248
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP Maria Simone Prates Barreto COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O DESENVOLVIMENTO DE LÍDERES GLOBAIS: O CASO IBM DOUTORADO EM ADMINISTRAÇÃO SÃO PAULO 2016

COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

  • Upload
    ledung

  • View
    221

  • Download
    3

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

Maria Simone Prates Barreto

COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O DESENVOLVIMENTO DE

LÍDERES GLOBAIS: O CASO IBM

DOUTORADO EM ADMINISTRAÇÃO

SÃO PAULO

2016

Page 2: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

Maria Simone Prates Barreto

DOUTORADO EM ADMINISTRAÇÃO

Tese apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo como exigência

para a obtenção do título de Doutor em Administração,

sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan.

Page 3: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

Banca Examinadora

------------------------------------------------------------

------------------------------------------------------------

------------------------------------------------------------

------------------------------------------------------------

------------------------------------------------------------

Page 4: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

Bolsista CAPES processo número 99999.003379/2015-09

Page 5: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

AGRADECIMENTOS

Eu gostaria de agradecer de uma forma muito especial ao meu marido e minha mãe,

Ricardo e Socorro, pelo apoio de força imensurável que eles me forneceram para eu

completar a minha tese. Agradeço-lhes especialmente, por entender a minha ausência em

casa, durante o período que eu estive em Londres para os meus estudos. Eu não poderia ter

completando esta tese sem a suas compreensões e apoios.

Eu gostaria de agradecer sinceramente aos meus orientadores da Pontifícia Católica

de São Paulo e do IOE Institude of Education, Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan e o

Professor Peter Earley, que me aconselharam e me encorajaram em todo o meu trabalho na

tese. Eles me ensinaram a focar, trabalhar duro e me esforçar para a excelência. Agradeço-

lhes por me ajudar a realizar um objetivo pessoal e profissional.

Eu gostaria de agradecer à IBM por acreditar em mim e ser muito favorável durante

todo a minha desafiadora jornada. Aos entrevistados, que participaram neste estudo, o meu

muito obrigada, pelo precioso tempo dispendido para ajudar com a minha pesquisa.

Mesmo com as suas viagens internacionais constantes e uma agenda desafiadora, eles me

ajudarem tornar possível a conclusão da minha tese.

À fundação Dom Cabral agradeço por permitir a utilização dos dados do Centro de

Referência em Criação de Valor Internacional (2014) e pelo apoio à minha pesquisa no

IOE Institute of Education em Londres.

Ao Prof. Dr. Francisco Antonio Serralvo e Prof. Dr. Belmiro do Nascimento João

agradeço pelo acolhimento e por terem cuidadosamente apontado oportunidades de

melhoria no exame de qualificação.

À CAPES, fomentadora de minha bolsa no Brasil e que me possibilitou também

estudar no IOE Institute of Education em Londres, o meu agradecimento.

Page 6: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

RESUMO

O objetivo central deste trabalho foi o de estudar as competências e as estratégias de

desenvolvimento usadas nas empresas, no Brasil, para o desenvolvimento dos líderes

globais. Foi realizada pesquisa qualitativa de natureza exploratória, e o método de pesquisa

utilizado foi o estudo de caso em profundidade, na empresa IBM. Os dados foram

coletados por meio de entrevistas semiestruturadas e no centro de referência de valor

internacional, da fundação Dom Cabral, em 2014, através de várias reuniões; os dados

secundários foram levantados por meio de pesquisas na internet. A empresa foi selecionada

pelo amplo reconhecimento de sua atuação global e pelo grande investimento no

desenvolvimento dos seus líderes globais. Os dados foram analisados por metodologia de

análise temática e com o auxílio dos softwares: NVivo, desenvolvido pela QSR

International, e VUE (Visual Understanding Environment), que é um software livre. As

principais competências citadas pelos líderes globais da IBM foram: facilidade em

estabelecer contatos interpessoais; gostar e valorizar as pessoas; flexibilidade e

adaptabilidade; ter fluência em vários idiomas; boa comunicação; saber lidar com a

diversidade cultural; criar e gerir equipes remotas; construir networking e parcerias;

negociação; ética; disciplina e organização; visão de negócios; assumir riscos; ser

inspirador e visionário. A IBM utiliza várias abordagens para desenvolver seus líderes

globais, dentre as quais: CSC (Corporate Service Corps), coaching, na qual uma equipe

com funcionários de vários países atua em países em desenvolvimento, com o objetivo de

auxiliar ONGs. Também existe forte cultura com intensivo uso de feedback, assessment,

modelo de shadow, mentoring, expatriação, licença para se trabalhar em outros países,

programa com trocas de experiências e interações com pessoas de vários países, e

treinamentos online e presencial. Mesmo sendo o objetivo central deste trabalho estudar as

competências e as estratégias de desenvolvimento usadas nas empresas brasileiras para o

desenvolvimento dos líderes globais, elucidou-se ainda o seu contexto de trabalho, o perfil

dos líderes globais, os sistemas de gestão de recursos humanos de uma empresa global, os

desafios que eles encontram no seu trabalho, como eles percebem as diferenças culturais,

como veem as diferenças de atuações de líderes locais e globais, suas trajetórias de

carreiras e suas responsabilidades.

Palavras-chave: Líderes globais. Competências de líderes globais. Desenvolvimento de

líderes globais

Page 7: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

ABSTRACT

The main aim of this study was to analyse the competences and development strategies

employed by companies, in Brazil, in order to develop global leaders. Qualitative research

was carried out to delve into the matter, and the research method was in-depth case study

developed at IBM. Data were collected through semi-structured interviews at the reference

centre of international recognition, Dom Cabral Foundation, in 2014, by means of several

meetings. Secondary data were likewise collected through internet research. The company

was chosen owing to its renowned recognition in the global market and great investment in

the development of its global leaders. All data collected were analysed through thematic

analysis methodology aided by software NVivo, developed by QSR International, and

VUE (Visual Understanding Environment), which is open source software. The main

competences mentioned by the global leaders at IBM were: easiness in making

interpersonal contact; enjoying and valuing people; flexibility and adaptability; being

fluent in several languages; being a good communicator; knowing how to deal with

cultural diversity; forming and managing remote teams; building networking and

partnerships; being good at negotiating; having sense of ethics, discipline and organization;

business vision; taking risks; being inspiring and visionary. IBM employs several

approaches to develop its global leaders, among which: CSC (Corporate Service Corps),

coaching, through which a team of employees from various countries engage in countries

under development aiming at assisting NGOs. In addition, there is a strong culture of using

feedback, assessment, shadowing model, mentoring, expatriation, licence to work in other

countries, programme for exchange of experiences and interaction with people from other

countries, and online and face-to-face training. Although the main objective of this study

was to analyse the competences and strategies used in development of global leaders at

Brazilian companies, it also focused on the profile of the global leaders, the management

systems of human resources used at a global company, the challenges the leaders face

when developing their work, how they perceive cultural differences, how they see

differences between local and global leaders, their career paths and responsibilities.

Key words: Global Leaders. Competences of global leaders. Development of global

leaders.

Page 8: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Competências e dimensões para a liderança global ........................................ 61

FIGURA 2 – Ciclo de eficácia ............................................................................................. 62

FIGURA 3 – Modelo de pirâmide de competências de liderança global ............................. 63

FIGURA 4 – Competências e dimensões para a liderança global ........................................ 66

FIGURA 5 – Dimensões e competências para a liderança global ........................................ 75

FIGURA 6 – Modelo Chattanooga ....................................................................................... 83

FIGURA 7 – Modelo de desenvolvimento em Liderança global (GLED)........................... 84

FIGURA 8 – Modelo de desenvolvimento de executivo global .......................................... 86

FIGURA 9 – Modelo Kozai de aprendizagem e transformação .......................................... 87

FIGURA 10 – Feedbacks e mudança no modelo mental ..................................................... 95

FIGURA 11 – Programa de desenvolvimento de líderes globais da IBM ........................... 98

FIGURA 12 – Mapa temático ............................................................................................ 114

Page 9: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 – Cargos dos entrevistados ............................................................................ 133

GRÁFICO 2 – Nacionalidade dos entrevistados ................................................................ 133

GRÁFICO 3 – Graduação .................................................................................................. 134

GRÁFICO 4 – Número de cursos de Pós-graduação ......................................................... 134

GRÁFICO 5 – Idade ........................................................................................................... 135

GRÁFICO 6 – Gênero ........................................................................................................ 135

GRÁFICO 7 – Idiomas ....................................................................................................... 136

GRÁFICO 8 – Tempo de IBM ........................................................................................... 136

Page 10: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Evolução das pesquisas em gestão intercultural para a liderança global ....... 21

TABELA 2 – Dimensões culturais e âncoras (KLUCKHONH; STRODTBECK, 1961).... 28

TABELA 3 – Dimensões culturais de Edward T. Hall ........................................................ 30

TABELA 4 – Dimensões culturais de Hofstede ................................................................... 31

TABELA 5 – Dimensões culturais de Trompenaars e Hampden-Turner ............................ 32

TABELA 6 – Dimensões culturais de Schwartz .................................................................. 34

TABELA 7 – Dimensões culturais Globe ............................................................................ 35

TABELA 8 – Dimensões culturais de Nardon e Steers........................................................ 36

TABELA 9 – Variáveis de impacto na cultura .................................................................. 38

TABELA 10 – Traços culturais brasileiros .......................................................................... 42

TABELA 11 – Níveis de expertise para a liderança global ................................................. 67

TABELA 12 – Contexto global, construção de sentido e competências da liderança global69

TABELA 13 – Competência intercultural e facets ............................................................... 70

TABELA 14 – Dimensão gerenciamento da percepção ....................................................... 71

TABELA 15 – Dimensão gerenciamento de relacionamento .............................................. 71

TABELA 16 – Dimensão autogerenciamento ...................................................................... 72

TABELA 17 – Visão geral conceitual de competências de liderança global ....................... 72

TABELA 18 – As duas dimensões para a liderança global ................................................. 73

TABELA 19 – Nova perspectiva para o desenvolvimento de liderança .............................. 79

TABELA 20 – Fases do programa Ulysses .......................................................................... 96

TABELA 21 – Codificação dos dados ............................................................................... 111

TABELA 22 – Códigos descritivos .................................................................................... 112

TABELA 23 – Agrupamento de códigos em temas ........................................................... 112

TABELA 24 – Agrupamento de códigos (nível 1 e nível 2) em temas.............................. 112

Page 11: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

TABELA 25 – Os modelos e as competências dos líderes globais .................................... 160

TABELA 26 – Resumo dos modelos e as competências dos líderes globais da IBM ....... 165

Page 12: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANPE - Agence Nationale pour l’emploi

CEO - Chief Executive Officer

CSC - Corporate Service Corps

EI - Inteligência emocional

GLED - Modelo de desenvolvimento de expertise em liderança global

HIV - Vírus da imunodeficiência humana

MCI - Management Charter Initiative

ONG – Organização não governamental

PC - Personal computer

QC - Quociente cultural ou inteligência cultural

RH – Recursos Humanos

TI - Tecnologia de Informação

VET - Vocational Education and Training

Page 13: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 16

1.1 Visão geral do estudo ........................................................................................................... 16

1.2 O problema de pesquisa ....................................................................................................... 17

1.3 O objetivo do estudo ............................................................................................................. 19

1.4 As questões de pesquisa ....................................................................................................... 19

1.5 Método de trabalho .............................................................................................................. 19

2 O CONTEXTO PARA A LIDERANÇA GLOBAL ............................................... 20

2.1 Introdução ............................................................................................................................. 20

2.1.1 Evolução das pesquisas em gestão intercultural para a liderança global...................... 21

2.2 Diferenças entre liderança local e global e o contexto de trabalho da liderança

global 22

2.3 Diversidade cultural ....................................................................................................... 25

2.4 Abordagens sobre a influência da cultura do país na gestão das empresas .............. 26

2.5 Mapas de cultura nacional ............................................................................................ 27

2.5.1 Teoria da orientação por valores – Kluckhonh e Strodtbeck .......................................... 27

2.5.2 Edward T. Hall ............................................................................................................... 29

2.5.3 Hofstede ........................................................................................................................... 30

2.5.4 Trompenaars e Hampden-Turner .................................................................................... 31

2.5.5 Schwartz .......................................................................................................................... 33

2.5.6 Globe (Global leadership and organisational behaviour effectiveness) ......................... 34

2.5.7 Integração dos modelos de dimensões culturais, proposta por Nardon e Steers............ 36

2.6 Vários níveis da cultura ................................................................................................. 37

2.6.1 Variáveis de impactos da cultura .................................................................................... 38

2.7 Cultura brasileira ........................................................................................................... 41

2.7.1 Traços culturais brasileiros ............................................................................................ 42

2.8 Síntese .............................................................................................................................. 45

3 COMPETÊNCIAS PARA O LÍDER GLOBAL ..................................................... 47

3.1 Introdução ....................................................................................................................... 47

3.2 Várias abordagens sobre competências ........................................................................ 48

3.3 Características individuais ............................................................................................ 52

3.3.1 Personalidade.................................................................................................................. 52

3.3.2 Valores, crenças e identidade ......................................................................................... 55

3.3.3 Inteligência ..................................................................................................................... 56

3.4 Modelos de competências para liderança global ......................................................... 60

Page 14: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

3.4.1 Competências e dimensões para a liderança global (2001) ........................................... 61

3.4.2 Modelo de pirâmide de competências de liderança global (2004) ................................. 62

3.4.3 Lista de conhecimentos, skills, abilities e personalidade (2006) ....................................... 63

3.4.4 Competências e dimensões para liderança global (2006) .............................................. 66

3.4.5 Contexto global, construção de sentido e competências da liderança global (2009) ..... 69

3.4.6 Competência intercultural e facets (2010) ...................................................................... 70

3.4.7 Visão geral conceitual de competências de liderança globais (2011) ............................ 72

3.4.8 Dimensões e competências para a liderança global (2013) ........................................... 74

3.5 Síntese .............................................................................................................................. 75

4 DESENVOLVIMENTO DO LÍDER GLOBAL ..................................................... 78

4.1 Introdução ............................................................................................................................. 78

4.2 Nova perspectiva para o desenvolvimento da liderança ............................................. 79

4.3 Instrumentos, para assessment, para o desenvolvimento da liderança global ................ 80

4.4 Modelos para o desenvolvimento do líder global ........................................................ 81

4.4.1 Modelo Chattanooga ....................................................................................................... 82

4.4.2 Modelo de desenvolvimento de expertise em liderança global (GLED) ......................... 83

4.4.3 Modelo de desenvolvimento do executivo global ............................................................ 84

4.4.4 Modelo Kozai de aprendizagem e transformação ........................................................... 86

4.5 Ferramentas, métodos e processos que podem ser usados para o desenvolvimento do

líder global .................................................................................................................................. 87

4.5.1 Contribuem para o direcionamento estratégico do negócio ........................................... 89

4.5.2 Compreensão conceitual ................................................................................................. 91

4.5.3 Construção de liderança, equipe e habilidades interpessoais ....................................... 91

4.5.4 Crescimento pessoal ........................................................................................................ 93

4.6 Programas de desenvolvimento de líderes globais ...................................................... 96

4.6.1 PricewaterhouseCoopers ................................................................................................ 96

4.6.2 Programa de desenvolvimento de líderes globais da IBM .............................................. 98

4.6.3 Union Bank da Suíça ..................................................................................................... 100

4.6.4 Programa de desenvolvimento de líderes globais Johnson & Johnson’s ..................... 100

4.6.5 Ford ............................................................................................................................... 101

4.7 Síntese ............................................................................................................................ 103

5 DESENHO DA PESQUISA .................................................................................... 104

5.1 Perspectivas teóricas e metodológicas .............................................................................. 104

5.2 O desenho da pesquisa ................................................................................................. 106

5.2.1 O método de pesquisa ................................................................................................... 106

Page 15: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

5.2.2 Amostra ......................................................................................................................... 108

5.2.3 Coleta dos dados ........................................................................................................... 108

5.2.4 Análise dos dados .......................................................................................................... 110

5.3 Validade e confiabilidade ............................................................................................. 116

5.4 Questões éticas .............................................................................................................. 117

5.5 Limitações do estudo .................................................................................................... 117

6 O CONTEXTO DE TRABALHO E O LÍDER GLOBAL DA IBM ................... 119

6.1 Introdução ..................................................................................................................... 119

6.2 O contexto de trabalho do líder global da IBM ......................................................... 119

6.2.1 O histórico da empresa ................................................................................................. 119

6.2.2 Os sistemas de gestão de Recursos Humanos ............................................................... 120

6.2.3 O ambiente de trabalho na IBM .................................................................................... 127

6.2.4 Os desafios que os líderes globais encontram no seu trabalho na IBM ....................... 129

6.3 O líder global da IBM .................................................................................................. 132

6.3.1 Dados demográficos dos líderes globais da IBM ......................................................... 132

6.3.2 Diferenças culturais percebidas pelos líderes globais .................................................. 137

6.3.3 Percepção dos líderes globais das diferenças entre líderes locais e globais ............... 138

6.3.4 Trajetória de carreira dos líderes globais da IBM ....................................................... 140

6.3.5 Responsabilidade atual dos líderes globais da IBM ..................................................... 141

6.4 Síntese ............................................................................................................................ 143

7 AS COMPETÊNCIAS E AS ESTRATÉGIAS PARA O DESENVOLVIMENTO

DOS LÍDERES GLOBAIS DA IBM ............................................................................. 147

7.1 Introdução ..................................................................................................................... 147

7.2 As competências do líder global da IBM .................................................................... 147

7.2.1 Competências ................................................................................................................ 152

7.3 O novo perfil do líder da IBM ..................................................................................... 165

7.4 As estratégias para o desenvolvimento do líder global da IBM ............................... 170

7.4.1 Programas ..................................................................................................................... 170

7.5 Síntese ............................................................................................................................ 179

8 CONCLUSÕES GERAIS E RECOMENDAÇÕES .............................................. 181

8.1 Introdução ........................................................................................................................... 181

8.2 Síntese do estudo........................................................................................................... 181

8.3 Contribuições do estudo ............................................................................................... 189

8.4 Limitações da pesquisa ................................................................................................ 190

8.5 Sugestões de continuidade da pesquisa ...................................................................... 191

Page 16: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 193

ANEXO A – Protocolo da pesquisa................................................................................ 202

ANEXO B – Fases da pesquisa ....................................................................................... 203

ANEXO C – Mapa conceitual......................................................................................... 204

ANEXO D – Carta convite para participação na pesquisa ......................................... 205

ANEXO E – Termo de consentimento livre e esclarecido ........................................... 206

ANEXO F – Autorização da IBM para utilização dos dados coletados na Fundação

Dom Cabral ...................................................................................................................... 208

ANEXO G – Autorização da Fundação Dom Cabral para utilização dos dados ...... 209

ANEXO H – Roteiro de entrevista ................................................................................. 210

ANEXO J – Estratificação e codificação ....................................................................... 212

Page 17: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

16

1 INTRODUÇÃO

1.1 Visão geral do estudo

O objetivo central deste trabalho foi o de compreender quais competências são

fundamentais para a atuação eficaz de um líder global e quais estratégias de

desenvolvimento são usadas nas empresas, no Brasil, para o desenvolvimento dos líderes

globais. Foi realizada uma pesquisa qualitativa de natureza exploratória, e o método de

pesquisa utilizado foi o estudo de caso.

Esta tese foi dividida em sete capítulos, excluindo-se esta Introdução. No primeiro

capítulo teórico, apresentou-se o contexto de trabalho que a liderança global enfrenta, bem

como as principais diferenças entre a liderança local e a liderança global. A seguir,

discutiu-se sobre a importância da cultura nesse contexto, ilustrando o assunto com as

principais abordagens culturais que são utilizadas na gestão das empresas.

O segundo capítulo teórico tratou das principais abordagens sobre competências.

Algumas características pessoais, que incluem personalidade, valores, crenças e identidade,

a teoria das inteligências múltiplas, da inteligência emocional e da inteligência cultural. A

seguir, expuseram-se as competências necessárias para o líder global, através de várias

tentativas de se classificar tais competências em modelos de competências.

No terceiro capítulo teórico, abordou-se uma nova direção para o desenvolvimento

da liderança em geral e os instrumentos utilizados para realizar o assessment de

competências, o que poderá facilitar o mapeamento das necessidades de desenvolvimento

dessas competências, além de se expor alguns modelos para desenvolver líderes globais,

ferramentas, métodos e processos que podem ser usados para esse desenvolvimento.

No quarto capítulo teórico, elucidou-se o desenho da pesquisa, iniciando com as

perspectivas teóricas e metodológicas, o método de pesquisa utilizado, as fases que foram

utilizadas neste estudo, como se escolheu a amostra, como os dados foram coletados e

analisados. Discutiu-se ainda neste capítulo, a validade e a confiabilidade em pesquisas

qualitativas, as questões éticas e as limitações do estudo.

A parte de apresentação, análise e discussões dos dados foi realizada nos capítulos

cinco e seis. No capítulo cinco, tratou-se do contexto de trabalho e do líder global da IBM.

Mostrou-se o histórico da empresa, os sistemas de gestão de Recursos Humanos, o

ambiente de trabalho, os desafios que os líderes globais encontram em seu trabalho, dados

Page 18: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

17

demográficos dos líderes globais, as diferenças culturais percebidas pelos líderes globais e

as diferenças entre líderes locais e globais, além das trajetórias de carreiras dos líderes

globais e as suas atuais responsabilidades.

No capitulo seis, as competências, o novo perfil do líder global da IBM e as

estratégias para o desenvolvimento dos líderes globais são apresentados, analisados e

discutidos. O trabalho encerra-se com o capitulo sete, apresentando-se a síntese das

conclusões, as contribuições para o conhecimento e as recomendações para futuras

pesquisas.

1.2 O problema de pesquisa

As organizações brasileiras intensificaram seu processo de internacionalização na

década de 1990. Atualmente, as multinacionais brasileiras estão enfrentando novos

desafios que lidam com uma variedade de aspectos econômicos, os quais vão muito além

das nossas fronteiras, e acredita-se que a internacionalização de empresas em todo o

mundo é um processo que tende a aumentar. Nesse contexto, há a necessidade de um novo

perfil de líderes, com novas competências que lhes permitam gerir empresas

internacionalizadas.

Travesso (2007) afirmou que as empresas ainda enfrentam sérios problemas de

gestão em sua trajetória rumo à internacionalização. A falta de pessoal treinado, as

mudanças nos modelos de governança, a criação de uma mentalidade global adequada e a

aceitação em partilhar o poder e as habilidades para transformar vantagens comparativas

em vantagens competitivas são alguns dos desafios a serem enfrentados. Tanure, Evans e

Pucik (2007) acrescentam que contar com gestores com uma mentalidade global, ao invés

de nacional, é um desafio especial para as empresas brasileiras, que estiveram voltadas

para o mercado interno durante vários anos.

Reiche e Mendenhall (2013) apresentam três categorias de lacunas de pesquisas

sobre liderança global: (1) características de liderança global em relação à distinção, no

papel, e ao comportamento, necessárias para os gestores globais e para líderes globais; (2)

habilidades de liderança global, com o fim de se refinar a identificação de comportamento

na liderança global, para identificar as habilidades de liderança global em equipes e nas

organizações, para se desenvolver ferramentas com maior rigor científico, a fim de avaliar

a liderança global, e para pesquisar a relação entre a estratégia global e os tipos específicos

Page 19: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

18

de habilidades em liderança global; (3) a eficácia da liderança global, no intuito de mapear

situações e estilos que afetam a eficácia da liderança global. Além disso, para a construção

de modelos de processos de tomada de decisões que ajudem a determinar o número de

líderes globais necessários para as empresas, para se explorar o processo de aprendizagem

de líderes globais e como eles dividem esse aprendizado em suas organizações e para

esclarecer a influência da liderança mundial como, explicitamente, a vantagem competitiva

das organizações.

As empresas brasileiras são caracterizadas como entrantes tardios ou late movers no

processo de internacionalização:

Os entrantes tardios são: empresas maduras e integradas que cresceram em

mercados protegidos da competição internacional; utilizam recursos naturais e

mão-de-obra barata; não possuem competências tecnológicas; atrasadas em

termos de capacitação gerencial; operam em ambientes extremamente

turbulentos (FLEURY; FLEURY, 2007, p. 4).

Rocha, Silva e Carneiro (2007) explicam que uma das possíveis causas para a

internacionalização tardia das empresas brasileiras encontra-se no fator cultural, ou seja, do

quadro cognitivo dos gerentes, referido na literatura internacional como global mindset. No

entanto, a necessidade de desenvolvimento de líderes globais não é considerada de alta

prioridade somente pelas empresas brasileiras. A escassez de líderes empresariais

preparados para lidarem com o contexto global tem sido bem documentada (OSLAND;

BIRD; MENDENHALL, 2012). Em razão das características citadas, as competências de

liderança global parecem ser o aspecto relevante a ser considerado para que se possa

compreender a internacionalização das empresas brasileiras.

Alguns autores têm argumentado que a maioria das empresas brasileiras, incluindo

as que são internacionalizadas, tende a apresentar uma mentalidade global baixa

(CYRINO; BARCELOS, 2006; TANURE; BARCELOS; FLEURY, 2009). Isto porque

elas foram desenvolvidas até final de 1980, em uma economia fechada, apoiada por um

mercado interno grande e protegido e, em geral, ajudada por políticas governamentais

(FLEURY; FLEURY, 2011). Além disso, segundo Reis (2010), os gestores brasileiros

preferiram, por décadas, investir no bem conhecido mercado nacional, evitando se

arriscarem em competitivos mercados internacionais e em outros países e culturas.

Page 20: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

19

Acredita-se que a maior dificuldade na internacionalização das empresas brasileiras

encontra-se no baixo desenvolvimento das competências necessárias para que o líder

global desenvolva e implemente estratégias de negócios internacionais.

1.3 O objetivo do estudo

O objetivo desta pesquisa foi o de compreender quais competências são

fundamentais para a atuação eficaz de um líder global e quais estratégias de

desenvolvimento são usadas nas empresas, no Brasil, para o desenvolvimento dos líderes

globais.

A liderança global é conceituada como um processo que reflete como um indivíduo

se engaja e cumpre funções e responsabilidades globais, a natureza e a qualidade das

relações que o líder mantém com as pessoas ao seu redor em um contexto global e os

mecanismos através dos quais um líder exerce influência. Além disso, é importante

considerar a distinção entre a liderança local e líder global.

1.4 As questões de pesquisa

O foco amplo deste estudo são as competências da liderança global e suas

estratégias de desenvolvimento. A pesquisa teve como objetivo fornecer evidência da

liderança global no contexto das empresas atuantes no Brasil. O estudo teve caráter

exploratório e foi orientado pelas seguintes questões de investigação:

1. Quais competências são necessárias para uma eficaz liderança global em

empresas que atuam no contexto internacional?

2. Quais estratégias são usadas por empresas no Brasil para desenvolverem os seus

líderes, com o fim de atuarem no contexto internacional?

1.5 Método de trabalho

A metodologia de pesquisa foi o estudo de caso em uma empresa multinacional

atuante no Brasil.

Page 21: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

20

2 O CONTEXTO PARA A LIDERANÇA GLOBAL

2.1 Introdução

O objetivo deste capítulo é apresentar o contexto de trabalho que a liderança global

enfrenta, bem como as principais diferenças entre a liderança local e a liderança global. A

seguir, frente à importância da cultura nesse contexto, são apresentadas as principais

abordagens culturais que são utilizadas na gestão das empresas, os mapas culturais de

Kluckhonh e Strodtbeck, de Hosftede, de Hall, de Trompenaars e Hampden-Turner, de

Schwartz e o projeto Globe. O capítulo é encerrado com uma apresentação dos principais

aspectos da cultura brasileira e o sumário.

Na década de 1960, pesquisadores em gestão de negócios começaram a focar nos

desafios associados ao gerenciamento de Recursos Humanos em corporações

multinacionais. Isso levou à compreensão mais sofisticada das culturas nacionais e dos

efeitos sobre subsidiárias (MENDENHALL, 2013).

Beechler e Javidan (2007, apud MENDENHALL, 2013) mencionam que o termo

“líder global” apareceu na década de 1960, para descrever a posição de uma companhia

ligada ao marketing, e que somente no final da década de 1980 o termo foi aplicado para

executivos globais, embora o trabalho realizado nesse tempo tenha sido focado

exclusivamente em expatriados, e não em liderança global.

Para Black, Morrison e Gregersen (1999) e Mendenhall et al. (2008):

O campo de liderança global emergiu, ao longo das duas últimas décadas, como

uma resposta à necessidade das empresas que operam em nível internacional,

para desenvolver estratégias globais de se expandirem para mercados

internacionais e de competirem no mercado global (apud MENDENHALL et al.,

2012, p. 494).

Este autor acrescenta que, no entanto, não há acordo entre os estudiosos sobre a

data exata do início dos estudos sobre liderança global, embora seja consensual que é um

fenômeno recente.

O debate sobre líder e liderança já é uma questão complexa, havendo várias

definições e discordância sobre esses conceitos. No que diz respeito à liderança global,

aumenta-se o nível de complexidade e, consequentemente, aumenta-se também a

dificuldade na definição desse conceito. Lane et al. (2004) colocam que um líder global

Page 22: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

21

não é somente um executivo de uma organização global; qualquer executivo responsável

por equipes em vários locais geograficamente diferentes é um líder global.

Mendenhall et al. (2012) expressam que muitas definições de liderança global

foram aplicadas pelos estudiosos no campo, e que, nelas, incluem-se uma ou mais dessas

categorias de componentes: visão, propósito (por exemplo, a realização do objetivo);

comportamentos (como influenciar, motivar, agente de mudança, construção de

comunidade e confiança, alargamento das fronteiras e competência intercultural);

responsabilidades de trabalho nas multinacionais (por exemplo, integração global,

estratégia e arquitetura); públicos-alvo (como individual, grupos, organizações,

comunidade global); componentes globais (por exemplo, trabalho global, trabalho

internacional); mensuração de performance (como eficácia, vantagem competitiva,

desempenho de classe mundial, melhoria da qualidade de vida, mudança positiva); e

descrições do contexto global (por exemplo, cultural, política, institucional, diferenças

geográficas, várias autoridades, complexidade, ambiguidade). Pelas definições citadas

anteriormente, verifica-se, pois, que a liderança global não implica simplesmente prolongar

os atributos e as atividades de um líder local a um contexto mais amplo (MENDENHALL

et al., 2012).

Bird e Mendenhall (2015) apresentam a evolução das pesquisas da gestão

intercultural para a liderança global (Tabela 1).

2.1.1 Evolução das pesquisas em gestão intercultural para a liderança global

Tabela 1 – Evolução das pesquisas em gestão intercultural para a liderança global

Período Características Após a Segunda Guerra

Mundial

As pesquisas em gestão intercultural surgiram simultaneamente com as

áreas de gestão e de comportamento organizacional.

Surgiram a partir do interesse demonstrado por grandes empresas,

principalmente americanas, pois começaram a olhar para os mercados

internacionais, com o fim de aumentar a receita.

De 1960 a 1980 O campo da gestão intercultural focou principalmente no estudo do

comportamento organizacional e dos sistemas de gestão, levando em

considerações outros países.

Iniciou-se uma onda de pesquisas com o objetivo de auxiliar na

adaptação de expatriados à cultura de outros países.

No final deste período, com a Europa totalmente recuperada da

Segunda Guerra Mundial, e com o Japão firmemente estabelecido não só

como um grande exportador, mas também como presença crescente em

todo o mundo, ocorreram duas grandes mudanças:

(1) O declínio da competitividade das empresas americanas no

Page 23: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

22

mundo e, simultaneamente, as técnicas de manufatura e de

gestão japonesas tornaram-se uma fonte de grande interesse.

(2) As empresas multinacionais realizavam negócios em vários

países; com o surgimento dos computadores e das

telecomunicações, tornou-se possível vincular sede e

subsidiárias, facilitando, então, uma maior interdependência.

Esses desenvolvimentos movem a cultura para frente e para o

centro das pesquisas.

1980-2000 Início das estruturas organizacionais emergentes nas empresas

multinacionais: multidoméstica, regionais e matriz.

Essas novas estruturações organizacionais aumentaram a necessidade

de se expandir as habilidades dos gestores expatriados, para facilitar a

eficácia das operações por meio do relacionamento efetivo com os

subordinados de outros países.

O foco nas pesquisas foram as questões culturais. 2000-presente Ascensão do global.

Começou no início do século XXI.

O foco é global.

Os líderes encontram-se, agora, liderando equipes globais, projetos

globais e operações globais; muitas vezes, a partir dos países de seu

nascimento.

Eles podem não ser expatriados, mas, no entanto, são líderes globais. Fonte: Adaptado de BIRD; MENDENHALL (2015)

Assim, a liderança global é conceituada como um processo que reflete como

determinado indivíduo se engaja e cumpre funções e responsabilidades globais, além da

natureza e da qualidade das relações que o líder mantém com as pessoas ao seu redor, em

um contexto global, e os mecanismos por meio dos quais um líder exerce influência. Tendo

isso em foco, é importante se considerar a distinção entre a liderança local e líder global.

Liderança global é o processo que envolve vários países, vários membros e diversas

partes interessadas, em condições de diversas culturas, a complexidade geográfica, a alta

multiplicidade, a volatilidade, a incerteza, a ambiguidade, a interdependência e a

precariedade. A liderança global precisa influenciar os membros da organização e as partes

interessadas para a identificação e a realização da visão e das metas organizacionais. Um

líder global, por outro lado, é a posição de um único indivíduo, que possui a

responsabilidade pelo processo de liderança global.

2.2 Diferenças entre liderança local e global e o contexto de trabalho da liderança

global

Lane et al. (2004) apontam que a liderança global difere da liderança local que diz

respeito a questões relacionadas com a conectividade, o alargamento das fronteiras, a

Page 24: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

23

complexidade, os desafios éticos, a administração de tensões e de paradoxos, o

reconhecimento de padrões, a liderança dos esforços de mudança em larga escala e a

gestão da diversidade para se construir ambientes de aprendizagem eficazes de equipes e

de comunidades.

Os pesquisadores parecem concordar que a liderança global é significativamente

diferente de liderança local, devido à importância do contexto. As características do

contexto global parecem exercer maior influência para a liderança do que em contextos

locais (MENDENHALL et al., 2012). O termo “global”, em liderança global, abrange mais

do que o simples alcance geográfico, em termos de operação do negócio. Inclui também a

noção do alcance cultural, em termos de pessoas, e do alcance intelectual, no

desenvolvimento de uma mentalidade global (OSLAND; BIRD, 2006).

Lane et al. (2004) identificam quatro características que, juntas, funcionam como

uma base para a crescente complexidade da globalização: a multiplicidade, a

interdependência, a ambiguidade e o fluxo. A multiplicidade é observada através de vários

concorrentes, clientes, governos e stakeholders. A interdependência ocorre entre um

conjunto de stakeholders e entre vários sistemas socioculturais, políticos, econômicos e

ambientais. A ambiguidade é entendida em termos de relações causais, na interpretação de

sinais de aviso e na identificação de ações apropriadas para se atingir metas. Já o fluxo

pode ser verificado no movimento constante e cada vez mais rápido de todo o sistema.

Martin (2007) elaborou uma survey com mais de 350 gerentes de vários países, para

explorar o estado atual e o futuro da liderança. Os resultados mostraram que 84% dos

participantes pesquisados acreditam que a definição de uma liderança eficaz mudou nos

últimos cinco anos, e mais de 60% concordaram que os líderes enfrentam desafios que

estão além das suas capacidades individuais, e que esses são resistentes às soluções

tradicionais.

Em pesquisa realizada por Osland, Bird e Oddou (2012), com o objetivo de

identificar como os líderes globais percebem seu ambiente de trabalho, foram entrevistados

20 líderes globais de várias nacionalidades: americanos, indianos, franceses e alemães.

Esse estudo encontrou quatro temas comuns sobre a percepção dos líderes em seu trabalho:

multiplicidade de gestão, enormes desafios sobre as tarefas, precariedade e ambiguidade.

Para a multiplicidade de gestão, os líderes globais descreveram seu trabalho como

sendo complexo, com vários stakeholders, vários papéis e várias questões que surgem

devido à multiplicidade de culturas, de empresas, de países e de entidades governamentais.

Page 25: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

24

O trabalho foi descrito como tendo enormes desafios, porque as tarefas que tinham de

realizar não poderiam ser facilmente executadas, e eles não possuíam uma solução a priori,

e também o tempo para a execução das mesmas era extremo.

Em terceiro lugar, foi citada a precariedade, pois os resultados são imprevisíveis e

potencialmente negativos; e ainda, possuíam autoridade limitada, com alto grau de

dependência e interdependência com outros parceiros. A ambiguidade, por outro lado,

refere-se ao fato de que não existem soluções usuais para um problema. Osland, Bird e

Oddou (2012) concluíram que o fluxo e a interdependência, verbalizados por Lane et al.

(2004), não foram citados como interferentes no ambiente de trabalho do líder global.

Mendenhall et al. (2012) argumentam que existem três dimensões em contextos de

liderança global: contextual, relacional e espaço-temporal. A dimensão contextual refere-se

ao quadro proposto por Lane et al. (2004), que é a multiplicidade, a interdependência, a

ambiguidade e o fluxo, que geram uma complexidade para o trabalho do líder global. A

dimensão relacional é caracterizada como o constante e intenso fluxo de informações

trocado entre os vários e múltiplos canais. A terceira dimensão, espaço-temporal, diz

respeito à intensidade com a qual o líder tem de se mover fisicamente através de fronteiras

geográficas, culturais e nacionais, e não apenas de se comunicar entre elas por meio de

tecnologias virtuais.

Os líderes, hoje, vivem em um ambiente cujos líderes militares chamavam de

tempos VUCA. Esta sigla compreende os seguintes elementos: volatility (mudanças

rápidas e em larga escala); uncertainty (o futuro não pode ser previsto com precisão);

complexity (os desafios são complicados, pois existem poucas causas individuais ou

soluções para os problemas); e ambiguity (há pouca clareza sobre o significado e sobre os

efeitos que podem ocorrer nos eventos) (CLARKE, 2015).

Considera-se que um grande fator que impacta na geração de complexidade para a

liderança global está relacionado a questões da diversidade cultural. Cultura pode ser

definida como uma sociedade particular que possui uma combinação de elementos

distintos e interdependentes, que podem mudar ou não, gradualmente, incluindo

pressupostos, crenças, valores e práticas institucionais. Jokinen (2005) comenta que o

aumento da complexidade enfrentada no trabalho, pelo líder global, advém das diferenças

culturais existentes entre nações, organizações e subgrupos, e que essa característica é

especialmente importante para o gerenciamento de Recursos Humanos.

Page 26: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

25

A cultura nacional é um termo tipicamente considerado em international

management. Dentro das fronteiras de um país, podem-se ter várias culturas, em

função de diferenças regionais, étnicas, geracionais, segmentais e da cultura da

empresa. O estudo de liderança através das culturas é particularmente difícil,

pois o significado de liderança é diferente para cada cultura (DICKSON; DEN

HARTOG; CASTAÑO, 2009, p. 219).

A liderança global é um novo campo de investigação que ainda está em construção,

apesar das diversas contribuições de muitos pesquisadores. Coloca-se que a principal

diferença entre a liderança global e a liderança local está situada na complexidade gerada

pela globalização. Líderes que trabalham em empresas multinacionais enfrentam maior

complexidade, devido à grande variedade de stakeholders, países e culturas que estão em

processo de constante interação e interdependência, em um ambiente dinâmico, com

mudanças rápidas e bruscas. Frente a esse contexto, tona-se necessário desenvolver novas

competências para o exercício da liderança global.

2.3 Diversidade cultural

Robinson e Harvey (2008) colocam que a diversidade cultural afeta os papéis e as

responsabilidades dos líderes. Até então, os negócios estavam contextualizados em

determinados valores e em uma maneira particular de ver o mundo. A aceleração da

globalização criou um estado caótico de mudanças, e as empresas lutam constantemente

para se adaptarem a novos paradigmas de liderança, uma vez as abordagens estabelecidas,

experimentadas, não são mais eficazes.

Para Dickson, Den Hartog, Castaño (2009), o líder global precisa expandir seus

conhecimentos da cultura de outros países para aumentar suas operações globais e para

facilitar suas relações com um número maior de stakeholders. Consequentemente, ele

consegue melhorar seu processo de decisão, uma vez que tem o entendimento de outras

culturas. Os autores comentam que uma abordagem útil para se estudar liderança cross-

cultural é por meio da identificação e da medição de dimensões culturais.

Leung et al. (2005) concluem que há pelo menos quatro principais observações

sobre cultura para a área que pesquisa cultura em negócios internacionais. A primeira é

que o conceito de cultura é usado com uma visão simplista, que tende a examinar a

influência estática de alguns elementos culturais, isolando-se outros elementos culturais e

outras variáveis contextuais. Os autores colocam como exemplo, para essa categoria, as

Page 27: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

26

dimensões de Hofstede, e sugerem que cultura implica muito mais do que dimensões

culturais, pois se manifesta em vários níveis e domínios.

A segunda observação é a de que grande parte das pesquisas sobre cultura e

negócios internacionais tende a concentrar-se sobre os principais efeitos da cultura. Leung

et al. (2005) colocam que o desafio imediato para o campo é mapear efeitos mais

complexos de cultura sistemática, integrando estes efeitos, rotineiramente, em teorias

substantivas.

A terceira observação citada pelos autores é a de que a cultura deverá ser avaliada

levando-se em consideração os impactos socioeconômicos de condições políticas. A última

é a necessidade de se utilizar vários métodos para se realizar pesquisas no campo da

temática de cultura, pois a maior parte das pesquisas é mais correlacional; assim, é

necessário utilizar, além desse método, a experimentação, que é uma ferramenta poderosa

para sondar relações causais.

2.4 Abordagens sobre a influência da cultura do país na gestão das empresas

Tanure, Evans e Pucik (2007) apregoam que há três abordagens sobre a influência

da cultura na gestão das empresas: a universalista, que também é chamada de convergente;

a relativista ou divergente; a divergente convergente. Na abordagem convergente

(universalista), as pessoas acreditam que há uma melhor maneira de administrar e de

organizar indivíduos, incorporada nas melhores práticas funcionais. Como exemplo dessa

abordagem, os autores mencionam a prática de bechmarking ou a modelagem de melhores

práticas.

A abordagem divergente (relativista) reconhece que o contexto é absolutamente

importante. Os autores falam que essa corrente foi muito enfatizada nos anos 1970,

impulsionada por estudos clássicos, como os de Hofstede, que demonstraram o impacto da

cultura de cada país na gestão. Já a abordagem divergente convergente, para os autores, é a

mais integradora, e admite haver as duas dimensões de gestão, a convergente e a

divergente, advogando a harmonização entre o que é global e o que é local.

Tsui, Nifadkar e Amy Yi (2007) argumentam que cultura (no sentido de valores e

de crenças partilhadas) não é a única das diferenças entre culturas (no sentido de países),

sendo importante incorporar outras diferenças nacionais, como: localização geográfica,

história política e social. Concordando com os autores, Tanure, Evans e Pucik (2007)

Page 28: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

27

comentam que a chave para a compreensão das empresas em países diferentes está nas

relações entre os sistemas econômico, educacional, financeiro, legal, político e cultural.

Nesse sentido, considera-se importante ampliar o entendimento da cultura brasileira, para

facilitar a contextualização da liderança global brasileira.

2.5 Mapas de cultura nacional

De acordo com Brannen et al. (2004), os gestores globais irão gerenciar melhor as

pessoas no ambiente de complexidade se realizarem a leitura de mapas culturais e tomarem

decisões a partir deles. Acrescenta-se que mapas de culturas nunca vão cobrir todas as

informações que um gestor precisa saber sobre as pessoas em diferentes contextos, e

alguns mapas podem conter informações que estão desatualizadas ou imprecisas, em

alguns detalhes. No entanto, numa situação global complexa, algum mapa é melhor do que

nenhum mapa. Por outro lado, Leung et al. (2005) argumentam que, em todas as culturas,

existem subgrupos de pessoas que possuem crenças diferentes das que são mapeadas como

sendo um tipo especifico de cultura, pois existem outras fontes de autoidentidade, tais

como afiliação educacional ou profissional, que podem desempenhar um papel muito mais

forte na definição de quem são, do que os motiva pessoalmente e de quais valores

possuem.

Nardon e Steers (2009) mencionam seis principais mapas sobre cultura nacional:

Kluckhonh e Strodtbeck, Hall, Hosftede, Trompenaars, Schwartz e projeto Globe.

Argumentam que cada modelo destaca diferentes aspectos de crenças sociais, normas e/ou

valores, e que a convergência entre os modelos é muito limitada. A seguir, os modelos são

detalhados.

2.5.1 Teoria da orientação por valores – Kluckhonh e Strodtbeck

Nardon e Steers (2009) comentam que esse modelo se iniciou com as pesquisas de

antropólogos culturais, como Clyde Kluckhohn (1951), e de antropólogos culturais, como

Florence Kluckhohn e Fred Strodtbeck (1961), os quais sugeriram um dos primeiros

modelos de cultura, que se tornou o principal fundamento para vários modelos posteriores.

Hills (2002) menciona que Kluckhohn e Strodtbeck (1961) propuseram que as

atitudes das pessoas baseiam-se em poucos valores estáveis, e que todas as sociedades

Page 29: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

28

humanas respondem a um número limitado de problemas universais, sendo que as soluções

para esses problemas, por uma dada sociedade, refletem os valores da sociedade;

consequentemente, medir as soluções preferenciais poderá indicar os valores defendidos

pela referida sociedade Os autores acrescentam que, para Kluckhohn e Strodtbeck (1961),

há cinco tipos básicos de problema que devem ser resolvidos por toda a sociedade:

• Em qual aspecto do momento que se concentram, principalmente, passado,

presente ou futuro?

• Qual é a relação entre a humanidade e o seu ambiente natural: domínio, submissão

ou harmonia?

• Como os indivíduos devem se relacionar com os outros: hierarquicamente (ao que

eles chamavam de “linear”), igualmente (“colateral”) ou de acordo com seu mérito

individual?

• Qual é a principal motivação para o comportamento: ser, tornar-se ou alcançar?

• Qual é a natureza do ser humano: boa, ruim (“evil”) ou uma mistura das duas

primeiras?

Em função desses problemas, Kluckhohn e Strodtbeck (1961) criaram as dimensões

e as âncoras (Tabela 2).

Tabela 2 – Dimensões culturais e âncoras (KLUCKHONH; STRODTBECK, 1961)

Dimensões culturais Escalas âncoras

Relacionamento com o

tempo: até que ponto o

passado, o presente e o

futuro influenciam nas

decisões.

Passado: na tomada de

decisões, as pessoas

estão principalmente

influenciadas por

eventos ou por

tradições passadas.

Presente: na tomada de

decisões, as pessoas

estão principalmente

influenciadas por

eventos ou por

tradições presentes.

Futuro: na tomada de

decisões, as pessoas

estão principalmente

influenciadas por

eventos ou por

tradições futuras.

Relação com a

natureza: crenças sobre

a necessidade ou a

responsabilidade de

controlar a natureza.

Domínio: crença de

que as pessoas têm

necessidade ou

responsabilidade de

controlar a natureza.

Harmonia: crença de

que as pessoas devem

trabalhar com a

natureza para manter a

harmonia ou o

equilíbrio.

Subjugação: crença de

que o indivíduo deve se

submeter à natureza.

Relação com as

pessoas: crenças sobre

a estrutura social.

Individualista: crença

de que a estrutura

social deve ser

organizada com base

em indivíduos.

Concomitante: a crença

de que a estrutura

social deve se basear

em grupos de

indivíduos com

estatuto relativamente

igual.

Linear: a crença de que

a estrutura social deve

se basear em grupos

com relações

hierárquicas claras e

rígidas.

Page 30: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

29

Atividades humanas:

crenças sobre

apropriados objetivos

de vida.

Ser: crença de que as

pessoas devem se

concentrar em viver o

momento.

Tornar-se: crença de

que as pessoas devem

se esforçar para se

desenvolverem como

um todo integrado.

Alcançar: crença na

luta por metas e

realizações.

Natureza humana:

crenças sobre a

natureza humana.

Boa: crença de que as

pessoas são

inerentemente boas.

Neutra: crença de que

as pessoas,

inerentemente, não são

nem boas nem más.

Má: crença de que as

pessoas são

inerentemente más.

Fonte: NARDON; STEERS (2009)

2.5.2 Edward T. Hall

Kittler, Rygl e Mackinnon (2011) comentam que o conceito de Edward T. Hall

(1976) sustenta-se na ideia de que os indivíduos combinam elementos pré-programados

(contexto específico de cada cultura) e informações para criarem significado; e as culturas

podem ser caracterizadas de acordo com os seus estilos de comunicação, referindo-se ao

grau de contexto não verbal usado em comunicação. Os autores acrescentam que contexto,

informações e significado são termos centrais no conceito de Hall.

Edward T. Hall (1976, apud KITTLER; RYGL; MACKINNON, 2011) entende o

uso do contexto como uma forma de pré-programação que permite aos indivíduos

rastrearem dados para se evitar a sobrecarga de informações, aumentando-se, assim, a

capacidade dos indivíduos em lidar com maiores quantidades de informações complexas.

Kittler; Rygl e Mackinnon (2011) comentam ainda que, na primeira grande publicação de

Hall (1959), The silent fanguage, foi mencionado que os indivíduos tendem a serem

parcialmente inconscientes de elementos do seu comportamento com a comunicação não

verbal, sendo apresentadas, e, posteriormente, aprofundadas, três dimensões: contexto,

espaço e tempo (Tabela 3), sendo que:

• tempo se refere a como os membros de diferentes culturas se orientam para o

tempo, e à forma como eles o percebem (monocrônica versus policrônica);

• espaço refere-se a diferentes abordagens culturais para se definir e para se

organizar o espaço, com esquemas internalizados, em todos os indivíduos, em um

nível inconsciente;

• contexto refere-se à natureza de como o significado é construído de forma

diferente em diferentes culturas, utilizando-se diferentes proporções de contexto e

de informações.

Page 31: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

30

Tabela 3 – Dimensões culturais de Edward T. Hall

Dimensões culturais Escalas âncoras

Contexto: medida em que o

contexto de uma mensagem é

tão importante como a própria

mensagem.

Baixo contexto: a comunicação direta é

franca, e a mensagem em si transmite

seu significado. Exemplos: Alemanha,

E.U.A., Escandinávia.

Alto contexto: grande

parte do significado da

comunicação é

transmitida

indiretamente por meio

do contexto, em torno

de uma mensagem.

Exemplos: Japão,

China.

Espaço: até que ponto as

pessoas estão confortáveis em

compartilharem o espaço físico

com outras pessoas.

Centro do poder: territorial, e existe

claramente a necessidade de

delineamento de espaço entre si e entre

os outros. Exemplos: E.U.A., Japão.

Centro de comunidade:

o espaço pessoal

comum é

confortavelmente

compartilhado com os

outros. Exemplos:

América Latina, Estados

Árabes.

Tempo: até que ponto as

pessoas realizam somente uma

tarefa de cada vez, ou várias, ao

mesmo tempo.

Monocromática: atenção sequencial

para objetivos individuais; a separação

entre trabalho e vida pessoal; conceito

preciso de tempo. Exemplos: Alemanha,

E.U.A., Escandinávia.

Policromática: atenção

simultânea para

múltiplos objetivos;

integração da vida

profissional e pessoal;

conceito relativo de

tempo. Exemplos:

França, Espanha,

México, Brasil, Estados

Árabes.

Fonte: NARDON; STEERS (2009)

2.5.3 Hofstede

Hofstede (2003) trabalhou com culturas nacionais para compreender as dimensões

culturais em muitos países e o seu impacto sobre as organizações. Para Hofstede, cultura

nacional pode ser definida como uma “programação mental”, o “software da mente”,

produzido no ambiente social em que a pessoa cresce e adquire experiências. Essa

mentalidade é que distingue os membros de um grupo dos de outros países. Primeiro,

explica as dimensões culturais em quatro dimensões. Estas quatro dimensões foram

formuladas a partir de uma pesquisa realizada com funcionários da IBM, que trabalhavam

em 50 países. Mais tarde, outros dados foram coletados e foi construído o quinto fator

(orientação de longo prazo versus orientação de curto prazo).

Assim, a partir dessa pesquisa, foi possível agrupar os países de acordo com as suas

semelhanças culturais e fornecer orientações práticas sobre como ajustar uma abordagem

Page 32: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

31

de liderança, quando os gestores se deslocam de país para outro; por exemplo, dos Estados

Unidos para o Oriente Médio (Tabela 4).

Tabela 4 – Dimensões culturais de Hofstede

Dimensões culturais Escalas âncoras

Distância de poder: crenças

sobre a distribuição adequada

do poder na sociedade.

Baixa distância de poder: crença

de que os líderes eficazes não

precisam ter grande poder, em

comparação com seus

subordinados. Exemplos:

Áustria, Israel, Dinamarca,

Irlanda, Noruega, Suécia.

Alta distância de poder: crença

de que os líderes eficazes

precisam ter grande poder, em

comparação com seus

subordinados. Exemplos:

Malásia, México, Arábia

Saudita, Brasil.

Evitamento de incerteza: grau

de incerteza que pode ser

tolerado e o seu impacto sobre a

criação de regras.

Baixa aversão à incerteza: alta

tolerância à ambiguidade, com

pouca necessidade de regras

para se limitar a incerteza.

Exemplos: Singapura, Jamaica,

Dinamarca, Suécia, Reino

Unido.

Alta aversão à incerteza:

intolerância à ambiguidade, com

necessidade de muitas regras

para se limitar a incerteza.

Exemplos: Grécia, Portugal,

Uruguai, Japão, França,

Espanha, Brasil.

Individualismo - coletivismo:

importância relativa dos

interesses de grupos versus

interesses individuais

Coletivismo: os interesses em

geral do grupo prevalecem

sobre os interesses individuais.

Exemplos: Japão, Coréia,

Indonésia, Paquistão, América

Latina.

Individualismo: os interesses

individuais, geralmente, têm

precedência sobre os interesses

de grupo. Exemplos: E.U.A.,

Austrália, Reino Unido,

Holanda, Itália, Escandinávia.

Masculinidade - feminilidade:

assertividade versus

passividade; bens materiais

versus qualidade de vida.

Masculinidade: tem como

valores os bens materiais, o

dinheiro e a busca por objetivos

pessoais. Exemplos: Japão,

Áustria, Itália, Suíça, México.

Feminilidade: tem como valores

a forte relevância social, a

qualidade de vida e o bem-estar

dos outros. Exemplos: Suécia,

Noruega, Países Baixos, Costa

Rica.

Orientação em curto prazo

versus em longo prazo -

perspectivas no trabalho, na

vida e nos relacionamentos.

Orientação em curto prazo: a

orientação é para o passado e o

presente. Tem, como valores, as

tradições e as obrigações

sociais. Exemplos: Paquistão,

Nigéria, Filipinas, Rússia.

Orientação em longo prazo: a

orientação é para o futuro. Tem,

como valores, a dedicação, o

trabalho duro e a poupança.

Exemplos: China, Coréia,

Japão, Brasil.

Fonte: HOFSTEDE (2003)

2.5.4 Trompenaars e Hampden-Turner

Nardon e Steers (2009) colocam que o pesquisador holandês de gestão

Trompenaars Fons (TROMEPAARS, 1993; TROMPENAARS; HAMPDEN-TURNER,

1998), com base no trabalho de Hofstede, apresentou modelo um pouco diferente da

cultura, com base em seu estudo da Shell e de outros gestores, ao longo de um período de

Page 33: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

32

dez anos. Seu modelo é baseado no trabalho inicial dos sociólogos Harvard Parsons e Shils

(1951), e centra-se em variações de valores e nas relações pessoais entre as culturas.

Trompenaars e Hampden-Turner (1988) assim definem cultura: uma maneira como

um grupo de pessoas resolve problemas e reconcilia dilemas; sendo que cada cultura

distingue-se das outras pelas soluções específicas que escolhe para certos problemas, que

se perfilam como dilemas. Os autores pontuam ser conveniente olhar para tais problemas

em três categorias: aqueles que surgem dos relacionamentos com outras pessoas; aqueles

que vêm da passagem do tempo; aqueles que se relacionam com o ambiente. Assim, os

autores identificam sete dimensões culturais, e mencionam que cinco dessas dimensões

surgem dos relacionamentos entre as pessoas. As outras dimensões são as categorias da

passagem do tempo e da relação com o ambiente.

Brannen et al. (2004) pontuam que Trompenaars e Hampden-Turner

desenvolveram uma taxonomia de valores culturais que tem sido usada extensivamente em

consultoria de gestão e de formação.

Tabela 5 – Dimensões culturais de Trompenaars e Hampden-Turner

Dimensões culturais Escalas âncoras

Universalismo - particularismo:

importância relativa da aplicação de

políticas e de regras para todos os

membros da sociedade e as

exceções em suas aplicações.

Universalismo: confiança

em regras e em políticas

formais, aplicadas

igualmente para todos.

Exemplos: Áustria,

Alemanha, Suíça, E.U.A.

Particularismo: as regras devem

ser moderadas pela natureza da

situação e pelas pessoas

envolvidas. Exemplos: China,

Venezuela, Indonésia, Coréia.

Individualismo - comunitarismo:

medida em que as pessoas derivam

a sua identidade a partir de si

mesma ou de seu grupo.

Individualismo: foco na

realização individual e na

independência. Exemplos:

U.S., Nigéria. México,

Argentina.

Comunitarismo: foco nas

realizações do grupo e do seu

bem-estar. Exemplos:

Singapura, Tailândia. Japão.

Específico - difuso: até que ponto

os vários papéis das pessoas são

compartimentados ou integrados.

Específico: clara separação

dos vários papéis de uma

pessoa. Exemplos: Suécia.

Alemanha, Canadá, Reino

Unido, E.U.A.

Difuso: integração clara dos

vários papéis de uma pessoa.

Exemplos: China, Venezuela,

México, Japão, Espanha,

Neutro - afetivo: até que ponto as

pessoas são livres para expressarem

suas emoções em público.

Neutro: não se mostram as

emoções e escondem-se seus

sentimentos. Exemplo:

Japão, Singapura, Reino

Unido.

Afetivo: a expressão emocional

é aceitável e encorajada

Exemplos: México, Brasil,

Itália.

Realização - atribuição: o modo

como o respeito e o status social

são concedidos para as pessoas.

Realização: respeito pelas

realizações obtidas.

Exemplos: Áustria, E.U.A.,

Suíça.

Atribuição: o respeito é

atribuído, ou o status, herdado.

Exemplos: Egito, Indonésia,

Coréia, Hungria.

Perspectiva de tempo: foco relativo

sobre o passado ou o futuro nas

atividades diárias.

Orientação passado -

presente: ênfase em eventos

passados e glória. Exemplos:

Orientação futuro: ênfase no

planejamento e nas

possibilidades futuras.

Page 34: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

33

França, Espanha, Portugal,

Países Árabes.

Exemplos: China, Japão,

Coréia, Suécia, E.U.A.

Relação com o meio ambiente:

medida em que as pessoas

acreditam que podem controlar o

ambiente.

Direção interna: foco no

controle dos eventos.

Exemplos: Austrália, U.S.,

U.K.

Direção externa: concentra-se

em viver em harmonia com a

natureza. Exemplos: China,

Índia, Suécia, Egito, Coréia.

Fonte: BRANNEN et al. (2004)

2.5.5 Schwartz

Schwartz (1999) definiu valores como concepções do desejável que guiam o

caminho social dos atores, ou seja, seleciona ações, avalia as pessoas e os eventos e explica

suas ações e avaliações; portanto, os valores são critérios situacionais ou objetivos

ordenados, por importância, como princípios orientadores na vida.

Williams (1970, apud SCHWARTZ, 1999) menciona que os valores culturais

representam as ideias abstratas, implícita ou explicitamente compartilhadas sobre o que é

bom, correto e desejável numa sociedade. Esses valores culturais (por exemplo, a

liberdade, a prosperidade, a segurança) são as bases para as normas específicas que dizem

às pessoas o que é apropriado em várias situações, e para as maneiras como as instituições

sociais (por exemplo, a família, a educação, a economia, a política, os sistemas religiosos)

funcionam, seus objetivos e seus modos de operação, que expressam prioridades de valor

cultural (SCHWARTZ, 1999).

Schwartz (1999) postula que, seguindo vários teóricos, como Hofstede (1980);

Kluckhohn e Strodtbeck (1961) e Rokeach (1973), as dimensões culturais dos valores

refletem as questões básicas ou os problemas que as sociedades devem enfrentar a fim de

se regular a atividade humana.

Para Schwartz (1999), existem valores que formam três dimensões bipolares que

expressam as contradições entre as alternativas de resoluções para cada uma das três

questões: a primeira questão básica que afeta toda a sociedade é definir a natureza da

relação entre o indivíduo e o grupo; a segunda é garantir um comportamento responsável,

que vai preservar a estrutura social; a última é a relação da humanidade com o mundo

natural e social. O autor acrescenta que os valores formam três dimensões bipolares que

expressam as contradições entre as alternativas de resoluções para cada uma das três

questões citadas anteriormente: conservadorismo e autonomia; hierarquia e igualitarismo;

domínio e harmonia (Tabela 6).

Page 35: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

34

Tabela 6 – Dimensões culturais de Schwartz

Dimensões culturais Escalas âncoras

Conservadorismo - autonomia:

até que ponto os indivíduos

estão integrados em grupos.

Conservadorismo: os indivíduos

são incorporados em uma

coletividade e procuram

encontrar sentido através da

participação e da identificação

com um grupo que compartilha

seu modo de vida.

Autonomia: os indivíduos são

autônomos de grupos e

procuram encontrar significado

em sua própria singularidade.

Há dois tipos de autonomia:

autonomia intelectual (exercício

independente das ideias e dos

direitos) e autonomia afetiva

(busca a independência ou a

experiência afetivamente

positiva).

Hierarquia - igualitarismo: até

que ponto a igualdade é

valorizada e esperada.

Hierarquia: culturas que são

organizadas hierarquicamente.

Os indivíduos são socializados

para cumprirem as suas funções,

e não são aprovados se não o

fizerem.

Igualitarismo: os indivíduos são

vistos como moralmente iguais,

compartilhando interesses

básicos, como seres humanos.

Domínio - harmonia: medida

com a qual as pessoas procuram

mudar o mundo natural e social

para promoverem interesses

pessoais ou de grupo.

Domínio: os indivíduos

valorizam ficar à frente, por

meio de autoafirmação, e

procuram mudar o mundo

natural e social para

promoverem interesses pessoais

ou de grupo.

Harmonia: aceita-se o mundo

como ele é, e tenta-se preservá-

lo, ao invés de explorá-lo.

Fonte: BRANNEN et al. (2004)

2.5.6 Globe (Global leadership and organisational behaviour effectiveness)

O projeto de pesquisa Globe reúne uma equipe de mais de 160 pesquisadores que

têm trabalhado desde 1992; já foram coletados dados sobre valores, práticas culturais e

atributos de liderança em mais de 17.000 gestores, em 62 sociedades. Esse projeto

encontrou evidência para elaborar dez clusters: Anglo (por exemplo, Inglaterra, Estados

Unidos, África do Sul Branca); Europa Latina (por exemplo, Israel, Itália, Suíça Francesa);

Europa Nórdica (por exemplo, Finlândia); Europa Germânica (por exemplo, Áustria,

Países Baixos); Europa Oriental (por exemplo, Hungria, Cazaquistão); América Latina (por

exemplo, Brasil, México); África do Sul do deserto do Saara (por exemplo, Zâmbia, África

do Sul Preta); Árabe (por exemplo, Turquia, Marrocos); Sul da Ásia (por exemplo, Índia,

Malásia, Irã); Confúcio e Ásia (por exemplo, Taiwan, Japão) (HOUSE et al., 2004).

Page 36: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

35

Tabela 7 – Dimensões culturais Globe

Dimensões culturais Escalas âncoras

Distância de poder: grau em que

as pessoas esperam que o poder

seja distribuído igualmente.

Alta: a sociedade é dividida em

classes. As bases de poder são

estáveis e escassas; o poder é

visto como o fornecimento de

ordem social, e limitado à

mobilidade ascendente.

Baixo: a sociedade tem grande

classe média. As bases de poder

são transitórias e

compartilháveis. O poder,

muitas vezes, é visto como uma

fonte de corrupção, de coerção e

de dominação. Alta mobilidade

ascendente.

Evitamento da incerteza:

medida pela qual as pessoas

confiam em normas, regras e

procedimentos para reduzirem a

imprevisibilidade de eventos

futuros.

Alta: tendência para formalizar

interações sociais. Os acordos

são realizados em contratos

legais e têm registros

meticulosos. Existem regras e

políticas formais.

Baixa: tendência para ser mais

informal nas interações sociais.

Existe confiança na palavra das

pessoas, preocupando-se menos

com a organização e a

manutenção de registos.

Existem normas informais de

comportamento.

Orientação humana: até que

ponto as pessoas são

recompensadas pela lealdade,

pelo altruísmo e pela

generosidade.

Alta: interesse pelos outros,

com valores importantes de

altruísmo e de benevolência.

Existe alta bondade e

generosidade, e necessidade de

pertencer e de afiliação.

Existem menos problemas

psicológicos e patológicos.

Baixa: interesse próprio, com

valores de prazer, conforto e

autoapreciação. Existe alta

necessidade de poder e de

posses, com mais problemas

psicológicos e patológicos.

Coletivismo institucional: até

que ponto a sociedade incentiva

a distribuição coletiva de

recursos e a ação coletiva.

Alta: os indivíduos são

integrados em fortes grupos

coesos, e seus membros são

vistos como interdependentes

com grupos. Os objetivos

sociais, muitas vezes, têm

precedência sobre os objetivos

do indivíduo.

Baixo: os indivíduos são

responsáveis por si mesmos e

vistos como autônomos. As

metas individuais, muitas vezes,

têm precedência sobre metas

sociais ou de grupos.

Coletivismo no grupo: medida

como os indivíduos expressam

orgulho, lealdade e coesão na

sua organização e nas famílias.

Alto: os membros assumem que

são interdependentes, e

procuraram fazer contribuições

pessoais importantes para

grupos ou organizações. Em

longo prazo, as organizações

assumem maior

responsabilidade sobre o bem-

estar dos funcionários. As

decisões importantes são

tomadas por grupos.

Baixo: os membros assumem

que são independentes da

organização e procuram se

destacar, fazendo contribuições

individuais. Em curto prazo, as

organizações se interessam pelo

desempenho individual do

empregado. As decisões

importantes são tomadas

individualmente.

Assertividade: grau em que as

pessoas são assertivas, como se

confrontam e se são agressivas

em seu relacionamento com os

outros.

Alta: valoriza-se a assertividade,

sendo o comportamento difícil.

Tem como valor a competição,

e existe a crença de que o

sucesso ocorre através do

trabalho duro. Valoriza-se a

comunicação direta e

inequívoca.

Baixa: prefere-se a modéstia e a

sensibilidade à assertividade.

Valoriza-se a cooperação e,

muitas vezes, associa-se

competição com a derrota e a

punição. Não se valoriza a

comunicação direta e

inequívoca.

Page 37: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

36

Igualitarismo de gênero: grau

em que as diferenças de gênero

são minimizadas.

Alta: elevada participação das

mulheres na força de trabalho.

Existem mais mulheres em

posições de autoridade,

possuindo o mesmo status na

sociedade.

Baixo: baixa participação das

mulheres na força de trabalho.

Existem menos mulheres em

posições de autoridade, não

havendo o mesmo status na

sociedade.

