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COMO ENQUADRAR A TAXA DE GESTÃO DE RESÍDUOS AO
SERVIÇO DO SECTOR PARA ALCANCE DAS METAS Graça Martinho| Waste@nova . FCT/UNL
TÓPICOS
• O que é aTGR
• Histórico da TGR
• Valor TGR Portugal – Problemas com os concursos
• Valor TGR Europa
• Relação TGR objetivos de gestão
O QUE É A TGR
• É um instrumento económico-financeiro, criado para: – Compensar os custos administrativos de acompanhamento das respetivas atividades;
– Alterar comportamentos dos operadores económicos e consumidores, tendo em vista
• Incentivar a redução da produção de resíduos e o cumprimento dos objetivos nacionais em matéria de gestão de resíduos;
• Contribuir para uma gestão mais eficiente e internalização dos custos ambientais.
• Aplica-se às entidades gestoras de: – Aterros (urbanos, industriais não perigosos, inertes e CIRVER);
– Sistemas de gestão de fluxos específicos de resíduos;
– Instalações de incineração e coincineração.
HISTÓRICO DA TGR
• 2006 – Criada pelo Decreto-Lei nº 178/2006 (artº 58º): – Objetivos:
• Compensar os custos administrativos de acompanhamento das atividades das entidades gestoras de resíduos
• Estimular o cumprimento dos objetivos nacionais (redução, valorização desvio aterro)
– Valores:
• 1 €/t CIVER, incineração e coincineração;
• 2 €/t RU depositados em aterro e fluxos específicos geridos pelas EG não reutilizados ou valorizados;
• 5 €/t inertes e industriais não perigosos depositados em aterro;
• Mínimo 5000 €/entidade
– A TGR deve ser repercutida nas tarifas cobradas pelas entidades para garantir o cumprimento do princípio da hierarquia de gestão dos resíduos
– Produto da TGR constitui receita própria e exclusiva da ANR (APA) ou das ARR (CCDR):
• Aplicada para cobertura dos custos administrativos de acompanhamento das atividades das entidades gestoras e na realização das ações tendentes ao cumprimento dos objetivos nacionais em matéria de gestão de resíduos.
HISTÓRICO DA TGR
• 2006 - Regras relativas à liquidação, pagamento e repercussão da TGR
– Portaria n.º 1407/2006, revogada pela Portaria n.º 72/2010
• 2007 - 1ª ano de liquidação da TGR
• 2008 - 1ª Alteração com a Lei n.º 64-A/2008 (OE)
• Agravamento em 50% para os RU caracterizados como recicláveis e depositados em aterro;
• As receitas anuais da ANR e das ARR provenientes da TGR ficam consignadas:
a) Às despesas de acompanhamento das atividades dos sujeitos passivos;
b) Às despesas com o financiamento de atividades da ANR ou das ARR que contribuam para o cumprimento dos objetivos nacionais em matéria de gestão de resíduos;
c) Às despesas com o financiamento de atividades dos sujeitos passivos que contribuam para o cumprimento dos objetivos nacionais em matéria de gestão de resíduos.
HISTÓRICO DA TGR
• 2009 – Regulamento Relativo à Aplicação do Produto da TGR
– Portaria n.º 1127/2009, alterada pela Portaria n.º 1324/2010
• 2010 – Lançamento do Concurso TGR- Nacional
• 2011 – Avaliação e celebração dos contratos de financiamento TGR-Nacional:
– 42 candidaturas, 26 aprovadas, 16 financiadas (valor afeto 2.080.000 € ; 33,4% do total da TGR 2010)
• 2011 – Lançamento dos Concursos Regionais
– 95 candidaturas; foram suspensos após fase de avaliação (valor afeto 2.165.700 €).
• 2011 – 2ª Alteração (Decreto-Lei n.º 73/2011)
– TGR incide sobre os refugos e rejeitados depositados em aterros, incinerados ou coincinerados, quando superiores a:
• 25 % do total de resíduos tratados nas unidades de valorização orgânica;
• 30 % do total de resíduos tratados nas unidades de triagem.
HISTÓRICO DA TGR
• 2014 – 3ª Alteração com a Lei n.º 82-D/2014 – Fiscalidade Verde
– Há uma diferenciação da TGR por tipo de operação (hierarquia - D1, D10, R1)
– Deixa de haver distinção entre origem dos resíduos (urbanos/não-urbanos)
– Indexação da TGR a D1 (100%); 70% operação D10; 25% operação R1;
– Deduções da TGR: valorização material de escórias e cinzas (D10 e R1) ou incorporação no produto final (R1); refugos e rejeitados depositados em aterro provenientes de D10 e R1;
– Isenção no caso de soluções de tratamento impostas por lei (e.g. RH grupo IV, materiais eliminados por ordem judicial; resíduos das campanhas “Limpar Portugal”)
– Valores tabelados da TGR, aumento linear até 2020 (5,5 € em 2015 até 11 € em 2020)
– Valor mínimo da TGR de 5000 € por sujeito passivo, com exceção das entidades de sistemas de gestão de fluxos específicos de resíduos
– É introduzida a Taxa Não Repercutível aplicada aos SGRU (TGR-NR )
• Em função do desvio às metas PERSU (2016, 2018, 2020)
• Não pode ser incluída na tarifa a cobrar municípios.
