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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
INSTITUTO DE FÍSICA
Conceitos de Física por meio do lançamento de foguetes de garrafa
PET – Roteiro para experimentação
MARCOS ANTONIO DA SILVA
BRASÍLIA 2015
2
APRESENTAÇÃO
Prezado Professor,
Este material é fruto de uma pesquisa feita com a utilização de foguetes de
garrafa PET como estratégia de transposição didática de alguns conteúdos que
podem ser explorados a partir do lançamento desses foguetes. Esse trabalho foi
realizado na 3ª série do Ensino Médio como forma de revisão e aprofundamento dos
conceitos. Nesse sentido, o trabalho realizado teve um viés qualitativo, buscando uma
aprendizagem que pudesse aproximar os estudantes da temática de foguetes. Foram
abordados conteúdos tanto da 1ª quanto da 2ª série do Ensino Médio. Na primeira
série, foram abordados os conteúdos relativos às Leis de Newton, centro de massa e
centro de pressão; na 2ª foram explorados os conteúdos de estados físicos da matéria
e suas propriedades.
Trabalhamos na perspectiva de propor atividades experimentais aos
estudantes como forma de incentivá-los nas atividades investigativas para que
despertem a curiosidade pela Física. Nessa ótica, propomos atividades que
favorecem a contextualização e a interdisciplinaridade dos conteúdos.
Trabalhamos também de maneira que essa proposta possa atender aos
professores que trabalham em escolas com poucos recursos e carentes infraestrutura
como laboratório, sala de vídeo, biblioteca, etc. As atividades aqui propostas podem
e devem ser feitas em sala de aula e com a utilização de material de baixo custo.
Por fim, espero que esse material seja realmente usado como forma trazer os
conceitos de Física envolvidos no lançamento de foguetes para sala de aula,
despertando o interesse dos estudantes e motivando-os aos estudos.
Aos amigos professores, espero que gostem e apliquem!
Marcos Antonio da Silva
3
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 04
1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .............................................................................06
1.1.Ensino de Física .............................................................................................06
1.2.Transposição Didática ................................................................................... 08
2. CONSTRUINDO O FOGUETE DE GARRAFA PET ..............................................13
3. CONSTRUINDO A BASE DE LANÇAMENTO DO FOGUETE DE GARRAFA
PET.............................................................................................................................18
4. CONSTRUINDO O CARRINHO FOGUETE ...........................................................21
5. SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ...................................................................................24
5.1. Atividade 1: Pré-Teste ...................................................................................24
5.2. Atividade 2: Construção e lançamento do carrinho foguete ...........................25
5.3. Atividade 3: Comparando os movimentos do carrinho foguete e do foguete de
garrafa PET..........................................................................................................26
5.4. Atividade 4: Além das Leis de Newton - parte 1............................................27
5.5. Atividade 5: Além das Leis de Newton - parte 2 .............................................29
5.6. Atividade 6: Oficina de construção do foguete de garrafa PET.......................32
5.7. Atividade 7: Lançamento do foguete de garrafa PET ....................................33
5.8. Atividade 8: Retomando os conteúdos ..........................................................34
6. PALAVRA FINAL....................................................................................................35
7. SUGESTÃO DE QUESTÕES PARA O PRÉ E PÓS-TESTE .................................37
REFERÊNCIAS .........................................................................................................42
4
INTRODUÇÃO
Ao analisarmos os conteúdos de Física nos currículos escolares do Ensino
Médio, percebemos o distanciamento entre aquilo que se ensina e a realidade fora da
sala de aula. Esse distanciamento entre os conteúdos presentes na escola e a
vivência dos estudantes contribui para a estigmatização da Física como uma disciplina
muito difícil, pois os saberes presentes na escola são desatualizados e carentes de
significação. A excessiva matematização da Física em sala de aula também é um fator
determinante para essa falta de significado, visto que esse procedimento não colabora
com a aprendizagem de conceitos e não favorece os aspectos qualitativos do ensino
de Física. Outro fator que contribui nesse sentido é a falta de experimentação na
escola, seja por falta de estruturas de laboratórios, seja por falta de propostas que
incorporem a experimentação como método de investigação, simulação ou, até
mesmo, de verificação.
Uma forma de dar significado a esses conteúdos é trabalhar de maneira
contextualizada e interdisciplinar. Para isso, fizemos uma proposta de estudar alguns
conceitos de Física que podem ser explorados no lançamento de foguetes de garrafa
PET. Essa abordagem traz várias vantagens no desenvolvimento dos conteúdos em
relação ao modelo tradicional. Dentre elas podemos destacar que:
os foguetes de garrafa PET despertam a curiosidade dos estudantes e a
vontade de aprender, fatores que contribuem para a aprendizagem;
utiliza material de baixo custo e de fácil aquisição;
a construção dos foguetes é simples e durante sua montagem os estudantes
aprendem na prática seu funcionamento relacionando-o aos conteúdos
teóricos;
favorece a troca de informações entre os estudantes, o que contribui com uma
aprendizagem colaborativa;
favorece a Transposição Didática de conteúdos, ou seja, a transformação do
conhecimento científico em conhecimento estudado na sala de aula.
Com essa prática, estamos em consonância com os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCNs) para Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias que
estabelecem as competências e habilidades a serem desenvolvidas no ensino de
5
Física (BRASIL, 1999, p. 23). Essas competências abrangem: a representação e a
comunicação para que o estudante utilize de forma apropriada o modelo e a linguagem
física; a investigação e compreensão como forma de compreender o mundo à sua
volta e desenvolver habilidades de investigação; e, por fim, contextualização
sociocultural que permite a visão da Física como uma das formas de representação
da cultura humana.
O objetivo dessa proposta é realizar a transposição didática de conteúdos
presentes no lançamento de foguetes. Assim, apresentamos um material que ajude o
professor a discutir a temática foguetes em sala de aula de maneira contextualizada
de forma que os estudantes possam compreender alguns conceitos de física
envolvidos no movimento de foguetes por meio de protótipos construídos com garrafa
PET. Ressaltamos que delimitamos esse trabalho ao estudo das Leis de Newton,
propriedades dos estados físicos da matéria, centro de massa e centro de pressão.
