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Como a ciência explica o que chamamos de pressentimento (e por que precisamos dele) Ana Carolina Prado 15 de março de 2012 Você vê um amigo de longe e, em questão de pouquíssimos segundos, tem o “pressentimento” de que há algo errado. Quando os dois se sentam para conversar, ele conta que realmente está passando por problemas sérios. Como você sabia? O neurocientista David Eagleman, que dirige o Laboratório de Percepção e Ação do Baylor College of Medicine no Texas, traz uma explicação no livro “Incógnito – As Vidas Secretas do Cérebro”. Para entender, imagine outra situação: você e outras pessoas estão diante de uma mesa com quatro baralhos. Cada um precisa escolher uma carta a cada rodada – e o que aparecer nela pode significar

Como a Ciência Explica o Que Chamamos de Pressentimento

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O estudo, publicado em julho na revista PLoS ONE , foi conduzido por Semir Zeki e seus colegas do Laboratório de Neurobiologia da University College London, na Inglaterra, e pretendia analisar a resposta cerebral de 21 pessoas de diferentes culturas enquanto observavam obras de arte que consideravam belas. Eles tiveram de avaliar 60 pinturas e 60 composições musicais e categorizá-las como bonitas, feias ou indiferentes. Depois, foram expostos novamente a esses estímulos enquanto a sua atividade cerebral era analisada por um exame de ressonância magnética. O cérebro dos voluntários não mostrou nenhuma reação significativa quando eles eram expostos a obras que não achavam bonitas nem feias. As feias estimularam o córtex motor primário e a amígdala. Já a beleza estimula processos cerebrais bem diferentes.

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Como a cincia explica o que chamamos de pressentimento (e por que precisamos dele)Ana Carolina Prado15 de maro de 2012

