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Como Formatar o seu Roteiro

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HUGO Moss

Como Formatar o seu Roteiro

um pequeno guia de Master Scenes

revisado com uma nova introdução

Page 5: Como formatar.pdf

CORyrigh.t@ 2002 by Bllgo Moss

Capa e projeto gráfico:

ADRIANA MORENO

ProdUção editorial:

CHRISTINE DIEGUEZ

Revisão:

LÚCIA NASCIMENTO ARAÚJO

M913 Moss, HugoComo formatar o seu roteiro: um pequeno guia

de master scenes /

Hugo Moss. - Rio de Janeiro: Aeroplano, 2002.32p.; 14x18 cm

ISBN: 85-86579-35-1

Roteiros cinematográficos - Técnica. 2.Redação técnica. I. TítUlo.

CDD: 791.43

Apoio:

Direitos Reservados

AEROPLANOEDITORA E CONSULTaRIALTDA.

Av. Ataulfo de Paiva, 658 sala 402 - Leblon - Rio de Janeiro - CEP 22 404-030

Te!.: (21) 2529 6974 Telefax: (21) 22397399

E-mail: [email protected] e sire: www.aeroplanoeditora.com.br

-'

Page 6: Como formatar.pdf

ApresentaçãoRoteiros cinematográficos não se enquadram em categorias literárias.

Essa é a maior lição que Hugo Moss nós dá neste guia aparentemente

simples, mas completo do ponto de vista técnico cinematográfico.A maior qualidade de um roteirista é ter olho de cineasta. Saber ver e

mostrar é o que distingue um profissional da imagem de um escritor. O quenão significa que autores literários não possam ter uma sensibilidade visual

aguçada e mesmo criem textos como se suas palavras tivessem sido processadas

num obturador de câmera. Textos que podem ser considerados quase-roteiros.

No auge do cinema hollywoodiano, alguns produtores contrataram, apeso de ouro, escritores renomados para escreverem seus roteiros. Raramente

esses roteiros funcionaram. Em geral, quando projetados nas silver screens,decepcionavam. O porquê dessa decepção pode ser encontrado no texto de

Moss. Esse britânico, radicado entre nós, trata com competência e concisão

de um problema fundamental na feitura de roteiros: sua apresentação correta,em formatação adequada, o que permite a leitura clara de seu conteúdo.

Essa é a condição básica para o sucesso da produção audiovisual e o apoionecessário para o bom desempenho dos produtores e diretores de cinema.Há roteiros que conhecidamente salvam filmes. Na realidade, o roteirista é

um co-autor e como tal deve ser considerado legal e financeiramente.

Um livrinho como este sairá como pão q~ente e contribuirá para o

enriquecimento de nossos olhos em salas de projeção, telões e telinhas.

E ficamos todos muito a dever ao autor. Basta lê-Io com atenção e

conferir. O que Hugo Moss nos demonstra aqui é a importância de conter

nossos impulsos retóricos, convidando-nos, em nome da imagem, aoexercício da concisão e da objetividade.

O bom roteirista seria aquele que, por escrito, nos permite o ver-antes.

Não o ver-mais nem o ver-demais. É isso mesmo, aproveitem.

EMBAIXADOR ARNALDO CARRILHO

Diretor Presidente da RiofilmeJunho, 2002

Como I 5

Page 7: Como formatar.pdf
Page 8: Como formatar.pdf

o crescente número de livros, seminários, cursos e concursos voltados

para roteiristas desde meados dos anos 90 é um reflexo claro de que o Brasil

está finalmente questionando como a famosa frase "uma idéia na cabeça e

uma câmera na mão" tem sido interpretada por muitos cineastas desde o

Cinema Novo. Em vez de compreender que aquilo fora um corajoso grito de

otimismo desesperado em meio à repressão, a frase tem sido (ab)usada como

desculpa para fazer filmes sem o menor cuidado. Filmes com roteiros

rudimentares, escritos com preguiça e uma fé cega de que alguma força

mágica conseguiria "dar um jeito no set", e colocar ordem na bagunça

deixada pelo roteirista. Filmes até sem roteiros. E o pior de todos os pecadosmortais: filmes chatos.

