quarenta e sete centavos) por show.

Quando se calcula o valor médio dos shows contratados com a

iniciativa privada, o valor cai para R$ 46.250,00 (quarenta e seis mil e duzentos e

cinquenta reais). A diferença em relação ao contratado com a Goiás Turismo é de quase

R$ 47.000,00, por valor médio de show, uma diferença de quase o dobro do valor.

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139

Em relação à 2016, a Empresa 5 apresentou notas fiscais de um total

de 18 shows, todos realizados com o poder público, sendo 04 (quatro) vendidos para a

Goiás Turismo. Neste período, a média de preços dos shows pagos pela Goiás Turismo

foi de R$ 100.000,00 (cem mil reais).

Quando se calcula o valor médio dos shows contratados com os outros

entes públicos, o valor cai para R$ 52.964,29 (cinquenta e dois mil novecentos e

sessenta e quatro reais e vinte e nove centavos), o que equivale a quase metade do valor

pago pela Goiás Turismo no período.

Empresa 6

A empresa 6, nos exercícios de 2013 a 2016, vendeu um total de 26

shows, sendo que 18 (dezoito) foram para Goiás Turismo.

Foram apresentadas 03 (três) Notas Fiscais do exercício de 2013,

sendo todas de shows da dupla G. A primeira, referente a um show vendido para uma

Prefeitura do interior goiano, no valor de R$ 25.000,000 (vinte e cinco mil reais). Outra,

de um show em outro Município de Goiás, pago pela Goiás Turismo, no valor de R$

45.000,00 (quarenta e cinco mil reais). A última, em outro Estado da Federação, a

Dupla G cantou por R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais). Observa-se que o show foi 80%

mais caro para a Goiás Turismo, comparando-se um Município e outro do Estado de

Goiás.

Destaque-se que, das 26 (vinte e seis) notas fiscais apresentadas pela

empresa, 18 (dezoito) foram emitidas para a Goiás Turismo, representando 70% das

vendas; 2 (duas) foram emitidas para outras empresas de produção artísticas; e as outras

06 (seis), para prefeituras municipais, neste caso, 92% dos shows foram vendidos ao

poder público.

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140

7.2 Da exclusividade produzida:

A Lei de Licitações admite a contratação de artistas por

inexigibilidade de licitação, desde que observados três requisitos básicos, quais sejam:

que o objeto da contratação seja o serviço de um artista profissional; que a contratação

seja feita diretamente ou através de empresário exclusivo; e que o contratado seja

consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública.

Não obstante o art. 25, III, da Lei n. 8.666/93, preveja ser inexigível a

licitação na contratação de profissional de qualquer setor artístico, pela inviabilidade de

licitação, para que dita inviabilidade seja caracterizada, é necessário que a contratação

seja feita diretamente com o artista ou com o empresário exclusivo.

Todavia, após detida análise dos processos pela assessoria técnica

desta Comissão, constatou-se que a exigência de exclusividade não foi observada em

grande parte dos contratos, tendo sido detectadas duas situações: primeiro, a ausência de

contrato de exclusividade com o artista; segundo, carta de exclusividade apenas para a

data da realização do evento.

O Ministério Público de Contas do Estado de São Paulo, ao analisar

processo de inexigibilidade de licitação, cujo objeto era a contratação de show artístico,

aborda a questão do empresário exclusivo. Nesse contexto, cita ensinamento de

JACOBY, na esteira de que “a contratação ou é feita diretamente com o artista ou com

o seu empresário exclusivo, como tal entendendo-se o profissional ou agência que

intermedeia, com caráter de exclusividade, o trabalho de determinado artista. Numa

analogia, é o fornecedor exclusivo daquela mão de obra.” (idem, ibidem, p. 640”9).

O Procurador de Contas cita então que, “a contratação direta é para o

artista. No caso do empresário, sua intermediação é aceita, desde que seja comprovado

se tratar do empresário exclusivo”.

Mais uma vez, define empresário exclusivo como “a figura do

representante ou agente, ou seja, aquele que se obriga a, autonomamente, de forma

9 MPC/SÃO PAULO. Processo n. TC-777/001/13. Procurador de Contas: Rafael Neubern Demarchi

Costa.9/6/2014.

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habitual e não eventual, promover, mediante retribuição, a realização de certos

negócios, por conta do representado”10.

Nesse contexto, a Administração Pública, ao contratar artista por

intermédio de empresário exclusivo, deve exigir o contrato de exclusividade artística,

pois é por meio dele que a Administração Pública tomará conhecimento do valor

cobrado pelo empresário, se ele é exclusivo do artista e se atua em seu âmbito territorial

e, ainda, se o contrato é vigente11.

Segundo os dados obtidos pela equipe técnica desta Comissão, dos

280 processos de contratação, selecionados por amostragem e analisados, 94 não

apresentaram o contrato de exclusividade, ou seja, 33,57%. Vejamos:

Quadro 10 – Ausência de contrato de exclusividade – empresas interpostas

Processo Empresa Artista Município do evento Data do

evento

201300027000054 Glamour Entret. e Even. Banda Tá Fervendo Caldas Novas 08, 09, 10,

11/02/2013

201300027000057 C e J Prod. e Eventos Carlos e Jader Palmeiras de Goiás 09/02/2013

201300027000061 Vip Prom. e Eventos Companhia do Calypso Cidade de Goiás 09/02/2013

201300027000064 Vip Prom. e Eventos Banda Prod. Even. Bom Jardim de Goiás 08/02/2013

201300027000073 Glamour Entret. e Even. Banda Bonde do Forró Caldas Novas 08/02/2013

201300027000088 C e J Prod. e Eventos Carlos e Jader Nerópolis 12/02/2013

201300027000105 Shownews Com. Prod. Banda Calypso Urutaí 11/02/2013

201300027000111 C e J Prod. e Eventos Carlos e Jader Três Rancho 11/02/2013

201300027000118 C e J Prod. e Eventos Carlos e Jader Aragarças 10/02/2013

201300027000170 Marka 3 Prod. Artísticas Israel e Rodolfo Padre Bernardo 08/05/2013

201300027000181 Glamour Entret. e Even. Fabio Jr

Pe. Atonio Maria Caldas Novas

30 e

31/03/2013

201300027000188 Smith Prod. Art. Rio Negro e Solimões Abadia de Goiás 29/03/2013

201300027000239 Glamour Entret. e Even. Gian e Giovane Castelândia 03/05/2013

201300027000252 W M Shows Gino e Geno Hidrolândia 26/04/2013

201300027000255 De Paula Prod. Di Paulo e Paulino Hidrolândia 27/04/2013

201300027000264 Work Shows Prod. Art. Joao Neto e Frederico Hidrolândia 01/05/2013

201300027000271 Brizza Prod. Cult. Christian e Ralf Mundo Novo 11/05/2013

10 MPC/SÃO PAULO. Processo n. TC-777/001/13. Procurador de Contas: Rafael Neubern Demarchi

Costa.9/6/2014. 11 MPC/SÃO PAULO. Processo n. TC-777/001/13. Procurador de Contas: Rafael Neubern Demarchi

Costa.9/6/2014.

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201300027000276 Brizza Prod. Cult. Banda Brizza Santo Antônio 04/05/2013

201300027000283 ZRT3 Prod. Event. Zé Ricardo e Thiago Castelândia 04/05/2013

201300027000288 Santa Eventos Marcos Mafra Aparecida de Goiânia 12/05/2013

201300027000314 Work Shows Prod. Art. Joao Neto e Frederico Minaçu 13/05/2013

201300027000350 Glamour Entret. e Even. Gian e Giovane Niquelândia 25/05/2013

201300027000372 Glamour Entret. e Even. Gian e Giovane São Luiz do Norte 31/05/2013

201300027000379 Work Shows Prod. Art. Henrique e Juliano Senador Canedo 01/06/2013

201300027000383 Glamour Entret. e Even. Gian e Giovane Santa Fé de Goiás 02/06/2013

201300027000417 C e J Prod. e Eventos Carlos e Jader Santa Helena 11/06/2013

201300027000426 Renato e Raphael Renato e Raphael Novo Gama 14/06/2013

201300027000432 Glamour Entret. e Even. Gian e Giovane Mundo Novo 16/06/2013

201300027000468 Art Brasil Prod. Art. Marcos e Fernando Corumbá 07/07/2013

201300027000472 Glamour Entret. e Even. Gian e Giovane Corumbá 06/07/2013

201300027000487 Glamour Entret. e Even. Pe. Antonio Maria Panamá 28/06/2013

201300027000489 Emerson de Souza Silva Rio Negro e Solimões Itaberaí 29/06/2013

201300027000497 Art Brasil Prod. Art. Marcos e Fernando Cocalzinho 30/06/2013

201300027000514 Brizza Prod. Cult. Banda Brizza São Miguel do Araguaia 03/07/2013

201300027000535 WM Shows Gino e Geno Quirinópolis 09/07/2013

201300027000537 Emerson de Souza Silva Rio Negro e Solimões Quirinópolis 11/07/2013

201300027000564 Mistura Louca Produções Henrique e Juliano Fazenda Nova 13/07/2013

201300027000574 Art Brasil Prod. Art. Marcos e Fernando Nova Crixás 20/07/2013

201300027000590 C e J Prod. e Eventos Carlos e Jader Itapuranga 21/07/2013

201300027000607 EJL Produções Nechivile Aragarças 27/07/2013

201300027000609 C e J Prod. e Eventos Carlos e Jader Cidade de Goiás 27/07/2013

201300027000655 Art Brasil Prod. Art. Marcos e Fernando Morro Agudo 10/08/2013

201300027000681 Emerson de Souza Silva Rio Negro e Solimões Indiara 15/08/2013

201300027000713 ZRT3 Prod. Event. Zé Ricardo e Thiago Carmo do Rio Verde 29/08/2013

201300027000729 Art Brasil Prod. Art. Marcos e Fernando Água Limpa de Goiás 06/09/2013

201300027000830 EJL Produções Nechivile Cavalcante 09/11/2013

201300027000836 Vip Prom. e Eventos Companhia do Calypso Santa Tereza 14/11/2013

201300027000856 De Paula Prod. Di Paulo e Paulino Maurilândia 30/11/2013

201400027000010 C e J Prod. e Eventos Carlos e Jader Iporá 26/01/2014

201400027000040 2HC Rosa Prom. Artísticas Guilherme e Santiago Caldas Novas 03/03/2014

201400027000075 F3G Promoções e Eventos Fred e Gustavo Goiatuba 28/02/2014

201400027000077 Wolf Music César e Alessandro Aragoiânia 03/03/2014

201400027000154 Mar de Gente Prod. Art. O Rappa Aruanã 03/05/2014

201400027000193 RD Benison Ed. e Prom. Regis Danese Trindade 19/04/2014

201400027000202 Sandro Vitor de Jesus

Queiroz Thalles Roberto Caldas Novas 20/04/2014

201400027000230 F3G Promoções Eventos Fred E Gustavo Porteirão 14/04/2014

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201400027000246 GMS Prod. e Eventos Banda Maranatha Iporá 21/04/2014

201400027000255 RD Benison Ed. e Prom. Regis Danese Padre Bernardo 10/05/2014

201400027000256 Sandro Vitor de Jesus

Queiroz Tony Alysson Padre Bernardo 08/05/2014

201400027000285 TVM Prod. Artísticas Maida e Marcelo Uirapuru 30/04/2014

201400027000292 Bueno Produções Gabriel Gava Aparecida de Goiânia 11/05/2014

201400027000295 Contract Show Prod. Art. João Neto e Frederico Padre Bernardo 09/05/2014

201400027000315 Wolf Music César e Alessandro Cezarina 14/05/2014

201400027000326 Mistura Louca Produções Henrique e Juliano Cachoeira Alta 16/05/2014

201400027000331 Wolf Music César e Alessandro Santa Cruz De Goiás 07/06/2014

201400027000337 TVM Prod. Artísticas Maida e Marcelo Aparecida Do Rio Doce 19/06/2014

201400027000395 De Paula Produções Di Paulo e Paulinho Matrinchã 30/05/2014

201400027000424 F3G Promoções e Eventos Fred e Gustavo Bela Vista 07/06/2014

201400027000440 Sandro Vitor de Jesus

Queiroz Tony Alysson Nova Crixás 20/06/2014

201400027000441 Sandro Vitor de Jesus

Queiroz Tony Alysson Corumbá 19/06/2014

201400027000485 Lush Records Ed. Musicais Falamansa Goiânia 26/06/2014

201400027000486 Baioque Prod. Artísticas Elba Ramalho Goiânia 29/06/2014

201400027000496 Mistura Louca Produções Henrique e Juliano Itapirapuã 22/06/2014

201400027000514 Contract Show Prod. Art. Jõao Neto e Frederico Corumbá 22/06/2014

201400027000548 Canto Livre Prod. Art. Roberta Miranda São Miguel do Araguaia 29/06/2014

201400027000587 Mistura Louca Produções Henrique e Juliano Aruanã 11/07/2014

201400027000597 André O. Gedeon Prod. Zélia Duncan Aruanã 19/07/2014

201400027000658 LS Music Prod. Artísticas Luan Santana Goiânia 31/12/2014

201400027000679 Grupo Genesis de Prod. e

Eventos Itinerantes Aline Barros Caldas Novas 29/12/2014

201500027000165 Rosa de Saron Prod. Art. Rosa de Saron Caldas Novas 04/06/2015

201500027000008 Teló Shows Michel Teló Caldas Novas 15/02/2015

201500027000308 WM Shows Gino e Geno Campinaçu 16/07/2015

201500027000126 Golden Prod. e Ev. Banda Trio Alto Astral Ouro Verde de Goiás 16/05/2016

201500027000584 Faz Chover Prod. Fernandinho Jussara 13/11/2015

201500027000708 Renato e Raphael Prod. Renato e Raphael Santa Rita do Araguaia 30/12/2015

201500027000166 Tirei de Letra Prod. e Ev. Gabriel e Rafael Caldas Novas 06/06/2015

201500027000433 JCA Publ. Mark. Ev. Cintia e Lucas Água Limpa 04/09/2015

201500027000110 Bueno Prod. Gabriel Gava Aparecida de Goiânia 10/05/2015

201600027000463 Circuito Shows Prod. e Ev. Victor Marinho Senador Canedo 05/06/2016

201600027000398 Circuito Shows Prod. e Ev. Victor Marinho Goiás 26/05/2016

201600027000058 Circuito Shows Prod. e Ev. ku4too Iporá 06/02/2016

201600027000063 Circuito Shows Prod. e Ev. ku4too Buriti Alegre 08/02/2016

201600027000432 Israel e Rodolfo Prod. Art. Israel e Rodolfo Bonfinópolis 31/05/2016

201600027000856 Talismã Adm. de Shows Leonardo Montes Claros 20/10/2016

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Fonte: Elaboração conforme dados fornecidos pela equipe técnica com base em dados do SIOFNet e processos, de

contratações formalizadas, analisados.

Além das informações supra, o Procurador de Contas do Tribunal de

Contas do Estado de Goiás, Fernando Carneiro, afirmou à CPI que, em suas

representações, identificou várias contratações realizadas por meio de empresas

interpostas. À guisa de corroborar o exposto, vejamos parte de seu depoimento:

“(...) O segundo ponto são as inexigibilidades de licitação para

contratação de shows pela Goiás Turismo. Nós verificamos que a

maioria, muitas das contratações feitas pela Goiás Turismo, os shows, se

dão por empresas interpostas. E qual o problema disso? Nós temos

vários problemas e o mais relevante é a violação da lei, porque a lei de

licitação dispõe que a inexigibilidade de licitação tem que ser com

empresário exclusivo. A Goiás Turismo faz a inexigibilidade em boa

parte dos casos, com empresa interposta.

O problema disso é, na melhor das hipóteses, considerando que empresa

interposta seja gerida por “anjos”, o Estado de Goiás "paga a mais",

paga a mais apenas o custo que é maior de ISS. Porque o artista, ou o

empresário exclusivo, tem uma despesa a ser realizada, tem um fato

gerador sobre o qual incide o ISS. Um percentual, um tributo pago para

os Municípios.

E como há a contratação de uma empresa interposta, então há uma

segunda contratação, que também deve incidir ISS sobre o qual,

considerando ser “anjo”, essa empresa interposta haverá o repasse

apenas e tão somente o acréscimo desse imposto sobre o ISS.

