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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Curso de Graduação em Farmácia-Bioquímica Comparação da perda cognitiva e neuroinflamação na encefalomielite autoimune experimental após tratamento com dexametasona e fingolimode Guilherme Dragunas Trabalho de Conclusão do Curso de Farmácia-Bioquímica da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo. Orientadora: Profa. Dra Carolina Demarchi Munhoz São Paulo 2017

Comparação da perda cognitiva e neuroinflamação na … · 2017-05-02 · PLP Proteína de Protolipídeo PMB Proteína Mielínica Básica S1P Esfingosina-1-fosfato SNC Sistema

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

Curso de Graduação em Farmácia-Bioquímica

Comparação da perda cognitiva e neuroinflamação na

encefalomielite autoimune experimental após tratamento com

dexametasona e fingolimode

Guilherme Dragunas

Trabalho de Conclusão do Curso de

Farmácia-Bioquímica da Faculdade de

Ciências Farmacêuticas da Universidade

de São Paulo.

Orientadora:

Profa. Dra Carolina Demarchi Munhoz

São Paulo

2017

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...........................................................................................7

1.1 Fisiopatologia da Esclerose Múltipla ........................................................... 7

1.2 Encefalomielite Autoimune Experimental ................................................... 9

1.3 Glicocorticoides na EAE .............................................................................. 10

1.4 Fingolimode ................................................................................................... 12

2 OBJETIVOS ............................................................................................. 13

3 MATERIAIS E MÉTODOS ....................................................................... 14

3.1 Animais ........................................................................................................... 14

3.2 Indução da EAE ............................................................................................ 14

3.3 Tratamento farmacológico e delineamento experimental ...................... 15

3.4 Testes comportamentais ............................................................................. 16

3.4.1 Campo aberto ................................................................................................ 16

3.4.2 Teste de reconhecimento de novo objeto ................................................. 16

3.4.3 Labirinto em cruz elevado ........................................................................... 17

3.5 Eutanásia ....................................................................................................... 17

3.6 Preparação do extrato proteico nuclear e citosólico ............................... 18

3.7 Determinação da concentração de proteínas .......................................... 18

3.8 Western-Blot .................................................................................................. 18

3.9 Análise dos Resultados ............................................................................... 19

4 RESULTADOS ......................................................................................... 20

4.1 Score clínico e massa corporal .................................................................. 20

4.2 Campo Aberto ............................................................................................... 21

4.3 Reconhecimento de novo objeto ................................................................ 23

4.4 Labirinto em cruz elevado ........................................................................... 26

3

4.5 Análise Bioquímica ....................................................................................... 27

5 DISCUSSÃO ............................................................................................ 31

6 CONCLUSÃO .......................................................................................... 35

7 BIBLIOGRAFIA ........................................................................................ 36

8 ANEXOS .................................................................................................. 39

4

LISTA DE ABREVIATURAS

ANOVA Analise de Variância

AP-1 Proteína Ativadora 1

BCG Bacillus Calmette-Guérin

BHE Barreira Hemato-Encefálica

CAA Células Apresentadoras de Antígenos

CFA Complete Freund’s Adjuvant

EAE Encefalomielite autoimune experimental

EM Esclerose Múltipla

EM-PS Esclerose Múltipla Progressiva Secundária

EM-RR Esclerose Múltipla Recorrente Remitente

EMSA Ensaio de Desvio de Mobilidade Eletroforética

ERK1/2 Quinase Reguladora de Sinal Extracelular

FoxP3 Forkhead Box P3

GC Glicocorticoide

GR Receptor de Glicocorticoide

GREs Elementos Responsivos a Glicocorticoides

HPA Eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal

IL Interleucina

LCE Labirinto em Cruz Elevado LPS Lipopolissacarídeo

MHC Complexo Principal de Histocompatibilidade

NO Óxido Nítrico

MOG Glicoproteína da Mielina de Oligodendrócitos

MR Receptor de Mineralocorticoides

NFkB Fator Nuclear Kappa B

PLP Proteína de Protolipídeo

PMB Proteína Mielínica Básica

S1P Esfingosina-1-fosfato

SNC Sistema Nervoso Central

TGF-β Fator de Crescimento Transformador Beta

TLRs Receptores do Tipo Toll

TNF-α Fator de Necrose Tumoral alfa

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RESUMO

DRAGUNAS, G. Comparação da perda cognitiva e neuroinflamação após

tratamento com fingolimode e com o glicocorticoide sintético dexametasona

em encefalomielite autoimune experimental. 2017. Trabalho de Conclusão de

Curso de Farmácia-Bioquímica – Faculdade de Ciências Farmacêuticas –

Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017.

Palavras-chave: Glicocorticoide, Fingolimode, EAE

INTRODUÇÃO: A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença inflamatória crônica que

atinge o Sistema Nervoso Central (SNC) e é caracterizada por neurodegeneração e

destruição da bainha de mielina por células imunes autoreativas. Na forma

Recorrente Remitente (RR), a EM apresenta surtos agudos de incapacidade

neurológica, os quais são tratados na clínica com altas doses de glicocorticoides

(GC) sintéticos. Estudos recentes e resultados de nosso grupo apontam efeitos

controversos dos GCs no SNC, mostrando que esta classe de fármacos pode

apresentar efeitos pró-inflamatórios, tempo e contexto dependentes. Em

camundongos com encefalomielite autoimune experimental (EAE), o modelo animal

para o estudo da EM, o tratamento com dexametasona antes do aparecimento dos

sintomas motores acarreta em aumento da ativação de células gliais, perda cognitiva

e alterações comportamentais. Outros fármacos também são utilizados para o

tratamento da EM, dentre eles, o fingolimode, o primeiro fármaco para administração

oral aprovado para esse fim. O fingolimode controla a infiltração de células imunes

no SNC e possui efeitos neuroprotetores diretos em todas as células do SNC.

OBJETIVO: Comparar os efeitos da dexametasona e do fingolimode na

neuroinflamação e déficit cognitivo em camundongos com EAE. MATERIAIS E

MÉTODOS: O tratamento com fingolimode foi avaliado em um modelo de EAE

induzida com glicoproteína da mielina de oligodendrócitos (MOG) em camundongos

C57BL/6 fêmeas. Foram realizados os testes comportamentais de campo aberto e

labirinto em cruz elevado (LCE) para análise do comportamento do tipo ansioso e

teste de reconhecimento de objeto novo para análise de memória declarativa. Por

Western Blot, foi analisada a expressão das proteínas Akt, ERK, TNF-α, NF-κB,

MHC classe II e CREB em extratos proteicos hipocampais. RESULTADOS: O

6

tratamento preventivo com fingolimode foi capaz de reduzir o escore clínico motor de

animais com EAE e também impediu o aparecimento de déficit de memória

declarativa, medido pelo índice de discriminação no teste de objeto novo. Em nível

molecular, o tratamento com fingolimode reduziu a expressão de proteínas pró-

inflamatórias no hipocampo. A imunização com EAE e tratamento com fingolimode

não resultaram em diferenças significativas no teste de LCE. CONCLUSÃO: O

fingolimode é capaz de reduzir os sintomas motores, a expressão de proteínas pró-

inflamatórias e déficit cognitivo da EAE. Esses resultados se contrapõe aqueles

obtidos com o tratamento com dexametasona e reforçam a hipótese da presença de

efeitos deletérios com o uso de glicocorticoides sintéticos na EAE.

7

1 INTRODUÇÃO

1.1 Fisiopatologia da Esclerose Múltipla

A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença autoimune crônica do Sistema Nervoso

Central (SNC) caracterizada por danos à bainha de mielina e degeneração

neuroaxonal [Compston, 2008]. A EM afeta 2,3 milhões de pessoas ao redor do

mundo com uma prevalência média de 30/100.000 habitantes [World Health

Organization, 2008], atingindo mais mulheres que homens em uma proporção de

2:1. Os sintomas da EM começam geralmente no início da vida adulta,

aproximadamente aos 30 anos de idade. No Brasil, estudos epidemiológicos

apontam uma prevalência que varia de 1,36/100.000 a 27,2/100.000 habitantes [da

Gama Pereira, 2015]. A EM possui heterogeneidade de apresentações clínicas,

sendo a forma Recorrente Remitente (EM-RR) a mais comum da doença, ocorrendo

em 85% dos casos. Na EM-RR, os pacientes apresentam episódios de incapacidade

neurológica que remitem espontaneamente. Grande parte destes desenvolverá,

após alguns anos do início dos episódios agudos, a forma Progressiva Secundária

(PS), na qual a incapacidade neurológica aumenta com o tempo, acompanhada de

degeneração neuronal e grande atrofia cerebral [Dendrou, 2015].

