COMO DEUS É A FONTE, OU BASE, DA NOSSA MORALIDADE - William Lane Craig

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    WWW.DEUSEMDEBATE.BLOGSPOT.COM

    COMO DEUS A FONTE, OU BASE, DA NOSSA MORALIDADE?

    WILLIAM LANE CRAIG

    Como Deus a fonte, ou base, da moralidade? Uma coisa moral porque Deus diz que ela ?

    Esse "F Racional": conversas com o Dr. William Lane Craig. Eu sou Kevin Harris, e estamos explorando

    algumas perguntas que voc envia ao website "F Racional" (ReasonableFaith.Org).

    Essas so algumas das perguntas mais interessantes que as pessoas fizeram e o Dr. Craig est lidando com

    elas no seu podcast. Voc pode encontrar muitos recursos, inclusive artigos, debates, udio e vdeo, fruns

    interativos, este podcast e a aula "Defendors" do Dr. Craig, tudo disponvel no nosso website

    ReasonableFaith.Org

    Kevin Harris: Estamos recebendo grandes perguntas no site ReasonableFaith.Org, o

    site do Dr. William Lane Craig, e h perguntas que as pessoas submetem, que o Dr. Craig

    escolher periodicamente responder.

    H uma boa aqui, Dr. Craig: "Como Deus pode ser o fundamento da moralidade ou

    dos valores morais?"

    Vamos falar sobre essa pergunta. Voc lidou com isso bastante, seus artigos lidam

    isso, e ela aparece muito frequentemente eu seus debates.

    Mas "como pode Deus ser o fundamento da moralidade, fundamentar os valores

    morais?"

    William Craig: Eu penso em Deus como a incorporao do Bem Moral, Ele o

    paradigma da bondade, Ele define o que a bondade .

    Pense, como uma analogia, em julgar a msica em termos de ter Alta Fidelidade.

    Ns costumamos ouvir o termo "a gravao foi em Alta Fidelidade", o que significa

    que ela se aproximava ao som da orquestra ao vivo.

    Mas, uma orquestra ao vivo no seria Alta Fidelidade, porque ela no tem nada a que

    se aproximar. Ela o padro!

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    Bem, da mesma forma, os valores morais so definidos por Deus. Ele o padro da

    bondade.

    Seu carter o paradigma da bondade. E o que definir se nossas aes foram boas ou

    no o quo fiis elas so ao padro.Se elas forem Alta Fidelidade ou no, ou se esto afastadas do padro sendo,

    portando, ms.

    Ento, Deus, em sua natureza moral, o paradigma da bondade.

    Ele por natureza, essencialmente bom, amoroso, gentil, fiel, justo, leal, verdadeiro e

    assim por diante.

    Ento, eu vejo os valores morais como definidos paradigmaticamente em Deus, ou

    seja, Deus o padro. Ento, essa natureza moral se expressa em mandamentos divinos que

    so feitos a ns. a partir dessa natureza que Deus no ordena que amemos nosso prximo

    como a ns mesmos, que devemos amar nosso Senhor Deus com todo nosso corao, alma

    e fora, e mente e assim por diante. E esses mandamentos morais constituem nossos

    deveres morais, essa a fonte da obrigao moral que temos: somos ordenados por Deus, o

    paradigma da bondade, a fazer certas coisas.

    Ento ns podemos distinguir entre valores e deveres dessa forma: valores dizem

    respeito ao valor moral de algo, se mal ou bom. Deveres dizem respeito a se algo

    obrigatrio para ns, se certo ou errado. E eu vejo os deveres morais como

    fundamentados nos mandamentos e os valores morais como fundamentados na natureza

    de Deus.

    Kevin Harris: Dr. Craig, os crticos frequentemente dizem que os valores e deveres

    morais so subjetivos e que, mesmo que sejam de alguma forma fundamentados em Deus,so ainda subjetivos porque so sujeitos a Ele e ao que Ele pensa que moral, ento... como

    isso que voc acabou de dizer escapa dessa subjetividade de valores morais em Deus?

    William Craig: Grande pergunta! Se os valores morais fossem simplesmente

    fundamentados na vontade de Deus, se Deus apenas inventasse o que certo e errado,

    arbitrariamente, ento eu concordaria com voc: essa seria a maior das subjetividades! Os

    valores morais seriam apenas declaraes arbitrrias de Deus! E essa posio tem um nome,

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    ela se chama Voluntarismo. O Voluntarismo seria a posio de que os valores morais so

    fundamentados na vontade de Deus e que a vontade de Deus simplesmente decide o que

    bom e mau, certo e errado. A viso que eu apresentei bastante diferente disso porque...

