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Dezembro - Ano 2006 Dezembro - Ano 2006 vasta selva para ler leva para ver ressalta para ser. estas letras º 6 de Redação Concurso

Concurso 6ºRedação de - Centro Educacional Charles Darwin - · 6 ºde Redação Concurso. CENTRO ... Dentro do cerceamento natural provindo deste tipo de exercício criativo

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Dezembro - Ano 2006Dezembro - Ano 2006

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Concurso

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CENTRO EDUCACIONAL CHARLES DARWIN

DEZEMBRO DE 2006

Coletânea de Redações

Os dez vencedores do 6º Concurso de Redação

Certas Palavras

COMENTÁRIOS:

Profº Jorge Nascimento

Professor da UFES de Literatura

Departamento de Línguas e Letras

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DIRETORES Adriano Pratti PissarraAlice Zouain F. Simoni

Edson dos SantosFabrício Henrique S. Silva

Helder J. Telles de Sá João Carlos Carvalho dos Santos

Jociel Moreira HemerlyJony Jones M. e Mota

Lucihel Wagner Sarmento CostaMércia Maria Pimentel Lemos

Ricardo Gonçalves de AssisRoberto Daróz

Silvio Pantaleão

COORDENAÇÃO Ana Paula Gomes de Oliveira

Roberto Colombi Gava

EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO

Eloá Simões Souza Ribeiro

REDAÇÃO

R. Desemb. Vicente Caetano, 116Mata da Praia - Vitória - E.S.

Tel.: (27) 3225-9699

EDITADO POR Centro Educacional Charles Darwin

CNPJ: 36.049.104/0001-38Tiragem: 2000 exemplares

Expediente

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Quando se pede a alguém que disserte por escrito sobre um determinado

tema, espera-se um texto em que sejam expostos e analisados, de forma

coerente, alguns dos aspectos e argumentos envolvidos na questão

tematizada. Não há escrita sem leitura, sem reflexão, sem a adoção de um ponto

de vista e, pode-se mesmo dizer, sem um desejo, por parte de quem escreve, de se

manifestar a respeito de um determinado tema.(Reprodução parcial do trecho que faz parte do fascículo Vestibular Unicamp:

Redação. Disponível em http://www.convest.unicamp.br/vest99/redacao/item3.html)

SELECIONAR, JULGAR, CLASSIFICAR. Como ser coerente e

prático ao lidar com atos de escrita de sujeitos-aprendizes aprisionados por

coletâneas, números de linhas, temáticas, regras pré-estabelecidas, tamanhos

de letra?

Porém, apesar do processo de massificação a que estão submetidos os

pretendentes a uma vaga na Universidade, o que notei, na leitura e seleção dos

textos, foi como as visões pessoais interagem com as especificidades condicio-

nantes na tentativa de produzir um texto autoral. A tal processo poder-se-ia

juntar o ideal de ser producente dentro das próprias condições dadas.

Professor Dr. Jorge Nascimento(Graduação, Mestrado e Doutorado pela UFRJ)

Professor da UFES de Literatura

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Concurso de Redação - Certas Palavras 2006Concurso de Redação - Certas Palavras 2006

Escrita e criação, sociedade e lugar-comum

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Concurso de Redação - Certas Palavras 2006Concurso de Redação - Certas Palavras 2006

Sabe-se que as amarras temáticas, contextuais, de estrutura e também as

formais vão interferir na produção de um texto que é submetido a uma tipologia

– a redação de Vestibular -, além da consciência de que há “coisas” que devem

ser evitadas dentro da produção padronizada pedida – um texto dissertativo.

Dentro do cerceamento natural provindo deste tipo de exercício criativo –

e escrever deveria sê-lo -, surgem textos que, apesar de uma pseudo-

homogeneização, buscam “marcar” a escritura através da personalização, o

que não é tarefa fácil.

Assim sendo, buscou-se nos textos apresentados, além daquilo que se

espera de uma redação para Vestibular: coesão, coerência, adequação ao tema,

etc., perceber como os alunos tentaram ser eles mesmos, dentro das especifici-

dades que margeiam a produção de um texto de natureza especificada

previamente.

Assim, depois de várias leituras, chegou-se às dez redações aqui

apresentadas e comentadas. Dentro dos limites impostos à criatividade, é

notável nos textos, em maior ou menor grau, a busca por expressão pessoal,

ainda que dentro das margens da contextualização e das fórmulas aprendidas.

A escolha dos dez classificados (e a própria ordem de classificação),

pessoal como muitas escolhas na vida, deveu-se ao fato de que, no meu

entender, nos textos escolhidos, o processo comunicativo inerente à escrita deu-

se de forma satisfatória, os elos entre emissores e decodificadores buscaram

solidez e coerência, as normas estruturais foram respeitadas e, além de tudo,

evidenciou-se a busca, através da escrita, de inscrever-se no mundo das idéias e

dos ideais.

Talvez, ideologicamente, o que se nota, através da análise dos procedi-

mentos de construção textual dos alunos, seja parte de um processo que reflete

as relações sociais no mundo contemporâneo. Ou seja, como sermos nós

mesmos, emitirmos opiniões e fazermos julgamentos, num mundo que parece

querer homogeneizar corpos, preconceitos, vestimentas e atitudes? Como ser

criativo e pessoal num mundo em que verdades aceitáveis e falsas essências são

transformadas em territórios protegidos pelas estratégias do lugar-comum?

