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PPGCOM ESPM // SÃO PAULO // COMUNICON 2015 (5 a 7 de outubro 2015) Condição de Moradia: a inaudita altera parte 1 Frederico Tavares de Oliveira 2 Escola Superior de Propaganda e Marketing, São Paulo, SP, Brasil Resumo O trabalho trata de um fenômeno cultural, político e comunicacional representativo da precária condição de moradia em São Paulo, um fenômeno que, do ponto de vista das subjetividades em resistência, significa a ocupação do espaço urbano e a luta pelo exercício do direito fundamental à moradia. Estas vozes subjetivas amiúde constituem a inaudita altera parte da relação estabelecida com um tipo de imposição política do discurso hegemônico do novo capitalismo, cujo vício é a indiferença; e daí que se possa compreender a oitiva da parte contráriaem fluxos ou projetos contra-hegemônicos, seja na seara das imagens, seja na dos direitos fundamentais. Metodologicamente, o estudo se posiciona na interface entre os estudos de comunicação e consumo, os estudos culturais e a antropologia contemporânea, a fim de justificar a necessidade da polifonia no texto e a sua reprodução dialógica na construção das interpretações do fenômeno investigado. Palavras-chave: condição de moradia; ocupação; estudos culturais; comunicação e consumo; etnografia dos projetos. Condições do novo capitalismo Em outra ocasião, em Condição juvenil, mídia e consumo: subjetividades em resistência (Oliveira, 2014) 3 , apontamos o investimento tanto de ordem capitalista quanto teórica sobre a questão da subjetividade, a partir da sua configuração em processos de resistência, mimetismos e mestiçagens, compreendendo aí a centralidade 1 Trabalho apresentado no Grupo de Trabalho Comunicação, Consumo e Novos Fluxos Políticos: ativismos, cosmopolitismos, práticas contra-hegemônicas, do 5º Encontro de GTs - Comunicon, realizado nos dias 5, 6 e 7 de outubro de 2015. 2 Doutorando do Programa de Pós-graduação em Comunicação e Práticas de Consumo da Escola Superior de Propaganda e Marketing, ESPM; email: [email protected]. 3 Trabalho apresentado no mesmo GT, do 4º Encontro de GTs do Comunicon, 2014.

Condição de Moradia: a inaudita altera parteanais-comunicon2015.espm.br/GTs/GT5/7_GT05-OLIVEIRA.pdf · compressão do espaço em nome da redução do tempo de giro na condição

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PPGCOM ESPM // SÃO PAULO // COMUNICON 2015 (5 a 7 de outubro 2015)

Condição de Moradia: a inaudita altera parte1

Frederico Tavares de Oliveira2

Escola Superior de Propaganda e Marketing, São Paulo, SP, Brasil

Resumo

O trabalho trata de um fenômeno cultural, político e comunicacional representativo da

precária condição de moradia em São Paulo, um fenômeno que, do ponto de vista das

subjetividades em resistência, significa a ocupação do espaço urbano e a luta pelo

exercício do direito fundamental à moradia. Estas vozes subjetivas amiúde constituem

a inaudita altera parte da relação estabelecida com um tipo de imposição política do

discurso hegemônico do novo capitalismo, cujo vício é a indiferença; e daí que se possa

compreender a “oitiva da parte contrária” em fluxos ou projetos contra-hegemônicos,

seja na seara das imagens, seja na dos direitos fundamentais. Metodologicamente, o

estudo se posiciona na interface entre os estudos de comunicação e consumo, os

estudos culturais e a antropologia contemporânea, a fim de justificar a necessidade da

polifonia no texto e a sua reprodução dialógica na construção das interpretações do

fenômeno investigado.

Palavras-chave: condição de moradia; ocupação; estudos culturais; comunicação e

consumo; etnografia dos projetos.

Condições do novo capitalismo

Em outra ocasião, em Condição juvenil, mídia e consumo: subjetividades em

resistência (Oliveira, 2014)3, apontamos o investimento tanto de ordem capitalista

quanto teórica sobre a questão da subjetividade, a partir da sua configuração em

processos de resistência, mimetismos e mestiçagens, compreendendo aí a centralidade

1 Trabalho apresentado no Grupo de Trabalho Comunicação, Consumo e Novos Fluxos Políticos:

ativismos, cosmopolitismos, práticas contra-hegemônicas, do 5º Encontro de GTs - Comunicon,

realizado nos dias 5, 6 e 7 de outubro de 2015. 2 Doutorando do Programa de Pós-graduação em Comunicação e Práticas de Consumo da Escola

Superior de Propaganda e Marketing, ESPM; email: [email protected]. 3 Trabalho apresentado no mesmo GT, do 4º Encontro de GTs do Comunicon, 2014.