Mesmo nos anos da "retomada" - de quase dez anos para cá - entre os

vários elementos que compõem a produção de um filme, o roteiro foi o

que evoluiu menos até hoje. O Brasil produz filmes com belíssima

fotografia, uma invejável qualidade de som, até com direção inovadora,

praticamente com todos os aspectos de produção de alto nível. Enquanto

isto, a maior parte dos roteiros é somente razoável. Existem algumas

notáveis exceções, claro, mas a grande maioria dos roteiros p.roduzidos

deixa muito a desejar.

7Como Formatar o seu Roteiro

Page 9: Como formatar.pdf

Todo cuidado é pouco, quando se trata de um roteiro de cinema,

primeiro porque o produtor vai gastar menos tempo e dinheiro produzindo

um roteiro bem elaborado, do que um roteiro cheio de problemas e mal

escrito. Portanto todo cuidado é o que produtores inteligentes devem estar

exigindo de roteiristas. Mas, todo cuidado, muito talento, grandes doses de

energia e toneladas de criatividade é o que devemos às pessoas que vão gastar

uma a duas horas da sua vida, além do seu precioso dinheiro, assistindo aosnossos filmes.

Todo cuidado começa com um roteiro apresentado de uma maneira

profissional. Felizmente, a formatação padrão de roteiros de cinema é uma

coisa extremamente simples, que pode ser dominada em uma questão dehoras.

Todo cuidado começa aqui.

8 I Come Format"' o eec Roteiro

Page 10: Como formatar.pdf

Antes de começar- preparando a pdgina

"I

Uma maneira de se assegurar de que você não precisa pensar na

formatação o tempo inteiro, e de se liberar para se concentrar na parte

exclusivamente criativa, é criar tabs, macros e modelos para tomar conta

dessa tarefa. Usuários mais adeptos de MSWord não levariam uma manhã

para criar uma pequena batra de ferramentas com botões para alterar os tabs

para diálogos etc.

Existem também vários programas no mercado para ajudar a trabalhar o

seu roteiro (meu favorito é o Movie Magic Screenwriter, só que não é muito

apropriado para iniciantes, porque custa uns US$200), além de templates

(modelos) distribuidos como shareware pela internet, como:

ScreenPro - http://members.aol.com/jackwpass/aspire.html

Simply Screenplay - http://www.dependentfilms.netldownload.html

.~

I

Como Fotmatar o .,eu RoteÜo I 9

Page 11: Como formatar.pdf

Fonte

Tamanho do Papel

Numeração

Margens *Vertical

Ação/Cabeçalhos

Nomes

Diálogo

Instruções para o ator

Justificação

Espaçamento

10 IComo Formatar o seuRoteiro

-Courier 12 point 10 pitch. Em MSWord paraWindowsestafontese chamaCourier New.

Nunca se usa itálicos.Nunca se usa negrito.

Cana (27,94cm x 21,S9cm)

Em cima, à direita, geralmente seguida por um ponto.

Em cima 2,Scm

Em baixo 2,Scm-3cm

Esquerda 3,ScmDireita 3,S-4cm

9cm da esquerda

6,Scm da esquerda7,Scm da diteita

7cm da esquerda

* Estas medidas se referem à página impressa, e não à

configuração de margens dentro do seu software.

Diálogo e ação para a esquerda.

Espaço simples para: nomes/instruções para o

atot/diálogo; ação;

Espaço duplo (uma linha em branco) entre:

cabeçalho e ação; ação e nomes; diálogo e ação;

FADE IN: e o primeiro cabeçalho; a última linhae FADE aUTo

Espaço triplo (duas linhas em branco) entre: ação

ou diálogo e cabeçalho.

Page 12: Como formatar.pdf

Colocando seuroteiro na

1. Capa

3/8 da pdgina, centralizado:

Em baixo:

" .paglna

"O TÍTULO"

um roteiro

de

Seu Nome

Copyrlght @ 200X by Seu Nome

Todos os direitos reservados

Seu endereço

Telefone

E-mail

Como Formatar o seu Roteiro

11

Page 13: Como formatar.pdf

I'.

