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EDUCAÇÃO SANITÁRIA E AMBIENTAL NO COMITÊ IJUÍ, A BUSCA DA CIDADANIA COMO FORMA DE IMPLEMENTAR A POLÍTICA DE RECURSOS HÍDRICOS, NA REGIÃO MISSIONEIRA. Daiana Cristina Cattelan, [email protected] Fabiane Malakowski de Almeida, [email protected] Lauren Linck Nilson, [email protected] Zuleica Souza dos Santos, [email protected] INTRODUÇÃO: No ambiente urbano das médias e grandes cidades, a escola, além de outros meios de comunicação é responsável pela educação do indivíduo e, conseqüentemente, da sociedade, uma vez que há o repasse de informações, isso gera um sistema dinâmico e abrangente a todos. Nesta consciência criada a partir de uma dinâmica de interesse mútuo surge a possibilidade de promover uma nova cidadania onde o próprio indivíduo participa e torna-se consciente das questões ambientais despertando para agir em prol de um novo desenvolvimento mais respeitoso com o ambiente e construído em alicerces que permitam a continuidade de utilização dos recursos naturais por um tempo maior, contemplando as gerações futuras, política e luta dos comitês de bacia, no País como um todo. A população está cada vez mais envolvida com as novas tecnologias e com cenários urbanos perdendo desta maneira, a relação natural que tinha com a terra e sua cultura (Itaipu Binacional, 2008). Desfazer esta decisão fática não é fácil e, se acredita, só ser possível numa atividade permanente e racional de todos os envolvidos, numa escolha consciente e equilibrada de refazer o conhecimento a partir do cenário atual, com pés e mente alicerçados no conhecimento do passado, da valorização da cultura e na redescoberta de valores culturais próprios da região em que se aplica o conhecimento. Nesta dinâmica de crenças e cultura, a URI, conveniada do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, através do Campus Santo Ângelo, sede do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Ijuí, dentro do Departamento de Ciências Exatas e da Terra, vem realizando atividades de Educação Sanitária e Ambiental junto a comunidade dos seus 36 municípios, no intuito de melhorar a consciência e desenvolver a cidadania na busca de melhores condições de saneamento ambiental, como um todo. O Comitê Ijuí, organismo instituído pelo Poder Público com base na Lei 10.350/94 e regulamentado pelos decretos 37.033/96 e 37.034/96, integrante do Sistema Estadual e Nacional de Recursos Hídricos. Dentre as atribuições deste organismo público estão à preservação e recuperação dos recursos hídricos para os quais tem desenvolvido ações de educação sanitária e ambiental, como forma de modificar o quadro de desrespeito ambiental, próprio das áreas altamente antropizadas e prejudicadas no seu ambiente natural. Os trabalhos são desenvolvido contando com a participação de 48 entidades que favorecem um maior efeito das ações implementadas, com palestras de educação ambiental nas escolas estaduais e privadas, no Estado do Rio Grande do Sul, com o intuito de fazer com que os indivíduos ou grupos sociais adotem uma maior consciência dos problemas e das características ambientais locais e globais, sensibilizando-se para essas questões. Nestas atividades são envolvidos além das crianças, jovens e professores, os pais de alunos nas diferentes comunidades. A concepção de ambiente como interdependente do ambiente natural, das questões socioeconômicas, cultural e de sustentabilidade permeiam as discussões e comandam os processos de envolvimento nas atividades (MMA, 2008). OBJETIVO: Este trabalho tem como objetivo geral, promover a busca da cidadania como forma de resgate aos valores culturais e ambientais da região de abrangência do Comitê Ijuí. São objetivos específicos: promover mudança de comportamento dos indivíduos na questão de racionalização do uso da água e da manutenção da sua qualidade; contribuir para a consciência da diversidade de experiências que devem ser somadas em prol do coletivo e para a compreensão fundamental do meio ambiente e dos problemas a ele relacionados; sensibilizar o jovem quanto à COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO IJUÍ Sede: URI – Campus Santo Ângelo Av. Universidade das Missões, 464 Prédio 07 – Sala 7203 CEP: 98.802-470 Santo Ângelo/RS Fone / Fax: (55) 3313-7943 ou 3313-7900 E-mail: [email protected]

COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO IJUÍ Sede: URI ... · parte média da bacia do Rio Ijuí, interior da cidade de Santo Ângelo, RS. Figura 03- APARP,membro do Comitê na promoção

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EDUCAÇÃO SANITÁRIA E AMBIENTAL NO COMITÊ IJUÍ, A BUSCA DA CIDADANIA COMO FORMA DE IMPLEMENTAR A POLÍTICA DE RECURSOS HÍDRICOS, NA REGIÃO MISSIONEIRA.

