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Introdução
► Ao mesmo tempo ciência e arte, a ARQUITETURA
fundamenta-se tanto nas condições particulares de
determinado momento histórico, que lhe conferem forma (firmitas) e função
(utilitas), como nos aspectos ideológicos individuais e
coletivos, o que lhe garante significado e caráter
(venustas). Cimitero di San Cataldo
(1970/71, Modena Itália) Aldo Rossi (1931-97)
► Compreender o modo pelo qual a obra arquitetônica foi concebida, suas bases e princípios de criação, é
uma forma de desvendá-la, interpretando-a em todos os seus sentidos; enfim, compreendo-a como
obra de arte e, ao mesmo tempo, bem-de-consumo.
Glass House (1997, Almelo Holanda) Dirk Jan Postel (1957-)
Mies van der Rohe (1886-1969) Farnsworth House (Plano Chicago IL)
►No decorrer da história da civilização – e na maioria das vezes –, na tentativa de analisar conceitualmente a arquitetura, os teóricos
recorreram a ANALOGIAS, as quais fornecem um modo de organizar projetos em ordem hierárquica.
► Por meio de uma análise analógica – ou comparativa –, é possível identificar o que
o arquiteto pensou prioritariamente enquanto criava e o que deixou para um estágio posterior
no processo de projeto.
► Toda ANALOGIA, seja arquitetônica ou não, é a comparação entre dois casos paralelos, podendo ser positiva – quando baseada em similitudes existentes – ou negativa – mais
baseada nas diferenças entre os objetos –;
ou ainda, na inversão de uma forma ou
método estabelecido.
Walking City (1964) Peter Cook (1937-95)
Norman Foster (1935-)
The Gherkin 30 St. Mary Axe
Swiss Re Building
(2003/04 London GB)
► O processo analógico em arquitetura é usado tanto para se analisar algo desconhecido como para criar o novo a partir do existente, possuindo deste modo 02 (dois) propósitos:
Empregar o conhecimento existente como ponto de
partida para a conceituação do projeto.
Conferir um significado preciso a uma obra através do
estabelecimento de relações formais ou funcionais entre o
novo e o existente.
Frank Lloyd Wright (1867-1959) Solomom R. Guggeheim Museum (1959, N. York EUA)
Walt Disney Concert Hall (2000/03, Los Angeles CA) Frank O’Gehry (1929-)
► De acordo com Snyder & Catanase (1984), são os seguintes os principais conceitos de arquitetura, baseados em analogias recorrentes empregadas pelos teóricos para explicar o fazer arquitetônico:
a) Conceito Matemático
b) Conceito Mecânico
c) Conceito Biológico
d) Conceito Romântico
e) Conceito Teatral
f) Conceito Musical
g) Conceito Sistêmico
h) Conceito Tipológico
i) Conceito Linguístico
j) Conceito Existencial
ou Ad-hocista
a) Conceito Matemático
► Utilizando-se desta analogia, o projetista estabelece a base de tomada de decisões arquitetônicas na MATEMÁTICA e na GEOMETRIA,
priorizando relações numéricas, conceitos de equilíbrio e proporção e
princípios como a de
pureza e perfeição.
Templo de Netuno ( Séc. VI a.C., Paestum Gr.)
Desenho Leon B. Alberti
(1404-72)
► Como exemplos, podem ser citados: a aplicação
da SEÇÃO ÁUREA; a utilização de formas puras e o emprego de
eixos reguladores, métodos presentes
no classicismo greco-romano, na arquitetura
renascentista, no neoclassicismo e no
racionalismo moderno.
Seção áurea
Parthenon (Séc. V a.C. Atenas Gr.)
Église de La Madeleine (1806/28, Paris França) Pierre A. B. Vignon (1763-1828)
Sta. Maria delle Grazie (1492/97, Milano It.)
Donato Bramante (1444-1514)
Andrea Palladio (1508-80) Villa Emo (1558/59, Vedelago, Treviso Itália)
Villa Stein (1927, Garches Fr.) Le Corbusier (1887-1965)
Giuseppe Terrgani(1904-43) Casa del Fascio (1936, Como It.)
