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Este trabalho faz parte da Pesquisa “Políticas Culturais: Itinerários, Desafios e Atualidade”, coordenada pelo professor Albino Rubim e desenvolvida no Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura (CULT), Faculdade de Comunicação, Universidade Federal da Bahia. Essa investigação foi iniciada em 2007 e pretende estudar as políticas culturais desenvolvidas na Argentina, Brasil, Colômbia e México.
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CONACULTA E MINC: UMA ANLISE COMPARATIVA
Bruno do Vale Novais1
Jlia Melo Salgado2
Simone Braz Batista3
Vtor Felipe e Silva de Oliveira Nery4
Apresentao
Quando se fala em Brasil e Mxico nosso pensamento se remete logo aos pontos em
comum que esses pases possuem. Ambos contm uma vasta diversidade cultural e
tnica; esto situados na Amrica Latina; esto em processo de desenvolvimento e
pertencem geogrfica e culturalmente Ibero-Amrica territrio correspondente a
Portugal, Espanha, Brasil e Amrica Hispnica. Destarte, h distines entre o Brasil e o
Mxico, principalmente no que concerne s suas culturas. Diferenas essas que se
refletem no modo de governo de cada nao, as quais, tem implicaes em suas
polticas culturais.
1 Estudante de Comunicao Produo Cultural pela Universidade Federal da Bahia e pesquisador de iniciao cientifica bolsista do CNPq PIBIC. 2 Estudante de Comunicao Produo Cultural pela Universidade Federal da Bahia e pesquisadora de iniciao cientifica. 3 Estudante de Comunicao Produo Cultural pela Universidade Federal da Bahia e pesquisadora de iniciao cientifica. 4 Estudante de Comunicao Produo Cultural pela Universidade Federal da Bahia e pesquisador de iniciao cientifica.
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Este artigo pretende fazer uma anlise comparativa entre as estruturas de cultura do
Brasil (Ministrio da Cultura - MinC) e do Mxico (Consejo Nacional para la Cultura y
las Artes1 Conaculta). A finalidade relatar como estas instncias polticas esto
desenvolvendo as suas polticas culturais que, por sua vez, so geridas pelos organismos
aqui investigados. Para saber, portanto, quais as principais semelhanas existentes e,
entre eles, quais as contestaes mais relevantes mantidas entre o MinC e o Conaculta.
Para alcanar essa proposta foram levantadas bibliografias referentes temtica
abordada, tanto em livros quanto em sites na Internet. A contraposio analtica ser
fundamentada na observao dos organogramas1 do MinC e do Conaculta e nos textos
publicados por estas entidades. Alm disso, sero utilizados textos de pesquisadores
brasileiros e mexicanos que estudam o campo cultural.
Este trabalho faz parte da Pesquisa Polticas Culturais: Itinerrios, Desafios e
Atualidade, coordenada pelo professor Albino Rubim e desenvolvida no Centro de
Estudos Multidisciplinares em Cultura (CULT), Faculdade de Comunicao,
Universidade Federal da Bahia. Essa investigao foi iniciada em 2007 e pretende
estudar as polticas culturais desenvolvidas na Argentina, Brasil, Colmbia e Mxico.
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1 Conselho Nacional para a Cultura e as Artes, traduo feita pelos autores do texto.
2 Os organogramas esto disponveis nos sites oficiais do MinC (http://www.cultura.gov.br/site/sobre/organograma/)
e do Conaculta (http://www.conaculta.gob.mx/PDF/organigrama.pdf). Ambos foram visitados no dia 28 de outubro
de 2008.
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A criao do Ministrio da Cultura no Brasil
sabido que a Frana foi o pas pioneiro a implantar uma estrutura nacional de cultura,
no final dos anos 50 do sculo passado. O escritor e militante poltico Andr Malraux
foi o primeiro Ministro de Cultura deste pas que, por sua vez, ingressou num trabalho
estatal num momento em que a Frana ainda sofria as conseqncias da II Guerra
Mundial e o fracasso obtido na guerra civil espanhola.
