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capítulo 1

Como criar uma agência de publicidade - depois apagar

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Page 1: Como criar uma agência de publicidade - depois apagar

capítulo 1

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e

O objetivo deste primeiro capítulo

é mostrar como uma agência de

publicidade funciona e quais as

implicações em se montar uma.

Para isso, antes é necessária uma

visão geral de como andam as

organizações no cenário nacional.

É preciso, também, ver o que se fa-

zia antigamente em uma agência de

publicidade em comparação com o

que é feito atualmente, para depois

saber como criar uma agência.

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O Brasil é um dos países onde mais se abrem empresas e negócios.

Infelizmente, a causa dessa tendência não se revela na constatação

de que temos um país de empreendedores, mas que há, realmente,

uma escassez de postos de trabalho. Faltando emprego, a alternativa é

montar o próprio negócio a fim de garantir a sobrevivência. Essa ação,

realizada sem o devido preparo e estudo prévios, tem levado 90% das

empresas a fecharem antes de completarem cinco anos de vida.

Não se quer dizer aqui que abrir um negócio nos dias de hoje é

o mesmo que estar fadado ao fracasso, mas sim que fazer isso sem

planejar com cuidado cada passo é ter uma grande possibilidade de se

perder tempo, energia e dinheiro. Por isso, este capítulo falará sobre

a estrutura necessária para se montar uma agência de publicidade de

pequeno a médio porte. Considera-se em princípio que a maior parte

dos negócios começa com um tamanho razoavelmente pequeno para

depois ir crescendo aos poucos. Aliás, pensar assim, em crescer de

forma gradativa e planejada, é uma boa maneira de evitar grandes

problemas e aumentar as chances de sucesso.

Criação de uma agência

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Há diversos tipos de empresas de comunicação. Algumas

conseguem dar cabo de todas as estratégias de comunicação à

disposição, outras se especializam em determinadas produções.

A primeira dica útil a ser dada é a seguinte: pesquise. Não se

trata de uma pesquisa formal com questionário e amostra, mas

de uma pesquisa secundária* mesmo, que pode ser encaminha-

da por meio da leitura de documentos relacionados às agências,

bem como de uma visita a elas e um bate-papo informal com

os publicitários que já atuam no mercado. É claro que você não

vai chegar dizendo que quer montar uma concorrência àquela

agência. Mas, enquanto se é estudante, é uma boa idéia fazer

visitas a fim de entender como as coisas funcionam. Há livros,

como o Propaganda: teoria, técnica e prática, de autoria

de Armando Sant´Anna, que trazem em detalhes os procedi-

mentos, a hierarquia e os fluxos de uma grande agência de

publicidade e, na internet, você também pode acompanhar

discussões interessantes sobre como anda o mercado para

a publicidade e para as empresas de comunicação no Brasil.

Toma-se aqui a liberdade de afirmar que demandas para estra-

tégias de comunicação bem pensadas sempre vão existir. Afinal,

o mundo caminha sobre a era da informação e não dispor de

um planejamento para se promover a marca, os produtos ou

os serviços de uma empresa é a mesma coisa que pedir para

sumir do mercado. Mas importa ressaltar que essa verdade

está longe de ser assimilada pela maioria dos empresários, que,

* Saiba mais a respeito da pesquisa secundária no sexto capítulo.

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muitas vezes, vêem na comunicação somente uma despesa a mais

para colocar nas planilhas de custos. Isso se deve também ao com-

portamento de muitos profissionais que acabam por denegrir a área,

utilizando-se de negociatas e procedimentos duvidosos para ganhar

em cima do cliente. Bem, esse tipo de profissional está matando a

vaca que lhe dá leite e espalhando uma imagem da comunicação que

não é verdadeira. Cabe a todos que forem atuar na área mostrar o pro-

fissionalismo e os resultados que um bom trabalho de comunicação

pode trazer para o cliente.

1.1 Tipos de agência

A partir de agora, você verá que há vários tipos de empresas publicitá-

rias, que podem variar de tamanho e objetivo de trabalho. Os modelos

que seguem podem ajudá-lo a entender o que existe no mercado.

a) Plena

Uma agência do tipo plena possui profissionais preparados para

trabalhar em praticamente todas as frentes na área da divulgação.

Isso se dá desde a comunicação integrada, que envolve a própria

publicidade e propaganda, à comunicação interna, que reúne as es-

tratégias utilizadas com colaboradores, perpassando todo o processo

de planejamento da campanha publicitária como um todo. Esse tipo

de agência ainda presta serviços a clientes anunciantes, estudando,

concebendo, executando, produzindo e distribuindo publicidade/pro-

paganda aos veículos e aos meios de divulgação.

Isso significa que ela possui, em seu quadro de colaboradores,

profissionais habilitados a atender ao cliente, realizar planejamento de

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mídia, criar campanhas e encaminhar a produção gráfica, a de

RTV, layouts, spots* ou comerciais, além de agregar serviços de

assessoria de imprensa e organização de eventos. Nessa equipe

multidisciplinar, podem ser encontrados designers, publicitários,

relações públicas, jornalistas, webdesigners, programadores

visuais, entre outros.

Uma agência plena, enfim, está capacitada para trabalhar

de maneira holística** com as empresas clientes. Ela poderá

atender à comunicação com os públicos específicos que mantêm

relacionamento direto com o produto dessas empresas e ainda

zelar pela imagem institucional da organização.

b) Bureau de mídia

O bureau*** de mídia é uma agência que fica preocupada com

uma fatia do processo de comunicação: a compra da mídia. Aqui

vale abrir parênteses: o bureau de mídia nasceu da necessidade

de se desvincular a criação da compra do anúncio. Isso aconteceu

porque anunciantes em geral – por culpa de alguns publicitários

inescrupulosos – começaram a desconfiar do planejamento de

mídia proposto pelas agências em geral. O cálculo era simples:

a remuneração da agência, prevista em lei, era realizada pela

* RTV: setor de produção de materiais de rádio e televisão; : dis-posição visual de materiais publicitários impressos; spot: nome que se dá ao comercial de 30” veiculado no Rádio.

** Holístico é o conceito de visão que abrange ao mesmo tempo o todo e as partes (LUFT, 2002).

*** Bureau é a empresa que presta serviços de editoração eletrônica. Na área da publicidade a palavra assume ainda o significado de empresa pequena, micro, voltada para produções de comunicação sejam elas eletrônicas, gráficas ou mesmo negociações de mídia (LUFT, 2002).