Essa delimitação se deve ao fato optarmos por conteúdos que possam ser facilmente
explorados no lançamento de foguete de garrafa PET
Para tanto, esse material é composto por uma sequência didática na forma de
guia para o professor utilizar em sala de aula. Neste guia, além dos roteiros das aulas,
deixamos também orientações para elaboração dos experimentos, orientações para
a montagem da plataforma de lançamento dos foguetes de garrafa PET, guia da
oficina de confecção dos foguetes, regras de segurança e sugestões para o professor
ir além do que fizemos aqui.
6
1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1.1. Ensino de Física
As aulas de Física são predominantemente expositivas seguindo o modelo
tradicional. Esse tipo de aula centrado no professor e não no aluno (OSTERMANN;
MOREIRA, 1999) utiliza poucas estratégias de ensino e são focadas no uso excessivo
de fórmulas matemáticas, o que ocasiona o desinteresse dos estudantes pelos
conteúdos de Física. Segundo Ostermann e Moreira (1999, p. 28), as aulas de Física
são ministradas seguindo uma sequência de apresentação do conteúdo no quadro
negro e, em seguida, de resolução de problemas. Ao final do processo, é aplicada
uma prova onde o estudante tem que repetir os cálculos feitos na resolução dos
problemas.
O papel do professor nesse processo é preencher as lacunas dos alunos
(VILLANI, 1984, p. 76) demostrando fórmulas e expondo as leis físicas.
Esse processo colabora com a aprendizagem mecânica, pois trazem conteúdos
abordados fora da realidade dos estudantes.
Esse modelo não contribui para a construção do conhecimento, pois não leva
em consideração o cotidiano dos estudantes. É um modelo que já teve suas
finalidades, mas está ultrapassado (BRASIL, 1999, p. 22).
É preciso mudar a forma de ensinar Física de maneira que o estudante possa
participar efetivamente da construção do seu conhecimento e possa compreender e
interpretar o mundo a sua volta.
O ensino de Física deve ser repensado de maneira que se faça mudanças no
tipo de abordagem que atualmente está em curso na maioria das escolas. Essas
mudanças devem ser feitas no sentido de criar situações para que os estudantes
possam fazer leituras do mundo (FREIRE, 1987) atendendo às suas necessidades de
perceber, compreender e organizar fatos e fenômenos à sua volta (BRASIL, 1999. p.
24). Para que essas necessidades sejam atendidas não é necessário que se criem
novos tópicos de conteúdo, mas sim dar novas dimensões ao currículo de Física de
7
forma que promova um currículo contextualizado e integrado à vida dos estudantes
(BRASIL, 1999, p. 23).
O ensino de Física por meio da aprendizagem mecânica despreza o uso da
experimentação como meio de aprendizagem e dificulta a interpretação de fenômenos
físicos presentes no cotidiano dos estudantes. Estudar Física baseado nesse modelo,
segundo Caniato “é como fazer um curso de natação por correspondência” (1989. p.
38). Muitos estudantes não gostam de Física porque ela é ensinada nesse modelo
desvinculado da realidade, baseada somente na aplicação de fórmulas matemáticas.
Para contornar esses problemas, podemos fazer uso da experimentação. As
possibilidades que a experimentação traz para a aprendizagem são inúmeras, pois
permitem que os estudantes reflitam significativamente sobre os mecanismos que
regem as leis físicas ao mesmo tempo que fazem descobertas enriquecedoras dos
conteúdos das aulas teóricas. Para que a experimentação seja eficiente na
aprendizagem ela precisa ser feita na ótica de propor atividades investigativas.
Segundo Gil e Castro (1996, apud CARVALHO, 2010, p. 23) as atividades
investigativas possuem algumas características que podem ser resumidas em:
1. apresentar situações problemáticas abertas;
2. favorecer a reflexão dos estudantes sobre a relevância e o possível
interesse das situações propostas;
3. potencializar análises qualitativas significativas, que ajudam a compreender
e acatar as situações planejadas e a formular perguntas operativas sobre o
que se busca;
4. considerar a elaboração de hipóteses como atividade central da
investigação científica, sendo esse processo capaz de orientar o tratamento
das situações e de fazer explícitas as preconcepções dos estudantes;
5. considerar as análises, com a tenção no resultados (sua interpretação física,
confiabilidade, etc.), de acordo com os conhecimentos disponíveis, das
hipóteses manejadas e dos resultados das demais equipes;
6. conceder uma importância especial às memórias científicas que reflitam o
trabalho realizado e possam ressaltar o papel da comunicação e do debate
atividade científica;
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7. ressaltar a dimensão coletiva do trabalho científico, por meio de grupos de
trabalho, que interajam entre si.
A atividade investigativa fornece condições para que o estudante desenvolva
competências e habilidades para analisar e interpretar situações rotineiras. Como
dissemos antes, essas atividades não precisam necessariamente ser feitas no
laboratório, mas em qualquer ambiente, incluindo a sala de aula. Isto possibilita aos
professores propor atividades em escolas com pouca estrutura de laboratórios dando
significado ao ensino de Física
Devemos ressaltar que Azevedo (2010, p. 25) classifica as atividades
investigativas em quatro categorias que resumimos no quadro abaixo:
Quadro 1 - Classificação das atividades investigativas
Tipo de atividade investigativa Objetivo principal
Demonstrações Investigativas
Ilustrar a teoria com experiências a partir da
apresentação de um problema ou fenômeno a ser
estudado.
Laboratório Aberto Buscar a solução de um problema por meio de uma
experiência.
Questões Abertas
Propor fatos do cotidiano dos estudantes que que
podem ser explicados por argumentos e construções
de aulas anteriores.
Problemas Abertos Discutir as possibilidades e soluções de situações
gerais apresentadas aos estudantes.
Fonte: Adaptada de Azevedo (2010, p. 25)
1.2. Transposição Didática
A Transposição Didática é o meio pelo qual o Saber Sábio, aquele contido no
universo científico, é transposto, traduzido em Saber a Ensinar dos currículos e livros
didáticos e, também, em Saber Ensinado que aparece no cotidiano da vida escolar.