Voc v um amigo de longe e, em questo de pouqussimos segundos, tem o pressentimento de que h algo errado. Quando os dois se sentam para conversar, ele conta que realmente est passando por problemas srios. Como voc sabia? O neurocientista David Eagleman, que dirige o Laboratrio de Percepo e Ao do Baylor College of Medicine no Texas, traz uma explicao no livro Incgnito As Vidas Secretas do Crebro.Para entender, imagine outra situao: voc e outras pessoas esto diante de uma mesa com quatro baralhos. Cada um precisa escolher uma carta a cada rodada e o que aparecer nela pode significar perdas ou ganhos em dinheiro. Mas h um detalhe: dois desses baralhos tm mais cartas boas (ou seja, fazem voc ganhar dinheiro) e dois tm mais cartas ruins. Quem escolhe o baralho o prprio participante que est tirando a carta. Em todas as rodadas, enquanto toma a deciso, cada pessoa interrogada sobre quais baralhos acredita serem bons ou ruins. Quanto tempo voc acha que levaria para descobrir isso?Um neurocientista chamado Antoine Bechara e alguns colegas fizeram um experimento exatamente assim em 1997 e descobriram que os participantes precisavam tirar,em mdia, 25 cartaspara sacar quais baralhos eram bons ou ruins.Mas havia um detalhe: eles tambm mediram, durante toda a tarefa, asreaes eltricasda pele de cada participante que seriam umreflexo da atividade do sistema nervoso autnomo, responsvel pela reao de luta ou fuga, por exemplo. Assim, quando a pessoa se sentisseameaada, isso seria indicado por esse medidor.E foi isso que permitiu uma descoberta espantosa: osistema nervoso autnomoconseguia decifrar a estatstica dos baralhosbemantes que a conscinciados participantes: por volta da13 carta. A essa altura, cada vez que um deles estendia a mo para pegar a carta de um baralho ruim, havia um pico de atividade eltrica em sua pele em outras palavras,uma parte do seu crebrolhes enviava um sinal de alerta, como que dizendo Cuidado, cara! Esse baralho vai te fazer perder dinheiro!.Mas acontece que a mente consciente dessas pessoas ainda no era capaz de captar a mensagem claramente. Isso se manifestou, ento, na forma de um pressentimento:elas comeavam a escolher os baralhos bons antes mesmo de poderem explicar o porqu.Esse pressentimento necessrio para fazermosboas escolhas. O experimento foi repetido com voluntrios que tinhamdanos na rea do crebro responsvel pela tomada de decises o crtex pr-frontal ventromedial. Descobriu-se que essas pessoasno eram capazes de formar aquele sinal eltrico de alertana pele. Ou seja, seu crebrono conseguia compreender as estatsticasto rpido e, assim, no os advertia. Mas, mesmoquando sua mente consciente finalmente compreendeuquais eram os baralhos bons e ruins,eles continuaram a escolher as cartas dos montes errados. Se a sua conscincia sabia o que fazer, mas mesmo assim eles no o faziam, isso indicaria que a atividade escondida do crebro (que se manifesta nesse caso na forma do que chamamos de pressentimentos), essencial para a tomada de decises vantajosas.Reconhecendo rostosO resultado desses estudos condiz com uma descoberta posterior relacionada a pessoas consideradas prosopagnsicas aquelas que soincapazes de reconhecer rostos. Fazendo essa medio dos impulsos eltricos de sua pele, pesquisadores concluram que elasapresentavam uma atividade maior quando viam o rosto de uma pessoa que conheciam. Uma parte do seu crebro ainda era capaz de distingui-los. O problema que isso no chegava sua mente consciente.Voltando ao caso do primeiro pargrafo: o pressentimento que voc teve em relao ao seu amigo pouqussimos segundos aps olhar para ele provavelmente tem uma explicao parecida. Antes que sua mente consciente sequer tomasse conhecimento de que ele estava ali, possvel que seu crebro j tivesse analisado sua linguagem corporale registrado sinais de que havia algo de errado com ele.Isso ensina que: 1) Apesar de sua mente consciente (ou aquilo que voc considera voc) levar o crdito por tudo, elasabe muito pouco das atividades todas que rolam na sua cabea no mximo, ouve sussurros dela. Mas isso no um problema porque 2) graas a esses pressentimentos, podemos tomar decises vantajosas mesmo sem estarmos conscientes da situao.Quer tomar a deciso certa? Jogue uma moedaSe a nossa mente consciente sabe to pouco do mundo em comparao com o que est inconsciente, como podemos acessar as informaes que no chegam at ela e tomar boas decises?O neurocientista David Eagleman d a dica: pegue uma moeda, determine qual face equivale a qual deciso e v nocara ou coroa. No, no que voc vai decidir assim, pelo acaso. O truque avaliar suasensao depois que a moeda cair. Caso se sinta levemente aliviado com o resultado, essa a deciso correta para voc. Se, em vez disso, se irritar e achar isso ridculo, talvez devesse escolher a outra opo.