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bonificação das veiculações propostas. Isso quer dizer que o cliente

trazia o problema de comunicação (aumento de venda, fidelização de

clientes etc.) e a agência de publicidade sempre se responsabilizava

por escolher as mídias a serem utilizadas na campanha e a criar os

argumentos. Muitos clientes começaram a fazer as contas: “Já que

a remuneração da agência se dá a partir das mídias escolhidas para

minha campanha, quem me garante que ela não está propondo as

mídias mais caras para ganhar mais?”. A partir disso, surgiram, prin-

cipalmente fora do Brasil, os bureaus de mídia, responsáveis somente

pela compra da mídia. Significava, dessa forma, que uma agência

faria a criação e cobraria por esse trabalho específico, e o bureau de

mídia faria a compra dos espaços necessários para a veiculação. O

anunciante queria, com isso, desvincular o planejamento de criação

da escolha das mídias, evitando ter que pagar a bonificação sobre a

venda (o famoso BV) de 20% sobre as veiculações.

Assim, existem hoje, em número pequeno ainda no Brasil, os

bureaus de mídia, que são responsáveis por: a) negociar os valores de

compra de espaço em jornais, rádios, redes de TV e outsides* mídias;

b) realizar o estudo das grades de programação; c) pesquisar no mer-

cado para mensurar os resultados de uma veiculação e d) gerenciar

todo o processo de relacionamento do anunciante com os veículos

de mídia.

c) Bureau de criação ou estúdio

Diferentemente dos bureaus de mídia, estão os de criação ou os

estúdios de criação, os quais se preocupam em realizar o planejamento

* Outsides são mídias externas como outdoor, backlight ou frontlight, as quais serão analisadas no decorrer deste livro.

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de comunicação a partir da criação da campanha. São responsá-

veis por todo o processo criativo, argumentação, mote, imagens,

escolha de personagens, criação e acompanhamento de produ-

ção de layouts, filmes publicitários e peças promocionais. Mas

sua incumbência acaba aí. A negociação, relacionamento com

os veículos de comunicação e compra de espaços, é realizada

por outra organização, que pode ser um bureau de mídia ou o

próprio cliente.

Parênteses

O então presidente da Associação Brasileira das Agências

de Publicidade, Dalton Pastore, comenta essa relação entre

bureaus de mídia e de criação e o anunciante brasileiro numa

entrevista fornecida, em 2005, para a revista About1.

Confira:

ABOUT – Você acredita que o Brasil conseguirá susten-

tar por muito tempo seu modelo de compra de mídia atre-

lada à agência tradicional, mantendo-se de portas fechadas

para as agências de mídia, que avançam em muitos outros

mercados?

PASTORE – (...) Olha só que coisa interessante, o anun-

ciante começou a pensar: “Se eu tenho uma agência que cria,

planeja e compra a mídia, ela poderá estar ganhando alguma

comissão”. Então resolveu dividir a responsabilidade, com

uma agência que planeja e compra a mídia e outra que só cria.

Com este movimento, o anunciante perdeu a possibilidade de

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uma boa idéia de criação interferir na compra da mídia ou de uma

boa negociação de mídia interferir na idéia. Ele abriu mão disso,

objetivando a conquista de melhores preços.

Depois disso, o anunciante passou a pensar o seguinte: “Se

este meu bureau de mídia planeja e compra, poderá estar ganhando

alguma coisa com isso”. Foi assim que surgiu na Inglaterra e na

França o bureau de planejamento, que não compra, só planeja. O

anunciante passou a ter três interlocutores: a agência de criação,

responsável pela estratégia, o planejamento e a criação; a agência

de planejamento de mídia e a agência de compra de mídia.

Mas eis que agora alguns anunciantes já estão pensando o se-

guinte: “Espera aí, a agência que planeja passa seus planos para

a que compra, e, para isto, precisa perguntar qual foi o preço da

mídia, porque o custo pode mudar o planejamento. Então estas

duas agências estão se falando e podem estar combinando uma

comissão”. Por este motivo, alguns anunciantes da Inglaterra e da

França descobriram o seguinte: “Porque nós não voltamos à agência

full service?”. Ou seja: o Brasil está tão atrasado que daqui a pouco

poderá estar na dianteira...

Dessa maneira, torna-se importante partir de um bom estudo de

mercado – e das possibilidades que se tem à mão – a decisão por montar

um bureau seja ele de criação ou de mídia, seja uma agência plena. Há

profissionais que não querem se envolver em compra de mídia e prefe-

rem se dedicar exclusivamente à criação das estratégias. Há também

aqueles que vêem nas negociações com os veículos uma boa maneira

de ajudar seus clientes anunciantes a terem sucesso. Ambos podem ter

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mercado se trabalharem de maneira profissional e integrada às

necessidades dos clientes, mantendo um relacionamento sadio

com as empresas parceiras na consecução da campanha.

d) House

Grandes organizações que possuem altas demandas de

produção de material e muito pouco tempo para processo de

aprovação e correção normalmente optam por manter uma

house-agency, isto é, uma agência de publicidade em casa.

Funcionando como a célula de comunicação da empresa, essa

house conta com praticamente os mesmos departamentos exis-

tentes em uma agência de publicidade a fim de atender aos

demais departamentos da organização, promover a criação das

estratégias de comunicação, criar as campanhas e negociar com

a mídia os espaços a serem utilizados.

