22
Conceitos em Arquitetura Antonio Castelnou

Conceitos em Arquitetura - Fundamentos da Arquiteturaarquitetoeurbanista.weebly.com/uploads/6/8/3/8/6838251/ta487_e-01a.pdf · Compreender o modo pelo qual a obra arquitetônica foi

Embed Size (px)

Citation preview

Conceitos em Arquitetura Antonio Castelnou

Introdução

► Ao mesmo tempo ciência e arte, a ARQUITETURA

fundamenta-se tanto nas condições particulares de

determinado momento histórico, que lhe conferem forma (firmitas) e função

(utilitas), como nos aspectos ideológicos individuais e

coletivos, o que lhe garante significado e caráter

(venustas). Cimitero di San Cataldo

(1970/71, Modena Itália) Aldo Rossi (1931-97)

► Compreender o modo pelo qual a obra arquitetônica foi concebida, suas bases e princípios de criação, é

uma forma de desvendá-la, interpretando-a em todos os seus sentidos; enfim, compreendo-a como

obra de arte e, ao mesmo tempo, bem-de-consumo.

Glass House (1997, Almelo Holanda) Dirk Jan Postel (1957-)

Mies van der Rohe (1886-1969) Farnsworth House (Plano Chicago IL)

►No decorrer da história da civilização – e na maioria das vezes –, na tentativa de analisar conceitualmente a arquitetura, os teóricos

recorreram a ANALOGIAS, as quais fornecem um modo de organizar projetos em ordem hierárquica.

► Por meio de uma análise analógica – ou comparativa –, é possível identificar o que

o arquiteto pensou prioritariamente enquanto criava e o que deixou para um estágio posterior

no processo de projeto.

► Toda ANALOGIA, seja arquitetônica ou não, é a comparação entre dois casos paralelos, podendo ser positiva – quando baseada em similitudes existentes – ou negativa – mais

baseada nas diferenças entre os objetos –;

ou ainda, na inversão de uma forma ou

método estabelecido.

Walking City (1964) Peter Cook (1937-95)

Norman Foster (1935-)

The Gherkin 30 St. Mary Axe

Swiss Re Building

(2003/04 London GB)

► O processo analógico em arquitetura é usado tanto para se analisar algo desconhecido como para criar o novo a partir do existente, possuindo deste modo 02 (dois) propósitos:

Empregar o conhecimento existente como ponto de

partida para a conceituação do projeto.

Conferir um significado preciso a uma obra através do

estabelecimento de relações formais ou funcionais entre o

novo e o existente.

Frank Lloyd Wright (1867-1959) Solomom R. Guggeheim Museum (1959, N. York EUA)

Walt Disney Concert Hall (2000/03, Los Angeles CA) Frank O’Gehry (1929-)

► De acordo com Snyder & Catanase (1984), são os seguintes os principais conceitos de arquitetura, baseados em analogias recorrentes empregadas pelos teóricos para explicar o fazer arquitetônico:

a) Conceito Matemático

b) Conceito Mecânico

c) Conceito Biológico

d) Conceito Romântico

e) Conceito Teatral

f) Conceito Musical

g) Conceito Sistêmico

h) Conceito Tipológico

i) Conceito Linguístico

j) Conceito Existencial

ou Ad-hocista

a) Conceito Matemático

► Utilizando-se desta analogia, o projetista estabelece a base de tomada de decisões arquitetônicas na MATEMÁTICA e na GEOMETRIA,

priorizando relações numéricas, conceitos de equilíbrio e proporção e

princípios como a de

pureza e perfeição.

Templo de Netuno ( Séc. VI a.C., Paestum Gr.)

Desenho Leon B. Alberti

(1404-72)

► Como exemplos, podem ser citados: a aplicação

da SEÇÃO ÁUREA; a utilização de formas puras e o emprego de

eixos reguladores, métodos presentes

no classicismo greco-romano, na arquitetura

renascentista, no neoclassicismo e no

racionalismo moderno.

Seção áurea

Parthenon (Séc. V a.C. Atenas Gr.)

Église de La Madeleine (1806/28, Paris França) Pierre A. B. Vignon (1763-1828)

Sta. Maria delle Grazie (1492/97, Milano It.)

Donato Bramante (1444-1514)

Andrea Palladio (1508-80) Villa Emo (1558/59, Vedelago, Treviso Itália)

Villa Stein (1927, Garches Fr.) Le Corbusier (1887-1965)

Giuseppe Terrgani(1904-43) Casa del Fascio (1936, Como It.)