A relao entre a beleza e o amorAna Carolina Prado16 de agosto de 2011

O amor e a beleza geralmente andam juntos na literatura, no cinema, na msica. E no dia a dia: temos a tendncia de achar a pessoa que amamos a mais bonita da face da Terra (conservadas as devidas excees, claro. Alguns exemplares humanos de rara beleza, geralmente residentes em Hollywood, ainda podem ocupar secretamente as primeiras posies em nosso ranking). Agora,pesquisadores ingleses descobriram que essa relao no por acaso: amor e beleza ativam regies semelhantes do crebro.O estudo, publicado em julho na revista PLoS ONE , foi conduzido por Semir Zeki e seus colegas do Laboratrio de Neurobiologia da University College London, na Inglaterra, e pretendia analisar a resposta cerebral de 21 pessoas de diferentes culturas enquanto observavam obras de arte que consideravam belas. Eles tiveram de avaliar 60 pinturas e 60 composies musicais e categoriz-las como bonitas, feias ou indiferentes. Depois, foram expostos novamente a esses estmulos enquanto a sua atividade cerebral era analisada por um exame de ressonncia magntica. O crebro dos voluntrios no mostrou nenhuma reao significativa quando eles eram expostos a obras que no achavam bonitas nem feias. As feias estimularam o crtex motor primrio e a amgdala. J a beleza estimula processos cerebrais bem diferentes.Tanto pinturas quanto msicas consideradas bonitas ativaram com intensidade semelhante uma seo de 15 a 17 milmetros de largura do crtex medial orbitofrontal (alm das reas sensoriais correspondentes). Com base em pesquisas anteriores, que j relacionavam essa regio com a percepo da beleza, os pesquisadores acreditam que pode haver uma ntima ligao nessa atividade com processos relacionados ao desejo, valor e beleza. Isso acontece, por exemplo, quando voc acha uma coisa bonita, passa a desej-la, e isso afeta o seu julgamento. A msica parecia exercer um efeito mais rpido no crebro, mas a arte visual tinha um efeito extra: ela tambm ativou uma parte do crebro chamada ncleo caudado, que tem sido associada a sentimentos de amor romntico e se ativa quando vemos o namorado, por exemplo. E quanto mais bonito voc considera o estmulo, mais a regio se ativa.Portanto, cinema, literatura e afins tm certa razo: a feira no tem ligao com o amor, pelo menos no que diz respeito nossa atividade cerebral. Mas a beleza, sim.A dvida que fica, agora, : amamos porque achamos bonito ou achamos bonito porque amamos?

Por que julgamos as pessoas de acordo com a quantidade de roupas que elas esto usando?Ana Carolina Prado14 de novembro de 2011

Pode parecer absurdo e preconceituoso julgar acapacidade mentale apersonalidadedas pessoas pelaquantidade de roupaque elas esto usando. Mas um artigo de pesquisadores das universidades de Maryland, Yale e Northeastern (EUA), publicado no jornal Personality and Social Psychology, revelou que exatamente isso o que fazemos. E tem mais: seis estudos mostraram que a ideia que fazemos em relao mentalidade e atitudede algum pode mudar significativamente se essa pessoa tira uma blusa ou faz qualquer outra coisa que a faa revelar mais o seu corpo. Assim, instantaneamente.A descoberta expande a ideia difundida h muito tempo de que, quando