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dos processos de comunicação e as práticas de consumo dentro de uma noção de

práticas contra-hegemônicas.

Nosso radar epistêmico levava em conta os principais problemas-chave dos

estudos culturais ingleses – presentes também nos estudos culturais latino-americanos

–, uma vez que se nos mostravam um excelente dispositivo analítico para pensar no

projeto do sujeito discursivo, jovem e habitante da grande metrópole contemporânea;

projeto este que não só reconhecia o novo capitalismo em seus processos de

diferenciação, exclusão e dominação – seja a partir da letra da música que analisamos,

seja a partir das condições históricas e situacionais com que se construía o projeto

musical –, como também o enfrentava simbólica e mediaticamente, com uma visão de

mundo discriminadora do possível, do provável e até do perceptível, isto é, uma cultura

popular do jovem urbano.

Nas palavras de Sennett (2011, p. 150), que examina a passagem do capitalismo

social, então demarcado por um projeto comum e progressista, a esta nova etapa do seu

desenvolvimento, “a nova ordem institucional se exime de responsabilidade, tentando

apresentar sua própria indiferença como liberdade para os indivíduos ou grupos da

periferia”. De modo que, segundo o sociólogo e historiador, “o vício da política

derivado do novo capitalismo é a indiferença”. E será esta indiferença, em suas

múltiplas formas de diferenciação, exclusão e dominação, o motivo a ser enfrentado

pelos supostos grupos de periferia, ao assumirem certa ideia de centralidade e controle

do cosmopolita.

Estes fenômenos de apropriação autônoma, ativa e de resistência podem ser

compreendidos como “cosmopolitismo periférico” (Prysthon, 2002) e contra-

hegemônico, ou dentro dos denominados “imaginários diaspóricos, sinalizadores de

dinâmicas pós-periféricas, da circulação de fluxos” (Rocha et al., 2014, p. 1); uma

vez que sujeitos, que são atores sociais, se não chegam a reconher o motivo da

indiferença política do novo capitalismo, ao menos buscam “romper com aspectos de

distinção e exclusividade ligados ao consumo” (Ibid, p. 13), lançando mão de uma luta

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que se realiza tanto na seara das imagens, “da ordem das políticas de visibilidade”

(Rocha et al., 2014, p. 4), quanto na seara dos direitos fundamentais.

A fim de multiplicar o nosso olhar sobre as formas com que subjetividades

enfrentam certas condições hegemônicas do novo capitalismo, queremos agora tratar

de subjetividades, ou sensibilidades que, na fronteira com esta nova estrutura

hegemônica de sentimento de indiferenciação, lutam por melhores condições de

moradia e exercício de sua cidadania.

Entendemos que, com o trabalho de multiplicação destas sensibilidades de

fronteira, que tocam direitos fundamentais, possamos retomar uma característica

histórica chave dos estudos culturais, que, segundo Canclini, implica

fazer teoria sociocultural com suportes empíricos a fim de compreender

criticamente o devir capitalista. Não a afirmação de posições politicamente

corretas, mas sim a relação tensa entre um imaginário utópico, só em parte

político, e uma investigação intelectual e empírica que às vezes o acompanha

e às vezes o contradiz. [...] convém pôr o foco na tensão entre o que o

imaginário utópico e a investigação intelectual poderiam ser agora: por

exemplo, a tensão que se dá entre as promessas do cosmopolitismo global e a

perda de projetos nacionais. O que tem de novo este conflito? A que

disciplinas, ou a que conjunto de saberes não especificamente culturais, é

necessário vincular o estudo da cultura? (Canclini, 2009, p. 157-158, grifo do

autor).