Há organizações ainda que decidem por manter houses a

fim de dirimir os custos com agências externas. Em um cálculo

rápido, uma house pode economizar ainda boas porcentagens do

BV, comum em pagamentos de mídia a agências de publicidade

externas. Aos anunciantes que montam sua house pensando

somente em diminuir custos, Zeca Martins, no Propaganda

é isso aí!2, desbanca-os com o argumento da auto-censura. O

autor se pergunta sobre o motivo que leva grandes grupos e a

maioria dos anunciantes de relevante porte a fazerem uso da

agência externa. Para ele, esses clientes sabem que a liberdade

de criação e trabalho é o que garante, muitas vezes, o sucesso

da comunicação. Isso porque as houses tendem a ser subser-

vientes às questões internas da empresa, e a falta de liberdade

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acaba por influenciar a qualidade da campanha e os resultados finais

esperados por ela. Resumindo: os lucros vindos de uma campanha

realizada com liberdade de atuação por uma agência externa podem

valer mais a pena que manter um departamento interno de comunica-

ção. Mas essa decisão deve sempre perpassar outras questões, como o

volume de demanda e o tempo de que se necessita para a criação das

estratégias de comunicação.

e) Editora

Há quem atue em um nicho de mercado específico em que a le-

gislação é mais branda do ponto de vista tributário. As empresas que

trabalham com materiais específicos de divulgação, como fôlderes,

panfletos, folhetos, jornais e livros e que não prevêem a veiculação

de peças na mídia podem ser enquadradas na classificação de edito-

ras. Para esse modelo, o Brasil possui uma legislação específica, na

qual estipula uma alíquota menor de impostos a pagar. Para alguns

profissionais que desejam trabalhar especificamente nessa área é

significativamente mais vantajoso estabelecer-se como editora. Essa

classificação faculta a produção de diversos materiais àqueles clientes

que necessitam de mídias como presentations, relatórios de divulgação

e cadernos de esclarecimentos em detrimento das veiculações mais

comerciais.

1.2 Passos para a criação de uma agência

Se você deseja criar a sua própria agência de publicidade – conside-

radas as categorias de agências anteriormente apontadas – comece

conversando com quem já está no mercado. Há dicas do dia-a-dia que

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livro algum pode suplantar. Mas de início, dois grandes tópicos

merecem sua atenção: a estrutura necessária e o que você terá

que contar como mão-de-obra.

a) Questões legais

O primeiro passo é pensar nas questões legais referentes a

alvará de funcionamento, sede/local de trabalho, nota fiscal e

CNPJ. Consiga o apoio de uma boa assessoria contábil e jurí-

dica para, desde o começo, fazer todos os processos de maneira

correta. Isso vai garantir bons negócios mais tarde.

b) Estrutura

Nesse momento, você também terá que, paralelamente,

pensar em como vai montar a estrutura da sua agência. Bons

computadores com programas atualizados e legalizados (há ain-

da pessoas que acham que softwares de demonstração* podem

resolver seu problema...), móveis ergonômicos** (acredite, você

vai passar um bom tempo da sua vida neles) e uma boa mesa

de reunião para começo de conversa.

c) Prospecção

O terceiro passo, que deve ser encaminhado de maneira

quase simultânea com a documentação legal, é a criação e a

produção do material de divulgação da agência ou, no mínimo,

* As versões demonstrativas de softwares têm a finalidade de permitir que este seja avaliado. Conhecidos como sharewares, demos, evaluation version etc., esses programas têm uma característica peculiar: apre-sentar alguma restrição relacionada ao uso. Muitos usuários preferem utilizar esses sistemas mesmo com limitações do que obter uma licença para usá-los de modo completo.

** Móveis ergonômicos são aqueles que se adequam à estrutura corporal.

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do cartão de visitas. Porque pensar em prospecção de clientes deve

ser ato contínuo.

d) Estrutura pessoal

De acordo com o tamanho dos projetos iniciais que você irá abar-

car, é possível que necessite de suporte de mão-de-obra. Normalmente,

as agências se iniciam com dois sócios, um com o perfil mais comercial,

isto é, que faz o atendimento aos clientes, e outro com perfil mais

interno, de planejamento e criação. É importante saber que uma boa

agência precisa de pessoas competentes nas áreas-chave: Atendimento,

Criação, Planejamento, Mídia e Administrativo, sejam elas sócias ou

não*. É possível também que você prefira começar com um microne-

gócio, dependendo do investimento inicial que está disposto a fazer.

Então, não se preocupe se precisar acumular duas funções. No começo

é assim mesmo, só mantenha um nível adequado de organização entre

as atividades para não se perder.

1.3 Assessoria externa

Bons fornecedores precisam estar à disposição, na manga, para situa-

ções em que alguma campanha não dê tempo para grandes escolhas.

Por isso, ocupe-se de visitar gráficas, gráficas rápidas, produtoras de

áudio e vídeo, além de empresas fornecedoras de outside mídia já no

começo dos trabalhos da sua agência, para ter um bom cadastro e

opções variadas de parceiros.

Além disso, é sempre bom manter contato com um escritório

* No segundo capítulo, o leitor poderá conhecer as principais atividades de cada função para poder escolher bem o profissional de cada área.

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jurídico, principalmente em circunstâncias que envolvam

questões de direitos autorais, propriedade intelectual e uso

de imagens – situações a que as agências de publicidade estão

expostas.

O escritório de contabilidade é outra escolha que deve ser

feita de maneira criteriosa. Pegue referências e entenda deta-

lhadamente todos os procedimentos tributários e legais pelos

quais sua agência precisa passar, pois isso lhe dará segurança

para os fechamentos financeiros. Acompanhe periodicamente

os procedimentos e os pagamentos, conferindo os recibos. Já

ouviu falar no ditado que o “gado engorda sempre com o olho

do dono”? Pois, então, é muito comum também ocorrerem

perdas gigantes, do ponto de vista tributário, pela falta de devi-

do acompanhamento contábil. Se o negócio é seu, acompanhe

de perto.

1.4 Planilhas de custos versus orçamentos

Um dos maiores desafios para o novo publicitário é saber como

entrar no mercado, e mais, como cobrar pelos seus trabalhos.

O jogo de cintura que um profissional mais experiente pode

ter nesse momento é uma ação que pode faltar para quem está

estreando. Por isso, algumas dicas que podem dar uma noção

de cálculo começam na planilha de despesas. Faça sempre as

contas de todas as despesas fixas e coloque esse valor como

piso para seu faturamento mensal. No mínimo, as contas fixas

você precisa pagar todos os meses, então fique atento para seu

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faturamento e a conseqüente busca de clientes ser sempre em prol,

pelo menos, desse mínimo de valor. Os custos variáveis – aqueles

que aparecem a partir de produções extras para determinado cliente

– devem sempre estar inclusos nos orçamentos de cada trabalho, pre-

vistos no BV ou na cobrança do fee*.

Há, ainda, quem calcule o tempo que leva para desenvolver de-

terminado trabalho e, após calcular o valor do custo/hora, totaliza o

orçamento**.