Modulor (1943)

b) Conceito Mecânico

► Aqui, considera-se os edifícios como MÁQUINAS

e que, portanto, devem expressar apenas o que são e para que servem,

priorizando articulações, mecanismos e tecnologia.

► O FUNCIONALISMO torna-se o requisito

primordial, assim como as questões de economia,

eficiência e rapidez construtiva e executiva.

The Westin Bonaventura Hotel (1974/76, Los Angeles Cal. EUA)

John C. Portman (1924-)

Le Corbusier (1887-1965) Villa Savoye (1929/31, Poissy Fr.)

► Como melhores exemplos estão a arquitetura tecnicista (Slick-Tech) e ultratecnicista (High-Tech) do século passado, as quais devem muitos de seus

princípios ao pensamento racionalista dos forjadores do MOVIMENTO MODERNO (1915/45).

Richard Rogers (1933-) & Renzo Piano (1937-)

Centre Georges Pompidou (1977, Paris France)

Lloyd’s Bank Building (1978/86, City of London GB)

Richard Rogers (1933-)

John Hancock Tower (1972/75, Boston Mass. EUA)

I.M. Pei (1917-)

c) Conceito Biológico

► Voltando-se desta vez para o mundo natural e não tecnológico, o projetista compara o fazer arquitetônico a um processo biológico, o que resulta basicamente em 02 (dois) enfoques distintos:

Biológico-orgânico

Biológico-formal

Solomom R. Guggeheim Museum (1959, N. York EUA)

Frank Lloyd Wright (1867-1959)

► A CONCEPÇÃO BIOLÓGICO-ORGÂNICA focaliza as

relações entre partes da construção ou entre a

construção e seu ambiente através das noções de

crescimento espontâneo e natural.

► Como exemplo, cita-se o ORGANICISMO

wrightiano, em seus conceitos de

desenvolvimento de dentro para fora e de total

integração com a natureza. Kirkwood House

(1937, Ebsworth Park MS)

Johnson Residence Atual Wingspread Conference Center (1938/39, Wingspread WI) Frank Lloyd Wright (1867-1959)

► Paralelamente, pode-se identificar o conceito biológico-orgânico quando se analisa alguns

projetos imersos na discussão ecológica contemporânea, que comparam edifícios a seres

vivos, em questões como regulação térmica, eficiência energética e ciclo de existência.

Torre Agbar (2005, Barcelona Esp.)

Jean Nouvel (1945-)

Norman Foster (1935-) Reichstag Restoration (1999, Berlin Alem.)

► O ENFOQUE BIOLÓGICO-FORMAL ou BIOMÓRFICO

prioriza o processo dinâmico, no qual a arquitetura cresce e

altera-se através da expansão, multiplicação

ou regeneração.

► Isto pode ser exemplificado pela TECNOTOPIA

arquitetônica das propostas

do grupo Archigram ou dos arquitetos

japoneses do METABOLISMO

da década de 1960.

Peter Cook (1937-95) Living City (1964)

City in the Air (1962/64) Arata Isozaki (1931-)

► De modo mais literal, o biomorfismo pode ser identificado nas propostas de algumas vertentes

do design contemporâneo, especialmente o escandinavo, o francês e o italiano dos anos 50 e 60

do século passado (MANEIRISMO MODERNO).

Pastil Chair (1967) Eero Arnio (1932-)

Tongue Chair (1967)

Pierre Paulin (1927-)

Artfort Chairs (1959/63)

d) Conceito Romântico

► Essa analogia associa-se a uma ARQUITETURA EVOCATIVA, que provoca e expressa uma resposta emocional do observador, o que é conseguido de 02 (duas) maneiras:

evocando associações simbólicas e referências à natureza;

fazendo uso de formas não-familiares, de estimulação excessiva e aleatória.

Catedral de Chartres (Sécs. XII-XIII)

Catedral de Reims (Sécs. XIII-XIV)

► Essa ênfase no sentimento, de forte apelo à emoção e às sensações (físicas e

espirituais), pode ser exemplificada através

desde a arquitetura gótica, do período

medieval, até o ECLETISMO do século

XIX e o Art Nouveau; ou ainda por meio do INFORMALISMO arquitetônico, da

segunda metade do século passado. Templo Expiatório da Sagrada Família

(1884/1926, Barcelona Espanha) Antoni Gaudi (1852-1926)