Portanto, é uma contratação lesiva ao erário. Mas, mais do que isso, nós

verificamos que não é apenas o sobrepreço do ISS. Nós verificamos. Está

documentado em várias representações o dispêndio de recurso sem

qualquer justificativa para isso (...)”

E, adiante, o Procurador exemplifica aos membros da Comissão a

prática reiterada dessa ilegalidade:

O SR. DEPUTADO KARLOS CABRAL: - (...) Vossa Excelência tocou

num assunto sobre o qual eu estava lendo aqui, no Artigo 25, sobre essa

figura que o senhor chamou de "empresa interposta" – é isso mesmo?

Então, podemos dizer que se trata de um intermediário ou uma agência,

digamos assim.

O Artigo 25 é claro quando fala que pode haver contratação com

inexigibilidade do profissional do setor artístico, diretamente ou através

de um empresário exclusivo. Essa empresa agenciadora é uma prática do

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mercado. Ela não se enquadra então nesse termo de empresário

exclusivo, nós não estamos falando do empresário do artista, mas de uma

empresa que faz – como é a palavra que o Lívio usou aqui – o

agenciamento. Nesses casos, tratava-se de agenciadoras ou de

empresários dos cantores?

O SR. PROCURADOR FERNANDO CARNEIRO: - Não, nos casos

detectados – e alguns nós retiramos porque foram feitos com

empresários exclusivos. Suponhamos que há uma banda e que eu,

Fernando Carneiro, sou seu empresário exclusivo. Ou seja, a

contratação tem que ser feita com empresário exclusivo, que no caso sou

eu, Fernando Carneiro.

Mas não é isso o que acontece. Contrata-se uma empresa X para que

esta, por sua vez, contrate o empresário Fernando Carneiro. Ou seja, a

empresa X é uma "empresa ponte". Naturalmente, haverá um pedágio

nessa cobrança, todos sabemos, porque existem custos lícitos para essa

contratação.

Importante consignar a finalidade de se exigir o empresário exclusivo,

ou seja:

[...] A proibição de contratar com empresário não exclusivo é medida

prestante a impedir que terceiros aufiram ganhos desproporcionais às

custas dos artistas. Ora, o empresário exclusivo tem com o artista

contrato que lhe assegura a exclusividade, cujas cláusulas

provavelmente estipulam qual o montante de sua remuneração ou o

parâmetro para determiná-la, recaindo frequentemente sobre

porcentagem dos valores recebidos. Já o empresário não exclusivo paga

o artista o valor por ele estipulado e, com isso, vê-se livre para acertar

com o Poder Público o preço que quiser cobrar, o que lhe faculta

estabelecer a sua remuneração em valores bastante elevados, até bem

acima do que ganha o artista. Assim sendo, por obséquio à

economicidade e à moralidade administrativa, que se celebre o contrato

diretamente com o artista. De todo modo, impende delimitar o âmbito

territorial dessa exclusividade, isto é, precisar se a exclusividade alude á

abrangência nacional, regional, estadual ou municipal. Na verdade,

quem determina o âmbito da exclusividade são os artistas, pois, sob a

égide da autonomia da vontade, celebram contratos com empresários,

em razão do que lhes é facultado conferir áreas de exclusividade àqueles

que lhes convém. Se, por força contratual, os serviços dum artista

somente podem ser obtidos num dado lugar mediante determinado

empresário, por dedução, trata-se de empresário exclusivo, ao menos

para contar com os respectivos préstimos artísticos naquele lugar12.

12 NIEBUHR, Joel de Menezes. Dispensa e inexigibilidade de licitação pública. São Paulo: Dialética,

2003. p. 204. Extraído do voto proferido no TCE-SC, pelo Conselheiro Relator: CÉSAR FILOMENO

FONTES, no processo n. RPA-07/00547541,

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A mencionada ilegalidade foi confirmada também pelo Ex-

Presidente da Goiás Turismo, Aparecido Sparapani, em seu depoimento a esta

Comissão, quando afirma:

(...)O SR. APARECIDO SPARAPANI: - Sim. Sem dúvida, Excelência. O

País é muito grande. Com certeza o artista vive de vender show, assim

como a hotelaria vive de vender apartamento. Então, se eu não vender a

cama hoje eu não vendo ela nunca mais. O artista que não faz um show

hoje, amanhã ele não recupera esse dia que ele não fez. Então, ele tem o

seu representante no Sul, outro no Norte, outro no Nordeste, um no

Centro-Oeste, às vezes, até, dependendo do Estado, dividindo o Estado

com dois representantes. Isso acontece.

O SR. DEPUTADO MARQUINHO PALMERSTON: - Então isso é

comum acontecer?

O SR. APARECIDO SPARAPANI: - Isso é comum acontecer. (...)

Ficou comprovada, ainda, por meio da oitiva das testemunhas, a

ausência de exclusividade por parte das empresas contratadas e a utilização de

intermediários, conforme se depreende, por exemplo, do depoimento do representante

da Wolf Music Ltda, Alessandro Alves Lobo Guerra, ao afirmar à CPI:

“...Para a Goiás Turismo a gente normalmente cobra um pouco mais

caro mesmo. Porque, realmente, é um serviço de excelência que você tem

que prestar, eles são muitos exigentes e muito profissionais no sentido de

cobrar o serviço prestado; eles vão lá ver se foi feito o show; eles tiram

fotos; eles comprovam de todas as maneiras que você fez o evento.

E, além de tudo, a gente tem um grande entrave no recebimento. Não se

recebe tão rápido assim. Então, normalmente, se você vende um show de

quarenta mil reais ou cinquenta mil reais, você tem que colocar um

sobrepreço aí justamente porque o prazo de recebimento é mais

comprido; você não recebe no prazo e sua empresa descapitaliza; você

paga o imposto; se você não der conta de pagar o imposto, você tem que

pagar os juros e a multa que o Governo te cobra.

Isso tudo, no final das contas, você tem que fazer conta, porque, se não,

você não fecha as contas...”

Vale mencionar que a contratação direta de artistas ou empresários

exclusivos é requisito básico para configuração da inviabilidade da licitação.

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Segundo o Relatório elaborado pela equipe técnica, dos processos por

ela analisados, constatou-se que grande parte das empresas contratadas não detinha o

contrato de exclusividade do artista, mas, apenas e tão-somente, a carta de exclusividade

para data da realização do show.

Além disso, verificou-se que diversas contratações, que apresentavam

os contratos registrados em cartório, eram realizadas com as empresas que realmente

detinham a exclusividade do artista e ou firmados com vigência máxima de seis (6)

meses, ferindo o que determina a legislação que trata da matéria.

Segundo os dados obtidos pela equipe técnica, apenas 26 empresas

apresentaram carta de exclusividade para a data do evento, ou seja, o equivalente a

9,28% das empresas contratadas no período (2013 a 2016), não cumprindo o quesito da

legislação referente à inexigibilidade de licitação. São as empresas:

Quadro 11 – Carta de exclusividade para a data – empresas interpostas

Processo Empresa interposta Artista Município do evento Data do

evento

201300027000112 EJL Produções Nechivile Três Ranchos 10/02/2013

201300027000179 Santa Eventos Marcos Mafra Morrinhos 28/03/2013

201300027000187 Wolf Music Cesar e Alessandro Abadia de Goiás 31/03/2013

201300027000366 ZRT3 Prod. Event. Zé Ricardo e Thiago Senador Canedo 29/05/2013

201300027000378 Wolf Music Cesar e Alessandro Senador Canedo 01/06/2013

201300027000404 Wolf Music César e Alessandro Pontalina 22/06/2013

201300027000443 WM Shows Gino e Geno Santa Terezinha 22/06/2013

201300027000458 Shownews Com. Prod. Banda Calypso do Pará Petrolina 22/06/2013

201300027000462 Work Shows Prod. Art. Joao Neto e Frederico Goianésia 23/06/2013

201300027000523 Wolf Music Cesar e Alessandro Quirinópolis 06/07/2013

201300027000525 Mistura Louca Produções Henrique e Juliano Uruaçu 05/07/2013

201300027000578 Art Brasil Prod. Art. Marcos e Fernando Cristalina 18/07/2013

201300027000611 Wolf Music Cesar e Alessandro Itapuranga 24/07/2013

201300027000630 Wolf Music Cesar e Alessandro Palmeiras de Goiás 01/08/2013

201300027000649 Marka 3 Prod. Artísticas Israel e Rodolfo Palmeiras de Goiás 04/08/2013

201400027000156 Camargue Prod. Artísticas Maria Rita Aruanã 02/05/2014

201400027000254 LK Produções Artísticas Linine Cidade de Goiás 10/05/2014

201400027000310 2HC Rosa Prom. Artísticas Guilherme e Santiago Aparecida de Goiânia 11/05/2014

201400027000412 Mistura Louca Produções Henrique e Juliano Novo Gama 15/06/2014

201400027000499 Marka 3 Prod. Artísticas Israel e Rodolfo Goiânia 30/06/2014

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148

201400027000557 Contract Show Prod. Art. João Neto e Frederico São João de Planaltina 02/07/2014

201400027000574 Contract Show Prod. Art. João Neto e Frederico São Miguel do Araguaia 03/07/2014

201600027000311 Valéria Barros Prod. Art. Valéria Barros Cezarina 11/05/2016

201600027000046 Mafra Produções Marcos Mafra Caldas Novas 08/02/2016

201600027000396 S4 Prod. Artísticas João Bosco e Vinícius Piracanjuba 20/05/2016

201600027000615 Bueno Produções Jads e Jadson Americano do Brasil 23/06/2016

Fonte: Elaboração conforme dados fornecidos pela equipe técnica com base em dados do SIOFNet e processos, de

contratações formalizadas, analisados.

Portanto, segundo demonstra o quadro abaixo, verifica-se que,

dos 280 processos analisados por amostragem, 120 não atendem ao quesito de

exclusividade com o artista, representando 43% das contratações realizadas por

inexigibilidade de licitação, dentre os processos em observação, em confronto à Lei

n. 8.666/1993.

Quadro 12 – Ausência do quesito exclusividade

Exercício Total de processos

analisados

Ausência de

exclusividade Porcentagem

2013 111 63 56%

2014 100 38 38%

2015 35 9 26%

2016 34 10 28%

TOTAL 280 120 43%

Fonte: Elaboração conforme dados fornecidos pela equipe técnica com base em dados do SIOFNet e

processos, de contratações formalizadas, analisados.

Israel e Rodolffo

A situação da dupla Israel e Rodolffo merece destaque, em razão de

representação do Ministério Público de Contas do Estado de Goiás (Processo n.

201600047000278/312) e de apontamentos no Relatório de Auditoria do TCE n.

002/2017. No referido processo, que trata de show realizado no Município de Iporá

(processo 201600027000029), o Ministério Público de Contas alegou que:

De forma contrária à lei, a empresa contratada valeu-se de um contrato

de exclusividade “não exclusivo”, na medida em que a MARTINS

PROMOÇÕES E EVENTOS LTDA, conforme cláusulas terceira e quarta

do “contrato de exclusividade”, deveria em caráter de exclusividade

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representar o artista “em todo país” pelo prazo de 05 anos a partir do

dia 20 de janeiro de 2015.

Apesar disso, a CENÁRIO PRODUÇÕES LTDA, indicada no sítio

eletrônico dos artistas como representante exclusiva, foi a responsável

pela apresentação da dupla para a FENAMILHO 2016, evento

realizado pelo SINDICATO DOS PRODUTORES RURAIS DE PATOS

DE MINAS-MG, cobrando valor muito inferior ao praticado pela

empresa MARTINS para apresentação desses artistas.

A situação é no mínimo confusa, pois enquanto o empresário exclusivo

(CENÁRIO PRODUÇÕES) é o responsável pelos contratos celebrados

com pessoas jurídicas de direito privado, aparentemente há uma segunda

empresa curiosamente “exclusiva apenas para contratos firmados com

pessoa jurídica de direito público” (MARTINS) – sempre com valores

superiores àqueles cobrados pela “primeira exclusiva” (conforme

grande número de contratações dessa dupla por meio da MARTINS em

2015 e agora em 2016).

No Relatório de Auditoria do TCE, constatou-se mais de uma empresa

detentora da exclusividade da dupla, sendo elas:

Martins Produções, nos processos de contratação:

201500027000051, 201500027000264, 201500027000402,

201500027000335, 201500027000504 e 201600027000138; e,

Israel e Rodolffo Produções Artísticas Ltda-ME, nos processos

de contratação: 201600027000548 e 201600027000657 os

contratos foram realizados por meio da empresa Israel e

Rodolffo Produções Artísticas Ltda-ME.

Observa-se que, durante a auditoria do TCE, restou demonstrado que a

empresa Israel e Rodolffo Produções Artísticas Ltda-ME consta no quadro societário

dos integrantes da dupla, porém, não apresentou contrato de exclusividade. E, também,

não foi apresentado distrato com a empresa Martins Produções, que possui contrato de

exclusividade em vigência com a dupla, por 5 anos, a partir de 20 de janeiro de 2015.

Além destas divergências apontadas no Relatório de Auditoria do

TCE, há aquelas levantadas na representação oferecida pelo Ministério Público de

Contas do Estado de Goiás, que indica outra empresa exclusiva da dupla: Cenário

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Produções, figurando como empresa exclusiva no contrato do show realizado em Patos

de Minas/MG. Ademais, em pesquisa realizada em publicações da imprensa oficial,

foram constatadas outras empresas “exclusivas”:

Aniversário de 96 anos da Cidade de Porto Franco/MA, em

janeiro de 2016, representante “exclusivo”: Alexson da Silva

Alves;

Show aberto ao público no Município de São Gonçalo do

Abaeté/MG, em julho de 2016, empresa “exclusiva”: Israel e

Rodolffo Produções Artísticas Ltda-ME.

Do exposto conclui-se ser impossível determinar qual empresa era, de

fato, detentora da exclusividade da dupla, pois foram identificadas diversas empresas

que firmaram contratos com a Administração Pública para apresentação dos shows.

Assim, devido à quantidade de empresas que ofereceram os serviços dos artistas, a

competição era perfeitamente viável, devendo ter sido realizada licitação para

contratação da dupla.

Observe-se que os processos de contratação, analisados por esta CPI,

condizem com os indícios apontados na representação do Ministério Público de Contas

do Estado de Goiás (Processo n. 201600047000278/312) e no Relatório de Auditoria do

TCE n. 002/2017:

Quadro 13 – Processos de contratações formalizadas dos shows realizados pela dupla Israel e Rodolfo nos

exercícios de 2013 a 2016

Processo Empresa interposta Município do evento Data do

evento

Valor do

empenho

201300027000081 Marka 3 Prod. Artísticas Aragarças 11/02/2013 R$ 150.000,00

201300027000085 Marka 3 Prod. Artísticas Iporá 10/02/2013 R$ 150.000,00

201300027000170 Marka 3 Prod. Artísticas Padre Bernardo 08/05/2013 R$ 150.000,00

201300027000268 Marka 3 Prod. Artísticas Caldas Novas 01/05/2013 R$ 150.000,00

201300027000410 Marka 3 Prod. Artísticas Pontalina 19/06/2013 R$ 150.000,00

201300027000538 Marka 3 Prod. Artísticas Quirinópolis 14/07/2013 R$ 150.000,00

201300027000626 Marka 3 Prod. Artísticas Bom Jesus 31/07/2013

R$ 150.000,00 (Goiás Turismo

R$ 100.000,00;

Pref. Bom Jesus

R$ 50.000,00)

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201300027000649 Marka 3 Prod. Artísticas Palmeiras de Goiás 04/08/2013

R$ 150.000,00

(Goiás Turismo

R$ 124.095,00;

Pref. Palmeiras

R$ 25.095,00)

201300027000748 Marka 3 Prod. Artísticas Damolândia 13/09/2013

R$ 150.000,00

(Goiás Turismo

R$ 50.000,00;

Pref. Damolândia

R$ 100.000,00)

201400027000041 Marka 3 Prod. Artísticas Caldas Novas 02/03/2014 R$ 150.000,00

201400027000311 Marka 3 Prod. Artísticas Aparecida de Goiânia 11/05/2014 R$ 150.000,00

201400027000318 Marka 3 Prod. Artísticas Minaçu 13/05/2014 R$ 150.000,00

201400027000430 Marka 3 Prod. Artísticas Campinorte 19/06/2014 R$ 150.000,00

201400027000499 Marka 3 Prod. Artísticas Goiânia 30/06/2014 R$ 150.000,00

201400027000554 Marka 3 Prod. Artísticas Colcazinho 29/06/2014 R$ 150.000,00

201500027000051 Martins Produções Inhumas 19/03/2015 R$ 150.000,00

201500027000087 Martins Produções Campinorte 30/04/2015 R$ 150.000,00

201600027000432

Israel e Rodolfo Prod. Art. Bonfinópolis 31/05/2016 R$ 150.000,00

Fonte: Elaboração conforme dados fornecidos pela equipe técnica com base em dados do SIOFINet e processos,

de contratações formalizadas, analisados.

