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1 Sustentabilidade RELATÓRIO DE INTELIGÊNCIA MAIO | 2014 Compostagem Gestão sustentável dos resíduos orgânicos A técnica de compostagem pode ser definida como um processo de decomposição biológica aeróbi- ca (com presença de oxigênio) de uma quantidade de matéria orgânica, resultando em um material be- néfico para a reincorporação no solo e consequentemente fonte de minerais e vitaminas para as plantas. Trata-se de uma técnica bastante antiga e totalmente aceita pela comunidade científica e social como um das formas mais eficazes de reciclagem de materiais orgânicos. Outra vantagem é a redução significativa na emissão de gases potencialmente nocivos à saúde e a redução de 70% do volume de resíduos orgânicos, re- sultando em uma diminuição expressiva de poluentes que teriam como destino os aterros sanitários. Fonte: Desperdício Zero, Secretaria Estadual do Meio Ambiente PR (2010) 52,5% Orgânico 24,5% Papel 16,2% Diversos 2,9% Plástico 2,3% Metal 1,6% Vidro Composição do lixo domiciliar brasileiro

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SustentabilidadeRELATÓRIO DE INTELIGÊNCIA

MAIO | 2014

CompostagemGestão sustentável dos resíduos orgânicos

A técnica de compostagem pode ser definida como um processo de decomposição biológica aeróbi-

ca (com presença de oxigênio) de uma quantidade de matéria orgânica, resultando em um material be-

néfico para a reincorporação no solo e consequentemente fonte de minerais e vitaminas para as plantas.

Trata-se de uma técnica bastante antiga e totalmente aceita pela comunidade científica e social como um

das formas mais eficazes de reciclagem de materiais orgânicos. Outra vantagem é a redução significativa na

emissão de gases potencialmente nocivos à saúde e a redução de 70% do volume de resíduos orgânicos, re-

sultando em uma diminuição expressiva de poluentes que teriam como destino os aterros sanitários.

Fonte: Desperdício Zero, Secretaria Estadual do Meio Ambiente PR (2010)

52,5%Orgânico

24,5%Papel

16,2%Diversos

2,9%Plástico

2,3%Metal

1,6%Vidro

Composiçãodo lixo domiciliar

brasileiro

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Compostagemcompreendendo o processo

Materiais indicados parainclusão em compostagens

Plástico, vidros, óleos, tintas, metais, pedras, não devem ser inseridos

pois retardam o processo e prejudicam o composto, assim como

ossos inteiros (devem ser moídos) ou qualquer substancia que pre-

judique o processo. A inserção de carne deve ser evitada ou inserida

em compostagem própria e protegida, pois pode atrair animais.

Materiais que não devem ser inseridos

na compostagem:

Ricos em Nitrogênio (N2 ou Azoto): folhas verdes, farinha de algas, aparas de

grama, esterco de animais, solo, restos

de vegetais da horticultura, dentre outras.

Ricos em Carbono: materiais lenho-

sos como casca de árvores, pequenos

pedaços de madeira, podas de jardins,

folhas, palhas, fenos, dentre outros.

Resíduos orgânicos:

Característica estável, apresen-ta propriedades desagradáveis como cheiro, aspecto visual e microrganismos patogênicos,

transofrmando-se em composto

1Compostagem:

processo aeróbico de decompo-sição que resulta na produção de dióxido de carbono (CO2), água, substâncias minerais e os trans-forma em um material orgânico, que serve como insumo agrícola

2Insumo agrícola:

com odor quase neutro, manipu-lação fácil, ausência de patóge-nos e uma imensa capacidade

de utilização na agricultura

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Fonte: Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Viana do Castelo. Materiais para compostagem

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Relação carbono x nitrogênio (C/N)para obtenção de um bom composto

Composição de alguns materiais de origem vegetal de interesse para a compostagem (base seca)

Composição de alguns materiais de origem animal de interesse para a compostagem (base seca)

Para a seleção de material, é preciso ter em mente quais materiais são ricos em carbono e quais em nitrogê-

nio, pois a relação entre eles é primordial para obter um bom composto.

Isso quer dizer que quase a totalidade de material introduzido, deve ser ma-

terial carbônico. Níveis superiores a 30 partes de carbono resultaram no au-

mento do tempo de decomposição. Já em níveis inferiores, ou seja, numa

relação C/N muito baixa, a pilha liberará gás amônia em excesso e líquido em

sua base (chorume). Porém a relação C/N não precisa ser exata, adicione 1

a 1,5 kg de material rico em nitrogênio para cada 50 kg de material rico em

carbono e você terá um excelente composto orgânico.