um homem v uma mulher usando pouca roupa, elese concentra mais emseu corpo e menos em sua inteligncia, o que faz com que ele a veja como um objeto sem mente ou moralidade. Pesquisas anteriores sugerem que isso acontece quando se olha para algum em um contexto sexual, como na pornografia.Mas o novo estudo mostra que, alm de esse efeito ocorrer comambos os sexos, as pessoas com pouca roupano so vistas como mero objeto. Em vez disso,muda-se o tipo de disposio mental que atribumos a elas e isso no acontece s quando seexpedemais o corpo. Mostramos tambm que isso pode acontecer mesmo sem a remoo de roupas.Simplesmente focar nos atributos fsicos de algum, concentrando-se em seu corpo em vez de em sua mente, faz voc ver a pessoa menos como umagente[algum com a capacidade de agir, planejar e exercer autocontrole] e mais como umexperimentador[algum mais focado na sensaes e emoes],explicou ao MedicalXpress um dos autores do estudo, o psiclogo Kurt Gray.Em mltiplas experincias, os pesquisadores puderam comprovar a existncia desses dois tipos de percepo que temos sobre os outros. Quando os homens e mulheres usados como voluntrios focavam no corpo de algum, a percepo de agncia (autocontrole e ao) foi reduzida, enquanto a percepo de experincia (emoo e sensao) foi aumentada.Para os autores, esse efeito ocorre porque as pessoas, inconscientemente,pensam em mentes e corpos como coisas distintas ou at mesmo opostas com a capacidade de agir e planejar ligada mente e a capacidade de experimentar ou sentir ligada ao corpo. De acordo com Gray, as descobertas no so de todo ruim: elas podem ser teis na vida amorosa. O foco no corpo e o aumento da percepo da sensibilidade e emoo que isso provoca pode ser bom para os amantes, diz ele.A roupa, o cuidado e o sexismoSurpreendentemente, o estudo tambm descobriu que um foco no corpo da pessoa pode na verdadeaumentar a postura moral dos outrosem relao a ela pelo menos no que se refere a causar-lhes danos. Embora quem estivesse vestindo pouca ou nenhuma roupa tenha sido visto como menos moralmente responsvel nos testes, eles tambm foram vistos comoindivduos mais sensveise, portanto,merecedores de maior proteo. Os outros parecem ser menos inclinados a prejudicar as pessoas com a pele nua e mais inclinados a proteg-los. Em um experimento, por exemplo, as pessoas eram menos inclinadas a dar pequenos choques eltricos em homens sem camisa do que naqueles que estavam vestidos, explica Gray.No entanto ele destaca que,no ambiente de trabalho ou em contextos acadmicos, nos quais as pessoas so basicamente avaliadas de acordo com sua capacidade de planejar e agir, isso temefeitos negativos:ser visto como um experimentador faz a pessoa parecer menos competente e lhe tira aliderana, o que impacta negativamente a avaliao do seu trabalho. Essas pessoas tambm so vistas como mais reativas e emocionais, caractersticas que tambm podem prejudicar a sua carreira.O aspecto positivo de um foco no corpo, como o aumento no desejo de proteger contra danos, tambm pode ser prejudicial. Segundo os autores, isso pode dar origem ao chamado sexismo benevolente, comum nos Estados Unidos na dcada de 1950, em que os homens oprimiam as mulheres sob o pretexto de proteg-las.