Outras agências ainda seguem a tabela do Sindicato do seu es-

tado – porque os valores podem variar de acordo com a região do

País – aplicando porcentagens desses valores, dependendo do porte

do cliente ou mesmo dos anos de experiência da própria agência. O

importante é ter em mente o mínimo que pode faturar e dividir esse

valor para servir de piso a ser cobrado de cada cliente atendido. Esse

é o seu chão a cada negociação. Abaixo disso, saiba que você está pa-

gando para trabalhar. Além disso, aposte no seu bom senso na hora de

negociar. Há clientes que podem ser fidelizados e, assim, flexibilizar

o orçamento, em algum momento, pode ser uma boa idéia. Só não se

esqueça dos riscos desse procedimento e deixe claro que esse caso é

uma exceção.

Há também pessoas que se acostumam com determinados valores.

Por isso, quando for atender ao cliente pela primeira vez, saiba que

o valor cotado será o ponto de partida para o julgamento de outros

orçamentos futuros que você fará para ele.

* Fee refere-se à remuneração fixa mensal que o cliente paga à agência em alguns tipos de negociação.

** Veja mais sobre o assunto no quarto capítulo.

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1.5 Legislação

As agências de publicidade devem seguir a legislação própria da

área. Um comentário sobre essa regulamentação que precisa

ser feito é a respeito da remuneração. A Lei nº 4.680, original

de 1965, previa a obrigatoriedade do pagamento do BV pelo

anunciante ou pelos veículos de comunicação à agência de

publicidade que intermediava os anúncios. A partir do Decreto

nº 4.563, de 2002, essa obrigatoriedade caiu, deixando anun-

ciantes liberados para fazer sua divulgação diretamente com

os veículos de mídia, facultando aos veículos a possibilidade de

vender espaços diretamente ao anunciante. Na visão de alguns

profissionais, esse decreto acabou por prejudicar os lucros das

agências de propaganda, os quais eram garantidos a partir da

veiculação dos anúncios. Por outro lado, o decreto flexibilizou

os orçamentos facultando às agências a cobrança do BV ou a

apresentação em separado dos seus orçamentos, dos trabalhos

de planejamento e criação ao anunciante.

Esse formato de cobrança trouxe mais transparência nas

negociações de mídia. Era comum alguns publicitários, alme-

jando somente o BV, contratarem mídias nem sempre adequa-

das a cada cliente. Com o tempo, as campanhas não traziam o

resultado esperado, e toda a área ficava marcada pela falta de

competência de alguns, levando várias empresas ao descrédito.

A opção de se fazer negócios de maneira independente do BV ou

com o uso do bureau de mídia de maneira separada resgatou

um pouco da confiança das agências de publicidade.

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Ao leitor, seguem transcritos na íntegra a Lei nº 4.680, que rege

a profissão de publicitário, bem como Decreto nº 57.690, que regula-

menta a execução da referida Lei, e o Decreto nº 4.563, que altera o

regulamento revogando o disposto sobre a remuneração obrigatória

por BV. Leia com atenção, pois o texto traz orientações detalhadas de

relacionamento com fornecedores e desenvolvimento dos processos

pertinentes ao trabalho de publicidade.

Lei nº 4.680, de 18 junho de 19653

Dispõe sobre o exercício da profissão de Publicitário e de

Agenciador de Propaganda e dá outras providências.

Capítulo I – Definições

Art. 1º – São Publicitários aqueles que, em caráter regular e per-

manente, exercem funções de natureza técnica da especialidade, nas

Agências de Propaganda, nos veículos de divulgação, ou em quaisquer

empresas nas quais se produza propaganda.

Art. 2º – Consideram-se Agenciadores de Propaganda os profissio-

nais que, vinculados aos veículos de divulgação, a eles encaminhem

propaganda por conta de terceiros.

Art. 3º – A Agência de Propaganda é pessoa jurídica e especia-

lizada na arte e técnica publicitárias que, através de especialistas,

estuda, concebe, executa e distribui propaganda aos veículos de

divulgação, por ordem e conta de clientes anunciantes, com o obje-

tivo de promover a venda de produtos e serviços, difundir idéias ou

instituições colocadas a serviço desse mesmo público.

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Art. 4º – São veículos de divulgação, para os efeitos des-

ta Lei, quaisquer meios de comunicação visual ou auditiva

capazes de transmitir mensagens de propaganda ao público,

desde que reconhecidos pelas entidades e órgãos da classe,

assim consideradas as associações civis locais e regionais de

propaganda, bem como os sindicatos de publicitários.

Art. 5º – Compreende-se por propaganda qualquer forma

remunerada de difusão de idéias, mercadorias ou serviços, por

parte de um anunciante identificado.

Capítulo II – Da Profissão de Publicitário

Art. 6º – A designação profissional de Publicitário será pri-

vativa dos que se enquadram nas disposições da presente Lei.

§ 1º – Os auxiliares que, nas Agências de Propaganda e

outras organizações de propaganda, não colaborarem, direta-

mente, no planejamento, execução, produção e distribuição da

propaganda, terão a designação profissional correspondente às

suas funções específicas.

§ 2º – Nos casos em que profissionais de outras categorias

exerçam funções nas Agências de Propaganda, tais profissio-

nais conservarão os privilégios que a Lei lhes concede em suas

respectivas categorias profissionais.

§ 3º – Para efeitos de recolhimento do Imposto Sindical, os

jornalistas registrados como redatores, revisores e desenhistas,

que exerçam suas funções em Agências de Propaganda e outras

empresas nas quais se execute propaganda, poderão optar entre

o recolhimento para o sindicato de sua categoria profissional

ou para o Sindicato dos Publicitários.

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Art. 7º – A remuneração dos Publicitários não Agenciadores será

baseada nas normas que regem os contratos comuns de trabalho, asse-

gurando-se-lhes todos os benefícios de caráter social e previdenciário

outorgados pelas Leis do Trabalho.

Art. 8º – O registro da profissão de Publicitário ficará instituído

com a promulgação da presente Lei e tornar-se-á obrigatório no pra-

zo de 120 (cento e vinte) dias para aqueles que já se encontram no

exercício da profissão.

