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SEXTAFEIRA, 6 DE NOVEMBRO DE 2015 10:14 Logout Assine a Folha Atendimento Versão Impressa Opinião Política Mundo Economia Cotidiano Esporte Cultura F5 Classificados Últimas notícias Maternar: Fernanda Machado adere à campanha de ale Buscar... colunistas conv contardo calligaris Italiano, é psicanalista, doutor em psicologia clínica e escritor. Reflete sobre cultura, modernidade e as aventuras do espírito contemporâneo (patológicas e ordinárias). Escreve às quintas. Abortemos o projeto de Cunha 05/11/2015 02h00 Não é exagero dizer que a vida das mulheres é ameaçada (por exemplo) pelo projeto de lei 5069/13, do deputado Eduardo Cunha, que dificulta o aborto legal. Hoje, em apoio ao movimento #AgoraÉQueSãoElas, cedo o espaço à psicanalista Maria Rita Kehl. "Meus argumentos em defesa, não do aborto, mas de sua descriminalização, são públicos há mais de cinco anos. Eu os defendi em uma das crônicas que escrevi, em 2010, no jornal 'O Estado de S. Paulo'. Suspeito que o artigo tenha contribuído para o cancelamento daquela coluna. Devo dizer que hoje não penso muito diferente do que pensava em 2010. Para começar, aborto não é política de controle de natalidade. É um recurso extremo e doloroso utilizado por mulheres sem condições materiais ou psicológicas de ter um (ou mais um) filho. A pauta dos direitos da mulher não começa pela defesa do aborto. Este só se justifica em último caso. Antes disso, é necessário promover e/ou ampliar informação e acesso generalizado a métodos contraceptivos –políticas preventivas modestas, baratas, discretas. Não renderiam grande coisa ao deputado que lutasse por elas. Vale lembrar que mulheres não engravidam sozinhas. Mas o ônus do aborto, assim como o de criar um filho não planejado, costuma cair sobre elas. A vergonha é delas (nossa), o crime é delas (nosso), o risco de morte por abortos clandestinos feitos em condições precárias é delas. É nosso. A acusação moral também recai sobre elas. Sobre nós. Mas o aborto não é um problema das mulheres. Esta é uma hipocrisia compartilhada por muitos homens (não todos!), que fingem não ser tão responsáveis quanto as moças pelos casos de gravidez indesejada. A expressão 'gravidez indesejada' é cruel: o que falta a grande parte das mulheres, sobretudo adolescentes, para manter a gravidez não é desejo. São condições: materiais, emocionais, familiares. E sobram condições de abandono: quantos homens, ou garotos, continuam ao lado das mulheres e meninas que engravidaram 'sem querer', como se o problema não fosse com A felicidade é deprimente No ático ou nos fundos A fórmula do amor + LIDAS + COMENTADAS + ENVIADAS ÚLTIMAS 1 Mônica Bergamo: Relator da Lava Jato no STF, Zavascki diz que o pior ainda será revelado 2 Mônica Bergamo: 'Calarme não é opção', diz blogueira feminista ameaçada na internet 3 Reinaldo Azevedo: Meninas, bicicletai seios nus! 4 Patrícia Campos Mello: Feminismo sem mimimi 5 Tati Bernardi: O fiufiu de um macho não opressor [email protected] @ccalligaris EM COLUNISTAS PUBLICIDADE Guia Politicamente Incorreto da Economia Brasileira De R$ 39,90 Por R$ 31,90 Comprar Assine 0800 703 3000 SAC Batepapo Email BOL Notícias Esporte Entretenimento Mulher Rádio TV UOL PagSeguro colunistas leia também Compartilhar 6,8 mil Mais opções COMPARTILHE ESTE LINK Compartilhar 6,8 mil

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contardo calligarisItaliano, é psicanalista, doutorem psicologia clínica e escritor.Reflete sobre cultura,modernidade e as aventurasdo espírito contemporâneo(patológicas e ordinárias).Escreve às quintas.

Abortemos o projeto de Cunha05/11/2015 02h00

Não é exagero dizer que a vida das mulheres é ameaçada (por exemplo) peloprojeto de lei 5069/13, do deputado Eduardo Cunha, que dificulta o abortolegal. Hoje, em apoio ao movimento #AgoraÉQueSãoElas, cedo o espaço àpsicanalista Maria Rita Kehl.

"Meus argumentos em defesa, não do aborto, mas de sua descriminalização,são públicos há mais de cinco anos. Eu os defendi em uma das crônicas queescrevi, em 2010, no jornal 'O Estado de S. Paulo'. Suspeito que o artigo tenhacontribuído para o cancelamento daquela coluna.

Devo dizer que hoje não penso muito diferente do que pensava em 2010.