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Conheça os vencedores:

Autor: Franco Veronez Ribeiro - 3ºM2

@ Primeiro Lugar Unidade: Jardim da Penha

Autor: Saullo Queiroz Silveira - 3ºI2

@ Segundo Lugar: Unidade: Jardim da Penha

Autor: Yasmim Bolzan Marinho - 2ºB@ Terceiro Lugar

Unidade: Cachoeiro de Itapemirim

Autor: Talita Denadai Moreira - 2ºC@ Quarto Lugar:

Unidade: Vila Velha

Autor: Bianca Passos Arpini - 3ºM1@ Quinto Lugar

Unidade: Campo Grande

Autor: Clara Pacheco Santos - 1ºA@ Sexto Lugar:Unidade: Jardim da Penha

@ Sétimo Lugar Autor: Andressa Barboza Félix - 2ºL

Unidade: Jardim da Penha

@ Oitavo Lugar: Autor: Rodrigo Miranda Vieira - Pré-Vestibular

Unidade: Guarapari

@ Nono Lugar Autor: Marília Sarmento Borges - 2ºM

Unidade: Jardim da Penha

@ Décimo Lugar: Autor: Renan Bittencourt Sarcinelli - 3ºM2

Unidade: Jardim da Penha

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Primeiro Lugar

Aluno: Franco Veronez Ribeiro

Unidade: Jardim da Penha

Série e Turma: 3ºM2

O caos da segurança pública no estado de São Paulo impressiona todo o país:

a sociedade sente-se visivelmente ameaçada e impotente diante das

dimensões que a violência urbana atingiu nessa região. Os ataques

armados a diversas instituições públicas promovidas por grupos criminosos

poderosíssimos refletem a falência do Sistema Penitenciário, o descaso

governamental e o fortalecimento do crime organizado.

A problemática paulista é complexa: a carência de investimentos públicos nos

setores sociais marginalizou uma grande parcela da população. A miséria, a fome e

o desemprego foram, então, precursores da atual violência. Aos poucos, estruturou-

se o Tráfico de Drogas e armas. Grupos criminosos, como o Primeiro Comando da

Capital (PCC), passaram a ter influência e controle sobre regiões socialmente

excluídas. Simultaneamente, a Polícia se corrompeu a ponto de ficar menos potente

que o próprio crime. Além disso, o Sistema Penitenciário tornou-se ineficiente: com

uma deficiente infra-estrutura, o caráter ressocializador cedeu a desrespeitos aos

direitos humanos, como, por exemplo, agressões aos detentos. As rebeliões,

portanto, fizeram-se freqüentes. Somada a esses fatores, a comunicação entre os

presídios por meio de aparelhos celulares agrava ainda mais a situação.

Assim sendo, a simples instalação de bloqueadores de sinal telefônico nas

penitenciárias, ou o melhor armamento da Polícia ou até mesmo a transferência de

presos para presídios de segurança máxima, como proposto pelo governo, não são

suficientes para solucionar os entraves da Segurança Pública paulista e também

nacional. É de caráter emergencial a adoção de políticas de inclusão social,

educação, saúde, moradia e emprego para as comunidades marginalizadas. O

combate aos tráficos de drogas e armas também deve ser privilegiado, uma vez que

desestrutura o crime e desmantela facções criminosas. Além disso, amplos

investimentos devem ser feitos no Sistema Penitenciário, tornando-o mais justo,

humano e de acordo com a Legislação. Somente a partir de tais medidas, será

possível promover a paz em São Paulo e no Brasil.

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Comentário do Professor:

Tratando do tema da violência urbana a partir dos distúrbios promovidos pelo

PCC em São Paulo, a redação de Franco Veronez Ribeiro está bem

estruturada e clara.

No primeiro parágrafo, o autor descreve o quadro caótico em que se encontra a

maior cidade do Brasil, contextualizando o fato à impotência da sociedade.

No segundo parágrafo, o texto desenvolve, centralizado no problema específico

do sistema prisional, um pequeno histórico, buscando as causas que levaram à atual

situação. Devido ao pequeno espaço textual, à falta de repertório ou ao pouco

aproveitamento da coletânea, o texto apresenta uma generalização das causas,

citando a miséria, a fome e o desemprego e omitindo causas externas, como, por

exemplo, o processo de empobrecimento das Nações periféricas e o jogo de interesses

macroeconômicos e o tráfico internacional de drogas e de armas.

No terceiro e último parágrafo, a redação descreve as soluções paliativas e

emergenciais tomadas pelos governantes - como instalação de bloqueadores de sinal

para celulares e transferências de detentos para presídios de segurança máxima - e

aponta para a possibilidade de medidas profundas e urgentes a serem tomadas para a

utópica promoção da paz.

É notável a adequação do vocabulário utilizado no tratamento do tema e a

construção textual através de uma estrutura simples e coesa, além da correção

gramatical e da clareza promovida através do domínio das estruturas lingüísticas.