2. A primeira e última página

Você deve começar a primeira página do seu roteiro da seguinte maneira:

No começo:

Dê cinco Enters e na sexta

linha, centralizado na página,

entre aspas e em maiúsculas,escreva "O TÍTULO" doseu filme.

1.

"DENISE PÀRA DE FUMAR"

Na décima linha, no lado

esquerdo da página, as

palavras: FADE IN: FADE IN:

Mais dois Enters e, na décima-

segunda linha, escreva o

primeiro cabeçalho.

INT. CASA DE DENISE - DIA

(... )

No final:

Depois da última linha doroteiro, dois Enters e as

palavras FADE OUT. Mais

dois Enters, e FIM, ou O

FIM, centralizado na página.

( . ..)

FADE OUT.

'II

I

~

FIM

12 I Como I"ormatôr o eeu Roteiro

Page 14: Como formatar.pdf

3. Os TrêsElementos Básicos do Roteiro

Cabeçalhos

Em inglês, slug lines ou scene headers. Em vez de dividir o roteiro em cada

pequeno plano da câmera, dividimos histórias para o cinema em blocos de

ação dramática. Em inglês se chamam Master Scenes, literalmente "cenasmestre" .

li..

II~o cabeçalhoé um pequeno títUlo informativo anunciando o inicio de

uma nova cena. Uma nova cena quer dizer: ou que mudamos de tempo, ou

que mudamos de lugar (e na maioria dos casos, de tempo f de lugar).

o cabeçalho contém três

informações: 1) onde;

2) precisamente onde; e

3) quando. São escritos emmaiúsculas com um tracinho

separando 2) e 3) , assim: INT. CASA DE DENISE - DIA

~

1) pode ser I NT. (interior)

ou EXT. (exterior); 2) é uma

identificação curta do lugar, e

3) pode ser DIA ou NO ITE

li!

Podemos usar mais de um

sujeito, assim: EXT. CASA DE DENISE - TERRAÇO - NOITE

iill

!ii

Ou assim (prefiro esta

variação) : EXT. CASA DE DENISE/TERRAÇO - NOITE

ConoI 13Rote'"o

J.

IrJII!'I

Page 15: Como formatar.pdf

Não é necessário usar um

novo cabeçalho quando

mudamos de lugar dentro de

um apartamento ou prédio.

Quando vamos da sala, por

exemplo, para a cozinha, éfeito assim:

Ou assim (prefiro esta

variação) :

Denise se levanta e vai em direção à

cozinha.

COZINHA

Denise abre a geladeira e pega uma

cerveja.

Denise se levanta e vai para a...

COZINHA, onde abre a geladeira e pega

uma cerveja.

Mas atenção: se saímos do INT. SALApara EXT. TERRAÇO usamos

um novo cabeçalho porque mudamos de lugar INT. para EXT. E se

continuamos na INT. SALA, mas pulamos para daqui a uma hora, também

precisamos de um novo cabeçalho (INT. SALA - MAIS TARDE),

porque mudamos de tempo.

Outro elemento do cabeçalho é a numeração de cenas. Para roteiros de

especulação não são indispensáveis, mas, se você gostaria de numerar suas

cenas, é feito na margem esquerda, assim:

42 EXT. PEDRA DA GÁVEA - NOITE

Atenção: colocar números de cenas deve ser a última coisa que você faz,

antes de imprimir seu roteiro! Você corre o risco de renumerá-Iasincessantemente até a versão final.

14 ICornoFormatar o seu Roteiro

Page 16: Como formatar.pdf

1

~1

Ação/Descrição

li-I

I

o que estamos vendo. Descrições dos personagens, o que eles estão

fazendo, os lugares, e tudo que os espectadores vão precisar (e conseguir)

capturar visualmente, para apreciar sua história. E nada mais!Parece fácil? Pois é, mas o erro Número Um de todos os roteiristas no

mundo (tudo bem, talvez deva mudar isto para" quase todos", afinal um

milagre é sempre possível) é de escrever e descrever d-e-m-a-i-s, de encher

seus roteiros de informação que o espectador não precisa ou jamais

conseguiria entender. As únicas informações que se deve escrever na

ação/descrição do seu roteiro são as que são fundamentais para avançar a

história e revelar seus personagens. Ou seja, o que acontece visualmente.

