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Sugestão de Atividade Prática - Dialogando com o Currículo Básico Comum CBC Os CBCs tiveram ampla distribuição na rede pública de ensino em 2005, época de sua implantação. Em 2010, os conteúdos e as habilidades dos CBCs do Ensino Fundamental - 6º ao 9º ano - foram ordenados e ajustados, tendo como referência o resultado da enquete, veiculada na internet e o trabalho de especialistas das diversas disciplinas. Essa ordenação teve por base, alguns critérios como pré-requisitos lógicos e a adequação do nível de dificuldade do conteúdo e das habilidades ao grau de desenvolvimento cognitivo do aluno. Entretanto, em todas as disciplinas existem alguns conceitos que são estruturantes e, por isso, devem ser tratados de forma recursiva, aparecendo no currículo, do 6° ao 9º ano em diversos momentos. Esses conceitos para serem apreendidos, plenamente, precisam ser abordados em diferentes momentos do percurso curricular, com grau de complexidade crescente. Desde então, verificou-se um esforço nas instituições escolares para implementar a nova proposta curricular. Mas, o grande desafio é fazê-la chegar à sala de aula. Ainda, faz-se necessário discutir os CBCs, divulgar seu conteúdo, motivando os educadores a debater a proposta, conhecer as interfaces com os recursos didáticos - Orientações Pedagógicas, Roteiros de Atividades e Módulos Didáticos criados especificamente para apoiar o professor na sua ação educativa. Com esse propósito e, utilizando como referência a ordenação das habilidades do 6º ano - CBC de Ciências Ensino Fundamental, foram elaboradas algumas sugestões de atividades, cujos procedimentos metodológicos encontram-se relatados, abaixo: 1º - Passo a- Conhecer a proposta curricular - CBC Ciências, disponibilizado no CRV. Proposta Curricular b- Eleger, no “Conteúdo Básico Comum – CBC de Ciências Ensino Fundamental - 6º ano,um Eixo Temático e seu(s) respectivo(s) Tópico(s), para trabalhar a habilidade e a competência que se propõe desenvolver. Ver exemplo transcrito, abaixo: CONTEÚDO BÁSICO COMUM (CBC) DO ENSINO FUNDAMENTAL DO 6º AO 9º ANO • Os tópicos obrigatórios são numerados em algarismos arábicos • Os tópicos complementares são numerados em algarismos romanos

Como Trabalhar Com o Cbc

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Page 1: Como Trabalhar Com o Cbc

Sugestão de Atividade Prática - Dialogando com o Currículo Básico Comum – CBC

Os CBCs tiveram ampla distribuição na rede pública de ensino em 2005, época de sua

implantação. Em 2010, os conteúdos e as habilidades dos CBCs do Ensino Fundamental - 6º ao

9º ano - foram ordenados e ajustados, tendo como referência o resultado da enquete,

veiculada na internet e o trabalho de especialistas das diversas disciplinas. Essa ordenação

teve por base, alguns critérios como pré-requisitos lógicos e a adequação do nível de

dificuldade do conteúdo e das habilidades ao grau de desenvolvimento cognitivo do aluno.

Entretanto, em todas as disciplinas existem alguns conceitos que são estruturantes e, por isso,

devem ser tratados de forma recursiva, aparecendo no currículo, do 6° ao 9º ano em diversos

momentos. Esses conceitos para serem apreendidos, plenamente, precisam ser abordados em

diferentes momentos do percurso curricular, com grau de complexidade crescente.

Desde então, verificou-se um esforço nas instituições escolares para implementar a nova

proposta curricular. Mas, o grande desafio é fazê-la chegar à sala de aula. Ainda, faz-se

necessário discutir os CBCs, divulgar seu conteúdo, motivando os educadores a debater a

proposta, conhecer as interfaces com os recursos didáticos - Orientações Pedagógicas,

Roteiros de Atividades e Módulos Didáticos – criados especificamente para apoiar o professor

na sua ação educativa.