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Segundo Lugar

Aluno: Saullo Queiroz Silveira

Unidade: Jardim da Penha

Série e Turma: 3º I2

O voto não deve ser obrigatório. Tal princípio baseia-se em um dos alicerces fundamentais da democracia: a liberdade, que deve manifestar-se inclusive no que diz respeito a exercer ou não o inviolável direito do voto. É notório,

porém, que a população brasileira ainda não está preparada para conviver com tal escolha.

A democracia participativa da Grécia antiga é muito díspar do modelo representativo em vigor na contemporaneidade e que tem seus primórdios na França revolucionária do século XVIII. Porém, a obrigatoriedade vivida na pólis grega ainda perdura em muitos países, em especial nos subdesenvolvidos, a despeito do vislumbrado em nações ditas desenvolvidas. É importante ressaltar que tal realidade está intimamente relacionada ao baixo nível de escolaridade e à falta de consciência política vislumbrada no bloco das nações mais pobres, pois o direito de abster-se do voto poderia causar o desinteresse maciço pelas eleições. Além disso, a desigualdade social poderia conduzir a uma elitização da política, pois a minoria votante seria aquela mais organizada e informada, conforme o afirmado pelo sociólogo, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Emir Sader. Por outro lado, a obrigatoriedade conduz à formação de currais eleitorais conduzidos pelo capital eleitoreiro usado para corromper a população pobre.

O desprestígio da política brasileira devido à corrupção é um agravante para a dificuldade de instituir-se o voto facultativo. Isso se verifica pelo fato de que o número de votos brancos e nulos tem aumentado substancialmente a cada eleição; logo, uma imediata mudança na lei eleitoral poderia minar por completo a participação popular nas eleições. É preciso repensar a ética partidária para com isso aglutinar pessoas de ideologias afins sob uma mesma legenda.

Desse modo, conclui-se que, embora o voto facultativo seja o mais recomendá-vel para uma democracia, o Brasil tem que realizar profundas mudanças sociais, como aumentar a distribuição de renda, a educação e a consciência política antes de implantá-la. Além disso, é preciso moralizar a política brasileira, para recuperar seu prestígio e atrair a população para o voto.

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Comentário do Professor:

Aredação de Saullo Queiroz Silveira tem como temática a polêmica

questão do voto obrigatório e a possibilidade de instituição do voto

facultativo no Brasil. A primeira frase, taxativa, deixa clara a opinião

do autor: O voto não deve ser obrigatório, e continua argumentando que tal opinião é

conseqüente do fato de que deve ser respeitado um dos alicerces fundamentais da

democracia: a liberdade. Porém, antiteticamente, o texto diz que a população

brasileira não está preparada para tal escolha. A partir dessa dualidade, a

argumentação é desenvolvida, com o apoio de dados da história do desenvolvimento

da democracia, citando os gregos e a França revolucionária do s. XVIII.

Assim, o texto desenvolve sua argumentação, costurando dados históricos e

citando a opinião do sociólogo da UERJ Emir Sader. Dessa forma, a redação

apresenta uma variedade argumentativa embasada e muito bem diluída no discurso

do autor, demonstrando um bom aproveitamento da coletânea. O fato de haver

muitos votos brancos e nulos nas eleições é utilizado como dado que reitera a

possibilidade de diminuição de participação política com a possibilidade do fim do

voto obrigatório.

Repleto de referências pertinentes, apesar de um problema de coesão, e um

excesso de informações no espaço de seis linhas no penúltimo parágrafo, o texto

demonstra maturidade e um ótimo aproveitamento das informações colhidas

anteriormente à sua construção.

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Terceiro Lugar

Aluno: Yasmim Bolzan Marinho

Unidade: Cachoeiro de Itapemirim

Série e Turma: 2ºB

DDe acordo com a Carta Magna, a segurança é tida como dever do Estado. Infelizmente, isso se opõe bruscamente à realidade em que hoje se encontra o Brasil, que vive uma crise generalizada no sistema

carcerário. O problema é preocupante em todos os sentidos, tanto para os detentos, quanto para a família ou qualquer outro cidadão comum.

Cronicamente, o objetivo de isolar um praticante de ilícitos criminais é fazer com que ele se regenere, tornando posteriormente possível a reintegração do mesmo na sociedade, sem que ele volte a demonstrar atitudes criminais.

Porém, as condições do sistema penitenciário brasileiro não fazem cumprir seus deveres, uma vez que sua falência é claramente percebida. As celas encontram-se sujas e superlotadas; a ausência de práticas laborativas acentua a inutilidade social sentida pelo detento e a morosidade da justiça gera quebra de expectativas. A mistura de detentos de diversos níveis, transforma os presídios em verdadeiras escolas do crime, em que os mais fracos estão submetidos aos mais fortes; numa indesejável relação com o Evolucionismo de Charles Darwin. Além disso, as baixas remunerações dos funcionários dos cárceres intensifica a corrupção e a impunidade, facilmente identificados em se tratando dos setores de justiça do Brasil.

Detentos utilizando aparelhos celulares, por exemplo, na maioria das vezes, não recebem as punições necessárias. E são em falhas como esta que grandes catástrofes acontecem; ao exemplo do último Dia das Mães, em que São Paulo sofreu, em diferentes focos, atentados de grupos criminosos organizados. Através destes aparelhos — verdadeiras armas disfarçadas —também se ameaçam várias famílias com falsos seqüestros, minuciosamente esquematizados, em que, na maioria das vezes, conseguem obter das vítimas, dinheiro ou cartões de celular, para poderem expandir suas redes de domínio criminal e do tráfico de drogas em todo o país.

