11
Frente Parlamentar do Plano de Mobilidade Urbana e Sustentável de Porto Alegre

Conclusões Da Frente Parlamentar Do Plano de Mobilidade Urbana de Porto Alegre

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Relatório final da Frente Parlamentar do Plano de Mobilidade Urbana de Porto Alegre, elaborado pelo Coletivo Cidade Mais Humana, em 2013.

Citation preview

  • Frente Parlamentar do Plano de Mobilidade Urbana e Sustentvel de Porto Alegre

  • Sobre a Frente Parlamentar

    Fundamentos legais

    1 Reunio (18/6/2013) Ato de instalao da Frente Parlamentar

    2 Reunio (9/7/2013) Que cidade queremos?

    3 Reunio (13/8/2013) Pedestres e modais no motorizados

    4 Reunio (10/9/2013) O trnsito motorizado na cidade

    5 Reunio (15/10/2013) Gesto e participao social, ocupao da cidade e uso do espao urbano

    6 Reunio (20/11/2013) Emisses de partculas, danos sade e poluio atmosfrica

    Concluses e indicaes finais da Frente Parlamentar elaborao do Plano de Mobilidade Urbana Sustentvel

    Aspectos estruturais

    Aspectos de gesto e operao Construo de indicadores de resultados e metas

    Entidades que registraram presena na Frente Parlamentar

    Sumrio

    3

    4

    5

    6

    7

    9

    10

    12

    14

    15

    17

    18

    Frente Parlamentar do Plano de Mobilidade Urbana e Sustentvel

    O ano de 2015 ser o prazo limi-te para que cada municpio do Pas com mais de 20.000 habitantes tenha conclu-da a elaborao de um Plano de Mobilida-de Urbana e Sustentvel. Em Porto Alegre, face fraca mobilizao do Executivo em relao elaborao do Plano e diante da ausncia de um debate amplo e envolvente com a sociedade porto-alegrense em tor-no de um assunto to importante para toda a cidade e a vida das pessoas, o verea-dor Marcelo Sgarbossa (PT) props a im-plantao de uma Frente Parlamentar pelo Plano de Mobilidade Urbana e Sustent-vel, aprovada pela Cmara Municipal.

    Sobre a Frente Parlamentar

    O objetivo foi debater aspectos essenciais ao contedo e formulao, propondo elementos para orientao de mudanas efetivas no rumo da mobilidade urbana da Capital. No transcurso das reunies, foram registradas mais de 200 participaes e mais de 35 entidades estiveram represen-tadas. Nesse perodo, foi dado aprofun-damento a diversos temas relativos mo-bilidade urbana, como o debate sobre os rumos da cidade, os modais no motori-zados, os meios motorizados, a ocupao e uso do espao pblico, as emisses de gases e partculas, e os impactos sade.

    3

  • Fundamentos legais

    Foram destacados aspectos mais amplos que perpassam e orien-tam a elaborao dos planos de mobilidade, como a Lei n. 12.587, de 3 de janeiro de 2012, que estabeleceu a Poltica Nacional de Mobilidade Urbana com as seguintes diretrizes: Integraocomaspolticasdeusodosoloedesenvolvimentour-bano (habitao, saneamento); Prioridadedosmodosdetransportenomotorizadossobreosmo-torizados; e dos servios de transporte coletivo sobre o transporte indivi-dual motorizado; Complementaridadeeintegraoentreosmodosdetransporte; Mitigaodoscustosambientaisdosdeslocamentosdepessoasecargas na cidade; Incentivo ao desenvolvimento tecnolgico e ao uso de energiasrenovveis e no poluentes. Alm disso, so objetivos da Lei 12.587:a) Reduzir as desigualdades e promover a incluso social;b) Promover o acesso aos servios bsicos e equipamentos sociais;c) Proporcionar melhoria nas condies urbanas da populao no que se refere acessibilidade e mobilidade;d) Promover o desenvolvimento sustentvel com a mitigao dos cus-tos ambientais e socioeconmicos dos deslocamentos de pessoas e car-gas nas cidades;e) Consolidar a gesto democrtica como instrumento e garantia da construo contnua do aprimoramento da mobilidade urbana. Tambm foram apresentados os princpios que compem a Lei de Mobilidade Urbana e que so elementos transversais nos trabalhos da Frente Parlamentar:a) Acessibilidade universal;b) Desenvolvimento sustentvel das cidades, nas dimenses socioeco-nmicas e ambientais;c) Equidade no acesso dos cidados ao transporte pblico coletivo;d) Eficincia, eficcia e efetividade na prestao dos servios de trans-porte urbano;e) Gesto democrtica e controle social do planejamento e avaliao da Poltica Nacional de Mobilidade Urbana;f) Segurana nos deslocamentos das pessoas;g) Justa distribuio dos benefcios e nus decorrentes do uso dos diferentes modais e servios;h) Equidade no uso do espao pblico de circulao, vias e logradouros;i) Eficincia, eficcia e efetividade na circulao urbana.