A Comunicação, e particularmente os estudos que versam sobre a interface entre

comunicação e práticas de consumo, políticas de visibilidade e de subjetivação em

mobilizações, movimentos e coletivos, com sua produção imaginária e diaspórica, têm

avançado, tal como os estudos culturais avançaram, “graças à sua irreverência com os

fracionamentos exclusivos da propriedade intelectual, embora isto não tenha de ser

sinônimo de descuido científico” (Canclini, 2009, p. 153); nem de descuido político,

pois que, ao contrário, esses estudos têm considerado o político em suas expressões não

institucionais e cotidianas, articuladas a um “cosmopolitismo pós-moderno” (Prysthon,

2002) e vinculado ao desenvolvimento tecnológico da mídia e das novas formas de

comunicação e consumo; têm destacado que o conceito de cidadania é a outra face do

consumo, na medida em que o sujeito, por meio das práticas de comunicação e

consumo, produz sentido, ou consciência de que é sujeito de direitos; de que devem ser

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dadas a ele as condições de acesso ao próprio conhecimento de seus direitos, bem como

as garantias de que seja pleno o seu exercício, ou seja, de que sejam “adjudicadas ao

sujeito a garantia de que ele exerce ou exercerá seus direitos sempre que lhe convier”

(Baccega, 2010, p. 32). Porquanto os estudos de comunicação e consumo têm

compreendido disciplinas e grupos de pesquisa que sempre problematizam a

comunicação e o consumo na tensa relação entre as promessas do cosmopolitismo

global e a perda de projetos nacionais, refletindo sobre brechas identitárias que

convivem e se constituem, no cotidiano, com fraturas identitárias, atualizando-se e

atualizando “de modo exemplar a histórica aventura de normatização simbólica

assumida por setores burgueses” (Rocha et al., 2014, p. 4)4.

Canclini explica que os melhores especialistas em estudos culturais – Raymond

Williams, Jean Franco e Beatriz Sarlo, com seus estudos sobre literatura e história

intelectual, David Morley e Jesús Martín-Barbero, com suas teses de que os meios de

comunicação só se decifram como parte das práticas culturais – levaram a sério um

campo do saber, “sentindo em algum momento um mal-estar parecido ao que hoje

experimentamos diante dos bairros cercados” (Canclini, 2009, p. 153-154). De modo

que, da presença desses estudos no campo da Comunicação, os lugares, situações que

ligam o indivíduo ao consumo e a uma rede mundial de informações (Prysthon, 2002),

passaram a ser compreendidos como os principais vetores de configuração da cultura,

mas também relacionados a compromissos ocultos com a economia e a reprodução de

uma política transnacional da indiferença; o que nos permitiu compreender que a

compressão do espaço em nome da redução do tempo de giro na condição pós-moderna

(Harvey, 2013) pressupunha sérias fraturas nesta mesma tópica sociocultural da

comunicação e do consumo, ou seja, fraturas no próprio funcionamento dos mercados

e nas condições de vida de determinados núcleos sociais, urbanos e sobretudo

periféricos.

4 As autoras tratam, em Imáginários de uma outra diáspora, de fenômenos como os rolezinhos e o funk

ostentação, sustentando a tese de que, em fenômenos como esses, sujeitos de ação e de discurso se

revelam capacitados a atuar em uma região de bordas, o que, segundo elas, não deixa de caracterizar o

próprio mundo do consumo e das mídias digitais.

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Com especial olhar sobre as fraturas do contexto paulistano, faremos da visão

terrificante das condições sociais de moradia nossa principal interrogação macro neste

artigo, a multiplicar no micro as miradas das subjetividades em processos de resistência

e luta por melhores e mais justas condições de vida na cidade. Antes de analisar um

caso específico e representativo desta condição cosmopolita e periférica de moradia, a

partir da ocupação, cabe localizar esta condição em contexto histórico de compressão

espaço-temporal em que o novo capitalismo passou a ser gerido por redes de

informação, não sem deixar marcas no solo propriamente geográfico e humano.

Condição de moradia: a compressão do espaço-tempo

Grosso modo, a intensificação da compressão do espaço-tempo no capitalismo

ocidental se deu a partir dos anos 1960, atingindo São Paulo em sua terceira etapa de

mundialização com atividades hegemônicas que passaram a utilizar da informação

como base principal do seu domínio. Segundo Milton Santos (2012), a primeira etapa

desta mundialização teria sido aquela com a qual a cidade passou do século XIX para

o século XX, baseando-se no comércio. A segunda seria aquela fundada na produção

industrial que se estendeu até os anos 1960, ao passo que a fase atual seria a da

metrópole global, sociedade da informação, do consumo, da tecnologia e do

cospomopolitismo, mas também de algumas fronteiras ou fraturas econômicas,

geográficas e sociais ainda muito presentes; e daí que pululem os fluxos de

comunicação e consumo chamados “pós-periféricos” (Rocha et al., 2014).