Orientação futura: até que ponto

as pessoas se envolvem em

comportamentos futuros de

orientação, tais como

planejamento de investimentos,

e atrasam as gratificações.

Alta: maior ênfase no êxito

econômico; propensão a poupar

para o futuro; valoriza-se a

motivação intrínseca. As

organizações tendem a ser

flexíveis e adaptáveis.

Baixa: menor ênfase no sucesso

econômico; propensão para a

gratificação instantânea;

valoriza-se a motivação

extrínseca. As organizações são

burocráticas e inflexíveis.

Orientações para performance:

grau em que a performance é

incentivada e recompensada.

Alta: crença de que os

indivíduos estão no controle de

seu destino; valores como

assertividade, competitividade e

materialismo; enfatiza-se a

performance através das

pessoas.

Baixa: valores de harmonia com

o ambiente ao longo do

controle; enfatiza-se a

senioridade, a lealdade, as

relações sociais e o

pertencimento. Tem como valor

o fato de as pessoas serem mais

do que fazem.

Fonte: HOUSE et al. (2004)

2.5.7 Integração dos modelos de dimensões culturais, proposta por Nardon e Steers

Nardon e Steers (2009) elaboram uma proposta de integração dos modelos de

dimensões culturais citados nos subitens anteriores (Tabela 8).

Tabela 8 – Dimensões culturais de Nardon e Steers

Dimensões culturais centrais Focos nas dimensões

Hierarquia – igualdade Distribuição de poder nas organizações e na sociedade:

quantidade de poder e de autoridade que são divididos em

uma sociedade; se são mais hierárquicos ou se são

distribuídos; se são mais igualitários ou participativos.

Individualismo – coletivismo Papel dos indivíduos e dos grupos na relação social. Medida

como as relações sociais enfatizam os direitos e as

responsabilidades individuais ou as metas de grupo ou uma

ação coletiva.

Domínio – harmonia Relacionamento com o meio social natural: crenças sobre

como o mundo funciona; medida como as pessoas procuram

mudar e controlar ou viver em harmonia com seu ambiente

natural e social.

Monocronismo – policronismo Organização e utilização do tempo: como as pessoas

organização seu tempo. Se a organização possui com base a

atenção sequencial para tarefas individuais ou a atenção

simultânea de múltiplas tarefas, com tempo fixo versus tempo

como flexível.

Page 38: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

37

Universalismo – particularismo Importância relativa das regras versus controle do

relacionamento e do comportamento: medida de como as

regras, as leis e os procedimentos formais são aplicados de

forma uniforme para todos os membros de uma sociedade, ou

são aplicados pela relação pessoal, por valores em grupo ou

circunstâncias únicas.

Fonte: NARDON; STEERS (2009)

Ler mapas de cultura nacional pode ajudar os líderes globais; no entanto, somente

isso não é suficiente. Considerar apenas essas leituras pode ser perigoso, uma vez que os

elementos que compõem a cultura, como crenças, valores, práticas e instituições, são

complexos e podem mudar continuamente. Além disso, os líderes globais devem adotar

uma liderança contextual, não observando somente mapas da cultura nacional, mas

também fatores culturais que são diferentes, em um mesmo país, em função das regiões,

dos segmentos de atuação da organização. Case, Turnbull e Khakwani ( 2012) argumentam

que os mapas culturais propostos por Hofstede (2003) e House et al. (2004) assumem que

liderança global implica em se desenvolver uma mentalidade global com ferramentas

conceituais e estruturas para se lidar com todas as misturas possíveis de culturas

internacionais.

2.6 Vários níveis da cultura

Pode-se observar que existem vários trabalhos focados apenas na cultura nacional.

Esse tipo de enfoque da cultura é amplamente conhecido e aceito por pesquisadores da área

de gestão internacional; no entanto, Trompenaars e Hampden-Turner (1988) colocam que

cultura também se apresenta em diferentes níveis. Os autores acrescentam que, no nível

mais alto, encontra-se a cultura de uma sociedade nacional ou regional, o francês ou o

europeu ocidental versus o cingapuriano ou o asiático. A maneira como as atitudes são

expressas dentro de uma organização específica é descrita como sendo uma cultura

corporativa ou organizacional. Finalmente, podemos mesmo falar sobre a cultura de

funções específicas dentro das organizações: marketing, pesquisa e desenvolvimento

pessoal. As pessoas, dentro de determinadas funções, tendem a compartilhar certas

orientações éticas e profissionais.

Embora os dois modelos apresentados a seguir não tenham sido rigorosamente

testados, há ampla evidência que sugere ser a cultura complexa; portanto, para a sua

compreensão, deve ser tratada não apenas em nível nacional ou organizacional, mas

Page 39: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

38

também é necessário incorporar o nível individual e observar que todos os três níveis estão

em constante interação.

Erez e Gati (2004) propuseram um modelo multinível de cultura, caracterizado por

dimensões estruturais e dinâmicas. A dimensão estrutural diz respeito à hierarquia de

níveis, aninhados um dentro do outro, cujo nível mais interno é o da representação cultural

em nível individual, aninhada dentro de grupos como organizações, nações e cultura

global. Para os autores, cultura define-se como significando um sistema partilhado, e pode

ser formada em cada um desses níveis, sendo que a dimensão dinâmica diz respeito às

inter-relações entre os diferentes níveis de cultura e a forma como eles interferem entre si.

Para Erez e Gati (2004), a socialização dos indivíduos ocorre por meio de processos top-

down, e pela qual é internalizado o sistema de significado compartilhado da sociedade a

que pertencem, sendo os seus valores representados no self individual. Em seguida, por

meio de processos bottom-up de agregação de valores compartilhados, é formada a cultura

no grupo, na organização e na nação.

Gibson, Mendenhall e Kirkman (2009) sugerem um modelo conceitual com o

objetivo de se ampliar o entendimento da cultura. Eles propõem que sejam usados, como

variáveis dependentes, as percepções, as crenças, os valores e os comportamentos, e que se

use, como variáveis independentes, os indivíduos, o grupo e a situação (Tabela 9).

2.6.1 Variáveis de impactos da cultura

Tabela 9 – Variáveis de impacto da cultura

Variáveis

independentes

Variáveis

dependentes

Exemplo de variável

moderadora

Relação proposta: quando a

cultura é um forte indicativo

Individual Percepção Traço de personalidade:

abertura

Quando a abertura é baixa

(DIGMAN, 1990)

Experiência: exposição

para outras culturas

Quando a exposição para outras

culturas é baixa: (PICK, 1980;

TOYNE, 1976)

Crenças Traço de personalidade:

conformidade

Quando a conformidade é alta

(DIGMAN; TKEMOTO-

CHOCK, 1981).

Experiência: linear

descente

Quando se possui status de nativo

ou de primeira geração ao invés

de status de geração de emigrante

(EARLEY; EREZ, 1997)

Page 40: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

39

Valores Traço de personalidade:

adaptação social

Adaptação social é baixa

(DIGMAN, 1990; LORR, 1986).

Autoidentidade:

identificação com a

cultura

Quando a identificação com a

cultura é alta (TUMER, 1987).

Comportamentos Traço de personalidade:

conscienciosidade

Quando a conscienciosidade é alta

(TELLEGEN, 1985; HOGAN,

1986)

Autoidentidade:

autoeficácia

Quando a autoeficácia é baixa

(BANDURA, 1997)

Grupo Percepção Grupo social:

identificação grupal

Quando a identificação grupal é

alta (BETTENHAUSEN, 1991;

KEMIS et al., 1988).

Trabalho em grupo:

construção da realidade

social

Quando a construção da realidade

dos grupos sociais é dividida

(BROWN; HOSKING, 1986;

DISTEFANO; MAZENEVSKI,

2000)

Crenças Grupo social: grupo

homogêneo

Quando a homogeneidade do

grupo é alta (BETTENHAUSEN;

MUMIGHAN, 1991).

Grupo de trabalho:

polarização do grupo

Quando a polarização do grupo é

baixa (ISENBERG, 1986;

ZILLER, 1957).

Valores Grupo social: força na

cultura organizacional

Quando a cultura organizacional é

forte (SACKMANN, 1992)

Grupo de trabalho:

grupo de trabalho coeso

Quando a coesão do grupo é alta

(BETTENHAUSEN, 1991;

ORGAN; HAMMER, 1950)

Comportamentos Grupo social:

coletivismo, no grupo –

fora do grupo.

Cultura mais é coletivista

(KIRKMAN e SHAPIRO, 1997)

Grupo de trabalho:

estágio de

desenvolvimento do

grupo

Quando há mais estagio de

formação do que estágio de

performance (UCKMAN, 1965)

Situação Percepção Dimensão: incerteza

econômica

Quando a incerteza é alta,

imediatamente quando acontece

uma crise (JORDAN, 1977;

POLLACK, 1977)

Crenças Dimensão: riqueza

social

Quando a riqueza social é mais

baixa em ambiente rural do que

em ambiente urbano (TRIANDIS,

1994; ROMPENAARS, 1993).

Valores Dimensão: volatilidade

política

Quando a volatilidade é baixa;

não ocorre em governos

estruturados (EARLEY; EREZ,

1997).

Comportamentos Dimensão: ambiente

tecnológico forte versus

fraco

Quando a situação é fraca; quando

procedimentos e ferramentas são

ambíguos ou muito complexos

(MISHEL, 1973; SHODA;

MISCHEL; WRIGH, 1993).

Fonte: GIBSON; MENDENHALL; KIRKMAN (2009)

Page 41: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

40

Leung, Su e Morris (2001) comentam que gerentes precisam estar cientes dos

perigos associados aos dois erros básicos de atribuições: as atribuições universais e as

atribuições culturais. O erro de atribuição universal pressupõe que todos os trabalhadores

compartilham as mesmas orientações, e irão responder de forma semelhante às práticas

gerenciais. O erro de atribuição cultural envolve a criação de estereótipos, com base na

nacionalidade, e no pressuposto de que todos os membros de uma nação em particular irão

se comportar de acordo com esse estereótipo. Leung et. al., (2005) acrescentam que é

importante diferenciar o que é efeito cultural em um comportamento de um indivíduo de

outros fatores, tais como personalidade, fenômenos de nível de grupo ou elementos

situacionais.

Agrawal e Rook (2014) elaboraram uma pesquisa com 1.748 executivos em dez

clusters nacionais, com o objetivo de verificarem se os líderes do Oriente e do Ocidente

exibem ou não diferentes padrões de comportamento de liderança global. Os sujeitos da

pesquisa eram altos executivos que participaram de programas de desenvolvimento de

liderança no INSEAD, entre 2001 e 2007, de empresas públicas e privadas de diversos

segmentos, como bancos, consultorias e telecomunicações. Os dados foram coletados por

meio do Inventário Global de Liderança Executiva (GELI), que mede 12 dimensões de

comportamentos de liderança global. Eles concluíram o trabalho com quatro principais

resultados.

A primeira conclusão foi de que existem diferenças significativas em algumas

dimensões de liderança global que podem ser atribuídas às origens culturais dos líderes. A

segunda foi a de que se encontraram evidências de que os líderes globais eficazes nos

países, de fato, demonstram as 12 capacidades globais de liderança em todo o mundo (de

acordo com a autoavaliação e a avaliação dos seus subordinados). A terceira conclusão foi

de que os líderes globais adaptam seu comportamento e suas práticas de liderança

conforme a cultura dos países onde eles estão realizando negócios. O último resultado foi

que o ambiente de negócios global representa critérios específicos para a eficácia do líder,

a fim de lidar com o ambiente global, que é caracterizado pela complexidade, pela

mudança e pela ambiguidade.

Page 42: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

41

2.7 Cultura brasileira

Para Tanure, Evans e Pucik (2007), a cultura brasileira sustenta-se em três pilares,

na sua interação com as organizações: o poder, as relações e a flexibilidade. Os autores

colocam que qualquer traço cultural apresenta o seu lado “sol” e o seu lado “sombra”, por

mais que as pessoas reconheçam um ou outro, devido a valores individuais. O Brasil

apresenta uma significativa distância de poder como traço marcante da sua cultura. O lado

“sol” desse traço cultural é a rapidez no processo decisório, e o lado “sombra”, o não

comprometimento das pessoas, a delegação para cima e o não aproveitamento das

competências nas organizações.

O traço de relações é caracterizado por duas dimensões: a natureza das relações que

os indivíduos estabelecem entre si numa sociedade e a forma de expressão de sentimentos

e emoções. Essas relações, no Brasil, são caracterizadas por serem mais coletivas, tendo a

expressão de sentimentos e de emoções maior abertura. Tanure, Evans e Pucik (2007)

argumentam que o lado “sol” desse traço é que as pessoas são facilmente mobilizáveis. No

lado “sombra”, as emoções ou as relações podem gerar consequências negativas, quando

melhorar a performance deixa de ser o foco do grupo.

A flexibilidade é representada por duas categorias: adaptabilidade e criatividade. A

adaptabilidade é identificada, nas empresas brasileiras, pela grande agilidade para se

ajustar; e a criatividade pode ser observada nos festejos carnavalescos, nas atividades

esportivas e em outras iniciativas populares. Para Tanure, Evans e Pucik (2007), o lado

“sol” da flexibilidade pode ser uma vantagem competitiva para as empresas brasileiras,

frente ao contexto de incertezas do mundo contemporâneo. O lado “sombra” deste pilar é

a esperteza, a tentativa de levar vantagem em tudo; outra faceta negativa é a indisciplina,

tendência que leva a adiar tarefas ou a impedir a estabilização de processos.

Chu (2011) comenta que Barros e Prates (1996) procuraram investigar a relação

entre cultura brasileira e a forma como a gestão é praticada nas organizações brasileiras.

Foi realizada uma pesquisa quantitativa com 2500 executivos de 520 organizações de

grande e médio porte no sul e nos sudeste do Brasil, sendo elaborado um questionário

baseado nos trabalhos de Roberto DaMatta, Lívia Barbosa e Hofstede. O resultado dessa

investigação foi a proposição de um modelo de ação cultural brasileiro. Este modelo está

estruturado em quatro dimensões: institucional, pessoal, líderes e liderados. Essas

dimensões apresentavam intersecções entre si, e, nessas intersecções, são encontrados os

Page 43: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

42

traços culturais brasileiros. As quatro intersecções resultam nos traços: concentração de

poder, personalismo, postura de expectador e necessidade de evitar conflito. Traços

especiais também articulam as dimensões e são responsáveis pela não ruptura do sistema:

paternalismo, lealdade às pessoas, formalismo, flexibilidade e impunidade.

2.7.1 Traços culturais brasileiros

Um quadro-sumário dos traços culturais brasileiros foi realizado por Chu (2011).

Para a sua elaboração, a autora utilizou os seguintes trabalhos: Barros e Prates (1996);

Freitas (1997); Motta e Alcadipani (1999); Motta (1996); Costa (1997); Davel e

Vasconcelos (1997); DaMatta (1991); Matheus (1997); Moreira (2005); Vergara, Moraes e

Palmeira (1997); Caldas (1997); Motta, Alcadipani e Bresler (2001); Hofstede (1997;

2001).

Tabela 10 – Traços culturais brasileiros

Traço cultural Definição

Coletivismo Ideia de que os interesses do grupo devem prevalecer sobre os interesses

individuais, e de que há a necessidade de pertencimento a grupos. A relação

do indivíduo é forte e assemelha-se a uma relação familiar: o grupo deve

fornecer proteção ao indivíduo, e este oferece, em troca, sua lealdade. Para

que uma situação de harmonia seja mantida, conflitos são evitados, e busca-

se a manutenção de relações de confiança dentro do grupo, o que torna os

relacionamentos entre os indivíduos mais importantes do que as tarefas.

Lealdade às pessoas Relação na qual o líder e as pessoas do grupo a que se pertence são mais

importantes do que o sistema maior. Grande confiança é depositada na

figura do líder, que é responsável pela manutenção da coesão do grupo que,

por sua vez, precisa da constante presença do líder para funcionar. O

trabalho individual não segue autodeterminação.

Aversão ao conflito Comportamento que resulta da conjunção da lealdade dos indivíduos à

figura do líder, aos integrantes do grupo e da constante tentativa de

harmonização do grupo pelo líder. Visa manter a harmonia do grupo e o

bom relacionamento entre os indivíduos, e evitar constrangimentos

decorrentes de divergências.

Personalismo Postura que reflete a importância atribuída às pessoas e aos interesses

pessoais. Na rede de parentes e amigos, é depositada grande confiança,

principalmente para a resolução de problemas ou para a obtenção de

privilégios pessoais. Há intensa busca por proximidade e afeto nos

relacionamentos, de forma que as conexões pessoais se assemelham às

conexões familiares. O grupo torna-se a extensão da família, como garantia

de segurança nas ações.

Cordialidade Comportamento individual permeado pela aparência afetiva, não

necessariamente sincera ou profunda. Comportamento organizacional que

revela o predomínio de uma lógica de cunho emocional e motivo.

Impunidade Noção predominante de que as leis gerais são válidas somente para os

Page 44: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

43

indiferentes, e de que os direitos individuais são monopólio de poucos. A

transgressão de leis é vista como vitória contra os líderes, e premiada com a

punição supostamente consequente.

Malandragem Comportamento que deriva do desalinhamento existente entre as leis da vida

pública e a realidade social costumeira. Constitui uma maneira de sobreviver

socialmente, cumprindo leis absurdas e conciliando ordens impossíveis, por

meio da utilização de flexibilidade e da adaptação. Constitui um modo de

viver, de sobreviver e de proceder socialmente. Pressupõe predisposição

para se tirar vantagens, e caracteriza a profissionalização do “jeitinho”.

Formalismo Comportamento que busca a redução dos riscos, da ambiguidade e da

incerteza e o aumento da previsibilidade nas nações e no comportamento

humano, por meio da criação de grande quantidade de regras,

procedimentos, normas e instituições que regem as organizações.

“Jeitinho” Comportamento que possui raízes no Formalismo, e que existe em função da

grande quantidade de regras e de determinações legais que submetem o

cidadão ao Estado, que regem suas interações sociais e que determinam o

que se pode ou não fazer, mas que pouco reflete a realidade social,

revelando incoerência em relação aos hábitos e aos costumes. Esse

comportamento constitui uma tentativa de harmonização das regras e

determinações universais com a vida e com as necessidades diárias,

buscando agir e realizar objetivos, a despeito de determinações legais

contrárias. Revela que um “combate” entre leis universais e relações

pessoais é conseguido, muitas vezes, por meio da personalização das

relações obtidas pela descoberta de elementos e por interesses em comum.

Flexibilidade Capacidade que agrega aspectos de adaptação e de criatividade dos

indivíduos e das organizações. Adaptação refere-se à capacidade de ajuste a

diversas situações, e pode ser compreendida como uma capacidade criativa

dentro de limites pré-fixados. A criatividade refere-se à capacidade de

inovação das organizações e dos indivíduos.

Feminilidade Orientação para o comportamento que valoriza os relacionamentos entre as

pessoas, a preocupação, o cuidado com o próximo e a qualidade de vida.

Valores como modéstia, solidariedade e igualdade são reforçados.

Comportamentos como ação por intuição e busca por consenso são

utilizados, bem como o bom relacionamento com os superiores. Traduz o

sentimento de “trabalhar para viver”, e não inverso.

Desigualdade de poder Noção de grande desigualdade existente entre as pessoas, revelada por meio

do elevado grau de concentração de poder nas estruturas sociais e

organizacionais. Desmembra-se em: (1) força da hierarquia na relação com

as pessoas; (2) grande importância dada ao status individual e à autoridade

dos superiores. Traduz a noção de que indivíduos em posições de menor

poder aceitam as desigualdades entre as pessoas e possuem comportamento

passivo diante dessa situação.

Autoritarismo Postura que evidencia alto grau de autoridade, depositada nas pessoas em

posições hierarquicamente superiores. Reflete o elevado e, por vezes, o

excessivo respeito diante da autoridade.

Postura de expectador Postura que reflete a falta de diálogo na sociedade e nas organizações

brasileiras. Caracteriza-se pela falta de respostas, argumentações e senso

crítico nas relações, o que leva ao mutismo. Essa postura seria em função do

gosto pelo mandonismo e protecionismo, e pela dependência entre as

pessoas, o que levaria, ainda, a baixos graus de iniciativa, de

autodeterminação para a realização de tarefas e de capacidade crítica. Como

consequência, há grande transferência de responsabilidade para autoridades

(superiores e líderes).

Plasticidade Tendência de comportamento que indica supervalorização do que é

estrangeiro, em detrimento do que é brasileiro. Indica a propensão em mirar

modelos e conceitos desenvolvidos fora do país, em detrimento daqueles

desenvolvidos localmente. Revela a adoção, sem críticas, dos referenciais

estrangeiros, sugerindo a grande permeabilidade da cultura brasileira aos

conceitos e modelos estrangeiros.

Page 45: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

44

Paternalismo Relação que configura uma situação de controle dos indivíduos, na medida

em que combinam, por um lado, a figura de um chefe-patrão, ao mesmo

tempo autoritário, firme, cordial e generoso, e, por outro lado, a aceitação e

a docilidade dos subordinados. A relação configura também uma

dependência entre líderes e liderados, decorrente da aceitação mútua da

situação, que é simultaneamente econômica e pessoal. Econômica, no

controle e na delegação de ordens; pessoal, na proteção e no agrado aos

subordinados. A presença do patrão nos locais de trabalho é constante; as

relações aproximam-se do modelo familiar, e os subordinados aceitam e

reivindicam essa configuração.

Fonte: CHU (2011)

Para Freitas (2012), a raiz brasileira é plural, mas não é caótica, uma vez que, desde

o início, a sociedade brasileira teve formação híbrida, incorporando o traço português da

miscigenação que, sem a existência de restrições de raças e devido à escassez de mulheres

brancas, se misturou ao traço indígena e, com o início da escravidão, ao negro,

completando, assim, o “triângulo racial”.

A sociedade brasileira, por ser híbrida em sua formação e, mais recentemente,

por ter assimilado culturas imigrantes diversas (italianos, alemães, sírios,

libaneses, judeus de origens diversas, japoneses, coreanos etc.), pode passar a

impressão de se que vive em um país de imenso caos cultural. Se ainda

somarmos nossas diferenças regionais, vamos ter a sensação de que o Brasil é

um país composto por vários países de culturas próprias (FREITAS, 2012, p.

42).

Motta (2012) menciona que Hofstede caracteriza o Brasil como uma sociedade

coletivista, não se colocando, entretanto, entre as mais coletivistas. Também é

caracterizado por uma distância de poder muito grande, embora perca para as demais

sociedades da América Latina, com exceção da Argentina. O Brasil aparece como uma das

nações onde é maior a busca por se evitar a incerteza, mesmo que essa característica seja

menos marcada do que naqueles países classificados como mediterrâneos.

Carlos Alberto Arruda (s.d., apud MOTTA, 2012) realizou uma pesquisa,

baseando-se em Hofstede e outros, com 73 executivos, dos quais 38 eram ingleses, e 35,

brasileiros. Os executivos foram estimulados a verbalizarem sobre processos específicos de

decisões estratégicas das quais teriam participado. A narrativa foi seguida por uma série de

questões que cobriam aspectos específicos do processo e dos produtos das decisões. Os

aspectos influenciados pela cultura foram relacionados de forma geral, e suas diferenças

nacionais, analisadas qualitativa e quantitativamente.

As duas amostras apresentaram diferenças e similaridades. As empresas brasileiras

apresentaram-se marcadas por forte interação social, bem como pelo alto envolvimento dos

Page 46: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

45

dirigentes brasileiros, geralmente autocráticos. Essas duas características levam as decisões

nas empresas brasileiras a serem tomadas de forma significativamente mais rápida e

contínua. O autor conclui que as decisões brasileiras são mais rápidas e mais arriscadas,

possuem um número menor de participantes e informações, e parecem ter maior

dificuldade para se atingir os objetivos, em comparação com o processo decisório inglês.

Charles Hampden-Turner (1992, apud MOTTA, 2012) selecionou um grupo de 29

países, e concluiu que o talento administrativo brasileiro parece ser relativamente baixo,

em relação à Grécia, à Espanha e à Malásia; porém, colocando-se acima de Portugal.

Apesar disso, o nível de motivação dos trabalhadores e da identificação com a empresa

está um pouco acima da média, abaixo do Japão, de Taiwan, da Coreia, da Dinamarca, da

Suíça, da Áustria da Holanda e de Cingapura, da qual se coloca em posição semelhante.

Quanto ao desejo dos administradores de delegarem autoridade, o Brasil aparece

depois dos seguintes países: Japão, Suécia, Estados Unidos, Noruega, Dinamarca, Nova

Zelândia, Alemanha, Holanda, Malásia, Finlândia, Suíça, Austrália, Bélgica, Luxemburgo,

Taiwan, Coréia, Canadá, Cingapura, Reino Unido e Hong Kong; e antes de: Áustria,

França, Tailândia, México, Irlanda, Itália, Turquia, Portugal, Espanha e Grécia.

2.8 Síntese

Como apresentado neste capítulo, vários pesquisadores têm utilizado a estrutura

dimensional para encontrarem agrupamentos de culturas que compartilham padrões

semelhantes de valores e práticas, e para o entendimento da liderança em contextos

culturais diferentes. Acredita-se que, em um primeiro momento, os mapas culturais

poderão ser úteis para sensibilizar os líderes globais quanto à importância da compreensão

das diferenças culturais.

Porém, frente ao contexto de trabalho do líder global, caracterizado por

multiplicidade, interdependência, ambiguidade, fluxo, incertezas, volatilidade, e com as

diversas culturas nacionais, a forma de somente se utilizar mapas culturais para o

entendimento das culturas pode tratar-se de uma maneira superficial de compreender essas

diferenças culturais.

Acredita-se ser importante compreender a cultura sob as perspectivas nacionais,

organizacionais e individuais, e se observar que todos os três níveis estão em constante

interação. O fenômeno da liderança global deve ser entendido a partir de determinado

Page 47: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

46

contexto que incorpore também as diferenças, entre países, em relação aos sistemas

econômicos, educacionais, financeiros, legais, políticos e culturais.

Page 48: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

47

3 COMPETÊNCIAS PARA O LÍDER GLOBAL

3.1 Introdução

Mendenhal et al. (2013) comentam que há evidências para se fazer distinção entre

líderes locais e líderes globais. Para eles, a diferença está firmemente enraizada em um

contexto que é qualitativamente distinto. Devido a isso, os líderes globais requerem um

conjunto díspar de competências e uma abordagem diferente para o seu desenvolvimento.

Competências são qualidades necessárias para a eficácia de um líder, incluindo-se

habilidade, personalidade, valores, motivações e comportamentos. Os líderes globais

devem reconhecer não somente as preferências culturais dos estilos de liderança em

diferentes países, mas também prestar atenção à singularidade individual das pessoas que

estão além das suas cognições e de comportamentos culturalmente determinados (LEVY et

al., 2007).

As características de um indivíduo podem ser influenciadas por variações culturais,

incluindo-se também as diferenças individuais de autoconceito, valores e crenças,

necessidades, traços e aspirações. Em contraste, Sanchez-Runde, Lee e Steers (2009)

colocam que as características do ambiente podem ser influenciadas pela cultura, podendo-

se incluir vários fatores, como a família, a estrutura da comunidade, as normas e os

valores, a educação, a socialização, a organização, o status do desenvolvimento da

economia e do sistema legal e político.

Neste capítulo, serão apresentadas as principais abordagens sobre competências e

algumas características pessoais, incluindo-se personalidade, valores, crenças, identidade, a

teoria das inteligências múltiplas, da inteligência emocional e da inteligência cultural. A

seguir, expõem-se as competências necessárias para o líder global. São ilustradas as várias

tentativas de se classificar essas competências, que são apresentadas através de várias

tabelas. Este capítulo termina com uma síntese das competências mais importantes

observadas na literatura, e que são fundamentais para o exercício da liderança global

eficaz.

Page 49: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

48

3.2 Várias abordagens sobre competências

Embora tenham sido feitos vários esforços para se chegar a uma definição única do

conceito de competência, ainda não foi alcançado nenhum acordo, sendo existente, até o

momento, grande variação de significado entre várias culturas. Hoffman (1999) argumenta

que pesquisadores e praticantes no campo de competências estabeleceram vários

significados para implementaram a abordagem de competências, e isso produziu um

conceito multifacetado chamado de competências.

Le Deist e Winterton (2005) mencionam que o conceito competence ou competency

(competence, geralmente, refere-se a áreas funcionais; e competency, a áreas

comportamentais) dominou a literatura estratégia de gestão até a década de 1990.

Woodrufle (1991, apud SUUTARI, 2002) explica que o termo competence é definido,

pelos aspectos do trabalho, como uma performance do indivíduo; já o termo competency

refere-se ao comportamento subjacente de uma pessoa em uma performance.

Hoffman (1999) acrescenta que dois principais significados para competência

foram identificados: um, referindo-se às saídas ou aos resultados de formação, isto é,

desempenho competente; nesse caso, seria usado o termo competence. A outra definição é

referente às entradas ou aos atributos subjacentes exigidos de uma pessoa para se alcançar

um desempenho, correspondente ao termo competency.

Em 1994, surgiu uma nova corrente, cujos principais autores são Hamel e Prahalad,

que definiu, pela resource-based theory, o conceito de core competence como o

aprendizado coletivo na organização; especialmente para coordenar diversas habilidades de

produção e para integrar múltiplos fluxos de tecnologias. O conceito core competence foi

elaborado por meio da resource-based theory, cujo ponto de vista é baseado em recursos

da firma; a vantagem competitiva sustentada é vista como decorrente de recursos internos

de uma firma; estes, por sua vez, se podem agregar valor, são únicos ou raros, não são

substituíveis e são difíceis para os concorrentes (LE DEIST; WINTERTON, 2005).

O conteúdo e a forma do core competence são criados por meio de conexões entre

os objetivos da organização, a estratégia, a estrutura e a cultura, bem como os seus

conceitos de gestão, a expertise de seus funcionários e o grau em que os funcionários são

apreciados pela administração. Os autores acrescentam que as habilidades e a motivação

dos funcionários são ajudas estratégicas importantes para a realização dos objetivos da

empresa. Sendo assim, é extremamente importante não só para se reconhecer a expertise e

Page 50: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

49

as competências dos trabalhadores, mas também para se prestar atenção aos motivos e às

qualidades subjacentes dos empregados, que também são conhecidos como “competências

individuais”.

Acredita-se que o conceito de core competence refere-se às competências

organizacionais que se dão por meio das competências das pessoas que constituem a

organização; no entanto, é mais do que a soma de todas as competências individuais dos

funcionários da organização, porque essas competências são incorporadas em sistemas,

rotinas, mecanismos e processos da organização. O foco deste trabalho será as

competências dos líderes globais e suas estratégias de desenvolvimento; sendo assim, o

conceito de core competence não se aplica à unidade de análise proposta.

Boon and van der Klink (2002, apud Le Deist; Winterton, 2005) acrescentam que,

apesar da confusão teórica de um termo aparentemente simples que se tornou

profundamente complicado, pode-se reconhecê-lo como um “termo útil”, fazendo a ponte

entre as necessidades de educação e de emprego.

Le Deist e Winterton (2005) mencionam que existem três abordagens dominantes e

relativamente independentes sobre o conceito de competências: a abordagem

comportamental dos Estados Unidos, que foi a primeira e a mais tradicional; a abordagem

funcional do Reino Unido; e a mais recente, a abordagem multidimensional e holística da

França, da Alemanha e da Áustria.

Para a abordagem comportamental dos Estados Unidos, Le Deist e Winterton

(2005) comentam que McClelland (1973) desenvolveu medidas de competência como uma

alternativa para o uso de testes tradicionais de inteligência cognitiva, porque estes eram

considerados pobres preditores de desempenho no trabalho.

Os principais autores dessa abordagem são: McClelland (1973; 1976; 1998),

Boyatzis (1982) e Spencer e Spencer (1993); juntos, elaboraram, através de seus conceitos,

a consultoria McBer e, mais tarde, Hay McBer, que é uma consultoria referência em

projetos, em termos de competência. Para esses autores, competência é um conjunto de

qualificações que permite uma pessoa ter performance superior em um trabalho ou em uma

situação. Essas competências podem ser organizadas com o objetivo de se arranjarem as

qualificações ideais para que a pessoa obtenha uma performance superior no trabalho.

Le Deist e Winterton (2005) colocam que a abordagem funcional do Reino Unido

surgiu na década de 1980, a partir do reconhecimento da deficiência de qualificação de

skills. Assim, foi introduzida uma abordagem baseada em competência para o VET

Page 51: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

50

(Vocational Education and Training), pela qual estabeleceram um sistema unificado, de

âmbito nacional, de qualificação baseada no trabalho, ou seja, competências funcionais

associadas a ocupações específicas.

Carrington (1994) e Hirsh e Strebler (1994), citados por Le Deist e Winterton

(2005), colocam que, embora a abordagem principal no Reino Unido continue a ser a das

competências funcionais, alguns empregadores desenvolveram suas próprias estruturas de

competência para os gestores, ou adotam outros modelos genéricos, ao invés de usarem o

MCI Standards (Management Charter Initiative). Mathewman (1995) e Cockerill (1989),

citados por Le Deist e Winterton (2005), acrescentam que algumas organizações do Reino

Unido adotaram o conceito de competência Hay McBer, em detrimento de competências

consagradas na gestão Standards.

Moore, Cheng e Dainty (2002) colocam que uma diferença significativa entre as

abordagens de avaliações de performance, entre o Reino Unido e os Estados Unidos,

encontra-se na metodologia de avaliação. No Reino Unido, a abordagem é tipicamente

focada na função, ou seja, em uma metodologia orientada para a tarefa; nos Estados

Unidos, a avaliação é focada na pessoa, como na metodologia de entrevista de eventos

comportamentais associada ao modelo de McBer.

Parry (1996) acrescenta que, no Reino Unido, as competências são vistas como

outputs; os empregados exibem competências no grau em que seu trabalho atende ou

excede os padrões de um trabalho determinado. Nos Estados Unidos, as competências são

vistas principalmente como inputs, que consiste em clusters, conhecimentos, atitudes e

skill, uma capacidade individual de desempenho.

Le Deist e Winterton (2005) apontam que a abordagem de competências

multidimensional e holística da Franca começou durante a década de 1980; tornou-se

particularmente influente da década de 1990, sendo que esse movimento já passou por

vários estágios. O primeiro estágio apareceu dentro das organizações, e veio o

desenvolvimento de instrumentos e de ferramentas para profissionais de gestão de

Recursos Humanos e consultores; em seguida, a conceituação de competência como uma

preocupação teórica; o último estágio seria o das abordagens mais críticas.

Cannac e Cegos (1985, apud LE DEIST; WINTERTON, 2005) apontam que o

grande desenvolvimento da prática baseada em competência, na França, apareceu em 1984,

ligado à necessidade de se desenvolverem novas competências e ao papel das empresas no

seu desenvolvimento.

Page 52: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

51

No ano de 1993, Le Deist e Winterton (2005) mencionam que o estado encorajou

uma abordagem baseada em competência, quando a ANPE (Agence Nationale pour

l’emploi), modificou seu quadro de ocupações do trabalho para uma abordagem baseada

em competências, e isso estimulou generalizados comentários acadêmicos, como os de: Le

Boterf (1994), Levy-Leboyer (1996), Merle (1996) e Minet et al. (1994).

Haddadj e Besson (2000, apud LE DEIST; WINTERTON, 2005) apontam que, a

partir de uma perspectiva epistemológica, a lógica de competência é polarizada, na França,

em duas direções distintas: uma abordagem individual, centrada em comportamentos

individuais, e uma abordagem coletiva, centrada na construção da competência necessária

em uma organização.

Vários autores franceses têm comparado as abordagens de competências francesa,

anglo-saxônica e, às vezes, americana. A abordagem francesa é geralmente mais

abrangente, considerando-se: savoir (competências teóricas, como os conhecimentos),

savoir-faire (competências praticas, como as competências funcionais) e savoir-être

(competências sociais e comportamentais, como as competências comportamentais) (LE

DEIST; WINTERTON, 2005). Tremblay e Sire (1999), citados em Le Deist e Winterton

(2005), observaram forte concordância entre o uso do Reino Unido de competência

funcional, os franceses savoir-faire, e os E.U.A.; entre a utilização de competências soft,

como na abordagem Hay MacBer, e o francês savoir-être.

Dejoux (1999, apud LE DEIST; WINTERTON, 2005) comenta que, na França,

ainda não se gerou uma teoria geral de competências individuais empiricamente validadas;

no entanto, existe um consenso na definição, com base três dimensões mínimas. Estas três

dimensões sustentam-se sobre os conceitos de conhecimento (savoir e connaissance), um

componente baseado na experiência (savoir faire ou savoir agir) e um componente

comportamental (savoir-être ou la faculte´ de s’adapter).

Há tanta confusão e tanto debate sobre o conceito de competência que é impossível

identificar ou imputar uma teoria coerente, ou mesmo se chegar a uma definição capaz de

acomodar e de reconciliar todas as diferentes maneiras como o termo é utilizado (LE

DEIST; WINTERTON, 2005). Para este trabalho, a competência é:

A capability ou ability. É um conjunto de comportamentos relacionados, mas

diferentes, organizado em torno de um construto subjacente, o que chamamos de

“intenção”. Os comportamentos são manifestações alternativas da intenção,

conforme o caso em várias situações ou momentos e capacidade que existe em

uma pessoa que leva a um comportamento que satisfaz as exigências do trabalho

Page 53: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

52

dentro dos parâmetros do ambiente organizacional e que, por sua vez, traz os

resultados desejados. (BOYATZIS, 2008, p. 6).

A seguir, serão abordadas algumas características individuais que incluem:

personalidade, valores, crenças, identidade, teoria das inteligências múltiplas, inteligência

emocional e inteligência cultural.

3.3 Características individuais

Considera-se importante estabelecer a distinção entre skills e abilities, uma vez que,

na língua inglesa, são conceitos diferentes, e, no português, geralmente, usa-se somente a

terminologia de habilidades para os dois termos. Brannen et al., 2004) comentam que skills

refere-se a técnicas que as pessoas precisam para executar as funções de trabalho;

normalmente, são mais fáceis de serem treinadas do que as abilities. Para os autores,

abilities referem-se à capacidade de uma pessoa de aprender rapidamente as habilidades

necessárias para realizar um trabalho específico, sendo mais difíceis de serem treinadas.

3.3.1 Personalidade

A personalidade é formada por características relativamente estáveis, que são

únicas para cada indivíduo. Diferenças de personalidade entre indivíduos podem ser

conectadas a vários fatores, como biográficos, físicos, emocionais e psicológicos. No

entanto, não há uma resposta precisa para a questão sobre o quanto a hereditariedade ou a

educação afetam e moldam nossas personalidades. Jabeen, Cherian e Pech (2012, p. 38)

mencionam: “Nossa genética é responsável por gerar parâmetros de personalidade, embora

também seja reconhecido que nossas experiências de vida têm uma influência

significativa”.

As pessoas têm características estáveis refletidas em traços de personalidade; o que

pode ajudar os gestores a manterem em mente que alguns padrões, em seu próprio

comportamento e no das pessoas com quem trabalha, podem ser mais fáceis de serem

aceitos e de propiciarem uma mudança. Brannen et al. (2004) colocam que os psicólogos

identificaram centenas de traços de personalidade. Para ordenar essa complexidade, foram

identificados cinco principais fatores de personalidade, conhecidos como “Big five”:

extroversão, amabilidade, conscienciosidade, neuroticismo e abertura à experiência.

Page 54: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

53

Extroversão reflete o nível de conforto de um indivíduo com novos

relacionamentos; como esse indivíduo interage com outras pessoas. Os extrovertidos

tendem a ser sociáveis, faladores, assertivos, agressivos, excitáveis e ativos. Em contraste,

os introvertidos são mais reservados e cautelosos em novos relacionamentos. Os

introvertidos são mais tímidos e reservados, e preferem trabalhar sozinhos.

Amabilidade refere-se à capacidade do indivíduo de lidar com os outros. Alta

amabilidade refere-se ao grau em que alguém está confiante, bem-humorado, complacente,

modesto, gentil e cooperativo. As pessoas com baixos níveis de amabilidade tendem a

serem irritáveis, implacáveis, desconfiadas e inflexíveis com os outros. Membros com

baixos níveis de amabilidade tendem a agir de forma agressiva e competitiva não só com

os clientes, fornecedores da organização, mas também com os seus colegas, membros da

organização.

Conscienciosidade refere-se à quantidade de objetivos que o indivíduo se predispõe

a atingir. Pessoas com alta conscienciosidade se concentram em um pequeno número de

metas por vez. Tendem a serem cuidadosos, meticulosos, responsáveis, organizados e

escrupulosos. As pessoas com baixa conscienciosidade são mais propensas a buscarem

uma ampla gama de objetivos, e tendem a serem irresponsáveis, desorganizadas e sem

escrúpulos.

Neuroticismo refere-se ao nível de estabilidade emocional de uma pessoa.

Indivíduos com altos níveis de neuroticismo tendem a serem ansiosos, deprimidos,

irritados e inseguros, enquanto aqueles com baixa em neuroticismo representam quem tem

alta “estabilidade emocional”. A pessoa tende a ser calma, equilibrada, segura e

emocionalmente estável.

Abertura à experiência reflete o grau de rigidez de uma pessoa nas crenças e nos

interesses. Indivíduos com altos níveis nessa dimensão tendem a serem intelectuais,

imaginativos, criativos, artísticos, curiosos, sensíveis e de mente aberta. São susceptíveis e

apresentam interesse em aprender e em adquirir conhecimento profissional; tendendo a se

ajustarem bem a novas exigências e tarefas. Por outro lado, aqueles com baixos níveis de

abertura à experiência tendem a serem insensíveis e convencionais; menos dispostos a

tentarem coisas novas e são propensos a evitarem a mudança de papel e a instabilidade. A

abertura à experiência está relacionada à abertura a novas culturas.

O modelo de cinco fatores citado acima foi usado por Jabeen, Cherian e Pech

(2012), como uma estrutura de organização, para investigar a influência de traços de

Page 55: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

54

personalidade sobre a eficácia da liderança de expatriados que trabalhavam nos Emirados

Árabes. Os dados da pesquisa foram coletados através de entrevistas com 152 expatriados

indianos que trabalhavam em diferentes organizações nos Emirados Árabes.

Extroversão foi a variável mais consistente de liderança em diferentes contextos de

estudo. Nessa pesquisa, verificou-se que houve associação entre traços de personalidade e

habilidades de eficácia da liderança. A análise demonstrou que as características relativas à

pró-atividade, à extroversão e ao entusiasmo foram os preditores mais significativos de

habilidades de liderança. Além disso, foi realizada uma meta-análise por Mol (2005), para

examinar se a personalidade era preditor do desempenho expatriado. Verificou-se que a

extroversão, a estabilidade emocional, a afabilidade e a consciência foram preditivas de

desempenho expatriado. A pesquisa também descobriu que a sensibilidade cultural e a

habilidade com a linguagem local também podem prever o desempenho.

Caligiuri e Tarique (2009) pesquisaram com o fim de prever a eficácia nas

atividades de liderança global. Foi realizado um estudo com vários líderes globais, e

descobriram que os líderes altamente extrovertidos, com grande número de experiências de

desenvolvimento de liderança transculturais, são os mais eficazes em atividades de

liderança global.

Caligiuri e Tarique (2012) descobriram que experiências de desenvolvimento de

liderança transculturais e características de personalidade dos líderes foram preditores de

eficácia nas atividades de liderança global. Testando hipóteses baseadas na teoria da

aprendizagem social e na hipótese de contato, extroversão foi encontrada para moderar a

relação entre alto contato em experiências interculturais de desenvolvimento de liderança e

eficácia em atividades de liderança globais: os líderes altamente extrovertidos, com maior

número de contato de alto desenvolvimento de liderança e experiência cross-cultural são

os mais eficazes em atividades de liderança global.

Wang, Freman e Zhu (2013) investigaram a influência dos traços de personalidade

na competência intercultural em gestores expatriados chineses com experiências de gestão

no exterior. Eles exploram o impacto dos traços de personalidade na competência

intercultural, realizando entrevistas, em profundidade, com 25 gerentes chineses

expatriados, 15 colegas estrangeiros, 10 especialistas cross-culturais e supervisores

expatriados. Descobriram que os atributos pessoais importantes para a competência

intercultural são consciência e abertura.

Page 56: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

55

Winsboroug e Hogan (2014) constatam que os principais líderes são

significativamente diferentes da população em geral, no que tange à personalidade, mas

bastante semelhantes entre si. Em geral, os principais líderes eram mais emocionalmente

estáveis e muito mais competitivos, ambiciosos, extrovertidos e bem informados do que a

pessoa média da população.

3.3.2 Valores, crenças e identidade

Schwartz (1992) menciona que valores e crenças são conceitos que norteiam a

seleção ou a avaliação de comportamentos e eventos, e são ordenados por importância

relativa. Sanchez-Runde, Lee e Steers (2009) colocam que o trabalho das pessoas

representa um conjunto de normas e de metas que as pessoas aspiram e que tem significado

para elas no trabalho. England (1986), citado em Sanchez-Runde, Lee e Steers (2009),

desenvolveu um questionário de valores pessoais que mede 66 valores pessoais dos

gestores em diferentes países. Esses valores foram, então, agrupados em várias dimensões

para posterior análise.

Foram encontradas significativas diferenças nos valores pessoais entre cinco países:

Austrália, Japão, Coréia, Índia e Estados Unidos. Gerentes americanos tendiam a serem

elevados no pragmatismo, na orientação, na realização e na demanda por competência, e

colocaram grande valor à organização sem fins lucrativos, à eficiência organizacional e à

produtividade. Gerentes japoneses e coreanos também valorizam o pragmatismo, a

competência e a realização, mas enfatizam o crescimento organizacional, ao invés da

maximização do lucro.

Gerentes indianos salientaram uma orientação moralista, um desejo de estabilidade,

ao invés de mudança, e a importância de status, dignidade, prestígio e do cumprimento das

diretrizes organizacionais. Finalmente, os gerentes australianos enfatizaram uma orientação

moralista e humanista, com ênfase no crescimento e na maximização do lucro; valor alto

em lealdade e confiança, e baixa ênfase na realização individual, no sucesso, na

concorrência e no risco.

Elizur et al. (1991) coletaram dados de 2280 entrevistados em oito países (China,

Alemanha, Holanda, Hungria, Israel, Coréia, Taiwan e E.U.A.) e encontraram semelhanças

e diferenças nas nacionalidades. A realização foi considerada como um valor do trabalho

Page 57: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

56

importante na China, em Taiwan, na Coréia e em Israel; a seguir, Holanda, Hungria e os

E.U.A.; no último lugar ficou a Alemanha.

Quanto à questão de interesse pelo trabalho, a Alemanha, a Holanda e os Estados

Unidos classificaram-se em primeiro lugar; em segundo lugar, apareceram Taiwan e Israel;

em terceiro, situou-se a Coréia; em quarto, a Hungria; e em quinto lugar, a China.

Crescimento pessoal, reconhecimento e elevada estima foram classificados como um alto

valor para todas as nacionalidades, com exceção da Alemanha e da Hungria. Em

contrapartida, a Alemanha e a Hungria apresentaram como muito alto valor o apoio dos

colegas de trabalho e dos supervisores.

Brannen et al. (2004) comentaram que os líderes que trabalham em negócio

internacional lidam com identidades sociais relativamente estáveis de si, de sua família e

de seus contatos de negócios, e eles podem ter diferentes identidades, devido à variedade

de categorias sociais ou grupos. Acrescentam que o mesmo líder pode ou não ter uma forte

identidade com uma família em particular, um grupo religioso, um empregador, uma

indústria, uma nação, um partido político, um grupo de gênero ou uma subcultura nacional.

Além disso, apontam que cada um desses vários grupos tem normas sobre formas

adequadas de se pensar e de agir que moldam os pensamentos e as ações daqueles que se

identificam com esse grupo.

3.3.3 Inteligência

Inteligência é a capacidade de se adquirir e de aplicar conhecimentos e habilidades.

Testes tradicionais de QI ou de inteligência são baseados em um teste chamado de

Stanford-Binet, que tem a ideia de que a inteligência é a capacidade inalterada, inata.

Gardner (1993) observa que os testes de QI tradicionais medem apenas o

raciocínio lógico e a linguagem, mas que o cérebro possui outros tipos igualmente

importantes de inteligência. Gardner argumenta que todos os seres humanos têm essas

inteligências, mas as pessoas diferem nos pontos fortes e nas combinações de inteligências.

Da mesma forma, Goleman (1996) afirma que, para a realização eficiente do

processamento mental ou cognitivo, são necessárias várias emoções fundamentais, como

raiva, medo, prazer, amor, e desprazer, entre outras.

Page 58: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

57

3.3.3.1 Teoria das múltiplas inteligências

Gardner (1993) propôs uma visão de talentos humanos que é chamada de “Modelo

de Múltiplas Inteligências”. O autor argumenta que todos os seres humanos têm várias

inteligências, mas as pessoas diferem nos pontos fortes e nas combinações das

inteligências. Ele acredita que todos os indivíduos podem ser desenvolvidos através de

formação e de prática. Gardner propõe a existência de sete inteligências: linguística,

musical, lógico-matemática, espacial, corporal-sinestésica e as inteligências pessoais, que

consistem na intrapessoal e na interpessoal. As sete inteligências são descritas a seguir.

Inteligência linguística: manifestada no uso da linguagem falada ou escrita.

Inteligência musical: baseia-se no reconhecimento de padrões tonais (incluindo

sons do ambiente) e numa sensibilidade para ritmos e batidas. Ela é forte em

cantores e compositores.

Inteligência lógico-matemática: é ter a capacidade de analisar problemas

logicamente, de realizar operações matemáticas e de investigar questões

cientificamente. Um indivíduo demonstra inteligência lógico-matemática ao

detectar padrões, ao ter raciocínio dedutivo e ao pensar logicamente.

Inteligência espacial: é a capacidade de formar modelos mentais (imagens) e de

operar com tais imagens. Esta inteligência lida com atividades como as artes

visuais, a navegação, a criação de mapas e a arquitetura.

Inteligência corporal-sinestésica: significa ter um corpo bem coordenado, algo

encontrado em atletas e em pessoas com facilidade para o artesanato.

Inteligências pessoais: compostas por duas inteligências, separadamente, a

intrapessoal e a interpessoal. Interpessoal é a capacidade de ser capaz de trabalhar

bem com as pessoas, sendo forte em vendedores, políticos e professores.

Intrapessoal é a capacidade de compreender a si mesmo e de aplicar um talento de

êxito, o que leva a pessoas felizes e bem-ajustadas em todas as áreas da vida.

3.3.3.2 Inteligência Emocional

O conceito de inteligência emocional (EI) foi articulado pela primeira vez por

Salovey Mayer (1990, apud GOLEMAN, 1996), que definiu a inteligência emocional

Page 59: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

58

como o subconjunto da inteligência social que envolve a capacidade de monitorar os

próprios sentimentos e as emoções dos outros para discriminar entre eles e para usar essa

informação para guiar o pensamento e as ações.

A inteligência emocional foi popularizada por Goleman (1996). Este autor

menciona que os componentes da EI no trabalho são: autoconhecimento, autorregulação,

motivação, empatia e habilidade social, a saber:

Autoconhecimento é a capacidade de reconhecer e de compreender os seus

humores, as emoções e as unidades, bem como o seu efeito sobre os outros.

Autorregulação é a capacidade de controlar ou de redirecionar impulsos

destrutivos, e a propensão para suspender julgamentos e de se pensar antes de agir.

Motivação é a paixão para o trabalho por motivos que vão além do dinheiro ou

do status, e uma propensão para perseguir objetivos com energia e persistência.

Empatia é a capacidade de entender o emocional de outras pessoas e a habilidade

de tratar as pessoas de acordo com suas reações emocionais.

Habilidade social é a proficiência em construção e em gestão de

relacionamentos.

3.3.3.3 Inteligência cultural

A inteligência cultural foi introduzida para a literatura de gestão como um contínuo

quantitativo de diferença individual ao longo do qual as pessoas podem ser colocadas de

acordo com a quantidade desse atributo (EARLEY; ANG, 2003; THOMAS et al., 2008).

De acordo com Earley e Ang (2003), inteligência cultural é distinta de inteligências

emocionais e sociais, na medida em que, quando as pessoas mudam de contextos

nacionais, necessitam confiar em sua capacidade de aprender novos padrões de interações

sociais e de elaborar as respostas comportamentais adequadas a esses padrões. Inteligência

cultural (QC) é a capacidade de funcionar eficazmente em diversas configurações culturais.

Essa inteligência é um constructo multidimensional composto por três fatores: cognitivo,

motivacional e comportamental, os quais são descritos a seguir.

Cognitiva (QC) é a capacidade de uma pessoa em desenvolver padrões de

estímulos culturais com base em ambas as habilidades, cognitivas e metacognitivas.

Page 60: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

59

A capacidade metacognitiva refere-se aos processos que os indivíduos utilizam para

adquirirem e entenderem o conhecimento cultural, bem como para darem sentido às

experiências interculturais. Isso acontece quando as pessoas formam estratégias

antes de um encontro intercultural, verifica pressupostos durante um encontro e

ajusta os mapas mentais, quando as experiências reais são diferentes das

expectativas.

O fator motivacional (QC) representa o interesse de uma pessoa em conhecer

outras culturas e em interagir com pessoas de diferentes culturas. Considera-se não

apenas o valor intrínseco que as pessoas colocam em interações com pessoas de

diferentes culturas, mas também a sua crença de que podem funcionar de forma

eficaz nessas situações. Este fator concentra-se no direcionamento de energia para

se aprender e para funcionar em situações transculturais. Indivíduos com alto fator

motivacional tendem a interagir mais com pessoas de culturas diferentes.

Comportamental (QC) é a capacidade da pessoa para selecionar eficazmente os

comportamentos, de acordo com a cognição e com a motivação, e para expor as

ações verbais e não verbais adequadas, ao interagir com pessoas de diferentes

culturas. Ação não é apenas sobre saber o que é apropriado para fazer; às vezes, as

pessoas são incapazes de agirem de forma adequada durante uma situação estranha.

Thomas et al. (2008) definem a inteligência cultural como um sistema de interação

de conhecimentos e de competências, ligados por metacognição cultural, o que permite às

pessoas se adaptarem a partir da seleção e do molde dos aspectos culturais de seu

ambiente. Esses autores elaboraram um modelo de inteligência cultural que consiste em

uma interação de três elementos: conhecimento cultural, habilidades culturais e

metacognição cultural, sobre os quais discorremos a seguir.

Conhecimento cultural refere-se não apenas a um componente de conteúdo, mas

também aos processos armazenados na memória desse processo ou ao

conhecimento processual. Inclui o conhecimento do efeito da cultura sobre a

natureza de cada um, ou de outra natureza como um processador cognitivo.

Habilidades culturais são diferenças individuais que podem ser desenvolvidas e

utilizadas como alavancas de melhoria.

Page 61: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

60

Já a metacognição cultural envolve a capacidade de, consciente e

deliberadamente, monitorar os processos de seus conhecimentos e de seus estados

cognitivos e afetivos (às vezes, chamados de experiências metacognitivas).

Ang (2006) examinou as relações entre os traços de personalidade do Big five com

o modelo de quatro fatores de inteligência cultural (QC). Análises de regressão hierárquica

foram realizadas em dados obtidos de 338 estudantes universitários, com foco na área de

negócios e que tiveram vários anos de experiência na interação com pessoas de outra

cultura.

Foram encontradas significativas ligações estatísticas entre: (a) conscienciosidade e

metacognitiva QC; (b) amabilidade com QC comportamental; (c) extroversão com

cognitivo, motivacional e comportamental QC; e (d) a abertura à experiência com todos os

quatro fatores de QC. O autor comenta que o achado intrigante desse estudo é que a

abertura à experiência foi o único fator do Big five que foi significativamente relacionado

com todos os quatro aspectos do QC. O autor acrescenta que esse resultado é diferente de

pesquisas anteriores sobre a abertura, que encontraram poucas relações significativas. Ang

(2006) conclui que os resultados mostram que a abertura à experiência é uma característica

de personalidade crucial, relacionada com a capacidade de uma pessoa funcionar

eficazmente em diversos contextos culturais (QC).

3.4 Modelos de competências para liderança global

São apresentados, em ordem cronológica, de 2001 a 2013, oito modelos para

liderança. Cada um dos oito modelos – competências e dimensões para liderança global

(2001); modelo de pirâmide de competência de liderança global (2004); lista de

conhecimentos, skills, abilities e personalidade (2006); competências globais de liderança e

dimensões (2006); contexto global, construção de sentido e competências da liderança

global (2009); competências interculturais e dimensões (2010); visão geral conceitual da

liderança global e das competências (2011); competências e dimensões para a liderança

global (2013) – cada um foi apresentado em uma figura ou em uma tabela, a fim de se

compreender melhor a natureza da liderança global.

Page 62: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

61

3.4.1 Competências e dimensões para a liderança global (2001)

Figura 1 - Competências e dimensões para a liderança global

Fonte: ADLER; BRODY; OSLAND (2001)

Bird e Osland (2004) mencionam que gerentes experts atuam em um nível alto em

todas as três fases do ciclo (Figura 2). Os autores definiram gerentes experts como alguém

que possui conhecimento e intuição holística, ao invés de regras, que desenvolve e que

reformula estratégias através de leituras e de mudanças que outros não percebem. A

primeira fase envolve a percepção e a análise. Gerentes experts decodificam e realizam um

diagnóstico preciso da situação e, apropriadamente, identificam as características da

situação atual com outras já experimentadas no passado.

A segunda fase é a identificação de uma ou de mais ações julgadas como sendo

consistentes com a situação e eficazes para se alcançar o objetivo. Esta fase envolve o

conhecimento sobre ações gerenciais que funcionarão no caso específico. Tais julgamentos

são baseados na correspondência dessa situação com situações anteriores, juntamente com

a capacidade de se imaginar e de prever os resultados de várias respostas.

Page 63: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

62

A terceira fase desloca a atividade dos processos cognitivos, na mente de um

gerente, para a execução da resposta selecionada. Conhecimento sobre o que fazer, por si

só, é insuficiente nesta fase.

Figura 2 – Ciclo de eficácia

Fonte: BIRD; OSLAND (2004)

3.4.2 Modelo de pirâmide de competências de liderança global (2004)

Bird e Osland (2004) estabelecem a distinção entre competências e traços. As

competências são abilities, skills ou conhecimentos geralmente adquiridos através da

experiência. Em contraste, a personalidade é um conjunto relativamente duradouro de

características, tendências e temperamentos formado significativamente por herança e por

características socioculturais e ambientais. Os autores comentam que as competências

gerais de liderança são construídas usando-se blocos iguais a um triângulo, com uma base

e quatro níveis (traços, atitudes e orientações, skills interpessoais e skills de sistemas).

Sugeriu-se que havia uma progressão cumulativa, em um movimento de baixo para cima e

Page 64: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

63

da esquerda para a direita. Os diferentes níveis do modelo representam uma progressão de

traços de atitudes, de skills interpessoais e, finalmente, de skills de sistemas, envolvendo

interações caracterizadas por entendimentos e por relacionamentos complexos (Figura 3).

Figura 3 – Modelo de pirâmide de competências de liderança global

Fonte: BIRD; OSLAND (2004)

3.4.3 Lista de conhecimentos, skills, abilities e personalidade (2006)

Caligiuri (2006) apresenta uma lista de aptidões individuais (conhecimento, skills,

abilities e personalidade) que são características necessárias para o líder global realizar as

tarefas de seu trabalho. Landy e Conte (2004) definiram skills “como atos praticados que

são mutáveis e podem aumentar ao longo do tempo até o limite das suas abilities naturais

(inteligência,personalidade)” (apud CALIGIURI, 2006, p. 221). A autora menciona que a

liderança global deve adquirir três tipos de conhecimento: conhecimento geral de culturas;

conhecimentos específicos de culturas e conhecimento de negócios internacionais:

Page 65: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

64

o conhecimento geral de cultura diz respeito a valores sociais e normas em que a

maioria das culturas varia, tais como ritos, rituais, símbolos e histórias;

o conhecimento específico de cultura inclui a compreensão de valores, normas,

crenças, ritos, rituais e comportamentos de um país específico. Comparações entre

os países assumem que os indivíduos dentro de uma cultura terão valores mais

semelhantes entre si do que indivíduos entre diferentes países;

já o conhecimento de negócios internacionais está relacionado com a realização

de negócios globalmente. Os tópicos podem ser: finanças internacionais, direito

internacional, relações de trabalho comparativos e similares.

Para Caligiuri (2006) skills e abilities são: skills de interações interculturais,

habilidade com língua estrangeira e capacidade cognitiva. Landy e Conte (2004, p. 109),

citados por Caligiuri (2006), definem skills como sendo “atos praticados. Skills são

mutáveis e podem aumentar até os limites das abilities, inteligência e personalidade”.

Os skills de interações interculturais foram exemplificados como habilidades de

negociação com estrangeiros ou de resolução de conflitos cross-nacional.

Comentou-se que esses skills podem melhorar ao longo do tempo, quando se

aprende a maneira pela qual nuances culturais afetam suas interações com pessoas

de diferentes culturas.

Skills com língua estrangeira: esta capacidade pode aumentar até o nível de

fluência, com a prática. Foi expresso que, para se obter fluência, se requer prática; e

características de personalidade também podem afetar a fluência: os conscientes e

os introvertidos, talvez, sejam menos dispostos a cometerem erros publicamente (o

que é inevitável quando se aprende uma nova língua).

Ability cognitiva: foi articulado que muitas das tarefas de liderança globais

exigem um nível mais avançado de capacidade cognitiva, dada a complexidade de

gerenciar as demandas de várias culturas para se executar as tarefas gerenciais. Tem

sido sugerido que, para ser eficaz em nível global, os indivíduos devem possuir

complexidade cognitiva e acuidade de percepção intuitiva, para perceberem com

precisão e para interpretarem comportamentos em vários contextos culturais.

Page 66: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

65

O último grupo de características comentado por Caligiuri (2006) foi personalidade.

Colocou-se que existem algumas características de personalidade que são necessárias para

que os líderes globais realizem suas tarefas. A autora apresentou os traços de personalidade

do Big five, já mencionados no início do capítulo.

Extroversão: a autora menciona que os líderes globais precisam ser

extrovertidos, porque muitas das tarefas de liderança global têm um forte

componente social, uma vez que necessitam de maior esforço para interagirem de

forma eficaz com pessoas de diferentes países. Também é importante que os líderes

sejam conscienciosos; os indivíduos com essa característica demonstram maior

esforço e maior comprometimento com a tarefa.

Amabilidade: a capacidade de formar alianças sociais recíprocas é conseguida

pela característica de personalidade amabilidade. Líderes que são mais agradáveis,

ou seja, que lidam com os conflitos de forma colaborativa esforçam-se para a

compreensão mútua e são menos competitivos; têm maior adaptação e são

susceptíveis a terem maior sucesso em tarefas de liderança global que envolvem

colaboração (por exemplo, trabalhar com colegas de outros países).

Conscienciosidade: os indivíduos que são conscienciosos demonstram maior

esforço e comprometimento com a tarefa; dado o nível mais elevado de

complexidade, tarefas de liderança global, provavelmente, irão exigir mais esforço

do que tarefas comparáveis no contexto doméstico.

Neuroticismo: dado o nível elevado de complexidade nas tarefas de liderança

global, provavelmente, exigir-se-á um esforço maior para a realização das tarefas

do que as tarefas de uma liderança que trabalha no contexto local. Por isso, eles

necessitam de alta estabilidade emocional, que é uma importante característica de

personalidade que permite facilitar a adaptação e que habilita os seres humanos

para lidarem com o estresse em seu ambiente.

Abertura à experiência: a autora comenta que os indivíduos com maior abertura

terão menos pontos de vista rígidos do que é certo ou errado, adequado ou

inadequado etc., e são mais propensos a aceitarem as diversas culturas.

Page 67: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

66

3.4.4 Competências e dimensões para liderança global (2006)

Mendenhall (2006) descobriu que as 53 competências apresentados por Mendenhall

e Osland (2002) podem ser classificadas em seis dimensões (Figura 4).

Figura 4 – Competências e dimensões para a liderança global

Fonte: MENDENHALL (2006)

Relacionamento incorpora competências relacionadas com o desenvolvimento e a

manutenção de relações interpessoais em contextos interculturais globais. Traços de

personalidade é uma dimensão que contém núcleo ou tendências comportamentais

habituais. Expertise em negócios diz respeito ao conhecimento de negócios globais.

Page 68: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

67

Expertise organizacional são skills relacionados com a organização e com a estruturação

humana e de processos administrativos em contextos globais. A dimensão cognitiva são

tendências de processamento de informações internas; e visão é a capacidade de discernir

onde uma organização deve ir e a capacidade de reunir subordinados e esforços para se

alcançar a visão.

Osland e Bird (2006) colocam que existem cinco fases de desenvolvimento que o

líder global vivencia, de novato a expert. Da mesma forma, deve-se considerar que os

níveis de complexidade das competências necessárias para o líder global são diferentes, e

devem seguir as diferentes fases de desenvolvimento para o líder global (Tabela 11).

Eles começam como novatos; nesta fase, usam regras sem considerarem o contexto,

têm produção limitada e comportamento inflexível. Na segunda fase, novatos avançados,

eles possuem mais experiência, o que lhes permite observar componentes situacionais e,

posteriormente, desenvolver padrões básicos da sua experiência. No nível competente, eles

reconhecem uma maior complexidade e começam a se mover para além do cumprimento

estrito das regras. Nesta fase, eles pensam mais conscientemente sobre o que estão

tentando alcançar e consideram diferentes maneiras de se fazer isso. No nível de

proficiência, o líder global concentra-se menos nos componentes de um problema ou nos

elementos da situação. Eles confiam mais em princípios gerais do que em regras, e já

aprenderam a olhar para a tipicidade. Na última fase, nível de expert, eles podem

diagnosticar a situação de forma inconsciente e responderem intuitivamente, porque, ao

longo dos anos, desenvolveram o reconhecimento holístico ou mapas mentais, os quais

permitem o enquadramento fácil, o reenquadramento das estratégias e rápida adaptação.

Tabela 11 – Níveis de expertise para a liderança global

Etapa Nível de domínio Líderes globais

Novato Os novatos têm pouca experiência da

situação para a qual são designados a

executarem. Existe um aprendizado inicial

sobre a situação, em termos de atributos

objetivos – aqueles que são mensuráveis.

Novatos são limitados em sua compreensão

de regras livres de contexto que orientam a

ação – isso significa que seu comportamento

é limitado e inflexível.

Eles operam de acordo com regras de

liderança e esquema de sua própria cultura.

Eles se concentram em diferenças no

comportamento, seguindo reações e regras

simples (fazer e não fazer). São inflexíveis ou

sem relação com o contexto. Eles esperam

que os resultados se alinhem com as suas

experiências anteriores de sua própria cultura.

Page 69: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

68

Novato

avançado

Eles lidam com situações reais o suficiente

para notarem (ou se tem apontado para eles)

recorrentes componentes situacionais

significativos. Neste nível, a compreensão

de aspectos da situação é limitada a

características globais que refletem as

experiências anteriores em situações reais.

Iniciantes avançados precisam de ajuda para

a definição de prioridades, porque operam

sob as orientações gerais e estão começando

a perceber padrões recorrentes

significativos.

Eles começam a reconhecer as diferenças na

cultura, no trabalho, em componentes

situacionais e como seriam as respostas

adequadas do líder. Já dominaram os

conceitos básicos de diferentes situações

interculturais e começam a desenvolver

estereótipos e a usá-los para orientar o

comportamento.