Nos episódios agudos, a EM é caracterizada por ativação microglial e astrocística e

infiltração linfocitária periférica na região perivascular encefálica e na medula

espinhal, principalmente por linfócitos T e B autorreativos contra constituintes da

bainha de mielina. Os principais linfócitos T presentes nos focos de lesão

desmielinizante da matéria cinzenta e branca são do tipo T CD8+, sendo seu número

relacionado ao dano axonal dessas lesões. Os linfócitos CD4+ Th1/Th17 também

são importantes na fisiopatologia das lesões da EM. Eles secretam citocinas pró-

inflamatórias como o IL-17A, GM-CSF e IFN-γ e quimiocinas como CCL-2 e

promovem infiltração de mais células do sistema imune inato e adaptativo para o

SNC [Dendrou, 2015; Simmons, 2013]. Os linfócitos que migram para o SNC são

reativados por células apresentadoras de antígenos (CAA), incluindo CAA derivados

de monócitos meningeais, perivasculares e ventriculares. Uma característica

importante da EM é o espalhamento de epítopo, onde CAAs apresentam outros

peptídeos de mielina que possuem epítopos similares ao antígeno original, gerando

8

uma grande amplificação da resposta auto-imune. A microglia contribui de forma

decisiva, juntamente com os astrócitos, para a inflamação e consequente

desmielinização na EM. A microglia e os astrócitos respondem a insultos

inflamatórios e se tornam ativados, através de receptores como os TLRs e dos

fatores de transcrição NF-kB e AP-1. Estas células ativadas secretam citocinas,

quimiocinas, espécies reativas de oxigênio e nitrogênio, óxido nítrico e aumentam a

expressão de MHC classe II, as quais propagam a inflamação, causam

desmielinização e morte de oligodendrócitos. Através da secreção de citocinas

inflamatórias como o IL-1β e TNF-α, promovem a diferenciação de células T naive

para os subtipos Th1/Th17 [Dendrou, 2015]. Os oligodendrócitos são o alvo celular

na EM, sendo que também a diferenciação de progenitores de oligodendrócitos está

comprometida, resultando em remielinização deficiente [Chamberlain, 2016].

Na forma PS, a infiltração periférica cessa, no entanto, a inflamação prossegue

intensamente por meio de células da glia ativadas e por estruturas linfoides terciárias

presentes na região meningeal, as quais promovem intensa neurodegeneração e

desmielinização secundária pela continua produção de espécies reativas de oxigênio

e nitrogênio. O estresse oxidativo gerado resulta em danos a biomoléculas e

mutações no DNA mitocondrial dos neurônios, que resulta estresse metabólico e do

retículo endoplasmático, déficit energético e subsequente ativação de vias de morte

celular e neurodegeneração anterógrada e retrógada. O acúmulo de glutamato

causado pela lesão axonal resulta em excitotoxicidade e também contribui para a

morte neuronal [Dendrou, 2015].

Apesar da maior compreensão atual da EM, sua patogênese ainda permanece, em

boa parte, desconhecida. Isso gera dificuldades para o desenvolvimento de terapias

novas e mais eficazes, sendo a melhor compreensão da progressão e fisiopatologia

da doença, portanto, de extrema importância. As estratégias atuais de tratamento

da EM-RR são baseadas nos episódios agudos e tentam controlar a infiltração de

linfócitos no SNC e subsequente inflamação. Dentre os fármacos utilizados podemos

citar o recentemente aprovado fingolimode, um fármaco imunomodulador, e os

glicocorticoides sintéticos como dexametasona e metilprednisolona, os quais atuam

9

controlando a inflamação durante as fases de remissão da EM [Burton, 2012; Garris,

2013; Bhise, 2016].

1.2 Encefalomielite Autoimune Experimental

O modelo animal de EM mais comumente utilizado, a encefalomielite autoimune

experimental (EAE) pode ser induzida por meio da aplicação subcutânea de

proteínas componentes da bainha de mielina de roedores, como a glicoproteína da

mielina de oligodendrócitos (MOG), a proteína mielínica básica (PMB) e a proteína

de proteolipídeo (PLP), juntamente com adjuvante CFA contendo BCG e toxina

pertussis intraperitoneal [Mendel, 1995; Lassmann, 2016]. Neste modelo, é gerado

uma resposta celular adaptativa contra a proteína do oligodendrócito, causando

inflamação aguda e crônica, desmielinização e degeneração axonal, mediadas por

macrófagos e células T CD4+ autorreativas, que possui similaridades com o padrão

RR da EM [Simmons, 2013]. A inflamação se concentra, principalmente, na medula

espinhal dos animais com menor afecção cerebral e não há mediação de células T

CD8+ e B, característicos da doença em humanos. Entretanto, se trata de um modelo

muito útil para o estudo de terapias anti-inflamatórias para a EM, uma vez que

reproduz características da doença como desmielinização, alterações na

plasticidade e transmissão sinápticas, perda neuronal e deficiência cognitiva

[Lassmann, 2016].

A EM é marcada por pronunciadas alterações emocionais, neuropsiquiátricas e

cognitivas nos portadores, as quais frequentemente não são relacionadas a surtos

ou progressão da doença. Cerca de 50% dos pacientes com EM sofrem de

depressão e distúrbios cognitivos como déficits de atenção, no processamento de

informações, memória de longo prazo e aprendizado visual [Paparrigopoulos, 2010,

Chiaravalloti, 2008]. Nestes pacientes, a atrofia do hipocampo e dos núcleos da

base são fatores importantes associados ao déficit cognitivo [Damjanovic, 2016].

Interessantemente, em camundongos portadores de EAE, essas alterações

emocionais e cognitivas também podem ser observadas. Camundongos C57Bl/6 na

fase tardia de EAE induzida por MOG35-55 mostraram um aumento de

comportamento ansioso e depressivo comparados ao controle [Peruga, 2011]. Estas

alterações foram correlacionadas a um aumento na quantidade de TNF-α e perda

10

neuronal no hipocampo desses animais [Peruga, 2011]. Em camundongos C57Bl/6

na fase pré-simtomática da EAE/ MOG35-55, sem apresentar ainda sintomas motores

característicos, foram observadas alterações emocionais e cognitivas. Os

camundongos permanecerem mais tempo na área próxima às paredes no teste de

campo aberto e nos braços fechados do labirinto em cruz elevado, além de reduzida

latência para imobilidade nos testes de nado forçado e suspensão pela cauda,

sugestivos de um comportamento do tipo ansioso e depressivo, respectivamente

[Acharjee, 2013]. Apresentaram também menor tempo no quadrante alvo no teste de

Morris, indicativo de déficit de memória espacial [Acharjee, 2013]. Além disso, foi

observada elevação na concentração de corticosterona sérica nos animais do grupo

EAE, indicando uma modulação do eixo HPA [Acharjee, 2013].

1.3 Glicocorticoides na EAE

Os glicocorticoides (GC) são amplamente conhecidos por suas capacidades anti-

inflamatórias e imunossupressoras; nos humanos, o cortisol (corticosterona nos

roedores) é liberado pelo córtex da glândula suprarrenal em situações de estresse e

liga-se a receptores nucleares de glicocorticoides (GR) e mineralocorticoides (MR),

presentes em virtualmente todas as células do corpo. Os glicocorticoides são

imunossupressores potentes, pois, além de diminuir a expressão de genes pró-

inflamatórios, inibem a ação e proliferação de linfócitos T e B e ativação de

macrófagos e neutrófilos, além de promover aumento de apoptose nessas células

[Cruz-Topete, 2015; Schweingruber, 2012]. Os glicocorticoides sintéticos, ao

contrário dos glicocorticoides endógenos, possuem maior seletividade para o GR e,

portanto, possuem atividade glicocorticoide com baixa atividade mineralocorticoide.

O GR possui duas isoformas em humanos, o hGRα e o hGRβ, os quais geram

respostas diferentes aos glicocorticoides, sendo que, geralmente, o GRα é

responsável pelos efeitos clássicos dos glicocorticoides e o GRβ atua antagonizando

estas ações [Cruz-Topete, 2015; Schweingruber, 2012].