Entretanto, positivas implicaes aconteceram com o advento do Ministrio da Cultura
no territrio francs, a saber: reafirmao da interveno constante do Estado sobre a
cidade de Paris; incio de uma rede de canais culturais que causou a descentralizao da
produo e da distribuio da cultura at ento sitiadas na capital do pas e a
transformao do setor cultural como um dos maiores motores da economia da Frana
(COELHO, 2008).
J o Brasil s instalou um Ministrio especfico para a Cultura 35 anos aps a Frana,
atravs do Decreto 91.144 de 15 de maro de 1985. Todavia, as polticas culturais foram
inauguradas no pas, na dcada de 30, sculo XX, no perodo do Regime Novo de
Getlio Vargas. O marco inicial dessas polticas pode ser atribudo presena de Mrio
de Andrade no Departamento de Cultura da Prefeitura de So Paulo entre os anos 1935
e 1938 e a atuao de Gustavo Capanema no extinto Ministrio da Educao e Sade,
no perodo de 1934 a 1945 (RUBIM, 2008).
Passada a Ditadura Militar, perodo em que foram desenvolvidas polticas culturais
caracterizadas pelo pesquisador Albino Rubim como autoritrias, a esfera cultural foi
favorecida com a implantao do Ministrio da Cultura no ano de 1985, no governo
Sarney. A criao do MinC nesse momento era um sinnimo de liberdade e de
democracia. Os Secretrios de Cultura dos Estados, que eram contrrios ao regime
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militar, realizaram, na dcada de 80, fruns para reivindicar a separao da Cultura do
Ministrio da Educao.
O que investigadores da cultura a exemplo de Isaura Botelho e Albino Rubim ponderam
como problemtico na instalao do Ministrio da Cultura do Brasil no final da
Ditadura se d pelo fato de o Brasil no ter uma estabilidade quanto a sua poltica
cultural. O nascimento do MinC, diante dessa conjuntura, foi to complexo que, de
1985 a 1994, o Ministrio da Cultura ou Secretaria de Cultura (pois Fernando Collor de
Melo acabou com o MinC e criou uma Secretaria de Cultura ligada Presidncia da
Repblica, em 1990) teve sua frente dez dirigentes, quase um por ano (RUBIM,
2008).
Na era FHC a cultura foi tratada como um bom negcio como est presente no
documento do Ministrio da Cultura assim intitulado (MINISTRIO DA CULTURA,
1995). As leis de incentivo fiscal com destaque para a Lei Rouanet, criada no
governo Sarney, passaram a ser a poltica cultural do mandato do Ministro Francisco
Weffort. O governo FHC ampliou a utilizao dessas leis. Quando a Lei Rouanet foi
implantada, ela atingiu apenas 75 empresas. Em 1999, incio da segunda gesto de FHC,
houve um aumento significativo, pois 1040 organizaes privadas utilizaram este
benefcio (RUBIM, 2008).
O problema principal do Ministrio da Cultura no governo de Fernando Henrique
Cardoso foi o carter reducionista dado poltica cultural, ou seja, ela foi sintetizada
como leis de incentivo. Alm disso, o MinC era uma estrutura ornamental dentro do
governo, pois a viso poltica deste perodo era totalmente neoliberal: o poder estava
cada vez mais sobre a tutela do Mercado e no da deciso estatal (RUBIM, 2008).
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O Ministrio da Cultura na atualidade
Em 2003 o recm eleito presidente Luiz Incio Lula da Silva nomeou o artista e
intelectual baiano Gilberto Gil para o cargo de Ministro da Cultura. Gil, mais conhecido
por seu trabalho como msico, foi vereador da cidade de Salvador no perodo de 1989 a
1992 (MINISTRIO DA CULTURA, 2008). Em julho de 2008, pouco mais de cinco
anos como Ministro, Gilberto Gil se desliga do cargo passando-o para Joo Luiz Silva
Ferreira ou Juca Ferreira. Este, ambientalista e socilogo, foi Secretrio Executivo do
Ministrio da Cultura, desde 2003 (MINISTRIO DA CULTURA, 2008).