Competente Líderes neste nível têm maior apreço pela

complexidade da tarefa e a capacidade de

concentrar-se nas pistas e nos objetivos mais

importantes. A dependência de regras

absolutas começa a desaparecer; começam a

assumir riscos em situações mais

complexas. Eles veem as suas ações em

termos de formular, avaliar e modificar

objetivos de longo alcance ou planos. Eles

não têm a velocidade e a flexibilidade que

surgem em níveis mais elevados de

especialização, mas possuem senso de

domínio e a capacidade de lidar e de gerir

várias situações.

Eles entendem as complexidades em seu

trabalho e são mais hábeis ao fazerem sentido

de eventos e de oportunidades. Desenvolvem

os objetivos, que são razoáveis e

contextualizados. Eles priorizam planos, em

termos de resultados globais esperados, e

desenvolvem rotinas eficazes que se aplicam

a várias situações.

Proficiência Proficientes percebem as situações como

totalidades, ao invés de em termos de

componentes situacionais. Seu desempenho

é guiado por “máximas”. A percepção é

fundamental. A perspectiva não é pensada,

mas “'apresenta-se” com base na

experiência. O líder proficiente aprendeu

que eventos típicos podem ser esperados em

uma determinada situação, e como os planos

precisam ser modificados de acordo com

esses eventos. Isso também significa que ele

é capaz de reconhecer quando o quadro

típico esperado não se materializa, e pode

modificar os planos e os objetivos. Aspectos

situacionais destacam-se como mais ou

menos importantes nessa situação.

Eles veem situações de forma holística, e

consideram toda a complexidade dos

stakeholders. Podem igualar eventos

anteriores com atuais, para determinar

tipicidade e adaptar planos nesse sentido.

Eles reconhecem que o comportamento

cultural das pessoas varia de acordo com o

contexto, e entendem as razões para o

comportamento. Eles usam princípios gerais

para orientar suas ações.

Expert O expert já não depende de princípios

analíticos (regras, diretrizes, máximas) para

se conectar à sua compreensão da situação

para uma ação apropriada. Possui grande

experiência e compreensão intuitiva de cada

situação; consegue identificar a região exata

do problema, sem considerar um desperdício

Líderes globais experts trabalham de forma

intuitiva e eficiente, diagnosticando, com

precisão, as situações e prevendo resultados.

Eles implementam a estratégia de forma mais

eficaz, e adaptam estratégias diferentes sem

esforço, conforme o necessário. Eles

resolvem problemas de liderança

Page 70: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

69

uma grande variedade de diagnósticos

alternativos e soluções. Seu desempenho

torna-se fluido e flexível, além de altamente

proficiente.

sinergicamente.

Fonte: OSLAND; BIRD (2006)

3.4.5 Contexto global, construção de sentido e competências da liderança global (2009)

Osland, Taylor e Mendenhall (2009) mencionam que o principal desafio dos líderes

globais é o contexto global. Os autores elaboram uma interessante integração entre as

condições que geram a complexidade global, citada em Lane et al. (2004), no capítulo 2,

com a construção de sentido e de competências (Tabela 12).

Tabela 12 – Contexto global, construção de sentido e competências da liderança

global

Contexto global Construção de sentido Competências

Complexidade Qualidade de construção de sentido (alto

nível).

Requisito de variedade de modelos

mentais

Entendimento de paradoxos

Influencia e muda modelos mentais

(desfragmentação)

Cria e corrige a visão comum

Mentalidade global

Cosmopolitismo

Complexidade cognitiva

Curiosidade

Influência stakeholders

Multiplicidade Construção de sentido inclusivo

Determina o que é incluído

Tomada de perspectiva

Cuidado na perspectiva

Tomada de decisão colaborativa

Alargamento dos limites

Complexidade cognitiva

Influência stakeholders

Aprendizagem multicultural

Interdependência Construção de sentido sistêmica

Comprometer-se no diálogo com os

stakehholders

Coordenação de múltiplas construções

de sentidos

Tomada de decisão colaborativa

Complexidade cognitiva

Pensamento crítico

Conhecimento global

Alargamento dos limites

Aprendizagem multicultural

Construção de confiança

Construção de comunidade

Ambiguidade Construção de sentido confiante

Buscando clareza de membros

confiáveis da rede

Foco estreito na construção de sentido

Agrupando, quando se sabe o

suficiente para tomar decisões

Tomada de decisão colaborativa

Humildade

Curiosidade

Integridade

Resiliência

Construção de confiança

Tomar decisões éticas

Influência stakeholders

Fluxo Rápida construção de sentido

Reorientar a visão, focando no que é

Arquitetar

Construção de confiança

Construção de comunidade

Page 71: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

70

importante

Respostas inovadoras

Realinhamento

Rápida tomada de decisão colaborativa

Liderar mudanças

Resiliência

Variações

culturais

Construção de sentido cultural

Decodifica cultura

Cria e agrega diferenças culturais

Decisões que influenciam a cultura

Cuidadoso com a comunicação

Construção de confiança

Aprendizagem multicultural

Competência intercultural

Mentalidade global

Humildade

Curiosidade

Conhecimento global

Cosmopolitismo

Complexidade cognitiva

Fonte: OSLAND; TAYLOR; MENDENHALL (2009)

3.4.6 Competência intercultural e facets (2010)

Bird et al. (2010) elaboram uma revisão da literatura sobre estudos empíricos da

liderança global e da área de ajustamento de expatriado, encontrando 17 competências

interculturais. Os autores definiram competência intercultural como sendo a ability de

funcionar eficazmente em outra cultura, em termos de traços de personalidade ou de

predisposições. Essas competências foram divididas em três dimensões: gestão da

percepção, gestão de relacionamento e autogestão (tabelas 13, 14, 15 e 16).

A gestão da percepção aborda como, cognitivamente, as pessoas trabalham com as

diferenças culturais. Avalia-se a flexibilidade mental das pessoas, quando confrontadas

com diferenças culturais; a sua tendência para fazer julgamentos rápidos sobre essas

diferenças; a sua capacidade de gerir as suas percepções, quando confrontadas com

situações que diferem da que esperam; e, finalmente, também se avaliam o interesse inato

das pessoas e a curiosidade sobre outras culturas.

A gestão do relacionamento aborda a orientação das pessoas para a importância dos

relacionamentos em geral, e a autogestão leva em conta a sua capacidade de gerir

eficazmente as suas emoções e o estresse.

Tabela 13 – Competência intercultural e facets

Dimensões Facets

Gerenciamento da percepção

Não julgamento

Curiosidade

Tolerância de ambiguidade

Cosmopolitismo

Page 72: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

71

Inclusão

Gerenciamento de relacionamento Interesse em relacionamento

Envolvimento interpessoal

Sensibilidade emocional

Autoconhecimento

Flexibilidade social

Autogerenciamento Otimismo

Autoconfiança

Autoidentidade

Resiliência emocional

Otimismo

Tendência ao não estresse

Gerenciamento de estresse

Flexibilidade de interesse

Fonte: BIRD et al. (2010)

Tabela 14 – Dimensão gerenciamento da percepção

Facets Definição

Não julgamento

Refere-se ao tanto em que se está inclinado a negar ou a suspender o julgamento

sobre pessoas ou situações ou comportamentos que são novos ou desconhecidos.

Curiosidade

Reflete abertura na relação e uma busca ativa de compreensão, ideias, valores,

normas, situações e comportamentos que são novos e diferentes.

Tolerância de

ambiguidade

Refere-se à capacidade de gerir a incerteza em situações novas e complexas, em que

não há necessariamente uma maneira “certa” para se interpretar as coisas.

Cosmopolitismo Refere-se a um interesse natural e à curiosidade sobre diferentes países e culturas,

bem como o grau de interesse no mundo e em eventos internacionais.

Inclusão Refere-se à tendência para incluir e aceitar as coisas cognitivamente.

Fonte: BIRD et al. (2010)

Tabela 15 – Dimensão gerenciamento de relacionamento

Facets Definição

Interesse em

relacionamento

Refere-se ao tanto em que as pessoas apresentam interesse e sensibilidade com o seu

ambiente social.

Envolvimento

interpessoal

Refere-se ao grau em que as pessoas têm um desejo e uma vontade de iniciar e de

manter relacionamentos com pessoas de outras culturas.

Sensibilidade

emocional

Refere-se ao tanto em que as pessoas têm consciência e sensibilidade para as

emoções e para os sentimentos dos outros.

Autoconhecimento

Refere-se ao grau em que as pessoas estão conscientes: dos seus pontos fortes e

fracos em skills interpessoais; de suas próprias filosofias e de seus valores; como

experiências passadas moldam o que eles são como pessoa; o impacto que seus

valores e que seu comportamento têm em relação aos outros.

Flexibilidade social Refere-se ao grau em que os indivíduos se apresentam a outras pessoas, a fim de criar

impressões favoráveis e de facilitar a construção de relacionamento.

Fonte: BIRD et al. (2010)

Page 73: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

72

Tabela 16 – Dimensão autogerenciamento

Facets Definição

Otimismo

Refere-se tanto em que as pessoas mantêm uma perspectiva positiva, flutuante, em

relação às pessoas de outros, a eventos, situações e resultados.

Autoconfiança

Refere-se ao grau em que as pessoas têm confiança em si mesma e uma tendência

para tomar medidas para superarem os principais obstáculos e desafios.

Autoidentidade

Refere-se ao tanto em que as pessoas mantêm os valores pessoais independentes de

fatores situacionais e têm um forte senso de identidade pessoal.

Resiliência

emocional

Refere-se ao grau em que uma pessoa tem força emocional e resiliência para lidar

com situações desafiadoras cross-culturais

Tendência a não

estresse

Refere-se à aplicação de estressores disfuncionais que podem influenciar as pessoas

no seu trabalho diário e na vida social, em situações interculturais.

Gerenciamento de

estresse

Refere-se ao grau em que os indivíduos utilizam ativamente técnicas de redução de

estresse em suas vidas pessoais, e se estão dispostos a usar novas técnicas no futuro.

Flexibilidade de

interesse

Refere-se à vontade de substituir interesses pessoais importantes da própria cultura

por semelhantes, mas diferentes, interesses na cultura de acolhimento.

Fonte: BIRD et al. (2010)

3.4.7 Visão geral conceitual de competências de liderança globais (2011)

Em Mendenhall (2011), com base em uma revisão da literatura de liderança global

e em pesquisa empírica, verificou-se que a liderança mundial é uma construção

multidimensional em seis dimensões: skills de relacionamento cross-cultural, traços e

valores, orientação cognitiva, expert em negócios globais, expert em organização global e

criação da visão. As seis dimensões de competência e os seus vários componentes (n = 45)

são apresentados na Tabela 17.

Tabela 17 – Visão geral conceitual de competências de liderança global

Skills de

relacionamento

cross-cultural

Traços e valores Orientação

cognitiva

Ability em

negócios

globais

Ability em

organização

global

Criação da

visão

Construção de

relacionamentos

Aprendizagem

contínua

Mentalidade

global

Expert em

organização

global

Construção

contínua

Criação da

visão

Skills de

comunicação

cross-cultural

Responsabilidade Agilidade de

pensamento

Perspicácia em

negócios

Networking

organizacional

Espírito

empreendedor

Habilidade para

conexão

emocional

Integridade Improvisação Orientação

para

stakeholder

Criação de

sistemas de

aprendizagem

Catalisador

para mudança

cultural

Page 74: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

73

Inspirar e

motivar outros

Coragem Reconhecimento

de padrões

Orientação

externa

Arquitetando e

projetando

Catalisador

para mudança

estratégica

Gerenciamento

de conflito

Compromisso Complexidade

cognitiva

Orientação

para resultado

Networking

global

Capacitar outros Robustez Cosmopolitismo Forte

orientação para

cliente

Gerenciamento

de questões

éticas cross-

cultural

Maturidade Gerenciamento de

incerteza

Expert em

negócios

Ability social Orientação para

resultados

Paradoxo: local

versus global

Agente de

mudanças

Ability cultural Expert pessoal Flexibilidade de

comportamento

Tenacidade

Inteligência

emocional

Fonte: MENDENHALL (2011)

Mendenhall (2011) relata que três destes grupos de competências (skills de

relacionamento intercultural, traços e valores e orientação cognitiva) constituem

componentes mais fundamentais, intra e interpessoais, com a liderança global. Ele

combinou esses três grupos na dimensão competências interculturais de liderança global.

Os outros três grupos de competência (expert em negócios globais, expert em organização

global e criação da visão) constituem domínios de competência de liderança global de

ordem superior; Mendenhall combinou esses três grupos para a dimensão competências de

negócios globais (Tabela 18).

Tabela 18 – As duas dimensões para a liderança global

Competências interculturais Competências de negócios globais

Relacionamento cross-cultural

Orientação cognitiva

Traços e valores

Ability em negócios globais

Ability em organização global

Criação da visão

Fonte: MENDENHALL (2011)

Osland (2011) comenta que ainda existem importantes lacunas na compreensão de

liderança global, incluindo se todas as competências são igualmente importantes em cada

trabalho global e situação ou se todas elas têm de ser dominadas por líderes globais.

Osland, Bird e Oddou (2012), prestativamente, resumem as principais conclusões

encontradas em pesquisas sobre liderança global. Eles dizem que a liderança global é um

Page 75: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

74

construto multidimensional (visionário, especialização em negócios global, expertise na

organização global, traços, relações interculturais e orientação cognitiva), e as principais

competências e habilidades para a liderança global incluem:

percepção (curiosidade; tolerância à ambiguidade);

gerenciamento de relacionamento (habilidade social);

autogerenciamento (integridade, gerenciamento de estresse);

complexidade cognitiva;

mentalidade global;

comportamento flexível;

competência intercultural;

agilidade de aprendizagem;

integridade.

Para Osland, Bird e Oddou (2012), os líderes globais:

gerenciam paradoxos, dualidades e incertezas; e

precisam de uma base ampla de conhecimento global e organizacional.

3.4.8 Dimensões e competências para a liderança global (2013)

Osland (2013) realiza uma revisão do trabalho de Osland, Bird e Oddou (2012) e vê

a liderança global como tendo as seguintes dimensões: capacidade de relacionamento,

expertise organizacional, traços, cognitivo, expertise em negócios e visão (Figura 5).

Page 76: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

75

Figura 5 – Dimensões e competências para a liderança global

Fonte: OSLAND (2013)

3.5 Síntese

De acordo com a literatura revisada, as características pessoais mais importantes

para o líder global são: traços de personalidade, inteligência emocional e inteligência

cultural. Os traços de personalidade foram identificados como preditores-chave da eficácia

de liderança global, e incluem extroversão, amabilidade, abertura à experiência e

conscienciosidade. Estes traços de personalidade não são apenas importantes para os

líderes globais, mas para todos os líderes que, para serem eficazes, precisam demonstrá-

los, devido às interações intensas com pessoas dentro e fora das organizações.

Da mesma forma, as inteligências interpessoais e intrapessoais, articuladas por

Gardner (1993), e a inteligência emocional, enunciada por Salovey e Mayer (1990), são

importantes para os líderes em geral, pela razão de que os líderes precisam influenciar os

membros da organização e os stakeholders, para a identificação e a realização da visão e

para o atingimento das metas organizacionais. Além disso, essa tarefa requer habilidades

Page 77: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

76

interpessoais eficazes para um bom relacionamento com as pessoas no local de trabalho e

com os stakeholders.

Talvez, a capacidade mais relevante apenas para o líder global seja a inteligência

cultural. Esta capacidade foi definida como a capacidade de funcionar eficazmente em

diferentes culturas. Os líderes globais precisam de maior compreensão sobre os aspectos

culturais, caracterizados pela diversidade, e eles irão ter relações com um número maior de

stakeholders de diferentes países; consequentemente, com diferentes culturas.

Como mostrado neste capítulo, a eficácia do líder global é prevista mais

poderosamente por uma combinação de traços de personalidade, de inteligência e de

competências. Consequentemente, o modelo de liderança global pode ser

multidimensional, e o núcleo fundamental do modelo é composto de traços de

personalidade, de motivações, de valores, de crenças e pela capacidade intelectual. Foi

observado anteriormente que essas características individuais apresentadas na revisão da

literatura não são específicas para a liderança global; precisam ser inclusas na seleção e no

desenvolvimento de todos os líderes, mas, em especial, em relação aos líderes globais.

A disposição de personalidade influencia comportamentos e é a base para o futuro

desenvolvimento de competências. Além disso, deve ser dada atenção ao nível de

especialização dos líderes globais, de iniciante a expert, devido às diferentes fases da

experiência; normalmente, são necessários diferentes níveis de complexidade das

competências.

Para a realização da revisão de literatura sobre a temática de competências de

liderança global, demarcada do ano 2001 até 2015, foram localizados 16 artigos sobre

competências de liderança global. No entanto, apenas os estudos de investigação de Adler

et al. (2001); Bird e Osland (2004); Caligiuri (2006); Mendenhall (2006); Osland e Bird

(2006); Osland, Taylor e Mendenhall (2009); Bird et al. (2010); Mendenhall (2011);

Osland (2011); Osland et al. (2012) e Osland (2013) foram usados, porque apresentaram

um modelo ou uma estrutura sistêmica, que teve uma categorização clara e consistente.

Além disso, suas obras são mais metodologicamente rigorosas, e contemplam um quadro

teórico amplo, abordando-se diretamente o campo de liderança global.

Uma importante constatação que merece ser apontada encontra-se na revisão de

literatura realizada sobre competências de liderança global, e diz respeito à falta de clareza

na definição do conceito de competências. Como apresentado no início deste capítulo,

existem várias definições sobre esse conceito; nos modelos apresentados, somente um

Page 78: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

77

deles, uma lista de conhecimentos, skills, abilities e personalidade, apresenta uma

definição mais consistente de competências (KSAOs) do que knowledge, skills, ability e

outras características de personalidade. Assim, aponta-se para a necessidade de se

estabelecer um conceito preciso sobre competências para que ocorra amplo entendimento

sobre a temática de liderança global.

Para resumir, a liderança global diz respeito a como se trabalhar em um ambiente

que possui maior complexidade, o que está relacionado com a globalização. Essa

complexidade exige também características pessoais e competências adequadas por parte

do líder global. A complexidade do mundo de trabalho do líder global tem sido

representada pelos vários modelos apresentados neste capítulo; entretanto, não há uma

extensa literatura sobre o tema, e este estudo é uma tentativa de avançar em tal

conhecimento.

Page 79: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

78

4 DESENVOLVIMENTO DO LÍDER GLOBAL

4.1 Introdução

O desenvolvimento do líder é um fenômeno complexo que engloba as interações

entre o líder e o ambiente social e organizacional. Segundo Oddou e Mendenhall (2013),

atualmente, as empresas, cada vez mais, estão lutando para compreenderem como

identificar, selecionar e desenvolver gestores que tenham a mentalidade necessária para

gerenciar as organizações que são, cada vez mais, complexas, e que operam em um mundo

cada vez mais dinâmico e competitivo.

Oddou e Mendenhall (2013) argumentam que é importante perceber o que é comum

nos vários modelos de competências apresentados, e que a maioria dos modelos enfatiza a

importância das seguintes competências individuais: tolerância à ambiguidade; integridade;

maturidade; desejar uma aprendizagem constante; e, a mais importante, poder,

efetivamente, gerenciar relacionamentos; isto é, desenvolvê-los e mantê-los.

Segundo Kets de Vries e Florent Treacy (2002), citado em Osland et al. (2006), a

fundação básica para o desenvolvimento da liderança global consiste em: (1) background

da família, que inclui parentes em diversos países, experiência em viagens internacionais e

bilinguismo; (2) educação infantil em escolas internacionais, viagens internacionais; (3)

educação envolvendo programas de intercâmbio, língua estrangeira e programas

internacionais de MBA; (4) cônjuges e filhos que são aventureiros, adaptáveis e têm

mobilidade.

Mendenhall (2006) comenta que desenvolver as competências de liderança global é

um processo de formação demorado, e não um evento de treinamento. Esse

desenvolvimento envolve a transformação fundamental do ser humano, não ocorrendo

somente o acréscimo de novas tecnologias para o portfólio de habilidades gerenciais.

Este capítulo apresentará uma nova direção para o desenvolvimento da liderança

em geral; os instrumentos utilizados para se realizar o assessment de competências, o que

poderá facilitar o mapeamento das necessidades de desenvolvimento dessas competências;

alguns modelos para desenvolver líderes globais; e ferramentas, métodos e processos que

podem ser usados para esse desenvolvimento Este capítulo é encerrado com uma síntese

dos instrumentos de assessment, dos modelos e das ferramentas, dos métodos e dos

Page 80: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

79

processos mapeados da literatura que são importantes para o desenvolvimento da liderança

global.

4.2 Nova perspectiva para o desenvolvimento da liderança

Mendenhall (2006) menciona que os programas de formação tradicionais não

conseguem antecipar os conteúdos necessários, devido à multiplicidade e à variedade de

potenciais desafios interculturais encontrada no trabalho do líder global.

Anand e Barsoux (2014) argumentam que, tradicionalmente, os esforços de

desenvolvimento de liderança focavam-se nas habilidades e nas atitudes dos indivíduos.

No entanto, nas duas últimas décadas, o foco mudou para pensar a liderança como uma

propriedade coletiva. Sendo assim, a capacidade da liderança de abranger o nível

individual, o nível da equipe e o organizacional.

Para o desenvolvimento no nível individual, Anand e Barsoux (2014) colocam que,

para um efetivo desenvolvimento de liderança, ocorre a necessidade de existir um lugar

seguro e de haver entendimento sobre as múltiplas forças que motivam o comportamento

individual e coletivo. Para os autores, existem duas abordagens para o desenvolvimento do

indivíduo: uma, de absorver conteúdo, e a outra, na coprodução de aprendizagem (Tabela

19).

Tabela 19 – Nova perspectiva para o desenvolvimento de liderança

Antiga perspectiva Nova perspectiva

Oferta padronizada Oferta customizada

Método de caso Questões ao vivo

Focado em uma elite Base ampla

Conceitual Experimental

Foco no indivíduo Foco no indivíduo e no grupo

Sala de aula Vários métodos de aprendizagem

Uma intervenção Uma jornada

Aprender como aprender Aprender como ajudar os outros a aprenderem

Fonte: Jack D. Wood (apud ANAND; BARSOUX, 2014)

Anand e Barsoux (2014) argumentam que existe a necessidade de se desenvolver as

equipes, porque os indivíduos trabalham todo o tempo em equipes; sem a completa

integração entre as pessoas, o trabalho torna-se ineficiente. Na perspectiva organizacional,

os autores colocam que é importante que a organização tenha forte reputação em

desenvolvimento de liderança, assim, facilita-se a atração de talentos, porque os indivíduos

Page 81: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

80

sabem que terão oportunidades para aprenderem, crescerem e construírem suas

competências de liderança.

Osland (2013) apresenta uma pesquisa realizada por entrevistas com 194 CEOs e

executivos seniores, cujo objetivo era identificar os desafios para o desenvolvimento dos

líderes globais para o futuro. Como resultado, foram identificados três clusteres de

conhecimentos e skills: contexto, complexidade e conexidade. O cluster de contexto inclui

a habilidade de perceber o ambiente, de entender os riscos e as oportunidades do ambiente

e a tendência social. O de complexidade refere-se à habilidade de liderar sob as condições

de ambiguidade e complexidade, e envolve a flexibilidade, ser responsável por mudanças,

encontrar soluções criativas para os problemas, aprender com os erros, considerar aspectos

de curto e longo prazo, entender a interdependência das suas ações e tomar decisões éticas.

O cluster de conexidade inclui a habilidade de entender os atores em um cenário político

amplo, construir relações com parceiros externos e engajar-se no diálogo com

stakeholders.

4.3 Instrumentos, para assessment, para o desenvolvimento da liderança global

Para ajudar os líderes a desenvolverem as competências necessárias para o

exercício da liderança global, é essencial compreender o estágio de desenvolvimento

dessas competências. Segundo Conger e O’Neill ( 2012), a avaliação rigorosa das

competências de liderança global serve como base para as práticas de gestão de talentos

para líderes globais. Holten e Brenner (2015) argumentam que práticas eficazes de

assessment são necessárias para a seleção e para a identificação de potencial talento, para

verificar os gaps da liderança atual, para o desenvolvimento, para mapear o potencial dos

talentos, para o planejamento da sucessão e para o planejamento de carreira. O assessment

eficaz também é fundamental para o desenvolvimento e para a retenção de talentos de

liderança global.

Bird e Stevens (2013) mencionam que os instrumentos para realizar o assessment,

para o desenvolvimento de liderança global, podem ser classificados em três categorias:

diferenças culturais, adaptabilidade cultural e competências de liderança global. Na

categoria de assessment de diferenças culturais, os autores colocam que, apesar de se falar

de assessment das competências de lideranças globais, vários autores e consultorias usam

instrumentos para avaliar as diferenças de culturas nacionais por meio de algumas

Page 82: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

81

dimensões, como Hofstede e Trompenaars. Estas avaliações são usadas, em programas de

desenvolvimento de lideranças globais, para mapear as necessidades de treinamento.

Na categoria de assessment de adaptabilidade cultural, Bird e Stevens (2013) falam

que esses instrumentos, geralmente, são usados em um programa de desenvolvimento de

gestores globais, e que essa competência é crítica na interação com culturas diferentes;

porém, existem outras competências que também necessitam de serem avaliadas. Nesta

categoria, são citados os instrumentos: the cross (cultural adaptability inventory), global

competence aptitude assessment, intercultural effectiveness scale, intercultural

development inventory, multicultural personality questionaire, intercultural readiness

check, cultural intelligence e big five personality inventories.

Na última categoria de assessment de competências de liderança global, Bird e

Stevens (2013) citam os instrumentos: global mindset inventory, the global competencies

inventory, the global executive inventory e global leadership online.

Herd, Alagaraja e Cumberland (2015) colocam que todos os instrumentos

apresentados por Bird e Stevens (2013) realizam as avaliações através de questionários, e

que não apresentam a possibilidade de se avaliar comportamentos em um ambiente real de

trabalho, em contexto global. Os autores propõem que o assessment de competências deva

ser realizado por meio de um processo que utilize várias metodologias de mensuração, e

não somente através de questionários. Os vários métodos citados para o assessment das

competências são: grupo de discussão sem liderança, dramatização, resolução de

problemas, análise de casos, entrevista estruturada, teste de personalidade e inteligência,

profundos exercícios de simulações.

Um assessment center para avaliação das competências de uma liderança global

deve contemplar os seguintes estágios: (1) identificação e definição das competências; (2)

escolha dos métodos e desenho dos exercícios; (3) desenvolvimento das escalas de âncoras

dos comportamentos; (4) treinamento dos avaliadores (HERD; ALAGARAJA;

CUMBERLAND, 2015).

4.4 Modelos para o desenvolvimento do líder global

Dodge (1993), citado em Oddou e Mendenhall (2013), comenta que pesquisadores

mostraram que somente 20% da nossa educação ocorre por meio de educação formal, em

sala de aula; 30% se dá através da troca de informações com outras pessoas; e 50%, pela

Page 83: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

82

experiência pessoal no trabalho. Oddou e Mendenhall (2013) acrescentam que a

experiência ativa, tanto do lado intelectual como do lado emocional, para o

desenvolvimento dos líderes, implica em expô-los a uma operação geograficamente

diferente, o que possibilita o confronto cultural; e isso impacta em sua performance.

4.4.1 Modelo Chattanooga

Osland e Bird (2013) apontam que o modelo Chattanooga assume que o

desenvolvimento da liderança global não é um processo linear, pois diversas variáveis

podem interferir nesse processo ao longo do tempo. Esse modelo considera que, quando

um líder entra em um contexto cross-cultural, ele entra, provavelmente, através de um

processo de expatriação, e estará envolvido nesse ambiente por um período definido.

O indivíduo entra com certas características básicas, com alguns traços estáveis de

personalidade, incluindo competências imutáveis (como ambição, desejo de liderar,

sociabilidade, abertura, facilidade de relacionamento, estabilidade emocional etc.) e os

processos cognitivos de flexibilidade para atribuições, de complexidade cognitiva, de

tolerância à ambiguidade, entre outros. Cada líder entra no contexto global com uma

configuração única de variáveis individual. O modelo Chattanooga percebe o

desenvolvimento da liderança global como um processo dinâmico. Osland e Bird (2013)

colocam que, se os traços de personalidade imutáveis de um líder podem facilitar a

superação de poderosos desafios, que são consistentes com o seu trabalho no ambiente

global, então, ocorrerá o desenvolvimento das competências necessárias para a eficácia do

seu trabalho.

Para finalizar, vários autores apregoam que o modelo estabelece que, em qualquer

momento, em uma trajetória de desenvolvimento, os líderes podem avançar ou fracassar,

pois ocorre a moderação através da experiência. No modelo de desenvolvimento de

liderança global Chattanooga, a experiência é crucial para que se ocorra esse

desenvolvimento. O potencial transformativo dessa experiência pode ser entendido em

termos de quatro elementos: complexidade, intensidade, afeto emocional e relevância. A

complexidade diz respeito ao grau que envolve a experiência, em multicamadas ou

multifaces. Quanto maior a complexidade das experiências, maior será o potencial para a

transformação.

Page 84: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

83

A intensidade envolve o grau de concentração e o esforço que a experiência requer.

Alto nível de informação, em um contexto específico, favorece o aumento das

possibilidades de identificação e de interpretação, e a consequente explicação. O afeto

emocional diz respeito a como e em qual medida as emoções estão presentes ou são

estimuladas pela experiência. Um evento com forte emoção pode estimular

automaticamente respostas que, em si mesma, têm potencial transformativo. Já a relevância

diz respeito ao quanto a experiência é percebida como relevante para um indivíduo (Figura

6).

Figura 6 – Modelo Chattanooga

Fonte: OSLAND; BIRD (2013)

4.4.2 Modelo de desenvolvimento de expertise em liderança global (GLED)

Segundo Osland e Bird (2013), esse modelo expande o modelo de Chattanooga,

porém, focando primariamente no desenvolvimento da expertise em líderes globais (Figura

7). Os autores explicam que o GLED representa uma relação entre os antecedentes e os

Page 85: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

84

resultados, mediada por um processo transformacional que consiste em experiências,

encontros interpessoais, decisões e desafios relacionados à expertise do líder global. Os

autores mencionam que nem toda experiência cross-cultural desenvolve a expertise do

líder global; que somente a experiência transformacional realiza tal desenvolvimento.

Acrescentam que nem toda experiência cultural possui o mesmo impacto. O processo

transformacional do modelo de desenvolvimento de expertise em liderança global refere-se

a uma série crucial de experiências que varia em graus de: complexidade, afeto emocional,

intensidade e relevância para o desenvolvimento.

Figura 7 – Modelo de desenvolvimento em Liderança global (GLED)

Fonte: OSLAND; BIRD (2013)

4.4.3 Modelo de desenvolvimento do executivo global

Para Osland e Bird (2013), a estratégia organizacional e a estrutura determinam o

número de postos de trabalho internacional, o tipo de executivos globais, suas

nacionalidades e os skills que são necessários. Nesse modelo, o “produto certo” refere-se

ao final do desenvolvimento; isto é, o que os líderes aprenderam. Como nos dois modelos

Page 86: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

85

anteriores, a experiência está também no centro do modelo de desenvolvimento do

executivo global.

McCall e Hoolenbeck (2002), citados em Osland e Bird (2013), colocam alguns

fatores para se considerar o indivíduo um talento:

o histórico da carreira deve ser interpretado com base no contexto cultural do

indivíduo;

avaliações anteriores deverão ser analisadas para se saber o seu ponto atual de

desenvolvimento e até onde ele poderá chegar, além de qual experiência poderá

contribuir para isso;

a habilidade para aprender com a experiência deverá ser avaliada, uma vez que

se relaciona com o aproveitamento da experiência;

o potencial para descarrilamento deve ser analisado, porque as armadilhas são

maiores e fatais em um contexto internacional.

Osland e Bird (2013) argumentam que o gerenciamento de talentos requer

mecanismos apropriados, o que implica em políticas e práticas que permitam escolher as

pessoas certas. Colocam que a última categoria, que são os catalizadores para o

desenvolvimento que auxiliam os executivos a aprenderem com suas experiências, é

composta por: informações, fornecer recursos e incentivos e suportar a mudança. A

informação refere-se a interpretar ou a fornecer feedbacks em desenvolvimento na

performance e nos resultados. A segunda categoria, que é providenciar recursos e

incentivos, diz respeito a responsabilizar as pessoas para as metas de desenvolvimento ou a

promover pessoas que apresentam o comportamento desejado. A última categoria

relaciona-se a fornecer suporte emocional (Figura 8).

Page 87: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

86

Figura 8 – Modelo de desenvolvimento de executivo global

Fonte: OSLAND; BIRD (2013)

4.4.4 Modelo Kozai de aprendizagem e transformação

Oddou e Mendenhall (2013) mencionam um modelo para o desenvolvimento da

liderança global que foi desenvolvido por Kozai Group (2008), e que representa o processo

de aprendizagem que a maioria dos indivíduos usa para desenvolver as competências

(Figura 9).

Page 88: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

87

Figura 9 – Modelo Kozai de aprendizagem e transformação

Fonte: ODDOU; MENDENHALL (2013)

A primeira etapa do modelo para o processo de transformação é um evento que age

como gatilho e que favorece a reflexão e uma reação frente a uma nova situação; em outras

palavras, que favorece uma tomada de sentido. Como o modelo acima indica, o indivíduo

encontra barreiras normais ou barreiras exageradas. Nas barreiras exageradas, o indivíduo

pode reagir defensivamente ou com desprezo, considerando que o evento não é importante.

Esse processo envolve um julgamento, um estereótipo ou a negação que a experiência não

tem nenhum valor. Por outro lado, quando os indivíduos percebem a situação como

interessante, eles analisam as variáveis e agem. Dessa forma, podem construir novos

conhecimentos e aumentar suas competências e sua performance.

4.5 Ferramentas, métodos e processos que podem ser usados para o desenvolvimento

do líder global

Caligiuri e Tanure (2011), citados em Oddou e Mendenhall (2013), estudam 420

líderes globais e reportam que a experiência com “alto contato”, como trabalhos

internacionais, trabalhos em equipes globais e mentoring, por uma pessoa de outra cultura,

ajuda os gestores no desenvolvimento de competências críticas para o exercício da

liderança global.

Oddou e Mendenhall (2013) apresentam uma pesquisa realizada por Oddou et al.

(1998), na qual foram investigadas, em empresas multinacionais japonesas, americanas e

europeias, as principais estratégias para o desenvolvimento do líder global, a saber:

Page 89: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

88

viagens internacionais de negócios;

seminários internacionais de negócios in-company;

seminários internacionais de negócios non-company;

trabalhos em equipes em projetos internacionais;

trabalhos internacionais (expatriação e impatriação).

O programa de desenvolvimento de liderança envolve o uso de diferentes métodos,

de ferramentas e de processos para melhorar a aprendizagem. Tanto a educação em sala de

aula quanto a experimental são importantes e complementares no desenvolvimento da

liderança global (ODDOU; MENDENHALL, 2013). O desenvolvimento das competências

do líder global pode ser realizado através do pacto entre vários métodos, combinando uns

com os outros ao longo do tempo (MENDENHALL, 2006). A combinação de vários

métodos para a aprendizagem respeita os vários estilos individuais (VOCI; YOUNG,

2001).

Uma das formas mais usadas para se realizar esse tipo de desenvolvimento é por

meio de atribuições internacionais, que podem ser entendidas como os processos de

expatriação e de repatriação. Hall, Zhu e Yan (2001) argumentam que essa forma de

desenvolvimento da liderança global é mais desafiadora do que o desenvolvimento de

executivos no seu país de nascimento, porque expõe os gestores a situações novas, com

grande incerteza. O líder trabalha em estreita colaboração com a população local, e é

interdependente a eles para alcançar os resultados de desempenho. Além disso, as missões

internacionais permitem que os líderes possam completar um ciclo de aprendizagem, de

acordo com a teoria da aprendizagem de Kolb, a partir de experimentação ativa da

observação reflexiva para a conceituação abstrata.

Oddou e Mendenhall (2013) mencionam que a expatriação propicia contraste

cultural, o que permite a confrontação com o “normal” e com as diferentes formas de

comportamento e de se realizar as tarefas. A repatriação é a volta do executivo ao seu país

de origem. Algumas empresas preparam o executivo para a expatriação, e não focam a

atenção no momento do seu retorno ao país de origem. Se esse processo de retorno não for

realizado de maneira eficaz, a empresa poderá perder o investimento que realizou com a

expatriação, não aproveitando a oportunidade de transferir o conhecimento, as

competências e as habilidades que o executivo adquiriu na sua experiência internacional.

Page 90: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

89

A compreensão conceitual centra-se no domínio de teoria, de conceitos e na

compreensão cognitiva. Distefano e Maznevski (2003) mencionam que programas de

MBA, e quase todos os nossos ensinamentos sobre liderança global, estão focados

especificamente no mapeamento de cultura, e que outras diferenças e estruturas – como a

personalidade, os estilos cognitivos e diferenças de gênero – também são esclarecedores da

liderança global.

Cacioppe (1998) coloca que as ferramentas, os métodos e os processos usados para

o desenvolvimento do líder podem ser colocados nas seguintes categorias: contribuem para

o direcionamento estratégico do negócio; construção de liderança, equipe e habilidades

interpessoais; crescimento pessoal.

4.5.1 Contribuem para o direcionamento estratégico do negócio

i) Desenvolvimento de competências

O que a pessoa faz. Pode ser definido como a capacidade de realizar uma sucessão

de tarefas que podem contribuir para a mudança e para a estratégia dos negócios, e pode

ser observada através do desempenho. Uma pessoa ganha competência através da

educação, da formação, da experiência ou das habilidades naturais.

Mendenhall (2006) recomenda que, para o desenvolvimento das competências do

líder global, deverão ser seguidos os seguintes pontos: (1) definir quais são as

competências devem ser focadas; (2) como essas competências podem ser avaliadas e

mensuradas; (3) quando avaliadas, decidir como essas competências poderão ser ensinadas

para os líderes; (4) uma vez que as competências são ensinadas, quais condições são mais

adequadas para gestores praticarem as competências que aprenderam?

ii) Projetos estratégicos em equipes

Geralmente, envolve de quatro a oito participantes que trabalham em um projeto

organizacional definido pela alta administração. Um gerente sênior é o patrocinador do

projeto e da equipe, e os projetos, geralmente, envolvem coleta de dados, entrevistas com

clientes e equipes para a compreensão de uma parte do negócio que é estrategicamente

Page 91: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

90

importante. No final, são realizadas recomendações, com o objetivo de implementar

melhorias.

iii) Job rotation

Esta prática envolve colocar líderes entre diferentes tarefas, para promover a

variedade e para se ganhar experiências. Cacioppe (1998) cita, como exemplo para essa

modalidade, que um gerente de finanças pode ser o diretor de marketing em um período de

seis meses a um ano, ou que um gerente que está na matriz pode ser transferido para

gerenciar um departamento em uma subsidiária, para aumentar sua experiência em outros

aspectos da empresa, incluindo ter de lidar diretamente com os problemas dos clientes.

iv) Líderes desenvolvem líderes

Os gerentes seniores são diretamente envolvidos no ensino e na facilitação do

desenvolvimento de liderança. Isso pode ocorrer por meio de programas presenciais,

fóruns e estudos de caso. Dalakoura (2010) menciona que existem várias razões para o

líder desenvolver outros líderes: os líderes podem transferir para os seus seguidores a sua

própria experiência e o seu conhecimento; podem fornecer um foco para metas e ações

comuns; podem definir a direção e a estratégia de tomada de decisão. Essa ação pode trazer

uma satisfação pessoal, por ajudar os outros a crescerem, e conhecimentos e ideias são

desenvolvidos como resultado por partilhar a sua experiência com os outros.

v) Simulações e jogos de negócios

Jogos de empresas, de computador, têm sido usados em cursos de liderança, para

ensinar planejamento estratégico, marketing, Recursos Humanos, comportamento

estratégico e organização humana. Distefano e Mazevski (2003) comentam que a

tecnologia da informação mudou a forma como as pessoas se comunicam e trabalham

juntos globalmente. E-mail, reuniões pela net, telefone, videoconferência e intranets fazem

parte do dia a dia dos gerentes globais. Existem muitas maneiras diferentes de se trabalhar

não mais somente de forma presencial, e é importante se começar a incorporar essas

ferramentas para o desenvolvimento dos líderes.

Page 92: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

91

vi) Estudo de casos

A análise de situações reais da própria empresa ou de uma empresa diferente é

usada extensivamente em programas de liderança sênior. Os participantes são convidados a

analisarem a situação, considerarem as alternativas disponíveis e fazerem recomendações,

como o que deve ser feito para melhorar a situação descrita no estudo de caso.

vii) Sessões de planejamento estratégico e pesquisas futuras

Isso, muitas vezes, inclui uma palestra do CEO sobre direções futuras, sobre o uso

de SWOT em torno dos objetivos fixados. Cacioppe (1998) coloca que várias organizações

estão tomando decisões sobre a orientação estratégica para o futuro do Programa de

Liderança, e cita, como exemplo, Shell, GE e PepsiCo.

4.5.2 Compreensão conceitual

Incide sobre o domínio de um indivíduo de teoria, conceitos e uma compreensão

cognitiva.

4.5.3 Construção de liderança, equipe e habilidades interpessoais

i) Projetos de trabalho

Os líderes podem atuar em projetos especiais, com o objetivo de desenvolvimento

de novas competências. Esses são, muitas vezes, estabelecidos em cooperação com o

próximo nível de gestão. São projetados para se relacionarem com os objetivos do curso e

com as habilidades a serem desenvolvidas; alguns deles podem ter uma possibilidade

moderada de falha por várias razões; no entanto, podem levar à aprendizagem, com

substancial benefício para a organização.

Page 93: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

92

ii) Exercício em equipe para solução de problemas

Envolve o grupo de resolução de problemas em equipe, por vezes, em um ambiente

ao ar livre. Essas simulações são de problemas reais da empresa.

iii) Modelos de liderança

O uso de modelos situacionais e transformacionais expõe os participantes a teorias

atuais, pesquisas e ideias sobre liderança eficaz, o que ajuda a aguçar e a aprofundar a

compreensão dos líderes sobre práticas de gestão. Questionários, estudos de caso, jogos de

tabuleiro de simulação têm sido utilizados para melhorar a compreensão e as competências

em liderança.

iv) Dramatizações

Situações típicas, tais como lidar com um membro da equipe difícil ou com um

cliente, bem como com a realização de avaliações de desempenho ou a gestão de conflitos

podem ser usadas para dramatizações ao vivo, em que as habilidades específicas podem ser

demonstradas ou ensinadas.

v) Habilidades interpessoais

Um componente comum e importante de muitos programas de desenvolvimento de

liderança são as habilidades interpessoais. Estas podem incluir a capacidade de ouvir, de

resolução de conflitos, a motivação, a facilitação de comunicação, habilidades de

negociação e muitas outras.

vi) Centros de desenvolvimento

Este é um processo no qual os indivíduos participam de diversas atividades durante

um período de um a três dias, enquanto observadores treinados avaliam-nos em várias

habilidades de liderança e de equipe. Cada indivíduo, em seguida, recebe um relatório

Page 94: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

93

individual e um plano de desenvolvimento, com recomendações específicas para o seu

desenvolvimento.

4.5.4 Crescimento pessoal

Programas que se baseiam na suposição de que os líderes são indivíduos que estão

profundamente em contato com seus sonhos e talentos pessoais, e que agirão para cumpri-

los.

i) Coaching

Recentemente, coaching para líderes tornou-se um aspecto importante do seu

desenvolvimento. Isso pode ser individual, com o uso de consultores externos que

trabalham no estabelecimento de metas, tanto com foco no autodesenvolvimento como em

habilidades gerenciais, tais como orçamento, uso de tecnologia ou de marketing.

Mendenhall (2006) comenta que, em sua opinião, o tipo de programa mais efetivo para o

desenvolvimento da liderança global é por meio do coaching, pois é um treinamento em

“tempo real”, com alta individualização; foca no presente, o que incentiva a liberdade para

se aprender com confidencialidade.

ii) Mentoring

É uma ferramenta de desenvolvimento profissional que consiste em uma pessoa

experiente ajudar outra, menos experiente. O mentor é um guia, um mestre, um

conselheiro, alguém que tem vasta experiência profissional no campo de trabalho da

pessoa que está sendo ajudada. O processo inclui conversas e debates sobre assuntos que

não estão necessariamente ligados ao trabalho. Esse processo possibilita o aprendizado e o

consequente desenvolvimento na carreira do profissional.

Page 95: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

94

iii) Leitura de jornais, revistas e livros

É uma maneira estruturada de se ajudar os líderes a refletirem sobre os principais

problemas e suas soluções. Os participantes devem anotar observações e avaliações do seu

processo de aprendizagem.

iv) Feedback em grupo

Este processo deve ser facilitado por um consultor externo qualificado. Durante

quatro horas, os membros da equipe dão feedbacks a cada pessoa sobre o que estão

fazendo, e também fornecem sugestões para que possam melhorar.

v) No local de trabalho, com acompanhamento

Para assegurar que as habilidades desenvolvidas estejam sendo utilizadas no

trabalho, tem de existir um acompanhamento, com o objetivo de se obter o valor integral

de um programa de liderança. Isso pode ser realizado através de atribuições especiais ou

pela aplicação, novamente, de uma avaliação feedback 360 graus.

vi) Bem-estar

Outra forma de ajudar os gestores a se desenvolverem é pela inclusão de uma

avaliação de saúde no programa de desenvolvimento de liderança. Isso, muitas vezes,

inclui testes de aptidão, sangue (colesterol, HDL, LDL etc.) e peso, o que pode

proporcionar aos indivíduos um importante check-up sobre a sua saúde.

vii) Questionários de personalidade

MBTI, FACET e outras avaliações de personalidade podem ajudar os participantes

a ganharem uma compreensão mais profunda de si mesmo. Essas avaliações são

conduzidas por profissionais que estão credenciados para usar esses instrumentos.

Oddou e Mendenhall (2013) citam que algumas empresas podem ser consideradas

como best practice para seus programas de desenvolvimento de liderança global: Pfizer´s

Page 96: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

95

Global Health Fellows Program, Cisco’s Leadership Fellows Program e Accenture´s

Development Patnership Program. Os autores também acrescentam a essa lista a

PricewaterhouseCoopers e a IBM.

viii) Processo de avaliação feedback 360 graus

Os participantes elaboram a sua avaliação das competências-chave e das

competências de liderança. Outras pessoas, pares e subordinados, também avaliam os

participantes. Os dados são compilados em um relatório de síntese, para a pessoa, e inclui

uma comparação da sua autoavaliação com as avaliações dos outros. Esse relatório pode

ser usado para focar em habilidades específicas, que necessitam de desenvolvimento.

Oddou e Mendenhall (2013) mencionam que, quanto maior for o número de fontes de

feedbacks ao qual o líder global estará exposto, maior será a possibilidade de mudança no

modelo mental (Figura 10).

Figura 10 – Feedbacks e mudança no modelo mental

Fonte: ODDOU; MENDENHALL (2013)

Page 97: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

96

4.6 Programas de desenvolvimento de líderes globais

4.6.1 PricewaterhouseCoopers

A PricewaterhouseCoopers é uma empresa global, com atuação em mais de 150

países, que fornece serviços para setores públicos e privados. Pless, Maak e Stahl (2011)

apresentam o programa Ulysses, foi elaborado para desenvolver as competências dos

executivos parceiros. O programa iniciou-se em 2001, e os autores entrevistaram 70

executivos da empresa e realizaram a análise do conteúdo das narrativas que eles

produziram. De acordo com Pless, Maak e Stahl (2011), os participantes do programa são

designados como parceiros, e representam 5% dos mais de 160.000 funcionários em todo o

mundo, possuindo responsabilidade por uma área específica e pela gestão de pessoas. No

ano de 2008, 120 parceiros de 35 países tinham participado do programa.

Oddou e Mendenhall (2013) citam que o conceito do programa Ulysses é simples e

forte. A formação dos executivos é realizada por meio da formação de grupos de quatro a

cinco executivos, e eles são enviados para países em desenvolvimento, por um período de

dois meses, para trabalharem com atribuições desafiadoras, com organizações locais e

internacionais. Como exemplo, citam-se executivos que trabalharam, na África (Camarões,

Eritreia, Gana, Quênia, Madagascar, Nafta, Namíbia, África do Sul, Uganda e Zâmbia), em

projetos que envolviam o combate à AIDS, ao melhoramento da produção da agricultura,

ao aumento da eletricidade rural, à remoção de minas terrestres, ao desenvolvimento da

saúde mental, ao fornecimento de água potável, à institucionalização de serviços de

proteção de mulheres e crianças, entre outros mais (Tabela 20).

Tabela 20 – Fases do programa Ulysses

Fase Foco Duração

Escolha dos

participantes Os gerentes seniores escolhem os participantes.

Preferencialmente, somente um participante é escolhido.

Total de 20 a 25 participantes por programa.

A área responsável pelo programa seleciona os participantes

baseando-se nos países e no gênero, para favorecer um ambiente de

diversidade para a aprendizagem.

Depende do

processo em

cada país

Preparação Os participantes realizam a avaliação feedback 360 graus e recebem

coaching individual.

Os participantes preenchem um questionário anterior ao programa.

As equipes criadas representam diversidade nacional, geográfica,

cultural, de gênero e de senioridade.

Os líderes também têm de cumprir os requisitos necessários de skills e

8 semanas

Page 98: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

97

expertise.

A seleção também se baseia em características organizacionais como:

reputação, performance, impacto na comunidade local, sustentabilidade

do projeto em longo prazo.

As equipes são selecionadas baseando-se em informações fornecidas

pela área responsável pelo projeto.

Ocorre o planejamento do projeto.

Introdução Os participantes são informados dos objetivos do programa em um

workshop, de um dia.

Os participantes são encorajados a praticarem yoga, meditação com

um profissional de coach, para desenvolverem um balanço entre corpo,

mente e espírito, com o fim de lidarem com situações desafiadoras.

Os participantes realizam, individualmente, revisão e discussão acerca

dos resultados da sua avaliação feedback 360 graus com um coach;

colocam objetivos individuais de aprendizagem e estabelecem um plano

de ação.

Regularmente, a equipe encontra-se com um coach de equipe para

trabalhar a construção do time.

A equipe reúne-se com o representante formal da organização

parceira, para obter mais informações para o projeto, colocar os

objetivos do projeto e finalizar os termos do engajamento.

No final da semana, a equipe divide, com o suporte do coach de

equipe, os resultados para todos os membros do grupo (filosofia da

equipe, rituais, objetivos do projeto etc.).

7 dias

Atribuições no

campo As equipes trabalham com ONGs, organizações sociais e

internacionais na predefinição do projeto, com o objetivo de contribuir

para que as organizações sociais atinjam a sua missão e para aumentar

seu conhecimento profissional.

Os coaches visitam as equipes no campo.

8 semanas

Semana de

revisão O grupo divide e celebra as experiências em um grande grupo, com

todos os participantes do projeto Ulysses.

Continuam trabalhando e dividindo suas experiências com

facilitadores, em um grande grupo.

Os participantes continuam trabalhando nas dimensões da avaliação

360 – feedback com coaches.

O grupo continua trabalhando nas estórias de aprendizagem presentes

na equipe de liderança global até o final da semana.

No último dia, os participantes dividem sua missão individual,

estabelecida com o grupo.

A cada dia, os participantes têm a oportunidade de praticarem yoga e

meditação.

8 dias

Networking Reuniões regionais entre os participantes do projeto global, a cada 2

anos. Essa reunião ocorre através da reunião em grupos, por interesses

específicos, visitas de follow-up, pesquisas e eventos.

Contínuo

Fonte: PLESS; MAAK; STAHL (2011)

Após as análises de conteúdo das narrativas dos participantes do programa Ulysses,

Pless, Maak e Stahl (2011) encontram evidências de aprendizagem em seis áreas: mindset

responsável, comportamento ético, inteligência cultural, mentalidade global,

autodesenvolvimento e construção de comunidades. Os autores também identificam que a

aprendizagem ocorreu nos níveis cognitivo, afetivo e comportamental, incluindo-se

processos e resolução cultural, paradoxos éticos, construção de uma nova vida para o

Page 99: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

98

mundo, desenvolvimento de uma nova perspectiva sobre si mesmo e sobre o mundo e

tomada de consciência das emoções nas tarefas de trabalho. Ainda, os autores analisam

uma avaliação após dois anos da realização do programa e confirmam que o projeto

Ulysses foi efetivo em longo prazo.

4.6.2 Programa de desenvolvimento de líderes globais da IBM

De acordo com Oddou e Mendenhall (2013), o modelo de desenvolvimento de

liderança global da IBM foi desenvolvido ouvindo-se funcionários da IBM em mais de 30

países, clientes, parceiros de negócios, acadêmicos de escolas e estudantes universitários.

A IBM investigou, com esse público, quais os skills necessários para se tornar um líder

global. O modelo foi criado focando em dois fatores primários: fornecer funcionários com

mais skills globais e oferecer maior variedade de experiências globais no início das

carreiras (Figura 11).

Figura 11 – Programa de desenvolvimento de líderes globais da IBM

Fonte: ODDOU; MENDENHALL (2013)

Page 100: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

99

Segundo Oddou e Mendenhall (2013), no programa de desenvolvimento de

desenvolvimento de liderança global da IBM, os próprios funcionários identificaram seus

gaps para desenvolvimento, sendo fornecido suporte para esse desenvolvimento. Para o

acompanhamento do desenvolvimento dos skills, foram realizadas: (1) mensuração do

desenvolvimento dos skills após um tempo de desenvolvimento; (2) avaliação da satisfação

do funcionário, baseando-se em seu feedback; e (3) avaliação do aumento na

disponibilidade de sua força de trabalho de skills globais para atender às necessidades de

negócios.

Oddou e Mendenhall (2013) apresentam o programa Corporate Service Corps

(CSC), cujo foco é o desenvolvimento de executivos seniores e executivos high potencial.

Existe a crença de que, ajudando os negócios e as organizações, eles se tornam mais

produtivos; simultaneamente, ocorre o desenvolvimento de competências globais nos

funcionários da IBM. Esse desenvolvimento é facilitado pelo envolvimento deles no

ambiente local de negócios, em regras governamentais e sociais e na cultura. Comentou-se

que o plano original começou em 2008, e envolvia um período total de seis meses. A

primeira fase envolvia três meses de autopreparação e de preparação da equipe. A fase 2

envolvia um mês trabalhando no país, e a última fase envolvia dois meses no trabalho após

o trabalho no país. A primeira avaliação, em 2008, após a realização do programa,

encontrou-se que os participantes tiveram grande aumento nas seguintes competências:

apreciação da diversidade no mundo, aumento do valor do trabalho em outras culturas,

aumento dos skills de liderança e de resiliência emocional.

Oddou e Mendenhall (2013) colocaram que a IBM reportou os seguintes resultados:

aumentou-se o número de líderes globais na IBM;

aumentou-se a colaboração, nos países, entre executivos seniores e líderes locais

na execução das estratégias corporativas;

expandiu-se e aprofundou-se o relacionamento com os clientes;

aumentou-se a criatividade para a solução de problemas com os clientes em todo

o mundo;

aumentou-se o entendimento, pelos empregados, da estratégia global do seu

papel como cidadão e de como ele se encaixa na estratégia global da IBM;

aumentou-se a colaboração entre os pares.

Page 101: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

100

4.6.3 Union Bank da Suíça

Oddou e Mendenhall (2013) mencionam que o objetivo principal desse programa

era o de desenvolver gerentes para entenderem melhor as pessoas que são diferentes deles.

Os gerentes foram designados para trabalharem, durante uma semana, todo o tempo, em

ONGs que atendiam a vários problemas sociais, como: pacientes terminais com HIV,

cuidados com pessoas moradoras de rua, delinquentes juvenis e imigrantes de países em

guerra. Os autores concluíram que as experiências dolorosas e desafiadoras foram

facilitadoras para que os gestores mudassem suas perspectivas sobre o mundo.

4.6.4 Programa de desenvolvimento de líderes globais Johnson & Johnson’s

A Johnson & Johnson’s tem mais de 110.000 colaboradores operando em 57 países.

Crosby e Zlevor (2010) apresentam esse programa, que será detalhado a seguir.

Adicional aos requisitos técnicos, os líderes devem ter as seguintes habilidades:

focar e trabalhar dentro de um ambiente global, gerenciar riscos, liderar bem e apresentar

colaboração. O programa para o desenvolvimento dos líderes foi lançado em 2004, como

mais um programa de treinamento em sala de aula tradicional, e se baseou em muitos dos

programas de desenvolvimento Johnson & Johnson’s já em vigor. O programa era

composto por uma série de módulos, com vários professores e com um envolvimento

limitado dos executivos. Somente no final do programa, a Johnson & Johnson’s concluiu

que o desenvolvimento de liderança tinha de ser diferente do treinamento de liderança

típica, se fosse para acelerar o desenvolvimento dos líderes.

Crosby e Zlevor (2010) comentam que, em 2005, foi introduzido um forte

componente de aprendizagem pela ação, contrastando com o ambiente de sala de aula

tradicional, cujos participantes, muitas vezes, simplesmente falam o que eles precisam

fazer. Os autores mencionam que existem várias vantagens em se incorporar a

aprendizagem pela ação, as quais são descritas a seguir.

Formação “no momento” permite mais flexibilidade para adaptar as instruções e

os exercícios com o fim de atender necessidades especificas dos indivíduos e para

treinar de forma iterativa, se necessário.

Page 102: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

101

Professores e coaches podem identificar os pontos fortes, as capacidades e as

necessidades de desenvolvimento de cada indivíduo.

Ao abordar questões de negócios em tempo real e ao resolver problemas usando-

se técnicas de pensamento inovador, os líderes aprendem como aplicar as

habilidades de liderança para o benefício de seus negócios locais, regionais e

globais.

Os líderes podem aprender com suas falhas, bem como com seus sucessos.

Uma vez que a aprendizagem pela ação, do programa da Johnson & Johnson’s,

ocorre em um ambiente de trabalho, em grupo ou equipe, os líderes podem

fortalecer suas habilidades de trabalhar em equipe.

A aprendizagem da ação permite surgir os líderes naturais em um grupo.

4.6.5 Ford

Gundling, Grant e Everhart (2014) apresentam os programas: Global Leadership

Summit, destinado aos executivos que estão logo abaixo do CEO, e Compass Program, que

tem como alvo os futuros líderes em mercados de rápido crescimento, com o objetivo de

acelerar o seu progresso como líderes, tanto dentro de seus próprios países como na matriz

global da Ford. Os autores mencionam que a estratégia global da Ford inclui metas de

crescimento muito significativas para os mercados emergentes de carros pequenos. O foco

principal do programa está em: construção de redes de liderança, para uma maior

colaboração entre as regiões e as funções; desenvolvimento de capacidades de liderança

globais (como habilidades de influenciar, agilidade de aprendizagem, sensibilidade

cultural, gestão de equipes virtuais); e se engajar diretamente com os negócios e com os

líderes da empresa.

A) Global Leadership Summit

Gundling, Grant e Everhart (2014) comentam que o programa começa com a

escolha dos participantes, priorizando-se os indivíduos que são ou que serão líderes dos

principais programas de mudança, que têm forte impacto sobre o negócio, com trabalho

nas unidades de negócios e habilidades de equipes, e que estejam motivados a aprenderem.

Page 103: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

102

Os 24 executivos que participam do programa anual já são líderes extremamente capazes,

selecionados dentre os 200 indivíduos globais (da alta liderança da Ford), em uma empresa

com mais de 160.000 funcionários. Essas pessoas, normalmente, têm 25 anos ou mais da

experiência na empresa, passaram por tempos incrivelmente difíceis e possuem forte

histórico de realizações.

Os participantes deveriam ser capazes de pensar estrategicamente, de ter acesso a

todos os níveis da empresa, para reunir mais informações, de trabalhar de forma proativa,

para resolver os problemas antes que se tornassem prejudiciais, e, finalmente, de exercer

influência para realizarem tarefas de forma global, em um ambiente complexo de matriz.

Há um período inicial de preparação, durante vários meses, que inclui:

orientação do programa, entrevistas de cada participante com o seu gerente, para definir

objetivos de aprendizagem pessoais, conclusão da avaliação feedback 360 graus e leitura

prévia. Após a preparação, os participantes se reúnem, por uma semana, na China, para

uma sessão inicial. Como continuação dos trabalhos, eles se reúnem novamente em

Dearborn, Michigan.

B) O programa Compass

Segundo Gundling, Grant e Everhart (2014), em contraste com o Global

Leadership Summit, que se destina a atuais executivos da Ford, esse programa tem como

alvo líderes de alto potencial, em mercados de rápido crescimento. As lacunas de talentos

mais críticas na liderança da empresa não estão na América do Norte ou na Europa, mas

em outras partes do mundo, particularmente na Ásia.

O programa Compass é executado ao longo de 24 meses, com o patrocínio dos

executivos regionais. As turmas são de 30 participantes; atualmente, estão localizadas na

China, na Índia, na Tailândia e na África do Sul. Os treinandos são funcionários com

vários anos de trabalho na empresa, em funções de liderança, com significativas

responsabilidades em gestão e com avaliação de alto potencial para líder futuro. O

programa utiliza vários métodos para a aprendizagem o que equilibra desafios no próprio

local de trabalho com outras oportunidades de se crescer como um líder. Os componentes

desse programa são:

Page 104: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

103

três módulos de aprendizagem, com duração de dois a cinco dias, espaçados ao

longo de oito meses;

projetos de negócios;

autoestudo;

mentoring, por líderes seniores;

grupo de apoio com participantes do programa;

eventuais promoções para outras funções.

4.7 Síntese

Como apresentado neste capítulo, a perspectiva para o desenvolvimento do líder,

em geral, mudou de somente a absorção de conteúdos para a coprodução de aprendizagem.

Ainda, o assessment das competências do líder global não deverá ser realizado só por meio

de questionários. A combinação de vários instrumentos possibilitará a maior eficácia da

avalição do estágio de desenvolvimento das competências necessárias para o líder global.

A experiência é crucial para o desenvolvimento dos líderes globais, como

apresentado nos modelos Chattanooga, expertise em liderança global, desenvolvimento de

executivos globais e Kozai. Também para essa experiência ser eficiente, ela tem de ser

transformacional, e somente pela reflexão e pela reação a uma nova situação tal

transformação será possível.

Além da experiência, é importante se combinar várias ferramentas, vários métodos

e processos que poderão auxiliar no desenvolvimento do líder global. Isso permitirá

respeitar os vários estilos individuais de aprendizagem.

As ferramentas aplicadas, em comum, em todos os programas para

desenvolvimento da liderança global são: avaliação feedback 360 graus e coaching.

Percebe-se também que existe forte tendência em colocar a ação nos processos de

desenvolvimento, e não somente no processo de fornecimento de conteúdos em salas de

aula.

Page 105: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

104

5 DESENHO DA PESQUISA

5.1 Perspectivas teóricas e metodológicas

Para responder às questões-problema, utilizou-se a pesquisa qualitativa, que é

adequada para os objetivos de natureza exploratória deste trabalho. Creswell (2009) orienta

no sentido de que se deve usar a pesquisa qualitativa quando o fenômeno a ser estudado (as

competências e as estratégias de desenvolvimento de liderança global) possui pequeno

número de pesquisas.

A pesquisa exploratória está preocupada com o porquê de os fenômenos ocorrem, e

quais são as forças e as influências que levam à sua ocorrência. Esse tipo de pesquisa

facilita examinar assuntos em profundidade, e é uma ferramenta única para se estudar o

que está por trás, ou o que está na base de uma decisão, de uma atitude, de um

comportamento ou de outros fenômenos (RITCHIE, 2003).

Conforme Minayo (2007), a pesquisa qualitativa responde a questões muito

particulares. Ela se ocupa, nas Ciências Sociais, com um nível de realidade que não pode

ou que não deveria ser quantitativo; ou seja, trabalha com o universo dos significados, dos

motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes.

A pesquisa qualitativa é usada, às vezes, como um prelúdio à pesquisa estatística,

quando o assunto precisa ser mais claramente compreendido ou definido, antes de poderem

ser medidos, ou quando o estudo está relacionado a um assunto complexo, existindo uma

necessidade de se compreender os fenômenos que são intrínseca ou conceitualmente de

difícil relacionamento (RITCHIE, 2003).

Segundo Creswell (2009), a visão pós-positivista mantém uma filosofia

determinista, cujos problemas a serem estudados refletem a necessidade de se identificar e

de se avaliar as causas que influenciam os resultados, tais como os encontrados em

experiências. Também é reducionista, pois ocorre a intenção de reduzir as ideias em um

pequeno conjunto para ser testado, com variáveis e hipóteses.

Este estudo envolve a exploração de um fenômeno complexo, contextual e

situacional, preocupando-se, pois, com a interpretação, com o significado, ao invés de com

a generalização, a previsão e o controle; por isso a decisão de prosseguir com a

coleta de dados qualitativos para a pesquisa. Tal fato é coerente com uma visão construtiva

social, na qual a construção ocorre por meio de interações sociais. Os pesquisadores com

Page 106: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

105

essa visão acreditam que os indivíduos desenvolvem significados subjetivos de suas

experiências, além de significados voltados para certos objetos ou coisas. Esses

significados são variados e múltiplos, levando o pesquisador a olhar para a complexidade

de pontos de vista, ao invés de estreitar significados em algumas categorias ou ideias

(CRESWELL, 2009).

Patton (2002) coloca que o os construtivistas veem o mundo social (como oposição

do mundo físico) socialmente, politicamente e psicologicamente construído, assim como a

compreensão e as explicações do mundo físico humano.

Creswell (2009) menciona que os pesquisadores construtivistas, frequentemente,

abordam os processos de interação entre os indivíduos. Eles também focam sobre os

contextos específicos em que as pessoas vivem e trabalham, a fim de entenderem as

configurações históricas e culturais dos participantes.

Morrison (2007) acrescenta que pesquisadores interpretativistas reconhecem que

são uma parte, e que não estão separados dos tópicos investigados; o trabalho deles

impacta os participantes, assim como os participantes impactam os pesquisadores.

Este estudo reconhece como limitações três críticas de interpretativismo que

Morrisson (2007) apontou: (1) estabelecer-se que tudo pode sempre ser representado como

“realidade”, dado que a realidade possui várias perspectivas, e os seres humanos criam

significados através de como são afetados pelo contexto; (2) ainda é relativamente

incomum para o ser humano refletir de forma estruturada sobre o seu comportamento, na

maioria das vezes, rotineiro; (3) o argumento de que o indivíduo possui uma boa percepção

de si mesmo, dos outros e de eventos é incompleto, no sentido de que os participantes da

pesquisa podem não estar cientes das estruturas mais amplas que regem as suas

interpretações ou as condições que sustentam suas ações.

A transformação das informações das pesquisas em dados extrai a fenomenologia,

descrita, por Morrison (2012), como uma forma de interpretativismo que enfatiza como os

seres humanos dão sentido às suas vidas e onde as razões são aceitas como legítimas

causas do comportamento humano.

Attride-Stirling (2001) acrescenta que o valor da pesquisa qualitativa reside no seu

poder exploratório e explicativo, perspectivas que são inatingíveis sem o rigor

metodológico em todas as etapas do processo de pesquisa: desde a concepção, passando

pelo trabalho de campo, até a análise.