É necessário um imediato basta à situação. O atual governo brasileiro admitiu uma falha no sistema educacional do país, o que gera uma maior população desempregada, e conseqüentemente, maior tendência à marginalização.

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Comentário do Professor:

O texto de Yasmim Bolzan Marinho trata da situação do sistema carcerário

brasileiro e seus desdobramentos na violência urbana. O texto inicia-se com

a citação à Carta Magna - nossa Constituição - que diz que a segurança é

dever do Estado, e continua afirmando que , na prática, tal fato não se dá, dada a

crise do sistema prisional.

Trata-se de um texto bem estruturado, obediente às normas e desenvolvido com

acuidade, apresentando argumentos pertinentes, o que demonstra bom

aproveitamento do repertório textual motivador da redação (aproveitamento da

coletânea). Aponta, também, uma série de fatores que levam à inutilidade social do

detento e à superpopulação carcerária, como a ausência de práticas laborativas, e a

morosidade da justiça. Tal enumeração e a descrição dos atos ilícitos cometidos e/ou

sofridos dentro das cadeias são a base argumentativa do terceiro e quarto parágrafos.

No último e conclusivo segmento do texto, a autora utiliza uma frase ufanista e

retórica - É necessário dar um imediato basta à situação - e não apresenta possíveis

propostas para o enfrentamento da situação, limitando-se, mais uma vez, a apontar

as causas do problema, como o fato de o governo (?) - estadual (?), federal (?) -

admitir uma falha no sistema educacional do país (...) que gera uma maior população

desempregada e, conseqüentemente, maior tendência à marginalização.

São notavelmente positivos, no texto, a estruturação e o desenvolvimento

argumentativo, a utilização de expressões convenientes e o uso de um léxico

adequado.

Concurso de Redação - Certas Palavras 2006Concurso de Redação - Certas Palavras 2006

Obviamente, estas são algumas das causas, surgindo paralelamente um menor investimento nos presídios. Esqueceram-se, entretanto, de mencionar que o grande gerador desse “Efeito dominó” é o próprio Estado, ausente; e de manifestar preocupação, tomando medidas imediatas para ao menos, amenizar tal problema.

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Quarto Lugar

Aluno: Talita Denadai Moreira

Unidade: Vila Velha

Série e Turma: 2ºC

Bacharéis do Crimeindubitável o fato de que o sistema prisional brasileiro encontra-se defasado, ineficaz e com profundos problemas estruturais. São flagrantes as mazelas que viajam no âmbito penitenciário, tais como a superlotação, ociosidade e

má administração. Ante ao degradante cenário a que chegamos, não é de se surpreender que os freqüentes e atemorizantes ataques ocorridos na quarta maior cidade mundial — promovidos pelo PCC —, tenham adquirido dimensões imensuráveis. Isso tudo, no entanto, apenas demonstra a inércia do Estado ante as questões de segurança pública.

O sistema penal do país convive com um paradoxo: como promover a reeducação dos reclusos, visto que, nas prisões, nem mesmo os Direitos Humanos são garantidos? Os detentos vivem em condições desumanas, expostos a todos os tipos de males, tanto de caráter físico, quanto de cunho psicológico. O “maio sangrento” — como ficou conhecida a série de ataques preconizados pelo Primeiro Comando do Capital — é o maior exemplo de como as cúpulas governamentais só começam a se preocupar com este degradante cenário, quando a situação adquire proporções alarmantes e incontroláveis. Afinal, a facção criminosa em questão conseguiu a façanha de fazer da cidade de São Paulo uma frágil refém. A violência com que grupos como esses vêm agindo, é reflexo das péssimas condições a que estão submetidos; é o espelho de uma sociedade igualmente desestruturada e desigual. Diante disso, torna-se perceptível que o sistema penitenciário brasileiro não cumpre e nem é garantia de ressocialização dos detentos, muito pelo contrário. O ambiente a que estão submetidos, apenas fomenta a degradação humana e moral destes indivíduos.

São cada vez mais nítidos o desrespeito às leis e a submissão às regras. Grande parte dos presos desafiam o poder das autoridades, utilizando-se de um intrincado mecanismo de comunicação entre presídios e aliados externos. Isso, porém, constitui-se em verdadeiras armas para a difusão da criminalidade, contrastando-se com a impotência e incapacidade de controle por parte do Poder

É

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Comentário do Professor:

A redação de Talita Denadai Moreira, que tem como título Bacharéis do

crime, também aborda o tema da crise do sistema carcerário, tomando

como ponto de partida os ataques promovidos pelo PCC em São

Paulo. Partindo de um pressuposto básico: a defasagem e ineficácia do modelo de

prisões brasileiras, o texto é desenvolvido sem distanciamento de tal proposição

inicial.

Após a apresentação feita no primeiro parágrafo, a autora, nos dois parágrafos

subseqüentes, descreve as causas da falência do sistema, enumerando uma série de

fatos diários e degradantes ocorridos nas prisões brasileiras. Embora sem apontar

possíveis soluções para os problemas descritos, a argumentação da autora — ainda

que a partir de argumentos pouco específicos que demonstram uma certa ingenuidade

ou pouco aproveitamento das informações da coletânea — aponta saídas possíveis

para a construção de uma sociedade mais justa e pacífica. Se, a nível argumentativo,

o texto deixe a desejar, e apesar da utilização de uma retórica que, às vezes, tende ao

clichê (como por exemplo, As prisões tornaram-se potentes barris de pólvora), por

outra parte, o texto desenvolve com clareza e pessoalidade o tema proposto.

