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JANDIRA FERREIRA DAVID
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL E O MARKETING DE SERVIÇOS PROFISSIONAIS: OS LIMITES DA ÉTICA Rio de Janeiro 2004
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO VEZ DO MESTRE COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL E O MARKETING DE SERVIÇOS PROFISSIONAIS: OS LIMITES DA ÉTICA Professor Orientador: Prof. Celso Sanches OBJETIVOS:
Demonstrar que o profissional que exerce a
advocacia pode e deve fazer uso de algumas das
modernas ferramentas do marketing de serviço, e ao
mesmo tempo manter a ética profissional,
participando da disputa pelo mercado e avançando
na capacitação profissional e modernização gerencial.
3
AGRADECIMENTOS
Aos professores do Projeto “A Vez do Mestre”
do Curso de Comunicação Empresarial: Prof.
Daniel Werneck, Prof. Maguinho, Prof. João
Luiz, Profª. Lourdes, Prof. André de Alvarenga
e Prof. Celso Sanches, que com suas
disciplinas contribuíram para à confecção deste
trabalho.
4
DEDICATÓRIA Dedico este trabalho ao meu filho Rui
Ferreira David Medeiros, pelo apoio permanente.
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RESUMO
No Era da Revolução Industrial a perguntava-se: -Isto é o que eu faço:
alguém quer comprar? Na Era da Informação o consumidor pede: - Isto é o que eu
quero: alguém quer fabricá-lo? Por outro lado, o crescimento da empresa sendo
menor que o crescimento do mercado gera o superoferta, o que ocorre com
grande freqüência, resultando em empresas que acumulam prejuízos, conforme
exposição do Prof. Daniel Werneck.
As empresas ou mesmo pessoas físicas, que assumem o risco de
atividade profissional, colocam produtos no mercado, para atendimento dos
desejos e necessidades das pessoas. Esses produtos dividem-se em bens ou
serviços. O marketing foi criado para solucionar as questões surgidas na relação
entre a empresa e o mercado, numa visão mais ampla, objetivando proporcionar à
empresa meios de fisgar uma fatia de mercado cada vez maior e, ao mesmo
tempo, oferecer um produto diferenciado ao consumidor, sob os diversos
aspectos.
No caso do marketing de serviço, com ênfase para o marketing de
serviço profissional, o modo de atingir o consumidor é diferente daquele utilizado
na comercialização de bem (produto). Somente o profissional de marketing pode
dizer com segurança que instrumentos poderão ser utilizados em um e outro caso,
com eficiência.
Além de contar com a ajuda do marketing de serviços, o profissional
deverá pautar sua conduta pela ética, a fim de alcançar o sucesso empresarial,
principalmente no ramo da prestação de serviços, exatamente por tratar-se de
produto intangível, ou seja, que somente será percebido no momento do consumo.
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METODOLOGIA
Como a disputa acirrada por mercado exige dos profissionais de
marketing, comunicação e propaganda cada vez a uso da criatividade, e,
considerando que o consumidor está vez mais informado, conectado, exigente,
consciente e preocupado, o planejamento surge como a primeira etapa de um
processo, para se atingir o objetivo desejado, qual seja: a preferência do
consumidor.
Desse modo, o objeto da pesquisa envolverá a análise de dados
disponíveis em livros, periódicos, revistas, internet, extraindo-se dessa análise os
seguintes aspectos: a dificuldade enfrentada pelo marketing de serviços
profissionais, a ética profissional e o marketing jurídico.
O método de pesquisa utilizado na elaboração da presente monografia
consiste primordialmente em pesquisa bibliográfica, com leitura de autores
diversos que focalizem a comunicação empresarial, o marketing e a propaganda
na área de serviços.
Será feita também levantamentos de dados junto aos às instituições de
propaganda e marketing que divulgam dados e matérias sobre mercado, produto,
consumidor e estudo de casos, que possam servir de ilustração para o trabalho.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO Capítulo I MARKETING DE SERVIÇOS E COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL Capítulo II ÉTICA PROFISSIONAL Capítulo III MARKETING E ÉTICA NO DIREITO CONCLUSÃO BIBLIOGRAFIA
8
INTRODUÇÃO Uma das principais tendências dos últimos anos é o crescimento dos
serviços. Entretanto, no tocante aos serviços profissionais, como médicos,
advogados, dentistas e engenheiros, a atividade de marketing é vista como uma
abominável captação de clientela, o que é vedado pelos códigos de éticas dessas
tradicionais profissões.