7 fatores que fazem as pessoas acreditarem em coisas estranhasAna Carolina Prado18 de novembro de 2011

Em uma pequena cidade de Illinois (EUA), um bandido misterioso e bizarro estampava as capas dos jornais l por volta de 1944. Tudo comeou com uma mulher que declarou que um homem entrou em seu quarto no meio da noite e anestesiou suas pernas com um spray a gs paralisante. Logo apareceram os jornais com manchetes como BANDIDO DO ANESTSICO SOLTA. E, nos 13 dias seguintes, cerca de 25 casos semelhantes foram relatados e amplamente explorados pela imprensa. A polcia da cidade ficou de prontido. E os maridos com suas armas carregadas. Duas semanas depois, ningum havia sido preso. Enenhumvestgio qumico havia sido descoberto. Assim, tanto a polcia quanto a mdia comearam a se referir ao evento como um caso de histeria de massa.Ondas de avistamentos de ETs, chupacabras, fantasmas ou bandidos bizarros cuja existncia nunca foi comprovada aparecem de tempos em tempos em diversos lugares. s vezes, vira moda ver sinais milagrosos ou mensagens malignas escondidas em msicas, rtulos, filmes. Mas o que leva uma pessoa a acreditar em coisas como essas? disso que fala o livro Por que as pessoas acreditam em coisas estranhas?, do psiclogo e historiador da cincia americano Michael Shermer. O critrio usado por ele para definir o que so coisas estranhas afalta de evidncias cientficaspara comprovar sua existncia.Com base no livro, listamos alguns fatores que influenciam nesse tipo de crena e podem fazer, inclusive, com que pessoas extremamente inteligentes sejam pegas. Afinal, garante ele, ningum est completamente imune histeria coletiva. D uma lida e depois diga pra gente se voc concorda ou no.1. Elas querem acreditarSegundo Michael Shermer, a principal razo pela qual as pessoas acreditam em coisas estranhas simpes: elas querem acreditar. Mas por que? Porque d bem-estar, reconfortante e consola. Para Shermer, se algum perguntar qual a sua posio sobre a vida aps a morte, provvel que voc diga que favorvel. E explica: O fato de eu serfavorvel vida aps a morte no significa que vou consegui-la [ou que ele acredito nela]. Mas quem no a quereria? esse o ponto. uma reao muito humana acreditar nas coisas que nos fazem sentir melhor.2. A gratificao imediataMuitas crenas estranhas promovem um bem-estar instantneo. Shermer cita no livro o exemplo dos mdiuns que atendem pelo telefone a um custo de 3,95 dlares por minuto. Eles usam as chamadas tcnicas de leitura a frio: vo tentando adivinhar as coisas partindo de informaes mais gerais (envolvendo coisas banais que so verdadeiras para quase todo mundo, como presses financeiras vm lhe causando problemas afinal, at Eike Batista ter um dia difcil se perder grana no mercado financeiro). A partir das pistas que as pessoas vo dando, os supostos mdiuns conseguem deduzir as informaes mais especficas que iro impressionar. Se o mdium diz algo que no corresponde realidade da pessoa naquele momento, a sada simples: ele diz que a coisavaiacontecerno futuro. E a pessoa acredita. Afinal, a grande sacada que eles no precisam estar certos o tempo todo. Quem telefona costuma esquecer os erros e lembrar mais dos acertos e, o mais importante, as pessoasdesejamque o mdium acerte. Os cticos no gastam 3,95 dlares por minuto nisso, mas os crentes sim, explica o autor.3. SimplicidadePara termos uma gratificao imediata, preciso que as crenas tenhamexplicaes simplespara as coisas complexas do mundo. Coisas boas e ruins acontecem tanto para as pessoas boas quanto para as ruins, aparentemente de modo aleatrio. As explicaes cientficas costumam ser complicadas e requerem treino e esforo para ser entendidas. A superstio e a crena no destino e no sobrenatural oferecem um caminho mais simples, diz Shermer. Para ilustrar isso, ele conta uma experincia de Harry Edwards, chefe da Australian Skeptics Society (Sociedade dos Cticos Australianos).Edwards publicou uma carta num jornal local falando sobre uma galinha de estimao que ele costumava carregar empoleirada nos seu ombro. s vezes, porm, ela no se segurava e acabava deixando um carto de visitas na sua camisa. Mas o que poderia ser algo desagradvel acabava dando origem a acontecimentos muito positivos. Edwards listou alguns desses episdios e os correlacionou com certos eventos que ocorriam em seguida e chegou concluso de que o coc da galinha lhe trazia boa sorte. Sempre que ela carimbava sua roupa, ele encontrava uma carteira com dinheiro, ganhava na loteria, recebia alguma notcia boa. Ento ele levou a ave para vrias consultas espirituais e descobriu que ela havia sido um filantropo numa vida passada e que tinha reencarnado para fazer o bem s pessoas por meio de suas fezes. Assim, Edwards terminou sua carta ao jornal oferecendo-se para vender saquinhos com o coc da sorte de sua galinha. Era tudo um teste, mas ele recebeu dois pedidos e 20 dlares pela mercadoria. Sim, houve pessoas que compraram a histria. Porque ela era simples mais fcil que as leis da probabilidade, por exemplo.

