13/03/2015 Conceitos,princpios,tiposdelicitao,fasedehabilitaodoprocessolicitatriointerpretadospeladoutrinaptriaAdministrativombitoJurdico

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Administrativo

Conceitos, princpios, tipos de licitao, fase de habilitao do processo licitatriointerpretados pela doutrina ptriaJoana Ribeiro Gomes Cegala

A lei inteligncia, e sua funo natural impor procedimento correto e proibir a m f. (Ccero).

RESUMO: O processo de licitao no Brasil regulamentado pela Lei 8.666, de 21 de junho de 1993, no montante ponderouse neste trabalho, a posio doutrinaria ptriasobre o tema proposto com nfase aos tipos de licitao e suas fases de habilitao. Para se evitar confuses de ordem tcnica, mister preliminarmente diferenciarmodalidades de tipos de licitao. Aquelas identificam as caractersticas e o processamento do certame; esses, por sua vez, indicam a forma pela qual as propostas serojulgadas, consubstanciando pressuposto bsico do princpio do julgamento objetivo (menor preo, melhor tcnica, tcnica e preo, maior lance ou oferta). Percebeseque a licitao observar etapas fixadas em lei. Aferese assim, a qualificao ou habilitao (habilitao jurdica, qualificao tcnica, econmica, regularidade fiscal ecumprimento do dispositivo no inciso XXXIII do art. 7 da CR/88), dos participantes para, examinar as propostas daquelas que tiveram demonstrado condies de execuodo objeto, avaliandose e classificandose, neste instante, as propostas que foram por eles formuladas. O licitante que vier a ofertar a melhor frmula econmica para aexecuo do objeto contratual, passando ele, a partir do momento da proclamao do resultado condio de adjudicatrio, quem reserva a garantia em Lei.[1]

Palavraschaves: Princpios, tipos e habilitao da licitao.

ABSTRAC: the bidding process in Brazil is regulated by the law of June 21, 1993, 8,666, totalling pondered this work, the doctrinal position on the theme proposedhomeland with emphasis on types of bidding and its phases of education. To avoid confusion of technical nature, is mister preliminarily differentiate procedures forbidding types.Those identify the characteristics and the processing of the event; These, in turn, indicate the way in which the proposals will be judged, underscoringbasic assumption of the principle of objective judgment.(lowest price, best technique, technique and price, highest bidder or offering). Realizes that the bidding willnotice steps laid down in law. Gaugesif so, the qualification or qualification (habilitation qualification, technical, economic, legal, tax and compliance of the deviceregularly in XXXIII of art. 7 of CR/88), of the participants to examine the proposals of those who had demonstrated the conditions of implementation of the object, byevaluating and sortingif, in this instance, the proposals that were made by them. The bidder who will proffer the best economic formula for the execution of thecontract object, passing it, from the moment of the proclamation of whom the condition will result, who reserve the guarantee in law.

Keywords: Principles, types, and enabling the bidding.

Sumrio: 1 Introduo. 2 Princpios da Licitao. 3 Os tipos de licitao. 4 Habilitao. 5 Consideraes finais. Referncias bibliogrficas.

1 Introduo

O Direito Administrativo tem origem histrica, pautada no jusnaturalismo, quando afirma que este direito tem como principal finalidade e destinao o interesse pblico,coletivo, preservando o bemestar. Um direito positivado, que a cada tempo ganha mais fora, fiscalizao, publicidade dos atos da administrao publica, ensejados peloadministrador sobre o administrando e aqueles submetendo no que a lei diz. O Estado faz a lei e se se submete a ela.

O renomado doutrinador MEIRELLES (2009, p.40), conceitua Direito administrativo Brasileiro, para ns, sintetizase no conjunto harmnico de princpios jurdicos queregem os rgos, os agentes e as atividades pblicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado.

Diante da assertiva positiva, que a administrao pblica busca severamente a satisfao do interesse publico com total publicidade, passaremos ao estudo da Licitao,um processo que visa proteo do bem comum em interesse de uma coletividade, com segurana e presteza jurdica.