Nestes termos, ala tem a função de levar o conhecimento científico produzido por
pesquisadores à sala de aula, numa linguagem que seja acessível aos estudantes,
mas sem perder seu significado, sem ser uma simplificação do conhecimento. A
transposição didática permite que o currículo escolar seja baseado na realidade dos
9
fenômenos, ou seja, baseado no que se traduz das pesquisas acadêmicas para a sala
de aula e também nas aplicações tecnológicas dessas pesquisas.
No ensino de Física, a transposição didática pode exercer um papel importante
ao possibilitar que o conhecimento científico seja traduzido na linguagem dos
estudantes e faça parte da realidade escolar, pois os currículos, os livros didáticos e
as ações pedagógicas do Ensino Médio não contemplam de forma significativa o
Saber Sábio. A necessidade de transpor o conhecimento científico surge com a
necessidade de atualização curricular na escola e da interpretação física, na
linguagem dos estudantes.
Na transposição didática o conceito de noosfera é fundamental. A noosfera é
um ambiente onde as ideias de todos os agentes vinculados à educação se
convergem para o Saber Ensinado (BROCKINGTON; PIETROCOLA, 2005, p. 5) e é
responsável pela mediação entre a sociedade e o sistema de ensino e por levar o
Saber Sábio às escolas.
A noosfera é formada por “cientistas, educadores, professores, políticos,
autores de livros didáticos, pais de alunos, entre outros” (BROCKINGTON;
PIETROCOLA, 2005, p. 5).
A sala de aula, neste contexto, passa a ser um retrato da realidade com os
conteúdos relacionados à vida prática dos alunos. A transposição didática leva os
saberes à sala de aula e a noosfera assume o papel de seleção daquilo que será
transposto para essas salas, já que nem todos os saberes farão parte do domínio
escolar.
Outro conceito importante na transposição didática de Chevallard, é o Saber
Sábio, o Saber a Ensinar e o Saber Ensinado que são as “esferas ou patamares do
saber” (BROCKINGTON; PIETROCOLA, 2005, p. 5). Essas esferas atendem aos
interesses de grupos sociais distintos de acordo com suas necessidades e de
mudança no saber.
O Saber Sábio é o saber relacionado ao campo científico, ou seja, é o saber da
comunidade científica presente nas universidades, livros científicos etc. É o saber da
esfera acadêmica que deve ser transposto, traduzido, para as outras esferas.
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O Saber Ensinado é o saber levado à sala de aula. Nas palavras de Alves Filho
(2000, p. 221) “é o produto didático resultante de uma transposição didática” no
ambiente escolar. Brockington e Pietrocola, destacam que o Saber Ensinado “é o
saber registrado no plano de aula do professor e que não necessariamente coincide
com aquele previsto nos programas ou livros didáticos”. Isto porque, ao fazer seu
plano de aula, o professor necessita realizar adaptações de forma que as
necessidades e prioridades dos seus estudantes sejam atendidas.
A transposição didática possui algumas características que devem ser
destacadas. Brockington e Pietrocola (2005) elenca essas características para que
determinado saber esteja presente nos livros didáticos e nas salas de aulas. Essas
características podem ser resumidas, tomando esses atores como referência, como
segue:
A primeira característica afirma que a transposição do Saber Sábio para o
Saber Ensinar deve ser consensual, ou seja, esse saber deve ser, ou ter
status de verdadeiro.
A segunda característica diz respeito a atualidade que é dividida em duas
partes: atualidade moral, que deve ser adequada à sociedade de maneira
que seja importante e necessária à comunidade; e a atualidade biológica
que deve possuir uma atualidade com a ciência praticada.
Outra característica destacada pelos autores é a operacionalidade do Saber
a Ensinar, ou seja, a transposição didática deve ser capaz de gerar
exercícios e atividades que levem a uma avaliação objetiva.
A criatividade didática implica em um saber com identidade própria no
contexto escolar de forma que o objeto de ensino tem que guardar uma
relação com o objeto de conhecimento do Saber Sábio.
Por fim, a característica terapêutica, que tem uma finalidade pragmática,
pressupõe que só os objetos de ensino que deram certos devem
permanecer na escola, ou seja, há uma característica de renovação, dentro
da transposição didática, dos objetos de aprendizagem.
Para Chevallard (1991 apud MARQUES, 2005) a característica terapêutica é
essencial dentro da transposição didática e a define como sendo um teste in loco que
é fundamental para a sobrevivência dos saberes nos domínios do ensino.
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A transposição didática permite que o conhecimento científico seja
transformado, transposto, para a sala de aula sob algumas regras que são inerentes
a esse processo. Alves Filho (2000b) destaca cinco regras para que a transposição
didática constitua “um excelente instrumento para a leitura e análise do processo
transformador do saber científico”. Relacionamos essas regras abaixo de forma
resumida: modernização do saber escolar; atualizar o Saber a Ensinar; articular saber
“velho” com o saber “novo”; transformar um saber em exercícios e problemas; e,
finalmente, tornar um conceito mais compreensível.
A interdisciplinaridade e a contextualização são recursos para operacionalizar
a transposição didática. Primeiramente, a ciência, de uma forma geral, não é
disciplinar, ou seja, não há fenômenos isolados em um só contexto de uma disciplina
do conhecimento. O que fazemos na educação é desfragmentar a ciências em suas
diversas esferas do saber no que denominamos disciplina do conhecimento e, assim,
estudar cada parte isoladamente. O problema dessa desfragmentação é que muitos
conteúdos perdem o sentido no contexto escolar, pois não há uma relação entre as
disciplinas. A interdisciplinaridade possibilita que esses conteúdos sejam estudados
dentro do contexto das várias disciplinas que o compõem. É nesse sentido que a
interdisciplinaridade é um recurso indispensável à transposição didática.
Segunda Silva (2010) a contextualização é o processo que possibilita a
problematização dos objetos de estudos dentro dos conteúdos curriculares de forma
a vinculá-los com a realidade e o contexto. A contextualização no ensino “significa
incorporar vivências concretas e diversificadas, e também incorporar o aprendizado
em novas vivências” (MELLO, 2012).
Dessa forma, entendemos que interdisciplinaridade e contextualização são
instrumentos operacionais importantes para a transposição didática.
Da Rosa e Rosa (2005) explicam que a transposição didática relacionada ao
ensino de Física “busca uma combinação entre o conhecimento científico, produzido
entre os elaboradores da ciência, e o que de fato possa ser compreendido pelos
alunos” e ressaltam ainda a importância do professor no processo de transposição
didática dos conteúdos de Física.