§ Único – Para o citado registro, o Serviço de Identificação

Profissional do Ministério do Trabalho exigirá os seguintes

documentos:

a) 1 – diploma de uma escola ou curso de propaganda;

2 – ou atestado de freqüência, na qualidade de estudante;

3 – ou, ainda, atestado do empregador;

b) carteira profissional e prova de pagamento do Imposto Sindical,

se já no exercício da profissão.

Capítulo III – Da Profissão de Agenciador de Propaganda

Art. 9º – O exercício da profissão de Agenciador de Propaganda

somente será facultado aos que estiverem devidamente identificados

e inscritos nos serviços de identificação profissional do Departamento

Nacional do Trabalho.

Art. 10 – Para o registro de que trata o artigo anterior, os interes-

sados deverão apresentar:

prova de exercício efetivo da profissão, durante, pelo menos, a)

doze meses, na forma de Carteira Profissional anotada pelo

empregador, ou prova de recebimento de remuneração pela

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propaganda encaminhada a veículos de divulgação,

durante igual período;

atestado de capacitação profissional, concedido por b)

entidades da classe;

prova de pagamento do Imposto Sindical.c)

§ 1º – Para os fins da comprovação exigida pela alínea “a”

deste artigo, será facultado aos Agenciadores de Propaganda

ainda não registrados encaminharem propaganda aos veículos,

desde que comprovem sua filiação ao sindicato da classe.

§ 2º – O sindicato da classe manterá um registro dos

Agenciadores de Propaganda, a que se refere o parágrafo anterior,

para o fim de lhes permitir o exercício preparatório da profissão

somente no decurso de doze meses improrrogáveis.

§ 3º – O registro da profissão de Agenciador de Propaganda

tornar-se-á obrigatório no prazo de 120 (cento e vinte) dias para

aqueles que já se encontram no exercício dessa atividade.

Capítulo Iv – Das Comissões e Descontos Devidos

aos Agenciadores e às Agências de Propaganda

Art. 11 – A comissão, que constitui a remuneração dos

Agenciadores de Propaganda, bem como o desconto devido

às Agências de Propaganda, serão fixados pelos veículos de

divulgação sobre os preços estabelecidos em tabela.

§ Único – Não será concedida nenhuma comissão ou des-

conto sobre a propaganda encaminhada diretamente aos veí-

culos de divulgação por qualquer pessoa física ou jurídica que

não se enquadre na classificação de Agenciador de Propaganda

ou Agência de Propaganda, como definidos na presente Lei.

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Art. 12 – Não será permitido aos veículos de divulgação descon-

tarem da remuneração dos Agenciadores de Propaganda, no todo ou

em parte, os débitos não saldados por anunciantes, desde que sua

propaganda tenha sido formal e previamente aceita pela direção

comercial do Veículo de Divulgação.

Art. 13 – Os veículos de divulgação poderão manter a seu ser-

viço Representantes (Contatos) junto a anunciantes e Agências de

Propaganda, mediante remuneração fixa.

§ Único – A função de Representantes (Contato) poderá ser exer-

cida por Agenciador de Propaganda, sem prejuízo de pagamento de

comissões, se assim convier às partes.

Art. 14 – Ficam assegurados aos Agenciadores de Propaganda,

registrados em qualquer veículo de divulgação, todos os benefícios de

caráter social e previdenciário outorgados pelas Leis do Trabalho.

Capítulo v – Da fiscalização e Penalidades

Art. 15 – A fiscalização dos dispositivos desta Lei será exercida

pelo Departamento Nacional do Trabalho, Delegacias Regionais,

assim como pelos sindicatos e associações de classe das categorias

interessadas, que deverão representar às autoridades a respeito de

quaisquer infrações.

Art. 16 – As infrações do disposto nesta Lei serão punidas pelo

órgão fiscalizador com as seguintes penas, sem prejuízo das medidas

judiciais adequadas e seus efeitos como de direito:

multa, nos casos de infração a qualquer dispositivo, a qual a)

variará entre o valor da décima parte do salário mínimo vigen-

te na região e o máximo correspondente a dez vezes o mesmo

salário mínimo;

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se a infração for a do parágrafo único do art. 11, se-b)

rão multadas ambas as partes, à base de 10 (dez) a

50% (cinqüenta por cento) sobre o valor do negócio

publicitário.

§ Único – Das penalidades aplicadas, caberá sempre recurso

no prazo de 10 (dez) dias.

Capítulo vI – Disposições Gerais

Art. 17 – A atividade publicitária nacional será regida

pelos princípios e normas do Código de Ética dos Profissionais

da Propaganda, instituído pelo I Congresso Brasileiro de

Propaganda, realizado em outubro de 1957, na cidade do Rio

de Janeiro.

Art. 18 – Vetado

Art. 19 – Vetado

Art. 20 – A presente Lei, regulamentada pelo Ministério

do Trabalho dentro de 30 (trinta) dias de sua publicação, entra

em vigor na data dessa publicação.

Art. 21 – Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, 18 de junho de 1965.

Decreto nº 57.690 de 1º de fevereiro de 19664

Aprova o Regulamento para a execução da Lei nº 4.680,

de 18 de junho de 1965.

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37

Capítulo I – Dos Publicitários

Art. 1º – A profissão de Publicitário, criada pela Lei nº 4.680, de

18 de junho de 1965, e organizada na forma do presente Regulamento,

compreende as atividades daqueles que, em caráter regular e per-

manente, exercem funções artísticas e técnicas através das quais se

estuda, concebe-se, executa-se e distribui-se propaganda.

Art. 2º – Considera-se propaganda qualquer forma remunerada

de difusão de idéias, mercadorias, produtos ou serviços, por parte de

um anunciante identificado.

Art. 3º – As atividades previstas no Art. 1º deste Regulamento se-

rão exercidas nas Agências de Propaganda, nos Veículos de Divulgação

ou em qualquer empresa nas quais se produz a propaganda.

§ 1º – Os auxiliares que, nas Agências de Propaganda e noutras

organizações congêneres, não colaborarem, diretamente, no plane-

jamento, execução, produção e distribuição da propaganda terão a

designação profissional correspondente às suas funções específicas.

§ 2º – Os profissionais de outras categorias, que exerçam funções

nas Agências de Propaganda, conservarão os privilégios que a Lei lhes

concede em suas respectivas categorias profissionais.