A ligação dos glicocorticoides no receptor GR induz alterações conformacionais e

hiperfosforilação do mesmo, o que o libera da ligação de chaperonas acessórias e

este migra para o núcleo, atuando de 3 maneiras documentadas: 1) dimerização do

11

GR e ligação no DNA em sequências GRE (elementos responsivos a

glicocorticoides), o que causa indução da expressão de genes anti-inflamatórios

como o da β-arrestina1, Anexina-1 e TTP (o qual age desestabilizando mRNAs de

genes pró-inflamatórios) e inibição da expressão de genes pró-inflamatórios como

TNF-α e IL-1β. 2) interação com outros fatores de transcrição para a modulação de

genes anti/pró-inflamatórios GRE-independentes (composição); e 3) ação anti-

inflamatória indireta pela ligação a fatores de transcrição pró-inflamatórios como o

NF-kB e AP-1 (tethering). O GR também possui um mecanismo de ação rápido, não

genômico, por meio da ligação de GR de membrana e interação do GR citosólico

com outras vias de sinalização intracelulares [Cruz-Topete, 2015; Schweingruber,

2012].

O hipocampo e o córtex cerebral são regiões que apresentam grande densidade de

GR e MR, e são suscetíveis a efeitos deletérios quando grandes quantidades de

GCs estão presentes, causando prejuízo na plasticidade sináptica e cognição,

diminuição da neurogênese, diminuição da densidade dendrítica e atrofia dessas

áreas [Sorrells, 2009].

Dentre as patologias que apresentam desregulação no eixo HPA e quantidade

aumentada de GCs, podemos citar o estresse, depressão e a EM [Sorrells, 2009]. A

relação entre estresse crônico e agudo e a presença de sintomas de ansiedade e

depressão já está estabelecida na literatura. O estresse causa inibição da

neurogênese no giro dentado e atrofia de dendritos na região CA3 do hipocampo, ao

passo que pacientes portadores de depressão também apresentam atrofia

hipocampal [McEwen, 2001]. A EAE, como a EM, apresenta inflamação hipocampal

e em outras estruturas relacionadas à cognição e comportamento, além de

desregulação no eixo HPA com concentração aumentada de corticosterona.

Apesar de sua capacidade em reduzir os sinais clínicos da EM e da EAE, em alguns

contextos, os GCs podem ter um efeito controverso, por induzir um aumento da

secreção de mediadores inflamatórios e a diminuição da secreção de mediadores

anti-inflamatórios [Sorrells, 2009; Duque, 2016].

Resultados de nosso grupo mostram que a administração de alta dose preventiva do

glicocorticoide sintético dexametasona (50mg/kg) melhora o escore clínico motor dos

12

animais com EAE (ANEXO 1). Entretanto, a administração da dexametasona

também promove efeitos negativos na neuroinflamação e em resultados de testes

comportamentais. Os animais tratados com a dexametasona mostraram aumento no

comportamento do tipo ansioso, evidenciado pelo teste do Labirinto em Cruz

Elevado (ANEXO 2), déficit cognitivo, através do teste de reconhecimento de objetos

(ANEXO 3) e aumento da expressão de proteínas pró-inflamatórias e diminuição da

expressão de proteínas de expressão rápida no hipocampo (ANEXO 4).

Os resultados obtidos mostram alinhamento com a literatura, a qual aponta efeito

controverso dos glicocorticoides na modulação de respostas inflamatórias

específicas [Duque, 2016]. Entretanto, ainda é preciso utilizar outro fármaco

imunomodulador de outra classe e que seja utilizado na EM como comparador, a fim

de fortalecer mais ainda a hipótese de que os efeitos observados com o tratamento

com a dexametasona na EAE sejam causados por ação específica destes fármacos

e não uma consequência natural da doença.

1.4 Fingolimode

Outro fármaco utilizado na clínica para diminuir a frequência de surtos e retardar a

progressão da doença, o fingolimode (FTY720), foi aprovado em 2010 pelo FDA e é

o primeiro tratamento oral para a EM-RR. O fármaco é derivado de um metabólito

encontrado no fungo Isaria sinclairii, sendo estruturalmente análogo à esfingosina,

um membro da família dos esfingolipídeos. O fingolimode, quando fosforilado por

esfingosina quinases, possui ação moduladora do receptor de esfingosina-1-fosfato

(S1P1,3,4,5) em linfócitos T, promovendo sua internalização, ativando a via de

sinalização da MAPK/ERK, sequestrando estas células nos linfonodos e impedindo

assim seu aporte para o SNC e subsequente exacerbação da inflamação e relapsos

na EM [Chun, 2010]. Este, entretanto, não é o único mecanismo de ação pelo qual o

fingolimode age, possuindo também ação direta protetora sobre o SNC, atuando em

neurônios, microglia, astrócitos e oligodendrócitos. O fingolimode promove

diferenciação de oligodendrócitos e recuperação da remielinização, diminuição da

ativação de células microgliais e astrócitos, com diminuição da produção de

mediadores inflamatórios e restauração da função neuronal com redução da perda

de espinhos dendríticos e proteção contra excitotoxicidade [Hunter, 2016].

13

Em camundongos SJL/J com EAE induzida por PLP139-151, o fingolimode, dado por 7

dias, foi capaz de induzir a proliferação e diferenciação de progenitores de

oligodendrócitos [Zhang, 2015]. Na EAE induzida com MOG33-55 em camundongos

C57BL/6, o fingolimode (0,2mg/kg) dado após a imunização dos animais melhorou o

desenvolvimento da doença, reduzindo a neurodegeneração e o escore clínico. Foi

observado maior número de células Treg e maior expressão dos genes FoxP3 e tgf-

b no grupo tratado com fingolimode [Hou, 2016].

Diversos estudos apontam a diminuição do fator neurotrófico derivado do cérebro

(BDNF) no hipocampo e no sangue periférico de pacientes com depressão e em

animais submetidos a estresse crônico e agudo [Castrén, 2016]. O fingolimode

promove aumento da quantidade de BDNF circulante e no hipocampo de

camundongos em modelos de estresse crônico e agudo através da sua ação

inibidora de histonas desacetilases e gera um efeito antidepressivo nesses animais

[Nuzzo, 2015].

Diante da complexidade da doença e das contradições observadas com os

tratamentos disponíveis, principalmente àquelas relacionadas aos transtornos de

humor e aos déficits cognitivos observados em pacientes com EM ou em animais

com EAE, através deste projeto se espera entender mais sobre os diversos efeitos

dose e contexto dependentes que os glicocorticoides podem exercer em uma

doença neuroinflamatória, comparando-os com o fingolimode. A comparação será

realizada por meio da avaliação comportamental, cognitiva e da neuroinflamação no

hipocampo de animais doentes, que desenvolveram EAE, submetidos ao tratamento

com fingolimode.

2 OBJETIVOS

Avaliar a neuroinflamação e capacidade cognitiva de animais com EAE tratados

preventivamente com fingolimode e comparar os resultados obtidos com o

tratamento com alta dose de dexametasona.

14

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Animais

Foram utilizados 42 camundongos C57BL/6, fêmeas, adultas, entre 6 e 8 semanas e

pesando entre 15 g e 20 g, provenientes do Biotério de Camundongos Isogênicos do

Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo. Os animais foram

mantidos em temperatura controlada (20-22 °C) e ciclo claro/escuro de 12 horas,

com início do ciclo de claro as 7:00 horas. Foram alimentados com ração

balanceada para camundongos e água ad libitum.

Todos os procedimentos experimentais, que incluem a imunização, perfusão e

decapitação dos animais, foram aprovados e realizados de acordo com as normas

da Comissão de Ética em Experimentação Animal do Instituto de Ciências

Biomédicas da Universidade de São Paulo (CEUA/ICB-USP), registrados sob o

número 03, na folha 03 do livro 03 e seguiram todas as exigências descritas no

Colégio Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA).

3.2 Indução da EAE

A EAE foi induzida por meio de imunização por via subcutânea com 150 µg de

MOG35-55 emulsificados em CFA (complete Freund’s adjuvant) (v/v), com um total de

400 μg de BCG (Bacillus Calmette-Guérin). Além disso, foram feitas duas

administrações, por via intraperitoneal, de 200 ng de toxina de Bordetella pertussis,

0 e 48 horas após a imunização. Os animais foram avaliados diariamente com uma

escala clínica (descrita abaixo) e sofreram eutanásia no 9o e 26º dia pós-imunização

(d.p.i.), que corresponde ao estágio pré-clínico e a fase de recuperação da doença,

respectivamente.