Outro erro comum, além de (d)escrever demais, é incluir fatos que

difícilmente são possíveis de capturar com a informação disponível na tela.

EXT. ESTRADA - DIA,\

Um carro desce uma estrada em direção ao

Rio de Janeiro. Dentro, um grupo de

músicos, cujo cantor é um homem escuro

com cabelos curtos, como um punk do

Terceiro Mundo. É Jorge Salgado, que

está chegando ao Rio para fazer dois

shows gratuitos na praia de Ipanema.

Evidentemente, vendo só um carro descendo uma estrada, é dificil

imaginar como a audiência poderá saber detalhes sobre os ocupantes, muito

menos adivinhar o motivo específico da viagem. Estas informações teriam

que ser inseridas na história de uma outra forma (visual), se é que sãofundamentais, e se não, serem descartadas.

15Como Formatar o seu Roteiro I

III

Page 17: Como formatar.pdf

Também continua valendo a minha oferta de pagar o almoço para quem

reconhecer o filme cujo roteiro contém o seguinte trecho de ação/descrição,um verdadeiro desafio para o atOr (mudei o nome):

Geraldo bota o chapéu, faz

imperceptivel com a cabeça

um movimento

e sai.

Posso imaginar a situação no dia em que filmaram esta cena, com o

diretor insistindo num outro take, porque o ator não fez o movimento com a

cabeça, e o furioso ator insistindo que fez.

Alguns elementos da ação/descrição são escritos em letras maiúsculas:. PERSONAGENS com falas, na primeira vez em que aparecem no roteiro,

ou na primeira vez em que aparecem em cada cena (prefiro a segunda

variação). as palavras ENTRA e SAI (de cena). SONS que precisam ser artificialmente criados, como um TELEFONE ou

SINO tocando, um TIRO, EXPLOSÕES etc., sons que serão colocados

na trilha sonora do filme durante a pós-produção. Maiúsculas não são

necessárias quando atOres fazem barulho, batendo portas, quebrando

pratOs, ligando motores etc. (estes sons geralmente serão captados no set).. OBJETOS DE CENA importantes para a narrativa da cena: uma ARMA,um RÁDIO, TELEFONES etc.

16 I Como Forma..", "t<n

Page 18: Como formatar.pdf

T

Falas/Diálogo

o que estamos ouvindo. Falas são compostas por dois - ou três -

componentes: o nome do personagem; as palavras que diz; e, às vezes,umapequena indicação de como ou para quem devem ser ditas estas palavras.

1. Nomes

Os nomes em cima de falas são escritos em maiúsculas e podem ser

seguidos por uma ou duas das três indicações a seguir:. (V. O .) (para voice over), quando escutamos a voz de um narrador,

alguém falando num alto falante, a voz no outro lado do telefone, os

pensamentos de um personagem, etc. Ou seja, quando a gravação da falanão será feita na cena em si.

. (O. S .) (uma abreviação de offscreen ou offstage), quando o ator está no

set, mas não está visível durante a fala: está num outÍo quarto, trancado

dentro de um armário, ou no outro lado de um muro, por exemplo.

. (cone), para "continuando", é colocado depois do nome, ou depois de

(V. O .) ou (O. S . ) , na continuação de uma fala quebrada por

ação! descrição.

2. Instruções para o ator

Uma pequena indicação colocada em parênteses numa linha entre o

nome do personagem e a fala em si, assim:

PORTEIRO

(constrangido)

Não sei.

Estas instruções devem ser evitadas, por dois motivos. Primeiro, nenhum

ator gosta - e nem precisa - ser instruído sobre como deve dizer suas falas. E,

mais importante, se você sente a ctecessidade de se apoiar insistentemente nestas

,01 17

Page 19: Como formatar.pdf

instruções, é sinal de que você não está dando suficiente atenção ao drama e aos

diálogos em si. O constrangimento, ironia, raiva etc. têm que estar nitidamente

presentes no conteúdo de cada fala, e se não estão encharcadas de

constrangimento, ironia ou raiva, não vai ser por uma indicação adicional - na

verdade, implorando ao ator para dar um jeito - que um milagre acontecerá.