Ao estudar essa profissões, a solução consiste em identificar as regras
éticas que delimitam a atuação das ferramentas de marketing e apontar aquelas
que poderão ser utilizadas sem manchar a ética e ao mesmo tempo proporcionar
a manutenção e o crescimento dos negócios na área de serviços.
Assim, focalizando a área jurídica, que mais se exige uma postura legal
e ética, já encontramos o marketing jurídico no âmbito da grande ciência do
marketing. Muitos escritórios jurídicos, dentro do contexto da acirrada
concorrência, da qual não podem fugir, e não perdendo de vista o Código de Ética
Profissional, se utilizam de algumas ferramentas, tais como relações públicas,
assessoria de imprensa, endomarketing e, mesmo o costumer relationship
management (CRM).
O marketing como modo de comunicação empresarial, elevado á
categoria de ciência, pode e deve ser utilizado como instrumento poderoso na
introdução e manutenção de um produto no mercado, em suas diversas fases,
lançamento, crescimento, maturidade e declínio. Serve também para consolidar
marcas e construir imagens de pessoas, empresas e instituições. Assim,
identificamos vários tipos de marketing: como o marketing de relacionamento;
9
marketing institucional; marketing social; marketing de produto; marketing direto e
outros.
Logo, o exercício da advocacia, como atividade lucrativa, não poderia
deixar de lançar mão das modernas ferramentas criadas pela ciência do
marketing, que proporcionam às empresas e às instituições se posicionarem
eficientemente no mercado, visando a satisfação do cliente, e, em conseqüência,
e reter uma fatia maior de mercado, na acirrada concorrência.
No entanto, o marketing não pode ser utilizado aleatoriamente, mas de
modo adequado ao produto, serviço, pessoa, empresa e instituição a que vai
servir, para que sejam alcançados os fins almejados.
Nesta visão, cabível desenvolver-se um plano de marketing para a área
jurídica em perfeita harmonia com o Código de Ética e Disciplina da OAB. Existem
diversas ferramentas de marketing que poderão ser usadas, sem ferir a ética e ao
mesmo tempo, proporcionar a atividade jurídica um desempenho digno de
empresas que primam de excelência.
A ética é um tema que está presente em diversos segmentos da
sociedade. Segundo o dicionário AURÉLIO, a ética traduz-se por “estudo dos
juízos de apreciação referente à conduta humana, suscetível de qualificação do
ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja
de modo absoluto.”
A ética do advogado constitui-se nos princípios que disciplinam o modo
de agir do advogado, no exercício de sua profissão.
Os escritórios de advocacia estão sofrendo os efeitos da crise vivida hoje
nos vários setores da atividade humana e que é responsável pelo excedente de
10
bens e serviços postos à disposição do consumidor, que está cada vez mais
informado, conectado, exigente, consciente e preocupado.
A advocacia, como os demais setores, também deve procurar um novo
caminho, para se adequar á terrível competição e enfrentar o número limitado de
demandas judiciais, de um lado, e de outro, um verdadeiro batalhão de
advogados que ingressam no mercado todos os anos. Ou seja, não há mercado
para todos. A clientela torna-se escassa. Vencerá o profissional que prestar
serviço de excelência, o que inclui o exercício permanente da ética.
O Consultor de Marketing Jurídico (in Marketing Jurídico, Juruá Editora,
Curitiba, 2004, pág. 13), ensina que:
“Esta é uma nova era. A visão empresarial já está no mundo jurídico.
Vivemos uma mudança cultural inevitável, a mutação do tecido jurídico:
o que antes era uma situação crítica, segue agora uma nova ordem.”
Com o presente trabalho objetiva-se contribuir para a reflexão sobre o
peso da ética no desempenho do exercício profissional, notadamente do
advogado, e ao mesmo tempo, estudar a possibilidade da utilização dos
modernos recursos oferecidos pela comunicação empresarial, para manter seu
produto (prestação de serviços profissionais), num mercado altamente
competitivo.
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Capítulo I
MARKETING DE SERVIÇOS E COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL
O conceito e os elementos da comunicação podem ser extraído de
autores diversos, mas destacam-se aqueles ministrado pelo PROF. DANIEL
WERNECK, em sua Disciplina Comunicação, Mídia e Publicidade:
“A comunicação é forma através da qual as pessoas se relacionam
entre si, mudando-se mutuamente e a realidade em suas voltas.”