Concurso de Redação - Certas Palavras 2006Concurso de Redação - Certas Palavras 2006

Público. As prisões tornaram-se potentes barris de pólvora, prestes a detonar. É inegável, portanto, que os cárceres ao invés de formarem pessoas aptas à convivência externa, vêm formando verdadeiros bacharéis no crime.

Dessa forma, urge a necessidade de que haja uma verdadeira reforma penal em todo o país. Ante a essa indignante situação, é indiscutível a urgência em serem efetivadas medidas a longo prazo aliados às medidas emergenciais. A triagem dos presos, a fim de separá-los dos reclusos de alta periculosidade, o aumento da pena para os presidiários que utilizarem celular, dentre muitas outras, são de inegável relevância para que iniciemos a construção de uma sociedade mais justa e pacífica.

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Quinto Lugar

Aluno: Bianca Passos Arpini

Unidade: Campo Grande

Série e Turma: 3ºM1

O século XX fora marcado pelos grandes conflitos mundiais: guerras, disputas imperialistas, corridas armamentistas, ocasionados por fatores ideológicos, políticos, culturais, étnicos e religiosos. Agora, em pleno século XXI,

vivencia-se a “Era do Medo”, em que a violência não se encontra mais restrita aos campos de guerra; o clima de insegurança habita entre a população. É nesse contexto da banalização da violência em que o Brasil se enquadra.

Ônibus queimados. Rebeliões em presídios. Seqüestros relâmpagos. Esses são alguns dos fatos que mais tem sido noticiados ultimamente no País. Entre os motivos dessa situação, podem ser destacados a desigualdade social, a exclusão e o descaso governamental. O Estado, muitas vezes, é falho, e nega aos cidadãos direitos básicos, tais como saúde, alimentação e educação. Isso acaba levando a um quadro de pobreza, fome, desemprego e miséria, que, por sua vez, pode conduzir um indivíduo a inserir-se no mundo da criminalidade. Além disso, observa-se a crise no sistema penitenciário brasileiro: cadeias superlotadas, em condições insalubres e inóspitas, bem como o tratamento desumano a que os presídios são submetidos, como torturas, espancamen-tos, humilhações; o que acaba gerando um ambiente propício a brigas e rebeliões. Com isso, o Sistema não consegue atingir sua real meta, que é a de ressocialização do preso e, ao contrário do esperado, contribui para a ampliação da violência.

Vale ressaltar também a maior facilidade com que os crimes têm sido organiza-dos e executados dentro das prisões, sendo utilizado para isso, sobretudo, o fator tecnológico, como o celular, por exemplo.

Diante de tais evidências, torna-se explícito que o País necessita de reformas a níveis social e político. No que se refere ao primeiro aspecto, urge maiores investimento na área educacional, visando oferecer a todos iguais oportunidades, para assim, sanar as disparidades sociais. Quanto ao último ponto, pode-se dizer que este não é realizável sem o primeiro, pois, por meio da educação, formar-se-ão cidadãos conscientes, possuidores de espírito crítico e que, possivelmente, lutarão por seus direitos e paralelamente a isso, o Estado deve aplicar medidas paliativas, como o aumento do policiamento e o bloqueio de celulares em presídios para controlar a violência.

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Comentário do Professor:

A redação de Bianca Passos Arpini trata do tema da violência urbana.

No primeiro parágrafo introduz, através de um pequeno inventário, a

violência em nível mundial no séc. XX - o que demonstra leitura atenta

e bom aproveitamento da coletânea -, a autora situa a argumentação, partindo do

macro para o micro, ou seja, partindo de questões gerais para questões específicas.

Embora apresente de forma excessivamente simplista as causas da violência na

sociedade brasileira, o texto se desenvolve de forma orgânica e clara, continuando o

processo de "focalização" do tema, isto é, fala da pobreza e da negação dos direitos

básicos como possíveis portas de entrada no mundo da criminalidade e o conseqüente

ingresso no péssimo sistema prisional.

No terceiro e quarto parágrafos, os dois últimos, o texto confirma as falhas dos

sistemas de segurança dos próprios presídios, dando como exemplo a utilização dos

celulares. No último parágrafo, encerrando a pertinente argumentação, a autora

conclui, apontando como possíveis saídas do atual estado caótico da segurança

pública, reformas sociais e políticas e investimentos na área educacional.

Como ponto positivo fundamental do texto, notamos a utilização de uma série

de informações de forma coerente, o que permitiu a fluidez e a clareza no desenvolvi-

mento da argumentação apresentada.

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Sexto Lugar

Aluno: Clara Pacheco Santos

Unidade: Jardim da Penha

Série e Turma: 1ºA

No último Dia das Mães, muitas paulistanas homenageadas pela data estavam velando os corpos de seus filhos, policiais e civis que tiveram a infelicidade de serem alvos de um dos problemas que assolam o país: a

violência urbana.Naquele fim de semana, houve uma quantidade enorme de rebeliões nos

presídios, ataques a edificações policiais e mortes. A maior cidade brasileira parou devido à ação do PCC (Primeiro Comando da Capital), revoltado com a decisão tomada por autoridades de isolar 8 presos, dentre eles o principal líder do PCC, Marcos Camacho.