Para MEIRELLES (2009, p.274): Licitao o procedimento administrativo mediante o qual a Administrao pblica seleciona a proposta mais vantajosa para o contrato deseu interesse. Como procedimento, desenvolvese atravs de uma sucesso ordenada de atos vinculados para a Administrao e para os licitantes, o que propicia igualoportunidade a todos os interessados e atua como fator de eficincia e moralidade nos negcios administrativos.

O presente estudo reputase do ponto de vista administrativo e social, na medida em que a sociedade, tem seus interesses assegurados pela Lei, pautados em questesprincipiolgicas especficas e mister ressaltar a publicidade destes atos.

Para melhor compreender o certame em discusso, ser feita uma reviso bibliogrfica dos seguintes assuntos: A Lei n 8.666, de 21 de junho de 1993, com as alteraesintroduzidas pela Lei n 8.883, de junho de 1994, estabelece em seu artigo 45 quatro tipos de licitao: menor preo, melhor tcnica, tcnica e preo, e o maior lance ouoferta, e na fase de habilitao a verificao das condies de qualificaes para a execuo de um determinado objeto desejado pela administrao, consoante oestabelecimento de condies que devero estar adequadas a cada situao especifica e que devero ser atendidas pelos licitantes. no dizer de FERNADO A. B.NORMANDO (in, Boletim de Licitaes e Contratos Editora NDJ agosto/96, pag. 397), o momento em que se cuida das condies intrnsecas do licitante.

Em seguida passaremos ao estudo dos princpios que norteiam o processo de licitao, e separadamente estudaremos cada um dos tipos e habilitao admitidas na Lei deLicitaes e Contratos (LLC)[2].

2 Princpios da Licitao

Conquanto no seja uniforme, a doutrina ptria acorde na acentuao de determinados princpios destacados pela lei como mais especficos da licitao, sem deixar decontemplar os demais princpios constitucionais. A luz dos ensinamentos de MEIRELLES (2009, p.275278):

2.1 Procedimento formal: o princpio do procedimento formal o que impe a vinculao da licitao s prescries legais que a regem em todos os seus atos e fases.Essas prescries decorrem no s da lei, mas tambm, do regulamento, do caderno de obrigaes e at do prprio edital ou convite, que complementa as normassuperiores, tendo em vista a licitao a que se refere (Lei 8.666/93, art. 4).

Procedimento formal, entretanto, no se confunde com formalismo, que se caracteriza por exigncias inteis e desnecessrias. Por isso mesmo, no se anula oprocedimento diante de meras omisses ou irregularidades formais na documentao ou nas propostas desde que, por sua irrelevncia, no causem prejuzo Administrao ou aos licitantes. A regra a dominante nos processos judiciais: no se decreta a nulidade onde no houver dano para qualquer das partes pas de nullitsans grief, como dizem os franceses.

2.2 Publicidade de seus atos: a publicidade dos atos da licitao princpio que abrange desde os avisos de sua abertura at o conhecimento do edital e sues anexos, oexame da documentao e das propostas pelos interessados e o fornecimento de certides de quaisquer peas, pareceres ou decises com ela relacionadas. em razodesse princpio que se impem a abertura dos envelopes da documentao e proposta em publico e a publicao oficial das decises dos rgos julgadores e dorespectivo contrato, ainda que resumidamente (arts. 3, par. 3, e 43, par. 1).

2.3 Igualdade entre os licitantes: a igualdade entre os licitantes o princpio impeditivo da discriminao entre os participantes do certame, quer atravs de clusulasque, no edital ou convite, favoream uns em detrimento de outros, por mediante julgamento facciosos, que desiguale os iguais ou iguale os desiguais (art. 3, par. 1).

O desatendimento a esse princpio constitui a forma mais insidiosa de desvio de poder, com que a Administrao quebra a isonomia entre os licitantes, razo pela qual oJudicirio tem anulado editais e julgamentos em que se descobre a perseguio ou favoritismo administrativo, sem nenhum objetivo ou vantagem de interesse pblico.Todavia, no configura atentado ao princpio da igualdade entre os licitantes o estabelecimento de requisitos mnimos de participao no edital ou convite, porque aAdministrao pode e deve fixlos sempre que necessrios garantia da execuo do contrato, segurana e perfeio da obra ou servio regularidade dofornecimento ou ao atendimento de qualquer outro interesse pblico.