“O que é comunicação: do latim communiare – ato de fazer saber; tornar
comum; participar; estabelecer ligação.”
“Elementos da comunicação:
- As mensagens e signos;
- Os interlocutores;
- Os meios;
- Realidade ou situação onde ocorre.”
Principalmente na comunicação empresarial esses elementos precisam
estar muito bem concatenados entre si, do contrário o objetivo não será atingido. A
mensagem a ser transmitida deve considerar sobretudo o veículo (meio) e a
realidade ou situação onde ocorre, ou seja, o objeto da comunicação deve estar
de acordo com o contexto (lugar, cultura de um povo) para a qual é dirigida.
Neste sentido, o PROF. DANIEL WERNECK, esclarece que:
“(...) justamente porque se preocupa com o entendimento do mercado
local, procura aproximar a marca dos seus consumidores veiculando
12
imagens próximas da realidade de cada povo nas suas campanhas. Não
basta que a linguagem seja clara. Não é suficiente que pesquisas de
mercado sejam feitas, visando antecipar o comportamento de compra
de um determinado mercado. É preciso entender e aprender a formação
histórica e cultural de um povo e de um país para poder comunicar-se
com ele.
Os serviços são produtos com alto grau de intangibilidade (atividades,
benefícios, satisfações); de percepção dinâmica; sem possibilidade de
armazenamento; com aspecto interativo. Os serviços são oferecidos para venda;
oferecidos como parte integrante de bens; e oferecidos como elementos de adição
de valor. Os componentes intangíveis do produto são os que podem ser
percebidos através dos sentimentos (marca, serviços, agregados, etc.). Esta
percepção se dá através do consumo do produto.
A excelência na prestação de serviços deve ser buscada de forma
adequada, considerando primordialmente que a atitude do cliente em relação a
qualidade de serviço muda na medida em que ele conhece melhor o produto e
melhora seu nível de vida. Quanto mais consciente de seus direitos, mais
exigente se torna o cliente, que passa a buscar o serviço que melhor satisfaz
suas expectativas.
Na prestação de serviço os riscos de insatisfação aumentam quando o
cliente entra em contato com os diversos aspectos da empresa e tem uma
percepção de qualidade. O cliente julga a qualidade e se suas expectativas são
preenchidas ou não quando conhece melhor todos os componentes da empresa.
13
Em geral, o cliente escolhe “a melhor qualidade de serviço por preço
igual. Por uma qualidade igual, o cliente prefere o serviço mais barato. Quanto
mais imaterial o serviço, mais o cliente é influenciado por referências tangíveis,
como aparência física do lugar e das pessoas; preço; e risco percebido”. (Prof.
André Alvarenga – Marketing Estratégico).
Cada empresa deve avaliar a satisfação de seus clientes, uma vez que
um percentual muito pequeno se exprimirá espontaneamente quando estiver
insatisfeito. No entanto, contaram para outros suas decepções.
Deve ser considerado que o serviço prestado deve trazer embutido um
valor para o cliente, que, em última análise paga por ele. Valor é algo que é
importante para o cliente quando adquirem um produto. A empresa deve saber o
valor do cliente e orientar melhor seu negócio, para bem servir o cliente e
aumentar sua participação no mercado.
A comunicação empresarial também inclui a marca da empresa. No
caso de serviços profissionais, mas precisamente tratando-se de atuação de
advogado, a marca constituir-se-á no próprio nome do profissional ou no caso de
sociedade de advogados, o nome desta. Como nas demais atividades
empresariais, o nome do advogado ou da sociedade será construído a longo
prazo, e basta um pequeno deslize para manchar a imagem evidenciada pelo
nome que está se transformando em marca.
A gestão da marca é tão importante quanto o planejamento e
administração do negócio, pois o sucesso empresarial depende também da
imagem que o público tem da marca. No caso da advocacia, a imagem do
profissional ou da sociedade de advogados tem um peso efetivo no momento da
contratação. A confiança é fator decisivo para que o cliente decida pela escolha de
determinado escritório.