4. Nvel de incertezas e perigos do localO local onde a pessoa est influencia suas crenas. Estudos mostraram quequanto mais incertezas o ambiente oferece, maior a superstio. O antroplogo Bronislaw Malinowski constatou, por exemplo, que os habitantes das ilhas Trobriand, no litoral da Nova Guin, recorriam mais a rituais supersticiosos medida que se afastavam no mar para pescar. Nas guas calmas das lagoas a que estavam acostumados, os rituais desapareciam. Ele concluiu, ento, que a magia aparece em situaes em que esto em jogo a incerteza, o acaso e um jogo emocional intenso entre a esperana e o medo. No encontramos isso quando a atividade certa, confivel e est sob o controle de mtodos racionais e processos tecnolgicos, conta Malinowski.5. Abertura a novas experinciasEstudos envolvendo experincias msticas concluram que as pessoas com maior predisposio ao misticismo (ou seja, crena em coisas estranhas) tendem a ter uma personalidade com altos nveis de complexidade, abertura a novas experincias, variedade de interesses, inovao, tolerncia ambiguidade e criatividade. Elas tambm podem ter maior propenso a serem absorvidas em fantasias, capacidade de suspender o processo de julgamento que permite separar eventos reais e imaginao e uma boa disposio de investir seus recursos mentais para representar o objeto imaginrio do modo mais vvido possvel.6. O fato de pessoas inteligentes em um campo da cincia no serem necessariamente inteligentes em outroMichael Shermer chama ateno para o fato de que muitos pesquisadores brilhantes em certas reas podem cometer erros e deixar passar fatos importantes, por ignorncia, ao fazerem incurses em outras reas. Os recm-chegados de outros campos, que em geral se enfiam com os dois ps sem o treino e a experincia exigidos, passam a gerar novas ideias que consideram por causa do sucesso que obtiveram em seu prprio campo revolucionrias. O problema que, na maioria dos casos, aquelas ideias j foram avaliadas anos ou at dcadas antes e foram rejeitadas por razes legtimas.7. Pessoas inteligentes acreditam em coisas estranhas porque tm capacidade para defender crenas s quais chegaram por razes no inteligentesSegundo Shermer, a maioria das pessoas constitui suas crenas por uma variedade de razes que no tm muita evidncia emprica nem raciocnio lgico. Elas fazem suas escolhas segundo variveis como a constituio gentica, social, influncia de familiares e amigos, experincias pessoais etc. Selecionamos dentre a massa de dados aquilo que confirme mais as coisas em que j acreditamos e ignoramos ou racionalizamos o que no vem confirma-las. Todos fazemos isso, mas as pessoas inteligentes fazem melhor, seja por talento ou por estarem treinadas, explica. Assim, elas tambm podem defender melhor suas crenas para si mesmas.

Mulheres gostam mais dos homens quando eles esto chateadosAna Carolina Prado9 de maro de 2012

A psicloga Shiri Cohen, da Escola de Medicina de Harvard, fez um estudo junto com outros pesquisadores para o qual conversou com 156 casais sobre seus relacionamentos e descobriu algo interessante: os homens gostam quando suas namoradas ou esposas compartilham sua felicidade com eles.Maso contrrio no verdadeiro.Elas preferem quando os homens compartilham sua raiva ou frustrao. fcil entender a motivao dos homens quer dizer, quem no gosta de ver os outros felizes, n? Mas e quanto s mulheres? Calma, isso no significa que sejamosdo malou algo assim.Segundo Cohen, as mulheres encaram a disposio de um homem em compartilhar sentimentos negativos como um sinal de que ele est investindo no relacionamento e disposto a se envolver. As mulheres tendem a gostar mais de se envolver em conflitos, disse ela. J os homens sentem exatamente o oposto em relao a esses momentos de conflito e encaram isso como uma ameaa relao. por isso que preferem quando todo mundo parece feliz.Parece um problema? No precisa ser. Segundo o estudo, o que realmente importa em um relacionamento se voc sente que a outra pessoa est tentando se conectar a essas emoes sejam elas boas ou ms.

Conselhos errados que as pessoas do: Vrias cabeas pensam melhor do que umaAna Carolina Prado8 de maro de 2012