12
A tomada de consciência por parte do professor acerca desse
processo lhe permitirá uma melhor adequação do saber que chega à
escola a um saber a ser ensinado aos alunos. Nesse sentido, a sua
busca permanente por uma atualização, a retomada reflexiva na sua
ação docente e a flexibilidade nas discussões em torno do fazer
pedagógico lhe permitirá atingir mais rapidamente o seu objetivo no
processo ensino-aprendizagem. A preocupação constante com o
ensino da Física e a melhor maneira de aproximá-lo dos alunos lhe
fornecerá o suporte necessário para que a Física perca o status de
disciplina odiada por todos aqueles que dela se aproximam (DA
ROSA; ROSA, 2005).
O engajamento do professor é essencial para que ocorra a transposição
didática do Saber Sábio para o Saber Ensinado. Trabalhar com conteúdos de forma
diferenciada faz com que o ensino de Física se torne significativo para estudante. A
transposição didática na sala de aula é uma possiblidade de dar significado aos
currículos escolares e fazer com os estudantes realmente compreendam o papel da
escola na formação cidadã.
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2. CONSTRUINDO O FOGUETE DE GARRAFA PET
OBJETIVO
Construir o foguete de garrafa PET a ser lançado pelos alunos.
JUSTIFICATIVA
O foguete de garrafa PET é fundamental nessa proposta, pois, por meio dele, o
professor poderá trabalhar os conteúdos referentes às Leis de Newton, propriedades
físicas dos líquidos e dos gases e os conceitos de centro de massa e centro de
pressão. Esse foguete será utilizado nas atividades de número 3 a 6 das sequências
didáticas dessa proposta (Capítulo 5). É importante que o professor construa o foguete
antes do início das atividades para ser usado na sala de aula e também como forma
de se familiarizar com os procedimentos de montagem e solucionar possíveis
problemas na sua construção.
MATERIAL
2 garrafas PETs de mesmo volume. Dê preferências às garrafas que tenham bicos
tipo cone, por terem geometria que ajude na aerodinâmica.
Fita adesiva transparente.
Tesoura
Estilete
Papelão
Molde das aletas
Régua.
1 balão nº 5 ou 6
MONTAGEM
Seu foguete de garrafa PET tem as seguintes partes (Figura 1):
Coifa (ponta do foguete)
Câmara de compreensão (tanque de combustível)
Aletas (empenas)
Tubeira
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Figura 1: Partes do foguete de garrafa PET
Fonte: Manual Mão na Massa: Foguetes – Programa AEB-Escola http://aebescola.aeb.gov.br/downloads/material/mao_na_massa_foguetes.pdf
1) Reserve uma das garrafas para ser a câmara de compreensão.
2) Corte a outra garrafa na marca cilíndrica superior de forma a separar a parte cônica
que será a coifa. Em seguida cole com a fita adesiva essa parte cônica no fundo
da outra garrafa que não foi cortada (Figura 2). Procure deixar a coifa mais
alinhada o possível com o eixo maior da garrafa.
Figura 2: Montagem da coifa do foguete Fonte: Manual Mão na Massa: Foguetes – Programa AEB-Escola
http://aebescola.aeb.gov.br/downloads/material/mao_na_massa_foguetes.pdf
3) Corte 10 cm da garrafa para ser usado como a “saia” do foguete (Figura 3).
Figura 3: Preparando a saia do foguete Fonte: Manual Mão na Massa: Foguetes – Programa AEB-Escola
http://aebescola.aeb.gov.br/downloads/material/mao_na_massa_foguetes.pdf
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4) Fixe essa saia na parte debaixo do foguete de maneira que a tampa fique de fora.
Figura 4: Preparando a saia do foguete Fonte: Manual Mão na Massa: Foguetes – Programa AEB-Escola
http://aebescola.aeb.gov.br/downloads/material/mao_na_massa_foguetes.pdf
5) Faça 4 aletas com as dimensões do modelo abaixo:
Figura 5: Modelo de aleta Fonte: Manual Mão na Massa: Foguetes – Programa AEB-Escola
http://aebescola.aeb.gov.br/downloads/material/mao_na_massa_foguetes.pdf
6) Recorte nas linhas pontilhadas e dobre as abas conforme a figura abaixo:
Figura 6: Confecção das aletas Fonte: Manual Mão na Massa: Foguetes – Programa AEB-Escola
http://aebescola.aeb.gov.br/downloads/material/mao_na_massa_foguetes.pdf
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7) Fixe as aletas na saia do foguete de maneira a deixar uma separação de 90º
(Figura 7).
Figura 7: Montagem das aletas
Fonte: Manual Mão na Massa: Foguetes – Programa AEB-Escola http://aebescola.aeb.gov.br/downloads/material/mao_na_massa_foguetes.pdf
8) Encha o balão com um pouco de água e prenda com a tampa da coifa do foguete.
Esse procedimento (descrito nas atividades 5 e 8 das sequências didáticas) é
necessário para deslocar o centro de massa acima do centro de pressão a fim de
evitar que o foguete gire em torno do centro de massa (Figura 8).
Figura 7: Montagem do balão com água Fonte: o autor
Seu foguete está pronto para ser lançado.
17
Figura 8: Foguete pronto Fonte: o autor
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3. CONSTRUINDO A BASE DE LANÇAMENTO DE FOGUETES DE GARRAFA PET
Prezado professor, seguem abaixo instruções para a construção de plataforma
de lançamento do foguete de garrafa PET. Escolhemos um modelo, dentre os vários
existentes, de forma que ofereça segurança para ser usada com estudantes de todas
as idades.
MATERIAL PARA A CONSTRUÇÃO
Figura 1: Material para a construção da plataforma de lançamento de foguete de garrafa PET. Fonte: o autor
MATERIAL PARA MONTAGEM Fita isolante
Borracha de câmera de pneu (de bicicleta)
Cola silicone
Tarraxa de 3/4 e de 1/2 (para fazer as roscas)
Segueta (serra para cano)
Fita veda-rosca
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MONTANGEM
Figura 2: Montagem da base de lançamento
Fonte: o autor
Encaixe todas as peças conforme a figura.