    4 5

    Sob presidncia do vereador Marcelo Sgarbossa (PT), a Frente Parla-mentar foi lanada no dia 18 de junho de 2013 com a previso de realizar seis reunies/oficinas mensais. Uma percepo geral levantada pelos par-ticipantes de que devemos pensar e organizar a mobilidade urbana de forma a induzir comportamentos e estruturas favorveis ao sistema coletivo e aos modais no motorizados, reduzir o uso de veculo automotor particu-lar e a reverter o induzido processo de rodoviarizao da cidade. A partir disso, cada reunio realizada buscou ampliar os debates e acumular elementos concretos que pudessem ajudar e qualificar a ela-borao do Plano de Mobilidade da cidade. A seguir, apresentamos uma sntese de cada uma das seis reunies e, ao final, as concluses da Frente Parlamentar.

    1 Reunio

    Ato de instalao da Frente Parlamentar18 de Junho de 2013

  • Que cidade queremos?

    Nessa reunio, os palestrantes e debatedores convidados foram Emlio Merino, doutor e professor da Ufrgs e assessor de mobilidade urbana do Ministrio das Cidades, e o ator, militante e ativista do pedestrianismo, Gonzalo Durn.

    Foram aprofundados aspectos sobre a viso de cidade, suas dimenses pblica e privada, elementos importantes de sus-tentabilidade, mobilidade e acessibilidade, e a articulao entre o Plano Municipal de Mobilidade Urbana de Porto Alegre e as cidades da Regio Metropolitana. A pergunta principal, de definio estratgica, a orientar a elaborao do plano no deve ser qual tipo de transpor-te ou mobilidade queremos, mas qual tipo de cidade queremos. As cidades so fruto do modelo econmico e devemos buscar um modelo de cidade justa, equnime e democrtica, que no esteja a servio da reproduo do capital nem da ordem neoliberal e seus interesses. O Plano Diretor est fragmenta-do e acaba estimulando o uso do au-tomvel ao permitir o uso das ruas

    para estacionamentos. Mobilidade deve ser um tema in-tegrante do Plano Diretor de Desenvol-vimento Urbano e Ambiental (PDDUA) para que haja regras e disciplina para todos os cidados. Tratar de modelo de transporte coletivo como principal ques-to de mobilidade muito pouco. As obras estruturais que so realizadas pela cidade devem privilegiar o transporte co-letivo e meios no motorizados, e no o transporte por automvel particular. Atualmente, o plano de habitao e as estratgias vigentes fazem com que as pessoas sejam levadas cada vez para mais longe, sem a devida descentralizao dos servios que poderia proporcionar deslo-camentos mais curtos e melhor aproveita-mento dos recursos.

    6

    9 de Julho de 2013

    2 Reunio O futuro de nossas cidades pas-sa pela poltica e pela vontade de que-rer fazer, no podendo prescindir da discusso de conceitos como transpor-te, trnsito e justia social, para no ge-rarmos um modelo de cidade-empre-sa. momento de mudar paradigmas e comportamentos para alcanarmos ou-tra maneira de sonhar juntos a cidade.