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De acordo com o posicionamento de JOSÉ ROBERTO MARTINS, em
seu Livro Branding, 2000, pág. 129:
“O fato de as empresas tentarem fazer tudo certo e melhor do que os
concorrentes não tem sentido se esses esforços não forem
reconhecidos pelos consumidores. Na verdade, quando se pretende
praticar o marketing de relacionamento voltado para a sustentação do
branding, o consumidor acaba assumindo seu papel de soberania, pois
a marca é, na maioria das vezes, uma extensão de sua personalidade
ou identidade e, portanto, de suas crenças, valores e expectativas.
Desprezar esse fato é queimar recursos e oportunidades de agregar
associações positivas à marca. Entendo que é muito mais simples e
eficiente encantar os consumidores pela tentativa de manipulação de
suas emoções do que explicar e justificar os equívocos que acontecem
nas relações entre as empresas e o mercado de consumo.”
Esses ensinamentos se aplicam com perfeição à atividade advocatícia,
principalmente pelo fato de que a empatia se faz necessária para a defesa da
causa e a compreensão da problemática vivida pelo cliente, sendo permitido ao
advogado recusar a demanda por razões de foro íntimo. O cliente deverá confiar
no trabalho do advogado e este aceitará a causa que estiver dentro de sua linha
de atuação, incluindo seus valores e princípios.
Assim, como na atividade mercantil, não se pode vender para todos; na
prestação de serviços, o mesmo acontece, ou seja, a serviço deve ser ofertado a
um público segmentado. Nos dias atuais, principalmente, com o Direito se
ramificando cada vez mais, o advogado deverá buscar especialização nas áreas
escolhidas e preparar-se para atender a um público segmentado. Tal prática,
somada aos demais recursos de marketing, contribuirá para vencer à concorrência
e alcançar o sucesso empresarial.
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Capítulo II
ÉTICA PROFISSIONAL
A ética está muito em evidência, é polêmica e sempre atual. Diz
respeito à valoração do comportamento do indivíduo para com a sociedade no
qual está inserido. Diferencia-se do direito e da moral, pois enquanto o direito é
um complexo de normas, preceitos, regras e leis, que regem as relações do
homem, vivendo em sociedade; a moral se baseia nos costumes de um grupo
social em determinado período histórico. A ética engloba o direito e a moral. Está
vinculada a todas as áreas do agir humano em sociedade.
Mas, em que consiste a ética profissional? Compulsando o Vocabulário
Jurídico, de Plácido e Silva, Vol. II, Editora Forense, Rio de Janeiro, 1980, pág.
641, vemos que “a palavra derivada do grego ethikós, e pelo latim ethicu, é
definida como a ciência da moral.”
“Mas, na terminologia da técnica profissional, é o vocábulo usado, sob
a expressão de ética profissional, para indicar a soma de deveres, que
estabelece a norma de conduta do profissional no desempenho de suas
atividades e em suas relações com o cliente e todas as demais pessoas
com quem possa ter trato.
“Assim, estabelece a pauta de suas ações em todo e qualquer terreno,
onde quer que venha a exercer a sua profissão.
“Em regra, a ética profissional é fundada no complexo de normas,
estabelecidas pelos usos e costumes.
“Mas, pode ser instituída pelos órgãos, a que se refere autoridade
para dirigir e fiscalizar a profissão.
“Os advogados possuem o seu Código de Ética Profissional instituído
pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados.”
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O homem existe como ser social, não pode viver isolado em si mesmo,
necessita dos outros para a sua sobrevivência e crescimento material, moral e
espiritual. E, assim, em todas as áreas da vida deve ter comportamento pautado
pela ética. A ética figura como uma luz das relação entre os homens, quando é
ligada ilumina e dar cor a essas relações; quando é desligada, ou seja,
menosprezada, torna as ações humanas sem vida, ofuscada ou negras. A
ausência da ética pode implicar também violação ao direito e ofensa à moral.
As leis éticas são elaboradas pelos homens para restringir seu
comportamento. A ética nunca foi tão necessária como nos dias atuais. Não
existe mais limite para ciência e a biotecnologia, que criaram uma gama de coisas
que vão interferir ou já estão interferindo, de modo irreversível, na existência
humana, como internet, sociedade da informação, bebê de proveta, barriga de
aluguel, inseminação post mortem, manipulação genética, alimentos transgênicos,
fecundações in vitro, clonagem, genoma humana, eugenia.
Como visto, não existe mais limite para o ser humano, em termos de
avanço tecnológica, o homem pode tudo. Acontece que, com a velocidade como
todas essas coisas foram alcançadas, mas contendo ainda etapas em
desenvolvimento, não houve tempo para elaboração das normas de direito, que
irão regular as relações jurídicas advindas desses acontecimentos.