Com esse propósito e, utilizando como referência a ordenação das habilidades do 6º ano - CBC

de Ciências – Ensino Fundamental, foram elaboradas algumas sugestões de atividades, cujos

procedimentos metodológicos encontram-se relatados, abaixo:

1º - Passo

a- Conhecer a proposta curricular - CBC – Ciências, disponibilizado no CRV.

Proposta Curricular

b- Eleger, no “Conteúdo Básico Comum – CBC de Ciências – Ensino Fundamental -

6º ano,” um Eixo Temático e seu(s) respectivo(s) Tópico(s), para trabalhar a habilidade

e a competência que se propõe desenvolver. Ver exemplo transcrito, abaixo:

CONTEÚDO BÁSICO COMUM (CBC) DO ENSINO FUNDAMENTAL DO 6º AO 9º ANO

• Os tópicos obrigatórios são numerados em algarismos arábicos • Os tópicos complementares são numerados em algarismos romanos

Page 2: Como Trabalhar Com o Cbc

Eixo Temático I Tema 1: Diversidade da Vida nos Ambientes

Ambiente e Vida

TÓPICOS HABILIDADES BÁSICAS Anos / C. Horária Anual

6º 7º 8º 9º

1. A Vida nos ecossistemas brasileiros

1.0. Identificar ambientes brasileiros aquáticos e terrestres, a partir de características de animais e vegetais presentes nesses ambientes.

4

1.1. Reconhecer a importância da água, do alimento, da temperatura e da luz nos ambientes.

4

1.2. Associar as estruturas e comportamentos de adaptação dos seres vivos com os ambientes que esses seres habitam.

4

1.3. Reconhecer a adaptação como um conjunto de características que aumentam as chances de sobrevivência dos seres vivos.

4

Obs. Os números ordinais referem-se aos anos finais do Ensino Fundamental. Os números

cardinais, dispostos na vertical, referem-se ao número de horas/aula, anual.

2 º - Passo

Como trabalhar o tema?

Orientações Pedagógicas

Ciências - Fundamental - 6º ao 9º

EIXO TEMÁTICO I: AMBIENTE E VIDA

Tema 01: Diversidade da vida nos ambientes

Tópico 1: Características dos ecossistemas brasileiros

Por que ensinar

A primeira razão é sem dúvida a de despertar nos estudantes o amor à natureza. Como nos diz Ângelo Machado, devemos cuidar por amor e não por medo. À medida que os estudantes passam a entender o funcionamento dos ecossistemas, fica mais fácil compreender a importância das interações na manutenção da vida e também trabalhar os conteúdos atitudinais tais como: valorizar e cultivar atitudes de proteção e conservação dos ecossistemas brasileiros e sua biodiversidade; defender as medidas de proteção ambiental; valorizar e respeitar as formas de vida e o seu papel

Page 3: Como Trabalhar Com o Cbc

nos ambientes naturais.

Ao se apropriarem de conceitos científicos o aluno aprende a pensar cientificamente, assumindo uma postura crítica da sua relação com a natureza, contribuindo na construção e na consolidação da cidadania.

É fundamental enfatizar a importância da biodiversidade dos ecossistemas brasileiros, despertando assim a conscientização de que o ser humano vem provocando extinção em massa dessa biodiversidade, com destruição dos ambientes naturais, a poluição e a exploração comercial descontrolada. É preciso mostrar também, que agindo assim colocamos em risco o equilíbrio do planeta e a sobrevivência da própria espécie humana.

O aluno deve ser levado a compreender que a extinção da biodiversidade provoca desequilíbrio ecológico em todo o ecossistema, além da perda de um número imenso de substâncias químicas que poderiam servir de medicamentos e outros produtos.