Art. 4º – Consideram-se atividades artísticas, para os efeitos deste

Regulamento, as que se relacionam com trabalhos gráficos, plásti-

cos e outros, também de expressões estéticas, destinados a exaltar

e difundir pela imagem, pela palavra ou pelo som as qualidades e

conveniências de uso ou de consumo das mercadorias, produtos e

serviços a que visa a propaganda.

Art. 5º – São atividades técnicas, para os fins do presente

Regulamento, as que promovam a combinação harmoniosa dos

Page 24: Como criar uma agência de publicidade - depois apagar

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ublicidade e propagan

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a

conhecimentos científicos com os artísticos, tendo em vis-

ta dar à mensagem publicitária o máximo de rendimento e

impacto.

Seção 1ª – Da agência De ProPaganDa

Art. 6º – Agência de Propaganda é a pessoa jurídica espe-

cializada nos métodos, na arte e na técnica publicitários, que,

através de profissionais a seu serviço, estuda, concebe, executa

e distribui propaganda aos Veículos de Divulgação, por ordem

e conta de clientes anunciantes, com o objetivo de promover a

venda de mercadorias, produtos e serviços, difundir idéias ou

informar o público a respeito de organizações ou instituições

a que servem.

Art. 7º – Os serviços de propaganda serão prestados pela

Agência mediante contratação, verbal ou escrita, de honorá-

rios e reembolso das despesas previamente autorizadas, tendo

como referência o que estabelecem os itens 3.4 a 3.6, 3.10 e

3.11, e respectivos subitens, das Normas-Padrão da Atividade

Publicitária, editadas pelo CENP – Conselho Executivo das

Normas-Padrão, com as alterações constantes das Atas das

Reuniões do Conselho Executivo datadas de 13 de fevereiro,

29 de março e 31 de julho, todas do ano de 2001, e registradas

no Cartório do 1o Ofício de Registro de Títulos e Documentos

e Civil de Pessoa Jurídica da cidade de São Paulo, respectiva-

mente sob no 263447, 263446 e 282131 (Redação dada pelo

Decreto nº 4.563, de 31.12.2002).

Page 25: Como criar uma agência de publicidade - depois apagar

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Art. 8º – Considera-se Cliente ou Anunciante a entidade ou in-

divíduo que utiliza a propaganda.

Art. 9º – Nas relações entre a Agência e o cliente serão observados

os seguintes princípios básicos:

I – A Agência assegurará exclusividade ao Cliente, obrigando-se a

não assumir encargo de propaganda de mercadoria, produto ou serviço

concorrente, salvo por explícita concordância de seu Cliente.

II – A Agência não executará qualquer plano de propaganda, que

represente despesa para o Cliente, sem que este lhe tenha dado sua

prévia autorização.

III – A Agência obrigar-se-á a apresentar ao Cliente, nos primeiros

dias de cada mês, uma demonstração dos dispêndios do mês anterior,

acompanhada dos respectivos comprovantes, salvo atraso por parte

dos Veículos de Divulgação, na sua remessa.

IV – O Cliente comprometer-se-á a liquidar a vista, ou no prazo

máximo de trinta (30) dias, as notas de honorários e de despesas

apresentadas pela Agência.

V – Para rescisão ou suspensão da propaganda, a parte interessa-

da avisará a outra do seu propósito, com a antecedência mínima de

sessenta (60) dias, sob pena de responder por perdas e danos, ficando

o Cliente impedido de utilizar-se de quaisquer anúncios ou trabalhos

criados pela Agência, e esta, por sua vez, proibida, durante sessenta

(60) dias, de aceitar propaganda de mercadoria, produto ou serviço

semelhantes à rescindida ou suspensa.

VI – Sempre que trabalhos ou anúncios criados pela Agência, com

aprovação do Cliente, não sejam utilizados ou forem cancelados, após

curto período de divulgação, embora sem rescisão ou suspensão do

Page 26: Como criar uma agência de publicidade - depois apagar

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a

contrato, caberá à Agência uma remuneração especial, a título

de ressarcimento das despesas que efetuou.

VII – Para dirimir as dúvidas surgidas na fixação do valor

de honorários, de reembolso de despesas e indenizações por

perdas e danos, poderão as partes instituir comissão de árbitros,

a cargo de três profissionais, indicados de comum acordo, ou

por associação de classe com existência legal.

VIII – A idéia utilizada na propaganda é, presumidamente,

da Agência, não podendo ser explorada por outrem, sem que

aquela, pela exploração, receba a remuneração justa, ressalvado

o disposto no art. 454 da Consolidação das Leis do Trabalho.

IX – Nenhum elemento de pesquisa ou estilístico poderá

ser deturpado pela Agência ou apresentado na forma capciosa, e

sempre que for utilizado como fator fundamental de persuasão,

será mencionada a fonte de sua procedência.

Seção 2ª – Do Veículo De DiVulgação

Art. 10 – Veículo de Divulgação, para os efeitos deste

Regulamento, é qualquer meio de divulgação visual, audi-

tiva ou audiovisual ao público, desde que reconhecido pelas

entidades sindicais ou associações civis representativas de

classe, legalmente registradas.

Art. 11 – O Veículo de Divulgação fixará, em Tabela, a

comissão devida aos Agenciadores, bem como o desconto atri-

buído às Agências de Propaganda.

Art. 12 – Ao Veículo de Divulgação não será permitido

Page 27: Como criar uma agência de publicidade - depois apagar

41

descontar da remuneração dos Agenciadores de Propaganda, mesmo

parcialmente, os débitos não liquidados por Anunciantes, desde que

a propaganda tenha sido formal e previamente aceita por sua direção

comercial.

Art. 13 – O Veículo de Divulgação poderá manter a seu serviço

Representantes (“Contatos”) junto aos Anunciantes e Agentes de

Propaganda, mediante contrato de trabalho.

§ único – A função de Representante só poderá ser exercida por

Agenciador de Propaganda, sem prejuízo do pagamento das comissões

a este devidas se assim convier às partes.

Art. 14 – O preço dos serviços prestados pelo Veículo de Divulgação

será por este fixado em Tabela pública aplicável a todos os comprado-

res, em igualdade de condições, incumbindo ao Veículo respeitá-la e

fazer com que seja respeitada por seus Representantes.