Page 107: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

106

Também tal decisão metodológica suporta-se em Bird e Mendenhall (2015). Os

autores colocam que investigações empíricas sobre liderança global podem ser

praticamente categorizadas pela metodologia, e a maioria dos estudos adota abordagens

qualitativas usando um número pequeno de entrevistas, sendo as informações obtidas a

partir de depoimentos pessoais ou de abordagens de estudo de caso.

5.2 O desenho da pesquisa

5.2.1 O método de pesquisa

O método de pesquisa utilizado foi o estudo de caso, o que permitiu analisar com

profundidade as competências de liderança global e o seu desenvolvimento. O estudo de

caso é especialmente bom para se obter uma imagem rica, e também na busca por insights

analíticos sobre o assunto. A parte analítica é o elemento-chave: cada estudo tem um tema

de interesse (pessoa, lugar, evento ou fenômeno) e um quadro analítico para estudo; o

assunto de interesse é a lente através da qual podemos analisar o tema teórico de interesse

(THOMAS; MYERS, 2015).

Yin (2001) coloca que a estratégia de pesquisa de estudo de caso contribui de forma

inigualável para a compreensão que temos dos fenômenos individuais, organizacionais,

sociais e políticos. Também pela complexidade do fenômeno deste estudo escolheu-se o

estudo de caso.

Patton (2002) argumenta que os construtivistas sociais de estudos de casos, quando

realizam diagnósticos e relatórios, são explicitamente focados na prática e na reflexão, ou

seja, eles procuram entender como a sua própria experiência e a sua formação afetam o

entendimento e a ação no mundo, incluindo atos e inquéritos. Simons (2009, apud

SIMONS, 2014) define estudo de caso como uma exploração em profundidade, a partir de

múltiplas perspectivas da complexidade e da singularidade de um projeto em particular, da

política, da instituição ou do sistema em um contexto de “vida real”. É, pois pesquisa

baseada em diferentes métodos, sendo liderada pela evidência.

A condução desta pesquisa foi orientada pelas sugestões de Creswell (2007) para

estudos de casos. A primeira sugestão diz respeito à verificação sobre ser o estudo de caso

apropriado para responder as questões da pesquisa. O autor comenta que estudo de caso é

Page 108: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

107

uma boa abordagem quando o pesquisador possui casos ou caso claramente identificado,

que visa proporcionar uma compreensão detalhada do problema estabelecido.

A segunda sugestão concerne a identificar se seria estudo de caso ou de casos.

Creswell (2007) comenta que podem ser selecionados casos comuns, casos acessíveis e

casos excepcionais. Propõe-se, aqui, a estudar a IBM, pois se acreditou que essa empresa

poderia contribuir para responder as questões de pesquisa, uma vez que ela é reconhecida

com alta capacidade de desenvolvimento dos seus líderes, sendo um caso excepcional. A

Chief Executive Magazine, em parceria Chally Group, realiza pesquisa com o objetivo de

identificar as empresas que se destacam no desenvolvimento da liderança. No ano de 2014,

a IBM ficou classificada em segundo lugar, em um ranking de 40 empresas multinacionais.

Reforça-se, assim, que o estudo de caso dessa empresa contribuirá para se responder às

questões de pesquisa.

Finalmente, em terceiro lugar, Creswell (2007) menciona que, em estudos de casos,

usualmente, usam-se múltiplas fontes de informações, como observação, entrevistas,

documentos e materiais audiovisuais.

Yin (2001) recomenda seis tipos de informações para a coleta: documentos,

material de arquivos, entrevistas, observações diretas, observação dos participantes e

artefatos físicos. Já Creswell (2009) coloca que a triangulação de dados, realizada através

da coleta de várias fontes de informação, aumenta a validade de um estudo de caso. Para

esta pesquisa, então, utilizaram-se entrevistas, dados coletados no Centro de Referências de

Valor Internacional (2014) da Fundação Dom Cabral e documentos pesquisados na

internet.

O próximo passo sugerido por Creswell (2007) diz respeito à definição da forma de

análise dos dados. O autor menciona que essa análise deverá ser realizada indutivamente,

do particular para a perspectiva geral, sendo essas perspectivas chamadas de: temas,

dimensões, códigos ou categorias. A amostra, a coleta e a análise dos dados serão

detalhadas nos itens subsequentes.

A última fase proposta por Creswell (2007) trata-se da definição de como se dará a

interpretação dos dados: por caso intrínseco ou extrínseco.

Stake (1994) distingue o estudo de caso intrínseco, que é feito para se aprender

sobre o próprio caso particular, e o estudo de caso instrumental, no qual se escolhe um caso

para se obter insights sobre determinado assunto (ou seja, o caso é fundamental para a

compreensão de algo mais). O caso de estudo coletivo é o que seu nome sugere e uma

Page 109: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

108

extensão do instrumental para vários casos. Para esta pesquisa, acredita-se que a

apresentação dos dados e, consequentemente, a aprendizagem será através de um estudo de

caso instrumental.

Simons (2014) coloca que uma das desvantagens do estudo de caso, e em outras

metodologias qualitativas, é a subjetividade inevitável existente, tanto dos participantes

como do pesquisador. O autor alerta que tal subjetividade precisa ser disciplinada por meio

de procedimentos que examinem a validade das representações de “sua verdade” nos

indivíduos, além de demonstrar como o pesquisador adotou uma abordagem reflexiva para

monitorar como os seus próprios valores e suas predileções podem influenciar

indevidamente o dado.

5.2.2 Amostra

Para este estudo, utilizou-se uma amostragem intencional, ao se selecionar a IBM

para compor o estudo de caso. Porém, seguir-se-á o comentário de Sawanborn (2010) de

que, para a seleção, devem-se escolher casos que sejam informativos e representativos do

fenômeno estudado. Ritchie, Lewis e El Am (2003) mencionam que a pesquisa qualitativa

usa amostras não probabilísticas para a seleção da população para estudo, e que, nessas

amostras, as unidades são deliberadamente selecionadas, para se refletir sobre as

características particulares de grupos dentro da população amostrada.

Foram realizadas, nesta pesquisa, seis entrevistas semiestruturadas, em

profundidade, com líderes globais da IBM, e também uma entrevista com o líder global

responsável pela área de Recursos Humanos da América Latina. Os líderes globais

entrevistados são profissionais que possuem responsabilidade na gestão de processos e de

pessoas, com atuação em, pelo menos, dois países, em contato permanente com pessoas de

outras culturas, ocupando cargos de supervisão, de gerência, de diretoria ou de presidência.

5.2.3 Coleta dos dados

A primeira fase da coleta de dados desta pesquisa foi a revisão bibliográfica. Yin

(2014) comenta que, para um projeto de estudo de caso, é importante dispor de teorias ou

de proposições teóricas para ajudar na generalização da lição aprendida do projeto. Assim,

foi realizada a revisão da literatura, que ocorreu em dois momentos. Inicialmente, realizou-

Page 110: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

109

se essa fase no Brasil; posteriormente, a revisão foi refinada no Institute of Education da

University College of London, onde esta pesquisadora esteve (devido ao auxílio da

CAPES) em condição de bolsista doutorado sanduíche, no período de março a agosto de

2015. A segunda etapa da revisão bibliográfica foi guiada pela elaboração inicial de um

modelo conceitual, construído por meio do VUE (Visual Understanding Environment), que

é um software livre cuja utilidade é o gerenciamento e a integração de recursos digitais

para apoiar o ensino, a aprendizagem e a pesquisa (vide Anexo C – Mapa conceitual).

A terceira fase foi a coleta de dados, referente a um projeto realizado no Centro de

Referências de Criação de Valor Internacional da Fundação Dom Cabral. Foram realizadas

três reuniões, de oito horas cada, de marco a agosto de 2014, no escritório da Fundação, em

São Paulo. Esse projeto envolveu quatro empresas multinacionais de segmentos

diferenciados, e a temática foi a produção de conhecimento nas seguintes áreas: gestor

global, expatriação e empatriação, gestão de pessoas e processos de RH na

internacionalização e na gestão multicultural.

A pesquisadora deste trabalho de pesquisa era participante desse grupo, sendo

responsável pela elaboração final dos dados levantados nas reuniões. O relatório final foi

elaborado com a preservação das identidades das empresas participantes; no entanto,

obteve-se a autorização da IBM e da Fundação Dom Cabral para serem utilizados os dados

referentes à IBM.

A quarta fase foi a realização de entrevistas semiestruturadas, durante o mês de

novembro de 2015. Algumas entrevistas foram realizadas pessoalmente, nos escritórios da

empresa; outras foram realizadas pelo Skype. Ritchie (2003) coloca que as duas principais

técnicas para se obter dados em pesquisa qualitativa são: entrevistas em profundidade e

focus grupos, sendo que elas têm funções diferentes. O autor acrescenta que a decisão

sobre qual técnica utilizar depende de três principais fatores: o tipo de dados que se

procura, a área de assunto e a natureza do grupo de estudo.

Utilizaram-se, neste estudo, entrevistas semiestruturadas, e essa definição foi

baseada em Simons (2014), que menciona que esse tipo de entrevista possui três principais

vantagens: em primeiro lugar, através de um questionamento aberto, torna-se mais fácil de

chegar mais perto do significado das experiências dos participantes; em segundo lugar, o

autor coloca que as entrevistas semiestruturadas auxiliam no engajamento dos participantes

na pesquisa; a última vantagem está no caráter aberto desse estilo de entrevista, que

Page 111: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

110

permite criar um diálogo amplo entre participantes e pesquisador, e entre o pesquisador e o

público.

A última fase da coleta de dados foi a pesquisa na internet, para buscar dados sobre

a IBM, com o fim de complementar os dados já obtidos. Procuraram-se dados no Google,

com as entradas de “competências” e “desenvolvimento de líderes globais no Brasil”, nos

anos de 2014 e 2015, encontrando-se vasta referência ao programa Corporate Service

Corps (CSC), que será abordado no capítulo sobre a análise dos dados.

5.2.4 Análise dos dados

A análise dos dados coletados foi feita por meio da análise temática. Braun e

Clarke (2006) definiram a análise temática como um método para identificar, analisar e

reportar padrões (temas) com dados.

Thomas e Harden (2008) colocam que a análise temática não é outro método

qualitativo, mas sim um processo que pode ser usado com a maioria, se não com todos, dos

métodos qualitativos. Os autores acrescentam que a análise temática é uma técnica que tem

como objetivo formalizar a identificação o desenvolvimento de temas que se transformarão

em categorias de análise.

Attride-Stirling (2001) comenta que análises temáticas e redes temáticas são

igualmente aplicáveis nas análises com foco em semelhanças, diferenças e contradições, e

cabe ao pesquisador identificar os temas que lhe sejam apropriados ou para seus interesses

teóricos específicos.

Embora não existam regras rápidas sobre o que deve ser identificado como um

tema, a definição de “tema” proposta Braun e Clarke (2006) servirá de guia: o tema

captura alguma coisa importante sobre os dados relacionados à questão de pesquisa, e

representa certo nível de resposta padrão ou de significado dentro do conjunto de dados.

A análise não é um processo linear no qual, simplesmente, se move de uma fase

para outra, sendo mais um processo caracterizado de repetições, cujo movimento volta para

trás, se necessário (BRAUN; CLARKE, 2006). Os autores sugerem seis etapas para a

realização da análise temática, as quais são seguidas nesta pesquisa: familiarização com os

dados, geração de códigos iniciais, procurar temas, rever temas, definição e nomeação de

temas, elaboração do relatório ciente. Entretanto, é importante destacar que, neste estudo, a

análise não será um processo linear.

Page 112: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

111

Para realizar a fase 1, todas as entrevistas foram transcritas. Buchltz (1999)

comenta que a transcrição é um ato de interpretação e de representação, além de ser

também um ato de poder. O autor complementa que, na transcrição de um texto, sempre se

envolve a inscrição de um contexto que, muitas vezes, só é visível no texto ao transcrevê-

lo: os objetivos do transcritor, suas teorias e crenças sobre os entrevistados, o seu nível de

atenção à tarefa e a familiaridade com a língua.

Como forma de preservar as identidades dos participantes, optou-se por codificar os

dados coletados para as análises, como se descreve na Tabela 21.

Tabela 21 – Codificação dos dados

Número entrevistado Código

Entrevistado n°1 A1

Entrevistado n°2 A2

Entrevistado n°3 A3

Entrevistado n°4 A4

Entrevistado n°5 A5

Entrevistado n°6 A6

Entrevistado n°7 A7

Dados do centro de criação de valor internacional

da Fundação Dom Cabral

B1

Fonte: Elaboração própria

Na fase 2, para a codificação, foi considerada a definição de Saldaña (2009, apud

SALDAÑA, 2014) para código. Para o autor, um código, na análise de dados qualitativos,

é, na maioria das vezes, uma palavra ou frase curta que, simbolicamente, atribui um

sumário, capturado a partir de vários dados baseados na linguagem ou visualmente. O

autor acrescenta que esses dados podem consistir de transcrições de entrevistas, notas de

campo de observação participante, revistas, documentos, literatura, artefatos, fotografias,

vídeos, sites, correspondência e-mail e assim por diante. Dessa forma, como um título

representa e captura o conteúdo principal e a essência de um livro ou filme, o mesmo

acontece com um código que representa, pela captura de conteúdo, a essência principal de

um ponto de referência (SALDAÑA, 2014).

Para este trabalho, foi utilizada a abordagem de códigos descritivos, que são

principalmente substantivos e que sumarizam o tema de um ponto de referência dos dados.

Essa abordagem de codificação é particularmente útil quando se possui diferentes tipos de

dados recolhidos por um estudo, tais como transcrições de entrevistas, notas de campo,

documentos e materiais visuais (SALDAÑA, 2014), como se exemplifica na Tabela 22.

Page 113: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

112

Tabela 22 – Códigos descritivos

Estrato Códigos descritivos

Os dados da fonte B1 colocam que tem um desafio em relação à

qualidade de vida, porque quem trabalha global não tem horário

para trabalhar; trabalha 24 horas por dia. Mudou o conceito; antes,

falávamos de equilíbrio de vida pessoal e profissional; hoje, falamos

no nível de vida integrado.

A integração da vida pessoal e profissional, e aí tem a tecnologia

que não ajuda desconectar, porque você pode responder e-mail

qualquer hora. O que trabalhamos muito é o limite que está em

cada um. Cada pessoa tem que saber olhar tudo isso e colocar o

seu limite, para saber até onde você aceita e até onde não aceita. Cada vez mais, trabalhamos o autoconhecimento e saber qual o seu

limite, a sua prioridade. Cada indivíduo define sua dinâmica. A

tecnologia não ajuda nisso. Agora, tem a outra questão do

benefício da tecnologia. Podemos ver o filho que está na escola, e a

escola tem uma câmara que você consegue acompanhar o filho o dia

todo; não falamos. Hoje, também estamos conectados com a vida

pessoal, quando estamos dentro da empresa; às vezes, isso dá

tranquilidade para trabalhar melhor. Desafios do mundo moderno.

Os desafios do mundo moderno estão mudando muito como

pensamos, e o nosso cérebro está mudando.

Desafio é ter qualidade de vida

Saber lidar com a tecnologia

Aprender a estabelecer o próprio

limite; definir a própria dinâmica

Lidar com a conexão total, em função

da tecnologia.

Enxergar os benefícios da tecnologia

Lidar com a mudança de pensamento

gerada pelo mundo global

Fonte: Elaboração própria

A fase 3 foi o agrupamento de códigos em potenciais temas, reunindo todos os

dados relevantes para cada potencial tema, como podemos observar na Tabelas 23.

Tabela 23 – Agrupamento de códigos em temas

Tema Códigos

Desafios que o líder global enfrenta Desafio é ter qualidade de vida

Saber lidar com a tecnologia

Aprender a estabelecer o próprio limite; definir a

própria dinâmica

Lidar com a conexão total, em função da

tecnologia.

Enxergar os benefícios da tecnologia

Lidar com a mudança de pensamento gerada pelo

mundo global

Fonte: Elaboração própria

Page 114: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

113

A fase 4 foi a verificação do funcionamento dos temas em relação aos estratos

codificados (nível 1) e a todo o conjunto de dados (nível 2), gerando um “mapa temático”

da análise (Tabela 24 e Figura 12).

Tabela 24 – Agrupamento de códigos (nível 1 e nível 2) em temas

Tema (nível 1) Tema (nível 2) Códigos

Contexto de

trabalho do líder

global da IBM

Desafios que o líder global da IBM

enfrenta

Desafio é ter qualidade de vida

Saber lidar com a tecnologia

Aprender a estabelecer o próprio limite e

definir a própria dinâmica

Lidar com a conexão total, em função da

tecnologia.

Enxergar os benefícios da tecnologia

Lidar com a mudança de pensamento

gerada pelo mundo global

Fonte: Elaboração própria

Page 115: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

114

Figura 12 – Mapa temático

Fonte: Elaboração própria

Page 116: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

115

A fase 5 foi a definição e a nomeação dos temas, realizando-se, assim, o

aperfeiçoamento e salientando-se as especificidades de cada tema, bem como a história

em geral que a análise produz, gerando claras definições e dando nomes para cada tema.

Na fase final de codificação, temas abrangentes foram definidos com base nas

codificações e nas análises, emergindo cinco grandes temas (Figura 11): contexto de

trabalho do líder global da IBM, o líder global da IBM, competências do líder global, o

novo perfil do líder da IBM e as estratégias de desenvolvimento usadas pela IBM para

desenvolver seus líderes. No capítulo 6, esses dados serão apresentados e analisados

detalhadamente.

Durante todo o processo de codificação, foi importante, constantemente,

compararmos os códigos, verificando as semelhanças e as diferenças e reajustando os

agrupamentos, quando se fez necessário, em todas as fases. O processo de codificação

foi realizado, inicialmente, nas entrevistas; depois, os outros dados foram adicionados.

Essa codificação terminou com um nível de saturação, quando não apareciam novas

ideias e interpretações, indicando que a interpretação dos dados estava satisfatória.

A última fase foi a seleção de estratos fortes com exemplos, relacionando-os

com a pergunta da pesquisa e com a revisão de literatura, além da produção do relatório

acadêmico da análise.

Para realizar a análise, utilizaram-se marcadores e outras ferramentas do

software especializado Nvivo, que foi desenvolvido pela QSR International. Esse

programa permite organizar texto, gráfico, arquivos de dados, de áudio e visual, ao

longo de codificação, memorandos, encontrados em um projeto. Esse software também

permite codificar, anotar e comparar segmentos de informação, além de construir redes

visuais de networks que permitem conectar visualmente passagens selecionadas,

memorandos e códigos em um mapa conceitual.

Para Thomas e Harden (2008), o uso de softwares pode facilitar a análise dos

dados, permitindo-se examinar a contribuição, para as suas conclusões, por indivíduo,

estudos, grupos de estudos ou subpopulações dentro da pesquisa.

Coffey e Atkinson (1996) acrescentam que um software apropriado pode ajudar

no exame das características textuais e dos traços semânticos dos dados, auxiliando na

construção de vocabulários, de taxonomias e na forma narrativa do conteúdo, além de

poder auxiliar a se visualizar e se mostrar as ideias e as análises.

Page 117: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

116

5.3 Validade e confiabilidade

Validade e confiabilidade em pesquisas qualitativas dizem respeito ao grau de

confiança que pode ser colocado no que foi observado ou ouvido. Lewis e Ritchie

(2003) argumentam que os conceitos de confiabilidade e de validade foram

desenvolvidos nas ciências naturais, por isso são diferentes da base epistemológica da

pesquisa qualitativa.

Fraenkel e Wallen (2007) mencionam que muitos pesquisadores acreditam que

validade e confiabilidade não são relevantes para a pesquisa qualitativa, pois o objetivo

é descrever uma situação ou um evento percebido por determinado indivíduo específico.

Para a verificação da qualidade das pesquisas sociais construtivistas, Lincoln e

Guba (1986), citados em Patton (2002), propõem que os critérios sejam diferentes

daqueles das pesquisas tradicionais da ciência social, sendo que a combinação desses

critérios aumenta a credibilidade da pesquisa. Para o critério de credibilidade, os autores

colocam que seja como um análogo para a validade interna; a capacidade de

transferência, como um análogo de validade externa; a confiabilidade, como um

análogo de credibilidade.

Para a credibilidade na pesquisa qualitativa, Patton (2002) comenta que são

importantes três elementos: o rigor do método utilizado, cuja análise dos dados deverá

ser sistematicamente registrada; as questões de credibilidade do pesquisador, que

dependem de treinamentos e de experiências; a crença do pesquisador quanto ao valor

da pesquisa qualitativa e à análise indutiva.

Bush (2007) comenta que a triangulação significa comparar evidências de várias

fontes de referências a fim de determinar a exatidão das informações ou dos fenômenos,

sendo justamente esta triangulação que estabelece a validade de uma pesquisa

qualitativa.

Stake (1994) acrescenta que a triangulação é o processo de se usar múltiplas

percepções para clarificar o significado, verificando a repetitividade de uma observação.

Patton (2002) sugere algumas ações para se realizar a triangulação dos dados

qualitativos, com o fim de assegurar o rigor do método e a credibilidade da pesquisa:

comparar as observações com as entrevistas; comparar o que as pessoas falam, em

público e em particular; checar a consistência do que as pessoas falam sobre o mesmo

assunto no tempo; comparar as perspectivas de pontos de vistas, por meio de evolução

no tempo, de várias pessoas, como clientes, fundadores, pessoal administrativo etc.; e,

Page 118: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

117

por último, checar as entrevistas com os documentos do programa e com outras

evidências escritas que podem confirmar as respostas dos entrevistados.

Para reforçar a credibilidade deste estudo, foi usada a triangulação, como forma

de corroborar as evidências de diferentes fontes. Foram usadas três fontes primárias:

entrevista com a responsável pela área de RH da IBM, entrevista com seis líderes

globais da IBM e dados do Centro de Referências da Fundação Dom Cabral, referentes

às competências e ao desenvolvimento de líderes globais da IBM. Utilizou-se também,

neste estudo, uma fonte secundária: pesquisa na internet sobre a temática do estudo de

caso.

Para dar conta da confiabilidade, foi realizado um cuidadoso protocolo com

descrição detalhada dos procedimentos de coleta de dados utilizados neste estudo,

incluindo a transcrição literal das entrevistas, as anotações feitas durante as entrevistas e

os documentos utilizados para as análises. Esse protocolo será mantido, para permitir

que todos possam acompanhar e entender os dados que levaram às análises e às

conclusões.

5.4 Questões éticas

Para a realização deste estudo, as orientações do Comitê de Ética da Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo foram seguidas. Para o critério de autonomia, foi

informado aos participantes, claramente, o objetivo da pesquisa; um documento formal

de consentimento também foi obtido de cada um dos entrevistados, além de um

documento com a aprovação das empresas. Quanto ao critério de beneficência e justiça,

será disponibilizado o relatório final para os participantes. Para o critério de não

maleficência, esta pesquisadora elaborou uma carta formal com o compromisso de não

causar danos físicos, psíquicos, morais ou éticos. Por fim, todos os participantes tiveram

assegurada a privacidade e a confidencialidade das informações fornecidas por eles.

5.5 Limitações do estudo

Grande parte da discussão em torno da investigação de estudo de caso relaciona-

se à preocupação quanto ao seu valor fora da situação do próprio estudo, ou seja, se é

possível realizar uma generalização das conclusões ou não. Thomas e Myers (2015)

colocam que, embora não possamos generalizar a partir de estudo de caso, a

Page 119: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

118

generalização nem sempre é o que se queria de uma investigação, ou nem sempre se

precisa de generalização; algumas das pesquisas mais inspiradas e perspicazes, de

qualquer tipo, surgiram a partir de estudo de caso.

Stenhouse (1978; 1980), citado em Thomas e Myers (2015), menciona que a

generalização pode ser realizada através da “acumulação de dados incorporados no

tempo”. Ao invés de buscar orientação para a prática da teoria ou o conhecimento

generalizado, o estudo de caso pode oferecer uma série de maneiras para se processar o

conhecimento pelo exemplo. Thomas e Myers (2015) mencionam que, por meio desse

conhecimento, podem-se fazer conexões entre a experiência dos outros e a própria

experiência.

Lewis e Ritchie (2003) acrescentam que um estudo que não pode apoiar a

generalização de representação ainda pode gerar hipóteses que podem informar e serem

testadas em pesquisas futuras.

Page 120: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

119

6 O CONTEXTO DE TRABALHO E O LÍDER GLOBAL DA IBM

6.1 Introdução

O objetivo deste capítulo é abordar o contexto de trabalho dos líderes globais na

IBM, o histórico da empresa, os sistemas de gestão de Recursos Humanos, o ambiente

de trabalho na IBM e os desafios que os líderes globais enfrentam.

Em uma segunda parte deste capítulo, serão apresentados os dados demográficos

dos líderes globais; a seguir, apresenta-se o modo como as diferenças culturais são

percebidas por eles, as fundamentais diferenças entre um líder local e um global, suas

trajetórias de carreira e suas atuais responsabilidades na IBM. O capítulo é encerrado

com uma síntese e as principais conclusões.

6.2 O contexto de trabalho do líder global da IBM

6.2.1 O histórico da empresa

No final do século XIX, nos Estados Unidos, o estatístico Herman Hollerith

idealizou uma solução eficiente para o censo de 1890; em 1896, criou a Tabulating

Machine Compan. Em 1917, a IBM surgiu no Brasil, ainda funcionando com o nome de

Computing Tabulating Recording Company.

Em 1939, foi inaugurada a primeira fábrica da IBM na América do Sul, em

Benfica, no Rio de Janeiro. Em 1949, a companhia passou a funcionar diretamente no

Brasil, com o nome de IBM World Trade Corporation.

Hoje, a IBM é uma das maiores empresas de tecnologia da informação do

mundo, fornecendo soluções completas de TI, o que envolve serviços, consultoria,

hardware, software e financiamento. Está presente em mais de 170 países; opera no

modelo de empresa globalmente integrada e emprega cerca de 400 mil pessoas em todo

o mundo. Em 2010, a empresa atingiu um faturamento global de US$ 99,9 bilhões.

Ao longo dos últimos anos, a IBM transformou completamente seu modelo de

negócio. O tipo de trabalho que a empresa pode realizar hoje é muito diferente do

trabalho de alguns anos atrás. A IBM se desfez de várias atividades que já tinham se

transformado em commodities, como os segmentos de PCs e impressoras, e ampliou os

Page 121: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

120

investimentos em áreas-chave de alto valor, como consultoria, informação on demand e

serviços.

No Brasil, a IBM possui um dos seus quatro centros de prestação mundial de

serviços, para poder atender clientes de qualquer lugar do mundo. A IBM Brasil faz

parte do que a empresa define como Global Delivery Model, modelo integrado de

prestação de serviços que garante custos competitivos, excelência e padronização de

processos.

A IBM tem mais de 3000 pesquisadores espalhados em oito laboratórios em

todo o mundo. Há 17 anos consecutivos, a IBM é eleita a empresa com maior número

de patentes registradas.

6.2.2 Os sistemas de gestão de Recursos Humanos

i) O sistema de competências da IBM

Na IBM, espera-se que qualquer funcionário exerça liderança; não existe a ideia

de que somente o chefe é um líder. A liderança está nas competências de todos os

funcionários da IBM.

A IBM mudou um pouco. Antigamente, existiam competências separadas

para quem era o gerente, para quem não era gerente; e, hoje, não tem mais

isso; tem as competências para todos os funcionários da IBM. É esperado que

qualquer funcionário exerça liderança; não existe essa ideia de que meu chefe

é um líder, e eu fico aqui sentado esperando ele. Essa é uma diferença da

IBM. Todo funcionário tem que ter um nível de liderança. Liderança está nas

competências de todos os funcionários da IBM. A competência é padronizada

para todo mundo, porém, uma pessoa, por exemplo, que é vice-presidente,

espera-se que ele seja expert em várias competências; uma pessoa que está no

seu início de carreira vai ser júnior em todas as competências. (Entrevistado

A1)

Percebe-se que a IBM leva em consideração os níveis de complexidades

colocados por Osland e Bird (2006). Os autores mencionam que existem cinco fases de

desenvolvimento que o líder global vivência, de novato a expert. Da mesma forma,

deve-se considerar que os níveis de complexidade das competências necessárias para o

líder global são diferentes e devem seguir as diferentes fases de desenvolvimento para o

líder global (Tabela 11).

Eles começam como novato. Nesta fase, usam regras sem considerarem o

contexto; possuem produção limitada e têm um comportamento inflexível. Na segunda

Page 122: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

121

fase, de novatos avançados, têm mais experiência, o que lhes permite observar

componentes situacionais e, posteriormente, desenvolver padrões básicos da sua

experiência. No nível competente, reconhecem uma maior complexidade e começam a

se mover para além do cumprimento estrito das regras. Nessa fase, pensam mais

conscientemente sobre o que eles estão tentando alcançar e consideram diferentes

maneiras de se fazer isso. No nível de proficiência, o líder global concentra-se menos

nos componentes de um problema ou nos elementos da situação. Eles confiam mais em

princípios gerais do que em regras, e já aprenderam a olhar para a tipicidade. Na última

fase, nível de expert, eles podem diagnosticar a situação inconscientemente e

responderem intuitivamente, porque, ao longo dos anos, desenvolveram o

reconhecimento holístico ou mapas mentais que permitem o enquadramento fácil e o

reenquadramento das estratégias, além de rápida adaptação.

ii) O sistema de recrutamento e de seleção

O sistema interno de recrutamento e de seleção da IBM é realizado globalmente;

as responsabilidades estão muito bem definidas, e as carreiras também são globais. Um

gerente de projeto, em um determinado nível X, aqui, é o mesmo gerente de projeto

num determinado X na China, nos Estados Unidos ou em qualquer lugar. No time de

recrutamento do Brasil, existe uma funcionária que está fisicamente na Alemanha.

Existem, pois, posições em que a pessoa está fisicamente no Brasil e tem

responsabilidade global.

Olhando para uma perspectiva de gestão global, apesar de ter alguma

centralização das decisões no Brasil, as responsabilidades estão muito bem

definidas; assim, o recrutamento e seleção interno na empresa pode ser

realizado globalmente. Acrescentou-se que as áreas de finanças e de

Recursos Humanos são compreendidas como equipes globais, e estão muito

mais conectados em todo o mundo do que a equipe de vendas. Concluiu-se

que as áreas da empresa que têm a responsabilidade da América Latina

também têm conexões no nível mundial, e que existem posições que a pessoa

está fisicamente no Brasil e tem responsabilidade global. (Dados B1)

Hoje, dentro do time de recrutamento do Brasil, tem uma pessoa que trabalha

da Alemanha, e não importa que está na Alemanha, ela consegue fazer o

trabalho e faz parte do time do Brasil. Pagamos de acordo com o contrato

local dela. É o conceito de não importa de onde está o melhor recurso. Eu

quero o melhor recurso. Aí têm pessoas que não necessariamente precisam

mudar de país para ter uma oportunidade de trabalhar com outra cultura; ela

trabalha de onde ela está mesmo. Isso é a questão do talento na nuvem.

(Dados B1)

Page 123: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

122

Na seleção, olha-se a reputação da pessoa e, como um profissional completo, o

que está dizendo nas mídias sociais, em qual parte está contribuindo e se ele é um ser

socialmente integrado.

Surgiu outro conceito que não olhamos somente o que a pessoa entrega do

ponto de vista de skill. Você vê a reputação dele como um profissional, como

um ser completo, o que está dizendo nas mídias sociais, onde está

contribuindo, se ele é um ser socialmente integrado e voluntário; não é

vermos o funcionário de uma maneira, também de outra forma que não

conhecíamos antes; outro fator que entra. (Dados B1)

iii) O sistema de carreira

A IBM valoriza tanto a carreira técnica quanto a gerencial, e possui vários níveis

gerenciais. O trabalho é por projeto, com duração de seis a três anos e com interação em

vários países. Os funcionários podem se mudar para outros países para trabalharem;

porém, não são considerados expatriados; assim, quando terminam o projeto, voltam

para o país de origem. O funcionário pode também obter licença no seu país de origem

para ser contratado no país em que vai trabalhar; depois, se desejar, pode voltar. Na

IBM, todas as oportunidades são divulgadas em todos os países, e todos os funcionários

podem se candidatar às vagas oferecidas.

A IBM tem um sistema de carreira que valoriza a carreira gerencial e a

carreira técnica. Na IBM, você pode se chegar no mesmo nível de um vice-

presidente, só que na área de tecnologia (Entrevistado A4)

A IBM tem vários níveis gerenciais. Tem o gerente de primeira linha, que é a

primeira, primeira oportunidade gerencial. Depois, tem o gerente de segunda

linha; depois, o de terceira linha; e aí, depois, tem cargo executivo, diretor

etc. (Entrevistado A3)

As pessoas, normalmente, trabalham por projetos, e que estes podem variar

de seis meses a três anos, no máximo, e que têm interações com vários

países. Falou-se que, às vezes, as pessoas mudam para outros países para

trabalhar; porém, não são considerados expatriados; quando termina o

projeto, volta para seus países de origem. (Dados B1)

O funcionário pode ser licenciado no seu país de origem e ser contratado no

país em que vai trabalhar. Assim, torna-se mais fácil a administração de

fatores externos impactantes no negócio da empresa, e exemplificou-se que,

no ano de 2000, vários funcionários de Portugal e Espanha vieram trabalhar

no Brasil, porque, nesses países, não existia trabalho para eles. Colocou-se

que, assim, o conhecimento não se perde na empresa, e que os funcionários

podem ser transferidos para outros países. (Dados B1)

Page 124: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

123

O incentivo para os funcionários trabalharem como licenciados em outros

países é a possibilidade de ampliar sua experiência e ter crescimento na sua

carreira. (Dados B1)

A IBM é global e tem oportunidades globais que são divulgadas em todos os

países, e todos os funcionários podem se candidatar. Isso aumenta a

motivação deles para a obtenção de uma experiência internacional. Para isso,

a empresa tem uma estrutura de carreira estruturada globalmente. (Dados B1)

As responsabilidades e competências de um gerente de projetos, na América

Latina, em certo nível, são exatamente as mesmas que um gerente de projeto,

do mesmo nível, na China ou na Europa (Dados B1)

Planejamento de carreira, na IBM, pode ser realizado pelo interesse do

funcionário, ou pelo da empresa.

Na IBM, por opção, as pessoas podem mudar de área de função.

Normalmente, o líder e o funcionário realizam um planejamento dessa

transferência. (Entrevistado A1)

Planejamento de carreira existe duas possibilidades. Uma, por interesse da

empresa; outra, pelo funcionário. Pelo interesse da empresa, um

planejamento sucessório de todas as posições-chave. (Entrevistado A3)

iv) O sistema de planejamento de sucessão

O sistema de planejamento de sucessão é realizado globalmente, uma vez que o

sistema de carreira é global. Parece que a possibilidade de uma carreira internacional

existe na IBM, e ter várias áreas de negócios motiva os funcionários.

Existe um processo onde você faz o planejamento sucessório de todas as

posições-chave da companhia; e, dentro desse planejamento, os funcionários

que deveriam ter uma experiência internacional são identificados. Planejamento de carreira existe duas possibilidades. Uma, por interesse da

empresa; outra, pelo funcionário. Pelo interesse da empresa. Existe um

processo onde você faz o planejamento sucessório de todas as posições-chave

da companhia; e, dentro desse planejamento, a gente identifica as pessoas que

deveriam ter uma experiência internacional. (EntrevistadoA3)

E como a companhia é global e é integrada, quando temos uma necessidade,

damos visibilidade para a corporação e para líderes mundiais, as pessoas que

tenham alto potencial de crescimento, que tenham excelente performance;

começa a dar visibilidade e acaba, naturalmente, acontecendo uma

oportunidade internacional. Isso é para interesse da companhia. Muito

provável, para usar o talento local, uma posição importante global ou de outra

geografia, ou para desenvolvimento, quando eu quero mandar alguém para

fora, para conhecer a companhia sobre outra ótica e trazer essa pessoa para

assumir uma posição local importante. (Entrevistado A3)

Eu sempre valorizei duas coisas na IBM: o fato de olhar para várias empresas

dentro da mesma empresa, porque a IBM tem várias áreas de negócios;

Page 125: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

124

assim, aumenta a possibilidade de aprendizagem e promoções e a

possibilidade de fazer uma carreira internacional, que sempre me encantou.

(Entrevistado A5)

v) O sistema de avaliação de performance

O sistema de avaliação de performance é realizado anualmente e contempla os

seguintes itens: demonstrar os valores da IBM; seguir as condutas e as normas da IBM;

autodesenvolvimento; trabalho com o seu time; qualidade da prestação de serviços aos

clientes; cumprimento das metas, dos prazos e dos custos estabelecidos. Os líderes

globais realizam a avalição de todos os seus subordinados, mesmo daqueles que estão

em outros países. Para os líderes, acrescentam-se os itens: desenvolvimento da equipe,

cumprimento dos objetivos pela equipe e avaliação da equipe. Depois de realizadas as

avaliações, existem reuniões para o balizamento das avaliações. Os funcionários

avaliam seus líderes de maneira informal.

A avaliação de performance é uma avaliação anual. Existem alguns itens que

ajudam. Então, se o funcionário seguiu as condutas, as normas da IBM e não

fez nenhum, nada de errado com relação à política, às leis, isso aí é o item

número um para avaliação. Mas, se tem algum item que o funcionário não

seguiu as regras, fez alguma coisa que, na auditoria, foi pego, ele já começa

negativo nesse item. E, neste ponto, não existe se o funcionário está acima ou

abaixo, em comparação com os outros. Esse é o único quesito que não tem

comparação: ou o funcionário segue os valores, normas e condutas da IBM

ou não segue; não tem meio termo. Depois, é avaliado o

autodesenvolvimento, o quanto o funcionário conseguiu se desenvolver

naquele ano, como o funcionário trabalha com o seu time, como o cliente

enxerga o funcionário; o feedback do cliente também pesa na avaliação. Se o

funcionário atingiu os objetivos durante todo o ano. (Entrevistado A4)

Cada líder realiza, com seu funcionário, uma carta de objetivos, que são

objetivos do negócio. Nesta carta, são acordadas as metas, horas de trabalho,

prazos e custos. O cumprimento da carta de objetivo é outro item da

avaliação. Os itens avaliados são: disciplina em geral, valor agregado à

posição, iniciativa, habilidade de comunicação. (Entrevistado A4)

Depois que realizamos as avaliações, realizamos uma reunião para

balizamento das avaliações. Por exemplo, eu pego todos os meus gerentes e

as avaliações de todos os funcionários deles e comparamos e discutimos as

avaliações para garantir um balizamento correto entre as pessoas.

(Entrevistado A4)

Nós temos os líderes de conta, que recebem feedback, o tempo inteiro, sobre

os funcionários. O cliente manda e-mail, se ele não gosta, se ele gosta muito;

manda e-mail elogiando, agradecendo a pessoa que realizou o atendimento;

ou, se tem um problema muito grave, ele também manda, reclamando. Então,

a gente tem um feedback formal, tanto negativo quanto positivo, e isso é

considerado uma avaliação. (Entrevistado A4)

Três anos atrás, a IBM tinha uma pesquisa formal, anônima, onde o

Page 126: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

125

funcionário avaliava o gerente, e recebíamos uma resposta consolidada, mas

sem saber quem respondeu. Nos últimos três anos, a IBM acabou com essa

pesquisa, mas continuamos realizando avaliações. Eu faço reuniões, que a

gente chama de mesa redonda, reunião com alguns funcionários, onde eu

começo a listar os meus pontos e peço também feedback dos meus gerentes;

e, depois do feedback, eu acompanho a avaliação do gerente. Mas, aí, não é

anônimo; a pessoa está falando; então, eu acho que fica um pouco mais difícil

eles abrirem tudo. (Entrevistado A4)

vi) O sistema de avaliação de performance do líder

Os líderes são avaliados através dos itens citados acima, com o acréscimo de

itens relacionados à gestão das suas equipes.

Quem é líder ainda tem alguns itens a mais. Ele é avaliado em

desenvolvimento da equipe, cumprimento dos objetivos pela equipe,

avaliação da equipe. Se ele reconhece as pessoas, realiza feedback formal

com seus subordinados, formaliza, estimula a diversidade e inovação,

direciona os funcionários para executar a estratégia da empresa e contribui

para o desenvolvimento dos profissionais. (Entrevistado A4)

vii) O sistema de acompanhamento dos funcionários

Os líderes realizam, mensalmente, um acompanhamento formal dos seus

subordinados.

O gerente tem de fazer um acompanhamento do trabalho do funcionário, e

todo mês, é, realizamos mesas redondas para avaliar individualmente cada

um. Nesta avaliação, damos feedback do que ele fez bem, o que ele fez mal.

Sabemos que o ideal é dar o feedback na hora, mas, às vezes, não dá. A IBM

força os gerentes a dar esses feedbacks e, no mínimo, uma reunião mensal,

uma reunião face to face ou remoto, que seja por Skype, uma vez por mês,

para garantir que, se alguma coisa passou desapercebido, no máximo, vai

passar por 30 dias, não vai passar por mais que isso. O medo é que, no dia a

dia, por ser muito corrido, por ser um trabalho que tem a exigência de alta

performance, focamos somente na entrega do negócio, esqueçamos das

pessoas. (Entrevistado A4)

Na IBM, ao mesmo tempo, tem que entregar os objetivos do negócio, tem

que entregar uma avaliação com o acompanhamento do desenvolvimento de

carreira do funcionário, para dar o mesmo peso e garantir um equilíbrio de

pessoas e negócios. Normalmente, empresas que entregam serviços têm que

garantir que as pessoas estão motivadas, bem acompanhadas, e o líder faz

toda diferença. (Entrevistado A4)

Page 127: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

126

viii) O sistema de acompanhamento dos funcionários que estão em outros

países

Na realização de acompanhamento dos funcionários que estão em outros países,

os líderes globais têm o suporte de um funcionário que está no mesmo local de trabalho

do funcionário, e reuniões semanais são realizadas.

O líder global realiza a avaliação de performance anual de todos os seus

subordinados. Porém, todo o funcionário tem um líder local, que é alguém

que entende mais das leis do país. O líder local é responsável por promoções

de aumento salarial obrigatório; ele entende mais disso. (Entrevistado A4)

Eu tenho um sistema gerencial para realizar o acompanhamento dos

funcionários em outros países. Então, eu tenho reuniões com eles uma vez

por semana; uma parte da reunião é livre, sem tema. Ligação para falar

qualquer coisa que tenha preocupação, que queira contar. Depois, eu tenho

reunião de trabalho mesmo. (Entrevistado A4)

ix) O sistema de identificação de talentos

Os talentos são descobertos através dos líderes, com o reconhecimento dos

pares, dos parceiros e da comunidade da IBM. Existem vários programas para se

identificar talentos: para o nível executivo, para técnicos, de mulheres, de negros e da

comunidade LGT.

Nós descobrimos os talentos através dos gerentes. Então, a gente tem vários

tipos de programa de talento. A gente tem um programa de talento de futuros

executivos; então, os vice-presidentes e diretores têm as reuniões, onde eles

identificam quem são os talentos deles. Temos também reuniões específicas

para identificar talentos para quem está na área técnica, porque não adianta

comparar uma pessoa que está no nível sênior de gerência com um nível

técnico. Quem está na carreira em tecnologia pode chegar até o nível de vice-

presidente, só que na área de tecnologia. (Entrevistado A1)

Existe grupo para identificação de talentos de mulheres; estamos num

ambiente de tecnologia, e é muito difícil você conseguir mulheres. Se

olharmos para o nível gerencial, temos 80% homem, e 20% mulher. A IBM

toma cuidado para garantir que todo mundo tenha as mesmas oportunidades.

Existe ainda um grupo para inclusão das minorias: negros, LGT. Nessas

reuniões, são discutidos, com os pares, parceiros, quem está no mesmo nível.

(Entrevistado A1)

Todos têm que reconhecer essa pessoa como talento. Então, não adianta ser

muito boa somente para o gerente direto; tem que ter o reconhecimento

também para as pessoas que trabalham junto com o funcionário, para toda a

comunidade da IBM. Quando identificado o talento, o RH programa o

treinamento específico para esse talento. (Entrevistado A1)

Page 128: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

127

Cada líder de área identifica, dentro das suas equipes, as pessoas que são

consideradas como talento, em torno de 10 a 15% por nível. Os líderes que

reportam para mim me trazem os nomes das pessoas da sua área. A cada três

meses, discutimos por que essas pessoas são talentos; o que que já fez, o que

que vai fazer; que tipo de potencial tem, se é de liderança ou se é técnico.

Conforme vão aparecendo as oportunidades, vamos alocando essas pessoas.

(Entrevistado A4)

x) Sistema de identificação de talentos para liderança

A IBM possui um sistema de avalição de talentos que é global e integrado.

Começa nos níveis mais baixos, e vai afunilando até chegar aos possíveis talentos que

possam vir a assumirem a presidência.

Anualmente, os líderes são convidados a identificar, a mapear e avaliar sua

organização e identificar aqueles que têm potencial de assumir posições de

níveis maiores no futuro. Ele é guiado por uma pesquisa, com toda orientação

e uma avaliação de perfil de liderança, e é colocado que posições que poderia

ser possível para essa pessoa, que tipo de área que ela precisa desenvolver.

Com isso, você acaba tendo um universo de pessoas que ficam nesse

programa de talentos, onde você faz uma revisão dessa informação com

vários executivos, tanto do Brasil como da América Latina, como em outras

regiões. (Entrevistado A3)

Os sistemas são integrados; então, as pessoas veem quais são as pessoas que

realmente têm esse potencial. Então, é como se fosse um funil; você começa

de um pool; então, normalmente, acontece isso com executivos, porque

imagina que essas revisões que eu te falei, que acontece no Brasil, na

América Latina, acontece também até chegar no nível máximo de chairman

da companhia, que é responsável pelo, pela IBM mundial. Então, isso acaba

que é um, existe um sistema gerencial onde as pessoas têm essas revisões

anuais, até chegar no presidente da companhia; ele não vai olhar todo mundo,

ele vai olhar aqueles executivos que têm potencial e condições a assumir

outras posições muito críticas na companhia, nível mais mundial mesmo.

6.2.3 O ambiente de trabalho na IBM

Parece que os líderes globais da IBM consideram que a empresa possui um bom

ambiente de trabalho, o que possibilita ter flexibilidade, e isso favorece o equilíbrio

entre a vida profissional e a pessoal.

A IBM tem um ambiente muito bom de trabalho. A IBM me dá uma

flexibilidade muito boa. (Entrevistado A1)

Então, quando eu preciso sair de casa, porque tenho as crianças, reunião de

colégio, vou no pediatra; bom, vida de mãe é isso. E a IBM me permite ter

isso; então, eu sou muito presente na vida das crianças; eu não preciso estar

longe; e, mesmo assim, eu estou crescendo, estou numa posição excelente,

Page 129: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

128

sou uma executiva aqui dentro da empresa e consegui equilibrar tudo; então,

eu tenho bastante orgulho disso. (Entrevistado A4)

Eles percebem o ambiente de trabalho como desafiador, de cooperação e de

intensa aprendizagem, o que possibilita o crescimento.

Na IBM, tem que aprender que tem que aprender muito. Você tem que

superar uma montanha; você recebe um envelope com outra missão

impossível, só que não tem o Tom Cruise e nem o 007. O ambiente é um

ambiente muito desafiador; isso é muito bacana, o que se aprende muito; a

gente costuma brincar, quando eu era gerente de primeira linha, eu contratava

algumas pessoas e falava para ficar assim, onde você vai conseguir cuidar de

cinco mil servidores. (Entrevistado A1)

Não consegue resolver; tem um cara no Rio de Janeiro, São Paulo ou fora do

Brasil que vai te ajudar a resolver os desafios que você tem aqui; eu acho que

é fundamental isso; te motiva a querer trabalhar. (Entrevistado A1)

O que me encanta na IBM, que fez com que eu ficasse 21 anos, é justamente

essa oportunidade de você acumular uma bagagem que você não tem, de

assumir novos desafios de se movimentar, às vezes, lateralmente. Isso te

motiva a querer trabalhar; que te motiva a aquele crescer; te faz aprender que

tem que aprender. (Entrevistado A1)

O ambiente é visualizado como dinâmico e de intensa transformação. Segundo

Clarke (2015), os líderes estão vivendo em um ambiente cujos líderes militares

chamaram de tempos VUCA. Esta sigla compreende os elementos volatility (mudanças

rápidas e em larga escala), uncertainty (o futuro não pode ser previsto com precisão),

complexity (os desafios são complicados, pois existem poucas causas individuais ou

soluções para os problemas) e ambiguity (há pouca clareza sobre o significado e os

efeitos que podem ocorrer nos eventos) (CLARKE, 2015).

Estar numa empresa que se transforma tanto. Esses programas de liderança

estão mudando tanto; o mundo está sendo tão dinâmico. (Entrevistado A3)

Verifica-se, pois, que os líderes globais da IBM percebem seu ambiente de

trabalho com os elementos volatility (mudanças rápidas e em larga) e complexity (os

desafios são complicados, pois existem poucas causas individuais ou soluções para os

problemas). Esse ambiente, apesar de ser desafiador e complexo, parece favorecer a

motivação dos funcionários e colaborar para que as pessoas permaneçam por muito

tempo na empresa.

Page 130: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

129

6.2.4 Os desafios que os líderes globais encontram no seu trabalho na IBM

Em pesquisa realizada por Osland, Bird e Oddou (2012), com o objetivo de

identificar como os líderes globais percebem seu ambiente de trabalho, foram

entrevistados 20 líderes globais de várias nacionalidades: americanos, indianos,

franceses e alemães. Este estudo encontrou quatro temas comuns sobre a percepção dos

líderes em seu trabalho: multiplicidade de gestão, enormes desafios sobre as tarefas,

precariedade e ambiguidade.

Para a multiplicidade de gestão, os líderes globais descreveram seu trabalho

como sendo complexo, com vários stakeholders, vários papéis e várias questões que

surgem devido à multiplicidade de culturas, de empresas, de países e de entidades

governamentais. O trabalho foi descrito com enormes desafios, porque as tarefas que

tinham de realizar não poderiam ser facilmente executadas, e eles não possuíam uma

solução a priori, nem o tempo para a execução das mesmas, que consumiam um tempo

extremo.

Procurou-se, então, mapear os maiores desafios que os líderes globais da IBM

enfrentam. O maior desafio verbalizado pelos líderes lobais da IBM foi entender e lidar

com as diferenças culturais.

Eu acho que está muito ligado à questão de cultura. Quando eu falo com

alguém de outro país, lá na Ásia, por exemplo, isso passa a ser um desafio.

De qualquer maneira que eu vou obter os resultados, mas eu tenho uma

equipe lá que me ajuda o que abordar e como abordar; então, eu tenho uma

equipe lá que me ajuda a formar a minha mensagem. Passa a ser uma certa

dificuldade, porque, se você fala uma coisa, lá, que é boba, pode ter tem uma

repercussão enorme, porque existe uma visão diferente. (Entrevistado A2)

Conhecer as diferenças culturais é muito importante. Cultura mais próxima

fica mais fácil, mas, se você pega um país com cultura muito diferente, é

mais difícil. Então, conhecer a cultura do outro é muito importante: vai no

México, o cara fala na horita, é um mês para dar uma resposta sobre o

assunto. Você vai pra americano, aí, você fala eu te retorno em 5 minutos;

deu cinco minutos e 2 segundos, ele está te pedindo a resposta. 5 minutos,

para o brasileiro, quer dizer no final do dia; então, você conhecer as

diferenças culturais é muito importante. (Entrevistado A1)

Mencionou-se que realizar a gestão de equipes remotas não é fácil,

especialmente durante a realização da avaliação de performance, pela diferença de

critérios adotados, em função da cultura de cada país. Ainda, é difícil lidar com a

Page 131: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

130

competitividade entre as pessoas de países diferentes, em uma mesma equipe, e com a

falta de sensibilidade da matriz em relação à cultural local.

Temos uma questão cultural quanto à gerência remota. Toda equipe que

presta serviços globalmente tem o gestor local, mas, na verdade, ele é

avaliado pelo gestor lá de fora, que esta provisionando suporte, fazendo a

ponte com o cliente lá fora. E é complicado para oferecer suporte, porque a

gente olha como brasileiro; eles olham diferente, então, tem que se ajustar

culturalmente, para entender que critérios eles estão usando, para dizer que o

profissional não é tão bom como, como enxergamos aqui. Às vezes, a

avaliação do gestor, aqui, do Brasil, tem um peso menor do que a do gringo

que entra em contato três vezes por ano com a pessoa. (Dados B1)

Você não precisa estar trabalhando na empresa; muita gente em home office;

grande mudança; esse movimento grande; dois últimos anos, home office.

Para o gestor, também para a gestão de pessoas remotas em home office.

Você mede performance de outra maneira, porque você não está vendo a

pessoa todos os dias; tem que ser justo e trabalhar resultado realmente.

(Dados B1)

Percebe-se, assim, que a diversidade cultural é grande fator que impacta na

geração de complexidade para a liderança global. Cultura pode ser definida como uma

sociedade particular; tem uma combinação de elementos distintos e interdependentes

que podem mudar ou não gradualmente, e inclui pressupostos, crenças, valores e

práticas institucionais. Jokinen (2005) comenta que o aumento da complexidade

enfrentada no trabalho pelo líder global é gerado pelas diferenças culturais existentes

entre nações, organizações e subgrupos, e que essa característica é especialmente

importante para o gerenciamento de Recursos Humanos.

Outro grande desafio citado pelos líderes globais da IBM foi a necessidade de se

lidar com vários fusos horários e de se trabalhar em horários não triviais.

Lidar com o fuso horário não é uma outra coisa muito simples; por exemplo,

eu já tive chefe global que marcava uma reunião para mim 10 horas da noite,

e ele não estava nem aí que horas era no Brasil. Isso foi bom para mim,

porque eu aprendi a não fazer isso com meu time. Por exemplo, quando faço

reunião com a Índia, eu preparo minha agenda para a parte da manhã, porque

é mais assertivo para eles, e assim por diante. O fuso horário tem impacto

sim, e é uma coisa que a gente tem que ficar muito atento. (Entrevistado A1)

O fuso horário é uma dificuldade. Eu já tive equipes que trabalhavam em

fusos horários completamente diferentes, e isso era complicado. Às vezes, era

manhã, para mim, e, para minha equipe, era noite. Quando eu morava na

Malásia, isso era bem difícil. Você tem que ser justo, não pode trabalhar em

horários só ruim para as pessoas, tem que ser desconfortável para você

também. Trabalhar de manhã não é a coisa mais agradável do mundo, mas

eu tenho que trabalhar, não pode ser só ruim para eles. Não posso fazer com

que eles ficassem todo o dia e a noite para falar comigo; eu tenho que fazer

Page 132: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

131

um sacrifício também. (Entrevistado A2)

Antes de ter essa posição, eu trabalhava só com contas do México, e aí eu

migrei para trabalhar com clientes fora do Brasil; o que me dava um nó na

cabeça, além do inglês, era a questão do fuso horário. Tinha convite para

participar de reunião dos Estados Unidos com time do Pacífico; eu ficava

pensando o que é esse Pacific time. Então, descobri que eu poderia acessar

um site que eu veria os horários de vários países. São coisas simples e

básicas, mas que você tem que viver para sentir na pele, senão, você não

vive. (Entrevistado A1)

Já tive de realizar calls somente à noite, porque estava tocando projetos do

outro lado e tinha que interagir com pessoas durante o dia, para eles. Então,

eu tinha que ter flexibilidade para trabalhar em horários que, não

necessariamente, são horários triviais. (Entrevistado A5)

A questão das constantes viagens internacionais e de, consequentemente, se ter

qualidade de vida também foi citada pelos líderes como desafio do seu ambiente de

trabalho.

Eu viajo bastante. Como eu te falei, quinta-feira, feira, estou indo para as

Filipinas; depois, vou para os Estados Unidos; esse é o meu dia a dia. As

viagens, as viagens, você, às vezes, tem que ficar 45 horas em trânsito, além

de outros problemas. Por exemplo, hoje, eu tenho que planejar bem, porque

tenho um, tenho que dar suporte a minha esposa. Quando eu era solteiro,

essas ações eram muito mais simples. Então, quando você tem família, é

diferente. (Entrevistado A2)

Qualidade de vida, porque quem trabalha global não tem horário para

trabalhar. Trabalha 24 horas por dia. Mudou o conceito; antes, falávamos de

equilíbrio de vida pessoal e profissional; hoje, falamos no nível de vida

integrado. (Dados B1)

Além das viagens constantes, a tecnologia também foi apontada como um fator

que dificulta para que os líderes globais tenham qualidade de vida.

A integração da vida pessoal e profissional; e aí tem a tecnologia, que não

ajuda desconectar, porque você pode responder e-mail qualquer hora. (Dados

B1)

Colocou-se que, com o fim de se ter a integração entre a vida pessoal e a

profissional, a IBM incentiva os funcionários a aprenderem a estabelecer seus próprios

limites.

O que trabalhamos muito é o limite que está em cada um. Cada pessoa tem

que saber olhar tudo isso e colocar o seu limite, para saber até onde você

Page 133: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

132

aceita e até onde não aceita. Cada vez mais, trabalhamos o autoconhecimento

e saber qual o seu limite, a sua prioridade. Cada indivíduo define sua

dinâmica. A tecnologia não ajuda nisso. (Dados B1).

Outros desafios apontados, em menor escala, pelos líderes da IBM foram: lidar

com a mudança de pensamento gerado pelo mundo global, ter pessoas disciplinadas

para seguir os processos, lembrar-se do nome das pessoas e cumprir o orçamento anual.

Desafios do mundo moderno, do mundo global, estão mudando muito como

pensamos, e o nosso cérebro está mudando. (Dados B1)

A IBM tem processos bem definidos. O grande desafio é fazer as pessoas

seguirem e ter disciplina para seguir o processo e entregar aquilo no tempo

certo, com custo certo. Acho que, ainda, além de ter a ferramenta, não é, a

gente precisa é de um gestor, um gerente de projeto preparado para isso, e a

disciplina das pessoas que executam. A disciplina na execução, sinceramente,

hoje, é um grande desafio para nós, aqui ou em qualquer parte do mundo.

Especial, na América Latina, porque são indisciplinados. (Entrevistado A7)

Todo ano, nós temos um desafio de orçamento que, em teoria, temos que ser

mais produtivo; isto é, fazer mais, com menos. Então, isso, o tempo inteiro,

isso causa desconforto gerencial; temos que fazer mais, com menos, sempre

tentando encontrar a forma de fazer as coisas de forma mais produtiva.

(Entrevistado A2)

Lembrar o nome das pessoas, às vezes, é difícil. Não dá para lembrar o nome

de todos sempre. Mas eu procuro sempre lembrar o nome das pessoas mais

importantes do meu time. (Entrevistado A6)

6.3 O líder global da IBM

6.3.1 Dados demográficos dos líderes globais da IBM

Os líderes globais da IBM entrevistados são vice-presidente, diretores e

gerentes. O número de gerentes e de diretores é igual, com 43% de cada um, como

apresentado no Gráfico 1.

Page 134: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

133

Gráfico 1 – Cargos dos entrevistados

Fonte: Dados da pesquisa

Todos os líderes são brasileiros. Porém, dois líderes possuem dupla

nacionalidade, um deles é brasileiro e espanhol; o outro é brasileiro e italiano (Gráfico

2).

Gráfico 2 – Nacionalidade dos entrevistados

Fonte: Dados da pesquisa

Como se observa no Gráfico 3, a formação dos líderes globais da IBM é

extremamente diversificada. Isso pode colaborar para valorização da diversidade de

conhecimento, não existindo uma graduação única para se entrar na IBM e para a

promoção à liderança.

14%

43% 14%

29%

Cargo

vice presidente

Diretor

lider global

gerente

14% 14%

72%

Nacionalidade

Brasileiro eespanhol

Brasileiro e italiano

Brasileiro

Page 135: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

134

Gráfico 3 – Graduação

Fonte: Dados da pesquisa

Os líderes globais da IBM entrevistados, no mínimo, têm um curso de Pós-

graduação (Gráfico 4).

Gráfico 4 – Número de cursos de Pós-graduação

Fonte: Dados da pesquisa

A população dos líderes globais da IBM é relativamente nova, situando-se na

faixa etária de 30 a 55 anos (Gráfico 5).

15%

15%

14% 14%

14%

14%

14%

Graduação

Analista de sistemas

Administração deEmpresas

Engenheira produção

Matematica

Ciências daComputação

Engenheiro eletrônico

Geografia e historia

57% 15%

14%

14%

Número de Pós-graduação

Uma

Duas

tres

Nenhuma

Page 136: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

135

Gráfico 5 – Idade

Fonte: Dados da pesquisa

A diferença entre o número de homens e de mulheres em posições de liderança

pode ser considerada inexistente, correspondendo a 53% e 43%, respectivamente

(Gráfico 6).

Gráfico 6 – Gênero

Fonte: Dados da pesquisa

Todos os líderes globais da IBM entrevistados possuem fluência nos idiomas

português e inglês. Quatro deles têm fluência em português, inglês e espanhol; e um

líder é fluente em português, inglês, espanhol e italiano (Gráfico 7).

14%

29%

14%

43%

Idade

30 a 35

36 a 40

41 a 45

51 a 55

43%

57%

Gênero

Mulheres

Homens

Page 137: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

136

Gráfico 7 – Idiomas

Fonte: Dados da pesquisa

A maioria dos líderes globais entrevistados trabalha na IBM entre 15 e 25 anos

(Gráfico 8).

Gráfico 8 – Tempo de IBM

Fonte: Dados da pesquisa

Lane et al. (2004) colocam que um líder global não é somente um executivo de

uma organização global, que qualquer executivo responsável por equipes em vários

locais geograficamente diferentes é um líder global. Dos sete executivos entrevistados,

apenas um deles reside no México. Os outros residem no Brasil e são responsáveis por

equipes em vários países.

7

4

1

Idiomas

Portugues, inglês

Portugues, inglês,espanhol

Portugues, inglês,espanhol, italiano

14%

43%

29%

14%

Tempo de IBM

10 a 15 anos

15 a 20 anos

20 a 25 anos

Acima de 30 anos

Page 138: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

137

6.3.2 Diferenças culturais percebidas pelos líderes globais

Para Dickson, Den Hartog e Castaño (2009), o líder global precisa expandir seus

conhecimentos sobre a cultura de outros países para aumentar suas operações globais e

para facilitar suas relações com um número maior de stakeholders. Consequentemente,

ele consegue melhorar seu processo de decisão, uma vez que tem o entendimento de

outras culturas. Os autores comentam que uma abordagem útil para se estudar liderança

cross-cultural é por meio da identificação e da medição de dimensões culturais. Nota-

se, pelas falas a seguir, que o líder global da IBM possui conhecimento, está atento e é

sensível às diferenças culturais de outros países.

O latino, por exemplo, gosta desse contato pessoal; então, é importante visitar

esses países; eu sempre faço isso; pelo menos uma vez a cada três messes, eu

visito os meus times que não estão no Brasil. Minha base é o Brasil. Esse

contato mais próximo também é importante aqui. (Entrevistado A7)

O latino é indisciplinado. Acho que, ainda, além de ter a ferramenta, a gente

precisa é de um gerente de projeto capacitado, e a disciplina das pessoas que

executam. A disciplina, na execução, sinceramente, hoje, é um dos grandes

desafios para nós, aqui ou em qualquer parte do mundo. Especialmente, na

América Latina, porque as pessoas são indisciplinadas. (Entrevistado A7)

O mexicano tem dificuldade de mudar. O mexicano fala sempre: porque a

nossa cultura é assim. E vira desculpa para não mudar a cultura. E eu

questiono isso. Eu falo que todos nós, especialmente a liderança, precisamos

assimilar certas coisas. Às vezes, é uma maneira IBM; às vezes, é uma

maneira corporativa; às vezes, é uma maneira latina ou americana. E isso é

uma coisa boa, mudar a minha cultura. (Entrevistado A6)

O brasileiro não é pontual. Eu vim trabalhar na IBM em Hortolândia, depois

de trabalhar 26 anos nos Estados Unidos, e tive um choque cultural quanto à

pontualidade dos brasileiros. Agendei uma reunião operacional para as 10

horas da manhã, e não tinha ninguém na sala. Manhã. Fui questionado se eu

havia esquecido como era o brasileiro. Somente após 25 minutos a reunião

começou; ainda assim, não estavam todas as pessoas convocadas presente.

Teve até uma pessoa que chegou 10:55. Então, é um exemplo da nossa

cultura latina, que é muito assim. Aí falei que, nos Estados, não era assim,

mas vocês podem assimilar, podem adaptar, pois somos todos humanos.

(Entrevistado A5)

O americano lida melhor com pressão do que o argentino e brasileiro.

Dependendo da cultura, não dá pra lidar com pressão e intimidação. O

americano, ele é mais forte, então, aceita, mas o brasileiro, o argentino

começa a bater muito cabeça, e não dá certo. (Entrevistado A6).

Os líderes brasileiros, argentinos e mexicanos não são humildes. Existe falta

de humildade da liderança na Argentina, Brasil e no México. Na Índia,

também, mas não tanto. A Índia é um país com um pessoal mais sofrido, e

eles são mais americanizados, apesar da distância, pela linguagem, o inglês,

eles falam. (Entrevistado A6)

O brasileiro brinca muito. Brasileiro é muito brincalhão; então, para algumas

Page 139: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

138

culturas, é desrespeito, e você tem que ser extremamente formal e não pode

falar determinadas palavras. Brasileiro é bem difícil, às vezes, neste aspecto;

sotaque é um problema para alguns. Por exemplo, algumas culturas não

gostam de sentir sotaque de outra cultura similar, e mais ou menos metade da

população da IBM é focada nesses serviços globais, e metade, no mercado

doméstico. (Dados B1)

Os latinos e indianos gostam mais de ter contatos pessoais do que os alemães.

O pessoal da América Latina gosta de ter um contato pessoal O alemão é um

pouco mais frio. Na Índia, eles gostam também de ter um contato mais

pessoal, e gostam muito de saber quem é a pessoa, e querem conhecer a

pessoa. (Entrevistado A1)

De acordo com Brannen et al. (2004), os gestores globais irão gerenciar melhor

as pessoas no ambiente de complexidade se eles realizarem a leitura de mapas culturais

e se tomarem decisões a partir deles. Acrescenta-se que mapas de culturas nunca vão

cobrir todas as informações que um gestor precisa saber sobre as pessoas em diferentes

contextos, e alguns mapas podem conter informações que estão desatualizadas ou

imprecisas em alguns detalhes. No entanto, numa situação global complexa, algum

mapa é melhor do que nenhum mapa.

Por outro lado, Leung et al. (2005) argumentam que, em todas as culturas,

existem subgrupos de pessoas que possuem crenças diferentes das que são mapeadas,

como tendo um tipo específico de cultura, pois existem outras fontes de autoidentidade,

tais como afiliação educacional ou profissional, que podem desempenhar um papel

muito mais forte na definição de quem são, doo que os motiva pessoalmente e de quais

valores têm.

Conclui-se que mapas culturais, apesar das suas limitações, poderão ser úteis

para se sensibilizar e para desenvolver os líderes globais nas diferenças culturais entre

países.

6.3.3 Percepção dos líderes globais das diferenças entre líderes locais e globais

Os líderes globais da IBM percebem como sendo diferente a atuação de um líder

local e de um líder global. Para eles, os líderes globais precisam lidar com várias

culturas, assimilar as diferenças, tanto do cliente como dos funcionários e do ambiente,

e gerir equipes remotas. Ele precisa aprender outros idiomas e ter uma comunicação

mais clara. Essas diferenças tornam mais complexa a atuação do líder global, em

relação à do líder local.