    Kevin Harris: As pessoas poderiam dizer Deus tem a sua opinio e eu tenho a

    minha!

    William Craig: Sim, certo! No, no. A viso que eu apresentei bastante diferente

    disso porque ela diz que os valores morais no so embasados na vontade de Deus. Os seus

    mandamentos a ns que so expresses da sua vontade, mas os valores so

    fundamentados na natureza divina, nas suas propriedades morais essenciais como justia,

    bondade, compaixo, sinceridade e assim por diante. E essas no so arbitrrias, elas no

    podem ser mudadas, elas so logicamente necessrias e, portanto, existentes em quaisquer

    mundos possveis. No h um mundo possvel em que Deus no tenha essas propriedades

    e no exista...

    Kevin Harris: Ento, ns poderamos contrastar Voluntarismo e Essencialismo?

    William Craig: Sabe, interessante que eu no sei se essa viso que eu apresentei

    tenha um nome. uma forma de moralidade do comando divino, mas eu suponho que

    voc possa chama-la de Essencialismo em oposio ao Voluntarismo. E eu acho que isso

    interessante Kevin, porque a acusao que voc fez feita no manual atesta recente

    chamado The Cambridge Companion to Atheism 1 que tem um artigo de David Brinck

    atacando o argumento moral da existncia de Deus. Brinck um eminente eticista, mas,quando voc l a sua crtica da tica testa, a nica verso que ele conhece o Voluntarismo.

    Isso tudo o que ele conhece, e ele ataca isso. Ele no sabe nada sobre o trabalho de pessoas

    como Robert Adams, William Austen, Phillip Quinn e outros que defendem a verso

    1 Um Mundo Sem Deus. Ensaios Sobre o Atesmo, dir. de Michael Martin -http://www.edicoes70.pt/site/node/214

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    essencialista do Comando divino que eu apresentei para voc. Ento ele na verdade est

    atacando um espantalho2. Eu no sei de nenhum cristo filsofo contemporneo que

    defenda o Voluntarismo.

    Kevin Harris: Ento, h muitas formas de teorias do comando divino, e o

    Voluntarismo seria uma teoria do comando divino bastante vulnervel ao ataque.

    William Craig: Sim, eu acho que inaceitvel porque, como voc diz, no final das

    contas Subjetivismo, na verdade. Porque Deus simplesmente invente essas coisas.

    Kevin Harris: Uma vez que Deus absoluto, ontologicamente absoluto, significa

    que seu prprio ser absoluto. Ele o prprio padro. Ns no diramos que Deus sujeito

    sua prpria natureza, porque Deus no sujeito a coisa alguma. O que voc diria? Que

    ele apenas consistente com ela?

    William Craig: Certo! Ele consistente com Sua prpria natureza. Lembre-se, a

    natureza dEle! No o caso de que haja algo fora de Deus que o impulsione a agir de certa

    forma, em vez disso, assim que Deus . quem Ele .

    Kevin Harris: Isso corta o que comumente conhecido como o dilema de Eutfiro?

    Porque eu pesquisei muito sobre isso em websites, e esse um dilema ancestral, de Plato.

    William Craig: William Austen, um grande filsofo cristo da Universidade de

    Syracuse, escreveu um artigo onde ele apresenta essa forma de teoria do comando divino. E

    o ttulo do artigo era O qu Eutfiro deveria ter dito!Ento, quando Scrates perguntou-lhe Uma coisa boa porque a vontade dos

    deuses ou os deuses a querem porque ela boa?, o que Eutfiro deveria ter dito que Tal

    coisa a vontade dos deuses porque eles so bons! Ou Ele bom, se voc colocar isso no

    contexto do monotesmo. Ento, essa a resposta correta, uma terceira alternativa que

    2 Atacar um espantalho: formular uma refutao para um mal-entendido de um argumento. Nesse caso, o

    ateu produziu uma refutao para uma teoria Voluntarista do comando divino, quando na verdade a maioriados cristos defende uma teoria Essencialista do comando divino.

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    soluciona o dilema. Deus deseja tal coisa porque Ele bom! Ele o paradigma dos valores

    morais.

    Kevin Harris: O que voc est dizendo parece explicar porque os valores morais soobjetivos.