Os animais foram avaliados diariamente e o grau de apresentação clínica distribuído

da seguinte forma: 0) sem doença; 0.5) perda parcial do tônus de cauda; 1) perda

total do tônus da cauda e fraqueza de membros posteriores; 2) hemiplegia; 3)

arrastamento parcial dos membros posteriores; 4) paraplegia e 5) tetraplegia ou

morte.

15

3.3 Tratamento farmacológico e delineamento experimental

Os animais foram divididos em 4 grupos experimentais (Controle, EAE, Fingo e

EAE+Fingo). Foram realizados dois esquemas de administração do fingolimode,

diluído em PBS/ 5% EtOH: a) Subcrônico: 0,5 mg/kg do dia 0 ao dia 9º d.p.i. por via

intraperitoneal (I.P.). e b) Agudo: 10 mg/kg no dia imunização.

Figura 1. Delineamento experimental com administração sub-crônica de fingolimode 0,5 mg/kg/dia em

animais C57BL/6 femeas imunizados com MOG35-55 acrescido de CFA.

Figura 2. Delineamento experimental com administração aguda de fingolimode 10 mg/kg no dia da

imunização com MOG35-55 acrescido de CFA em animais C57BL/6 femeas.

16

3.4 Testes comportamentais

3.4.1 Campo aberto

Este teste foi realizado no 4º e 22º d.p.i. para avaliação da atividade locomotora e

comportamento do tipo ansioso. Para tal, utilizou-se aparato circular (400 mm x 600

mm, diâmetro x altura) com as paredes opacas. Os animais foram colocados na

periferia do aparato e submetidos à exploração do ambiente durante 5 minutos. O

número de cruzamentos de quadrantes, velocidade média e velocidade máxima

foram utilizados para avaliação da atividade locomotora, enquanto que o número de

entradas e tempo de permanência no centro do aparato indicaram o nível de

ansiedade desses animais. Todo procedimento foi filmado por uma câmera de vídeo

suspensa sobre o aparelho para posterior análise por meio de software Any Maze

Stoelling.

3.4.2 Teste de reconhecimento de objeto novo

Os animais passaram por treinamento no mesmo aparato de campo aberto durante

3 dias consecutivos no mesmo horário. No 7o d.p.i. e 25º d.p.i, os animais foram

colocados no campo aberto contendo dois objetos idênticos (A e B), para livre

exploração, por 10 minutos. 2 e 24 horas depois do treino (8º d.p.i. e 26 d.p.i.), para

testar a memória de curta duração (MCD) e memória de longa duração (MLD),

respectivamente, os animais foram colocados novamente no campo aberto por 5

minutos para exploração. Entretanto, nestes testes, o objeto B foi substituído por

outro (C, para MCD e D, para MLD). Foi considerada exploração quando os animais

cheiraram ou tocaram o objeto com o nariz ou com as patas dianteiras. O tempo

gasto explorando cada objeto foi anotado e expresso em total de tempo de

exploração computado em segundos, permitindo determinar o índice de

discriminação estabelecido a partir da proporção de tempo de exploração do objeto

novo em relação ao objeto familiar (tnovo-tfamiliar / tnovo + tfamiliar). Todo

procedimento foi filmado por uma câmera de vídeo suspensa sobre o aparelho para

posterior análise manual.

17

3.4.3 Labirinto em cruz elevado (LCE)

O LCE é constituído de dois braços abertos e opostos (20 x 20 cm cada), e outros

dois braços opostos de mesmo tamanho, fechados por paredes laterais de 30 cm de

altura. Os braços abertos e fechados cruzam-se perpendicularmente formando uma

cruz, delimitada por uma pequena área central de 5 x 5 cm, seguindo as

especificações de Pellow e colaboradores [Pellow, 1985]. O aparelho é constituído

de madeira tratada com tinta fosca, suspenso a 40 cm do assoalho por um suporte

central e, durante os testes, é alocado em uma sala de experimentação com

condições de luminosidade e temperatura iguais às do biotério.

No dia do experimento (8 d.p.i.), cada animal foi colocado individualmente na área

central do LCE, com a cabeça voltada para um dos braços abertos, podendo

explorar o aparato durante 5 minutos. Para a análise do comportamento do tipo

ansioso, foram avaliados o número de entradas e o tempo de permanência nos

braços. Todo procedimento foi filmado por uma câmera de vídeo suspensa sobre o

aparelho para posterior análise.

3.5 Eutanásia

Os animais foram submetidos à eutanásia por decapitação para a dissecção do

hipocampo para a realização de ensaios moleculares. Os tecidos retirados foram

armazenados à - 80 °C para análise a posteriori.

18

3.6 Preparação do extrato proteico nuclear e citosólico

Os hipocampos foram homogeneizados em douncer (vidro-vidro) em tampão de lise

(HEPES 100 mM, MgCl2 1,5 mM, KCl 10 mM, PMSF 0,5 mM, DTT 1 mM e coquetel

de proteases e fosfatases [Halt Protease and Phosphatase 100x Cocktail - Thermo

Fisher Scientific]) acrescido de NP40 1:40 (v/v). As amostras foram então

centrifugadas a 4ºC por 30 segundos a 12.000g e o sobrenadante, a fração

citosólica, coletado. Em seguida, é adicionado ao precipitado tampão de extração

(HEPES 20 mM, MgCl2 1,5 mM, NaCl 300 mM, EDTA 0,25 mM, glicerol 25%, PMSF

0,5 mM, DTT 1 mM e coquetel de proteases e fosfatases [Halt Protease and

Phosphatase 100x Cocktail - Thermo Fisher Scientific]) e incubado em gelo sob

agitação. Por fim, é submetido à nova centrifugação por 20 minutos a 12.000g e o

sobrenadante, a fração nuclear, coletado. Os extratos foram mantidos a -80 °C para

análise a posteriori.

3.7 Determinação da concentração de proteínas

A dosagem foi realizada através do método de Bradford [Bradford, 1976] utilizando

reagente da Bio-Rad e subsequente medição da absorbância no comprimento de

onda de 595 nm em um leitor de microplacas Synergy HT Multi-Mode Microplate

Reader (BioTek, Winooski, VT, USA). A comparação com uma curva padrão de

albumina forneceu a concentração de proteínas presente nas amostras.

3.8 Western-Blot

Após dosagem de proteínas pelo método do Bradford, descrito no item 3.7, as

amostras foram diluídas em tampão Laemmli (125 mM de Tris-HCl; 4% de SDS;

20% v/v de glicerol; 200 mM de DTT e 0,02% de azul de bromofenol; pH 6,8)

[Laemmli, 1970]) na concentração de 1 μg/μl e aquecidas a 95 °C por 5 minutos para

que houvesse a denaturação das proteínas. 10-20 μg de cada amostra foram

aplicados em géis de 7,5% a 10% SDS-poliacrilamida (acrilamida/bisacrilamida 5:1,

10% de SDS) e submetidos à eletroforese (100 V, 2 horas), juntamente com um

padrão de peso molecular (Precision Plus Protein™ Dual Color Standards, BioRad)

em tampão de corrida (25 mM de Tris-Base, 192 mM de glicina, 0,1% de SDS em

água destilada). Ao final da corrida, as proteínas separadas foram transferidas

19

eletroforeticamente para uma membrana de PVDF, em tampão de transferência

gelado (25 mM de Tris-base, 192 mM de glicina, 20% de metanol em água

destilada), a 400 mA por aproximadamente 2 horas. Após a transferência, para

verificar a igualdade da quantidade das proteínas aplicadas ao gel e a eficiência da

transferência, as membranas foram incubadas em reagente de Ponceau S (0,5%

Ponceau-S; 5% ácido tricloro acético e água bidestilada) por 3 a 5 minutos

[Salinovich, 1986]. Após essa etapa, as membranas foram lavadas com água

destilada para retirar o reagente de Ponceau e incubadas por 2 horas em solução de

bloqueio, constituído por 5% leite desnatado (Molico, Nestlé) em TBS-T (100 mM de

Tris-base, 0,9% de NaCl, 0,1% de Tween 20 em água destilada), para bloquear

ligações inespecíficas. Para proteínas fosforiladas, as membranas são incubadas

em solução de 5% BSA (albumina sérica bovina) em TBS-T. Após essa etapa, as

membranas são incubadas com anticorpos específicos: p65 (1:1000, Santa Cruz

Technology), ERK e p-ERK (1:5000, Cell Signaling Technology), TNF-α (1:500,

Santa Cruz Technology), Akt e p-Akt (1:2000, Santa Cruz Technology e EMD

Millipore, respectivamente), MHC classe II (1:3000, Santa Cruz Technology) e CREB

(1:1000, Cell Signaling Technology) overnight a 4 °C, na mesma solução utilizada no

bloqueio. Em seguida, foram incubadas com anticorpos secundários na

concentração adequada durante 2 horas. A detecção do complexo antígeno-

anticorpo foi feita através do kit de quimioluminescência Luminata Forte Western

HRO substrate (Millipore, Billerica, MA, EUA) no fotodocumentador ChemiDoc

Imager (Bio-Rad Laboratories, Inc., Hercules, CA, EUA). A análise da densidade

óptica das bandas foi realizada com o auxílio do programa Image Lab 5.2 (Bio-Rad

Laboratories, Inc.). Vários tempos de exposição foram feitos e analisados para

garantir a linearidade das intensidades das bandas. Os anticorpos β-actina ou

GAPDH (1:20000, Santa Cruz Biotechnology) foram usados como controle interno.