Mas ainda que existissem essas normas jurídicas, não seriam
suficientes para prevenir ou punir as ofensas causadas pelo mau uso das novas
técnicas. Daí, a necessidade extrema da utilização da ética para valorar e
normatizar o agir do homem neste campo, a fim de impedir que atrocidades sejam
cometidas contra a humanidade. Não havendo mais barreiras de ordem técnica, o
desenvolvimento humano deve ser limitado pela ética. Como disse o Apóstolo
Paulo numa de suas cartas (I Coríntios 6,12) : “Tudo posso, mas nem tudo me
convém”.
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Assim, a ética está em todas ás áreas do comportamento humano,
incluindo-se, como é óbvio, o campo profissional. Neste, a ética também se faz
fortemente presente porque, muitas vezes, os danos causados pela falta de ética
profissional são irreparáveis. Como exemplo, cita-se a ética médica.
Daí foram criados as instituições de defesa e fiscalização do exercício
profissional, como o Conselho Regional de Medicina; o Conselho Regional de
Engenharia; a Ordem dos Advogados do Brasil e muitos outros.
Não somente estes mas também empresas e instituições públicas e
privadas têm seu código de ética, todos encontrados na Internet, destacando-se,
dentro muitos outros:
4Código de Ética Petrobrás (www2.petrobras.com.br);
4Código de Ética dos Profissionais de Marketing ( www.jrwp.com.br);
4Código de Ética da Profissão de Biomédico ( http://infosc.fff.cmpa.tche.br);
4 Código de Ética do Biólogo ( www.dnabio.hpp.ig.com.br);
4Código de Ética para a Biotecnologia ( www.radiobrás.gov.br);
4Código de Ética dos Profissionais de Propaganda ( www.sinap.com.br);
4 Código de Ética e Disciplina da OAB ( www.oabrj.gov.br).
A ética deve pautar a conduta humana, em todos os campos, não
somente no profissional, pois orienta o ser humano sob o ponto de vista do bem e
do mal, indicando o caminho a seguir na relação com seu semelhante, em prol do
bem comum.
Conforme consta do Código de Ética da Petrobrás:
“A ética de nossa sociedade e a ética empresarial são inseparáveis,
algumas vezes indistinguíveis. Nossas preocupações diárias com a
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eficiência, competitividade e lucratividade não podem prescindir de um
comportamento ético”.
“A ética no trabalho orienta não apenas o teor das decisões (o que devo
fazer) como também o processo para a tomada de decisão (como devo
fazer).”
Os códigos de ética buscam traçar normas de conduta com base nos
valores da honestidade, da dignidade, do respeito, do decoro, da lealdade, do
zelo, da eficácia, da transparência das relações para com a sociedade, da justiça
e da legalidade.
Mas do que nunca, o mundo hoje necessidade do comprometimento
com os princípios éticos. O sistema capitalista não tem nada de ético. Muito pelo
contrário, é extremamente excludente e legitima a odiosa concentração de renda.
Como se pode praticar a ética, quando existem as demissões em massa das
empresas; milhares de desempregados; pessoas trabalhando na condição
análoga a de escravo; a violência urbana e a rural, provocada muitas vezes pela
falta de oportunidade, usurpada pelo capitalismo.
Os princípios éticos devem nortear o comportamento da pessoa não
apenas no campo profissional mas também no pessoal. O homem age com ética
quando está imbuído dela. No entanto, o código escrito é necessidade para
esclarecer, exortar, ensinar e corrigir. A punição pela violação do código de ética,
no caso da Ordem, compete ao Tribunal de Ética e Disciplina, após a apuração
em processo disciplinar.
Embora a ética se desenvolve com a cultura de cada povo, existe
também uma ética universal, que serve ou pelo menos deveria servir de base à
conduta de cada pessoa para com seu semelhante, e que se traduz pelo respeito
à dignidade humana, considerada com todos seus atributos, como o direito à vida,
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a existência condigna, à integridade física e à liberdade, primordialmente. Um dos
exemplos de evidência de evolução dos princípios éticos encontra-se na relação
do homem com os animais. Há muito tempo foram criadas leis de proteção à
fauna e a flora. E, hoje o Direito Ambiental surge como novo ramo da ciência
jurídica.