    7

    3 Reunio

    13 de Agosto de 2013Pedestres e modais no motorizados

    Aspectos sobre como a melhoria da quali-dade de vida dos cidados de Porto Alegre, alm dos aspectos tcnicos, deve orientar a elaborao do Plano de Mobilidade. Ao final do debate, ficou registrado o surgimento de um movimento em defesa das causas e demandas de pedestres em Porto Alegre.

    Por ser realizada em forma de oficina, esta reunio no teve nenhum palestrante convida-do. Em razo da densidade temtica do encontro, os participantes foram organizados em dois grupos para facilitar a participao e o aprofundamento da discusso. Abaixo, uma sntese das reflexes e sugestes de cada grupo.

    Pedestres Os semforos de pedestres devem ter mais tempo para a travessia, com tem-po suficiente para pessoas de mobilidade reduzida, com sinal sonoro. Nos cruza-mentos, deve haver sincronismo dos se-mforos para garantir a travessia comple-ta das ruas e avenidas. As caladas devem ser padroniza-das, alargadas e assumidas pelo poder pblico como via do modal pedestre, com iluminao adequada, sem obstculos

    e com piso ttil para deficientes visuais. Prever implantao de Zonas 30 km/h prximoaescolas,parquesepraas,comcontroladores eletrnicos de velocidade. Deve haver proporcionalidade per-centual de investimentos: em Porto Alegre, apenas 25% dos deslocamentos so rea-lizados por veculo automotor individual, enquanto 75% realizado por usurios de transporte coletivo e modais no-motoriza-dos (bicicleta, pedestres, etc).

  • Quando falamos em meios de trans-porte no motorizados, prevalece o uso da bicicleta como o mais utilizado, mas tam-bm h usurios de skate, roller, patins, triciclos, etc, na cidade. O conceito de mobilidade deve estar centrado nas pessoas, e no nos veculos, e o plano deve ter clara orientao para que o transporte motorizado particular e indivi-dual seja desincentivado. So urgentes as campanhas educativas permanentes para

    Modais no motorizados

    aumentar o respeito e o cumprimento da hie-rarquia de prioridade dos diversos modais. Implantarsistemaderegistrodasde-mandas de circulao com os respectivos nmeros de pessoas por modal, velocida-de, tempo de deslocamento, etc, incluin-do dados sobre meios no motorizados. O planejamento e a execuo de instalaes e estruturas fsicas, como ciclo-vias e ciclofaixas, devem seguir os parme-tros tcnicos estabelecidos na legislao.

    29,9%

    44,3%

    25,8%

    PORTO ALEGRE - MODAIS

    Fonte: Mobilize Brasil / Fontes: Estudo Mobilize 2011, Pesquisa Origem-Destino (wMetr e STM)http://www.mobilize.org.br/estatsticas/37/divisao-de-modais-por-cidades-i.html

    Individual

    Motorizado

    No motoriza

    do

    Coletivo

    Motorizado

    9

    4 ReunioO trnsito motorizado na cidade

    10 de Setembro de 2013

    Como palestrantes e para debater o tema, foi convidada Nvea Oppermann, coordena-dora de Desenvolvimento Urbano da Embarq Brasil Porto Alegre, e Mauri Cruz, diretor estadual da ABONG e ex-diretor-presidente da EPTC e do Detran/RS.

    Porto Alegre uma cidade muito motorizada,comtaxaprximaa1vecu-lo para cada 2 habitantes. A soluo dos problemas de mobilidade no passa por ficar alargando vias e tambm no deve terumarespostanica.Inclusive,asde-sapropriaes necessrias ampliao de vias para carros faz com que a cidade percapartedesuamemriaerefernciashistricas. H muita coisa que se pode fazer, mesmo com baixo investimento, promo-vendo e qualificando aes de geren-ciamento do trnsito. Por exemplo: vias no precisam servir para estacionar (uma questo fundamental para ser tratada). J existem lugares em que, para comprar um carro, preciso comprovar a existn-cia de garagem em casa e no servio.