3.9 Análise dos Resultados

Para todos os testes, foi utilizado teste t de Student para comparação de 2 grupos

ou análise de variância (ANOVA) de duas vias (Two-way ANOVA) associada à

análise post hoc de Tukey para comparação de mais grupos. Foram adotadas

diferenças de p<0,05 como sendo estatisticamente significantes.

20

4 RESULTADOS

4.1 Escore clínico e massa corporal

Os animais imunizados com MOG35-55 apresentaram redução significativa no escore

clínico motor da EAE, tanto com a administração sub-crônica de 0,5 mg/kg (até o 9

d.p.i.) de fingolimode (figuras 3A e 3B) quanto com a administração aguda de alta

dose de fingolimode (10 mg/kg), dada no dia da imunização (figuras 3C e 3D).

Figura 3. Escore clínico motor 26 d.p.i. em animais C57BL/6 femeas imunizados com MOG35-55

acrescido de CFA tratados (EAE+Fingo) ou não (EAE). (A) Escore clínico médio e (B) total em

animais tratados até o 9º d.p.i com 0,5 mg/kg de fingolimode. (C) Escore clínico médio e (D) total em

animais tratados no dia da imunização com 10 mg/kg de fingolimode. Os resultados estão exibidos

como média ± erro padrão da média dos grupos experimentais. Teste T de Student. ** p < 0,01. N =

5-6 por grupo.

Em acordo com o maior escore clínico, animais com EAE apresentaram redução de

massa corporal na fase sintomática da doença, a qual foi significantemente menor

21

nos animais tratados com do fingolimode, nos dois esquemas de administração

(Figura 4).

Figura 4. Massa corporal dos animais C57BL/6 femeas imunizados com MOG35-55 acrescido de CFA

tratados (EAE+Fingo) ou não (EAE) no 26 d.p.i. (A) Fingolimode 0,5 mg/kg administrado até o 9º d.p.i.

(B) Fingolimode 10 mg/kg no dia da imunização. Os resultados estão exibidos como média ± erro

padrão da média dos grupos experimentais. N = 5-6 por grupo.

4.2 Campo Aberto

No teste de campo aberto, realizado no 4º d.p.i, não foi observado comportamento

do tipo ansioso nos animais EAE ou EAE+ fingolimode 10 mg/kg, especificado pelo

tempo e número de entradas na região central do campo aberto (Figura 5). Apesar

dos resultados apontarem para menor velocidade média e tempo percorrido nos

grupos EAE e EAE+Fingo, os animais ainda não apresentavam qualquer tipo de

déficit motor observável causado pela doença (Figura 5).

22

Figura 5: Resultados do teste de campo aberto no 4º d.p.i. em animais C57BL/6 femeas imunizados

com MOG35-55 acrescido de CFA tratados (EAE + Fingo) ou não (EAE) com 10 mg/kg de fingolimode

no dia da imunização. (A) Tempo de permanência na zona central do campo aberto. (B) Número de

entradas na zona central. (C) Número de linhas cruzadas durante o teste. (D) Distância total

percorrida durante o teste. (E) Velocidade média dos animais durante o teste. (F) Tempo móvel total

durante o teste. Resultados expressos como média + erro padrão da média, onde asteriscos isolados

representam diferença estatística dentro do grupo Controle ou EAE e asteriscos com barras,

significância estatística entre os grupos experimentais indicados. Teste Two-way ANOVA seguido do

pos-teste Tukey. * p < 0,05; ** p < 0,01; *** p < 0,001. N= 4 e 5.

Quando os animais foram testados no 22º d.p.i., houve novamente redução

significativa nos índices motores no grupo EAE. Neste dia os animais imunizados se

encontravam na fase de remissão da doença, porém ainda apresentavam escore

clínico médio de 1,9. O grupo EAE+Fingo não apresentou redução significativa nos

parâmetros motores e apresentavam escore médio de 0,3 neste dia. Houve também

redução no tempo passado e número de entradas na região central do campo

aberto, porém não estatisticamente significante (Figura 6).

23

Figura 6: Resultados do teste de campo aberto no 22º d.p.i. em animais C57BL/6 femeas imunizados

com MOG35-55 acrescido de CFA tratados (EAE + Fingo) ou não (EAE) com 10 mg/kg de fingolimode

no dia da imunização. (A) Tempo de permanência na zona central do campo aberto. (B) Número de

entradas na zona central. (C) Número de linhas cruzadas durante o teste. (D) Distância total

percorrida durante o teste. (E) Velocidade média dos animais durante o teste. (F) Tempo móvel total

durante o teste. Resultados expressos como média + erro padrão da média, onde asteriscos isolados

representam diferença estatística dentro do grupo Controle ou EAE e asteriscos com barras,

significância estatística entre os grupos experimentais indicados. Teste Two-way ANOVA seguido do

pos-teste Tukey. * p < 0,05; ** p < 0,01. N= 4 e 5.

4.3 Reconhecimento de objeto novo

O teste de reconhecimento de objeto novo foi realizado no 8º d.p.i. em ambos

esquemas de administração do fingolimode, agudo e sub-crônico. No tratamento

sub-crônico, dado até o 9º d.p.i., o fingolimode mostrou aumentar de forma

significativa o índice de discriminação do novo objeto, 2h e 24h após o treinamento,

quando comparado ao grupo EAE (Figura 7).

24

Quando dado de forma aguda e em alta dose, o fingolimode também mostrou

proteger os animais com EAE do déficit cognitivo. O índice de discriminação do

grupo EAE+Fingo foi significantemente maior do que o grupo EAE, 24h após o treino

(Figura 8).

Figura 7. Análise de memória de trabalho pelo teste de reconhecimento de objeto novo no 8 d.p.i. em

animais C57BL/6 femeas imunizados com MOG35-55 acrescido de CFA tratados (EAE + Fingo) ou não

(EAE) com 0,5 mg/kg de fingolimode até o 9º d.p.i. (A) Índice de discriminação (número de

explorações) no treino. (B) Índice de discriminação (número de explorações) 2h após o treino. (C)

Índice de discriminação (número de explorações) 24h após o treino. Os resultados estão exibidos

como média ± erro padrão da média dos grupos experimentais. Teste T de Student. *p<0,05. N=4 a 6

25

Figura 8. Teste de reconhecimento de objeto novo no 8 d.p.i. em animais C57BL/6 femeas

imunizados com MOG35-55 acrescido de CFA tratados (EAE + Fingo) ou não (EAE) com 10 mg/kg de

fingolimode no dia da imunização. (A) Índice de discriminação no treino, determinado pelo tempo de

exploração de dois objetos iguais no 7 d.p.i. (B) Índice de discriminação no teste após 2h da troca de

um dos objetos. (C) Índice de discriminação no teste após 24h da troca de um dos objetos. (D)

Tempo de exploração de cada objeto 2h após e (E) 24h após o treino. Resultados expressos como

média ± erro padrão da média, onde asteriscos isolados representam diferença estatística dentro do

grupo Controle ou EAE e asteriscos com barras, significância estatística entre os grupos

experimentais indicados. Teste Two-way ANOVA seguido do pos-teste Tukey. * p < 0,05; ** p < 0,01;

*** p < 0,001, ****p<0,0001. N= 4 e 5.

Quando realizado no 26º d.p.i, o índice de discriminação foi significantemente menor

no grupo EAE quando comparado com o grupo EAE+Fingo no teste 2h após o

treino. 24h após o treino houve também redução do índice de discriminação,

entretanto, este não foi estatisticamente significante (Figura 9).