Art. 15 – O faturamento da divulgação será feito em nome do

Anunciante, devendo o Veículo de Divulgação remetê-lo à Agência

responsável pela propaganda.

Art. 16 – O Veículo de Divulgação ficará obrigado, perante o

Anunciante, a divulgar a matéria autorizada, no espaço ou no tempo

contratado, de acordo com as especificações estabelecidas, não poden-

do o Anunciante, em qualquer caso, pretender influir na liberdade

de sua opinião editorial.

Seção 3ª – Da Ética ProfiSSional

Art. 17 – A Agência de Propaganda, o Veículo de Divulgação e

o Publicitário em geral, sem prejuízo de outros deveres e proibições

Page 28: Como criar uma agência de publicidade - depois apagar

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a

previstos neste Regulamento, ficam sujeitos, no que couber,

aos seguintes preceitos, genericamente ditados pelo Código

de Ética dos Profissionais da Propaganda a que se refere o art.

17, da Lei nº 4.680, de 18 de junho de 1965:

I – Não é permitido:

publicar textos ou ilustrações que atentem contra a a)

ordem pública, a moral e os bons costumes;

divulgar informações confidenciais relativas a negócios b)

ou planos de Clientes-Anunciantes;

reproduzir temas publicitários, axiomas, marcas, mú-c)

sicas, ilustrações, enredos de rádio, televisão e cinema,

salvo por consentimento prévio de seus proprietários

ou autores;

difamar concorrentes e depreciar seus méritos d)

técnicos;

atribuir defeitos ou falhas a mercadorias, produtos ou e)

serviços concorrentes;

contratar propaganda em condições anti-econômicas f)

ou que importem em concorrência desleal;

utilizar pressão econômica, com o ânimo de influen-g)

ciar os Veículos de Divulgação a alterarem tratamento,

decisões e condições especiais para a propaganda;

II – É dever:

fazer divulgar somente acontecimentos verídicos e a)

qualidades ou testemunhos comprovados;

atestar, apenas, procedências exatas e anunciar ou b)

fazer anunciar preços e condições de pagamento

verdadeiros;

Page 29: Como criar uma agência de publicidade - depois apagar

43

elaborar a matéria de propaganda sem qualquer alteração, c)

gráfica ou literária, dos pormenores do produto, serviço ou

mercadorias;

negar comissões ou quaisquer compensações a pessoas rela-d)

cionadas, direta ou indiretamente, com o Cliente;

comprovar as despesas efetuadas;e)

envidar esforços para conseguir, em benefício do Cliente, f)

as melhores condições de eficiência e economia para sua

propaganda;

representar, perante a autoridade competente, contra os atos g)

infringentes das disposições deste Regulamento.

Seção 4ª – Da remuneração, Do regiStro Da ProfiSSão

e Do recolhimento Do imPoSto SinDical

Art. 18 – Aplicam-se ao Publicitário as disposições da Legislação

do Trabalho e da Previdência Social.

Art. 19 – Será obrigatório o registro da profissão de Publicitário

perante o Serviço de Identificação Profissional, do Ministério do

Trabalho e Previdência Social.

§ único – Serão exigidos, para o registro, os seguintes docu mentos:

diploma ou atestado de freqüência (na qualidade de estudan-a)

te), expedido por estabelecimento que ministre o ensino da

propaganda, ou atestado de habilitação profissional fornecido

por empregador publicitário;

carteira profissional e prova do pagamento do imposto sin-b)

dical, se já no exercício da profissão.

Page 30: Como criar uma agência de publicidade - depois apagar

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a

Art. 20 – Para efeito de recolhimento do imposto sindical,

os jornalistas registrados como redatores, revisores e desenhis-

tas, que exerçam suas funções em Agências de Propaganda e

outras empresas, nas quais executem propaganda, poderão optar

pelo desconto para a entidade representativa de sua categoria

profissional ou para a dos Publicitários.

Capítulo II – Dos Agenciadores de Propaganda

Art. 21 – A profissão de Agenciador de Propaganda insti-

tuída pela Lei nº 4.680, de 18 de junho de 1965, e disciplinada

pelas disposições deste Regulamento, abrange a atividade dos

que, vinculados aos Veículos de Divulgação, a eles encami-

nham propaganda, por conta de terceiros.

Art. 22 – O exercício da profissão de Agenciador de

Propaganda é privativo dos que estiverem, nesta categoria,

inscritos e identificados no Serviço de Identificação Profissional

do Ministério do Trabalho e Previdência Social.

Art. 23 – São exigidos para o registro referido no artigo

anterior:

prova, através de anotações da carteira profissional, a)

do exercício efetivo da profissão, durante doze (12)

meses, no mínimo, ou do recebimento, mediante do-

cumento hábil, de remuneração por agendamento de

propaganda, pelo mesmo período;

atestado de capacidade profissional fornecido por as-b)

sociação ou entidade de classe;

prova de pagamento do imposto sindical.c)

Page 31: Como criar uma agência de publicidade - depois apagar

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Art. 24 – Estendem-se ao Agenciador de Propaganda, registrado

em qualquer Veículo de Divulgação, todos os direitos e vantagens

assegurados nas leis trabalhistas e previdenciárias.

§ único – Para os efeitos da legislação de previdência social, o

Agente de Propaganda, sem subordinação empregatícia, será equipa-

rado ao trabalhador autônomo.

Capítulo III – Disposições Gerais

Seção 1ª – Da fiScalização

Art. 25 – A Fiscalização dos dispositivos da Lei nº 4.680, de

18 de junho de 1965, e do presente Regulamento será exercida pelo

Departamento Nacional do Trabalho, pelas Delegacias Regionais do

Ministério do Trabalho e Previdência Social, e pelas entidades sin-

dicais e associações civis de classes representativas das categorias

interessadas, que deverão denunciar às autoridades competentes as

infrações verificadas.

Seção 2ª – DaS PenaliDaDeS

Art. 26 – As infrações ao disposto na Lei nº 4.680, de 18 de junho

de 1965, e no presente Regulamento, serão punidas com as penalidades

abaixo, pelo Diretor Geral do Departamento Nacional do Trabalho

ou pelos Delegados Regionais do Trabalho, e, se de natureza ética,

em consonância com o art. 17 daquela Lei, por proposta do órgão

disciplinar competente da associação de classe a que pertencer o

infrator:

Page 32: Como criar uma agência de publicidade - depois apagar

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a

multa de um décimo do salário-mínimo vigente na a)

região a dez vezes o seu valor;

multa, de dez a cinqüenta por cento do valor do ne-b)

gócio publicitário realizado, se a disposição violada

for a do § 3º do art. 11 deste Regulamento.