Com a tomada dos serviços públicos pelo privado, a grande precariedade dos

serviços e bens públicos ofertados acarretaram enormes dificuldades à população –

principalmente das camadas mais pobres. De modo que, ao concentrarmos nosso olhar

sobre os aspectos desta fraturada economia simbólica da cultura da cidade de São Paulo,

com destaque à questão das condições de moradia, inevitavelmente perceberemos que

o atual boom imobiliário que vive a cidade, com efeito de aumento do preço da moradia

e dos aluguéis, tem como conseqüência a “expulsão da população pobre para áreas mais

distantes, fora do município, além do aumento significativo das pessoas que estão

morando nas ruas sem qualquer alternativa de moradia” (Maricato et al., 2014). Em

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manifesto de urbanistas e professores em apoio à luta pela votação do novo Plano

Diretor da cidade, registra-se que, no município de São Paulo, “aproximadamente ¼ da

população mora ilegalmente em loteamentos clandestinos e favelas. Em alguns

municípios periféricos da região metropolitana essa proporção chega a 70% de

excluídos” (Maricato et al., 2014).

Isto que se poderia compreender sob o espectro da chamada “especulação

imobiliária” e informacional do espaço tópico e urbano, atua, dessa maneira, como uma

forma significativa de organização capitalista do atual regime de urbanização, aliando-

se ao fato de que “a prestação dos serviços públicos por empresas privadas traz uma

contradição insolúvel, já que sua finalidade última é o lucro, o que o torna incompatível

com a garantia de direitos” (Simpson; Menezes, 2014). Por esta razão macro,

sobretudo, e como veremos adiante, é que aproximadamente trinta famílias ocuparam

uma certa área da cidade de São Paulo, em outubro de 2014; fenômeno cultural, político

e comunicacional representativo da precária condição de moradia em São Paulo e que

interpretaremos neste artigo com vistas em processos de reconhecimento e luta pelo

exercício de direitos historicamente conquistados – a saber, um deles consagrado

internacionalmente como um direito fundamental, o direito à moradia, previsto na

Constituição Federal de 1988, sob o princípio da dignidade da pessoa humana e da

função social da propriedade.

Pensar na condição de moradia numa metrópole latinoamericana como São

Paulo (e no fenômeno de ocupação) à luz dos estudos culturais e dos estudos de

comunicação e consumo, encarando o que nesta explosiva expansão tecnológica e

econômica, de repertórios culturais e ofertas de consumo na cidade, significa a

crepitação das cidades e dos mercados, ou, como diria Bauman (2003; 2008), a

“sedimentação dos resíduos” e a constituição de “subclasses”, as táticas e os usos

cotidianos (Certeau, 2009), os fluxos pós-periféricos de enfrentamento de uma lógica

cultural da distinção e exclusão de certos grupos; este o nosso objetivo teórico mais

geral; propomos assim o desafio empírico de encarar o fato de que, em metrópoles

comunicacionais como a de São Paulo, famílias não têm onde morar, existe um mundo

PPGCOM ESPM // SÃO PAULO // COMUNICON 2015 (5 a 7 de outubro 2015)

de habitações irregulares e/ou precárias, como favelas ou cortiços. E daí que tenhamos

optado por um caminho metodológico e de fundamentação etnográfica para pensar o

que ocorre com estas crepitações urbanas, quando efetivamente nos dirigimos às lascas

e fragmentos que normalmente são retomados por movimentos sociais e culturais

(Canclini, 2009); refletiremos sobre o momento em que, através dos próprios processos

de comunicação e consumo, nos vimos participar destes espaços de luta e negociação,

transformando-nos em coautores de algumas destas “lascas e fragmentos” de sentido

social. E é aqui que percebemos novamente com Canclini (2009, p. 160) que “os

estudos culturais podem ser agora tentativas de encontrar o sentido das inscrições

deixadas por estes fragmentos sobreviventes”, num tipo de disposição etnográfica do

pesquisador que esteja fortemente orientada pelas motivações subjetivas, ou formas de

participação política.