Page 140: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

139

Eu diria que sim, claro, existe diferenças entre um líder global e um líder

local. Os estilos de liderança são diferentes e vão depender; cada um tem seu

estilo de liderança; não diria que é mais fácil ou menos fácil; não é isso. Você

lidar com mais de uma cultura é mais complexo, obviamente, então, existem

diferenças básicas, tanto que você precisa saber lidar com grupos que não

estão ao seu redor, entender a cultura dos países; a língua pode ser uma

barreira na questão do entendimento, então, você precisa ter mais paciência,

muitas vezes, tentando entender as dificuldades do outro. Hoje, existem

ferramentas boas, como a telepresença, que é fantástico, e isso facilita a

questão da comunicação e aproxima pessoas. (Entrevistado A7)

Começa pelo aspecto cultural; você pega um país que tem uma cultura mais

próxima, fica mais fácil, mas se você pega um país com cultura muito

diferente, é mais difícil. (Entrevistado A1)

Diferenças fundamentais: a cultura, a comunicação, a distância. Basicamente,

isso, não está ocorrendo nada diferente disso. (Entrevistado A4)

Eu acho, assim, no ponto de liderança, talvez, não tenha diferença, porque eu

acho que liderança você põe em exercício localmente, globalmente; você vai

exercer de acordo com seu perfil de liderança. Eu acho que a diferença que

existe aí é como lidar com outras culturas, porque, como as coisas funcionam

no Brasil, nós sabemos mais ou menos. (Entrevistado A2)

O líder global tem como primeira suposição conhecer outras culturas, liderar

pessoas de outras regiões do mundo; então, o líder global precisa fazer a

gestão de pessoas, que inclui gestão de performance, coaching, acompanhar e

garantir que as pessoas entendam o que é esperado delas; acompanhar o

resultado das pessoas que trabalham em uma operação que pode estar

descentralizada, com gente em várias regiões. (Entrevistado A3)

O líder global e local é muito diferente. O líder global é uma pessoa que

consegue assimilar as diferenças, tanto do cliente como dos funcionários ou

do ambiente. Ele precisa aprender outros idiomas e mudar a maneira de falar

até o inglês, para adaptar. Não pode falar o inglês, com os mexicanos, como

se estivesse no Texas ou em Nova York. Acho que essas diferenças são

psicológicas, na maneira de agir, de falar, de articular as coisas, na atitude

das pessoas. (Entrevistado A6)

A pessoa não precisa saber de tecnologia; ela precisa saber liderar as pessoas,

dar o direcionamento e fazer com que o seu time caminhe para chegar àquele

objetivo em comum. A única diferença de um local para o global é realmente

saber lidar com as culturas, que são diferentes, e com uma comunicação mais

clara, porque o resto acaba ficando muito igual. É saber liderar, é saber

conduzir uma equipe, é saber onde você quer chegar, como que você vai

fazer, quais são os caminhos para chegar lá, saber negociar e usar toda a sua

rede de network para fazer com que aquele objetivo seja atingido.

(Entrevistado A4)

Pelas falas citadas acima, parece que os entrevistados concordam com Lane et

al. (2004), com Osland, Joyce e Bird (2006) e com Mendenhall et al. (2012) no que diz

respeito às diferencas percebidas entre um líder local e um líder global, as quais se

suportam principalmente nas diferenças de contexto geradas pela diversidade surgida,

quando o líder é o responsável pela gestão de pessoas em vários países. Assim, acredita-

Page 141: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

140

se que existe maior complexidade no trabalho do líder global. Em função disso, são

necessárias competências diferentes para sua a sua atuação profissional.

Lane et al. (2004) apontam que a liderança global difere da liderança local em

relação a questões como: conectividade; alargamento das fronteiras; complexidade;

desafios éticos; administração de tensões e paradoxos; reconhecimento de padrões;

liderança dos esforços de mudança em larga escala; e gestão da diversidade, para

construir ambientes de aprendizagem eficazes de equipes e de comunidades.

Os pesquisadores parecem concordar sobre o fato de ser a liderança global

significativamente diferente da liderança local, devido à importância do contexto. As

características do contexto global parecem exercer maior influência para a liderança do

que em contextos locais (MENDENHALL et al., 2012).

O termo “global”, em liderança global, abrange, pois, mais do que o simples

alcance geográfico, em termos de operação do negócio. Inclui também a noção do

alcance cultural, em termos de pessoas, e do alcance intelectual, no desenvolvimento de

uma mentalidade global (OSLAND; JOYCE; BIRD, 2006).

6.3.4 Trajetória de carreira dos líderes globais da IBM

A maioria dos líderes globais da IBM começou sua carreira profissional como

estagiário, na própria IBM. Um dos líderes trabalhou vários anos na IBM dos Estados

Unidos e, quando se aposentou, foi novamente contratado para trabalhar na IBM Brasil.

Outro trabalhou por alguns anos em Londres e, após quatro anos, voltou para o Brasil e

foi trabalhar na IBM. Um dos entrevistados trabalhou vários anos em grandes empresas

de tecnologia nacional, até entrar na IBM como líder.

Entrei na IBM, em 1998, como estagiário, com um grupo de 20 estagiários.

Desde então, trabalho na parte de TI de infraestrutura. Hoje, sou responsável

por toda infraestrutura da América Latina; tenho mais de 4000 pessoas como

subordinados. (Entrevistado A1)

Eu comecei na IBM, como estagiário, na área de finanças; depois de quase

dois anos, fui para a área de TI. Depois de quatro anos lá, e, depois, eu fui

convidado para participar Delivery Center global aqui, e tive oportunidade de

gerenciar. (Entrevistado A2)

Entrei como estagiária na IBM, e trabalhei em vendas, gestão de uma área

técnica e em Recursos Humanos. E, dentro de Recursos Humanos, estive em

todas as áreas de Recursos Humanos. (Entrevistado A3)

Eu entrei na IBM em 2003, como estagiária; entrei em março; em dezembro,

eu fui efetivada; eu entrei na área de banco de dados; eu era técnica de banco

Page 142: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

141

de dados para clientes no Brasil. Depois de dois anos, eu já era coordenadora

da equipe; em 2006, eu tive a primeira designação gerencial na IBM.

(Entrevistado A4)

Comecei a trabalhar com quatorze anos. Trabalhei no Banco do Brasil, Banco

Itaú. Fui trabalhar nos Estados Unidos, para aprender inglês e fazer um curso

de dois anos de programação de computação. Em 1983, comecei a trabalhar

na IBM, nos Estados Unidos, como operador de computação de computador.

Em 1988, fui trabalhar no Colorado, em uma divisão de software que tinha

em Nova Jersey, Nova Iorque, que foi transferida para o Colorado. Em 1991,

cheguei a analista, e, depois, comecei a carreira de líder. Em 2008, depois, é,

25, 26 anos, eu voltei para o Brasil. Em 2013, eu aposentei, mas continuei a

trabalhar, e fui trabalhar no México. Esse mês agora fez 32 anos que trabalho

na IBM. (Entrevistado A6)

Comecei minha carreira na Prodesp, como estagiaria; fui ser analista de

software, quando comecei minha carreira na área de informática. Fiquei na

Prodesp por 4 anos, e saí dali com uma formação sólida na parte de

infraestrutura de TI, e fui trabalhar na São Paulo Alpargatas, onde trabalhei

por volta de 5 anos, e lá eu tive minha primeira designação como gerente.

Depois, fui para a Proceda, e fiquei 6 anos trabalhando com toda a área de

redes, e fui me especializando em redes suporte e infraestrutura de redes. Na

Proceda, eu supervisionava um grupo de suporte de redes, operações

manutenção de campo, que incluía 500 funcionários. Aí, entrei na IBM

praticamente com o mesmo escopo da Proceda, (Entrevistado A7)

Saí do Brasil, em 1990, e fui para Londres trabalhar. Era o final da reserva de

mercado na área de informática, e eu trabalhava em uma empresa de

informática; então, sai daqui, do Brasil, em um mercado que estava

completamente defasado pela reserva de mercado na área de informática, que

acabou atrasando a evolução tecnológica do Brasil; lá, encontrei um mercado

aberto. Quando voltei, em 1994, já encontrei um Brasil diferente, e fui

trabalhar na IBM. (Entrevistado A5)

6.3.5 Responsabilidade atual dos líderes globais da IBM

O Brasil suporta várias operações em outros centros mundiais, em vários países.

Os líderes globais entrevistados são responsáveis principalmente por operações na

América Latina, englobando: México, Brasil, Argentina, Equador, Venezuela, Chile,

Peru e Colômbia. Alguns têm subordinados diretos na América Latina e na Índia.

O Brasil suporta várias operações em outros centros mundiais; têm muitas

oportunidades dos funcionários trabalharem com times diversos. (Dados B1)

Eu tenho clientes em todos os países da América Latina, Europa e nos

Estados Unidos, e tenho subordinados diretos no Brasil e Índia. (Entrevistado

A1)

Nessa posição agora, estou há 6 anos. Hoje, sou responsável por quase 9000

pessoas na América Latina. Os países que sou responsável: México, Brasil,

Argentina, Equador, Venezuela, Chile, Peru e Colômbia. Nessa minha

função, hoje, nós temos 50% do meu grupo no Brasil e no México, a gente

Page 143: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

142

exporta serviços. Os outros 50% desses dois países a gente fornece serviços

para os negócios; esse é um perfil mais de contato doméstico dentro dos

países; então, meu contato é de prestação de serviços para os outros países. A

minha linha de reporte mais forte encontra-se nos Estados Unidos. Têm dois

centros que gerenciam todos os centros de delivery do mundo, nessa parte de

consultoria e manutenção de sistemas. Um fica em Dublin, e o outro,

Singapura. A América Latina responde para o centro de Dublin, mas é uma

estrutura matricial. (Entrevistado A7)

Hoje, eu sou diretor das operações das Américas, da área de pós-venda. Eu

tenho um time grande, aproximadamente 2000 pessoas que estão aqui no

Brasil e também nas Filipinas e Canadá, Europa, na Ásia, nos Estados

Unidos, no México. Sou responsável por uma parte da América do Norte e

por toda América Latina. (Entrevistado A2)

Nesse momento, eu estou numa missão global, que é um trabalho em um

time global, com todas as geografias e todas as unidades de negócios dentro

de uma dimensão específica, que é a área de telemarking. Nós temos um

objetivo mundial, dentro da área de telemarking, a ser atingido, e esse

objetivo obedece algumas regras. Temos target por unidades de negócios, por

geografia; eu estou dentro do time, não sou a única pessoa para fazer isso

acontecer. Eu estava em outra área de consultoria; me chamaram para esse

projeto, para ajudar o time que estava lá a organizar essa área, para ter uma

voz de comando junto às unidades de negócios, junto aos TIs. (Entrevistado

A5)

Hoje, eu sou responsável pela área de operações de América Latina. A área

de operações é uma área que faz o meio de campo entre finanças e o business

principal. Tem um time que cuida da parte de tecnologia, e tem o time

financeiro, que cuida das contas. Eu garanto que tenha um equilíbrio entre

essas duas áreas. Então, temos que tomar decisões estratégicas, onde vamos

investir, gastar isso para a América Latina. (Entrevistado A4)

Tem várias áreas comigo. Tenho dois gerentes aqui, no Brasil, na área de

projetos; eu também tenho um time de gerência de projetos comigo. Eu tenho

uma pessoa, um gerente comercial no Brasil, e mais três pessoas, são oito

pessoas diretamente comigo. E indireto, vou falar, mais ou menos, umas 70,

80 pessoas. (Entrevistado A4)

Sou responsável pela América Latina inteira, compreendendo oito países:

Chile, Colômbia, Equador, Venezuela, Argentina, Peru, Brasil e México.

(Entrevistado A4)

Acredita-se que, pelas responsabilidades mencionadas acima, os líderes globais

da IBM atuam realmente como um líder global, pois a liderança global foi conceituada

como sendo um processo que reflete como um indivíduo se engaja e cumpre funções e

responsabilidades globais, além de qual a natureza e a qualidade das relações que o líder

mantém com as pessoas ao seu redor, em um contexto global, e de quais são os

mecanismos usados pelo líder para exercer influência. Além disso, é importante

considerar a distinção entre a liderança local e o líder global.

Liderança global é o processo que envolve vários países, vários membros e

diversas partes interessadas, em condições de diversas culturas, com complexidade

Page 144: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

143

geográfica, alta multiplicidade, volatilidade, incerteza, ambiguidade, interdependência e

precariedade. A liderança global precisa influenciar os membros da organização e as

partes interessadas, para a identificação e a realização da visão e das metas

organizacionais. Um líder global é a posição de um único indivíduo, o qual possui a

responsabilidade pelo processo de liderança global.

6.4 Síntese

A IBM é uma empresa global fundada, no final do século XIX, nos Estados Unidos.

Começou a atuar no Brasil em 1917, ainda funcionando com o nome de Computing

Tabulating Recording Company. Em 1939, foi inaugurada a primeira fábrica IBM na

América do Sul, em Benfica, no Rio de Janeiro. Em 1949, a companhia passou a

funcionar diretamente no Brasil, com o nome de IBM World Trade.

Hoje, a IBM é uma empresa complexa, que trabalha em estruturas matriciais. É

uma das maiores empresas de tecnologia da informação do mundo, e fornece soluções

completas de TI, que envolvem serviços, consultoria, hardware, software e

financiamento. Está presente em mais de 170 países e opera no modelo de empresa

globalmente integrada, empregando cerca de 400 mil pessoas em todo o mundo. Em

2010, a empresa atingiu um faturamento global de US$ 99,9 bilhões.

Ao longo dos últimos anos, a IBM transformou completamente seu modelo de

negócio. O tipo de trabalho que a empresa pode realizar hoje é muito diferente do

trabalho de alguns anos atrás. A IBM se desfez de várias atividades que já tinham se

transformado em commodities, como os segmentos de PCs e impressoras, e ampliou os

investimentos em áreas-chave de alto valor, como consultoria, informação on demand e

serviços.

Na IBM, espera-se que qualquer funcionário exerça liderança; e não existe a

ideia de que somente o chefe é um líder. A liderança está nas competências de todos os

funcionários da IBM. Porém, parece que os níveis de complexidades de

desenvolvimento que o líder global vivência, de novato a expert, são levados em

consideração.

O sistema de recrutamento e de seleção interno da IBM é realizado globalmente;

as responsabilidades estão muito bem definidas, e as carreiras são globais também. A

IBM valoriza a carreira técnica tanto quanto a gerencial, e tem vários níveis gerenciais.

O trabalho é por projeto, com duração de seis a três anos, e com interação em vários

Page 145: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

144

países. Os funcionários podem se mudar para outros países para trabalharem e não são

considerados expatriados: quando terminam o projeto, voltam para o país de origem.

Ainda, o funcionário pode também obter licença no seu país de origem para ser

contratado no país em que vai trabalhar; depois, se desejar, pode voltar. Na IBM, todas

as oportunidades são divulgadas em todos os países, e todos os funcionários podem se

candidatar a tais vagas.

O sistema de avaliação de performance é realizado anualmente, e contempla os

itens: demonstrar os valores da IBM, seguir as condutas e as normas da IBM,

autodesenvolvimento, trabalho com o seu time, qualidade da prestação de serviços aos

clientes, cumprimento das metas, dos prazos e dos custos estabelecidos. Os líderes

globais realizam a avalição de todos os seus subordinados, mesmo daqueles que estão

em outros países. Para os líderes, acrescentam-se itens de desenvolvimento da equipe,

de cumprimento dos objetivos pela equipe e de avaliação da equipe. Depois de serem

realizadas, existem reuniões para o balizamento das avaliações. Os funcionários avaliam

seus líderes de maneira informal.

Os líderes realizam, mensalmente, acompanhamento formal dos seus

subordinados. Na realização de acompanhamento dos funcionários que estão em outros

países, os líderes globais têm o suporte de um funcionário que está no mesmo local de

trabalho do funcionário, e reuniões semanais não realizadas.

Os talentos são descobertos pelos líderes, com o do reconhecimento dos pares,

dos parceiros e da comunidade da IBM. Existem vários programas para se identificar

talentos: para o nível executivo, para técnicos, para mulheres, para negros e para LGT.

O sistema de planejamento de sucessão é realizado globalmente, uma vez que o sistema

de carreira é global; parece que a possibilidade de uma carreira internacional e a IBM

ter várias áreas de negócios motiva os funcionários. A IBM tem um sistema de avalição

de talentos para liderança que é global e integrado. Começa nos níveis mais baixos, e

vai afunilando, até chegar nos possíveis talentos para se assumir a presidência.

Parece que os líderes globais da IBM consideram que a empresa tem um bom

ambiente de trabalho, o que possibilita ter flexibilidade; e isso favorece o equilíbrio

entre a vida profissional e a pessoal. Eles percebem o ambiente de trabalho como

desafiador, de cooperação, de intensa aprendizagem e transformação, o que possibilita o

crescimento.

O maior desafio verbalizado pelos líderes lobais da IBM foi entender e lidar com

as diferenças culturais. Outro grande desafio citado pelos líderes globais da IBM foi a

Page 146: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

145

necessidade de se lidar com vários fusos horários e de se trabalhar em horários não

triviais. Mencionou-se que realizar a gestão de equipes remotas também não é fácil,

especialmente na realização da avaliação de performance, pela diferença de critérios

adotados, em função da cultura de cada país. Ainda, é difícil lidar com a

competitividade entre as pessoas de países diferentes, em uma mesma equipe, e com a

falta de sensibilidade da matriz em relação à cultura local.

Os líderes globais da IBM percebem como sendo diferente a atuação de um líder

local da de um líder global. Para eles, os líderes globais precisam lidar com várias

culturas, assimilar as diferenças, tanto do cliente como dos funcionários e do ambiente,

e gerir equipes remotas. Ele precisa aprender outros idiomas e ter uma comunicação

mais clara. Essas diferenças tornam mais complexa a atuação do líder global, em

relação ao líder local.

A questão das constantes viagens internacionais e, consequentemente, de se ter

qualidade de vida também foi citada pelos líderes como desafio do seu ambiente de

trabalho. A tecnologia foi apontada como um dos fatores que dificulta os líderes globais

terem qualidade de vida. Na IBM, os funcionários aprendem a estabelecer seus próprios

limites, através do autoconhecimento, para melhorar a sua qualidade de vida.

Por último, foram citados pelos líderes da IBM outros desafios, em menor

escala: lidar com a mudança de pensamento gerada pelo mundo global, ter pessoas

disciplinadas para seguir os processos, lembrar-se do nome das pessoas e cumprir o

orçamento anual.

A população de líderes globais entrevistados da IBM é jovem, sendo igualitária

na distribuição de gênero. Trabalham na IBM entre 15 a 25 anos. Eles têm uma

diversidade enorme na graduação, possuem, no mínimo, uma pós-graduação e fluência

em português e em inglês. Todos os entrevistados são brasileiros, sendo que dois deles

possuem dupla cidadania: brasileiro e italiano, e brasileiro e espanhol.

Os líderes globais da IBM parecem ter conhecimento e estarem atentos e

sensíveis às diferenças culturais de outros países. Para eles, os latinos e os indianos são

pessoas que gostam de ter contatos interpessoais. No entanto, os latinos são vistos como

indisciplinados. Para os entrevistados, os brasileiros brincam muito e não são pontuais,

e isso tem conotação negativa. Na percepção deles, os mexicanos têm dificuldade para

mudar; e o americano lida melhor com a pressão do que o argentino e o brasileiro. Os

líderes brasileiros, argentinos e mexicanos são vistos como tendo falta de humildade.

Page 147: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

146

A maioria dos líderes globais da IBM começou sua carreira profissional como

estagiário, na IBM. Atualmente, os líderes globais entrevistados são responsáveis,

principalmente, por operações na América Latina, englobando os seguintes países:

México, Brasil, Argentina, Equador, Venezuela, Chile, Peru e Colômbia. Além disso,

alguns possuem subordinados diretos na América Latina e na Índia.

Page 148: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

147

7 AS COMPETÊNCIAS E AS ESTRATÉGIAS PARA O DESENVOLVIMENTO

DOS LÍDERES GLOBAIS DA IBM

7.1 Introdução

Mendenhal et al. (2013) comentam que há evidências para fazer uma distinção

entre líderes locais e líderes globais. Para eles, a diferença está firmemente enraizada

em um contexto que é qualitativamente diferente. Como apresentado no capítulo

anterior, evidente é que realmente existem diferenças entre as atuações dos líderes

locais e dos globais. Devido a isso, os líderes globais requerem um conjunto diferente

de competências e uma abordagem diferente para o seu desenvolvimento.

O principal objetivo deste capítulo é, assim, apresentar as competências

percebidas como essenciais para uma atuação global pelos líderes da IBM, bem como

quais estratégias de desenvolvimento são usadas por essa empresa para o

desenvolvimento dos seus líderes globais.

7.2 As competências do líder global da IBM

Falou-se muito que o líder global, para ter sucesso no seu trabalho, tem de ter

facilidade em estabelecer contatos interpessoais, tem de gostar e de valorizar as pessoas.

Você precisa ter um bom nível de relacionamento, que seja porque você não

vive sozinho; você precisa ter aliados nas outras áreas. Não adianta você ficar

dentro de uma redoma, porque não vai ter sucesso. Mesmo o gestor de

projetos precisa gostar de gente. (Entrevistado A7)

Você pode ser um ótimo técnico, com conhecimento fantástico, mas, se ele

não consegue se relacionar com seus pares, ou com líderes de outras

unidades, você está morto; você não vai ter sucesso. (Entrevistado A7)

Às vezes, você encontra pessoas que estão indo para uma carreira gerencial

porque acham que podem ter um crescimento mais rápido, mas o crescimento

mais rápido pode ser uma frustação, porque, se você não agir bem, se você

não trabalhar bem com as pessoas, você vai falhar. A pergunta que me

fizeram quando me tornei gerente era se gostava de gente. (Entrevistado A2)

Sempre gostei muito de trabalhar com pessoas. Não somente realizar um

trabalho bem feito, mas um relacionamento com as pessoas, entender se está

tudo bem; eu quero que o trabalho e a vida pessoal das pessoas estejam em

sintonia e em harmonia. (Entrevistado A2)

Um indiano não teve uma liderança eficaz no México, pois não sabia lidar

com as pessoas; ele era muito bruto com elas. Não estou chamando ele de

bruto, mas mais agressivo, mais intimista. (Entrevistado A6)

Page 149: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

148

Eu vou começar a me referir às pessoas pelo nome. Então, eu marcava os

nomes de todo mundo que estava na reunião; eu acho que, se não mencionava

o nome da pessoa, a tendência dela era esquecer o trabalho. São coisas

pequenas que ajudam. (Entrevistado A6)

A capacidade de relacionamento, que tipo de resultado que foi atingido,

como que as pessoas percebem ela no ambiente de trabalho, como que é o

relacionamento com os funcionários, como que é o relacionamento com os

pares, como que é o relacionamento com os chefes. (Entrevistado A4)

Eu sempre falo para minha equipe que nós temos dois agentes. Temos os

clientes e as pessoas, e temos que cuidar bem deles, porque o resto vai

sozinho. (Entrevistado A1)

Às vezes, a língua atrapalha; tem pessoas de vários países, e a gente usa o

inglês como idioma padrão que, normalmente, não é língua nativa de

ninguém. Às vezes, uma pessoa fala mais rápido ou mais devagar; é natural.

Se você é uma pessoa nova no time, fica mais acanhada de fazer perguntas; o

papel do líder é ajudar a colocar essa pessoa; ajudar no contexto, seja na

reunião, seja nos projetos; enfim, isso também faz muita diferença; acolhida

que você dá para pessoa. (Entrevistado A1)

Tem que gostar de gente; precisa amar gente. Nosso negócio, a matéria prima

é gente, então, precisa gostar de gente. (Entrevistado A7)

A personalidade é formada por características relativamente estáveis, que são

únicas para cada indivíduo. Diferenças de personalidade entre indivíduos podem ser

conectadas a vários fatores, como biográficos, físicos, emocionais e psicológicos. As

pessoas têm características estáveis, refletidas em traços de personalidade, que podem

ajudar os gestores a manterem em mente que alguns padrões, em seu próprio

comportamento e no das pessoas com quem trabalha, podem ser mais fáceis de aceitar e

de propiciar uma mudança.

Os traços de personalidade do Big five, de extroversão e de amabilidade,

auxiliam os líderes globais a terem facilidade para estabelecerem contatos interpessoais,

gostarem e valorizarem as pessoas, pois a extroversão reflete o nível de conforto de um

indivíduo com novos relacionamentos, como esse indivíduo interage com outras

pessoas. Os extrovertidos tendem a ser sociáveis, faladores, assertivos, agressivos,

excitáveis e ativos. Já amabilidade refere-se à capacidade do indivíduo em lidar com os

outros. Alta amabilidade refere-se ao grau em que alguém está confiante, bem-

humorado, complacente, modesto, gentil e cooperativo.

Da mesma forma, o modelo do Big five foi usado por Jabeen, Cherian e Pech

(2012) para investigar a influência de traços de personalidade sobre a eficácia da

Page 150: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

149

liderança de expatriados que trabalhavam nos Emirados Árabes, e extroversão foi a

variável mais consistente de liderança, em diferentes contextos de estudo.

Caligiuri e Tarique (2009) e Caligiuri e Tarique (2012) também pesquisaram

para prever a eficácia nas atividades de liderança global. Foi realizado um estudo com

vários líderes globais, e descobriram que os líderes altamente extrovertidos, com grande

número de experiências de desenvolvimento de liderança transculturais, são os mais

eficazes em atividades de liderança global.

Outra característica muito apontada pelos líderes globais da IBM foi a

flexibilidade, para entender diferentes pontos de vista, para a adaptação a outras culturas

e para adaptar pensamentos.

Sentir que você, quando tiver certo, vai colocar o seu ponto, mas, quando

tiver errado, por alguma razão, aí você vai falar: olha, eu estava errado, eu

acho que a gente poderia fazer isso de uma outra forma, e vamos seguir em

frente. Tem que ser flexível. (Entrevistado A2)

Um ótimo líder, do ponto de vista comportamental, tem que ter flexibilidade.

(Entrevistado A3)

Também ter flexibilidade para aceitar algumas regras; essa temporada você

vai trabalhar à noite, porque você está nesse projeto e você se compromissou.

(Entrevistado A5)

Flexibilidade para entender diferentes pontos de vista. (Entrevistado A3)

Eu acho que, então, essa flexibilidade, essa forma de você adaptar seu

pensamento é importante. (Entrevistado A3)

Ter flexibilidade para adaptar outras culturas, para adaptar a horários mais

malucos possíveis. Eu fazia call só à noite, porque estava tocando projetos do

outro lado e tinha que interagir com pessoas durante o dia. (Entrevistado A5)

A adaptabilidade também foi considerada como sendo uma característica

importante para os entrevistados, não somente para o líder, mas também para a sua

família.

Elas têm a probabilidade de adaptar mais fácil. (Entrevistado A1)

Então, essa pessoa é uma pessoa que não se adaptou ao país e manteve a

maneira de liderança de onde ele estava, na Índia, diferentes. (Entrevistado

A6)

Capacidade de adaptação, mas ela tem várias facetas, desde você adaptar à

comida do local; se você não alimentar bem, dormir bem, você não está bem.

(Entrevistado A5)

Page 151: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

150

Tem de existir a adaptação do seu estilo ao estilo do time que você vai

liderar. O latino, por exemplo, gosta desse contato pessoal; então, é

importante, de vez em quando, você visitar esses países; eu sempre faço isso,

pelo menos uma vez a cada três messes; eu visitar os meus times que não

estão no Brasil. Minha base é o Brasil. Esse contato mais próximo é

importante. (Entrevistado A7)

Quando fui para E.U.A., eu levei todo mundo, meu filho tinha 4 meses de

idade e era a melhor decisão; quando fui para China, não levei todo mundo;

tinha casado novamente; meus filhos estavam na escola e não era hora de

tirar da escola; tive que montar um esquema para me relacionar com eles,

porque, na China, não dá para você ir toda hora e voltar. Quando começava

Skype, tive que montar horário para falar com eles, horário para lidar com

banco, para falar com meus pais, que já são de idade. Essa capacidade de

você se adaptar é muito importante, porque tem muita gente que chega lá e

não aguenta; eu tive vários colegas que a família não se adaptou, e teve que

voltar a adiar os planos, porque a família não se adaptou. (Entrevistado A5)

Teve um caso de um chefe que tinha tudo para ir para uma posição boa, mas

ele teve que assumir outra posição, porque o filho e a esposa foram para a

China e não adaptaram. O menino teve uma infecção de ouvido e não

melhorava, na China, não sei se era psicológico, mas a família voltou

Inglaterra. Ele teve que mudar porque família não adaptou para ele continuar

a carreira global dele. (Entrevistado A5)

Pessoas que adoram viajar, que têm interesse em conhecer outros países, são

curiosas, pesquisam mais e possuem vontade e aptidão para morar fora do país; tais

características favorecem uma pessoa a ter uma responsabilidade global.

A diferença está nas pessoas que nasceram para ter um pé fora do Brasil;

pessoas que adoram viajar, adoram, adoro saber o que que acontece do outro

lado do mundo; essas pessoas não têm mais facilidade por ser curiosas nesses

assuntos; elas vão acabar pesquisando mais, então, por exemplo, ação, ela vai

pesquisar, por exemplo, sobre Londres, antes de ir para lá. (Entrevistado A1)

A pessoa tem que ter mobilidade. (Entrevistado A5)

Acho que essa pessoa que tem mais a vontade, aptidão de morar fora do país

(Entrevistado A1)

Para os entrevistados, os líderes globais necessitam de ter sensibilidade para

entenderem as individualidades, além de ter mente aberta.

Sensibilidade, para você conseguir entender as individualidades, diferentes

pontos de vistas, para você realmente conseguir captar tudo que você está

obtendo dessa relação com o seu time. (Entrevistado A3)

As pessoas vão trabalhar fora do seu país, têm o objetivo que eles

desenvolvam esse trato com pessoas de outras culturas, com outros países,

com outras regras; e, quando eles voltem, eles têm uma visão mais aberta.

(Entrevistado A2)

Page 152: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

151

Eu acho que um líder global tem que ter mente aberta, porque você vai ver

coisas diferentes; então, não pode achar que sua visão está certa sempre,

porque existem vários pontos de vista para as coisas, principalmente quando

você está falando de culturas diferentes. (Entrevistado A2)

O fator de personalidade do Big five abertura à experiência reflete o grau de

rigidez de uma pessoa nas crenças e nos interesses. Indivíduos com altos níveis nessa

dimensão tendem a ser intelectuais, imaginativos, criativos, artísticos, curiosos,

sensíveis e de mente aberta. Eles são susceptíveis e apresentam interesse em aprender e

em adquirir conhecimento profissional, e tendem a se ajustar bem a novas exigências e

tarefas.

A abertura à experiência está relacionada à abertura a novas culturas. Esse fator

colabora para que os líderes tenham flexibilidade para entender diferentes pontos de

vista, para se adaptar a outras culturas, para adaptar pensamentos, para ter sensibilidade

para entender as individualidades, para ter a mente aberta.

Winsboroug e Hogan (2014) constatam que os principais líderes são

significativamente diferentes da população em geral, no que tange à personalidade, mas

bastante semelhantes entre si. Em geral, os principais líderes eram mais

emocionalmente estáveis e muito mais competitivos, ambiciosos, extrovertidos e bem

informados do que a pessoa média da população.

Acredita-se que uma alta inteligência emocional também colabora para que os

líderes globais tenham as características citadas acima. Salovey Mayer (1990) define a

inteligência emocional como o subconjunto da inteligência social que envolve a

capacidade de monitorar os próprios sentimentos e as emoções dos outros, para

discriminá-los e para usar essa informação com o objetivo de guiar o pensamento e as

ações.

A inteligência emocional foi popularizada por Goleman (1996). Esse autor

menciona que os componentes da EI no trabalho são: autoconhecimento,

autorregulação, motivação, empatia e habilidade social.

Autoconhecimento é a capacidade de reconhecer e de compreender seus

humores, suas emoções e unidades, bem como o seu efeito sobre os outros.

Autorregulação é a capacidade de controlar ou de redirecionar impulsos

destrutivos, e a propensão para suspender julgamentos e pensar antes de agir.

Page 153: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

152

Motivação é a paixão para o trabalho, por motivos que vão além do dinheiro

ou do status, e uma propensão para se perseguir objetivos com energia e

persistência.

Empatia é a capacidade de entender o emocional de outras pessoas e a

habilidade em tratar as pessoas de acordo com suas reações emocionais.

Habilidade social é a proficiência em construção e em gestão de

relacionamentos.

Supõe-se que essas características são a base para o desenvolvimento das

competências, que serão apresentadas na sequência. Elas facilitam para que os líderes

globais tenham uma boa comunicação, lidem bem com a diversidade cultural, realizem

a gestão de equipes remotas, construam networking e parcerias, influenciam e negociem

de maneira eficaz.

7.2.1 Competências

Falar vários idiomas foi considerado como ponto importante para as líderes

globais da IBM. No entanto, essa competência deve ser considerada juntamente com

uma boa comunicação, não bastando somente ter fluência em outros idiomas.

Minha fluência foi adquirida pela necessidade de falar inglês no trabalho,

através de cursos e no dia a dia, no trabalho. Tive inglês na escola e, depois,

aulas particulares, por 2 anos. (Entrevistado A1)

Eu falo mais fluente o inglês e um pouco do espanhol. Sempre estudei inglês,

mas tina muita dificuldade. E, trabalhando para uma empresa internacional,

ou eu falo inglês ou eu falo inglês, não tem muito jeito. Então, tive uma ajuda

absolutamente fundamental para mim passar, fiquei dois anos nos EUA. Meu

inglês não é perfeito, mas eu consigo me comunicar muito bem; claro, tem

que haver um desenvolvimento constante, mas, de alguma forma, cheguei

onde cheguei porque, de alguma forma, consegui me comunicar.

(Entrevistado A7)

Eu adquiri fluência no inglês, na verdade, trabalhando, porque eu até fiz

cursos, mas nós somente aprendemos mesmo na prática. Eu tive a

oportunidade de fazer um intercâmbio, por minha conta, quando eu era mais

jovem. Depois, pelo trabalho, eu fui morar fora, eu fiquei um ano e meio nos

Estados Unidos, e eu pude praticar bastante o inglês nesses países. E o

espanhol, eu fiz um curso de três anos no Rio de Janeiro. (Entrevistado A1)

A capacidade para aprender idiomas. Por exemplo, quando foi para o Brasil,

ele aprendeu a falar português; fala italiano; fala bem inglês. (Entrevistado

A5)

Page 154: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

153

Eu fiz curso de inglês a minha vida inteira, na Cultura Inglesa. Em 2006, eu

fui para os Estados Unidos e fiz um curso dentro de uma universidade, que é

a Universidade de Indiana, e foi um mês de intensivo. Eram 8 horas por dia;

eu acho que isso foi o que serviu para eu soltar a parte de conversação. Eu

conhecia muito da teoria, gramática, mas, toda vez que eu tinha uma reunião

por telefone, principalmente, que você não vê o rosto da pessoa, eu travava.

Depois desse um mês, acho que soltou meu inglês, e daí eu comecei a usar

todos os dias aqui, na empresa, bastante. Meu gerente é americano, então,

falo com ele o dia inteiro. (Entrevistado A4)

Os entrevistados comentaram que os líderes globais têm que ter a capacidade de

transmitirem corretamente a mensagem, de saberem ouvir e de adaptarem sua

comunicação e seu estilo de liderança às particularidades de cada cultura. Acredita-se

que ocorre o aumento da complexidade da comunicação, uma vez que as interações se

dão, muitas vezes, remotamente, usando-se vários recursos tecnológicos. Ainda, as

interações ocorrem em fusos horários diferentes, com pessoas de culturas e de sotaques

diferentes.

No país, dá para fazer os dois acontecerem e os dois atingirem resultado, só

que o esforço para quem é remoto é muito maior do que para quem é local.

Nós temos que ter mais habilidades de comunicação do que no local.

(Entrevistado A4)

Acho a questão do idioma, e, assim, não pode só se comunicar; acho que

você tem que ser muito bom de comunicação. (Entrevistado A1)

A comunicação é essencial. Quando eu estava na China, eu pensava: eu tenho

que achar um jeito de lidar com os caras da China; eu tenho que achar um

jeito de lidar com os caras da Coréia e da América Latina, que é diferente.

Primeiro, desenvolver um canal de comunicação. (Entrevistado A5)

Comunicação, para mim, é imprescindível. Então, a comunicação, para mim,

é número um. (Entrevistado A6)

Comunication for impact é muito importante; e, nesse mundo global, essa

questão da comunicação é muito importante. (Dados B1)

Quando você está numa coisa global, você tem que falar muito, porque o

silêncio pode parecer, para quem está do outro lado, como um descaso, ou

como você não estar prestando atenção. Então, você tem de usar a

comunicação para realmente confirmar a sua presença; fazer uma pergunta

para demonstrar que você está participando. (Entrevistado A4)

Eu sou uma pessoa que eu sou, assim, muito organizada, muito estruturada.

Então, eu garanto que eu tenha toda a comunicação que eu preciso com eles.

Tenho reuniões individuais com eles; nós conversamos muito ao longo do

dia. Faço muitas reuniões por telefone e troco bastante mensagens. Eles

ligam no meu celular; então, eu tenho uma abertura bem grande. Eu tenho

que usar todas as ferramentas que eu tenho para comunicar. De vez em

quando, eu faço uma videoconferência também. (Entrevistado A4)

Page 155: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

154

O líder global tem que ter uma habilidade de comunicação verbal muito forte,

porque todas as suas interações vão se dar através de telefone, conversas nos

chats e e-mails. Ele tem de ter uma rede de apoio muito boa para conseguir

fazer isso. (Entrevistado A4)

Eu acho que eu tenho, de pontos fortes, que eu sou uma pessoa que escuto

bastante. Eu tenho consciência que eu não sou dona da verdade. Então, eu

gosto muito de escutar as pessoas e, a partir, a partir das informações que elas

me dão, eu tiro minhas conclusões e decido. (Entrevistado A7)

É você ter uma correta entonação de voz para posicionar-se. É buscar usar os

meios de comunicação de forma correta. Por exemplo, se vou falar de um

assunto que é complexo, não vou falar por e-mail, não vou falar pelo chat,

vou fazer uma videoconferência ou conversar por telefone. Se é um assunto

mais rápido, do dia a dia, não vou ficar mandando e-mail, para encher a caixa

de e-mail de todo mundo, vou usar o chat. É importante saber usar os meios

de comunicação corretos, em função do tipo de conversa que você vai ter.

(Entrevistado A4)

Falei com um líder que um dos problemas que ele tinha era que ele não

estava mudando sua maneira de ser. Ele falava inglês com os mexicanos

como se estivesse no Texas ou em Nova Iorque. (Entrevistado A6)

Saber lidar com a diversidade cultural foi outra competência apontada. Os

líderes globais precisam conhecer e entender diferentes culturas, saber lidar com

pessoas multiculturais, conhecer e respeitar as diferenças existentes entre as pessoas.

Multiculturalidade é importante e vai além da questão de quais são os credos,

quais são os valores, como é que é a cultura ou o ambiente econômico,

socioeconômico de determinado país. É mais que isso, porque essas pessoas,

como elas têm essa diferenciação, porque cada um está num país diferente,

ela tem modelos mentais diferentes. Ou seja, não adianta eu querer que o

indiano pense igual a um americano; eu tenho que perceber que eles foram

programados diferente. Então, assim, por exemplo, o jeito que o mexicano

vende, a forma como ele se relaciona com quem vende, a relação de negócios

é diferente. (Entrevistado A3)

Então, essa pessoa que lidera globalmente tem que ter essa percepção, que

cada um funciona diferente, até para ele conseguir extrair o melhor de cada

um. Não dá para ele impor e falar: não, o meu estilo é esse; então, todo

mundo vai ter que só seguir na minha cartilha. (Entrevistado A4)

Tinha uma líder global de operações que era muito comunicativa e entendia

muito essa parte de cultura. Ela sabia entender o significado do não para o

indiano. Ela sabia fazer as perguntas para fazer, para saber realmente,

confirmar se era assim mesmo, se era uma outra coisa que estava querendo

dizer. (Entrevistado A4)

A pessoa global tem que conhecer muito do mundo, tem que conhecer todos

os países que ela está envolvida e como funciona. Por exemplo, o americano

fala um pouco mais direto; o funcionário brasileiro pode interpretar aquilo

como assédio moral. Então, é muito importante você conhecer a cultura.

(Entrevistado A4)

Page 156: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

155

A cultura é algo totalmente diferente. Então, você tem que tomar muito

cuidado com as diferenças culturais, na questão de religião, também na

questão do abraço. No Brasil, nós tocamos as pessoas; em alguns países, isso

não acontece, porque, pela cultura deles, não é uma coisa que deve ser feita.

Se você vai dar as instruções, por mais que você possa falar bem, tem que

tomar cuidado; certas coisas podem, de alguma, forma atrapalhar o

relacionamento. (Entrevistado A2)

Conhecer e saber lidar com pessoas, as culturas diferentes. As pessoas são

diferentes. As maneiras de viver são diferentes. Então, esse conhecimento é

muito importante. Saber respeitar e conhecer as diferenças das pessoas.

(Entrevistado A6)

Os líderes globais da IBM acreditam que é fundamental, para eles, saber criar e

gerir equipes remotas, com pessoas de culturas diferentes. Isso significa saber e

valorizar a diversidade, ter a habilidade de conexão virtual e de se fazer presente,

mesmo estando longe.

Eu acho que a sua habilidade de você criar times virtuais que consigam estar

preparados para entender um objetivo maior. Um objetivo comum, que

transcende só aquela área, o objetivo de uma organização. (Entrevistado A3)

Eu tenho funcionários na Índia, na China, nos Estados Unidos. Não posso

somente garantir que falo com eles um uma vez por semana e pronto. Sou um

líder global, e tenho que garantir que esse time se converse, troque

experiência, atue em colaboração. Então, a habilidade dele de conectar e

fazer com que as coisas aconteçam é superimportante, do ponto de vista de

ser líder global. (Entrevistado A3)

Para montar um time de sucesso, você tem que ter pessoas diferentes. Porque,

assim, você vê coisas diferentes, tem ideias diferentes, pensamentos

diferentes. Essa combinação de pessoas diferentes é importante, quando você

pensa num time global. Isso é muito mais rico ainda porque você pega as

pessoas de países diferentes, regiões diferentes, então, isso vai ficar só mais

rico. (Entrevistado A1)

Eu aprendi, nesses anos todos, que, até um determinado momento da minha

vida, eu escolhia os meus líderes muito iguais a mim, com o mesmo estilo de

liderança. Eu tinha um problema numa conta e eu colocava líderes, e nunca

dava certo. Aí, veio um rapaz e falou que estava procurando novos desafios, e

pediram para eu falar com você. E ele tinha um estilo muito arrogante, e eu

não gosto de gente arrogante. Mas, então, eu percebi características

interessantes neste rapaz, porque tinha um CEO nesse meu projeto que era

também muito arrogante. Aí, pensei: fazer um teste, e o rapaz veio para o

meu time. Ele era completamente diferente do meu estilo de liderar, e ele deu

certo; deu tão certo; é um profissional fantástico, mas tinha um estilo

diferente do meu. Então, eu aprendi que viva a diversidade!; você precisa ter

um time com pessoas com características diferentes, e isso enriquece o

trabalho do time. Então, cada pessoa, no seu lugar certo, vai performar e

resolver problemas que alguém com meu estilo não resolveria. Então, desses

meus líderes, dependendo do contexto e da necessidade de ser mais

agressivo, menos agressivo, é uma área que eu preciso de uma pessoa com

muito mais criatividade, desenvoltura para fazer crescer o negócio; eu vou

escolher o líder conforme a necessidade. (Entrevistado A7)

Page 157: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

156

Você saber liderar equipes com culturas diferentes, porque têm diferenças

culturais. Têm países que recebe melhor uma pressão do que outro. O chinês,

por exemplo, você não pode fazer com que os funcionários fiquem

constrangidos na frente dos outros; isso, para eles, é mortal. (Entrevistado

A5)

Outra coisa, você tem que incluir as pessoas em um time global; isto é,

incluir em discussões. Quando estamos numa reunião, no Brasil, com três ou

quatro brasileiros, é mais fácil. Tem que ter cuidado, porque a tendência é

que você fique mais próximo de quem está do seu lado. E não usar telefone;

usar um recurso como videoconferência é muito importante; ver a pessoa,

olhar no olho e dizer: e aí, tudo bem? Isso eu acho que faz muita diferença;

videoconferência quebra o gelo, cria um vínculo, o vínculo maior; acho que

isso tudo é muito importante. (Entrevistado A1)

Eu tive uma líder global, e ela era responsável por vários países. E ela tinha

uma habilidade de se fazer presente na vida de todo mundo, mesmo estando

longe. Eu acho que, ela estando longe, foi mais próxima de mim do que

gerentes que estavam aqui fisicamente, aqui do lado, porque ela tinha uma

cadência muito bem estruturada; então, ela sabia as, nas reuniões, o que ia

acontecer. (Entrevistado A4)

A habilidade de conectar mais as pessoas e formar um senso de time.

(Entrevistado A3)

Saber identificar os talentos de potenciais líderes da sua equipe, para começar

a investir com antecedência. (Entrevistado A2)

Os trechos das entrevistas apresentados acima são coerentes com Robinson e

Harvey (2008), quando argumentam que a diversidade cultural afeta os papéis e as

responsabilidades dos líderes. Até então, os negócios estavam contextualizados em

determinados valores e numa maneira particular de se ver o mundo. A aceleração da

globalização criou um estado caótico de mudanças, e as empresas estão lutando

constantemente para se adaptarem a novos paradigmas de liderança, uma vez as

abordagens estabelecidas, experimentadas, não são mais eficazes.

Pontos como saber lidar com a diversidade cultural, conhecer e entender

diferentes culturas, saber lidar com pessoas multiculturais, conhecer e respeitar as

diferenças das pessoas e gerir equipes remotas exigem que o líder tenha um alto nível de

inteligência cultural.

De acordo com Earley e Ang (2003), inteligência cultural distingue-se de

inteligências emocionais e sociais, na medida em que, quando as pessoas mudam de

contextos nacionais, necessitam confiar em sua capacidade de aprender novos padrões

de interações sociais e de elaborar as respostas comportamentais adequadas a esses

padrões. Inteligência cultural (QC) é a capacidade de funcionar eficazmente em diversas

Page 158: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

157

configurações culturais. Essa inteligência é um constructo multidimensional composto

por três fatores: cognitivo, motivacional e comportamental.

Cognitivo (QC): capacidade de uma pessoa em desenvolver padrões de

estímulos culturais com base em ambas as habilidades cognitivas e

metacognitivas. A capacidade metacognitiva refere-se aos processos que os

indivíduos utilizam para adquirirem e entenderem o conhecimento cultural, e

para darem sentido às experiências interculturais. Isso acontece quando as

pessoas formam estratégias, antes de um encontro intercultural, verificam

pressupostos, durante um encontro, e ajustam os mapas mentais, quando as

experiências reais são diferentes das expectativas.

Motivacional (QC): este fator representa o interesse de uma pessoa em

conhecer outras culturas e em interagir com pessoas de diferentes culturas.

Considera-se não apenas o valor intrínseco que as pessoas colocam em

interações com pessoas de diferentes culturas, mas também a sua crença de que

podem funcionar de forma eficaz nessas situações. Este fator concentra-se no

direcionamento de energia para aprender e para funcionar em situações

transculturais. Indivíduos com alto fator motivacional tendem a interagir mais

com pessoas de culturas diferentes.

Comportamental (QC): capacidade da pessoa para selecionar eficazmente os

comportamentos, de acordo com a cognição e com a motivação, e para expor as

ações verbais e não verbais adequadas, ao interagir com pessoas de diferentes

culturas. Ação não é apenas saber o que é apropriado para fazer; às vezes, as

pessoas são incapazes de agirem de forma adequada durante uma situação

estranha.

Com um número menor de alusões, apresentaram-se as competências:

construção de networking e parcerias, negociação, ética, disciplina e organização, visão

de negócios e assumir riscos.

O líder global precisa construir seu networking, construir a sua rede de

credibilidade; mais que informações, você tem que ganhar a credibilidade

com os grupos que você vai trabalhar. (Entrevistado A5)

Ser capaz de construir parcerias e influenciar outras pessoas, mesmo sem ter

autoridade sobre ela. Hoje, as gestões, as relações de poder, elas não estão

Page 159: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

158

mais hierárquicas, e um ambiente em redes acaba fomentando muito isso.

Isso começou muito forte com a geração Y, e eu acho que isso daí permeia,

agora, a realidade das organizações. Uma pessoa é mais respeitada a partir do

momento que as pessoas a admiram mais. Ou seja, a hierarquia ficou

secundária. Uma pessoa muito influente é admirada, pelos skills, pela forma

dela influenciar as pessoas; ela não necessariamente é uma pessoa que está no

topo, e ela consegue, às vezes, mover muito mais do que uma pessoa que está

no topo. (Entrevistado A3)

Tem que ter a habilidade de navegar entre áreas, de negociar entre áreas; ou

seja, tem que saber lidar com o ambiente político que todas as empresas têm.

(Entrevistado 7).

Colocou-se que o líder global precisa ser ético, que implica ser transparente,

falar a verdade, ser íntegro em suas relações e com seus valores, além de ser referência

para o liderado, em um time global.

A outra questão é a questão da ética. A ética e soberana, e, e a mesma em

qualquer lugar. Eu acho que, assim, por mais que exista a multiculturalidade,

a essência da ética é muito importante, e isso tem que ser valorizado e

ressaltado. Ético e íntegro em suas relações e em seus valores. (Entrevistado

A3)

Eu sou uma pessoa muito transparente; gosto de olhar no olho e falar que eu

acho mesmo; é lógico que existe várias maneiras de falar a verdade, e tem

dado certo. Eu sou uma pessoa respeitada na IBM por essa seriedade.

(Entrevistado A7)

Um líder global, do ponto de vista multicultural, tem que ser uma referência

para a pessoa que você está liderando. São pessoas que, realmente, dá para se

admirar e seguir, porque elas têm uma postura correta o tempo inteiro.

(Entrevistado A3)

A necessidade da competência de disciplina e organização explica-se pela

necessidade que os líderes globais têm de se autodisciplinar e de recolher, juntar e

consolidar informações de diferentes países, com diferentes perspectivas, para, assim,

criar uma visão única, globalizada.

São pessoas organizadas; acho que a organização é base, para mim. A pessoa

tem de ser muito bem organizada, muito bem estruturada, porque ela tem de

olhar para o ponto e garantir a entrega. O tempo inteiro, busca as informações

que foram pedidas, para quem pediu, para qual, que país. Tem que consolidar

informações de diferentes países, com diferentes perspectivas, e conseguir

juntar tudo e criar uma visão única, globalizada. (Entrevistada A4)

Quando você lida com oito regiões completamente diferentes, então, você

precisa se organizar, desde os seus folders, os arquivos na máquina, como

você vão gerenciar cada uma dessas equipes. Você tem que criar um sistema

gerencial com estas equipes; você tem que saber quem é quem e onde está.

Então, essa capacidade de se autodisciplinar é importante em uma situação

Page 160: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

159

dessas. (Entrevistado A4)

Uma competência pouco mencionada, mas que se considera ser essencial para a

atuação de líderes globais, é a de assumir riscos em função das quatro características

que, juntas, funcionam como base para a crescente complexidade da globalização,

identificadas por Lane et al. (2004): a multiplicidade, a interdependência, a

ambiguidade e o fluxo. A multiplicidade é observada através de vários concorrentes,

clientes, governos e stakeholders. A interdependência ocorre entre um conjunto de

stakeholders e entre vários sistemas socioculturais, políticos, econômicos e ambientais.

A ambiguidade é entendida em termos de relações causais, na interpretação de sinais de

aviso e na identificação de ações apropriadas para se atingir metas. O fluxo pode ser

verificado no movimento constante e cada vez mais rápido de todo o sistema.

O líder global tem que tomar decisões em cujo contexto possa não estar claro,

em sistema de intensas e rápidas mudanças; assim, ele necessita assumir alguns riscos

para tomar a sua decisão.

Então, eu gosto muito de escutar as pessoas e, a partir, e, a partir das

informações que elas me dão, eu tiro minhas conclusões e decido. Então, eu

preciso de informação de fontes que eu confio para tomada de decisão; eu

sou uma pessoa que não sou uma porra louca; eu gosto de ter informações

para tomar uma decisão. É óbvio que a gente não consegue ter todas as

informações possíveis para tomar uma decisão, mas eu gosto de ter claro os

riscos que eu estou tomando. A gente, todo dia, toma risco; não é zero risco,

muito pelo contrário, mas decidir; eu preciso ter uma noção exata do risco

que estou tomando, e deixo isso claro para todo mundo. (Entrevistado A7)

Você precisa de um líder que suporte os riscos, porque nem sempre as coisas

dão certo. Então, tem que ter o suporte da empresa, o suporte do seu líder,

para você assumir, tomar risco; acho que isso é importante. (Entrevistado A1)

O líder global, conforme a percepção dos entrevistados, necessita ter visão de

negócio, da empresa e do cliente, focar em resultados e ter capacidade de execução.

Hoje em dia, você precisa de um líder que tem que ter uma liderança forte de

execução e de conhecimento forte de negócio. (Entrevistado A7)

Por exemplo, se falo do negócio de uma seguradora, existirá um maior

sucesso se tiver um líder de projeto e, obviamente, consultores que entendam

dessa indústria. Se não, vai ser mais penoso, e a probabilidade de você falhar

na entrega é muito grande. (Entrevistado A7)

Page 161: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

160

As competências de contextualizar e gerir a complexidade e de ser visionário e

inspirador foram colocadas por apenas três entrevistados (A1, A3 e A6).

O líder global tem que contextualizar; isso é muito mais fácil quando você

tem todo mundo fisicamente junto você, entende body language, e você tem

olho no olho. Quando você tem um ambiente global, um está em um fuso

horário, cada um tem um acento, e as pessoas, às vezes, não conseguem se

comunicar direito, porque, por mais que o inglês seja perfeito, o acento, às

vezes, atrapalha. O horário do dia também, às vezes, atrapalha; para um, é

muito cedo; para outro, é muito tarde. Essa diversidade de fatores, eu acho

que torna mais complexo ainda você gerenciar pessoas. (Entrevistado A3)

Eu acho que o líder tem que ser uma pessoa inspiradora, porque, no momento

das empresas, hoje, existe a necessidade de as pessoas fazerem muito mais do

que fazem, e, para isso, pessoas precisam acreditar em você; precisa de

alguém que inspire elas. (Entrevistado A1)

O líder não precisa pensar somente hoje; tem que pensar pelo menos 25 anos

para frente. (Entrevistado A6)

Com o objetivo de elaborar um comparativo entre as competências citadas pelos

líderes globais da IBM e os sete modelos de competências, elaborou-se a Tabela 24. Os

oito modelos foram apresentados em ordem cronológica, de 2001 a 2013: competências

e dimensões para liderança global (2001), modelo de pirâmide de competência de

liderança global (2004), lista de conhecimentos, skills, abilities e personalidade (2006),

competências globais de liderança e dimensões (2006), contexto global, construção de

sentido e competências da liderança global (2009), competências interculturais e

dimensões (2010), visão geral conceitual da liderança global e competências (2011),

competências e dimensões para a liderança global (2013). Cada um desses modelos já

foi apresentado em uma figura ou tabela, ou é apresentado na Tabela 25, a fim de se

compreender melhor a natureza da liderança global.

Tabela 25 – Os modelos e as competências dos líderes globais

Número Modelo Dimensões e competências Líderes globais

IBM

1 Competências e

dimensões para a

liderança global

(2001)

Adler et al.

(2001)

(Figura 1)

Competências e traços pessoais (compromisso,

perspectiva cosmopolita, coragem, curiosidade,

espírito empreendedor, maturidade, agilidade

para pensar, complexidade cognitiva, ability para

improvisar, ability para criar e manter a visão)

Competências interpessoais (ability de se

comunicar em várias culturas, ability em

estabelecer relações pessoais com pessoas de

todo o mundo, ability para motivar os colegas de

Facilidade em

estabelecer

contatos

interpessoais;

gostar e valorizar

as pessoas.

Falar vários

idiomas

Page 162: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

161

várias culturas, ability de gerenciar conflitos

interculturais, ability para negociar

internacionalmente, ability para trabalhar em

equipes multiculturais)

Competências de negócios globais (ability para

demonstrar conhecimento em negócios globais,

ability para equilibrar as tensões globais e locais,

ability para inovação contínua, capacidade de

aprendizagem e de intervenção em ambientes

definidos por níveis cada vez mais elevados de

ambiguidade e de complexidade)

Competências organizacionais globais (conhecimento em organização global, orientação

para stakeholder, ability para realizar mudança

organizacional, ability para gerenciar incerteza,

ability para criar sistemas de aprendizagem,

ability para gerenciar questões éticas

transculturais)

Capacidade de

transmitir

corretamente a

mensagem; saber

ouvir e adaptar sua

comunicação e o

seu estilo de

liderança às

particularidades de

cada cultura

Criar e gerir

equipes remotas,

com pessoas de

culturas diferentes

Saber lidar com a

diversidade

cultural

Visão de negócios

Negociação

Ética

Gerir a

complexidade

Visionário

2 Modelo de

pirâmide de

competências de

liderança global

(2004)

Bird e Osland

(2004)

(Figura 3)

Conhecimento global

Traços (integridade, humildade, curiosidade,

coragem)

Atitudes e orientações (mentalidade global,

complexidade cognitiva, cosmopolitismo)

Skills interpessoal (comunicação intercultural,

criar e construir confiança)

Skills de sistemas (alargar limites, construir

comunidade através da mudança, tomar decisões

éticas)

Capacidade de

transmitir

corretamente a

mensagem; saber

ouvir e adaptar sua

comunicação e o

seu estilo de

liderança às

particularidades de

cada cultura

Saber lidar com a

diversidade

cultural

Gerir a

complexidade

Ética

3 Lista de

conhecimentos,

skills, abilities e

personalidade

(2006)

Caligiuri (2006)

Conhecimento geral de cultura

Conhecimento específico de cultura

Conhecimento de negócios internacionais

Skills de interações interculturais

Skills com língua estrangeira

Ability cognitiva

Traços de personalidade:

Extroversão

Amabilidade

Conscienciosidade

Neuroticismo

Facilidade em

estabelecer

contatos

interpessoais;

gostar e valorizar

as pessoas

Falar vários

idiomas

Capacidade de

transmitir

Page 163: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

162

Abertura à experiência corretamente a

mensagem; saber

ouvir e adaptar sua

comunicação e o

seu estilo de

liderança às

particularidades de

cada cultura

Saber lidar com a

diversidade

cultural

Visão de negócios

4 Competências e

dimensões para

liderança global

(2006)

Mendenhall

(2006)

(Figura 4)

Relacionamento (relacionamentos pessoais

estreitos, skills de comunicação, ability para

“conexão emocional”, capacidade de inspirar e

de motivar os outros, gestão de conflitos,

expertise em negociação, capacitar outros,

gerenciando de problemas com ética, ability

social, ability cultural)

Traços de personalidade (curiosidade,

aprendizagem contínua, orientação para

aprendizagem, integridade, coragem,

compromisso, resistência, maturidade, orientação

para resultados, ability pessoal)

Expertise em negócios (experiência em negócios

globais, experiência em organizações globais,

perspicácia em negócios, astúcia organizacional,

orientação stakeholder, orientação para

resultados)

Expertise organizacional (consolidação de

equipe, construção de comunidade, networking

organizacional, criação de sistemas de

aprendizagem, fortes códigos operacionais,

networking global, forte orientação para o cliente,

ability de negócios)

Cognitivo (sensibilidade ambiental, mentalidade

global, agilidade de pensando, improvisação,

reconhecimento de padrões, complexidade

cognitiva, cosmopolitismo, gerenciamento de

incerteza, paradoxos locais versus globais)

Visão (criar a visão, articular visão e estratégia

tangível, espírito empreendedor, catalisador para

a mudança cultural, agente de mudança,

catalisador para a mudança estratégica, capacitar,

inspirar)

Facilidade em

estabelecer

contatos

interpessoais;

gostar e valorizar

as pessoas

Falar vários

idiomas

Capacidade de

transmitir

corretamente a

mensagem; saber

ouvir e adaptar sua

comunicação e o

seu estilo de

liderança às

particularidades de

cada cultura

Saber lidar com a

diversidade

cultural

Criar e gerir

equipes remotas,

com pessoas de

culturas diferentes

Visão de negócios

Construção de

networking e

parcerias

Negociação

Ética

Gerir a

complexidade

Visionário

Inspirador

Page 164: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

163

5 Contexto global,

construção de

sentido e

competências da

liderança global

(2009)

Osland, Taylor e

Mendenhall

(2009)

(Tabela 12)

Complexidade (mentalidade global –

cosmopolitismo, complexidade cognitiva,

curiosidade, influência stakeholders)

Multiplicidade (alargamento dos limites,

complexidade cognitiva, influência stakeholders,

aprendizagem multicultural)

Interdependência (complexidade cognitiva,

pensamento crítico, conhecimento global,

alargamento dos limites, aprendizagem

multicultural, construção de confiança,

construção de comunidade)

Ambiguidade (humildade, curiosidade,

integridade, resiliência, construção de confiança,

tomar decisões éticas, influência stakeholders)

Fluxo (arquitetar, construção de confiança,

construção de comunidade, liderar mudanças,

resiliência)

Variações culturais (cuidadoso com a

comunicação, construção de confiança,

aprendizagem multicultural, competência

intercultural, mentalidade global, humildade,

curiosidade)

Capacidade de

transmitir

corretamente a

mensagem; saber

ouvir e adaptar sua

comunicação e o

seu estilo de

liderança às

particularidades de

cada cultura

Saber lidar com a

diversidade

cultural

Ética

Gerir a

complexidade

6 Competência

intercultural e

facets (2010)

Bird et al. (2010)

(Tabela 13)

Gerenciamento da percepção (não julgamento,

curiosidade, tolerância de ambiguidade,

cosmopolitismo, inclusão)

Gerenciamento de relacionamento (interesse

em relacionamento, envolvimento interpessoal,

sensibilidade emocional, autoconhecimento,

flexibilidade social)

Autogerenciamento (otimismo, autoconfiança,

autoidentidade, resiliência emocional, otimismo,

tendência a não estresse, gerenciamento de

estresse, flexibilidade de interesse)

Facilidade em

estabelecer

contatos

interpessoais;

gostar e valorizar

as pessoas

Flexibilidade para

entender diferentes

pontos de vista,

para adaptação a

outras culturas e

para adaptar

pensamentos

Saber lidar com a

diversidade

cultural

7 Visão geral

conceitual de

competências de

liderança globais

(2011)

Mendenhall

(2011)

(Tabela 17)

Skills de relacionamento cross-cultural (construção de relacionamentos, skills de

comunicação cross-cultural, habilidade para

conexão emocional, inspirar e motivar outros,

gerenciamento de conflito, capacitar outros,

gerenciamento de questões éticas cross-cultural,

ability social, ability cultural)

Traços e valores (aprendizagem contínua,

responsabilidade, integridade, coragem,

compromisso, robustez, maturidade, orientação

para resultados, expert pessoal, tenacidade,

inteligência emocional)

Orientação cognitiva (mentalidade global,

Facilidade em

estabelecer

contatos

interpessoais;

gostar e valorizar

as pessoas

Flexibilidade para

entender diferentes

pontos de vista,

para adaptação a

outras culturas e

para adaptar

pensamentos

Page 165: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

164

agilidade de pensamento, improvisação,

reconhecimento de padrões, complexidade

cognitiva, cosmopolitismo, gerenciamento de

incerteza, paradoxos locais versus globais,

flexibilidade de comportamento)

Ability em negócios globais (expert em

organização global, perspicácia em negócios,

orientação para stakeholder, orientação externa,

orientação para resultado)

Ability em organização global (construção

contínua, networking organizacional, criar

sistemas de aprendizagem, arquitetando e

projetando, networking global, forte orientação

para cliente, expert em negócios, agente de

mudanças)

Criação da visão (criação da visão, espírito

empreendedor, catalisador para mudança

estratégica)

Saber lidar com a

diversidade

cultural

Criar e gerir

equipes remotas,

com pessoas de

culturas diferentes

Ética

Construção de

networking e

parcerias

Visão de negócios

Gerir a

complexidade

Visionário

8 Dimensões e

competências

para a liderança

global (2013)

Osland (2013)

(Figura 5)

Skill de relacionamento (estreitas relações

pessoais, skill de comunicação, capacidade de

conexão emocional, inspirar e motivar os outros,

gestão de conflito, expertise em negociação)

Traços (curiosidade, aprendizagem contínua,

orientação para aprendizagem, integridade /

coragem, compromisso, maturidade, orientação

para resultados, estabilidade / consistência)

Cognitivo (percepção do ambiente, mentalidade

global, agilidade de pensamento, improvisação,

complexidade cognitiva, reconhecimento de

padrões, cosmopolitismo, gestão da incerteza)

Expertise organizacional (construção de

equipes, construção de comunidade, networking

organizacional, criar sistemas de aprendizagem

em rede global, foco forte em clientes, fortes

códigos de operação)

Expertise em negócios (expertise em negócios

globais, expertise em organização global,

experiência em negócios, total astúcia

organizacional, orientação para stakeholders,

orientação para resultado)

Visão (visionário, articula estratégia e visão,

articula valores, catalisa mudanças culturais,

catalisa mudanças estratégicas)

Facilidade em

estabelecer

contatos

interpessoais;

gostar e valorizar

as pessoas

Falar vários

idiomas

Capacidade de

transmitir

corretamente a

mensagem; saber

ouvir e adaptar sua

comunicação e o

seu estilo de

liderança às

particularidades de

cada cultura

Saber lidar com a

diversidade

cultural

Criar e gerir

equipes remotas,

com pessoas de

culturas diferentes

Construção de

networking e

parcerias

Negociação

Visão de negócios

Gerir a

Page 166: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

165

complexidade

Visionário

Inspirador

Fonte: Elaboração própria

Tabela 26 – Resumo dos modelos e as competências dos líderes globais da IBM

Competência dos líderes globais da IBM Número dos

modelos em

que ocorreram

as citações

Capacidade de transmitir corretamente a mensagem; saber ouvir e adaptar

sua comunicação e o seu estilo de liderança às particularidades de cada

cultura

1, 2, 3, 4, 5, 6, 8

Saber lidar com a diversidade cultural 1, 2, 3, 4, 5, 6, 8

Gerir a complexidade 1, 2, 4, 5, 6, 7, 8

Facilidade em estabelecer contatos interpessoais; gostar e valorizar as

pessoas

1, 3, 4, 6, 7, 8

Ética 1, 2, 4, 5, 7

Visão de negócios 1, 3, 4, 7, 8

Falar vários idiomas 1, 3, 4, 8

Criar e gerir equipes remotas, com pessoas de culturas diferentes 1, 4, 7, 8

Construção de networking e parcerias 4, 7, 8

Negociação 1, 4, 8

Visionário 1, 4, 7

Flexibilidade para entender diferentes pontos de vista, para adaptação a

outras culturas e para adaptar pensamentos

6, 7

Inspirador 4, 8

Assumir riscos 0

Disciplina e organização 0

Adaptabilidade 0

Fonte: Elaboração própria

7.3 O novo perfil do líder da IBM

Foram mencionados quatro clusters para o novo perfil do líder da IBM:

liderança na indústria; desafiar suposições; criação de valor para o cliente; mostrar

confiança e dar responsabilidades às pessoas dos times virtuais.