7.3. Inexistência de publicação do ato de inexigibilidade ou publicação

intempestiva:

O art. 37 da Constituição Federal consagra a publicidade como um dos

princípios basilares da Administração Pública. Tal referência aponta para a necessidade

de que os atos administrativos sejam expostos, residindo na premissa de os agentes

públicos não praticarem seu mister para satisfação pessoal ou mesmo da própria

Administração, mas sim, tão-somente, do interesse público.

Partindo dessa premissa, o art. 26, da Lei 8.666/93 assim dispõe:

Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2º e 4º do art. 17 e no inciso III e

seguintes do art. 24, as situações de inexigibilidade referidas no art. 25,

necessariamente justificadas, e o retardamento previsto no final do

parágrafo único do art. 8º desta Lei deverão ser comunicados, dentro de

3 (três) dias, à autoridade superior, para ratificação e publicação na

imprensa oficial, no prazo de 5 (cinco) dias, como condição para a

eficácia dos atos.

Extrai-se da leitura do supratranscrito dispositivo legal que, em se

tratando das situações de inexigibilidade referidas no art. 25, da Lei n. 8.666/1993, após

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a devida motivação da contratação nos autos do processo administrativo

correspondente, será necessária a ratificação, por parte da autoridade superior, bem

como a publicação do ato ratificador na Imprensa Oficial, após a comunicação daquela,

“no prazo de 5 (cinco) dias, como condição para a eficácia dos atos”.

Ocorre que foi identificada, nos processos selecionados, a ausência de

publicação dos atos de inexigibilidade em imprensa oficial, ou a sua efetivação fora do

prazo legal.

Diante da amostragem definida para a análise desta CPI, apurou-se

que, dos 280 processos examinados, em 212, os atos de inexigibilidade não foram

publicados ou a sua efetivação foi extemporânea, ou seja, em desacordo com o que

determina o art. 26 da Lei n. 8.666/1993. Observem-se os processos que descumpriram

o quesito de publicação do ato de inexigibilidade, durante os exercícios de 2013 a 2016:

Quadro 14 – Ausência de publicação ou extemporânea

Processo Empresa Artista Município Data do

evento

201300027000059 Glamour Entret. e Even. Banda Realce Cidade de Goiás 10 e

11/02/2013

201300027000067 Santa Eventos Marcos Mafra Nerópolis 08/02/2013

201300027000173 Eduardo Melo Prod. Eduardo Melo Buriti Alegre 30/03/2013

201300027000179 Santa Eventos Marcos Mafra Morrinhos 28/032013

201300027000181 Glamour Entret. e Even. Fabio Jr

Pe. Atonio Maria Caldas Novas

30 e

31/03/2013

201300027000186 J Augusto Shows e Eventos Almir Pessoa São Simão 29/03/2013

201300027000187 Wolf Music Cesar e Alessandro Abadia de Goiás 31/03/2013

201300027000188 Smith Prod. Art. Rio Negro e Solimões Abadia de Goiás 29/03/2013

201300027000236 Eduardo Melo Prod. Eduardo Melo Vila Boa 26/04/2013

201300027000239 Glamour Entret. e Even. Gian e Giovane Castelândia 03/05/2013

201300027000252 W M Shows Gino e Geno Hidrolândia 26/04/2013

201300027000255 De Paula Prod. Di Paulo e Paulino Hidrolândia 27/04/2013

201300027000264 Work Shows Prod. Art. Joao Neto e Frederico Hidrolândia 01/05/2013

201300027000268 Marka 3 Prod. Artísticas Israel e Rodolfo Caldas Novas 01/05/2013

201300027000271 Brizza Prod. Cult. Christian e Ralf Mundo Novo 11/05/2013

201300027000276 Brizza Prod. Cult. Banda Brizza Santo Antônio 04/05/2013

201300027000283 ZRT3 Prod. Event. Zé Ricardo e Thiago Castelândia 04/05/2013

201300027000287 MR Transp. Serv. Leonardo Aparecida de Goiânia 12/05/2013

201300027000288 Santa Eventos Marcos Mafra Aparecida de Goiânia 12/05/2013

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201300027000291 MR Transp. Serv. Leonardo Montividiu do Sul 10/05/2013

201300027000294 Santa Eventos Gabriel Gava Aparecida de Goiânia 08/05/2013

201300027000314 Work Shows Prod. Art. Joao Neto e Frederico Minaçu 13/05/2013

201300027000336 Acar Prod. e Publicidade Alessandro Gomes Aurilândia 24/05/2013

201300027000350 Glamour Entret. e Even. Gian e Giovane Niquelândia 25/05/2013

201300027000363 MR Transp. Serv. Tutuca e Jean Piracanjuba 26/05/2013

201300027000366 ZRT3 Prod. Event. Zé Ricardo e Thiago Senador Canedo 29/05/2013

201300027000367 Santa Eventos Marcos Mafra Senador Canedo 31/05/2013

201300027000372 Glamour Entret. e Even. Gian e Giovane São Luiz do Norte 31/05/2013

201300027000374 MR Transp. Serv. Racyne e Rafael Faina 01/06/2013

201300027000375 MR Transp. Serv. Leonardo São Luiz de Montes Belos 02/06/2013

201300027000378 Wolf Music Cesar e Alessandro Senador Canedo 01/06/2013

201300027000379 Work Shows Prod. Art. Henrique e Juliano Senador Canedo 01/06/2013

201300027000383 Glamour Entret. e Even. Gian e Giovane Santa Fé de Goiás 02/06/2013

201300027000404 Wolf Music César e Alessandro Pontalina 22/06/2013

201300027000409 Renato e Raphael Darly e Darleno Rio Doce 08/06/2013

201300027000410 Marka 3 Prod. Artísticas Israel e Rodolfo Pontalina 19/06/2013

201300027000426 Renato e Raphael Renato e Raphael Novo Gama 14/06/2013

201300027000431 Acar Prod. e Publicidade Alessandro Gomes Alôandia 16/06/2013

201300027000432 Glamour Entret. e Even. Gian e Giovane Mundo Novo 16/06/2013

201300027000439 Santa Eventos Diogo e Djuliano Campos Belos 21/06/2013

201300027000441 Brizza Prod. Cult. Elvis e Ricardo Buriti Alegre 21/06/2013

201300027000443 WM Shows Gino e Geno Santa Terezinha 22/06/2013

201300027000468 Art Brasil Prod. Art. Marcos e Fernando Corumbá 07/07/2013

201300027000472 Glamour Entret. e Even. Gian e Giovane Corumbá 06/07/2013

201300027000474 Santa Eventos Marcos Mafra Buritinópolis 29/06/2013

201300027000487 Glamour Entret. e Even. Pe. Antonio Maria Panamá 28/06/2013

201300027000489 Emerson de Souza Silva Rio Negro e Solimões Itaberaí 29/06/2013

201300027000492 Santa Eventos Marcos Mafra Bonfinópolis 28/06/2013

201300027000493 Glamour Entret. e Even. Banda do Forró Caldas Novas 27/06/2013

201300027000503 MR Transp. Serv. Leonardo Trindade 05/07/2013

201300027000523 Wolf Music Cesar e Alessandro Quirinópolis 06/07/2013

201300027000525 Mistura Louca Produções Henrique e Juliano Uruaçu 05/07/2013

201300027000531 Santa Eventos Gabriel Gava Uruaçu 07/07/2013

201300027000535 WM Shows Gino e Geno Quirinópolis 09/07/2013

201300027000537 Emerson de Souza Silva Rio Negro e Solimões Quirinópolis 11/07/2013

201300027000574 Art Brasil Prod. Art. Marcos e Fernando Nova Crixás 20/07/2013

201300027000578 Art Brasil Prod. Art. Marcos e Fernando Cristalina 18/07/2013

201300027000584 Santa Eventos Marcos Mafra Posse 18/07/2013

201300027000591 Vip Prom. e Eventos Juraildes da Cruz Feira das Americas-SP 05/09/2013

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154

201300027000606 Santa Eventos Marcos Mafra Britânia 25/07/2013

201300027000607 EJL Produções Nechivile Aragarças 27/07/2013

201300027000609 C e J Prod. e Eventos Carlos e Jader Goias 27/07/2013

201300027000611 Wolf Music Cesar e Alessandro Itapuranga 24/07/2013

201300027000615 MR Transp. Serv. Trio Parada Dura Goiatuba 26/07/2013

201300027000630 Wolf Music Cesar e Alessandro Palmeiras de Goiás 01/08/2013

201300027000649 Marka 3 Prod. Artísticas Israel e Rodolfo Palmeiras de Goiás 04/08/2013

201300027000655 Art Brasil Prod. Art. Marcos e Fernando Morro Agudo 10/08/2013

201300027000672 Santa Eventos Marcos Mafra Itapaci 11/08/2013

201300027000694 Santa Eventos Diogo e Djuliano Porangatu 25/08/2013

201300027000729 Art Brasil Prod. Art. Marcos e Fernando Água Limpa de Goiás 06/09/2013

201300027000748 Marka 3 Prod. Artísticas Israel e Rodolfo Damolândia 13/09/2013

201300027000830 EJL Produções Nechivile Cavalcante 09/11/2013

201300027000856 De Paula Prod. Di Paulo e Paulino Maurilândia 30/11/2013

201400027000010 Circuito Show Prod. e Ev. Victor Marinho Quirinópolis 02/03/2014

201400027000040 Circuito Show Prod. e Ev. Banda Saca na Geral Iporá 02/03/2014

201400027000041 Circuito Show Prod. e Ev.

Banda Batuke 10 Mara Rosa 01 E

02/03/2014

201400027000053 Circuito Show Prod. e Ev. Marcleide e Banda Morrinhos 02/03/2014

201400027000056 Circuito Show Prod. e Ev. Saca na Geral Morrinhos 03/03/2014

201400027000071 Circuito Show Prod. e Ev. Victor Marinho Uirapuru 02/05/2014

201400027000072 Circuito Show Prod. e Ev. Marcos Mafra Morrinhos 28/02/2014

201400027000075 Premier Produções Artísticas João Lucas e Marcelo Araçu 03/07/2014

201400027000077 GMS Produções e Eventos Banda Maranatha Iporá 21/04/2014

201400027000088 FLG Promoções Eventos Fred e Gustavo Porteirão 14/04/2014

201400027000095 Mistura Louca Produções Henrique e Juliano Itapirapuã 22/06/2014

201400027000109 Canto Livre Prod. Artísticas Roberta Miranda São Miguel Do Araguaia 29/06/2014

201400027000116 Sandro Vitor de Jesus

Queiroz Thalles Roberto Caldas Novas 20/04/2014

201400027000121 Águia Music Chico Rey e Paraná Goiânia 24/06/2014

201400027000122 LK Produções Artísticas Linine Cidade de Goiás 10/05/2014

201400027000130 RD Benison Ed. e Promoções Regis Danese Padre Bernardo 10/05/2014

201400027000143 Sandro Vitor de Jesus

Queiroz Tony Alysson Nova Crixas 20/06/2014

201400027000145 Contract Show Prod. Art. João Neto e Frederico São Miguel do Araguaia 03/07/2014

201400027000156 De Paula Produções Di Paulo e Paulinho Matrinchã 30/05/2014

201400027000169 Mistura Louca Produções Henrique e Juliano Novo Gama 15/06/2014

201400027000170 Eduardo Dionisio de Melo Eduardo Melo Morrinhos 04/06/2014

201400027000193 Sandro Vitor de Jesus

Queiroz Tony Alysson Trindade 20/04/2014

201400027000201 Camargue Prod. Artísticas Maria Rita Aruanã 02/05/2014

201400027000202 Lush Records Ed. Musicais Falamansa Goiânia 26/06/2014

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201400027000204 Sandro Vitor de Jesus

Queiroz Tony Alysson Padre Bernardo 08/05/2014

201400027000226 Baioque Produções Artísticas Elba Ramalho Goiânia 29/06/2014

201400027000230 GMS Produções e Eventos Cantores de Deus Padre Bernardo 26/04/2014

201400027000246 Sinhá Produções Artísticas Vanessa da Mata Pirenópolis 25/05/2014

201400027000253 RD Benison Ed. e Promoções Regis Danese Trindade 19/04/2014

201400027000254 Star Loc. de Serv. Gerais Nechivile Araçu 03/07/2014

201400027000255 F3G Promoções e Eventos Fred e Gustavo Goiatuba 28/02/2014

201400027000256 Grupo Genesis de Prod. e

Eventos Itinerantes Aline Barros Caldas Novas 29/12/2014

201400027000273 Mistura Louca Produções Henrique e Juliano Cachoeira Alta 16/05/2014

201400027000284 F3G Promoções e Eventos Fred e Gustavo Bela Vista 07/06/2014

201400027000285 Star Loc. de Serv. Gerais Nechivile Chapadão do Céu 01/03/2014

201400027000292 Star Loc. de Serv. Gerais Nechivile Goiatuba 02/03/2014

201400027000295 Contract Show Prod. Art. João Neto e Frederico Padre Bernardo 09/05/2014

201400027000310 GMS Produções e Eventos Cantores de Deus Iporá 04/03/2014

201400027000311 TVM Produções Artísticas Maida e Marcelo Aparecida do Rio Doce 19/06/2014

201400027000318 TVM Produções Artísticas Maida e Marcelo Uirapuru 30/04/2014

201400027000326 C e J Prod. e Eventos Carlos e Jader Iporá 26/01/2014

201400027000328 Contract Show Prod. Art. João Neto e Frederico São João de Planaltina 02/07/2014

201400027000331 Sandro Vitor de Jesus

Queiroz Tony Alysson Corumbá 19/06/2014

201400027000337 Mar de Gente Prod. Artísticas O Rappa Aruanã 03/05/2014

201400027000344 Yasmin Prod. e Eventos Thiago Brava Caldas Novas 31/12/2014

201400027000357 André O. Gedeon Prod. Zélia Duncan Aruanã 19/07/2014

201400027000395 Contract Show Prod. Art. João Neto e Frederico Corumbá 22/06/2014

201400027000406 Acar Prod. e Publicidade Alessandro Gomes Nova Glória 08/06/2014

201400027000412 Acar Prod. e Publicidade Alessandro Gomes Britânia 18/06/2014

201400027000421 Camargo Cardoso Ev. Amb. Matheus Costa Bom Jardim de Goiás 18/06/2014

201400027000424 Camargo Cardoso Ev. Amb. Matheus Costa Cocalzinho 27/06/2014

201400027000426 Camargo Cardoso Ev. Amb. Matheus Costa Barro Alto 26/06/2014

201400027000430 Camargo Cardoso Ev. Amb. Matheus Costa Gameleira De Goiás 15/06/2014

201400027000431 Camargo Cardoso Ev. Amb. Matheus Costa Anicuns 07/06/2014

201400027000508 Fábrica de Shows Banda Tá Fervendo Caldas Novas 03/03/2014

201400027000537 2HC Rosa Prom. Artísticas Guilherme e Santiago Aparecida De Goiânia 11/05/2014

201400027000544 2HC Rosa Prom. Artísticas Guilherme e Santiago Caldas Novas 03/03/2014

201400027000548 Fábrica de Shows Rio Negro e Solimões São Luiz De Montes Belos 07/06/2014

201400027000549 Bueno Produções Gabriel Gava Campinorte 19/06/2014

201400027000554 Bueno Produções Gabriel Gava Aparecida de Goiânia 11/05/2014

201400027000557 Bueno Produções Gabriel Gava Goiânia 30/06/2014

201400027000570 Bueno Produções Gabriel Gava Palmeiras de Goiás 20/06/2014

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201400027000573 Bueno Produções Gabriel Gava Britânia 25/07/2014