É quase sempre possível evitar o uso destas instruções, limitando-as aos

poucos momentos em que o tom ou sentido da fala seja realmente ambíguo.

3. A palavra

Bom diálogo no cinema tem duas características: 1) parece que é

realístico, e 2) não é. Diálogo, como tudo no cinema, é maior que na vida

real, e tem que ser muito mais eficiente. Como Ação/Descrição, ele deve

servir para levar a história para frente s; revelar os personagens, mas ao

mesmo tempo não deve ser o principal condutor da história. Em bom

cinema, a história é carregada através da ação e reação dos personagens.

Enquanto agem e reagem, é só natural que os nossos heróis falem. Ou seja, a

fala deve fazer parte da vida e drama do personagem, e não ser usada pelo

roteirista simplesmente para passar informação para a platéia (o general

explicando, por exemplo, com mapa e bastão, o objetivo da missão, onde

está o inimigo, suas tropas, as posições a serem tomadas, a previsão de

tempo, cotação do dólar e as dezenas sorteadas da Mega-Sena).

Se uma fala é quebrada por uma divisão de página, escreve-se (MAIS)

centralizado numa linha embaixo do diálogo no final da página anterior, e

inicia-se a continuação com o nome seguido por (con t. ).

18Como Formatar o seu Roteiro

Page 20: Como formatar.pdf

Como dirigir seu roteiro

Em geral, o roteirista não deve gastar energia pensando em ângulos de

câmera, cortes de cena e oUtras considerações do diretor, fotógrafo e

montador. Mas, às vezes, alguns recursos técnicos podem ser muito úteis para

poupar tempo e espaço, ajudando o roteiro a fluir melhor. Como mostrar,

por exemplo, algo acontecendo na rua, sem cortar para uma nova cena, e

sem ter que usar outro cabeçalho para voltar para o apartamento? E como

mostrar algum detalhe importante que ninguém na cena está vendo?

Aqui estão os que podem precisar com mais freqüência:

Transições

São indicações sobre como cortar de uma cena para oUtra. A justificação é

sempre à direita, com uma linha entre a última linha da cena anterior e o

cabeçalho da cena seguinte.

~

É a rransição standard,

portanto um pouco supérflua"

na minha opinião. Porém

eventualmente pode ser

urilizada para enfatizar uma

mudança de seqüência, ou de

tempo (voltamos ao presente,

por exemplo).

CORTA PARA:

...

Para cortar lentamenre de

uma cena para ourra.

FUSÃO PARA:

Quando cortamos, por

exemplo, de uma aliança na

vittine de um joalheiro, paraela sendo colocada na mão de

uma noiva na igreja.

MATCH CUT:

19ComoFormataro seu Roteiro

Page 21: Como formatar.pdf

Planos

Em inglês, camera shots. É quando pulamos fora da cena por um

momento para ver uma coisa importante destacada. Na maioria dos planos,

os termos técnicos são mantidos em inglês.

Os dois primeiros, POV e INSERT, sempre terminam em VOLTA À

CENA, ou então no cabeçalho novo da próxima cena.

POV

Ponco de vista (Point Of

View). Olhat através dos

olhos de um petsonagem

pode set muitO útil. É feitOassim:

(.. .)

o barulho de um CARRO CHEGANDO alerta

Guilherme. Ele vai até a janela.

POV GUILHERME

Policiais saltam de um carro e correm em

direção à entrada.

VOLTA À CENA

Guilherme rapidamente fecha o cofre

novamente, corre até a porta e SAI.

(.. .)

Na verdade, neste exemplo, só a reação dele depois de olhar pela janela

deve ser suficiente para "dizer" que os policiais estão chegando, mas poderia

eventualmente ser muito importante para a narrativa estabelecer que são os

policiais que estão chegando - e não os espiões, por exemplo - e neste casoPOV seria a maneira mais eficiente de fazer isto.