Porém, essa não era a única insatisfação nas cadeias. Nossos presos vivem em condições subumanas, amontoados em celas superlotadas, vítimas de violência e da ausência de ocupações, fazendo com que os presídios tornem-se verdadeiras “escolas do crime”.

Escolas essas que são ajudadas pela baixa fiscalização nos presídios o que faz com que presos tenham livre acesso a celulares, permitindo aos chefes da máfia total controle de suas favelas, além da armação de golpes e assassinatos. Tudo isso dentro dos presídios, através de um aparelho que não deveria entrar nem funcionar no local.

A revolta também nos mostrou a ignorância do vice-governador de São Paulo, que se recusou a pedir auxílio às forças nacionais, alegando ter controle da situação. Esse erro de julgamento fez com que o terror das rebeliões se alastrasse por mais de uma semana, aumentando o número de mortos e permitindo o desencadeamento de rebeliões em presídios de outros estados brasileiros.

O ocorrido fez os brasileiros verem a má estruturação de nosso sistema carcerário, que se encontra falido.

São necessárias reformas urgentes, que já começaram como bloqueio do sinal dos celulares nos presídios. Ainda não é o bastante. É preciso ter condições de vida decente nos presídios, que se tenha uma melhor fiscalização e que se dê ocupações e educação aos presos. Só assim, poderemos começar a combater a violência que aumenta cada vez mais nesse país, o nosso Brasil.

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1717

Comentário do Professor:

Apresentando inicialmente um estilo pessoal, fazendo uma indicação

cronológica - No último Dia das Mães (...) — a redação de Clara

Pacheco Santos faz um recorte contrastante entre a data festiva e o

violento caos urbano que se instaurou na cidade de São Paulo quando dos ataques

organizados pelo PCC.

Dando como motivação a superlotação e as péssimas condições de segurança

dos presídios, como a entrada e utilização de telefones celulares, além da incompetên-

cia administrativa e política do vice-governador de estado de São Paulo, que não

aceitou ajuda do governo federal, o texto continua, em seu estilo descritivo, a

demonstrar o estado de caos urbano fruto da ausência de políticas públicas de

segurança eficazes.

A conclusão, no último parágrafo, é, apesar do bom desenvolvimento da

argumentação, extremamente simplista. E só é apresentada levando em consideração

o sistema prisional. As questões sociais e históricas, que são a base do problema, não

foram abordadas. Nota-se também, no texto apresentado, a utilização de diversas

expressões que podem ser consideradas como lugares-comuns quando se trata de

temas correlatos, como a nominação das cadeias como "escolas do crime".

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1818

Sétimo Lugar

Aluno: Andressa Barboza Félix

Unidade: Jardim da Penha

Série e Turma: 2ºL

Acrise no sistema penitenciário brasileiro atingiu níveis alarmantes,

espalhando terror e maximizando a violência em todos os âmbitos

sociais. Além disso, facções criminosas demonstram dominar a situação

e utilizam novas armas e artifícios para fazer a população refém.

Durante os últimos meses, os habitantes da cidade de São Paulo sofreram

com os abusos de poder provenientes do crime organizado, ataques comandados

pelo Primeiro Comando da Capital – PCC –, o que espantou toda a sociedade

brasileira, que solicita uma posição imediata do Poder Público perante esse estado

caótico. Além do mais, os prisioneiros detêm uma ferramenta de uma utilidade

imensurável para a realização de crimes dentro e fora das instituições carcerárias: o

celular. Infelizmente, estas não possuem mecanismos de bloqueio efetivos que

impeçam a comunicação entre os criminosos.

Ninguém desconhece tais circunstâncias, porém não surpreende que um

grupo de delinqüentes aprisionados em pequenas celas lotadas, vivendo em

condições desumanas — sem higiene, saúde e alimentação, direitos básicos de todo

ser humano — organizem rebeliões e atentados como forma de protesto, devido à

necessidade de melhorias urgentes nos presídios.

Sendo assim, compreende-se que a situação na qual o País situa-se é,

indubitavelmente, aterrorizante e inaceitável, deixando os brasileiros aprisionados

numa esfera de medo e aguardando a retomada do controle do Estado pelos

gestores públicos e, enfim, pelos cidadãos do Brasil.

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1919

Comentário do Professor:

A redação trata da crise do sistema carcerário e dos distúrbios

promovidos pelo PCC em São Paulo. Estruturado em quatro

parágrafos, o texto parte de um pressuposto que, se demonstra

inicialmente certo "alarmismo" simplista (A crise no sistema prisional brasileiro

atingiu níveis alarmantes, espalhando terror e maximizando a violência em todos os

âmbitos sociais), desenvolve bem a argumentação proposta. Ainda que falte um

aprofundamento maior nas causas históricas do problema, por falta de critério na

utilização da coletânea, o texto, de maneira correta e clara, demonstra boa fluência,

enumerando uma série de irregularidades ocorrentes dentro do sistema prisional, e

aponta como causa fundamental as péssimas condições a que estão submetidos os

cidadãos encarcerados.