201400027000574 Martins Produções Rei do Gado e Fazendeiro Carmo do Rio Verde 13/06/2014

201400027000582 Martins Produções Rei do Gado e Fazendeiro Caldas Novas 28/06/2014

201400027000597 Martins Produções Rei do Gado e Fazendeiro Edealina 20/04/2014

201400027000608 Martins Produções Rei do Gado e Fazendeiro Ipameri 28/06/2014

201400027000610 Martins Produções Rei do Gado e Fazendeiro Caturaí 01/06/2014

201400027000612 Fábrica de Shows Banda Fogo Na Saia Goiatuba 01/03/2014

201400027000658 Fábrica de Shows Vitor Hugo e Adriel Cezarina 18/05/2014

201400027000661 2HC Rosa Prom. Artísticas Guilherme e Santiago Aragarças 25/07/2014

201400027000671 Eduardo Dionisio de Melo Eduardo Melo Jaraguá 08/06/2014

201400027000673 GMS Produções e Eventos Cantores de Deus Professor Jamil 21/06/2014

201400027000587 Mistura Louca Produções Henrique e Juliano Aruanã 11/07/2014

201400027000411 Circuito Show Prod. e Ev. Marcos Mafra Valparaiso 14/06/2014

201500027000165 Rosa de Saron Prod. Art. Rosa de Saron Caldas Novas 04/06/2015

201500027000085 M Costa Prod. e Eventos Dáblio e Philipe Anápolis 29/04/2015

201500027000699 JCA Pub. e Eventos Cíntia e Lucas Terezópolis 31/12/2015

201500027000008 Teló Shows Michel Teló Caldas Novas 15/02/2015

201500027000403 Talismã Adm. Shows Zé Felipe Americano do Brasil 03/09/2015

201500027000303 Padoo Prod. e Eventos Racyne e Rafael Ipiranga 17/07/2015

201500027000554 Martins Produções Rei do Gado e Fazendeiro Pontalina 30/10/2015

20150002700087 Martins Produções Israel e Rodolfo Campinorte 30/04/2015

201500027000582 Promove Prom. Eventos Banda Mark Davinópolis 14/11/2015

201500027000710 Promove Prom. Eventos Banda Mark Silvânia 31/12/2015

201500027000121 Top One Ev. Prod. E Publ. Pedro Paulo e Matheus Minaçu 15/05/2015

201500027000466 Padoo Prod. e Eventos Racyne e Rafael Uruaçu 22/09/2015

201500027000308 WM Shows Gino e Geno Campinaçu 16/07/2015

201500027000380 GMS Produções e Eventos Padre Alessandro Campos Niquelândia 13/08/2015

201500027000707 BN Prod. Musical e Ev. Benjamim Neto Santa Rita Araguaia 30/12/2015

201500027000517 BN Prod. Musical e Ev. Benjamim Neto Campos Verdes 09/10/2015

201500027000584 Faz Chover Prod. Fernandinho Jussara 13/11/2015

201500027000671 JCA Publ. Mark. Ev. Cintia e Lucas Leopoldo de Bulhões 31/12/2015

201500027000708 Renato e Raphael Prod. Renato e Raphael Santa Rita do Araguaia 30/12/2015

201500027000673 Promove Prom. Eventos Banda Mark Itaberaí 30/12/2015

201500027000302 Padoo Prod. e Eventos Racyne e Rafael Nova Crixás 18/07/2015

201500027000521 JCA Publ. Mark. Ev. Cintia e Lucas Cromínia 09/10/2015

201500027000166 Tirei de Letra Prod. e Eventos Gabriel e Rafael Caldas Novas 06/06/2015

201500027000433 JCA Publ. Mark. Ev. Cintia e Lucas Água Limpa 04/09/2015

201500027000110 Bueno Prod. Gabriel Gava Aparecida de Goiânia 10/05/2015

201500027000115 Padoo Prod. e Eventos Racyne e Rafael Rio Quente 09/05/2015

201500027000585 Martins Produções Rei do Gado e Fazendeiro Jussara 14/11/2015

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201500027000106 Sandro Victor de Jesus

Queiroz ME Thalles Roberto Aparecida de Goiânia 06/05/2015

201500027000586 Promove Prom. Eventos Banda Mark Nova Aurora 12/11/2015

201500027000703 JCA Publ. Mark. Ev. Cintia e Lucas Britânia 31/12/2015

201500027000167 Renato e Raphael Prod. Trio Carlito, Baudy e

Taquinho Orizona 30/05/2015

201600027000310 Promove Prom. e Eventos Breno e Kadu Leopoldo 07/05/2016

201600027000056 Circuito Shows Prod. e Ev. Edy Brito e Samuel Iporá 05/02/2016

201600027000463 Circuito Shows Prod. e Ev. Victor Marinho Senador Canedo 05/06/2016

201600027000398 Circuito Shows Prod. e Ev. Victor Marinho Goiás 26/05/2016

201600027000058 Circuito Shows Prod. e Ev. ku4too Iporá 06/02/2016

201600027000063 Circuito Shows Prod. e Ev. ku4too Buriti Alegre 08/02/2016

201600027000067 Circuito Shows Prod. e Ev. Victor Marinho São Miguel do Araguaia 08/02/2016

201600027000103 Promove Prom. e Eventos Banda Mark São Miguel do Araguaia 09/02/2015

201600027000311 Valéria Barros Prod. Art. Valéria Barros Cezarina 11/05/2016

201600027000642 Denis da Silva Matos Prod. Tuta Guedes Amaralina 26/06/2016

201600027000404 LN Produções Artísticas Noel Nascimento Bonfinópolis 01/06/2016

201600027000432 Israel e Rodolfo Prod. Art. Israel e Rodolfo Bonfinópolis 31/05/2016

201600027000609 M Costa Prod. e Eventos Dáblio e Phelipi Sta. Terezinha de Goiás 25/06/2016

201600027000608 Talismã Adm. de Shows Zé Ricardo e Thiago Itaberaí 25/06/2016

201600027000060 JCA Pub. e Marketing Zheel Chicleteiro São Miguel do Araguaia 07/02/2016

201600027000046 Mafra Produções Marcos Mafra Caldas Novas 08/02/2016

201600027000257 Martins Produções Rei do Gado e Fazendeiro Nazário 30/04/2016

201600027000856 Talismã Adm. de Shows Leonardo Montes Claros 20/10/2016

201600027000059 JCA Pub. e Marketing Renato Fellutti São Miguel do Araguaia 05/02/2016

201600027000878 2HC Rosa Prom. Artísticas Guilherme e Santiago Caldas Novas 03/11/2016

201600027000255 2HC Rosa Prom. Artísticas Guilherme e Santiago Terezópolis 28/04/2016

201600027000065 BN Prod. Musicais e Ev. Benjamim Neto Campos Verdes 08/02/2016

201600027000616 Padoo Prod. E Eventos Racyne e Rafael Americano do Brasil 25/06/2016

201600027000396 S4 Prod. Art. João Bosco e Vinícius Piracanjuba 20/05/2016

201600027000467 Fábrica de Shows Erik Lins São João da Paraúna 04/06/2016

201600027000436 SC Produção Musical Padre Alessandro Campos Novo Gama 09/06/2016

201600027000395 BN Prod. Musicais e Ev. Benjamim Neto Amaralina 21/05/2016

201600027000615 Bueno Produções Jads e Jadson Americano do Brasil 23/06/2016

201600027000639 JCM Prod. Eventos João Paulo e Caike Buriti Alegre 25/06/2016

201600027000401 M Costa Prod. e Eventos Dáblio e Phelipi Guarinus 28/05/2016

201600027000253 M Costa Prod. e Eventos Dáblio e Phelipi Inaciolândia 28/04/2016

201600027000256 M Costa Prod. e Eventos Dáblio e Phelipi Terezópolis 30/04/2016

201600027000427 M Costa Prod. e Eventos Dáblio e Phelipi Faina 02/06/2016

201600027000628 Sandro Vitor de Jesus

Queiroz Tony Allysson Itaberaí 26/06/2016

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Fonte: Elaboração conforme dados fornecidos pela equipe técnica com base em dados do SIOFNet e processos, de

contratações formalizadas, analisados.

Abaixo, o número total de processos, cujos atos de inexigibilidade não

foram publicados, ou a publicação foi feita intempestivamente:

Quadro 15 – Ausência do quesito de publicação do ato de inexigibilidade

Exercício Total de processos

analisados

Inexistência ou

publicação

extemporânea

Porcentagem

2013 111 73 65%

2014 100 75 75%

2015 35 30 98%

2016 34 34 100%

TOTAL 280 212 76,24%

Fonte: Elaboração conforme dados fornecidos pela equipe técnica com base em dados do SIOFINet e

processos, de contratações formalizadas, analisados.

Diante das informações aqui consideradas, bem como da análise das

impropriedades constantes no Relatório da assessoria técnica desta Comissão, conclui-

se que a Goiás Turismo descumpriu, reiteradamente, a legislação vigente e, diante da

ausência ou ineficiência da publicação dos atos de inexigibilidade na imprensa oficial,

os contratos decorrentes tornam-se irregulares, por violação ao artigo 26, caput, da Lei

8.666/1993.

7.4. Ausência de convênio para pagamento de shows com contrapartida:

Consoante o Relatório da equipe técnica, verificou-se, nos processos

analisados, que a maioria dos contratos de shows foi formalizada por solicitação das

prefeituras dos municípios goianos, em que foi feita uma parceria entre o Governo do

Estado e o Município envolvido para a realização do show. Ocorre que em nenhum dos

processos analisados, havia a formalização de convênio entre referidos entes públicos,

violando o artigo 25, da Lei Complementar n. 101/2000.

Em outras palavras, não houve um ajuste formal entre o Governo do

Estado de Goiás e os Municípios envolvidos, vulnerando, outrossim, o art. 116 e § 1º,

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da Lei n. 8.666/1993, bem como a Lei n. 17.928/2012 e, ainda, o art. 1º da Lei n.

16.529/2009. O instrumento legal utilizado, na maioria dos casos, foi o contrato.

Corroborando o exposto, o Relatório de Auditoria n. 002/2017 do

Tribunal de Contas do Estado, em face da amostragem definida à época para a análise

processual, identificou-se que, dos 332 processos selecionados, 33 deles foram

efetivados por meio de contratos com contrapartida por parte dos municípios, conforme

demonstrado no quadro abaixo, também constante do Relatório de Auditoria n.

002/2017:

Quadro 16 - Contrapartidas dos Municípios

Processo Artista Data do

evento

Valor do

evento

Valor Goiás

Turismo

Valor

Prefeitura/

Entidade

Município/

Entidade

201500027000399 Fernando e

Alessandro 23/08/2015 R$ 50.000,00 R$ 30.000,00 R$ 20.000,00 Taquaral

201500027000504 Israel e Rodolfo 02/10/2015 R$ 150.000,00 R$ 70.000,00 R$ 80.000,00 Rio Verde

201500027000318 Fred e Gustavo 20/07/2015 R$ 100.000,00 R$ 70.000,00 R$ 30.000,00 Itarumã

201500027000391 Di Paulo e Paulino 14/08/2015 R$ 70.000,00 R$ 40.000,00 R$ 30.000,00 Vianópolis

20150002700488 Banda Maranata 26/09/2015 R$ 25.000,00 R$ 20.000,00 R$ 5.000,00 Goiânia

201500027000305 Renato e Raphael 18/07/2015 R$ 30.000,00 R$ 20.000,00 R$ 10.000,00 Orizona

201500027000581 Eduardo Melo 16/11/2015 R$ 70.000,00 R$ 50.000,00 R$ 20.000,00 Itapirapuã

201500027000563 Gabriel Gava 30/10/2015 R$ 100.000,00 R$ 70.000,00 R$ 30.000,00 Cidade de Goiás

201500027000366 Fernando e

Alessandro 07/08/2015 R$ 50.000,00 R$ 30.000,00 R$ 20.000,00

Morro Agudo de

Goiás

201500027000400 Cleber e Cauan 26/08/2015 R$ 60.000,00 R$ 30.000,00 R$ 30.000,00 Gameleira

201600027000732 Guilherme e

Santiago 22/07/2016 R$ 170.000,00 R$ 100.000,00 R$ 70.000,00 Goianápolis

201600027000094 Renato e Rafhael 09/02/2016 R$ 35.000,00 R$ 25.000,00 R$ 10.000,00 Gameleira

201600027000797 Guilherme e

Santiago 19/08/2016 R$ 170.000,00 R$ 150.000,00 R$ 20.000,00 Vianópolis

201600027000455 Gustavo Lima 02/06/2016 R$ 300.000,00 R$ 230.000,00 R$ 70.000,00 Anicuns

201500027000398 Leonardo 20/08/2015 R$ 180.000,00 R$ 100.000,00 R$ 80.000,00 Taquaral

201500027000171 Cleber e Cauan 30/05/2015 R$ 40.000,00 R$ 20.000,00 R$ 20.000,00 Cidade

Ocidental

201500027000271 Cleber e Cauan 04/07/2015 R$ 60.000,00 R$ 45.000,00 R$ 15.000,00 Mossâmedes

201500027000306 Gabriel Gava 17/07/2015 R$ 130.000,00 R$ 30.000,00 R$ 100.000,00 Campinaçu

201500027000390 Cleber e Cauan 14/08/2015 R$ 60.000,00 R$ 40.000,00 R$ 20.000,00 Nova Iguaçu

201500027000412 Humberto e

Ronaldo 27/08/2015 R$ 150.000,00 R$ 90.000,00 R$ 60.000,00 Gameleira

201500027000431 Humberto e

Ronaldo 02/09/2015 R$ 150.000,00 R$ 100.000,00 R$ 50.000,00 Mara Rosa

201500027000435 Gabriel Gava 06/09/2015 R$ 130.000,00 R$ 100.000,00 R$ 30.000,00 Mara Rosa

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201500027000450 Cleber e Cauan 18/09/2015 R$ 60.000,00 R$ 30.000,00 R$ 30.000,00 Montividiu

201500027000454 Humberto e

Ronaldo 17/09/2015 R$ 150.000,00 R$ 100.000,00 R$ 50.000,00 Montividiu

201500027000462 Eduardo Melo 27/09/2015 R$ 70.000,00 R$ 65.000,00 R$ 5.000,00 Simolândia

201500027000513 Cleber e Cauan 08/10/2015 R$ 60.000,00 R$ 55.000,00 R$ 5.000,00 Alto Horizonte

201500027000674 João Neto e

Frederico 30/12/2015 R$ 150.000,00 R$ 95.000,00 R$ 55.000,00 Montividiu

201500027000685 Eduardo Melo 30/12/2015 R$ 70.000,00 R$ 40.000,00 R$ 30.000,00 Itapaci

201500027000686 Kléo Dibah e

Rafael 29/12/2015 R$ 70.000,00 R$ 50.000,00 R$ 20.000,00 Montividiu

201600027000326 Eduardo Melo 12/05/2016 R$ 70.000,00 R$ 30.000,00 R$ 40.000,00 Minaçu

201600027000582 Eduardo Melo 17/06/2016 R$ 70.000,00 R$ 30.000,00 R$ 40.000,00 Hidrolina

201600027000593 João Neto e

Frederico 22/06/2016 R$ 150.000,00 R$ 95.000,00 R$ 55.000,00 Mara Rosa

201600027000632 Eduardo Melo 26/06/2016 R$ 70.000,00 R$ 60.000,00 R$ 10.000,00 Santa Terezinha

de Goiás

Fonte: Elaboração conforme dados fornecidos pela equipe técnica com base em dados do SIOFINet e processos, de

contratações formalizadas, analisados.

7.5. Da ausência de planejamento – “processos montados”:

A atividade administrativa deve ser norteada pelos princípios da

supremacia e da indisponibilidade do interesse público. O fim, e não a vontade, domina

todas as formas de administração. Para realizar suas funções, a administração pública

recorre, frequentemente, à colaboração de terceiros. Nesse sentido, a Lei Licitatória, em

consonância com o que lhe determina a Carta Magna (art. 37, CF), exige que a

contratação com o particular seja sempre precedida de procedimento licitatório.

Há situações em a lei autoriza a Administração a deixar de licitar,

isto é, quando se defronta com inviabilidade fática para tal, por expressa vedação da lei.

Na análise dos processos de contratações de shows artísticos, por

inexigibilidade de licitação, evidenciou-se que eles foram formados com prazos

exíguos, limitados a 2,3, 5 dias de antecedência e, até mesmo, no dia do evento,

demonstrando ausência de planejamento e sugerindo que se tratava de “processos

montados”.

Nesse passo, verifica-se que a Goiás Turismo não observou, sequer,

o prazo regulamentar que ela mesmo instituiu para tais contrações, insertas nas Portarias

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n. 002/2012 e n. 039/2016. A primeira visa à instituição de critérios legais para a

formalização de apoio a eventos do turismo e, no art. 3º, define que os projetos, bem

como os documentos necessários à formalização do apoio, deverão ser protocolizados

na Goiás Turismo, com antecedência mínima de 20 dias, antes da data de início do

evento; a segunda alterou o prazo para apenas 4 dias.