O Ministro Gil revelou em seus discursos a luta contra o autoritarismo e elitismo atravs
de uma viso antropolgica da cultura que permite o alcance a culturas renegadas e
marginalizadas historicamente (MINISTRIO DA CULTURA, 2003). No Seminrio
Nacional de Polticas para as Culturas Populares, realizado no ano de 2005, em Braslia,
por exemplo, o Governo expe a preocupao em temas como: culturas populares;
etnias; grupos etrios; trabalhadores e grupos com caractersticas identitrias.
Dentre as principais estratgias de ao desenvolvidas pelo MinC pode-se citar a relao
estabelecida entre Estado e Sociedade, no que diz respeito s polticas culturais.
Exemplo disso foi a criao de audincias pblicas, atravs de seminrios, conferncias
e cmaras setoriais que objetivaram auscultar a opinio da esfera social em torno da
poltica de cultura do Governo Lula. Desse modo, esses eventos contriburam para que
intelectuais e representantes de artes cnicas, artes visuais, dana, msica e outros
segmentos culturais discutissem melhorias pblicas para o campo cultural e suas
especificidades (MINISTRIO DA CULTURA, 2006).
A atual discusso do Ministrio da Cultura est em torno do Plano Nacional de Cultura.
Ele o primeiro programa nacional para o campo cultural a ser desenvolvido em um
sistema democrtico no Brasil, pois o pas j teve a experincia de possuir um plano,
mas em um regime militar. Nos dias atuais, discute-se tambm a criao de um Sistema
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Nacional para a Cultura. A inteno fazer com que haja uma interao entre Estados e
Municpios para a melhor execuo das gestes pblicas de cultura.
Breve panorama histrico do Conaculta
Os anos 80 do sculo XX, momento conhecido como a "dcada perdida", foi para o
Mxico um perodo de altas e constantes inflaes. Em 1988, mais precisamente no dia
06 de julho, Carlos Salinas de Gortari fora eleito Presidente desse pas, pelo Partido
Revolucionrio Institucional (PRI). Uma eleio polmica, pois a imprensa mundial
divulgara que o ex-presidente havia fraudado o resultado, implicando na sua vitria
contra Cuauhtmoc Crdenas, do Partido da Revoluo Democrata (PRD).
Em termos de polticas de Relaes Internacionais, o governo de Carlos Salinas ficou
marcado pelo ingresso do Mxico no Acordo de Livre Comrcio da Amrica do Norte
(Nafta), em 1994, juntamente com os Estados Unidos e o Canad. O campo da cultura,
por sua vez, recebeu uma modificao significativa no mandato de Salinas. Em 07 de
dezembro de 1988, o ento Presidente promulgou o decreto que oficializava a
implantao do Consejo Nacional para la Cultura e las Artes (Conaculta). Desse modo,
a esfera cultural no Mxico, deixava de ser gerida pelo sub-setor de cultura da
Secretaria de Educao Pblica (SEP) para ser coordenada pelo novo rgo ento
implantado.
O Conaculta, submetido SEP, instituda pelo intelectual Jos Vasconcelos em 1921,
foi criado para estender ao mximo o nmero de mexicanos com acesso permanente aos
bens, servios e oportunidades de desenvolvimento cultural, a fim de que todas as
entidades estatais de arte e cultura do pas pudessem ser articuladas por apenas uma
instituio (CONACULTA, 2007). Seus objetivos foram apresentados no documento
Memorias Conaculta 1995-2000, disponvel em seu site (www.conaculta.gob.mx), os
quais foram identificados na conjuntura em que a entidade surgia: definio do papel do
Estado no desenvolvimento cultural; relao com a comunidade intelectual e artstica;
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participao da sociedade; colaborao entre os distintos rgos do governo;
organizao e interlocuo entre as instituies culturais; alcance de benefcios sociais
de ao cultural em todas as suas vertentes.