Como sugere o antropólogo Gilberto Velho ao campo da antropologia

contemporânea (1997), com a proposta de uma “etnografia das motivações”,

entendemos que o conjunto de nossos trabalhos neste GT deva realizar uma espécie de

“etnografia dos projetos”, cuja preocupação central consista em desnudar operações

comunicacionais de diversas naturezas, no que estas dizem respeito às fraturas e

contradições do meio em que são produzidas; operações que, reiteramos, consistem nas

próproas ações de sujeitos que procuram exercer suas escolhas diante das fronteiras

hegemônicas – materiais e simbólicas – que lhe são impostas, e assim reconhecidas e

enfrentadas em forma de comunicação, consumo e resistência.

Estas maneiras de se escolher dos sujeitos com quem estivemos durante a

ocupação constituem a base fundacional de um projeto de moradia de dimensão tática

(Certeau, 2009) e de enfrentamento da estratégica e precária condição de moradia em

São Paulo.

Por forte inspiração desses autores, dessas escolas e linhas de pensamento, mas

certamente por motivações próprias do nosso olhar de indignação diante de nossa

condição de moradia na cidade, examinamos, neste artigo, condições históricas e

situacionais de um projeto de moradia, cujas especificidades serão observadas a partir

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de dados secundários e contextuais, mas sobretudo a partir da maneira como

interagíamos com os ocupantes; da maneira como estes manifestavam e/ou explicavam

a sua ação, suas motivações e sentimentos; e da maneira como a Defensoria Pública do

Estado de São Paulo procurou evitar a reintegração de posse, ajuizada por espólio de

“iniciais” e de uma “Associação de Luta por Moradia” (ALM)5.

A seguir, apontaremos algumas operações metodológicas e contribuições da

antropologia contemporânea que serão incorporadas em nossa interpretação do

fenômeno investigado.

Operações metodológicas e contribuições da antropologia

Em texto sobre “a globalização da antropologia depois do pós-modernismo”,

Canclini (2009) nos esclarece quanto ao surgimento, no âmbito dos livros de

antropologia, de um gênero literário-científico que viria a ser rotulado como “realismo

etnográfico”, mas cuja virtude logo cairia por terra quando autores como Georges E.

Marcus e Dick Cushman sustentaram que este suposto realismo etnográfico era uma

ficção, uma vez que seus autores dispunham os dados para apenas conferir aparência

de objetividade a “um sentido social que já estaria formado e só seria visível para esse

sujeito excepcional, de uma cultura diferente – o antropólogo –, treinado para perceber

o sentido global e profundo que se ocultaria aos autores” (Canclini, 2009, p.133).

Suturava-se assim, na formulação da ideia hegemônica de que só um sujeito como o

antropólogo seria capaz de realizar uma observação axiologicamente neutra de outras

culturas, como se isso fosse “real”, o caráter fragmentado e incoerente que a experiência

de campo costuma ter; cancelava-se o próprio processo de diálogo e negociação com

os informantes num tipo de “monólogo despersonalizado de quem descrevia estruturas

sociais” (Canclini, 2009, p. 133).

Destarte, seguiu-se na antropologia uma espécie de vocação persuasiva e

exaustiva dos relatos de campo, resultando em uma condição de simulacro

5 Os nomes de “autores” e “réus” neste artigo são fictícios, bem como os de outras instituições,

lugares e sujeitos remetidos com aspas. A fim de preservar as identidades dos sujeitos em

questão, omitiremos também, nas referências bibliográficas, o texto legal de onde extraímos

algumas argumentações do Defensor Público do Estado de São Paulo.

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ensimesmada no relato descritivo e pretensamente neutro. É diante deste quadro recente

da tradição da pesquisa antropológica e etnográfica, e a fim de recuperar a autoridade

do autor e a natureza do trabalho de pesquisa que se constrói com o objeto empírico,

que Canclini propõe pelo menos três operações metodológicas que seguiremos neste

trabalho em duas partes complementares; sendo que nestas duas partes

operacionalizaremos sob a lógica da terceira operação ora listada.

Vamos assim procurar:

a) incluir na exposição das investigações a problematização das interações

culturais [...] com o grupo estudado; b) suspender a pretensão de abarcar a

totalidade da sociedade examinada e prestar especial atenção às fraturas, às

contradições, aos aspectos inexplicados, às mútiplas perspectivas sobre os

fatos; c) recriar esta multiplicidade no texto, oferecendo a pluralidade de vozes

das manifestações encontradas, transcrevendo diálogos ou reproduzindo o

caráter dialógico da construção de interpretações. Em vez do autor monológico,

autoritário, busca-se a polifonia, a autoria dispersa (Canclini, 2009, p. 133).