Art. 27 – A graduação da multa atenderá à natureza da

infração e às condições sociais e econômicas do infrator.

Art. 28 – Nenhuma pena será imposta sem que seja asse-

gurada ampla defesa ao acusado.

Art. 29 – Poderá o infrator recorrer, dentro de dez (10) dias,

a partir da intimação ou da publicação, no órgão oficial, do ato

punitivo, para o Ministro do Trabalho e Previdência Social, ou

para o Diretor Geral do Departamento Nacional do Trabalho,

se a decisão foi proferida, respectivamente, por este último, ou

por Delegado Regional do Trabalho.

Art. 30 – O recurso, em qualquer caso, terá somente efeito

devolutivo.

Capítulo Iv – Disposições finais e Transitórias

Art. 31 – O registro dos Publicitários e Agenciadores de

Propaganda, que já se encontrem no exercício de sua profissão,

deverá ser obrigatoriamente efetuado dentro de 120 dias, con-

tados da data da publicação do presente Regulamento.

Art. 32 – Para os fins de comprovação do exercício pro-

fissional, a que se refere a alínea a, do art. 25 do presente

Regulamento, aos Agenciadores de Propaganda, ainda não

registrados, será permitido encaminharem propaganda aos

Page 33: Como criar uma agência de publicidade - depois apagar

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Veículos de Divulgação pelo prazo improrrogável de doze (12) meses,

contado da publicação deste Regulamento, desde que provem sua

filiação a entidade de classe sindical representativa.

§ único – A entidade sindical manterá um registro especial para

controle de estágio de doze (12) meses previsto neste artigo.

Art. 33 – O Ministro do Trabalho e Previdência Social elaborará

e exigirá os modelos e instruções que se fizerem necessários à exe-

cução do presente Regulamento e dirimirá as dúvidas surgidas na

sua aplicação.

Art. 34 – Este Regulamento entrará em vigor na data de sua

publicação, revogadas as disposições em contrário.

Decreto nº 4.563, de 31 de dezembro de 20025

Altera o Regulamento aprovado pelo Decreto no 57.690, de 1º de

fevereiro de 1966, para a execução da Lei nº 4.680, de 18 de junho

de 1965.

Art. 1º – O art. 7º do Regulamento aprovado pelo Decreto nº 57.690,

de 1o de fevereiro de 1966, passa a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 7º – Os serviços de propaganda serão prestados pela

Agên cia mediante contratação, verbal ou escrita, de hono-

rários e reembolso das despesas previamente autorizadas,

tendo como referência o que estabelecem os itens 3.4 a 3.6,

3.10 e 3.11, e respectivos subitens, das Normas-Padrão da

Atividade Publicitária, editadas pelo CENP – Conselho

Executivo das Normas-Padrão, com as alterações constan-

tes das Atas das Reuniões do Conselho Executivo datadas

de 13 de fevereiro, 29 de março e 31 de julho, todas do ano de

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a

2001, e registradas no Cartório do 1o Ofício de Registro

de Títulos e Documentos e Civil de Pessoa Jurídica da

cidade de São Paulo, respectivamente sob no 263447,

263446 e 282131”. (NR)

Art. 2º – Os órgãos e entidades da Administração Pública

Federal, direta e indireta, que mantenham contrato com

Agência de Propaganda deverão renegociar, em benefício da

Administração, as cláusulas de remuneração da contratada.

Art. 3º – Este Decreto entra em vigor na data de sua

publicação.

Art. 4º – Fica revogado o Decreto nº 2.262, de 26 de junho

de 1997.

Estudo de casoVisite uma agência de publicidade em sua localidade e classi-

fique-a, a partir das atividades que ela desenvolve, como plena,

bureau de mídia ou de criação ou ainda editora. Pergunte sobre

os conselhos que seus dirigentes dariam a alguém que quer

montar uma agência hoje.

Page 35: Como criar uma agência de publicidade - depois apagar

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Atividade1) Selecione a opção correta. O que é uma agência plena?

a) Aquela que desenvolve todos os processos de comunica-

ção dos quais o cliente necessita, menos veiculação na

mídia.

b) Aquela responsável por somente realizar a criação das

campanhas.

c) Aquela que tem como missão conseguir as melhores

negociações com veículos de massa.

d) Aquela que engloba todos os processos de comunicação

de que o cliente necessita, desde a identificação do pro-

blema até a veiculação das campanhas.

2) Identifique a opção que aponta o motivo de uma empresa mon-

tar uma house:

a) Estar mais perto de casa.

b) Economia de tempo e de custos de campanha.

c) Fugir da subserviência.

d) Não precisar ficar repassando o briefing.

3) Qual foi a grande mudança que o Decreto nº 2.262, de 26 de

junho de 1997, estabeleceu no texto da Lei nº 4.680?

a) Deu exclusividade aos publicitários na criação de cam-

panhas de propaganda.

b) Revogou os dispostos sobre a remuneração dos veículos

de massa.

Page 36: Como criar uma agência de publicidade - depois apagar

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a

c) Renovou os artigos que estabelecem o mercado do

publicitário.

d) Revogou a obrigatoriedade de remuneração por

comissionamento.

4) De acordo com a Lei nº 4.680, é considerada propaganda:

a) A divulgação de idéias para um vasto público.

b) A venda de mercadorias por meio dos veículos de

comunicação.

c) A maneira remunerada de difusão de idéias, pro-

dutos ou serviços.

d) A utilização de técnicas específicas para difundir

idéias.

5) O disposto no Decreto nº 57.690 condena, a partir do prin-

cípio ético da profissão, as seguintes ações, exceto:

a) Produzir, utilizando as técnicas necessárias,

material de divulgação de idéias que favoreçam a

comercialização de produtos.

b) Difamar concorrentes e depreciar seus méritos

técnicos.

c) Publicar textos ou ilustrações que atentem contra

a ordem pública, a moral e os bons costumes.

d) Atribuir defeitos ou falhas a mercadorias, produ-

tos ou serviços concorrentes.