2.4 Sigilo na apresentao das propostas: O sigilo na apresentao das propostas consectrio da igualdade entre os licitantes, pois ficaria em posio vantajosa oproponente que viesse a conhecer a propsota do seu concorrente ates da apresentao da sua. Da o necessrio sigilo, que h de ser guardado relativamente a todas aspropostas, at a data designada par abertura dos envelopes ou invlucros que as contenham, aps a habilitao dos proponentes (arts. 3, par. 3, e 43, par. 1).

A abertura da documentao ou das propostas ou a revelao de seu contedo antecipadamente, alm de ensejar a anulao do procedimento, constitui tambm ilcitopenal, com pena de deteno e multa (art. 94).

2.5 Vinculao ao edital: a vinculao ao edital o principio bsico de toda licitao. Nem se compreenderia que a Administrao fixasse no edital a forma e o modo departicipao dos licitantes em o decorrer do procedimento ou na realizao do julgamento se afastasse do estabelecimento, ou admitisse documentao e propostas emdesacordo com o solicitado. O edital a lei interna da licitao, e, como tal, vincula aos seus termos tanto os licitantes como a Administrao que o expediu (art. 41).

2.6 Julgamento objetivo: julgamento objetivo o que se baseia no critrio indicado no edital e nos termos especficos das propostas. princpio de toda licitao que

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seu julgamento se apie em fatores concretos pedidos pela Administrao, em confronto com o ofertado pelos proponentes na escolha das propostas, obrigando osjulgadores a ateremse ao critrio prefixado pela Administrao, com o qu se reduz e se delimita a margem de valorao subjetiva, sempre presente em qualquerjulgamento (arts. 44 e 45).

2.7 Probidade administrativa: a probidade administrativa o dever de todo administrador pblico, mas a lei a incluiu dentre os princpios especficos da licitao (art.3), naturalmente como uma advertncia s autoridades que promovem ou a julgam. A probidade na Administrao mandamento constitucional (art. 37, par. 4), quepode conduzir a suspenso dos direitos polticos, a perda da funo pblica, a indisponibilidade dos bens e ressarcimento ao errio, na forma e gradao previstas emlei, sem prejuzo da ao penal cabvel.

2.8 A adjudicao compulsria: o princpio da adjudicao compulsria ao vencedor impede que a Administrao, concludo o procedimento licitatrio, atribua seu objetoa outrem que no o legitimo vencedor (arts. 50 e 64)

A adjudicao ao vencedor obrigatria, salvo se este desistir expressamente do contrato ou no o firmar no prazo prefixado, a menos que comprove justo motivo. Acompulsoriedade veda tambm que se abra nova licitao enquanto vlida a adjudicao anterior.

3 Os tipos de licitao

Esse tipo ceva em considerao o peo como nico fator de julgamento, tendo como critrio de classificao das propostas o menor preo apresentado. Em outraspalavras, necessrio nesse tipo de licitao que o preo seja compatvel com o praticado no mercado e que, por isso mesmo, possa o contrato ser celebrado. Alis, nojulgamento das propostas a comisso obrigada a verificar tal compatibilidade (art. 43, IV).

Neste sentido, leciona com pertinncia MELLO (2010, p. 608)

O julgamento pelo menor preo o critrio de seleo da proposta mais vantajosa , como o nome indica, o da oferta menor (art. 45, par. 1, I). Cumpre tomar atenopara o fato de que nem sempre o preo nominalmente mais baixo o menor preo. Com efeito, uma vez que a lei, em diferentes passagens (art. 43, V, art. 44, caput, eart. 45), referese a critrio de avaliao, a fatores interferentes com ela, de dar par com os tipos de licitao, percebese que, paralelamente a estes,complementadolhes a aplicao, podem ser previstos no edital critrios e fatores a serem sopesados para a avaliao das propostas.