    William Craig: Sim, eu acho que isso uma forma de Objetivismo Moral. Assim como

    o Platonismo ! O que os telogos cristos fizeram quando eles leram Plato? Eles tomaram

    o que Plato chamava de O Bom, que era uma espcie de ideal abstrato, que era o

    determinante ou o padro dos valores morais, e disseram No existe essa entidade

    abstrata O Bom! O que Plato estava realmente falando era da natureza de Deus. Ento,

    eles tomaram O Bom e, essencialmente, fizeram dele a natureza de Deus. E, dessa forma,

    tendo o mesmo tipo de objetivismo que a tica platnica tinha.

    Kevin Harris: O que podemos aprender disso? Eles tomaram Plato, suas idias, e as

    aplicaram verdade do Cristianismo!

    William Craig: Exatamente! Eles batizaram Plato! E esse o padro comum dos pais

    da igreja primitiva: eles no apenas rejeitavam a filosofia grega totalmente. Mas, onde eles

    podiam, colocavam suas idias a servio da teologia crist. Ento, em discusses sobre a

    doutrina da trindade, a encarnao, os atributos de Deus... o Cristianismo tem uma

    tremenda dvida para com a filosofia grega, em termos dos conceitos que foram

    empregados na formulao dessas doutrinas.

    Kevin Harris: Vou dizer o que difcil... me faz ter noites em claro s vezes, Bill: os

    valores morais so reais, so objetivos, mas no so como um gs que voc atravessa... no

    esto suspensos de alguma forma. Mas, ento, como eles existem?

    William Craig: Eu acho que voc est certo: eles no existem em si mesmos. Essa foi a

    viso de Plato, que eles existem como objetos abstratos. No existe algo como A Justia, ou

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    A Avareza, ou O Vcio, ou O Auto Sacrifcio. Nessa viso, mesmo que no houvesse

    pessoas, haveria esses valores, simplesmente existindo l fora!

    Kevin Harris: Essa era a viso platnica.

    William Craig: Sim, mas na viso crist, os bens morais existem como propriedades

    de Deus. Ento, eles existiriam no mesmo sentido que ao comprimento de uma barra-metro

    no existe como uma espcie de abstrato chamado O Comprimento, que existe em si

    mesmo, mas uma propriedade da barra-metro, que est l em Paris, e o comprimento da

    barra uma propriedade da prpria barra! E a barra-metro o paradigma para o que o

    Metro . O Metro o comprimento daquela barra.

    Kevin Harris: Obviamente, quando eu disse que eles no esto flutuando por a como

    uma espcie de gs que voc atravessa e no sabe o que fazer, esse gs seria algo material,

    claro. E esses valores so imateriais.

    William Craig:Sim, na viso de Plato, esses seriam chamados Objetos Abstratos, o

    que significa que eles so causalmente impotentes, eles no tm impacto causal em nada. E,

    eu acho que para Plato, eles existiriam alm do espao e do tempo, em vez de no Universo

    de tempo e espao.

    Muitos filsofos pensam que entidades matemticas existem dessa forma. Nmeros,

    conjuntos, e assim por diante. Mas, novamente, os cristos tomaram essas entidades

    abstratas e as internalizaram em Deus e fizeram deles idias divinas.

    Kevin Harris: Certo. Ento, em um sentido, elas so platnicas, so formas que

    simplesmente existem. Mas elas so ancoradas em Deus. Em vez de serem apenas fatos

    brutos ou parte do Universo.

    William Craig: Sim, eu resistiria ideia de que elas so objetos abstratos porque no

    como se Deus criasse essas coisas e elas existissem externamente a Ele. Elas so apenas suas

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    Kevin Harris: E as Morais so propriedades de pessoas. Uma rocha no contem

    propriedades morais, ou uma estrela, poeira csmica ou mesmo um periquito. Ento, elas

    so pessoais...

    William Craig: Certo, elas so pessoa-dependentes. E eu acho que em virtude de

    sermos pessoas como Deus pessoa que ns temos valores morais intrnsecos. E por isso

    que uma nica pessoa mais valiosa do que o Universo material inteiro, o que um

    pensamento maravilhoso, porque apenas pessoas tm valor moral intrnseco. Coisas

    possuem valor extrnseco, que elas conservam os propsitos de pessoas. Um martelo pode

    me ajudar a construir uma casa, dinheiro pode me ajudar a comprar comida, essas coisas

    so extrinsecamente valiosas, pois servem como meios para fins. Pessoas so fins em si

    mesmas, elas so intrinsecamente valiosas, no apenas extrinsecamente valiosas, como

    meios a serem usados para algum fim. Ento, como Agostinho disse, ns devemos amar as

    pessoas e usar as coisas, mas muito frequentemente fazemos o oposto.