No entanto, constatou-se que o procedimento regulamentar não era

observado. Antes, o que restou demonstrada foi a ausência do planejamento nas

contratações de shows artísticos, especialmente, quando mencionado em inúmeros

depoimentos, que a escolha dos artistas se dava, em sua maioria, por imposição de

agentes políticos, sem que se observasse se aquela seria a melhor opção e se o valor

cobrado era proporcional àquele praticado no mercado.

Além disso, os requisitos para contratação direta, impostos pela Lei

Licitatória, não foram observados. Nesse contexto, o processo de contratação por

inexigibilidade é composto de diversos procedimentos administrativos, em que são

realizados atos e produzidos documentos, devendo, necessariamente, passar por

diversos setores do órgão, sem contar a documentação do artista e empresário exclusivo

que devem, obviamente, instruir o processo.

Trata-se de um procedimento complexo por envolver uma

contratação sem licitação, especialmente se levar-se em conta a análise jurídica da

exclusividade, justificativa de preços e consagração do artista pela opinião pública.

Portanto, não é razoável admitir a realização de todos esses atos

administrativos e ainda a confecção dos documentos em prazos tão exíguos. Em razão

disso, é possível afirmar que alguns atos e fatos foram produzidos antes mesmo da data

da abertura do processo, e ainda, que outros foram realizados após o evento, e juntados

ao processo com data retroativa, indicando possível favorecimento.

Observe-se o que o Procurador de Contas afirmou à CPI sobre este

fato:

Verificamos que processos são montados em curto espaço de tempo e

isso significa que o Sistema de Protocolo do Estado de Goiás, de alguma

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forma, é desvirtuado e utilizado para deixar ali "soldadinhos de reserva".

Números de reserva para que, posteriormente, atendendo a pedidos,

aqueles processos que só existem no mundo virtual sejam utilizados e

devidamente montados, vamos dizer, numa montagem para trás para

justificar aquela despesa.

O SR. PROCURADOR FERNANDO CARNEIRO: - (...)

Foi um levantamento extenso, feito durante aproximadamente dois anos,

2012, 2013 e 2014 em que detectamos inúmeras irregularidades sob a

ótica do Ministério Pública de Contas.

Dentre as mais relevantes são a ausência de planejamento. Por que

ausência de planejamento? Porque simplesmente existia um pedido para

a realização de um evento e a Goiás Turismo realizava, patrocinava esse

evento.

Isso não atende à finalidade da Goiás Turismo, tendo em vista que seja

promover o turismo. Isso apenas permite a realização de evento, em que

há um fluxo num curto espaço de tempo de pessoas e logo depois, essa

situação que permite esse fluxo é desfeita.

(...) O investimento é num show no fim de semana e a população se

desloca, um número "Y" de pessoas se deslocam para lá, supostamente

realizam algumas despesas, que supostamente vai gerar algum benefício,

mas logo depois saem do Município e ficam um ano sem aparecer,

porque não tem motivação alguma para irem para aquele local.

Essa ausência de planejamento, no caso do Estado de Goiás, gera um

dispêndio de recursos públicos ineficiente, porque é um recurso que não

tem retorno e não tem sustentabilidade. Um ponto é essa questão do

planejamento.

A constatação de transgressão do prazo regulamentar de antecedência

para requisição do evento foi feita por meio de análise minuciosa dos processos

administrativos de inexigibilidade de licitação que tinham por objeto a contratação de

shows artísticos, realizados pela Goiás Turismo.

Quadro 17 – Transgressão do prazo regulamentar – Portaria – para requisição do evento

Processo Empresa Artista Município Data do

evento

Data do

protocolo

201300027000054 Glamour Entret. e Even. Banda Tá Fervendo Caldas Novas 08, 09, 10 e

11/02/2013 04/02/2013

201300027000057 C e J Prod. e Eventos Carlos e Jader Palmeiras de Goiás 09/02/2013 04/02/2013

201300027000058 Shownews Com. Prod. Banda Calypso do Pará Heitoraí 09 e

10/02/2013 04/02/2013

201300027000059 Glamour Entret. e Even. Banda Realce Goiás 10 e 04/02/2013

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11/02/2013

201300027000061 Vip Prom. e Eventos Companhia do Calypso Cidade de Goiás 09/02/2013 04/02/2013

201300027000064 Vip Prom. e Eventos Banda Prod. Even. Bom Jardim de Goiás 08/02/2013 05/02/2013

201300027000067 Santa Eventos Marcos Mafra Nerópolis 08/02/2013 05/02/2013

201300027000073 Glamour Entret. e Even. Banda Bonde do Forró Caldas Novas 08/02/2013 06/02/2013

201300027000077 Brizza Prod. Cult. Banda Rayzes de Veneza Nova Crixás 10/02/2013 06/02/2013

201300027000080 Brizza Prod. Cult. Banda Scalla Nova Crixás 11/02/2013 07/02/2013

201300027000081 Marka 3 Prod. Artísticas Israel e Rodolfo Aragarças 11/02/2013 07/02/2013

201300027000085 Marka 3 Prod. Artísticas Israel e Rodolfo Iporá 10/02/2013 07/02/2013

201300027000088 C e J Prod. e Eventos Carlos e Jader Nerópolis 12/02/2013 07/02/2013

201300027000090 Santa Eventos Marcos Mafra Bom Jardim de Goiás 10/02/2013 07/02/2013

201300027000092 Santa Eventos Marcos Mafra Senador Canedo 12/02/2013 07/02/2013

201300027000095 Brizza Prod. Cult. Banda Scalla Britânia 12/02/2013 07/02/2013

201300027000105 Shownews Com. Prod. Banda Calypso Urutaí 11/02/2013 08/02/2013

201300027000107 V e N Prod. Art. Vitor e Neto Iporá 08/02/2013 08/02/2013

201300027000110 Santa Eventos Gabriel Gava Morrinhos 12/02/2013 08/02/2013

201300027000111 C e J Prod. e Eventos Carlos e Jader Três Rancho 11/02/2013 08/02/2013

201300027000112 EJL Produções Nechivile Três Rancho 10/02/2013 08/02/2013

201300027000118 C e J Prod. e Eventos Carlos e Jader Aragarças 10/02/2013 08/02/2013

201300027000121 Santa Eventos Marcos Mafra Fazenda Nova 11/02/2013 08/02/2013

201300027000173 Eduardo Melo Prod. Eduardo Melo Buriti Alegre 30/03/2013 21/03/2013

201300027000179 Santa Eventos Marcos Mafra Morrinhos 28/03/2013 25/03/2013

201300027000181 Glamour Entret. e Even. Fabio Jr

Pe. Atonio Maria Caldas Novas

30 e

31/03/2013 26/03/2013

201300027000186 J Augusto Shows e Eventos Almir Pessoa São Simão 29/03/2013 26/03/2013

201300027000187 Wolf Music Cesar e Alessandro Abadia de Goiás 31/03/2013 26/03/2013

201300027000188 Smith Prod. Art. Rio Negro e Solimões Abadia de Goiás 29/03/2013 26/03/2013

201300027000236 Eduardo Melo Prod. Eduardo Melo Vila Boa 26/04/2013 23/04/2013

201300027000239 Glamour Entret. e Even. Gian e Giovane Castelândia 03/05/2013 23/04/2013

201300027000252 W M Shows Gino e Geno Hidrolândia 26/04/2013 25/04/2013

201300027000255 De Paula Prod. Di Paulo e Paulino Hidrolândia 27/04/2013 26/04/2013

201300027000264 Work Shows Prod. Art. Joao Neto e Frederico Hidrolândia 01/05/2013 30/04/2013

201300027000268 Marka 3 Prod. Artísticas Israel e Rodolfo Caldas Novas 01/05/2013 30/04/2013

201300027000271 Brizza Prod. Cult. Christian e Ralf Mundo Novo 11/05/2013 30/04/2013

201300027000276 Brizza Prod. Cult. Banda Brizza Santo Antônio 04/05/2013 02/05/2013

201300027000283 ZRT3 Prod. Event. Zé Ricardo e Thiago Castelândia 04/05/2013 03/05/2013

201300027000287 MR Transp. Serv. Leonardo Aparecida de Goiânia 12/05/2013 06/05/2013

201300027000288 Santa Eventos Marcos Mafra Aparecida de Goiânia 12/05/2013 06/05/2013

201300027000291 MR Transp. Serv. Leonardo Montividiu do Sul 10/05/2013 06/05/2013

201300027000294 Santa Eventos Gabriel Gava Aparecida de Goiânia 08/05/2013 06/05/2013

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201300027000303 Smith Prod. Art. Rio Negro e Solimões Rio Quente 11/05/2013 08/05/2013

201300027000314 Work Shows Prod. Art. Joao Neto e Frederico Minaçu 13/05/2013 13/05/2013

201300027000336 Acar Prod. e Publicidade Alessandro Gomes Aurilândia 24/05/2013 20/05/2013

201300027000350 Glamour Entret. e Even. Gian e Giovane Niquelândia 25/05/2013 21/05/2013

201300027000363 MR Transp. Serv. Tutuca e Jean Piracanjuba 26/05/2013 23/05/2013

201300027000366 ZRT3 Prod. Event. Zé Ricardo e Thiago Senador Canedo 29/05/2013 27/05/2013

201300027000367 Santa Eventos Marcos Mafra Senador Canedo 31/05/2013 27/05/2013

201300027000372 Glamour Entret. e Even. Gian e Giovane São Luiz do Norte 31/05/2013 28/05/2013

201300027000374 MR Transp. Serv. Racyne e Rafael Faina 01/06/2013 28/05/2013

201300027000375 MR Transp. Serv. Leonardo São Luiz de Montes

Belos 02/06/2013 28/05/2013

201300027000378 Wolf Music Cesar e Alessandro Senador Canedo 01/06/2013 28/05/2013

201300027000379 Work Shows Prod. Art. Henrique e Juliano Senador Canedo 01/06/2013 28/05/2013

201300027000383 Glamour Entret. e Even. Gian e Giovane Santa Fé de Goiás 02/06/2013 29/05/2013

201300027000404 Wolf Music César e Alessandro Pontalina 22/06/2013 04/06/2013

201300027000409 Renato e Raphael Darly e Darleno Rio Doce 08/06/2013 04/06/2013

201300027000410 Marka 3 Prod. Artísticas Israel e Rodolfo Pontalina 19/06/2013 05/06/2013

201300027000417 C e J Prod. e Eventos Carlos e Jader Santa Helena 11/06/2013 10/06/2013

201300027000426 Renato e Raphael Renato e Raphael Novo Gama 14/06/2013 12/06/2013

201300027000431 Acar Prod. e Publicidade Alessandro Gomes Alôandia 16/06/2013 14/06/2013

201300027000432 Glamour Entret. e Even. Gian e Giovane Mundo Novo 16/06/2013 14/06/2013

201300027000439 Santa Eventos Diogo e Djuliano Campos Belos 21/06/2013 17/06/2013

201300027000440 Acar Prod. e Publicidade Alessandro Gomes Campos Belos de GO 22/06/2013 17/06/2013

201300027000441 Brizza Prod. Cult. Elvis e Ricardo Buriti Alegre 21/06/2013 18/06/2013

201300027000443 WM Shows Gino e Geno Santa Terezinha 22/06/2013 19/06/2013

201300027000458 Shownews Com. Prod. Banda Calypso do Pará Petrolina 22/06/2013 21/06/2013

201300027000462 Work Shows Prod. Art. Joao Neto e Frederico Goianésia 23/06/2013 21/06/2013

201300027000468 Art Brasil Prod. Art. Marcos e Fernando Corumbá 07/07/2013 24/06/2013

201300027000472 Glamour Entret. e Even. Gian e Giovane Corumbá 06/07/2013 25/06/2013

201300027000474 Santa Eventos Marcos Mafra Buritinópolis 29/06/2013 25/06/2013

201300027000487 Glamour Entret. e Even. Pe. Antonio Maria Panamá 28/06/2013 26/06/2013

201300027000489 Emerson de Souza Silva Rio Negro e Solimões Itaberaí 29/06/2013 26/06/2013

201300027000492 Santa Eventos Marcos Mafra Bonfinópolis 28/06/2013 27/06/2013

201300027000493 Glamour Entret. e Even. Banda do Forró Caldas Novas 27/06/2013 27/06/2013

201300027000497 Art Brasil Prod. Art. Marcos e Fernando Cocalzinho 30/06/2013 28/06/2013

201300027000503 MR Transp. Serv. Leonardo Trindade 05/07/2013 01/07/2013

201300027000514 Brizza Prod. Cult. Banda Brizza São Miguel do

Araguaia 03/07/2013 02/07/2013

201300027000523 Wolf Music Cesar e Alessandro Quirinópolis 06/07/2013 04/07/2013

201300027000525 Mistura Louca Produções Henrique e Juliano Uruaçu 05/07/2013 04/07/2013

201300027000531 Santa Eventos Gabriel Gava Uruaçu 07/07/2013 05/07/2013

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201300027000535 WM Shows Gino e Geno Quirinópolis 09/07/2013 08/07/2013

201300027000537 Emerson de Souza Silva Rio Negro e Solimões Quirinópolis 11/07/2013 08/07/2013

201300027000538 Marka 3 Prod. Artísticas Israel e Rodolfo Quirinópolis 14/07/2013 08/07/2013

201300027000564 Mistura Louca Produções Henrique e Juliano Fazenda Nova 13/07/2013 11/07/2013

201300027000573 Acar Prod. e Publicidade Alessandro Gomes Trombas 18/07/2013 16/07/2013

201300027000574 Art Brasil Prod. Art. Marcos e Fernando Nova Crixás 20/07/2013 16/07/2013

201300027000578 Art Brasil Prod. Art. Marcos e Fernando Cristalina 18/07/2013 16/07/2013

201300027000584 Santa Eventos Marcos Mafra Posse 18/07/2013 17/07/2013

201300027000590 C e J Prod. e Eventos Carlos e Jader Itapuranga 21/07/2013 18/07/2013

201300027000606 Santa Eventos Marcos Mafra Britânia 25/07/2013 23/07/2013

201300027000607 EJL Produções Nechivile Aragarças 27/07/2013 23/07/2013

201300027000609 C e J Prod. e Eventos Carlos e Jader Cidade de Goiás 27/07/2013 24/07/2013

201300027000611 Wolf Music Cesar e Alessandro Itapuranga 24/07/2013 24/07/2013

201300027000615 MR Transp. Serv. Trio Parada Dura Goiatuba 26/07/2013 24/07/2013

201300027000626 Marka 3 Prod. Artísticas Israel e Rodolfo Bom Jesus 31/07/2013 29/07/2013

201300027000630 Wolf Music Cesar e Alessandro Palmeiras 01/08/2013 30/07/2013

201300027000649 Marka 3 Prod. Artísticas Israel e Rodolfo Palmeiras 04/08/2013 02/08/2013

201300027000655 Art Brasil Prod. Art. Marcos e Fernando Morro Agudo 10/08/2013 06/08/2013

201300027000672 Santa Eventos Marcos Mafra Itapaci 11/08/2013 09/08/2013

201300027000681 Emerson de Souza Silva Rio Negro e Solimões Indiara 15/08/2013 14/08/2013

201300027000694 Santa Eventos Diogo e Djuliano Porangatu 25/08/2013 20/08/2013

201300027000713 ZRT3 Prod. Event. Zé Ricardo e Thiago Carmo do Rio Verde 29/08/2013 26/08/2013

201300027000729 Art Brasil Prod. Art. Marcos e Fernando Aguá Limpa de Goiás 06/09/2013 02/09/2013

201300027000748 Marka 3 Prod. Artísticas Israel e Rodolfo Damolândia 13/09/2013 09/09/2013

201300027000751 Glamour Entret. e Even. Zé Henrique e Gabriel Caldas Novas 14/09/2013 10/09/2013

201300027000830 EJL Produções Nechivile Cavalcante 09/11/2013 06/11/2013

201300027000836 Vip Prom. e Eventos Companhia do Calypso Santa Tereza 14/11/2013 12/11/2013

201300027000856 De Paula Prod. Di Paulo e Paulino Maurilândia 30/11/2013 28/11/2013

201400027000010 C e J Prod. e Eventos Carlos E Jader Iporá 26/01/2014 23/01/2014

201400027000040 2HC Rosa Promoções

Artísticas Guilherme E Santiago Caldas Novas 03/03/2014 14/02/2014

201400027000053 Fábrica de Shows Banda Tá Fervendo Caldas Novas 03/03/2014 19/02/2014

201400027000056 Fábrica de Shows Noys É Noys Goiânia 22/02/2014 21/02/2014

201400027000071 Circuito Show Prod. e Ev. Marcleide e Banda Morrinhos 02/03/2014 25/02/2014

201400027000072 GMS Produções e Eventos Cantores de Deus Iporá 04/03/2014 25/02/2014

201400027000075 F3G Promoções e Eventos Fred e Gustavo Goiatuba 28/02/2014 25/02/2014

201400027000077 Wolf Music César e Alessandro Aragoiânia 03/03/2014 25/02/2014

201400027000080 Circuito Show Prod. e Ev. Banda Batuke 10 Mara Rosa 01 e

02/03/2014 25/02/2014

201400027000088 Circuito Show Prod. e Ev. Marcos Mafra Aragarças 02/03/2014 25/02/2014

201400027000095 Circuito Show Prod. e Ev. Banda Saca Na Geral Iporá 02/03/2014 26/02/2014

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201400027000109 Circuito Show Prod. e Ev. Victor Marinho Quirinópolis 02/03/2014 27/02/2014