    Muitas cidades tambm j adotam prticasdedesestmuloaousodoautom-vel particular reorientando os investimentos para a qualificao do transporte coletivo e dos modais no-motorizados. O incentivo ao uso da tecnologia, bilhetagem eletrni-ca e a integrao tarifria so formas de otimizar o sistema. Porto Alegre no pode deixar de de-bater uma integrao regional metropoli-tana das redes de trnsito e transporte, a relao com os municpios vizinhos e a co-nurbao do transporte urbano. Porm, no vai se promover nenhuma mudana cultural sem a participao popular e sem vontade poltica. Seno, o Plano de Mobilidade vai ficar apenas no papel. Precisa-se estipular metas bem definidas e aportar estruturas e recursos para que se possa implement-lo.

  • A globalizao concentrou e am-pliou as propriedades rurais e, hoje, 85% da populao vive em cidades. Tudo est desta forma porque temos polticas pblicasque induzemessemodelo. In-centiva-seousodaautomvel,enootransporte coletivo. preciso inverter a lgicaeadiscussoatualsobrecomoconstituir cidades com distribuio mais harmnica dos servios, para facilitar os deslocamentos sem a necessidade de motor. O Plano precisa prever a restrio aousodoautomvel. Taxarestaciona-

    10

    5 Reunio

    Gesto e participao social, ocupao da cidade e uso do espao urbano

    15 de Outubro de 2013

    Foi convidado, para debater o tema, Milton Cruz, doutor e mestre em Sociologia e profes-sor de Planejamento Urbano e Organizao da Cidade na UFRGS.

    mento uma das alternativas que pode ajudar a induzir o uso do transporte pbli-co, ofertando alternativas como tarifas dife-renciadas, mais horrios, etc. O que atrapalha o trnsito so os au-tomveis.OatualPlanoDiretorjprevoestacionamentodissuasrio,oincentivoaotransporte pblico e preferncia a pedestres e ciclistas como estratgias de mobilidade. O planejamento deve prever um conjunto de alternativas, incentivando o que for melhor e taxando o que no for. fundamental garantir a participao popu-lar na discusso do Plano de Mobilidade. .

    Analisando o processo de ocupao de Porto Alegre desde o fim da dcada de 1920v-seoquantoaculturadoautom-vel foi se impondo de forma a acabar com amemriaqueacidadetinha.

    Napoca,aCapitaltinhaveldro-mos de bicicleta que foram dando lugar aautdromosdecarros.E,hoje,gover-nos ainda acreditam que esse o cami-nho do desenvolvimento.

    11

    Criam-se estruturas, instituies, contratam-se pessoas e os problemas no so resolvidos, mas vo se agravando. O planejamento urbano no entra nas polti-cas pblicas. Dos debates feitos no Ora-mento Participativo em 1993 para discutir o modelo de cidade, pouca coisa avan-ou ou foi aprofundada. Persiste o grande desafio de rom-per com a ideia de que as grandes obras so a salvao para a cidade. s vezes, elas podem ser at pior. A mobi-lidade urbana no foi um tema discuti-do dentro da reviso do Plano Diretor. Mudar comportamento social e proje-

    tos polticos muito difcil. No estamos conseguindo fazer uma discusso sobre o uso mais apropriado do solo urbano. Um avano ver que o Estatuto das Cidades, quando classifica o solo urbano como de interesse social, est preocupado em evi-tar a especulao imobiliria. Por que os trabalhadores tm que morar to distante do local de servio? Temos que cobrar das autoridades aes estratgicas para mudar a cultura, mudar comportamentos e polticas. Buscar uma sociedade que seja menos dependente das grandes solues e dos megaem-preendimentos.

