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Comunhão – realidade ou utopia? Atos 4.32 Falar em comunhão em nossos dias parece algo inatingível; por quê? Por causa do espírito do nosso tempo. Fomos programados a viver para nós mesmos e buscarmos nossos próprios interesses. A busca desesperada e muitas vezes inconsciente pela satisfação dos nossos sentimentos, desejos e necessidades, nos faz ignorar o outro e até vê-lo como uma ameaça ao nosso conforto e realização. É o mundo da competição! Mas o espírito do evangelho é outro. Ele se baseia no amor e no altruísmo de pessoas que foram regeneradas pelo Espírito de Deus e que agora não vivem mais para si mesmas, mas para Cristo e a causa de Cristo. Uma análise das Escrituras Sagradas, especialmente dos evangelhos, permite-nos ter uma idéia sobre o tipo de pessoas Deus quer que sejamos em Cristo, e para isto, Ele deu sua própria vida. A salvação não pode ser vista apenas do ponto de vista escatológico, ou seja, que vamos pro céu e não mais sofrer. Não foi esse o maior propósito de Jesus ao morrer por nós. A salvação é muito mais que ter os pecados perdoados, é muito mais que tornar-se filho de Deus, é muito mais que ter a certeza de ir para o céu. A salvação implica numa mudança que atinge todos os aspectos da vida. Salvação não implica apenas no que seremos, mas no estamos nos tornando em Cristo (2Co 5.1). Jesus não veio apenas para nos livrar do inferno. Ele veio para nos tornar verdadeiros seres humanos com base em seu próprio caráter e humanidade (1Pe 2.21; Fp 2.1- 11). A salvação, portanto, implica não apenas no que Cristo fez por mim, mas no que Ele está fazendo em mim, pela obra do Espírito Santo, tornando-me um ser humano que tenha os seus sentimentos e afeições, bem como o pensar da sua mente e o sentir do seu coração (1Co 2.16; Fp. 2.5). Quando Jesus declarou que viria fazer morada em nós, ele tinha em mente – arrumar a casa, tornar-nos habitáveis, gerar em nós a sua própria natureza e caráter (Jo 14.23). O que é então a Igreja? É uma instituição? Uma organização? Uma denominação? Um partido político? Uma associação religiosa? A igreja é uma comunidade de pessoas que foram regeneradas pelo Espírito Santo, e que vivem em torno da fé em Cristo e servem uns aos outros como expressão da graça de Deus em suas vidas. É o povo de Jesus, a família de Deus, os discípulos de Cristo, que agora entendem o sentido de amar e servir e a isso devotam suas vidas e recursos. Nesta comunidade não há lugar para egoísmo e nem para o orgulho, pois o que predomina é o sentimento de solidariedade, de partilha, de serviço, de socorro (Fp

Comunhão, Realidade Ou Utopia

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A necessidade da comunhão espiritual da igreja

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Page 1: Comunhão, Realidade Ou Utopia

Comunhão – realidade ou utopia?Atos 4.32

Falar em comunhão em nossos dias parece algo inatingível; por quê? Por causa do espírito do nosso tempo. Fomos programados a viver para nós mesmos e buscarmos nossos próprios interesses. A busca desesperada e muitas vezes inconsciente pela satisfação dos nossos sentimentos, desejos e necessidades, nos faz ignorar o outro e até vê-lo como uma ameaça ao nosso conforto e realização. É o mundo da competição! Mas o espírito do evangelho é outro. Ele se baseia no amor e no altruísmo de pessoas que foram regeneradas pelo Espírito de Deus e que agora não vivem mais para si mesmas, mas para Cristo e a causa de Cristo.

Uma análise das Escrituras Sagradas, especialmente dos evangelhos, permite-nos ter uma idéia sobre o tipo de pessoas Deus quer que sejamos em Cristo, e para isto, Ele deu sua própria vida.

A salvação não pode ser vista apenas do ponto de vista escatológico, ou seja, que vamos pro céu e não mais sofrer. Não foi esse o maior propósito de Jesus ao morrer por nós. A salvação é muito mais que ter os pecados perdoados, é muito mais que tornar-se filho de Deus, é muito mais que ter a certeza de ir para o céu. A salvação implica numa mudança que atinge todos os aspectos da vida. Salvação não implica apenas no que seremos, mas no estamos nos tornando em Cristo (2Co 5.1).

Jesus não veio apenas para nos livrar do inferno. Ele veio para nos tornar verdadeiros seres humanos com base em seu próprio caráter e humanidade (1Pe 2.21; Fp 2.1-11).

A salvação, portanto, implica não apenas no que Cristo fez por mim, mas no que Ele está fazendo em mim, pela obra do Espírito Santo, tornando-me um ser humano que tenha os seus sentimentos e afeições, bem como o pensar da sua mente e o sentir do seu coração (1Co 2.16; Fp. 2.5). Quando Jesus declarou que viria fazer morada em nós, ele tinha em mente – arrumar a casa, tornar-nos habitáveis, gerar em nós a sua própria natureza e caráter (Jo 14.23).

O que é então a Igreja? É uma instituição? Uma organização? Uma denominação? Um partido político? Uma associação religiosa? A igreja é uma comunidade de pessoas que foram regeneradas pelo Espírito Santo, e que vivem em torno da fé em Cristo e servem uns aos outros como expressão da graça de Deus em suas vidas. É o povo de Jesus, a família de Deus, os discípulos de Cristo, que agora entendem o sentido de amar e servir e a isso devotam suas vidas e recursos.

Nesta comunidade não há lugar para egoísmo e nem para o orgulho, pois o que predomina é o sentimento de solidariedade, de partilha, de serviço, de socorro (Fp 2.3,4). Há uma intensa alegria e simplicidade nesta comunidade. Ninguém ousa declarar que algo é seu, mas entende que em Cristo, tudo deve ser compartilhado. Há um só sentir, um só pensar, um só coração. Além disso, vemos o propósito da Igreja. Ela é trazida a existência para a glória e o deleite de Cristo (Ef 5.25-27). Todos são tomados pelo temor e expectativa da presença de Deus, que constrange-os mergulharem cada vez mais profundo em uma comunhão espiritual. O outro não é uma ameaça nessa comunidade, mas uma oportunidade de servir e de amar. No outro, o próprio Cristo é revelado.

Por causa dessa comunhão profunda, a presença de Deus se torna mais intensa e seu poder é liberado para evidenciar a pregação do evangelho pelo testemunho dos apóstolos, que são homens totalmente consagrados à causa de Cristo. Nessa comunidade, todos entendem que é a comunhão e a prática do amor que torna Cristo cada vez mais real entre eles. Aqui, eles desejam ser a resposta de Jesus em João 17.21. Eles entendem que só pela unidade de suas vidas em torno da Cruz, poderá revelar o Cristo ressurreto ao mundo.

A presença de Deus é tão intensa e profunda nessa comunidade, que até um pecado planejado de um casal mentir ao o Espírito Santo é punido com a morte. Temor e mais temor é gerado e Deus está no meio de seu povo, santificando, fortalecendo e aperfeiçoando.

Será que isso é apensa uma história, ou podemos sonhar com uma comunidade com tais características? Temos que fazer uma escolha: ou aceitamos o espírito do nosso tempo, ou nos entregamos de todo coração ao Senhor para que ele nos transforme em uma comunidade cristã autêntica e marcada pelo amor.