O primeiro cluster, que ele tenha esse senso, que ele seja um líder na

indústria (sense net leader to industries), ou seja, que ele continuamente

identifique sinais externos sobre o que está acontecendo, que ele tenha track

into diversity networks for ideas in braiding in perfect data and company

with intuition. Isso tudo são os detalhes para o líder ter essa liderança na

indústria. The clear position significa que o líder tem de entender o ambiente

externo; ele tem que tomar decisões olhando o maior número de ideias

possíveis; que tome decisões, mesmo que os dados não sejam perfeitos; que

Page 167: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

166

ele aja com urgência. Esse senso de urgência significa que ele dever entender

e levar em consideração tudo do seu ecossistema, tudo o que está em volta

dele. (Entrevistado A3)

O segundo tem a ver com disuruption, que é você fazer o challenging of your

assumptions. E verifique se você está explorando tudo que poderia explorar

mesmo. Que trabalhe tudo que é improdutivo, e acabe resolvendo isso. Que

crie um ambiente para inovação, que comece pequeno e, depois, aumente em

escala. Quando vai realizar uma mudança, não precisa fazer uma mudança na

companhia inteira. Para mudar a companhia inteira, leva muito tempo. Então,

o líder tem que dar empowerment e responsabilidade para as pessoas fazerem

as mudanças que precisam, começando pelas pequenas mudanças para,

depois, escalonar. Então, o que será realizado é uma disruptura de uma forma

saudável, mas que é o que a companhia precisa para se transformar

realmente. (Entrevistado A3)

O terceiro ponto é em relação ao cliente. Co create to delivery um valor para

o cliente com o cliente, fideliza valor para o cliente. E pensar o que que é

realmente relevante, você criar um, uma proposta clara, uma causa comum,

que realmente seja importante para o cliente, você engajar o cliente e o

ecossistema da IBM como co-clientes. É você construir realmente junto com

o cliente. Tem a ver com inovação que constrói junto. Transformar

problemas muito complexos em simples, e escalonar; então, você quebrar um

problema em vários, porque a IBM, ela tem um pouco essa coisa de ser muito

complexa. (Entrevistado A3)

E, por último, é amplifier perseverance and performance, que é trust and

accountabilities. Que é mostrar confiança e dar responsabilidades para as

pessoas dos times; ou seja, liderar e capacitar times virtuais. Criar um

ambiente de permissão para fazer coisas interessantes; é mostrar zero

tolerância para baixa performance; é fazer coaching como uma forma de

estimular as pessoas a irem no máximo do seu potencial. É uma forma muito

mais delegada de dar responsabilidade para o líder fazer a mudança, em

liderar a mudança. Para a IBM, isso é muito quebra de paradigma, porque a

IBM sempre foi muito global, muito integrada, muito centralizada; então,

realmente, é uma mudança radical. (Entrevistado A3)

As características e as competências mais citadas pelos líderes globais da IBM

foram: ter facilidade em estabelecer contatos interpessoais; gostar e valorizar as

pessoas; flexibilidade para entender diferentes pontos de vista, para se adaptar a outras

culturas e a outros pensamentos, para sua adaptação e a da sua família. Também os

líderes consideram importante a fluência em vários idiomas; no entanto, essa

competência deve ser considerada juntamente com uma boa comunicação, não bastando

somente ter a fluência em outros idiomas.

Boa comunicação significa que o líder tem que ter a capacidade de transmitir

corretamente a mensagem, e saber ouvir e adaptar sua comunicação e seu estilo de

liderança às particularidades de cada cultura. Acredita-se que ocorre o aumento da

complexidade da comunicação, uma vez que as interações se dão, muitas vezes,

remotamente, usando-se vários recursos tecnológicos. Ainda, as interações ocorrem em

Page 168: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

167

fusos horários diferentes, com pessoas de culturas e sotaques diferentes.

Saber lidar com a diversidade cultural foi outra competência apontada. Os

líderes globais precisam conhecer e entender diferentes culturas, saber lidar com

pessoas multiculturais, conhecer e respeitar as diferenças das pessoas. Os líderes globais

da IBM acreditam que é fundamental, para eles, saber criar e gerir equipes remotas, com

pessoas de culturas diferentes; isto é, têm que valorizar a diversidade, ter a habilidade de

conexão virtual e se fazer presente, mesmo estando longe.

Acredita-se que as características facilidade em estabelecer contatos

interpessoais, gostar e valorizar as pessoas, flexibilidade e adaptabilidade facilitam o

alinhamento cultural necessário para se obter uma boa comunicação, para conhecer,

entender e respeitar as diferenças individuais e culturais, que são importantes para se

saber lidar com a diversidade cultural e para criar e gerir equipes remotas, com culturas

diferentes.

Com um número menor de citações, apresentaram-se as competências de

construção de networking e parcerias, negociação, ética, disciplina e organização, visão

de negócios e assumir riscos. O líder global precisa construir seu networking, construir a

sua rede de credibilidade, ser capaz de construir parcerias e de influenciar outras

pessoas, mesmo sem ter autoridade sobre elas. Hoje, as gestões, as relações de poder

não são mais hierárquicas, uma vez que as empresas globais operam em uma estrutura

matricial, em um ambiente em redes, o que dispersa as antigas estruturas hierárquicas.

O líder global precisa ser ético, o que implica ser transparente, falar a verdade,

ser íntegro em suas relações e com seus valores, além de ser referência para o liderado,

em um time global. A utilidade da competência de disciplina e organização explica-se

pela necessidade que os líderes globais têm de se autodisciplinar e de recolher, juntar e

consolidar informações de diferentes países, com diferentes perspectivas, para criar uma

visão única, globalizada.

Uma competência pouco mencionada, mas que se considera ser essencial para a

atuação de líderes globais, é a de assumir riscos em função das quatro características

que, juntas, funcionam como uma base para a crescente complexidade da globalização:

a multiplicidade, a interdependência, a ambiguidade e o fluxo (LANE et al., 2004). A

multiplicidade é observada através de vários concorrentes, clientes, governos e

stakeholders.

O líder global, conforme a percepção dos entrevistados, necessita ter visão de

negócio, da empresa e do cliente; tem que ser focado em resultados e tem que ter

Page 169: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

168

capacidade de execução. As competências que tiveram o menor número de alusões

foram: contextualizar e gerir a complexidade, visionário e inspirador.

As competências mais citadas pelos líderes globais da IBM, nos oito modelos de

competências que foram apresentados em ordem cronológica, de 2001 a 2013, foram:

capacidade de transmitir corretamente a mensagem, saber ouvir e adaptar sua

comunicação e seu estilo de liderança às particularidades de cada cultura, saber lidar

com a diversidade cultural e gerir a complexidade, citadas em sete dos modelos

apresentados. Interessante pontuar que, apesar de a gestão da complexidade aparecer em

sete dos modelos, foi citada por apenas um líder global da IBM.

A competência de facilidade em estabelecer contatos interpessoais, de gostar e

de valorizar as pessoas foi citada em seis dos modelos. A ética e a visão de negócios,

em cinco dos modelos; falar vários idiomas e criar e gerir equipes remotas, com pessoas

de culturas diferentes, em quatro. Com três alusões nos modelos, as competências de

construção de networking e parcerias, negociação e visionário.

Com menor número de menções nos modelos, as competências flexibilidade,

inspirador, com apenas duas citações, e assumir riscos, disciplina e organização e

adaptabilidade, que não foram citadas em nenhum dos modelos apresentados.

Percebe-se que o novo perfil desenhado pela IBM para os seus líderes globais

produzirá mudanças significativas nas competências que serão necessárias para suas

atuações eficazes. Um primeiro grande impacto será a mudança de centralização para

descentralização no seu modelo de negócio. As competências de liderar e de capacitar

times virtuais e de assumir riscos terão que ser revistas e, consequentemente, deverá ser

aprofundado o desenvolvimento dos líderes nessas competências.

Uma vez que ocorrer a descentralização, o líder terá que aumentar sua

competência em assumir riscos, significando que deverá entender o ambiente externo,

tomar decisões olhando o maior número de ideias possíveis, tomar decisões mesmo que

os dados não sejam perfeitos, e agir com urgência. Este senso de urgência significa que

ele dever entender e levar em consideração tudo o que é afim ao seu ecossistema, tudo o

que está à sua volta, e que seja rápido nas suas decisões, o que implica, às vezes, em

assumir riscos.

Presume-se que cada vez mais aumentará a complexidade do seu ambiente de

trabalho, devido ao ambiente de trabalho que os líderes militares chamaram de tempos

VUCA, sigla esta que abrange os seguintes elementos: volatility (mudanças rápidas e

em larga escala), uncertainty (o futuro não pode ser previsto com precisão), complexity

Page 170: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

169

(os desafios são complicados, pois existem poucas causas individuais ou soluções para

os problemas) e ambiguity (há pouca clareza sobre o significado e sobre os efeitos que

podem ocorrer nos eventos) (CLARKE, 2015).

Outra mudança importante é em relação à forma muito mais delegada de dar

responsabilidade para o líder fazer a mudança, e não mais esperar uma ação planejada

da organização em geral. Essa competência foi citada nos modelos: contexto global,

construção de sentido e competências da liderança global, de Osland, Taylor e

Mendenhall (2009), visão geral conceitual de competências de liderança globais, de

Mendenhall (2011), e dimensões e competências para a liderança global, de Osland

(2013), que são os modelos de competências mais recentes.

Essa responsabilidade pela mudança diz respeito também à criação de um

ambiente de inovação. A responsabilidade pela inovação será uma nova competência

para o líder global da IBM. Essa competência não foi citada nas entrevistas realizadas

com os líderes globais da IBM nem nos modelos apresentados.

Existe um traço da cultura brasileira que poderá auxiliar os líderes globais da

IBM, que é a flexibilidade. Chu (2011) define esse traço cultural como a capacidade que

agrega aspectos de adaptação e de criatividade dos indivíduos e das organizações.

Adaptação refere-se à capacidade de ajuste a diversas situações, e deve ser

compreendida como uma capacidade criativa, dentro de limites pré-fixados. A

criatividade refere-se à capacidade de inovação das organizações e dos indivíduos.

Porém, Tanure, Evans e Pucik (2007) colocam que o lado “sol” da flexibilidade

pode ser uma vantagem competitiva para as empresas brasileiras, frente ao contexto de

incertezas do mundo contemporâneo; já o lado “sombra” desse pilar é a esperteza, a

tentativa de levar vantagem em tudo, tendo como outra faceta negativa a indisciplina,

tendência que leva o indivíduo a adiar tarefas ou que impede a estabilização de

processos.

Outra competência que sofrerá impacto pelo novo perfil do líder global da IBM

será a de relação com o cliente. Essa competência foi citada no modelo dimensões e

competências para a liderança global, de Osland (2013), mas não apareceu nas

entrevistas.

A IBM espera que os líderes construam, realmente, com os clientes, as soluções

necessárias, com uma proposta clara, uma causa comum que verdadeiramente seja

importante para o cliente, e que eles sejam mesmo engajados no ecossistema da IBM.

Page 171: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

170

7.4 As estratégias para o desenvolvimento do líder global da IBM

Existe uma política de treinamento na IBM pela qual todos os funcionários têm

que ter, no mínimo, quarenta horas de treinamento por ano, sendo de responsabilidade

do funcionário cuidar do seu próprio desenvolvimento.

Existe uma política onde as pessoas têm que ter, no mínimo, quarenta horas

de treinamento por ano, que consideramos muito pouco, se for ver, mas essa

é uma regra para 100% da população mundial. Fora isso, é claro que pode

ser, isso é, o mínimo, e tem um site que registra tudo isso. (Entrevistado A3)

Na IBM, existe a responsabilidade dos funcionários cuidarem do seu

desenvolvimento, e não ficar esperando pela empresa, que fique mandando

ele fazer curso ou mandando ele se preparar. (Entrevistado A3)

Existem vários assessments. Nos treinamentos de liderança, é previsto que a

pessoa faça um assessment e receba o feedback.

Existem vários assessments. Na maioria dos treinamentos de liderança, é

previsto que a pessoa faça um assessment e receba o feedback. E, fora isso,

nós temos uma ferramenta global que é recente, que a gente também está

usando para fazer o assessment da liderança. (Entrevistado A3)

7.4.1 Programas

i) CSC – Corporate service corps

Um dos programas de maior destaque para o desenvolvimento de líderes globais

da IBM é o CSC – Corporate service corps. Ele foi lançado, em 2008, para ajudar as

comunidades em todo o mundo e para o desenvolvimento de funcionários. São enviados

grupos de 10 a 15 indivíduos, de diferentes países, para auxiliarem as comunidades nos

mercados emergentes; e o programa já ajudou mais de 140.000 pessoas desde o seu

início. Para os funcionários da IBM, o programa é divulgado por meio de estratégias de

comunicação interna, incluindo eventos presenciais. A escolha das cidades e das

organizações é feita localmente, pelo time de Cidadania Corporativa da IBM, em cada

país. No Brasil, o programa iniciou-se em 2009, e já recebeu 19 times de executivos de

vários países.

Page 172: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

171

A IBM tem um programa de desenvolvimento para executivos de níveis mais

altos. Os executivos da empresa passam um período em um país que tem

problemas econômicos. Eles trabalham nestes países, vivem nas comunidades

e têm como objetivo propor algum tipo de melhoria local. (Dados B1)

Também existe na IBM um programa para desenvolvimento de jovens, na

qual se colocam pessoas de diferentes países para trabalharem. (Dados B1)

ii) Coaching e feedback

Na IBM, existe coaching, sendo muito forte na sua cultura. Colocou-se que essa

ferramenta virou algo essencial num ambiente de inovação, e os funcionários possuem

abertura para isso.

Na IBM, existe muita abertura para receber coaching. (Entrevistado A1)

Tinha um módulo específico no curso de desenvolvimento de liderança que

fiz, na qual precisávamos falar um problema real na sala de aula. E, aí, o

instrutor vai fazendo algumas perguntas, e vai te desafiando para utilizar os

métodos que você aprendeu no curso para resolver aquela situação, e tem

umas lições de casas que você recebe, depois da semana presencial. Você vai

tentar aplicar isso com aquela pessoa ou situação; e, quando você volta

novamente, na outra semana presencial, e vai contar a experiência, o que deu

certo e o que não deu certo, para a classe toda, e aí você vai discutir isso.

Fora isso, o instrutor fazia algumas sessões individuais, 15 a 20 minutos para

dar feedback, com os pontos positivos e os pontos que precisam ser

trabalhados. (Entrevistado A1)

O processo de coaching pode ser realizado pelo líder, mas não necessariamente

somente por um líder, porque, em estrutura matricial, os funcionários podem ter vários

líderes.

O coaching é feito pelo gestor, mas não precisa ser o formal. Se tem, por

exemplo, uma pessoa que trabalha num projeto com outra, eu, pode receber

coaching também. Não é assim marcado, definido, somente um líder pode

fazer coaching. Você pode ter inúmeros líderes dentro da organização, até

por ser matricial, que podem utilizar essa ferramenta. (Entrevistado A3)

Também uma pessoa que trabalha num projeto com outra pode realizar e receber

coaching, ou ainda, por ser referência, os funcionários poderão buscá-la para o

coaching.

O funcionário pode estar com ela num projeto, ou porque ela, ê, pode ser uma

referência. (Entrevistado A3)

Page 173: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

172

No programa de mentoria, o mentor também pode trabalhar com o coaching:

Pode ser que as pessoas busquem um mentor, e, nesse processo de mentoria,

pode ser feito um coaching com o funcionário também. (Entrevistado A3)

A cultura de feedback é forte na IBM, e não há mais um ciclo anual para o

funcionário ter seu feedback.

A IBM também tem uma cultura de feedback forte; então, a gente está

mudando todo o processo de performance management e falando que esse

tipo de canal aberto para dar feedback sobre performance e fazer ponte é

contínuo. Não tem mais um ciclo anual, ou somente uma vez no ano você vai

parar, receber um feedback, aquela coisa engessada que não representa o que

a pessoa faz no ano inteiro. Então, a gente vai esperar realmente que as

pessoas tenham essa postura e essa mudança de atitude, de dar feedback

continuamente. (Entrevistado A3)

iii) Modelo de shadow

É um programa formal pelo qual um funcionário acompanha outro por um

período de dois dias a uma semana. Esse acompanhamento pode ser para conhecer a

área, para ver se o funcionário tem interesse ou não de ir para lá; tem o shadow para o

funcionário aprender o trabalho que está mais ligado à parte técnica, que é mais longo,

ou o de liderança.

O modelo de shadow é um programa formal que dura de dois dias a uma

semana. É um período curto, depende do tipo de shadow que o funcionário

está fazendo. Existe o shadow que é para conhecer a área, para ver se o

funcionário tem interesse ou não de ir para lá, e existe o shadow que é para

aprender o trabalho, e existe, na parte técnica, aí é um pouco mais longo. A

gente, às vezes, por exemplo, um funcionário da Índia está aprendendo um

serviço que a gente faz aqui no Brasil; então, ele vai fazer um shadow

técnico, que pode durar um mês. E, além disso tudo, a gente tem também o

shadow que falamos que é acompanhar líderes; então, por exemplo, a pessoa

que tem vontade de se tornar um líder de uma operação global, globais,

então, a pessoa vai ter oportunidade de fazer um shadow comigo. Ela passa

dois dias do meu lado, vendo como que é meu dia a dia, como que eu, tudo é

formalizado e acompanhado pelo RH. (Entrevistado A4)

iv) Mentoria

A IBM tem um programa formal de mentoria; todos os que são identificados

como talentos, necessariamente, têm um mentor. Porém, qualquer funcionário da IBM

Page 174: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

173

pode buscar um mentor, obedecendo ao critério de que o mentor deve estar dois níveis

acima do nível do funcionário. Nesse programa de mentor, os funcionários podem ter

mentores de outros países também. Existem três tipos de mentoria: de carreira, de

networking e de trabalho.

A IBM tem um programa formal de mentoria. Nós temos um programa de

talentos na IBM. Então, algumas pessoas são identificadas como talentos, e,

para as pessoas que são talentos, é mandatório ter mentor; o RH te

acompanha, garante que você tenha o melhor mentor, adequado e tudo mais.

Para quem não é talento, ainda assim pode buscar mentor. Não tem um foco

tão grande de RH, mas tem o foco da gerente, a pessoa apoiando e do próprio

funcionário. Se ele decidir que ele quer buscar isso, ele pode procurar uma

pessoa que ele admira, ou que ele entende que pode ajudar ele. É muito

comum essa prática, essa troca que existe dentro da IBM. (Entrevistado A4)

Nós temos mentores que não são necessariamente do próprio país. Eu tenho

mentores nos Estados Unidos, na Europa, na Ásia. Então, isso ajuda para

estabelecer uma, um tipo de relação e de aprendizado entre as culturas,

porque nós somos, atualizamos com o mentor, mas o próprio mentor também

aprende muito, quando eles estão interagindo. (Entrevistado A4)

Existem três opções, três tipos de mentoria. Um, que é mentor de carreira

mesmo, focado em carreira que orienta que caminho o funcionário precisa

fazer, e ajuda a tirar as pedras do caminho para ele chegar onde você quer. O

outro é mentor de networking, que ajuda o funcionário ter uma maior

exposição e entrar em novas áreas. E a terceira mentorização, que é a de

trabalho. Por exemplo, se o funcionário tem vontade de ir para a área de RH,

então, ele procura alguém daquela área e o escolhe como mentor, para

conhecer mais a sua função e seu dia a dia. (Entrevistado A4)

Todo mundo pode ter um mentor na IBM. A orientação que damos é para que

o funcionário procure um mentor que esteja um ou dois níveis acima do seu.

Imagina uma pessoa que está começando a carreira, vai querer fazer mentor

com o vice-presidente. É muito distante, não agrega muito. Então, o que

falamos para os funcionários é: busque uma pessoa que esteja um ou dois

steps acima do seu. O ideal é dois, porque a pessoa passou pelo step que você

vai querer passar e já está um pouquinho à frente. (Entrevistado A4)

v) Expatriação

Os funcionários com alto potencial são expatriados com o objetivo de melhorar

a visão e o entendimento, assim como para aumentar a capacidade de reter esses

profissionais.

Os funcionários com alto potencial são expatriados com o objetivo de

melhorar a visão e entendimento, e para aumentar a capacidade de reter esses

profissionais, pois voltam, depois de um ano, com maior capacidade e maior

valor no mercado. (Dados B1)

Page 175: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

174

vi) Licença para trabalhar em outros países

Existe um programa na IBM pelo qual o funcionário sai de licença no país de

origem e, quando chega ao país de destino, é contratado como local.

Na IBM, o funcionário pode ser licenciado no seu país de origem e ser

contratado no país em que vai trabalhar. Assim, torna-se mais fácil a

administração de fatores externos impactantes no negócio da empresa. Por

exemplo, no ano de 2000, vários funcionários de Portugal e Espanha vieram

trabalhar no Brasil, porque, nesses países, não existia trabalho para eles;

assim, o conhecimento não se perdeu na empresa. (Dados B1)

O incentivo para os funcionários trabalharem dessa forma, em outros países,

é a possibilidade de ampliar sua experiência e ter crescimento na sua carreira.

(Dados B1)

E tem um outro programa, que é um programa em que você sai de licença no

país de origem e, quando você chega no país de destino, você é contratado

pelo país de destino. Você pode ou sair de licença e voltar depois ou você

pode pedir demissão antes de ir para lá, se a intenção é ficar lá para sempre.

Se ele sair de licença, quando ele volta, não é que ele tenha, não é 100%.

Tem que ter a disponibilidade para quando ele estiver voltando. Tem que ter

uma vaga no nível específico, mas, normalmente, não é um problema, tem a

disponibilidade para as pessoas que estão voltando. (Entrevistado A3)

vii) Programa com trocas de experiências e interações com pessoas de vários

países

Esse programa tem o objetivo de facilitar a interação e o aprendizado cultural.

Dele, participam gestores de vários locais e de várias áreas de negócios, como

Singapura, Alemanha, México e Estados Unidos.

É uma convivência de duas semanas. Duas semanas aqui, é, no Brasil, e duas

semanas em outro país. Antes, os cargos de sucessores eram preenchidos com

contratações externas, e eram treinados, nas subsidiárias, por um período de

dois meses, para conhecerem a empresa; e, depois desse treinamento, eram

expatriados para países diferente da sua nacionalidade; essa era a maneira de

realizar o desenvolvimento dos gestores globais. (Dados B1)

viii) Programa com trocas de experiências com pessoas de vários países

Uma das formas de realizar o aprendizado multicultural, na IBM, é através das

trocas de experiências com pessoas de vários países.

Page 176: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

175

No curso que eu fiz não tinha nada muito técnico. Todo o aprendizado foi

multicultural. Tinha bastante troca de experiência, que era o principal

objetivo do curso. (Entrevistado A2)

Eu fui fazer um treinamento em Nova York e tinha executivos de diversas

áreas. E, ali, não só tinha treinamento, tinha também o networking que

aprendemos, que, falando com pessoas de outros países, trocando ideias

sobre as mais diversas coisas também é aprendizado. (Entrevistado A2)

Fiz alguns cursos aqui, no Brasil, e alguns nos Estados Unidos, de uma

semana de imersão; daí, vários outros alunos de outros países diferentes;

então, isso foi muito bom, porque a gente acaba tendo interação com outras

culturas. (Entrevistado A7)

Isso é uma vantagem da IBM, é uma empresa global, está em vários países,

tem uma presença global. (Entrevistado A2)

ix) Treinamentos

Na IBM, existem vários treinamentos, e todos são adaptados ao serem enviados

da matriz para as subsidiarias. Porém, existe a liberdade em se ter também soluções

locais. Esses treinamentos podem ser online e presenciais. E, a cada mudança de

estratégia da empresa, ocorre a revisão de todos os programas de treinamentos.

Nós temos programas locais e globais de desenvolvimento. Os programas de

desenvolvimento locais, que são coordenados pelo nosso time gerencial

daqui, do Brasil. Eles têm palestras, painéis etc., e sempre temos colegas de

fora para trocar. Isso é uma vantagem da IBM; é uma empresa global; está

em vários países, tem uma presença global. Temos alguns programas que são

online, mas, ele, por si só, não é suficiente; nós temos que ter os locais, onde

se tem a interação presencial; nós temos uma combinação dos dois; tem que

ter uma combinação dos dois, porque, por mais que a gente aprende de forma

online, nós temos os presenciais, achamos, faz a diferença as pessoas

entrarem numa sala de aula; não podemos esquecer que somos latinos, e que

isso é importante. (Entrevistado A2)

Então, todos eles, com base em tudo que é novo na companhia, ou seja, muda

uma estratégia mundial, uma forma de abordar, os treinamentos são todos

revistos. Fora isso, temos a liberdade de ter soluções locais, com conteúdo

global, mas você pode fazer alguma solução local que você precise.

(Entrevistado A3)

Nós recebemos o material global para treinamento do time gerencial.

Sentamos com o RH e fazemos as adaptações. Nós estamos fazendo muito

isso, e eu tenho participado de alguns, sendo um facilitador dos treinamentos.

Treinamento na IBM é uma coisa que você tem muito; se não tomar, os

funcionários não trabalham, somente fazem somente treinamentos.

(Entrevistado A1)

Page 177: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

176

A IBM tem cursos específicos para o desenvolvimento de liderança;

denominados de road map, são um portfólio de cursos. Estes cursos são para os

funcionários que têm potencial para serem gerentes, para os gerentes novos, para os

gerentes experientes, para os gerentes com potencial executivo e para os executivos.

A IBM gente tem um road map com uma série de cursos para os funcionários

que têm potencial para ser gerentes, para os gerentes novos, para os gerentes

experientes, para os gerentes com potencial executivo e para os executivos.

Tudo isso existe no portfólio de liderança, e as pessoas são chamadas à

medida que elas estão em determinados estágios. (Entrevistado A3)

Então, a gente tem três níveis. Nós temos um nível que é preparar futuros

líderes, team leaders, que são os coordenadores que vão virar gerente. Temos

treinamentos sobre valores da IBM, estilos gerenciais, clima, como

desenvolver pessoas; são módulos básicos para a liderança. Cumprindo esses

treinamentos, ele é um possível candidato para ser gerente. (Entrevistado A3)

Antes de você virar gerente, na IBM, você tem uma série de cursos (road

map) para o funcionário, é, fazer. Tem vários, é, online e alguns presenciais.

Quando o funcionário vira gerente, você continua com outro road map;

quando você passa para outro nível de gerente, você tem outro treinamento.

Nós temos também várias campanhas que são lançadas; a última pesquisa foi

que percebemos que estava faltando clareza e que precisava de mais

feedback. (Entrevistado A1)

Então, tem o que eu falei, que são os treinamentos mesmo, cursos. Nesses

cursos, existe o road map, que é um mapa com todos os treinamentos que

você tem que executar para estar pronto para ser um líder e, depois, para se

formar um líder global; não existe uma especificidade para você se formar

um líder, gerente de sua companhia; você tem que, alguns itens que você é

obrigado a ter; então, tem aqueles cursos básicos que você é obrigado a

garantir. E, uma vez que você é designado gerente, 6 meses depois, você tem

um curso que você é obrigado a fazer também. São mandatórios esses cursos.

(Entrevistado A4)

Para o desenvolvimento de líderes globais, existem vários materiais disponíveis

na Web para estudos. Nos treinamentos, existem módulos específicos visando ao

desenvolvimento dessa população, por exemplo: como se comportar em uma reunião,

como entender a cultura de outro país, como tratar o cliente em outra região, como

liderar um time global, como exercer influência para cima e como negociar.

A IBM faz o desenvolvimento de seus líderes globais com muitos

treinamentos. Temos muito material disponível na Web, também para estudo.

(Entrevistado A12)

A gente tem materiais sobre cultura, sobre comunicação, sobre feedback,

como dar feedback para as pessoas, como dar feedback remoto. Nós temos

treinamentos networks, que ensina como criar uma rede de contatos; tem

treinamento de como fazer apresentação, tem muitos treinamentos para saber

negociar; tem estilos gerenciais, então, para saber qual usar e em qual

Page 178: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

177

momento; tem sobre clima. É tanto material que tem lá! A gente tem

disponível também, no site, uma base de dados para pesquisa; então, tem

muitas pesquisas de hardware que a gente acessa; então, é, é legal porque são

pequenos recortes que falam sobre os estudos, sobre diversos temas de

liderança. (Entrevistado A2)

Temos módulos específicos para você trabalhar com times globais, por

exemplo; tem desde coisas básicas, como se comportar numa reunião, como

entender a cultura de outro país, com informações de cada país, como é a

cultura, os principais pontos, de como você faz um tratamento com o cliente

de outra região, como você exerce liderança com o seu time, você exerce

influência para cima, como você faz negociações. (Entrevistado A1)

Para assumir uma posição de liderança global na IBM, é preciso ter experiência,

e é depois que são feitos os cursos road map.

E, para o líder global, não tem nenhum treinamento mandatório para você ser

designado. Mas, para o funcionário ser designado, normalmente, tem que ter

tido alguma experiência, e existe, depois que, da designação, ele precisa fazer

alguns cursos do portfólio dos cursos de liderança. (Entrevistado A2)

O programa de desenvolvimento de liderança envolve o uso de diferentes

métodos, ferramentas e processos para melhorar a aprendizagem. Tanto a educação em

sala de aula quanto a experimental são importantes e complementares para o

desenvolvimento da liderança global (ODDOU; MENDENHALL, 2013). O

desenvolvimento das competências do líder global pode ser realizado pela pactuação de

vários métodos, combinando-os uns com os outros ao longo do tempo

(MENDENHALL; MARK , 2006).

A combinação de vários métodos para a aprendizagem respeita os vários estilos

individuais (VOCI; YOUNG, 2001). A IBM utiliza várias abordagens para desenvolver

seus líderes globais: CSC, coaching e feedback, assessment, modelo de shadow,

mentoria, expatriação, licença para trabalhar em outros países, programa com trocas de

experiências e interação com pessoas de vários países e treinamentos.

Conger e O’Neill ( 2012) comentam que a avaliação rigorosa das competências

de liderança globais serve como base para as práticas de gestão de talentos para líderes

globais. Holten e Brenner (2015) argumentam que práticas eficazes de assessment são

necessárias para a seleção e a identificação de potencial talento, para se verificar os

gaps da liderança atual, para o desenvolvimento, para se mapear o potencial dos

talentos, para o planejamento de sucessão e para o planejamento de carreira. O

assessment eficaz também é fundamental para o desenvolvimento e para a retenção de

Page 179: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

178

talentos de liderança global. Nos treinamentos de liderança da IBM, é previsto que a

pessoa faça um assessment e receba o feedback.

Dodge (1993, apud ODDOU; MENDENHALL, 2013) comenta que

pesquisadores mostraram que apenas 20% da nossa educação ocorrem formalmente, em

sala de aula; 30%, por meio de troca de informações com outras pessoas; e 50%, pela

experiência pessoal no trabalho. Oddou e Mendenhall (2013) acrescentam que a

experiência ativa tanto o lado intelectual quanto o lado emocional; para o

desenvolvimento dos líderes, isso implica expô-los a uma operação geograficamente

diferente, o que possibilita o confronto cultural, impactando, assim, na sua performance.

Percebe-se que a IBM utiliza todas as modalidades de educação citadas acima.

Existem programas de educação formal; no entanto, utiliza-se muito da experiência no

trabalho e da troca de informações. Por ser uma empresa global, a troca de experiência e

a aprendizagem multicultural tornam-se mais enriquecedoras, uma vez que a IBM está

presente em mais de 170 países.

Através do programa de mentoria que existe na IBM, líderes desenvolvem

líderes. Os gerentes seniores são diretamente envolvidos no ensino e na facilitação do

desenvolvimento de liderança. Dalakoura (2010) menciona que existem várias razões

para o líder desenvolver outros líderes: os líderes podem transferir para os seus

seguidores a sua própria experiência e o seu conhecimento; podem fornecer um foco

para metas e ações comuns, e definir a direção e a estratégia de tomada de decisão. Essa

ação pode trazer uma satisfação pessoal, por se ajudar os outros a crescerem, e

conhecimentos e ideias são desenvolvidos como o resultado de se partilhar a sua

experiência com os outros. Assim, através de um programa formal de mentoria, os

líderes seniores da IBM desenvolvem líderes.

O mentoring é uma ferramenta de desenvolvimento profissional que consiste em

uma pessoa experiente ajudar outra, menos experiente. O mentor é um guia, um mestre,

conselheiro, alguém que tem vasta experiência profissional no campo de trabalho da

pessoa que está sendo ajudada. O processo inclui conversas e debates sobre assuntos

que não estão necessariamente ligados ao trabalho. Esse processo possibilita o

aprendizado e o consequente desenvolvimento na carreira do profissional.

Recentemente, coaching para líderes tornou-se um aspecto importante do seu

desenvolvimento. Isso pode ser individual, com o uso de consultores externos que

trabalham no estabelecimento de metas, tanto com foco no autodesenvolvimento quanto

em habilidades gerenciais, tais como orçamento, uso de tecnologia ou de marketing.

Page 180: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

179

Na opinião de Mendenhall (2006), o tipo de programa mais efetivo para o

desenvolvimento da liderança global é por meio do coaching, pois é um treinamento em

“tempo real”, com alta individualização, focando no presente, incentivando a liberdade

para se aprender com confidencialidade. A IBM possui forte cultura para o trabalho de

coaching, sendo essa ferramenta bastante utilizada por todos os líderes. Ainda,

percebeu-se que, para a criação de uma cultura de inovação, a IBM incentiva o uso

dessa ferramenta.

O feedback também está presente fortemente na cultura da empresa. Isso é

facilitador do desenvolvimento dos líderes globais. Oddou e Mendenhall (2013)

mencionam que, quanto maior o número de fontes de feedbacks às quais o líder global

estará exposto, maior será a possibilidade de mudança no modelo mental. As maiores

possibilidades de feedbacks, para essa mudança de modelo mental, encontram-se na

experiência pessoal de trabalho (50%) e na troca com outras pessoas (30%).

Para treinamentos formais, destaca-se o road map, que é um portfólio de cursos

para o desenvolvimento das lideranças globais, e vários materiais disponíveis na Web

para estudos. Esses cursos são para os funcionários que têm potencial para serem

gerentes, para os gerentes novos, para os gerentes experientes, para os gerentes com

potencial executivo e para os executivos.

7.5 Síntese

As competências mais citadas pelos líderes globais da IBM foram: ter facilidade

em estabelecer contatos interpessoais, gostar e valorizar as pessoas, flexibilidade para

entender diferentes pontos de vista, para se adaptar a outras culturas e pensamentos e

para a sua adaptação e da sua família. Também os líderes consideram importante a

fluência em vários idiomas; no entanto, essa competência deve ser considerada

juntamente com uma boa comunicação.

Saber lidar com a diversidade cultural e gerir equipes remotas foram outras das

competências apontadas. Os líderes globais precisam conhecer e entender diferentes

culturas, saber lidar com pessoas multiculturais, conhecer e respeitar as diferenças entre

as pessoas. Os líderes globais da IBM acreditam que lhes é fundamental saber criar e

gerir equipes remotas, com pessoas de culturas diferentes; isto é, têm que valorizar a

diversidade, ter a habilidade de conexão virtual e de se fazer presente, mesmo estando

longe.

Page 181: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

180

Com um número menor de alusões, apresentaram-se as competências:

construção de networking e parcerias, negociação, ética, disciplina e organização, visão

de negócios e assumir riscos. Uma competência pouco mencionada, mas que se

considera ser essencial para a atuação de líderes globais.

O líder global, conforme a percepção dos entrevistados, necessita ter visão de

negócio, da empresa e do cliente, tem que ser focado em resultados e tem que ter a

capacidade de execução. As competências que tiveram o menor número de citações

foram: contextualizar e gerir a complexidade, visionário e inspirador.

A IBM utiliza várias abordagens para desenvolver seus líderes globais: CSC

(Corporate Service Corps), coaching e feedback, assessment, modelo de shadow,

mentoria, expatriação, licença para trabalhar em outros países, programa com trocas de

experiências e interação com pessoas de vários países, assim como treinamentos.

Page 182: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

181

8 CONCLUSÕES GERAIS E RECOMENDAÇÕES

8.1 Introdução

Este capítulo apresenta as principais constatações da pesquisa e considerações

sobre o estudo como um todo; as contribuições para o conhecimento e as limitações que

deverão ser consideradas. O capítulo é encerrado com algumas sugestões para futuras

pesquisas.

8.2 Síntese do estudo

Este estudo teve como objetivo compreender quais as competências que são

fundamentais para a atuação eficaz de um líder global, e quais as estratégias de

desenvolvimento que são usadas nas empresas do Brasil para o desenvolvimento dos

líderes globais.

A pesquisa bibliográfica revelou que liderança global é um novo campo de

investigação, ainda em construção, apesar das diversas contribuições de muitos

pesquisadores. Somente nas últimas décadas o interesse por essa temática intensificou-

se, em função da necessidade de as empresas atuarem em nível internacional, de

desenvolverem estratégias globais, de se expandirem para mercados internacionais e de

competirem no mercado global.

O debate sobre líder e liderança já é uma questão complexa, havendo várias

definições e discordância sobre esses conceitos. No que diz respeito à liderança global,

aumenta-se o nível de complexidade e, consequentemente, aumenta-se também a

dificuldade na definição desse conceito.

Liderança global é o processo que envolve vários países, vários membros e

diversas partes interessadas, nas seguintes condições: diversas culturas, complexidade

geográfica, alta multiplicidade, volatilidade, incerteza, ambiguidade, interdependência e

precariedade. A liderança global precisa influenciar os membros da organização e as

partes interessadas, para a identificação e a realização da visão e das metas

organizacionais. Um líder global é, portanto, a posição de um único indivíduo, que tem

a responsabilidade pelo processo de liderança global.

Os pesquisadores concordam que a liderança global é significativamente

diferente da liderança local, devido à importância do contexto. As características do

Page 183: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

182

contexto global exercem maior influência para a liderança global do que em contextos

locais.

Considera-se que um grande fator de impacto na geração de complexidade para

a liderança global está relacionado a questões da diversidade cultural. Cultura pode ser

definida como uma sociedade particular que tem uma combinação de elementos

distintos e interdependentes, que podem mudar ou não, gradualmente, incluindo

pressupostos, crenças, valores e práticas institucionais.

A pesquisa bibliográfica mostrou também que vários pesquisadores têm

utilizado a estrutura dimensional para encontrarem agrupamentos de culturas que

compartilhem padrões semelhantes de valores e de práticas, com o fim de se entender a

liderança em contextos culturais diferentes. Acredita-se que, em um primeiro momento,

os mapas culturais poderão ser úteis para sensibilizar os líderes globais sobre a

importância da compreensão das diferenças culturais.

Porém, frente ao contexto de trabalho do líder global, caracterizado por

multiplicidade, interdependência, ambiguidade, fluxo, incertezas, volatilidade e diversas

culturas nacionais, a forma de se utilizar somente os mapas culturais para o

entendimento das culturas pode tratar-se de uma maneira superficial de compreender

essas diferenças culturais.

Considera-se ser importante compreender cultura sob as perspectivas nacionais,

organizacionais e individuais, observando-se que todos os três níveis estão em constante

interação. O fenômeno da liderança global deve ser entendido a partir de um

determinado contexto que incorpore também as diferenças entre países, em relação aos

sistemas econômicos, educacionais, financeiros, legais, políticos e culturais.

Mostrou-se, através da pesquisa bibliográfica, que existem várias abordagens

sobre o conceito de competências, havendo grande confusão e vários debates relativos a

esse conceito. Embora tenham sido feitos vários esforços para se chegar a uma definição

única do conceito de competências, ainda não foi alcançado nenhum acordo, sendo

presente grande variação de significado entre várias culturas.

Uma importante constatação que merece ser apontada encontra-se na literatura

sobre competências de liderança global. Percebeu-se que existe certa carência de

bibliografia sobre esse tema, e existe falta de clareza na definição do conceito de

competências para a liderança global. Este estudo foi, portanto, uma tentativa de

avançar em tal conhecimento.

Page 184: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

183

Sabendo-se da existência de várias definições sobre o conceito de competências,

verificou-se que, nos modelos apresentados, somente um deles apresenta uma definição

mais consistente de competências (KSAOs), que corresponde a: knowledge, skills,

ability e outras características de personalidade. Assim, aponta-se para a necessidade de

se estabelecer um conceito preciso sobre competências, para que ocorra amplo

entendimento sobre a temática de liderança global.

De acordo com a literatura revisada, as características pessoais mais importantes

para o líder global são: traços de personalidade, inteligência emocional e inteligência

cultural. Os traços de personalidade foram identificados como preditores-chave da

eficácia de liderança global, incluindo: extroversão, amabilidade, abertura à experiência

e conscienciosidade. Estes traços de personalidade não são apenas importantes para os

líderes globais, mas para todos os líderes. Assim, para que sejam eficazes, precisam

demonstrá-los, devido às interações intensas com pessoas dentro e fora das

organizações.

Da mesma forma, as inteligências interpessoais e intrapessoais, articuladas por

Gardner (1993), e a inteligência emocional, enunciada por Salovey e Mayer (1990), são

importantes para os líderes em geral, pela razão de os líderes precisarem influenciar os

membros da organização e os stakeholders, para a identificação e a realização da visão

da organização, assim como para se atingir as metas organizacionais. Além disso, essa

tarefa requer habilidades interpessoais eficazes, para um bom relacionamento com as

pessoas no local de trabalho e stakeholders.

Acredita-se que a capacidade mais relevante para o líder global, somente, seja a

inteligência cultural. Esta capacidade foi definida como a capacidade de funcionar

eficazmente em diferentes culturas. Os líderes globais precisam de maior compreensão

sobre os aspectos culturais, caracterizados pela diversidade; além disso, os líderes

globais terão relações com um maior número de stakeholders de diferentes países e,

consequentemente, de e com diferentes culturas.

Pontua-se que o modelo de liderança global deverá ser multidimensional, e o

núcleo fundamental desse modelo é composto de traços de personalidade, motivações,

valores, crenças e capacidade intelectual. Essas características individuais apresentadas

na revisão da literatura não são específicas para a liderança global, porém, precisam ser

inclusas para a seleção e para o desenvolvimento de todos os líderes, em especial, dos

líderes globais.

Page 185: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

184

A disposição de personalidade influencia nos comportamentos e é a base para o

futuro desenvolvimento de competências. Além disso, deve ser dada atenção ao nível de

especialização dos líderes globais, de iniciante a expert, devido às diferentes fases da

experiência; normalmente, são necessários diferentes níveis de complexidade das

competências.

A pesquisa bibliográfica revelou ainda que a perspectiva para o desenvolvimento

do líder em geral mudou de somente absorção de conteúdos para a coprodução de

aprendizagem. Ainda, o assessment das competências do líder global não deverá ser

realizado exclusivamente através de questionários. A combinação de vários

instrumentos possibilitará a maior eficácia na avalição do estágio de desenvolvimento

das competências necessárias para o líder global.

Concorda-se que a experiência é crucial para o desenvolvimento dos líderes

globais, como apresentado nos modelos Chattanooga, expertise em liderança global,

desenvolvimento de executivos globais e Kozai. Entretanto, para que essa experiência

seja eficiente, ela tem que ser transformacional; somente através da reflexão e da reação

a uma nova situação tal transformação será possível.

Além da experiência, é importante combinar várias ferramentas, vários métodos

e processos que poderão auxiliar o desenvolvimento do líder global. Isso permitirá

respeitarem-se os vários estilos individuais de aprendizagem.

Visualizou-se que todos os programas para o desenvolvimento da liderança

global apresentados na revisão bibliográfica usam a avaliação feedback 360 graus e o

coaching. Existe ainda forte tendência em se colocar a ação nos processos de

desenvolvimento, e não somente no processo de fornecimento de conteúdos em salas de

aula.

Os resultados da pesquisa revelaram que a IBM espera que qualquer funcionário

exerça a liderança, não existindo a ideia de que somente o chefe é um líder. A liderança

está nas competências de todos os funcionários da empresa. O sistema de recrutamento

e de seleção interno da IBM é realizado globalmente, sendo que as responsabilidades

estão muito bem definidas e as carreiras são globais estão bem definas. A IBM valoriza

tanto a carreira técnica quanto a gerencial, e possui vários níveis gerenciais.

O trabalho é feito por projetos, com duração de seis a três anos, com interação

entre vários países. Os funcionários podem se mudar para outros países para

trabalharem, porém, não são considerados expatriados; quando terminam o projeto,

voltam para o país de origem. Os funcionários podem também obter licença, no seu

Page 186: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

185

país de origem, para ser contratado no país em que vai trabalhar; depois, se desejar,

pode voltar. Na IBM, todas as oportunidades são divulgadas em todos os países, e

qualquer funcionário pode se candidatar às vagas disponíveis.

Por ser uma empresa global, com carreiras globais bem definidas, aumenta-se a

facilidade de mobilidade dos funcionários entre vários países; consequentemente, as

oportunidades para a aprendizagem e para assumirem responsabilidades de liderança

globais são maiores.

A população dos líderes globais entrevistada na IBM é jovem, situando-se na

faixa etária entre 30 e 55 anos, e estão trabalhando na empresa num período de 15 a 20

anos. Eles possuem diversidade enorme em termos de graduação, com, no mínimo, uma

pós-graduação, e fluência em português e inglês.

Conclui-se que, mesmo a IBM sendo uma empresa de serviços de TI, não existe

um predomínio de cursos de graduação em TI, em engenharias ou em matemática.

Existe realmente a valorização do conhecimento em várias áreas.

Torna-se interessante pontuar também que todos os líderes entrevistados são

brasileiros; dois deles tem dupla cidadania: brasileira e italiana, e brasileira e espanhola.

Percebe-se que, em outras multinacionais, os cargos de líderes globais, normalmente,

são ocupados por funcionários da mesma nacionalidade da matriz. Assim, parece que a

IBM valoriza o talento independentemente da sua nacionalidade.

Os maiores desafios verbalizados pelos líderes globais da IBM no seu contexto

de trabalho foram: entender e lidar com as diferenças culturais, a necessidade de lidar

com vários fusos horários e de trabalhar em horários não triviais, a gestão de equipes

remotas, lidar com a competitividade entre as pessoas de países diferentes, em uma

mesma equipe, a falta de sensibilidade da matriz com a cultural local, as constantes

viagens internacionais e ter qualidade de vida.

Os entrevistados percebem que existem diferenças significativas entre a atuação

de uma liderança local, em apenas um país, e a atuação global, cujo líder é responsável

por mais de um país. Para eles, os líderes globais precisam lidar com várias culturas,

assimilar as diferenças, tanto do cliente como dos funcionários e do ambiente,

gerenciando equipes remotas. Eles precisam aprender outros idiomas e ter uma

comunicação mais clara. Essas diferenças tornam, pois, mais complexa a atuação do

líder global, em relação ao líder local.

Verifica-se, assim, que o contexto de trabalho do líder global é diferente e bem

mais complexo do que o de um líder local, existindo vários fatores que impactam a

Page 187: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

186

geração da complexidade para a liderança global. Esses fatores estão relacionados às

questões das diversidades de stakeholders e de culturas, ao alargamento das fronteiras, à

dispersão e à complexidade geográfica dos países, aos diferentes sistemas políticos e

econômicos e à existência de vários fusos horários. Ainda, à volatilidade, à incerteza e à

ambiguidade que estão presentes no mundo atual.

Conclui-se que, sendo o contexto de trabalho do líder global diferente daquele

do líder local, com maior complexidade, existe a necessidade de novas competências e

estratégias de desenvolvimento para os líderes atuarem no contexto internacional.

De acordo com as entrevistas realizadas, as características pessoais mais

importantes para o líder global são: facilidade em estabelecer contatos interpessoais,

gostar e valorizar as pessoas, flexibilidade para entender diferentes pontos de vista, para

se adaptar a outras culturas e a outros pensamentos e a sua adaptação e a da sua família.

O líder global necessita de estabelecer contatos interpessoais com grande

variedade de pessoas, com alta diversidade cultural. Sendo assim, a necessidade de

flexibilidade e de adaptação torna-se mais rápida, mais sofisticada, com maior

sensibilidade do que a necessidade de um líder local.

Também os líderes consideram importante a fluência em vários idiomas; no

entanto, essa competência deve ser considerada juntamente com uma boa comunicação,

não bastando somente ter a fluência em outros idiomas. Novamente, considera-se

importante apontar que todos os líderes necessitam de ter uma boa comunicação; no

entanto, no caso de líderes locais, com menor complexidade do que a de um líder

global.

Boa comunicação significa que o líder precisa ter a capacidade de transmitir

corretamente a mensagem, saber ouvir e adaptar sua comunicação e seu estilo de

liderança às particularidades de cada cultura. Acredita-se que ocorre o aumento da

complexidade da comunicação, uma vez que as interações se dão, muitas vezes,

remotamente, usando-se vários recursos tecnológicos. Ainda, as interações ocorrem em

fusos horários diferentes, com pessoas de culturas e sotaques diferentes.

Saber lidar com a diversidade cultural foi outra competência apontada. Os

líderes globais precisam conhecer e entender diferentes culturas, saber lidar com

pessoas multiculturais, conhecer e respeitar as diferenças das pessoas.

Os líderes globais da IBM parecem ter conhecimento e estarem atentos e

sensíveis às diferenças culturais de outros países. Para eles, os latinos e os indianos são

pessoas que gostam de ter contatos interpessoais; no entanto, os latinos são vistos como

Page 188: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

187

indisciplinados. Para os entrevistados, os brasileiros brincam muito e não são pontuais,

e isto tem conotação negativa.

Na percepção desses líderes, os mexicanos possuem dificuldade em mudar, e os

americanos lidam melhor com a pressão do que os argentinos e os brasileiros. Os líderes

brasileiros, argentinos e mexicanos são vistos como tendo falta de humildade. Assim,

parece que, realmente, a IBM tem a preocupação e investe no desenvolvimento, para

que seus líderes sejam sensíveis, compreendam e lidem com a diversidade cultural.

Ocorre ainda a necessidade de se ter competência de gestão de equipes remotas.

Líderes globais da IBM acreditam que é fundamental, para eles, saber criar e gerir

equipes remotas, com pessoas de culturas diferentes. Para isso, eles precisam valorizar a

diversidade, ter a habilidade de conexão virtual e de se fazer presente, mesmo estando

distante.

Acredita-se que as características facilidade em estabelecer contatos

interpessoais, gostar e valorizar as pessoas, flexibilidade e adaptabilidade facilitam o

alinhamento cultural necessário para se obter uma boa comunicação, para se conhecer,

para entender e respeitar as diferenças individuais e culturais, importantes para se saber

lidar com a diversidade cultural e para criar e gerir equipes remotas, com culturas

diferentes.

Os líderes globais também precisam desenvolver as competências de construção

de network e parcerias, negociação, ética, disciplina e organização, visão de negócios e

assumirem riscos. O líder global precisa construir seu network, construir a sua rede de

credibilidade, ser capaz de construir parcerias e de influenciar outras pessoas, mesmo

sem ter autoridade sobre elas. Hoje, as gestões das relações de poder não estão mais

hierárquicas, uma vez que as empresas globais operam em estruturais matriciais, em

ambientes de redes, o que coloca em desuso as antigas estruturas hierárquicas.

Ser ético também é importante para os líderes globais, o que implica ser

transparente, falar a verdade, ser íntegro nas suas relações e em seus valores, para ser

referência para os seus liderados. A necessidade da competência de disciplina e

organização explica-se pela necessidade de os líderes globais se autodisciplinarem, de

recolherem, juntarem e consolidarem informações de diferentes países, com diferentes

perspectivas, para criarem uma visão única globalizada. As últimas competências

consideradas relevantes para o líder global são: visão de negócio da empresa, ser focado

em resultados e ter capacidade de execução.

Page 189: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

188

Conclui-se que as competências que são importantes somente para os líderes

globais são: saber lidar com a diversidade cultural, gerir equipes remotas e falar vários

idiomas. Para isso, é de extrema importância que o líder global tenha alta inteligência

cultual. Esta inteligência foi definida como a capacidade de funcionar eficazmente em

diferentes culturas.

Reforça-se que todos os líderes têm a necessidade de terem as competências de

boa comunicação, de construção de network e parcerias, de negociação, de ética, de

disciplina e organização, de visão de negócios, de capacidade de execução e de assumir

riscos. No entanto, existem diferenças do nível da complexidade exigida para um líder

global e para um líder local, pelos fatores já mencionados.

Percebe-se que o líder global terá que aumentar sua competência em assumir

riscos, significando que deverá entender o ambiente externo e tomar decisões olhando o

maior número de ideias possível; decisões estas que devem ser tomadas mesmo que os

dados não sejam perfeitos; assim, que ele aja com urgência. Este senso de urgência

significa que ele deve entender e levar em consideração todo o seu ecossistema, tudo o

que está à sua volta, e que seja rápido em suas decisões, o que, às vezes, implica

assumir riscos.

Presume-se que, cada vez mais, se aumentará a complexidade no ambiente de

trabalho do líder global, com a tendência para o aumento dos elementos que existem nos

tempos atuais: volatility (mudanças rápidas e em larga escala), uncertainty (o futuro não

pode ser previsto com precisão), complexity (os desafios são complicados, pois existem

poucas causas individuais ou soluções para os problemas) e ambiguity (há pouca clareza

sobre o significado e sobre os efeitos que podem ocorrer nos eventos). Assim, implica

também ter um desenvolvimento maior na sua competência, para assumir mais riscos.

Percebeu-se que o desenvolvimento de líderes globais é complexo,

principalmente pela complexidade do seu ambiente de trabalho e pela diversidade

cultural vivenciada. Isso exigirá a utilização de várias abordagens, e também permitirá

se respeitar os vários estilos individuais de aprendizagem, pelas próprias diferenças

entre os indivíduos e pelas diferenças culturais.

Acredita-se que a IBM mostrou ter uma estratégia desenvolvimento de líderes

globais bem estruturada, com variedade de métodos e de abordagens. As estratégias

mais usadas para o desenvolvimento global são: CSC (Corporate Service Corps),

coaching e feedback, assessment, modelo de shadow, mentoring, expatriação, licença

Page 190: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

189

para trabalhar em outros países, programa com trocas de experiências e com interações

entre pessoas de vários países, treinamentos.

A IBM utiliza a própria diversidade cultural existente entre seus funcionários

como ferramenta para que seus líderes conheçam e aprendam a lidar com a diversidade

cultural. Percebeu-se que, em treinamentos formais, são colocadas pessoas de vários

países para o desenvolvimento dessa competência. Também se observou que a IBM

incentiva e valoriza o networking entre os funcionários, o que também colabora para o

conhecimento de outras culturas. Essa estratégia usada pela IBM é facilitada por ser

uma empresa globalmente integrada, com atuação em mais de 170 países.

Percebeu-se que a IBM considera que a experiência é crucial para o

desenvolvimento dos líderes globais, como apresentado nos modelos Chattanooga,

expertise em liderança global, desenvolvimento de executivos globais e Kozai.

Também, para que essa experiência seja eficiente, há de ser transformacional, e somente

através da reflexão e da reação a uma nova situação essa transformação será possível.

Os programas coaching e feedback e mentoring estão bem alinhados com essa

possibilidade de reflexão.

Interessante observar que, com o programa CSC (Corporate Service Corps) da

IBM, a empresa, além de facilitar o desenvolvimento dos seus funcionários, cumpre

também a sua responsabilidade social, ajudando ONGs e comunidades de países em

desenvolvimento. Assim, as organizações podem desenvolver estratégias de

desenvolvimento pelas quais obtenham outros retornos, e não somente o

desenvolvimento dos seus funcionários.

Outra importante consideração que merece destaque é a percepção de que existe,

em algumas empresas atuantes no Brasil, a expatriação, sendo a única maneira de se

realizar o desenvolvimento de líderes globais. Apresentou-se que existem várias outras

estratégias que poderão atingir esse objetivo. Para que ocorra a expatriação, a empresa

precisa ter alto investimento. Assim, percebe-se que existe, atualmente, nas empresas, o

incremento de novas estratégias de desenvolvimento de líderes globais, cujos

investimentos podem ser menores do que um programa de expatriação.

8.3 Contribuições do estudo

Esta pesquisa tem uma primordial contribuição teórica para a Administração, no

campo das competências e das estratégias de desenvolvimento de líderes globais.

Page 191: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

190

Mostrou-se o contexto para a liderança global, as diferenças entre liderança global e

local, o impacto da diversidade cultural nesse contexto e a multiplicidade de mapas

culturais e modelos de competências e de estratégias que pode ser usada para o

desenvolvimento de líderes globais.

Outras contribuições estão na exibição do perfil do líder global, nos desafios que

eles encontram no seu trabalho, como eles percebem as diferenças culturais, como veem

as diferenças de atuações entre líderes locais e globais e finalmente, suas trajetórias de

carreiras e responsabilidades.

Outras contribuições estão na exibição do perfil do líder global, nos desafios que

eles encontram em seu trabalho, em como eles percebem as diferenças culturais, como

veem as diferenças de atuações entre líderes locais e globais e, finalmente, em suas

trajetórias de carreiras e responsabilidades.

Outra importante contribuição situa-se na apresentação de outras estratégias para

o desenvolvimento dos líderes globais. Isso permitirá o campo de pesquisa dessa

temática no Brasil, aprofundando a investigação em outras metodologias, não focando

exclusivamente os programas de expatriação. Ainda, isso facilitará para que as empresas

brasileiras reflitam e criem novas estratégias que possam levar em consideração a

cultura brasileira.

Quanto à parte metodológica, acredita-se ter acrescido também para o

conhecimento. Percebe-se que, no Brasil, existe um número pequeno de teses que

utilizam a pesquisa qualitativa, com um estudo de caso em profundidade. Pela riqueza

de dados obtidos, mostrou-se que esse método pode ser de grande utilidade, dependendo

da temática e do objetivo do estudo.

Sob a perspectiva do desenvolvimento de profissionais, este estudo poderá

contribuir de maneira ampla no desenvolvimento das competências necessárias para que

se tenha uma atuação eficaz em empresas que tenham atuações internacionais. Sob a

perspectiva da multiculturalidade, a apresentação dos diversos mapas de culturas

nacionais poderá auxiliar na sensibilização, na reflexão e no aprendizado d as diferenças

culturais entre os países, com uma configuração mais sistematizada e prática.

8.4 Limitações da pesquisa

O estudo de liderança global é um fenômeno recente, complexo, com escassas

pesquisas no mundo e no Brasil. Assim, algumas escolhas metodológicas foram

Page 192: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

191

realizadas para viabilizar o estudo; entretanto, podem limitar a sua completa

compreensão. Frente ao exposto, as principais limitações do estudo serão argumentadas.

A primeira limitação situa-se na investigação por estudo de caso. Existem

críticas a esse método, no que tange à possibilidade de se realizar generalizações a partir

das conclusões, ou não.

A segunda situa-se na derivação dos dados da pesquisa, que se deu através de

uma empresa, por meio de sete entrevistas, de dados do Centro de Referências de

Criação de Valor Internacional da Fundação Dom Cabral e em pesquisas na internet.

Estas fontes de pesquisa restringiram o banco de dados utilizado. As conclusões do

estudo foram, portanto, específicas para o contexto e para as experiências dos líderes

globais da empresa estudada.

Em terceiro lugar, em termos de métodos de pesquisa, poder-se-ia ter usado

entrevistas em grupo focado, observações mais direcionadas, além de se ter coletado

documentos na empresa, para ampliar o banco de dados utilizado. Portanto, os

resultados apresentados não podem ser generalizados; devem ser restritos à pesquisa

feita para elaboração desta tese.

Uma última limitação que deverá ser considerada é a questão do

interpretativismo, que é inerente às pesquisas qualitativas. Nem tudo pode ser

representado como “realidade”, pois a realidade é criada através de várias perspectivas;

as pessoas criam significados do mesmo modo como são afetadas pelo contexto.

Também a consideração sobre os indivíduos possuírem boa percepção de si mesmos,

dos outros e de eventos é incompleta. Portanto, os entrevistados da pesquisa podem não

estar cientes das estruturas mais amplas que regem as interpretações que deram ou das

condições que sustentam suas ações.

Por conseguinte, e novamente, os resultados apresentados não podem ser

generalizados, e devem ser restritos à pesquisa feita para a elaboração desta tese.

8.5 Sugestões de continuidade da pesquisa

Uma primeira recomendação é a de se ampliar a discussão sobre o conceito de

competências, principalmente para clarear a definição das competências dos líderes

globais. Considera-se importante estender também a compreensão das competências dos

líderes globais. Sugere-se, assim, verificar, em outras empresas, quais competências são

consideradas importantes para a atuação eficaz de um líder global.

Page 193: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

192

Ainda, considera-se importante compreender quais estratégias são utilizadas por

outras empresas para o desenvolvimento de líderes globais, bem como verificar o seu

contexto de trabalho, o seu perfil, os desafios que encontram em seu trabalho, como eles

percebem as diferenças culturais e suas trajetórias de carreiras e responsabilidades.

Supõe-se ser importante compreender a cultura sob as perspectivas nacionais,

organizacionais e individuais. Recomenda-se, então, que se aprofunde essa discussão e

que se amplie o entendimento da cultura de uma maneira mais ampla, não focando

exclusivamente em mapas culturais.

Acredita-se que a maior dificuldade na internacionalização das empresas

brasileiras encontra-se no baixo desenvolvimento das competências necessárias para

que o líder brasileiro desenvolva e implemente estratégias de negócios internacionais.

Recomenda-se que seja verificado o nível de desenvolvimento das competências desses

líderes, para verificar tal suposição.

Espera-se que as constatações, as conclusões e as contribuições deste estudo,

bem como as suas limitações e recomendações para pesquisas futuras, que foram aqui

discutidas, contribuam para a realização de outras pesquisas sobre as competências e as

estratégias de desenvolvimento do líder global.

Page 194: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

193

REFERÊNCIAS

ADLER, N. J.; BRODY, L. W.; OSLAND, J. S. Going behond twentieth century

leadership: a CEO develops his company’s global competitiveness. Cross Cultural

Management: an International Journal, v. 8, n. 3/4, p. 11-34, 2001.

AGRAWAL, A.; ROOK, C. Global Leaders in East and West: Do all global leaders

lead in the same way? In: OSLAND, J. S., Li, M. et al (Ed.). Advances in global

leadership. UK: Emerald Group Publishing, 2014. p. 155-179.

ANAND, N.; BARSOUX, J. L. Quest: leading global transformations. United States:

IMD International, 2014.

ANG, S. Personality Correlates of the Four-Factor Model of Cultural Intelligence.

Group & Organization Management, v. 31, n. 1, p. 100-123, 2006.

ATTRIDE-STIRLING, J. Thematic networks: an analytic tool for qualitative research.

Qualitative Research, v. 1, n. 3, p. 385-405, 2001.

BAKER, S. E.; EDWARDS, R. How many qualitative interviews is enough? Expert

voices and early career reflections on sampling and cases in qualitative research. United

Kingdom: National Centre for Research Methods Review Paper, 2012.

BASSY, M. Case studies. In: BRIGGS, A. R. J.; GOLEMAN, M. (Ed.). Research

Methods in Educational Leadership Management., 2007.

BIRD, A. et al. Defining the content domain of intercultural competence for global

leaders. Journal of Managerial Psychology, v. 25, n. 8, p. 810-828, 2010.

BIRD, A.; MENDENHALL, M. E. From cross-cultural management to global

leadership: Evolution and adaptation. Journal of World Business, 2015.

BIRD, A.; OSLAND, J. S. Global competencies: an introduction. In: LANE, H. W.,

MAZNEVSKI, M. L. et al (Ed.). The blackwell handbook of global management: a

guide to managing complexity. Malden, MA: Blackwell Publishing Ltda, 2004.

BIRD, A.; STEVENS, M. Assessing global leadership competencies. In:

MENDEHALL, M., E., OSLAND, J. S. et al (Ed.). Global leadership: RESEARCH,

PRACTICE AND DEVELOPMENT. New York Routledge, 2013.

BLACK, J. S.; MORRISON, A. J.; GREGERSEN, H. Global explorers: the next

generation of leaders. New York: Routledge, 1999.

BOYATZIS, R. E. Competencies in the 21st century. Journal of Management

Development, 2008.

BRANNEN, M. Y.; GÓMEZ, C.; PETERSON, M. F.; ROMANI, L.; SAVIG, L.; WU,

P. People in global organizations: culture, personality, and social dynamics. In: LANE,

H. W., MAZNEVSKI, M. L., et al (Ed.). The Blackwell Handbook of Global

Page 195: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

194

Management: a guide to managing complexity. Malden, MA: Blackwell Publishing

Ltda, 2004.

BRAUN, V.; CLARKE, V. Using thematic analysis in psychology. Qualitative

Research in Psychology, v. 3, n. 2, p. 77-101, 2006.

BUCHOLTZ, M. The politcs of transcription. Journal of Pragmatics, 1999.

BUSH, T. Authenticity in research - reliability, valiity and trianguation. In: Briggs, A.

R. J. e Goleman, M. (Ed.). Research methods in educational leadership

management. London: Sage, 2007.

CACIOPPE, R. An integrated model and approach for the design of effective leadership

development programs. Leadership & Organization Development Journal, v. 19, n.

1, p. 44-53, 1998.

CALIGIURI, P. Developing global leaders. Human Resource Management Review,

v. 16, n. 2, p. 219-228, 2006.

CALIGIURI, P.; TARIQUE, I. Dynamic cross-cultural competencies and global

leadership effectiveness. Journal of World Business, v. 47, n. 4, p. 612-622, 2012.

CALIGIURI, P.; TARIQUE, I. Predicting effectiveness in global leadership activities.

Journal of World Business, v. 44, n. 3, p. 336-346, 2009.

CASE, P.; TURNBULL, S.; KHAKWANI, S. Indroduction: the emerging case for

wordly leadership. In: TURNBULL, S., CASE, P. et al (Ed.). Worldly leadership-

alternative wisdoms for a complex word. New York: Palgrave Macmillan, 2012.

CHU, R. A. Modelo contemporâneo da gestão à brasileira. São Paulo: Cengage

Learning, 2011. (Coleção debates).

CLARKE, S. School leadership in turbulent times and the value of negative capability.

Professional Development in Education, v. 1, n. 14, 2015.

COFFEY, A.; ATKINSON, P. Making sense of qualitative data: complementary

research strategies. London: Sage, 1996.

CONGER, J. A.; O´NEILL, C. Building the Bench for Global Leadership. HR People

& Strategy, v. 35, 2012.

CRESWELL, J. M. Research design: qualitative and quantitative approaches.

Thousand Oaks: Sage Publications, 2009.

CRESWELL, J. W. Qualitative inquery and research design. London: Sage, 2007.

CROSBY, C. L.; ZLEVOR, G. Johnson & Johnson's transformational leadership

program prepares quality leaders for global challenges. Global Business and

Organizational Excellence, v. 29, n. 2, p. 19-25, 2010.

Page 196: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

195

CYRINO, A. B.; BARCELLOS, E. P. Estratégias de internacionalização: evidências e

reflexões sobre empresas brasileiras. In: TANURE, B.; DUARTE, R. G. (Orgs.).

Gestão internacional. São Paulo: Saraiva, 2006.

DALAKOURA, A. Differentiating leader and leadership development. Journal of

Management Development, v. 29, n. 5, p. 432-441, 2010.

DICKSON, M. W.; DEN HARTOG, D. N.; CASTAÑO, N. Understanding leadership

across cultures. In: BHAGAT, R. S.; STEERS, R. M. (Ed.). Cambridge handbook of

culture, organizations, and work. UK: Cambridge University Press, 2009.