Não se deve deixar de mencionar a questão ética (que direito temos de eliminar ou alterar espécies), a estética (não estragar a beleza dos ambientes naturais), as emocionais (a alegria e a sensação de paz que os ambientes naturais nos proporcionam), e, enfim, a fonte de inspiração que a natureza é para os poetas, músicos, pintores, escritores etc.

Dessa forma, o aluno deverá valorizar a manutenção da biodiversidade como um objetivo em si mesmo e também como uma condição necessária para o nosso bem-estar físico, mental e social. Assim poderá contribuir para proteger a biodiversidade, preservando o ambiente natural, com a manutenção de parques e reservas naturais.

Condições para ensinar

A ciência não é um processo progressivo e linear, mas uma construção cheia de sobressaltos, permeada por aspectos sociais, políticos e econômicos que são determinantes na aceitação desta ou daquela teoria. O que hoje nos parece crença popular em outras épocas pode ter sido considerado ciência. Contudo, muitas descobertas científicas anteciparam seu tempo, sendo aceitas muitos anos após a sua formulação. Assim, o que agora definimos como ciência não foi entendido como tal no passado e possivelmente será modificado no futuro. Dentro dessa perspectiva histórica concluiu-se que a ciência é um processo contínuo de confirmação e retificação de saberes produzidos pelo homem, visando a entender e explicar racionalmente a natureza, em busca de regularidades que permitem a interferência e modificação do ambiente que o cerca.

Encarando sob essa ótica, o saber escolar não pode ser visto como uma doação dos que julgam que sabem aos que julgam nada saber, porque, entre outras razões, o aluno não substitui passivamente o conhecimento informal pelo sistemático. Ao contrário, o conhecimento prévio do aprendiz interage continuamente com os conhecimentos escolares, produzindo novas formas de interpretar o mundo. Resta ao professor estabelecer conexões entre o saber que ensina e a cultura prévia do aluno, ampliando-lhe a capacidade de observar e questionar.

Ao considerar o conhecimento prévio do aluno, criam-se situações nas quais, num primeiro momento, ele pode reconstruir o seu saber, revendo-o, aperfeiçoando-o, completando-o, generalizando-o e superando-o, num processo progressivo em relação ao conhecimento universal. Num segundo momento, ele pode retomar seu próprio mundo para analisá-lo e reexplicá-lo de acordo com o que foi adquirido, completando assim, o processo permanente de ação-reflexão-ação sobre a realidade. Desse modo, o aluno deve ter condições de analisar situações e informações que chegam até ele a partir de sua história, produzindo novos olhares a partir dos conteúdos escolares.

Portanto, torna-se extremamente necessário levantar algumas concepções dos estudantes através de atividades que suscitem discussões. Abaixo estão relacionados alguns exemplos:

- Como são consideradas as explicações das interações entre os vários componentes dos ecossistemas? - A maioria sabe da importância das plantas para os animais, mas muitas vezes não sabem explicar porque, principalmente quando se pede exemplos concretos. Nem sempre reconhecem a importância do sol como fonte de energia para a vida dos ecossistemas. Ao externarem sua opinião

