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43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 Margarida Reis | Jornalista O chefe Ferran Adrià, a Fundação Alicia e a cervejeira Damm uniram-se para promover mundialmente o conceito da tapa espanhola, enquanto produto de qualidade e estilo de vida (porque tem muito de social esta especialidade do país vizinho). Mais do que as tapas em si, a ideia é que produtos de Espanha como o azeite, o presunto e os vinhos acompanhem naturalmente a exportação, ganhando terreno nos mercados internacionais. Colocar a tapa a representar o país, da mesma forma que a pizza representa Itália ou o sushi o Japão - além-fronteiras -, é mais um acto de inteligência que se associa a um chefe de cozinha cujo nome está gasto por tanto inovar e renovar (apresentou nomeadamente a elBulliFoundation no último Madrid Fusión - leia a reportagem na próxima IM). “Por que razão não podem existir 100 mil bares de tapas a fortalecer a marca Espanha em todos os continentes e a servir de trampolim aos nossos produtos?”, atirou durante a apresentação de objectivos da iniciativa, que vai levar a cabo desde os mais variados estudos (bibliográficos, sobre a origem e desenvolvimento das tapas, hábitos de consumo, etc.) para possibilitar a edição de um livro estilo manual de uso a exposições em cidades como Nova Iorque e Londres. Trata-se de um projecto do país, disseram também os responsáveis pelo mesmo, aberto a todas as empresas espanholas de alimentação e distribuição que com ele podem sair beneficiadas. É algo intangível que se está a exportar, não sendo sequer obrigatório que apenas os espanhóis peguem na ideia; também outros o podem fazer, desde que o produto seja fiel, bem representativo e de qualidade. O poder do conceito, podemos resumir. Olhemos para a multinacional Starbucks, que a preços mais elevados oferece produtos que tantos consideram ter menos interesse do que os da cafetaria e pastelaria nacional. Seja na criação de um restaurante - como defende Roberto Brisciani, entrevistado na IM de Novembro, no seu livro O Segredo de um Restaurante Magnético -, de uma cadeia, de uma marca ou de um produto (poderão os petiscos portugueses que Vítor Sobral vai levar para o Brasil ser as nossas tapas?) o marketing estratégico será sempre ponto de partida para o sucesso. Inventemos conceitos exportáveis. Mesmo se nunca fizermos tenções de sair do nosso bairro. Conceitos exportáveis Editorial Opinião, Bruno Azevedo Opinião, Rodolfo Tristão Gastronomia e Distribuição Livros, Escolhas Viagens, Nuno Diniz pág 5

Conceitos exportáveis

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Editorial da INTER Magazine 227 - Março de 2011.

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Margarida Reis | Jornalista

O chefe Ferran Adrià, a Fundação Alicia e a cervejeira Damm uniram-se para promover mundialmente o conceito da tapa espanhola, enquanto produto de qualidade e estilo de vida (porque tem muito de social esta especialidade do país vizinho). Mais do que as tapas em si, a ideia é que produtos de Espanha como o azeite, o presunto e os vinhos acompanhem naturalmente a exportação, ganhando terreno nos mercadosinternacionais. Colocar a tapa a representar o país, da mesma forma que a pizza representa Itália ou o sushi o Japão - além-fronteiras -, é mais um acto de inteligência que se associa a um chefe de cozinha cujo nome está gasto por tanto inovar e renovar (apresentou nomeadamente a elBulliFoundation no último Madrid Fusión - leia a reportagem na próxima IM). “Por que razão não podem existir 100 mil bares de tapas a fortalecer a marca Espanha em todos os continentes e a servir de trampolim aos nossos produtos?”, atirou durante a apresentação de objectivos da iniciativa, que vai levar a cabo desde os mais variados estudos (bibliográficos, sobre a origem e desenvolvimento das tapas, hábitos de consumo, etc.) para possibilitar a edição de um livro estilo manual de uso a exposições em cidades como Nova Iorque e Londres. Trata-se de um projecto do país, disseram também os responsáveis pelo mesmo, aberto a todas as empresas espanholas de alimentação e distribuição que com ele podem sair beneficiadas. É algo intangível que se está a exportar, não sendo sequer obrigatório que apenas os espanhóis peguem na ideia; também outros o podem fazer, desde que o produto seja fiel, bem representativo e de qualidade. O poder do conceito, podemos resumir. Olhemos para a multinacional Starbucks, que a preços mais elevados oferece produtos que tantos consideram ter menos interesse do que os da cafetaria e pastelaria nacional. Seja na criação de um restaurante - como defende Roberto Brisciani, entrevistado na IM de Novembro, no seu livro O Segredo de um Restaurante Magnético -, de uma cadeia, de uma marca ou de um produto (poderão os petiscos portugueses que Vítor Sobral vai levar para o Brasil ser as nossas tapas?) o marketing estratégico será sempre ponto de partida para o sucesso. Inventemos conceitos exportáveis. Mesmo se nunca fizermos tenções de sair do nosso bairro.

Conceitos exportáveisEditorial

Opinião, Bruno Azevedo

Opinião, Rodolfo Tristão

Gastronomia e Distribuição

Livros, Escolhas

Viagens, Nuno Diniz

pág 5

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