Lucina Jimnez no texto Polticas Culturales en Mexico: Una Encrucijada por decifrar
advoga que o Conselho surgiu num contexto em que setores da sociedade, por exemplo,
mdicos, estudantes, camponeses, ferrocarilleros, entre outras representaes,
reivindicavam transformaes sociais e menos concentrao de riquezas. Assim,
segundo dados oficiais do Conaculta previamente citados, o Conselho surgiu para ser
um elo mais representativo entre a sociedade e o Estado, j que o mundo vivia o boom
do Neoliberalismo, propagado por Margareth Thatcher e Ronald Reagan. Essa ideologia
difundia a reduo do Estado em prol do poder do Mercado sobre a sociedade.
Em 1995, um salto na gesto cultural do Conaculta era dado. Neste ano, o instituto
apresentava seu primeiro Programa Nacional de Cultura que durou at 2000. A partir
disso, a poltica cultural deste pas passou a ser mais sistematizada, apesar de demandar
uma atualizao com as temticas contemporneas emergentes, como por exemplo a
implantao de uma legislao para a cultura (JIMNEZ, 2008).
Conaculta na contemporaneidade
O Conaculta designou como ttica administrativa uma estrutura composta por direes e
coordenaes, divididas em reas temticas e vinculada direo geral do Conselho.
So 21 unidades administrativas. Cada uma das direes/coordenaes responsvel
por desenvolver, em todo pas, uma parte especfica da poltica cultural (NOVAIS,
KOWALSKI, SANTOS, 2008).
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At julho de 2000, o Mxico esteve governado pelo Partido Revolucionrio
Institucional (PRI). Segundo a pesquisadora Elena Mallet, para o PRI, a cultura foi uma
ferramenta de instrumentalizao de seu projeto de nao. Depois de setenta anos no
poder, o PRI perdeu as eleies e o pas lanou-se na democracia com o Partido de
Ao Nacional (PAN), representado pelo presidente Vicente Fox. Este ento elege para
a presidncia do Conaculta, Sar Bermudez. Elena Mallet defende, ento, que a chegada
de Sari Bermudez a este cargo se deu por falsas informaes e enganos. Sua gesto foi
focada nos eixos: turismo e desenvolvimento, vinculao cultural e ciudadanizao2
cultural.
No Programa Nacional de Cultura deste perodo (2001 - 2006) constava como
principais fundamentos: respeito liberdade de expresso e criao; afirmao da
diversidade cultural; igualdade de acesso aos bens e servios culturais; participao da
sociedade civil na poltica e nos assuntos culturais e federalismo, alm do
desenvolvimento cultural equilibrado entre os trs nveis de governo - nacional, regional
e municipal.
Em 2006, chega ao poder poltico o presidente Felipe Caldern, que nomeia para a
presidncia do Conaculta o advogado e diretor de peras, Sergio Vela. Nesta gesto, as
reas temticas prioritrias so: investigao e conservao do patrimnio; culturas
populares e indgenas; estmulo criao artstica; educao e investigao artsticas;
meios audiovisuais e cooperao internacional.
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2 Vocbulo sem traduo para o Portugus.
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MinC versus Conaculta: uma anlise comparativa
A partir da observao do organograma do Conaculta, pode-se apresentar como o
Estado mexicano trabalha as prioridades para o campo da cultura. O Conaculta tem uma
Diretoria de Presidncia em que so ligadas a Secretaria Executiva, a Secretaria Cultural
e Artstica e a Coordenao Nacional e Desenvolvimento Institucional. No organograma
do MinC, por outro lado, percebe-se que h uma centralizao na figura do Ministro. A
este se vincula, de modo direto, apenas a Secretaria Executiva e o seu Gabinete. Vale
lembrar que um Conselho mais amplo que um Ministrio no sentido que requer um
grupo de Conselheiros, os quais possuem uma voz mais representativa nas decises que
envolvem o campo especfico. E em um Ministrio, a maior parte das sanes so feitas
pelo prprio Ministro.