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sobre a importância das plantas na produção de oxigênio, desconsideram outros aspectos relevantes como o fato de elas serem a fonte de alimento para os animais. - Apresentam ainda dificuldades no entendimento do processo de decomposição e sua importância para a manutenção da vida. Alguns deles acreditam que os organismos mortos simplesmente desaparecem. Nessa faixa etária é, também, muito difícil os estudantes admitirem a ideia de que os constituintes do corpo dos seres vivos, tais como a água, os sais minerais e as substâncias orgânicas, se transformam e retornam ao ambiente. Poucos estudantes conseguem perceber que os gases liberados durante a decomposição resultam de transformações. . - O conceito de adaptação é, de modo geral, compreendido incorretamente como uma modificação no ser vivo em resposta a uma alteração no ambiente. Assim, é frequente a ideia de que, quando um ambiente úmido se torna seco, os seres vivos que ali vivem adquirem outra características próprias para viver no “novo” ambiente como, por exemplo, estruturas capazes de armazenar água. Desse modo, julgam que as modificações exercidas pelo ambiente sobre os seres vivos são transmitidas por reprodução às gerações seguintes. Se fosse assim, seria correto pensar que os animais adaptados aos ambientes tropicais desenvolveriam muitos pelos se fossem viver em ambientes frios, porque pelos protegem do frio. É necessário ajudar o estudante a entender adaptação como um processo lento, que raramente pode ser observado ao longo de uma vida humana, mas que pode ser compreendido a partir de evidências deixadas por animais e plantas que viveram no passado. . - A relação entre altitude e clima é, frequentemente, interpretada de modo inadequado. Em geral, pensam que quando mais se sobe uma montanha, mais quente ficará, pois mais próximo se estará do sol. Consequentemente, o esperado é que a ideia do estudante entre em conflito com a ideia que lhe é apresentada. É preciso, portanto, explicar esse conflito e auxiliá-los na sua superação.

De modo geral, a temperatura diminui com a altitude, em média cerca de 0,65 oC para 100m acima do nível do mar. Esse decréscimo da temperatura com a altitude deve-se à diminuição da radiação terrestre (responsável direta pelo aquecimento) e à rarefação do ar (especialmente pela diminuição da concentração de vapor de água, que absorve a radiação terrestre).

O que ensinar

É importante que os alunos discutam algumas semelhanças e diferenças entre os diversos ambientes brasileiros e apontem fatores, como modo de viver dos seres vivos, as condições climáticas locais e os tipos de animais e plantas. Eles devem perceber que nos vários ambientes encontram-se representantes dos grandes reinos de seres vivos, os quais apresentam adaptações que lhes permitem viver nesses ambientes.

Não se espera que os estudantes memorizem nomes e detalhes sobre cada ambiente, mas que desenvolvam argumentos explicativos sobre as diferenças entre os ambientes da Terra. Para tal, faz-se necessário entender as relações existentes entre o clima, o solo e a diversidade da vida. Por exemplo, é importante que os estudantes entendam porque certas alterações em um dos componentes do ambiente podem promover grandes mudanças na diversidade dos seres vivos e na qualidade de vida na Terra.

Como ensinar

Recursos: áudio-visuais tais como documentários e outros filmes. Projeções de lâminas pelo retroprojetor, imagens de site pela internet.

Métodos: visitas a museus ou zoológicos, trabalho de campo (exploração a um trecho do ecossistema referente à área em que os alunos vivem), produção de textos, produção de slogans que transmitem a ideia da importância da conservação do ambiente natural, elaboração de uma tabela comparando os ecossistemas brasileiros quanto à vegetação e à fauna, suas inter-relações com o solo, com o clima, com a disponibilidade de luz, com a disponibilidade de água e com as sociedades humanas.

Como avaliar

A avaliação deve acontecer dentro de um processo contínuo observando os conteúdos atitudinais, procedimentais e conceituais.

Page 5: Como Trabalhar Com o Cbc

Alguns itens de testes

Escreva uma justificativa para cada um dos exemplos de adaptações relacionados abaixo:

a) algumas plantas que crescem no mangue possuem raízes aéreas, em forma de escoras Justificativa: para permitir que a planta fique firme no solo pantanoso

b) as lagartas são muito parecidas com as folhas das plantas Justificativa: dificilmente são encontradas por predadores

c) as aranhas possuem fios de seda com os quais tecem a sua teia Justificativa: para capturar animais dos quais elas se alimentam

d) aguapés possuem câmaras de ar no pecíolo das folhas Justificativa: para permitir que a planta flutue

Leia atentamente o trecho abaixo e utilizando-se das informações obtidas e dos seus conhecimentos, responda:

“O Sagui-de-tufo-branco é pequeno (cerca de 30 cm de corpo mais 15 cm de cauda). Ele tem dois tufos de pelos brancos em cada orelha”.