O Doutor GUILHERME ASSIS DE ALMEIDA, em sua obra Ética e
Direito, 2004, págs. 40/41, assevera que:
“A principal idéia do desenvolvimento sustentável é promover o
desenvolvimento com equanimidade planetária e preservando o meio
ambiente. Defendemos a tese de que o desenvolvimento sustentável
orienta-se por um valor: a dignidade da pessoa humana (...) e pelo
princípio da não violência (...).”
(..)
“A não-violência não é uma resistência passiva, mas outra forma de
agir. A ação não violenta parte de um acontecimento da ação violenta e
cria uma alternativa a ela. Sabedora de sua existência e ciente de seus
malefícios, exercita uma formação de ação que nega a violência.”
“A não-violência é, também, uma resposta eficaz contra a violência,
tendo em vista a preservação da integridade psicofísica do ser humano.”
Como a ética, o direito e a moral são instrumentos do bom convívio
social. Se o homem fosse um ser ético em sua essência não precisaria da força
coercitiva do Direito para realizar a justiça. A ética se faz necessária para reforçar
a prática do bem numa sociedade onde o mal vem ganhando terreno, em
proporções alarmantes, tanto em nível nacional como mundial.
A ética profissional está prescrita para todas às áreas da atividade
laborativa, inclusive figura como valor nas empresas e instituições públicas e
privadas, visando estabelecer um padrão de relacionamento interno e com os
20
seus públicos de interesse: acionistas, clientes, empregados, sindicatos, parceiros,
fornecedores, prestadores de serviços, concorrente, sociedade, governo e as
comunidades onde atua.
Seria muito bom que todos os envolvidos respeitassem o código de
ética profissional ou da empresa onde trabalham, mas sabe-se que isto nem
sempre ocorre. Desse modo, a luta pelo respeito aos princípios éticos deve ser de
todos, a fim de criar uma sociedade mais justa e mais humana, onde predomine a
igualdade, a solução pacífica dos conflitos, a distribuição de riquezas, o respeito
pelas diferenças, a educação como direito subjetivo, e a solidariedade fraterna.
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Capítulo III
MARKETING E ÉTICA NO DIREITO
Como acontece com a maioria das atividades profissionais, no
campo do direito também existe uma oferta excedente de advogados procurando
trabalho. Todos os anos, as faculdades levam ao mercado de trabalho grande
quantidade de profissionais do direito que vão disputar a clientela ou os diversos
concursos públicos oferecidos na área, para os cargos de juiz, promotor,
defensor, procurador e consultor. Logo, constata-se que a demanda é pequena
para a imensa oferta de advogados, ávidos a trabalhar.
Por isso, no caso de opção por trabalhar como advogado autônomo ou
associando-se a um grupo de advogados, ou seja, tornar-se um profissional
liberal, é necessário muito mais do que dominar a arte de advogar. É preciso
aprender também a administrar, gerenciar pessoas, marketing pessoal, gestão
administrativa, gestão financeira, noções de contabilidade, informática e
planejamento estratégico.
Os grandes escritórios, que movimentam centenas de causas, estão
contratando empresas para fazerem essa parte. Quando se trata de micro ou mini
escritório, com uma carteira de cliente pequena (em torno de cem), o próprio
advogado deverá adquirir os conhecimentos mínimos necessários relativos às
funções antes mencionadas, para se organizar e crescer. Caso contrário, poderá
desempenhar a advocacia durante anos a fio, sem obter lucro e até pagando para
trabalhar.
Em primeiro lugar, deve-se definir o composto de marketing: trata-se de
um conjunto de instrumentos de marketing controlados pelas empresas para obter
uma resposta positiva dos consumidores, ou seja, ajuda a empresa a se
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comunicar com o mercado. São definidos como os 4Ps (Produto, Preço,
Distribuição e Promoção).
A construção dos 4Ps é vital para qualquer empresa, seja de bens ou
de prestação de serviços. Sem eles, a empresa não consegue se lançar ou se
manter no mercado. A base levantada pelo mix de marketing proporcionará a
implementação de outros conceitos mais sofisticados de marketing, auxiliando o
negócio da empresa em sua relação com o mercado, notadamente com o publico
externo e o interno.
Assim, na elaboração e adequação dos 4Ps, na área da prestação de
serviços, devem ser incluídos a competitividade; o valor adequado às causas
como modo de se diferenciar; melhor conhecimento do negócio do cliente; criar
mecanismos para melhor atender a informação ao cliente; acompanhar as
tendências de mercado.