I

I

L--

20 IF em"ar se" "ate rn

Page 22: Como formatar.pdf

INSERT

Uma rápida inserção de umdetalhe.

CLOSE SHOT e CLOSEUP

São freqüentem enteconfundidas.

CLOSE SHOT é um plano

da cabeça e ombros de um,

ou até dois, personagens.

..

~

CLOSEUP examina de perto

o detalhe de um personagem

ou objeto.

!

! I

~

(.. .)

INSERT - RODA DO CARRO

o último parafuso solta e cai na

estrada.

VOLTA À CENA

(.. .)

(.. .)

CLOSE SHOT - GUILHERME

que está suando e, ao mesmo tempo,

tentando manter uma impressão de calma.

( .. . )

( .. . )

CLOSEUP - AS MÃos DE GUILHERME

amarradas atrás e trabalhando

desesperadamente para se livrar das

cordas.

(.. .)

o~c F, ema'.a. oe" ,,' , I 21

~

Page 23: Como formatar.pdf

Montagem e Série de Planos

Também costUmam ser interpretadas como a mesma ação - embora não

sejam.

A grande diferença é queuma MONTAGEM é

construída inteiramenre

na ilha de edição duranre

a pós-produção, a panir

de filmes ou fotografias de

arqUIVO.

SERIE DE PLANOS

geralmente envolve os

proragomsras e, ponanro,

faz pane da forografia

principal do filme.

22Como Formarar o seu Roteiro

(.. .)

MONTAGEM

A) Manifestações estudantis na Cinelândia.

B) A Passeata dos Cem Mil.

C) Militares tomando o poder.

(...)

( .. . )

SÉRIE DE PLANOS

A) Guilherme pula do carro.

B) Ele cai por um barranco.

C) O carro perde controle, batendo numa

árvore e EXPLODINDO.

D) Guilherme levanta devagar, apoiando-se

numa rocha e olhando a fumaca subindo do

carro em chamas.

(.. . )

Page 24: Como formatar.pdf

Instruções para câmera ( camera cues)

,:.

Às vezes pode ser muito importante indicar como a câmera deve agir,

especialmente em comédia, quando muitas vezes para um gag funcionar, algo

tem que ser escondido do espectador por algum tempo. O primeiro curta-

metragem de um velho amigo meu, Peter Wraight, é um exemplo de uma

cena cujo roteiro precisaria incluir instruções para câmera.

Um alpinista está escalando uma montanha com muita dificuldade.

Evidentemente se trata de uma escalada muito perigosa, ele olha para baixo,

limpa o suor da testa, coloca mais um grampo aqui, amarra uma corda ali.

Tudo é mostrado através de CLOSEUPS e CLOSE SHOTS, até o final

quando...

...0 ÂNGULO ABRE PARA REVELAR que a

"montanhaff é uma pequena rocha no meio

do Central Park, Nova York, com crianças

brincado por perto, casais passeando,

num belo domingo de verão.

.~

Sem instruções para câmera, o humor da cena seria perdido. Outras

instruções para câmera, sempre em maiúsculas, podem incluir: CÂMERASEGUE, AJUSTE, ZOOM, ENCONTRA, etc.

~

Como Formatar o 'eu Roteiro I 23

LJ

Page 25: Como formatar.pdf

Intercut

Uma técnica bastante necessária surge quando se precisa cortar entre duas

cenas ou planos.

Para mostrar, por exemplo, duas

pessoas falando ao telefone, seusa INTERCUT - antes ou

depois da segunda fala.

...Roberto atende.

ROBERTO

Alô?

INTERCUT CONVERSA TELEFÔNICA

MÁRCIA

Oi amor, já cheguei.

( .. . )

Assim você consegue "estar" em dois lugares ao mesmo tempo, e deixa o

diretor e montador à vontade para decidir quais as técnicas que vão usar para

fazer o INTERCUT (cortando entre as duas cenas, ou dividindo a tela de

alguma forma). É claro que INTERCUTpode ser usado em outras situações

também (perseguições são outro bom exemplo).