  • a) Anlise da Lei Orgnica Municipal de Porto Alegre;

    b) Audincias Pblicas e do Plano Diretor;

    c) Avaliao das estratgias de luta utilizadas pelos movimentos sociais nas cidades brasileiras e pases da Amrica Latina, Europa e Estados Unidos e sua relao com a po-ltica, as instituies e a opinio pblica;

    d) Identificaode parcerias possveis nos rgosmunicipais, estaduais, federais eentidades da sociedade visando constituio de uma rede de mobilizao, ao e cons-truo do pensamento crtico sobre a cidade que queremos.

    Estratgias de participao da sociedade civil:

    a) Projetos de caladas;

    b) Projetos de paradas de nibus;

    c) Projetos de ocupao das ruas (vias fechadas, para uso de ciclistas, skatistas, pe-destres, atividades culturais, economia solidria, etc);

    d) Projetos de mobilidade entre parques/praas e locais culturais e de servios;

    e) Projetos de mobilidade para os bairros da cidade.

    Projetos que organizem a mobilidade urbana na cidade, orientem e impactem o Executivo e Legislativo Municipais, criando maior a conscincia cidad:

    6 Reunio

    Nesta ltima reunio da Frente Parlamentar, participou como debatedora convidada a professora Cludia Ramos Rhoden, PhD em Cincias Ambientais e coordenadora do labo-ratrio de poluio atmosfrica da UFCSPA.

    Emisses de partculas, danos sade e poluio atmosfrica

    20 de Novembro de 2013

    12

    A exposio poluio um fator que contribui para uma srie de doenas, como cncer de pulmo e cncer de bexiga no mesmo patamar do consumo de cigar-ro.Issoserveparasinalizarqueprecisamos

    fazer alguma coisa. Registramos em tornode dois milhes de mortes prematuras no mundo em funo da exposio poluio, que um problema de sade pblica. So-mente em So Paulo, a internao hospitalar

    porcomplicaescardio-respiratriastemaumento de 8% em dias de alta concentra-o de poluentes na atmosfera, e aumento de mortalidade na ordem de 4% a 6%. A poluio atmosfrica tem uma va-lorao e custo para o Poder Pblico por conta da exposio generalizada das pes-soas, sobretudo nas cidades. Em Porto Ale-gre,em2007/2008,ocustofoialgoprxi-mo a US$ 180 milhes/ano; em So Paulo, US$ 300 milhes. Gastamos muito com o atendimento hospitalar e os dados envol-vemapenasdoenas cardiorrespiratrias. Mas os danos no ficam restritos ao pulmo e ao corao. A exposio poluio, especialmente de materiais par-ticulados, compromete o aprendizado de crianas, pois carrega consigo bactrias e metaistxicosquesograndescausadoresde doenas; so levados pela chuva at as estaes de tratamento de gua e chegam s torneiras das residncias. At o atrito dos pneus no asfalto gera partculas finas e, nes-te sentido, as vias de concreto so melhores. Apesar disso, no h monitoramento sobre as partculas finas. O inverno sempre

    13

    pior do que o vero, pois h mais difi-culdade de dissipao e as pessoas ficam mais tempo em contato com os agentes poluentes. Nas medies feitas em labo-ratrionaUFCSPA,queficanabocadoTnel da Conceio, a medida diria, em mdia, o dobro do limite aceitvel. J em 2007/2008, no inverno, Porto Alegre era a segunda capital mais poluda do Pas, perdendo somente para So Paulo e, at hoje, a situao s piorou. Indopara a Zona Norte, a poluio aumenta. Humait um dos bairros mais poludos, conforme a pesquisa. Infelizmente,aocupaodosolovol-tada questo financeira e as complicaes decorrentes deste modelo de urbanizao,com aumento da pobreza e as vrias ca-rncias, crescente confuso do trnsito e o aumento de 28% na emisso de poluentes em perodos de congestionamento (cada vez mais frequentes, mais demorados e espalhados pela cidade), dentre outros fa-tores envolvendo a infraestrutura, redun-dam em crescente aumento da poluio.