O Conaculta tem Diretorias, Secretarias, e aparatos culturais para os setores que ele
considera como principais em seus Programas Nacionais de Cultura: bibliotecas;
patrimnio cultural e turismo; culturas populares; relaes internacionais; msica;
desenvolvimento cultural infantil, entre outras. O MinC, por sua vez, tem conectadas
representaes nas regies poltico-administrativas do Brasil; rgos colegiados -
Conselho Nacional de Polticas Culturais (CNPC) e Conselho Nacional de Incentivo
Cultura (CNIC); trs diretorias (Gesto Estratgica; Gesto Interna; Relaes
Internacionais); uma Consultoria Jurdica e sete Secretarias (Executiva; Incentivo e
Fomento Cultura; Polticas Culturais; Projetos e Programas Culturais; Audiovisual;
Identidade e Diversidade Cultural e Articulao Institucional).
A diferena entre o Conaculta e o MinC em relao ao modo de hierarquizao de seus
rgos/entidades/departamentos que na estrutura mexicana a Secretaria Executiva, a
Secretaria Cultural e Artstica so encarregadas de Direes especficas. A primeira se
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responsabiliza pelas Diretorias de cunho mais administrativo (Direo Geral de
Administrao, Direo Geral do Fonca, Direo Geral de Comunicao Social e
Direo Geral Jurdica). A segunda Secretaria, por sua vez, tem a incumbncia de
conduzir a Gesto Cultural do Conselho, atravs das seguintes Diretorias Gerais: do
Centro Nacional das Artes; de Culturas Populares; de Vinculao Cultural; de Assuntos
Internacionais e de Publicaes. No MinC, a Secretaria Executiva subordina as
Diretorias existentes e as demais Secretarias so ligadas diretamente ao Ministro.
Uma questo importante de ser contestada entre Brasil e Mxico a presena do
Programa Nacional de Cultura (PNC) no ultimo pas, j em sua quarta edio. O atual
Programa, vigente entre os anos de 2007 e 2012, considera como eixo temtico das
polticas culturais, os seguintes aspectos: patrimnio e diversidade cultural; infra-
estrutura cultural; promoo cultural e internacional; estmulos pblicos a criao e
mecenato; formao e investigao antropolgica, histrica, cultural e artstica;
espairecimento cultural e fomento da leitura; cultura e turismo e indstrias culturais
(CONACULTA, 2008).
O PNC do Brasil est em fase de sistematizao de suas diretrizes e em discusso com a
sociedade civil. vlido ratificar a importncia de uma nao ter um Programa para a
Cultura este se comporta como a diretriz fundamental para a sua poltica cultural. Isso
representa a possibilidade de inserir polticas culturais de carter estatal, pois mesmo
existindo o cambio de governo, a poltica cultural ter continuidade garantida pelo PNC.
Mesmo estando na frente do MinC neste sentido, o Conaculta recebe crticas de
intelectuais sobre a mesma durao que os PNCs e os mandatos presidenciais. Os
estudiosos consideram esta poltica descontinua por no transcender a conjuntura
sexenal e no permitir uma poltica cultural de estado, objetivo principal da aplicao de
um PNC. O professor Toms Mendonza, diz que claro que a poltica cultural conta
efetivamente com planos e programas a cada seis anos; todavia, a implementao, os
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recursos e os resultados se posicionam muito curtos a respeito das expectativas que se
planejam (MEDONZA, 2007).
Outra questo importante de ser contraposta entre o Conaculta e o MinC a questo do
financiamento da cultura. Em 1989 foi implantado no Mxico o Fondo Nacional para
la Cultura y las Artes (Fonca), com a tarefa de fomentar a produo cultural no pas
(CONACULTA, 2008). Ele ainda a principal forma de financiar os projetos culturais
no territrio mexicano e tem a tarefa de coordenar o Sistema Nacional de Creadores
(MENDONZA, 2007) - unidade responsvel por formular novas estratgias e polticas
para a educao e difuso artsticas e gesto cultural.
