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Introdução Denomina-se MEIO AMBIENTE qualquer condição ou influência situada fora de um organismo, grupo ou outro sistema que se
analise, consistindo basicamente em um sistema ecológico formado por componentes físicas,
químicas, biológicas e sociais.
Deste modo, é constituído tanto por aspectos concretos como abstratos, objetivos e
subjetivos, sendo portanto formado por uma série de relações entre seus elementos e seus
ocupantes, de cujo relacionamento tem-se uma ORDEM, que se organiza em diferentes graus.
Como sistema, todo meio ambiente deve ser compreendido como um conjunto de 05 (cinco) diferentes níveis:
O indivíduo O nível físico O nível pessoal O nível suprapessoal O nível social
O NÍVEL FÍSICO é constituído pelos fatores naturais, geográficos e climáticos, além dos elementos artificiais, construídos pelo homem.
O NÍVEL PESSOAL inclui os indivíduos que são centros de referência para o modo de pensar e agir do indivíduo, tais como família, amigos, autoridades, grupos por afinidade, etc.
O NÍVEL SUPRAPESSOAL são as características
originadas pelas condições pessoais dos
ocupantes por razões de idade, sexo, crença,
classe social, estilo de vida e outras.
Já o NÍVEL SOCIAL é formado pelo conjunto de regras e normas da
sociedade, além das instituições que regem o
comportamento do indivíduo.
Percepção Ambiental
De acordo com ZEVI (2000), o ESPAÇO ARQUITETÔNICO experiencia-se como uma extensão tridimensional do mundo que nos rodeia, formado por intervalos, relações e distâncias entre pessoas; entre pessoas e
coisas; e entre coisas.
Ele está no coração do MEIO AMBIENTE CONSTRUÍDO – MAC, no qual a organização espacial é aspecto mais importante do que
propriamente as formas, materiais ou técnicas.
O MAC consiste na organização do espaço, do tempo e dos significados
(formas, materiais, cores) do território, a qual depende de
valores e normas dos diferentes grupos sociais.
Como há diversas formas de perceber, compreender e
classificar o mundo existente, são produzidas também
variações do MEIO AMBIENTE PERCEBIDO – MAP.
PERCEPÇÃO AMBIENTAL consiste no conjunto de atitudes, motivações e
valores que influem nos distintos grupos sociais no
momento de definir o MAP, o qual não somente afeta o seu conhecimento
como também seu comportamento dentro
deste.
Já que a percepção é uma propriedade mental, o
MEIO AMBIENTE PERCEBIDO – MAP é a idéia geral que se tem sobre o meio ambiente construído, ou seja, a
superfície total a partir da qual as decisões vão se definindo e que inclui elementos naturais e
artificiais; reais e irreais; geográficos, políticos, econômicos e sociais.
Assim, um único processo de PERCEPÇÃO AMBIENTAL de determinado MAC pode conduzir a produtos diferentes, ou melhor, a MAP’s distintos,
o que leva a comportamentos, expectativas e significados distintos (RAPOPORT, 1980).
Níveis de Percepção
Existem 03 (três) níveis de PERCEPÇÃO AMBIENTAL,
os quais podem ser comprendidos como as
fases consecutivas de um mesmo processo:
Captação sensorial do meio Cognição ambiental
Avaliação ambiental
Captação sensorial do meio
É a percepção física através dos sentidos, que é mais ou menos
idêntica entre as pessoas e é necessária para a sobrevivência do gênero humano, embora
existam evidências de uma variabilidade
cultural que influencia em termos de nível de
discriminação entre estímulos (processo
mais objetivo e pouco variável).
A captação sensorial do meio ambiente dá-se através dos seguintes sentidos:
Visão Audição Cinestesia Tato Olfato/Paladar
Os espaços arquitetônicos são presenciados e percebidos através dos sentidos humanos, que
estabelecem condicionantes:
Visuais:
Sentido dominante dos seres humanos, que proporciona
mais informação que os outros sentidos, apoiando-se
na percepção de distância, luz, contraste, cor, etc.
Auditivos: Sentido transitório
muito mais fluído e passivo que a visão, relacionando-se com o som. O espaço acústico não se situa, sendo esférico e sem limites.
Tácteis: Sentido através do qual
se percebe a textura, cuja experiência se faz
através das mãos e pés. A percepção táctil
entre duro/macio, liso/rugoso, etc.,
compõe todo ambiente.
Cinestésicos: Sentido que
sintetiza sensações de deslocamento e de mudança de posição, relacionada com as variações de escala, forma, direção, sentido, etc.
Olfativos:
Sentido imediato, emotivo e primitivo, podendo ser mais ambíguo que exato. Tem papel essencial na recordação de locais, enriquecendo o sentido de lugar.
Palativos: Sentido do gosto, que
permite sentir, juntamente com o
olfato, os quatro sabores (doce, salgado,
ácido e amargo).
Cognição ambiental
Está relacionada à compreensão e ao
conhecimento, tratando da descrição de como as pessoas
estruturam, apreendem e conhecem seu meio, através de formas como esquemas, noções, etc., às quais são variáveis com a cultura.
Por exemplo, reconhece-se um local como bar pela noção
de bar ser um significado cultural previamente
existente (processo mais abstrato e variável).
Avaliação ambiental
Está ligada às preferências, baseando-
se na definição de valores em relação ao
ambiente, às qualidades do meio, à seleção de
meios ótimos e à imaginação “idealizada”
do meio ambiente (processo muito
subjetivo e variável).
Cada grupo social tem sua imagem do que é um meio ambiente de
qualidade. Por exemplo: preferências diversas de
cor e de forma; privacidade e
segurança; proximidade de determinadas áreas; ausência de indústrias ou outros riscos, etc.
Produção Espacial Segundo RAPOPORT
(1980), as ATIVIDADES humanas e os sistemas espaço-temporais são os fatores básicos para a organização de espaços arquitetônicos.
Toda atividade envolve 04 (quatro)
aspectos relacionados entre si, que são:
Aspectos da atividade em si: comer, comprar, caminhar, etc.
Aspectos do modo específico de realizá-la: comer em uma lanchonete, comprar em uma loja, sentar no chão, etc.
Aspectos secundários: conversar enquanto compra, observar enquanto passeia, etc.;
Aspectos simbólicos de cada atividade: cozinhar como ritual, comprar como cerimônia, etc.
É possível criar um diagrama que explica o processo de produção do espaço arquitetônico a
partir da organização espacial das atividades humanas, a saber:
visão do mundo, crenças e valores compartilhados
CULTURA
criação de esquemas (modelos mentais)
M A P
estilos de vida, regras de conduta, deslocamentos
e esquemas
ATIVIDADES
organização do espaço que é o cenário para a vida
M A C
De modo geral, pode-se dizer que as pessoas
analisam os estímulos ambientais graças a esquemas cognitivos
também variáveis, influenciados pela experiência prévia,
pelos níveis de adaptabilidade
conseguidos e pela cultura em que estão
inseridas.
As pessoas reagem diante do meio, em primeiro lugar, de maneira global e afetiva; e depois, analisam-no mais
detalhada e friamente.
Qualquer ESPAÇO ARQUITETÔNICO
proporciona, antes de mais nada, um fundo
afetivo a partir do qual se selecionam
imagens que se associarão com ele.