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como você me chama?- ZINE- 2016

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Poemas: Bobby Baq Walacy Neto Aquarelas Samuel Luis Borges 2016

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onde nunca me topo.Onde tudo é marcado na fala

e nada é de fato verídico:

tem se apenas um tecidoa ser bordado na frente de casa

esticando besteiras na cadeira de fio verde.Da frente, na rua, se vê o mundo

que não é seu enem me fale.

Desse curralinho saí no ponto de abatepra ser frito, bem passado.

Mas as vezes acho que soy loki etenho estado mal aqui

– a carne cura quando crua.Já tive bem pouco sucesso,

mas decidi suspenderesse processo e remeter

ao primeiro momento.ando muito

fraco.então

me retiro do focovou pro canto, no escuro

e fico abaixado ao lado do muro:

uma poesia agachadano escuro fazendo nada

uma poesia que agachadoescorregou no escuro

uma poesia curral pequenocercada de noite

e aquele pasto escuroagachada um pequeno

fazendo poesia.

Sou de um curral pequeno

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mirrado, miúdopequena faísca no escuroprocuro sempre o foco.alguém de binóculomira meu olhono buraco da janela.é difícil enxergar uma formiga(tente, tente outra vez)tropeçando na calçadaem plena avenida anhanguera.caso não fosse tendido pro foconão ficasse de comparecer por aíapenas seria uma estrela cadentecaindo indo dementedurante um frenéticodia de outubro.

sendo eu um

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dos fatos,desorganizar as fotospelo tom sépiados retratos.O rosto amarelo gema,com o riso café coado.Costura de alta miragem:Passados intercaladosnum recorte sem ter colagem.

Assim,ao seguir dos dias,despertar na futura camade minh’automitologia.

Esquecer a sequência

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sobre aquilo que desconheçona brasa do cimento fresco

colo as placas de muro.

Acredito que esses dias todosapolíticos ou patriarcarios

foram líquidos.Caminho sobre a água

considerando o meiodo barco para dar o chute.

Como tomaram rumos diversosquando os jarros eram diferentes.

Guardei o ontem em um funile depois deixei ir pelo vaso.

Amigo, chegar é fácil.É só pegar pela primeira curva

à direita,sem seta ou aviso

vira bem rápido, à esquerdae três vezes

no mesmo sentido.

Alguém atravessando seu caminho?Use a buzina aos gritos.

Aceita a cara na carnedo outro: um só.

Vira coisa no chão.Tenho líquido nos olhos

nas veias e vasos. Mares imensos.Olha que nem falo do mar

sou sem sal.

Minhas linhas são dos homens,pois homem sou.

Sou também da carne,mas esta é poesia pura

que não se arrepia fácil.

Me ponho de pé

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carne-âncoraonde o tempose escora.Deitado no fundodo pulsoo pra semprefetal desseagora.Serpentecom caudana bocapresa agudaque premee estoura.Superfície poluídade por dentroe de por fora.Ferida é fendapro infinito.Anestesiaàs vezesdemora.

Ta no corpo

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daquele agorae de dentrodesse passadoo futuro é uma demorae o aqui é um aquário.

Feto feito em placentaestéril,na espera doesperma-espaçoque fecundeum útero-tempoonde gestemeu próximoestar.Ou me abortenum instante esse estado.

Sou detento

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aveque não voa

rasadona de

uma só asaque nem bate

plana.Chorar a própria mágoa

inundaralagar água.

Pra no fimcompreender

plenaque o empenhoestava errado:

não foi feita pro vento,mono-asa é barbatana:

construida sópro nado.

Descobrir-se

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a manhã que sofrepor acontecer tão cedo.

Olhaalguém desce suavede cima da memóriasem corromper o fio

da saudade.Olha

que alguns já entregam o céu da boca ao chumbo.

Não pode olhar apenas?Os outros que voam

entre sentimentosnas folhas de papel.

Não podes verpela grande emoção

se banhando a sua frentecomo felina que é

Esperaa velha e gorda mover demente

assim verás que o horizonteé um quadro e

o olhar lambuzadode batom e lágrima

é o segundo lugar mais longeque uma grande emoção

pode habitar. O outro é o peito.

Olha

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silêncio esquecea sequela seca ea sequênciasegueo peito esperapra espora escuraver se espalhaou desaparece.

Assim que o

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umas doze ou dez,pegaram José desprevenido.

Distraído vi que procuravao que provocou o som daquela grande ex-

plosão:duas libélulas em choque no ar

ouo colapso de uma grande emoção?

Dava de comer diariamentepara os doze ou dez

quando ficava horas ao telefonequando disse eu te amo aquela vez.

José me olha de longesendo despedaçado.

Pobre José, mais pobre aindaporque apanha sozinho.

Fortes emoções,

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