HISTÓRICO DA TGR
• 2014 – 3ª Alteração com a Lei n.º 82-D/2014 – Fiscalidade Verde – Alteração da repartição do produto da taxa
Fonte: Pedro Santana (APA), Nov. 2015
HISTÓRICO DA TGR
• 2015 - Alterações ao Regulamento do Fundo de Intervenção Ambiental (FIA) (Decreto-Lei 233/2015)
– Para abarcar a consignação das verbas TGR-FIA destinadas a concursos e incentivos a medidas e projetos que contribuam para o cumprimento dos objetivos nacionais em matéria de resíduos
– Criação de um incentivo para os SGRU com bom desempenho na reciclagem (prémio máximo de 1,5 M€, que deve ser deduzido nas tarifas)
– Transferência pela APA e CCDR para o FIA, dos montantes não gastos consignados aos “concursos” de anos anteriores (sujeitos autorização MF)
HISTÓRICO DA TGR
• 2015 – Alteração das regras liquidação TGR (Portaria n.º 278/2015) – Eliminação do pagamento por conta (apenas liquidação definitiva)
– Alargamento data limite da liquidação definitiva (30 junho)
– Cálculo o valor mínimo (VM) da TGR para EG fluxos específicos em função dos rendimentos
– Regulamentação da atribuição do “Prémio” a favor dos municípios (5%) não devedores
– Obriga à publicação de relatório anual afetação receita às despesas consignadas (todas as entidades que recebem receita TGR)
• 2016 – Aguarda-se publicação do Regulamento FIA concursos/incentivos
• Critérios de elegibilidade e atribuição/distribuição prémio
VALORES TGR: PORTUGAL
2,02,5
3,03,5
4,0 4,24,3 4,3
5,5
6,6
7,7
8,8
9,9
11,0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
€/t
Operação%daTGRapagar
D1–Aterro 100%
D10-Incineração(eliminação)
70%
R1-Valor.energética(valorização)
25%
• Aberto apenas 1 (nacional) em 2011:
– MF/DGO não autorizou a aplicação em despesa:
• Do saldo transitado do ano 2010
• Do montante relativo à transição de saldos da receita 2011, 2012 e 2013
– Devido ao facto dos potenciais beneficiários terem atingido o limite de acumulação de apoios estabelecido em Regulamento Comunitário para os apoios de minimis (limites ajuda de Estado)
• Verba disponível FIA para concursos
– Cerca de 23,5 M€ verbas consignadas aos concursos não gastas (30% da TGR recebida pela APA/CCDR em 2010, 2011, 2012, 2013, 2014, menos a verba gasta concurso nacional 2010), mais 3 a 5 milhões da TGR de 2015.
– Falta aprovação do MF para a transferência desta verba
– Falta aprovação do Regulamento FIA
PROBLEMAS COM OS CONCURSOS
Ano: 2014Taxa aterro
(€/t)
RU
(Kg/hab)
%
Aterro
%
Rec.+Comp.
%
Rec.
%
Comp.
%
Incin.
Portugal 5 453 49 30 16 14 21
EU27 (média) 80 475 28 44 28 16 27
Alemanhã Landfill ban 618 1 64 47 17 35
Áustria 60 - 130 565 4 58 26 32 38
Belgica (Fland.) 60 - 120 435 1 55 34 21 44
Dinamarca (1º) 10 - 95 759 1 44 27 17 54
Estónia 65 357 8 37 31 6 56
Holanda (1º) 40 - 50 527 1 51 24 27 48
Suécia 50 - 75 438 1 49 33 16 50
VALORES TGR: EUROPA
• Países da UE com menos de 10% de deposição em aterro
Fontes: CEWEP the Confederation of European Waste-to-Energy Plants (http://cewep.eu/media/cewep.eu/org/med_557/1406_2015-02-03_cewep_-_landfill_inctaxesbans.pdf); EUROSTAT (http://ec.europa.eu/eurostat/documents/2995521/7214320/8-22032016-AP-EN.pdf/eea3c8df-ce89-41e0-a958-5cc7290825c3)
RELAÇÃO TGR OBJETIVOS DE GESTÃO
• Países com melhor desempenho, fatores de sucesso:
– Têm objetivos e metas ambiciosas, a nível local e nacional
– Têm taxas de deposição em aterro elevadas
– Têm sistemas tarifários tipo PAYT para a recolha de resíduos indiferenciados
– Têm restrições à deposição em aterro (landfill ban)
– Recolha seletiva obrigatória, sistemas de recolha porta-a-porta, incluindo RUB
– Têm boas estratégias de informação e motivação da população
– Têm uma boa combinação entre os municípios e as EG de sistemas PRAP ou mecanismos de mercado livre de materiais recicláveis combinados de forma eficaz
• Sobre a TGR
– Não é evidente a relação entre taxa de deposição em aterro e a redução de RU em aterro
– Não garante por si só os objetivos da política de gestão de resíduos, é necessária uma combinação com outros instrumentos económicos e legislativos
DEBATE: VI Como enquadrar a Taxa de Gestão de Resíduos ao serviço do Sector para o alcance das metas. Várias perspetivas para uma taxa. Incentivo ou custo?
Carlos Raimundo, Assessor da Direção da AEPSA – Associação de Empresas Portuguesas para o Sector do Ambiente
Mário João Fernandes, Consultor e Especialista de Direito do Ambiente da Abreu Advogados
Paulo Praça, Presidente da Direção da ESGRA – Associação de Empresas Gestoras de Sistemas de Resíduos e Diretor Geral da Resíduos do Nordeste