201400027000116 Circuito Show Prod. e Ev. Marcos Mafra Morrinhos 28/02/2014 27/02/2014

201400027000121 Fábrica de Shows Banda Fogo Na Saia Goiatuba 01/03/2014 27/02/2014

201400027000122 Star Loc. de Serv. Gerais Nechivile Goiatuba 02/03/2014 27/02/2014

201400027000130 Star Loc. de Serv. Gerais Nechivile Chapadão do Céu 01/03/2014 28/02/2014

201400027000143 Circuito Show Prod. e Ev. Saca na Geral Morrinhos 03/03/2014 28/02/2014

201400027000145 Acar Prod. e Publicidade Alessandro Gomes Araguapaz 01/03/2014 28/02/2014

201400027000170 Sandro Vitor de Jesus

Queiroz Tony Alysson Trindade 20/04/2014 17/03/2014

201400027000202 Sandro Vitor de Jesus

Queiroz Thalles Roberto Caldas Novas 20/04/2014 31/03/2014

201400027000204 Circuito Show Prod. e Ev. Victor Marinho Cidade Ocidental 03/04/2014 01/04/2014

201400027000226 Martins Produções Rei Do Gado e

Fazendeiro Edealina 20/04/2014 11/04/2014

201400027000230 F3G Promoções Eventos Fred e Gustavo Porteirão 14/04/2014 14/04/2014

201400027000246 GMS Produções e Eventos Banda Maranatha Iporá 21/04/2014 16/04/2014

201400027000253 GMS Produções e Eventos Cantores de Deus Padre Bernardo 26/04/2014 23/04/2014

201400027000254 LK Produções Artísticas Linine Cidade de Goiás 10/05/2014 23/04/2014

201400027000255 RD Benison Edições e

Prom. Regis Danese Padre Bernardo 10/05/2014 23/04/2014

201400027000256 Sandro Vitor de Jesus

Queiroz Tony Alysson Padre Bernardo 08/05/2014 23/04/2014

201400027000273 Mr Transportes E Serviços Eduardo Costa Castelândia 04/05/2014 28/04/2014

201400027000284 Circuito Show Prod. e Ev. Victor Marinho Uirapuru 02/05/2014 29/04/2014

201400027000285 TVM Produções Artísticas Maida e Marcelo Uirapuru 30/04/2014 29/04/2014

201400027000292 Bueno Produções Gabriel Gava Aparecida de Goiânia 11/05/2014 06/05/2014

201400027000295 Contract Show Prod. Art. João Neto e Frederico Padre Bernardo 09/05/2014 06/05/2014

201400027000310 2HC Rosa Prom. Artísticas Guilherme e Santiago Aparecida de Goiânia 11/05/2014 09/05/2014

201400027000311 Marka 3 Prod. Artísticas Israel e Rodolfo Aparecida de Goiânia 11/05/2014 09/05/2014

201400027000315 Wolf Music César e Alessandro Cezarina 14/05/2014 13/05/2014

201400027000318 Marka 3 Prod. Artísticas Israel e Rodolfo Minaçu 13/05/2014 13/05/2014

201400027000326 Mistura Louca Produções Henrique e Juliano Cachoeira Alta 16/05/2014 15/05/2014

201400027000328 Fábrica De Shows Vitor Hugo e Adriel Cezarina 18/05/2014 15/05/2014

201400027000344 Martins Produções Rei do Gado e

Fazendeiro Caturaí 01/06/2014 19/05/2014

201400027000357 Acar Prod. e Publicidade Alessandro Gomes Nova Glória 08/06/2014 05/06/2014

201400027000406 Camargo Cardoso Ev. Amb. Matheus Costa Mato Verde 31/05/2014 30/05/2014

201400027000407 Camargo Cardoso Ev. Amb. Matheus Costa Adelândia 01/06/2014 30/05/2014

201400027000411 Circuito Show Prod. e Ev. Marcos Mafra Valparaiso 14/06/2014 30/05/2014

201400027000412 Mistura Louca Produções Henrique e Juliano Novo Gama 15/06/2014 30/05/2014

201400027000424 F3G Promoções e Eventos Fred e Gustavo Bela Vista 07/06/2014 03/06/2014

201400027000426 Eduardo Dionísio de Melo Eduardo Melo Morrinhos 04/06/2014 04/06/2014

201400027000430 Marka 3 Prod. Artísticas Israel e Rodolfo Campinorte 19/06/2014 04/06/2014

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201400027000431 Bueno Produções Gabriel Gava Campinorte 19/06/2014 04/06/2014

201400027000433 Eduardo Dionisio de Melo Eduardo Melo Jaraguá 08/06/2014 04/06/2014

201400027000440 Sandro Vitor de Jesus

Queiroz Tony Alysson Nova Crixas 20/06/2014 05/06/2014

201400027000441 Sandro Vitor de Jesus

Queiroz Tony Alysson Corumbá 19/06/2014 05/06/2014

201400027000446 Fábrica de Shows Rio Negro e Solimões São Luiz de Montes

Belos 07/06/2014 05/06/2014

201400027000449 Camargo Cardoso Ev. Amb. Matheus Costa Anicuns 07/06/2014 06/06/2014

201400027000472 Camargo Cardoso Ev. Amb. Matheus Costa Gameleira de Goiás 15/06/2014 12/06/2014

201400027000476 Martins Produções Rei do Gado e

Fazendeiro Carmo do Rio Verde 13/06/2014 13/06/2014

201400027000484 Águia Music Chico Rey e Paraná Goiânia 24/06/2014 13/06/2014

201400027000486 Baioque Prod. Artísticas Elba Ramalho Goiânia 29/06/2014 16/06/2014

201400027000496 Mistura Louca Produções Henrique e Juliano Itapirapuã 22/06/2014 18/06/2014

201400027000499 Marka 3 Prod. Artísticas Israel e Rodolfo Goiânia 30/06/2014 18/06/2014

201400027000503 Camargo Cardoso Ev. Amb. Matheus Costa Bom Jardim de Goiás 18/06/2014 18/06/2014

201400027000505 Camargo Cardoso Ev. Amb. Matheus Costa Avelinópolis 20/06/2014 18/06/2014

201400027000508 Camargo Cardoso Ev. Amb. Matheus Costa Divinópolis 22/06/2014 20/06/2014

201400027000514 Contract Show Prod. Art. Jõao Neto e Frederico Corumbá 22/06/2014 20/06/2014

201400027000526 Nobel Energia e Eventos Maria Cecília e Rodolfo Goianésia 25/06/2014 25/06/2014

201400027000530 Bueno Produções Gabriel Gava Goiânia 30/06/2014 25/06/2014

201400027000537 Martins Produções Rei do Gado e

Fazendeiro Caldas Novas 28/06/2014 26/06/2014

201400027000542 Martins Produções Rei do Gado e

Fazendeiro Ipameri 28/06/2014 26/06/2014

201400027000544 Camargo Cardoso Ev. Amb. Matheus Costa Barro Alto 26/06/2014 26/06/2014

201400027000548 Canto Livre Prod. Artísticas Roberta Miranda São Miguel do

Araguaia 29/06/2014 27/06/2014

201400027000549 Camargo Cardoso Ev. Amb. Matheus Costa Cocalzinho 27/06/2014 27/06/2014

201400027000554 Marka 3 Prod. Artísticas Israel e Rodolfo Colcazinho 29/06/2014 27/06/2014

201400027000557 Contract Show Prod. Art. João Neto e Frederico São João de

Planaltina 02/07/2014 30/06/2014

201400027000570 Premier Prod. Artísticas João Lucas e Marcelo Araçu 03/07/2014 01/07/2014

201400027000573 Fábrica de Shows Rio Negro e Solimões Trindade 03/07/2014 01/07/2014

201400027000574 Contract Show Prod. Art. João Neto e Frederico São Miguel do

Araguaia 03/07/2014 01/07/2014

201400027000582 Star Loc. de Serv. Gerais Nechivile Araçu 03/07/2014 03/07/2014

201400027000587 Mistura Louca Produções Henrique E Juliano Aruanã 11/07/2014 09/07/2014

201400027000597 André O. Gedeon Prod. Zélia Duncan Aruanã 19/07/2014 11/07/2014

201400027000608 Acar Prod. e Publicidade Alessandro Gomes Britânia 18/07/2014 17/07/2014

201400027000610 Bueno Produções Gabriel Gava Britânia 25/07/2014 22/07/2014

201400027000612 2HC Rosa Prom. Artísticas Guilherme e Santiago Aragarças 25/07/2014 23/07/2014

201400027000671 Wolf Music César e Alessandro Goiânia 31/12/2014 16/12/2014

Page 168: COMISSÃO PARLAMENTAR DE · valores contratados pela Goiás Turismo, nos exercícios de 2013 a 2016, no prazo de três dias úteis, sob pena de busca e apreensão

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201400027000673 2HC Rosa Prom. Artísticas Guilherme e Santiago Goiânia 31/12/2014 18/12/2014

201400027000678 Yasmin Prod. e Eventos Thiago Brava Caldas Novas 31/12/2014 18/12/2014

201400027000679 Grupo Genesis de Prod. E

Eventos Itinerantes Aline Barros Caldas Novas 29/12/2014 18/12/2014

201500027000165 Rosa de Saron Prod. Art. Rosa de Saron Caldas Novas 04/06/2015 26/05/2015

201500027000085 M Costa Prod. e Eventos Dáblio e Philipe Anápolis 29/04/2015 27/04/2015

201500027000699 JCA Pub. e Eventos Cíntia e Lucas Terezópolis 31/12/2015 28/12/2015

201500027000303 Padoo Prod. e Eventos Racyne e Rafael Ipiranga 17/07/2015 14/07/2015

201500027000325 R & B Ass. Art. Cul. ME Jorge Versilo Aruanã 25/07/2015 21/07/2015

201500027000122 Top One Ev. Prod. E Publ. Pedro Paulo e Matheus Araguapaz 15/05/2015 11/05/2015

201500027000554 Martins Produções Rei do Gado e

Fazendeiro Pontalina 30/10/2015 26/10/2015

201500027000051 Martins Produções Israel e Rodolfo Inhumas 19/03/2015 18/03/2015

201500027000087 Martins Produções Israel e Rodolfo Campinorte 30/04/2015 27/04/2015

201500027000582 Promove Prom. Eventos Banda Mark Davinópolis 14/11/2015 10/11/2015

201500027000710 Promove Prom. Eventos Banda Mark Silvânia 31/12/2015 29/12/2015

201500027000121 Top One Ev. Prod. E Publ. Pedro Paulo e Matheus Minaçu 15/05/2015 11/05/2015

201500027000466 Padoo Produções e Eventos Racyne e Rafael Uruaçu 22/09/2015 22/09/2015

201500027000308 WM Shows Gino e Geno Campinaçu 16/07/2015 16/07/2015

201500027000380 GMS Produções e Eventos Padre Alessandro

Campos Niquelândia 13/08/2015 10/08/2015

201500027000126 Golden Prod. E Eventos Banda Trio Alto Astral Ouro Verde de Goiás 16/05/2016 10/08/2015

201500027000707 BN Prod. Musicais e Ev. Benjamim Neto Santa Rita Araguaia 30/12/2015 29/12/2015

201500027000517 BN Prod. Musicais e Ev. Benjamim Neto Pontalina 09/10/2015 07/10/2015

201500027000584 Faz Chover Prod. Fernandinho Jussara 13/11/2015 10/11/2015

201500027000708 Renato e Raphael Prod. Renato e Raphael Santa Rita do

Araguaia 30/12/2015 29/12/2015

201500027000673 Promove Prom. Eventos Banda Mark Itaberaí 30/12/2015 11/12/2015

201500027000302 Padoo Produções e Eventos Racyne e Rafael Nova Crixás 18/07/2015 14/07/2015

201500027000521 JCA Publ. Mark. Ev. Cintia e Lucas Cromínia 09/10/2015 08/10/2015

201500027000166 Tirei de Letra Prod. e Ev. Gabriel e Rafael Caldas Novas 06/06/2015 26/05/2015

201500027000433 JCA Publ. Mark. Ev. Cintia e Lucas Água Limpa 04/09/2015 03/09/2015

201500027000110 Bueno Prod. Gabriel Gava Aparecida de Goiânia 10/05/2015 07/05/2015

201500027000115 Padoo Produções e Eventos Racyne e Rafael Rio Quente 09/05/2015 07/05/2015

201500027000585 Martins Produções Rei do Gado e

Fazendeiro Jussara 14/11/2015 10/11/2015

201500027000106 Sandro Victor de Jesus

Queiroz ME Thalles Roberto Aparecida de Goiânia 06/05/2015 05/05/2015

201500027000586 Promove Prom. Eventos Banda Mark Nova Aurora 12/11/2015 10/11/2015

201500027000703 JCA Publ. Mark. Ev. Cintia e Lucas Britânia 31/12/2015 28/12/2015

201500027000167 Renato e Raphael Prod. Trio Carlito, Baudy e

Taquinho Orizona 30/05/2015 27/05/2015

201600027000310 Promove Prom. e Eventos Breno e Kadu Leopoldo 07/05/2016 06/06/2016

Page 169: COMISSÃO PARLAMENTAR DE · valores contratados pela Goiás Turismo, nos exercícios de 2013 a 2016, no prazo de três dias úteis, sob pena de busca e apreensão

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201600027000056 Circuito Shows Prod. e Ev. Edy Brito e Samuel Iporá 05/02/2016 03/02/2016

201600027000463 Circuito Shows Prod. e Ev. Victor Marinho Senador Canedo 05/06/2016 03/06/2016

201600027000398 Circuito Shows Prod. e Ev. Victor Marinho Goiás 26/05/2016 20/05/2016

201600027000058 Circuito Shows Prod. e Ev. ku4too Iporá 06/02/2016 03/02/2016

201600027000063 Circuito Shows Prod. e Ev. ku4too Buriti Alegre 08/02/2016 03/02/2016

201600027000067 Circuito Shows Prod. e Ev. Victor Marinho São Miguel do

Araguaia 08/02/2016 03/02/2016

201600027000103 Promove Promoções e Ev. Banda Mark São Miguel do

Araguaia 09/02/2015 05/02/2016

201600027000311 Valéria Barros Prod. Art. Valéria Barros Cezarina 11/05/2016 09/05/2016

201600027000642 Denis da Silva Matos Prod. Tuta Guedes Amaralina 26/06/2016 24/06/2016

201600027000404 LN Produções Artísticas Noel Nascimento Bonfinópolis 01/06/2016 23/05/2016

201600027000432 Israel e Rodolfo Prod. Art. Israel e Rodolfo Bonfinópolis 31/05/2016 30/05/2016

201600027000609 MCosta Prod. e Ev. Dáblio e Phelipi Sta. Terezinha de

Goiás 25/06/2016 23/06/2016

201600027000608 Talismã Adm. de Shows Zé Ricardo e Thiago Itaberaí 25/06/2016 23/06/2016

201600027000060 JCA Pub. e Marketing Zheel Chicleteiro São Miguel do

Araguaia 07/02/2016 03/02/2016

201600027000046 Mafra Produções Marcos Mafra Caldas Novas 08/02/2016 02/02/2016

201600027000257 Martins Prod. e Eventos Rei do Gado e

Fazendeiro Nazário 30/04/2016 27/04/2016

201600027000059 JCA Pub. e Marketing Renato Fellutti São Miguel do

Araguaia 05/02/2016 03/02/2016

201600027000255 2HC Rosa Prom. Artísticas Guilherme e Santiago Terezópolis 28/04/2016 27/04/2016

201600027000065 BN Prod. Musicais e Ev. Benjamim Neto Campos Verdes 08/02/2016 03/02/2016

201600027000616 Padoo Prod. e Eventos Racyne e Rafael Americano do Brasil 25/06/2016 23/06/2016

201600027000396 S4 Prod. Art. João Bosco e Vinícius Piracanjuba 20/05/2016 20/05/2016

201600027000467 Fábrica de Shows Erik Lins São João da Paraúna 04/06/2016 03/06/2016

201600027000436 SC Produção Musical Padre Alessandro

Campos Novo Gama 09/06/2016 31/05/2016

201600027000395 BN Prod. Musicais e Ev. Benjamim Neto Amaralina 21/05/2016 20/05/2016

201600027000615 Bueno Produções Jads e Jadson Americano do Brasil 23/06/2016 23/06/2016

201600027000639 JCM Prod. Eventos João Paulo e Caike Buriti Alegre 25/06/2016 24/06/2016

201600027000401 MCosta Prod. e Ev. Dáblio e Phelipi Guarinus 28/05/2016 23/05/2016

201600027000253 MCosta Prod. e Ev Dáblio e Phelipi Inaciolândia 28/04/2016 27/04/2016

201600027000256 MCosta Prod. e Ev. Dáblio e Phelipi Terezópolis 30/04/2016 27/04/2016

201600027000427 MCosta Prod. e Ev. Dáblio e Phelipi Faina 02/06/2016 30/05/2016

201600027000628 Sandro Vitor de Jesus

Queiroz Tony Allysson Itaberaí 26/06/2016 24/06/2016

Fonte: Elaboração conforme dados fornecidos pela equipe técnica com base em dados do SIOFINet e processos, de contratações

formalizadas, analisados.