Apesar de sua riqueza cultural, o oramento da cultura no Mxico se encontra muito
abaixo das recomendaes da Unesco, representando apenas 0,4% do PIB. Dada a falta
de reconhecimento da cultura como setor econmico e como um ramo da receita
pblica, no possvel identificar o gasto das unidades federativas e/ou dos municpios.
O Mxico no tem grandes tradies em investimento privado. No existe nenhuma lei
em torno do financiamento da cultura nem em torno do mecenato cultural (JIMENZ,
2008).
A poltica de financiamento do Brasil se d via selees pblicas do Fundo Nacional de
Cultura (FNC) e pelas leis de incentivos fiscais, maneira pela qual as empresas tm
impostos deduzidos quando patrocinam projetos culturais. Todavia, na atual gesto est
em andamento o projeto de reviso do sistema de financiamento da cultura, atravs de
encontros pblicos, intitulados de Dilogos Culturais. Essa questo foi debatida desde
o incio da gesto de Gil, em 2003.
Na Audincia Pblica sobre a Poltica Cultural do Governo Lula, realizada no ano de
2003, em Braslia, o ex-Ministro se pronunciou sobre o oramento. Gil defende que,
com apenas 0,2% do oramento federal, a implantao de suas polticas fica quase
impossibilitadas de serem desenvolvidas. A proposta do MinC ampliar para o mnimo
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de 1% do oramento da Unio, sugesto que dada pela Organizao das Naes
Unidas para a educao, a cincia e a cultura -Unesco (MINISTRIO DA CULTURA,
2003).
Esta reivindicao do Ministrio de Gil, em partes foi aceita. Sobre este assunto, Albino
Rubim diz que
A mudana oramentria no ministrio de Gil, pelo aumento de verba em funo de iseno fiscal (de 345 milhes em 2002 para 691 milhes de reais em 2005) e ampliao do oramento ministerial (289 milhes de reais em 2002 para 513 milhes em 2005) estabelecem-se como alteraes do passado, apesar do objetivo do ministro ser um por cento do oramento para a cultura (RUBIM, 2008).
Entretanto, em termos de estrutura, o Ministrio da Cultura ainda mantm-se
centralizado em Braslia, Rio de Janeiro e So Paulo, apesar de existirem representaes
regionais. Esse Ministrio, ao longo de sua histria, concentrava o apoio financeiro ao
desenvolvimento de projetos culturais no eixo Rio-So Paulo.
O Conaculta tem, ao contrrio, forte presena nas regies e municpios mexicanos, tanto
em nvel de estruturas fsicas, inclusive aparatos culturais, quanto em termos de
financiamento. Sobre este aspecto, Jaime Nualart, na 1 Conferncia de Cultura do
Brasil, disse que
A descentralizao de recursos e decises em relao aos Estados e Municpios, por meio de fundos mistos de apoio a projetos culturais que operam nas 32 entidades federativas e 380 conselhos cidados de cultura, em igual nmero de Municpios. No ano prximo, estaro operando 500 conselhos que atendero aos Municpios onde habitam 85% da populao nacional (MINISTRIO DA CULTURA, 2007).
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No entanto, Jimenz, utilizando dados do prprio conselho, ressalta que, toda esta infra-
estrutura atende somente cerca de 10% da populao. No Brasil os Municpios ainda
no tm uma gesto pblica de cultura organizada. Salvador, por exemplo, terceira
maior capital do pas, no tem sequer uma Secretaria de Cultura nem um Conselho
Municipal de Cultura.