O marketing jurídico objetiva servir de elo entre o mercado (possíveis
causas) e os advogados, criando e oferecendo serviços que agregam valor que
possa ser percebido pelo cliente.
Para que o escritório jurídico possa se lançar no mercado, passar pela
fase do crescimento, enfrentar a maturidade, e depois renovar o ciclo, tem que
assumir algumas obrigações como: ter foco no cliente e não na área de atuação;
gerenciar marcas; investir em novos talentos; investir na informação ao cliente;
planejamento estratégico; gerenciar custos; qualidade de serviços.
Mesmo o micro ou mini escritório, sem gastar muito, poderão aplicar
diariamente conceitos e técnicas de marketing, como exemplo: identificação de
tendências no Direito; oferecimento de teses novas; desenvolvimento e
manutenção dos clientes; manutenção do marketing pessoal; criar relações
permanentes com o mercado.
23
Ocorre que, o advogado somente poderá implementar tudo o que foi
dito acima se sua atuação tiver pautada ao Código de Ética da OAB. O marketing
jurídico objetiva introduzir e manter no mercado uma marca pessoal que deverá
ser construída pelo profissional de Direito.
De acordo com o Especialista em Marketing Jurídico, RODRIGO D.
BERTOZZI, (in Marketing Jurídico, Juruá Editora, Curitiba, 2004, pág. 29):
“O marketing jurídico busca, através da criatividade, a fórmula ideal
para atrair pessoas, relacionamentos profissionais e clientes, além de
preocupar-se com a evolução da sociedade e de seu desenvolvimento
perante aos novos fatores tecnológicos do novo milênio.”
A advocacia, depois da medicina, é uma das profissões mais antigas da
história. Ao longo do tempo a atuação do advogado já provocou expressões de
louvor e ódio. O advogado é visto como defensor dos pobres e oprimidos, enfim
das pessoas que sofrem restrições e ofensas em sua dignidade pessoal, formada
esta com um conjunto de valores que incluem desde a liberdade de ir e vir como o
direito a um patrimônio mínimo, que viabiliza a própria existência humana.
Exatamente porque a advocacia é elevada à categoria de múnus público
– dever, ofício, encargo e função, é que o profissional de Direito deve atuar
concatenado com a ética pessoal e profissional, além de estar atualizado,
acompanhamento a evolução da lei, doutrina e jurisprudência.
O modo de atuação do profissional de Direito está previsto no Código de
Ética e Disciplina da OAB, instituído pelo Conselho Federal da Ordem dos
Advogados do Brasil, em 13 de fevereiro de 1995, e disciplina sobre as relações
com o cliente, o sigilo profissional, a publicidade, os honorários advocatícios e o
dever de urbanidade. Existe também o Provimento nº 94/2000, que disciplina
sobre a publicidade de atividade advocatícia.
24
O Código de Ética da Ordem afirma que:
“O advogado indispensável á administração da Justiça, é defensor do
estado democrático de direito, da cidadania, da moralidade pública, da
Justiça e da paz social, subordinando a atividade de seu ministério
privado à elevada função pública que exerce.”
O advogado, sendo o profissional habilitado para lutar pela injustiça em
todos os níveis, deve pautar sua conduta com o conjunto dos valores do bem, já
que a sociedade espera dele atitudes e comportamentos dignos da função que
exerce. Assim, é inadmissível o advogado anti-ético porque sua atuação
transcende em profundidade o círculo da vida forense.
São deveres pessoais do advogado a honestidade, decoro,
veracidade, lealdade, dignidade e boa-fé, velar por sua reputação pessoal e
profissional. Deve também o advogado abster-se de emprestar concurso aos que
atentem contra a ética, a moral, a honestidade e a dignidade da pessoa humana.
No tocante à divulgação da atividade do advogado, o Provimento nº
94/00, que prescreve sobre a publicidade, estabelece os limites da comunicação
da atividade com a sociedade.
È permitido ao advogado veicular um anúncio, desde que seja discreto
e moderado, tenha caráter exclusivamente informativo (nome, endereço, telefone
e área de atuação). Correspondências, comunicados e publicações deve ter a
autorização do destinatário. Pode se colocar placa no escritório, mas discreta.
É vedado ao advogado veiculação por rádio, TV; criar a denominação
de fantasia; fotografias, logomarca, símbolos oficiais, figuras e desenhos;
referências a valores dos serviços; frases elaboradas para captar clientela; enviar
correspondência à coletividade; e outdoor.
