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Raizes das desigualdades -- socIals no Brasil A hi st6ria da humanidade e marcada pe lo fenomeno das cl esigualdade s. Atualmente, as de- sigualclades sociais ocon'em tanto nos paises ricos como nos paises po bres. Nos primeiros, temos uma cspecie de oceano de prosperida- de com al gumas ilhas de exclu- sa o social. Jii nos paises pobres, 1 'mos vastos oceanos de pobreza ]lu nti Ih aclos de pequenas ilhas de prosperidacle. Especialmente nas IIll imas duas decadas, nas socieda- des mais ricas (de forma cada vez IIlai , perceptivel), ass im como nas IIIn is pobres, tem se ampliando 0 I li sso que sepa ra os "incluidos" clos "cx c1ufd os" . 1\ te nd encia it concentra«ao .I, ' fu ncla que le va 11 desigualdade II exc lu sao soc iai s, nao e feno- 1I1l' 1 1I1 rccc ni e nem restrito ao Bra- .iI H ili nosso pais, um clos cam- I ", ", 'S l11un d i ai s cl as cl esigualclades, I ']' ,IIl1 nli ca s itu ac;a o cl e ex cJu sao II. IliI 1 ' Ill I' afzes no processo ini - • I,d d,· l' slriliura c; iio cia socie cl acl e 101.1 1il' 11 ". \ SS ill l, d 's(I' \1 Iw rf\ldll 111011 " .111 11 1111 ,' II "P""II d,) I1l l1 si l 1 11'1" II lli II 111 11 11111 "11111 11 11 1"1111 Aquarela s bras il cira s pela elite de latifundiarios e a base esc ra vista do trabalho [oram os fundamentos que deram origem 11 rigid a estratiticac;ao de classes sociais. 0 tim da escravatura, cia qual 0 Bras il foi 0 ultimo pais a se li vrar, nao aboliu 0 monop61io da terra, fonte cl e poder economico e principal meio cle produ«ao ate as primeiras decadas do seculo xx. o abismo social entre 0 enorme numero de trabalhaclores e a dimi- nuta elite de grandes proprietarios rurais de lin eou as bases da atual concentrac; ao de renda do pais. o Bras il atravessou grandes transformac;6es ao longo do secu- 10 XX. Sua economia tornou-se cada ve z menos agniria, a indus- tria comec; ou gradativamente a ser a atividade economica mais dina- mica, a po pulac; ao cresceu e rapi- damente se urbanizou, a sociedade tornou-se mais complexa, mas a concentrac;ao da re nda nao s6 per- sistiu como se aprofundou, pois a grande maioria da populac;iio per- maneceu 11 margem do mercado consumidor de bens duni ve is . Todavia, a c ri se do modelo de substitui c;a o das importa c;6es, na decada de 1980, e seu colapso, seguido da ap li cac;iio de doutrinas neo li berais na cl eca cl a seguinte, le- varalll i\ alllp i c1 as dcsig ual dades soc illi s c PC l'Il1ilinll 11 (' o 'li pI" ' illi ' I' Indh Ol' (JU l', II III ' did .1 qll l' 1\ N Ol'il' dlltil ' l ll t'tHpnl 1l IH I\'U., I l'u lid ndt' ",'! lld lt dl' ((I I It" I ''-j',1I II I' dlll l it 1 1t1 1111 II 11 1 1Itl l II 1

Como surgiram as Desigualdades Sociais no Brasil

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Abordagem das raízes históricas da desigualdade no BrasilSociologia - Geografia - História

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Page 1: Como surgiram as Desigualdades Sociais no Brasil

Raizes das desigualdades

- -socIals no Brasil

A hist6ria da humanidade e marcada pelo fenomeno das

clesigualdades. Atualmente, as de­sigualclades sociais ocon'em tanto nos paises ricos como nos paises pobres. Nos primeiros, temos uma cspecie de oceano de prosperida­de com algumas ilhas de exclu­sao social. Jii nos paises pobres, 1 'mos vastos oceanos de pobreza ]lunti Ihaclos de pequenas ilhas de prosperidacle. Especialmente nas IIll imas duas decadas, nas socieda­des mais ricas (de forma cada vez IIlai , perceptivel), assim como nas IIIn is pobres, tem se ampliando 0 Ilisso que separa os "incluidos" clos "cxc1ufdos".

1\ tendencia it concentra«ao .I,' fu ncla que leva 11 des igualdade • II exc lusao sociais, nao e feno-1I1l' 11I1 rcccnie nem restrito ao Bra­.iI H ili nosso pais, um clos cam­I ",", ' S l11und iai s clas clesigualclades, I ']' ,IIl1 nli ca situac;ao cle excJusao II. Il iI 1 ' Ill I'afzes no processo ini -

• I,d d,· l'slriliurac;iio cia socieclacle 101.1 1il' 11 " .