Como dissemos, as sessões subsequentes serão escritas conforme esta terceira

operação listada por Canclini, de modo que o texto assumirá um tom de voz mais

narrativo e polifônico na representação das fraturas e contradições encontradas no

trabalho com o grupo de ocupantes; no trato com as suas (e as nossas) motivações e

frustrações apreendidas em seu projeto de moradia.

A problematização das interações culturais com o grupo estudado

Outubro de 2014. Nós é que fomos procurados por uma das ocupantes.

Uma de nossas colegas de pesquisa, assistente social e pesquisadora em Serviço

Social, mantinha relações amistosas com “Joana”, usuária de um serviço sócio-

assistencial, o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) do território da

Cidade Ademar, onde uma e outra, assistente e assistida, se deram a conhecer. Ao

telefone, Joana dizia que, junto de umas trinta famílias, havia ocupado um terreno no

bairro “Jardim X”, Zona Sul da cidade, e que, na condição de uma das líderes do grupo,

diante das pressões sofridas por forte vigilância no local, se sentia preocupada e “sem

saber o que fazer”. A fim de nos fortalecermos e nos esclarecermos do caso junto com

o grupo, logo promovemos uma aproximação com um representante do Movimento dos

Trabalhadores Sem Teto (MTST), com quem realizamos algumas visitas de campo no

PPGCOM ESPM // SÃO PAULO // COMUNICON 2015 (5 a 7 de outubro 2015)

lugar ocupado; e aqui nos dávamos conta de que nos dirigíamos às tais lascas e

fragmentos que são retomados por movimentos sociais e culturais; às fraturas, às

contradições, aos aspectos inexplicados e às mútiplas perspectivas sobre os fatos...

Novembro de 2014. Ali fomos recebidos com expectativa pelos ocupantes, um

tipo de acolhida mais ou menos fundada na figura heróica e mitológica do Salvador;

mais por causa da própria condição desses sujeitos, que, embora “sujeitos de ação e de

discurso capacitados a atuar em uma região de bordas” (Rocha et. al, 2014, p. 1), se

sentiam extremamente ameaçados por seguranças armados e contratados para uma

vigilância permanente no local. O arquétipo do Salvador, em verdade, espelhava-se em

nossa real disposição dialógica e cidadã, também arquetípica, mas de simples aliança

na luta pela complexa e complicada causa dos ocupantes, que estavam sendo

constrangidos sob várias formas mais imediatas; inclusive por terem fechado a

passagem que ligava o terreno à rua, de modo que o acesso que lhes restou (figura 1)

era ainda mais improvisado e difícil para a circulação do dia a dia, difícil para o

transporte de materiais e mobiliário. Segundo Joana, a violência era ainda maior:

[...] O segurança, dentro da viatura, coagindo os menino lá no muro. Chegou

pros menino e falou – o “seu João”, muito conhecido aqui, né –, chegou pro

seu João e perguntou pra eles, né, por que eles estavam entrando com material

ainda, se a gente já tinha recebido o comunicado pra gente desocupar. Aí o seu

João falou: “não, a gente sabe que essa área [figura 2] é da prefeitura; a gente

vai lutar”. Aí ele falou: “Pois, então, vocês estão com o papel na mão, a gente

tem todo o direito de entrar aí agora, e o primeiro que a gente vai pegar é o

senhor. Eu vou acabar com o senhor na borrachada”. Aí ele pegou e mandou

eles descerem de volta, não deixaram eles entrar com as telha, que era pra esse

barraco aqui, e o outro lá do fundo [...] Aí tem umas telha ali no fundo, que

esse segurança chutou. As telha que tava na parede tá todas quebrada. Todas.

Em outra visita de campo, já em dezembro do mesmo ano, Joana relata uma

situação em que a violência efetivamente toma “corpo”, e em que os dispositivos de

comunicação e consumo atuam como importante instrumento de luta e resistência:

Na quinta ou na sexta, a minha mãe foi lá pra dentro pra ver como é que eu

tava. Aí na hora que minha mãe foi sair, eles não deixaram minha mãe sair, né.

Não queria deixar minha mãe sair, não queria deixar minha mãe sair... Por que

eles não deixavam? Porque tinha um rapaz do lado de fora, que queria entrar,

aí eles disseram que não podia, aí ele começou a filmar. E a gravar. E eles

pegaram o rapaz, mas bateram, mas bateram de arrancar sangue.

