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Advogado, economista, especialista em Direito Administrativo, palestrante e Vice-Presidente da Jacoby Fernandes & Reolon Advogados Associados.
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O LOBBY LEGAL NAS LICITAÇÕES
O LOBBYLEGAL <'-'
NAS LICITAÇOES por Jaques Reolon
Advogado, economista, especialista em Direito Administrativo, palestrante e Vice-Presidente da Jacoby Fernandes & Reolon Advogados Associados.
O ex-Ministro José Dirceu, condenado no escândalo do
mensalão, precisou negar que participa de uma empresa
de Consultoria no Panamá. Foi um exagero, ser consultor
ou lobista, não é ilegal.
A lei de responsabilidade da pessoa jurídica por atos
lesivos à Administração Pública, Lei nº 12.846/2013,
provocou novo debate sobre a representação comercial,
o /obby_ a legalidade e a ética nas contratações públicas.
A representação comercial é um contrato de colaboração
empresarial em que o representante se obriga a criar
ou consolidar o mercado para o produto fabricado ou
comercializado pelo fornecedor.fll Há duas espécies: por
intermediação e por aproximação.
Na primeira, o colaborador adquire o bem para
revendê-lo - comercializa-o; na segunda, apenas
prospecta interessados na aquisição. O lobby é a
atividade de influenciar para atingir certo objetivo,
similar à representação comercial por aproximação.
Seria possível, então, esses agentes prospectarem
clientes públicos se as compras governamentais devem
atender a uma necessidade pública, evitando-se o
direcionamento das licitações?
[1]
...............................
Interpretação da leitura de material do escritor Fábio Ulhôa Co
elho .
4 4 NEGÓciOS PúsucoS. março 2014
O risco existe, mas esses procedimentos informam-se
por princípios jurídicos e dispositivos legais que
asseguram a participação efetiva dos interessados, tanto
na fase interna -de planejamento, quanto na externa -
de competição. A interação em conformidade com esses
postulados será benéfica à Administração para adquirir,
com eficiência, os bens que precisa e obter propostas
vantajosas na licitação.
A Lei nº 8.666/93 estabelece que a licitação não será
sigilosa, sendo públicos e acessíveis os seus atos, salvo
quanto ao conteúdo das propostas, até a respectiva
abertura. Mesmo estatuto reafirmou essa publicidade
ao assentar que qualquer cidadão pode acompanhar o
seu desenvolvimento, desde que não interfira de modo a
perturbar ou impedir a realização dos trabalhos.
Após a autuação, na fase externa, o processo é
público e se sujeita ao controle popular, do Judiciário
e dos tribunais de contas, que podem excluir cláusulas
restritivas nos editais e corrigir falhas e omissões, de
modo a ampliar a disputa.
Não haveria sentido lógico em garantir a publicidade e a
acessibilidade não fosse para permitir a interferência de
terceiros, quer sejam representantes comerciais, lobistas
ou outros interessados, por razões diversas, como
divulgação de bens ou controle dos atos administrativos.
A Administração, por sua vez, necessita conhecer o
mercado fornecedor, por isso, seus agentes devem
analisar amostras, participar de demonstrações,
realizarem visitas in loco e promover outras diligências
cabíveis, desde que guiados pelos preceitos éticos e
legais aplicáveis, sobretudo normas interna corporis.
Essas ações podem ser promovidas/oferecidas por
particulares aos agentes públicos.
Na medida em que a lei garante a publicidade e a
acessibilidade na fase interna, a Lei Orçamentária, no
início de cada exercício financeiro, já atiçou o mercado
bem antes da instauração do processo de licitação, pois
será pública a alocação dos recursos. Logo, é de se esperar
a atuação de agentes comerciais junto à Administração,
realizando gestões para comercializar o seu bem, que
pode inclusive corrigir os rumos de uma aquisição
desvantajosa e equivocada por desconhecimento do
mercado.
Ademais, o princípio da motivação incide nos
procedimentos licitatórios e impõe justificar as razões de
fato e de direito que ensejam a escolha de determinado
bem, mitigando-se os riscos de direcionamento.
A ficção jurídica, de caráter conservador e acadêmico, de
que basta especificar um bem e estabelecer condições
de disputas razoáveis para contratá-lo é irreal e falha,
O LOBBY LEGAL NAS LICITAÇÕES
pois esquece que se deve demandar o que é viável de ser
produzido e o melhor fornecimento é aquele adaptado
ao mercado privado que o produz.
Aliás, ciente das dificuldades de detalhar adequadamente
o objeto, a nova Lei do Regime Diferenciado de Licitação
RDC permitiu que o particular contratado desenvolvesse
o projeto básico.
Não é a Administração que melhor conhece os bens
em oferta, mas os particulares que os comercializam e
precisam ser ouvidos para que as aquisições ocorram
após análise criteriosa das melhores opções. Por isso,
além de imposição legal, é uma questão de eficiência
administrativa estar em sintonia com o mercado
privado e receber seus representantes com as cautelas
éticas e legais aplicáveis, com vistas a realizar a melhor
contratação possível.
A lei deve ser cumprida: qualquer cidadão ou licitante
pode interagir nas fases do processo licitatório, apenas
requer-se a cautela de balizá-la pelos padrões éticos e
legais estabelecidos, a atividade é legítima e legal. Agentes
públicos e agentes de mercado são colaboradores do
interesse público. m
..... .........................
NEGÓciOS PúsucoS . março 2014 4 5