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Dos 280 processos analisados todos foram montados em prazos

visivelmente reduzidos, no entanto em 259 deles foi possível verificar casos críticos em

que os mesmos foram protocolados, com 4, 3, 2, 1, dias de antecedência ou até no

mesmo dia do evento.

Em depoimento prestado perante esta Comissão, o Procurador de

Contas do Tribunal de Contas do Estado de Goiás, Fernando Carneiro, confirma que as

denúncias realizadas em desfavor da Goiás Turismo envolvem, especialmente, a falta de

planejamento do órgão para a contratação de shows. Abaixo, transcreve-se parte de seu

depoimento:

(...) Foi um levantamento extenso, feito durante aproximadamente dois

anos, 2012, 2013 e 2014 em que detectamos inúmeras irregularidades

sob a ótica do Ministério Pública de Contas.

Dentre as mais relevantes são a ausência de planejamento. Por que

ausência de planejamento? Porque simplesmente existia um pedido para

a realização de um evento e a Goiás Turismo realizava, patrocinava esse

evento.

O Procurador de Contas manifesta ainda, em seu depoimento, que o

fato da Goiás Turismo se limitar à realização de shows nos municípios não atende à sua

finalidade institucional, demonstrando, também, que a falta de planejamento ocasiona

prejuízos ao Estado. Vejamos o que disse:

(...) Isso não atende à finalidade da Goiás Turismo, tendo em vista que

seja promover o turismo. Isso apenas permite a realização de evento, em

que há um fluxo num curto espaço de tempo de pessoas e logo depois,

essa situação que permite esse fluxo é desfeita.

(...) O investimento é num show no fim de semana e a população se

desloca, um número "Y" de pessoas se deslocam para lá, supostamente

realizam algumas despesas, que supostamente vai gerar algum benefício,

mas logo depois saem do Município e ficam um ano sem aparecer,

porque não tem motivação alguma para irem para aquele local.

Essa ausência de planejamento, no caso do Estado de Goiás, gera um

dispêndio de recursos públicos ineficiente, porque é um recurso que não

tem retorno e não tem sustentabilidade. Um ponto é essa questão do

planejamento (....).”

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E, mais adiante, conclui:

“(...) Com relação ao turismo, eu apenas gostaria de encerrar minha fala

retornando ao ponto inicial do planejamento. O Ministério Público

entende que o mal recurso, a mal aplicação de recursos públicos é

altamente lesivo para o Estado, um Estado já carente, uma população em

dificuldade. Não há dúvidas em relação a isso.

Mas também entende que a aplicação de recursos pode se dar num

volume até muito maior do que hoje em dia, mas desde que os recursos

sejam bem aplicados e, sobretudo, pensado num retorno à população.

Seja feita através de estudo sério, estudo científico e que demonstrem a

possibilidade do retorno. Em país outros, tais como a Alemanha, tudo é

extremamente quantificado. Tudo é extremamente analisado e

verificada a possibilidade de retorno.”

Ainda, sobre a ausência de um planejamento ordenado, com foco em

um turismo sustentável, que não privilegie tão somente um, dois ou três dias no ano

com a realização de shows, em sua maioria com preços acima dos praticados no

mercado, o ex-Diretor de Desenvolvimento da Goiás Turismo assim se manifestou, em

seu depoimento prestado perante a Comissão:

“... Bom, eu, como técnico em turismo, sou radicalmente contra. Sou a

favor de realização de show quando o motivo justifique a sua realização.

Por exemplo, eventos como o Canto da Primavera, Festivais

Gastronômicos, Tempo em Catalão, Rally dos Sertões, ter atrações

musicais é de suma importância para o sucesso do evento e para que ele

tenha a repercussão turística.

Agora, fazer... Gente, tenho todo o respeito pelos municípios, vou citá-los

aleatoriamente, não tenho nada contra nenhum. Mas fazer o aniversário

de Nazário, a padroeira de Brazabrantes, não dá... Quer fazer, vá fazer

na temporada turística em Aruanã, em Luís Alves, vá fazer na Chapada

dos Veadeiros, no período de baixa ocupação, principalmente.

Eu, por exemplo, no Araguaia, o Prefeito Hermano, que é meu amigo,

Prefeito de Aruanã, eu tive embates antológicos com ele, por divergência

de opinião, porque ele quer fazer os shows em julho. Eu falei: no mês de

julho a cidade está cheia, Prefeito. Vamos fazer em janeiro, em março,

em setembro. Vamos acabar com a sazonalidade. Não. Ele quer fazer no

mês de julho, quando está cheia a cidade.

Então, se você direcionar para festivais, para eventos de bons nomes, em

períodos de baixa ocupação, isso seria o ideal. Por exemplo, você vai

fazer show na Chapada dos Veadeiros, por que fazer em julho que está

lotado? Faz um evento bacana em junho ou em agosto, é um período sem

chuva e que a ocupação não é tão alta quanto julho. Acho que se

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pensassem melhor em como gastar o dinheiro e como fazer, seria bem

mais produtivo. Da mesma forma, acho que Brazabrantes merece

recursos, mas coloquem emenda para outras coisas, coloquem emenda

que eles precisam mais. Eu garanto que eles precisam de muito mais de

uma carteira escolar, de ambulância, de livros, de uniformes...

Vocês podem pensar assim: mas você defendia em seus relatórios a

realização. Legalmente e financeiramente é interessante para o

município fazer. Ele traz retorno financeiro sim. Ele movimenta a cadeia

produtiva inteira da cidade. Quando se faz um show em Araguapaz a

população de Mozarlândia e de Aruanã se desloca para lá. O pipoqueiro

vende muito, o hotel lota, o bar vende muito mais espetinhos, vende mais

cerveja. Enfim, você mexe com a economia da cidade inteira.

Agora, é um dia. É muito volátil para uma coisa que você pega cem mil

reais e gasta numa coisa que fica para a cidade o ano inteiro. Por

exemplo, com cem mil reais deve comprar umas trezentas carteiras

novas, de escola. Quantos anos essas carteiras vão ficar lá? Cinco, oito.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - O custo-benefício de show

nessas cidades então é muito pequeno?

O SR. RICARDO SILVA: - Para esse tipo de comemoração eu não

colocaria. Se eu fosse Prefeito, e o dinheiro fosse meu, eu não gastaria

lá. Se eu pudesse escolher, eu gastaria em outro lugar.  Se eu fosse

Prefeito de uma cidade pequena, e o Deputado chegasse para mim e

falasse: “Vamos fazer um show aí, e tal…”, eu falaria: “Não. Vamos

fazer o seguinte, pegue esse dinheiro aí e vamos comprar carteiras.”. Eu

faria.  Agora, os motivos que levam Deputado a colocar e Prefeito a

querer eu não sei. Eu não posso afirmar. Eu seria leviano se eu acusasse.

(...)

Diante disso, têm-se indícios e evidências de que os processos de

contratações de shows artísticos realizados pela Goiás Turismo encontravam-se

previamente montados, e ainda, que os documentos foram emitidos e juntados aos autos

do processo com datas retroativas.

As consequências deste fato são contratações ilegais, realizadas por

preços bem acima daquele praticado no mercado e, muitas vezes, com artistas

desconhecidos pela opinião pública, ocasionando sérios prejuízos ao erário e em afronta

à legislação.

Cumpre ainda ressaltar que esta irregularidade é reincidente na

Agência de Turismo, pois, já foi apontada em outros trabalhos realizados pelo Tribunal

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de Contas do Estado, quais sejam: processo n. 201400044000815 – Relatório de

Inspeção 002/2014, processo n. 2015000047002796 – Representação Técnica 004/2015

e processo n.201400047001168 – Relatório Auditoria de Regularidade, e também, pela

CGE na Auditoria de Conformidade n. 035/2016-SCI/CGE, processo n.

201411867000502.

O planejamento contempla a seleção de alternativas para a finalidade

almejada com sua análise de custo-benefício e o estabelecimento de indicadores

qualitativos e quantitativos capazes de reduzir riscos e incertezas, direcionar recursos

adequados e propiciar condições para obtenção de resultados positivos e eficazes para o

interesse público. Traduz-se no princípio da eficiência, o qual decorre do velho e

conhecido princípio da boa administração.

7.6. Da inobservância da ordem cronológica nos pagamentos

A ordem cronológica de exigibilidade nos pagamentos é instituto

previsto em lei e que vincula a Administração Pública a efetuar os pagamentos aos

fornecedores em conformidade com a exigibilidade dos créditos que se apresentem ao

pagamento.

A obrigatoriedade de o Gestor cumprir a ordem cronológica de

pagamentos das obrigações advém do art. 5⁰ , da Lei n. 8.666/93, constituindo em

direito subjetivo de cada contratado, credor da Administração Pública, de receber pelo

serviço prestado, garantindo a manutenção do equilíbrio econômico do contrato.

Referido dispositivo legal exige que a Administração obedeça, “para

cada fonte diferenciada de recursos, a estrita ordem cronológica das datas de suas

exigibilidades, salvo quando presentes relevantes razões de interesse público e

mediante prévia justificativa da autoridade competente, devidamente publicada”.

Depreende-se deste preceptivo legal, portanto, a imposição à

Administração de não privilegiar terceiros em detrimento de outros interessados que se

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encontrem em situação de prevalência por uma questão de ordem – exigibilidade dos

créditos.

Nesse sentido manifesta-se o Professor Marçal Justen Filho13:

O referido art. 5º consagra o dever de a Administração liquidar suas dívidas

segundo a ordem cronológica. Ou seja, é inquestionável que a

Administração tem que cumprir os prazos e satisfazer as dívidas segundo as

regras previstas em Lei ou no contrato. Mas, ademais disso, está

constrangida a observar uma ordem cronológica, de tal modo que não

dispõe de discricionariedade para escolher a ordem de preferência para

pagamento. O dispositivo retrata um plus, no que tange à disciplina do

cumprimento das obrigações por parte da Administração. Não apenas há o

dever de liquidar a dívida, dentro dos prazos preestabelecidos, como

também não há margem de liberdade para escolher quem será beneficiado

antes.

No entanto, durante a instrução processual e, especialmente, em face

dos depoimentos prestados pelos empresários à CPI, ficou comprovado o desrespeito

também a esta exigência legal.

Em depoimento à CPI, o representante da Wolf Music confessa que

não recebeu os shows réveillon de Montividiu, e Guaraíta, realizados em 2015, pela

Goiás Turismo.

Na ocasião de seu depoimento, o representante da ZRT3 Produções e

Eventos também confirma esta prática ao ser perguntado pelo Deputado Relator sobre a

ordem cronológica dos pagamentos:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Já aconteceu com a sua

empresa, na verdade; as perguntas que nós estamos fazendo aqui, boa

parte nós temos a resposta porque estamos com os documentos. Por

exemplo, o show realizado pela dupla no mês de fevereiro, não recebeu,

junho não recebeu, agosto recebeu. O que eu quero saber é se

já aconteceu com a empresa de vocês de receber um show mais recente

em detrimento de um mais antigo não ter recebido?

O SR. IGOR ERNANI ALVES ANDRASCHKO: - Sim, tanto é que eu não

me lembro das datas, mas acredito que eu recebi o show de 2016

primeiro que o de 2013.

13 Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrações, 11ª Edição, pg. 80

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O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- E qual é a explicação quando

vocês procuram lá?

O SR. IGOR ERNANI ALVES ANDRASCHKO: - Não tem explicação, eu

não sei como é feito.

(.....)

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - Desses trezentos mil reais

(R$300,000,00) – é uma pergunta que nós estamos fazendo para todos

aqui – a empresa foi chamada para um acordo de dar um desconto de

25% para poder receber?

O SR. IGOR ERNANI ALVES ANDRASCHKO:- Eu ouvi falar disso.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- Vocês firmaram esse acordo

ou não?

O SR. IGOR ERNANI ALVES ANDRASCHKO:- Nesses shows de 2013

que, até então, em 2017 nós não havíamos recebido, eu firmei esse

acordo para receber esses shows de 2013.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- De 2013?

O SR. IGOR ERNANI ALVES ANDRASCHKO:- Sim, 2013.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- Quatro anos sem receber?

O SR. IGOR ERNANI ALVES ANDRASCHKO:- Sim, os 25% de desconto

agilizaram para receber.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- E recebeu?

O SR. IGOR ERNANI ALVES ANDRASCHKO:- Sim.

O Presidente da Goiás Turismo alega não ter liberdade para fazer os

pagamentos de forma técnica, cronológica, porque o pagamento vem direto da

Secretaria da Fazenda.

O SR. PRESIDENTE: - A pergunta para o senhor é – e que seja mais

sucinto: O senhor tem autonomia de fazer os pagamentos de forma

técnica ou da forma que vocês acharem melhor? Ou parte ou todo o

pagamento vem direcionado da Secretaria da Fazenda?

O SR. LEANDRO GARCIA: - O que acontece. Eu já estou há quatro anos

dentro da Goiás Turismo, basicamente. Dentro desses quatro anos, nós

tivemos aí três secretários que passaram pela SEFAZ. Cada Secretário

tem um formato de se trabalhar.

Então tiveram momentos onde eu forcei para que não viesse recurso,

para que a gente pudesse colocar em ordem cronológica, fui até

colocado com dificuldade por diversas pessoas, onde parou de vir

recurso e começaram a vir recursos menores para pagamentos

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específicos e eu não tenho como, acho até injusto de não tentar diminuir

esses débitos.

Mas respondendo claramente a Vossa Excelência. Hoje eu não tenho

nenhuma mesada. Se o senhor me pedir para pagar 100 reais, hoje, na

Goiás Turismo, eu não tenho. Eu dependo do repasse da Secretaria da

Fazenda e que, na sua grande maioria, já vem na sua totalidade com

destino certo.

O SR. PRESIDENTE: - (...)

Mas a pergunta – volto a dizer – hoje os repasses que estão sendo feitos,

o senhor tem a liberdade de fazer os pagamentos assim como o senhor

achar que devem ser feitos, de forma técnica, cronológica, ou não? Sim,

ou não.

O SR. LEANDRO GARCIA: - Não.

O SR. PRESIDENTE: - Então, o senhor está me afirmando que todo tipo

de pagamento, ele vem direto da Secretaria da Fazenda. É ela quem

decide quem vai receber?

O SR. LEANDRO GARCIA: - Logicamente que nós temos gastos com

folha de pagamentos e outras...