Daiana Cristina Cattelan, [email protected] Fabiane Malakowski de Almeida, [email protected]

Lauren Linck Nilson, [email protected] Zuleica Souza dos Santos, [email protected]

INTRODUÇÃO:

No ambiente urbano das médias e grandes cidades, a escola, além de outros meios de comunicação é responsável pela educação do indivíduo e, conseqüentemente, da sociedade, uma vez que há o repasse de informações, isso gera um sistema dinâmico e abrangente a todos. Nesta consciência criada a partir de uma dinâmica de interesse mútuo surge a possibilidade de promover uma nova cidadania onde o próprio indivíduo participa e torna-se consciente das questões ambientais despertando para agir em prol de um novo desenvolvimento mais respeitoso com o ambiente e construído em alicerces que permitam a continuidade de utilização dos recursos naturais por um tempo maior, contemplando as gerações futuras, política e luta dos comitês de bacia, no País como um todo.

A população está cada vez mais envolvida com as novas tecnologias e com cenários urbanos perdendo desta maneira, a relação natural que tinha com a terra e sua cultura (Itaipu Binacional, 2008). Desfazer esta decisão fática não é fácil e, se acredita, só ser possível numa atividade permanente e racional de todos os envolvidos, numa escolha consciente e equilibrada de refazer o conhecimento a partir do cenário atual, com pés e mente alicerçados no conhecimento do passado, da valorização da cultura e na redescoberta de valores culturais próprios da região em que se aplica o conhecimento.

Nesta dinâmica de crenças e cultura, a URI, conveniada do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, através do Campus Santo Ângelo, sede do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Ijuí, dentro do Departamento de Ciências Exatas e da Terra, vem realizando atividades de Educação Sanitária e Ambiental junto a comunidade dos seus 36 municípios, no intuito de melhorar a consciência e desenvolver a cidadania na busca de melhores condições de saneamento ambiental, como um todo. O Comitê Ijuí, organismo instituído pelo Poder Público com base na Lei 10.350/94 e regulamentado pelos decretos 37.033/96 e 37.034/96, integrante do Sistema Estadual e Nacional de Recursos Hídricos. Dentre as atribuições deste organismo público estão à preservação e recuperação dos recursos hídricos para os quais tem desenvolvido ações de educação sanitária e ambiental, como forma de modificar o quadro de desrespeito ambiental, próprio das áreas altamente antropizadas e prejudicadas no seu ambiente natural. Os trabalhos são desenvolvido contando com a participação de 48 entidades que favorecem um maior efeito das ações implementadas, com palestras de educação ambiental nas escolas estaduais e privadas, no Estado do Rio Grande do Sul, com o intuito de fazer com que os indivíduos ou grupos sociais adotem uma maior consciência dos problemas e das características ambientais locais e globais, sensibilizando-se para essas questões. Nestas atividades são envolvidos além das crianças, jovens e professores, os pais de alunos nas diferentes comunidades. A concepção de ambiente como interdependente do ambiente natural, das questões socioeconômicas, cultural e de sustentabilidade permeiam as discussões e comandam os processos de envolvimento nas atividades (MMA, 2008).

OBJETIVO: Este trabalho tem como objetivo geral, promover a busca da cidadania como forma de

resgate aos valores culturais e ambientais da região de abrangência do Comitê Ijuí.