Assim, rendimento e condies de pagamento, por certo, podem interferir na identificao do preo, propiciando um objetivo reconhecimento daquele que deveras omenor, ainda quando nominalmente assim no aprea a um primeiro sbito de vista.

3.2 Melhor tcnica

Na busca pela melhor tcnica, diversamente do que o nome sugere, a seleo da proposta mais vantajosa a que resulta de uma negociao que culmina pela escolhadaquela que, sendo alcanado ndice tcnico comparativamente mais elevado do que de outras, seu proponente concorde em rebaixar a cotao que havia feito at omontante da proposta de menor preo dentre as ofertadas. Como nem sempre o autor da proposta de melhor nota tcnica concordar com dito rebaixamento, s ofazendo quem lhe esteja imediatamente abaixo, ou subsequente, e assim sucessivamente, claro esta que nem sempre ser escolhida a proposta de melhor tcnica, aocontrario do que sugere a denominao dada pela lei a este critrio de julgamento (ou tipo de licitao, para usar da terminologia normativa). Vejase que, se nenhumdos autores das propostas tecnicamente melhor alocados aquiescer em reduzir o preo, terminar por ser escolhida a de menor preo, conquanto tecnicamente inferiora todas as demais.

Neste sentido leciona MEIRELLES (2009. P. 306):

Na licitao de melhor tcnica o que a Administrao pretende a obra, o servio, o equipamento ou o material mais eficiente, mais durvel, mais aperfeioado, maisrpido, mais rentvel, mais adequado, enfim, aos objetivos de determinado empreendimento ou programa administrativo. Em face desses objetivos, licito aAdministrao dar prevalncia a outros fatores sobre o preo, porque nem sempre pode obter a melhor tcnica, dentro das especificaes e do preo negociado pelaAdministrao.

Para facilidade de julgamento nesse tipo de licitao, so utilizados trs envelopes: um para a documentao, outro para a proposta tcnica e o terceiro para a propostade preo e condies de pagamento. Uma vez examinadas as propostas tcnica, abremse os envelopes dos preos dos licitantes classificados, passando a Administrao anegociar o preo com o primeiro colocado, tendo em vista o menor preo oferecido. No havendo acordo, a negociao passa para o segundo classificado, e assimsucessivamente, at a consecuo do acordo.

3.3 Tcnica e preo

O tipo de licitao tcnica e preo s pode ser utilizado quando objeto do certame contemplar a contratao de bens e servios de informtica, assim como de serviosde natureza predominantemente intelectual (arts. 45, par 4, e 46, caput). Na hiptese de contratao de bens e servios de informtica, a Administrao federal obrigada a adotar esse tipo de licitao, exceto na modalidade de convite, quando poder ser utilizado outro tipo (menor preo, ou melhor, tcnica), o que se infere dacombinao do ar. 45 par. 4, da Lei 8.666/93 com o art. 1, par. 3, do Dec. N 1.070, de maro de 1994. A doutrina recomenda que, similitude do que ocorre na do tipomelhor tcnica, h trs fases e que o xito em uma delas seja requisito sine qua non participao dos licitantes nas fases subseqentes.

Assim leciona MELLO (2010. P.610):

Nas licitaes de tcnica e preo, as quais reguladas no par. 2 do art. 46, o critrio de seleo da melhor proposta o que resulta da mdia ponderada das notasatribudas aos fatores tcnica e preo, valorados na conformidade dos pesos e critrios estabelecidos no ato convocatrio. Dele devero constar, tal como na licitao demelhor tcnica, critrios claros e objetivos para identificao de todos os fatores pertinentes que sero considerados para a avaliao da proposta tcnica.

Tambm seu procedimento obedece, no inicio, a tramitao igual da licitao de melhor tcnica. So, igualmente, apresentados dois envelopes, um para tcnica e umpara preo, abrindose antes o primeiro, em sesso pblica. Procedese atribuio de notas e excluemse as propostas que no hajam alcanado o ndice de suficinciaprevisto no edital. Isto posto, vencido o prazo recursal e efetuada em sesso pblica a apreciao dos recursos que acaso hajam sido interpostos, abremse, em sessopblica, os envelopes de preos, atribuindolhes a valorao consentnea com o estabelecido no instrumento convocatrio. Em seguida procedese classificao deacordo com a mdia ponderada das valorizaes das propostas tcnicas e de preos, como dantes mencionado.