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Figuras 1 e 2: Acesso e área ocupada

A “Associação de Moradores”, vizinha da ocupação, ainda ajudava os

ocupantes com acesso ao consumo de água e uso do banheiro. Mas as famílias

costumavam usar casas de parentes e amigos; estes que, por sua vez, também

pressionados pelos altos preços dos aluguéis na região, não sabiam se se mudavam ou

não para a ocupação.

Já os ocupantes, certos de que, diante das opções colocadas pelo representante

do MTST – entre permanecer no local e lutar por ele, ou lutar por moradia em qualquer

outro lugar – iriam permanecer e lutar pela área, acionaram a Defensoria Pública do

Estado de São Paulo (com o madado de reintegração de posse em mãos).

Figura 3: Momento em que ocupantes decidem lutar pela área

Fraturas, contradições e aspectos inexplicados

Ao tratar “da legitimidade ativa e do interesse de agir: área ocupada pelos réus

e direitos da ‘ALM’”, o defensor público destaca o cerne da questão:

[...] a área ocupada pelos réus não está compreendida pela propriedade dos

autores. A ocupação não ocorreu de solapo: os ocupantes procuraram, antes de

tomar tal medida, diversas outras opções para exercer o seu direito fundamental

à moradia. O abandono da política habitacional pelo Estado, todavia, não lhes

deixou opção senão promover a ocupação. Decididos a respeito da ocupação,

então o movimento procurou área para ocupar que estivesse abandonada e não

fosse de propriedade privada. Em diligências, obtiveram a informação de que

parte da área situada na Rua “X” s/n, não teria proprietário registral. Por isso,

decidiram que esse seria o local da ocupação, na expectativa de que, caso

interpelados pelo Estado para desocupá-la no futuro, pudessem negociar a

obtenção de alternativa habitacional factível.

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Ora, temos aí uma argumentação que não escapa em nada dos problemas-chave

dos estudos culturais que se construíram ao longo de suas fases, objetos distintos e

questões predominantes: o sujeito e sua ação num determinado marco histórico; o

reconhecimento de processos de diferenciação, exclusão e dominação; e a centralidade

da comunicação – enquanto espaço de negociação e conflito, articulação entre

produtores, textos e receptores situados numa determinada formação social – na

configuração destes processos e na “resolução” de suas contradições (Escostesguy

(2014). Essas contradições, que facilmente podem ser localizadas em uma situação

como essa, remontam a contradições históricas em que os próprios programas sociais,

que deveriam resolvê-las, acabam por intensificar. Pesquisadores do Instituto Brasileiro

de Análises Sociais e Econômicas (IBASE) apontam que, nos últimos anos,

temos visto a opção por investimentos que visam ao crescimento econômico e

ao mesmo tempo acabam por gerar mais exclusão. Exemplos dessas

contradições aparecem no próprio Minha Casa Minha Vida, programa

habitacional regressivo que deixa predominantemente nas mãos das grandes

empreiteiras a construção de milhões de unidades habitacionais e coloca por

terra preceitos básicos, como a localização adequada em áreas com

infraestrutura, saneamento ambiental, transporte coletivo, equipamentos,

serviços urbanos e sociais, inviabilizando ainda mais o acesso a oportunidades

de desenvolvimento social e econômico para moradores que já eram pobres,

repetindo erros do passado de forma ainda mais perversa (Simpson; Menezes,

2014).

Em nota pública da Rede Cidade e Moradia (2014), destaca-se que

O Programa se apresenta, enfim, como solução única e pouco integrada aos

desafios das cidades brasileiras para enfrentamento de complexo “problema

habitacional”, baseado numa produção padronizada e em larga escala,

desarticulada das realidades locais, mal inserida e isolada da cidade, a partir de

um modelo de propriedade privada condominial.

Dessas considerações, interessa-nos perceber um contexto sociocultural amplo

e de relação contraditória entre os projetos nacionais e as promessas do novo

capitalismo – ou do cosmopolitismo global a ele associado –, e o tema das fraturas e

contradições do tecido social e urbano que também estão presentes na argumentação da

Defensoria Pública do Estado de São Paulo. Na parte que trata “da concessão da liminar

inaudita altera parte em prejuízo ao contraditório e ao direito fundamental à moradia

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dos ocupantes: interpretação conforme a constituição do artigo 928 do código de

processo civil”, a Defensoria avalia a oportunidade da concessão da liminar sem a oitiva

da parte contrária:

O juízo concedeu, inaudita altera parte, a liminar pleiteada para determinar a

imediata desocupação do terreno objeto do litígio pelos réus. Assim o fez com

fundamento no artigo 928 do Código de Processo Civil. [...] Não se pode

olvidar, todavia, que o Código do Processo Civil foi promulgado em 1973.