Diálogo simultâneo

Nos raros momentos em que é importante que duas pessoas falem ao

mesmo tempo, é feito assim:

( .. . )

BRUNO

O que é que você

está fazendo aqui?!

GERALDA

Por que você não

está em casa? !

(...)

24 I o ,eu ,oteiro

'--

Page 26: Como formatar.pdf

í

Flashback

I

I

J

o FLASHBACKdeve ser usado com muito cuidado porque corre-se o

perigo do filme "parar". É mais difícil atender a tarefa de sempre estar

avançando a história, durante um flashback.

Quando você precisar recorrer

a este recurso, deve fazer o

seguinte:

(. ..)

FLASHBACK - RIO (1968)

Dois POLICIAIS ameaçam um JOVEM numa

sala de interrogação escura.

POLICIAL #1

É melhor falar.

POLICIAL #2

Pense na sua família.

POLICIAL #1

Na sua mulher.

Os policiais riem maliciosamente.

rFIM DO FLASHBACK

~ (... )

Atenção: somente usamos FLASHBACK quando "pulamos" fora da cena

por alguns segundos e não quando voltamos ao passado durante cenas e

seqüências inteiras. Neste caso, usamos simplesmente um novo cabeçalho

(ou seja, mudamos de tempo).

ComoVarmata r o ,ec "ore rc I 25

J>"-

Page 27: Como formatar.pdf
Page 28: Como formatar.pdf

Costumo observar pequenos erros ou detalhes supérfluos nos roteiros que

leio, que poderiam ser facilmente evitados com um pouco de atenção. Você

vai achar alguns desses erros triviais demais para merecer atenção. Outros,

nem vai acreditar que roteiristas cometem. Nos dois casos, você estará

redondamente enganado.

1) Use o mesmo nome dos personagens e dos lugares em cabeçalhos, durante oroteiro inteiro.

Não começar, no meio do roteiro, a chamar KUBITSCHEK de

PRES IDENTE ou JK, e nunca trocar, por exemplo, CABANA por CHALÉ,

se for o mesmo lugar. Especialmente importante para quem está escrevendo a

quatro mãos.

2) Corte as palavras "vemos" e "ouvimos".

Em vez de "Vemos um casal andando...",escrever "Um casalestá andando...".

Evitar também a palavra "câmera" no sentido de: "A câmera mostra

prateleiras de livros antigos, cheios de poeira,

I27Como Formatar c seu Roteiro,

Page 29: Como formatar.pdf

que vão do chão ao teto."Escrever simplesmente:

"Prateleiras de livros antigos,cheios de poeira,

vão do chão ao teto."Idem para a palavra "Ouvimos". Em vez de

"Ouvimos um SINO de longe...",escrever "Um SINO toca delonge...".

3) Não repita, na ação/descrição, informação que já está no cabeçalho.

Por exemplo, se estamos no INT. COZINHA - DIA, não escrever

durante a cena: "João ENTRA na cozinha e bate a porta".

Escrever: "João ENTRA e bate a porta".Muito óbvia esta dica, emuito difícil de evitar.

4) Sempre use um novo cabeçalhoquando mudar de lugar (INT. para EXT.ou vice versa)ou de tempo.

Vejo muitos cabeçalhos assim: INT. /EXT. CASA - DIA, e muitos

roteiristas também colocam a frase: "Passagemde tempo", ondedefinitivamente se precisaria de um novo cabeçalho como: INT.PALÁCIO/SALA DE ESTAR - MAIS TARDE

5) A ação/descrição não deve contradizer ou comentar o que acontece.

Às vezes leio cenas que começam mais ou menos assim: "Carlos e Stefanestão numa mesa conversando. Sua conversa demonstra

a grande intimidade destes amigos de infância." Só

que a conversa que se segue não demonstra nenhuma intimidade ou grande

amizade, e muito menos de longa data. Segue uma conversa extremamente

ordinária e monótona sobre algum assunto banal. Mais uma vez: a

ação/descrição nunca deve descrever nada a não ser: o que estamos vendo.

28 I Como

-

Page 30: Como formatar.pdf

6) Nunca escreva:"Sandra senta na mesa e comenta".