  • 14

    Concluses e indicaes finais da Frente Parlamentar elaborao do Plano de Mobilidade

    Aspectos estruturais

    1. O plano de mobilidade dever in-duzir crescente comportamento favor-vel ao sistema coletivo de mobilidade e meios no motorizados, com desestmulo ao uso de meios individuais motorizados de deslocamento;

    2. O Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental (PDDUA) estabeleceu que (Art. 6) a Estratgia de Mobilidade Urbana tem como objetivo geral qualificar a circulao e o transporte urbano, pro-porcionando os deslocamentos na cidade e atendendo s distintas necessidades da populao, atravs de (I)prioridade ao transporte coletivo, aos pedestres e s bicicletas, o que dever ser tomado como base de todo e qualquer planejamento ou interveno;

    3. Para promover a mobilidade com sustentabilidade e priorizar a mobilida-de de pessoas em primeiro lugar (e no o fluxo de veculos), o Plano dever priorizar deslocamentos por meio de modais com menor impacto ambiental, econmico e social, com clara preferncia ao transpor-te coletivo, meios no motorizados ou de matriz energtica renovvel;

    4. Ao longo da vigncia do Plano, os deslocamentos realizados por meio de transporte coletivo e meios no moto-rizados devero se tornar melhores e mais atrativos para os usurios, mais eficientes e vantajosos do que os deslo-camentosrealizadosporautomvelpar-ticular.

    Ainda vivemos a cultura de que cada um quer ter o seu carro. A poluio do ar em corredores de nibus grande. Em medio de material particulado, pes-quisadores que estavam dentro do ni-bus enfrentaram a mesma poluio que algum que estava fora. As pessoas que realizam longos trajetos e passam muito tempo de espera pelo transporte acabam sendo as principais vtimas da exposio poluio. Esse sistema consolida uma dis-toro com prejuzo maior para quem usa o transporte coletivo, caminhantes ou usu-rios de bicicleta, e prejuzo menor para quem est no carro. Precisamosencararasadenos

    como tratamento de agentes infeccio-sos, mas vinculada ao planejamento urbano. Profissionais da Biomedicina nunca so chamados quando se fala em mobilidade. Sade no s tra-tar doena. Precisamos ter conscin-cia disso. Porm, nem todos os cursos de sade ainda tm esse entendimento. No h dvidas de que os grandes culpados e viles da poluio so os car-ros. Os lucros com a venda dos veculos privatizado, mas os custos e prejuzos so socializados at com quem no pos-suiouutilizaautomvel.OPoderPblicotem que responder por tudo isso e buscar solues, fazer planejamento e agir.

    1. Constituir um Conselho Gestor de Controle Social da Mobilidade, pari-trio e representativo de diversos segmentos sociais com reconhecida atuao em mobilidade, para implantar, fiscalizar e acompanhar o Plano de Mobilidade;

    2. Assim como as pistas de trnsito espao pblico privilegiado dos mo-dais veiculares tambm as caladas espao pblico privilegiado do modal pedestre devero passar responsabilidade do Poder Pblico, de forma a garantir os Princpios da Lei de Mobilidade Urbana, proporcionar equidade de investimento dos impostos arrecadados, e padronizao dos espaos dos diversos modais na cidade;

    3. A estrutura fsica das caladas e acessos para deslocamentos a p devero cumprir os princpios bsicos de ergonomia, economia, segurana viria, conforto, continuidade, conectividade e atratividade, garantindo cres-cente caminhabilidade ao modal pedestre.

    4. Constituir, alimentar e tornar pblico um sistema integrado de estats-ticas e monitoramento de indicadores de qualidade referentes mobilidade em Porto Alegre, para subsidiar polticas pblicas, com dados e informaes que incluam veculos de propulso humana (bicicleta) e pedestres.