Vigia, à época, a Constituição de 1967, reformada pela Emenda Constitucional

nº 01, outorgada em 1969. À época, a proteção a direitos fundamentais não era

prioridade no ordenamento jurídico brasileiro. [...] É dizer: em casos em que

uma pessoa tem a sua moradia turbada ou esbulhada por outrem, é possível a

sua manutenção ou reintegração liminar, quiçá até inaudita altera parte: por

trás de ambas pretensões há direitos da mesma magnitude – direito fundamental

à moradia – e é manifesta a urgência na retomada do lar pelo autor. No caso

em tela, todavia, os autores não moram no local objeto da invasão. Não há,

portanto, colidência direta entre direitos fundamentais de igual peso. [...] Ainda

é de se considerar que a ordem determinou a retirada imediata de centenas de

pessoas – dentre as quais idosos, crianças e portadores de deficiência. Nesses

casos, a cautela sugere que os ocupantes sejam sempre ouvidos, ainda que em

audiência de justificação a ser marcada com urgência possível. [...] Em suma:

embora haja previsão legal de concessão da liminar sem a oitiva da parte

contrária, a sua interpretação à luz do princípio da dignidade da pessoa humana

sugere que, nos casos em que não reste claro se há urgência na medida e em

que o cumprimento da ordem desaloje centenas de pessoas, o magistrado evite

retirar pessoas da sua moradia sem que elas tenham sequer a possibilidade de

se manifestar a respeito da pretensão.

No entanto, assim ocorreu: a imediata desocupação do terreno, sem que as

dezenas de famílias pudessem se “comunicar” a respeito da “pretensão”; elas foram

desalojadas de suas casas às pressas, abordadas pela Polícia Militar às quatro horas da

manhã, sem tempo para retirar tudo aquilo que lhes pertencia – e sem as condições

demandadas pela Defensoria, conforme explicitado em processo judicial, caso fosse

realizada a remoção.

Nem mesmo animais de estimação sobreviveram à destruição dos tratores.

Ao voltarmos ao local para ver de perto o ocorrido, Joana lamenta enquanto nos

mostra ruínas; os bens de consumo que antes faziam parte do cotidiano das pessoas e

que ficaram para trás: “O que até ontem eram casas, a gente vê desse jeito assim, ó...

Olha o sofá da Lena, ficou, judiação. A casa do Luís...” (figura 4): “Meio complicado

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de voltar, né...”. “Aqui foi onde mataram o gatinho dela [fazia referência a uma senhora

idosa]. Ali, ó, tá vendo, não deu tempo de tirar muita coisa dela, ó... Ó, a cama dela tá

aqui, a cama do filho dela tá aqui, roupa do Danilo, ó, chinelo dela” (figura 5).

Figuras 4 e 5: Momento em que voltamos com Joana ao local da ocupação

Nas figuras de 6 a 8, podemos ver registros, feitos pelos próprios ocupantes, de

como estavam sendo construídas as suas moradias; de como as ocupavam.

Figuras 6, 7 e 8: Moradia dos ocupantes

É de se constatar um retrato ultrapassado e em ruínas. Pois que motivações,

desejos e direitos que deveriam proteger a dignidade humana foram feridos; casas

destruídas; o dia a dia de um projeto de moradia devastado.

Considerações finais

Tentamos compreender neste artigo um fenômeno de ocupação por moradia em

São Paulo que se remete aos ecos e fragmentos de subjetividades em resistência; vozes

ou relatos de uma inaudita altera parte, historicamente silenciada por esta práxis

política da indiferença do novo capitalismo.

Entendemos que os ecos e fragmentos desta resistência cosmopolita e

potencialmente pós-periférica podem ser observados nos projetos de subjetivação que

normalmente evidenciam as contradições deste mesmo capitalismo subjetivista.

Compreender estes projetos em suas múltiplas e complexas trajetórias de

sentido talvez seja uma forma de pensar caminhos possíveis e descaminhos evitáveis

para o devir capitalista e o devir das políticas sociais; sem dúvida, um desafio

metodológico e epistemológico que aqui nos colocamos.

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