3.4 Melhor lance ou oferta

Esse tipo de licitao especifico para os casos de alienao de bens ou concesso de direito real de uso, onde os licitantes vencedores apresentam o maior lance(leilo), ou a maior oferta (convite e concorrncia). Cabe aqui asseverar que, quando o objeto do contrato for uma concesso de direto real de uso, uma compra oualienao de bens imveis, a concorrncia de ser a modalidade de licitao a ser adotada, independentemente do valor da contratao (art. 23, par. 3). Registrese,porm, que a alienao de bens imveis, cuja aquisio haja derivado de procedimentos judiciais ou de dao em pagamento, poder ser procedida, tambm, porintermdio de leilo (art. 19, III0. Apesar de tecnicamente ser possvel a adoo de tomada de preos para a alienao de material, entendemos que referida modalidadeno mais adequada para esse tipo de contrato, justamente por no ser finalidade principal da Administrao alienar seus bens, e, por isso mesmo, no se justificar amanuteno de um cadastro de fornecedores para esse fim. Nesses casos, a Administrao adotar o convite, o leilo ou a concorrncia, conforme o vulto ou o objeto dalicitao.

A doutrina clssica salienta, atravs do renomado GASPARINI (2009. P.621):

O Estatuto federal Licitatrio ainda prev a licitao do tipo maior lance ou oferta (art.45, IV). o tipo de licitao especialmente adequando para venda de bens,outorga onerosa de concesses e permisses de uso e de bens ou servios pblicos e locao em que a Administrao pblica a locadora, cuja proposta vencedora aque faz a maior oferta. tipo de licitao de que no oferece qualquer dificuldade na sua promoo. Tirante o fato de que o procedimento licitatrio deve levar ao maiorpreo, todo o que mais obedece licitao de menor preo.

4 Habilitao

Habilitao a fase do procedimento em que a Administrao verifica a aptido do candidato par a futura contratao. A inabilitao acarreta a excluso do licitante dafase do julgamento das propostas, e embora seja uma preliminar desde, vale como um elemento de aferio para o prprio contrato futuro, que , de regra, alis, o alvofinal da licitao. A Administrao no pode fazer exigncias indevidas e impertinentes para a habilitao do licitante. A prpria Constituio, ao referese ao processolicitao, indica que este somente permitir as exigncias de qualificao tcnica e econmica indispensveis garantia do cumprimento das obrigaes (ar. 37 XXI). Nosentido, j decidiu o STJ que as exigncias na licitao devem compartibilizarse com seu objetivo, de modo que a ausncia de um documento no essencial para aafirmao do juzo sobre habilitao da empresa no deve ser motivo para afastla do certame licitatrio.[3]

Nas palavras do professor CARVALHO FILHO (2010), so elecandas cinco aspectos que medem a habilitao do candidato:

4.1 Habilitao jurdica

O primeiro aspecto diz respeito regularidade formal ou jurdica do candidato, sobretudo no que diz respeito sua personalidade jurdica. Ento, urge exibir, conforme ocaso, a carteira de identidade, o contrato social, sua inscrio no registro prprio etc. na habilitao jurdica se discute tambm questo da possibilidade jurdica departicipar do certame; sob esse aspecto, foi vedada a participao de cooperativas de mo de obra por caracterizarse a hiptese como recrutamento de pessoaldissimulado e ilegal[4].

4.2 Habilitao tcnica

o meio de verificarse a aptido profissional e operacional do licitante para a execuo do que vier a ser contrato, e pode ser genrica, especifica e operativa. Aprimeira diz respeito inscrio no rgo de classe (O CREA, por exemplo); a segunda serve para comprovar que o candidato j prestou servio idntico a terceiros, o que feito atravs de atestados fornecidos por pessoas de direito pblico ou privado, devidamente registrados nas entidades profissionais competentes (art. 30, Par. 1, doEstatuto); e, a terceira, para comprovar que a estrutura da empresa compatvel com o vulto e a complexidade do objeto contratado.