O SR. PRESIDENTE: - Eu falo para eventos.

O SR. LEANDRO GARCIA: - Para eventos, vem sim diretamente da

Secretaria da Fazenda.

O SR. PRESIDENTE: Então, a decisão não passa pelo senhor?

O SR. LEANDRO GARCIA: - Eu, muitas vezes, deputado, passos e-mails

para a Secretaria da Fazenda das demandas que me chegam.

Então, se Vossa Excelência me procurar e dizer que precisa fazer o

pagamento das suas emendas, e como deve fazer, eu passo um e-mail

dizendo que o deputado esteve aqui e que está pedindo para que suas

emendas sejam pagas. E assim eu faço com todas as empresas. Então, em

alguns pontos há esse entendimento e em outros não.

E eu quero só me prolongar, se o senhor me permitir mais um pouco, que

realmente eu não tive ainda o direito de poder me expressar e, por isso,

que hoje eu quero ter condição de poder falar de todos os pontos. E,

inclusive, falei com os diretores, se eles tiverem que ficar aqui o tempo

que for necessário, mas que nós tenhamos esse direito da ampla defesa e

que o senhor entenda um pouquinho a minha vontade de estar

elucidando e trazendo às claras todos esses pontos levantados por Vossa

Excelência.

O cumprimento da ordem cronológica está diretamente vinculado a

princípios constitucionais, como da isonomia, da moralidade e da impessoalidade e,

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além disso, o art. 92, da Lei n.8.666/1993, estipula como ilícito penal “pagar fatura

com preterição da ordem cronológica de sua exigibilidade”. O crime apenas não se

verificará se a inversão tiver sido devidamente justificada, na forma da parte final do

art. 5º da Lei n. 8.666. Caso contrário, configura-se o delito pela conduta do

ordenador da despesa que determina o pagamento fora da ordem cronológica de

exigibilidades.

Esta ilegalidade foi verificada em diversas oportunidades durante a

instrução processual, inclusive com a confirmação dos empresários de que, no intuito de

terem suas dívidas adimplidas, aderiram a um acordo realizado com a Goiás Turismo,

via do qual abriram mão de perceber o valor integral para afastar os prejuízos.

Questionado pelo Presidente da CPI, o representante da empresa

Brizza Produções Culturais informou ter prestado serviços para a Goiás Turismo e ter

aderido ao programa de pagamento pelos shows com 25% de desconto.

O representante da Wolf Music também confirmou a demora/ausência

no pagamento de shows pela Goiás Turismo, mas afirmou que não aderiu ao programa

de desconto de 25%:

O SR. ALESSANDRO ALVES LOBO GUERRA:- Nós preferimos

trabalhar com coisas que têm mais liquidez, porque precisamos manter a

máquina funcionando, mantendo marketing, mantendo empresa,

mantendo os funcionários, é uma empresa normal.

Fazer show pela Goiás Turismo é uma grande caixa preta, você não

recebe nada, você fica cinco, seis, meses, dois anos. No réveillon de

2015, em Montividiu, foram R$ 60.000,00 (sessenta mil reais), não recebi

até hoje. Se for por na conta é prejuízo. Então, dificulta vender pela

Goiás Turismo, nossa agenda é quando não tem opção, então, vai

sabendo que vai descapitalizar a empresa porque você vai ter que

bancar.

(....)

O SR. PRESIDENTE: - Antes, gostaria de dizer que chegou uma

informação nesta Presidência de que foi formalizado um documento,

dentro do Governo do Estado, dizendo que aqueles que têm contas a

receber teriam que dar um desconto, parece-me que até de 25%. Parece

que formalizaram esse documento. O senhor tomou conhecimento disso?

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O SR. ALESSANDRO ALVES LOBO GUERRA: - Tomei, mas não fiz o

acordo.

O SR. PRESIDENTE: - Sim. E eu pergunto ao senhor: quem levou essa

informação ao senhor, ou seja, quem procurou o senhor para fazer esse

acordo? Foi alguém da Goiás Turismo?

O SR. ALESSANDRO ALVES LOBO GUERRA: - Não sei responder. Meu

funcionário me falou dessa possibilidade. Tenho que perguntar isso para

ele.

O SR. PRESIDENTE: - O senhor achou melhor não dar o desconto?

O SR. ALESSANDRO ALVES LOBO GUERRA: - Se eu der o desconto

levo prejuízo.

O representante da empresa Fábrica de Shows também confirmou esta

prática, em depoimento à CPI:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- O senhor foi chamado pela

Goiás Turismo para fazer algum acordo de tirar 25% para poder

receber?

O SR. EUDES LUCIO DE OLIVEIRA: - Sim.

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR:- Quem fez esse chamamento?

O SR. EUDES LUCIO DE OLIVEIRA: - Foram comentários entre

amigos, que ouviram falar da adesão, e a gente foi atrás pra procurar

saber.

O representante da empresa Circuito Show Produções e Eventos , ao

ser questionado se a Goiás Turismo lhe propôs algum acordo de tirar 25% para receber,

respondeu:

O SR. DEPUTADO HUMBERTO AIDAR: - O senhor foi chamado para

fazer um acordo de tirar 25% para receber, tipo assim, a Goiás turismo

propôs ao Senhor esse acordo?

O SR. WESLEY BRUNO VIEIRA: - Sim, propôs. Alguns eu tive a

necessidade de fazer, porque, veja bem, quando a gente realiza um

determinado evento, existe um custo. Você tem que bancar muitas vezes

isso, porque você sabe que o dinheiro da Goiás não sai nem uma

semana, nem um dia antes, nem um dia depois. Você tem para receber, e

sabe-se lá quando vai receber, mas recebe. Então, o que acontece? Nós

tivemos que, em alguns determinados shows, aderir a esse propósito,

porque eu estava recebendo muita pressão de fornecedores, artistas…

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Portanto, aqui também ficou clara a inobservância da lei quanto à

obrigatoriedade da Goiás Turismo respeitar a ordem cronológica de pagamento,

demonstrando a ausência de planejamento, o desequilíbrio financeiro e o favorecimento

de determinadas empresas em preterição a outras, em afronta ao princípio da eficiência,

da isonomia, da moralidade e da impessoalidade, contrariando a Lei Complementar n.

101, 04 de maio de 2000 e a Lei n. 4.320, de 17 de março de 1964, bem como o art. 5 da

Lei n. 8.666/1993.

8. DAS CONCLUSÕES:

Ante todo o exposto e,

CONSIDERANDO o fato determinado, objeto de investigação por

esta Comissão Parlamentar de Inquérito, qual seja, investigar supostas irregularidades

praticadas pela Agência Estadual de Turismo – Goiás Turismo, na autorização de

múltiplos atos de inexigibilidade de licitação para a contratação de shows artísticos;

CONSIDERANDO a análise técnica de todos os documentos

encaminhados à Comissão Parlamentar de Inquérito (processos de contratação de shows

artísticos pela Goiás Turismo, notas fiscais emitidas por empresas - todos esses

documentos, selecionados por amostragem, fartamente esclarecida no item 7 deste

Relatório);

CONSIDERANDO os depoimentos prestados por diretores e ex-

diretores da Goiás Turismo, por representantes de empresas contratadas por essa

Autarquia para a realização de shows artísticos, e pelo Procurador do Ministério Público

de Contas, durante os trabalhos desta Comissão Parlamentar de Inquérito;

CONSIDERANDO a legislação aplicável à contratação de shows

artísticos por órgãos da Administração Pública, bem como a jurisprudência e o

entendimento doutrinário sobre o tema;

CONSIDERANDO que o dever de a Administração demonstrar que

o preço ajustado se encontra de acordo com o valor praticado no mercado independe do

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procedimento que antecede a contratação, ou seja, se com dispensa ou inexigibilidade

de licitação.

CONCLUI-SE que

a Goiás Turismo praticou irregularidades ao contratar a apresentação

de shows artísticos por ato de inexigibilidade de licitação, violando:

a) os arts. 25 e 26 da Lei n. 8.666/1993, que institui normas para

licitação e contratos da Administração Pública;

b) a Lei estadual n. 18.025/2013, que dispõe sobre o acesso à

informação;

c) o art. 25, da Lei Complementar n.101/2000 – Lei de

Responsabilidade Fiscal;

d) o art. 116 e § 1º, da Lei n. 8.666/1993; e

e) art. 1º da Lei n. 16.529/2009

A violação aos referidos ditames legais consubstancia-se em:

a) Sobrepreço nas contratações de artistas em comparação com os

valores de mercado e ausência de justificativa de preço – não existem

demonstrativos, nos processos analisados, de que o preço contratado para a realização

dos shows artísticos se encontrava em conformidade com o valor praticado no mercado,

em contratações similares. Portanto, não restou demonstrada a vantajosidade da

contratação. O que se verificou foi que o processo de inexigibilidade de licitação não foi

instruído com o elemento previsto no art. 26, parágrafo único, III, da Lei n.

8.666/1993, isto é, a justificativa de preço.

Em muitos processos analisados, verificou-se a incompatibilidade dos

valores avençados com aqueles habitualmente praticados no mercado com relação ao

mesmo objeto, ou seja, realização de shows artísticos. Ficou demonstrada a diferença de

valores pagos a um mesmo artista, pela Goiás Turismo e por outros entes da Federação.

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Há de se mencionar também o que aconteceu em grande parte dos

processos, isto é, a justificativa demonstrada de forma restrita, por meio da juntada de

notas fiscais de contratações com a própria Goiás Turismo, o que não atende ao já

referido dispositivo legal, acarretando prejuízo aos cofres públicos do Estado. Ademais,

verificou-se a variação de preços nos contratos firmados com o mesmo artista e a Goiás

Turismo, diferença expressiva, que não se justifica pela distância de deslocamento,

disponibilidade de agenda ou diferença de eventos.

b) Exclusividade produzida – verificou-se não constar, em 33, 57%

dos processos analisados, o contrato de exclusividade com o artista ou empresário

exclusivo, requisito básico para a caracterização da inviabilidade da licitação. A lei é

clara ao exigir a exclusividade, evitando que intermediários tornem a contratação mais

onerosa aos cofres públicos, ou por meio de empresário exclusivo, ou diretamente com

o artista, pois, havendo pluralidade, é cabível a licitação diante da viabilidade de

competição. Além disso, em muitos casos, o que consta dos processos é a carta de

exclusividade apenas para a data da realização do evento, ou contratos firmados com

vigência máxima de seis (6) meses, ferindo o art. 25, III, da Lei n. 8.666/1993;

c) Inexistência de publicação do ato de inexigibilidade ou

publicação intempestiva – dos 280 processos analisados, em 212, os atos de

inexigibilidade não foram publicados ou a sua efetivação foi extemporânea. Desse

modo, foram violados o art. 37, da Constituição Federal, que consagra que a

Administração Pública obedecerá, entre outros, ao princípio da publicidade; o art. 26,

da Lei n. 8.666/1993, que determina que as situações de inexigibilidade deverão ser

publicadas na imprensa oficial, no prazo de 5 dias, como condição para eficácia do ato;

a Lei estadual n. 18.025/2013, que dispõe sobre o acesso à informação e determina a

transparência nos atos praticados pela Administração;

d) Ausência de convênio para pagamento de shows com

contrapartida – nos processos analisados, apurou-se que a maioria dos contratos de

realização de shows artísticos foi formalizada por solicitação das prefeituras dos

municípios goianos, por intermédio de uma parceria entre esses e o Governo do Estado,

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mas não foi celebrado o convênio entre esses entes públicos, violando o art. 25, da Lei

Complementar n.101/2000 – Lei de Responsabilidade Fiscal; o art. 116 e § 1º, da Lei

n. 8.666/1993, a Lei n. 17.928/2012 e, ainda, o art. 1º da Lei n. 16.529/2009;

e) Ausência de planejamento – processos montados - a Goiás

Turismo não observou, sequer, o prazo regulamentar que ela mesmo instituiu para tais

contratações, insertas nas Portarias n. 002/2012 e n. 039/2016. Restou demonstrado que

os processos de contratações de shows artísticos, por inexigibilidade de licitação, foram

formados com prazos exíguos, limitados a 2,3, 5 dias de antecedência e, até mesmo, no

dia do evento, demonstrando ausência de planejamento e sugerindo que se tratavam de

“processos montados”, onde atos e fatos foram produzidos antes mesmo da data da

abertura do processo, e ainda, que outros foram realizados após o evento, e juntados ao

processo com data retroativa, indicando possível favorecimento.

f) Desrespeito à ordem cronológica de pagamentos dos contratos –

o relatório técnico e os depoimentos de empresários demonstram que vários contratos

não foram adimplidos pela Goiás Turismo, com clara inobservância da ordem

cronológica de pagamento, demonstrando a ausência de planejamento, o desequilíbrio

financeiro e o favorecimento de determinadas empresas em preterição a outras, em

afronta ao princípio da eficiência e impessoalidade, contrariando a Lei Complementar n.

101, 04 de maio de 2000 e a Lei n. 4.320, de 17 de março de 1964, bem como o art. 5 da

Lei n. 8.666/1993.

g) Contratação com artistas ainda não consagrados pela crítica

especializada ou pela opinião pública – contrariando o terceiro requisito apresentado

pelo inciso III do art. 25, da Lei n. 8.666/1993. Percebe-se, em grande parte dos

contratos, que a Goiás Turismo limitou-se a anexar ao processo a mera qualificação

profissional do artista, como por exemplo a frequência em shows, em contrapartida à

consagração pela crítica especializada ou pela opinião pública. Segundo este requisito,

só a fama e a notoriedade do artista permitem a contratação direta; os que ainda não

alcançaram esse grau de reconhecimento podem ser contratados mediante concurso ou

outra modalidade de licitação.

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9. DAS RECOMENDAÇÕES:

Ante todo o exposto, a fim de que, quando das contratações de shows

artísticos, a Goiás Turismo proceda de modo a atender aos parâmetros legais,

RECOMENDA-SE que os atos de inexigibilidade de licitação, quando realizados,

cumpram, in totum, os preceitos contidos nos arts. 5º, 25, III e 26, caput e parágrafo

único, III, da Lei n. 8.666/1993, ou seja:

a) Que o processo de contratação seja instruído com as

razões de escolha do contratado e com a justificativa de preço, que deverá se encontrar

em conformidade com o valor praticado no mercado, em contratações similares,

evitando-se, com isso, o sobrepreço;

b) Que a justificativa de preço não se restrinja à juntada

de notas fiscais de contratações com a própria Goiás Turismo;

c) Quando da contratação de artistas consagrados,

enquadrados na hipótese de inexigibilidade de licitação prevista no art. 25, III, da Lei n.

8.666/1993, que se dê diretamente com artista ou empresário exclusivo, devendo o

processo, neste último caso, ser instruído com cópia do contrato de exclusividade,

formalizado entre o artista e o empresário contratado, contrato esse, registrado em

cartório, eximindo-se da autorização que confere exclusividade apenas para os dias

correspondentes à apresentação dos artistas, e que é restrita à localidade do evento;

d) Que os atos de inexigibilidade de licitação sejam

publicados na imprensa oficial, no prazo previsto no art. 26, caput, da Lei n.

8.666/1993;

e) Que haja planejamento nas futuras contratações, de

forma que o prazo para sua conclusão não seja exíguo, como tem acontecido;

f) Que respeite a ordem cronológica de pagamentos

dos contratos, evitando-se, desta forma, o favorecimento de determinadas empresas, em

preterição a outras;

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g) Que, quando da contratação de shows artísticos, só

realize com inexigibilidade de licitação se o artista for consagrado pela crítica

especializada ou pela opinião pública, ou, caso não atenda a esse requisito, que a

contratação seja feita mediante concurso - art. 22, IV c/c § 4º da Lei nº 8.666/93, ou

outra modalidade de licitação.

Este é o relatório, que submeto aos nobres Pares, membros desta

Comissão, o qual, caso aprovado, deverá ser encaminhado:

a) ao Ministério Público, consoante art. 58, § 3º e art. 17, § 3º,

respectivamente, das Constituições Federal e Estadual;

b) ao Tribunal de Contas do Estado de Goiás, de acordo com o art.

1º, V, e com o art. 86, ambos da Lei n. 16.168, de 11 de dezembro

de 2007, que dispõe sobre a Lei Orgânica do Tribunal de Contas

do Estado de Goiás;

c) ao Chefe do Poder Executivo, para conhecimento.

SALA DE COMISSÃO, em de de 2018.

Deputado HUMBERTO AIDAR

Relator da CPI