Sua base é toda desmontável. Porém, não costumamos desmontar o eixo vertical
para evitar vazamentos. Só desmontamos os canos de cor azul com os Ts das
laterais.
Use veda-rosca em todos os encaixes do eixo vertical para não vazar ar e água.
Use uma bomba com medidor de pressão (manômetro simples)
Como medida de segurança e longa vida da sua bomba, procure não ultrapassar
80 psi de pressão.
Só solte foguete em áreas isoladas e não deixe crianças próximas à base de
lançamento se estiver pressurizado.
Se o foguete não sair, abra a válvula de segurança para despressurizar a garrafa.
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Figura 3: Foguete montado na base Fonte: o autor
Dicas:
Para montar o bico de encaixe da bomba, você pode usar também um redutor (3/4
para 1/2) e um redutor de 1/2 para 3/8 (redutor para mangueira de jardim) no lugar
do tampão. Para isto corte a parte longa de encaixe da mangueira e coloque o bico
com válvula de dentro para fora. Do lado de fora, coloque uma arruela de borracha
e prenda com uma porca e depois vede a parte interna com cola silicone.
Para outras instruções de montagem, consulte o Manual Mão na Massa –
Foguetes do Programa AEB-Escola disponível no site abaixo:
http://aebescola.aeb.gov.br/downloads/material/mao_na_massa_foguetes.pdf
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4. CONSTRUINDO O CARRINHO FOGUETE
OBJETIVO
Construir o carrinho foguete para ser usado em sala de aula.
JUSTIFICATIVA
O uso do carrinho foguete é uma excelente oportunidade para discutir as Leis de
Newton em sala de aula e sua construção é muito simples, além de despertar o
interesse dos alunos. Na atividade 2 das sequências didática (Capítulo 5)
descrevemos como o carrinho pode ser usado para introduzir os conceitos de inércia,
força e as Leis de Newton.
MATERIAL
Papelão
Régua
Tesoura
Balão de festa
2 palitos de churrasco
2 canudinhos (não muito finos)
4 tampinhas de garrafa
Fita adesiva transparente
MONTAGEM
Corte um pedaço de papelão como mostrado na figura 1
Figura 1: Base para o carrinho foguete Fonte: o autor
10 cm
10 cm
5 cm 2 cm
22
Corte os canudinhos com tamanho de 12 cm e cole-os na base do carrinho (Figura
2)
Figura 2: Colando o canudinho na base do carrinho foguete Fonte: o autor
Faça um furo nas tampinhas e coloque os palitos, depois passe os palitos pelos
canudinhos e coloque as outras tampinhas. Ao final, vire o carinho como mostrado
na figura.
Figura 3: Montagem do carrinho foguete
Fonte: o autor
23
Corte um pedaço de papelão medindo 20 cm por 4 cm e dobre-o ao meio. Depois
dobre 2 cm em cada ponta conforme mostrado. Faça um furo na parte superior e
depois cole-o sobre o carrinho conforme mostra a figura.
Figura 3: Montagem do suporte para o balão Fonte: o autor
Seu carrinho está pronto. Para colocá-lo em movimento, passe ao balão pelo furo,
encha-o e prenda a boca do balão para não escapar o ar. Solte o carrinho e
observa o movimento.
Figura 4: Carrinho foguete montado Fonte: o autor
24
5. SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS
As aulas foram elaboradas de maneira a facilitar a transposição didática dos
conteúdos abordados. Utilizamos atividades experimentais para que os estudantes
pudessem entender o processo de construção do conhecimento, de maneira
contextualizada e interdisciplinar.
Atividade 1 – Pré-teste
Objetivo: identificar o conhecimento prévio dos estudantes a respeito dos conteúdos
a serem abordados.
O teste é elaborado com 14 questões de múltipla escolha. Sendo 6 sobre as
Leis de Newton, 4 sobre estados e as propriedades dos estados físicos da matéria e
4 sobre centro de massa e centro de pressão.
As questões do teste buscam identificar os conhecimentos dos estudantes em
relação aos conceitos de:
1. Inércia e suas implicações no movimento de objetos (questões 1 e 2).
2. Forças que atuam sobre um objeto em movimento (questões 3 e 5).
3. Forças de ação e reação, considerando a direção, sentido e intensidade (questões
4 e 6)
4. Propriedades dos gases e líquidos (questões 7, 8 e 9).
5. Estados físicos da matéria (questão 10)
6. Equilíbrio e rotação de corpos rígidos em torno do centro de massa (questões 11
e 12)
7. Conceito e localização do centro de pressão (questões 13 e 14)
O teste deve ser aplicado antes do início dos conteúdos e usados como ponto
de partida para a elaboração das próximas aulas.
Duração da atividade: 1 aula
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Atividade 2 – Construção e lançamento do carrinho foguete
Objetivo: construir e usar o carrinho foguete como material de apoio a uma atividade
investigativa.
Construa o carinho foguete com os estudantes. Lembre-se de pedir
previamente o material necessário (descrito no item 4), caso não tenha disponível na
escola.
Com o carrinho pronto, faça os questionamentos:
a) Qual a situação inicial do carrinho foguete?
b) O que tem que acontecer para ele entrar em movimento?
c) Que posição devemos colocar o balão para o carrinho se mover para a frente?
Peça aos estudantes que soltem os carinhos e observem o movimento e promova um
debate a respeito das leis de Newton.
Duração da atividade: 1 aula
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Atividade 3 – Comparando os movimentos do carinho foguete e do foguete de
garrafa PET
Objetivo: Relacionar o movimento do carrinho foguete e do foguete de garrafa PET
observando as leis de Newton.
Em um local seguro, laboratório, pátio, etc., coloque o foguete na base de
lançamento sem usar água e sem usar as travas de segurança (esta atividade pode
ser feita em segurança, pois o foguete sairá da base com baixa pressão). Pressione
até que o foguete saia da base.
Após esta atividade, faça os seguintes questionamentos:
a) Que relação há entre o movimento do carrinho foguete e do foguete de garrafa
PET?
b) Quais os princípios físicos envolvidos no lançamento de foguete de garrafa PET?
c) Qual a relação entre o foguete de garrafa PET e os foguetes espaciais?
d) É possível compreender as leis físicas no lançamento dos foguetes espaciais por
meio de um foguete de garrafa PET?
e) O que é diferente nos dois lançamentos?