São objetivos específicos: promover mudança de comportamento dos indivíduos na questão de racionalização do uso da água e da manutenção da sua qualidade; contribuir para a consciência da diversidade de experiências que devem ser somadas em prol do coletivo e para a compreensão fundamental do meio ambiente e dos problemas a ele relacionados; sensibilizar o jovem quanto à

COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO IJUÍ Sede: URI – Campus Santo Ângelo Av. Universidade das Missões, 464

Prédio 07 – Sala 7203 CEP: 98.802-470 Santo Ângelo/RS

Fone / Fax: (55) 3313-7943 ou 3313-7900 E-mail: [email protected]

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importância da preservação do ambiente natural; dinamizar a comunidade missioneira no intuito da busca de identidade cultural e reconhecimento dos valores ambientais, como forma de manutenção e melhoria da qualidade ambiental e de vida dos seus munícipes.

MOBILIZAÇÃO:

A mobilização é feita através de palestras explicativas e oficinas com jogos lúdicos, envolvendo questões ambientais, conscientizando e orientando futuros cidadãos da bacia do Rio Ijuí. As atividades utilizam desde questões de Língua Portuguesa, Matemática, Geografia e conhecimentos básicos de Ciência, no sentido de promover mudança de comportamento na questão de racionalização do uso da água e da manutenção da qualidade deste recurso natural. Utilizando-se de argumentos básicos na tentativa de sensibilizar as comunidades quanto à importância da preservação do ambiente natural, na discussão dos seus valores culturais, numa dinâmica de auto-conhecimento e identidade cultural. Conscientizar das diferenças da sua região em relação às demais, assim como acordar para o que existe em comum, mostrando situações concretas e abstratas da construção de uma nova dinâmica com o ambiente. A mobilização é feita pelas Entidades participantes: Representantes de Universidades, Prefeituras, ONGs e Centrais hidrelétricas, especialmente.

METODOLOGIA

São elaboradas palestras, textos, folders, peças de teatro de fantoches, brincadeiras, saídas de campo, com enfoque nas condições atuais da bacia e na promoção de discussão de que tipo de bacia se quer para o futuro. Também são aproveitados pequenos vídeos sobre preservação e qualidade ambiental. Apresentação de pôster que mostra instantâneos da região, de fotos que comprovam as situações problemas e de beleza natural, assim como emprego de jogos. O jogo se denomina Ludo da água e foi confeccionado pelas estagiárias do Comitê Ijuí, num planejamento de extensão da URI. .

Ludo da Água

Esta brincadeira consiste em um jogo de tabuleiro. Ludo é uma versão ocidental popular do jogo hindu Pchisi. É jogado por dois, três ou quatro jogadores. Possui um tabuleiro quadrado com um percurso onde os jogadores devem percorrer. No caso do Ludo desenvolvido dentro do Comitê Ijuí, o tabuleiro está modificado a fim de promover na brincadeira a consciência ambiental dos jogadores. Cada grupo de jogadores recebe um tabuleiro para jogar e os integrantes do Comitê auxiliam no momento do desenvolvimento do jogo. As regras do jogo incentivam o conhecimento das formas distintas de preservação e recuperação ambiental. Propiciam o respeito pelo tempo e maneira de cada jogador se locomover dentro do jogo. As crianças se manifestam com alegria e ao serem convidadas a encerrar o jogo, em geral, se manifestam com o desejo de continuar. Quando perguntadas sobre os textos que aparecem nas pequenas cartas sabem definir exatamente quais são os métodos adequados de comportamento para manter a qualidade ambiental. Os materiais utilizados até agora na elaboração destes jogos e teatro são de baixo custo.

Este tipo de brincadeira desenvolve o respeito ao outro, permite introduzir nas cartas informações sobre a bacia, com seus problemas e suas virtudes, o reconhecimento das atitudes que promovem a racionalização da água e os cuidados para preservação da qualidade, a discussão do que é certo e errado, em termos ambientais. É possível ao longo do tempo elaborar novos contextos conforme vão se desenvolvendo as questões de gerenciamento na bacia.