26

Figura 9. Teste de reconhecimento de objeto novo no 26 d.p.i. em animais C57BL/6 femeas

imunizados com MOG35-55 acrescido de CFA tratados (EAE + Fingo) ou não (EAE) com 10 mg/kg de

fingolimode no dia da imunização. (A) Índice de discriminação no treino, determinado pelo tempo de

exploração de dois objetos iguais no 25 d.p.i. (B) Índice de discriminação no teste após 2h da troca

de um dos objetos. (C) Índice de discriminação no teste após 24h da troca de um dos objetos. (D)

Tempo de exploração de cada objeto 2h após e (E) 24h após o treino. Resultados expressos como

média ± erro padrão da média, onde asteriscos isolados representam diferença estatística dentro do

grupo Controle ou EAE e asteriscos com barras, significância estatística entre os grupos

experimentais indicados. Teste Two-way ANOVA seguido do pos-teste Tukey. * p < 0,05. N= 4 e 5.

4.4 Labirinto em cruz elevado (8º d.p.i.)

No teste do Labirinto em Cruz Elevado realizado no 8º d.p.i. não foram observadas

diferenças significativas entre os grupos, tanto no tempo de permanência nos braços

abertos e fechados quanto no número de entradas nos braços (Figura 10)

27

Figura 10. Teste de Labirinto em Cruz Elevado no 8 d.p.i. em animais C57BL/6 femeas imunizados

com MOG35-55 acrescido de CFA tratados (EAE + Fingo) ou não (EAE) com 10 mg/kg de fingolimode

no dia da imunização. (A) Porcentagem do tempo passado nos braços fechados (B) Porcentagem do

tempo passado nos braços abertos. (C) Porcentagem do número de entradas nos braços fechados.

(D) Porcentagem do número de entradas nos braços abertos. Resultados expressos como média ±

erro padrão da média. Teste Two-way ANOVA seguido do pos-teste Tukey. N= 4-6.

4.5 Análise Bioquímica

No 9º d.p.i., ainda na fase pré-sintomática da EAE, foram analisados, por Western

Blot, os hipocampos dos animais tratados com dose alta única de fingolimode

(10mg/kg). Foram analisadas proteínas de vias de sinalização moduladas pelo

fingolimode, o fator de transcrição CREB e proteínas que participam no processo

inflamatório no SNC na EAE. O grupo de animais tratados com fingolimode

apresentou redução na fosforilação da proteína Akt, tanto nos animais induzidos

com EAE e nos animais controle (Figura 11). No entanto, não foi possível observar

aumento significativo na fosforilação de ERK nas amostras (Figura 12).

28

Figura 11. Análise da fosforilação de Akt em extrato proteico citosólico do hipocampo de animais

C57BL/6 femeas imunizados com MOG35-55 acrescido de CFA tratados (EAE + Fingo) ou não (EAE)

com 10 mg/kg de fingolimode no 9º d.p.i. Resultados expressos em média + erro padrão. Teste Two-

way ANOVA seguido do pos-teste Tukey. * p < 0,05; ** p < 0,01. N= 4-5

Figura 12. Análise da fosforilação de ERK 1/2 (p42/p44) em extrato proteico citosólico do hipocampo

de animais C57BL/6 femeas imunizados com MOG35-55 acrescido de CFA tratados (EAE + Fingo) ou

não (EAE) com 10 mg/kg de fingolimode no 9º d.p.i. Resultados expressos em média + erro padrão.

Teste Two-way ANOVA seguido do pos-teste Tukey. N= 4-5

Não houve variação significativa na expressão de CREB entre os grupos no extrato

nuclear do hipocampo (Figura 13).

29

Figura 13. Análise da expressão de CREB em extrato proteico nuclear do hipocampo de animais

C57BL/6 femeas imunizados com MOG35-55 acrescido de CFA tratados (EAE + Fingo) ou não (EAE)

com 10 mg/kg de fingolimode no 9º d.p.i. Resultados expressos em média + erro padrão. Teste Two-

way ANOVA seguido do pos-teste Tukey. N= 4-5

A neuroinflamação foi avaliada por meio da análise da translocação nuclear da

subunidade p65 do complexo NF-kB e a expressão das proteínas TNF-α e MHC

classe II. A translocação de p65 se encontra significantemente elevada nos animais

com EAE, retornando a níveis similares ao controle no grupo EAE+Fingo (Figura 14).

A expressão da subunidade p34 da molécula de MHC-II apresentou aumento

significativo no grupo EAE, o que retornou a níveis próximos ao controle com o

tratamento com fingolimode. Interessantemente, foi observado elevação da

expressão do MHC-II no grupo tratado apenas com fingolimode (Figura 15). Ainda, o

tratamento com fingolimode reduziu, embora não significantemente, a expressão da

molécula precursora de TNF-α no grupo EAE+Fingo, comparado com o grupo EAE

(Figura 16).

30

Figura 14. Análise da fosforilação da translocação da subunidade p65 do NF-kB em extrato proteico

do hipocampo de animais C57BL/6 femeas imunizados com MOG35-55 acrescido de CFA tratados

(EAE + Fingo) ou não (EAE) com 10 mg/kg de fingolimode no 9º d.p.i. Resultados expressos em

média + erro padrão. Teste Two-way ANOVA seguido do pos-teste Tukey. * p < 0,05. N= 4-5

Figura 15. Análise da expressão da molécula de MHC classe II em extrato proteico citosólico do

hipocampo de animais C57BL/6 femeas imunizados com MOG35-55 acrescido de CFA tratados (EAE +

Fingo) ou não (EAE) com 10 mg/kg de fingolimode no 9º d.p.i. Resultados expressos em média + erro

padrão. Teste Two-way ANOVA seguido do pos-teste Tukey. * p < 0,05; ** p < 0,01, *** p < 0,001. N=

4-5.

31

Figura 16. Análise da expressão da forma precursora do TNF-α em extrato proteico citosólico do

hipocampo de animais C57BL/6 femeas imunizados com MOG35-55 acrescido de CFA tratados (EAE +

Fingo) ou não (EAE) com 10 mg/kg de fingolimode no 9º d.p.i. Resultados expressos em média + erro

padrão. Teste Two-way ANOVA seguido do pos-teste Tukey. N=4-5

5 DISCUSSÃO

No presente estudo, através de testes comportamentais e moleculares, buscou-se

analisar os efeitos do tratamento preventivo com fingolimode na cognição e

neuroinflamação em camundongos com EAE. Ainda, utilizando dados prévios de

nosso grupo, os resultados obtidos com o fingolimode foram comparados aos

observados no tratamento preventivo com dexametasona.

O fingolimode, tanto dado na dose de 0,5mg/kg/dia por 10 dias ou como dose única

de 10 mg/kg no dia da imunização, gerou redução significativa no escore clínico

motor dos animais com EAE (Figura 3). A dose de 10 mg/kg é a maior dose testada

em animais para o tratamento da EM e foi utilizada como comparador para a alta

dose de dexametasona (50mg/kg), utilizada no estudo anterior de nosso grupo [dos

Santos, 2017]. O fingolimode é um agonista dos receptores de S1P, entretanto a

constante ativação desses receptores pelo fármaco acarreta em sua internalização e

degradação pelo sistema proteassoma, consequentemente diminuindo sua

densidade. O receptor S1P1 é um receptor acoplado à proteína Gi importante para o

egresso de linfócitos no SNC, o qual, quando ativado, resulta em ativação da via

32

PI3K/Akt/mTOR, inibindo a expressão do gene FoxP3 e reduzindo

consequentemente a diferenciação de linfócitos Treg. A melhora clínica de animais

com EAE pelo fingolimode é dependente da inibição da via Akt/mTOR [Hou, 2016].

Condizentemente, no 9º d.p.i. em animais tratados com fingolimode, a fosforilação

de Akt está reduzida no hipocampo, indicando que a modulação desta via foi

importante para o efeito protetor do fingolimode neste modelo (Fig. 11). Outra via

também modulada pelo tratamento com fingolimode, a MAPK/ERK, não apresentou

diferença significativa nos grupos tratados com fingolimode no 9 d.p.i. (Figura 12). O

tratamento com fingolimode induz a proliferação de células tronco neurais

hipocampais através da ativação da via de sinalização MAPK/ERK [Sun, 2016].