Mostre os vídeos de lançamento de foguetes espaciais abaixo:
1. Decolagem ônibus espacial NASA:
https://www.youtube.com/watch?v=157XAmf1Uo8
2. Lançamento de ônibus espacial visto de avião:
https://www.youtube.com/watch?v=DSJu0XGGJ6Q
Debata com os estudantes sobre as leis de Newton nos voos dos foguetes.
Sugestões de aprofundamento do conteúdo:
Discuta o Programa Espacial Brasileiro utilizando a apresentação “O espaço ao redor”
feita por José Bezerra Pessoa Filho (IAE/DCTA), disponível em:
http://aebescola.aeb.gov.br/index.php/repositorio/apresentacoes
Duração da atividade: 2 aulas
27
Atividade 4 – Além das leis de Newton – parte 1
Objetivo: Usar o foguete de garrafa PET para estudar os estados físicos da matéria
e algumas de suas propriedades.
Para estudar os estados físicos da matéria, inicialmente, faça o seguinte
questionamento:
Quais são os estados físicos da matéria?
Geralmente, os estudantes apontam 3 estados. Se for necessário, proponha
então o quarto estado e discuta as propriedades de cada um deles, enfatizamos que
o plasma é o estado predominante na matéria visível do universo.
Imprima o texto Foguete de plasma 'pode ir a Marte e voltar em 90 dias'
disponível no link abaixo e faça uma discussão do uso de plasma nos foguetes.
http://www.bbc.com/portuguese/ciencia/story/2004/10/printable/041020_martecl.shtml
Mostre o vídeo de animação Foguete de plasma vai à Marte em 90 dias disponível no
link abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=bScPGH-jwyA
Para estudar algumas propriedades dos gases e líquidos, mostre que o
foguete de garrafa PET utiliza água e ar comprimido. Depois faça o seguinte
questionamento:
Por que utilizamos água e não somente ar comprimido?
A partir desse questionamento, discuta sobre as propriedades dos gases e
líquidos dando ênfase à incompressibilidade dos líquidos e elasticidade do ar. Para
mostrar essas propriedades utilize uma seringa (sem agulha) de 20 ml.
Para estudar a elasticidade do ar, peça a um dos estudantes que puxe o
êmbolo, tapando o bico da seringa, empurre o êmbolo e, em seguida, solte-o, sempre
mantendo o bico da seringa tapado. Peça-os que observem o êmbolo e faça os
questionamentos:
a) Por que o êmbolo é empurrado para trás?
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b) Qual a propriedade dos gases que explica essa ação?
Em seguida, coloque água na seringa de forma que não sobre espaço vazio
entre a água e o êmbolo. Peça a um dos estudantes que empurre o êmbolo e depois
faça os questionamentos:
a) Por que agora não conseguimos empurrar o êmbolo?
b) Qual a propriedade dos líquidos explica esse comportamento?
Após esse experimento, promova um debate sobre o porquê de se utilizar
água e ar comprimido no lançamento dos foguetes de garrafa PET
Duração da atividade: 2 aulas
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Atividade 5 – Além das leis de Newton – parte 2
Objetivo: Usar o foguete de garrafa PET para estudar o centro de massa e o centro
de pressão de um corpo rígido.
Para mostrar o conceito de centro de massa utilize uma régua de 30 cm e
borrachas dos próprios estudantes.
Primeiramente faça os questionamentos:
a) O que é ponto de equilíbrio?
b) O que é centro de massa?
Como motivação, faça a seguinte desafio aos estudantes: escolha um e
proponha presenteá-lo com qualquer objeto de seu desejo, caso ele consiga tocar nas
pontas dos dedos dos pés, quando encostado na parede e com os calcanhares
também encostados na parede de forma a fazer um ângulo de 90º e sem dobrar os
joelhos. É importante lembrar que os calcanhares têm que ficar encostados na parede
A partir desse desafio, discuta o que é ponto de equilíbrio.
Para estudar o conceito de centro de massa, peça aos estudantes que
equilibrem uma régua com o dedo e faça os questionamentos:
a) Em que ponto da régua você segurou para que ela ficasse em equilíbrio?
b) Se colocarmos uma borracha numa das pontas da régua, aonde deveríamos
segurar agora para que ela fique em equilíbrio?
Peça aos estudantes que equilibrem a régua novamente. Mude a posição da
borracha várias vezes e descubra o novo ponto de equilíbrio. Faça os
questionamentos:
a) Em torno de que ponto a régua gira?
b) Se tivéssemos uma régua feita com metade plástico e a outra metade de ferro, o
ponto de equilíbrio estaria no centro?
A partir desses questionamentos discuta a densidade não uniforme e sua
relação com o centro de massa.
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Agora segure o foguete com a régua até encontrar o ponto de equilíbrio e peça
aos estudantes que estime a posição do seu centro de massa. Enfatize que, devido
à simetria da garrafa PET, a coordenada horizontal do seu centro de massa está
exatamente no meio da garrafa.
Para discutirmos o conceito de centro de pressão, utilize uma aproximação
desenhando a silhueta do foguete em um papelão e depois encontre o centro de
massa do papelão (Figura 1). Nesse caso, devido à simetria, a posição do centro de
pressão do foguete coincide com a posição do centro de massa do papelão. Para
encontrar o centro de pressão pela figura, siga as instruções dadas por (SOUZA,
2007).
a) Projete a silhueta do foguete em um papel e divida suas partes em regiões
retangulares e triangulares para facilitar a obtenção do CP (Figura 1).
b) Projete a silhueta do foguete em um pedaço de papelão e encontre seu CM; isto
fornecerá uma ideia da posição do CP do foguete, que neste caso coincide com o
CM do papelão.
Figura 1: Determinação do centro de pressão Fonte: Souza, 2007
http://www.sbfisica.org.br/fne/Vol8/Num2/v08n02a02.pdf
Após a localização aproximada do centro de massa e do centro de pressão,
discuta a relação desses com a estabilidade do voo do foguete. Explique que a
necessidade dessa separação é devido à natureza das forças que atuam em cada um
desses pontos. Enfatize que no centro de massa, atua a resultante das forças de
origem gravitacional e é, portanto, o ponto em torno do qual o foguete tende a girar.