A única coisa que precisa escrever para que Sandra abra a boca é uma fala, ou

seja: "Sandra senta na mesa."seguido pela fala dela. Existe umavariação invertida disso, que é a seguinte: "Sem palavras, Jorge

deixa os dois e caminha para a porta."Para que serve

este "Sem palavras"?A ausência de uma fala certamente será suficiente.

7) Não escreva o que não acontece.

o que não acontece no seu roteiro é o resto do universo existente e

imaginado. Portanto, não precisa dizer, por exemplo, que "o elevador

não chega", "Henrique não se move", ou "ela não olha

para trás" e outras variações. A pior de todas elas, lamentavelmente, é a

mais comum: "Creusa não responde" (às vezes, por incrível que

pareça, até seguido por uma fala da Creusa, respondendo!). Com a mesma

lógica podemos escrever: "Um grupo de ET's vestindo

camisas do Flamengo não ENTRA",não é?

8) Não usar reticências em falas, exceto...

Leio roteiros em que todas as falas terminam em três infernais pontinhos.

Todas, sem exagero. Adoraria ter a oportunidade de pedir aos roteiristas a lerem

estas falas duas vezes - primeiro com, e depois sem reticências - para ver se

percebemos a diferença. Não vamos perceber: não há diferença.

Reticências, como instruções para o ator, refletem a insegurança do roteirista,

que, em vez de se dar ao trabalho de criar diálogos esplendorosos, reza para que

o ator consiga injetar a fala com algum elemento mágico que está ausente.

Reticências devem entrar nas suas falas somente: 1) quando alguém pára ou é

interrompido no meio de uma frase, ou 2) para indicar as pequenas pausas

durante uma conversa telefônica em que não escutamos a pessoa no outrolado da linha.

I 29

Page 31: Como formatar.pdf
Page 32: Como formatar.pdf

Ação/Descrição 15

Cabeçalhos 13Capa 11

Close shot/Closeup 21Diálogo 18Diálogo simultâneo 24Flashback 25Intercut 24Insert 21

Instruções para câmera 23

Instruções para o ator 17Maiúsculas em ação/descrição 16

Montagem 22Nomes em cima de falas 17

Numeração de cenas 14Ponto de Vista (POV) 20

Primeira/Última página 12Série de Planos 22

Transições 19

31Como Forma taro seuRoteiroI

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Hugo Moss é inglês e mora no Brasil desde 1987. Seus

serviços de consultoria (análise técnica, assessoria e ou-

tros trabalhos de criação) e tradução especializada de

roteiros são conhecidos pela maioria de produtoras, ci-

neastas e roteiristas brasileiros. Em 2001, lançou o curso

online "O Roteiro de Cinema - uma introdução", nosite www.roteirista.com.

-

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"DENISE PÁRA DE FUMAR"

FADE IN:

INT. CASA DE DENISE/SALA - DIA

A pequena sala tem uma varanda mínima com janelas abertas. De fora

surge o barulho de TRÂNSITO. Numa mesa de jantar, na mesa de centro

e em todos os lugares da sala estão espalhados cinzeiros cheios,

garrafas vazias e restos de comida.

DENISE DE CARVALHO, uma mulher morena de 34 anos, com cabelos

grandes meio caídos em cima do rosto, aparece no corredor. Denise

ENTRA e, cobrindo os olhos para não ver a luz e a bagunça, procura

com uma mão um MAÇO DE CIGARROS na mesa.

DENISE

Meus Deus! Tenho que parar com isto!

Ela encontra o maço, tira um cigarro e volta correndo pelo corredor

para o...

QUARTO, onde ela acende o cigarro e deita na cama fumando e tentando

não acordar muito.

O telefone TOCA na sala.

O telefone continua TOCANDO. Finalmente, Denise se levanta e SAI.

DENISE (O.S.)Alô?

SHEILA (V.O.)

Já sei. Te acordei.

DENISE (cont.)

Mas eu já tinha levantado.

1.

DENISE (O.S.)

Qúase, quase.

Denise volta, carregando um TELEFONE SEM FIO.

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