Ao final destas brincadeiras o responsável pela atividade pode ressaltar a importância da consciência do uso racional da água, avaliar o trabalho e pedir a avaliação dos participantes, sobre o que aprenderam e como deverá ser a forma de agir com a sua realidade ambiental. Simultaneamente, ocorre o envolvimento com a Agenda 21, dos municípios da região, no compromisso do Comitê com o planejamento participativo das comunidades, dentro da sua realidade, numa visão ética e integradora do Homem no seu habitat. A busca de uma melhoria na situação constatada e a formação de princípios básicos de cada município em torno do seu próprio território. Nesta proposta o Comitê Ijuí atua como parceiro de várias entidades que, organizadas, tem sua expressão mais forte no município de Ijuí, onde se realizará o I Fórum das Agendas 21 da bacia do Rio Ijuí, no próximo mês de novembro. Pensar no Século 21 tendo cuidado extremo com a visão do Homem engajado, participativo e consciente da realidade que o cerca é um princípio básico de cidadania e de antecipação do futuro como ação coletiva.

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Nas Figuras abaixo aparecem alguns instantâneos de participação dos membros do Comitê neste tipo de atividade, atores principais de uma mudança de estrutura de planejamento na região.

Figura 01: Visão de palestra e jogo Ludo da Água, desenvolvida por membros do Comitê Ijuí (URI) no Centro de Educação São José – Lar da Menina, na cidade de Santo Ângelo. A última, emonstração do prazer do lúdico, tanto para o adulto como para as crianças envolvidas.

Figura 02- Estagiária do Comitê, palestrando para alunos da Escola de Buriti e Escola de Colônia municipal, parte média da bacia do Rio Ijuí, interior da cidade de Santo Ângelo, RS.

Figura 03- APARP,membro do Comitê na promoção da cidadania através de viagem no rio Ijui e resgate de resíduos sólidos (lixo) presente às margens do rio, na parte baixa da bacia, Pirapó, RS.

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Figura 07- Desenvolvimento de atividade de plantio de mudas de árvores nativas, para reposição da mata ciliar do Rio Ijuí, professores, alunos e membros da ARPA/FIUZA durante desfile da Semana Farroupilha. Estas entidades membros do Comitê, neste momento, atuam na mobilização em Pirapó (parte baixa) e Panambi (parte alta) da bacia do Rio Ijuí, RS.

As diferentes dinâmicas de trabalho fecham o cerco na busca de uma integração formal e informal dos cidadãos na bacia, na consciência de que uma mudança no modus operandi das pessoas passa pela vontade de transformação e na consciência de que só no interior de cada Ser ocorre a transformação necessária à formação de um cidadão, Homem conhecedor da sua realidade e preparado para atuar nos diferentes cenários que formam o cotidiano da região. Mudar só é possível a partir de uma vontade coletiva, disciplinada na correção dos princípios e no acerto das metodologias que não reduzem o desenvolvimento mas promovem ações capazes de re-adequar os princípios da economia e dos hábitos regionais.

RECURSOS INVESTIDOS DO COMITÊ:

O Comitê Ijuí a partir de sua verba anual de manutenção (R$50.000,00), recebida através de Convênio com a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (SEMA), sempre inclui no seu Plano de Trabalho atividades de Educação Sanitária e Ambiental, através de meta denominada: Produção, aprendizagem e difusão de tecnologias e atividades de Educação Sanitária e Ambiental. . PARCERIAS: Com o Departamento de Ciências Exatas e da Terra da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI), Escolas Municipais e Estaduais, Hidrelétricas. DIFICULDADES: Recursos financeiros para desenvolvimento das atividades planejadas, publicação de materiais e atividades de campo. O número de pessoas envolvidas nos projetos poderia ser maior, propiciando uma maior abrangência do projeto estruturado como plano de trabalho do Comitê. No entanto, enquanto não crescer a consciência do próprio investidor regional na necessidade de melhorar a qualidade ambiental não crescerá este número na proporção almejada. BENEFICIOS: Melhoria da formação, estímulo a um novo planejamento regional, calcado em um desenvolvimento mais equilibrado do Homem regional com o seu ambiente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ITAIPU BINACIONAL. Cultivando água boa. CDRom. 2008. MMA. Os diferentes matizes da Educação Ambiental no Brasil-1997 a 2007. Brasilia: Departamento de Educação Ambiental. 2008. Disponível em: http://www.mma.gov.br