O Ministrio da Cultura tem uma preocupao forte rea da Cultura Digital. Entendida
como um dos ramos culturais mais promissores da atualidade e meio de insero social,
este vis cultural pertencente ao setor da Economia da Cultura ou Economia Criativa,
que estuda as relaes entre os campos cultural e eccnmico. Quando o MinC investe
em Cultura Digital, ele entende que a produo da cultura contempornea no pode
deixar negligenciada a rea das novas tecnologias.
Assim, o setor de jogos eletrnicos do Ministrio da Cultura, pertencente ao Programa
Cultura Digital, atravs das Secretarias de Polticas Culturais e do Audiovisual buscou a
Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), a Agncia Brasileira de Promoo de
Exportaes e Investimentos (Apex) e a Associao Brasileira de Empresas
Desenvolvedoras de Jogos Eletrnicos (Abragames) comearam a desenvolver jogos
com caractersticas relativas cultura brasileira, sintetizado no Programa BR Games.
Por meio de concurso pblico sero projetados os novos jogos brasileiros, os quais
recebero tambm apoio para a insero destes produtos no mercado.
O Mxico tambm se preocupa com o setor da Economia da Cultura. Ernesto Piedras,
Diretor Geral da The Competitive Intelligenc Unit (empresa de consultoria estratgica
especializada em reas de anlise de oportunidades de negcio, regulao das
telecomunicaes e economia) realizou um estudo sobre as Indstrias Culturais e a
relao com o desenvolvimento do Mxico e da Amrica Latina. O pesquisador constata
que
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Devemos entrar em uma nova conceitualizao j que entendemos a Cultura como um setor integral que constitui uma fonte de desenvolvimento, entendido no somente em termos de crescimento econmico, mas tambm como meio de acesso a uma experincia intelectual, afetiva, moral e espiritual satisfatria. Estamos, ento, em presena de um setor que pode representar, em conjunto com outros da economia mexicana, um motor de crescimento e desenvolvimento, como foi feito na Inglaterra, Frana, Itlia e Estados Unidos (PIEDRAS, 2005).
Consideraes Finais
Ao observar os organogramas do Ministrio da Cultura e do Conaculta, percebe-se que
a estrutura institucional deste mais ampla que quele, isto , existem mais rgos de
diferentes setores culturais no Mxico do que no Brasil. O organograma do Conaculta
tende a ser mais horizontal do que o do MinC, o que pode ser entendido como um modo
mais descentralizado de gerir a cultura. Este aspecto pode ser justificado pelo fato de
que a organizao de cultura no Mxico gerida sobre a forma de um conselho e as
decises do Minc ficam a cargo do poder do Ministro.
Brasil e Mxico em suas estruturas de cultura possuem autarquias, fundaes e
organizaes especficas de acordo com a histria e as demandas culturais de cada um.
Todavia, o Conaculta mais descentralizado que o MinC. Isso porque o Conaculta est
presente nas 32 Unidades Federativas do Mxico. O MinC, por sua vez, aglomera o seu
esqueleto nas cidades de Braslia, Rio de Janeiro e So Paulo, apesar de cada regio
poltica do Brasil possuir uma representao do Ministrio da Cultura.
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Por fim, pode-se constatar que o Conaculta um rgo institucional mais sistematizado
que o MinC. O Conselho possui Programas Nacionais de Cultura, representaes nos
Estados e Municpios mexicanos e departamentos e/ou entidades para as diversas
vertentes culturais de seu pas, como por exemplo: a Escola de Dana Folclrica;
Estudos Churubusco Asteca; Museu Mural Diego Rivera, entre outros.
O MinC est em processo de amadurecimento e ampliao de sua abrangncia
institucional. Projetos como os Pontos de Cultura que transformam manifestaes das
culturas brasileiras em mbitos de maior produo e reproduo cultural com
financiamento do Estado, uma forma do MinC se aproximar dos Municpios
brasileiros. necessrio que o MinC aumente o nmero de pessoas com formao no
campo da cultura em sua estrutura e que chegue de modo pleno nos 26 Estados, isto ,
ser presena, como se diz popularmente, do Oiapoque ao Chu.
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