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Promova um debate acerca do deslocando do centro de massa para um ponto
acima do centro de pressão. Enfatize que esse procedimento é necessário para que
o foguete corrigir sua rota, caso ele sofra alguma rotação em torno do seu centro de
massa. Faça os questionamentos:
a) O que acontece se o centro de massa ficar muita acima do centro de
pressão?
b) O que acontece se o centro de massa ficar abaixo do centro de pressão?
No lançamento de foguetes, encha toda a coifa do foguete com água e peça
aos estudantes que observem o voo. Discuta porque o foguete fica oscilando, mas
não muda a direção.
Não recomendamos construir foguete com o centro de massa abaixo do
centro de pressão, pois o mesmo pode mudar a direção e cair próximo do pondo de
lançamento (Esse desvio depende logicamente da inclinação do foguete na saída).
Caso isto aconteça em algum lançamento, peça aos estudantes que fiquem atentos
para não se machucarem e depois discuta porque o foguete mudou a rota.
Duração da atividade: 2 aulas
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Atividade 6 – Oficina de construção dos foguetes de garrafa PET
Objetivo: Construir os foguetes de garrafa PET a serem lançados.
Para a oficina de construção dos foguetes de garrafa PET, utilize o roteiro
descrito no item 3.
Instruções ao professor:
Na aula anterior à oficina, divida a turma em 5 ou 6 grupos e peça a cada grupo
para trazer o material necessário para construção do foguete.
Organize a sala de maneira que os estudantes possam tirar dúvidas na
montagem.
Certifique, com cada grupo, o alinhamento dos foguetes e das aletas.
Não permita que os estudantes usem cola para fixar as partes do foguete, pois
isso pode comprometer a resistência da garrafa PET.
Ao término da construção dos foguetes, repasse as regras de segurança abaixo:
Não usar material metálico em qualquer parte do foguete.
A pressão a ser utilizada será de, no máximo, 80 libras por polegada quadrada
(80 psi), equivalente a cinco vezes a pressão atmosférica.
Não utilizar cola a quente para fixar as empenas ou qualquer outra parte do
foguete na garrafa que compõe a câmara de pressão. Para esse fim somente
utilizar fita adesiva de qualidade comprovada.
Durante a construção, testes ou lançamento não manusear ou aproximar de
um foguete cuja câmara esteja pressurizada.
Verificar a estabilidade do foguete antes do 1º voo.
Duração da atividade: 1 aula
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Atividade 7 – Lançamento dos foguetes de garrafa PET.
Objetivo: Lançar os foguetes de garrafa PET construídos pelos grupos.
Para o lançamento dos foguetes construa a base se lançamento descrita no
item 4. É importante lembrar que, como medida de segurança, a base deve ser feita
somente pelo professor.
Antes do lançamento:
Certifique-se que a área livre é suficiente para soltar o foguete com segurança.
Fixe a base de lançamento ao chão com 2 parafusos ou 2 chaves de fenda
conforme a figura 2 abaixo:
Figura 2: Base de lançamento fixa no chão Fonte: o autor
Coloque o gatilho com um barbante de 4 metros de comprimento.
Use um extensor para colocar o bico da bomba na entrada de ar da base de
lançamento.
Preencha a câmara de compreensão com 1/3 de água.
Incline o foguete cerca de 60º em relação a horizontal.
Pressurize até no máximo 80 psi de pressão (use sempre bomba com manômetro).
Faça a contagem regressiva para que todos fiquem atentos ao lançamento.
Peça a um dos integrantes do grupo que puxe o barbante para liberar o foguete.
Caso o foguete fique preso na base, não deixe os estudantes se aproximarem.
Abra a válvula e despressurize o foguete e retire-o da base.
Duração da atividade: 1 aula
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Atividade 8 – Retomando os conteúdos.
Objetivo: Fazer uma revisão dos conteúdos e avaliar as atividades desenvolvidas.
Faça um esquema como mostrado na figura 3 abaixo e peça aos estudantes
que escrevam as forças que atuam no foguete.
Figura 3: Esquema de funcionamento do foguete de garrafa PET
Fonte: Programa AEB-Escola http://aebescola.aeb.gov.br/index.php/repositorio
Com esse esquema procure retomar todos os conteúdos estudados e faça um
debate para que os estudantes ponderem os pontos positivos e negativos do trabalho
realizado.
Aplique o pós-teste (com as mesmas questões ou com questões parecidas do
pré-teste) e compare os resultados para analisar a aprendizagem dos estudantes.
Duração da atividade: 2 aulas
Centro de massa
Centro de pressão
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6. PALAVRA FINAL
Acreditamos na validade desse trabalho como meio de fazer a transposição
didática de alguns conteúdos de Física. Delimitamos esse estudo aos três conteúdos
trabalhados, mas durante a aplicação, surgiram outras possibilidades de ampliação
do estudo. Esperamos que o professor possa ir além do que exploramos aqui, seja
adaptando, melhorando ou acrescentando novos conteúdos que possam ser
explorados por meio do lançamento de foguete e garrafa PET. Como sugestão,
podemos mencionar: o estudo das leis de conservação da energia, do momento linear
e angular, estudar o plasma a partir de seu uso como propulsor de foguetes; estudar
trajetórias dos foguetes de garrafa PET; usar os foguetes de garrafa PET com palitos
de luz nas escolas que tenham turmas no noturno, como forma de atender estudantes
que não têm possiblidades de vivenciar essas práticas; estudar os efeitos da
resistência do ar nos foguetes de garrafa PET por meio de modelagem matemática.
Dessa forma, esperamos que este material sirva como apoio para atividades
experimentais em sala de aula e que seja trabalhado de maneira a propiciar atividades
investigativas, com o estudante participando das descobertas e propondo soluções
aos problemas levantados pelo professor. Acreditamos que a aprendizagem
contextualizada, feita de forma interdisciplinar, é uma solução para dar significado aos
conteúdos e também uma forma de aproximar o aluno da realidade vivenciada por
ele. Feito dessa maneira, estamos fazendo nossa parte enquanto educadores, que é
mostrar a beleza da Física e o quanto ela pode ser apaixonante.