Fonte: João Carlos Godoy. Ministério do Meio Ambiente. Compostagem

Fontes: Adaptado de Divisão de Extensão Rural – CATI/SP e Maria Cláudia Blanco e Helcio de Abreu Jr. CATI/SP. Compostagem

A relação C/N em uma pilha de compostos deve ser de 25 a 30 partes de carbono para uma parte

de nitrogênio (30/1).

Material Matéria Orgânica (%) Nitrogênio (%) C/N

Bagaço de cana-de-açúcar 71,44 1,07 37/1

Fibras de abacaxi 71,41 0,90 44/1

Folhas de amoreira 86,08 3,77 13,1

Cascas e palha de arroz 54,55 0,78 39/1

Banana: talos de cacho 85,28 0,77 61/1

Palhas de café 93,13 1,37 38/1

Capim Jaraguá 90,51 0,79 64/1

Palha de feijoeiro 94,68 1,63 32/1

Grama Batatais 90,80 1,39 36/1

Palhas de milho 96,75 0,48 112/1

Sabugo de milho 42,20 0,52 101/1

Serragem de madeira 93,45 0,06 865/1

Material Matéria Orgânica (%) Nitrogênio (%) C/N

Esterco de equino 46,00 1,44 18/1

Esterco de bovino 57,10 1,67 32/1

Esterco de ovino 65,22 1,44 32/1

Esterco de suíno 53,10 1,86 16/1

Esterco de galinha 52,21 2,76 11/1

Cama de poedeiras 55,34 2,80 11/1

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Técnicas de construçãopara compostagem

A importância do tamanho das partículas

A dimensão média das partículas

de matéria orgânica possui enor-

me influência no sucesso da com-

postagem. Na prática o tamanho

deve estar entre 1 e 5 centíme-

tros, sendo ideal 3,5 cm em mé-

dia. Todo material com partículas

grandes deve ser submetido à cor-

reção do tamanho das partículas,

resultando dessa forma em homo-

geneização da massa de compos-

tagem, favorecimento ao ataque

dos microrganismos, melhor po-

rosidade, menor compactação e

maior capacidade de aeração.

Localização da pilha de compostagem

A pilha de compostagem deve fi-

car próxima a fontes de água, de

preferência com mangueiras para

umidificação quando necessário,

porém localizada em local seco,

facilitando o controle da umidade.

Em locais com índice de insola-

ção muito altos, recomenda-se a

instalação em sombras de árvores

ou sombrite, caso contrário a pilha

ressecará rapidamente.

Tamanho da pilha de compostagem

A pilha de compostagem não deve

ultrapassar 1,5 metros em com-

postos manejados manualmente.

Já em compostos comerciais, que

utilizam mecanização, as pilhas

são maiores e reviradas com maior

periodicidade. Se o centro da pi-

lha não obter oxigênio suficiente,

uma área anaeróbica se formará,

impedindo o processo de com-

postagem e diminuindo a qualida-

de final do composto. A largura da

base pode variar de 1,5 a 3 metros,

sendo definida pela quantidade de

material orgânico e disponibilida-

de de terreno.

Fonte: Local e volume da pilha de compostagem. Escola Superior Agrária do Instituto de Viana do Castelo

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Passo a passo para a construção de sua pilha de compostagem

Fonte: adaptado de Manual Prático de Compostagem de Biossólidos

Separe e prepare os materiais vegetais e animais a serem utilizados e escolha um local à meia sombra para a montagem do composto.

Restos de vegetais ricos em carbono e materiais de origem animal ricos em nitrogênio.

Água

Palha seca ou capim

Barra de ferro

Fazer uma camada com cerca de 30 cm do material vegetal, em seguida uma camada de + 5 cm de restos de animais, continuando a amontoa. Sempre alternan-do as 2 camadas até uma altura de 1, 5 – 2 metros.

Molhar o monte após cada camada, mantendo a umi-dade em torno de 60%.

Cobrir o monte formado e umedecido para proteção contra o excesso de sol e chuva.

Revolver o monte semanal-mente para favorecer uma boa fermentação aeróbica, durante os primeiros 20 dias.

Introduzir a barra de ferro no meio do monte. Para avaliar a temperatura insira a uma altura de 2 palmos para bai-xo da superfície do compos-to e aguarde 5 minutos.

Quanto menor for o tamanho do material vegetal, menor será o tempo de decomposição (3,5 cm). Entre as camadas poderão ser adicionadas inoculantes na proporção de 1% da matéria seca, para aceleração do processo de decomposição ou fermentação.

Pode-se verificar a quantidade de água apertando um pouco o material com a mão, se ver-ter uma quantidade pequena de água, a umidade estará correta.

Podem ser colocados feixes de bambu passando pelo interior do monte para aumentar a aeração.