Essa voc j ouviu: diante de uma deciso difcil, o ideal pedir ajuda. Afinal, ter duas pessoas quebrando a cabea para resolver um problema melhor do que uma s, dizem. Trs, ento, ainda melhor do que duas, e assim por diante. Mas esse no um bom conselho. Por que?Porque nem sempre.Enrolaes parte, a explicao bem simples: ao buscar uma soluo com outras pessoas, voc acabaconfiando mais naquilo que for consensoe dmenos importncia a opinies individuais. Isso pode te fazerignorar pontos importantesou solues mais espertas. O processo colaborativo o prprio problema, explica a psicloga Julia A. Minson, que conduziu um estudo sobre o tema na Universidade da Pensilvnia.Na pesquisa, publicada na revistaPsychological Science, Minson e a psicloga Jennifer S. Mueller pediram a 252 pessoas que estimassem nove nmeros relacionados com a geografia, demografia e o comrcio dos Estados Unidos. Essas estimativas foram feitas individualmente e aps discusses em grupos, e cada pessoa tambm teve que classificar o nvel de confiana em suas respostas.Depois, os voluntrios puderam ver as estimativas de outros e fazer alteraes nas suas prprias, se quisessem. Para deixar a brincadeira mais legal e engajar ainda mais o pessoal cada um ganhava US$30 a cada duas rodadas, mas perdia US$1 para cada ponto percentual que desviasse da resposta correta.Os resultados: 1) Quem trabalhou em grupos de quatro pessoas (ou teve mais crebros pensando sobre um problema)no se saiu melhordo que as duplas ou trios e 2) nas primeiras tentativas,quem trabalhou em dupla acertou um pouquinho maisdo que quem estava sozinho.Masessadiferenasumiu depois que os participantes puderam compararseus palpites com os dos outros e alter-los.O segundo ponto pode ser explicado pelo terceiro: 3) Aqueles que trabalharamcom um parceiroeram mais confiantesem suas estimativas emenos dispostos a aceitar influnciade fora.Segundo as pesquisadoras, esseexcesso de confianacustou caro: se essas pessoas tivessemprestado mais atenoaos nmeros que vieramde foraereconsiderassemseus palpites, provavelmenteteriam se sado melhor. Foi o que aconteceu com quem trabalhou sozinho.Ento no,um grupo de 10 pessoas no 10 vezes melhor. Na verdade, ocorre o oposto: Matematicamente, tem-se um resultado melhor quando a deciso tomada a dois.Para cada pessoa adicional, esse benefcio caiem uma curva descendente, disse Julia Minson.Mas que fique claro que issono significa que devemos abolir o trabalho em equipe. O segredo, segundo o estudo, saber dessa desvantagem (o excesso de confiana) e procurar formas de compens-la. As equipes podem ser incentivadas, por exemplo, a ouvir mais as opinies individuais e as de fora.A mesma coisa vale para um casal que toma uma deciso financeira, por exemplo. S porque voc tomou uma deciso com outra pessoa e se sente bem com isso,no tenha tanta certeza de que j resolveu o problemae no precisar da ajuda de ningum, disse Minson. Em outras palavras, tenha bom senso e no se feche em um mundinho com sua dupla ou equipe.ViaPsychological Science

Estresse muda a forma como tomamos decisesAna Carolina Prado1 de maro de 2012

J teve a impresso de que o estresse deixa voc menos esperto e faz com que tome decises ruins? Pois um estudo publicado naPsychological Sciencepode explicar o porqu. Pesquisadores da Universidade da Califrnia do Sul descobriram quesituaes estressantes mudam a forma como as pessoas avaliam riscos e recompensas.O que acontece que, surpreendentemente, prestamos mais ateno nos possveis resultados positivos de nossas escolhas quando estressados, ignorando as desvantagens o que pode levar a decises das quais temos mais chance de nos arrepender depois.Pense na situao:voc quer trocar de emprego. Assunto estressante, certo? Se voc tem uma nova oportunidade, pode acabar prestando ateno demais no salrio maior e ignorando o fato de que levar o dobro do tempo para chegar ao local de trabalho.O estresse geralmente associado a experincias negativas, de modo que nossa tendncia achar que pensaramos mais nos aspectos negativos de nossas decises, diz Mara Mather, uma das autoras do estudo. Mas experimentos que levaram a situaes de estresse, como ficar com a mo na gua gelada por alguns minutos ou dar uma palestra, mostraram que ocorre o oposto:os aspectos positivos dominam.VciosO foco nos pontos positivos tambm ajuda a explicar por que o estresse desempenha um papel to importante em relao aos vcios. D para entender melhor, por exemplo, por que pessoas viciadas tm tanta dificuldade para controlar seus impulsos. Elas provavelmente pensam mais nosefeitos agradveisdo vcio e ficam menos capazes de resistir a eles.O estresse tambm aumenta as diferenas na forma como homens e mulheres encaram situaes de risco. Enquanto os homens se tornam mais dispostos a se envolver em situaes arriscadas, as mulheres so mais conservadoras.