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Tem havido controvrsias quanto a clausula constante de alguns editais licitatrios atravs da qual so fixadas exigncias para que os participantes atendam adeterminados requisitos de ordem tcnica, alm dos atestados comprobatrios de servios prestados a outras pessoas pblicas ou privadas (art.30, par. 1), com o objetivode demonstrar sua capacidade profissional. Para alguns, o veto aposto ao art. 30, par. 1, II, indica que bastam os atestados. Para outros, possvel que o edital fixecondies especiais para tal comprovao, de acordo com a complexibilidade do objeto do futuro contrato, invocandose, como fundamento, o art. 37, XXI, da CF/88, quealude a exigncia de qualificao tcnica. Em nosso entender, esta a melhor posio, desde que, obvio, no haja o intento de burlar o principio da competitividadeque norteia as contrataes na Administrao. Todavia, justificados o interesse e a necessidade pblicos aferidos pelo administrador, no h como impedir que, em certassituaes especificas, sejam estabelecidas condies particulares que denunciem a qualificao operacional dos participantes.

Observese que a lei exige a prova da capacidade tcnica operativa da pessoa jurdica participante, e no dos profissionais que compem o quadro, como dispe o art. 30,para. 1, I. Por isso os atestados devem ser expedidos em seu nome.[5]

Em relao aos profissionais, que a lei exige seus nomes informados ao rgo licitante e indicados os que sero responsveis pelos trabalhos (art. 30, II), bem como impeque esses profissionais devero participar da obra ou servio objeto da licitao, admitindose, sua substituio por outros de experincia equivalente ou superior(art.30, par. 10).

4.3 Qualificao econmicofinanceira

o conjunto de dados que fazem presumir que o licitante tem capacidade par satisfazer os encargos econmicos decorrentes do contrato. (MEIRELLES, 209. P.303). Sorequisitos exigveis para tal situao:

4.3.1 balano patrimonial e demonstraes contbeis do ltimo exerccio social;

4.3.2 certido negativa de falncia e concordatas; e

4.3.2 garantia de, no mximo, 1% do valor estimado para contrato.

Tendo em vista o objeto da contratao, pode a Administrao estabelecer exigncia de capital mnimo, ou de patrimnio liquido mnimo, desde que prevista no edital. Ocapital mnimo ou valor do patrimnio lquido, porm, no podero exceder a 10% do valor estimado para o contrato (art. 31, par. 2 e 3).

Como essa exigncia vale somente como dado objetivo de comprovao da qualidade econmicofinanceira dos licitantes, as referncias ao capital mnimo e ao patrimnioliquido mnimo devem corresponder aos valores existentes na data da apresentao das propostas, e no em momento anterior, sendo licito, ento, at mesmo atualizaros valores para ficarem pertinentes com a data da apresentao das propostas.

4.4 Regularidade fiscal

a prova de que o participante est quite com suas obrigaes fiscais federais, estaduais e municipais. Deve, contudo, provar sua inscrio nos cadastros fazendrioscabveis e provar a regularidade relativa seguridade social e ao fundo de garantia (art. 29, I a IV). Entretanto, ainda que haja previso no edital, no pode o interessadoser compelido a apresenta certides no expedidas pelos rgos fazendrios do Municpio em que se situa a sede do estabelecimento, pois que tal exigncia afetaria aigualdade dos participantes, com a excluso daquele que no cumpriu requisito por absoluta impossibilidade jurdica e material.

No que se refere aos encargos devidos previdncia social, resultantes da execuo do contrato, a Administrao solidariamente responsvel com o contratado poreventuais dbitos desde. Sendo assim, ser necessrio que, durante todo o curso do contrato, a Administrao verifique se o contratado est recolhendo regularmente ascontribuies previdencirias.