    5. Garantir a prioridade, nas licitaes e contratos de prestadores de ser-vios, transporte de pessoas e cargas, de meios e veculos no poluentes e ecolgicos, com eficincia energtica de matriz renovvel, com reduzida emis-so de poluentes e baixa produo de rudo;

    Aspectos de gesto e operao

    15

    A caminhabilidade uma qualidade do local e () deve proporcionar uma motivao para induzir mais pessoas a adotar o caminhar como forma de deslocamento efetiva, restabelecendo suas relaes interdependentes com as ruas e os bairros. E, para tanto, deve comprometer recursos vi-sando a reestruturao da infraestrutura fsica (passeios ade-quados e atrativos ao pedestre) e social, to necessrias vida humana e ecologia das comunidades. (Ghidini, Ro-berto, vice-presidente tcnico-cientfico da SociedadPeato-nal. A caminhabilidade: medida urbana sustentvel. 2011. Revista dos Transportes Pblicos n 127 ANTP. So Paulo. 1 quadrimestre. 2011. Acesso em 28/05/2013).

  • 6. Executar os projetos de implantao de ciclovias/ciclofaixas em confor-midade com os parmetros tcnicos e normatizao estabelecidos no Pla-no Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental (PDDUA) e Plano Dire-tor Ciclovirio Integrado (PDCI), e submet-los anlise e aprovao pelo Conselho Gestor de Controle Social da Mobilidade;

    7. Estabelecer campanhas permanentes de educao para o trnsito com objetivos de fomentar a convivncia entre modais, o compartilhamento das vias e o respeito aos modais mais frgeis (no motorizados);

    8. Prever a retirada de vagas de estacionamento para implantao de ciclofaixas direita das vias, principalmente em eixos onde o fluxo por meios no motorizados maior;

    9. Articular a criao de um frum permanente de mobilidade conurba-da para integrao de polticas e aes entre os municpios que fazem limite com Porto Alegre: Viamo, Gravata, Cachoeirinha, Alvorada e Canoas, com participao dos poderes pblicos e setores que atuam em mobilidade;

    10. Exigir, dos prestadores de servio, a implantao de sistema GPS em cada veculo de transporte coletivo, integrado a painis de informaes de tempo real nos pontos de nibus, bem como a limpeza, manuteno e garan-tiadascondiesdeusabilidadeeconfortodasparadas,tornandoobrigatriaa indicao de rotas, mapas, linhas e horrios de nibus, direes, cone-xes, etc, nas paradas de nibus e nos veculos de transporte coletivo;

    11. Implantarestruturas necessrias que proporcionem e facilitem a in-termodalidade, como bicicletrios ou paraciclos em polos geradores de tr-fego, aparatos (racks) para transporte de bicicletas em veculos de transporte coletivo, txis e lotaes, integrao de tarifao na bilhetagem eletrnica, entre outros;

    12. Planejar e implantar, de forma diferenciada, medidas estratgicas para desincentivar o uso de veculos particulares automotores em regies de deslocamentosdetrajetoscurtos,sobretudoemdireoaoCentroHistrico,parareduziraemissoequeimadecombustveisfsseis;

    13. Incentivaraelaboraodeplanos de mobilidade por bairros, com a adoo de medidas e adequaes fsicas para acalmia de trfego e restrio circulao de veculos automotores;

    16

    3. Aumento da taxa mdia de habitantes/veculo;

    4. Aumento da taxa percentual de deslocamentos cotidianos realizados a p;

    5. Aumento da taxa percentual de deslocamentos cotidianos realizados por bicicleta e meios no motorizados;

    6. Diminuio da taxa de deslocamentos realizados por veculo particular, individual, motorizado;

    7. Diminuio do tempo mdio dispendido em viagens de transporte coletivo;

    8. Diminuio da velocidade mxima das vias arteriais;

    9. Ampliao do nmero de vias com medidas de acalmia de trfego;

    10. Ampliao do nmero de vias chamadas Zona 30 km/h;

    11. Aumento de campanhas e aes de fiscalizao sobre cumprimento da prioridade a pedestres e ciclistas, conforme a legislao;

    A elaborao destes indicadores e metas, os meios de verificao, as variveis a monitorar, os ndices de desempenho, etc, devero contar com a participao de univer-sidades, atores sociais e entidades atuantes em mobilidade urbana, dentre outros. Anualmente, devero ser divulgadas as variaes e os resultados do monitoramen-to destes indicadores e metas, para garantia de maior participao e controle social na execuo do Plano de Mobilidade Urbana e Sustentvel.