Esse sagui se movimenta pelos troncos das árvores e quase nunca desce para o solo. Tem uma alimentação variada: come sementes, frutos, insetos, filhotes de aves, outros mamíferos, pequenos lagartos etc. Seus inimigos naturais são as aves de rapina como o gavião.”

a) Escreva uma adaptação do sagui, a partir das características mencionadas no trecho acima R: arborícola, cauda preênsil

b) Justifique a sua escolha R: possibilita uma facilidade na busca de alimentos e locomoção

Marque com um X a opção correta: O trecho abaixo se refere a qual ecossistema brasileiro?

“Esse ecossistema possui árvores de pequeno porte, com casca grossa, troncos tortuosos com grande quantidade de capins crescendo nos espaços entre elas.”

a) Caatinga b) Cerrado c) Pantanal d) Floresta Amazônica

R: Cerrado

Orientação Pedagógica: Características dos ecossistemas brasileiros Currículo Básico Comum - Ciências Ensino Fundamental Autoras: Rita de Cássia e Laila Kleib Machado Centro de Referência Virtual do Professor - SEE-MG/2005

3º Passo - Roteiros de Atividades

Ciências - Fundamental - 6º ao 9º

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No item 11 Roteiro de trabalho de campo: visita a uma área de cerrado

EIXO TEMÁTICO:

DIVERSIDADE

Tema: Diversidade da vida nos ambientes

Tópico: Características dos ecossistemas brasileiros

Objetivos:

Reconhecer e valorizar a diversidade de vida como decorrente da variedade de ambientes e das interações entre seres vivos.

Identificar cerrado como bioma a partir de características de vegetais e animais presentes nesses ambientes.

Reconhecer algumas adaptações de plantas e animais típicos do cerrado e descrever relações entre seres vivos nesses ambientes.

Examinar a importância da vegetação do cerrado com qualidade e disponibilidade de água.

Providências para a realização da atividade:

A atividade consiste em proposta de trabalho de campo em região de cerrado. O cerrado foi escolhido por sua presença nas várias regiões do estado de MG e pelas alterações que vem ocorrendo em decorrência de expansão de agricultura e pecuária nesses ambientes. O local da visita pode incluir transição entre cerrado e mata tropical, presença de mata ciliar ou veredas de buritis. Em Belo Horizonte, o Parque das Mangabeiras é excelente local para o trabalho. O Horto Florestal é outra opção. Nesse caso, parte do roteiro e textos devem ser modificados para um trabalho voltado para diversidade da vida em florestas tropicais.

Para a visita, é necessário contar com apoio da escola e autorização expressa dos pais. O apoio da escola envolve a seleção da área da visita, o envolvimento de outros professores da escola (preferencialmente, da área de geografia) e providências relacionadas ao transporte para as crianças.

Caso não seja possível fazer uma visita a uma estação ecológica, área de preservação ou patrimônio natural não devastado ou mesmo a um ambiente rural da cidade, essa atividade pode ser substituída, com adaptações, por um trabalho de campo em uma praça, horta ou quintal próximo à escola.

Pré-requisitos:

Para a realização de trabalho de campo, é necessário preparar a turma para o que deverá ser observado e com que finalidade. Portanto, as orientações da atividade incluem a introdução, alguns conceitos ou ideias como: caracterização do cerrado, tipos de cerrado, adaptações de vegetais em resposta à disponibilidade de água e nutrientes, interações entre seres vivos (tais como plantas, insetos, aves e mamíferos), etc.

Se a visita for a uma praça, horta ou quintal, o trabalho deve ser orientado para a identificação dos seres vivos que ali habitam, seu comportamento, as interações entre eles, os diferentes lugares em que se encontram (caule de uma árvore, terra úmida por baixo de uma pedra ou tronco), os fatores que favorecem a diversidade, etc.