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Aquarelas brasilciras

pela elite de latifundiarios e a base escravista do trabalho [oram os fundamentos que deram origem 11 rigid a estratiticac;ao de classes sociais. 0 tim da escravatura, cia qual 0 Bras il foi 0 ultimo pais a se livrar, nao aboliu 0 monop61io da terra, fonte cle poder economico e principal meio cle produ«ao ate as primeiras decadas do seculo xx. o abismo social entre 0 enorme numero de trabalhaclores e a dimi­nuta elite de grandes proprietarios rurai s delineou as bases da atual concentrac;ao de renda do pais.

o Brasil atravessou grandes transformac;6es ao longo do secu-10 XX. Sua economia tornou-se cada vez menos agniria, a indus­tria comec;ou gradativamente a ser a atividade economica mais dina­mica, a populac;ao cresceu e rapi­damente se urbanizou, a sociedade tornou-se mais complexa, mas a concentrac;ao da renda nao s6 per­sistiu como se aprofundou, po is a grande maioria da populac;iio per­maneceu 11 margem do mercado consumidor de bens duniveis .

Todavia, a cri se do modelo de substituic;ao das importac;6es, na decada de 1980, e seu colapso, seguido da ap licac;iio de doutrinas neoli berais na clecacla seguinte, le­varalll i\ alllp i i a ~ a() c1as dcs igual dades soc illi s c PCl'Il1ilinll 11 ('o 'li pI" ' illi ' I' IndhOl' (JUl ', II III 'did.1 qll l' 1\ NOl'il'dlltil ' l ll t 'tHpn l 1l IH I\'U.,

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Page 2: Como surgiram as Desigualdades Sociais no Brasil

'quarelas brasileiras

11 renda, it moradia, it informa<;1io elc. ) que vao alem da simples sub­sistencia.

Essas transforma<;oes mais re­centes fizeram por cristalizar dois "Iipos" de exclusao social, urn "an­ligo" e outro "recente". 0 primeiro refere-se it exclusao que afeta seg­mentos sociais que historicamen­Ie sempre estiveram excluidos. 0 segundo atinge aqueles que, em ulgum momenta da vida, ja estive­I'llm socialmente incluidos.

No Brasil, as desigualdades I1l1a lisadas pelo angulo da cou­ccntra<;ao de renda indicam que

. n rendimento dos 10% mais ricos lIa popula<;ao e cerca de vinte ve­f,es maior que 0 rendimento me­dio dos 40% mais pobres. Mais lIinda: 0 total da renda dos 50% Iillli s pobres e inferior ao total till renda do 1% mais rico. Esses dildos comprovam que 0 cresc i­IIll' l1lo econ6mico brasileiro de­l' llvo l veu-se sob 0 signo da con-

I I'I1Ira<;ao de renda. As grandes ,bigualdades soc iais tambem se 1IIIIIIireslam nas unidades regio-1I1Ii.~ do pars.

R<.:cenlemente, um grupo for-1IIIItiO pOl' c iel1ti stas sociais publi­,,"I 11111 Ir<lba lho intitu lado Atlas '/11 "II'iIl ,W)O social. Usando como hil S,' nlcl(lllologia sim il ar il ado­[,,,1.1 pl'ln ONlJ na cOl1fcc<;:ao do II )J I (Intli ' t' lie I oS' l1volvi lllcn(o 11 111111""') , dll' ~', l1ll >i" 1I Olll l'() (lilli ­I r' 11<'1111111111 111 10 illdkl' Iil' Ji\I ' 111

Illl 'lIli lid

Essa medida foi construida com base na combina<;ao de tres componentes: padrao de vida dig­no (com indicadores de pobreza, emprego formal e desigualdade), conhecimento (anos de estudo e alfabetiza<;iio) e risco juvenil (concentra<;ao de jovens e indice de violencia).

Ca1culados para todos os mu­nicfpios do pais, esses indices fo­ram tambem cartografados. Urn dos mapas mostra de imediato que as areas de extrema exclusao so­cial se concentram em municfpios localizados nas regioes Norte e Nordeste, "transbordando" para 0

norte de Minas Gerais e nordeste de Goias.

Nessas areas, de maneira ge­ral, verifica-se exclusao de tipo "antigo", fato comprovado pelas dificuldades de aces so it educa­<;ao, it alimenta<;:ao, ao mercado de trabatho e a outros mecanismos de gera<;ao de emprego e renda.

Nas regioes Sui e Sudeste, em­bora sejam POLICOS os municipios com indices extremos de exclus1io social, sabe-se que suas rea lidadcs sociais internas, principalmenl ~

nos mais populosos, sao de gra n­des desigualdades. Esses munid pios apresentam contingcnte cuda vez maior de pessoas que, apes:1I de esco lari zadas, de j6 lcrclll till

balhaclo em empl'l'gl" rli ll il lti , I' de f'Il Zc rCIll 11111(1' 111'11111111111, 1'1111('''

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Aquarelas bras i Iciras

OCEANO

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-OCEANO

ATLANTICO