    Kevin Harris: Hmm... isso uma culpa sobre todos ns, realmente. Um ctico dir

    bem, se valores morais so objetivos, ento porque nem todo mundo os reconhece e

    concorda sobre os valores morais? Porque h tanto conflito entre pr-vida e pr-escolha, e

    coisas assim?"

    William Craig: Bem, eu acho que dizer que os valores morais so objetivos no o

    mesmo que dizer que eles sempre so claros. Certamente, pode haver reas cinzentas, mas

    certas coisas so claramente certas, ou claramente erradas. Mas, no meio, pode haverquestes morais difceis onde difcil discernir o que certo errado. Dizer que alguns

    valores e obrigaes so objetivos dizer que em qualquer situao moral em que voc se

    encontrar existe uma coisa certa a se fazer e h uma coisa m, ou errada a se fazer, mas no

    o mesmo que dizer que isso fcil de discernir. Ento no devemos confundir

    epistemologia, que como voc conhece os valores e obrigaes morais, com ontologia, que

    a realidade dos valores e obrigaes morais. Eu no estou declarando que, porque essas

    coisas existem objetivamente, elas so sempre fceis de discernir.

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    Kevin Harris: Ns podemos aplic-los incorretamente, embora sejam objetivos. Ns

    podemos fazer a coisa errada, talvez. Embora os valores morais sejam objetivos, ns

    podemos subjetivamente aplic-los.

    William Craig: Sim. Isso est absolutamente certo, o pecado isso. O pecado que

    estamos cados em nossa natureza e amamos a maldade e a injustia, em vez da justia. Ns

    estamos isolados em ns mesmo e buscamos nossos prprios interesses egostas. Ento, no

    surpreendente que, ao olhar para o mundo, ns encontramos culturas que so

    profundamente corruptas e ms. Podemos pensar no apartheid, na frica do Sul, ou na

    Alemanha Nazista, ou culturas e sociedades ditatrias como naes do comunismo

    Marxista, ou at mesmo em naes ocidentais dominadas pelo consumismo materialista.

    No surpreendente, em virtude de natureza pecaminosa das pessoas, que ns veramos

    culturas inteiras sendo afetadas pelo mal e existindo de uma forma moralmente cada.

    Ento, a objetividade dos valores morais no significa que todos os seguem.

    Kevin Harris: Mas isso explica o fato de que pessoas que no acreditam em Deus, ou

    afirmam no crer em Deus, podem ser boas, ou fazer coisas boas, ou reconhecer o certo e o

    errado?

    William Craig: Exatamente! Se no houvesse Deus, eu acho que no haveria valores

    morais objetivos. Tudo, ento, seria simplesmente subjetivo, os valores morais seriam o

    subproduto de presses scio biolgicas sobre a humanidade. Assim como um grupo de

    babunos exibiria comportamento cooperativo porque isso os ajuda a sobreviver, tambmos seres humanos teriam desenvolvido uma espcie de moralidade coletiva que o ajudaria a

    se dar bem na luta para a sobrevivncia. Voc coa as minhas costas e eu coo as suas,

    esse tipo de coisa. Ento, se Deus no existe, me parece que no existe certo e errado, bem a

    mal objetivos, tudo moralmente indiferente. Mas, se existe um Deus, ento at mesmo a

    vida do ateu caracterizada por bem e mal, certo errado, acredite em Deus ou no, porque

    essas coisas no so dependentes da opinio humana.

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    Kevin Harris: Um ctico uma vez me acusou de dizer... eu estava tentando mostrar

    que os h valores morais objetivos e que eles so baseados em Deus e na Sua natureza, e

    assim por diante... que se eu no acredito em Deus, ou se eu de alguma forma amanh vier

    a acreditar que Deus no existe, isso significa que eu vou sair estuprando e roubando. E eledisse que se eu dissesse que no, isso significa que eu no preciso de Deus para me impedir

    de fazer essas coisas. Voc se transformaria repentinamente em um brbaro se amanh

    viesse a pensar que Deus no existe?