Descrição dos procedimentos:

Preparação para o trabalho de campo (exploração do tema e introdução de alguns conceitos)

Page 7: Como Trabalhar Com o Cbc

Todo trabalho de campo envolve conjunto de procedimentos orientados para determinadas finalidades. O que observamos no campo depende de nossos esquemas conceituais, das perguntas que fazemos e dos interesses que orientam nossa observação. Por isso, antes de iniciarmos a visita propriamente dita, é fundamental construir com os estudantes o contexto do trabalho. Se a atividade de campo não recebe orientação adequada, corremos o risco de perder a oportunidade de um rico momento educativo se converter em um “passeio” ou em “baderna”.

Na visita a uma região de cerrado, propomos iniciar com a turma uma discussão sobre o cerrado e o que sabem sobre esse importante bioma brasileiro. Da conversa com os alunos, orientados pelas perguntas abaixo, resultam algumas dúvidas e possíveis esclarecimentos com a leitura de textos. Além de livros didáticos, sugerimos o texto do site de uma organização não governamental que desenvolve projetos nessa área:

http://www.funatura.org.br

Perguntas para orientar o trabalho com a turma: o que é um cerrado?; quais as características do solo, do clima e dos vegetais no cerrado?; que animais vivem no cerrado?; qual a importância do cerrado como ecossistema?

Além dessas questões, o professor deverá introduzir os procedimentos de um biólogo em trabalhos de campo e fazer, com a turma, a leitura das orientações para o trabalho (ver abaixo). O foco das atenções deve ser, então, voltado para as interações entre seres vivos nesse ambiente e para as adaptações dos seres vivos às características do ambiente em que vivem.

Outro conceito fundamental para o trabalho é o de biodiversidade. Por meio desta e de outras atividades, pretendemos desenvolver e valorizar a diversidade de vida e compreender a diversidade da vida como resultando de respostas dos organismos à diversidade de condições dos ambientes e às interações entre seres num dado ambiente.

Orientações para o trabalho de campo:

Leve uma pequena prancheta, faça anotações e desenhos. Se possível leve uma máquina fotográfica. Evite coletar espécimes, mesmo aqueles que se encontram largamente disseminados no ambiente. Tome cuidado por onde pisa e evite colocar as mãos em locais em que podem estar animais peçonhentos. Em caso de dúvida, chame o professor.

Nem sempre é possível, em um trabalho de campo, ver diretamente animais silvestres. Por isso, um biólogo aprende a observar pistas que indicam características, comportamentos e interações entre seres vivos naquele ambiente. Por exemplo: é possível identificar pegadas, ovos, casulos, fezes, moradias de animais (teias de aranha, ninhos, abrigos), indícios de alimentação (troncos perfurados, folhas parcialmente comidas)?

Sempre que você observar um animal ou a pista de um animal (seja ele pássaro, inseto, artrópode, réptil, mamífero ou marsupial), pense: o que faz esse organismo nesse local? Como se alimenta? Como se reproduz? Quais são seus predadores? O que faz o organismo para se defender ou se proteger contra predadores? Que comportamentos usa para captura de presas ou obtenção de alimentos? Com que outros organismos ele compete na busca de alimentos? Quais os fatores ambientais que favorecem a presença daquele organismo no ambiente em que se encontra?

Em relação aos vegetais, considere os seguintes aspectos: os vegetais estão floridos? Quais as características das flores? Como são polinizadas? Existem frutos? Como se dá a dispersão de sementes? Quais são os principais herbívoros nesse ambiente? Observam-se parasitas nas plantas? Quais e como são controladas as populações desses parasitas?

Entre fatores abióticos, considere: presença de água e umidade (estamos na estação de seca ou de chuvas? Há igual disponibilidade de água em todos os lugares do ambiente investigado? Quais são as características que propiciam a economia de água na estação de seca?Quais são as condições de temperatura e disponibilidade de luz (por que esse item é importante?).