DISTEFANO, J. J.; MAZNEVSKI, M. L. Developing global managers: integrating

theory, behavior. Data and Performance, v. 3, p. 341-371, 2003.

EARLEY, P. C.; ANG, S. Cultural intelligence: individual interactions across cultures.

Palo Alto: CA: Stanford University Press, 2003.

ELIZUR, D.; BORG, I.; HUNT , R.; BECK, I., M. The structure of work values: a cross

cultural comparison. Journal of Organiional Behavior, 1991.

EREZ, M.; GATI, E. A dynamic, multi-level model of culture: from the micro level of

the individual to the macro level of a global culture. Appied Psychology an

international review, n. 53, p. 583-598, 2004.

FLEURY, A.; FLEURY, M. T. Internacionalização das empresas brasileiras: em busca

de uma abordagem teórica para os late movers. In: FLEURY, A.; FLEURY, M. T.

(Ed.). Internacionalização e os países emergentes. São Paulo: Atlas, 2007.

FLEURY, A.; FLEURY, M. T. The brazilian multinationals: surfing the waves of

internationalization. Cambridge, UK: Cambridge University Press, 2011.

FRAENKEL, J.; WALLEN, N. How to design and evaluate research in education.

New York: McGraw-Hill., 2007.

FREITAS, A. B. Traços brasileiros para uma análise organizacional. In: MOTTA, F. C.

P.; CALDAS, M. P. (Ed.). Cultura organizacional e cultura brasileira. São Paulo:

Atlas, 2012.

GARDNER, H. Multiple intelligences: the theory and practice. New York: Basic

Books, 1993.

GIBSON, C. B.; MENDENHALL, M. E.; KIRKMAN, B. L. When does culture matter?

In: BHAGAT, R. S.; STEERS, R. M. (Ed.). Cambridge handbook of culture,

organizations, and work. UK: Cambridge University Press, 2009.

GOLEMAN, D. Emotional intelligence: why it can matter more than IQ. London:

Bloomsbury, 1996.

GUNDLING, E.; GRANT, T.; EVERHART, D. Global leadership development at Ford.

Advances in Global Leadership, v. 8, p. 317-338, 2014.

Page 197: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

196

HALL, D. T.; ZHU, G.; YAN, A. Developing global leaders: to hold on to them, let

them go! Advances in Global Leadership, v. 2, p. 327-349, 2001.

HERD, A. M.; ALAGARAJA, M.; CUMBERLAND, D. M. Assessing global

leadership competencies: the critical role of assessment centre methodology. Human

Resource Development International, p. 1-17, 2015.

HILLS, M. D. Kluckhohn and Strodtbeck's values orientation theory. Online Readings

in Psychology and Culture, 2002.

HOFFMAN, T. The meaning of competency. Journal of European Industrial

Training, 1999.

HOFSTEDE, G. Culturas e organizações: compreender a nossa programação

mental. Lisboa: Gráfico Manuel A. Pacheco Ltda, 2003.

HOLTEN, A.-L.; BRENNER, S. O. Leadership style and the process of organizational

change. Leadership & Organization Development Journal, v. 36, n. 1, p. 2-16, 2015.

HOUSE, R. J.; HANGES, P. W.; JADIVAN, M.; DORFMAN, P.; GUPTA, V.

Culture, leadership and organisation: the globe study of 62 societies. Beverly Hill:

Sage, 2004.

IBM. Corporate Service Corps. Disponível em:

<http://www.ibm.com/ibm/responsibility/corporateservicecorps/>. Acesso em: 20 jan.

2015.

IBM. Corporate Service Corps. Brazil. Disponível em:

<http://www.ibm.com/ibm/responsibility/corporateservicecorps/wwa_brazil.html>.

Acesso em: 20 jan. 2015.

IBM Brasil. História. Disponível em: <http://www.ibm.com/br/ibm/history/>. Acesso

em: 22 out. 2015.

JABEEN, F.; CHERIAN, J. P.; PECH, R. Industrial Leadership within the United Arab

Emirates: how does personality influence the leadership effectiveness of indian

expatriates? International Journal of Business and Management, v. 7, n. 18, 2012.

JOKINEN, T. Global leadership competencies: a review and discussion. Journal of

European Industrial Training, v. 29, n. 3, p. 199-216, 2005.

KITTLER, M. G.; RYGL, D.; MACKINNON, A. Beyond culture or beyond control?

Reviewing the use of Hall’s high-/low-context concept. International Journal of

Cross Cultural Management, 2011.

LANE, H. W.; MAZNEVSKI, M. L.; M. E. MENDENHALL, M. E.; MCNETT, J. The

blackwell handbook of global management: a guide to managing complexity.

Malden, MA: Blackwell Publishing Ltda, 2004.

Page 198: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

197

LE DEIST, F., O,D; WINTERTON, J. What is competence? Human Resource

Development International, 2005.

LEUNG, K.; BHAGAT, R. S.; BUCHAN, N. R.; EREZ, M.; GIBSON, C. B. Culture

and international business: recent advances and their implications for future research.

Journal of International Business Studies, v. 36, n. 4, p. 357-378, 2005.

LEUNG, K.; SU, S. K.; MORRIS, M. Justice in the culturally diverse workplace: the

problems of over and under emphasis of culture. In: GILLILAND, S.; STEINER, D. et

al (Ed.). Theoretical and cultural perspectives on organizational justice. EUA:

Information Age Publishing, 2001.

LEVY, O.; BEECHLER, S.; TAYLOR, S.; BOYACIGILLER, N. A. What we talk

about when we talk about ‘global mindset’: managerial cognition in multinational

corporations. Journal of International Business Studies, v. 38, n. 2, p. 231-258, 2007.

LEWIS, J.; RITCHIE, J. Generalising from qualitative research. In: RITCHIE, J.;

LEWIS, J. (Ed.). Qualitative research practice: a guide for social science students

and researchers. London: Sage, 2003.

MARTIN, A. The future of leadership: where do we go from here? Industrial and

Commercial Training, v. 39, n. 1, p. 3-8, 2007.

MENDEHALL, M. E. Leadership and the birth of global leadership. In:

MENDEHALL, M. E. et al. (Ed.). Global leadership: research, practice and

development. New York Routledge, 2013.

MENDENHALL, M. E. Three necessary questions for global leadership development in

India. Vikalpa: The Journal for Decision Makers, 2011.

MENDENHALL, M. E. The Elusive, yet critical challenge of developing global

leaders. European Management Journal, v. 24, n. 6, p. 422-429, 2006.

MENDEHALL, M. E. et al. (Ed.). Global leadership: research, practice and

development. New York Routledge, 2013.

MENDENHALL, M. E. et al. Defining the “global” in global leadership. Journal of

World Business, v. 47, n. 4, p. 493-503, 2012.

MENDENHALL, M. E. et al. Global leadership: research, practice, and development.

London and New York: Routledge, 2008.

MENDENHALL, M.; OSLAND, J. S. An overview of the extant global leadership

research. SYMPOSIUM PRESENTATION, Porto Rico, Academy of International

Business, 2002.

MINAYO, M. C. S. Pesquisa social: teorias, métodos e criatividade. In: MINAYO,

M. C. S (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis, RJ: Vozes,

2003.

Page 199: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

198

MOORE, D. R.; CHENG, M.; DAINTY, A. R. J. Competence, competency and

competencies: performance assessment in organisations. Work Study, 2002.

MORRISON, M. What do mean by educational research. In: BRIGGS, A. R. J.;

GOLEMAN, M. (Ed.). Research methods in educational leadership management.

London: Sage, 2007.

MOTTA, F. C. P. Cultura organizacional e cultura brasileira. In: MOTTA, F. C. P.;

CALDAS, M. P. (Ed.). Cultura organizacional e cultura brasileira. São Paulo: Atlas,

2012.

NARDON, N.; STEERS, R. M. The culture theory jungle: divergence and convergence

of national cultures. In: BHAGAT, R. S.; STEERS, R. M. (Ed.). Cambridge

handbook of culture, organizations, and work. UK: Cambridge University Press,

2009.

ODDOU, G. R.; MENDEHALL, M., E. Global leadership development. In:

MENDENHALL, M. E. et al (Ed.). Global leadership: research, practice and

development. New York: Routledge, 2013.

OSLAND, J. S. An Overview of the global leadership literature. In: MENDEHALL, M.,

E. et al. (Ed.). Global leadership: research, practice and development. New York:

Routledge, 2013.

OSLAND, J. S. Expert cognition and sense-making in the global organization

leadership: a case study In: FISHER; MOSER, K. (Ed.). Informed by knowledge:

expert performance in complex situations. New York: Taylor e Francis Group, 2011.

OSLAND, S., J; BIRD, A. Process models of global leadership development. In:

MENDENHALL, M. E. et al. (Ed.). Global leadership: research, practice and

development. New York: Routledg, 2013.

OSLAND, J. S.; BIRD, A. Global leaders as experts. In: MOBLEY, W. H.; WELDON,

E. (Ed.). Advances in global leadership. UK: Emerald Group Publishing, 2006. p. 123-

142. v. 4.

OSLAND, J. S. et al. A. Developing global leadership capabilities and global mindset: a

review. In: STAHAL, G. K.; BJÖRKMAN, I. (Ed.). Handbook of research

international human resource management. Cheltenham, UK: Edward Elgar

Publishing Limited, 2006.

OSLAND, J. S.; BIRD, A.; MENDENHALL, M. E. Developing global mindset and

global leadership capabilities. In: STAHAL, G. K. et al. (Ed.). International human

resources handbook. London: Elgar, 2012.

OSLAND, J. S.; BIRD, A.; ODDOU, G. The context of expert global leadership. In:

MOBLEY, W. H. et al. (Ed.). Advances in global leadership. Oxford: Elsevier, 2012.

p.107-124. v. 7.

Page 200: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

199

OSLAND, J. S.; TAYLOR, S.; MENDENHALL, M. E. Global leadership: progress and

challenges. In: BHAGAT, R. S.; STEERS, R. M. (Ed.). Cambridge handbook of

culture, organizations, and work. UK: Cambridge University Press, 2009.

PARRY, S. B. The quest for competencies. Training, 1996.

PATTON, M. Q. Enhancing the quality and credibility of qualitative analysis. In:

__________ (Ed.). Qualitative research and evaluation methods. London: Sage,

2002.

PLESS, N. M.; MAAK, T.; STAHL, G. Developing responsible global leaders through

international service-learning programs: the Ulysses experience. Academy of

Management Learning e Education, v. 10, n. 2, p. 237-260, 2011.

REICHE, B. S.; MENDEHALL, M. E. Loking to the future. In: MENDEHALL, M. E.

et al. (Ed.). Global leadership: research, practice, and development. New York:

Routledge, 2013.

REIS, G. G. Global mindset e fatores culturais: influências nas competências de

subsidiárias brasileiras no exterior. Pesquisa multinível. Faculdade de Economia,

Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.

RITCHIE, J. The applications of qualitative methods to social research. In: RITCHIE,

J.; LEWIS, J. (Ed.). Qualitative Research and Evaluation Methods. London: Sage,

2002.

RITCHIE, J.; LEWIS, J.; EL AM , G. Designing and selecting samples. In: RITCHIE,

J.; LEWIS, J. (Ed.). Qualitative research practice: a guide for social science students

and researchers. London: Sage, 2003.

ROBINSON, D. A.; HARVEY, M. Global leadership in a culturally diverse world.

Management Decision, v. 46, n. 3, p. 466-480, 2008.

ROCHA, A.; SILVA, J., F.; CARNEIRO J. Expansão internacional das empresas

brasileiras: revisão e síntese. In: FLEURY, A.; FLEURY, M. T. (Ed.).

Internacionalização e os países emergentes. São Paulo: Atlas, 2007.

SALDAÑA, J. Coding and analysis strategies. In: LEAVY, P. (Ed.). The Oxford

handbook of qualitative research. Londres: Oxford University Press, 2014,

SALOVEY, P.; MAYER, J. D. Emotional intelligence. Baywood Pubishing Co.,1990.

SANCHEZ-RUNDE, C. J.; LEE, S. M.; STEERS, R. M. Cultural drivers of work

behavior: personal values, motivation and job attitudes. In: BHAGAT, R. S.; STEERS,

R. M. (Ed.). Cambridge handbook of culture, organizations, and work. UK:

Cambridge University Press, 2009.

SAWANBORN, P. G. Case study research. London: Sage, 2010.

SCHWARTZ, S. H. A theory of cultural values and some implications for work.

INTERNATIONAL ASSOCIATION OF APPLIED PSYCHOLOGY, 9., 1999.

Page 201: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

200

SCHWARTZ, S. H. Universals in the content and structure of values: theoretical

advances and empirical tests in 20 countries. Advances in Experimental Social

Psychology, v. 25, p. 1-65, 1992.

SIMONS, H. Case study research: in-depth understanding in context. In: LEAVY, P.

(Ed.). The Oxford handbook of qualitative research. Londres: Oxford Handbooks

Online, 2014.

STAKE, R. E. Case studies. In: DEZIN, N. K.; LINON, Y. K. (Ed.). Handbook of

qualitative research. London: Sage, 1994.

SUUTARI, V. Global leader development: an emerging research agenda. Career

Development International, 2002.

TANURE, B.; BARCELLOS, E. P.; FLEURY, M. T. L. Psychic distance and the

challenges of expatriation in Brazil. The International Journal of Human Resource

Management, v. 20, n. 5, p. 1039-1055, 2009.

TANURE, B.; EVANS, P.; PUCIK, V. A gestão de pessoas no Brasil: virtudes e

pecados capitais. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

THOMAS, D. C. et al. Cultural intelligence: domain and assessment. International

Journal of Cross Cultural Management, v. 8, n. 2, p. 123-143, 2008.

THOMAS, G.; MYERS, K. The anatomy of the case study. Edição Kindle: Sage,

2015.

THOMAS, J.; HARDEN, A. Methods for the thematic synthesis of qualitative research

in systematic reviews. National Centre for Research Methods Review Paper, 2008.

TRAVESSO, D. N. Como as empresas brasileiras estão enfrentando os desafios da

internacionalização In: ALMEIDA, André (Org.). Internacionalização de empresas

brasileiras: perspectivas e riscos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

TROMPENAARS, F.; HAMPDEN-TURNER, C. Riding the waves of culture:

understanding cultural diversity in business. London: Nicholas Brealey Publishing,

1988

TSUI, A. S.; NIFADKAR, S. S.; AMY YI, O. Cross-national, cross-cultural

organizational behavior research: advances, gaps, and recommendations. Journal of

Management, v. 33, n. 3, p. 426-478, 2007.

VOCI, E.; YOUNG, K. Blended learning working in a leadership development

programme. Industrial and Commercial Training, v. 33, n. 5, p. 157-161, 2001.

WANG, D.; FREEMAN, S.; ZHU, C. J. Personality traits and cross-cultural

competence of chinese expatriate managers: a socio-analytic and institutional

perspective. The International Journal of Human Resource Management, v. 24, n.

20, p. 3812-3830, 2013.

Page 202: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

201

WINSBOROUGH, D.; HOGAN, R. Evaluating global leadership: does culture matter?

Advances in Global Leadership, v. 8, p. 45-65, 2014.

YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman, 2014.

YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman, 2001.

Page 203: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

202

ANEXO A – Protocolo da pesquisa

Todos os participantes da pesquisa serão informados desse protocolo antes de participar

na investigação.

1. Os participantes serão plenamente informados sobre a natureza e extensão da

pesquisa, incluindo o tema e métodos a serem empregados antes de concordar em

participar.

2. Ao concordar em participar da pesquisa com base neste protocolo, os participantes

concordam com o uso de suas informações para o estudo, incluindo citações diretas de

entrevistas realizadas com eles.

3. O pesquisador irá manter o anonimato de todos os participantes e a confidencialidade

de todas as informações que surgem das entrevistas. Os dados das entrevistas serão

utilizados unicamente para fins de pesquisa. Qualquer informação dos participantes da

pesquisa não será divulgada a seus superiores ou qualquer outra pessoa.

4. As empresas participantes terão os nomes divulgados serão identificados como: A1,

A2, A3, A4, A5, A6, A7.

5. Para os propósitos deste estudo, o pesquisador estará atuando como um aluno

pesquisador da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e bolsista da Capes.

6. O pesquisador terá a posse dos dados coletados, a análise, resultados e conclusões do

relatório. O relatório final estará disponível na biblioteca da Pontifícia Universidade

Católica de São Paulo. O acesso ao relatório seguirá o regulamento da biblioteca da

PUC-SP.

7. O pesquisador como autor, em conjunto com a Pontifícia Universidade Católica de

São Paulo, reserva o direito de publicar a pesquisa. Uma publicação somente será

realizada após consulta com os participantes da pesquisa e continuará a ser sujeito a este

protocolo.

Page 204: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

203

ANEXO B – Fases da pesquisa

Fase 1 Aprovação da proposta de tese em

fevereiro de 2012

Fase 2 Revisão do projeto de pesquisa com base

no feedback sobre a proposta de tese

Continuação da revisão de literatura

Fase 3 Seleção das empresas e entrevistados

Realização das entrevistas

Fase 4 Transcrição das entrevistas

Pesquisas sobre as empresas

Coleta de documentos das empresas

Fase 5 Análises das transcrições das entrevistas

Fase 6 Elaboração do relatório final

Revisão do relatório com base no feedback

Fase 7 Elaboração do relatório final

Deposito do relatório

Page 205: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

204

ANEXO C – Mapa conceitual

Page 206: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

205

ANEXO D – Carta convite para participação na pesquisa

São Paulo, 07 de setembro de 2014

Prezada (o) ___________________________,

Em relação à pesquisa que eu estou conduzindo, " Atributos e competências para a

liderança global e as estratégias de desenvolvimento usadas por multinacionais no

Brasil para desenvolver seus líderes para atuarem em um contexto internacional ", eu

gostaria de convidar a empresa___________________________ para participar de um

estudo de caso. Para tanto, preciso da sua disponibilidade para uma entrevista e ainda,

que você me indicasse seis líderes globais da empresa para serem entrevistados também.

As entrevistas, terão aproximadamente uma hora e serão realizadas em um espaço

disponível no escritório da empresa em São Paulo.

Atenciosamente,

Maria Simone Prates Barreto

Pesquisadora

Page 207: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

206

ANEXO E – Termo de consentimento livre e esclarecido

Nome do participante: _________________________________________________

Nome do pesquisador: Maria Simone Prates Barreto

Título do projeto de pesquisa: Atributos e competências para a liderança global e as

estratégias de desenvolvimento usadas por multinacionais no Brasil para desenvolver

seus líderes para atuarem em um contexto internacional.

Confirmo que fui informado sobre a natureza do estudo, incluindo entrevistas e outros

procedimentos. Eu entendo e voluntariamente aceitar o convite para participar do estudo

acima.

Eu entendo o propósito e processo do projeto de pesquisa e meu envolvimento com ele.

Eu também entendo que:

Eu posso a qualquer momento antes da publicação retirar-se a participação, sem

penalidade, prejuízo, consequências negativas, repercussão, ou desvantagem e

exigência de que os meus dados pessoais / informações sejam permanentemente

excluídos do banco de dados.

O pesquisador irá utilizar os meus dados / informações pessoais exclusivamente

para este estudo.

O pesquisador irá processar meus dados / informações pessoais de maneira

anônima e irá proteger a privacidade e confidencialidade dos meus dados /

informações pessoais.

As informações obtidas durante o estudo podem ser publicadas, eu não vou ser

identificado e meus dados pessoais / informações permanecerão confidenciais.

Os registros de investigação serão mantidos em segurança.

Durante a entrevista estou ciente que ocorrera sua gravação.

Somente o pesquisador terá acesso a gravação para a transcrição e a utilização

destes serão somente para os propósitos da pesquisa.

Os aspectos éticos do projeto foram aprovados.

Page 208: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

207

Se eu tiver dúvidas sobre a pesquisa em qualquer momento, entrarei em contato com a

Sra Maria Simone Prates Barreto: (11) xxxxxx ou (11) xxxxxx

Nome do participante: ........................................................................................................

Assinatura: ...............................................................................

Data: ……………………….

Page 209: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

208

ANEXO F – Autorização da IBM para utilização dos dados coletados na Fundação

Dom Cabral

São Paulo, 01 dezembros de 2015

Prezada xxxxxxx,

Em relação à pesquisa que eu estou conduzindo, “competências para a liderança

global e as estratégias de desenvolvimento usada pela IBM no Brasil para

desenvolver seus líderes para atuarem em um contexto internacional”, eu gostaria

de obter a autorização da IBM para utilizar os dados e citar nominalmente a empresa, na

minha pesquisa. Esses dados foram coletados em um trabalho realizado no centro de

referência em criação de valor internacional do núcleo de negócios internacionais da

Fundação Dom Cabral, realizado no período de abril a agosto de 2014 no escritório em

São Paulo.

Atenciosamente,

Maria Simone Prates Barreto

Pesquisadora

Page 210: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

209

ANEXO G – Autorização da Fundação Dom Cabral para utilização dos dados

São Paulo, 01 dezembros de 2015

Prezado xxxxxxx,

Em relação à pesquisa que eu estou conduzindo, " competências para a liderança

global e as estratégias de desenvolvimento usada pela IBM no Brasil para

desenvolver seus líderes para atuarem em um contexto internacional ", eu gostaria

de obter a autorização da Fundação Dom Cabral para utilizar os dados e citar

nominalmente a empresa, na minha pesquisa. Esses dados foram coletados em um

trabalho realizado no centro de referência em criação de valor internacional do núcleo

de negócios internacionais da Fundação Dom Cabral, realizado no período de abril a

agosto de 2014 no escritório em São Paulo.

Atenciosamente,

Maria Simone Prates Barreto

Pesquisadora

Page 211: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

210

ANEXO H – Roteiro de entrevista

Quantos anos você trabalha nesta empresa?

Qual a sua trajetória profissional?

Qual a sua nacionalidade?

Qual é a área (s) que você trabalha ou já trabalhou?

Quais e quantos idiomas você tem fluência?

Quais são os seus projetos em andamento?

Em quantos países você já trabalhou por um período mínimo de um ano?

Qual a sua formação?

Perguntas para a entrevista semiestruturada

1. Por favor, descreva suas experiências como líder global?

2. Na sua opinião um líder local é diferente de um líder global?

3. Como você descreveria um líder global?

4. Quais são as capacidades corretas para um líder global?

5. Você consegue identificar dois líderes globais com quem você trabalhou e que

tem as qualidades de liderança expostas?

6. Cite uma situação concreta, quando eles manifestaram essas qualidades de

liderança.

7. Descreva alguns papéis de liderança que atualmente você realiza?

8. Que características pessoais o ajuda a cumprir esses papéis de liderança?

9. Quais condições na empresa ajudam a cumprir esses papéis de liderança?

10. Quais condições na empresa dificultam cumprir esses papeis de liderança?

11. Como você avalia os talentos e realiza o desenvolvimento do líder global?

12. Na sua opinião o desenvolvimento de uma liderança global deve ser diferente de

uma liderança local?

13. Quais as abordagens de desenvolvimento que a empresa utiliza para desenvolver

as capacidades gerais e específicas de um líder global?

14. Como é definido a trajetória de carreira para um líder global na empresa?

Page 212: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

211

15. Como mudar a mentalidade dos funcionários de uma empresa para uma

mentalidade global?

16. Existe alguma coisa que você deseja adicionar à informação que você já

forneceu?

Page 213: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

212

ANEXO J – Estratificação e codificação

CONTEXTO DE TRABALHO DO LIDER GLOBAL DA IBM

AMBIENTE DE TRABALHO

NA IBM

Entrevistado Referência codificada Código

A1 A IBM tem um ambiente muito bom de trabalho.

Ambiente de trabalho muito

bom na IBM

A4 A IBM me dá uma flexibilidade muito boa. Então, quando

eu preciso sair de casa, porque tenho as crianças, reunião

de colégio, vou no pediatra, bom, vida de mãe é isso.

Ambiente de trabalho na IBM e

de flexibilidade

A4 E a IBM me permite ter isso, então eu sou muito presente

na vida das crianças, eu não preciso estar longe; e mesmo

assim eu estou crescendo, estou numa posição super boa,

sou uma executiva aqui dentro da empresa e consegui

equilibrar tudo, então, eu tenho bastante orgulho disso

Ambiente que favorece o

equilíbrio entre a vida

profissional e pessoal

A1 Na IBM tem que aprender que tem que aprender muito.

Você tem que superar uma montanha você recebe um

envelope com outra Missão Impossível só que não tem o

Tom Cruz e nem o 007. O ambiente é um ambiente muito

desafiador isso é muito bacana o que se aprende muito a

gente costuma brincar quando eu era gerente de primeira

linha eu contratava algumas pessoas e falava para ficar

assim onde você vai conseguir cuidar de 5 mil servidores.

Ambiente desafiador e de

intensa aprendizagem

A1 Não consegue resolver tem um cara no Rio de Janeiro São

Paulo ou fora do Brasil que vai te ajudar a resolver os

desafios que você tem aqui eu acho que é fundamental

isso te motiva a querer trabalhar.

Ambiente de cooperação

A1 O que me encanta na IBM que fez com que eu ficasse 21

anos e justamente essa oportunidade de você acumular

uma bagagem que você não tem, de assumir novos

desafios de se movimentar as vezes lateralmente. Isso te

motiva a querer trabalhar que te motiva a aquele crescer te

faz aprender que tem que aprender

Ambiente que possibilita

crescimento

A3 Estar numa empresa que se transforma tanto. Esses

programas de liderança estão mudando tanto, o mundo

está sendo, está tão dinâmico.

Ambiente dinâmico e de

intensa transformação

DIFERENCAS CULTURAIS

A7 O Latino, por exemplo, gosta desse contato pessoal, então

e importante visitar esses países, eu sempre faço isso pelo

menos uma vez a cada três messes eu visito os meus times

que não estão no Brasil. Minha base e o brasil. Esse

contato mais próximo também e importante aqui.

Latino gosta do contato pessoal

A7 Acho que ainda além de ter a ferramenta, a gente precisa é

de um gerente de projeto capacitado e a disciplina das

pessoas que executam. A disciplina na execução

sinceramente, hoje e um dos grandes desafios para nós

aqui ou em qualquer parte do mundo. Especialmente na

América Latina porque as pessoas são indisciplinadas.

Latino é indisciplinado

A6 O mexicano fala sempre porque a nossa cultura é assim. E

vira desculpa para não mudar a cultura. E eu, questiono

isso. Eu falo que todos nos especialmente a liderança,

precisamos assimilar certas coisas. Às vezes, é uma

maneira IBM, às vezes, é uma maneira corporativa, às

vezes, é uma maneira latina ou americana. E isso é uma

O mexicano tem dificuldade de

adaptar em outras culturas

Page 214: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

213

coisa boa mudar a minha cultura.

A5 Eu vim trabalhar na IBM em Hortolândia, depois de

trabalhar 26 anos nos Estados Unidos e tive um choque

cultural quanto a pontualidade dos brasileiros. Agendei

uma reunião operacional para as 10 horas da manhã e não

tinha ninguém na sala. Manhã. Fui questionado se eu

havia esquecido como era o brasileiro. Somente após 25

minutos a reunião começou, ainda assim, não estavam

todas as pessoas convocadas presente. Teve até uma

pessoa que chegou 10:55. Então, é um exemplo da nossa

cultura latina que é muito assim. Aí falei que nos Estados

não era assim, mas vocês podem assimilar, podem adaptar

pois somos todos humanos.

O brasileiro não é pontual

A6 Dependendo da cultura, não dá lidar com pressão e

intimidação. O americano ele é mais forte, então aceita,

mas o brasileiro, o argentino começa a bater muito cabeça

e não dá certo.

O americano lida melhor com

pressão do que o argentino e

brasileiro

A6 Existe falta de humildade da liderança na Argentina,

Brasil e no México. Na Índia também, mas não tanto. A

Índia é um país com um pessoal mais sofrido e eles são

mais americanizados, apesar da distância, pela linguagem,

o inglês, eles falam.

Os líderes brasileiro, argentino

e mexicano não são humildes.

B1

Brasileiro e muito brincalhão então para algumas culturas

e desrespeito e você tem que ser extremamente formal e

não pode falar determinadas palavras. Brasileiro e bem

difícil as vezes neste aspecto, sotaque e um problema para

alguns. Por exemplo, algumas culturas não gostam de

sentir sotaque de outra cultura similar e mais ou menos

metade da população da IBM é focada nesses serviços

globais e metade no mercado doméstico.

O brasileiro brinca muito

A1 O pessoal da América Latina gosta de ter um contato

pessoal O Alemão é um pouco mais frio. Na Índia eles

gostam também de ter um contato mais pessoal e gostam

muito de saber quem é a pessoa e querem conhecer a

pessoa

Os latinos e indianos gostam

mais de ter contatos pessoais do

que os alemães.

A4 Então, tem grupos de talento de futuros executivos, tem

grupo de mulheres, então a IBM, ela tem muito essa busca

de como que eu vou me posicionar, e capacitar e fazer

mais melhoras para o meu ambiente de trabalho, porque a

gente está num ambiente de tecnologia, e é muito difícil

você conseguir mulheres, e a gente vê que… a gente olha

para o nível gerencial, você tem 80% homem e 20%

mulher; por que? A gente tem que tomar muito cuidado,

tem que garantir que todo mundo está tendo a mesmas

oportunidades. Existem grupos que estão [...] nome

diferente para esse grupo, mas é um grupo de negros,

mulheres, de LGT, então, para trabalhar a inclusão desses

grupos, então também tem um foco nisso.

Inclusão de minorias

SISTEMAS DE GESTAO DE

RH

SISTEMA DE

COMPETENCIAS DA IBM

A1 Na verdade, a IBM mudou um pouco. Antigamente

existiam competências separadas para quem era o gerente

para quem não era gerente e hoje não tem mais isso tem as

competências para todos os funcionários da IBM. E

esperado que qualquer funcionário exerça liderança não

existe essa ideia de que meu chefe é um líder ficar aqui

sentado esperando esperado ele, não existe isso, essa é

uma diferença da IBM. Todo funcionário da tem que ter

Sistema de competências na

IBM

Todo funcionário e líder na

IBM

Page 215: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

214

um nível de liderança. Liderança está nas competências de

todos os funcionários da IBM. A competência é

padronizada para todo mundo, porém um cara por

exemplo que é vice-presidente espera-se que ele seja

expert em várias competências um cara que está no seu

início de carreira vai ser júnior em todas as competências

. SISTEMA DE AVALIACAO

DE PERFORMANCE

A4 A avaliação de performance é uma avaliação anual.

Existem alguns itens que ajudam. Então se o funcionário

seguiu as condutas, as normas da IBM e não fez nenhum

nada de errado com relação à política, as leis, isso aí é o

item número um para avaliação. Mas se tem algum item

que o funcionário não seguiu as regras, fez alguma coisa

que na auditoria foi pego, ele já começa negativo nesse

item. E neste ponto não existe se o funcionário está acima

ou abaixo em comparação com os outros. Esse é o único

quesito que não tem comparação ou o funcionário segue

os valores, normas e condutas da IBM ou não segue, não

tem meio termo.

Depois é avaliado o autodesenvolvimento, o quanto o

funcionário conseguiu se desenvolver naquele ano, como

e o funcionário trabalha com o seu time, como o cliente

enxerga o funcionário, o feedback do cliente também pesa

na avaliação. Se o funcionário atingiu os objetivos durante

todo o ano. Cada líder realiza com seu funcionário uma

carta de objetivos que são objetivos do negócio. Nesta

carta são acordadas as metas, horas de trabalho, prazos e

custos. O cumprimento da carta de objetivo e outro item

da avaliação. Os itens avaliados são: disciplina em geral,

valor agregado a posição, iniciativa, habilidade de

comunicação.

Sistema de Avaliação de

performance e realizada

anualmente

Demonstrar os valores da IBM

Seguir as condutas e normas da

IBM

Autodesenvolvimento

Trabalho com o seu time

Prestação de serviços aos

clientes,

Elaboração de carta de

objetivos e verificação do

cumprimento ou não.

Cumprir metas estabelecidas

Cumprir, prazos e custos

Execução e atingimento de

objetivos

Business control

Disciplina em geral,

Valor agregado a posição

Iniciativa

Habilidade de comunicação

A4 Quem é líder ainda tem alguns itens a mais. Ele e avaliado

em desenvolvimento da equipe, cumprimento dos

objetivos pela equipe, avaliação da equipe

Avaliação de performance do

gerente.

Desenvolvimento da equipe

Cumprimento dos objetivos da

a equipe

Avaliação da equipe

Reconhece as pessoas

Realiza feedback formal com

seus subordinados

Formaliza, estimula a

diversidade e inovação

Direciona os funcionários para

executar a estratégia da

empresa

Contribui para o

desenvolvimento dos

profissionais.

A1 Depois que realizamos as avaliações realizamos uma

reunião para balizamento das avaliações. Por exemplo, eu

pego todos os meus gerentes, e as avaliações de todos os

funcionários deles e comparamos e discutimos as

avaliações para garantir um balizamento correto entre as

pessoas.

Sistema para alinhamento das

avaliações

Reuniões para balizar as

avaliações

A4 Nós temos os líderes de conta que recebem feedback o

tempo inteiro, sobre os funcionários. O cliente manda e-

mail se ele não gosta, se ele gosta muito, manda e-mail

elogiando, agradecendo a pessoa que realizou o

atendimento, ou se tem um problema muito grave ele

Avalição de performance pelo

cliente

O cliente sempre fornece

feedback sobre a satisfação ou

não dos serviços prestados

Page 216: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

215

também manda reclamando. Então a gente tem um

feedback formal, tanto negativo quanto positivo e isso é

considerado uma avaliação

pelos funcionários.

A4 Três anos atrás a IBM tinha uma pesquisa formal,

anônima, onde o funcionário avaliava o gerente, e

recebíamos uma resposta consolidada, mas sem saber

quem respondeu. Nos últimos três anos a IBM acabou

com essa pesquisa, mas continuamos realizando

avaliações. Eu faço reuniões, que a gente chama de mesa

redonda, reunião com alguns funcionários, onde eu

começo a listar os meus pontos e peço também feedback

dos meus gerentes e depois do feedback eu acompanho a

avaliação do gerente. Mas aí não é anônimo; a pessoa está

falando, então eu acho que fica um pouco mais difícil eles

abrirem tudo.

Avaliação do gerente pelo

funcionário

SISTEMA DE

ACOMPANHAMENTO

A4 O gerente tem de fazer um acompanhamento do trabalho

do funcionário e todo mês e realizamos mesas redondas

para avaliar individualmente cada um. Nesta avaliação

damos feedback do que ele fez bem, o que ele fez mal.

Sabemos que o ideal e dar o feedback na hora, mas as

vezes não da. A IBM forca os gerentes a dar esses

feedbacks e no mínimo uma reunião mensal uma reunião

face to face ou remoto, que seja por Skype uma vez por

mês para garantir que, se alguma coisa passou

desapercebido, no máximo, vai passar por 30 dias, não vai

passar por mais que isso. O medo e que no dia a dia por

ser muito corrido, por ser um trabalho que tem a exigência

de alta performance, focamos somente na entrega do

negócio esqueçamos das pessoas. Na IBM ao mesmo

tempo tem que entregar tem que entregar uma avaliação

com o acompanhamento do desenvolvimento de carreira

do funcionário, para dar o mesmo peso e garantir um

equilíbrio de pessoas e negócios. Normalmente, empresas

que entregam serviços, tem que garantir que as pessoas

estão motivadas, bem acompanhadas e o líder faz toda

diferença.

Acompanhamento do

funcionário

Equilíbrio entre as pessoas e o

negocio

Empresa que fornece serviços

tem que garantir que os

funcionários estejam motivados

e acompanhados

O líder faz a diferença

AVALIACAO E

ACOMPANHAMENTO DE

FUNCIONARIOS QUE

ESTAO EM OUTROS PAISES

A4 O líder global realiza a avaliação de performance anual de

todos os seus subordinados. Porém, todo o funcionário

tem um líder local, que e alguém que entende mais das

leis do pais. O líder local e responsável por promoções de

aumento salarial obrigatório ele entende mais disso.

Avaliação de subordinados que

estão em outros países

A4 Eu tenho um sistema gerencial para realizar o

acompanhamento dos funcionários em outros países.

Então eu tenho reuniões com eles uma vez por semana,

uma parte da reunião e livre sem tema ligação, para falar

qualquer coisa que tenha preocupação, que queira contar.

Depois eu tenho reunião de trabalho mesmo.

Acompanhamento de

funcionários em outros países

SISTEMA DE

RECRUTAMENTO E

SELECAO

B1 Hoje dentro do time de recrutamento do Brasil tem uma

pessoa que trabalha da Alemanha e não importa que está

na Alemanha, ela consegue fazer o trabalho e faz parte do

time do Brasil. Pagamos de acordo com o contrato local

Pessoa que faz parte do time de

recrutamento do Brasil está

fisicamente na Alemanha.

Page 217: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

216

dela. E o conceito de não importa de onde estar o melhor

recurso. Eu quero o melhor recurso. Ais têm pessoas que

não necessariamente precisam mudar de pais para ter uma

oportunidade de trabalhar com outra cultura ela trabalha

de onde ela está mesmo. Isso é a questão do talento na

nuvem. Surgiu outro conceito que não olhamos somente o

que a pessoa entrega do ponto de vista de skill. Você vê a

reputação dele como um profissional como um ser

completo o que está dizendo nas mídias sociais, onde está

contribuindo se ele e um ser socialmente integrado e

voluntario não e vemos o funcionário de uma maneira

também de outra forma que não conhecíamos antes outro

fator que entra.

Olhando para uma perspectiva de gestão global apesar de

ter alguma centralização das decisões no Brasil as

responsabilidades estão muito bem definidas, assim o

recrutamento e seleção interno na empresa pode ser

realizado globalmente. Acrescentou-se que as áreas de

finanças e de Recursos Humanos são compreendidas

como equipes globais e estão muito mais conectados em

todo o mundo do que a equipe de vendas. Concluiu-se que

as áreas da empresa que tem a responsabilidade da

América Latina também têm conexões no nível mundial e

que existem posições que a pessoa está fisicamente no

Brasil e tem responsabilidade global

A pessoa não precisa sair do

seu pais para trabalhar com

outra cultura. Ela trabalha no

seu próprio pais.

Na seleção olha-se a reputação

da pessoa e como um

profissional completo, o que

está dizendo nas mídias sociais,

onde está contribuindo se ele e

um ser socialmente integrado

Recrutamento e seleção interno

na IBM pode ser realizado

globalmente.

Existem posições que a pessoa

está fisicamente no Brasil e tem

responsabilidade global

SISTEMA DE CARREIRA

A4 A IBM tem um sistema de carreira que valoriza a carreira

gerencial e a carreira técnica. Na IBM, você pode se

chegar no mesmo nível de um vice-presidente, só que na

área de tecnologia...

A IBM valoriza a carreira

técnica tanto quanto a gerencial

A3 A IBM tem vários níveis gerenciais. Tem o gerente de

primeira linha, que é a primeira, primeira oportunidade

gerencial. Depois tem o gerente de segunda linha, depois

o de terceira linha; e aí depois tem cargo executivo,

diretor etc.

Estrutura da carreira gerencial

da IBM

A1 A questão de carreira depende muito do momento de vida

da pessoa. Se você perguntar para uma mulher solteira o

que ela quer na carreira vai ser um tipo de resposta se

você perguntar para uma mulher casada vai ter outro tipo

de resposta uma mulher com filhos de 15 anos de idade

vai ser outra resposta se você falar com uma mulher

grávida outra resposta.

SISTEMA DE CARREIRA

INTERNACIONAL

B1 Quanto à estrutura de carreira nessa empresa foi

mencionado que as pessoas normalmente trabalham por

projetos e que estes podem variar de seis meses a três anos

no máximo e que tem interações com vários países. Falou-

se que as vezes as pessoas mudam para outros países para

trabalharem, porém não são considerados expatriados,

quando termina o projeto volta para seus países de origem

Outra tendência nessa empresa explicitada para o trabalho

em outro país é o funcionário ser licenciado no seu país de

origem e ser contratado no país em que vai trabalhar.

Assim, torna-se mais fácil a administração de fatores

externos impactantes no negócio da empresa e

exemplificou-se que no ano de 2000 vários funcionários

Trabalho por projeto com

duração de seis a três anos e

com interação em vários países.

Os funcionários podem para

outros países para trabalharem,

porém não são considerados

expatriados, quando terminam

o projeto voltam para o pais de

origem.

O funcionário pode obter

licença no seu pais de origem,

para ser contratado no pais que

vai trabalhar.

Page 218: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

217

de Portugal e Espanha vieram trabalhar no Brasil porque

nesses países não existia trabalho para eles. Colocou-se

que assim o conhecimento não se perde na empresa e que

os funcionários podem ser transferidos para outros países.

Comentou-se que o incentivo para os funcionários

trabalharem dessa forma em outros países é a

possibilidade de ampliar sua experiência e ter crescimento

na sua carreira. Verbalizou-se que a empresa é global e

tem oportunidades globais que são divulgadas em todos os

países e todos os funcionários podem se candidatar.

Falou-se que isso aumenta a motivação deles para a

obtenção de uma experiência internacional. Falou-se que

para isso, a empresa tem uma estrutura de carreira

estruturada globalmente. Falou-se que isto é facilitado,

pois as responsabilidades e competências de um gerente

de projetos na América Latina em certo nível são

exatamente as mesmas que um gerente de projeto do

mesmo nível na China ou na Europa

No ano 2000, vários

funcionários de Portugal e

Espanha vieram trabalhar no

Brasil, porque nesses países

não existia trabalho para eles.

Com essas transferências o

conhecimento da empresa não

se perde.

O incentivo para os

funcionários trabalharem

através da transferência e a

possibilidade de ampliar sua

experiência e ter crescimento

na Carreira.

Na IBM todas as oportunidades

são divulgadas em todos os

países e todos os funcionários

podem se candidatar.

Motivação para uma

experiência internacional.

As responsabilidades de um

gerente de projeto na América

Latina em certo nível são

exatamente as mesmas que um

gerente de projeto do mesmo

nível na China ou na Europa.

A5 Eu Sempre valorizei duas coisas na IBM: o fato de olhar

para várias empresas dentro da mesma empresa porque a

IBM tem várias áreas de negócios, assim aumenta a

possibilidade de aprendizagem e promoções e a

possibilidade de fazer uma carreira internacional que

sempre me encantou.

Possibilidade de ter uma

carreira internacional e

motivante.

Dentro da IBM existe várias

áreas de negócios isso, aumenta

a possibilidade de

aprendizagem e promoções.

A1 Na IBM, por opção, as pessoas podem mudar de área de

função. Normalmente, o líder e o funcionário realizam

um planejamento dessa transferência.

Planejamento de carreira na

IBM

A3 Planejamento de carreira existe duas possibilidades. Uma

por interesse da empresa outra pelo funcionário. Pelo

interesse da empresa. Existe um processo onde você faz o

planejamento sucessório de todas as posições chave da

companhia, e dentro desse planejamento, a gente

identifica as pessoas que deveriam ter uma experiência

internacional. E como a companhia é global e é integrada,

quando a gente tem essa necessidade, a gente dá

visibilidade para a corporação e para líderes mundiais,

pessoas que tenham alto potencial de crescimento, que

tenham excelente performance, começa a dar visibilidade

e acaba, naturalmente, acontecendo uma oportunidade

internacional. Isso é para interesse da companhia. Muito

provável, para usar o talento local, uma posição

importante global ou de outra geografia ou para

desenvolvimento, quando eu quero mandar alguém para

Plano de carreira internacional

Planejamento de carreira é um

misto entre o desejo da IBM e o

do funcionário

Existe um processo onde você

faz o planejamento sucessório

de todas as posições chave da

companhia, e dentro desse

planejamento, a gente identifica

as pessoas que deveriam ter

uma experiência internacional

Identifica as pessoas que

deveriam ter uma experiência

Page 219: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

218

fora, para conhecer a companhia sobre outra ótica e trazer

essa pessoa para assumir uma posição local importante.

Uma outra forma de gestão, as pessoas podem e entrar no

sistema e concorrer para essas vagas. As carreiras são

globais também, então você pega, por exemplo, um

gerente de projetos; um gerente de projeto num

determinado nível X aqui, é o mesmo gerente de projeto

num determinado X na China, ou nos Estados Unidos ou

qualquer lugar. Então, é muito mais fácil você gerir

oportunidades de carreira, e se a pessoa tem esse interesse

genuíno de ter uma experiência internacional, ela pode

aplicar e concorrer para a vaga. Se ela passar, daí ela pode

tirar uma licença sem vencimentos do Brasil e morar

temporariamente em outro país. Depois ela volta e retoma,

se ela conseguir uma reentrada, ou ela pode decidir ficar

morando em outro país. Daí ela se desliga localmente e

continua a carreira internacional.

internacional.

Dá visibilidade para a

corporação e para líderes

mundiais, pessoas que tenham

alto potencial de crescimento,

que tenham excelente

performance.

Outra forma de gestão, as

pessoas podem e entrar no

sistema e concorrer para essas

vagas

As carreiras são globais

também, então você pega, por

exemplo, um gerente de

projetos; um gerente de projeto

num determinado nível X aqui,

é o mesmo gerente de projeto

num determinado X na China,

ou nos Estados Unidos ou

qualquer lugar

Se a pessoa tem esse interesse

genuíno de ter uma experiência

internacional, ela pode aplicar e

concorrer para a vaga

Se ela passar, daí ela pode tirar

uma licença sem vencimentos

do Brasil e morar

temporariamente em outro país.

Depois ela volta e retoma, se

ela conseguir uma reentrada, ou

ela pode decidir ficar morando

em outro país. Daí ela se

desliga localmente e continua a

carreira internacional.

SISTEMA DE

IDENTIFICACAO DE

TALENTOS PARA A

EXECUTIVOS, TECNICOS E

PARA INCLUSAO DAS

MINORIAS

A1 Nós descobrimos os talentos através dos gerentes. Então a

gente tem vários tipos de programa de talento. A gente

tem um programa de talento de futuros executivos, então,

os vice-presidentes e diretores tem as reuniões onde eles

identificam quem são os talentos deles. Temos também

reuniões especificas para identificar talentos para quem

está na área técnica, porque não adianta comparar uma

pessoa que está no nível sênior de gerência com um nível.

Quem está na carreira em tecnologia pode chegar até o

Sistema de identificação de

talentos para o nível executivo

Sistema para identificação de

talentos técnicos

Sistema de identificação de

talentos de mulheres, negros e

LGT

Identificado através do

reconhecimento dos pares,

Page 220: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

219

nível de vice-presidente, só que na área de tecnologia.

Existe grupo para identificação de talentos de mulheres,

estamos num ambiente de tecnologia, e é muito difícil

você conseguir mulheres. Se olharmos para o nível

gerencial, temos 80% homem e 20% mulher. A IBM toma

cuidado para garantir que todo mundo tenha as mesmas

oportunidades. Existe ainda um grupo para inclusão das

minorias: negros, LGT e como já falei de mulheres.

Nessas reuniões são discutidos com os pares, parceiros,

quem está no mesmo nível. Todos têm que reconhecer

essa pessoa como talento. Então, não adianta ser muito

boa somente para o gerente direto; tem que ter o

reconhecimento também para as pessoas que trabalham

junto com o funcionário, para toda a comunidade da IBM.

Quando identificado o talento o RH programa o

treinamento específico para esse talento. A IBM tem

vários níveis gerenciais. Tem o gerente de primeira linha,

que é a primeira, primeira oportunidade gerencial. Depois

tem o gerente de segunda linha, o de depois tem terceira

linha; e aí depois tem cargo executivo, diretor etc.

parceiros e da comunidade da

IBM

SISTEMA DE

IDENTIFICACACAO DE

TALENTOS GERAL

Cada líder de área identifica dentro das suas equipes as

pessoas que são consideradas como talento, em torno de

10 a 15% por nível. Os líderes que reportam para mim me

trazem os nomes das pessoas da sua área. A cada três

meses, discutimos porque essas pessoas são talentos; o

que que já fez, o que que vai fazer; que tipo de potencial

tem, se é de liderança ou se e técnico. Conforme vão

aparecendo as oportunidades, vamos alocando essas

pessoas.

Cada líder de área identifica

dentro das suas equipes as

pessoas que são consideradas

como talento.

A3 Anualmente, os líderes são convidados a identificar, a

mapear e avaliar sua organização e identificar aqueles que

têm potencial de assumir posições de níveis maiores no

futuro. E aí ele tem toda uma orientação e um gapline

sobre avaliação de perfil de liderança, de que posições que

poderia ser possível para essa pessoa, que tipo de área que

ela precisa desenvolver, enfim, ele é guiado por uma

pesquisa, por um sistema onde ele naturalmente identifica

quais seriam as pessoas que teriam potencial para

assumirem mais reponsabilidade no futuro, com a

avaliação também do perfil de liderança dessa pessoa e

tudo mais. Com isso, você acaba tendo um universo de

pessoas que ficam nesse programa de talentos, onde você

faz uma revisão dessa informação com vários executivos,

tanto do Brasil como da América Latina, como em outras

regiões. E à medida que a pessoa tem potencial bem

lá fora também, porque os sistemas são integrados, então

as pessoas veem quais são as pessoas que realmente têm

esse potencial. Então, é como se fosse um funil; você

começa de um pool; então normalmente acontece isso

com executivos, porque imagina que essas revisões que eu

te falei, que acontece no Brasil, na América Latina,

acontece também até chegar no nível máximo de chairman

da companhia, que é responsável pelo, pela IBM mundial.

Então isso acaba que é um, existe um sistema gerencial

onde as pessoas têm essas revisões anuais até chegar. O

chairman da companhia, ele não vai olhar todo mundo, ele

Page 221: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

220

vai olhar aqueles executivos que têm potencial e

condições a assumir outras posições muito críticas na

companhia, nível mais mundial mesmo. Então, assim,

funciona direitinho, porque você tem todo time de

liderança envolvido em seu determinado momento.

O LIDER GLOBAL DA IBM

DESAFIOS DO LIDER

GLOBAL DA IBM

B1 Você não precisa estar trabalhando na empresa muita

gente em home office grande mudança esse movimento

grande 2 últimos anos home office. Para o gestor também

para a gestão de pessoas remotas em home Office. Você

mede performance de outra maneira porque você não está

vendo a pessoa todos os dias tem que ser justo e trabalhar

resultado realmente.

Realizar a avaliação de

performance em equipes

remotas

A1 Isso é uma outra coisa muito simples por exemplo eu já

tive chefe global que marcava uma reunião pra mim 10

horas da noite o cara não estava nem aí pra que horas era

no Brasil fiz foi bom pra mim porque eu aprendi a não

fazer isso com meu time eu tenho reunião começa que eu

não vou pra marcar 8 horas da manhã 9 horas da manhã

que é muito cedo lá vou marcar na parte da tarde porque

eu tenho reunião a Índia por exemplo eu preparo minha

agenda passar lá na parte da manhã porque o horário mais

assertivos pra eles e assim por diante o fuso horário tem

impacto sim e é uma coisa que a gente tem que ficar muito

de olhou acho que

Lidar com vários fusos horários

A1 Antes de ter essa posição eu trabalhava só com contas do

México e aí eu migrei para trabalhar com clientes fora do

Brasil o que me dava um nó na cabeça, além do inglês, era

a questão do fuso horário. Tinha convite para participar

reunião dos Estados Unidos com time do Pacífico eu

ficava pensando que raio que é esse Pacific time. Então

descobri que eu poderia acessar um site que eu veria os

horários de vários países. São coisas simples e básicas,

mas que você tem que viver para sentir na pele senão você

não vive.

Fuso horário

A2 O fuso horário é uma dificuldade. Eu já tive equipes que

trabalhavam em fusos horários completamente diferentes

e isso era complicado. As vezes era manhã para mim e

para minha equipe era noite. Quando eu morava na

Malásia isso era bem difícil. Você tem que ser justo, não

pode trabalhar em horários só ruim para as pessoas, tem

que ser desconfortável para você também. Trabalhar de

manhã não é a coisa mais agradável do mundo, mas eu

tenho que trabalhar, não pode ser só ruim para eles. Não

posso fazer com que eles ficassem todo o dia e à noite,

para falar comigo, eu tenho que fazer um sacrifício

também

Fuso horário

A5 Já tive de realizar calls somente a noite, porque estava

tocando projetos do outro lado e tinha que interagir com

pessoas durante o dia para eles. Então eu tinha que ter

flexibilidade para trabalhar em horários que não

necessariamente são horários triviais.

Trabalhar em horários não

triviais

A7 A IBM tem processos bem definidos. O grande desafio e

fazer as pessoas seguirem e ter disciplina para seguir o

processo e entregar aquilo no tempo certo com custo

certo. Acho que ainda além de ter a ferramenta não é a

gente precisa é de um gestor um gerente de projeto

Ter pessoas disciplinadas para

seguir os processos

Page 222: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

221

preparado para isso, e à disciplina das pessoas que

executam. A disciplina na execução sinceramente hoje e

um grande desafio para nós aqui ou em qualquer parte do

mundo. Especial na América Latina porque são

indisciplinados.

A2 Eu viajo bastante. Como eu te falei, quinta-feira feira

estou indo para as Filipinas depois vou para os Estados

Unidos; esse é o meu dia a dia. As viagens, as viagens.

Você as vezes tem que ficar 45 horas em trânsito, além de

outros problemas. Por exemplo hoje eu tenho que planejar

bem porque tenho um tenho que dar suporte a minha

esposa. Quando eu era solteiro, essas ações eram muito

mais simples. Então quando você tem família e diferente

Constantes viagens

internacionais

A2 Todo ano nos temos um desafio de orçamento, que, em

teoria, temos que ser mais produtivo, isto e, fazer mais

com menos. Então isso o tempo inteiro isso causa

desconforto gerencial, temos que fazer mais com menos,

sempre tentando encontrar a forma de fazer as coisas de

forma mais produtiva

Desafio para cumprir o

orçamento anual

B1 Qualidade de vida porque quem trabalha global não tem

horário para trabalhar. Trabalha 24 horas por dia. Mudou

o conceito antes falávamos de equilíbrio de vida pessoa e

profissional hoje falamos no nível de vida integrado.

Desafio e ter qualidade de vida

B1

A integração da vida pessoal e profissional e aí tem a

tecnologia que não ajuda desconectar porque você pode

responder e-mail qualquer hora.

O que trabalhamos muito e o limite que está em cada um.

Cada pessoa tem que saber olhar tudo isso e colocar o seu

limite para saber até onde você aceita e até onde não

aceita. Cada vez mais trabalhamos o autoconhecimento e

saber qual o seu limite a sua prioridade. Cada indivíduo

define sua dinâmica. A tecnologia não ajuda nisso.

Agora tem a outra questão do benefício da tecnologia.

Podemos ver o filho que está na escola e a escola tem uma

câmara que você consegue acompanhar o filho o dia todo

não falamos. Hoje também estamos conectados com a

vida pessoal quando estamos dentro da empresa, as vezes

isso dá tranquilidade para trabalhar melhor. Desafios do

mundo moderno.

Saber lidar com a tecnologia

Aprender estabelecer o próprio

limite

Entender os benefícios e os

malefícios da tecnologia

B1 Desafios do mundo moderno do mundo global estão

mudando muito como pensamos e o nosso cérebro está

mudando.

Lidar com a mudança de

pensamento gerado pelo mundo

global

A1 Conhecer as diferenças culturais é muito importante. Conhecer as diferenças

culturais

A2 Eu acho que está muito ligado à questão de cultura.

Quando eu falo com alguém de outro país, lá na Ásia, por

exemplo, isso passa a ser um desafio. De qualquer

maneira que eu vou obter os resultados; mas eu tenho uma

equipe lá que me ajuda o que abordar e como abordar,

então eu tenho uma equipe lá que me ajuda a formar a

minha mensagem. Passa a ser uma certa dificuldade

porque se você fala uma coisa lá que é boba pode ter tem

uma repercussão enorme, porque existe uma visão

diferente.

Lidar com as diferenças

culturais

A2 Lidar com a questão da competitividade, o tempo todo,

das pessoas de diferentes países e um desafio. Para liderar

uma equipe global e tem que ser imparcial. Não é porque

Lidar com a competitividade

entre as pessoas de países

diferentes em uma mesma

Page 223: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

222

eu venho do Brasil que eu tenho que tratar o Brasil

diferente.

equipe

B1 Temos uma questão cultural quanto a gerencia remota.

Toda equipe que presta serviços globalmente tem o gestor

local, mas na verdade ele e avaliado pelo gestor lá de fora

que esta provisionando suporte fazendo a ponte com o

cliente lá fora. E e complicado para oferecer suporte

porque a gente olha como brasileiro eles olham diferente

então tem que se ajustar culturalmente para entender que

critérios eles estão usando para dizer que o profissional

não e tão bom como como enxergamos aqui. As vezes a

avaliação do gestor aqui do Brasil tem um peso menor do

que a do Gringo que entra em contato três vezes por ano

com a pessoa.

Realizar a avaliação de pessoas

que trabalham com gerencia

remota.

Do ponto de vista de cultura ainda falta mais essa

sensibilidade da matriz para entender a cultura local.

Lidar com a falta de

sensibilidade da matriz para a

cultural local

A6

Lembrar o nome das pessoas as vezes e difícil. Não dá

para lembrar o nome de todos sempre. Mas eu procuro

sempre lembrar o nome das pessoas mais importantes do

meu time.

Lembrar nome das pessoas

A1 Cultura mais próxima fica mais fácil mas se você pega um

país com cultura muito diferente é mais difícil. Então

conhecer a cultura do outro é muito importante vai no

México o cara fala na horita é um mês para dar uma

resposta sobre o assunto. Você vai pra americano aí você

fala eu te retorno em 5 minutos deu cinco minutos e 2

segundos ele está te pedindo a resposta. 5 minutos para o

brasileiro quer dizer no final do dia então você conhecer

as diferenças culturais é muito importante.

Conhecer outras culturas

O PNEJAMENTO DA

CARREIRA

INTERNACIONAL

A7 Os executivos na época entenderam que eu tinha

potencial grande para crescimento na parte de liderança e

planejaram minha ida para fora do país para desenvolver

as habilidades do idioma e para desenvolver as

habilidades de uma forma mais abrangente não só limitada

Brasil. Então, fiquei 2 anos nos EUA que foi uma

experiência fantástica que realmente me ajudou muito. O

meu desenvolvimento foi planejado e eu rodei por várias

áreas para eu entender o ciclo completo de negócio

Experiência internacional de 2

anos nos EUA para desenvolver

o idioma e para entender o

negócio de forma mais ampla

A2 E uma combinação das duas coisas: um planejamento da

empresa e um desejo do funcionário. Acho que a empresa

planejou, porque enxergam potencial em algumas pessoas.

Acho tinham uma visão que eu poderia assumir esse cargo

a 4, 5 anos atrás. Então, na época, tinha uma vice-

presidente, que até hoje eu trabalho com ela, ela

identificou isso logo que eu voltei da Malásia, e ela foi me

dando as oportunidades, para aprender as coisas que eu

precisasse. Então, isso é fundamental. Você tem que ter

um alinhamento muito bom do seu talento em qualquer

lugar que ele esteja no mundo.

A minha carreira foi planejada

pela IBM porque viram que eu

tinha potencial

Importante ter um alinhamento

muito bom do seu potencial em

qualquer lugar do mundo.

A1 A coisa foi acontecendo inicialmente tinha um plano de

carreira para seguir uma carreira técnica e torna-se um

arquiteto e como arquiteto poderia chegar no nível mais

alto e nunca pensei em seguir a carreira de liderança ou

gerencial. Quando eu deixei de ser técnico foi uma

mudança muito grande para mim mais ou menos como se

eu fosse um jogador de futebol e que passasse a ser

Tinha um planejamento de

carreira para a área técnica e fui

convidado para assumir uma

posição de liderança global

Page 224: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

223

técnico.

A3 Eu sempre me mostrei aberta e flexível para assumir

qualquer desafio, e qualquer posição que fosse importante

para a companhia e que fosse interessante para mim

profissionalmente. Mas todas essas três oportunidades

aconteceram a convite da companhia mesmo.

Todas as posições globais que

assumi foi por convite da

empresa

A5 A carreira internacional foi um combinado eu sempre

deixei isso aberto e valorizei esse lado, sempre mantive

links fortes com o pessoal lá fora, sempre arrumei

padrinhos que na hora H poderiam votar pelo meu nome,

sempre mantive essa relação. Cheguei na empresa vindo

de fora então falei não vou perder isso, quero manter meus

contatos e na IBM e muito fácil porque a estratégia e

global e sempre estamos falando com alguém lá de cima.

Quando criaram uma nova área eu me candidatei e fui

para china.

A carreira internacional foi um

combinado eu sempre deixei

isso aberto e valorizei esse

lado, sempre mantive links

fortes com o pessoal lá fora,

sempre arrumei padrinhos que

na hora H poderiam votar pelo

meu nome, sempre mantive

essa relação

A4 A minha primeira designação global foi 100% por decisão

pela IBM, porque eu nem conhecia essa área. Depois

disso aí eu consegui direcionar mais a minha carreira, eu

acho que, com o tempo, eu fui aprendendo mais,

direcionar o caminho que eu precisava. Lógico, teve

momentos de eu sentar e discutir com meu gerente,

discutir opções, mas eu sempre tive muito certo qual seria

meu próximo passo, o que eu queria fazer, onde eu queria

chegar.

A minha primeira designação

global foi 100% por decisão

pela IBM, porque eu nem

conhecia essa área

DIFERENCA ENTRE LIDER

LOCAL E GLOBAL

A1 Começa pelo aspecto cultural você pega um país que tem

uma cultura mais próxima fica mais fácil mas se você

pega um país com cultura muito diferente é mais difícil

Diferença de cultura

A7 Eu diria que sim claro que os estilos de liderança eles vão

depender, cada um tem seu estilo de liderança, não diria

que e mais fácil ou menos fácil não e isso. Você lidar com

mais de uma cultura é mais complexo obviamente, então

existem diferenças básicas tanto que você precisa saber

lidar com grupos que não estão ao seu redor, entender a

cultura dos países a língua pode ser uma barreira na

questão do entendimento então você precisa ter mais

paciência muitas vezes tentando entender as dificuldades

do outro. Hoje existem ferramentas boas como a tele

presença que e fantástico e isso facilita a questão da

comunicação e aproxima pessoas.

Lidar com várias culturas e

mais complexo

O líder global precisa lidar com

grupos distantes

Precisa entender a cultura dos

países

A língua pode ser uma barreira

na questão do entendimento

A7 Diferenças fundamentais a cultura, a comunicação a

distância basicamente isso não está ocorrendo nada

diferente disso

Diferenças fundamentais a

cultura, a comunicação a

distância

A2 Eu acho assim, no ponto de liderança, talvez não tenha

diferença porque eu acho que liderança você põe em

exercício localmente, globalmente, você vai exercer, de

acordo com seu perfil de liderança. Eu acho que a

diferença que existe aí é como lidar com outras culturas,

porque como as coisas funcionam no Brasil, nós sabemos

mais ou menos.

Eu acho que a diferença que

existe aí é como lidar com

outras culturas

A3 O líder global, tem como primeira suposição, conhecer

outras culturas, liderar pessoas de outras regiões do

mundo, então, o líder global precisa fazer a gestão de

pessoas, que inclui gestão de performance, coaching,

acompanhar e garantir que as pessoas entendam o que é

esperado delas; acompanhar o resultado das pessoas que

trabalham em uma operação que pode estar

descentralizada, com gente em várias regiões.

Conhecer outras culturas

Liderar pessoas de várias

regiões do mundo

Page 225: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

224

A6 O Líder global e local e muito diferente. O líder global e

uma pessoa que consegue assimilar as diferenças, tanto do

cliente como dos funcionários ou do ambiente Ele precisa

aprender outros idiomas e mudar a maneira de falar até o

inglês para adaptar. Não pode falar o inglês com os

mexicanos como se estivesse no Texas ou em Nova York.

Acho que essas diferenças são, psicológicas, na maneira

de agir de falar de articular as coisas na atitude das

pessoas.

Assimilar as diferenças do

cliente, funcionários e ambiente

Diferenças psicológicas,

maneira de falar, agir, de

articular as coisas, atitude das

pessoas.

A4 A pessoa não precisa saber de tecnologia, ela precisa saber

liderar as pessoas; dar o direcionamento e fazer com que o

seu time caminhe para chegar àquele objetivo em comum.

a única diferença de um local para o global é realmente

saber lidar com as culturas que são diferentes e com uma

comunicação mais clara, porque o resto acaba ficando

muito igual. É saber liderar, é saber conduzir uma equipe,

é saber onde você quer chegar, como que você vai fazer,

quais são os caminhos para chegar lá, saber negociar e

usar toda a sua rede de network para fazer com que aquele

objetivo seja atingido.

Saber lidar com culturas

diferentes e ter uma

comunicação mais clara.

A6 Na sua opinião, o desenvolvimento da liderança global

deve ser diferente duma liderança local? Mais do que

nunca, não. Tem que ser igual. Eu acho que os líderes têm

que estar preparados para a liderança local e para a global.

Diferença no desenvolvimento

líder global e local

TRAJETORIA

PROFISSIONAL

A1 Entrei na IBM em 1988 como estagiário. Hoje sou

responsável por toda infraestrutura da América Latina,

tenho mais de 4000 pessoas como subordinados.

Comecei a trabalhar com quatorze anos. Trabalhei no

Banco do Brasil, Banco Itaú. Fui trabalhar nos Estados

Unidos para aprender inglês e fazer um curso de dois anos

de programação de computação. Em 1983 comecei a

trabalhar na IBM nos Estados Unidos como operador de

computação de computador. Em 1988 fui trabalhar

Colorado em uma divisão de software que tinha em Nova

Jersey, Nova Iorque que foi transferida para o Colorado.

Em 1991 cheguei a analista e depois comecei a carreira de

líder. Em 2008 depois e 25, 26 anos, eu voltei para o

Brasil. Em 2013 eu aposentei mas continuei a trabalhar e

fui trabalhar no México. Esse mês agora fez 32 anos que

trabalho na IBM.

RESPONSABILIDADE

ATUAL

A1 Eu tenho clientes em todos os países da América Latina,

Europa e nos Estados Unidos e tenho subordinados diretos

no Brasil e Índia.

B1 O próprio Brasil suporta várias operações em outros

centros mundiais tem muitas oportunidades dos

funcionários trabalharem com times diversos.

A7 Nessa posição agora estou há 6 anos. Hoje sou

responsável por quase 9000 pessoas na américa latina. Os

países que sou responsável: México, Brasil, Argentina,

Equador Venezuela, Chile, Peru e Colômbia. Nessa minha

função hoje nós temos 50% do meu grupo no Brasil e no

México a gente exporta serviços. Os outros 50% desses

dois países a gente fornece serviços para os negócios, esse

e um perfil mais de contato doméstico dentro dos países

então meu contato é de prestação de serviços para os

outros países. A minha linha de reporte mais forte

Page 226: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

225

encontra-se nos Estados Unidos Têm dois centros que

gerenciam todos os centros de delivery do mundo nessa

parte de consultoria e manutenção de sistemas. Um fica

em Dublin e o outro Singapura. A américa latina responde

para o centro de Dublin, mas e uma estrutura matricial.

A2 Hoje eu sou diretor das operações das Américas, da área

de pós-venda. Eu tenho um time grande aproximadamente

2000 pessoas que estão aqui no Brasil e também nas

Filipinas e Canada, Europa, na Ásia, nos Estados Unidos,

no México. Sou responsável por uma parte da América do

Norte e por toda América Latina.