    William Craig: Isso entender mal o argumento. O argumento no que, por causa

    da existncia de Deus, ns somos limitados em nosso comportamento moral. O argumento

    que, na ausncia de Deus, o comportamento moral que exibimos no realmente bom,

    apenas ilusrio. Ento, se algum viesse a acreditar que Deus no existe, como muitos

    cristos apstatas fizeram, eles no se transformam imediatamente em brbaros. Mas, isso

    significaria que o comportamento moral que eles continuam a apresentar no realmente

    certo ou errado, se Deus no existe, se eles estivessem certos. Eu acredito que h um Deus,

    ento esse comportamento ainda bom e certo, mas se Deus no existe, e algum vem a

    perceber que Ele no existe, voc pode ainda continuar a viver da forma como sempre

    viveu, por causa de presses sociais, mas no haveria nada de mais certo ou errado nisso

    do que quando voc estava na sua iluso de que Deus existe. Em outras palavras, no se

    trata da crena em Deus, se sim se existe ou no um Deus.

    Kevin Harris: A moralidade de uma sociedade fica pior se ela passa a descrer em

    Deus?

    William Craig: Essa uma pergunta muito boa que, eu acho, apenas um socilogo e

    no um filsofo poderia responder. Certamente, Kevin, quando voc olha para naes que

    foram atestas, como Albnia, e a Unio Sovitica, e a China Comunista, o seu registro

    moral absolutamente assustador, realmente arrepiante. E voc no pode deixar de

    imaginar se o atesmo no contribui para um declnio na coeso moral. Alguns podem dizer

    o que dizer ento das sociedades chinesas com o Confucionismo clssico? Elas no tm um

    conceito de um Deus pessoal e, mesmo assim, no foram sociedades corruptas e

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    degeneradas da forma como era com o marxismo sovitico. Mas importante entender

    que, no Confucionismo, voc tem sim algo chamado o Paraso ou Tien que uma espcie

    de absoluto moral que, eu acho, serve como uma espcie de substituto de Deus. uma

    apreenso um tanto confusa da natureza moral de Deus, ento eles tm esse forte senso deabsoluto moral. No um exemplo de atesmo per se. Eu gostaria de ver algum fazer um

    estudo sociolgico srio sobre isso, e eu ficaria muito surpreso se sociedades dominadas

    por uma espcie de atesmo estrito, uma espcie de materialismo, fisicalismo, no fossem

    de fato moralmente degeneradas.

    Kevin Harris: Em suma, Dr. Craig, os valores morais so objetivos e a melhor

    explicao para isso Deus.

    William Craig: Exatamente. Deus, em sua natureza moral, o padro de bem e mal,

    constitui nossos valores morais e seus mandamentos a ns constituem nossos deveres

    morais de certo e errado.

    QUALA DIFERENA ENTRE OBJETOS CONCRETOSE ABSTRATOS?

    William Craig: Essa uma pergunta muito boa! Estou trabalhando nisso atualmente

    na minha pesquisa. Eu acho que o que define a diferena entre um objeto abstrato e um

    objeto concreto que um objeto abstrato causalmente impotente. Ele no pode produzir

    nenhum efeito. causalmente ineficiente, pode se dizer. Ento, pense no objeto abstrato

    tpico, como o nmero 7, ou um conjunto de nmeros naturais. Se essas coisas realmenteexistem, elas no tm qualquer impacto real, o nmero 7 no pode causar nada! E essa a

    diferena, eu acho, entre objetos concretos e abstratos. Um objeto concreto pode ter efeitos

    causais. At mesmo se estiver isolado no espao, de forma que no possa afetar nada, ao

    menos eles possuem o poder de afetar as cosias, se entrassem em contato ou em

    proximidade com elas. Ao passo que os objetos abstratos so totalmente causalmente

    ineficientes e impotentes. Eles no tm o potencial de afetar qualquer coisa. Ento, eu acho

    que essa seria a caracterstica definitiva do que seria um objeto abstrato.

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    Para mais recursos como esse do Dr. William Lane Craig, v para

    www.ReasonableFaith.Org [ingls] ou www.DeusEmDebate.Blogspot.Com [blog em

    portugus no relacionado ao do Dr. Craig].

    http://www.reasonablefaith.org/http://www.reasonablefaith.org/http://www.deusemdebate.blogspot.com/http://www.deusemdebate.blogspot.com/http://www.deusemdebate.blogspot.com/http://www.reasonablefaith.org/