Modulor (1943)
b) Conceito Mecânico
► Aqui, considera-se os edifícios como MÁQUINAS
e que, portanto, devem expressar apenas o que são e para que servem,
priorizando articulações, mecanismos e tecnologia.
► O FUNCIONALISMO torna-se o requisito
primordial, assim como as questões de economia,
eficiência e rapidez construtiva e executiva.
The Westin Bonaventura Hotel (1974/76, Los Angeles Cal. EUA)
John C. Portman (1924-)
Le Corbusier (1887-1965) Villa Savoye (1929/31, Poissy Fr.)
► Como melhores exemplos estão a arquitetura tecnicista (Slick-Tech) e ultratecnicista (High-Tech) do século passado, as quais devem muitos de seus
princípios ao pensamento racionalista dos forjadores do MOVIMENTO MODERNO (1915/45).
Richard Rogers (1933-) & Renzo Piano (1937-)
Centre Georges Pompidou (1977, Paris France)
Lloyd’s Bank Building (1978/86, City of London GB)
Richard Rogers (1933-)
John Hancock Tower (1972/75, Boston Mass. EUA)
I.M. Pei (1917-)
c) Conceito Biológico
► Voltando-se desta vez para o mundo natural e não tecnológico, o projetista compara o fazer arquitetônico a um processo biológico, o que resulta basicamente em 02 (dois) enfoques distintos:
Biológico-orgânico
Biológico-formal
Solomom R. Guggeheim Museum (1959, N. York EUA)
Frank Lloyd Wright (1867-1959)
► A CONCEPÇÃO BIOLÓGICO-ORGÂNICA focaliza as
relações entre partes da construção ou entre a
construção e seu ambiente através das noções de
crescimento espontâneo e natural.
► Como exemplo, cita-se o ORGANICISMO
wrightiano, em seus conceitos de
desenvolvimento de dentro para fora e de total
integração com a natureza. Kirkwood House
(1937, Ebsworth Park MS)
Johnson Residence Atual Wingspread Conference Center (1938/39, Wingspread WI) Frank Lloyd Wright (1867-1959)
► Paralelamente, pode-se identificar o conceito biológico-orgânico quando se analisa alguns
projetos imersos na discussão ecológica contemporânea, que comparam edifícios a seres
vivos, em questões como regulação térmica, eficiência energética e ciclo de existência.
Torre Agbar (2005, Barcelona Esp.)
Jean Nouvel (1945-)
Norman Foster (1935-) Reichstag Restoration (1999, Berlin Alem.)
► O ENFOQUE BIOLÓGICO-FORMAL ou BIOMÓRFICO
prioriza o processo dinâmico, no qual a arquitetura cresce e
altera-se através da expansão, multiplicação
ou regeneração.
► Isto pode ser exemplificado pela TECNOTOPIA
arquitetônica das propostas
do grupo Archigram ou dos arquitetos
japoneses do METABOLISMO
da década de 1960.
Peter Cook (1937-95) Living City (1964)
City in the Air (1962/64) Arata Isozaki (1931-)
► De modo mais literal, o biomorfismo pode ser identificado nas propostas de algumas vertentes
do design contemporâneo, especialmente o escandinavo, o francês e o italiano dos anos 50 e 60
do século passado (MANEIRISMO MODERNO).
Pastil Chair (1967) Eero Arnio (1932-)
Tongue Chair (1967)
Pierre Paulin (1927-)
Artfort Chairs (1959/63)
d) Conceito Romântico
► Essa analogia associa-se a uma ARQUITETURA EVOCATIVA, que provoca e expressa uma resposta emocional do observador, o que é conseguido de 02 (duas) maneiras:
evocando associações simbólicas e referências à natureza;
fazendo uso de formas não-familiares, de estimulação excessiva e aleatória.
Catedral de Chartres (Sécs. XII-XIII)
Catedral de Reims (Sécs. XIII-XIV)
► Essa ênfase no sentimento, de forte apelo à emoção e às sensações (físicas e
espirituais), pode ser exemplificada através
desde a arquitetura gótica, do período
medieval, até o ECLETISMO do século
XIX e o Art Nouveau; ou ainda por meio do INFORMALISMO arquitetônico, da
segunda metade do século passado. Templo Expiatório da Sagrada Família
(1884/1926, Barcelona Espanha) Antoni Gaudi (1852-1926)