Como foi dito, o texto não se aprofunda nas causas sociais e históricas, faz um

recorte pessoal que, apesar da parcialidade e da abordagem extremamente factual,

desenvolvesse de maneira inteligível e clara. Outra falha, a saída proposta (a

retomada do controle do Estado pelos gestores públicos) é superficial e parece colagem

de um chavão repetido pelos discursos da mídia e dos políticos, ou seja, faltou uma

conclusão melhor elaborada.

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2020

Oitavo Lugar

Aluno: Rodrigo Miranda Vieira

Unidade: Guarapari

Série e Turma: Pré-Vestibular

Certamente, a onda de vandalismo e atentados iniciada em São Paulo em maio deste ano, deu a muitos a impressão de que o regime do terror havia se instalado naquele momento. A verdade é que o sistema público de seguran-

ça, em especial o sistema carcerário, constitui setores inócuos, que há muito colocam em risco a vida dos cidadãos. Alguns aspectos dessa questão devem ser esclarecidos para uma análise mais coerente.

É importante salientar que o sistema penitenciário brasileiro possui caráter recuperativo, ou seja, não apenas aflige punições, mas almeja a reinserção do infrator no meio social. Teoricamente, para que isso ocorra, condições mínimas como saúde, trabalho, educação e respeito devem ser asseguradas a esses indivídu-os. Porém, constantemente, organizações que lutam pelos direitos humanos denunciam as péssimas situações de presidiários no cárcere. A superlotação, a falta de infraestrutura e a ausência de políticas que de fato promovam a ressocialização pretendida são exemplos de mazelas que acometem grande parte dos presídios. Como resultado, inúmeras rebeliões eclodem em diversas regiões do país e pouco pode ser feito para controlá-las. Recentemente, jornalistas foram seqüestrados, sendo feitas exigências para que a emissora de televisão divulgasse um comunicado dos revoltosos. Neste, as autoridades eram justamente alertadas sobre as condições carcerárias, seguindo-se novos ataques aos patrimônios público e privado.

Outro fato que intriga toda a população é a facilidade com que grandes líderes, em regime penal, comandam ações criminosas por meio de celulares. Justamente essa facilidade foi tida pelo Estado como principal responsável pelo caos instaurado e uma séria de medidas políticas foram tomadas pra combatê-la. Mas qual seria a melhor forma de proceder? O modo mais viável seria impedir a corrupção de agentes penitenciários, porém, isso é algo impraticável a curto prazo, visto que eles são constantemente ameaçados e tentados por ofertas verdadeiramen-te mais vantajosas que o salário de um servidor público. Desse modo, o bloqueio do sinal dos celulares tornou-se a principal arma adotada, tendo o governo exigido que as operadoras implantassem os devidos bloqueadores. Segundo os especialistas, o

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2121

Comentário do Professor:

A redação de Rodrigo Miranda Vieira trata do tema da violência urbana

e do sistema prisional. Partindo da idéia inicial de que a onda de

atentados em São Paulo é conseqüência de um processo e não um fato

isolado, o autor desenvolve sua argumentação centrando-se pontualmente no fato.

Diríamos que o texto se apresenta de uma forma em que a descrição dos fatos e as

indagações ocupam a maior parte de seu desenvolvimento. Ou seja, apresenta o

problema e possíveis soluções em um mesmo bloco discursivo.

Em nosso entender, o mérito da redação aqui avaliada reside na apresentação

coerente dos argumentos e indagações, que são expostos de forma clara, se bem que

um pouco prolixas. Como ponto negativo, poderíamos apontar a falta de um

"fechamento" – e não somente uma conclusão – para o desenvolvimento argumentati-

vo, pois, somente em quatro linhas, o texto tenta concluir, mas não atinge o objetivo de

encerrar, de forma mais abrangente e coerente, a série de informações e questionamen-

tos apresentados em seu desenvolvimento.

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sistema de bloqueio pretendido é passível de falhas, tendo em visto o grande desenvolvimento tecnológico. O método mais seguro seria a construção de redes de “grades” externas aos presídios. Essa proposta, porém, foi recusada pelas autoridades pelo fato de não atender ao apelo estético das edificações, numa clara confusão de interesses.

Uma reforma no sistema penitenciário e um maior dinamismo no policiamen-to são as bases das melhorias no sistema público de segurança. O problema é que estas são medidas de resultados a longo prazo, que possivelmente não beneficiam um político em seu mandato, daí tanto desinteresse. Enquanto as verdadeiras necessidades da sociedade não forem postas em primeiro plano, não haverá mudanças significativas em relação ao contexto atual.

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Nono Lugar

Aluno: Marília Sarmento Borges

Unidade: Jardim da Penha

Série e Turma: 2ºM

O voto é um direito. E, por sê-lo, é optativo, não cabendo a ninguém obrigar

outra pessoa a exercê-lo. Porém, não é isto o que acontece em alguns países

onde o ato de votar é obrigatório para cidadãos entre 18 e 65 anos.

É fato que no Brasil — um exemplo de país que opta por esta forma de execução dos “direitos” — o número de eleitores que se decide pelo voto nulo ou pelo voto branco é assustador, como, por exemplo, em Belo Horizonte, que possuiu nas últimas eleições 23,96% destes.