Pelos testes de campo aberto e LCE não foi observado diferenças sugestivas de

comportamento do tipo ansioso em nenhum grupo experimental. Esta observação

também pode ser encontrada na literatura [Rodrigues, 2011]. A avaliação da

capacidade motora dos animais no campo aberto mostrou que os animais dos

grupos EAE e EAE+Fingo se movimentam menos devido aos sintomas motores da

EAE na fase de remissão (22º d.p.i.), mas também no período pré-simtomático (4º

d.p.i.). Esta observação pode ter sido causada devido a possível efeito inflamatório

subclínico ou a um comportamento do tipo ansioso ou anedônico não detectado pelo

teste de campo aberto ou LCE. Animais com EAE possuem, principalmente nos dias

próximos à imunização e no aparecimento dos sintomas clínicos, síndrome do tipo

sickness behavior [Pollak, 2000]. Será realizado futuramente outro teste

comportamental que exige menor movimentação, como a caixa claro-escuro, no

período pré-sintomático para avaliação do comportamento do tipo ansioso nesses

animais e sua modulação pelo fingolimode.

No 8º e 26º d.p.i., o grupo EAE+Fingo apresentou melhora no índice de

discriminação de objeto novo comparados ao grupo EAE, mostrando que este

fármaco possui efeito protetor na memória declarativa destes animais. Este efeito

pode ter sido causado por efeitos distintos: diminuição da inflamação no hipocampo

e estruturas límbicas responsáveis pela consolidação da memória pela redução de

infiltrado leucocitário, efeito protetor e anti-inflamatório direto do fingolimode nos

diferentes tipos celulares do SNC e secreção aumentada de BDNF no hipocampo.

No entanto, através do ensaio de Western Blot, não foi observada diferença

33

significativa na expressão de CREB entre os grupos no 9º d.p.i., mostrando que não

há modulação quantitativa deste fator de transcrição (Figura 13). Para melhor

comparação, será realizado também análise da expressão de CREB fosforilado e

ensaio de desvio de mobilidade electroforética (EMSA) para CREB. Será realizado

ainda ensaio de Western Blot para animais eutanasiados 60 minutos após a

realização do teste de reconhecimento de objeto novo para a avaliação da

expressão da proteína de expressão rápida EGR-1.

Trabalhos mostraram que camundongos tratados com fingolimode 0,3mg/kg por 15

dias apresentaram neurogênese hipocampal aumentada e melhora na memória

contextual no teste de memória aversiva, indicando um efeito mediado pela

neurogênese hipocampal, dependente do BDNF liberado [Efstathopoulos, 2015].

Após isquemia cerebral focal em ratos pela oclusão da artéria cerebral média, a

administração de 0,5 mg/kg de fingolimode resultou em diminuição da área da lesão

isquêmica e melhora do déficit de memória nesses animais [Nazari, 2016]. O

tratamento de camundongos C57BL/6 adultos por 7 dias com fingolimode também

promoveu neurogênese hipocampal e melhorou a memória contextual e memória

espacial, medidos pelos testes de memória ao contexto e labirinto de Morris,

respectivamente [Sun, 2016].

O grupo EAE+Fingo apresentou menor translocação nuclear da subunidade p65 do

NF-kB no 9º d.p.i., sugerindo que a inflamação hipocampal está diminuída neste

grupo (Figura 14). Em linha com esta observação, a expressão de MHC classe II,

molécula importante para a reapresentação de antígenos no SNC e progressão da

EAE, é menor no grupo EAE+Fingo comparado ao grupo EAE (Figura 15).

Curiosamente, o grupo Controle+Fingo apresentou aumento significativo da

expressão do MHC no hipocampo. Este efeito pode ter sido causado pelo efeito

agonista do fingolimode nos receptores S1P1, o qual, sem uma condição

inflamatória concomitante, gera aumento na expressão dessa molécula. Apesar de

não estatisticamente significante, houve redução na expressão do TNF-α no grupo

EAE+Fingo em relação ao grupo EAE. Como a infiltração periférica no SNC não é

significante no ponto pré-sintomático, provavelmente a quantidade de TNF-α ainda

não é grande o suficiente no grupo EAE para uma diferença ser captada pela técnica

de Western Blot. Um ensaio futuro irá avaliar a expressão dessas proteínas pró-

34

inflamatórias e NF-kB no hipocampo no 26º d.p.i. por Western Blot e EMSA, na fase

de remissão da doença.

O tratamento com dexametasona 50mg/kg dada no dia da imunização, apesar de

gerar melhora no escore motor dos animais com EAE tratados, acarretou também

em efeitos negativos. Dentre eles, a não proteção da piora na razão de

discriminação de novo objeto 24h após o treino no 8º e 26º d.p.i e diminuição do

tempo nos braços abertos do LCE, indicativos de déficit de memória e

comportamento do tipo ansioso, respectivamente. Ainda, no grupo tratado com

dexametasona se observou que a inflamação no SNC é modulada diferentemente

por este fármaco dado nesta dose, em relação à periferia. O grupo EAE+DEX não

apresentou redução significativa de translocação nuclear da subunidade p65 do NF-

kB ou expressão do TNF-α no 8º d.p.i. No 26º d.p.i., a expressão de TNF-α é maior

que a do grupo EAE, há ligação do fator de transcrição NF-kB ao DNA semelhante

ao grupo EAE, medido pelo ensaio de EMSA [Dos Santos, 2017]. Além disso, no 26º

d.p.i, o grupo EAE+DEX apresentou maior expressão do marcador de ativação

astrocitário GFAP e menor expressão de delta-FosB na região CA1 do hipocampo.

Esses resultados fortalecem resultados na literatura que mostram que os

glicocorticoides geram efeitos biológicos complexos e variados, dependendo da

dose, contexto e tempo que são utilizados [Sorrells, 2009; Duque, 2016].

Outro glicocorticoide utilizado na EM, a metilpredinisona, dada de forma terapêutica,

após a aparição dos sintomas clínicos da EAE, em doses até 20 mg/kg, reduz o

escore clínico dos animais imunizados. Entretanto, uma dose alta de 100 mg/kg

dada de forma preventiva, ou seja, antes da aparição dos sintomas motores,

contraditoriamente, promove um aumento do escore clínico em relação ao grupo não

tratado. Isso mostra mais uma vez que os GCs possuem efeitos que podem ser anti-

ou pró- inflamatórios, dependendo da dose e contexto que são utilizados [Wüst,

2012]. O tratamento da EAE com GCs também resulta em diminuição da expressão

do marcador de células T reguladoras (Treg), FoxP3+ [Lühder, 209], deficiência

semelhante ao visto na imunopatologia da EM. Células microgliais hipocampais de

ratos pré-expostas à corticosterona respondem à um segundo insulto com LPS com

expressão aumentada de MHC classe II, TLR-4, IL-1β, TNF-α e NF-κB.

35

Similarmente, a exposição à corticosterona antes do LPS causou, in vivo, o aumento

de citocinas como IL-1β, TNF-α e IL-6 no hipocampo [Frank, 2010] e córtex frontal

[Munhoz, 2010] de ratos, comparados ao controle. A exposição à corticosterona

após o LPS resulta em diminuição da expressão de marcadores pró-inflamatórios

[Frank, 2010; Munhoz, 2010], mostrando um contexto tempo-dependente no tipo de

ação que os GCs podem exercer, pró ou anti-inflamatória. Ainda em linha com os

estudos anteriores, ratos submetidos a estresse crônico imprevisível apresentaram

maior ativação de NF-κB no córtex frontal e hipocampo após injeção de LPS. Este

fenômeno foi revertido com a administração de mifepristona (RU-486), um

antagonista do GR [Munhoz, 2006].

Efeitos distintos observados em testes comportamentais e moleculares quando se

trata animais preventivamente com fingolimode ou dexametasona, fortalece a ideia

que os efeitos deletérios presentes no grupo EAE+DEX são exclusivamente

causados pelos glicocorticóides sintéticos. A futura avaliação da expressão de EGR-

1 e proteínas pró-inflamatórios e a ligação dos fatores de transcrição CREB e NF-kB

no DNA no 26º d.p.i. em animais tratados com fingolimode, irá ajudar a reforçar

ainda mais essa hipótese.

6 CONCLUSÃO

O tratamento preventivo da EAE com fingolimode em dose única de10mg/kg e por

10 dias 0,5 mg/kg/dia resultou na melhora significativa do score clínico motor dos

animais. Os animais tratados com fingolimode não apresentaram, entretanto, os

mesmos resultados comportamentais e expressão de moléculas pró-inflamatórias no

hipocampo como observado no tratamento com dexametasona.