Orientações para relato do trabalho de campo e comunicação do que aprendemos

O relato escrito do trabalho deverá envolver as narrativas do que foi feito, o que foi observado e o que foi inferido. Os estudantes ou o professor poderá, além disso, buscar em livros ou na internet informações para analisar hipóteses de trabalho levantadas durante o trabalho de campo.

Os alunos, em pequenos grupos, podem fazer cartazes sobre o que aprenderam no trabalho de campo, incluindo fotografias e desenhos. Os cartazes podem conter alertas sobre a destruição do cerrado e a necessidade de manter áreas de preservação desse bioma no município.

Leitura adicional: em defesa do cerrado

Page 8: Como Trabalhar Com o Cbc

Para finalizar o trabalho sobre o cerrado, sugerimos a leitura do texto “Riqueza e Tragédia”, publicado na Revista da Fapesp, de junho de 2003. O texto, curto e de fácil elitura, está disponível na internet no endereço: http://www.revistapesquisa.fapesp.br

A reportagem faz um relato de estudos sobre impactos ambientais do desenvolvimento da agricultura no cerrado mineiro, especialmente na Região do Triângulo. Os autores do estudo sugerem que as mudanças na vegetação do cerrado por extensas monoculturas de milho e soja estariam relacionadas às secas na região.

Possíveis dificuldades:

A observação de biomas, do comportamento, características e interações entre organismos não é trivial. Ao contrário, é uma atividade complexa e precisa, portanto, ser ensinada. As crianças aprendem a observar coisas que, de outro modo, não lhes pareceriam relevantes e nem mesmo observáveis sem a ajuda de um professor ou de um adulto com esse tipo de prática. Apesar disso, algumas crianças são extremamente atentas e nos ajudam a ver detalhes que podem ser extremamente relevantes do ponto de vista biológico. Sempre que isso ocorrer, procure chamar a turma e resgatar o ponto em discussão.

Alerta para riscos:

Como todo trabalho de campo, devemos estar atentos para riscos de acidentes, que podem ser minimizados com a preparação da turma e com a participação de outros colegas no trabalho.

Glossário:

Cerrado: O Cerrado é a segunda maior formação vegetal brasileira, superado apenas pela floresta Amazônica. São 2 milhões de km2 espalhados por 10 Estados. O Cerrado é um campo tropical na qual a vegetação herbácea coexiste com árvores e arbustos esparsos. A estação seca é bem pronunciada, podendo durar até sete meses. Os rios não secam, porém a sua vazão diminui. Os solos são ácidos, pobre em nutrientes e rico em alumínio. A água é encontrada em profundidade. As árvores do cerrado têm troncos retorcidos, cascas grossas e raízes profundas.

Roteiro de Atividade: Tópico 1 - Roteiro de trabalho de campo: visita a uma área de cerrado. Currículo Básico Comum - Ciências Ensino Fundamental Autor(a): Orlando Aguiar Jr. Centro de Referência Virtual do Professor - SEE-MG/2006

4º Passo

Ler o Módulo Didático cujo conteúdo complementa o Eixo Temático I Tema 1: Diversidade da

Vida nos Ambientes - Tópico: Características dos ecossistemas brasileiros

Módulos Didáticos

Ciências - Ensino Fundamental

1 Tópico 1 - Módulo A Vida nos Ecossistemas Brasileiros - Parte 1

2 Tópico 1 - Módulo A Vida nos Ecossistemas Brasileiros - Parte 2

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Page 9: Como Trabalhar Com o Cbc

Fonte:

- Propostas Curriculares – CBC (versão atualizada disponibilizada no Centro de Referência

Virtual do Professor – CRV), Orientações pedagógicas, Roteiros de Atividades e Módulos

Didáticos

- Apresentação em power point – texto do Prof. Arthur E. Q. Gomes – Consultor do Centro de

Referência Virtual do Professor

Sugestão e organização da atividade: Ivanete Parreira de Oliveira – Analista Educacional -

Centro de Referência Virtual do Professor - CRV