A5 Nesse momento eu estou numa missão global que é um

trabalho em um time global com todas as geografias e

todas as unidades de negócios dentro de uma dimensão

especifica que é a área de telemarking. Nós temos um

objetivo mundial dentro da área de telemarking a ser

atingido e esse objetivo obedece algumas regras. Temos

Target por unidades de negócios por geografia eu estou

dentro do time não sou a única pessoa para fazer isso

acontecer. Eu estava em outra área de consultoria me

chamaram para esse projeto para ajudar o time que estava

lá a organizar essa área, para ter uma voz de comando

junto as unidades de negócios junto aos ITS

A4 Hoje eu sou responsável pela área de operações de

América Latina. A área de operações é uma área que faz o

meio de campo entre finanças e o business principal. Tem

um time que cuida da parte de tecnologia e tem o time

financeiro, que cuida das contas. Eu garanto que tenha um

equilíbrio entre essas duas áreas. Então, temos que tomar

decisões estratégicas, onde vamos investir, gastar isso

para a América Latina.

Tem várias áreas comigo. Tenho dois gerentes aqui no

Brasil na área de projetos, eu também tenho um time de

gerência de projetos comigo. Eu tenho uma pessoa, um

gerente comercial no Brasil, e mais três pessoas, são oito

pessoas diretamente comigo. E indireto, vou falar mais ou

menos umas 70, 80 pessoas

Sou responsável pela América Latina inteira,

compreendendo oito países: Chile, Colômbia, Equador,

Venezuela, Argentina, Peru, Brasil e México.

COMPETENCIAS

CARACTERISTICAS

PESSOAIS

A1 A diferença está nas pessoas que nasceram para ter um pé

fora do Brasil pessoas que adoram viajar adoram adoro

saber o que que acontece do outro lado do mundo essas

pessoas não têm mais facilidade por ser curiosas nesses

assuntos elas vão acabar pesquisando mais então por

exemplo ação ela vai pesquisar por exemplo sobre

Londres antes de ir para lá.

Pessoas que adoram viajar

Pessoas que tem interesse em

conhecer outros países

Pessoas que são curiosas e que

pesquisam mais

A1

Acho que essa pessoa que tem mais à vontade aptidão de

morar fora do pais.

Ter vontade e aptidão para

morar fora o pais.

A5 A pessoa tem que ter mobilidade.

Tem que ter mobilidade

Page 227: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

226

A7 Você precisa ter um bom nível de relacionamento que seja

porque você não vive sozinho você precisa ter aliados nas

outras áreas. Não adianta você ficar dentro de uma

retoma porque não vai ter sucesso. Mesmo o gestor de

projetos precisa gostar de gente

Facilidade de relacionamento

A7 Você pode ser um ótimo técnico com conhecimento

fantástico mas se ele não consegue se relacionar com seus

pares, ou com líderes de outras unidades você está morto

você não vai ter sucesso

Saber relacionar-se com pares

líderes de outras unidades

A2 Às vezes você encontra pessoas que estão indo para uma

carreira gerencial porque acham que podem ter um

crescimento mais rápido, mas o crescimento mais rápido

pode ser uma frustação, porque, se você não agir bem, se

você não trabalhar bem com as pessoas, você vai falhar. A

pergunta que me fizeram quando me tornei gerente, era se

gostava de gente.

Gostar de trabalhar bem com

pessoas

A2 Sempre gostei muito de trabalhar com pessoas. Não

somente realizar um trabalho bem feito, mas um

relacionamento com as pessoas entender se está tudo bem,

eu quero que o trabalho e a vida pessoal das pessoas

estejam em sintonia e em harmonia

Facilidade de relacionamento

A6 Um indiano não teve uma liderança eficaz no México,

pois não sabia de lidar com as pessoas ele era muito bruto

com elas. Não estou chamando ele de bruto, mas mais

agressivo, mais intimista.

Saber lidar com as pessoas

Facilidade de relacionamento

interpessoal

A6 Eu vou começar a me referir às pessoas pelo nome. Então,

eu marcava os nomes de todo mundo que estava na

reunião, eu acho que se não mencionava o nome da

pessoa, a tendência dela era esquecer o trabalho. São

coisas pequenas que ajudam.

Valorizar as pessoas

A7 Tem que gostar de gente, precisa amar gente né. Nosso

negócio a matéria prima e gente, então precisa gostar de

gente. Você precisa conseguir identificar líderes, porque

em grandes organizações você precisa cascatear isso.

Gostar de gente

A1 Às vezes a língua atrapalha tem pessoas de vários países e

a gente usa o inglês como idioma padrão normalmente

não é língua Nativa de ninguém às vezes uma pessoa fala

mais rápido para falar mais devagar é natural se você é

uma pessoa nova no time fica mais acanhada de fazer

perguntas o papel do líder é ajudar a colocar essa pessoa

ajudar no contexto seja na reunião seja nos projetos enfim

isso também faz muita diferença acolhida que você dá

para pessoa.

Acolhimento as pessoas

Ajudar na adaptação as

reuniões e nos projetos.

A1 Sempre para mim equipe que a gente tem dois dentes

agente tem os clientes e a gente tem as pessoas seu jeito

cuidar bem dos clientes e das pessoas o resto vai sozinho

eu acho que é muito importante esse.

o que essa competência Parabéns sempre faça isso você

tem que preocupar com as pessoas mais não só preocupar

com as pessoas você tem que demonstrar que você

preocupa se com as pessoas IBM nós sempre usamos a

palavra forte que deixe dar um feedback porque senão as

pessoas não entendem que não tem feedback porque teve

uma pesquisa e os seus funcionários falava que não tinha

feedback que não falava a palavra feedback só que aí o

feedback ficou muito negativo Eu particularmente acho

isso flores procura pessoal tarde tenha um feedback

Cuidar das pessoas

Page 228: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

227

construtivo de um feedback positivo.

A4 Uma pessoa de alta performance se você não for essa

pessoa, você não é nem considerado. Dentro dos altos

transformadores, então a gente vai olhar quais são, alguns

estilos que a pessoa tem de diferencia. A capacidade de

comunicação, de relacionamento; que tipo de resultado

que foi atingido, como que as pessoas percebem ela no

ambiente de trabalho, como que é o relacionamento com

os funcionários, como que é o relacionamento com os

pares, como que é o relacionamento com os chefes

Pessoa de alta performance

Capacidade de comunicação

Capacidade de relacionamento

interpessoal

Resultado que foi atingido

Como a pessoa e percebida no

seu ambiente de trabalho

Capacidade de relacionamento

com os funcionários

Capacidade de relacionamento

com os pares

Capacidade de relacionamento

com os chefes

A5 Capacidade de adaptação, mas ela tem várias facetas

desde você adaptar a comida do local se você não

alimentar bem dormir bem você não está bem.

Capacidade de adaptação ao

pais, comida local

A1 Elas têm a probabilidade adaptar mais fácil até gostaria

mais de uma posição assim.

Facilidade de adaptação

A7 São diferenças que são fundamentais e ai sua adaptação

do seu estilo de como vai liderar esses times. O Latino por

exemplo gosta desse contato pessoal, então e importante

de vem quando você visitar esses países, eu sempre faço

isso pelo menos uma vez a cada três messes eu visitar os

meus times que não estão no Brasil. Minha base e o brasil.

Esse contato mais próximo e importante.

Capacidade de adaptação a

vários estilos de liderança em

função da cultura de cada pais.

A2 Sentir que você quando tiver certo, vai colocar o seu

ponto, mas quando tiver errado, por alguma razão, aí você

vai falar: olha, eu estava errado, eu acho que a gente

poderia fazer isso de uma outra forma, e vamos seguir em

frente, entendeu? Tem que ser flexível.

Flexibilidade

A3 E também um ótimo líder do ponto de vista

comportamental, que é tudo isso que a gente falou até

agora; essa flexibilidade, essa sensibilidade para você

conseguir entender as individualidades, diferentes pontos

de vistas para você realmente conseguir captar tudo que

você está obtendo dessa relação com o seu time.

Flexibilidade

Sensibilidade para entender as

diferenças e os diferentes

pontos de vista

A5 Também ter flexibilidade para aceitar algumas regras essa

temporada você vai trabalhar a noite porque você c está

nesse projeto e você se compromissou.

Flexibilidade para aceitar regras

diferentes

Flexibilidade para trabalhar em

horários noturnos

A6 Então, essa pessoa é uma pessoa que não se adaptou ao

país e manteve a maneira de liderança de onde ele estava

na Índia diferentes

Facilidade para adaptar-se a

outros países.

Adaptar o estilo de liderança

em função da cultura do pais.

A5 Capacidade de você deixar sua família tomar decisões

para deixar sua família bem. Por ex quando eu fui para

China. Quando fui para EUA eu levei todo mundo meu

filho tinha 4 meses de idade e era a melhor decisão,

quando fui para China não levei todo mundo tinha casado

novamente meus filhos estavam na escola e não era hora

Adaptação familiar

Saber administrar a família

Page 229: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

228

de tirar da escola tive que montar um esquema para me

relacionar com eles porque na China não dá para você ir

toda hora e voltar. Quando começava Skype, tive que

montar horário para falar com eles, horário para lidar com

banco para falar com meus pais que já são de idade. Essa

capacidade de você se adaptar e muito importante porque

tem muita gente que chega lá e não aguenta eu tive vários

colegas que a família não se adaptou e teve que voltar a

adiar os planos porque a família não se adaptou.

Ex. teve um caso de um chefe meu tinha tudo para ir para

uma posição boa mas ele teve que assumir outra posição

porque os filhos e a esposa forma para lá e3 o menino teve

uma infecção de ouvido e não sarava da China não sei se

era psicológico a família voltou Inglaterra e ele esperando

a posição certa para ele voltar para a Inglaterra ele teve

que voltar para o pais que era uma hora de voo da

Inglaterra que era na Europa central baseado na em Praga

então não ficou com a família ficou perto até a hora que

ele foi para a Inglaterra. Ele teve que mudar família não

adaptou para ele continuar a carreira global dele.

A2 Eu acho que um líder global tem que ter mente aberta,

porque você vai ver coisas diferentes, então não pode

achar que sua visão está certa sempre porque existem

vários pontos de vista para as coisas, principalmente

quando você está falando de culturas diferentes.

As pessoas vão trabalhar fora do seu pais com o objetivo é

que eles desenvolvam esse trato com pessoas de outras

culturas, com outros países, com outras regras, e quando

eles voltem, eles têm uma visão mais aberta.

Ter mente aberta

Flexibilidade para aceitar

outros pontos de vista

Facilidade de adaptação a

outras culturas

A3 Flexibilidade para entender diferentes pontos de vista Flexibilidade

A5 Ter flexibilidade (para adaptar outras culturas, para

adaptar a horários mais malucos possíveis. Eu fazia call só

a noite, porque estava tocando projetos do outro lado e

tinha que interagir com pessoas durante o dia para eles)

(flexibilidade para trabalhar em horários que não

necessariamente são horários triviais)

Flexibilidade para adaptar

outras culturas

A3 Eu acho que, então, essa flexibilidade, essa forma de você

adaptar seu pensamento é importante.

Flexibilidade para adaptar

pensamentos

COMPETENCIAS

A1 A fluência foi adquirida pela necessidade de falar inglês

no trabalho através de cursos e no dia a dia no trabalho.

Teve inglês na escola e depois aulas particulares por 2

anos.

Falar vários idiomas

A7 Eu falo mais fluente o inglês arranho no espanhol. E você

desenvolveu em inglês como? é toda a sua vida e sempre

na cabeça dele me daria tudo ele pagou os meus estudos

eu não tive a oportunidade de não precisar trabalhar

Falar vários idiomas

Page 230: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

229

durante a idade é claro que não tive uma boa formação de

inglês então sempre senti muita dificuldade. E trabalhando

para uma empresa internacional ou eu falo inglês eu falo

inglês não tem muito jeito então ajuda absolutamente

fundamental pra mim passar 2 anos nos EUA meu inglês

não é perfeito mas eu consigo me comunicar muito bem,

claro tem que haver um desenvolvimento constante mas

de alguma forma cheguei onde cheguei porquê de alguma

forma consegui me comunicar.

A2 Eu adquiri fluência no inglês, na verdade, trabalhando.

Porque eu até fiz cursos, mas a gente só aprende mesmo

na prática, né? Eu tive a oportunidade de fazer um

intercâmbio, por minha conta, quando eu era mais jovem;

depois, pelo trabalho, eu fui morar fora, eu fiquei um ano

e meio nos Estados Unidos, e eu, pude praticar bastante o

inglês nesses países. E o espanhol eu fiz um curso de 3

anos no Rio de Janeiro.

Falar vários idiomas

A5 Capacidade para aprender idiomas por ex quando foi para

o Brasil ele aprendeu a falar português, fala italiano, fala

bem inglês.

Falar vários idiomas

A4 Eu fiz curso de inglês a minha vida inteira, na Cultura

Inglesa. Em 2006, eu fui para os Estados Unidos e fiz um

curso dentro de uma universidade que é a universidade de

Indiana, e foi um mês de intensivo, eram 8 horas por dia,

eu acho que isso foi o que serviu para eu soltar a parte de

conversação, eu conhecia muito da teoria, gramática, mas

toda vez que eu chego em casa, numa reunião por

telefone, principalmente, que você não vê o rosto da

pessoa, eu travava, e depois desse um mês acho que soltou

meu inglês, e daí eu comecei a usar todos os dias aqui na

empresa bastante. Meu gerente é americano, então, falo

com ele o dia inteiro.

Falar vários idiomas

A3 Acho a questão do idioma, e assim, não pode só se

comunicar; acho que você tem que ser muito bom de

comunicação.

Questão do idioma

Tem que ser bom em

comunicação

COMUNICACAO

A5 A comunicação e essencial ele tem essa capacidade que e

interessante.

Comunicação

A5 Quando eu estava na China eu pensava eu tenho que achar

um jeito de lidar com os caras da China eu tenho que

achar um jeito de lidar com os caras da Correia e da

América Latina que é diferente. Primeiro desenvolver um

canal de comunicação depois de se adaptar e ter muito

claro onde você quer chegar qual é o foco daquilo que

você está fazendo isso o trabalho global.

Comunicação

Desenvolver um canal de

comunicação depois de se

adaptar

A6 Comunicação para mim é imprescindível. Ah... então,

comunicação, para mim, é número um.

Comunicação

A4 No país; dá para fazer os dois acontecerem e os dois

atingirem resultado, só que o esforço para quem é remoto

é muito maior do que para quem é local. A gente tem que

dar muito mais, assim, habilidades de comunicação do que

no local.

Comunicação

Esforço da comunicação para

quem é remoto é muito maior

do que para quem é local

B1 comunication for impact e muito importante e nesse

mundo global essa questão da comunicação é muito

importante

Comunicação para impacto

A4 Quando você está numa coisa global, você tem que falar

muito, porque o silêncio pode parecer, para quem está do

outro lado, como um descaso, ou como você não estar

Comunicação

Usar a comunicação para

realmente confirmar a sua

Page 231: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

230

prestando atenção. Então, você tem de usar a comunicação

para realmente confirmar a sua presença; fazer uma

pergunta para demonstrar que você está participando.

presença

Fazer uma pergunta para

demonstrar que você está

participando.

A4 Eu sou uma pessoa que eu sou assim muito organizada,

muito estruturada, então eu garanto que eu tenha toda a

comunicação que eu preciso com eles, que eu tenho

reunião individual com eles, que a gente converse muito

ao longo do dia; muita reunião por telefone, muita troca

de mensagens, liga no celular, então, a gente tem uma

abertura bem grande. Tenho que usar todos os meios,

ferramentas que eu tenho. De vez em quando eu faço uma

videoconferência, faço reuniões estratégicas para discutir

onde quer chegar, como que a gente vai fazer isso.

Reunião individual com

subordinados

Conversa muito ao longo do

dia;

Usar todas as ferramentas para

comunicar

Muita reunião por telefone,

muita troca de mensagens,

Liga no celular

Videoconferencia

A4 Ele tem de ter uma habilidade de comunicação verbal

muito forte, porque todas as suas interações vão se dar

através de telefone, conversas nos chats e e-mails. Ele tem

de ter uma rede de apoio muito boa para conseguir fazer

isso.

E feedback. Conversar com o tempo inteiro, dar o tempo

inteiro retorno para a pessoa: então, olha, quando você

falou isso, meu entendimento foi esse, o que eu espero de

você é isso... então, tem de ter uma comunicação muito

clara, a habilidade de comunicação, de interpretar as

culturas é o que

Às vezes, você nem tem aquela dúvida, nem tem dúvida,

mas deixa eu perguntar para eles entenderem que eu estou

aqui, que eu estou ativa, que eu estou participando dessa

reunião realmente, que eu não estou fazendo outra coisa.

É que para mim o global é a comunicação; característica

pessoal é você ter uma correta entonação de voz,

posicionar; é buscar usar os meios de comunicação de

forma correta e por exemplo, vou fazer uma, vou falar de

um assunto que é complexo, não vou falar por e-mail, não

vou falar pelo chat, vou fazer uma ligação no telefone

para conversar sobre isso. Ou é um assunto mais rápido,

do dia a dia, não vou ficar mandando e-mail para encher a

caixa de e-mail de todo mundo, vamos usar o chat. Saber

usar os meios de comunicação corretos, que tipo de

conversa que você vai ter, é. garantir o retorno, então

assim, você já falou o que precisava fazer? Confirmou o

entendimento?

Habilidade de comunicação

verbal forte

Rede de apoio muito boa

Interpretar as culturas para

comunicar

A6 Inclusive pessoa que está competindo para a minha

posição, né? E eu falei para ele ah... um dos problemas

que você tem ah... é que você não, não está mudando a sua

maneira de comunicar. Você está falando inglês com os

mexicanos como se estivesse no Texas ou em Nova

Iorque. E não é assim; tem gente que não pega as coisas;

você tem de ser mais devagar, ter um pouco mais calma

com os empregados domésticos. No México, ao invés de

procurar ele, procuram a mim, porque eu falo espanhol.

Eu falei para ele: as pessoas vêm para mim porque eles

não estão confortáveis trabalhando comigo e você tem que

ganhar a credibilidade das pessoas. Então, assim, é bem

diferente.

Adaptar a comunicação,

mudando a forma de falar

quando em contato com países

diferentes.

Page 232: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

231

A4 É forma cultural da América Latina isso. Então, um

gerente local, que você está olhando para os olhos dele,

aqui, na América Latina, facilita 90%, coisa que o global

vai ter que se esforçar muito mais, usar muito mais

ferramentas de comunicação, usar muito mais

mecanismos para conseguir atingir. Trabalhando com um

americano, por exemplo, você estar localmente ou

globalmente não muda nada, porque ele está, ele não tem

essa necessidade tanto de contato, então, a comunicação

se dá da mesma forma. Comunicação mais direta, mais

simples, mais objetiva, então eu acho que essa habilidade

cultural é totalmente diferente de global para local, apesar

de você ter uma face to face, olhar olho no olho, muito

melhor para o local do que para o global... o global te

exige um esforço muito maior.

Dependendo da cultura o

esforço e maior ou menor de

comunicação e a necessidade

de usar uma maior variedade de

ferramentas para comunicar

LIDAR COM CULTURAS

DIFERENTES

A3 Multiculturalidade é importante e vai além da questão de

quais são os credos, quais são os valores, como é que é a

cultura ou o ambiente econômico, socioeconômico de

determinado país. É mais que isso, porque, essas pessoas,

como elas tem essa diferenciação, porque cada um está

país diferente, ela tem modelos mentais diferentes. Ela fez

modelos mentais diferentes. Ou seja, não adianta eu

querer que o indiano pense igual a um americano; eu

tenho que entender que eles foram programados diferente.

Então assim, por exemplo, o jeito que o mexicano vende;

a forma como ele se relaciona com quem vende; a relação

de negócios; é diferente!

Lidar com a multiculturidade

A4 Então, essa pessoa que lidera globalmente tem que ter essa

percepção, que cada um funciona diferente, até para ele

conseguir extrair o melhor de cada um. Não dá para ele

impor e falar: não, o meu estilo é esse, então todo mundo

vai ter que só seguir na minha cartilha.

Percepção que as pessoas são

diferentes

A4 Que foi na área de operações, que ela também era líder

global de operações, e ela também era uma pessoa muito

comunicativa; ela entendia muito essa parte de cultura,

então entendia que, quando um indiano faz assim, ele não

que [...] entendi o que você falou. Então ela sabia as

perguntas para fazer para saber realmente, confirmar se

era assim mesmo, se era uma outra coisa que estava

querendo dizer, tipo, entendi, mas não vou fazer.

Entender culturas diferentes

A4 Então, a pessoa global, ela tem que conhecer muito do

mundo, tem que conhecer todos os países que ela está

envolvida e como funciona, às vezes, uma postura mais

direta. Por exemplo, o americano fala um pouco mais

direto, o funcionário brasileiro pode interpretar aquilo

como assédio moral. Então, é muito importante você

conhecer a cultura.

Conhecer muito do mundo

Conhecer todos os países que

está envolvida

Conhecer a culturas dos países

A2 A cultura é algo totalmente diferente. Então você tem que

tomar muito cuidado com as diferenças culturais, na

questão de religião, também na questão do abraço, a

gente, a gente toca as pessoas em países que isso não

acontece; porque pela cultura deles não é uma coisa que

deve ser feita. Se você vai dar as instruções por mais que

você possa falar bem, tem que tomar cuidado, certas

coisas podem de alguma forma atrapalhar o

relacionamento,

Saber lidar com culturas

diferentes

A6 Conhecer e saber lidar com pessoas, as culturas diferentes.

As pessoas são diferentes. As maneiras de viver são

Saber lidar com pessoas de

culturas diferentes

Page 233: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

232

diferentes. Então esse conhecimento é muito importante.

Saber respeitar e conhecer as diferenças das pessoas.

Conhecer outras culturas

Conhecer e respeitar as

diferenças das pessoas

A4 É forma cultural da América Latina isso. Então, um

gerente local, que você está olhando para os olhos dele,

aqui, na América Latina, facilita 90%, coisa que o global

vai ter que se esforçar muito mais, usar muito mais

ferramentas de comunicação, usar muito mais

mecanismos para conseguir atingir. Mas trabalhando com

um americano, por exemplo, você estar localmente ou

globalmente não muda nada, porque ele está, ele não tem

essa necessidade tanto de contato, então, a comunicação

se dá da mesma forma. Comunicação mais direta, mais

simples, mais objetiva, então eu acho que essa habilidade

cultural é totalmente diferente de global para local, apesar

de você ter um face to face, olhar olho no olho, muito

melhor para o local do que para o global. No o global te

exige um esforço muito maior.

Conhecer e lidar com as

diferenças culturais

GESTAO DE EQUIPES

VIRTUAIS

A3 Eu acho que a sua habilidade de você criar times virtuais

que consigam estar preparados para entender um objetivo

maior, sabe?, um objetivo comum, que transcende só

aquela, o objetivo de uma organização, sabe

Habilidade de criar e gerir

times virtuais

A3 Não é que assim: ó, eu tenho funcionário na Índia, na

China, nos Estados Unidos; então, eu só garanto que eu

falo com cada um uma vez por semana e pronto. Sou um

líder global. Não! Ele tem que garantir que esse time se

converse, troque experiência, atue em colaboração. Então,

a habilidade dele de conectar e fazer com que as coisas

aconteçam é superimportante, do ponto de vista de ser

líder global

Gestão de equipes virtuais

Trocar experiência

Atuar em colaboração

A1 Para montar um time de sucesso você tem que ter pessoas

diferentes você vê coisas diferentes têm ideias diferentes

pensamentos diferentes essa combinação essa combinação

de pessoas diferentes e importante quanto você pensa num

time global isso é muito mais rico ainda porque você pega

as pessoas de países diferentes comissões diferentes então

isso vai ficar só mais rico.

Montar time com pessoas

diferentes

A7 Eu aprendi nesses anos todos que até um determinado

momento da minha eu escolhia os meus líderes muito

iguais a mim com o mesmo estilo de liderança. Ai um dia

eu tinha um problema numa conta e eu colocava líderes e

nunca dava certo eu colocava e a coisa não ia para frente.

Aí veio um rapaz e falou que estava procurando novos

desafios e fulano de tal pediu para eu falar com você. E

ele tinha um estilo muito arrogante e eu não gosto de

gente arrogante, mas aí eu percebi características

interessantes porque tinha um CIO nesse meu projeto que

era também muito arrogante. Aí pensei você sabe de uma

coisa vamos fazer um teste e o rapaz veio para o meu time

e falei que você vai cuidar do Projeto X. Ele era

completamente diferente do meu estilo de liderar e ele deu

certo deu tão certo e um profissional fantástico mas tinha

um estilo diferente do meu. Aí nesse momento eu aprendi

que viva a diversidade você precisa ter um time com

pessoas com características diferentes é isso enriquece o

trabalho do time. Então cada pessoa no seu lugar certo vai

perfomar e resolver problemas que alguém com meu estilo

Valorizar a diversidade

Page 234: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

233

não resolveria. Então desses meus líderes dependendo do

contexto e da necessidade de ser mais agressivo menos

agressivo é uma área que eu preciso de uma pessoa com

muito mais criatividade desenvoltura para fazer crescer o

negócio eu vou escolher o líder conforme a necessidade.

A7 Então todo o tempo você precisa estar analisando a

situação e ver que tipo de liderança você precisa ter

naquele momento, são ciclos você resolveu um grande

problema agora eu preciso de outro tipo de líder

Analisar a situação e escolher o

estilo de liderança em função

do contexto.

A7 Olho a experiência que o líder teve de liderar grandes

times no caso do México e Argentina.

Experiência em liderar grandes

times

A5 Você saber liderar as equipes porque tem diferenças

culturais onde um pais uma cultura recebe melhor uma

pressão do que outro o chinês por exemplo você não pode

fazer o que eles chamam de LUZ FACE não pode passar

um carão na frente dos outros isso para eles e mortal você

tirou tudo.

Saber liderar equipes de

culturas diferentes

A7 ver o todo não ver só quais as características que precisa

preço técnico tem todas essas que eu já falei mas eu acho

que é a principal características coisa importante que eu

não cometi e você tomar cuidado na hora de formar seu

time a gente tem uma tendência muito forte de ficar perto

de quem a gente gosta de quem é parecido com Age quem

é parecido com a gente isso é um grande erro você é um

cara mais focado em pessoas você precisa ter pessoas

embaixo de você que são folgadas e pessoas mas também

Formar equipes com

diversidade

A1 Outra coisa como você incluir as pessoas em um time

Global. Isto é incluir em discussões exemplo você está

numa reunião no Brasil com três ou quatro brasileiros e

mias do que três ou quatro pessoas. A tendência é que

você fique mais próximo do quem está do seu lado. E não

usar telefone usar um recurso como videoconferência é

muito importante ver a pessoa olhar no olho e dizer e aí

tudo bem isso eu acho que faz muita diferença e a gente

está falando aqui a gente fala por telefone daria

tranquilamente para falar passei por videoconferência

quando a gente está fazendo assim quebra o gelo cria um

vínculo o vínculo maior acho que isso tudo é muito

importante.

Então conhecer as diferenças entre as culturas respeitar as

diferenças como que é no país tomar cuidado de lembrar

que tem alguém do outro lado do telefone alguém do outro

lado do país que você tem que procurar e inserir essa

pessoa no contexto então muitas vezes a língua atrapalha

tem pessoas de vários países e a gente usa o inglês como

idioma padrão normalmente não é língua Nativa de

ninguém às vezes uma pessoa fala mais rápido pra falar

mais devagar é natural se você é uma pessoa nova no time

fica mais acanhada de fazer perguntas o papel do líder é

ajudar a colocar essa pessoa ajudar no contexto seja na

reunião seja nos projetos enfim isso também faz muita

diferença acolhida que você dá pra pessoa. Ele tem que

está internado também que acontece nos outros lugares

sem saber por exemplo que acontece no México que que

acontece na Argentina. Teve horário de verão na

Argentina no México

Saber incluir as pessoas em

times virtuais

Criar vínculos olhando no olho

das pessoas.

Tem uma pessoa que trabalhou comigo quando e eu não

era global, eu era Brasil e ela era minha líder global outros

Habilidade de se fazer presente

mesmo estando longe

Page 235: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

234

países. E ela tinha uma habilidade; ela se fazia tão

presente na vida de todo mundo, mesmo estando longe.

Eu acho que, ela estando longe, foi mais próxima de mim

do que gerentes que estavam aqui fisicamente aqui do

lado, porque ela tinha uma cadência muito bem

estruturada, então ela sabia as reuniões que iam acontecer,

como aconteceriam. Quando ela fazia reunião, e acho que

isso é um ponto importante também da parte global, é

você se fazer presente. Então, quando você está em uma

reunião, pode estar com o telefone ligado, respondendo e-

mail, nem sabendo o que está acontecendo lá, prestando

pouca atenção, ou, o que a gente fala, pela participação

ativa. Você está ouvindo e respondendo, se posicionando.

A3 Essa habilidade de se conectar mais, porque você precisa

que ele entenda mais de tecnologia para ele conseguir

trabalhar; de forma que ele consegue conectar essas

pessoas e formar um senso de time.

Habilidade de conexão

A7 Quando eu falo forte é ter as capacidades técnicas de

liderança que permitem com que junto comigo, justamente

porque eu não conheço tudo eu preciso ter pessoas que

conheçam profundamente as devidas áreas para que nós

como um time possamos discutir as alternativas para

solucionar um problema ou definir as estratégias para que

a gente possa atingir nossos objetivos.

Saber trabalhar em equipe

A2 Um comportamento, importantíssimo é o de identificar o

talento de pessoas. Você já identificar, o mais cedo

possível, quem são os talentos de potenciais líderes da sua

equipe, para começar a investir com antecedência

Saber identificar talentos

CONTEXTUALIZAR E

GERIR COMPLEXIDADE

COM VISAO SISTEMICA

A3 É contextualizar; isso é muito mais fácil quando você tem

todo mundo fisicamente junto, que você entende body

language, que você tem olho no olho. Quando você tem

um ambiente global, onde cada um está num horário, cada

um tem um acento, que as pessoas não conseguem se

comunicar direito, porque por mais que o inglês seja

perfeito, o acento às vezes atrapalha; o horário do dia

também, às vezes a pessoa não está, assim, para um é

muito cedo, para outro é muito tarde. Essa diversidade de

fatores eu acho que torna mais complexo ainda você

gerenciar pessoas.

Contextualizar e gerir

complexidade

B1 Atuar com uma maior visão sistêmica Capacidade de ter visão

sistêmica

RISCOS

A1 Você precisa de um líder que suporte elas nem sempre é

fácil nem sempre as coisas dão certo. Então tem que ter o

suporte da empresa o suporte do seu líder para fazer para

tomar risco acho que isso é importante. Esse suporte é

para assumir riscos.

Exemplo sobre isso. Vou dar um exemplo sobre isso

estamos a 3 meses discutindo e mostrando uma solução

para o problema meu projeto aqui estamos mudando

muito a parte que a gente faz de Security com nossos

clientes é um problema que a gente sempre teve a gente

está mudando isso é um problema que a gente sempre teve

a gente abraçou isso. Nós apresentamos isso para o time

global e eles falaram que não estava para fazer isso não E

Suporte para assumir riscos e

apoiar decisões

Page 236: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

235

aí falar o que não funciona assim me falaram isso não vai

dar certo. Aí nós falamos não isso aqui é real isso aqui

acontece e precisamos resolver. Aí ficamos dois meses

discutindo e mostrando até que ele se entender de falar

então está bom vocês têm autorização causar isso aí até a

gente inventar o padrão global. E hoje há uma hora

tivemos uma confirmação do time global falando que o

padrão Global vai ser o que nós desenvolvemos aqui. É

mais que ganhou um prêmio por que não teve prêmio aí

eu chamei o time todo e falei a gente trabalha na maior

empresa de Tecnologia do mundo quantas pessoas no

mundo têm tem a oportunidade de ter participado de um

projeto desses se eu tivesse a oportunidade de

Exemplo de Suporte Ele apoiou suportou dizendo é isso

mesmo é isso que nós temos que fazer vamos testar aqui

primeiro e o tempo todo ele teve com a gente no dia a dia

e suportando todas as situações que tivemos para com isso

não é isso não faz isso não. Isso é um exemplo de suportar

A7 Então eu gosto muito de escutar as pessoas e a partir e a

partir das informações que elas me dão eu tiro minhas

conclusões e decido. Então eu preciso de informação de

fontes que eu confio para tomada de decisão eu u sou uma

pessoa que não sou uma porra louca eu gosto de ter

informações para tomar uma decisão. E obvio que a

gente não consegue ter todas as informações possíveis

para tomar uma decisão, mas eu gosto de ter claro os

riscos que eu estou tomando. A gente todo dia toma risco

não é zero risco muito pelo contrário mas decidir eu

preciso ter uma noção exata do risco que estou tomando e

deixo isso claro para todo mundo.

Assumir riscos

VISAO DE NEGOCIO

A7 Por exemplo se falo do negócio de uma seguradora você

vai ter muito mais sucesso se você tiver um líder de

projeto e obviamente consultores que entendam dessa

indústria. Se não vai ser mais penoso e a probabilidade de

você falhar na entrega e muito grande.

Entender o negócio do cliente

A7 Hoje em dia você precisa de um líder que tem que ter uma

liderança forte de execução e de conhecimento forte de

negócio. E essas características de liderança.

Conhecimento profundo do

negócio da empresa

Focado em resultados

A7 Por exemplo eu chego e digo olha nós temos que fazer

isso eu preciso que você execute isso. Então eu quero ver

o seu plano de como você vai executar e fazer com que a

gente atinja o objetivo determinado. Aí eu vou

implementar cadencias e verificar se a pessoa está

executando o que tem que ser executado. Então se ela não

consegue me demostrar logo no inicio que ela tem

capacidade, se ela entendeu o que precisa ser feito e se ela

conseguiu através dos seus líderes ou enfim traçar esse

plano e executar está ok se não tenho um problema.

Quando falo já executei toda a minha pesquisa e tem que

Capacidade de execução

Page 237: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

236

ser executado. E claro estarei aberta para você me trazer

dificuldade. Se não e possível fazer então eu vou entender

porque não e possível fazer e nós amos trabalhar juntos

para façamos ajustes no plano para que a gente atinja o

objetivo ou volte na prancheta e fale esse objetivo traçado

tá muito agressivo e aqui estão os motivos pelos quais a

gente ao consegue atingir esse objetivo. Mas hoje em dia

no mundo corporativo não tem muita conversa. Se eu falo

que eu vou fazer eu vou fazer a não ser que tenha uma

naquilo se a gente determinou não tenho problema em

voltar e discutir coisa muito errada pelo que eu estou

entendendo que seja uma coisa muito bem argumentado

porque difícil tudo e não adianta vir e argumentar que está

muito difícil vc tem que me trazer o porquê.

ETICA

A7 Então eu sou uma pessoa muito transparente gosto de

olhar no olho e falar que eu acho mesmo, e logico que

existe várias maneiras de falar a verdade e tem dado certo.

Eu sou uma pessoa respeitada na IBM por essa seriedade.

De novo eu tenho características de não ser uma porra

louca, mas fazer uma boa gestão. Eu sou hoje não sou

uma matemática já fui um dia eu sou uma administradora.

Então administrar um time de quase 9000 pessoas e uma

responsabilidade muito grande e a base do meu sucesso

profissional e ter as pessoas certas que me suportam.

Ser transparente falar a verdade

A3 A outra questão é a questão da ética, porque eu acho que

isso, a ética, ela é a mesma em qualquer; ela é soberana.

Eu acho que assim por mais que exista a

multiculturalidade, eu acho que a essência da ética é muito

importante, e isso eu acho que tem que ser valorizado e

ressaltado. E ético e íntegro em suas relações e em seus

valores.

Ética

Integro em suas relações e com

seus valores;

A3 Possui equilíbrio entre o conhecimento técnico e o

comportamental, era isso que eu queria lembrar. Porque

assim, quando você lidera um time muito virtual, um líder

global, do ponto de vista multicultural, você tem que ser

uma referência para a pessoa que você está liderando

Equilíbrio entre o

conhecimento técnico e

comportamental

Integro em suas relações e

valores

Referência para quem para o

liderado em um time global

A4 São pessoas que realmente dá para se admirar e seguir

porque elas têm uma postura correta o tempo inteiro

Pessoas que são admiradas pela

postura correta todo o tempo

NETWORKING

PARCERIAS

INFLUENCIAR PESSOAS

E NEGOCIAR

A5 Conseguir construir seu networking, construir a sua rede

de credibilidade, mais que informações você ganhar a

credibilidade com os grupos que você vai trabalhar. Voce

tem desde países mais maduros como Austrália e EUA

onde o caro não quer coaching ele da coaching

Networking e credibilidade

Conseguir construir seu

networking

Construir a sua rede de

credibilidade.

A3 Ser capaz de construir parcerias e influenciar outras

pessoas, mesmo sem ter autoridade sobre ela, porque hoje

as gestões, as relações de poder, elas não estão mais

Construir parcerias

Influenciar pessoas, mesmo

Page 238: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

237

hierárquicas, e isso, o ambiente em redes acaba

fomentando muito. E isso começou muito forte com a

geração Y, com milênios e tal; mas eu acho que isso daí

permeia agora a realidade das organizações, uma pessoa

ela é mais respeitada a partir do momento que as pessoas a

admiram mais. Ou seja, você, a hierarquia ficou

secundária. Uma pessoa muito influente, ela... porque ela

é admirada pelo skill, pela forma dela influenciar as

pessoas e tudo mais, ela não necessariamente é uma

pessoa que está no topo, e ela consegue às vezes mover

muito mais do que uma pessoa que está no topo.

sem ter autoridade sobre ela

A7 Então a habilidade de navegar entre áreas de negociação

entre áreas, ou seja, como você lida com o ambiente

político que todas as empresas têm.

Habilidade de negociação

Habilidade de navegar entre

áreas

Lidar com o ambiente político

que todas as empresas têm.

DISCIPLINA E

ORGANIZACAO

Extremamente disciplinado conhece finanças

profundamente o que ajuda quando você está liderando as

unidades de negócios.

Disciplinado

A5 Ser uma pessoa disciplinada, estruturada. Precisa ser

estruturada disciplinada por que você lida com 8 regiões

completam diferentes. Então você precisa se organizar

desde os seus folders, o arquivo na máquina como você

vai gerenciar cada uma dessas equipes por exemplo se

você está olhando a perfomance delas. Você tem que criar

um sistema gerencial com estas equipes você tem que

saber quem e quem onde você aperta para a coisa

melhorar então e capacidade organizacional essa

capacidade de se autodisciplinar e importante em uma

situação dessas diferente de atender aquele cliente que vou

aumentar a cota, só tenho que inovar porque vou levar um

projeto novo.

Organização e disciplina

Capacidade de se

autodisciplinar

A4 São pessoas organizadas; acho que a organização é base,

para mim. A pessoa tem de ser muito bem organizada,

muito bem estruturada, porque ela tem de fazer sempre

uma, voltar para o ponto e garantir a entrega, o tempo

inteiro estar buscando o que ela pediu, para quem pediu,

que país tem que retornar o que, como consolidar

informações de diferentes países com diferentes

perspectivas, e conseguir juntar tudo e criar uma visão

única, globalizada

Organização

A pessoa tem de ser muito bem

organizada, muito bem

estruturada

Consolidar informações de

diferentes países com diferentes

perspectivas

Conseguir juntar tudo e criar

uma visão única, globalizada

A3

Ele gera valor no ambiente multicultural; ele consegue

conciliar diferentes pontos de vista, ele tem mentalidade

global, é o global mindset; ele oferece soluções de valor

multidirecional; não é binário, você não consegue ser

binário gerenciando tanta complexidade assim; possui

competência para entender a necessidade dos

colaboradores e a liderança. Se tem... você não consegue

gerenciar só falando para o time inteiro, você tem que

entender a individualidade de cada um; habilidade no uso

de ferramentas tecnológicas, isso é integrado, do ponto de

vista das mídias sociais, e isso eu acho que assim, é uma

realidade, é o futuro e cada vez mais a gente vai depender

da tecnologia para isso.

Conciliar diferentes pontos de

vista

Ele gera valor no ambiente

multicultural

Ele tem mentalidade global

Oferece soluções de valor

multidirecional; não é binário

Tem que entender a

individualidade de cada um

Page 239: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

238

Habilidade no uso de

ferramentas tecnológicas

Não só hoje, mas sempre com essa, o líder tem que estar

sempre com pelo menos 25 anos para frente

Visionário

A6 Então, eu acho muito importante a pessoa ter a humildade.

E, e, quando eu demonstro essa característica, boa

comunicação, bom planejamento, ah... boa estrutura] e

muito, muita humildade. Você reconhecer as pessoas tanto

nos momentos bons quanto ruins. Para mim, essas partes

da minha equação, da minha e tem me ajudado a alcançar

meus objetivos.

Humildade

A1 Eu acho que o líder tem que ser uma pessoa inspiradora

cara inspirador porque está, mas no momento que as

empresas vivem hoje e se a gente olhar no Brasil fazer só

o feijão com arroz não dá e para você tem as pessoas

fazendo muito mais do que isso pessoas precisam

acreditar em você precisa de alguém que inspire elas.

Inspirar para cuidar das pessoas e para dar suporte? O

líder que inspira é um líder que numa situação de

dificuldade numa situação que você tem um trabalho

difícil pra você fazer ele não está atrás de uma mesa

falando pra você onde ele falou que está o que você tem

que fazer eu volto no final do dia pra ver se você fez o que

era pra ser feito tem que estar junto ele fala como é que a

gente vai fazer o quê que vocês precisam tá pensando

juntos tá puxando o time tá fazendo as pessoas

trabalharem em time ele é um cara do pé no chão ele fala

é difícil mas vamos lá vamos fazer. E um cara que

consegue mostrar que tem alguma coisa para a frente. E

um cara que consegue mostrar que tem alguma coisa para

a frente e muitos líderes e prendem tem que fazer isso tem

que fazer aquilo E não coloca o que tem por trás da

montanha que é a cenourinha. Essa cenourinha não é

questão de ser um bônus de ser, mas muitas vezes é a

sensação de você realizar alguma coisa

Inspirador

ESTRATEGIAS DE

DESENVOLVIMENTO

POLITICA TREINAMENTO

IBM

A3 Na IBM existe a responsabilidade dos funcionários

cuidarem do seu desenvolvimento e não ficar esperando

pela empresa, e fique mandando ela fazer curso ou

mandando ela se preparar.

Responsabilidade do

funcionário pelo seu

desenvolvimento

A3 Existe uma política onde as pessoas têm ter no mínimo

quarenta horas de treinamento por ano, que consideramos

muito pouco, se for ver, mas essa é uma regra para 100%

da população mundial. Fora isso, é claro que pode ser,

isso é o mínimo, e tem um site que registra tudo isso

Política de treinamento da IBM

Existe uma política onde as

pessoas têm ter no mínimo

quarenta horas de treinamento

por ano

ASSESSMENT

A3 Existem vários assessments. Na maioria dos treinamentos

de liderança; é previsto que a pessoa faça um assessment e

receba o feedback. E fora isso nós temos uma ferramenta

global que é recente, que a gente também está usando para

fazer o assessment da liderança.

Na maioria dos treinamentos de

liderança; é previsto que a

pessoa faça um assessment e

receba o feedback

COACHING

A1 Tinha um modulo especifico no curso de desenvolvimento

de liderança que fiz na qual precisávamos falar um

O instrutor vai fazendo algumas

perguntas e vai te desafiando

Page 240: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

239

problema real na sala de aula. E aí o instrutor vai fazendo

algumas perguntas e vai te desafiando para utilizar os

métodos que você aprendeu no curso para resolver aquela

situação e tem umas lições de casas que você recebe

depois da semana presencial. Você vai tentar aplicar isso

com aquela pessoa ou situação e quando você volta

novamente na outra semana presencial e vai contar

experiência o que deu certo e o que não deu certo para a

classe toda e aí você discutir isso. Fora isso o instrutor

fazia algumas sessões individuais 15 20 minutos para dar

feedback com os pontos positivos e os pontos que

precisam ser trabalhados.

para utilizar os métodos que

você aprendeu no curso para

resolver aquela situação

O instrutor fazia algumas

sessões individuais 15 20

minutos para dar feedback com

os pontos positivos e os pontos

que precisam ser trabalhados

A1 Na IBM existe muita abertura para receber o Coaching. Abertura para receber o

Coaching

A3 Existe coaching e é muito forte na cultura. Principalmente

agora, porque coaching virou algo essencial num ambiente

de inovação, porque é uma forma de você não dar a

resposta, e você não dizer o caminho, porque qualquer

coisa que você faça, que você vai dizer o caminho, você

vai estar se baseando no seu passado, na sua experiência, e

isso é você fazer do jeito que deu certo um dia, mas o que

deu certo um dia talvez não seja o que vai dar certo no

futuro.

O que a gente espera, o que a gente quer é que a inovação

aconteça e permeie todos os níveis de organização. Então,

você dando coaching, fazendo perguntas certas, dando

espaço para as pessoas atuarem, você está fomentando

inovação, que você está abrindo espaço para a pessoa vir

com propostas novas, com ideias novas, e o papel do líder

é tentar direcionar essa conversa, ou seja, fazer perguntas

corretas, mas assim, construir junto.

O coaching é feito pelo gestor, mas não precisa ser o

formal. Se tem, por exemplo, uma pessoa que trabalha

num projeto com outra, eu pode receber coaching

também. Não é assim marcado, definido, só o fulano pode

fazer coaching você pode ter inúmeros líderes dentro da

organização, até por ser matricial, ou você pode estar com

ela num projeto, ou porque você pode ser uma referência.

Lembra daquela história que eu te falei do líder que é

referência?

Que pode ser [...] pessoas que te buscam como mentor, e

nesse processo de mentoria você faz um coaching na

pessoa também. Mas isso realmente é algo que a gente.

Existe coaching e é muito forte

na cultura

Coaching virou algo essencial

num ambiente de inovação,

porque é uma forma de você

não dar a resposta, e você não

dizer o caminho, porque

qualquer coisa que você faça,

que você vai dizer o caminho,

você vai estar se baseando no

seu passado, na sua

experiência,

Coaching abre espaço para as

pessoas atuarem,

Coaching fomenta inovação,

que você está abrindo espaço

para a pessoa vir com propostas

novas, com ideias novas

Processo de coaching

O coaching é feito pelo gestor,

mas não precisa ser o formal

Uma pessoa que trabalha num

projeto com outra, pode receber

coaching também

Por ser estutura matricial os

funcionários têm vários líderes

e todos podem trabalhar com o

coaching

No programa de mentoria o

mentor tamabem pode trabalhar

com o coaching

Pode existir coaching no

processo de mentoria

FEEDBACK

Page 241: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

240

A3 A IBM, também tem uma cultura de feedback forte, então

a gente está mudando todo o processo de performance

management e falando que esse tipo de canal aberto para

dar feedback sobre performance e fazer ponte é contínuo.

Não tem mais um ciclo anual ou somente uma vez no ano

você vai parar receber um feedback, aquela coisa

engessada que não representa o que a pessoa faz no ano

inteiro. Então, a gente vai esperar realmente que as

pessoas tenham essa postura e essa mudança de atitude de

dar feedback continuamente.

A cultura de feedback forte na

IBM

Não tem mais um ciclo anual

ou somente uma vez no ano

você vai parar receber um

feedback

Então, a gente vai esperar

realmente que as pessoas

tenham essa postura e essa

mudança de atitude de dar

feedback continuamente.

CURSOS

A2 No curso que eu fiz não tinha nada muito técnico Todo o

aprendizado foi multicultural. Tinha bastante troca de

experiência que era o principal objetivo do curso.

Aprendizado multicultural pela

troca de experiências

A2 Eu fui fazer um treinamento em Nova York e tinha

executivos de diversas áreas. E ali, não só o tinha

treinamento, tinha também o networking que aprendemos,

que falando com pessoas de outros países, trocando

ideias sobre as mais diversas coisas também e aprendizado

Networking

A7 Fiz um MBA na FDC em 2005 e cursos que a pp IBM me

ofereceu. Cursos de liderança, cursos técnicos, inglês. Fiz

alguns cursos aqui no Brasil e alguns nos Estados Unidos

de uma semana de imersão daí vários outros alunos de

outros países diferentes então isso foi muito bom porque a

gente acaba tendo interação com outras culturas.

Cursos com interação com

pessoas de vários países.

A4 A IBM faz o desenvolvimento de seus líderes globais com

muitos treinamentos. Temos muito material disponível na

Web também para estudo.

Desenvolvimento de líderes

com treinamentos

Materiais disponíveis na WEB

A1 Nós recebemos o material global para treinamento do time

gerencial. Sentamos com o RH e fazemos as adaptações.

Nós estamos fazendo muito isso e eu tenho participado de

alguns sendo um facilitador dos treinamentos.

Treinamento na IBM é uma coisa que você tem muito, se

não tomar os funcionários não trabalham, somente fazem

somente treinamentos.

Treinamento e adaptaddo

A1 Antes de você virar gerente na IBM Você tem uma série

de cursos Road Map para a você fazer. Tem vários e

online de alguns presenciais. Quando você vira gerente

você continua com outro Road map quando você passa

para outro nível de gerente você tem outro treinamento.

Nós temos também várias campanhas que são lançadas a

última pesquisa foi que percebemos que estava faltando

clareza e que precisava de mais feedback.

Road Map

A3 A gente tem um road map com uma série de cursos para

pessoas que têm potencial para ser gerentes, para os

gerentes novos, para os gerentes experientes, para os

gerentes com potencial executivo e para os executivos.

Tudo isso existe no portfólio de liderança e as pessoas são

chamadas à medida que elas estão em determinados

estágios. Então, todos eles, com base em tudo que é novo

na companhia, ou seja, muda uma estratégia mundial, uma

forma de abordar, os treinamentos são todos revistos. Fora

isso, temos a liberdade de ter soluções locais, com

conteúdo global, mas você pode fazer alguma solução

local que você precise.

Road map

Page 242: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

241

A4 Então, tem o que eu falei que são os treinamentos mesmo,

cursos. Nesses cursos existe o road map que é um mapa

com todos os treinamentos que você tem que executar

para estar pronto para ser, um líder e depois... para se

formar um líder global não existe uma especificidade,

para você se formar um líder, gerente de sua companhia

você tem que alguns itens que você é obrigado a ter. então

tem aqueles cursos básicos que você é obrigado a garantir.

E uma vez que você é designado gerente, 6 meses depois,

você tem um curso que você é obrigado a fazer também.

São mandatórios esses cursos.

Road map

A3 Então, a gente tem três níveis. A gente tem um nível que é

preparar futuros líderes, que são os coordenadores que vão

virar gerente. Então a gente tem treinamento sobre valores

da IBM, estilos gerenciais, clima, como desenvolver

pessoas bem básico para a liderança.

Aí, ele cumprindo esses treinamentos, ele é um possível

candidato para ser gerente. Aí, para ser gerente, ele passa

por entrevista com mais de um gerente, são três gerentes

que têm que entrevistar. Ele tem umas características

muito específicas e, demonstrando essas características,

ele pode ser designado.

Road Map

A4 A IBM faz o desenvolvimento de seus líderes globais com

muitos treinamentos. Temos muito material disponível na

Web também para estudo.

Desenvolvimento de líderes

com treinamentos

Materiais disponíveis na Web

A1 Temos módulos específicos para você trabalhar com times

globais por exemplo tem desde coisas básicas como se

comportar numa reunião como entender a cultura de outro

país com informações de cada país como é a cultura os

principais pontos de como você tratar e etc. até coisas

mais complexas de como que você faz um tratamento com

o cliente nenhuma outra região.

Módulos específicos para

desenvolver o líder global

Como comportar em uma

reunião

Como entender a cultura em

outro pais

Como tratar o cliente em outra

região.

A1 desde como você exerce liderança com o seu time você

exerce como você exerce influência pra cima com você

faz negociações curso bem abrangente que começou no

ano passado uma semana a cada 6 meses mais ou menos

você fazer um curso presencial e nesse período de seis

meses você tinha as lições de casa para fazer livros e

alguns treinamentos online pra fazer e você tinha mas

times de trabalho de 4 a 6 pessoas você tinha que reunir

com as pessoas e realizar as atividades e elaborar as

respostas foi um curso muito bacana o curso acabou em

junho tive uma média de três sessões presenciais fora o

remoto

Módulos específicos

Como liderar um time global

Como exercer influência para

cima

Como negociar

A2 Nós temos programas locais e globais de

desenvolvimento. Os programas de desenvolvimento

locais que são coordenados pelo nosso time gerencial

daqui do Brasil. Eles têm palestras, painéis etc. se sempre

temos colegas de fora para trocar. Isso e uma vantagem

da IBM e uma empresa global, está em vários países, tem

uma presença global. Temos alguns programas que são

online, mas ele, por si só, não é suficiente; nós temos que

ter os locais, onde se tem a interação presencial nós temos

uma combinação dos dois, tem que ter uma combinação

dos dois, porque, por mais que a gente aprende de forma

online, nós temos os presenciais, achamos faz a diferença

as pessoas, entrarem numa sala de aula, não podemos

esquecer que somos latinos e que isso e importante.

Palestras

Painéis

Troca de experiências

Treinamentos locais e globais

Treinamentos online e

presencial

Page 243: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

242

E você consegue me falar desse material de uma forma

geral, que vocês têm para desenvolver um líder global.

A gente tem materiais sobre cultura, sobre comunicação,

sobre feedback, como dar feedback para as pessoas,

feedback remoto. A gente tem ferramentas, treinamento

em networks, como você cria a sua rede de contatos; tem

treinamento de apresentação, como fazer apresentação [...]

funcionar; tem treinamento, muita parte de negociação,

tem bastante coisa de negociação; tem estilos gerenciais,

então, qual é o seu estilo que tipo que você deve usar, em

qual momento, clima tem e é tanto material que tem lá! A

gente tem disponível também, no site então tem muitas

pesquisas de hardware que a gente acessa, então... e é

legal porque são pequenos recortes que falam sobre os

estudos, sobre diversos temas de liderança. Acho que é

isso

Tem os cursos presenciais, tem curso que é.... como a

gente está fazendo aqui: tem uma câmera, e todo mundo

está participando, se vendo, mas é remoto, e tem uns que

não tem câmera, mas você tem

E para global não tem nenhum treinamento mandatório

para você ser designado, mas para você ser designado,

normalmente tem que ter tido alguma experiência, e

existe, depois que você é designado, algumas coisas que

você precisa, tem que fazer, precisa fazer e quais são esses

treinamentos que você precisa fazer depois? De cultura

[...] de cultura, de comunicação [...] E os que o líder, de

uma maneira geral, precisa fazer, que são os mandatórios.

Treinamentos sobre cultura

Treinamentos sobre

comunicação

Sobre como dar feedback para

as pessoas presencial e remoto

PROGRAMAS

A2 . E tem um outro programa, que é um programa em que

você sai de licença no país de origem, e, quando você

chega no país de destino, você é contratado pelo país de

destino. Você pode ou sair de licença e voltar depois ou

você pode pedir demissão antes de ir para lá se s intenção

é ficar lá para sempre. Se ele sair de licença [...], quando

ele volta, não é que ele tenha, não é 100%. Tem que ter a

disponibilidade para quando ele estiver voltando. Tem que

ter uma vaga no nível específico [...] normalmente, não é

um problema. Normalmente, não é um problema, tem a

disponibilidade para as pessoas que estão voltando.

Programa que o funcionário

pode sair de licença para

trabalhar em outros países

B1 A IBM tem um programa de desenvolvimento de para

executivos de níveis mais altos realizado por uma empresa

participante do grupo no qual os executivos da empresa

passam um período em um país que tem problemas

econômicos. Eles trabalham nestes países, vivem nas

comunidades e tem como objetivo propor algum tipo de

melhoria local. Também existe nessa empresa um

programa para desenvolvimento de jovens na qual se

colocam pessoas de diferentes países para trabalharem.

Outra forma de desenvolvimento de sucessores citada foi

um programa de interação na qual participam gestores de

vários locais e várias áreas de negócios como: Singapura,

da Alemanha, do México, Estados Unidos. Negócios,

recursos humanos, aí tem que ser em inglês, é uma

convivência de duas semanas, duas semanas aqui e duas

semanas lá. Acrescentou-se que antes os cargos de

sucessores eram preenchidos com contratações externa e

Programa de desenvolvimento

de líderes globais

Page 244: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

243

eram treinados nas subsidiárias por um período de dois

meses para conhecerem a empresa e depois desse

treinamento eram expatriados para países diferente da sua

nacionalidade e que essa era a maneira de realizar o

desenvolvimento dos gestores globais.

B1 Os funcionários com alto potencial são expatriados com o

objetivo de melhorar a visão e entendimento e para

aumentar a capacidade de reter esses profissionais, pois

voltam depois de um ano com maior capacidade e maior

valor no mercado.

Expatriação

A2 Nós temos mentores que não são necessariamente do

próprio país. Eu tenho mentores nos Estados Unidos, na

Europa, na Ásia. Então, isso ajuda para estabelecer uma,

um tipo de relação e de aprendizado entre as culturas,

porque nós somos atualizamos com o mentor, mas o

próprio mentor também aprende muito, quando eles estão

interagindo.

Nós temos mentores que não

são necessariamente do próprio

país

Eu tenho mentores nos Estados

Unidos, na Europa, na Ásia.

Então, isso ajuda para

estabelecer uma, um tipo de

relação e de aprendizado entre

as culturas, porque nós somos

atualizamos com o mentor

A4 Eu sempre tive mentores, desde a primeira designação

gerencial. No começo, eram mentores aqui do Brasil,

quando eu fui para a área global, eu pedi para ter mentores

no Brasil e um lá fora. O do Brasil porque eu gosto de ter

uma pessoa que entenda nossa realidade, que eu possa

abrir um pouco mais, e global porque realmente é uma

carreira global e preciso entender como que funciona esse

ambiente.

Mentor

A4 A IBM tem um programa formal de mentoria. Nós temos

um programa de talentos na IBM. Então, algumas pessoas

são identificadas como talentos, e para as pessoas que são

talentos, é mandatório ter mentor, o RH te acompanha,

garante que você tenha o melhor mentor adequado e tudo

mais. Para quem não é talento, ainda assim pode buscar

mentor. Não tem um foco tão grande de RH, mas tem o

foco da gerente, a pessoa apoiando e do próprio

funcionário. Se ele decidir que ele quer buscar isso, ele

pode procurar uma pessoa que ele admira, ou que ele

entende que pode ajudar ele e falar: ó, você poderia ser

meu mentor? É super comum essa prática, essa troca que a

gente tem aqui dentro.

Mentor

A4 Três opções, três tipos de mentoria

Um que é mentor de carreira mesmo, focado em carreira

que caminho que você precisa fazer, te ajuda a tirar as

pedras do caminho para você chegar onde você quer. O

outro é mentor de

Network, então, precisa aparecer para mais pessoas, eu

não tenho nenhuma entrada naquela área, então eu vou

pedir para uma pessoa de lá ser meu mentor para ela me

conhecer, eu vou conhecer um pouco mais da área. E a

terceira mentorização, é a mentorização realmente de

jobing, então, eu tenho vontade de ser de RH, então eu

vou lá no RH e falo: eu quero que você seja meu mentor,

porque minha vontade está na sua função, eu quero

conhecer mais seu dia a dia, quero participar mais

ativamente. Então, tem esses três tipos.

Hoje, eu tenho, eu sou mentora de três meninas, todas elas

Mentoria

Page 245: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

244

estão focadas mais em carreira mesmo, e

Todo mundo pode ter, porque a gente busca assim: você

vai buscar um mentor que seja um ou dois níveis acima do

seu. Imagina uma pessoa que está começando a carreira,

vai querer fazer mentor com o vice-presidente. É muito

distante, não agrega muito. Então o que a gente fala para

os funcionários é: busque uma pessoa um ou dois steps

acima do seu. O ideal é dois, porque a pessoa passou pelo

step que você vai querer passar e já está um pouquinho à

frente, então, é isso que a gente busca, mas todos os níveis

podem ter.

A4 E um programa formal que dura de dois dias a uma

semana. É período curto, depende do tipo de shadow que

você está fazendo; existe o shadow que é para você

conhecer a área, para ver se tem interesse ou não de ir

para lá, e existe o shadow realmente formal, que é para

você aprender o trabalho, e existe, na parte técnica, aí é

um pouco mais longo. A gente às vezes, por exemplo, um

cara da Índia está aprendendo um serviço que a gente faz

aqui no Brasil; então, vou fazer um shadow técnico, então

pode durar um mês. E além disso tudo a gente tem

também o shadow, que a gente fala, que é acompanhar

líderes; então, por exemplo, a pessoa que tem vontade, ou

que a gente vê que tem capacidade de se tornar umas

operações globais, então a pessoa vai ter oportunidade de

fazer um shadow comigo, ela passa dois dias, o dia inteiro

do meu lado vendo como que é meu dia a dia, como que

eu trabalho, […] mentorizações. Tudo é formalizado e

acompanhado pelo RH

Modelo de shadow

E um programa formal que

dura de dois dias a uma

semana.

Existe o shadow que é para

você conhecer a área, para ver

se tem interesse ou não de ir

para lá, e existe o shadow

realmente formal, que é para

você aprender o trabalho, e

existe, na parte técnica, aí é um

pouco mais longo

A2 Tem outras formas também que é através da exposição

das pessoas a outras culturas. Nós temos mais de 30

pessoas fora do país e muitos deles já não trabalham mais

para mim. O objetivo é que eles desenvolvam esse trato

com pessoas de outras culturas, com outros países, com

outras regras, e quando eles voltem, eles têm uma visão

mais aberta. Eu, particularmente, acho que você quer

desenvolver um líder global, você tem que investir nas

pessoas para que tenham experiência lá fora. Eu acredito

nisso. Mas eu não sei se eu conseguiria executar o que eu

estou fazendo hoje se eu não tivesse tidos essas

experiências lá fora. Eu acho que é um investimento que

não é barato, não é, é caro, mas ele é um investimento

necessário, porque você nunca vai ter uma fluência, nunca

vai saber como que é o dia a dia de um líder global. A

experiência é fundamental. Eu fui gerente de primeira

linha no país hoje sou diretor, e tive várias experiências.

Então, eu tenho propriedade para falar muita coisa, tenho

propriedade para abordar coisas tanto com meu time aqui,

tanto com meu time lá fora.

Exposição a outras culturas

Experiência fora do pais

A1 O ideal e ir expondo a pessoa para ser líder em diversas

situações globais. Então por exemplo por mais que a

pessoa seja um bom líder ele não vai ter experiência de

quem já está exposto em projetos em outros países seja de

cultura seja de coisa básica como time Zone. Para ser

Líder global nós vamos colocando as pessoas para

acompanharem reuniões para desenvolver projetos é aí

que o cara vai se preparando se formando.

O ideal e ir expondo a pessoa

para ser líder em diversas

situações globais

Então por exemplo por mais

que a pessoa seja um bom líder

ele não vai ter experiência de

quem já está exposto em

projetos em outros países seja

de cultura seja de coisa básica

Page 246: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

245

como time Zone

Para ser Líder global nós

vamos colocando as pessoas

para acompanharem reuniões

para desenvolver projetos é aí

que o cara vai se preparando se

formando.

TRANSFORMATION

LEADERSHIP

FRAMEWORK

(Novo perfil de liderança IBM)

LIDER NA INDUSTRIA

A3 Que ele tenha esse senso, que ele seja um líder na

indústria, (sense net leader to industries), ou seja, que ele

continuamente identifique sinais externos sobre o que está

acontecendo, que ele tenha track into diversity networks

for ideas in braicing in perfect data e companie with

intuition. Isso tudo são os detalhes para o líder ter essa

liderança na indústria. The clear position, significa que o

líder tem de entender o ambiente externo, ele tem que

tomar decisões olhando o maior número de ideias

possível, que tome decisões, mesmo que os dados não

sejam perfeitos, que ele aja com urgência. Esse senso de

urgência entendendo deve levar em consideração tudo do

seu ecossistema, tudo o que está em volta dele.

O líder tem que realizar

transformações

Continuamente identificar

sinais externos sobre o que está

acontecendo

Realizar Network em diversas

redes para geração de ideias

com dados perfeitos e com

intuição

Tem de entender o ambiente

externo

Tomar decisões olhando o

maior número de ideias

possível,

Tomar decisões, mesmo que os

dados não sejam perfeitos

Agir com senso de urgência,

levando em consideração todo

o seu ecossistema.

CHALLENGING OF YOUR

ASSUMPTIONS

A3 A outra tem a ver com disuruption que é você fazer o

challenging of your assumptions para você ver se você

está explorando tudo que você poderia mesmo, que você

trabalhe tudo que é improdutivo, e você acabe resolvendo

isso, que você crie um ambiente para inovação, que você

comece pequeno e depois você aumente em escala, não

precisa, cada vez que você vai fazer uma mudança, faz na

companhia inteira. Para é mudar a companhia inteira leva

muito tempo. Então, o líder tem que dar empowerment e

responsabilidade para as pessoas fazerem as mudanças

que precisam, começando pelas pequenas mudanças para

depois escalonar. Então, o que será realizado é uma

disruptura de uma forma saudável, mas que é o que a

companhia precisa para se transformar realmente.

Realizar rompimentos

Verificar se está explorando

tudo o que e possível

Trabalhar tudo que e

improdutivo

Criar um ambiente para

inovação

Dar empowerment e

responsabilidade para as

pessoas fazerem as mudanças

que precisam, começando pelas

pequenas mudanças para depois

escalonar.

Realizar uma disruptura de uma

forma saudável, mas que é o

Page 247: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

246

que a companhia precisa para

se transformar realmente.

RELACIONAMENTO COM O

CLIENTE

A3 O terceiro ponto e em relação ao cliente. Co create to

delivery um valor para o cliente com o cliente, fideliza

valor para o cliente, que daí é para você pensar o que que

é realmente relevante, você criar um, uma proposta clara,

uma causa comum, que realmente seja importante para o

cliente, você engajar o cliente e o ecossistema da IBM

como co-cliente. É você construir realmente junto com o

cliente. Tem a ver com inovação que constrói junto.

Transformar problemas muito complexos em simples e

escalonar, então, você quebrar um problema em vários...

porque a IBM ela tem um pouco essa coisa de ser muito

complexa

Criar valor para o cliente

Fidelizar o cliente

Pensar o que e realmente

importante para o cliente

Criar uma proposta clara com o

que seja importante para o

cliente

Engajar o cliente no

ecossistema da IBM

Inovar construindo junto com o

cliente

Transformar problemas

complexos em simples,

quebrando em vários para

depois escalonar

MOSTRAR CONFIANCA E

DAR RESPONSABILIDADES

AS PESSOAS DOS TIMES

VIRTUAIS

A3 E por último e amplifier perseverance and performance

que e trust and accountabilities que é você mostrar

confiança e dar responsabilidades para as pessoas dos

times; ou seja , você liderar e capacitar times virtuais;

criar um ambiente de permissão para fazer coisas

interessantes; é você mostrar zero tolerância para baixa

performance; é você fazer coaching como uma forma de

você dar, estimular as pessoas a irem no máximo do seu

potencial; é ou seja, veja que, assim, é uma forma muito

mais delegada de você dar responsabilidade para o líder

em fazer a mudança, em liderar a mudança. Para a IBM

isso é super, uma super quebra de paradigma, porque a

gente sempre foi muito global, muito integrada, muito

centralizada; então, realmente, é uma mudança radical. S -

É porque, do central, do global, está descentralizando

completamente.

Page 248: COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS PARA O … Simone... · sob a orientação do Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan. ... assessment, shadowing model, ... (Global leadership and organisational

247