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7. SUGESTÃO DE QUESTÕES PARA O PRÉ E PÓS-TESTE
TESTE SOBRE CONCEITOS DE FÍSICA
O teste contém 14 questões
Cada questão possui uma única resposta correta
1) É comum, em filmes de ficção científica, que naves espaciais, mesmo quando
longe de qualquer planeta ou estrela, permaneçam com os motores ligados
durante todo o tempo de percurso da viagem. Marque a alternativa que você
considera correta. Pois esse fato:
A) Se justifica, porque, se os motores forem desligados, a velocidade da nave
diminuirá com o tempo até parar.
B) Se justifica, pois para que qualquer objeto se mova, é necessária a ação de
uma força sobre ele.
C) Se justifica, pois se os motores forem desligados, a nave será desviada, de
forma gradativa, de sua rota.
D) Não se justifica, pois, uma vez colocada no seu rumo, a nave seguirá até o
destino com velocidade constante.
2) Um passageiro de um ônibus segura, por meio de um barbante, um balão na
vertical (o passageiro e o balão estão em repouso em relação ao ônibus. É correto
afirmar que:
A) Quando o ônibus freia, o balão se desloca para trás.
B) Quando o ônibus acelera para frente, o balão se desloca para trás.
C) Quando o ônibus acelera para frente, o barbante permanece na vertical.
D) Quando o ônibus freia, o barbante permanece na vertical.
3) Um menino lança verticalmente para cima uma bola. Os pontos A, B e C identificam
algumas posições da bola após o lançamento. É desprezível a força resistiva do
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ar na bola. No ponto A, quando a bola está subindo, qual dos desenhos melhor
representa a (s) força (s) exercida (s) pela bola?
4) Um caminhão puxa um reboque acelerado sobre uma estrada horizontal. Você
pode afirmar que a força que o caminhão exerce sobre o reboque é, em módulo:
A) igual à força que o reboque exerce no caminhão
B) maior que a força que o reboque exerce no caminhão
C) igual à força que o reboque exerce sobre a estrada
D) igual à força que a estrada exerce sobre o reboque
E) igual à força que a estrada exerce sobre o caminhão
5) A figura se refere a um indivíduo que lança com grande velocidade uma bola sobre
uma superfície horizontal com atrito. Os pontos A e B são pontos da trajetória da
bola após o lançamento, quando a bola já está rolando; no ponto C a bola está
finalmente em repouso. As setas nos desenhos seguintes simbolizam as forças
horizontais sobre a bola nos pontos A, B e C. Qual dos esquemas melhor
representa a (s) força(s) sobre a bola?
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6) Um foguete está empurrando um satélite danificado que se perdeu no espaço.
Marque a alternativa que melhor representa a(s) força(s) que atuam no foguete e
no satélite devido apenas à interação entre os dois (direção e sentido do
movimento )
7) O ar tem a propriedade de ocupar todo o volume de um recipiente adquirindo o seu
formato, já que não tem forma própria. Assim podemos fechá-lo em um recipiente
com volume determinado e posteriormente provocar-lhe uma redução de volume
usando uma força externa. A essa propriedade dá-se o nome de:
A) difusibilidade.
B) compressibilidade.
C) elasticidade.
D) expansibilidade.
E) vaporabilidade.
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8) O ar possui a propriedade de aumentar seu volume e adquirir o formato do
recipiente que o contém.
Essa propriedade é denominada de:
A) difusibilidade.
A) compressibilidade.
B) elasticidade.
C) expansibilidade.
D) vaporabilidade
9) Uma das propriedades dos líquidos que tem mais aplicações tecnológicas é a sua
propriedade de não diminuir de volume, em condições normais de temperatura e
pressão, quando submetido a uma força externa. Esta propriedade é chamada de:
A) viscosidade
B) vaporabilidade
C) incompressibilidade
D) imponderabilidade
E) indifusibilidade
10) A respeito do estado físico da matéria, marque a alternativa correta:
A) No estado líquido, a matéria pode variar amplamente a forma e o volume.
B) A matéria se encontra em três estados físicos distintos: sólido, líquido, gasoso.
C) No estado sólido, as moléculas estão "presas" umas às outras e não há movimento
de vibração.
D) O estado gasoso é o estado onde as moléculas estão relativamente próximas e
possuem forma bem definida.
E) O plasma é o quarto estado da matéria e também o estado em que a maioria da
matéria se encontra no universo.
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11) Seis peças de um jogo de dominó estão dispostas como na figura. Dos pontos
indicados (F, G, H, I, J) o que melhor localiza o centro de massa desse conjunto é:
12) Na figura vemos que uma série de fotos, tiradas em intervalos bem pequenos,
de uma barra de ferro em movimento. Ainda pela figura podemos ver que essa
barra descreve uma trajetória parabólica em torno do seu centro de massa,
descrita pelo ponto preto
A respeito do centro de massa é correto afirmar que:
A) É o ponto onde agem todas as forças sobre a barra de ferro.
B) É ponto onde a resultante das forças centrípetas que agem sobre a barra de ferro
é nula.
C) É o ponto de equilíbrio das forças gravitacionais que agem sobre a barra de ferro
e está relacionado com a massa de cada parte que o compõe.
D) É o ponto onde está concentrada toda a massa da barra de ferro e todas as
forças que atuam na barra também está localizada nesse ponto.
13) O centro de pressão é o ponto de equilíbrio de forças exercidas sobre um
Foguete e contribui para a correção de sua trajetória. Esse ponto está
relacionado à:
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A) Força peso
B) Força gravitacional
C) Forças aerodinâmicas
D) Força de resistência do ar.
14) A figura abaixo mostra o esquema de um foguete destacando dois pontos ao
longo do eixo y.
Esses pontos estão relacionados ao centro de massa e ao centro de pressão. Para
que tenhamos um voo estável, sem turbulências, em um campo gravitacional
uniforme, é necessário que:
A) O centro de massa esteja acima do centro de pressão.
B) E centro de massa esteja abaixo do centro de pressão.
C) O centro de massa e centro de pressão estejam no mesmo ponto
D) A estabilidade do voo não depende da posição relativa entre o centro de massa e
o centro de pressão.
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