Os resultados de nosso grupo mostram que a utilização de altas doses de

glicocorticoides pode trazer efeitos deletérios que são tempo e contexto

dependentes. Como esta classe farmacológica é profundamente utilizada no

tratamento da EM estes estudos alertam para que a sua utilização seja feita com

cautela, a fim de se evitar possíveis complicações.

36

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39

8 ANEXOS

ANEXO 1. Avaliação do escore clínico motor total 26 d.p.i. em animais C57BL/6 femeas imunizados

com MOG35-55 acrescido de CFA tratados (DEX + EAE) ou não (EAE) com 50 mg/kg de

dexametasona no dia da imunização. Os resultados estão exibidos através da média ± erro padrão

dos grupos experimentais (N = 15 e 16). *p < 0,05 vs EAE

ANEXO 2. Avaliação de comportamento do tipo ansioso em animais C57BL/6 femeas imunizados

com MOG35-55 acrescido de CFA tratados (DEX + EAE) ou não (EAE) com 50 mg/kg de

dexametasona no dia da imunização. (A) Teste de campo aberto 4 d.p.i. (B) Teste de campo aberto

8 d.p.i. (C) Teste de labirinto em cruz elevado 8 d.p.i. Os resultados estão exibidos através da média

+ erro padrão dos grupos experimentais, onde (*) representa diferença significativa em relação ao

40

grupo controle, (##) representa diferença significativa em relação ao grupo DEX e (&) representa

diferença significativa em relação ao grupo EAE+DEX. p < 0,05. N = 8 e 9.

ANEXO 3. Avaliação da memória declarativa por meio do teste de reconhecimento de novo objeto em

animais C57BL/6 femeas imunizados com MOG35-55 acrescido de CFA tratados (DEX + EAE) ou não

(EAE) com 50 mg/kg de dexametasona no dia da imunização. (A) 2h e 24h após o treino 8 d.p.i. e (B)

24h após o treino 26 d.p.i. Os resultados estão exibidos através da média + erro padrão dos grupos

experimentais, onde (*) representa diferença significativa em relação ao grupo controle, (#)

representa diferença significativa em relação ao grupo DEX. p<0,05 N = 7

41

ANEXO 4. Avaliação por Western Blot das proteínas EGR-1 e TNF-α no hipocampo de animais

C57BL/6 femeas imunizados com MOG35-55 acrescido de CFA tratados (DEX + EAE) ou não (EAE)

com 50 mg/kg de dexametasona no dia da imunização. (A) Proteína de expressão imediata EGR-1 no

hipocampo 8 d.p.i e (B) 26 d.p.i. (C) Forma madura da proteína TNF-α no hipocampo 8 d.p.i e (D) 26

d.p.i. Os resultados estão expressos como média ± erro padrão da média dos grupos

experimentais, onde (*) representa diferença significativa em relação ao grupo controle. p < 0,05

(N = 4).

D~-

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULOINSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOMÉDICAS

Cidade Universitária "Armando de Salles Oliveira"Av. Prof. lineu Prestes, 2415 - CEPo 05508-000 São Paulo, SP BrasilTelefone :(55) (011) 3091.7733 - e-mail: [email protected]

CERTIFICADO

Certificamos que o protocolo registrado sob nO003 nas fls. 03 do livro 03 para USO

de animais em experimentação, sob a responsabilidade do Prof(a) Or(a)) Carolina

Demarchi Munhoz, Coordenador (a) da Linha de pesquisa "Participação dos

glicocorticoides na progressão e no prejuízo cognitivo de encefalomielite autoimune

experimental em camundongos C57BL/6" do qual participam o(s) aluno(s), Nilton

Barreto dos Santos, Leonardo Santana Novaes, Dielly Catrina Favacho Lopes, Érica

de Almeida Duque, está de acordo com os Princípios Éticos de Experimentação

Animal adotado pela Sociedade Brasileira de Ciência de Animais de Laboratório

(SBCAL) e foi aprovado pela COMISSÃO DE ÉTICA NO USO DE ANIMAIS (CEUA)

em 26.03.2013, com validade de 4 anos.

São Paulo, 26 de março de 2013.

Prof. Dr. WOTHAN TAVARESDELIMACoordenador-CEUA - ICB/USP

Profa. Ora. ANA PAULALEPIQUESecretária- CEUA - ICB/USP

Cidade Universitária "Armando de Salles Oliveira", Butantã, São Paulo, SP . Av. Professor Lineu Prestes, 2415 - ICB III - 05508 000Comissão de Ética no Uso de Animais - Telefone (11) 3091-7733 - e-mail: [email protected]

Of.CEUA.013,2017São Paulo, 20 de março de 2017.

Prezadofa) Professor(a),

Informo que o projeto intitulado "Participação dos glicocorticoides na progressãoe no prejuízo cognitivo de encefalomielite autoimune experimental em camundongosC57BLj6", registrado sob o protocolo nº 003/2013 e aprovado em 26/03/2013 que envolve aprodução, manutenção e/ou utilização de animais pertencentes ao filo Chordata, subfiloVertebrata (exceto o homem), para fins de pesquisa científica, foi prorrogado até 26/03/2021.

Diante desta prorrogação e da declaração de que não houve alteração dametodologia e das técnicas descritas na licença inicial para o uso de animais, autorizo a inclusãodas espécies e quantidades descritas abaixo para continuidade ao referido projeto:

Espécie Linhagem Sexo Idade/Peso Quantidade por anoCamundongo C57BL/6 Fêmea 5 semanas 1º: 120

2º: 803º: 804º: 80

Camundongo C57BL/6 Fêmea Neonatos 1º: 1202º: 1203º: 1004º: 100

Reitero que havendo alteração de metodologia e inserção de novos alunos ao projetode pesquisa vinculado à referida licença a CEUA-ICB deverá ser informada.

Cordialmente,

fJWJJAProf. Dr. Anderson de Sá NunesCoordenador - CEUA-ICB/USP

Prof.(a) Dr.(a) Carolina Demarchi MunhozDepartamento de FarmacologiaInstituto de Ciências Biomédicas - USP

Cidade Universitária "Armando de Salles Oliveira", Butantã, São Paulo, SP . Av. Professor Lineu Prestes, 2415 - ICB 111 - 05508 000Comissão de Ética no Uso de Animais· Telefone (11) 3091-7733 - e-rnail: [email protected]

Decl. CEUA085.2016

DECLARAÇÃO

Em adendo ao Certificado nº 003/2013/CEUA, datado de

26/03/2013 e por solicitação da Profa. Ora. Carolina Demarchi Munhoz, do

Departamento de Farmacologia, responsável pela linha de Pesquisa, autorizo a

inclusão dora) alunoja) Guilherme Dragunas ao Projeto de Pesquisa

"Participação dos glicocorticoides na progressão e no prejuízo cognitivo de

encefalomielite autoimune experimental em camundongos C57BLj6", uma vez

que se trata de utilização da mesma espécie animal e de métodos experimentais

similares ao Projeto.

São Paulo, 19 de setembro de 2016

iJWJJ?AProf. Dr. Anderson de Sá NunesCoordenador da CEUA-ICB/USP

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICASComissão de Ética no Uso de Animais - CEUA

Ofício CEUAlFCF 7.2017

CIÊNCIA

A Comissão de Ética no Uso de Animais da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da

Universidade de São Paulo, em 10/0312017, tomou ciência da pesquisa Perda cognitiva e

neuroinflamação causados pelo tratamento com o glicocorticoide sintético dexametasona

em encefalomielite autoimune experimental, conforme aprovada pela CEUA do Instituto

de Ciências Biomédicas da USP (CEUA 00312013, de 26/03/2013), conforme certificado

assinado em 26103/2013.

Orientador(a): Profa. Dra. Carolina Demarchi MunhozPesquisador(a): Guilherme Dragunas

I)

São Pa~~o, !Qie ~~ç1de 20p._ .. '- __. f:(jÇC;2' 1'--;;t'_ ••..• I A

, 'f v{~.. .\r i.i. " -_ .. - .(1Prof. Dr. Jai'son de Oliveira Martins, .

Coordenador da CEUAlFCF/USP

Av. Praf. Lineu Prestes, 580, Bloco 13 A. Cidade Universitária, CEP 05508-900, São Paulo, SPTelefone: (11) 3091-3622 - e-mai!: [email protected]