Para começar, aborto não é política de controle de natalidade. É um recursoextremo e doloroso utilizado por mulheres sem condições materiais oupsicológicas de ter um (ou mais um) filho. A pauta dos direitos da mulher nãocomeça pela defesa do aborto. Este só se justifica em último caso. Antes disso,é necessário promover e/ou ampliar informação e acesso generalizado amétodos contraceptivos –políticas preventivas modestas, baratas, discretas.Não renderiam grande coisa ao deputado que lutasse por elas.

Vale lembrar que mulheres não engravidam sozinhas. Mas o ônus do aborto,assim como o de criar um filho não planejado, costuma cair sobre elas. Avergonha é delas (nossa), o crime é delas (nosso), o risco de morte por abortosclandestinos feitos em condições precárias é delas. É nosso. A acusação moraltambém recai sobre elas. Sobre nós. Mas o aborto não é um problema dasmulheres. Esta é uma hipocrisia compartilhada por muitos homens (nãotodos!), que fingem não ser tão responsáveis quanto as moças pelos casos degravidez indesejada.

A expressão 'gravidez indesejada' é cruel: o que falta a grande parte dasmulheres, sobretudo adolescentes, para manter a gravidez não é desejo. Sãocondições: materiais, emocionais, familiares. E sobram condições deabandono: quantos homens, ou garotos, continuam ao lado das mulheres emeninas que engravidaram 'sem querer', como se o problema não fosse com

A felicidade é deprimente

No ático ou nos fundos

A fórmula do amor

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1Mônica Bergamo: Relator da Lava Jatono STF, Zavascki diz que o pior aindaserá revelado

2Mônica Bergamo: 'Calarme não éopção', diz blogueira feministaameaçada na internet

3Reinaldo Azevedo: Meninas, bicicletaiseios nus!

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eles? Só algumas, com muita sorte, conseguem dividir a responsabilidade peladecisão com o parceiro. São casos em que muitas decidem não abortar.

Na situação de casagrandeesenzala que ainda caracteriza muitas famíliasbrasileiras, não causa escândalo que o filho da casa faça sua iniciação sexualcom uma das empregadas. Se a moça engravidar, será demitida semassistência. Por justa causa. E o que dirão as famílias se ela recorrer a umaborto clandestino? E se ela, como quer o novo projeto de lei, for à polícia darqueixa do estupro: quem lhe dará ouvidos? Todas nós sabemos o que estamossujeitas a ouvir nas delegacias, ao denunciar assédio, estupro ou outrasviolências praticadas por parceiros: 'Foi você quem provocou'. Nas delegaciasde periferia a falta de respeito é ainda pior.

Até o uso da pílula do dia seguinte, que provoca a expulsão do óvulo recémfecundado, será proibida se os deputados decidirem. Já é uma vida humana,dizem os membros da bancada da repulsa ao sexo. Sim, é uma vida. Mas sefosse humana, a sociedade teria criado ritos para incluíla na cultura –batizare sepultar os óvulos fecundados, por exemplo, quando expulsos por abortosespontâneos. Parece um absurdo, não é? Parece uma ideia bizarra. Assim é:porque de fato não os consideramos ainda como seres humanos. Nomeação esepultamento são práticas culturais que nos definem como humanos.Nenhuma delas se aplica a essa forma incipiente de vida.

Vamos falar sério: o que subjaz a esta pauta retrógrada é a repulsainconsciente à sexualidade feminina. A liberdade recémconquistada dodesejo feminino assusta os homens. Seis meses a dois anos de prisão paraaquelas que abortarem os fetos que eles fizeram 'sem querer'. Eis a versãomasculina da repulsa ao sexo.

Mas não são todos os homens que pensam assim. Só os inseguros. Osmachistas de carteirinha. Os violentos, que batem e justificam: 'Vocêprovocou'. Os brucutus, que estupram e justificam: 'Você provocou'. Osindiferentes, que engravidam a namorada e acusam: 'Você provocou'. Os quese ressentem (ainda!) que as moças se considerem donas de seus desejo edestino.

E os oportunistas, claro. Os que percebem, na revolta passiva dos ressentidos,a chance para suas ambições medíocres. Escrevo na esperança de que algunsdeputados, mesmo afinados com a pauta conservadora que ameaça asconquistas de direitos civis em nosso país, não se alinhem automaticamenteao projeto pessoal de poder do presidente da Câmara.

E agradeço ao Contardo por me ceder hoje o espaço da sua coluna."

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Obrigada.

Que saudade da coluna da Maria Rita, sempre autentica e firme.Parabéns Contardo por ceder oespaço.

Parabéns pelo texto!

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Silvia (145) ontem às 04h13 5 2 Denunciar

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Doug (2) ontem às 10h55 4 1 Denunciar

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Thiago (2) ontem às 10h02 3 0 Denunciar

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