    Construo de indicadores de resultados e metas

    17

    Para garantir maior concretude durante a vi-gncia do Plano de Mobilidade Urbana e Sustent-vel, dever ser assegurada ampla participao social na definio de indicadores e metas quantitativas a serem alcanadas, que devero incluir, dentre outros:

    1. Diminuio das emisses de partculas de COna atmosfera;

    2. Melhoria da qualidade do ar, principalmente ao longo dos principais eixos de deslocamento de populaes como avenidas e corredores de nibus;

  • 19

    Na interlocuo sobre a Cidade que Que-remos, uma srie de elementos de plane-jamento urbano, como a ocupao dos espaos e a mobilidade, foram desenha-dos de maneira a contribuir com um Pla-no de Mobilidade Urbana Sustentvel que Porto Alegre ainda no tem. Foi pensando em colaborar com o Poder Executivo neste debate to necessrio que organizamos a Frente Parlamentar na Cmara Municipal. Pessoas e representantes de diversas enti-dades discutiram, elaboraram e sistema-tizaram as propostas reunidas neste ma-terial. Esperamos que esta iniciativa seja incorporada pelo Poder Executivo da Ca-pital ao processo de elaborao do Plano, quemarcaroprximoperodo,devendoser concludo em 2015.

    ASSOCIAODECICLISTASDEPORTOALEGREACPA

    ASSOCIAODEGEGRAFOSBRASILEIROSAGB

    ASSOCIAODOSTRANSPORTADORESMETROPOLITANOSATM

    ASSOCIAOGACHADEPROTEOAOAMBIENTENATURALAGAPAN

    ASSOCIAOMORADORESAUXILIADORAAMA

    ASSOCIAOPELAMOBILIDADEURBANAEMBICICLETAMOBICIDADE

    ASSOCIAORIO-GRANDENSEDETRANSPORTEINTERMUNICIPALRTI

    BANRIBIKE(BANRISUL)

    CONCEPA

    CONSELHOMUNICIPALDEDESENVOLVIMENTOURBANOEAMBIENTALCMDUA

    CONSELHOPOPULARDALOMBADOPINHEIRO

    DEPARTAMENTODEEDUCAOEPTC

    DETRAN-RS

    DISCUTINDOPORTOALEGRE

    DMAE

    EMBARQBRASIL

    EMPRESAPBLICADETRANSPORTEECIRCULAOEPTC

    FEDERAODASASSOCIAESDEMUNICPIOSDORIOGRANDEDOSULFAMURS

    FUNDAOTHIAGODEMORAESGONZAGA

    INSTITUTODEPOLTICASDETRANSPORTEEDESENVOLVIMENTOITDP

    INSTITUTODOSARQUITETOSDOBRASILIAB/RS

    LABORATRIODEPOLTICASPBLICASESOCIAISLAPPUS

    LABORATRIODESISTEMASDETRANSPORTESLASTRAN/UFRGS

    MATRICIALENGENHARIACONSULTIVA

    METROPLAN

    OBSERVATRIOMOBILIDADEURBANAPORTOALEGRE

    ORDEMDOSADVOGADOSDOBRASILOAB-RS

    PREFEITURADECACHOEIRINHA/RS

    RDIOELTRICA

    SECRETARIAMUNICIPALDEACESSIBILIDADEEINCLUSOSOCIALSMACIS/POA

    SECRETARIAMUNICIPALDETRANSPORTESSMT/POA

    SINDICATODASEMPRESASDETELESERVIOSEENTREGASRPIDASSETSER/RS

    SINDICATODOSSOCILOGOSDORS

    TRENSURB

    UFRGS/ILEA/GPCIDADESEPARTICIPAO

    Entidades que registraram presena na Frente Parlamentar

    18