25
Sem ofender o Código de Ética, o advogado pode traçar um plano de
ação, em três níveis – comunicação, financeiro e organizacional, objetivando
comunicar sua atividade advocatícia, incluindo missão, objetivos e definição do
negócio, como citado pelo Consultor BERTOZZI (págs. 92/93), indicando ainda
as seguintes etapas:
Em relação aos Serviços:
- Desenvolvimento de novas áreas no escritório.
- Estudo de teses novas que estão surgindo.
- Análise de tendências do Direito para o futuro.
Deve ser feita também uma avaliação geral, no tocante aos itens:
- Empresa;
- Concorrência;
- Organização do escritório;
- Organização das informações;
- Atendimento;
- Forma de trabalhar;
- Questão financeira;
- Recursos humanos;
- Como se comunicar com o mercado.
Munido de um novo instrumento – o marketing jurídico, o advogado
poderá planejar seu futuro profissional e avaliar constantemente o alcance dos
resultados.
O extraordinário desenvolvimento da sociedade da informação e o
prenúncio da criação de novos direitos, vêm proporcionar grandes possibilidades
para os profissionais que estão antenados e abertos ao novo.
26
Segundo previsão de BERTOZZI, a revolução digital irá afetar o Direito
com aplicações como: julgamentos simulados por computador; através do código
genético, identificar o criminoso antes que ele cometa um crime; escritórios
jurídicos virtuais funcionando legalmente, tribunais virtuais, reuniões com clientes
via internet, dentre outras.
Assim, o profissional do Direito terá mais razões para se preocupar
com a ética, pois os princípios éticos deverão reger as relações advindas dos
novos direitos, além da legislação específica.
27
CONCLUSÃO
A ética deve ser considerada no conjunto de elementos que compõem
a comunicação empresarial. Do contrário, o objetivo de atrair o consumidor não
será atingindo. Ou o consumidor poderá experimentar o bem ou serviço mas não
se tornará fiel a ao seu consumo.
Hoje em dia se espera das empresas responsabilidade social, respeito
ao meio ambiente, tratamento condigno aos funcionários e participação destes no
lucro. Todos esses comportamentos são movidos pelos princípios éticos.
A empresa que destrói o meio ambiente, trata mal os funcionários e
não proporciona à sociedade o retorno daquilo que dela recebe, ou seja riqueza
material, deveria ser banida do espaço que ocupa, pois é inconcebível a
existência da empresa apenas para depredar o meio ambiente e sugar a força do
trabalho humano, objetivando proporcionar acúmulo de riqueza para seus donos,
sem dar nada em troca à comunidade na qual está inserida.
Nenhuma sociedade pode sobreviver sem normas de conduta. Há que
haver um mínimo de ética, sem a qual ela se desagrega. Três requisitos de
ordem ética se impõem para preservar a paz social:
- Obediência aos deveres impostos pela lei e pela moral, a fim de que
os direitos sejam exercidos. A cada direito corresponde a um dever;
- Reparação dos danos por ventura causados a outrem, na medida da
ofensa. A fim de possibilitar a solução pacífica dos conflitos;
- Autonomia da vontade em conformidade com os preceitos
fundamentais, que regem a dignidade da pessoa humana, e com as
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demais normas imperativas de convivência social, previstas na
Constituição e nas leis em geral.
A ética é uma ciência moral que, em síntese, observa o
comportamento humano e corrige os desvios; formula os princípios básicos que
deverão reger a conduta do homem, onde quer que ele se encontre; está de
acordo com o pensamento filosófico, evoluindo com o sistema moral.
O estudo da ética é muito mais amplo, não cabendo nos limites da
presente monografia. Podem ser objeto de pesquisa as várias faces da ética:
ética política; ética segundo a filosofia e a ética antiga e medieval.
A ética tem valor universal, deve avaliar a ação humana e não
profissional apenas, deve ser considerada individualmente.
A ética deve ser estudada a partir da Filosofia. Para esta a ética é
uma orientação racional do agir humano, que não deveria ficar aprisionada num
código, pois não se trata de um conjunto de regras, ela orienta a ação.
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BIBLIOGRAFIA
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Direito, 2a. Edição, São Paulo, Editora Atlas S/A,2004.
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Janeiro, Editora Campus, 1999.