Neste sentido so valiosas as lies de MELLO (2010.p. 594):

No que tange prova de regularidade com as fazendas Pblicas, anotou que j no mais se fala em quitao com a Fazenda Pblica, mas em regularidade com oFisco, que pode abranger a existncia do dbito consentido e sob o controle do credor. Donde, ser ilegal o edital que exija prova de quitao. Alm disto, o licitantepode haver se insurgido contra o dbito por mandado de segurana ou outro meio pelo qual o questione ou questione seu montante. H de se ter por certo que aexigncia de regularidade fiscal no pode sobreporse garantia da universalidade e do monoplio da jurisdio. Donde, se a parte estiver litigando em juzo sobre opretendido dbito, tal circunstancia no poder ser um impedimento a que participe de licitaes.

Reportandose exigncia de regularidade fiscal em face do art. 195, par. 3, da CR/88, que probe contrato com o poder Publico a quem esteja em dbito com aseguridade social, averba FIGUEIREDO (2008, p. 618):

Mister, todavia, a interpretao correta do que seja estar em debito. Estar em dbito exige que haja divida inscrita e, demais disto, que no haja qualquer suspensoda exigibilidade do credito, quer seja por recursos administrativos dotados de suspensividade, quer seja por deciso judicial. Assinalese, outrossim, que a certidopositiva com efeito de negativa tambm possvel.

5 Cumprimento do dispositivo no inciso XXXIII do art.7 da CG/88 (art. 27 do Estatuto, sendo que este ltimo requisito foi acrescentado pela Lei 9.854, de27.10.1999).

Por fim, constitui tambm requisito de habilitao o cumprimento, pelo participante, do dispositivo no art. em comento:Art. 7 So direitos dos trabalhadores urbanose rurais, alm de outros que visem melhoria de sua condio social: XXXIII proibio de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquertrabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condio de aprendiz, a partir de quatorze anos; (Alterado pela EC000.0202000). Esse requisito denota a preocupao dolegislador com o trabalho do menor. Segundo o citado mandamento constitucional, que sofreu alterao pela EC n 20/98, proibido o trabalho noturno, perigoso ouinsalubre aos menores de dezoito anos e de qualquer trabalho aos menores de dezesseis, ressalvandos apenas a condio de menor aprendiz, a partir de quatorze anos.Desse modo, para que o participante da licitao possa ser habilitado, deve comprovar, pelos meios adequados, que no possui, em seu quadro de empregados, menoresem situao vedada pela Constituio da Repblica. No comprovado esse requisito, ou violando a norma constitucional, ser ele inabilitado no procedimento licitatrio.

Vistos os fatores alinhados no Estatuto como necessrios habilitao dos participantes, vale pena averbar que tais fatores devem ser analisados dentro de critrios delegalidade e de razoabilidade a fim que no seja desconsiderado o postulado da competitividade, expresso no art. 3, pargrafo nico, daquele diploma. Deve oadministrador, ao confeccionar o edital, levar em conta real objetivo e a maior segurana para a Administrao, j que est a verdadeira mens legis. Sendo assim, nolhe licito descartar, pela inabilitao, competidores que porventura apresentem falhas mnimas, irrelevantes ou impertinentes em relao ao objeto do futurocontrato.

6 Consideraes finais

H em vista do que se ponderou neste trabalho, uma reviso bibliogrfica a cerca do certame, diante da doutrina ptria predominante, aspectos estes relacionados aostipos de licitaes e habilitaes.

Na licitao do tipo menor preo, imprescritvel que em alguns casos a Administrao analise condies de qualidade e rendimento de alguns materiais, o que impe amodificao do art. 46, caput, com o propsito de estender a adoo de outros tipos de licitao para a aquisio material. Registramos aqui, diante do presente estudoque as autoridades competentes, em suas respectivas competncias, atentem para a importncia de um catalogo de material unificado, o qual ser fundamental para aimplantao de um cadastro de fornecedores e, qui, de um sistema de registro de preos.

Na de melhor tcnica, importante estabelecer procedimento indicado pela boa doutrina: adjudicao compulsria proposta que apresentar melhor nota tcnica,desde que tenha ofertado preo limite admitido no edital ou cartaconvite, s em embargo de uma negociao com o vencedor com o intuito de obter espontaneamentemelhores condies a Administrao.