Com o voto obrigatório, torna-se fácil para políticos de má índole manipular, subornar grande parte da população, que em vários casos, é “recompensada” com algum tipo de subsídio individual, o que não atende às necessidades de um país que se auto-denomina democrático. Sem contar com o fato de que cidadãos distraídos, não-atentos ao que acontece na política estão sujeitos a votar em um candidato que às vezes, não é a melhor opção.

Além de conhecimento profundo sobre em quem irá votar, todos devem pelo menos, ter vontade de fazê-lo. A obrigação do voto é somente mais um auxílio para os políticos manipularem a sociedade, ou melhor, a parte não-informada desta sociedade, o que faz com que o Brasil acate-a e “ande para trás”, por só escolher seu representante num ato obrigado, e não em uma execução do direito de se escolher um país melhor.

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Comentário do Professor:

A redação de Marília Sarmento Borges trata da questão do voto

obrigatório no sistema eleitoral brasileiro, não contém título. Nas

primeiras frases - O voto é um direito. E, por sê-lo, é optativo, não

cabendo a ninguém obrigar outra pessoa a exercê-lo - a autora deixa clara sua opinião,

que será justificada no desenvolvimento do texto. Tal procedimento é válido como

forma argumentativa, porém, no caso, peca-se ao utilizar o pronome indefinido

(ninguém), ou seja, palavra que deve se referir a pessoa, para um fato que se delineia

como uma posição institucional, é uma lei brasileira.

O desenvolvimento discursivo se faz de maneira clara e fluida. O texto se

desenvolve sem maiores percalços, listando fatos negativos que ocorrem no processo

eleitoral, como a compra de votos, e a inconsciência política do eleitorado. É um texto

curto que, apesar de superficial em termos argumentativos (de conteúdos), e da falta

de uma conclusão convincente, apresenta-se bem estruturado formalmente.

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Décimo Lugar

Aluno: Renan Bittencourt Sarcinelli

Unidade: Jardim da Penha

Série e Turma: 3ºM2

Um dos assuntos mais abordados no Brasil em época de eleição é a

questão da obrigatoriedade do voto.

Muitos querem que ele seja obrigatório, principalmente políticos corruptos que se

beneficiam com a manipulação das camadas mais pobres nos períodos eleitorais.

Isso ocorre através da distribuição de cestas básicas, roupas, água potável e até

dinheiro é utilizado para a obtenção de votos.

Sabe-se que a população mais humilde é a grande maioria dos eleitores. Como a maior parte não possui nenhuma instrução política, o voto não é valorizado e é dado ou vendido a qualquer um que prometer melhores condições de vida ou fornecer produtos como os citados anteriormente. Infelizmente, as pessoas que entendem mais de política, que são mais escolarizadas e esclarecidas, são da elite e da classe média geralmente, ou seja, a menor parcela da população.

O voto tem que ser um direito e não uma obrigação. Se todos que votassem o fizessem com consciência, os cargos públicos seriam preenchidos por indivíduos melhores, pois se o voto fosse livre, apenas votariam os que realmente se interessas-sem pela política e a entendessem. Seriam eleitos apenas os candidatos coerentes devido ao fato destes serem escolhidos por pessoas que não são tão fáceis de persuadir e nem de enganar.

A responsabilidade de tudo que acontece de bom ou ruim no governo brasileiro é do povo, que deveria votar com sabedoria e liberdade, e não vender seus votos para qualquer aproveitador disfarçado de político.

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2525

Comentário do Professor:

O texto de Renan Sarcinelli, que trata do assunto da obrigatoriedade do

voto, é bem estruturado, claro e fluido. Embora esteja centrado

fundamentalmente em dois aspectos: os políticos corruptos e a falta de

instrução política por parte das camadas mais humildes da população, deixa clara a

posição do autor: O voto tem que ser um direito e não uma obrigação. Porém,

contraditoriamente, argumentando sobre uma possibilidade utópica - se todos que

votassem o fizessem com consciência - o autor opta por uma saída que poderia ser

considerada elitista: os mais ricos teriam mais consciência e votariam "melhor".

Independentemente da posição assumida pelo autor, se ela é equivocada ou

não, o que importa é que o texto, apesar de não apresentar uma variação argumentati-

va enriquecedora, apresenta-se coeso e bem redigido, não apelando para malabaris-

mos lingüísticos e/ou lexicais.

A conclusão é demasiadamente simplista e genérica — A responsabilidade de

tudo que acontece de bom e de ruim no governo brasileiro é do povo — então parece

incoerente, a partir dessa afirmação a exclusão dos analfabetos políticos da responsa-

bilidade de eleger seus dirigentes.

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UNIDADES

Vitória: Ensino Médio / Pré-vestibularR. Desemb. Vicente Caetano, 116

Mata da Praia - Vitória - ES - Tel.: (27) 3225-9699 / Fax: (27) 3325-6500

Vitória: Ed. Infantil / Ensino Fundamental

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R. Cabo Aylson Simões, 1170 - Centro Vila VelhaTelefax: (27) 3329-1315

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Guarapari: EM / Pré-vestibular

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S/nº - Bairro Aviso - Tel.: (27) 3371-2333

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Aracruz: EM / Pré-vestibular

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Tel.: (27) 3296-2953