Nos primeiros 20 dias após a amontoa, o calor na barra de fer-ro estará excessivo, entre 60 e 70 graus Celsius, o que demonstra o início da fermentação.

Material usado

Material usado

Material usado

Material usado

Material usado

Como fazer

Como fazer

Como fazer

Como fazer

Como fazer

Observação

Observação

Observação

Observação

Preparação

Amontoa

Umedecimento do monte

Cobertura do monte

Aeração

Avaliação da Temperatura de Fermentação

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Empresa Organoeste Resíduos da indústria retornam ao solo como adubo orgânico

Compostagem e as vantagens para as empresas

Em Mato Grosso do Sul, a empresa Organoeste Campo Grande

transforma resíduos orgânicos oriundos de fazendas e indústrias

regionais em adubo orgânico. Utilizando uma biotecnologia pes-

quisada pelo engenheiro Sérgio Watanabe, em apenas 15 dias é

possível converter o que antes era um problema ambiental em

um negócio sustentável e economicamente viável.

“O preço está baseado em custo, não oscila com a in-terferência do dólar como acontece com os adubos quí-micos. Além disso, não somos um lixão, nosso negócio é fabricar adubo orgânico. Precisamos receber resíduos, mas com critério. O adubo produzido por nós é certifi-cado pelo Ministério da Agricultura, que exige padrão e

estabelece normas”

Ricardo Arantes Pereira - Diretor da Organoeste

O produto final da Organoeste Campo Grande é esterilizado e sem conservantes, além de ser comerciali-

zado por cerca de 800 produtores rurais situados nos estados de Goiás, Mato Grosso do Sul e São Paulo.

Fonte: Vanessa Brito. Organoeste Campo Grande. Centro Sebrae de Sustentabilidade

Fonte: Descubra as vantagens do uso da compostagem para sua empresa (2013)

Redução de impactos ambientais

Reconhecida como alternativa susten-tável, a compostagem contribui dire-tamente para a redução de passivos ambientais e esgotamento de aterros sanitários, além de atender a Política Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS evitando a poluição do solo, ar e água.

Saúde Pública

Áreas de descarte orgânico são habi-tados por ratos, vermes, baratas e ou-tros agentes nocivos à saúde. Com a compostagem há redução desses riscos à saúde de pessoas que vivem próximas a essas áreas ou trabalhem diretamente em seu manejo

Geração de renda

As empresas diminuem a poluição e promovem o aumento de renda em outros nichos de mercado, através da comercialização do composto para culturas como a horticultura, fruticul-tura e jardinagem.

Adubo orgânico R$ 120/t (granel)

R$ 180/t (ensacado)

Adubo químico pode chegar a

R$ 1,2 mil/t

A empresa obteve crescimento de 22%

entre os anos de 2010 e 2011.

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MAIO | 2014

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AÇÕESRECOMENDADAS

Registre seu empreendimento no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA), Ibama

e Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano para poder trabalhar com

tratamento de resíduos orgânicos através da compostagem;

Encontre informações detalhadas sobre compostagem na Política Nacional de Resíduos Sólidos;

Fique atento às redes sociais que também podem contribuir com informações técnicas de tratamento

de resíduos orgânicos, como é o caso do perfil da Bio Ideias - Compostagem Rápida no Facebook;

Para acelerar o processo de compostagem você pode realizar a vermicompostagem, que consiste no

uso de minhocas para consumir os restos orgânicos em decomposição dos alimentos. Mas é preciso

observar que nem todo tipo de minhoca é adequada, portanto, utilize minhocas vermelhas da califórnia

(Eisenia Fetida), minhocas da terra (Lumbricus terrestres) e a noturna africana (Eudrillus Eugeniae). O

processo da vermicompostagem pode levar de 30 a 45 dias, ocorrendo maior lentidão no inverno,

porque as minhocas diminuem a atividade metabólica. A quantidade ideal de minhocas deve ser de

um litro por metro quadrado, comportando 1.500 indivíduos por litro. Para separar as minhocas do

vermicomposto, você pode realizar o peneiramento, ou o uso de iscas, que são compostos maduros

que servem para atrair as minhocas. Confira mais informações sobre vermicompostagem na Embrapa;

Acesse também o Centro Sebrae de Sustentabilidade para obter informação sobre sustentabilidade

e a aplicabilidade nos pequenos negócios.

O Projeto Brasil Central Agronegócios, surgiu de forma inovadora integrando os 04 estados da região Centro-Oeste, com o objetivo de contribuir com o desen-volvimento de práticas e soluções sustentáveis com foco no aumento da com-petitividade e melhoria de renda dos pequenos negócios rurais apoiados. Diante disso, o Relatório de Inteligência de Compostagem dá início há uma parceria contínua e estratégica com o Centro Sebrae de Sustentabilidade.

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