Na licitao de tcnica e preo, fundamental que se reveja o procedimento ora vigente de modo a tornar a licitao mais gil com a eliminao da fase de propostastcnicas que, como vimos, pode ser dispensada. Insistimos no ponto de que tanto a proposta tcnica quanto a de preo devem ser abertas em um mesmo momento.Melhor ainda, se a tcnica e o preo estiverem insertos em uma nica proposta.

Feitas tais consideraes, temse como certo que a habilitao, no seu conceito mais amplo, constitui o conjunto de condies a serem observados em cada caso, portodos que desejem participar de certame licitatrio instaurado pela Administrao Pblica.

Seja em qualquer aspecto da habilitao, devese atentar para o fato de que as exigncias de qualificao tcnica e econmica sero apenas as indispensveis garantiado cumprimento das obrigaes individuais em cada procedimento. Esta, alis, uma preocupao inscrita no prprio texto constitucional em vigor ao referirse aoprincipio de licitao no art. 37, inciso XXI. No h autorizao legal em nenhuma hiptese para exigncias genricas, exageradas e dissociadas da realidade vivenciadapela Administrao em cada caso. Tudo em funo das exigncias da lei.

Esses os comentrios que entendemos pertinentes tecer quanto aos tipos de licitao e habilitao admitidos na legislao atual, a Lei n 8.666, de 1993.

Referncias bibliogrficasBRASIL. Constituio da Repblica Federativa do Brasil. Braslia: Senado Federal, 1998.CARVALHO FILHO, Jos dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lmen Jris, 2001.FIGUEIREDO, Lucia Valle. Curso de direito Administrativo. 9. ed. So Paulo: Malheiros, 2008.GASPARINI, Diogenes. Direito Administrativo. 14. ed. So Paulo: Saraiva 2009.MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo. 5. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2011.MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 35. ed. So Paulo: Malheiros, 2009.MELLO, Celso Antonio Bandeira. Curso de Direito Administrativo. 28. ed. So Paulo: Malheiros, 2011.Lei 8.666, de 21 de junho de 1993.http://jusvi.com/artigos/1054 < Acesso em 03 dez. 2011>.

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13/03/2015 Conceitos,princpios,tiposdelicitao,fasedehabilitaodoprocessolicitatriointerpretadospeladoutrinaptriaAdministrativombitoJurdico

http://www.ambitojuridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11030&revista_caderno=4 4/4

http://jus.com.br/revista/texto/419/licitacao/print < Acesso em 03 dez. 2011>.http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=102446 .http://www.tjmg.jus.br/juridico/jt_/index.jsp .Notas:[1] Trabalho orientado pelo prof. Douglas Luiz Oliveira Bacharel em Direito pela UFV, Professor de Direito administrativo, tributrio, previdencirio, das FaculdadesDinmica, ESUV, e substituto da UFV. Msc em Direito pblico.[2] Anexo I A lei n 8666, de 21 de junho de 1993.[3] MS n 5624DF, 1 Seo, Rel. Min. JOS DELGADO, pub. DJ 26/10/98.[4] Neste sentido, decidiu o TJ_MG na Ap.Civ. 111.5500, 2 C.Cv., Rel. Des. SRGIO LELIS SANTIAGO, em 10.11.98.[5] Foi o que, com exatido, decidiu a 2 Turma do STJ (REsp n 172.199SP, Rel. a Ministra ELIANA Calmon, JUL. EM 16.04/2001; INFORMATIVO Jurisprudncia DTJ n 92,abr./2001).

Joana Ribeiro Gomes CegalaAcadmica de Direito pela Faculdade Dinmica de Ponte Nova/MG.

Informaes Bibliogrficas

CEGALA, Joana Ribeiro Gomes. Conceitos, princpios, tipos de licitao, fase de habilitao do processo licitatrio interpretados pela doutrina ptria. In: mbito Jurdico,Rio Grande, XV, n. 96, jan 2012. Disponvel em: . Acesso em mar 2015.

O mbito Jurdico no se responsabiliza, nem de forma individual, nem de forma solidria, pelas opinies, idias e conceitos emitidos nos textos, por serem de inteira responsabilidade de seu(s) autor(es).